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Ferramentas para Metodologia HCS A Metodologia de Alta Concentração de Carbono (HCS): ‘Desmatamento Zero’ em práca Versão 1.0: Março 2015 WWW.HIGHCARBONSTOCK.ORG

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Ferramentas para Metodologia HCS

A Metodologia de Alta Concentração de Carbono (HCS): ‘Desmatamento Zero’ em prática Versão 1.0: Março 2015

WWW.HIGHCARBONSTOCK.ORG

“Mission statement related quote – the importance of the HCS concept cannot be overstated, etc, etc, Icatur susamet omnihilist re nos et in nos exces escid mint vention seipicim hillab ipsum ut quis cam sitis earum que omnis autemqui ut quam excea”

“Mission statement related quote – the importance of the HCS concept cannot be overstated, etc, etc, Icatur susamet omnihilist re nos et in nos exces escid mint vention seipicim hillab ipsum ut quis cam sitis earum que omnis autemqui ut quam excea”

Citação: Grupo de Coordenação da Metodologia HCS, Eds. (2015). “Ferramentas para Metodologia HCS.” Versão 1.0. Kuala Lumpur: Grupo de Coordenação da Metodologia HCS

Membros do grupo de coordenação da Metodologia HCS (20 de março de 2015): Agropalma (Comissão Executiva) Asia Pulp & Paper (Comissão Executiva) Cargill Daemeter Forest Heroes Forest Peoples Programme (Comissão Executiva) Golden Agri-Resources (Comissão Executiva) Golden Veroleum (Liberia) Inc. Greenpeace (Comissão Executiva) Musim Mas National Wildlife Federation New Britain Palm Oil Ltd. Proforest Rainforest Action Network (Comissão Executiva) Rainforest Alliance TFT (Comissão Executiva) Unilever (Comissão Executiva) Union of Concerned Scientists Wilmar International Ltd. (Comissão Executiva) WWF (Comissão Executiva)

Copyright © Grupo de Coordenação da Metodologia HCS, março 2015

Esta obra está publicada sob licença Atribuição-Uso Não-Comercial-Obras Derivadas Proibidas 4.0 Licença Internacional

Para visualizar uma cópia desta licença visite: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/

Todo ou parte deste relatório pode ser utilizado, reimpresso ou distribuído, desde que a fonte seja citada. Não é permitido o uso desta publicação para venda ou outros fins comerciais.

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Versão 1.0: Março 2015

SÍNTESE DO DOCUMENTO ÍNDICE

FERRAMENTAS PARA METODOLOGIA HCSA METODOLOGIA DE ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO (HCS): ‘DESMATAMENTO ZERO’ EM PRÁTICA

P2: Introdução

P4: Acrônimos e definições

P6: Capítulo 1: Alta Concentração de Carbono em contexto e um resumo das Ferramentas para Metodologia HCS

P11: Capítulo 2: Respeitando o direito de propriedade e de Consentimento Livre, Informado e Prévio das comunidades na metodologia de Alta Concentração de Carbono

P28: Capítulo 3: Realização da classificação inicial da vegetação através da análise de imagens

P54: Capítulo 4: Inventário florestal e levantamento do estoque de carbono

P69: Capítulo 5: Conservação de fragmentos de florestas com Alta Concentração de Carbono: experiências e princípios

P77: Capítulo 6: Árvore de Decisão aplicada à análise de fragmentos florestais HCS

P93: Capítulo 7: Conclusões

P96: Bibliografia

Índice

Síntese do documento

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Versão 1.0: Março 2015

INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO DO COMITÊ EXECUTIVO DO GRUPO DE COORDENAÇÃO DA METODOLOGIA HCS

FERRAMENTAS PARA METODOLOGIA HCSA METODOLOGIA DE ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO (HCS): ‘DESMATAMENTO ZERO’ EM PRÁTICA

Introdução

Existe hoje um amplo consenso global entre diferentes tipos de organizações – empresas, instituições de pesquisa, conservação e ONGs ambientais, governos e comunidades dependentes da floresta – sobre a real necessidade de acabar com o desmatamento em florestas de regiões tropicais. Estas florestas possuem a maior diversidade de vida na Terra e fornecem uma gama de serviços dos quais todos precisamos. Sem elas, pessoas, empresas e o planeta não podem prosperar.

