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8/19/2019 VERSAO 11 http://slidepdf.com/reader/full/versao-11 1/4 18.4- A NECESSIDADE DE SE CONTRAPOR À FORÇA EXTRA- PARLAMENTAR DO CAPITAL 18.4.1  A despeito de todos os protestos contrários da "direita radical", vivemos numa era em que, graças às dinâmicas internas de "hibridização" do controlo sócio-metabólico estabelecido, a dimensão  política muito mais proeminente do que na !ase clássica de ascendncia histórica do capital# $aturalmente, o e%ame adequado deste problema não deve restringir-se às instituiç&es directamente pol'ticas, como o (arlamento# ) muito mais amplo e mais pro!undo# *e !acto, as mudanças que temos testemunhado no !uncionamento do próprio (arlamento + mudanças tendentes a privá-lo inclusive das suas limitadas !unç&es autónomas do passado + não podem ser e%plicadas de modo circular pela mudança da máquina eleitoral e das práticas parlamentares correspondentes# s porta-vozes da hipostasiada "absoluta soberania do (arlamento e seus embates retóricos com os seus colegas parlamentares sobre a miragem da perda da soberania para ru%elas" .por e%emplo/ estão longe da verdade# (rocuram soluç&es para as deploradas mudanças onde elas não podem ser encontradas0 nos limites do próprio dom'nio pol'tico parlamentar# 1odavia, o problema que os acontecimentos actuais, absolutamente perturbadores quando vistos de uma perspectiva pol'tica auto-re!erente, só podem ser entendidos dentro da estrutura abrangente dos processos de reprodução material e cultural, pois ela que e%ige o cumprimento de determinadas, porm mutáveis, !unç&es da es!era pol'tica no curso das trans!ormaç&es históricas e dos a2ustes da auto-a!irmação da ordem sócio-metabólica dominante como um todo# 3omo 2á vimos em vários conte%tos, o desenvolvimento do sculo 44 !oi caracterizado pela crescente in!luncia de !actores "e%tra económicos"# (or outras palavras, o sculo 44 testemunhou a ascensão à proeminncia de !orças e procedimentos "e%tra económicos" que costumavam ser avaliados com grande cepticismo e re2eitados como estranhos à natureza do sistema do capital no momento da sua ascensão histórica triun!al# $o in'cio da crise estrutural do sistema ocorrida na dcada de 5678, os representantes da "direita radical" romperam com a !orma 9e:nesiana da intervenção consensual do ;stado capitalista .dominante por um quarto de sculo depois da <egunda =uerra >undial/# 3om isso, muitos pol'ticos envolvidos esqueceram-se instantaneamente de que eles próprios estavam pro!undamente comprometidos com as práticas pecaminosas que agora denunciavam sonoramente# ;sses pol'ticos tambm se

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18.4- A NECESSIDADE DE SE CONTRAPOR À FORÇA EXTRA-PARLAMENTAR DO CAPITAL

18.4.1 A despeito de todos os protestos contrários da "direita radical",vivemos numa era em que, graças às dinâmicas internas de"hibridização" do controlo sócio-metabólico estabelecido, a dimensão

 política muito mais proeminente do que na !ase clássica deascendncia histórica do capital# $aturalmente, o e%ame adequadodeste problema não deve restringir-se às instituiç&es directamentepol'ticas, como o (arlamento# ) muito mais amplo e mais pro!undo#*e !acto, as mudanças que temos testemunhado no !uncionamento dopróprio (arlamento + mudanças tendentes a privá-lo inclusive das

suas limitadas !unç&es autónomas do passado + não podem sere%plicadas de modo circular pela mudança da máquina eleitoral e daspráticas parlamentares correspondentes# s porta-vozes dahipostasiada "absoluta soberania do (arlamento e seus embatesretóricos com os seus colegas parlamentares sobre a miragem daperda da soberania para ru%elas" .por e%emplo/ estão longe daverdade# (rocuram soluç&es para as deploradas mudanças onde elasnão podem ser encontradas0 nos limites do próprio dom'nio pol'ticoparlamentar# 1odavia, o problema que os acontecimentos actuais,absolutamente perturbadores quando vistos de uma perspectivapol'tica auto-re!erente, só podem ser entendidos dentro da estruturaabrangente dos processos de reprodução material e cultural, pois ela que e%ige o cumprimento de determinadas, porm mutáveis,!unç&es da es!era pol'tica no curso das trans!ormaç&es históricas edos a2ustes da auto-a!irmação da ordem sócio-metabólica dominantecomo um todo#

