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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Normal i Farmácia Normal Vanessa Catarina de Araújo Pedrosa Gomes

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Normal

i

Farmácia Normal

Vanessa Catarina de Araújo Pedrosa Gomes

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ii

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Normal

novembro de 2017 a março de 2018

Vanessa Catarina de Araújo Pedrosa Gomes

Orientador: Dra. Maria Alexandra Gajo Amorim Soares

Tutor FFUP: Prof. Doutora Maria Irene de Oliveira Monteiro Jesus

Março de 2018

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DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso

ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações,

ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se

devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de

referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito

académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ___ de __________ de ____

Vanessa Catarina de Araújo Pedrosa Gomes

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AGRADECIMENTOS

O estágio curricular em farmácia comunitária marca o fim de uma etapa muito

importante e o início de outra com muita responsabilidade. Por isso, não quero deixar de

agradecer a todos os que contribuíram para o meu sucesso.

À Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, nomeadamente à Comissão de

Estágios, quero agradecer pela oportunidade de realizar este estágio, especialmente à

Professora Dra. Irene Rebelo por todo o acompanhamento incansável e disponibilidade

oferecida durante a realização deste estágio e elaboração do presente relatório.

Agradeço igualmente à Dra. Alexandra Soares pela sua orientação, disponibilidade,

acompanhamento e paciência durante o meu estágio na Farmácia Normal. Todos os

conhecimentos transmitidos foram fundamentais na realização das minhas atividades e no

meu desempenho enquanto farmacêutica estagiária. Do mesmo modo, agradeço a toda a

restante equipa da Farmácia Normal, pela forma como fui acolhida, pelo excelente trabalho

em equipa, entreajuda e conselhos transmitidos. Não poderia deixar de frisar o trabalho

fantástico realizado pela Farmácia Normal, graças aos seus colaboradores, à qual desejo

um enorme sucesso.

Os meus agradecimentos vão também para a minha família, o meu motivo de

orgulho. Por todo o apoio e dedicação incondicionais, por todos os conselhos e todos os

sacrifícios. Esta oportunidade é também graças a vocês.

Por fim, aos meus amigos, companheiros dos bons e maus momentos. Obrigada

pelo vosso apoio e por todas as recordações que levo.

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RESUMO

O estágio curricular em farmácia comunitária corresponde à etapa final do Mestrado

Integrado em Ciências Farmacêuticas. É aqui que adquirimos conhecimentos de natureza

prática, competências técnicas e lidamos com os aspetos deontológicos inerentes à

realidade profissional da farmácia comunitária, que nos vão auxiliar no futuro desempenho

da profissão farmacêutica.

O presente relatório retrata todas as atividades em que de alguma forma estive envolvida,

durante o meu estágio na Farmácia Normal em Vila do Conde, com o acompanhamento da

Diretora técnica. Ao longo do mesmo, é evidente a elevada competência do farmacêutico na

área da farmacoterapia, com um papel determinante na promoção do uso racional do

medicamento e na articulação com os demais profissionais de saúde.

Numa primeira parte são abordadas todas as tarefas desempenhadas pelos

farmacêuticos e que são inerentes ao bom funcionamento da farmácia comunitária,

nomeadamente nas áreas da organização e gestão da terapêutica, dispensa e

administração de medicação, cuidados farmacêuticos e promoção da literacia em saúde. O

meu contacto com estes procedimentos permitiu-me expor situações reais, retratando

alguns casos concretos em que a intervenção do profissional de saúde é indispensável.

Na segunda parte do relatório são desenvolvidos dois temas que me foquei durante o

meu estágio, pelo facto de corresponderem a assuntos que me suscitaram interesse que

respondem às necessidades dos utentes e que contribuem para a melhor formação dos

profissionais da farmácia. Deste modo, abordo o tema da deficiência em vitamina D que se

torna mais evidente na altura de menos exposição solar, contribuindo para a informação ao

utente através da elaboração de um panfleto. O segundo tema abrange uma população

sensível, que é o caso das crianças, e envolve a elaboração de um protocolo destinado à

farmácia que auxilia o profissional de saúde na resposta aos casos de solicitação de

aconselhamento de episódios de diarreia infantil.

