ver parte inicial da clínica

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RENATA AZEVEDO DE ABREU RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO EM CLÍNICA MÉDICA E REPRODUÇÃO DE EQUINOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA SOBRE ENDOMETRITE NA ÉGUA CURITIBA 2010

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Page 1: Ver parte inicial da clínica

RENATA AZEVEDO DE ABREU

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO EM CLÍNICA

MÉDICA E REPRODUÇÃO DE EQUINOS E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

SOBRE ENDOMETRITE NA ÉGUA

CURITIBA

2010

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RENATA AZEVEDO DE ABREU

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA ÁREA DE

CLÍNICA MÉDICA E REPRODUÇÃO DE EQÜINOS E REVISÃO

BIBLIOGRÁFICA SOBRE ENDOMETRITE NA ÉGUA

Trabalho apresentado para conclusão do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná.

Supervisor: Prof. Dr. Romildo Romualdo Weiss

Orientadores: Profª Maristela Silveira Palhares e M.V. Mário César Garcia Duarte

CURITIBA

2010

Page 3: Ver parte inicial da clínica

Dedico este trabalho aos meus pais,

que são meu porto seguro, sempre

me incentivando e apoiando para a

realização deste sonho.

Page 4: Ver parte inicial da clínica

Agradeço...

A Deus, pela presença constante em minha vida e por mais esse sonho

realizado.

Aos meus pais, Antonio e Nilza, por sempre me incentivarem e me

apoiarem em todos os momentos, pelos ensinamentos, pelos conselhos, por

todos os esforços realizados para eu conseguir chegar até aqui. Amo muito

vocês!

Ao meu irmão, Renan e aos meus tios e tias, pelo apoio e incentivo.

As professoras Maristela Silveira Palhares e Renata Maranhão e aos

residentes da Clínica de Equinos da UFMG, Lívia e Filipe, pela orientação,

confiança, amizade e aprendizado.

Aos estagiários, em especial, Fábio, Maria, Zé, Fernando, Pedro, Pati e

Antonio, pela companhia, amizade e risadas.

Aos mestrandos e doutorandos da UFMG, em especial, Isabel, Patricia,

Priscila, Cíntia, Ubiratan, pela ajuda e ensinamentos. E à mestranda Tatiana

Cabreira, pelos ensinamentos e pelas risadas.

As meninas que me acolheram em Belo Horizonte e me fizeram sentir

em casa, Cinthia, Jan e Fer, obrigada pela amizade, ajuda e companhia.

Aos veterinários da Genetic Jump, Mário, Marília, Ricardo e Igor, pela

orientação e pelos ensinamentos.

Aos funcionários da UFPR, em especial, Dorly e Dito, por sempre

estarem dispostos a ajudar.

A todos os professores da Universidade Federal do Paraná, que

contribuíram para minha formação profissional, em especial, à Prof.ª Priscilla R.

Muradás, pela amizade, pelos ensinamentos, por estar sempre disposta a

ajudar.

Ao meu supervisor, Prof. Dr. Romildo Romualdo Weiss, pela confiança

depositada, pelos ensinamentos, pela amizade, pelas orientações.

À turma Mayron Tobias da Luz, em especial, Day, Paola, Mari, Anne,

Kerriel, pela amizade nesses cinco anos, por estarem sempre presentes, pelas

palhaçadas.

Muito obrigada!!!

Page 5: Ver parte inicial da clínica

“No semblante de um animal, que não fala, há um

discurso que somente um espírito sábio entende”.

Mahatma Ghandi

Page 6: Ver parte inicial da clínica

v

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS.......................................................................... vii

LISTA DE FIGURAS...................................................................................... viii

LISTA DE QUADROS.................................................................................... ix

LISTA DE TABELAS...................................................................................... x

RESUMO....................................................................................................... xi

PARTE I – RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

CLÍNICA MÉDICA E REPRODUÇÃO DE EQÜINOS

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................

12

2. OBJETIVO GERAL DO ESTÁGIO............................................................ 13

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO ESTÁGIO............................................ 13

3. DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO...................................................................... 14

3.1 ESCOLA DE VETERINÁRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE

MINAS GERAIS............................................................................................

14

3.1.1 Estrutura física...................................................................................... 15

3.1.2 Descrição das atividades...................................................................... 16

3.1.3 DISCUSSÃO........................................................................................ 20

3.2 CENTRAL DE REPRODUÇÃO EQÜINA – GENETIC JUMP/ HARAS

FAZENDA SANTA MARIA............................................................................

21

3.2.1 Estrutura física...................................................................................... 22

3.2.2. Descrição das atividades..................................................................... 23

3.2.3 DISCUSSÃO........................................................................................ 26

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 27

5. PARTE II – REVISÃO DE LITERATURA

ENDOMETRITE NA ÉGUA

RESUMO..................................................................................................... 28

ABSTRACT..................................................................................................

5.1 INTRODUÇÃO.......................................................................................

29

30

Page 7: Ver parte inicial da clínica

vi

5.2 MECANISMOS DE DEFESA UTERINA................................................ 30

5.2.1 Resposta celular................................................................................. 32

5.2.2 Resposta humoral............................................................................... 32

5.2.3 Defesa física....................................................................................... 33

5.2.4 Ação do plasma seminal..................................................................... 34

5.3. ÉGUAS SUSCEPTÍVEIS x ÉGUAS RESISTENTES........................... 35

5.4. CLASSIFICAÇÃO E ETIOPATOGENIA DA ENDOMETRITE

EQÜINA.......................................................................................................

36

5.4.1. Endometrite Persistente Pós - Cobertura (EPPC)............................. 36

5.4.2. Endometrite Infecciosa Crônica......................................................... 37

5.4.3. Endometrite Crônica Degenerativa (Endometriose).......................... 39

5.4.4. Endometrite Causada por Bactérias Sexualmente Transmissíveis... 39

5.5. DIAGNÓSTICO..................................................................................... 40

5.5.1. Histórico e exames preventivos......................................................... 40

5.5.2. Palpação transretal, ultrassonografia e vaginoscopia....................... 41

5.5.3. Citologia uterina................................................................................. 42

5.5.4. Cultura uterina................................................................................... 43

5.5.5. Histopatologia.................................................................................... 43

5.6. TRATAMENTO DAS ENDOMETRITES.............................................. 45

5.6.1. Terapia pós-cobertura....................................................................... 46

5.6.1.1 Acúmulo de fluido uterino após cobertura....................................... 47

5.6.1.1.1. Lavagem uterina.......................................................................... 47

5.6.2. Terapia antibiótica intra-uterina......................................................... 48

5.6.3. Mucolíticos......................................................................................... 50

5.6.4. Corticóides......................................................................................... 50

5.6.5. Imunoterapia...................................................................................... 51

5.6.6. Outras terapias uterinas.................................................................... 52

6. CONCLUSÃO.......................................................................................... 53

7. REFERÊNCIAS....................................................................................... 54

Page 8: Ver parte inicial da clínica

vii

LISTA DE ABREVIATURAS

EV Escola de Veterinária

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

PGF2α Prostaglandina F2α

EPPC Endometrite Persistente Pós- Cobertura

UI Unidade Internacional

CIM Concentração Mínima Inibitória

G Gramas

Mg Miligramas

Ml Mililitros

Kg Quilogramas

hCG Gonadotrofina Coriônica Humana

DMSO Dimetilsulfóxido

NAC N-acetilcisteína

IM Intramuscular

IV Intravenosa

CNA Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil

Page 9: Ver parte inicial da clínica

viii

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- A. Vista externa da Escola de Veterinária da UFMG. B. Pátio da

Veterinária. C e D. Vista externa do galpão C de Equinos da EV/UFMG.......

14

FIGURA 2- Áreas do Hospital Veterinário da UFMG. E e F- Troncos de

contenção da Clínica de Equinos. G- Andador de equinos. H- Redondel......

15

FIGURA 3- Estrutura Física da Genetic Jump. I- Vista externa da entrada da

Central. J- Vista externa da sede. K- Tronco de contenção. L- Área de

coleta de sêmen. M- Laboratório. N- Comedouro............................................

21

FIGURA 4- Estrutura Física da Genetic Jump. O- Cocheira dos garanhões.

P- Coleta de sêmen de garanhão com vagina artificial. Q- Confinamento

das receptoras. R- Tronco para receptoras. S- Cocheira das doadoras. T-

Piquete para doadoras....................................................................................

23

FIGURA 5- Égua susceptível, 20 anos, conformação anormal da vulva,

atendida em setembro de 2010, na Genetic Jump..........................................

36

Page 10: Ver parte inicial da clínica

ix

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 -Classificação ultrassonográfica do fluido uterino, de acordo

com Melo et al. (2008)...................................................................................

41

QUADRO 2- Drogas recomendadas, por via intra- uterina, para tratamento

da endometrite, fonte Causey (2007)............................................................

49

QUADRO 3- Dosagem de antibióticos antifúngicos recomendados por via

intra-uterina, fonte Dascanio (2007)..............................................................

49

Page 11: Ver parte inicial da clínica

x

LISTA DE TABELAS

TABELA 1- Casos clínicos, classificados por sistemas acometidos, observados

durante o estágio curricular supervisionado, no período de 26 de julho a 27 de

agosto na Clínica de Equinos do Hospital Veterinário da EV/UFMG................17

TABELA 2- Casos clínicos de acordo com o sistema acometido,

acompanhados durante o estágio curricular supervisionado, no período de 26

de julho a 27 de agosto na Clínica de Equinos do Hospital Veterinário da

EV/UFMG...........................................................................................................18

TABELA 3- Casos diagnosticados de Abdômen Agudo no período de 26 de

julho a 27 de agosto de 2010 na Clínica de Equinos do Hospital Veterinário da

EV/UFMG...........................................................................................................19

TABELA 4- Exames complementares acompanhados no período de 26 de julho

a 27 de agosto de 2010 na Clínica de Equinos do Hospital Veterinário da

EV/UFMG...........................................................................................................19

TABELA 5- Procedimentos acompanhados durante o estágio curricular

supervisionado no período de 26 de julho a 27 de agosto de 2010 na Clínica de

Equinos do Hospital Veterinário da EV/UFMG..................................................20

TABELA 6- Relação das atividades acompanhadas na Central Genetic Jump,

Itapetininga – SP, no período de 1º de setembro a 1º de outubro de

2010...................................................................................................................25

TABELA 7- Relação das atividades acompanhadas em propriedades

particulares, durante o período de 1º de setembro a 1º de outubro de

2010...................................................................................................................25

TABELA 8- Relação das atividades realizadas referentes ao manejo, na Central

Genetic Jump, durante o período de 1º de setembro a 1º de outubro de

2010...................................................................................................................26

Page 12: Ver parte inicial da clínica

xi

RESUMO

O Brasil, atualmente, possui o quarto maior rebanho equino do mundo, com 5,8

milhões de cabeças, de acordo, com a Confederação da Agricultura e Pecuária

do Brasil (CNA), atrás dos Estados Unidos, China e México. O fortalecimento

da atividade exige cada vez mais profissionais capacitados para atender as

necessidades deste setor. O presente relatório se refere à realização de

estágio curricular obrigatório realizado, a primeira parte, na Clínica de Eqüinos

da Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais,

em Belo Horizonte- MG, e a segunda parte, na Central de Reprodução Equina,

Genetic Jump, Itapetininga- SP. As escolhas das áreas de estágio tiveram o

objetivo de aprimorar os conhecimentos teóricos e práticos na clínica médica e

na reprodução de eqüinos, promovendo um crescimento profissional e pessoal,

possibilitando o contato com profissionais da área, aprendendo diferentes

condutas terapêuticas. Este relatório apresenta as atividades desenvolvidas

durante o período de estágio nas diferentes instituições e uma revisão

bibliográfica sobre endometrite na égua, visto que essa é uma das principais

causas de infertilidade nesta espécie animal, ocasionando grandes perdas

econômicas na eqüideocultura.

