vendas na indústria química: o papel do...
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Universidade de São Paulo
EEL – Escola de Engenharia de Lorena
Pedro Penido Ferreira
Vendas na indústria química: O papel
do engenheiro
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Pedro Penido Ferreira
Vendas na indústria química: O papel
do engenheiro
Monografia apresentada à Escola de Engenharia de Lorena EEL-USP como requisito para conclusão de Graduação do curso de Engenharia Química.
Orientadora: Profª Dra. Maria Auxiliadora
Motta Barreto
Lorena - 2013
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Dedico aos companheiros de
atlética. O caminho nunca foi fácil, mas
o crescimento ao lado de vocês eu
levarei para toda minha vida. Dedico
também ao meu pai que sempre me
cobrou o discernimento para tomar as
decisões corretas em minha vida e à
minha mãe, companheira e
batalhadora, que sempre cuidou para
que eu tivesse a segurança necessária
para continuar a caminhada.
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Agradecimentos
A Deus pela minha vida.
Por todo apoio, suporte, conselhos e dicas, agradeço a orientadora Professora
Doutora Maria Auxiliadora Motta Barreto
Pelo auxílio em cumprir as obrigações da disciplina enquanto eu estava em
viagem, agradeço aos amigos Mário, André e Tomás
Pelo suporte, conselhos e dicas nas horas críticas, agradeço ao professor e
companheiro dos alunos, Marco Antonio.
Pelo conhecimento passado, conselhos dados, instruções profissionais e
pessoais, e debates sobre vendas e presença do engenheiro químico como
vendedor, agradeço especialmente ao mentor e amigo William Rodrigues.
Pelo companheirismo, auxilio com a disciplina enquanto eu estava em viagem,
pelas ligações que possibilitaram a pesquisa ser concluída e porque sem ela
esse trabalho nunca ficaria pronto em tempo hábil, agradeço à Mariana Costa.
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“O conhecimento e a informação
são os recursos estratégicos para o
desenvolvimento. Os portadores
desses recursos são as pessoas”
Peter Drucker
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Resumo
A presença do engenheiro químico no setor de vendas da indústria química
cresceu muito nas últimas décadas, e isso pode ser atribuído ao
desenvolvimento e alterações na dinâmica de mercado quanto à relação
fornecedor/cliente. Com a complexidade dos produtos da indústria química e o
desenvolvimento e especialização dos processos de fabricação, um
profissional com conhecimento técnico apurado do produto e um conhecimento
específico que possibilite o auxílio na aplicação/utilização por parte do cliente,
torna-se essencial para que o comprador tenha confiança e preferência pela
marca. Tal fidelização do cliente é um diferencial para muitas empresas. Assim,
este trabalho visa mostrar a importância do profissional capacitado, no setor de
vendas, e um panorama do mercado da indústria química no Estado de São
Paulo, tanto em relação à presença do engenheiro químico como fornecedor,
quanto ao atendimento às necessidades dos clientes que se utilizam desse
tratamento diferenciado através de um estudo de caso envolvendo 20
empresas que responderam um questionário com 13 questões objetivas.
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Lista de Tabelas
Quadro 1 – Planilha de controle dos contatos realizados.............................. 28
Quadro 2 – Exemplo de preenchimento da planilha de controle .................. 29 dos contatos realizados
Tabela 1 – Panorama geral da pesquisa de campo...................................... 30
Gráfico 1 – Composição da equipe de vendas.............................................. 31
Gráfico 2 – Motivo para contratação de engenheiro em vendas................... 33
Gráfico 3 – Tempo com engenheiro em vendas............................................ 34
Gráfico 4 – Resultado esperado.................................................................... 35
Gráfico 5 – Preparação para área de vendas................................................ 36
Gráfico 6 – Aumento de vendas.................................................................... 38
Gráfico 7 – Porcentagem de aumento de vendas......................................... 38
Gráfico 8 – Aumento da carteira de clientes................................................. 39
Gráfico 9 – Porcentagem do aumento da carteira de clientes...................... 39
Gráfico 10 – Diminuição da perda de cliente................................................ 39
Gráfico 11 – Porcentagem da diminuição da perda de cliente..................... 40
Gráfico 12 – Diminuição do número de reclamações técnicas..................... 40
Gráfico 13 – Porcentagem de diminuição do número de ............................. 40
reclamações técnicas
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Sumário
1. Introdução.................................................................................................9
2. Revisão Bibliográfica
2.1 A Indústria Química...........................................................................10
2.2 A evolução da engenharia química...................................................12
2.3 O engenheiro químico em contato direto com o mercado................13
2.4 A adequação do ensino para suprir as necessidades do mercado...15
2.5 A relação de fornecimento e a satisfação do cliente........................16
2.6 Vendas e formação técnica ..............................................................19
2.7 Do aprimoramento do profissional, do mercado e do cliente:
Novas necessidades e atuações.......................................................21
2.7 O profissional de vendas...................................................................23
3. Metodologia.............................................................................................27
4. Resultados e Discussão
4.1 Panorama geral................................................................................30
4.2 Análise das respostas.......................................................................31
5. Conclusão...............................................................................................44
6. Referências Bibliográficas......................................................................46
7. Anexos
Anexo A - Lista das empresas químicas do estado de São Paulo cadastradas na ABIQUIM......................................................48
Anexo B - Questionário ..........................................................................60
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1. Introdução
Com o desenvolvimento rápido da indústria, o mercado desenvolveu a
necessidade de sempre se atualizar para suprir as necessidades dos clientes,
que já não se resumem ao produto em si, mas à relação fornecedor/cliente,
que se modernizou amplamente nas últimas décadas.
No mercado atual, já não basta apenas vender um bom produto com um
bom preço. É preciso ter um profissional capacitado e conhecedor das
características e aplicações do produto, o que é essencial para o
desenvolvimento e manutenção de uma marca no mercado. Essa necessidade
aumenta proporcionalmente à complexidade do produto trabalhado. Por isso, a
indústria química vem se utilizando, cada vez mais, de engenheiros químicos
formados no chão da própria fábrica, para representar sua marca no mercado.
Este trabalho visa identificar e demonstrar a importância do engenheiro
químico no setor de vendas em indústrias químicas, como profissional
capacitado para o resultado mais eficaz da empresa por meio de um estudo de
caso de 20 indústrias químicas que participaram da pesquisa de campo
respondendo a um questionário com 13 questões objetivas.
Através das respostas do questionário a presença do engenheiro
químico será avaliada quanto ao impacto nos índices da área comercial e o
impacto desse profissional na relação entre as empresas fornecedoras e seus
compradores.
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2. Revisão Bibliográfica:
2.1 A indústria química
A indústria química é um dos principais indicadores de desenvolvimento
de uma nação, principalmente devido à grande abrangência do ramo. Está
presente em praticamente todos os bens de consumo e todas as atividades
econômicas, seja como produto final, seja no auxílio pela busca constante por
qualidade ou melhoria de processos ou, ainda, como insumo para outros
setores. Por isso, o setor necessita de profissionais altamente capacitados e
grandes investimentos em pesquisas, que geram retorno em inúmeras áreas,
como agricultura, mineração, extração de petróleo, processos industriais, setor
de transportes e saúde. É conseqüência óbvia, que um setor que atinja
diretamente tantos outros setores se torne alvo de pesados investimentos e
seja um forte indicador de desenvolvimento de um país (ABIQUIM¹, 2010).
A necessidade de altas tecnologias e sua constante renovação
apresenta o setor como uma área estratégica para qualquer país que busca o
desenvolvimento (DUARTE; BALTAR, 2013). Para definir uma indústria que
atua em inúmeros mercados consumidores, como por exemplo, o refino do
petróleo (setor energético), fertilizantes e defensores agrícolas (setor da
agricultura), além dos cosméticos, produtos farmacológicos, existe uma
classificação de indústria química brasileira, baseada nos critérios
estabelecidos pela ONU:
É considerada indústria tipicamente química no Brasil aquela que
trabalha com os seguintes segmentos: químicos orgânicos, químicos
inorgânicos; resinas e elastômeros; fibras, fios, cabos e filamentos
contínuos artificiais e sintéticos; defensivos agrícolas; produtos de
limpeza em geral; farmoquímicos e farmacêuticos; artigos de
perfumaria e cosméticos; tintas, vernizes, esmaltes e afins; e produtos
de preparação químicos diversos (DUARTE;BALTAR, p. 1, 2013).
1. ABIQUIM: É uma entidade, sem fins lucrativos, que congrega indústrias químicas em todo o país de
pequeno, médio e grande porte. Segunda a própria entidade “a Abiquim está estruturada para realizar o
acompanhamento estatístico do setor, promover estudos específicos sobre as entidades e produtos da
indústria química, acompanhar as mudanças na legislação e assessorar as empresas associadas em
assuntos econômicos, técnicos e de comércio exterior”. Além disso, a Abiquim é a representante oficial do
setor dentro do Conselho Internacional das Associações da Indústria Química – ICCA, entidade de âmbito
mundial (DUARTE; BALTAR, 2013).
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Essa definição causa certas dificuldades no entendimento, devido à
característica plural do setor, constituído por empresas químicas em diferentes
ramos comerciais. É essa abrangência comercial, que dá ao setor da indústria
química um caráter estratégico. Os produtos nele fabricados são essenciais
nas atividades humanas englobando conservação e produção de alimentos,
medicina, construção civil, tecnologias de informação, além de outros.
Dada tal relevância, é de se notar que todos os países que desejam um
desenvolvimento tecnológico e econômico tentam cultivar uma indústria
química forte.
A Indústria Química Brasileira
A indústria química brasileira se desenvolveu fortemente desde meados
do século 19. Até 1960 o Brasil ganhou mais de 150 unidades industriais nesse
setor. Esses empreendimentos abrangeram os mais diversos ramos de
atividade: extração mineral e vegetal, refino de petróleo e produção de
fertilizantes, produtos químicos inorgânicos, papel, cimento, vidro, fármacos,
explosivos, açúcar e álcool, produtos alcoolquímicos e outros. A partir de 1965,
a indústria química brasileira se modernizou, em especial com a implantação
de três pólos petroquímicos e de unidades fabris com tecnologia mais
avançada (WONTSCHOWSKI, 2011).
Segundo dados apresentados pela ABIQUIM em 2011, o faturamento
líquido da indústria química brasileira alcançou US$ 130 bilhões em 2010. O
Brasil ocupa a oitava posição no ranking mundial de países fabricantes de
produtos químicos, que é liderado pelos Estados Unidos, seguidos de China,
Japão, Alemanha, França, Itália e Coréia.
Apesar das expectativas favoráveis de crescimento, há uma forte
preocupação quanto à atual situação da balança comercial do setor, como
mostrado por Wongtschowski (2011). O déficit comercial brasileiro de produtos
químicos saltou de US$ 1,2 bilhão em 1990 para US$ 20,7 bilhões em 2010.
