vestibular 2015/1 e gabarito

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FACULDADES MILTON CAMPOS – PROCESSO SELETIVO 2015/1º 1 PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA Instrução: Leia, com atenção, o texto a seguir, pois as questões de 1 a 20 se referem a ele. DATA VENIA Ruy Martins Altenfender Silva Estas reflexões são uma manifestação contrária à máxima popular: aos amigos, o benefício da lei; aos inimigos, o rigor da lei Data venia é uma expressão respeitosa em latim que introduz uma argumentação contrária à opinião de outra pessoa, significando literalmente “com a devida licença”. Recentemente, o termo passou a ser usado quase que apenas por advogados, parlamentares, juízes e outros poucos profissionais. E, assim mesmo, com tal parcimônia que está sendo entendida muitas vezes com ironia dada a agressividade da contestação que vem na sequência. Neste artigo, a expressão é utilizada em seu sentido estrito para indicar que, embora possam ferir algumas suscetibilidades, as reflexões têm o intuito de trazer à luz algumas posturas que geram preocupação, insegurança e indignação. A primeira data venia vai para a tolerância a pessoas ou a grupos que aproveitam os protestos para praticar atos de agressão contra outras pessoas e/ou cometer atos de vandalismo contra bens públicos e privados. Tolerância essa dispensada por autoridades públicas dos três Poderes, que encaram com leniência o fato de que esses atos constituem crimes capitulados no Código Penal e não encontram abrigo na liberdade constitucional de expressão de manifestação. A segunda data venia vai para os maus profissionais, que desrespeitam o código de ética profissional e protagonizam atos como a busca da celebridade com o custo da perda da credibilidade e o desrespeito às autoridades constituídas. A terceira data venia vai para a sociedade, que consagra e até cultiva o famoso jeitinho brasileiro, que quase sempre funciona como um corolário da conhecida – embora injusta com a personagem – Lei de Gérson, ou seja, levar vantagem contornando ou prejudicando direitos alheios. Nesse amplo cesto cabem os falsos ou incompletos depoimentos prestados às autoridades por acusados de corrupção, por exemplo. Cabe a propina que escorrega para as mãos de servidores públicos e a que é paga pela vista grossa a infrações ou à lei ou para acelerar ou retardar processos judiciais. Cabem também – por que não? – as nomeações políticas para cargos públicos, com o intuito de beneficiar determinados grupos, aproveitando ou driblando o emaranhado legal brasileiro que, se bem estudado, oferece escapatório para quase todas as ilegalidades. A quarta data venia é endereçada aos críticos contumazes de deslizes alheios que se recusam a analisar com serenidade e admitir que em todas as áreas de atividade podem ocorrer erros, sem que configurem atos de má-fé ou criminosos. Aos leitores dedico, com antecipação, a quinta data venia por eventuais omissões deste artigo na listagem de posturas inadequadas, arranhões na ética, desrespeito às leis e outras práticas abusivas. A não citação não implica em tolerância. Mas, data venia, as reflexões acima pretendem ser apenas uma modesta contribuição contrária à máxima popular consagrada por séculos de permissividade: aos amigos, o benefício da lei; aos inimigos, o rigor da lei. Isso porque, no Estado Democrático de Direito, a lei deve ser sempre igual para todos. (Folha de S. Paulo, 28 de setembro de 2014. “Tendências e Debates”, p. 3)

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FACULDADES MILTON CAMPOS – PROCESSO SELETIVO 2015/1º

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PROVA DE LÍNGUA PORTUGUESA Instrução: Leia, com atenção, o texto a seguir, pois as questões de 1 a 20 se referem a ele.

DATA VENIA

Ruy Martins Altenfender Silva

Estas reflexões são uma manifestação contrária à máxima popular: aos amigos, o benefício da lei; aos inimigos, o rigor da lei

Data venia é uma expressão respeitosa em latim que introduz uma argumentação contrária à opinião de outra pessoa, significando literalmente “com a devida licença”. Recentemente, o termo passou a ser usado quase que apenas por advogados, parlamentares, juízes e outros poucos profissionais. E, assim mesmo, com tal parcimônia que está sendo entendida muitas vezes com ironia dada a agressividade da contestação que vem na sequência. Neste artigo, a expressão é utilizada em seu sentido estrito para indicar que, embora possam ferir algumas suscetibilidades, as reflexões têm o intuito de trazer à luz algumas posturas que geram preocupação, insegurança e indignação. A primeira data venia vai para a tolerância a pessoas ou a grupos que aproveitam os protestos para praticar atos de agressão contra outras pessoas e/ou cometer atos de vandalismo contra bens públicos e privados. Tolerância essa dispensada por autoridades públicas dos três Poderes, que encaram com leniência o fato de que esses atos constituem crimes capitulados no Código Penal e não encontram abrigo na liberdade constitucional de expressão de manifestação.