A principal questão, entretanto, é como podem as empresas agrícolas e agricultores garantir que não estejam contribuindo para o desmatamento nessas áreas com as novas plantações necessárias para cultivar o alimento, combustível, ração e fibra que nossa crescente população demanda. Como podemos diferenciar terras degradadas potencialmente adequadas para o estabelecimento de plantações das áreas florestais que precisam ser protegidas? Abordagens atuais, tais como a metodologia de Alto Valor de Conservação, monitoramento de emissões de gases estufa, mapeamento participativo, respeito ao direito de propriedade das comunidades e de dar (ou recusar) seu Consentimento Livre, Informado e Prévio (CLIP), podem desacelerar o desmatamento e proteger os modos de subsistência das pessoas vivendo nessas áreas florestais, mas não bararam todo o desmatamento. Estas abordagens continuam a ser valiosas, porém não possuem ferramentas para definir todas as áreas de floresta natural que requerem proteção e, portanto, não fornecem orientações suficientes para a implementação dos compromissos políticos do protocolo de ‘Desmatamento Zero’. Há também uma evidente necessidade em definir o que é uma ‘floresta natural’ de maneira a construir um conceito que possa ser utilizado, na prática, em concessões.

Em resposta a este desafio, e dando continuidade ao corajoso compromisso com o Desmatamento Zero, a Golden Agri-Resources (GAR) em colaboração com o Greenpeace e o TFT foram pioneiros em construir e propor uma metodologia para identificar ‘florestas naturais’, conhecida como Metodologia de Alta Concentração de Carbono (HCS). De 2010 a 2014, foram testados, na Indonésia e Libéria, processos para definir áreas de floresta tropical potencialmente viáveis, bem como terras degradadas, combinando-se armazenamento de carbono, conservação de biodiversidade e os direitos e meios de subsistência das comunidades locais. Em agosto de 2014 o Grupo de Coordenação da Metodologia HCS foi formado para supervisionar o desenvolvimento da metodologia e seu uso em campo.

Para padronizar e torná-la disponível a todos os profissionais que dela precisam, o Grupo de Coordenação publica aqui a metodologia HCS como Versão 1 das Ferramentas para Metodologia HCS, para serem usadas em futuros ensaios e consultas mais amplas. Atualizações para as ferramentas serão periodicamente emitidas, bem como novos capítulos sobre como

conservar, restaurar e monitorar florestas de HCS. Buscamos feedback sobre a metodologia e agradecemos contribuições ao Grupo de Coordenação sobre sua implementação em diferentes regiões tropicais a fim de fortalecê-la e aperfeiçoá-la para a metodologia. O Grupo de Coordenação da Metodologia HCS está desenvolvendo um conjunto de requisitos de ‘Garantia de Qualidade’ para usuários, e até lá pedimos que praticantes da Metodologia HCS apliquem a metodologia como estipulada neste documento.

Para aqueles que usarão a Metodologia a Metodologia HCS, é importante notar que identificar florestas com Alta Concentração de Carbono é apenas um dos vários aspectos críticos de uso da terra em paisagens florestais. Terras vitais para as comunidades locais, áreas com Alto Valor de Conservação (HCV) e turfas também devem ser protegidas. Durante o processo HCS, em particular a fase final da metodologia, a Metodologia HCS integra-se com estas outras categorias de uso da terra. Ela, portanto, baseia-se em análises HCV de alta qualidade, mapeamento participativo, respeito pelos direitos consuetudinários e CLIP para chegar a uma proposta de plano de área de conservação. Por fim, gostaríamos de agradecer os autores e revisores que contribuíram para este documento e todos aqueles que partilham de nossa visão da Metodologia HCS e sua contribuição para acabar com o desmatamento.

Marcus Colchester Forest Peoples Programme

Aida Greenbury Asia Pulp and Paper

Peter Heng Golden Agri-Resources

Scott Poynton TFT

Grant Rosoman Greenpeace

Conselho editorial das Ferramentas HCS, em nome do Grupo de coordenação da Metodologia HCS

“Como podemos diferenciar terras degradadas potencialmente adequadas para o estabelecimento de plantações, de áreas florestais que precisam ser protegidas?”

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Versão 1.0: Março 2015

INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO DO COMITÊ EXECUTIVO DO GRUPO DE COORDENAÇÃO DA METODOLOGIA HCS

FERRAMENTAS PARA METODOLOGIA HCSA METODOLOGIA DE ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO (HCS): ‘DESMATAMENTO ZERO’ EM PRÁTICA

A Metodologia de Alta Concentração de Carbono (HCS): Uma abordagem prática para Desmatamento ZeroPor Peter Heng (Golden Agri-Resources), Scott Poynton (TFT) e Grant Rosoman (Greenpeace)