Esse déficit mostra que ainda há oportunidade de crescimento da indústria
química. Preocupada com o agravamento do déficit e com a falta de
perspectivas para novos investimentos, a ABIQUIM (Associação Brasileira da
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Indústria Química) elaborou o Pacto Nacional da Indústria Química, com o
objetivo de analisar a situação da indústria química e projetar a demanda futura
para um horizonte de dez anos (WONGTSCHOWSKI, 2011).
Com o planejamento estruturado, o resultado foi imediato e a indústria
química foi um dos setores que mais cresceu no Brasil, atingindo um
faturamento de US$ 158,5 bilhões em 2011, número 23% superior ao ano
anterior (FIGUEIREDO, 2012). Um representativo mercado, em constante
processo de evolução e cheio de novidades que busca incessantemente a
excelência. O engenheiro químico é peça fundamental nessa busca, pois cabe
a ele o desenvolvimento de novas tecnologias e produtos, além de poder
identificar novos desafios e oportunidades. Dentre outros motivos, esses são os
principais para que se proponha um papel de destaque para o engenheiro
químico na área de vendas. Com contato com as necessidades do mercado e
inúmeros processos e necessidades diferentes em cada cliente, a visão desse
profissional pode ser de grande importância para o desenvolvimento da
indústria química nacional.
2.2 A evolução da engenharia química
História:
Com o advento da indústria durante a revolução industrial (século XIX),
os bens de consumo como vidros, sabão e têxteis, tiveram sua produção
aumentada consideravelmente e os produtos químicos, como, por exemplo, o
carbonato de sódio ou potássio, tiveram um aumento extraordinário em sua
demanda, sendo necessário o desenvolvimento de processos em escala
industrial, iniciando, assim a história da indústria química (PORTAL
LABORATÓRIOS VIRTUAIS, 2013).
Os processos químicos em escala industrial eram operados,
inicialmente, por engenheiros mecânicos, enquanto desenvolvimento em
escala laboratorial era responsabilidade dos químicos (PORTAL
LABORATÓRIOS VIRTUAIS, 2013).
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A idéia que se difundiria até gerar a engenharia química como
conhecemos hoje provém dos laboratórios da Alemanha quando algumas
universidades criaram uma geração de químicos voltados para a aplicação da
química básica à produção em grande escala de processos voltados para as
indústrias (CHEN apud PORTO, 2000). Essa geração havia sido preparada
com um grande conhecimento técnico em química, aliado à engenharia
mecânica. Esses profissionais ficaram conhecidos como “químicos industriais”.
Posteriormente alguns desses “químicos industriais” migraram para os
Estados Unidos, onde participaram da criação de uma nova classe de
profissional, o “engenheiro industrial” (PORTO, 2000). Foi no “Massachussets
Intitute of Technology – MIT” que se confirmou verdadeiramente o nascimento
da engenharia química, mediante uma proposta de criação de uma formação
estruturada em Engenharia Química, apresentada em 1888 (PORTAL
LABORATÓRIOS VIRTUAIS, 2013).
Uma pesquisa realizada por estudantes da Universidade de Minnesota
diz que o termo “engenheiro químico” é muito amplo e pouco claro quanto à
atuação desse profissional, ao contrário de outros setores da engenharia. Ao
se ouvir “engenharia química” não é possível definir, ao certo, as
responsabilidades inerentes dessa carreira (PORTO, 2000).
Essa indefinição provém, principalmente, da dificuldade em definir-se a
atuação da própria indústria química, conforme já abordamos. Segundo Porto
(2000), para definirmos em uma única frase, poderíamos dizer que o
engenheiro químico é uma espécie de “engenheiro universal”
Atualmente, a engenharia química possui um papel de destaque entre as
profissões mais impactantes no dia a dia das pessoas, pois grande parte do
que nos cerca advém diretamente de frutos da engenharia química: borracha
sintética, plásticos, fibras sintéticas, tintas, colas, detergentes, conservantes
alimentícios, insumos agrícolas, produtos lácteos de longa duração, sistemas
de refrigeração, papel e também avanços na área da saúde, desde a produção
de medicamentos até tratamento de água. Todos esses produtos, materiais,
sistemas e processos são fruto da ou sofrem a atuação de engenheiros
químicos (PORTAL LABORATÓRIOS VIRTUAIS, 2013).
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2.3 O engenheiro químico em contato direto com o mercado
No século XX, mediante a necessidade do mercado, surge uma vertente
da engenharia química chamada de engenharia de produto. Essa vertente visa
focar os esforços de um engenheiro ao resultado final no produto, quando
diante de um novo problema. A engenharia de produto funciona da seguinte
forma:
Define-se qual o produto pretendido com base nas funcionalidades
desejadas e, a partir daí, constrói-se o Processo. Os produtos, por
outro lado, deixam de ser apenas os produtos químicos
convencionais (normalmente “commodities” produzidos em larga
escala) e passaram a ser, por exemplo, produtos farmacêuticos,
produtos de eletrônica, materiais avançados, produtos biológicos,
novos combustíveis, etc. A característica comum reside no fato de
serem produtos de alto valor agregado, normalmente produzidos em
pequena escala. (PORTAL LABORATÓRIOS VIRTUAIS)
Surge aqui, a necessidade de se entender o desejo do cliente e
compreender o funcionamento do mercado.
Segundo o relatório “Technology Vision 2020: The U.S. Chemical
Industry”, publicado em 1996 que descreve o cenário da indústria química
americana (mais influente do globo) até o ano de 2020, dentre as grandes
forças que irão modelar o século 21, destacam-se:
O contínuo aumento da globalização dos mercados;
Demanda do mercado financeiro por maior lucratividade e
produtividade sobre o capital investido;
Maior expectativa dos clientes e consumidores.
Para orientar os objetivos traçados, definiu-se que a tecnologia da
cadeia de suprimentos, que deveria ser guiada pela melhoria das operações,
teria foco no melhor gerenciamento da cadeia de suprimentos (fornecedores,
produtores e consumidores).
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Posto isso, a indústria química se deparou com um novo desafio: lidar
com a maior exigência dos consumidores e clientes, se atualizando cada vez
mais e sem perder de vista a busca pelo lucro. Dessa forma, a necessidade de
compreender exatamente o mercado trabalhado se tornou prioridade nas
estratégias das empresas de ponta e a solução para essa equação foi adequar
o profissional flexível, que já tinham em mãos, para o contato direto com o
mercado, ou seja, o engenheiro químico.
Os desafios do engenheiro químico do século 21 são muitos. Além da
formação clássica em engenharia química (física, química, matemática,
operações unitárias, entre outros), deverá expandir seus conhecimentos para
campos interdisciplinares, como biologia, bioquímica, noções de engenharia
financeira, gestão de produção, gestão de pessoas e mercado (Porto 2000).
O engenheiro moderno tem que ser empreendedor, o que significa
que espera-se que tenha iniciativa, capacidade de liderança e,
sobretudo, motivação e entusiasmo. O perfil do engenheiro moderno
ideal inclui uma ampla gama de aptidões sociais e profissionais que
demonstrem capacidade de negociação, trabalho em grupos
interdisciplinares, habilidades para se comunicar bem em qualquer
lugar e através de qualquer meio, sobretudo oral e eletrônico
(PORTO, p.9, 2000).
2.4 A adequação do ensino para suprir as necessidades do
mercado
É impossível dizer que a formação do engenheiro químico é completa
sem que aborde os assuntos básicos de sua profissão, como operações
unitárias, reatores, simulação e controle de processos, projeto, além,
obviamente, de matemática, química e outras disciplinas básicas e aplicadas.
Nos últimos tempos, os cursos brasileiros adicionaram disciplinas mais
aplicadas, como fenômenos de transferência, termodinâmica e cinética. (Portal
Laboratórios Virtuais, 2013). Estas disciplinas são essenciais para embasar e
caracterizar a profissão de engenheiro químico. Com a nova dinâmica de
mercado e diante da flexibilidade do engenheiro químico, cada vez mais esse
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profissional vem ocupando lugares diversos dentro das empresas, sendo
necessária uma adequação em sua formação. Em cursos como o de
Engenharia Química da EEL-USP já existem noções básicas sobre finanças,
gestão de pessoas, mercado entre outros ramos novos de atuação desse
profissional, sendo ministradas as disciplinas: Engenharia Econômica,
Segurança no Trabalho, Gestão da Produção, Projeto na Indústria Química,
Ciências Sociais, Gestão Tecnológica e Organização Industrial.
É possível afirmar que a engenharia química é um ramo das
engenharias dos mais flexíveis, capaz de formar profissionais tão
interdisciplinares que podem atuar em todas as áreas internas da indústria,
assim como em laboratórios de pesquisa, bancos e, até mesmo, ser o
responsável pelo contato direto com o mercado consumidor.
2.5 A relação de fornecimento e a satisfação do cliente
Toda negociação comercial necessita de um ponto de partida que, por
toda a literatura, é considerado o relacionamento cliente/fornecedor. Partindo
desse princípio, é preciso rever as responsabilidades administrativas,
considerando que o preço definido é somente um dos fatores que integram o
custo de um produto adquirido e, conseqüentemente, um decréscimo no preço
não corresponde, necessariamente, a vantagens econômicas efetivas no final
do processo, é comum se ouvir no mercado que muitas vezes “o barato sai
caro” (CARDOSO, 2009), portanto existe uma série de variáveis que devem ser
analisadas quando se trata do custo de um produto.
O custo efetivo de um produto é aquele proveniente do resultado do
balanço entre os benefícios e os sacrifícios advindos do fornecedor. Entre os
benefícios temos aplicação, serviços, tecnologia, contexto social, contexto
ambiental e outros. Entre os sacrifícios temos os preços e prazos (ULAGA;
EGGERT, 2003 apud TESCARDI, 2013). Desta forma, detectamos uma
revolução na relação fornecedor/cliente, as relações que existiam no passado
caracterizavam-se, principalmente, pelo antagonismo, havendo uma
competição entre os lados da negociação, em busca do melhor preço. Hoje,
esse tipo de relacionamento é incompatível com a eficácia e solidez que se
deseja nos negócios (REIS, 2009).
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Com a alta competitividade do mercado, o fornecimento não pode mais
gerar qualquer tipo de problema. Incômodos, prejuízos e atrasos não são mais
tolerados e por isso os clientes buscam um fornecimento caracterizado por
confiança mútua e colaboração duradoura (REIS, 2009). Esse é um dos
motivos pelo qual surgiu a demanda pelo vendedor com formação técnica. Um
vendedor técnico que conheça de seu produto e seja capaz de auxiliar seu
cliente durante sua aplicação gera uma relação de confiança, possibilitando
que o comprador trabalhe com um número menor de fornecedores e planeje as
compras em conjunto e a longo prazo, assegurando uma fidelidade retribuída
com qualidade de serviço.
Souza (2006, p. 8) afirma que a partir de meados da década de 80,
observadores profissionais de negócios descobriram que algumas empresas
estavam se dedicando a fornecer a seus clientes algo a mais do que somente
preço. Eles estavam oferecendo serviços de qualidade superior e dessa forma,
atingindo melhores resultados. Essas empresas obtiveram um índice de
crescimento elevado em um curto espaço de tempo e tornaram-se mais
rentáveis do que outras empresas que ainda insistiam em “guerrear” com o
cliente em busca do preço mais lucrativo. De repente, voltar-se para os clientes
a fim de compreender e satisfazer suas necessidades e fornecer serviços de
qualidade tornou-se a estratégia mais eficaz para a conquista do mercado.