3omo 2á vimos em vários conte%tos, o desenvolvimento do sculo 44!oi caracterizado pela crescente in!luncia de !actores "e%tra

económicos"# (or outras palavras, o sculo 44 testemunhou aascensão à proeminncia de !orças e procedimentos "e%traeconómicos" que costumavam ser avaliados com grande cepticismo ere2eitados como estranhos à natureza do sistema do capital nomomento da sua ascensão histórica triun!al# $o in'cio da criseestrutural do sistema ocorrida na dcada de 5678, os representantesda "direita radical" romperam com a !orma 9e:nesiana da intervençãoconsensual do ;stado capitalista .dominante por um quarto de sculodepois da <egunda =uerra >undial/# 3om isso, muitos pol'ticosenvolvidos esqueceram-se instantaneamente de que eles próprios

estavam pro!undamente comprometidos com as práticas pecaminosasque agora denunciavam sonoramente# ;sses pol'ticos tambm se

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negaram a encarar o !acto + não importa se com a a2uda dahipocrisia, do !ingimento c'nico ou se proveniente da ignorânciagenu'na + de que o novo curso e%igiria pelo menos uma intervençãodo ;stado nos processos sócio-económicos .agora, mais do que

nunca, em nome do big business) tão grande quanto na variante9e:nesiana# A ?nica di!erença era que, adicionada à generosa a2udadada ao big business + desde enormes incentivos !iscais at práticascorruptas de "privatização" [19] , desde abundantes !undos depesquisa .especialmente em proveito do comple%o militar-industrial/ à!acilitação mais ou menos aberta da tendncia ao monopólio + a"direita radical" precisou de impor tambm toda uma srie de leisrepressivas sobre o movimento dos trabalhadores# @ronicamente, asleis repressivas contra o trabalho tiveram que ser introduzidas"suavemente" por meio dos bons serviços dos "parlamentos

democráticos", com a !inalidade de negar à classe trabalhadora atmesmo os ganhos de!ensivos do passado, de acordo com as cada vezmais estreitas margens de acumulação do capital nas circunstânciasda crise estrutural em andamento#

 Assim, para as perspectivas da emancipação do trabalho, aimportância da luta pol'tica e da cr'tica radical do ;stado + inclusivedas suas "instituiç&es democráticas", principalmente o (arlamento +nunca !oi tão grande quanto na actual !ase histórica de aparente"encolhimento dos limites do ;stado"# 3omo a angustiante situação demil milh&es de pessoas se tornou dolorosamente óbvia, o sistema docapital, mesmo na sua !orma mais avançada, esquecemiseravelmente a espcie humana# mesmo pode ser dito dadimensão pol'tica do controlo socio-metabólico# At mesmo a !ormamais avançada de ;stado do sistema do capital + o ;stado liberal-democrático, com a sua representação parlamentar e as suasgarantias democráticas !ormais e institucionalizadas de "2ustiça eimparcialidade", bem como com as suas apregoadas garantias contrao abuso de poder + !racassou em todas as promessas que a auto-

legitimavam#

 A crise da pol'tica em todo o mundo, incluindo as democraciasparlamentares dos pa'ses capitalistas mais avançados + que assume!requentemente a !orma de uma compreens'vel amargura e de umresignado a!astamento da actividade pol'tica das massas populares + parte integrante do agravamento da crise estrutural do sistema docapital# As alegaç&es de "dar poderes ao povo" + se2a a da ideologiado "capitalismo popular" .armado com uma porção de acç&es semdireito a voto/ ou sob os slogans de "oportunidade igual" e"imparcialidade" num tema de incorrig'vel desigualdade estrutural +são absurdas demais para serem levadas a srio mesmo pelos seus

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mais proeminentes propagandistas# Ao contrário, em vez da repetidapromessa do "encolhimento dos limites do ;stado", o !uturoprovavelmente trará maior imposição de determinaç&es pol'ticasregressivas sobre o dia-a-dia das massas populares# (or mais

desencora2adoras que se2am as suas !ormas institucionais dominantese as suas práticas de auto-perpetuação, não há opção !ora da pol'tica#>as, precisamente por essa razão, a pol'tica importante demaispara ser dei%ada aos pol'ticos na verdade, uma democracia dignadeste nome importante demais para ser dei%ada às actuaisdemocracias parlamentares viáveis do capital e à pequena margem deacção dos parlamentares, mesmo dos grandes parlamentares"#