Desmatamento Zero é um grito de guerra para consumidores conscientes do mundo todo. Esses consumidores que estão fartos de imagens de comunidades sendo expulsas de suas terras e orangotangos sendo resgatados de pequenas ilhas de remanescentes florestais no meio de vastidões de áreas desmatadas para dar espaço ao último plantio industrial. Mas para colocar o Desmatamento Zero e prática precisamos responder algumas perguntas complexas:

• O que exatamente caracteriza uma floresta? A maioria das paisagens de floresta tropical de hoje não são inteiramente cobertas por florestas, mas sim por uma dinâmica mistura de vegetações, abrangendo desde pastagens, arbustos e florestas em estágio de regeneração até densas florestas. Onde traçamos a linha entre ‘floresta’ e ‘não-floresta’, dada a impraticabilidade das várias definições internacionais de floresta?

• Quais atributos e condições permitem que uma floresta tropical mantenha e restaure suas funções como floresta? O tamanho de um fragmento florestal é importante para sua sobrevivência?

• Podemos projetar um mosaico florestal saudável em áreas economicamente ativas que mantenha carbono e biodiversidade e se integre com outras ferramentas de conservação? Devemos ‘sacrificar’ pequenos fragmentos de biodiversidade com menos carbono para o desenvolvimento econômico a fim de priorizar a conservação de fragmentos florestais maiores e bem conectados? Como devemos levar em consideração a quantidade de florestas restante na paisagem?

• Como são abordados os direitos e necessidades das comunidades locais durante o processo de prevenção do desmatamento? Qual o nível de apoio e envolvimento das comunidades locais que precisamos para alcançar a conservação florestal, tanto a curto quanto a longo prazo?Qual é o papel dos governos na realização do Desmatamento Zero?

A Metodologia HCS procura responder a estas perguntas. A metodologia é uma ferramenta pragmática de planejamento de uso do solo ao invés de uma avaliação de carbono, e que fornece ferramentas para implementação do conceito de Desmatamento Zero em concessões ativas, previstas para serem desenvolvidas em países que possuem florestas tropicais. A metodologia visa respeitar os direitos consuetudinários e atender às necessidades da comunidade ao mesmo tempo em que considera a realidade operacional da

empresa. Em suma, a metodologia propõe uma mudança de paradigma para incluir a conservação de florestas como base de qualquer expansão agrícola em regiões de florestas tropicais.

A elaboração da Metodologia HCS começou no fim de 2010 pela Golden Agri-Resources (GAR), TFT e Greenpeace, durante o desenvolvimento da Política de Conservação Florestal da GAR. Isto incluiu superar os desafios em definir ‘florestas’ e conseguir a conservação das mesmas a longo prazo, como descrito acima. Desde então, a metodologia tem sido testada em concessões de óleo de dendê da GAR no Kalimantan Ocidental, Indonésia e Libéria, bem como vem ocorrendo com outras empresas em projetos piloto de HCS em outras partes da Indonésia e na Papua Nova Guiné. As duas fases da metodologia tiveram avaliações de especialistas independentes, e contribuições de múltiplas partes interessadas durante a elaboração da metodologia atual, descrita nestas ferramentas.

Em 2014, dezenas de empresas nos setores de celulose, óleo de dendê e papel, bem como empresas de bens de consumo essenciais, comprometeram-se a usar a Metodologia HCS para implementar suas próprias metas de Desmatamento Zero. Isto é encorajador e criou uma urgência para completar a primeira versão deste conjunto de ferramentas para os profissionais que queiram desenvolver plantações em regiões de florestas tropicais de forma sustentável. Enquanto feedbacks de futuras implementações ajudarão a melhorar a metodologia, estamos confiantes que a Metodologia HCS já é uma ferramenta prática que pode ser usada para qualquer produto, em qualquer país das regiões tropicais úmidas, e para responder à necessidade de proteção florestal no âmbito do desenvolvimento agrícola. Esperamos aprender mais com os estudos destas ferramentas de HCS em novas regiões ao iniciarmos juntos esta jornada pelo Desmatamento Zero.