Souza (2006) afirma, ainda, que quando a função de uma empresa
envolve o fornecimento de serviços a clientes, a qualidade deste determina o
seu sucesso no mercado.
Costa (2006) considera que o mundo das vendas é, hoje,
completamente diferente daquele de décadas atrás, principalmente por dois
motivos: a prudência dos clientes em gastar seu dinheiro e a grande oferta de
bens de consumo.
A partir disso, se tornou necessário para a sobrevivência no mercado
que a relação fornecedor/cliente evoluísse de um estado em que predominava
o antagonismo fundamentado nas negociações econômicas sobre o preço do
produto, para uma relação de colaboração e confiança recíprocas, visando
objetivos em comum e crescimento e desenvolvimento de ambas as partes
(CARDOSO, 2009).
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Hoje o relacionamento comprador/fornecedor é caracterizado por
interações sinérgicas e de longo prazo, regida por interesses comuns e que
visam benefícios mútuos (SILVA; SACOMANO; PIRES, 2012, Apud
TESCARDI, 2013). Tais benefícios são vistos como o grande diferencial que o
mercado busca, onde o real valor do produto passa a ser o valor criado no
relacionamento entre a empresa e cliente (PETERAF; BARNEY, 2003 Apud
TESCARDI, 2013).
O lucro é importante, porém a busca por esse lucro já não é mais
desenfreada, pois precisa provir de ações estruturadas e em conjunto entre
fornecedores e clientes (SOUZA, 2006). A satisfação do cliente é diretamente
proporcional ao atendimento de suas expectativas, para isso é preciso
proporcionar produtos e serviços que sejam exatamente adequados (KRISTIN;
ZEMKE, 1995. Apud SOUZA, 2006). A famosa frase “O cliente tem sempre
razão” já não é mais aplicável no mercado atual. O que o cliente realmente
busca é a eficiência na tratativa de seus fornecedores, seja ao resolver uma
reclamação, responder um questionamento ou dar uma explicação.
Segundo Reis (2009, p. 248), de maneira geral, o mercado cobra das
empresas cada vez mais:
Qualidade nos produtos fornecidos
Garantia de entrega
Flexibilidade e rapidez na resposta
Entregas mais fracionadas e freqüentes
Visitas para qualificação
Redução de preços
Os pontos acima são regidos pelos desejos dos clientes e um
fornecedor capaz de identificar corretamente uma necessidade de um
comprador em potencial, precisa ser capaz de satisfazê-la por meio de um
atendimento único e individual, para que seja mantida a continuidade da
relação (CARDOSO, 2009). Surge então, no mercado, a necessidade de se
capacitar o vendedor para que ele traga, perfeitamente, para dentro da fábrica
19
as necessidades do mercado, para que cada cliente seja atendido de forma
exclusiva e personalizada.
2.6 Vendas e formação técnica
O futuro de qualquer empresa depende de conseguir satisfazer os
requisitos de qualidade impostos pelo mundo exterior (MOLLER, 2002. Apud
SOUZA, 2006) e um vendedor técnico pode compreender e trazer exatamente
as necessidades do mercado para dentro da fábrica. Uma vez que a empresa
precisa produzir e entregar bens e serviços que satisfaçam exigências e
expectativas de seus clientes (MOLLER, 2002, Apud Souza, 2006), a
capacidade de estabelecer relacionamentos é vista como um fator diferencial
junto ao mercado e agrega vantagem competitiva à firma (HANSEN;NOHRIA,
2004 Apud TESCARDI, 2013).
De acordo com Wallace (1994), para vencerem no futuro próximo, as
empresas precisam de uma estrutura estratégica para a tomada de decisões
que lhes permita adotar as medidas corretas o tempo todo.
Posto isso, surgiu a necessidade, por parte dos fornecedores, de
apresentar aos clientes propostas baseadas nos seguintes pilares:
O preço é apenas um componente do custo total de compra e, em
geral, os melhores preços se transformam nos piores custos
O processo de transformação começa na empresa dos próprios
fornecedores e termina na casa do cliente final
A qualidade e a garantia do produto final resultam da contribuição
de toda cadeia cliente/fornecedor de um negócio (CARDOSO,
2009).
Para alcançar tais requisitos de mercado, as indústrias começaram a
buscar profissionais capacitados tecnicamente que conseguissem atender, de
forma eficaz, aos novos anseios dos clientes. Caso o fornecedor consiga inserir
tais valores de forma superior, aos seus concorrentes, terá a tão buscada
vantagem competitiva (PETERAF; BARNEY, 2003. Apud TESCARDI, 2013).
No caso específico da indústria química, o engenheiro químico se tornou
uma boa solução para um mercado tão específico e ao mesmo tempo tão
20
abrangente. Com a característica multidisciplinar do setor, durante a formação
do engenheiro químico, o profissional já é preparado para atuar em diversas
frentes, já se caracterizando uma classe de engenheiro mais versátil e é essa
característica que levou esse profissional para o setor de venda, conseguindo
atender aos novos pilares.
Quando se fala em estratégia comercial, as vantagens competitivas tem
que estar em primeiro plano, pois é um dos elementos essenciais na garantia
do sucesso de qualquer tipo de negociação. Segundo Cardoso (2009) os
fornecedores devem compreender que são co-protagonistas, juntamente com a
empresa-cliente, a fim de que seja satisfeito o mercado final. Se uma empresa-
cliente usa os custos como principal vantagem competitiva, seus fornecedores
não serão importantes somente pelo percentual de participação desses custos,
mas também pela forma com que podem vir a contribuir para estudar e
encontrar alternativas de menor custo e valor. Esse é o principal papel do
engenheiro presente no setor de vendas.
Quanto à composição do custo total de compra, alguns clientes exigem
serviços intensos na fase de pré venda, como engenharia de aplicação e
assistências personalizadas do projeto, que inclui adequação do produto ao
processo do cliente, treinamentos dos profissionais envolvidos na utilização de
seu produto e ainda assistência técnica pré e pós venda (CARDOSO, 2009). O
engenheiro é capaz de oferecer esses serviços de forma adequada, e esse
valor agregado irá compor o custo total de compra por parte do cliente.
A consciência de que o processo de transformação começa na empresa
dos próprios fornecedores e termina na casa do cliente final é gerada e
disseminada pelo engenheiro químico envolvido no setor de vendas, uma vez
que esse profissional estará presente no dia-a-dia de seus clientes, se
envolvendo com as reclamações dos consumidores finais e em todos os
desafios de produção dos processos que utilizam seus produtos.
A qualidade final e a garantia do produto são frutos que advirão também
da atuação do profissional técnico como vendedor. Uma vez que o engenheiro
está presente em diversas frentes de utilização de seu produto, ele obterá um
Know-how que irá gerar a melhor adequação para o mercado, resultando em
um material com eficiência garantida e qualidade final assegurada.
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Em suma, o fornecedor realiza uma venda que irá gerar um lucro, ao
mesmo tempo em que o cliente compra um produto que será importante para o
lucro de sua companhia (CARDOSO, 2009) e todo valor que possa ser
agregado durante a venda, seja em adequação de processo ou produto,
assistência técnica, treinamentos ou mesmo um atendimento diferenciado, gera
um resultado mais satisfatório ao comprador.
Portanto, o relacionamento entre clientes e fornecedores raramente
termina quando a venda é realizada. Pelo contrário, os esforços tendem a se
intensificar no pós venda, tanto para a manutenção do cliente, quanto por
interesse em desenvolvimento contínuo de ambas as partes (CARDOSO,
2009).
2.7 Do aprimoramento do profissional, do mercado e do cliente:
novas necessidades e atuações.
Os benefícios da atuação da equipe de vendas técnicas no mercado são
inúmeros. Além da criação de valores na relação fornecedor/cliente, o
engenheiro químico consegue adquirir tamanho conhecimento dos processos
existentes no mercado e das necessidades dos clientes que os produtos são
aprimorados e, cada vez mais, específicos e os clientes são cada vez mais
treinados para obter o melhor resultado de seus processos. Estudos indicam
que o bom relacionamento entre os compradores e fornecedores, leva,
inevitavelmente, a um desempenho superior de ambas as partes (NYAGA;
WHIPPLE; LYNCH, 2010. Apud TESCARDI, 2013). Isso se deve à construção
de processos e definição de objetivos comuns que geram uma relação
duradoura de parceria entre as empresas (LUI; LUO; LIU, 2009. Apud
TESCARDI, 2013).
O intercâmbio de conhecimento, informações e ativos entre as empresas
é facilitado devido aos esforços do fornecedor em direção a um bom
relacionamento e esse diálogo é essencial para a otimização do desempenho
de cada uma das partes (CHEN; PAULARJ; LADO, 2004; KALWANI;
NARAYDAS, 1995. Apud TESCARDI, 2013).
22
Uma vez que novas tecnologias e aplicações surgem do
compartilhamento do conhecimento, este se torna um lucro para todo o
mercado, não apenas aos envolvidos, fazendo com que a nova prática de
fornecimento tenha se espalhado por todo o mercado de forma rápida e eficaz.
O compartilhamento de conhecimento é baseado na confiança entres os
fornecedores e compradores e ele se da através de constante troca de
informações em caráter aberto, em outras palavras, sem sigilo e formalidade,
com as portas abertas para visitas e treinamentos (KALE; SINGH;
PERLMUTTER, 2000. Apud TESCARDI, 2013). A abertura entre as empresas
envolvidas em uma cadeia de fornecimento contribui para a identificação das
potencialidades e fraquezas de cada um dos lados envolvidos, permitindo o
aprimoramento conjunto e a otimização da cadeia como um todo, direcionando
esforços e táticas, tanto comerciais, como produtivas a fim de melhorar o
desempenho operacional e financeiro (CAO; ZHANG, 2011. Apud TESCARDI,
2013). O conhecimento mútuo desenvolve uma visão compartilhada que, a
longo prazo, gera enormes ganhos a partir da coordenação dos esforços entre
as empresas e a agilidade na resolução de problemas, agilidade essa advinda
do atendimento do engenheiro químico, gerando satisfação do cliente, além de
que os erros são absorvidos pelo próprio profissional que irá gerar ações
corretivas dentro de sua empresa (STANKO; BONNER; CLANTONE, 2007;
HOLCOMB; HITT, 2007. Apud TESCARDI, 2013).
Em suma, o valor para uma empresa que busca um fornecimento no
mercado, é a soma de todo um processo que provém de um diferencial por
parte do fornecedor (LINDGREEN; WYNSTRA, 2005. Apud TESCARDI, 2013).