A segunda data venia vai para os maus profissionais, que desrespeitam o código de ética profissional e protagonizam atos como a busca da celebridade com o custo da perda da credibilidade e o desrespeito às autoridades constituídas. A terceira data venia vai para a sociedade, que consagra e até cultiva o famoso jeitinho brasileiro, que quase sempre funciona como um corolário da conhecida – embora injusta com a personagem – Lei de Gérson, ou seja, levar vantagem contornando ou prejudicando direitos alheios. Nesse amplo cesto cabem os falsos ou incompletos depoimentos prestados às autoridades por acusados de corrupção, por exemplo. Cabe a propina que escorrega para as mãos de servidores públicos e a que é paga pela vista grossa a infrações ou à lei ou para acelerar ou retardar processos judiciais. Cabem também – por que não? – as nomeações políticas para cargos públicos, com o intuito de beneficiar determinados grupos, aproveitando ou driblando o emaranhado legal brasileiro que, se bem estudado, oferece escapatório para quase todas as ilegalidades. A quarta data venia é endereçada aos críticos contumazes de deslizes alheios que se recusam a analisar com serenidade e admitir que em todas as áreas de atividade podem ocorrer erros, sem que configurem atos de má-fé ou criminosos. Aos leitores dedico, com antecipação, a quinta data venia por eventuais omissões deste artigo na listagem de posturas inadequadas, arranhões na ética, desrespeito às leis e outras práticas abusivas. A não citação não implica em tolerância. Mas, data venia, as reflexões acima pretendem ser apenas uma modesta contribuição contrária à máxima popular consagrada por séculos de permissividade: aos amigos, o benefício da lei; aos inimigos, o rigor da lei. Isso porque, no Estado Democrático de Direito, a lei deve ser sempre igual para todos.

(Folha de S. Paulo, 28 de setembro de 2014. “Tendências e Debates”, p. 3)

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1) FMC – 2015/1° Com base nas considerações sobre a “primeira data venia”, depreende-se que o autor a) corrobora a tolerância às agressões gratuitas.

b) minimiza a legitimidade dos três Poderes.

c) contesta o oportunismo de vândalos nas manifestações de

protesto.

d) evidencia certo ceticismo em relação às aplicações do Código Civil.

2) FMC – 2015/1° A “segunda data venia”, que trata do código de ética dos maus profissionais, indiretamente faz uma crítica a um aspecto que se relaciona com quais dos sete pecados capitais? a) Ira e Luxúria.

b) Soberba e Inveja.

c) Gula e Preguiça.

d) Avareza e Inveja.

3) FMC – 2015/1° A “terceira data venia” expressa crítica ao “jeitinho brasileiro”. Tal expressão, de acordo com o sentido do texto, pode ser traduzida por a) capacidade engenhosa de agir corruptamente para obter

benefícios pessoais.

b) habilidade refinada para a resolução criativa de problemas.

c) potencial brasileiro para a improvisação e para a criatividade.

d) estratégia geral de resolução de problemas, levando em conta a conduta ética.

4) FMC – 2015/1º Pode ser inferida da “quarta data venia” a ideia expressa na seguinte máxima popular: a) “Uma mão lava a outra”.

b) “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”.

c) “Aos amigos, o benefício da lei; aos inimigos, o rigor da lei”.

d) “Errar é humano”.

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5) FMC – 2015/1º Ao dedicar ao leitor a “quinta data venia”, o autor teve a intenção de a) fazer concessão aos tolerantes.

b) omitir as causas da corrupção.

c) ironizar o receptor de seu discurso.

d) justificar as eventuais lacunas. 6) FMC – 2015/1° Observe o seguinte trecho. “Data venia é uma expressão respeitosa em latim que introduz uma argumentação contrária à opinião de outra pessoa, significando literalmente ‘com a devida licença’.” As aspas foram utilizadas para

a) assinalar uma transcrição.

b) marcar um termo metalinguístico.

c) destacar uma expressão da oralidade.

d) ressaltar uma ironia.

7) FMC – 2015/1° O lead é, em jornalismo, a primeira parte de uma notícia, geralmente posta em destaque relativo, que fornece ao leitor a informação básica sobre o tema e pretende prender-lhe o interesse. É uma expressão inglesa que significa "guia" ou "o que vem à frente”. No texto da Folha de S. Paulo, o lead foi extraído de ideias presentes no

a) 4º §

b) 1º §

c) 11º §

d) 10º §

8) FMC – 2015/1º Releia o “lead” do artigo. “Estas reflexões são uma manifestação contrária à máxima popular: aos amigos, o benefício da lei; aos inimigos, o rigor da lei.” Nesse trecho, NÃO se verifica a presença de

a) metalinguagem.

b) antítese.

c) hipérbole.

d) intertextualidade.

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9) FMC – 2015/1º Assinale a citação abaixo que NÃO apresenta um efeito de sentido figurado: a) Recentemente, o termo passou a ser usado quase que apenas

por advogados, parlamentares, juízes e outros poucos profissionais.

b) ... esses atos constituem crimes capitulados no Código Penal e não encontram abrigo na liberdade constitucional de expressão de manifestação.

c) A terceira data venia vai para a sociedade, que consagra e até cultiva o famoso jeitinho brasileiro, que quase sempre funciona como um corolário da conhecida (...) Lei de Gérson.

d) Nesse amplo cesto cabem os falsos ou incompletos depoimentos prestados às autoridades por acusados de corrupção, por exemplo.