“A Metodologia HCS é uma ferramenta prática que pode ser usada para qualquer produto, em qualquer país das regiões tropicais úmidas, e para responder à necessidade de proteção florestal no âmbito do desenvolvimento agrícola”

Todas as fotos: Cortesia do TFT ©

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Versão 1.0: Março 2015

FERRAMENTAS PARA AQUELES QUE IMPLEMENTAM A METODOLOGIA HCS ACRÔNIMOS E DEFINIÇÕES

FERRAMENTAS PARA METODOLOGIA HCSA METODOLOGIA DE ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO (HCS): ‘DESMATAMENTO ZERO’ EM PRÁTICA

Acrônimos e definições

TERMO ACRONÔMIO DEFINIÇÃO

Diâmetro à altura do peito DAP Medida do diâmetro da árvore normalmente tomada 1,3 metros acima do nível do solo (ver Capítulo 4)

Avaliação do Impacto ESIA Ambiental e Social

Consentimento Livre, CLIP É um conjunto de princípios em que as comunidades têm Informado e Prévio o direito de dar, ou não, consentimento aos projetos que

podem afetar as terras que eles habitualmente possuem, ocupam ou utilizam. (Fonte: FPP)

Sistema de Informação Geográfica SIG Um sistema informático capaz de montar, armazenar, manipular e exibir informações identificadas de acordo

com sua localização na Terra. (Fonte: USGS)

Sistema de Posicionamento Global GPS Um sistema que utiliza sinais de satélites para lhe dizer onde você está e para dar-lhe indicações para outros lugares. (Fonte: Webster.com).

Alta Concentração de Carbono HCS Florestas HCS são aquelas identificadas através da Metodologia HCS como áreas florestais a serem priorizadas para proteção contra conversão.

Alto Valor de Conservação HCV Alto Valores de Conservação (HCVs) são valores biológicos, ecológicos, sociais ou culturais ou atributos associados a ecossistemas naturais ou tradicionalmente gerenciados, considerados excepcionalmente significativos, ou muito importantes, em nível nacional, regional ou global. Áreas de gestão HCV são áreas críticas em paisagens que precisam ser geridas de forma adequada a fim de manter ou melhorar um ou mais HCVs. Áreas que possuem tais atributos incluem: HCV1: Áreas globais, regionais ou nacionais com significativas concentrações de valores de biodiversidade (por exemplo, endemismo, espécies em extinção, refúgios). HCV2: Paisagens globais, regionais ou nacionais significativas onde ocorrem naturalmente populações viáveis da maioria (se não todas) das espécies naturais, com padrões de distribuição e abundância naturais. HCV3: Áreas situadas dentro de, ou que contenham ecossistemas raros, ameaçados, ou em perigo de extinção. HCV4: Áreas que fornecem serviços básicos de ecossistemas em situações críticas (por exemplo, proteção de nascentes, controle de erosão). HCV5: Áreas essenciais para suprir as necessidades básicas de comunidades locais (por exemplo, subsistência, saúde). HCV6: Áreas críticas para a identidade cultural de comunidades locais tradicionais (áreas culturais, ecológicas, econômicas ou religiosas identificadas em cooperação com tais comunidades). (Fonte: HCV Network)

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Versão 1.0: Março 2015

FERRAMENTAS PARA AQUELES QUE IMPLEMENTAM A METODOLOGIA HCS ACRÔNIMOS E DEFINIÇÕES

FERRAMENTAS PARA METODOLOGIA HCSA METODOLOGIA DE ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO (HCS): ‘DESMATAMENTO ZERO’ EM PRÁTICA

TERMO ACRONÔMIO DEFINIÇÃO

Floresta de Alta Densidade (HDF) Uma das classes de vegetação da HCS.

Paisagem com cobertura Uma paisagem com uma cobertura de floresta natural florestal de grande porte maior que 80%.

União Internacional pela (IUCN) Conservação da Natureza

Paisagem Um mosaico geográfico composto de ecossistemas interativos resultante da influência geológica, topográfica, climática, do solo, biótica e interações humanas em uma determinada área. (Fonte: IUCN).

Floresta de Baixa Densidade (LDF) Uma das classes de vegetação da HCS

Paisagem com cobertura Uma paisagem com uma cobertura de floresta florestal de pequeno porte natural menor que 30%.

Floresta de Média Densidade (MDF) Uma das classes de vegetação da HCS.

Paisagem com cobertura Uma paisagem com uma cobertura de floresta florestal de médio porte natural entre 30 e 80%.

Produtos florestais não- (PFNM) Qualquer produto ou serviço não-madeireiro produzido madeireiros em florestas. PFNMs incluem frutas e nozes, legumes,

peixe e caça, plantas medicinais, resinas, essências e uma série de cascas e fibras tais como bambu, rattan e uma variedade de outras palmeiras e gramíneas. (Fonte: CIFOR)

Redução das Emissões por REDD+ Um mecanismo sendo desenvolvido pela ONU onde Desmatamento e Degradação países em desenvolvimento são financeiramente (UN-REDD+) compensados pela (a) Redução das emissões de

desmatamento; (b) Redução das emissões de degradação florestal; (c) Conservação dos estoques de carbono florestais; (d) Gestão sustentável das florestais; e/ou (e) Incremento de estoques de carbono florestais. (Fonte: The REDD Desk, 2015)

Mesa Redonda para o Óleo (RSPO) de Dendê Sustentável

Área retirada Um pedaço de terra dentro de uma concessão privada ou fazenda onde culturas comerciais não serão cultivadas.