Esse diferencial, sendo uma visão técnica bem preparada, irá criar um valor
para o próprio fornecedor e, conseqüentemente, para os clientes (PETERAF;
BARNEY, 2003. Apud TESCARDI, 2013). No caso desse estudo, o engenheiro
químico atuando como vendedor gera um diferencial técnico para o cliente, no
qual toda assistência, auxílio para aprovação da aplicação, explicações
técnicas e parâmetros de máquina é feito pelo profissional que estará sempre
presente no cliente. Isso gerará um aprimoramento dos processos e de
conhecimento por parte do cliente, um ajuste nos processos do fornecedor e,
por conseqüência, no produto e ainda um aprimoramento do mercado, advindo
da relação de cumplicidade entre fornecedor e cliente.
23
2.8 O profissional de vendas
Diante do surgimento da oportunidade de atuação do engenheiro
químico no setor de vendas, e com as peculiaridades da relação interpessoal
entre fornecedor e comprador, é necessário um perfil específico de profissional
consegue ter sucesso nesse mercado.
Com a globalização do mercado, os produtos, entre concorrentes, estão
cada vez mais parecidos e o diferencial no mercado passa a ser a prestação de
serviços, em outras palavras, a atuação do profissional de vendas. Segundo
Doné (2011), além de informação e agilidade, grandes diferenciais de sucesso,
o profissional tem que surpreender, encantar e entusiasmar o cliente.
O profissional de vendas atual não pode se limitar a realizar os desejos
do cliente, deve estar sempre um passo a frente para surpreendê-lo com
alternativas e diferenciais que seu cliente nem imaginava e antever suas
necessidades. Vender, no mercado atual, é mais do que oferecer, entregar e
receber o dinheiro, é necessário conhecer a fundo o produto, a empresa e o
cliente (COSTA, 2006), características que serão muito bem atendidas pelo
engenheiro químico. Porém, o vendedor necessita também desenvolver
relacionamentos duradouros e gerar satisfação para ambos os lados, para
gerar a tão desejada satisfação do cliente, são essenciais, ao profissional de
vendas, as seguintes características:
• Credibilidade: não prometer ao cliente o que você não pode
cumprir e procurar fazer sempre mais do que cumpriu.
• Ação: procurar a perfeição, sempre há algo a melhorar. Idéias
não são suficientes, elas têm que gerar resultados.
• Rapidez: valorizar o tempo do cliente, manter as coisas
simples e sem burocracia.
• Comprometimento: comprometer-se com a excelência e não
se contentar com menos. Fazer seus colaboradores se
comprometerem com seus clientes da mesma forma com que
você se compromete com eles.
24
• Objetividade: ter objetivos claros, eles alimentam seu
entusiasmo.
• Pós-venda: lembrar que você não está efetuando apenas uma
venda, mas concretizando um negócio que pode e deve ser
duradouro e lucrativo para todos. (Doné, p1, 2011)
Há alguns anos, era fácil definir as características essenciais a um
vendedor. Se perguntássemos a compradores da década de 80, sem dúvida
teríamos como ponto em comum às respostas: um bom papo, boa aparência e
ser extrovertido. Porém, com o aumento da exigência do mercado, esse
profissional passou a não apresentar o resultado esperado pelas empresas e,
hoje, essas características são vistas como o estereótipo do vendedor.
Atualmente, um profissional que representa com qualidade seu produto,
precisa ter (TOMANINI, 2013):
Linguagem adequada para cada público: O vendedor precisa
ser claro, prático e objetivo ao lidar com seu cliente. No caso do
engenheiro, deve-se tomar muito cuidado para não apresentar
seu produto de forma muito técnica, usando uma linguagem
totalmente inapropriada ao entendimento do cliente.
Domínio do produto a ser vendido: O profissional de vendas
deve ter “sede por conhecimento” sobre seu produto, nunca
deixando de se atualizar sobre as características do produto, sua
aplicação e seu mercado consumidor.
Percepção de mercado: Estar atento ao surgimento de
oportunidades e prospects e realizar um trabalho de pós-venda
que vise uma relação de parceria duradoura com seu cliente
Criatividade: O bom papo, a boa aparência e a extroversão são
parte da criatividade do vendedor. Na hora de fechar o negócio, a
criatividade é essencial para que se obtenha o melhor custo
benefício na relação.
Perfil de vendas: Habilidade interpessoal, visão, flexibilidade e
adaptabilidade e capacidade de saber ouvir e entender o cliente.
25
Essa característica é desenvolvida ao longo do trabalho, com
ganho de experiência no dia a dia.
Segundo Tomanini (2013, p.1) o verdadeiro profissional de vendas é
aquele que transforma clientes em efetivos compradores, que transforma o
“não” em dúvidas a serem esclarecidas e, finalmente, que acredita que o
sucesso é a busca contínua de aperfeiçoamento.
Para Freitas (2012) há, no setor de vendas, um equívoco muito grande
quando a empresa julga que um bom técnico será um bom vendedor apenas
por conhecer bem o produto. Dessa forma a empresa pode perder um
excelente técnico e ter um profissional ruim representando seu produto no
mercado. É preciso capacitar em vendas, um profissional técnico específico,
que deve ser avaliado, também, pelas suas características pessoais e não
somente pela sua capacidade de comunicação ou conhecimento técnico.
Para Castro e Neves (citados por MASCARENHAS; CERQUEIRA,
2011), o cargo de vendedor é o mais importante de qualquer estrutura
comercial em qualquer empresa, pois é desse profissional a responsabilidade
da prospecção de novos clientes e previsão de vendas, análise das
necessidades dos clientes, até o negócio em si.
Os vendedores são o elo da empresa com o cliente, para muitos
compradores o profissional de vendas é a personificação da empresa
fornecedora, sendo muito importante o cuidado na hora de escolher esse
profissional, pois uma má atuação do vendedor pode gerar uma visão errada
da empresa como o todo. É de responsabilidade do vendedor trazer as
informações necessárias sobre o cliente e o mercado de atuação. Portanto a
empresa precisa tomar cuidado na escolha da sua equipe de vendas, levando
em consideração o perfil do mercado consumidor. (KOTLER, apud
MASCARENHAS; CERQUEIRA, 2011).
Em suma, o perfil do engenheiro que irá trabalhar no setor de vendas
deve ser diferente do estereótipo da engenharia, nem todo profissional
capacitado tecnicamente está apto a atuar no ramo comercial, é necessário
(VIEGAS, s/d.):
Gostar do que faz: A dedicação do profissional de vendas é uma
das principais características do ramo, a necessidade de viagens
26
e a atitude perante diversos compradores são desafios que serão
superados com muita dedicação
Gostar de relacionar-se com gente: Vendas é puramente o
relacionamento interpessoal, porém esse é um grande desafio ao
engenheiro criado em meio a livros e calculadoras
Ser capaz de evoluir de acordo com o mundo que o cerca: O
vendedor deve estar sempre atento às novidades que o cercam.
No mundo de hoje, o mercado muda constantemente e o
profissional de vendas deve estar sempre pronto preparado a se
reciclar
Ter visão empresarial: O vendedor é a estratégia da empresa
sendo posta no mercado, é preciso se desprender dos ganhos
salariais e viver a empresa que está representando.
27
3. Metodologia:
O presente trabalho consiste em um estudo de caso exploratório, tendo
como população indústrias químicas que possuem engenheiros químicos no
setor de venda e como amostragem, as indústrias químicas do Estado de São
Paulo, cadastradas na ABIQUIM (anexo 7.1).
O estudo de caso é um método de pesquisa qualitativo, explorando,
dentro de um contexto amplo, um assunto específico:
A essência de um estudo de caso é tentar esclarecer uma decisão ou
um conjunto de decisões: o motivo pelo qual foram tomadas, como
foram implementadas e com quais resultados (SCHRAMM apud
AFONSO; SAUGO; SALA, p.8, 2008).
Um estudo de caso visa levantar, entender e se aprofundar em dados
obtidos através de técnicas de pesquisa. Todas as conclusões obtidas devem
ser consideradas apenas para aquele contexto explorado. Uma pesquisa de
campo visa levantar as informações necessárias para se alcançar os objetivos
definidos a respeito de um determinado objeto, tendo como alvo de estudo,
neste caso, apenas o objeto determinado, para que as informações sejam
registradas, analisadas e as conclusões possam ser definidas (SEVERINO,
apud OLIVEIRA, 2011).
Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir
informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual
se procura uma resposta, ou de uma hipótese que se queira
comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações
entre eles (LAKATOS; MARCONI. Apud IGNACIO, p.24, 2010).
O objetivo desta pesquisa é quantificar a atuação do engenheiro químico
no setor de vendas, identificando o impacto desse profissional,
especificamente, nos índices de aumento de vendas, aumento da carteira de
cliente, números de reclamações técnicas e perda de clientes. Através da
aplicação de um questionário (Anexo 7.2) com 13 questões objetivas. A
pesquisa visou identificar, também, o motivo que levou ao investimento na
equipe de venda técnica, há quanto tempo as empresas usam essa abordagem
28
junto ao mercado, como foi feita a preparação do engenheiro para atuar
diretamente no mercado e, principalmente, onde esse profissional atua dentro
do setor comercial das empresas.
A pesquisa foi desenvolvida com 499 empresas, fazendo contato
telefônico com o setor comercial, uma a uma, a fim de verificar a presença de
engenheiros químicos atuando na área de vendas. O contato foi feito de forma
procedimentada, seguindo os seguintes passos:
1. Contato com o setor de vendas
2. Apresentação como aluno da Universidade de São Paulo
3. Apresentação do tema da pesquisa
4. Questionamento sobre a presença de engenheiros químicos
envolvidos na área comercial da empresa
5. Solicitação do email para envio do questionário
O questionário foi enviado a todos que responderam afirmativamente ao
item 4, somando um total de 124 empresas.
O controle dos contatos realizados, questionários enviados, nomes,
emails e retornos, foi feito segundo o quadro abaixo:
Quadro 1 – Planilha de controle dos contatos realizados
Empresa Engenheiros
Químicos no setor de vendas (Sim ou Não)
Contato Email Telefone Observações Envio do questionário
Resposta
A planilha foi inicialmente preenchida tendo como base o cadastro da
ABIQUIM, sendo inseridos dados apenas nas colunas “Empresa” e “Telefone”.
À medida que os contatos foram realizados, os campos “Engenheiros
Químicos no setor de vendas (Sim ou Não)”, “Contato” e “Email” foram
preenchidos, quando necessário, o campo “Observações” também foi utilizado.
Após levantar os dados, os questionários foram enviados, sendo
inserido “OK” no campo “Envio do questionário”. Ao receber o questionário
preenchido, o campo “Resposta” foi preenchido com um número de controle
para fácil localização do arquivo.
Abaixo segue um exemplo de preenchimento. Os dados são fictícios:
29
Quadro 2 – Exemplo de preenchimento da planilha de controle dos contatos realizados
Empresa Engenheiros Químicos no
setor de vendas (Sim ou Não) Contato Email Telefone
Empquim Sim José [email protected] (12) 3155-5555
Observações Envio do questionário Resposta
Enviar com cópia para [email protected]
OK 001
A expectativa de retorno aguardado é de 15%. A expectativa é baixa por
se tratar de dados comerciais. Muitas empresas mantêm pouca abertura
quando o assunto tange a formação da força de vendas ou os índices
comerciais.
