verão exige cuidado para evitar câncer

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GERAIS BELÉM, DOMINGO, 22 DE JUNHO DE 2014 VERÃO EXIGE CUIDADO partir deste mês, começa o período de maior incidência de sol na região Norte, e os paraenses precisam ter cuidados redobrados, uma vez que o cân- cer de pele, que se destaca no País e no Pará, está diretamente rela- cionado à exposição solar. Segun- do prevê o Ministério da Saúde, pelo menos 576.580 novos casos de câncer serão diagnosticados no Brasil em 2014. Isso represen- ta um aumento frente aos 519 mil casos que foram projetados para 2012. A previsão foi feita no ano passado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), que a cada dois anos divulga uma projeção com base nos registros de casos da do- ença e de mortalidade no País. De acordo com o estudo, a maioria dos novos casos (182 mil ou 31,5% do total) será de câncer de pele, sem incluir o melanoma, o mais comum entre homens e mulheres e que não é considerado tão agressivo. Na região Norte do País, onde está localizado o Pará, serão 2.330 casos nos homens e 2.000 nas mulheres. Os dados do Inca referem-se ao câncer de pele do tipo não me- lanoma. A dermatologista Maria Eloísa Soares, que atua no Centro de Atendimento de Alta Comple- xidade em Oncologia (Cacon) do Hospital Ofir Loyola (Hol), que serve de referência em oncologia e atende a todas as especialidades de câncer no Estado, explica que EXPOSIÇÃO AO SOL ESTÁ LIGADA AOS CASOS DA DOENÇA NA REGIÃO NORTE A existem basicamente dois tipos de câncer de pele: os não mela- noma, que são os mais comuns e raramente podem causar a morte do paciente, e o melanoma, que é o mais raro, mas é responsável por três em cada quatro mortes por câncer de pele. “Os não melanomas são o car- cinoma basocelular, que é o mais comum e mais conhecido como câncer de pele, não dá metástase (formação de uma nova lesão tu- moral a partir de outra, mas sem continuidade entre as duas), mas lesa o tecido local (pele). O não melanoma é também o carci- noma espinocelular, que é mais perigoso porque dá metástase. Esses são os que mais ocorrem na população em geral e são desen- cadeados pela irradiação solar a qualquer hora do dia”, explica a médica. Pessoas de pele clara, que fi- cam vermelhas com a exposição ao sol, estão mais sujeitas às neo- plasias. A maior incidência deste tipo de câncer de pele se dá na re- gião da cabeça e do pescoço, que são justamente os locais de expo- sição direta aos raios solares. “As pessoas mais claras estão mais predispostas por terem menos melanina na pele, e devem se pre- ocupar. Mas isso não quer dizer que os morenos não devam tomar cuidados porque a doença pode atingir qualquer pessoa”, disse a médica. Para a maioria dos cânceres, quanto mais cedo (quanto mais precoce) se diagnostica o câncer, mais chance essa doença tem de ser combatida. “Em ambos os ca- sos, a cirurgia é o tratamento mais indicado. Porém, dependendo da extensão, o carcinoma basoce- lular pode também ser tratado através de medicamento tópico ou radioterapia. Vai depender da extensão e do tipo de tumor. Pes- soas que apresentam feridas na pele que demorem mais de qua- tro semanas para cicatrizar, va- riação na cor de sinais, manchas que coçam, ardam, descamam ou sagram, devem recorrer o mais rápido possível ao dermatologis- ta”, orienta. O câncer de pele está direta- mente relacionada à exposição solar exagerada, câmaras de bron- zeamento artificial, à tonalidade da pele, ao envelhecimento da po- pulação e apresenta um padrão de distribuição geográfica. Outro dado preocupante é que cerca de 70% da população mundial não utiliza protetor solar diariamente. De 2 a 3 milhões de novos casos de câncer não melanoma são diagnosticados anualmente no mundo, sendo que no Brasil esse número chega a 110 mil novos casos não melanoma e 5 mil melanomas por ano. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) a morte por câncer é a de maior incidência no mundo. A psicóloga Camila Carvalho, 25 anos, conta que não possui ne- nhum problema de pele, mas por ser clara qualquer alergia mínima de contato é notável, por isso ela sempre teve cuidados. “Sempre cuidei da minha pele por ser muito clara, por saber também que o sol é um dos principais fatores de enve- lhecimento precoce e que evitá-lo em determinados horários reduz bastante a possibilidade de se obter um câncer de pele. Meus cuidados com a pele são os mesmos durante o ano todo, porém minha atenção é redobrada quando viajo e vou à praia. Aplico de duas em duas ho- ras o protetor, evito o sol das 10h às 16h e bebo bastante água”, afirma a psicóloga. Ela destaca ainda que costuma utilizar somente produtos reco- mendados por sua dermatologis- ta. “Utilizo filtro solar fator 60 pela manhã, ao sair para o trabalho, e sempre que necessário aplico novamente. Sombrinha é o meu acessório indispensável na bolsa. Bebo bastante água durante o dia e procuro ter uma alimentação rica em frutas e legumes. Evito utilizar maquiagem diariamente, somente em eventos. E todas as noites, passo hidratante no corpo todo. Mesmo considerando todos os cuidados básicos, costumo não ter grandes gastos”, relata Camila. BRONZEAMENTO ARTIFICIAL TEM SEUS RISCOS n Uso de sombrinhas é recomendável para evitar exposição ao sol. Na região Norte, a pele sofre muito com altas temperaturas. MARIANA TOPFSTEDT/SIGMAPRESS n Especialistas não veem com bons olhos o bronzeamento artificial em função do câncer de pele ARQUIVO AMAZÔNIA CLEIDE MAGALHÃES Da Redação