Floresta em estágio inicial (YRF) Uma das classes de vegetação da HCS. de regeneração

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Versão 1.0: Março 2015

CAPÍTULO 1 A METODOLOGIA DE ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO (HCS): UMA ABORDAGEM PRÁTICA PARA DESMATAMENTO ZERO

FERRAMENTAS PARA METODOLOGIA HCSA METODOLOGIA DE ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO (HCS): ‘DESMATAMENTO ZERO’ EM PRÁTICA

Por Charlotte Opal, TFT

CONTEÚDO DO CAPÍTULO

P7: Introdução

P8: A Metodologia HCS em contexto

P9: Um resumo da Metodologia HCS e Conjunto de Ferramentas da Metodologia HCS

P10: O futuro das ferramentas da Metodologia HCS

Alta Concentração de Carbono – contexto e resumo das Ferramentas para Metodologia HCS

Capítulo 1

FLORESTA COM ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO (HCS) ÁREAS DEGRADADAS (ANTIGAS FLORESTAS)

LIMIAR HCSu

FLORESTA DE MÉDIA DENSIDADE (MDF)

FLORESTA DE ALTA DENSIDADE (HDF)

FLORESTA EM ESTÁGIO INICIAL DE REGENERAÇÃO

(YRF)

FLORESTA DE BAIXA DENSIDADE (LDF) ARBUSTO (S) ÁREA ABERTA (OL)

KLASIFIKASI SKT

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Versão 1.0: Março 2015

CAPÍTULO 1 A METODOLOGIA DE ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO (HCS): UMA ABORDAGEM PRÁTICA PARA DESMATAMENTO ZERO

FERRAMENTAS PARA METODOLOGIA HCSA METODOLOGIA DE ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO (HCS): ‘DESMATAMENTO ZERO’ EM PRÁTICA

Existe, portanto, uma clara necessidade de uma metodologia prática, cientificamente robusta e de baixo custo que possa distinguir áreas florestais viáveis para regeneração e conservação de áreas degradadas com valores de carbono e biodiversidade mais baixos. A Metodologia de Alta Concentração de Carbono representa a primeira metodologia prática a ser testada e desenvolvida em concessões ativas na Ásia e África, e com a participação de diversas partes interessadas. Ela é uma ferramenta relativamente simples que empresas agrícolas podem usar para determinação de novas áreas para desenvolvimento agrícola, assegurando ao mesmo tempo que as florestas estarão protegidas da conversão.

Em termos gerais, a Metodologia HCS estratifica a vegetação de uma área em diferentes classes. Cada classe de vegetação é validada pela calibração, com estimativas de estoque de carbono na biomassa das árvores acima do solo. O diagrama abaixo mostra quatro classes florestais HCS – o limiar para potenciais florestas HCS situa-se entre as classes de floresta em estágio inicial de regeneração e arbusto.

Estas ferramentas de aplicação da Metodologia de Alta Concentração de Carbono guiarão profissionais através das etapas de identificação de florestas HCS, desde a estratificação inicial da vegetação, utilizando imagens de satélite e parcelas de campo, passando pelo processo chamado de Árvore de Decisão que avalia o valor de conservação dos fragmentos florestais HCS na paisagem, garantindo que os direitos e meios de subsistência das comunidades sejam respeitados, até a elaboração do mapa de conservação e uso da terra final. Este capítulo apresenta uma breve síntese do processo da metodologia HCS e um resumo das ferramentas, começando com uma visão geral da Metodologia HCS em seu contexto mais amplo.

Nos últimos cinco anos, dezenas de empresas líderes nos setores de soja, óleo de dendê, papel & celulose e carne concordaram em eliminar o desmatamento de suas atividades e de suas cadeias de suprimento. Muitas já concordaram em proteger áreas de Alto Valor de Conservação (HCV), mas muitas florestas secundárias com função de armazenamento de carbono, habitat para a biodiversidade e produtos florestais para as comunidades locais ainda não são consideradas HCV. Algumas definições mais amplas de ‘floresta’ existem, mas nenhuma é prática o suficiente para que se efetivem os compromissos das empresas com o Desmatamento Zero nos trópicos.