Buando concedido aos representantes da esquerda, o t'tulo de"grande parlamentar" usado pelo sistema 3onservador .com "c"

min?sculo, incluindo a liderança da ala direita do (artido 1rabalhista/como uma !orma de auto-congratulação e auto-elogio# 1aispersonalidades pol'ticas são tidas como "grandes parlamentares"porque, segundo a lenda, "aprenderam a dominar as regras doprocedimento parlamentar e, com a a2uda delas, "continuam a levantar os assuntos descon!ortáveis"# ;ntretanto, a verdade realmentedescon!ortável que os assuntos assim levantados sãoinvariavelmente ignorados ou declarados "!ora da pauta" pelo próprio(arlamento# *essa !orma, os apologistas do sistema parlamentarsubstantivamente anti-socialista podem demonstrar à "opinião p?blicademocrática" que não e%iste outro caminho para lidar com osproblemas da sociedade a não ser por meio da submissão do 2ogoparlamentar às leis e ao rigoroso cumprimento de seusprocedimentos, os quais produzem "grandes parlamentares" tambmna esquerda pol'tica# Futilidade e marginalização política são oscritrios a ser promovidos ao alto posto de "grande parlamentar" naesquerda# *esse modo, alguns deles são admitidos no hall da famapara colocar o sistema da democracia parlamentar alm e acima detoda a "cr'tica leg'tima" conceb'vel#

$a verdade, dada a marginalização pol'tica inseparável da aceitaçãodas amarras parlamentares como a ?nica estrutura leg'tima da acçãopol'tica, a aceitação das regras internas do 2ogo parlamentar +mesmo se praticada com propósito radical + só pode produzir o auto-encarceramento parlamentar da esquerda# @ronicamente, do modocomo !unciona actualmente o sistema parlamentar, at mesmopessoas com credenciais impecáveis da ala direita + mas comgrandes ilus&es sobre o seu próprio papel na determinação doresultado dos debates pol'ticos + como Co: Dattersle:, estão in!elizescom o con!ormismo cego que os leva a aceitar as regras maisrecentes do 2ogo parlamentar# Buei%am-se, claro que totalmente em

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vão, de que a liderança do partido deveria prestar mais atenção aosprinc'pios pro!essados no passado# *e !acto, testemunhamos ho2e aliquidação at dos mais brandos princ'pios sociais-democratas paraassegurar uma "aliança eleitoral mais ampla"# ) assim que + num

artigo publicado no Independent, em 5E de Agosto de 566F, sob ot'tulo "Co: Dattersle: conta a 1on: lair onde ele tem errado" +, demodo mani!esto, ele argumenta0

<ou um crente apai%onado no novo trabalhismo, um antigo adversárioda velha cláusula @G .que promete a posse comum dos meios deprodução/ e um hertico que dese2a cortar completamente os elos!ormais dos trabalhistas com os sindicatos# >as entendo por que osmembros do partido se preocupam com o !acto de nos termosocupado tanto com os problemas da classe mdia que começamos a

ignorar as necessidades dos des!avorecidos e dos e%clu'dos ### Aideologia o que mantm os partidos estáveis e dignos de crdito,bem como honestos# A longo prazo, a estima do p?blico pelo partidoseria protegida por uma a!irmação contundente de intenção!undamental# socialismo+ que proclamado na nova cláusula @G +e%ige que a pedra !undamental se2a a redistribuição de poder eriqueza# <e esse ob2ectivo !osse rea!irmado, muitos dos problemasdesapareceriam#

autor deste artigo parece preocupado com o !acto de o (artido

1rabalhista + do qual há não muito tempo Dattersle: era o vice-l'derna 3âmara dos *eputados + ter !alhado na "redistribuição de poder eriqueza", durante toda a sua longa história# The Times muito maisrealista quando elogia 1on: lair dizendo que a ideologia do "novotrabalhismo", de!endida pelo l'der da oposição, carrega pouca relaçãocom o socialismo do passado# ) "pragmático, amigo dos negcios"[20] #