10) FMC – 2015/1° A metalinguagem NÃO foi utilizada na seguinte passagem:

a) ... a propina que escorrega para as mãos de servidores

públicos e a que é paga pela vista grossa a infrações ou à lei ou para acelerar ou retardar processos judiciais.

b) Lei de Gérson, ou seja, levar vantagem contornando ou prejudicando direitos alheios.

c) Data venia é uma expressão respeitosa em latim que introduz uma argumentação contrária à opinião de outra pessoa, significando literalmente “com a devida licença”.

d) Neste artigo, a expressão é utilizada em seu sentido estrito para indicar que (...) as reflexões têm o intuito de trazer à luz algumas posturas que geram preocupação, insegurança e indignação.

11) FMC – 2015/1° Em 1989, numa entrevista ao programa “Roda Vida”, da TV Cultura, o humorista Millôr Fernandes assim se expressou: “Olha aqui, eu sempre digo que no Brasil, você quando fala uma coisa sutil, você tem que dizer: “olha, estou sendo sutil, hein!” Outra vez, se você estiver fazendo uma ironia, você diz: “olha, é ironia, hein!”

(http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/201/entrevistados/millor_fernandes_1989.htm)

No texto de Ruy Martins Altenfender Silva, há a seguinte consideração sobre o termo “data venia”: “Recentemente, o termo passou a ser usado quase que apenas por advogados, parlamentares, juízes e outros poucos profissionais. E, assim mesmo, com tal parcimônia que está sendo entendida muitas vezes com ironia dada a agressividade da contestação que vem na sequência.” Do exposto, verifica-se que o discurso irônico

a) contribui para o entendimento do contexto.

b) pontua geralmente a fala dos juristas.

c) exime explicação por parte do emissor.

d) oferece problemas de compreensão.

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12) FMC – 2015/1° Para responder a esta questão, relacione a charge de Duke com o texto lido.

A fala do personagem indica que seu filho

a) ratifica a conduta paterna com relação às “práticas abusivas”.

b) contraria o perfil dos que se inserem na “listagem de posturas

inadequadas”.

c) exemplifica os “críticos contumazes dos deslizes alheios”.

d) cultiva a “Lei de Gérson”, uma vez que se tornou um “probo” parlamentar.

13) FMC – 2015/1º Em todas as alternativas, o termo destacado em negrito foi corretamente explicado entre parênteses, EXCETO em:

a) ... endereçada aos críticos contumazes de deslizes alheios ...

(obstinados)

b) ... com tal parcimônia que está sendo entendida ... (economia)

c) ... que encaram com leniência o fato ... (severidade)

d) ... consagrada por séculos de permissividade ... (indulgência)

14) FMC – 2015/1° Atente para o trecho destacado em negrito da seguinte passagem do texto. “A segunda data venia vai para os maus profissionais, que desrespeitam o código de ética profissional e protagonizam atos como a busca da celebridade com o custo da perda da credibilidade e o desrespeito às autoridades constituídas.” O trecho destacado em negrito poderia ser substituído, sem prejuízo de sentido, pela expressão a) sob pena.

b) em favor.

c) em detrimento.

d) independentemente.

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15) FMC – 2015/1º Observe, com atenção, o trecho a seguir. “Neste artigo, a expressão é utilizada em seu sentido estrito para indicar que, embora possam ferir algumas suscetibilidades, as reflexões têm o intuito de trazer à luz algumas posturas que geram preocupação, insegurança e indignação.” Entre as ideias do período, foram estabelecidas relações de

a) consequência e adversidade.

b) finalidade e concessão.

c) finalidade e consequência.

d) condição e concessão.

16) FMC – 2015/1º Releia o seguinte trecho. “A primeira data venia vai para a tolerância a pessoas ou a grupos que aproveitam os protestos...” Atentando para os quatro termos destacados em negrito, verifica-se que, gramaticalmente,

a) três são artigos e um é preposição.

b) o primeiro e o terceiro são artigos e o segundo e o quarto são

preposições.

c) três são preposições e um é um pronome.

d) os dois primeiros são artigos e os dois últimos são preposições.

17) FMC – 2015/1º

Leia, com atenção, os fragmentos abaixo. I- A não citação não implica em tolerância.

II- ... as reflexões têm o intuito de trazer à luz algumas posturas

que geram preocupação, insegurança e indignação. III- Isso porque, no Estado Democrático de Direito, a lei deve ser

sempre igual para todos. O autor infringe os padrões da língua culta escrita apenas em a) I e III.

b) II e III.

c) II.

d) I.

18) FMC – 2015/1º O termo QUE foi utilizado como pronome relativo em:

a) ... encaram com leniência o fato de que esses atos constituem

crimes capitulados no Código Penal ...

b) E, assim mesmo, com tal parcimônia que está sendo entendida muitas vezes com ironia...

c) ... críticos contumazes de deslizes alheios que se recusam a analisar com serenidade...

d) ... a expressão é utilizada em seu sentido estrito para indicar que (...) as reflexões...

