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Frutas do Brasil, 17 Goiaba ProduCjão VARIEDADES INTRODUÇÃO As variedades diferem, entre si, em diversos aspectos, como: formato de copa (algumas mais eretas outras mais espar- ramadas), produtividade, época de pro- dução (precoce, meia estação e tardia), número, tamanho e formato de fruto, além da coloração da polpa. As varieda- des diferenciam-se também quanto ao destino da produção. Variedades de goi- abeiras destinadas ao processamento in- dustrial devem ter, segundo Kawati (1997), as características que se seguem. Para a produção de polpa: • Polpa de coloração rosada. • Altos teores de pectina. • Baixo teor de umidade e alta acidez. • Alta porcentagem de sólidos solúveis totais. Para a produção de compota: • Polpa de coloração rosada ou vermelha. • Polpa espessa. • Pequena quantidade de células pétreas. • Polpa firme. • Forma arredondada a oblonga. Para o mercado de fruta in natura: As variedades de goiabeira produtoras de frutas para consumo in natura apresentam características diferentes, dependendo se fo- rem destinadas ao mercado interno ou à ex- portação. O mercado brasileiro, em geral, prefere frutas com polpa de coloração verme- lha (Fig. 5A, 5B, 6 e 7) enquanto o mercado externo prefere frutas com polpa branca (Fig.8 e 9). Outra exigênciamuito importante no mercado interno é quanto ao tamanho da fruta. Normalmente, o consumidor brasileiro, particularmente aquele consumidor que com- pra em lojas especializadas ou em super- mercados, prefere a fruta de maior tamanho. LuiZ Gonzaga Neto ~~ ~~ co 8] '54: ~ Õ ~ ~~d Fig. 5 A. Variedade Rica com polpa de coloração vermelha. . ~~ co o" "li 3< ~~ ~ ~8 Fig. 5 B. Cultivar Patillo com polpa de coloração vermelha. ~ ~ ZU5 o ~o 2'"0 C o o" "li "5< ~~ ~ ~~8 Fig. 6. Seleção IPA B.14.3 com polpa de coloração vermelha. ~~ o ~o ~~ co 0] "5 <: ~s ~ ~8 Fig. 7. Seleção Surubim com polpa de colo- ração vermelha.

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Page 1: VARIEDADES - ainfo.cnptia.embrapa.brainfo.cnptia.embrapa.br/.../1/VARIEDADES0001.pdf · Ogawa nº 3- estavariedade resultou do cruzamento dirigido entre a Ogawa nº 1, vermelha, e

Frutas do Brasil, 17 Goiaba ProduCjão

VARIEDADES

INTRODUÇÃO

As variedades diferem, entre si, emdiversos aspectos, como: formato de copa(algumas mais eretas outras mais espar-ramadas), produtividade, época de pro-dução (precoce, meia estação e tardia),número, tamanho e formato de fruto,além da coloração da polpa. As varieda-des diferenciam-se também quanto aodestino da produção. Variedades de goi-abeiras destinadas ao processamento in-dustrial devem ter, segundo Kawati(1997), as características que se seguem.

Para a produção de polpa:• Polpa de coloração rosada.• Altos teores de pectina.• Baixo teor de umidade e alta acidez.• Alta porcentagem de sólidos solúveistotais.

Para a produção de compota:• Polpa de coloração rosada ou vermelha.• Polpa espessa.• Pequena quantidade de células pétreas.• Polpa firme.• Forma arredondada a oblonga.

Para o mercado de fruta in natura:As variedades de goiabeira produtoras

de frutas para consumo in natura apresentamcaracterísticas diferentes, dependendo se fo-rem destinadas ao mercado interno ou à ex-portação. O mercado brasileiro, em geral,prefere frutas com polpa de coloração verme-lha (Fig. 5A, 5B, 6 e 7) enquanto o mercadoexterno prefere frutas com polpa branca(Fig.8 e 9). Outra exigênciamuito importanteno mercado interno é quanto ao tamanho dafruta. Normalmente, o consumidor brasileiro,particularmente aquele consumidor que com-pra em lojas especializadas ou em super-mercados, prefere a fruta de maior tamanho.

LuiZ Gonzaga Neto

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Fig. 5 A. Variedade Rica com polpa decoloração vermelha.

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Fig. 5 B. Cultivar Patillo com polpa decoloração vermelha.

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Fig. 6. Seleção IPA B.14.3 com polpa decoloração vermelha.

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Fig. 7. Seleção Surubim com polpa de colo-ração vermelha.

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.1 Goiaba Produção

o consumidor de faixade renda menos eleva-da, em geral aquele que compra em feiraslivres, prefere frutas menores.