Page 13: Ver parte inicial da clínica

12

PARTE I- RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

CLÍNICA MÉDICA E REPRODUÇÃO DE EQUINOS

1. INTRODUÇÃO

O presente relatório refere-se ao estágio curricular obrigatório

supervisionado do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do

Paraná. O estágio foi realizado em duas etapas, a primeira foi na Clínica

Médica de Eqüinos da Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal

de Minas Gerais (UFMG), durante o período de 26 de julho a 27 de agosto de

2010, totalizando 200 horas. Além de participações nos plantões, em casos de

emergências e nos finais de semana, quando necessário. O estágio foi sob a

orientação da Professora Maristela Silveira Palhares.

A segunda etapa do estágio foi realizada na Central de Reprodução

Equina, Genetic Jump, durante o período de 1º de setembro a 1º de outubro de

2010, num total de 160 horas, sob orientação do Médico Veterinário Mário

César Garcia Duarte.

A escolha pelas áreas do estágio ocorreu devido ao grande interesse e

admiração pelos equinos, sentimento este que foi crescendo desde o início da

faculdade, sendo a área da reprodução equina a que mais me atrai. E apesar

disso, considero importante o conhecimento sobre a clínica médica de eqüinos

para uma completa formação no exercício da Medicina Veterinária nesta

espécie.

Os locais do estágio foram escolhidos com a ajuda do professor

supervisor e de profissionais da área, de acordo com a casuística, nível dos

profissionais e das instituições e, também da disponibilidade de receber

estagiários.

A supervisão do estágio curricular obrigatório foi realizada pelo Prof. Dr.

Romildo Romualdo Weiss.

Page 14: Ver parte inicial da clínica

13

2. OBJETIVO GERAL

O objetivo do estágio foi o aprimoramento teórico e prático dos

conhecimentos adquiridos durante o curso de Graduação em Medicina

Veterinária, nas áreas de Clínica Médica e de Reprodução de Equinos.

2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO ESTÁGIO

Os objetivos específicos constituíram o acompanhamento clínico dos

animais, envolvendo condutas clínicas, prescrições terapêuticas, aplicadas nas

mais diversas situações, em outra instituição de ensino e também acompanhar

a rotina das atividades desenvolvidas em uma central de reprodução.

Page 15: Ver parte inicial da clínica

14

3. DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO

3.1 ESCOLA DE VETERINÁRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS

GERAIS

A Escola de Veterinária foi fundada em 1932. Esta localizada no

campus da Pampulha, em Belo Horizonte, Minas Gerais. É composta pelos

departamentos de Clínica e Cirurgia Veterinárias, Medicina Veterinária

Preventiva, Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal e Zootecnia,

Hospital Veterinário, duas Fazendas Experimentais e Biblioteca, além de

setores administrativos.

O Hospital Veterinário da UFMG é constituído pelos setores de Clínica

Médica, Clínica Cirúrgica, Patologia e Reprodução. A Clínica de Equinos situa-

se no galpão C de Equinos, junto com a Clínica Cirúrgica de Equinos.

FIGURA 1- A- Vista externa da Escola de Veterinária da UFMG. B- Pátio da Veterinária. C e D- Vista externa do galpão C de Eqüinos da EV/UFMG. Foto: Arquivo pessoal.

Page 16: Ver parte inicial da clínica

15

O setor de Clínica de Equinos possui dois residentes, além de pós-

graduandos, com projetos de pesquisa em andamento. O atendimento era

realizado de segunda à sexta-feira em horário comercial, porém com

atendimentos emergenciais 24 horas por dia, incluindo finais de semana. O

atendimento era realizado ou supervisionado pelos docentes da instituição.

3.1.1 Estrutura física

O galpão de Equinos compreende vinte baias, sendo dezesseis

pertencentes à Clínica Médica e quatro pertencentes à Clínica Cirúrgica,

farmácia, quatro troncos de contenção para equinos, sendo três da Clínica

Médica, sala de cabrestos, sala dos residentes, sala do Projeto Carroceiros,

alojamento para plantonista, banheiro para funcionários. Além disso, possui

uma sala, com ultrassom, microscópio óptico, centrífuga, refratômetro,

possibilitando a realização de exames dos animais internados.

Possui também áreas anexas como redondel, andador de equinos e

piquetes.

FIGURA 2- Áreas do Hospital Veterinário da UFMG. E e F- Troncos de contenção da Clínica de Equinos. G- Andador de equinos. H- Redondel. Foto: Arquivo pessoal.

Page 17: Ver parte inicial da clínica

16

3.1.2 Descrição das atividades

Diariamente era realizado exame clínico dos animais internados, através

do exame físico e tal atividade era executada pelos estagiários com supervisão

dos Médicos Veterinários residentes.

Ao término do exame físico era feito a medicação, se necessário, ou

realizavam-se os curativos, seguindo as prescrições dos professores na ficha

clínica do paciente.

Quando novos pacientes chegavam à clínica de equinos era

competência dos Médicos Veterinários residentes e dos professores realizarem

o exame clinico geral, obtido através da identificação, do histórico, da

anamnese e do exame físico, incluindo exames complementares quando

necessário, cabendo ao estagiário acompanhar e auxiliar essas abordagens.

Os pacientes com abdômen agudo que eram encaminhados para a

clínica e depois necessitavam de cirurgia, o pós-operatório era

responsabilidade dos residentes da clínica juntamente com os estagiários. Era

realizado entre os estagiários um rodízio de plantões, quando os pacientes

necessitavam de acompanhamento 24 horas por dia.

Durante o estágio também foi possível o acompanhamento de aulas

teóricas e práticas de Semiologia Veterinária, Clínica de Equinos, Técnica

Hospitalar em Equinos e Biotecnologia da Reprodução Animal. Além disso, os

estagiários tinham que ler artigos científicos para serem discutidos com os

professores sobre alguns casos clínicos.

O total de animais atendidos durante o período de estágio foi de 20

animais, sendo 6 animas pertencentes a carroceiros.

O projeto Carroceiros da UFMG exerce um papel importante na

sociedade, procurando esclarecer e orientar os carroceiros quanto ao manejo,

bem estar, alimentação e prevenção de doenças nos animais, além de

estimular e apoiar ações comunitárias de educação ambiental. A faculdade

possui dois garanhões da raça Haflinger, adequada à tração, e um jumento

Pêga, que são utilizados pelo projeto para inseminação artificial, as éguas são

avaliadas através de exame ginecológico, realizando-se o controle folicular,

Page 18: Ver parte inicial da clínica

17

com ultrassonografia e também é realizado posteriormente o diagnóstico de

gestação.

As intervenções veterinárias realizadas pelo projeto incluem vacinação

contra Raiva, controle parasitológico, sorologia para anemia infecciosa eqüina

e leptospirose, levantamento de condições sanitárias e manejo dos animais,

cadastramento dos animais pela marcação com nitrogênio líquido e confecção

da "carteirinha de identificação" e cursos de manejo de eqüinos para

carroceiros.

Com relação aos sistemas observados, o sistema digestório apresentou

o maior número de casos clínicos, conforme mostra a Tabela 1.

TABELA 1- Casos clínicos, classificados por sistemas acometidos, observados durante o estágio curricular supervisionado, no período de 26 de julho a 27 de agosto de 2010 na Clínica de Eqüinos do Hospital Veterinário da EV/UFMG.

Sistemas Acometidos Número Frequência Relativa (%)

Digestório 22 57,89 Músculoesquelético 04 10,52 Tegumentar 04 10,52 Cardiovascular 04 10,52 Reprodutivo 03 7,89 Ocular 01 2,63

Total 38 100 OBS.: Muitas vezes mais de um caso clínico foi observado em um mesmo paciente, sendo assim o número total de sistemas acometidos é superior ao número total de animais atendidos.

Page 19: Ver parte inicial da clínica

18

TABELA 2- Casos clínicos de acordo com o sistema acometido, acompanhados durante o estágio curricular supervisionado, no período de 26 de julho a 27 de agosto de 2010 na Clínica de Eqüinos do Hospital Veterinário da EV/UFMG.

Casos Clínicos por Sistema Número Carga horária

Frequência relativa (%)

Digestório

Abdômen agudo 22

127

59,45

Músculoesquelético

Doença articular degenerativa da art. coxofemoral

01

02

2,70

Fibrossarcoma 01 08 2,70

Fratura de maxila 01 04 2,70

Tenossinovite 01 10 2,70

Tegumentar

Flebite 02 02 5,40

Habronemose cutânea

01

04

2,70

Pitiose 01 14 2,70

Cardiovascular

Babesiose 03 04 8,10

Erlichiose

01 07 2,70

Reprodutivo

Endometrite 01 01 2,70

Funiculite

01 07 2,70

Ocular

Obstrução do ducto nasolacrimal

01

10

2,70

TOTAL 37 200 100

Os casos diagnosticados de abdômen agudo estão especificados na

tabela seguinte, sendo que o deslocamento de flexura pélvica foi o que

apresentou a maior freqüência dos casos diagnosticados de abdômen agudo

(27,27%).

Page 20: Ver parte inicial da clínica

19

TABELA 3- Casos diagnosticados de Abdômen Agudo no período de 26 de julho a 27 de agosto de 2010 na Clínica de Equinos do Hospital Veterinário da EV/UFMG.