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19) FMC – 2015/1º Assinale a opção em que o fragmento reescrito entre parênteses foi pontuado em consonância com os padrões da língua escrita padrão:

a) Nesse amplo cesto cabem os falsos ou incompletos

depoimentos prestados às autoridades por acusados de corrupção, por exemplo. (Nesse amplo cesto, cabem os falsos ou incompletos depoimentos prestados às autoridades por acusados de corrupção, por exemplo.)

b) Neste artigo, a expressão é utilizada em seu sentido estrito para indicar que, embora possam ferir algumas suscetibilidades, as reflexões têm o intuito de trazer à luz algumas posturas que geram preocupação, insegurança e indignação. (Neste artigo, a expressão é utilizada, em seu sentido estrito, para indicar que, embora possam ferir algumas suscetibilidades, as reflexões têm o intuito de trazer à luz, algumas posturas que geram preocupação, insegurança e indignação.)

c) Mas, data venia, as reflexões acima pretendem ser apenas uma modesta contribuição contrária à máxima popular consagrada por séculos de permissividade. (Mas, data venia, as reflexões acima, pretendem ser apenas uma modesta contribuição contrária à máxima popular consagrada por séculos de permissividade.)

d) Recentemente, o termo passou a ser usado quase que apenas

por advogados, parlamentares, juízes e outros poucos profissionais. (Recentemente o termo passou a ser usado, quase que apenas por advogados, parlamentares, juízes e outros poucos profissionais.)

20) FMC – 2015/1º

Constata-se a presença de pronome demonstrativo em todos os segmentos abaixo, EXCETO em: a) Isso porque, no Estado Democrático de Direito, a lei deve ser

sempre igual para todos.

b) Neste artigo, a expressão é utilizada em seu sentido estrito para indicar que, embora possam ferir algumas suscetibilidades, as reflexões têm o intuito de trazer à luz algumas posturas...

c) ... que encaram com leniência o fato de que esses atos

constituem crimes capitulados no Código Penal e não encontram abrigo na liberdade constitucional de expressão de manifestação.

d) Recentemente, o termo passou a ser usado quase que apenas

por advogados, parlamentares, juízes e outros poucos profissionais.

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PROVA DE LITERATURA BRASILEIRA

Instrução: As questões de 21 a 30 referem-se às obras literárias indicadas para este concurso: O alienista, de Machado de Assis, e Sagarana, de João Guimarães Rosa. 21) FMC – 2015/1° Leia a charge.

(https://www.google.com.br/search?q=charge+loucos&biw=1600&bih=789&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=UOUqVMb8JYzLggS5oYJI&ved=0CCkQ7Ak#imgdii

. Acesso em 29/09/2014)

Assinale a alternativa que evidencia um ponto comum entre a charge e a narrativa O alienista, de Machado de Assis: a) A realização de uma abordagem superficial e estereotipada da

doença mental.

b) A ideia de que a loucura não se confina aos limites de um hospício.

c) O conceito de loucura visto tão somente sob a perspectiva do louco.

d) A recorrência do sentimento de injustiça a que são submetidos os excluídos.

22) FMC – 2015/1° Entre as seguintes passagens de O alienista, de Machado de Assis, assinale a que melhor exibe a relativização do conceito de loucura: a) – Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr.

Soares, é ver se posso extrair a pérola, que é a razão; por outros termos, demarquemos definitivamente os limites da razão e da loucura. A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, insânia e só insânia.

b) – 3.º que, desse exame e do fato estatístico, resultara para ele a convicção de que a verdadeira doutrina não era aquela, mas a oposta, e portanto, que se devia admitir como normal e exemplar o desequilíbrio das faculdades e como hipótese patológica todos os casos em que aquele equilíbrio fosse ininterrupto.

c) Ao cabo de cinco meses estavam alojadas umas dezoito pessoas; mas Simão Bacamarte não afrouxava; ia de rua em rua, de casa em casa, espreitando, interrogando, estudando; e quando colhia um enfermo levava-o com a mesma alegria com que outrora os arrebanhava às dúzias. Essa mesma desproporção confirmava a teoria nova; achara-se enfim a verdadeira patologia cerebral.

d) Enquanto ela comia o ouro com os seus olhos negros, o alienista fitava-a, e dizia-lhe ao ouvido com a mais pérfida das alusões:

– Quem diria que meia dúzia de lunáticos...

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23) FMC – 2015/1° Leia o trecho que inicia o conto O alienista.

“As crônicas da vila de Itaguaí dizem que em tempos

remotos vivera ali um certo médico, o Dr. Simão Bacamarte, filho da nobreza da terra e o maior dos médicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas. Estudara em Coimbra e Pádua. Aos trinta e quatro anos regressou ao Brasil, não podendo el-rei alcançar dele que ficasse em Coimbra, regendo a universidade, ou em Lisboa, expedindo os negócios da monarquia.