Os resultados dos questionários respondidos foram compilados e
quantificados em um questionário matriz, onde as respostas foram avaliadas e
analisadas através de gráficos do tipo “pizza” para cada uma das questões.
A partir dos gráficos os resultados obtidos foram discutidos para se
concluir o real impacto do engenheiro químico no setor de vendas, também
serão incluídas na discussão as respostas abertas colocadas nas opções
“Outros”.
30
4. Resultados e Discussão
4.1. Panorama Geral
Após o envio dos questionários às 124 empresas do Estado se São
Paulo, o retorno obtido foi de 16,13%.
Observamos que, por se tratar de dados comerciais que, de certa forma,
expõem a estratégia das empresas quanto à abordagem ao cliente, surgiu uma
desconfiança quanto a participação da pesquisa, resultando em um índice de
recusa em ceder informações de 5%, conforme Tabela 1.
Número de empresas
Porcentagem
Engenheiro químico no setor de vendas
Sim 124 24,8%
Não 225 45,1%
Contato nulo 125 25,1%
Recusa em participar 25 5,0%
Total 499 - Tabela 1: Panorama geral da pesquisa de campo
O “contato nulo” se trata da compilação de vários fatores como número
de telefone inexistente, empresa que mudou de ramo de negócio, entre outros.
A citação aos índices de aumento de vendas, aumento da carteira de
clientes, perda de cliente e número de reclamações técnicas, no questionário,
aumenta o receio em ceder as informações para a pesquisa de campo,
justificando assim o índice de retorno por volta de 15%. A pesquisa de campo
durou 51 dias, sendo realizadas 653 ligações e enviados 318 emails.
O estudo de caso desse trabalho debateu os dados obtidos através das
20 empresas que responderam ao questionário, não podendo se tomar as
conclusões deste trabalho como uma característica geral do mercado da
indústria química paulista.
4.2. Análise das Respostas
31
Os dados obtidos foram compilados e serão discutidos tendo como base
as respostas dadas para cada questão. Também foram levadas em
consideração as respostas abertas da opção “outros”.
Para compreender de forma mais clara a utilização do engenheiro
químico atuante diretamente na área comercial das empresas, foi necessário
inserir no questionário uma questão a fim de esclarecer a estrutura comercial
das 18 empresas participantes, e o resultado está apresentado no Gráfico 1.
Gráfico 1: Composição da equipe de vendas
Em 73% dos casos, o engenheiro químico é colocado em contato direto
com o mercado, sendo ele o canal de comunicação entre as necessidades dos
clientes e a indústria. Tal abordagem gera um grande benefício para ambas as
partes, uma vez que o trânsito de informação ocorre através de um profissional
capacitado, capaz de compreender perfeitamente as novas tendências e
necessidades. Estando todos os desafios, os desejos e projeções dos clientes
bem claros para a empresa, é possível se estabelecer como um parceiro e não
só como um fornecedor, o que se torna um diferencial para sobrevivência no
mercado e, assim, o engenheiro químico parece ter se tornado uma boa
solução.
Outro ponto que vem ao encontro da tendência de utilizar o engenheiro
químico como o “informante” das necessidades do mercado, são as respostas
abertas da opção “Outros”. Em destaque as duas abaixo:
Engenheiro químico em tarefas múltiplas na assistência técnica,
comercial e desenvolvimento
32
Engenheiro químico responsável pelos desenvolvimentos e
atendimento
Essas duas idéias vão ainda mais além. Elas dão ao engenheiro químico
um papel de maior importância do que a responsabilidade pelo transito da
informação somente. O engenheiro químico vai até o mercado identificar as
necessidades e, ao invés de repassar as informações para dentro da empresa,
ele mesmo é o responsável de colocá-las em prática, possibilitando um
atendimento ainda mais personalizado. Outros 27% das respostas utilizam de
engenheiros químicos como supervisores comerciais, dependendo deles as
decisões estratégicas perante o mercado da indústria química. Em um mercado
altamente complexo e em desenvolvimento acelerado como o da indústria
química, era de se esperar uma porcentagem como a encontrada de
engenheiros químicos nos cargos responsáveis pelas tomadas de decisões
comerciais.
O equilíbrio nas escolhas das alternativas indica o emprego do
engenheiro químico, em vendas, como um diferencial no mercado, focando a
necessidade de cada empresa em particular. Uma vez que a indústria química
engloba diversos nichos diferentes de mercado, as necessidades se
apresentam de formas totalmente diversas, gerando uma falta de
homogeneidade quanto à estruturação das áreas comerciais.
Também é necessário conhecer os motivos que levaram as empresas a
investirem nesse perfil de profissional. Para isso, foi elaborada uma questão
visando explorar em suas alternativas a intenção real da empresa ao escolher
o engenheiro químico como seu representante no mercado. As respostas da
segunda questão estão apresentadas no Gráfico 2.
33
Gráfico 2: Motivo para contratação de engenheiro em vendas
As respostas apontam em direção à evolução da relação entre
fornecedores e clientes, já que 96% dos participantes indicaram alternativas
onde o cliente é beneficiado. A opção “Economia de um profissional, já que
engloba vendedor e assistente técnico em um” foi selecionada por apenas 1
empresa. Todas as demais alternativas indicam intenção em gerar uma relação
onde o cliente se sinta confortável, tendo um profissional que trará segurança e
agilidade ao desenrolar das negociações.
Partindo do princípio de que a relação entre um fornecedor e seu cliente
é o início de todas as negociações comerciais, podemos considerar que o
intuito das empresas estudadas seja fortalecer a base da relação com seus
clientes para que possa ter mais liberdade ao trabalhar o custo de seu produto.
Utilizando o engenheiro químico como ferramenta de geração de confiança, dá
ao fornecedor a possibilidade de ser capaz de identificar de forma mais efetiva
o equilíbrio ideal entre os benefícios e sacrifícios envolvidos na formação do
custo de um produto.
Tendo o vendedor técnico em contato direto com o mercado, aliado à
intenção de trazer bons frutos aos clientes, identificar as necessidades a serem
supridas se torna prioridade na rotina do engenheiro químico. Conforme uma
resposta aberta da opção “outros”, onde a empresa afirma que foi o
conhecimento do mercado que fez com que investissem no profissional técnico
na área de vendas, ou seja, a necessidade identificada gerou o investimento.
34
Essa é a essência da busca pela satisfação do cliente: identificar e suprir de
forma eficiente as necessidades identificadas.
Com a identificação, durante a década de 80, do sucesso das empresas
que mudaram suas atitudes perante seus clientes, da disputa por preço para
um atendimento focado em atender necessidades, surgiu o interesse em
identificar há quando tempo as empresas estudadas utilizam engenheiros
químicos no setor de vendas. O resultado está apresentado no Gráfico 3.
Gráfico 3: Tempo com engenheiro em vendas
O resultado demonstra que a presença do engenheiro químico no setor
de vendas não é uma tendência nova, como esperado. Porém, as respostas
com as opções de tempo mais recente apresentaram uma baixa porcentagem
de escolha, de forma inesperada. Esse fato pode ser justificado tanto pela
evolução da indústria química, quanto pelo surgimento de novos cursos de
engenharia a partir da engenharia química, a “engenharia universal”.
Tendo como base a definição de indústria química dada pela ABIQUIM,
as indústrias de defensivos agrícolas, farmoquímicos e farmacêuticos e
intermediários químicos estão englobadas no conceito de indústria do ramo
químico. Durante os contatos realizados ao longo desse trabalho, muitas das
indústrias contatadas estavam entre as três citadas acima e essas empresas
apresentaram em suas equipes de vendas profissionais técnicos, porém
advindos de outras profissões, como engenheiros agrônomos (indústria de
defensivos agrícolas), veterinários e farmacêuticos (indústrias de
farmoquímicos e farmacêuticos), técnicos em química (indústria de
intermediários químicos) e ainda engenheiros têxteis, de alimentos e outras
35
engenharias provenientes da engenharia química. Como não faziam parte do
objetivo deste estudo, a presença desses profissionais não foi quantificada e
nem avaliada. No entanto, a evolução da indústria química e sua alta
especificidade fizeram com que as empresas buscassem profissionais com a
formação técnica mais específica possível sobre os produtos trabalhados.
Sendo o estudo focado no engenheiro químico atuante no setor de
vendas, é preciso identificar o real impacto desse profissional nos índices
comerciais da empresa e confrontá-lo com o que os empresários esperam ao
investir na contratação de profissionais desse perfil. Assim, é preciso
esclarecer o que as empresas fornecedoras esperam ao contratar um
profissional altamente técnico para atuar no mercado e como ele é preparado
para ser mergulhado em um universo totalmente diferente daquele em que foi
formado.
As perguntas 4 e 13 do questionário contemplam, respectivamente, o
que é esperado da atuação do engenheiro químico no setor de vendas e como
ele é treinado para alcançar esses objetivos. Os resultados estão apresentados
nos Gráficos 4 e 5.
Gráfico 4: Resultado esperado com o engenheiro químico em vendas
36
Gráfico 5: Preparação para área de vendas
Analisando a expectativa dos contratantes, é possível confirmar o
resultado discutido da questão 2, onde 73% das respostas visam um bom
relacionamento com o cliente. 45% dos participantes têm como motivo da
contratação de engenheiros químicos para o setor de vendas, a criação de
parcerias a fim de gerar uma maior fidelização dos clientes.
Agradar o cliente é um meio para atingir o principal objetivo de qualquer
fornecedor, a venda. A idéia de fidelização e confiabilidade no produto e na
empresa são formas de manter as negociações constantes, não gerando “idas
e vindas” dos clientes. Quanto mais longa for a parceria, mais se conhece as
necessidades dos clientes e diminui a possibilidade de surpresas em relação à
aplicação do produto e novas propostas, já que as empresas compradoras
também buscam parcerias no mercado e essa parceria possibilita uma atuação
do vendedor bem próxima ao chão de fábrica das empresas compradoras,
deixando o engenheiro a par de novos projetos, novos processos e
necessidades. Essa idéia vai ao encontro com uma das respostas abertas da
opção outros: “Maior facilidade em entender produtos, processos e
necessidades do cliente”.
O retorno de 20% na opção “Diminuição de reclamações de caráter
técnico” foi acima do esperado, o percentual foi o mesmo encontrado na opção
“Aumento de vendas” que é o objetivo principal de qualquer empresa
fornecedora. A escolha por ter um profissional técnico atuando diretamente
37
com o cliente para diminuir o número de reclamações técnicas, indica a
existência de uma dificuldade junto ao mercado, envolvendo problemas de
qualidade de produto e aplicação e a colocação de um engenheiro químico
dentro do cliente foi a solução encontrada tanto para adequar o produto às
necessidades do cliente, quanto para auxiliar na utilização corretas dos
mesmos.