Casos de Abdômen Agudo

Número Frequência relativa (%)

Cólica espasmódica 02 9,09 Compactação de cólon maior

03 13,63

Compactação de cólon menor

02 9,09

Deslocamento de ceco 01 4,54 Deslocamento de flexura pélvica

06 27,27

Dilatação gástrica 01 4,54 Fermentação 01 4,54 Hérnia inguino-escrotal 01 4,54 Vólvulo 01 4,54 Diarréia 01 4,54 Parasitose 02 9,09 Peritonite 01 4,54

TOTAL 22 100

A tabela 4 discrimina os 34 exames complementares acompanhados

durante o período do estágio curricular, sendo que o hematócrito, que

apresenta a maior freqüência (29,41%), era realizado pelos Médicos

Veterinários residentes e pelos estagiários, principalmente, para os animais

internados que estavam na fluidoterapia. Realizava-se também a análise das

proteínas plasmáticas totais, podendo, assim, estimar o grau de desidratação

do paciente.

TABELA 4- Exames complementares acompanhados no período de 26 de julho a 27 de agosto de 2010 na Clínica de Equinos do Hospital Veterinário da EV/UFMG.

Exames Quantidade Frequência relativa (%)

Análise de líquido peritoneal 02 5,55 Bioquímica sanguínea 05 13,88 Coproparasitológico Hematócrito

01 10

2,77 27,77

Hemogasometria 02 5,55 Hemograma completo 08 22,22 Hemoparasitológico 05 13,88 Ultrassonográfico

Abdominal

Locomotor

01 02

2,77 5,55

TOTAL 36 100

Page 21: Ver parte inicial da clínica

20

TABELA 5- Procedimentos acompanhados durante o estágio curricular supervisionado no período de 26 de julho a 27 de agosto de 2010 na Clínica de Equinos do Hospital Veterinário da EV/UFMG.

Procedimentos Quantidade Frequência relativa (%)

Coleta de sangue 18 32,72 Coleta de fezes 01 1,81 Enema 04 7,27 Palpação retal 15 27,27 Paracentese 02 3,63 Sondagem Nasogástrica 14 25,45 Laparotomia 01 1,81

TOTAL 55 100

3.1.3 DISCUSSÃO

O estágio realizado na Clínica Médica de Eqüinos da Escola de Medicina

Veterinária da UFMG possibilitou grande aprendizado teórico e prático. Com os

exames físicos realizados diariamente nos animais internados, era possível

detectar precocemente casos de abdômen agudo, principalmente por

compactação, podendo assim, iniciar a administração de fluido enteral. Apesar

de ter uma absorção mais lenta, é economicamente mais vantajoso que a

fluidoterapia parenteral, quando o paciente não apresenta refluxo espontâneo

ou choque hipovolêmico.

Analisando os casos clínicos de babesiose, todos se apresentaram

secundariamente aos casos diagnosticados de abdômen agudo, concordando

com o relatado por Thomassian (2005) que cavalos portadores de babesiose,

sem manifestação clínica, quando submetidos ao estresse físico ou cirúrgico

para o tratamento dos casos de cólica, poderão manifestar crises agudas de

babesiose no pós-operatório imediato.

Nos casos atendidos de abdômen agudo no hospital veterinário, três

animais eram pertencentes a carroceiros, correspondendo a 50% dos

atendimentos realizados a carroceiros. Apesar da atuação do Projeto

Carroceiros, muitos carroceiros ainda não possuem a informação adequada

sobre alimentação dos animais, fornecendo restos de feira, alimentos que são

altamente fermentáveis, podendo ocasionar dilatação gástrica e levar a ruptura

do estômago e morte.

Page 22: Ver parte inicial da clínica

21

Outro ponto positivo é que as avaliações críticas e sugestões dos

estagiários referentes a alterações clínicas e/ou terapêuticas eram sempre

consideradas pelos supervisores e posteriormente discutidas.

3.2 CENTRAL DE REPRODUÇÃO EQÜINA – GENETIC JUMP/ HARAS

FAZENDA SANTA MARIA

A Genetic Jump está localizada na cidade de Itapetininga, no interior do

estado de São Paulo. Possui uma área de 127 hectares, sendo que destes, 40

hectares são divididos em 50 piquetes, com pastos de Tifton, Coast-Cross. E

possui também uma área de 56 hectares destinados à produção de feno e

alimento para os animais. Na central trabalham quatro Médicos Veterinários,

sendo três na reprodução e um na clínica médica.

FIGURA 3 – Estrutura Física da Genetic Jump. I- Vista externa da entrada da Central. J- Vista externa da sede. K- Tronco de contenção. L- Área de coleta de sêmen. M- Laboratório. N- Comedouro. Foto: Arquivo pessoal.

Page 23: Ver parte inicial da clínica

22

3.2.1 Estrutura física

A estrutura é composta por dois pavilhões de cocheiras, com 44 boxes

de 20 metros quadrados cada um. Todas as atividades veterinárias são

realizadas num galpão de 400 metros quadrados, o qual inclui sala de colheita

de embriões, sala de colheita de sêmen, laboratório, farmácia, escritório, e

boxes para isolamento e recuperação de animais enfermos.

As principais atividades realizadas na central são transferência de

embrião, inseminação artificial, coleta de sêmen e sua conservação, avaliação

de doadoras e receptoras, através da palpação retal e da ultrassonografia,

diagnóstico de gestação, além de realizarem a prestação de serviços na área

de reprodução em propriedades de terceiros e prestarem consultoria. Além

disso, a central também realiza transferência de ovócitos, congelamento de

embriões, clonagem, sendo esta possível através da parceria com a empresa

canadense Viagen. Oferece ainda o arrendamento de receptoras para Médicos

Veterinários que necessitem de receptoras sincronizadas à distância.

A central possui em torno de 170 receptoras, constituídas por diversas

raças, como lusitana, mangalarga, bretão, campolina, crioula, sendo que

destas, 110 estão no confinamento, onde participam de um programa de

fornecimento artificial de luz. São alimentadas com silagem de milho, sal

mineral e água ad libidum. As doadoras são em torno de 80, sendo a maioria

das raças quarto de milha, brasileiro de hipismo e árabe, algumas éguas ficam

em cocheiras, de acordo com a vontade do proprietário, sendo que a maioria

das éguas são divididas em lotes e soltas nos piquetes, recebendo alimentação

em comedouros individuais, duas vezes ao dia e suplementação de feno no

pasto, além de sal mineral e água ad libidum.

Os garanhões alojados na central são seis, sendo quatro da raça quarto

de milha e dois da raça Holsteiner, todos possuem papel importante no Brasil e

no exterior. As cocheiras dos garanhões são 6m x 6m, são alimentados com

ração, três vezes ao dia, alfafa, sal mineral e água ad libidum, e dispõem de

piquetes especiais que garantem a segurança do garanhão.

Page 24: Ver parte inicial da clínica

23

Os potros quando são desmamados ficam em lotes de acordo com a

idade, soltos em piquetes, alimentados duas vezes ao dia, com ração especial

para potros, suplementados com feno no pasto, sal mineral e água ad libidum.

E mensalmente os animais são pesados e tem a altura aferida, permitindo um

acompanhamento do desenvolvimento de cada animal.

3.2.2 Descrição das atividades

As atividades na central iniciavam-se com as coletas de sêmen,

realizadas segunda, quarta, sexta e sábado, quando necessário. A sala de

coleta de sêmen contém um manequim artificial e o local é de terra, para evitar

acidentes. A coleta é realizada através de vagina artificial modelo Botucatu.

Após a coleta procedia-se a avaliação do sêmen, observando o volume,

motilidade, vigor e concentração espermática. O sêmen era diluído e, então,

fracionado de acordo com o número de doses requisitadas e mantido

refrigerado para posterior transporte.

FIGURA 4– Estrutura Física da Genetic Jump. O- Cocheira dos garanhões. P- Coleta de sêmen de garanhão com vagina artificial. Q- Confinamento das receptoras. R- Tronco para receptoras. S- Cocheira das doadoras. T- Piquete para doadoras. Foto: Arquivo pessoal.

Page 25: Ver parte inicial da clínica

24

No confinamento onde estão as receptoras que estão no programa de

luz, possui um tronco de contenção, onde é feito o controle folicular diário e

sincronização do cio com as doadoras, além do diagnóstico de gestação,

sendo este feito com 13 dias e, se negativo, repassado novamente com 15

dias. As receptoras prenhes vão para o lote de éguas prenhes, ficando em

piquetes e recebendo a mesma alimentação das doadoras.

As doadoras que chegam à central são identificadas, recebem um

cabresto com seu nome, e são avaliadas através do exame ginecológico:

histórico reprodutivo, palpação transretal e exame ultrassonográfico, sendo

ainda, realizado um swab uterino, para citologia, cultura microbiológica e

antibiograma, com o objetivo de identificar possíveis problemas que possam

reduzir a fertilidade da égua e iniciar o tratamento o quanto antes.

Durante o período de estágio foi possível acompanhar o manejo

reprodutivo das éguas, doadoras e receptoras, o manejo reprodutivo dos

garanhões e manejo dos potros. As atividades desenvolvidas incluíram

vermifugação de éguas, marcação de receptoras, além de pesagem de

doadoras e de potros.

As atividades acompanhadas durante o estágio curricular

supervisionado estão demonstradas nas seguintes tabelas:

Page 26: Ver parte inicial da clínica

25

TABELA 6- Relação das atividades acompanhadas na Central Genetic Jump, Itapetininga – SP, no período de 1º de setembro a 1º de outubro de 2010.

Atividades Acompanhadas

Quantidade Carga Horária Frequência relativa (%)

Biópsia de útero 07 04 0,57 Coleta de embrião 52 30 4,23 Coleta de sangue 10 02 0,81 Coleta de sêmen 32 16 2,60 Confirmação de gestação

58 04 4,72

Congelamento de sêmen

02 02 0,16

Diagnóstico de gestação

50 04 4,07

Inovulação de embrião

56 18 4,56

Inseminação artificial

37 06 3,01

Infusão uterina 07 02 0,57 Palpação transretal

900 70 73,34

Swab uterino 07 02 0,57 Vulvoplastia 09 02 0,73

TOTAL 1227 162 100

Os exames de biópsia de útero e swab uterino foram referentes à

realização da parte experimental de um projeto de mestrado que estava sendo

desenvolvido na época do estágio curricular.

TABELA 7- Relação das atividades acompanhadas em propriedades particulares, durante o período de 1º de setembro a 1º de outubro de 2010.