- A Ciência, disse ele a Sua Majestade, é o meu emprego único; Itaguaí é o meu universo.”

(ASSIS, Machado de. O alienista. São Paulo: Ática, 2004. p.9)

O discurso direto presente no trecho sugere que a) Simão Bacamarte, com menos de quarenta anos e já com

experiência científica em cidades da Europa, tinha tudo para conquistar um cargo junto ao rei.

b) o tom da narrativa é dado pelo artifício de ficcionalizar as peripécias do conto, fundamentadas em aspectos verídicos da história.

c) cabe ao narrador a estratégia de restaurar o passado, trazendo até o leitor as informações que estavam soterradas em antigos manuscritos.

d) há um contraste inesperado entre elementos absolutos e relativos envolvendo a ciência como emprego único e Itaguaí como universo.

24) FMC – 2015/1° Assinale o comentário equivocado em relação ao conto O alienista, de Machado de Assis:

a) Os políticos de Itaguaí encarnam o bom senso, rejeitando

sumariamente os argumentos de Simão Bacamarte.

b) O conto transcorre, provavelmente, na última década do século XVIII, nos anos seguintes a 1789, estando o Brasil ainda sujeito a Portugal.

c) Verifica-se não apenas uma crítica à psiquiatria, mas também ao amor cego à ciência e ao determinismo científico das últimas décadas do século XIX.

d) O barbeiro Porfírio, ao assumir a liderança do movimento sedicioso que tencionava derrubar a Casa Verde, acaba por se contradizer e acata as vontades do alienista.

25) FMC – 2015/1° Leia o comentário a seguir, sobre a presença do grotesco em Machado de Assis. “Elemento constante da configuração do grotesco literário é o motivo da ‘ideia fixa’. (...) Dominado pela ideia fixa, o personagem afasta-se de ligações de ordem material e realiza o distanciamento do mundo. A noção do distanciamento do mundo surge, portanto, como traço essencial na configuração do grotesco, funcionando como elemento catalizador dos outros traços estruturantes.” (FREITAS, Maria Eurides P. de. O grotesco na criação de Machado de Assis

e Gregório de Matos. Rio de Janeiro: Presença, 1981. p.17) Assinale o excerto que melhor exemplifica a ideia fixa sob a perspectiva do grotesco:

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a) Agora, se imaginais que o alienista ficou radiante ao ver sair o último hóspede da Casa Verde, mostrais com isso que ainda não conheceis o nosso homem. Plus ultra! era a sua divisa. Não lhe bastava ter descoberto a teoria verdadeira da loucura; não o contentava ter estabelecido em Itaguaí o reinado da razão. Plus ultra! Não ficou alegre, ficou preocupado, cogitativo; alguma coisa lhe dizia que a teoria nova tinha, em sim mesma, outra e novíssima teoria.

b) O vigário derreou os cantos da boca, à maneira de quem não sabe nada ou não quer dizer tudo; resposta vaga, que se não pode repetir a outra pessoa por falta de texto. D. Evarista achou realmente extraordinário que toda aquela gente ensandecesse; um ou outro, vá; mas todos? Entretanto custava-lhe duvidar; o marido era um sábio, não recolheria ninguém à Casa Verde sem prova evidente de loucura.

c) – Tinha escolhido, preparado, enfeitado o vestuário que levaria ao baile da câmara municipal; só hesitava entre um colar de granada e outro de safira. (...) Ontem repetiu a pergunta ao almoço; pouco depois de jantar fui achá-la calada e pensativa. – Que tem? perguntei-lhe. – Queria levar o colar de granada, mas acho o de safira tão bonito! – Pois leve o de safira. – Ah! Mas onde fica o de granada? – Enfim, passou a tarde sem novidade. Ceamos, e deitamo-nos. Alta noite, seria hora e meia, acordo e não a vejo; levanto-me, vou ao quarto de vestir, acho-a diante dos dois colares, ensaiando-os ao espelho, ora um ora outro. Era evidente a demência; recolhia-a logo.

d) Crispim empalideceu. Que negócio importante podia ser, se não alguma notícia da comitiva, e especialmente da mulher? Porque este tópico dever ficar claramente definido, visto insistirem nele os cronistas; Crispim amava a mulher, e de, desde trinta anos, nunca estiveram separados um só dia. Assim se explicam os monólogos que ele fazia agora, e que os fâmulos lhe ouviam muita vez: - “Anda, bem feito, quem te mandou consentir na viagem de Cesária? Bajulador, torpe bajulador! Só para adular ao Dr. Bacamarte. Pois agora aguenta-te; anda, aguenta-te, alma de lacaio, fracalhão, vil, miserável. Dizes amém a tudo, não é? Aí tens o lucro, biltre!” (...) Daqui a imaginar o efeito do recado é um nada. Tão depressa ele o recebeu como abriu mão das drogas e voou à Casa Verde.