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Page 1: Verão exige cuidado para evitar câncer

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BELÉM, doMingo, 22 dE junho dE 2014

verão exige cuidado partir deste mês, começa o período de maior incidência de sol na região Norte, e os

paraenses precisam ter cuidados redobrados, uma vez que o cân-cer de pele, que se destaca no País e no Pará, está diretamente rela-cionado à exposição solar. Segun-do prevê o Ministério da Saúde, pelo menos 576.580 novos casos de câncer serão diagnosticados no Brasil em 2014. Isso represen-ta um aumento frente aos 519 mil casos que foram projetados para 2012. A previsão foi feita no ano passado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), que a cada dois anos divulga uma projeção com base nos registros de casos da do-ença e de mortalidade no País.

De acordo com o estudo, a maioria dos novos casos (182 mil ou 31,5% do total) será de câncer de pele, sem incluir o melanoma, o mais comum entre homens e mulheres e que não é considerado tão agressivo. Na região Norte do País, onde está localizado o Pará, serão 2.330 casos nos homens e 2.000 nas mulheres.

Os dados do Inca referem-se ao câncer de pele do tipo não me-lanoma. A dermatologista Maria Eloísa Soares, que atua no Centro de Atendimento de Alta Comple-xidade em Oncologia (Cacon) do Hospital Ofir Loyola (Hol), que serve de referência em oncologia e atende a todas as especialidades de câncer no Estado, explica que

exposição ao sol está ligada aos casos da doença na região norte

A

existem basicamente dois tipos de câncer de pele: os não mela-noma, que são os mais comuns e raramente podem causar a morte do paciente, e o melanoma, que é o mais raro, mas é responsável por três em cada quatro mortes por câncer de pele.

“Os não melanomas são o car-cinoma basocelular, que é o mais comum e mais conhecido como câncer de pele, não dá metástase (formação de uma nova lesão tu-moral a partir de outra, mas sem continuidade entre as duas), mas

lesa o tecido local (pele). O não melanoma é também o carci-noma espinocelular, que é mais perigoso porque dá metástase. Esses são os que mais ocorrem na população em geral e são desen-cadeados pela irradiação solar a qualquer hora do dia”, explica a médica.

Pessoas de pele clara, que fi-cam vermelhas com a exposição ao sol, estão mais sujeitas às neo-plasias. A maior incidência deste tipo de câncer de pele se dá na re-gião da cabeça e do pescoço, que

são justamente os locais de expo-sição direta aos raios solares. “As pessoas mais claras estão mais predispostas por terem menos melanina na pele, e devem se pre-ocupar. Mas isso não quer dizer que os morenos não devam tomar cuidados porque a doença pode atingir qualquer pessoa”, disse a médica.

Para a maioria dos cânceres, quanto mais cedo (quanto mais precoce) se diagnostica o câncer, mais chance essa doença tem de ser combatida. “Em ambos os ca-

sos, a cirurgia é o tratamento mais indicado. Porém, dependendo da extensão, o carcinoma basoce-lular pode também ser tratado através de medicamento tópico ou radioterapia. Vai depender da extensão e do tipo de tumor. Pes-soas que apresentam feridas na pele que demorem mais de qua-tro semanas para cicatrizar, va-riação na cor de sinais, manchas que coçam, ardam, descamam ou sagram, devem recorrer o mais rápido possível ao dermatologis-ta”, orienta.

O câncer de pele está direta-mente relacionada à exposição solar exagerada, câmaras de bron-zeamento artificial, à tonalidade da pele, ao envelhecimento da po-pulação e apresenta um padrão de distribuição geográfica. Outro dado preocupante é que cerca de 70% da população mundial não utiliza protetor solar diariamente. De 2 a 3 milhões de novos casos de câncer não melanoma são diagnosticados anualmente no mundo, sendo que no Brasil esse número chega a 110 mil novos casos não melanoma e 5 mil melanomas por ano. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) a morte por câncer é a de maior incidência no mundo.

A psicóloga Camila Carvalho, 25 anos, conta que não possui ne-nhum problema de pele, mas por ser clara qualquer alergia mínima de contato é notável, por isso ela sempre teve cuidados. “Sempre cuidei da minha pele por ser muito clara, por saber também que o sol é um dos principais fatores de enve-

lhecimento precoce e que evitá-lo em determinados horários reduz bastante a possibilidade de se obter um câncer de pele. Meus cuidados com a pele são os mesmos durante o ano todo, porém minha atenção é redobrada quando viajo e vou à praia. Aplico de duas em duas ho-ras o protetor, evito o sol das 10h às 16h e bebo bastante água”, afirma a psicóloga.