Atividades Acompanhadas

Quantidade Carga Horária Frequência relativa (%)

Assessoria em haras

01 08 2,38

Coleta de embrião 10 05 23,80 Fixação de “foal alert”

01 03 2,38

Inseminação artificial

03 02 7,14

Palpação transretal 27 10 64,28

TOTAL 42 28 100

Page 27: Ver parte inicial da clínica

26

TABELA 8- Relação das atividades realizadas referentes ao manejo, na Central Genetic Jump, durante o período de 1º de setembro a 1º de outubro de 2010.

Atividades Quantidade Carga Horária Frequência relativa (%)

Marcação de receptoras

10 03 7,69

Pesagem de éguas e potros

20 04 15,38

Vermifugação 100 06 76,92

TOTAL 130 13 100

3.2.3 DISCUSSÃO

O estágio na Genetic Jump possibilitou o acompanhamento das

atividades desenvolvidas na central, assim como o contato com outros

profissionais da área, além do conhecimento de outras condutas e protocolos

diferentes. Além disso, a realização de estágios extracurriculares na área

ajudou para um melhor aproveitamento do estágio.

A presente discussão está relacionada com os tratamentos para

endometrite realizados na central de reprodução.

As doadoras que apresentam citologia e cultura positivas são tratadas,

de acordo com o resultado do antibiograma. É realizada a lavagem de útero em

éguas susceptíveis, que apresentam acúmulo de fluido uterino após

inseminação e aplicação de 20 UI de ocitocina, 6 horas após a inseminação,

repetindo as aplicações, pelo menos três vezes ao dia, durante dois ou três

dias, dependendo da égua. E com o resultado do antibiograma, as éguas que

apresentam bactérias sensíveis a sulfadizina e trimetoprim, principalmente

Eschechiria coli, são tratadas com Saneprim®, 30-40 ml, via oral, diariamente,

durante 10-14 dias.

Em um estudo realizado avaliando-se a etiologia e sensibilidade in vitro

de microrganismos aeróbicos isolados de endometrite equina, segundo Aguiar

et al. (2005) a associação de sulfadiazina e trimetoprim (25g), no teste de

difusão em disco, apresentou resistência de 50,5%, sendo que as bactérias

Page 28: Ver parte inicial da clínica

27

mais isoladas foram Streptococcus beta-hemolítico (32,0%), Escherichia coli

(17,3%) e Corynebacterium spp. (12,0%).

No caso de endometrite fúngica, diagnosticado através de citologia e

cultura uterina, além do histórico reprodutivo, como tratamentos anteriores de

antibióticos intra-uterinos, era realizado um tratamento com Ripercol®, a base

de Cloridrato de Levamisol, que atua como antihelmíntico e imunoestimulante

inespecífico, 25 mL, via oral, a cada 48 horas, 30 aplicações.

Na literatura existe pouca informação sobre o uso de cloridrato de

levamisol para tratamento de endometrite, porém, sabe-se que este restaura a

função dos linfócitos-T e dos fagócitos, células envolvidas na resposta

imunitária a nível celular.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio curricular supervisionado obrigatório proporciona o início de

uma nova fase, onde as preocupações não se resumem em ir bem em uma tal

matéria é quando todos os conhecimentos adquiridos no decorrer do curso de

graduação se tornam muito importantes para poder ajudar um animal. É o

momento em que podemos ter certeza do que realmente gostamos.

O estágio foi de extrema importância para o meu crescimento tanto

profissional como pessoal, poder conhecer outras instituições, outros

profissionais, aprendendo com cada nova situação. A escolha das áreas de

estágio permitiu aprofundar os conhecimentos nas áreas de clínica e

reprodução de equinos, superando as expectativas iniciais, me tornando mais

preparada para enfrentar o mercado de trabalho.

Page 29: Ver parte inicial da clínica

28

PARTE II- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

ENDOMETRITE NA ÉGUA

(ENDOMETRITIS IN THE MARE)

RESUMO

A endometrite é reconhecida como a principal causa de infertilidade na égua,

causando perdas econômicas relativamente grandes para a equideocultura,

uma vez que muitas éguas deixam de gerar potros anualmente. Portanto,

intensificam-se pesquisas para o desenvolvimento de novos tratamentos de

éguas susceptíveis a esta condição. O seu diagnóstico e tratamento tem sido

controverso e, sobretudo, empírico. Diante disso, torna-se fundamental o

conhecimento dos mecanismos de defesa uterina, assim como a etiopatogenia

e as diferenças existentes entre éguas susceptíveis e resistentes. Essa revisão

tem o objetivo de tentar compreender essa complexa enfermidade, com formas

de prevenção e possíveis formas de diagnóstico e tratamento.

Palavras - chave: égua, endometrite, infertilidade, útero

Page 30: Ver parte inicial da clínica

29

ABSTRACT

Endometritis is recognized as the leading cause of infertility in the mare,

causing economic losses to the horse’s breeders, since many mares fail to

produce foals annually. Therefore, intensify research to develop new treatments

in mares susceptible to this condition. The diagnosis and treatment has been

controversial, and, above all, empirical. Given this, it is fundamental knowledge

of defense mechanisms uterine as well as the pathogenesis and the differences

between susceptible and resistant mares. This review aims to try to understand

this complex disease, with prevention methods and possibilities of diagnosis

and treatment.

Key words: mare, endometritis, infertility, uterus

Page 31: Ver parte inicial da clínica

30

5.1 INTRODUÇÃO

A espécie equina é considerada como a de pior eficiência reprodutiva

entre as espécies de animais domésticos. O estudo aprofundado das causas

desta particularidade é relativamente recente. Voss, em 1984, definiu as

causas de subfertilidade ou de infertilidade na égua como sendo três:

transtornos endócrinos, deficiências nutricionais e inflamações uterinas.

As endometrites determinam relevantes prejuízos na reprodução de

equinos, por acarretarem baixa fertilidade, morte embrionária e abortamentos.

Ocorrem frequentemente devido a alterações nos mecanismos de defesa,

responsáveis pela eliminação de microrganismos existentes no útero. Nestas

condições, as bactérias contaminantes do coito e do parto, se instalam

desenvolvendo processo infeccioso, levando à infertilidade por ocasionarem na

maioria das vezes, morte embrionária precoce (Mattos et al., 2003).

A endometrite pode ser definida como uma inflamação do endométrio

que pode ser aguda ou crônica, infecciosa ou não infecciosa (Brito & Barth,

2003).

A patogênese da infecção uterina é complexa e pobremente

compreendida (McKinnon & Voss, 1993).

O presente trabalho tem como objetivo fazer uma revisão bibliográfica

sobre os mecanismos de defesa do útero, as diversas causas de endometrite,

as formas de diagnóstico e os tratamentos mais eficientes.

5.2 Mecanismos de defesa uterina

O ambiente uterino sadio oferece as condições ideais para que ocorra

primeiramente o transporte espermático ao sítio de fecundação e

posteriormente o desenvolvimento embrionário. O fluido uterino é composto de

hormônios, prostaglandinas, enzimas, substratos energéticos, íons, vitaminas,

aminoácidos, peptídeos, proteínas séricas e proteínas uterinas (Fisher & Beier,

1986). Os vasos uterinos são a barreira de comunicação entre o sangue e os

fluidos uterinos determinando a taxa de troca de substâncias entre eles. O

fluido uterino é formado deslocando no seguinte percurso: sangue

intravascular, substrato endometrial e substâncias intrauterinas (Mattos, 2007).

Page 32: Ver parte inicial da clínica

31

Os mecanismos de defesa do útero equino contra microrganismos

estranhos compreendem complexas interações de diferentes elementos, tais

como componentes celulares, imunoglobulinas, substâncias bactericidas e

fatores mecânicos. Além de um sistema linfático funcional (Melo et al., 2008).

Existem dois mecanismos pelos quais as bactérias ganham acesso ao

trato genital da égua: (a) a bactéria é introduzida durante a cópula,

inseminação artificial, transferência de embrião, infusão uterina ou coleta de

amostras para swab e/ou biópsia e (b) ganhar acesso por algum fator inerente

à égua. Essa última via foi descrita por Caslik, em 1937, denominando-a de

pneumovagina (Melo et al., 2008).

Boa parte dos mecanismos de defesa uterina da égua é influenciada

pelas concentrações de hormônios esteróides. Os níveis de estradiol

circulantes apresentam um aumento progressivo 6 a 8 dias antes da ovulação,

no início do período de cio, atingindo o pico aproximadamente dois dias antes

da ovulação. No momento da ovulação, seus níveis encontram-se baixos,

atingindo valores basais de diestro um a dois dias após a ovulação. Sob

influência do estrógeno, a cérvix torna-se relaxada e o padrão de atividade

miometrial demonstra períodos rítmicos e bem definidos de atividade, com uma

boa condutividade elétrica (Mattos, 2003).

Na espécie eqüina, independentemente do método de cobertura, o

sêmen é depositado na luz uterina. Portanto, neste momento, as barreiras

físicas são ultrapassadas, sendo o espermatozóide, proteínas do plasma

seminal e bactérias do sêmen e do pênis do garanhão, responsáveis pela

indução de uma resposta inflamatória aguda (Troedsson, 1997).

Este quadro inflamatório, mais do que uma patologia, é provavelmente

um evento fisiológico (Troedsson, 1997). O útero deve ser capaz de eliminar o

processo inflamatório até o 5º dia após a ovulação, dia de entrada do embrião

no útero, a fim de proporcionar um ambiente propício para seu

desenvolvimento (Mattos, 2007). As éguas que conseguem eliminar facilmente

a contaminação são ditas éguas resistentes à endometrite. Já as éguas que

falham em eliminar o agente desenvolvem endometrite persistente, sendo

denominadas éguas susceptíveis à endometrite.

Page 33: Ver parte inicial da clínica

32

O processo inflamatório persistente induz a secreção de prostaglandinas

pelo endométrio, levando à luteólise e impedindo a manutenção da gestação

(Rocha, 2008).

5.2.1 Resposta celular

O útero reage rapidamente à presença do sêmen através de um aporte

de neutrófilos, que são identificados no útero 30 minutos após a cobertura. Esta

resposta objetiva a eliminação do excesso de espermatozóides e daqueles

defeituosos ou mortos (Troedsson et al., 1998), com um aumento na

concentração de neutrófilos, imunoglobulinas e da ação dos componentes do

sistema complemento, atinge o pico entre 4 e 24 horas (Katila, 1995) e parece

estar completa após 48 horas (Katila, 1995).

Com a invasão do útero por um agente estranho, através da liberação de

produtos de seu metabolismo, ocorre uma atração de neutrófilos (quimiotaxia).