26) FMC – 2015/1°

Em abril de 1946, por ocasião da publicação de Sagarana, o crítico Álvaro Lins assim se manifestou em artigo no jornal Correio da Manhã:

“Pelos assuntos e pelo material da construção ficcionista, pela abundância documental, pelo estilo de artista pela riqueza e pela ciência do vocabulário, pela capacidade descritiva e pela densidade das situações dramáticas, seria impossível classificar Sagarana como obra de principiante, e do seu autor, com efeito, ela transmite a impressão de alguém que já se encontra no completo domínio dos recursos literários e com uma requintada experiência pessoal na arte da ficção.” (ROSA, J. Guimarães. Coleção Fortuna Crítica. Coletânea organizada por Eduardo de

Faria Coutinho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira/ INL, 1983. p.238)

A passagem extraída do conto NÃO corresponde ao aspecto apontado pelo crítico em: a) Densidade da situação dramática: Havia uma cachoeira no

rego, com a bica de bambu para o tubo de borracha. Experimentei regar: uma delícia! Com um dedo, interceptava o jato, esparzindo-o na trouxa verde meio aberta dos repolhos, nas flácidas couves oleosas, nos rufos arrepiados dos carurus, nos quebradiços tomateiros, nos cachos da couve-flor granulosos, e nas folhas cloríneas, verde-aquarela, das alfaces, que davam um ruído gostoso de borrifo. (“Minha Gente”)

b) Construção ficcionista: E assim se passaram pelo menos seis ou seis anos e meio, direitinho deste jeito, sem tirar e nem pôr, sem mentira nenhuma, porque esta aqui é uma estória inventada, e não é um caso acontecido, não senhor. (“A hora e vez de Augusto Matraga”)

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c) Capacidade descritiva: Mas, as imbaúbas! As queridas imbaúbas jovens, que são toda uma paisagem!... Depuradas, esguias, femininas, sempre suportando o cipó-braçadeira, que lhes galga o corpo com espirais constrictas. De perto, na tectura sóbria – só três ou quatro esgalhos – as folhas são estrelas verdes, mãos verdes espalmadas; mais longe, levantam-se das grotas, como chaminés alvacentas; longe-longe, porém, pelo morro, estão moças cor de madrugada, encantadas, presas, no labirinto do mato. (“São Marcos”)

d) Estilo de artista: As ancas balançam, e as vagas de dorsos, das vacas e touros, batendo com as caudas, mugindo no meio, na massa embolada, com atritos de couros, estralos de guampas, estrondos e baques, e o berro queixoso do gado Junqueira, de chifres imensos, com muita tristeza, saudade dos campos, querência dos pastos de lá do sertão... (“O burrinho pedrês”)

27) FMC – 2015/1° O escritor Rinaldo de Fernandes organizou uma antologia de autores contemporâneos que reescreveram narrativas de Guimarães Rosa. Por exemplo, o mineiro Sérgio Fantini, em “A pele da alma”, incorpora em seu texto uma passagem da narrativa “A hora e vez de Augusto Matraga”:

“Não é maravilhoso? E assim fui seguindo. No primeiro dia li umas cinquenta páginas. No segundo dia também abri uma página ao acaso: ‘Procissão entrou, reza acabou. E o leilão andou depressa e se extinguiu, sem graça, porque a gente direita foi saindo embora, quase toda de uma vez.’”

(FERNANDES, R. – Org. - Quartas histórias: contos baseados em narrativas de Guimarães Rosa. Rio de Janeiro: Garamond, 2006. p.312)

Entre as passagens dos contos recriados de Sagarana, assinale a que apresente um estilo radicalmente diferente do original:

a) E aquela figura enfezada e meio ridícula, metro e sessenta e tanto, do Manezinho, nascido encorujado, meio bobo-de-fazenda... e tinha de existir uma Beija-Fulô – ou Maria Dasdor, quem sabe, mas desta pouco se falou pra dizer a verdade, não sei se é estranho, mas a besta, aquela Beija-Fulô ou o que sei lá, a besta é que foi a peça importante – se não fosse ela... (Cecília Prada, “Mané Fulô”)

b) Muito tempo fiquei mesmo sem quê, e tinha gente que estranhava, como que eu, com esse jeito meu e os olhos, que muitos ignoram, e outros chamam de olho de cabra tonta, eu, Silivana, mulher de Turíbio Todo, teúda e manteúda na sua casa, inventei de aceitar o arrastado de asa de Cassiano Gomes. (Luzilá Gonçalves Feirreira, “Duelo”)

c) Agora, que ela reina e campeia, ficamos nós dois, eu e o primo Ribeiro, aqui sentados nesse banco do alpendre, engolindo golfadas de calor, vendo o mundo tremer na nossa frente como se fosse se desmanchar, aguentando a sede e a fome que agente nunca consegue saciar de um todo, pensando nela. (Geraldo Maciel, “Os primos”)

d) Neguinho falando que o Lalino era o cara, que o Lalino era foda, porra, os caras tudo lá, porque o Lalino, porra. Aí Neguinho já armou as parada toda da eleição com o Major, o Major já garantiu a parada dele, o cara, aí, ia ser tipo o cara do movimento na política, tipo representante da comunidade do movimento na Assembleia, aí, sacou. Sacou colé? O Lalino lá, na maior, mó moral, aí. (André Sant’Anna, “Lalino tá na área”)

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28) FMC – 2015/1° Observe as figuras a seguir, que mostram, respectivamente, um desenho da mesa de um carro de boi com suas peças, seguido do nome de cada uma delas e das respectivas explicações (Fig. 1); e um desenho dos personagens do conto “Conversa de bois.” (Fig. 2).