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LISTA DE ABREVIATURAS

25OHD 25-hidroxivitaminaD

AIM Autorização de introdução no mercado

BPF Boas Práticas Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária

CHP-HSA Centro Hospitalar do Porto-Hospital de Santo António

DCI Denominação Comum Internacional

DGS Direcção-Geral da Saúde

DM1 Diabetes mellitus 1

DM2 Diabetes mellitus 2

ESPGHAN European Society of Paediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition

FGF-23 Fator de crescimento de fibroblastos 23

FN Farmácia Normal

FL Farmácia Lusitana

PTH Hormona da Paratiroide

ICBAS Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar

IMC Índice de massa corporal

INFARMED INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P.

MNSRM Medicamentos não sujeitos a receita médica

MM Medicamentos manipulados

MSRM Medicamentos sujeitos a receita médica

OMS Organização Mundial de Saúde

PA Pressão arterial

PF Produtos Farmacêuticos

PIC Preço Impresso na Cartonagem

PM Prescrição médica

PRM Problemas relacionados com a medicação

PV Prazos de validade

PVF Preço de venda à farmácia

PVP Preço de venda ao público

SA Substância ativa

SNS Serviço Nacional de Saúde

SRO Soluções de Reidratação Oral

VDR Recetores da Vitamina D

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ÍNDICE

Declaração de Integridade ............................................................................................ iii

Agradecimentos ........................................................................................................... iv

Resumo ........................................................................................................................ v

Lista de abreviaturas.................................................................................................... vi

Índice ........................................................................................................................... vii

Índice de tabelas ........................................................................................................... x

Índice de Figuras .......................................................................................................... x

Parte I .......................................................................................................................... 1

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 1

2. FARMÁCIA NORMAL ................................................................................................. 1

2.1. LOCALIZAÇÃO, DIREÇÃO TÉCNICA E HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO ......................... 1

2.2. RECURSOS HUMANOS .......................................................................................... 2

2.3. ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA ................................................................................ 2

2.3.1. ESPAÇO FÍSICO EXTERIOR ................................................................................. 3

2.3.2. ESPAÇO FÍSICO INTERIOR .................................................................................. 3

2.3.2.1. LABORATÓRIO .............................................................................................. 4

2.3.3. EQUIPAMENTOS E DOCUMENTAÇÃO CIENTÍFICA .................................................. 4

2.4. GESTÃO DA FARMÁCIA ......................................................................................... 5

2.4.1. FORNECEDORES E CRITÉRIOS DE AQUISIÇÃO ...................................................... 5

2.4.2. REALIZAÇÃO DE ENCOMENDAS ........................................................................... 6

2.4.3. RECEÇÃO E CONFERÊNCIA DE ENCOMENDAS ...................................................... 7

2.4.4. CONTROLO E GESTÃO DE STOCKS ...................................................................... 8

2.4.5. CRITÉRIOS E CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO .................................................. 9

2.4.6. CONTROLO DE PRAZOS DE VALIDADE ................................................................. 9

2.4.7. DEVOLUÇÕES ................................................................................................. 10

3. DISPENSA DE MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE ...................... 10

3.1. MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA ..................................................... 11

3.1.1. PRESCRIÇÃO MÉDICA ...................................................................................... 11

3.1.2. VALIDAÇÃO DA PRESCRIÇÃO ............................................................................ 12

3.1.3. DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA .............................. 13

3.1.4. SUBSISTEMAS DE SAÚDE E ENTIDADES COMPARTICIPADORAS ............................ 13

3.1.5. DISPENSA DE PSICOTRÓPICOS OU ESTUPEFACIENTES ....................................... 14

3.1.6. PROCESSAMENTO DE RECEITUÁRIO E FATURAÇÃO ............................................ 15

3.2. MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MEDICA .............................................. 15

3.3. DISPENSA DE OUTROS PRODUTOS FARMACÊUTICOS ............................................ 16

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3.3.1. DISPENSA DE MEDICAMENTOS MANIPULADOS .................................................... 16