Entre as substâncias quimiotáticas mais importantes destacam-se componente

C5a do sistema complemento e os metabólitos do ácido aracdônico

(prostaglandinas F e G, leucotrienos e tromboxanas). Para que os neutrófilos

reconheçam a célula alvo de seu ataque é necessário que ocorra a

opsonização (ligação das opsoninas ao antígeno) desta forma os

polimorfonucleares começam a desenvolver sua função. As principais

opsoninas conhecidas são o componente C3b do sistema complemento, as

imunoglobulinas G e M e a fibronectina (Mattos, 2007).

A ativação direta do complemento, pelos microrganismos (via

alternativa) ou na presença de anticorpo específico (via clássica), pode levar à

eliminação dos microrganismos por lise após o ataque às suas membranas, ou

por fagocitose após opsonização. O extravasamento de soro do endométrio

inflamado para o lúmen uterino contribui com o conteúdo de anticorpos no

líquido uterino (Melo et al., 2008).

5.2.2 Resposta humoral

A opsonização de microrganismos invasores pelas imunoglobulinas é

um aspecto importante na defesa uterina. Várias classes de imunoglobulinas

Page 34: Ver parte inicial da clínica

33

(IgGa, IgGb, IgGc, IgGf, IgA e IgM), têm sido isoladas do útero equino

(Troedsson, 1999), cérvix, vagina e tubas uterinas. Widders et al. avaliaram as

concentrações de imunoglobulinas no trato genital da égua, e relataram que a

transudação de imunoglobulinas para dentro do útero é mínima e que a IgG e a

IgA são produzidas localmente pelo trato genital. Ocorre significativa produção

de IgA pelos linfócitos endometriais, tornando o útero um sistema imune

mucoso, tal como ocorre com o trato gastrintestinal (Katila, 1996).

A imunoglobulina A, que ativa a cascata do sistema complemento por

meio da via alternativa, não é diretamente um agente bactericida e não pode

agir como opsonina ou ativador de macrófagos. Todavia, ela pode aglutinar

material particulado e neutralizar certas enzimas bacterianas e virais,

interferindo diretamente com a fixação de muitas bactérias a superfícies

mucosas, abolindo, desta forma o passo inicial do estabelecimento de uma

infecção no paciente, apesar de não desempenhar papel ativo na limpeza

bacteriana do útero (Melo et al., 2008).

Quando as coberturas, ou inseminações artificiais, são realizadas com

intervalos inferiores a 36 horas, a fertilidade será beneficiada se os

espermatozóides viáveis estiverem protegidos da fagocitose no útero, enquanto

a eficiência do mecanismo responsável pela eliminação das células inviáveis é

mantido (Troedsson et al., 2005).

5.2.3 Defesa física

As barreiras físicas que impedem o acesso de microorganismos ao útero

são a vulva, a prega vestíbulo-vaginal e a cérvix (Troedsson, 1999). Essas

barreiras anatômicas devem ser íntegras, já que mudanças conformacionais

tendem a predispor a égua a endometrite persistente (Katila, 1996).

A pneumovagina é causa comum de infertilidade na égua e pode ser

causada por alterações na conformação e relaxamento da vulva, que se tornam

mais acentuados durante estro, senilidade, sucessivas gestações,

enfraquecimento da musculatura abdominal, bem como pelo deslocamento do

trato gastrintestinal em uma direção crânio-ventral (Melo et al., 2008).

Um importante mecanismo para a eliminação rápida do agente agressor

e dos componentes e subprodutos inflamatórios é a contratilidade miometrial

Page 35: Ver parte inicial da clínica

34

que é imprescindível para a limpeza física da luz uterina. Durante o estro,

ocorrem períodos de atividade contrátil de aproximadamente 5 minutos,

alternados com períodos equivalentes de repouso. O desempenho deste

mecanismo requer o funcionamento da cérvix (LeBlanc et al., 1994).

A resposta à agressão ocorre rapidamente, com um aumento da

intensidade das contrações. A eficiência é tal, que estudos utilizando

cintilografia mostram que, em éguas sadias, metade do radiocolóide infundido

no útero, em conjunto com colônias de Streptococcus zooepidemicus, é

eliminado nos primeiros 60 minutos após a inoculação (LeBlanc et al., 1994).

A limpeza física do útero tem um papel central na patogenia da

endometrite persistente pós-cobertura (Troedsson, 1997). No entanto,

induzindo em éguas sadias uma deficiência na contratilidade miometrial com

clenbuterol. Nikolakopoulos e Watson (2000) observaram que, apesar do

acúmulo de fluido uterino e da presença marcada de neutrófilos ao exame

citológico, 60% das éguas não apresentou crescimento bacteriano 48 horas

após a cobertura. Os autores concluíram que, mesmo quando a contratilidade

está prejudicada, os demais mecanismos de defesa da égua são capazes de

eliminar a infecção bacteriana.

5.2.4 Ação do plasma seminal

Alghamdi et al. (2004) utilizando éguas com útero inflamado

realizaram duas inseminações com intervalo de 24 horas, a primeira com

espermatozóides mortos e a segunda com sêmen fresco contendo ou não

plasma seminal. Os autores observaram menor taxa de prenhez quando o

plasma seminal foi removido (5%), em comparação à taxa obtida das

inseminações sem a remoção do plasma seminal (77%). Proteínas presentes

no plasma seminal foram sugeridas como responsáveis por uma supressão da

fagocitose de espermatozóides vivos pelos neutrófilos, em comparação ao que

ocorre com as células mortas e apoptóticas (Troedsson et al., 2006).

Um efeito do plasma seminal, igualmente atribuído a proteínas nele

presentes, é a inibição da ativação dos componentes C5a e C3b do

complemento, que atuam na quimiotaxia de neutrófilos e na opsonização

Page 36: Ver parte inicial da clínica

35

(Troedsson et al., 2000). No trato genital feminino proteínas aderidas à

membrana espermática seriam responsáveis pela opsonização seletiva e pelo

reconhecimento de diferentes populações de espermatozóides (Troedsson et

al., 2006). Entretanto, Fiala et al. (2002) observaram aumento significativo na

contagem de neutrófilos uterinos, em relação a um grupo controle, 2, 4 e 24

horas após a infusão de plasma seminal.

6.3 ÉGUAS SUSCEPTÍVEIS X ÉGUAS RESISTENTES

O sistema imune da égua sofre um declínio na sua eficiência com o

avançar da idade, com redução na habilidade do sistema de fornecer fagócitos,

imunoglobulinas e componentes do sistema complemento (Melo et al., 2008).

Éguas susceptíveis e de idade avançada demonstram menor “clearence”

mecânico através da cérvix, acumulando fluido uterino após inoculação

bacteriana durante o estro. O fluido pode estar presente devido ao menor

“clearence” através da cérvix, ou devido à reabsorção diminuída pelos vasos

linfáticos, após fechamento da cérvix (LeBlanc, 1994).

De um modo geral, éguas susceptíveis apresentam características em

comum, como idade avançada, histórico de falha reprodutiva em várias

temporadas, histórico de episódios anteriores de endometrite e de perdas

gestacionais (Troedsson, 1997). Além disso, estas éguas apresentam um maior

grau de lesões degenerativas, tanto do endométrio quanto dos vasos

sangüíneos e linfáticos, o que pode dificultar a atividade dos hormônios

circulantes, alterar o aporte de células à luz do útero e dificultar a drenagem

linfática.

Outra característica é o posicionamento do útero, que nestas éguas está

projetado para o interior da cavidade abdominal, apresenta uma angulação

maior e um nível mais baixo em relação ao assoalho da pelve, se comparado

com o de éguas jovens e sadias. Esta posição dificulta a drenagem do

conteúdo uterino (LeBlanc et al., 1998). Ainda, a maioria destas éguas

apresenta deficiência no fechamento vulvar (Troedsson, 1997). Conforme

mostra a figura seguinte:

Page 37: Ver parte inicial da clínica

36

FIGURA 5 – Égua susceptível, 20 anos, conformação anormal da vulva, atendida na Genetic Jump em setembro de 2010.

Fonte: Arquivo pessoal.

5.4 CLASSIFICAÇÃO E ETIOPATOGENIA DA ENDOMETRITE EQÜINA

As endometrites são subdivididas em quatro categorias, baseado na

sua etiologia e fisiopatologia (Troedsson, 1999): (1) endometrite persistente

pós-cobertura; (2) endometrite infecciosa crônica; (3) endometrite crônica

degenerativa (endometrose); (4) endometrite causada por bactérias

sexualmente transmissíveis.

5.4.1 Endometrite Persistente Pós-Cobertura (EPCC)

Acontece normalmente nas éguas um processo inflamatório transitório e

fisiológico pós-cobertura, este tem como objetivo remover o excesso de

espermatozóides, plasma seminal e contaminantes do útero das éguas,

Page 38: Ver parte inicial da clínica

37

possibilitando o recebimento do embrião no quinto ou sexto dia após a

ovulação, em um meio adequado (LeBlanc et al., 1998).

Porém, se a inflamação persistir, o ambiente resultante não é compatível

com o estabelecimento da prenhez (Watson, 2000).

Isto significa que as éguas que falham no mecanismo de limpeza para

essa resposta inflamatória uterina pós-cobertura desenvolvem a EPPC, que

resulta em problemas de fertilidade (LeBlanc et al., 1998).

A falha reprodutiva provém de um efeito direto do ambiente uterino

incompatível com a sobrevivência do embrião, ou da liberação constante de

prostaglandina-F2α (PgF2α), devido à inflamação, levando à diminuição da

progesterona circulante pela lise do corpo lúteo (LeBlanc, 2003).

De acordo com a mesma autora, éguas nesta condição são

denominadas de susceptíveis à endometrite persistente pós-cobertura e se

caracterizam pela sua incapacidade de eliminar o processo inflamatório em até

48 horas após a cobertura.

Algumas éguas reprodutivamente normais, nulíparas ou pluríparas

exibem excessiva resposta inflamatória uterina após serem inseminadas com

sêmen congelado. O plasma seminal deprime a quimiotaxia para

polimorfonucleares, fagocitose e atividade hemolítica do complemento. Essas

observações sugerem que o plasma seminal modula a resposta inflamatória

aos espermatozóides (LeBlanc, 2003).

5.4.2 Endometrite Infecciosa Crônica

Os fatores que tornam a égua especialmente predisposta à infecção

uterina incluem período de estro prolongado, cérvix como uma barreira

relativamente frágil a invasão bacteriana e ejaculação intra-uterina durante o

coito (Mattos, 2003).

A infecção uterina é normalmente o resultado da contaminação pela flora

fecal e genital oportunistas. Os microorganismos mais comuns são as bactérias

aeróbicas e dentre elas a mais encontrada é Streptococcus zooepidemicus,

que é responsável por aproximadamente 65% dos casos, enquanto que

Escherichia coli, Klebisiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa

representam aproximadamente 10% (Brito & Barth, 2003). Segundo Ricketts e

Page 39: Ver parte inicial da clínica

38

Mackintosh (1987), as bactérias anaeróbicas, como Bacteroides fragilis

também parecem ser causas significativas da infecção especialmente no pós-

parto.