Fig.1 Mesa do carro de boi e suas peças

1. Cabeçalho: É a maior peça de madeira da mesa de um carro de boi, que sai da biqueira e vai até ao recavém.

2. Chedas: São as duas peças laterais do carro de boi.

3. Recavém: Peça de madeira inteiriça ligada às chedas, ficando na parte traseira do carro de boi.

4. Furas chedas: São quatro furos feitas nas chedas do carro de boi, para se colocar os cocões.

5. Assoalho do carro: São tábuas colocadas por cima das reias.

6. Furos de fueiros: São furos redondos feitos nas chedas para se colocar os fueiros.

7. Cocões: Duas peças de madeira que ficam viradas para baixo a fim de segurarem o eixo; os cocões são presos nas chedas.

8. Furos dos cocões: São furos feitos nos cocões para colocar os pinos que os prendem nas chedas.

9. Biqueira: Peça de ferro presa na ponta do cabeçário para engatar as cangas da junta de torno.

10. Furo da chaveia: É um furo feito na ponta do cabeçalho para colocar a chaveia, que segura a canga do coice, para a mesma não sair para frente.

11. Furo do pigarro: É um furo feito dois palmos para trás do furo da chaveia, onde se coloca uma peça na parte inferior do cabeçalho chamada pigarro; esta peça é para não deixar a canga de coice correr para trás.

12. Chumaço: Peça de madeira colocada entre as chedas e o eixo e presa por dois dentes feitos na mesma peça que se encaixam nos cocões.

13. Chaveia: Peça de ferro mais ou menos parecida com um parafuso sem rosca, de trinta centímetros, que se coloca na ponta do cabeçalho para não deixar a canga de coice sair para frente.

14. Fueiros: São varas roliças de madeira com um metro e meio mais ou menos, que, colocadas nas furas das chedas, servem para segurar a esteira e caniço.

15. Argolão: Argola de ferro presa ao recavém para colocar as amarras. São chamadas amarras uma corrente colocada no argolão e presa na outra extremidade da canga de guia; só é usada quando em ladeiras muito fortes, o carreiro desliga as juntas de guia, contra-guia, meio e torno do carro de boi e leva-as para a traseira do carro, fazendo as mesmas juntas descerem as ladeiras, funcionando como freio do carro.

16. Pino de argolão: É um pino de ferro que transpassa o recavém e segura o argolão por baixo da mesa do carro.

17. Reias: São quatro talas de madeira colocadas em furos feitos nas chedas e no cabeçalho, para uni-los; estas reias são presas às peças citadas acima por pinos de madeira.

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18. Pigarro: É peça de madeira; fica na ponta do cabeçalho, atrás da chaveia e serve para não deixar a canga de coice sair para trás.

(http://www.jangadabrasil.com.br/abril32/of32040a.htm. Acesso em 30/09/2014) Fig.2

(https://yrodar.files.wordpress.com/2013/05/bois.jpg. Acesso em 30/09/2014)

Assinale a passagem do conto “Conversa de bois” em que NÃO haja referência a alguma parte do carro nem a alguma das personagens da ilustração: a) Mal o caminho se deita, Canindé solta uma interjeição bovina

pouco amável: sim de orelhas, sopro frouxo e três oitavos de mugido; e Realejo faz qualquer monossílabo, com ironia também soprosa, de ventas dilatadas, contraídas as falas-ventas.

b) Quando as rodas entram no córrego, Agenor Soronho não se molha, porque já está trepado entre o pigarro e a chavelha, no cabeçalho, que avança como um talhamar.

c) Outra vez, boi Rodapião disse: - Quando o boi Carinhoso ficou parado, na beirada do valo do pasto, e não quis comer de jeito nenhum, o homem veio e levou o boi Carinhoso no curral, e pôs p’ra ele muito sal, no cocho...

d) Foi o carreiro mesmo quem apertou a chaveta da cantadeira, hoje cedo; e até estava enjerizado, na hora, falando que Tiãozinho era um preguiçoso, que não prestava nem para ajeitar o carro nem encangar os bois. (...) Atrás, o carro estava sem tampo: só com uns sedenhosos, esticados a diferentes alturas, entre os muitos fueiros, para impedir que, a cada tranco, a carga se fosse derramando.

29) FMC – 2015/1° Leia o comentário do crítico Antônio Cândido.