O engenheiro químico em contato com o mercado pode ser uma boa
solução para alcançar uma série de objetivos, porém deve-se ter atenção
especial ao inserir um profissional técnico na área de vendas, pois nem todos
os engenheiros trarão bons resultados. É preciso escolher com cuidado o perfil
de profissional que irá representar a empresa para que não se troque um bom
técnico por um mau vendedor. De acordo com o as respostas da questão 13,
somente o conhecimento técnico não supre a falta de conhecimento comercial.
A importância do profissional técnico na área de vendas está clara para
todas as empresas pesquisadas, porém a forma de preparo desse profissional
é uma incógnita. Como prova, essa foi a questão com maior número de
marcação da opção “outros” e dentre essas opções houve uma similaridade
que vem a reforçar ainda mais a idéia da falta de decisão sobre como preparar
um engenheiro para vendas. Por duas vezes as empresas foram ao mercado
contratar engenheiros já capacitados na área comercial, evitando a fase de
treinamento.
Entre as empresas que buscaram capacitar engenheiros para atuar no
mercado, destaca-se o acompanhamento de profissionais especialistas em
vendas. Partindo do princípio que a formação do engenheiro químico deve
gerar um profissional habituado ao conhecimento e aberto a novidades, isso
torna essa prática uma boa solução, já que o engenheiro é capaz de absorver o
conhecimento de seu mentor e de seu novo ramo de atuação.
Porém, é necessário ressaltar a importância de apresentar a teoria do
conhecimento comercial ao engenheiro, já que esse é um tipo de profissional
acostumado a absorver a teoria e transformá-la em prática. Uma vez escolhido
um engenheiro que apresente as características necessárias para ter sucesso
como vendedor, muni-lo com ferramentas estratégicas pode ser um atalho para
alcançar os objetivos imaginados em sua contratação, porém essa ainda não é
uma realidade em meio às empresas estudadas. Isso se explica pelo fato do
38
profissional de vendas ser estereotipado como um profissional que basta ter
um bom papo, ser extrovertido e ter boa aparência para obter sucesso. Isso faz
com que os treinamentos sejam negligenciados levando uma boa porcentagem
de escolha da opção que diz que o conhecimento comercial pode ser obtido na
prática do dia a dia.
Com o engenheiro químico treinado na área comercial e com os
objetivos definidos, as questões de 5 a 12 visaram entender o impacto da
atuação desse profissional nos seguintes índices comerciais: aumento de
vendas, aumento da carteira de clientes, perda de cliente e número de
reclamações técnicas. Os resultados estão apresentados nos gráficos de 6 a
13.
A atuação do engenheiro no setor de vendas apresentou um ótimo
resultado em todos os índices analisados, com um baixo índice de retorno
negativo quanto ao impacto em alguns índices, essa etapa da pesquisa aponta
o vendedor com conhecimento técnico como uma boa solução de crescimento
para as empresas.
As respostas das questões 5, 7, 9 e 11 apresentaram empresas que
escolheram a resposta “outros”, apesar de não existir essa opção no
questionário. A justificativa de uma das empresas foi de que a equipe de
vendas sempre foi 100% técnica, não havendo possibilidade de comparação
para identificar a melhora e outra empresa não possui medição para os índices
“perda de cliente” e “número de reclamações técnicas”. Com exceção dos
casos citados acima, a pesquisa apresentou uma média de 87,5% de impacto
positivo nos índices comerciais.
39
Gráfico 6: Aumento de vendas
Gráfico 7: Porcentagem de aumento de vendas
O índice de maior impacto em qualquer empresa, o tão sonhado
“aumento de vendas” também apresentou um bom resultado com a atuação do
engenheiro químico como vendedor. Esse índice foi o que apresentou o melhor
resultado quantitativo, com respostas “acima de 50%” e nenhuma na opção
“abaixo de 5%”. O aumento de vendas é proveniente da junção de todas as
características já abordadas nesse trabalho: a criação de parcerias com
clientes, o aumento da confiança no produto, uma abordagem diferenciada,
treinamentos técnicos e entendimento das necessidades do cliente. O bom
resultado do índice “aumento de vendas” é por si só motivo suficiente para uma
empresa investir em um profissional técnico como vendedor, porém é
importante esclarecer que este é o resultado de toda uma cadeia de trabalho
que passa pela geração do custo do produto, geração do relacionamento
40
fornecedor/cliente e abordagem de mercado e nada disso acontece sem uma
preparação adequada do vendedor. Investir em treinamento e dar ferramentas
suficientes aos profissionais é um meio de alcançar os objetivos com uma
velocidade maior, além de possibilitar um resultado ainda mais satisfatório.
Gráfico 8: Aumento da carteira de clientes
Gráfico 9: Porcentagem de aumento da carteira de clientes
Quanto ao índice “aumento na carteira de clientes”, a idéia de ter o
profissional técnico como vendedor a fim de gerar uma abordagem diferenciada
ao cliente cria a expectativa de um aumento na carteira de clientes. A
abordagem mais técnica faz com que os compradores tenham confiança na
empresa fornecedora e em seu produto e a pesquisa indicou que para esse fim
o engenheiro químico traz um excelente resultado, tendo um impacto positivo
em todas as empresas que possuem medição deste índice. Porém, quanto ao
41
resultado quantitativo neste índice, as respostas não apresentaram em
nenhuma das empresas, uma melhora superior a 50%. Isso se explica pelo fato
de as empresas já estarem colocadas no mercado e um crescimento que dobre
o número de clientes não é algo comum de se ver, envolve investimento em
infra-estrutura, maquinário, aumento de pessoal e outros inúmeros pontos que
fazem com que um crescimento muito expressivo do número de clientes não
dependa exclusivamente do trabalho do engenheiro químico como vendedor.
Gráfico 10: Diminuição da perda de cliente
Gráfico 11: Porcentagem da diminuição da perda de clientes
Muitas vezes os índices “aumento da carteira de clientes” e “perda de
cliente” parecem se confundir, mas há uma diferença crucial entre eles, que
consiste nas características da equipe de vendas que os influenciam. Enquanto
o “aumento da carteira de clientes” é influenciado pelo foco em uma
abordagem diferenciada a novos clientes, a “perda de cliente” é influenciada
42
pela confiança gerada pela equipe de vendas. Uma abordagem de mercado é a
conquista de novos clientes, aumento da participação de mercado, outra é a
formação de parceria, gerando relacionamentos longínquos com os clientes e
essa é a principal diferença entre esses índices.
Quanto ao impacto do engenheiro químico em vendas na diminuição
da perda de clientes, tivemos o pior resultado. Além de não apresentar
nenhuma resposta acima de 50%, foi o maior número de respostas “não”
quanto a melhor no índice. Isso pode ser explicado pelo fato de que o
profissional técnico atuante em vendas não será capaz de solucionar todos os
problemas que as empresas venham a ter no mercado. Problemas como erros
de serviço (envio de produto errado, envio de quantidade errada), problemas
de atraso de entrega e outros que independem da parte técnica fazem com que
haja perda do cliente mesmo que ele confie no produto oferecido. É preciso
lembrar também que este trabalho está sendo baseado em atuações no
mercado e este é o habitat da concorrência, enquanto uma empresa investe
em um profissional técnico para agir como vendedor, os concorrentes podem
estar fazendo o mesmo e também gerando maior fidelização de compradores.
Gráfico 12: Diminuição do número de reclamações técnicas
43
Gráfico 13: Porcentagem de diminuição do número de reclamações técnicas
O índice de “diminuição de reclamações técnicas” apresentou um bom
resultado, conforme esperado. Uma vez que as reclamações técnicas podem
surgir, dentre vários outros motivos, tanto de uma má utilização do produto,
quanto da falta de conhecimento do material trabalhado, a atuação de um
vendedor com alto conhecimento técnico sobre seu produto visa sanar os
problemas advindo dessas situações. O impacto do profissional técnico nesse
índice depende diretamente da dificuldade vivida pela empresa no mercado no
momento de sua contração, isso explica o range das respostas que variaram
de “abaixo de 5%” até “acima de 50%”, característica só encontrada nesse
índice.
44
5. Conclusão
Frente à discussão apresentada, o engenheiro químico atuante em
vendas se mostra um real diferencial para as indústrias químicas. O
conhecimento técnico gera confiança ao cliente e a clareza no trânsito das
informações prepara a empresa para os desafios do mercado, possibilitando a
criação de um relacionamento mais positivo, ao longo da cadeia de
fornecimento.
A atuação do engenheiro químico no setor de vendas não é uma
tendência nova, porém seu preparo ainda é uma incógnita para as empresas.
Nele, ressalta-se que a fase de treinamento é muito importante.
Antes de preparar comercialmente o engenheiro químico, os
empregadores precisam ter em mente que escolher o perfil correto de
profissional é importante para que o investimento gere bons frutos. Não serão
todos os profissionais técnicos que terão aptidão para atuar frente a frente com
os compradores, é preciso lembrar que o engenheiro terá que negociar preços
e prazos, lidar com humores diferentes e pessoas de personalidades das mais
variadas. Além disso, até mesmo antes, a etapa de seleção do profissional é de
extrema importância, pois o prejuízo pode ser duplo, a empresa pode acabar
perdendo um bom técnico e investindo em um mau vendedor.
Nas empresas envolvidas neste estudo, o profissional técnico atuante
na área de vendas desenvolve um papel especial. É dele a responsabilidade de
fidelizar o cliente e trazer informações comerciais de forma clara para dentro da
empresa e são essas informações que, quando bem interpretadas, preparam
uma empresa para ser competitiva no mercado.
Na pesquisa foi possível perceber que o impacto direto nos índices
comerciais foi bom. Em média o engenheiro químico trouxe um resultado
positivo nos quatro índices para 87,5% dos pesquisados, gerando uma melhora
média entre 5 a 10%. O índice de aumento de vendas, quando impactado, foi o
que apresentou o maior crescimento, enquanto índice de diminuição do número
de perda de clientes foi o menos impactado. O aumento na carteira de cliente
foi o único índice “unânime” entre os pesquisados, indicando o engenheiro
químico como um forte criador de parcerias no mercado.
45
Em suma, o campo de atuação do engenheiro químico não pára de
crescer. O ramo de serviços vem trazendo cada vez mais frutos e empregando
cada vez mais engenheiros, que são profissionais capazes de assimilar
desafios das mais diferentes origens e é essa a característica que o torna um
profissional capaz de compreender de forma exata os desafios e necessidades
do ramo químico, trazendo um resultado excelente.
46
6. Referências:
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AFONSO, S; SAUGO, A; SALA, L. Estudo de Caso Planejamento e Métodos.
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Palestra apresentada na abertura do X CONEEQ. 2000.
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WONGTSCHOWSKI, P. Indústria Química. Ciência Hoje, v. 47, p. 36-39, 2011.