Segundo Kawati (1997), existe hojeuma grande variabilidade genética na po-pulação de goiabeira encontrada no Brasil,introduzida a partir de genótipos proveni-entes da Austrália, dos Estados Unidos daAmérica e da Índia, principalmente. Aindade acordo com Kawati (1997), os materi-ais oriundos da Austrália tiveram umagrande participação na melhoria genéticadas variedades brasileiras, essencialmentedaquelas voltadas para a produção de fru-tos destinados ao consumo in natura. En-tre as variedades ou seleções destinadas aomercado de fruta para consumo in natura,destacam-se as seguintes:

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~ ~------------------------------------~Fig. 8. Cultivar Whife Selecfion of Florido com polpa decoloração branca.

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Fig. 9. Cultivor Sonoros com polpa de coloração bronco.

Kumagai - .esta variedade, tambémchamada de Pedra Branca ou Branca deValinhos (Medina, 1988), foi obtida a partirde uma seleção efetuada por produtores doMunicípio de Valinhos, SP. Durante muito

Frutas do Brasil, 17

tempo, foi a cultivarmais intensamente plan-tada para a produção de frutas de mesa,naquele Estado. Os frutos dessa variedade,de acordo com Piza Júnior & Kawati (1994),citados por Kawati (1997), têm peso entre300 e 400 g, formato arredondado ou oblon-go, polpa branca, casca lisa e são resistentesao transporte.

Ogawa nQ 1, branca - esta varieda-de, de polpa branca, resultou de uma sele-ção realizada no Município de Seropédica,RJ. As plantas são vigorosas, com cresci-mento lateral e bastante produtivas. Seusfrutos, com formato oblongo, são doces depoucas sementes, e pesam de 300 a 400 g,às vezes até 700 g, no caso de ter sido feitoo desbaste de fruto. A casca do frutoapresenta-se levemente rugosa.

Iwao - esta cultivar foi selecionadae fixada no Município de Carlópolis, PR.As plantas são vigorosas, produtivas e apre-sentam um crescimento vertical. Os frutospesam de 350 a 400 g, têm formato arre-dondado a oblongo, casca levemente rugo-sa, de coloração amarelo-clara na matura-ção. A polpa é branca, espessa, levementeácida e com poucas sementes.

Gonzaga Neto & Soares (1994) citam,para as condições do Nordeste brasileiro, asseguintes cultivares ou seleções:

White selection of Florida - estavariedade foi selecionada a partir de umacoleção de trabalhos formada com mudasprovenientes de sementes e implantada peloIPA, na Estação Experimental Poço daCruz, em Ibimirim, PE. Seus frutos têmformato arredondado, casca rugosa, polpaespessa, de coloração branca, e pouca se-mente. O peso médio de fruto, sem desbas-te, variou de 130 a 199,2 g.

Pentecoste - é uma seleção efetua-da pelo IPA, também em Ibimirim, PE, apartir de uma coleção de trabalho implan-tada por semente. Seus frutos têm formatopiriforme, peso médio, sem desbaste, aci-ma de 196 g, e polpa de coloração amarela(Fig. 10). Por causa dessa coloração, não têmatraído a demanda do consumidor da frutain natura.

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consumidor do Nordeste, os frutos da1 variedade Paluma são mais aceitos.".s Paluma - esta variedade é hoje a~'i mais cultivada em todas as áreas irriga-~ das do Nordeste brasileiro. Embora te-ui nha sido criada com fins industriais, é a~ principal variedade produtora de frutos8 para consumo in natura.j A variedade Paluma também resul-<;___________ ~-------.I ~ tou de uma seleção massal efetuada pela

Fig. 10. Seleção pentecoste com polpa decoloração amarela. Faculdade de Ciências Agrárias e Veteri-

nárias de J aboticabal. Foi selecionada apartir de um lote de plantas oriundas desementes da variedade Rulry Supreme. Asplantas da variedade Paluma são muitovigorosas, de crescimento lateral e bas-tante férteis, exigindo desbaste para queproduzam frutos com qualidade, nas áre-as irrigadas do Nordeste brasileiro.

É comum surgirem até dezessetebotões florais num só ramo, após a podade frutificação. Se não houver desbaste ,os frutos não alcançam o tamanho e opeso preferidos pelo consumidor da fru-ta in natura. Em áreas irrigadas do Nor-deste brasileiro, essa variedade quandoproduzida por estaca, é também bastan-te precoce, florando aos 6 ou 7 meses deidade após o plantio no local definitivo.Nessa primeira safra, após a primeirapoda de frutificação, pode-se colher até 10ou 15 kg de fruto por planta. Os frutos sãopiriforrnes, com casca lisa e, quandodesbastados, podem atingir mais de500 g, notadamente nas primeiras pro-duções. A grande qualidade da PaIuma é,sem dúvida, a resistência pós-colheitados frutos.

Pedro Sato - as plantas desta vari-edade são vigorosas, produtivas e comcrescimento lateral. Seus frutos são con-siderados grandes (Fig. 11), pesando emmédia 300 a 400 g, quando raleados.Apresenta formato oblongo, casca rugosa,polpa rosada e poucas sementes. De acor-do com Pereira (1994), citado por Kawa-ti (1997), é atualmente a variedade maiscultivada no Estado de São Paulo.