“Como padrão de arte objetiva e elaborada, perfeito na suficiência admirável dos meios, gostaria de indicar o conto ‘Duelo’, das maiores peças de atmosfera da nossa atual novelística. Uma tensão envolvente, quase alucinante, alimentada sorrateiramente pelo autor com um ominoso vaivém cheio de detalhes geográficos e pequenos casos laterais. (...) A obra-prima do livro, ‘Augusto Matraga’, onde o autor, deixando de certo modo a objetividade da arte-pela-arte, entra em região quase épica da humanidade e cria um dos grandes tipos da nossa literatura, dentro do conto que será daqui por diante, contado entre os dez ou doze mais perfeitos da língua.”

(ROSA, J. Guimarães. Coleção Fortuna Crítica. Coletânea organizada por Eduardo de Faria Coutinho. R.J.: Civilização Brasileira/ INL, 1983, p.247)

Assinale a alternativa em que apareçam passagens dos dois contos citados:

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a) E assim continuaram, traçando por todos os lados linhas apressadas, num raio de dez léguas, na mesopotâmia que vai do vale do Rio das Velhas – lento, vago, mudável, saudoso, sempre nascente, ora estreito, ora largo, de água vermelha, com bancos de areia, com ilhas frondosas de mato, rio quase humano, - até ao Paraopeba.//Fazer parte do bando de seu Joãozinho Bem-Bem! Mas os lábios se moviam – talvez ele estivesse proferindo entre dentes o creio-em-deus padre – e, por fim, negou com a cabeça, muitas vezes.

b) Mas o que não se interrompia era o trânsito das gárrulas maitacas. Um bando grazinava alto, risonho, para o que ia na frente: – Me espera!... Me espera!... – E o grito tremia e ficava nos ares, para o outro escalão, que avançava lá atrás.// – Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se acabar!... É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão.

c) – Já estou desgraçado, mano... Agora, só mordendo o duro dele... Deixa a gente passar o córrego e chegar na cava do matinho, no atalho... Faço o meu serviço, pego a estrada da Lagoa, e calço de areia... O sujeito vem no burrinho sem préstimo, e eles tá tonto como negro em Folia-de-reis...// E, pela primeira vez nesses meses, se lembrou do irmão assassinado, realizando ser por causa da morte do mesmo que ele andara em busca de Turíbio Todo. E também pensou no Céu, coisa que nunca tivera tempo de fazer até então.

d) E cheiro de mato novo. Tudo muito bom. E isto aqui é um quilômetro da estrada-de-rodagem Belo Horizonte – São Paulo, em ativos trabalhos de construção.// E Tião da Thereza pôs, nos olhos, na voz e no meio-aberto da boca, tanto nojo e desprezo, que Nhô Augusto abaixou o queixo; e nem adiantou repetir para si mesmo a jaculatória do coração manso e humilde: teve foi de sair, para trás das bananeiras, onde se ajoelhou e rejurou: - P’ra o céu eu vou, nem que seja a porrete!...

30) FMC – 2015/1° Leia comentário do ensaísta Nildo Maximo Benedetti sobre o protagonista do conto “Corpo fechado”.

“Em um meio que privilegia a força, em detrimento da lei, o valentão pode passar a ser objeto de temor ou admiração, dependendo da forma como emprega e pratica sua valentia. Como esta acaba por se tornar um valor, o pusilânime Manuel Fulô procura mostrar-se corajoso aos olhos do narrador em vários momentos.” (Benedetti, N.M. Sagarana: o Brasil de Guimarães Rosa. S.P. Hedra, 2010,

p.254) Assinale a passagem em que se exemplifica a pretensa valentia de Manuel Fulô: a) – Isto aqui é uma terra terrível, seu doutor... Eu mesmo... O

senhor me vê mansinho deste jeito, mas eu fui batizado com água quente...

b) – Quando eu entro no arraial, amontado na minha mulinha formosa, que custou conto e trezentos na baixa, todos ficam gemendo de raiva de inveja...

c) – ...Mas, ôi, diabo! Até hoje eu ainda gosto mais de me alembrar disso do que de comer doce!...

d) – Não fazer nada seria uma infâmia... Temos de defender a das Dôr! Há momentos em que qualquer um é obrigado a ser herói...

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REDAÇÃO Leia o trecho a seguir. “Aos leitores dedico, com antecipação, a quinta data venia por eventuais omissões deste artigo na listagem de posturas inadequadas, arranhões na ética, desrespeito às leis e outras práticas abusivas. A não citação não implica em tolerância.” A partir das reflexões do autor do texto lido e analisado e dos seus conhecimentos sobre a realidade brasileira atual, redija um texto dissertativo-argumentativo, endereçando data venia a uma das posturas retratadas nas charges abaixo que tem gerado em você preocupação, insegurança ou indignação. Na elaboração de seu texto, discuta com propriedade o tema escolhido e apresente argumentos consistentes e bem fundamentados, capazes de dar sustentação ao seu ponto de vista.

NÃO VEJO LUZ NO FIM DO TÚNEL!!

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ATENÇÃO:

• Use o espaço abaixo para elaborar o rascunho do seu texto.

• O texto definitivo deve ter, no mínimo, 20 linhas e, no máximo, 30.

• Dê um título adequado a ele.

• Redija a redação final a tinta.

RASCUNHO

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