Introdução

“Existe uma clara necessidade de uma metodologia prática, cientificamente robusta e de baixo custo que possa distinguir áreas florestais viáveis para regeneração e conservação de áreas degradadas com valores de carbono e biodiversidade mais baixos”

ETAPAS NO PROCESSO:

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Versão 1.0: Março 2015

CAPÍTULO 1 A METODOLOGIA DE ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO (HCS): UMA ABORDAGEM PRÁTICA PARA DESMATAMENTO ZERO

FERRAMENTAS PARA METODOLOGIA HCSA METODOLOGIA DE ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO (HCS): ‘DESMATAMENTO ZERO’ EM PRÁTICA

A Metodologia HCS em contexto

Primeiro, é importante notar que a metodologia HCS é projetada para ser usada em paisagens florestais fragmentadas e mosaicos em regiões úmidas tropicais. A metodologia poderia eventualmente ser adaptada para outros tipos de vegetação, tais como savanas tropicais ou florestas temperadas ou boreais, mas esta primeira iteração foi desenvolvida para identificar áreas de florestas naturais em áreas degradadas de regiões úmidas tropicais e estas ferramentas explicarão como usá-la nesse contexto.

Em segundo lugar, apesar de ter a palavra ‘carbono’ no título, o conceito de floresta com Alta Concentração de Carbono não tem o objetivo de ser usado como uma medida de depósitos de carbono, ou para qualquer tipo de pegada de carbono ou contabilidade. Enquanto as florestas são naturalmente importantes depósitos de carbono, há muitas outras razões para protegê-las. Estimativas do teor de carbono da vegetação são simplesmente usadas na Metodologia HCS para ajudar a distinguir diferentes tipos de vegetação: de um modo geral, mais carbono indica vegetações mais densas e estruturalmente complexas. A Metodologia HCS usa, portanto, uma estimativa da biomassa acima do solo de árvores com DAP (diâmetro à altura do peito) superior ou igual a 5 cm – outra biomassa acima do solo e carbono abaixo do solo não são considerados. (No entanto, solos com alta concentração de carbono, tais como turfeiras, são considerados na metodologia ao serem adicionados às áreas de proteção e conservação na fase final do planejamento do uso da terra integrativo).

Em terceiro lugar, a Metodologia HCS é fundamentada em SIG e sensoriamento remoto, silvicultura e ciências da conservação, mas a metodologia para a determinação de florestas HCS é projetada para levar em conta as variações nos tipos e condições de florestas locais. Isto significa que, embora a metodologia usada para identificar florestas HCS seja a mesma em todos os países, os resultados de cada avaliação podem variar de acordo com o contexto das paisagens locais, mesmo quando as regras descritas nestas ferramentas são aplicadas de forma consistente. Os valores médios de carbono acima do solo são calculados para as classes identificadas, mas estes provavelmente vão variar entre países e até mesmo dentro do mesmo país.

Finalmente, a Metodologia HCS é projetada para ser usada em paralelo e integrada com outras estratégias de uso da terra e conservação. Estas incluem o Consentimento Livre, Informado e Prévio (CLIP) e a proteção de turfeiras, zonas ribeirinhas, áreas HCV e áreas importantes para as comunidades locais e povos indígenas por razões culturais ou econômicas. De fato, se esses outros aspectos não foram devidamente avaliados e mapeados, as medidas previstas na Metodologia HCS não podem ser devidamente concluídas porque um mapa integrado final de conservação e uso de terra não poderá ser elaborado.

Estra�ficar imagens de satélite

em classes devegetação

Es�mar o carbono de cada classe

Medir e coletar dados

Localizar parcelas de amostra

Árvore de Decisão para análise de

fragmentos florestaisHCS

OUTPUT: Potenciais florestas HCS iden�ficadas

Conservação de florestas HCS

FASE 1: CLASSIFICAÇÃO DA

VEGETAÇÃO PARA IDENTIFICAR ÁREAS

DE FLORESTA

FASE 2: ANÁLISE E CONSERVAÇÃO DE FRAGMENTOS FLORESTAIS HCS

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Versão 1.0: Março 2015

CAPÍTULO 1 A METODOLOGIA DE ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO (HCS): UMA ABORDAGEM PRÁTICA PARA DESMATAMENTO ZERO

FERRAMENTAS PARA METODOLOGIA HCSA METODOLOGIA DE ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO (HCS): ‘DESMATAMENTO ZERO’ EM PRÁTICA

Para o processo HCS ser bem sucedido, e para florestas serem conservadas, comunidades locais devem ser incluídas no processo desde o início. Este capítulo apresenta uma visão geral de como incluir comunidades no planejamento de uso da terra e integrar o processo HCS com o Consentimento Livre, Informado e Prévio (CLIP) - o direito das comunidades locais de dar ou não consentimento aos projetos que podem afetar suas terras, meios de subsistência e meio ambiente.