LeBlanc (1997) sugere que a E. coli é mais freqüentemente encontrada

a partir de éguas com defeitos anatômicos da região vulvar e perineal que

predispõe a pneumovagina e a contaminação fecal. Também sugere que P.

aeruginosas, K. pneumoniae e leveduras são mais comumente isoladas de

éguas que tenham histórico de uso de antibióticos ou tenham os mecanismos

de defesa intra-uterinos comprometidos.

O papel de bactérias anaeróbicas na endometrite equina é assunto

pouco estudado, e, segundo Ricketts & Mackintoshn (1987) esses agentes

podem estar presentes no útero como patógenos oportunistas, e o sinergismo

com uma bactéria aeróbica pode resultar em infecção mista com endometrite

ativa.

Uma ampla variedade de fungos pode ser isolada de culturas uterinas,

sendo a Candida spp. e o Aspergillus spp., os isolados mais comuns (Dascanio

et al., 1997). Éguas que apresentam deficiência nos mecanismos de defesa e

menor capacidade para remover fluido/ microrganismos do seu útero, podem

fornecer ambiente favorável para proliferação de fungos oportunistas e causar

endometrite. A pneumovagina tem sido incriminada como um fator

predisponente à infecção fúngica. Outros fatores contribuem para a presença

de infecções fúngicas: ambiente úmido, exposição a um grande número de

fungos, presença e foco necrótico decorrente de trauma, infecção ou isquemia

(Katila, 1996).

Segundo Pycock (1999), as endometrites fúngicas não são tão

facilmente diagnosticadas comparados com as bacterianas, o cultivo de fungos

é mais laborioso do que o cultivo de bactérias porque necessita de um tempo

maior de incubação, segundo a bibliografia o diagnóstico histológico de fungos

requer o uso de colorações específicas para identificação das formas fúngicas

e o custo total dos exames é mais elevado do que em uma endometrite

bacteriana.

Page 40: Ver parte inicial da clínica

39

5.4.3 Endometrite Crônica Degenerativa (Endometriose)

A endometriose pode ser definida como uma fibrose periglandular e\ou

estromal ativa ou inativa que inclui alterações glandulares com focos fibróticos.

As glândulas únicas e\ou ninhos glandulares podem ser afetados (Rocha,

2008).

Segundo Brito & Barth (2003), esta enfermidade pode ser caracterizada

por alterações crônicas e degenerativas do endométrio como fibrose

periglandular, estase linfática e dilatação glandular que pode ser o resultado de

inflamações uterinas repetidas, porém essa enfermidade vem sendo observada

em éguas velhas que não apresentam histórico de endometrites, desta forma

foi sugerido que a fibrose degenerativa do endométrio pode ser o resultado do

envelhecimento ao invés da inflamação.

Porém, em um estudo feito por Hoffmann et al. (2008), foi observado que

as éguas que apresentavam endometriose mais severa eram aquelas que já

haviam apresentado endometrite. Desta mesma forma ocorreu com as

endometrioses destrutivas e não destrutivas, as éguas que já haviam

apresentado endometrite tiveram uma porcentagem maior de endometriose

destrutiva do que aquelas que não tinham histórico de endometrite.

Em todos os tipos de endometriose, as células estromais fibróticas

mostram uma expressão distintamente reduzida dos receptores dos hormônios

esteróides em comparação com o estroma intacto, indicando sua diferenciação.

Entretanto, a expressão do receptor do hormônio esteróide do epitélio glandular

envolvido parece depender da atividade da fibrose. Estes resultados sugerem

uma independência de todos os focos fibróticos para os mecanismos de

controle hormonal do útero (Hoffmann et al. ,2008).

5.4.4 Endometrite Causada por Bactérias Sexualmente Transmissíveis

A endometrite contagiosa eqüina é uma doença sexualmente

transmissível, causada pela bactéria Taylorella equigenitalis (Brito & Barth,

2003), bem como por algumas cepas de Klebsiella pneumoniae e

Pseudomonas aeruginosa.

Page 41: Ver parte inicial da clínica

40

A transmissão ocorre através, principalmente, do coito, porém pode

ocorrer pela inseminação artificial ou por vetores mecânicos. Os garanhões são

assintomáticos e a bactéria pode persistir por meses ou anos na superfície do

pênis (principalmente na fossa uretral) e no esmegma do prepúcio. As éguas

contaminadas apresentam a bactéria na região do clitóris, normalmente

desenvolvem sintomatologia após 10 a 14 dias da cobertura, apresentando

desde uma endometrite leve, até uma secreção mucopurulenta severa e uma

infertilidade temporária, podendo ainda abortar em alguns casos. As éguas

também podem ser assintomáticas, apresentando somente um retorno ao

estro, após um estro mais curto. Os potros podem se contaminar no

nascimento e se tornarem portadores assintomáticos por longos períodos.

(Aielo & Mays, 1998).

5.5 DIAGNÓSTICO

Os métodos para a avaliação da integridade uterina incluem palpação

transretal, ultrassonografia, histeroscopia, biópsia endometrial, citologia e

cultura uterina (Melo et al., 2008).

5.5.1 Histórico e exames preventivos

Segundo Watson (2000), uma história detalhada da vida reprodutiva da

égua deve ser obtida. As éguas devem ser cuidadosamente avaliadas antes de

iniciar a reprodução, deve-se verificar se a anatomia vulvar e perineal são

normais, se a cérvix abre no estro e fecha no diestro, e ainda se a égua

apresenta fluido intrauterino livre através da ultrassonografia transretal. Além

disso, observar presença de secreção mucopurulenta na comissura ventral da

vulva e nos pêlos da cauda. E pode-se também fazer uma citologia e cultura

uterina para verificar se existem neutrófilos ou até mesmo verificar se não tem

um crescimento significativo de agentes patogênicos no útero.

Page 42: Ver parte inicial da clínica

41

5.5.2 Palpação transretal, ultrassonografia e vaginoscopia

A palpação transretal revela um útero flácido e aumentado de volume, o

que se deve ao edema inflamatório (Mattos, 2003). O exame ultrassonográfico

do útero revela um aumento das dobras endometriais, com quantidade variada

de fluido livre na luz do órgão, o qual pode ter diferentes graus de

ecogenicidade (Curnow, 1991). Ao exame vaginoscópio, pode-se observar um

colo uterino relaxado, aberto e fortemente hiperêmico, podendo haver acúmulo

de secreções no fundo do saco vaginal e no orifício cervical (Mattos, 2003).

A ultrassonografia retal facilita a visualização de pequenos acúmulos de

líquidos no interior do útero. De acordo com McKinnon et al. (1993), acúmulos

de líquidos menores que 3 mm de diâmetro são normais durante o estro. Os

graus de ecogenicidade dos fluidos vistos no útero são correlacionados com a

quantidade de debris e leucócitos presentes (McKinnon et al., 1993).

O edema uterino vai de grau 1 a 3 em éguas normais. A presença de

edema uterino evidente após a ovulação, ou quando a égua não está no cio, é

um sinal de inflamação uterina, se classifica como grau 4 e representa uma

reação anormal do útero (McKinnon, 1993).

Além disso, no caso da endometrite persistente pós-cobertura, o

diagnóstico pode ser feito exclusivamente com a detecção de fluido no útero

(qualquer valor) usando dois exames, um entre 4 a 12 horas e outro 24 horas

pós-cobertura (LeBlanc, 2003).

QUADRO 1- Classificação ultrassonográfica do fluido uterino

Graus ultrassonográficos do

fluido uterino

Características ultrassonográficas do

fluido uterino

Características macroscópicas do

fluido

Grau I Branco (fortemente ecogênico ou hiperecóico)

Denso e cremoso

Grau II Cinza claro (semi-ecóico ou hiperecóico)

Leitoso

Grau III Cinza escuro (hipoecóico, suspendido

em meio anecóico)

Turbidez óbvia e sedimentação

Grau IV Preto (anecóico) Limpo

Fonte: Melo et al.(2008).

Page 43: Ver parte inicial da clínica

42

5.5.3 Citologia uterina

O exame citológico do útero tem o objetivo de verificar principalmente a

presença ou ausência de neutrófilos. Polimorfonucleares não estão presentes

no útero de éguas normais em nenhuma fase do ciclo estral, exceção do estro

com no máximo 5% em alguns animais e após a cobertura, parto ou

inseminação, em outros casos é um indicativo de endometrite (Dell’Aqua,

2004).

As amostras de citologia são feitas com “swab” uterino e após fazer o

esfregaço pode-se fixar com metanol ou usar a coloração hematológica (por

exemplo Diff Quik ®). Na leitura da amostra, a presença de neutrófilos é uma

marca da inflamação, que é uma prova definitiva de endometrite. Normalmente

somente as amostras positivas para citologia são submetidas à cultura, o

método de colheita é o mesmo. Dessa forma pode-se identificar o agente

causador da infecção e utilizar um antibiótico adequado (Brito & Barth, 2003).

Caso haja suspeita de T.equigenitalis, deve ser feito um ”swab” da fossa

do clitóris e fazer a cultura para identificar o agente (Watson, 1997). Esses

métodos também são úteis para o diagnóstico da endometrite fúngica

(Dascanio et al., 2000).

A citologia é um método mais sensível que o exame bacteriológico no

auxílio ao diagnóstico da inflamação endometrial, pois todas as éguas com

endometrite clínica devem apresentar também o exame citológico positivo

(Mattos et al., 2003).

O primeiro passo na avaliação é determinar a celularidade da amostra

sobre campo de microscópio de pequeno aumento (10x). O baixo número de

células na amostra pode corresponder a um número diminuído de neutrófilos

por campo microscópico de grande aumento, que pode levar ao erro de

conclusão da ausência da resposta inflamatória, mesmo com a sua presença.

Normalmente, deverá existir menos do que 1 a 2 polimorfonucleares por campo

(Dascanio et al., 1997).

Após a determinação do tipo e número de células, deverá ser feita a

avaliação da qualidade do tipo celular, geralmente as células inflamatórias e

endometriais são classificadas como normais ou degeneradas. Sinais de

Page 44: Ver parte inicial da clínica

43

degeneração incluem alteração na aparência da membrana celular,

hipersegmentação do núcleo, formação de vacúolos, inclusões e coloração

citoplasmática aumentada (Dascanio et al.,1997).