49
7. Anexos
ANEXO A: Lista das empresas químicas do estado se São Paulo com cadastro na ABIQUIM
Empresa Telefone
3M (19) 3838-7358
A Chimical (11) 4796-7878
A. Azevedo (11) 3806-4800
A. Schulman (11) 2566-8800
ABL BRASIL (19) 3872-9356
ABRAFOL (16) 3664-5088
ACEBRAS (19) 3415-9090
ACQUA MADRE (15) 3284-2161
ADECOL (11) 2480-3599
ADERE (19) 2104-0700
ADETEC AMBIENTAL (11) 5063-2124
ADITIVE PLÁSTICOS (11) 5524-9002
AEQ (12) 3953-2786
AGECOM (11) 2149-8922
AGRÁRIA (16) 3690-2200
AGRITEC (19) 3427-1455
AGROPLANTA (16) 3660-6500
AIR LIQUIDE (11) 5509-8360
AIR PRODUCTS (11) 3856-1600
AJINOMOTO DO BRASIL (11) 5080-6700
AKSELL (19) 3936-9936
AKZO NOBEL (11) 2109-1100
AKZO NOBEL PULP AND PERFORMANCE CHEMICAL (11) 4589-4869
ALCOLINA (16) 3951-5080
ALDORO (19) 3535-6400
ALKALLIS (11) 2412-4228/6673
ALLCOLOR (11) 3904-4660
ALLTEC QUÍMICA (18) 2103-1714
ALMAD (11) 4091-3000
ALPHA GALVANO (11) 4646-1500
ALQUIBRAS (12) 3152-3257
AMAZONAS QUIMICAM (16) 3111-1600
AMC DO BRASIL (11) 2595-0766
AMINO (11) 4077-3777
AMONEX (11) 4789-8989
AMPACET (11) 2015-9001
50
ANCHORTEC (11) 4791-9900
ANFOLABOR (11) 4788-1600
ANION MACDERMID (11) 4789-8585
ARCHEM (19) 3543-5000
ARGAL (11) 2171-3333
ARKEMA (11) 2148-8522
AROMATY (11) 4447-5007
AROMAX (12) 3644-4100
ART ARATROP 0800-701-3090
ASHLAND (11) 3089-9225
ASHLAND ESPECIALIDADES (11) 3089-9225
ASHLAND POLÍMEROS
ASK CHEMICALS (19) 3781-1376
ASTA QUÍMICA (16) 3711-3555
ATA TENSOATIVOS (11) 2950-7452/2959-8733
ATOTECH (11) 4138-9900
AUXYBORR (11) 2446-3301
AVIBRAS AEROESPACIAL (12) 3955-6000
AWETA (11) 4071-2399
AXEL (11) 4156-9130
BAERLOCHER (19) 2108-5431
BANDEIRANTES MPT (11) 2914-1799
BANN (19) 3833-7800
BAQ (11) 3164-2755
BASELL (12) 3604-6000
BASF (11) 2039-2273
BASF POLIURETANOS (11) 4542-7200
BASILE QUÍMICA (11) 3299-5000
BAYER (11) 5694-5166
BBC (11) 4591-0800
BELA VISTA (11) 2799-6777
BELMAY (11) 5546-5050
BENTONIT (11) 2112-6631
BEQUISA (13) 3565-1213
BERACA (11) 2643-5000
BETEL (19) 3861-0041
BIO SOJA (16) 3810-8000
BIOLUB (15) 3335-3030
BIOSAN (19) 3411-2851/3411-6763
BLANVER (11) 4138-8200
BLUESTAR SILICONES (11) 3747-7887
BOREALIS (11) 4524-9103
BRAIDO (11) 4227-9500
BRANCOTEX (11) 4199-5469
BRASILMINAS (11) 2488-4411
51
BRASKEM (11) 3576-9000
BRASÓXIDOS (11) 4543-6611
BRAZINCO (11) 2671-1133
BREUQUÍMICA (11) 3825-5098
BROWN QUÍMICA (11) 3743-0499/3739-0609
BUCKEYE (19) 2108-2231
BUCKMAN (19) 3864-5000
BUN-TECH (11) 2112-6600
BUTILAMIL (11) 3814-3255
C.H.O. (11) 3846-6630
C.Q.N. (19) 3421-7508
CABOT (11) 2144-6400
CADISA (11) 4044-2134
CALORISOL (11) 5536-0155
CAMPINEIRA (19) 3706-1000
CARBOCLORO (11) 3704-4200
CARBOTEX QUÍMICA (11) 4204-1144
CARGILL (11) 5099-3311
CASA DO POLIURETANO (11) 4016-5555
CATÁLISE BRASIL (19) 3417-9100
CBL (11) 3837-0075
CENTERQUÍMICA (18) 3631-1313
CESBRA (11) 5055- 3999
CHEM TREND (19) 3881-8220
CHEMAX (11) 2127-1966
CHEMETALL (11) 4525-5300
CHEMICON (11) 3782-5002
CHEMLUB (19) 3881-8644
CHEMSON (19) 3522-2222
CHEMTURA (19) 3522-5000
CHEMYUNION (15) 2102-2000
CHEVRON ORONITE (11) 4478-1200
CHT (11) 3318-8900
CIEMIL (19) 3296-3691
CITRATUS-IBERTECH (19) 3826-8100
CITRÓLEO (14) 3656-9900
CLARIANT (11) 5683-7603
CLARUS TECHNOLOGY (19) 3465-9000
CLÁSSICO (11) 3022-2588
CLEOMAR (19) 3834-4955
CLOROETIL (19) 3814-2230
COBRASCAL (11) 4486-8600
COIM (19) 3876-9600
COLAUTO (11) 2877-6500
COLDEMAR (11) 4606-1112
52
COLGATE-PALMOLIVE (11) 5088-5000
COLOROBBIA (11) 3408-9200
COLUMBIAN CHEMICALS (11) 3598-3800
COMARPLAST ADITIVOS (11) 5523-7611
CONTECH (19) 3881-7200
CONTINUUM CHEMICAL (11) 2061-6317
COPEBRÁS (13) 3362-7000
COPENOR (11) 3665-6554
COREPLAS (11) 2413-6666
CP KELCO (19) 3404-4600
CRAY VALLEY (11) 2147-2700
CRISTÁLIA (19) 3863-9500
CRODA (19) 3765-3500
CROMASTER (11) 3465-4664
CROMEX (11) 3856-1000
CROMITEC (11) 2886-3371
CROMOQUIM (11) 5070-5555
CRUZEIRO (12) 3144-1891
CSN (11) 3049-7334
DACARTO BENVIC (11) 3658-9400
DAICOLOR (11) 4059-7721
DALTON (11) 4448-1088
DEGANI-VADUZ (11) 2085-7777
DEL MONTE (11) 4071-4533
DELMAC (11) 2412-6799
DENVER RESINAS (11) 3164-2777
DENVER ESPECIALIDADES (11) 4613-2777
DENVER IMPERMEABILIZANTES (11) 4741-6000
DESTILARIA MENEGHETTI (14) 3652-8181
DFM (11) 4619-9359
DHAYMER'S (11) 4137-0488
DIADEMA AGRO INDUSTRIAL (11) 4666-4100
DIAL DRIN (11) 2211-6695 / 2115-7954
DIATOM (11) 3799-5210/5200
DIERBERGER (11) 5521-0099
DILETA (11) 2139-7500
DINAGRO (16) 3629-1110
DIOSYNTH (11) 2176-8900
DISSOLTEX (16) 3306-4000
DIULLIMA (11) 4978-2670
DIVERSEYLEVER (11) 5681-1300
DOW BRASIL (11) 5188-9000
DOW CORNING (11) 3563-4300
DPV (11) 2294-9144
DRAKO (11) 3719-1126
53
DROM (19) 3186-9600
DRY COLOR (19) 3872-4000
DSM (11) 3760-6401
DUARTE AMARAL (11) 2604-2533
DUCHE CHEMIE (19) 3886-1721
DUPONT (11) 4166-8122
DURFERRIT (11) 4070-7222
DURLIN TINTAS E VERNIZES (11) 2475-8000
DYELUX (11) 4044-1918
DYNATECH (11) 3848-4000
DYNEA (11) 4341-9707
DYSTAR (11) 5508-3470
ECADIL (19) 3872-2920
ECO BLASTER (19) 3948-8300
ECOLAB (11) 2134-2754
ECOPER (11) 4997-8300
EKA BAHIA (11) 4589-4857
ELEKEIROZ (11) 4596-8800
ELFUSA (19) 3634-2300
EMBRAPOL (11) 2113-0166
EMZ QUÍMICA (11) 4059-8800
ENGECLEAN (16) 3917-0156
ENGEFLEX - MASTERBATCHES (15) 3388-3444
ENRO (11) 2231-8644
EPA QUÍMICA (11) 2449-4455
ERCA (11) 4894-8900
EVONIK (11) 3146-4100
FARBER CHEMIE (11) 4066-1000
FÊNIX BRASIL (11) 4614-7007
FERMAVI (11) 3016-9600
FERRO ENAMEL (19) 2108-9900
FERSOL (11) 4246-6200/54
FIBER CENTER (11) 4746-5700
FIBRACEL (19) 2109-7264
FINQUÍMICA (12) 3144-2813
FIXAROMA (11) 4051-4015
FLUORCOLORS (11) 5641-5615
FLUOROMASTERS (11) 3186-9080
FMC (19) 3735-4400
FORMIL (11) 4789-8700
FORMILINE (11) 4741-6200
FORTINBRAS (19) 3867-4050
FORTYMIL (11) 4894-8933/8932
FOSBRASIL (11) 2187-0777
FOSECO (11) 3719-9788
54
FOSMIX (11) 3812-5655
FOTOQUÍMICA HEXA (11) 2186-5959
FRIMOX (11) 4543-6744
FUCHS (11) 4789-2311
FUJIFILM HUNT DO BRASIL (11) 4653-1840
GALVANI (19) 3884-9300
GE WATER & PROCESS TECHNOLOGIES (11) 2139-1000
GELITA (11) 4612-2833
GENERAL (11) 4437-4200
GIVAUDAN (11) 3760-8000
GLOBE QUÍMICA (19) 3872-8700
GOLDEN (11) 2488-2266
GOTALUBE (11) 3851-8577
GRACE (15) 3235-4700
GRIFFITH (11) 4793-9100
GRUPO CENTROFLORA (11) 4134-2260
GUAÇU (19) 3868-3555
HAMADA (15) 3221-3679
HARIMA (11) 3341-3245
HELAMIN (11) 5641-1177 - ramal 7
HENKEL (11) 3205-8772
HERCULES (11) 3089-9230
HIDROMAR (13) 3361-1562
HILLMAN (11) 4461-3300
HOMY QUÍMICA (16) 3690-1000
HUNTSMAN (11) 5532-7426
IBG (11) 2136-8534
IBIRÁ (11) 2249-8000
IBRAQUÍMICA (11) 4343-4366
ICL (11) 2155-4522
IFF (11) 4622-6000
IHARA (15) 3235-7790
IMERYS (11) 2133-3859
IMERYS PERLITA (19) 3888-4210
IMPLASTEC (15) 3243-3788
INBRA (11) 4061-9000/23
INGREDION (11) 5070-7700/15