Um breve estudo de caso de como uma empresa lidou com conflitos com a comunidade durante um estudo HCS piloto também é apresentado.

A primeira etapa na Metodologia HCS é classificar a vegetação em classes relativamente homogêneas, com base em imagens de satélite. As técnicas que variam de ‘sem supervisão’ vs. supervisionado vs. estratificação visual são discutidas juntamente com uma visão geral das bases de dados de imagens disponíveis e as ferramentas. O capítulo inclui amostras de imagens de satélite de estudos HCS para mostrar como a classificação inicial é feita.

O mapa produzido na Fase 1 provavelmente incluirá algumas grandes áreas de floresta, bem como alguns pequenos fragmentos isolados de floresta HCS. Este capítulo prevê uma revisão de pesquisas em ciência da conservação e de literatura relativa a análise de fragmentos florestais em uma paisagem, além de explicar como diferentes parâmetros, incluindo forma, tamanho, configuração e conectividade suportam decisões sobre a conservação de fragmentos na Árvore de Decisão HCS

Fragmentos de floresta HCS são analisados usando diferentes parâmetros, utilizando uma variedade de ferramentas SIG, análise manual e verificações de campo. Este capítulo descreve a Árvore de Decisão HCS, que é uma ferramenta relativamente simples para lidar com um complexo conjunto de decisões a serem tomadas sobre fragmento de floresta HCS. Orientações sobre como os fragmentos são classificados em cada etapa da Árvore de Decisão são fornecidas.

A etapa final na Árvore de Decisão integra as florestas HCS com outras áreas de conservação e gestão, incluindo turfeiras, áreas HCV e áreas importantes para comunidades, para então chegar a uma proposta de desenvolvimento agrícola ou conservação da área.

Na etapa seguinte, as classes de vegetação propostas na primeira etapa são amostradas em campo. Este capítulo explica como selecionar parcelas de amostra, medir a vegetação, estimar a biomassa acima do solo e refinar a classificação. No final da Fase 1, um mapa indicativo das áreas de florestas HCS será produzido, com fragmentos de florestas HCS de tamanhos variados e conectividades identificadas.

Um resumo da Metodologia HCS e suas Ferramentas

Estas ferramentas são destinadas aos profissionais que visam assegurar que as florestas não sejam desmatadas em concessões designadas para novas plantações. A metodologia HCS é implementada mais adequadamente por uma equipe de especialistas com diferentes habilidades. Essas habilidades podem variar: de análise da posse da terra e mapeamento participativo para análise de imagens de satélite, inventário florestal, a avaliações de biodiversidade e paisagismo. Os capítulos seguintes são, portanto, de natureza técnica, com o objetivo de apoiar um profissional experiente, que poderá usá-los em campo para implementar a Metodologia HCS com pouca orientação adicional. Para que o processo HCS seja bem sucedido, e para que florestas sejam conservadas, comunidades locais devem ser incluídas no processo desde o início. Este capítulo apresenta uma visão geral de como incluir comunidades no planejamento de uso da terra, e integrar o processo HCS com o Consentimento Livre, Informado e Prévio (CLIP): o direito das comunidades locais de dar ou não consentimento aos projetos que podem afetar suas terras, meios de subsistência e meio ambiente. Um breve estudo de caso de como uma empresa lidou com conflitos com a comunidade durante um estudo HCS piloto também é apresentado.

Como dito acima, a Metodologia HCS é projetada para ser integrada com outras estratégias de uso da terra que também protegem áreas HCV, turfeiras e áreas importantes para as comunidades. Como estas estratégias são bem descritas em outros documentos, este guia não as aborda em detalhes. A publicação assume que, desde o início do estudo HCS, avaliações de alta qualidade destes outros valores já tenham ocorrido. Todavia, os autores se esforçaram para destacar as etapas da metodologia HCS onde estas outras avaliações são particularmente importantes.

A ordem dos capítulos deste documento sobre as Ferramentas HCS segue as etapas de uma avaliação HCS. E quer levar o usuário através do processo integral, desde a primeira etapa de envolvimento das comunidades locais e das partes interessadas no processo, até a criação de uma proposta para áreas de floresta HCS que precisam ser conservadas e outras áreas que são adequadas para uso e desenvolvimento. Cada etapa na Metodologia HCS e seu correspondente capítulo sobre as ferramentas está delineada à direita. Um curto capítulo de conclusões destaca as áreas para estudos adicionais.