Frutas do Brasil, 17

Entre as variedades produtoras defrutas com polpa vermelha, destacam-seas seguintes:

Ogawa nº 1-esta cultivar foi obtidano Estado do Rio de Janeiro, por meio docruzamento dirigido entre uma goiabacomum, de polpa vermelha, e uma culti-var denominada "Ceará". A planta temhábito de crescimento vertical e é bastantevigorosa e produtiva. Seus frutos têm pesomédio entre 300 e 350 g, formato oblongoe casca lisa. Apresenta polpa espessa, rosa-da e com poucas sementes

Ogawa nº 3 - esta variedade resultoudo cruzamento dirigido entre a Ogawa nº 1,vermelha, e a Ogawa nº 2. As plantasapresentam copa compacta de porte bai-xo e crescimento lateral. Os frutos têmpeso médio de 300 g, forma arredonda-da e casca lisa. A polpa apresenta colora-ção rosada.

Rica - esta variedade foi obtida apartir de uma seleção massal efetuadanum lote de plantas provenientes de se-mentes da variedade Supreme. É uma va-riedade produtiva e vigorosa. Seus fru-tos, de formato piriforme e casca rugosa,apresentam tamanho médio e pesam en-tre 100 e 250 g. Têm um alto teor deaçúcares e são levemente ácidos. Emboraessa variedade tenha sido selecionadapara fins industriais, seus frutos sãocomercializados no Nordeste como fru-ta de mesa. Ainda que essa variedadetenha o formato preferido pelo mercado

Goiaba Produção 111I

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Goiaba Produflão

Fig. 11. Variedade Pedro Sato.

Sassaoka - esta variedade, segundoKawati (1997), foi fixada a partir de umpomar formado com mudas de sementesexistentes no Município de Valinhos, SP.As plantas são vigorosas, produtivas e decrescimento vertical. Produz frutos arre-dondados, grandes e com casca muito rugo-sa. A polpa é de coloração rosado-clara,firme e com poucas sementes. Kawati (1997)afirma que, embora a rugosidade da cascanão tenha um aspecto muito atrativo, osfrutos dessa variedade são aceitos pelomercado consumidor, por apresentar vidapós-colheita mais prolongada. Ainda de acor-do com Kawati (1997), por causa da segre-gação que ocorre em pomares implantadoscom mudas originadas a partir de sementes,têm surgido outras cultivares, às vezes sele-cionadas pelos próprios produtores.Entre essas seleções, a Roncaglia tem, se-gundo o autor, excelente potencial de mer-cado como fruta para consumo in natura,principalmente por causa da resistência pós-colheita dos seus frutos. São citadas tam-bém as variedades Ogawa 4 e Ogawa 5,obtidas por cruzamentos dirigidos. Zambão& Neto (1998) citam ainda as variedadesMurqyama) Iwata e Shirqyam como varieda-des de mesa cultivadas no Estado de São

Frutas do Brasil, 17

Paulo. Gonzaga Neto et alo (1999), emestudo na Região do Submédio do Vale doSão Francisco, citam as variedades indianasBanaras, Allahabad 5 afeda, Lucknow e Chiti-dar, introduzidas por meio de sementesvindas da Universidade Federal do Ceará,como promissoras para cultivo naquelasáreas.

PRINCIPAIS VARIEDADES DOMERCADO INTERNO

Considerando o mercado de frutapara consumo in natura no Brasil, podemser destacadas as seguintes variedades:Paluma, Rica, Pedro Sato e Sassaoka, prin-cipalmente nos Estados de São Paulo ePernambuco. Conforme descrição anteri-or, todas elas apresentam frutos com pol-pa de coloração vermelha ou rosada e têmcomo principal vantagem a resistênciados frutos pós-colheita.

Em princípio, todas as variedadesprodutoras de frutos com polpa vermelhasão potencialmente destinadas ao merca-do industrial, uma vez que esse segmentoprefere as frutas com essa coloração depolpa. Há, contudo, necessidade de dife-renciar as variedades com característicasapropriadas para suco, polpa, compota oudoce em massa.

PRINCIPAIS VARIEDADESCOM POTENCIAL PARAEXPORTAÇÃO

Embora o volume de goiaba exporta-do pelo Brasil, para consumo in natura,seja ainda incipiente, toda fruta exportadateve como principal característica a colo-ração branca da polpa, pois essa é apreferência do consumidor externo. Des-sa forma, as variedades Ogawa Branca,White Selection of Florida, Banaras, K.umagai eIwao são aquelas que apresentam maiorpotencial de mercado externo. Acredita-se

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Frutas do Brasil, 17

que um trabalho de promoção bem condu-zido poderá tornar as variedades de polpavermelha também comerciáveis no merca-do externo. Ainda que haja possibilidade de

Goiaba Produção

exportação, sem dúvida nossa principal fa-tia de mercado externo é o segmento deprodutos processados ou industrializados,notadamente os sucos de goiaba.