INNOVA (11) 3269-0180
INNOVATTI (11) 5099-2926
INTERCONTINENTAL (11) 4543-6826
INTERCUF (19) 2102-0001
INTERNATIONAL PAPER (19) 3861-8121
INVISTA (11) 6858-8100
IPCNOR (11) 2102-7272
IPEL ITIBANYL (11) 4016-8000
55
IQA (11) 3758-1009
IQP (15) 3257-1338
IQUIMM (11) 4224-2444
ISAN ESSÊNCIAS (11) 4619-9999
ISOLASIL (19) 3948-5000
ITALTECNO (11) 3825-7022
ITATEX (19) 3726-3900
ITW CHEMICAL (11) 4785-2600
J.REMINAS (11) 3277-8484
JARAGUÁ (11) 3214-3097
JARI (11) 2175-7538
JB QUÍMICA (11) 4747-5206
JUSQUÍMICA (11) 4748-2246
KALAY (11) 2959-4054
KARINA (11) 3466-8000
KEMIRA (11) 2189-4900
KERRY INGREDIENTES & AROMAS (19) 3765-5000
KLÜBER LUBRICATION (11) 4166-9006
KRATON (19) 3874-7244
KURITA (19) 3827-8388
L´ATELIER ESSÊNCIAS (11) 5543-2002
L´ESSENCE FRAGRANCES (11) 4646-6400
LABOGEN (11) 8951-4707
LABORATÓRIO EXATO (11) 3836-4822
LABORATÓRIOS UNIVERSAL (12) 3686-1516
LABSYNTH (11) 4072-6100
LAMBERTI BRASIL (19) 3466-9500
LANXESS (11) 3741-3310
LIBBS (11) 3879-2500
LINDE 0800-725-4633
LODES QUÍMICA E TECNOLOGIA (17) 3279-8063
LONZA QUÍMICA (11) 4028-8000
LORD (11) 2136-7736/65
LORENA (12) 3646-1116
LUMEN QUÍMICA (11) 3393-7170
LWARCEL (14) 3269-5100
M&G POLÍMEROS (11) 2111-1595
MACROPLAST (11) 4393-6200
MACTRA (11) 4538-7744
MAJUFRAN (18) 3582-1490
MARCOBI TINTAS & VERNIZES (11) 2199-5399
MASTERCOLLOR (11) 2705-7311
MATESICA (11) 2937-7254
MAXIOIL (11) 4173-4111
MAZZAFERRO (11) 4391-9000
56
MCM (15) 3246-8118
MEDAPI (11) 4706-1000
MELTCHEM (11) 4137-6982
MERCK 0800-7277292
METALCLEAN (11) 4591-3736
METALGAMICA (11) 2782-7000
METASIL (11) 4647-0800/01/02/04
MICRO QUÍMICA (11) 4053-4444
MICROSAL (19) 3492-8000
MILLENNIUM CHEMICALS (11) 3296-1500
MINERAÇÃO SÃO JUDAS (15) 3531-8103
MIRACEMA-NUODEX (19) 3728-1005
MONSANTO (11) 3383-8138
MONTANA (11) 3201-0200
MOSAIC (11) 5099-2700
MULTICEL (11) 2149-7777
MUNDIAL QUÍMICA (17) 3214-9800
MUNDO QUÍMICO (11) 4392-3511
MUSTANG PLURON (17) 3531-7100
NALCO (11) 5644-6500
NCH BRASIL (15) 3321-9200
NEOQUIM (11) 5090-5411
NITRIFLEX (11) 2886-3300
NITRO QUÍMICA (11) 2246-3100
NORQUIMA (19) 3885-6600
NOVA VULCÃO (11) 2652-2100
NOVARTIS (11) 5532-7816
NOVELIS (11) 5503-0774
NZ COOPER (11) 4716-3141
OREMA (11) 2462-3700
ORION (11) 3262-5242
OSWALDO CRUZ QUÍMICA (11) 2436-3682
OXILITE (11) 4071-3622
OXIQUÍMICA (16) 3209-1313
OXITENO (11) 3177-6896
OXMAR (11) 4056-9500
OXY QUÍMICA (11) 3846-7899
PARABOR (11) 2065-1300
PAUMAR (11) 4547-6100
PDT PHARMA (16) 3951-5816
PERÓXIDOS DO BRASIL (11) 3708-5050
PERSTORP (11) 5091-6648
PETITE MARIE (11) 4646-6400
PETROCOLA (11) 2436-7030
PETROCOQUE (13) 3362-0200
57
PETROM (11) 4798-7500
PETROQUÍMICASUAPE (19) 3343-5224
PETROX (11) 3845-3241
PHB INDUSTRIAL (16) 3987-9000
PHIBRO SAÚDE ANIMAL (11) 2185-4400
PIKAPAU (11) 3937-4599
PIRAMID´S (11) 4451-4801
PLANALQUÍMICA (11) 2185-4444
PLÁSTICOS NOVACOR (11) 4059-7555
PLASTINCOLOR (11) 4442-2680
POLÍMEROS ITAQUERA (11) 2521-1269
POLINOX (11) 4591-3444/1050/3148
POLIPISO (19) 3593-0008
POLYTECHNO (11) 2436-3136
PQ SILICAS (11) 3638-9920
PRAID (11) 4784-1100
PRO COLOR (11) 4702-9090
PRÓ COR (19) 3829-4253
PRO-BRIL (11) 4056-6015
PROAROMA (11) 4061-4000
PRODUQUÍMICA (11) 3016-9600
PRODUX (11) 4538-3828
PROQUITEC (11) 4158-8400
PROTHAL (11) 4051-3366
PULCRA (12) 3954-6299
PULVITEC (11) 3716-9000
PURAC SÍNTESES (11) 5509-3099
PURCOM (11) 4161-8900
QGP (15) 3383-9510
QUAKER CHEMICAL (11) 5093-1006
QUALITECH QUÍMICA (19) 3844-5615
QUALLICAL (11) 4998-9000
QUELUZ QUÍMICA (12) 3147-1528
QUIMATEC (16) 3311-1800
QUÍMICA SAMPE (12) 3653-1700
QUIMICRYL (11) 4615-1070
QUIMIDREAM (11) 4161-3155
QUIMIL (11) 3382-8550
QUIMPIL (19) 2105-3366
QUIRIOS (11) 4161-7600
RCN RUBBER (11) 4656-2177
REICHHOLD (11) 4795-8173
REMO PLÁSTICOS (11) 2175-1000
REPROCESSA (12) 3653-1700
RESICRYL (11) 4136-4555
58
RESIM (11) 2941-4455
RESIMAPI (11) 4653-8111
RESINAC (11) 4789-8799
RESINAS BRASIL (14) 3711-2222
RETILOX (11) 4156-5460
RHODIA BRASIL (11) 3741-7505
RHODIA POLIAMIDA (11) 3741-7505
RHOMICROM (19) 3491-3079/5205
RIVER (11) 2480-2300
ROBERTET (11) 4133-7121
ROUSSELOT DO BRASIL (19) 3907-9110
ROYAL NEW QUÍMICA (11) 2413-1122
ROYAL QUÍMICA (11) 3164-2900
SABIC INNOVATIVE (11) 3708-0502
SAINT-GOBAIN (11) 3611-4096
SAMARITÁ (19) 3827-9100
SANDET - LIMPEZA AUTOMOTIVA E INDUSTRIAL (17) 2139-7788
SANRISIL (11) 5097-2933
SAYERLACK (11) 2117-9000
SCANDIFLEX (11) 4512-9700/10
SERPOL (11) 3591-8355
SERQUÍMICA (16) 2105-8222
SHERWIN-WILLIAMS (11) 2137-5000
SHIMTEK (11) 4496-4099
SI GROUP CRIOS (19) 3535-6732
SIKA (11)3687-4729
SILAEX (11) 3766-7202
SILITEX (11) 2055-8500
SINTEGLAS ACRÍLICOS E COLAS ES (11) 2412-4490
SINTEQUÍMICA (11) 4605-7777
SIQ (11) 4043-2063/4048-1544
SIQUIPLÁS (11) 2089-9999
SOCER BRASIL (11) 4028-9900
SODA QUÍMICA (19) 3864-0566/3864-3760
SOLUTIA (11) 3579-1800
SOLVAY INDUPA (11) 3708-5000
SOLVENTEX (11) 5922-9088
SPARTAN DO BRASIL (19) 3037-3300
SPECIALTY MINERALS (12) 3925-4406
STAC PLASTIC (11) 4075-4560
STEPAN (11) 5089-2207
STRATURA (11) 3513-4240
STYRON (11) 5184-8300
SUALL (12) 3141-3000
SÜD-CHEMIE (12) 2128-2288
59
SURTEC (11) 4334-7330
SUZANO PAPEL E CELULOSE (11)36365364
SUZAQUIM (11) 4748-6202
SYMRISE (11) 5694-6000
SYNGENTA (11) 5643-6767
SYNTHON (15) 3325-3131
TAKASAGO (11) 4072-7777
TANCROM (16) 3720-0533/1521
TANQUÍMICA (11) 4072-5000
TATE & LYLE (11) 5090-3950/60
TECNOREVEST (11) 4192-2229
TERMOCOLOR (11) 4053-4053
TETRAQUÍMICA (11) 3122-3044
TEXPAL (19) 3881-7999
THOR (11) 4133-4177
THREE BOND (11) 3583-4011
TICONA (11) 3147-3360/70
TIRRENO (11) 4053-3333
TORTUGA (11) 3728-7117
TREBOL (19) 2112-1400
TREIBACHER (11) 4028-8611
TREMEMBÉ (12) 3607-5252
TRÊS BARRAS (14) 3656-1216
TRIER (11) 4055-2033
TRM PLÁSTICOS (11) 2168-8800
TST ISOLANTES (11) 4332-8585
ULTRALUB (11) 4199-4000
UMICORE (11) 2421-1000
UNA QUÍMICA (11) 3393-1800
UNAPROSIL (11) 4898-8090
UNIÃO QUÍMICA PAULISTA (11) 3711-7777
UNIFLON (11) 3186-9090
UNIGEL (11) 2504-6022
UNILEVER (11) 3568-9782
UNIMIN (11) 4028-9815
UNIMIN (LIQUID MINERALS) (11) 4028-9800
UNIMIN (ULTRAMINERALS) (11) 4028-9800
UNIVEN PETRÓLEO (11) 4591-0402
USINA ANCHIETA (11) 4178-1455
USIQUÍMICA (11) 3821-7000
UTECH (14) 3662-7000/7001
VALE FERTILIZANTES (13) 3362-9715
VEDACIT (11) 2902-5522
VEROS (11) 2345-5077/2347-1677
VICTOCHEM (12) 3681-1201
60
VIDEOLAR (11) 4197-7000
VITÓRIA QUÍMICA (19) 3881-8900
VMN (11) 2159-3328
VMZ (11) 2159-3340
WACKER (11) 4789-8300
WALLERSTEIN (11) 3848-2900
WASSER (11) 3458-6399
WHITE MARTINS 0800-709-9000
WOLF HACKER (11) 3975-4148 / 3975-5940
WOLF LUB (19) 3935-6533/3936-4677
XILOLITE (11) 3082-7566
YDAL (11) 2293-1133
YPÊ (19) 3808-8000
ANEXO B: Questionário
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