“A Metodologia HCS é projetada para ser integrada com outras estratégias de uso da terra que também protegem áreas HCV, turfeiras e áreas importantes para as comunidades”

CAPÍTULO 2: RESPEITANDO O DIREITO DE PROPRIEDADE E DE CONSENTIMENTO LIVRE, INFORMADO E PRÉVIO DAS COMUNIDADES NA METODOLOGIA DE ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO

CAPÍTULO 3: REALIZAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO INICIAL DA VEGETAÇÃO ATRAVÉS DA ANÁLISE DE IMAGENS

CAPÍTULO 5: CONSERVAÇÃO DE FRAGMENTOS DE FLORESTAS COM ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO: EXPERIÊNCIAS E PRINCÍPIOS

CAPÍTULO 6: ÁRVORE DE DECISÃO DA ANÁLISE DE FRAGMENTOS FLORESTAIS HCS

CAPÍTULO 4: INVENTÁRIO FLORESTAL E LEVANTAMENTO DO ESTOQUE DE CARBONO

Colocando a Metodologia HCS em seu contexto social

Fase 1: Preparando o primeiro mapa indicativo de florestas HCS

Fase 2: Analisando fragmentos HCS e criando um mapa de conservação ou desenvolvimento indicativo

Todas as fotos: Cortesia do TFT ©

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Versão 1.0: Março 2015

CAPÍTULO 1 A METODOLOGIA DE ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO (HCS): UMA ABORDAGEM PRÁTICA PARA DESMATAMENTO ZERO

FERRAMENTAS PARA METODOLOGIA HCSA METODOLOGIA DE ALTA CONCENTRAÇÃO DE CARBONO (HCS): ‘DESMATAMENTO ZERO’ EM PRÁTICA

O futuro das Ferramentas para Metodologia HCS

Esta primeira edição das Ferramentas para a Metodologia HCS visa reunir o conhecimento adquirido durante a primeira fase de testes HCS e inovação. Isto incluiu testar a metodologia em estudos-piloto realizados entre 2011 e 2014 em plantações de óleo de dendê e do setor de papel & celulose na Indonésia, Libéria e Papua Nova Guiné. Ao publicar a metodologia, o Grupo de Coordenação da Metodologia HCS espera que estas ferramentas sejam usadas na implementação de avaliações HCS para expansão agrícola em regiões tropicais, e inclua transparência nos processos de tomada de decisões e nos resultados.

A metodologia HCS pode variar ligeiramente conforme a proposta de ciência da conservação usada como base, e não há dúvidas que lições serão aprendidas através de mais testes. Esta primeira edição é, portanto, também destinada a ser usada para consultas mais amplas e para obter mais feedbacks. No entanto, o Grupo de Coordenação da Metodologia HCS não prevê grandes mudanças na metodologia e qualquer aperfeiçoamento terá de ser aprovado por seus integrantes. Empresas comprometidas com a Metodologia HCS devem estar confiantes de que os resultados das avaliações HCS a partir destas ferramentas serão robustos, relevantes e bem aceitos no futuro, mesmo se pequenos aperfeiçoamentos metodológicos sejam incorporados ao longo do tempo.

Finalmente, esta primeira versão do documento guia os profissionais até o resultado proposto no mapa de áreas de conservação ou desenvolvimento agrícola. Na sequência, as áreas de floresta HCS (integradas com outras áreas de conservação) precisam ser conservadas em parceria com as comunidades locais, e ter sua proteção jurídica garantida. Inovações também são necessárias para o financiamento da proteção das florestas HCS e para a sua gestão e monitoramento. Em 2015, o Grupo de Coordenação da Metodologia HCS estará recolhendo experiências e conduzindo discussões sobre esses aspectos com o objetivo de desenvolver orientação e módulos adicionais para as ferramentas.

As Ferramentas para Metodologia HCS são, portanto, melhor compreendidas como um documento ‘vivo’ que será atualizado e acrescentado ao longo do tempo à medida que a metodologia seja aperfeiçoada. Por mais que a própria Metodologia HCS seja inovadora e colaborativa, as ferramentas HCS serão adaptadas e alteradas com base em pareceres científicos e investigação, bem como a partir de inovações e experiências das empresas, ONGs e especialistas que a utilizam para implementar seus compromissos para eliminar o desmatamento.

“Por mais que a própria Metodologia HCS seja inovadora e colaborativa, as ferramentas HCS serão adaptadas e alteradas com base nas reflexões e experiências das empresas, ONGs e especialistas que a utilizam”