Ela destaca ainda que costuma utilizar somente produtos reco-mendados por sua dermatologis-ta. “Utilizo filtro solar fator 60 pela manhã, ao sair para o trabalho, e sempre que necessário aplico novamente. Sombrinha é o meu acessório indispensável na bolsa. Bebo bastante água durante o dia e procuro ter uma alimentação rica em frutas e legumes. Evito utilizar maquiagem diariamente, somente em eventos. E todas as noites, passo hidratante no corpo todo. Mesmo considerando todos os cuidados básicos, costumo não ter grandes gastos”, relata Camila.

bronzeamento artificial tem seus riscos

n Uso de sombrinhas é recomendável para evitar exposição ao sol. Na região Norte, a pele sofre muito com altas temperaturas.

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BELÉM, doMingo, 22 dE junho dE 2014

para evitar câncerPara se proteger adequada-

mente, é necessário escolher pro-tetores solares que bloqueiem os raios ultravioletas UVB e UVA ob-servando o FPS (Fator de Proteção Solar): quanto maior o valor do FPS, maior será a proteção ofereci-da pelo produto. A médica ressalta que é preciso se lembrar de outros procedimentos fundamentais para a eficácia dos protetores: aplicá-los cerca de 30 minutos antes da expo-sição direta ao sol ou à luz artificial, reaplicá-los a cada duas horas e não descuidar da alimentação equili-brada, pois alimentos ricos em vi-taminas A e D melhoram o aspecto

da pele e intensificam naturalmen-te o bronzeado.

Os principais sinais de alerta são pintas ou lesões novas que surgem na pele. Por isso, um au-toexame rotineiro é fundamental. Quando o melanoma é identifica-do precocemente, faz-se cirurgia no local. Mas se o melanoma se espalha para outras partes do cor-po, o tratamento pode ser realiza-do com medicamentos de última geração. O atendimento no caso de câncer de pele no Pará acon-tece no Cacon do Ofir Loila, que atende a todas as especialidades no Estado.

escolha um bloQueador para se proteger

Entre as brasileiras, o segundo câncer mais frequente será o de mama. Com 20,8% dos casos, é previsto que sejam registrados 57 mil novos casos no próximo ano. Em seguida aparecem os de cólon e reto, com 6,4%, e os de colo do útero, com 5,7%. Até o ano passa-do, o número de casos de câncer de colo do útero superava o de cólon e o de reto. Até a região em que o Estado está inserido ganha destaque alarmante da doença: no Norte é esperado 1.890 casos de colo de útero e 1.720 de mama feminina.

Entre os homens, sem con-siderar o câncer de pele, o caso mais comum é o de próstata (22,8%), que registrará 69 mil no-

vos casos em 2014, seguido pelo de traqueia, brônquio e pulmão e pelo cólon e reto. No Norte, os destaques serão 2.480 de prósta-ta, 900 de estômago, 620 de tra-queia, brônquio e pulmão, e 360 de colo e reto.

Os fatores de risco continuam sendo os mesmos: consumo de álcool, a alimentação inadequada e a falta de atividade física. Segun-do as estatísticas do Ministério da Saúde, o câncer é, atualmente, a segunda maior causa de morte natural no Brasil e no mundo, só perdendo para doenças cardio-vasculares. As últimas estatísti-cas mostram que em 2011 foram registradas 184.384 mortes por câncer no país.

mama é o segundo no ranking brasileiro

cuide-Se

1 - Além de óculos de sol, use chapéus e bonés de abas largas e proteja as partes mais expostas. Não são raros os melanomas que surgem como pequenas pintas nos pés ou nas costas; 2 - Evite ficar sob o sol entre as 10h e 16h, quando a irradiação de ultravioleta é maior;3 - Conheça o histórico de problemas de pele na sua família. Ele pode indicar a necessidade de cuida-dos especiais;4 - Abuse do protetor solar em todas as partes do corpo. Aplicá-lo cerca de 30 minutos antes da exposição direta ao sol ou à luz artificial, reaplicá-los a cada duas horas. O protetor solar bloqueia somente até 55% dos raios ultravioleta que danificam a pele;5 - Não descuidar da alimentação equilibrada, pois alimentos ricos em vitaminas A e D melhoram o aspecto da pele e intensificam naturalmente o bronzeado. 6 - Os principais sinais de alerta são pintas ou lesões novas que surgem na pele. Por isso, um autoexame rotineiro é fundamental.7 - Tratamento - Quando o melanoma é identificado precocemente, faz-se cirurgia no local. Mas se o me-lanoma se espalha para outras partes do corpo, o tratamento pode ser realizado com medicamentos de última geração. O atendimento no caso de câncer de pele no Pará acontece no Cacon do Ofir Loyola, que atende a todas as especialidades no Estado.

n Camila Carvalho tem pele clara e vai sempre ao dermatologista

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