5.5.4 Cultura uterina

A cultura uterina pode fornecer informações valiosas relativas ao

potencial reprodutivo da égua, desde que ela seja obtida e interpretada

adequadamente (Langoni et al., 1999). Os achados da cultura uterina precisam

ser avaliados em associação com sinais positivos de endometrite na biópsia ou

citologia.

Culturas falso-positivas têm sido definidas como amostras endometriais

com evidências microbiológicas e endometrite na ausência de evidências

citológicas. Além disso, têm sido associadas com contaminação do instrumento

de cultura provenientes do ambiente, genitália externa e vagina. A cultura é

melhor realizada no início do estro, quando a cérvix está relaxada e o útero é

mais resistente a infecção. No entanto, a cultura poderá ser realizada em

qualquer fase do ciclo estral (LeBlanc, 2010).

A cultura deverá fornecer informações sobre o número e o tipo de

crescimento bacteriano. O plaqueamento direto do microrganismo no meio de

cultura, sem conservação intermediária em meio nutriente é necessário para se

obter informações tanto qualitativas quanto quantitativas (Mattos, 2003).

Para éguas inférteis ou subférteis, tem sido proposto lavado uterino com

baixo volume como alternativa para análises microbiológica e citológica no

diagnóstico de endometrite (LeBlanc et al., 2007). A técnica de lavado uterino

com baixo volume, consiste na infusão de 60 ml de solução fisiológica 0,9%

NaCl, através de uma pipeta de inseminação de éguas. É realizado massagem

no útero e recuperação do lavado, sendo este armazenado em tubos de ensaio

de estéreis.

5.5.5 Histopatologia

A avaliação da morfologia endometrial através da biópsia tem sido uma

ferramenta diagnóstica útil e capaz de predizer a fertilidade da égua. Desde

Page 45: Ver parte inicial da clínica

44

1970, o exame histológico de amostras endometriais tem sido realizado com

rotina na avaliação reprodutiva de éguas subférteis e inférteis (Evans et al.,

1998).

Os resultados da cultura e biópsia são utilizados para uma interpretação

conjunta e, é importante obter-se o swab antes da biópsia para minimizar a

ocorrência de contaminação da amostra (Brito & Barth, 2003).

A colheita é por biópsia do endométrio utilizando um fórceps com “dente

de jacaré”, as amostras são fixadas e depois coradas com HE (hematoxilina e

eosina) (Brito & Barth, 2003).

A resposta inflamatória pode ser aguda, crônica ou ocasionalmente pode

consistir de uma resposta crônica na qual uma reação aguda é super imposta.

O sinal patognomônico para a inflamação é encontrar infiltração de leucócitos

no interstício, tendo no processo agudo os neutrófilos como leucócitos

predominantes e no processo crônico linfócitos. Os sinais característicos de

endometriose são fibrose periglandular, estase linfática e cistos endometriais

(Rocha, 2008).

A fibrose endometrial é o padrão mais comum de fibrogênese anormal

no endométrio eqüino, contribuindo para a perda embrionária e fetal. Um dos

primeiros sinais da fibrose é a distribuição aleatória das células estromais no

estrato compacto ou esponjoso, com uma tendência à formação de fibrose

adjacente a lâmina basal glandular. A fibrose periglandular pode lesar a

superfície endometrial, atrasar o desenvolvimento microcotiledonáreo, reduzir a

taxa de crescimento fetal e alterar a secreção endometrial de histotrófo. A

patogênese é incerta, embora idade avançada, parição e medicamentos intra-

uterinos cáusticos sejam considerados fatores predisponentes (Evans et al.,

1998).

O sistema de classificação de Kenney (1978) adota três categorias de

classificação, conforme descrito abaixo:

Categoria I: o endométrio não apresenta hipoplasia, nem atrofia; não

existem alterações patológicas ou, quando existem, são discretas e

amplamente difusas. As alterações no endométrio não interferem com a

capacidade do endométrio de conduzir uma gestação.

Page 46: Ver parte inicial da clínica

45

Categoria IIA: são observadas alterações inflamatórias leves a

moderadas, infiltração difusa no estrato compacto ou freqüentes focos

inflamatórios dispersos no estrato compacto e no estrato esponjoso. Podem-se

notar também freqüentes alterações fibróticas dispersas associadas a ramos

individuais de glândulas de qualquer nível de severidade ou menos que dois

ninhos glandulares fibróticos por 5,5mm de campo linear em quatro ou mais

campos; lacunas linfáticas evidentes ou atrofia endometrial parcial no fim da

estação de monta reprodutiva. Porém, o endométrio com esses critérios de

uma égua que está infértil dois ou mais anos é classificado na Categoria IIB. O

índice de fertilidade esperado é de 50 a 80%.

Categoria IIB: estão classificadas aquelas éguas com mais de uma das

alterações especificadas na Categoria IIA ou com focos inflamatórios,

disseminados, difusos, moderados a acentuados; com fibrose de ramos

glandulares individuais disseminada e distribuída uniformemente ou com uma

média de dois a quatro ninhos fibróticos por 5,5mm de campo linear em quatro

ou mais campos. O índice de fertilidade esperado é de 10 a 50%.

Categoria III: o endométrio apresenta alterações endometriais graves,

interferindo com a gestação e não podem ser melhoras por tratamento. Fibrose

periglandular ampla de qualquer gravidade é uma das alterações vistas.

Quanto maior a fibrose, pior o prognóstico. Geralmente são vistos em média

mais do que 5,5 mm em pelo menos quatro campos lineares. Nunes (2003) observou que à medida que a lesão endometrial piora

há substituição progressiva do colágeno tipo III por colágeno do tipo I na região

periglandular. Troedsson (1999) denomina a fibrose periglandular associada à

dilatação glandular como endometrose ou endometrite degenerativa crônica,

sendo esta uma condição observada não só em éguas susceptíveis a

endometrite persistente, mas também naquelas mais idosas sem histórico

conhecido de inflamação. Isto sugere um processo fibroplástico degenerativo

do endométrio e, portanto, muito mais uma conseqüência do envelhecimento

do que da inflamação uterina.

5.6 TRATAMENTO DAS ENDOMETRITES

Page 47: Ver parte inicial da clínica

46

Correção dos defeitos dos mecanismos de defesa uterina, neutralização

de bactérias virulentas e controle da inflamação pós-cobertura são os objetivos

de uma terapia bem sucedida. Esta é realizada por correção dos defeitos

anatômicos através de cirurgia, melhorar a capacidade física de drenagem do

útero após inseminação, reduzindo a resposta inflamatória e inibindo o

crescimento bacteriano (LeBlanc, 2010).

O primeiro passo para resolução da endometrite é corrigir através de

técnicas cirúrgicas, problemas anatômicos como conformação perineal e vulvar

anormais, lacerações cervicais e reto-vestibulares, pneumovagina e urovagina,

que são fatores predisponentes da endometrite. (Brito & Barth, 2003).

O método de Caslick é recomendado se as éguas apresentarem defeito

da conformação vulvar resultante de pneumovagina e, muitos animais

infectados apresentam cura após correção vulvar (Melo et al., 2008).

Deve-se tomar cuidado quando se utilizar tratamento uterino local e o

tratamento escolhido não deve representar um perigo maior para a saúde

reprodutiva do que a própria doença. O uso além das recomendações da bula

de inúmeros produtos como medicamentos intra-uterinos é comum, apesar da

falta de informação com respeito as suas propriedades potencialmente lesivas

(Melo et al., 2008).

Deve-se buscar a realização de uma única cobertura, preferencialmente

antes da ovulação, o que pode ser obtido com um bom controle reprodutivo, e

com a utilização de agentes indutores de ovulação. Embora o espermatozóide

seja o principal causador da inflamação pós-cobertura, é fundamental um

controle da higiene da região perineal da égua, seja antes da monta natural ou

da inseminação artificial. Esta, quando permitida, pode beneficiar éguas

susceptíveis. Em éguas vazias do ano anterior, grupo no qual se encontra a

maioria das éguas susceptíveis e em éguas no cio do potro, grupo com

predisposição à EPPC, a utilização da inseminação artificial resultou em taxas

superiores de prenhez em comparação àquela obtida com a monta natural

(Mattos et al., 2003).

5.6.1 Terapia pós-cobertura

Page 48: Ver parte inicial da clínica

47

Os objetivos das terapias empregadas logo após a cobertura ou

inseminação artificial são: a) reduzir a infecção e a inflamação, proporcionando

um ambiente uterino capaz de sustentar a prenhez e b) prevenir novas

contaminações. Os espermatozóides ficam protegidos no oviduto por 4 horas

após a cobertura e são protegidos dos produtos inflamatórios do útero e dos

tratamentos uterinos pela junção túbulo-útero após este período (McKinnon,

1993).

5.6.1.1 Acúmulo de fluido uterino após a cobertura

Os tratamentos podem ser iniciados 4 horas após a cobertura,

embora seja preferível esperar pelo menos 6 a 8 horas. O principal motivo é

que os estudos sobre a migração dos espermatozóides do útero para o oviduto

foram realizados em éguas normais (McKinnon, 1993).

5.6.1.1.1 Lavagem Uterina

O objetivo da lavagem uterina é a remoção dos produtos inflamatórios. A

decisão de realizar ou não a lavagem após a cobertura se baseia mais na

aparência ultrassonográfica do útero e no histórico da égua. Mesmo éguas com

pouco fluido após a cobertura podem ser boas candidatas à lavagem se o

histórico for sugestivo de dificuldade crescente de tratamento, com acúmulo

intraluminal de fluido em ciclos anteriores. Éguas com quantidade de fluido de

graduação acima de pequena (McKinnon e Voss, 1993) e pior do que grau 4

são tratadas com lavagem abundante.

Após a lavagem uterina, uma combinação de ocitocina (10-20 UI IV/IM)

e/ou cloprostenol (250 μg IM) é administrada. Os tratamentos devem ser

administrados 9 horas após a cobertura, uma vez que é neste momento que as

diferenças de resposta a desafios bacterianos entre éguas normais e

susceptíveis parecem ocorrer. O atraso de mais de 24 horas na administração

dos tratamentos pode permitir a rápida proliferação bacteriana. As éguas são

examinadas a cada 12 horas em casos de problemas inflamatórios complexos

e diariamente nos demais casos (McKinnon, 1993).

Page 49: Ver parte inicial da clínica

48

LeBlanc (2004) observou em éguas que possuem problemas linfáticos,

além da endometrite, a associação da ocitocina com o cloprostenol (análogo da

PGF2α) pode ser benéfica, pois a ocitocina faz a drenagem do fluido uterino e

o cloprostenol auxilia a drenagem linfática.

