Vento, água e... manobras

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O Brasil pode até ser o país do futebol, mas o esporte que

mais rendeu medalhas olímpicas ao país é realizado sobre

uma plataforma bem diferente que a de um campo de

futebol. Foi na água, e com a ajuda dos ventos, que a Vela honrou

as cores verde e amarela, conquistando seis medalhas de ouro,

três de prata e sete de bronze, e tornando os nomes de Robert

Scheidt e Torben Grael conhecidos no país inteiro.

Os dois usaram o raciocínio, tomando decisões durantes os percursos

das diversas provas que participaram, e alcançaram um patamar

de liderança nesse esporte que envolve barcos movidos por

propulsão à vela, no qual a força do vento e a habilidade nas

manobras geram o deslocamento.

Mas essa prática vem de longa data, antes mesmo de ser encarado

como esporte. Na Antiguidade, a Vela era utilizada como meio de

transporte e lazer. A prática esportiva só foi introduzida na metade

do século 17, pelo rei da Inglaterra Charles II. Entusiasmado com a

modalidade, ele começou a organizar competições em 1610. Um

ano mais tarde, organizou a primeira competição realizada em águas

britânicas, contra seu irmão, o duque de York.

O Iatismo cresceu lentamente no Brasil até a década de 40, com ajuda da fundação do primeiro Iate Clube,em 1906. O esporte começou a ser impuslionado graças ao incentivo de alguns idealistas. Atualmente,contamos com importantes clubes espalhados pelo país, de onde saem campeões de nível mundial

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Mas, voltando ao Brasil, o esporte, por aqui,

nasceu nas águas da Baía da Guanabara,

no Rio de Janeiro. O primeiro clube fundado

foi o Yatch Club Brasileiro, em 1906, no

bairro de Botafogo, na zona sul carioca. (Seis

anos antes, o esporte fazia sua estréia em

Olimpíadas.) Mas em 1910, o Yatch Club

Brasileiro se mudou para Niterói, onde existe

até hoje. De acordo com o superintendente

da Confederação Brasileira de Vela e Motor

(CBVM), Ricardo Baggio de Carvalho, hoje

há em torno de 70 clubes de Vela no Brasil.

Em São Paulo, são 15.

Os barcos são divididos em classes, segundo

o formato, as especificações técnicas e o

número de tripulantes. A classe mais

popular da Vela é a laser, na qual o paulista

Robert Scheidt faz a festa.

No mundo das competições, a Vela é um

esporte exigente, disputado em várias

regatas. Em cada uma delas, o barco soma

determinado número de pontos, de acordo

com sua posição de chegada e,

curiosamente, vence a competição aquele

que somar o menor número de pontos ao

final de toda a série.

Uma regata tem cinco fases: largada,

contravento (etapa na qual os barcos

rumam em direção à bóia de marcação),

través (manobra de mudança de direção

contornando a bóia), popa (parte do

percurso em que os barcos buscam o local

de chegada da regata) e chegada.

Existem três tipos comuns de regata. A

primeira é a competição convencional,

onde todos os barcos competem entre si.

Existe, também, o match-race que é a

disputada na forma de regata, barco

contra barco, com uma contagem de

pontos diferente da regata convencional.

A terceira e menos comum, normalmente

praticada em barcos de monotipo, é a

regata em equipe, que consiste em um

complexo sistema de pontuação onde as

equipes se enfrentam.

Benefícios

Se você quiser se aventurar nesse esporte,

saiba que a Vela desenvolve habilidades

tecnológicas, físicas e mentais. “Ao velejar,

é necessário interpretar variáveis climáticas

(vento, onda, correntes e marés) e

tecnológicas (barcos e equipamentos).

Além disso, é preciso usar o corpo para

auxiliar no equilíbrio e na agilidade das

manobras”, explica o superintendente da

confederação.

De acordo com ele, não há idade ideal para

começar a praticar o esporte, pois isso

depende muito da vontade da pessoa. “As

escolas de Vela estão começando a limitar

a iniciação para crianças com idade acima

de oito anos, visto que a maturidade e o

biótipo, a partir desta data, são mais

compatíveis com os barcos de iniciação das

crianças.”

Quanto aos barcos, não se preocupe. “Os

clubes de Vela tem os próprios barcos”,

sugere Carvalho. A iniciação desse esporte

é livre, não sendo obrigatório um curso

preparatório. No entanto, segundo o

superintendente, o curso é a melhor opção,

já que são direcionados e preparados com

essa finalidade. “Saber nadar é condição

essencial”, completa Carvalho.

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