Uma alternativa à utilização da lavagem uterina é a administração de

drogas ecbólicas, como a ocitocina (LeBlanc, 1994) ou a prostaglandina F2α

(Cadario et al., 1995). A ocitocina é tradicionalmente utilizada na dose de 10 a

20 UI, entre 6 e 12 horas após a cobertura. A meia-vida da ocitocina é de 6,8

minutos. Tratamentos realizados no momento da cobertura demonstraram

prejudicar o transporte espermático (Mattos et al., 1999).

A prostaglandina, embora resulte em um período mais longo de

atividade mioelétrica (Troedsson et al., 1995), tem um efeito semelhante ao

obtido com altas doses de ocitocina. Além disso, a utilização de cloprostenol,

com maior resposta em termos de contração miometrial que a ocitocina e a

PGF2α, resultou em uma redução do nível de progesterona circulante entre o

3° e o 5° dia após a ovulação. O reflexo desta redução no nível de

progesterona foi uma queda na taxa de prenhez em éguas tratadas em

comparação à do grupo controle.

5.6.2. Terapia Antibiótica Intra-uterina

Antibióticos intra-uterinos têm sido reservados para infecções venéreas

persistentes ou infecções crônicas com patógenos específicos que não

respondem a oxitocina ou solução salina (Causey, 2007).

Admitindo-se que a causa da anormalidade seja um microrganismo

infeccioso e que esse seja identificado na cultura, e sua susceptibilidade

determinada, o tratamento com o uso de antibióticos deve ser iniciado

(McKinnon, 1993).

Segundo o mesmo autor, um dos riscos comuns da utilização de

antibióticos locais no útero são alterações na flora não patogênica e

desenvolvimento de cepas resistentes do microrganismo pelo uso

indiscriminado de antibióticos.

Page 50: Ver parte inicial da clínica

49

Deve-se realizar a ultrassonografia para determinar se a administração

do antibiótico deve ser precedida por lavagem. Não adianta administrar

antibiótico em éguas com grandes volumes de fluido uterino (McKinnon, 1993).

A infusão de antibiótico pode ser feita diariamente por 3 a 7 dias no

estro, quando o mecanismo de defesa uterina encontra-se normal. Essas

infusões não devem ultrapassar o 2º dia pós-ovulação, pois diminui a eficiência

dos mecanismos de defesa uterino. (Pycock, 1999). Pequeno volume de

infusão (30 a 50 ml) é preferível a grandes volumes.

O uso de antibióticos sistêmicos são raramente utilizados para tratar

infecções uterinas em éguas porque a concentração mínima inibitória (CIM) é

mais facilmente alcançada com a administração intra-uterina, além de ser

economicamente mais viável.Em algumas situações onde a administração

intra-uterina não é possível, a administração sistêmica é uma possibilidade

(Causey, 2007).

Os antibióticos mais comumente utilizados são:

QUADRO 2- Drogas recomendadas, por via intra-uterina, para tratamento da endometrite

Drogas Doses Comentários

Sulfato de amicacina 2 g Volume igual de tampão de bicarbonato de sódio 7,5%

Ampicilina 3 g Usar preparação solúvel

Carbenicilina 6 g Algumas Pseudomonas são sensíveis

Ceftiofur 1 g Amplo espectro, incluindo B. fragilis

Sulfato de gentamicina 1 – 2 g Espectro contra Gram-negativas

Sulfato de Kanamicina 1 – 2 g Muitas cepas de E. coli são sensíveis

Neomicina 4 g E. coli e Klebsiella são sensíveis

Penicilina G 5 milhões UI Sódica ou Potássica. Para Streptococcus sp.

Polimixina B 1 milhão UI Algumas cepas de Pseudomonas sp.e Klebsiella sp. são sensíveis

Ticarcilina 6 g Amplo espectro

Ticarcilina/ Ác. Clavulânico 6 g/ 200 mg Amplo espectro

Page 51: Ver parte inicial da clínica

50

Fonte: Causey, 2007.

QUADRO 3- Dosagem de antibióticos antifúngicos recomendados por via intra-uterina

Drogas Doses

Clotrimazol 500 - 700 mg Nistatina 0.5 – 2.5 milhões UI Anfotericina B 100 – 200 mg Fluconazol 100 mg

Fonte: Dascanio, 2007.

5.6.3 Mucolíticos

Nem todas as infecções respondem a irrigação uterina e ao tratamento

com antibiótico. A falha no tratamento pode ser por uma contínua

contaminação do útero por causa de uma anormalidade anatômica na vulva,

degradação do antibiótico no exsudato uterino, ou produção de biofilme pelos

microrganismos, como bactérias gram-negativas, leveduras e fungos.

Trabalhos anteriores indicam que a secreção de muco aumenta durante

inflamação uterina experimental, e em éguas com atraso na limpeza uterina e

com endometrite bacteriana (Causey et al.,2008).

Pseudomonas aeruginosa é um potente produtor de biofilme e muitas

vezes é isolado do útero de éguas com endometrite crônica. Outros patógenos

que também produzem biofilme são Staphylococcus epidermidis, Eschechiria

coli, e leveduras e fungos (LeBlanc, 2010).

O excesso de muco ou exsudato pode interferir com a penetração de

antibiótico, pode deixar aminoglicosídeos quimicamente inertes ou pode

interferir no transporte do espermatozóide ao oviduto. Tratamentos com

agentes mucolíticos podem ajudar a limpar o muco e aumentar a eficácia dos

antibióticos intra-uterinos. Solventes e agentes mucolíticos têm sido

adicionados a irrigação uterina com o objetivo de limpar o exsudato, muco ou

biofilme. Os agentes usados são dimetilsulfóxido (DMSO), querosene e N-

acetilcisteína (NAC). Cada componente utilizado parece ter um efeito benéfico

(LeBlanc, 2010).

Page 52: Ver parte inicial da clínica

51

5.6.4 Corticóides

O emprego da corticóide terapia como agente modulador da resposta

inflamatória uterina mostrou ser uma prática, segura e eficaz quando utilizada

em animais com histórico reprodutivo de endometrite persistente pós-cobertura,

promovendo uma diminuição neutrofílica e aumentando o índice de fertilidade.

Foi utilizado 0,1 mg/Kg de acetato de 9-alfa-prednisolona (Predef®) por via

intramuscular, a cada 12 horas, com aplicação da primeira dose no momento

da indução da ovulação com gonadotrofina coriônica humana (hCG) e a última

dose na constatação da ovulação.(Dell’Aqua, 2004).

5.6.5 Imunoterapia

Imunomoduladores são substâncias que atuam no sistema imunológico

conferindo, entre outros, aumento da resposta orgânica contra determinados

microorganismos, incluindo vírus, bactérias e protozoários, mediante

principalmente à produção de interferon e seus indutores (Vanselow, 2001). A

origem dos imunomoduladores é muito variada, pode incluir substâncias

farmacológicas sintéticas, produtos microbianos e plantas medicinais (Blecha,

2001).

Imunoestimulantes têm sido utilizados nos últimos anos como um

tratamento para endometrite persistente na égua (Rohrbach et al., 2006).

O Bacilo de Calmett- Guerrin (cepa viva atenuada de Mycobacterium

bovis) e seus derivados ativam células T e B, liberando linfocinas e recrutando

macrófagos resultando em ação granulomatosa (Spinosa et al., 1999).

O uso do Propionibacterium acnes em éguas com diagnóstico citológico

de endometrite persistente foi associado a um aumento das taxas de prenhez e

parição. O efeito foi melhor mediante administração de imunoestimulante entre

8 dias antes e 2 dias após a cobertura (Rohrbach et al., 2007).

Os estudos com Mycobacterium phlei são igualmente convincentes

(Fumuso et al., 2003; Fumuso et al., 2007). Juntos, estes estudos indicam que

a estimulação imunológica tem o potencial de reduzir as contagens de

Page 53: Ver parte inicial da clínica

52

neutrófilos em éguas com endometrite persistente induzida por cobertura, com

aumento correspondente das taxas de prenhez e parição.

5.6.6 Outras terapias uterinas

O uso dos anti-sépticos deve ser feito cautelosamente. O útero da égua

é extremamente sensível a substâncias irritantes introduzidas dentro do seu

lúmen, e pode responder com necrose e subseqüente fibrose no endométrio,

cérvix e vagina. As soluções fortes de iodo e clorexidina são contra-indicadas

para tratamento da endometrite na égua. Um regime não antibiótico usado com

relativo sucesso é a infusão de iodo povidine diluído. Um volume de 250 a 500

ml da solução diluída de iodo povidine pode ser utilizado por cinco a seis dias

(Melo et al., 2008).

Pascoe (1995) demonstrou que a adição de plasma homólogo à infusão

com antibióticos, realizadas 36-48 horas após a cobertura, melhorou a taxa de

prenhez e parição das éguas tratadas em relação à observada nas éguas não

tratadas ou que receberam somente a infusão de antibióticos. O autor atribuiu a

melhora observada a uma fagocitose mais eficiente pelos neutrófilos uterinos,

auxiliados por componentes do sistema complemento e imunoglobulinas

presentes no plasma sangüíneo. Nesta mesma linha, Mattos et al. (1999)

observaram melhora significativa na taxa de prenhez em éguas falhadas e com

potro ao pé, recebendo infusões de plasma enriquecido com leucócitos, 12 a

36 horas após a cobertura. Através desta técnica mais de 80% dos leucócitos

coletados no sangue total são mantidos no plasma, sendo que mais de 95%

deles são viáveis (Castilho et al., 1997). Com a utilização desta infusão, os

autores concluíram que, além dos fatores de opsonização presentes no

plasma, um número extra de neutrófilos capazes de realizar fagocitose era

adicionado ao ambiente uterino.

Page 54: Ver parte inicial da clínica

53

Em éguas com endometrite fúngica pode-se utilizar após a lavagem

uterina, soluções anti-fúngicas como ácido acético 2% (20 ml de vinagre branco

em 1 L de solução salina 0,9%), solução de iodo-povidine 0,1% ou DMSO 20%.

Ambientes ácidos ou alcalinos não são propícios para o crescimento de fungos.

Seguida de aplicação de oxitocina (5-20 UI, IM ou IV) ou prostaglandinas para

aumentar a contratilidade do útero e ajudar na remoção do fluido residual

(Dascanio, 2007).

6. CONCLUSÃO

É essencial compreender a fisiopatologia da endometrite para poder

estabelecer o plano terapêutico mais adequado e viável para cada égua,

levando em consideração os fatores predisponentes, a etiopatogenia, o

histórico reprodutivo, a conformação perineal, que pode predispor a

pneumovagina, junto com a realização do exame físico completo do trato

reprodutivo, através da palpação transretal, ultrassonografia, citologia,

microbiologia e histologia.

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