4. CUIDADOS FARMACÊUTICOS ................................................................................ 17

5. SERVIÇOS PRESTADOS ......................................................................................... 18

5.1. DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E FISIOLÓGICOS .......................... 19

5.2. ADMINISTRAÇÃO DE INJETÁVEIS ......................................................................... 19

6. ATIVIDADES COMPLEMENTARES .......................................................................... 19

Parte II ....................................................................................................................... 21

1. PROJETO I- DEFICIÊNCIA EM VITAMINA D ....................................................... 21

1.1. ENQUADRAMENTO DO TEMA ............................................................................... 21

1.2. VITAMINA D E METABOLISMO .............................................................................. 21

1.3. FUNÇÕES E AÇÕES FISIOLÓGICAS DA VITAMINA D ................................................ 23

1.4. AÇÕES NÃO CLÁSSICAS DA VITAMINA D ............................................................... 24

1.5. AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE VITAMINA D ................................................................ 25

1.6. CONDIÇÕES ASSOCIADAS À DEFICIÊNCIA EM VITAMINA D ...................................... 27

1.7. PREVENÇÃO E TRATAMENTO .............................................................................. 28

1.7.1. OBJETIVOS .................................................................................................... 28

1.7.2. MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS .................................................................... 28

1.7.3. MEDIDAS FARMACOLÓGICAS ........................................................................... 28

1.8. RESULTADOS .................................................................................................... 31

1.9. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 31

2. PROJETO II- DIARREIA INFANTIL ....................................................................... 33

2.1. ENQUADRAMENTO DO TEMA ............................................................................... 33

2.2. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 33

2.3. DIARREIA AGUDA ............................................................................................... 33

2.4. FISIOPATOLOGIA ............................................................................................... 34

2.5. TRATAMENTO .................................................................................................... 35

2.5.1. OBJETIVOS .................................................................................................... 35

2.5.2. AVALIAÇÃO CLÍNICA ....................................................................................... 35

2.5.3. MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS .................................................................... 36

2.5.3.1. CORREÇÃO DE ALTERAÇÕES HIDROELETROLÍTICAS ....................................... 36

2.5.3.2. MODIFICAÇÕES ALIMENTARES ...................................................................... 37

2.5.4. MEDIDAS FARMACOLÓGICAS ........................................................................... 37

2.5.4.1. PROBIÓTICOS E PREBIÓTICOS ...................................................................... 37

2.5.4.2. ANTIDIARREICOS ......................................................................................... 39

2.6. RESULTADOS E CONCLUSÃO .............................................................................. 39

CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 40

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 41

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ANEXOS ..................................................................................................................... 46

Anexo I- Espaço exterior da FN .................................................................................. 46

Anexo II- Espaço interior da FN .................................................................................. 46

Anexo III- Zona de medição da pressão arterial e batimento cardíaco ....................... 47

Anexo IV- Gabinete de atendimento personalizado .................................................... 47

Anexo V- Gabinete de administração de injetáveis e medições bioquímicas e

fisiológicas .................................................................................................................. 48

Anexo VI- Zona de Armazenamento ........................................................................... 48

Anexo VII- Laboratório ................................................................................................ 49

Anexo VIII- Aviso de interação entre a Budesonida e a vacina Rotateq® .................... 49

Anexo IX- Cartão de registo da pressão arterial e outros parâmetros bioquímicos ..... 50

Anexo X- Formações assistidas durante o estágio com respetiva data e local............ 51

Anexo XI- Etiqueta com menção de conservação no frigorífico .................................. 51

Anexo XII- Metabolismo da vitamina D27 ..................................................................... 52

Anexo XIII- Visão geral da forma de obtenção, síntese e ativação da vitamina D31 .... 52

Anexo XIV- Fontes alimentares de vitamina D2 e D3 [Adaptado de 45] ...................... 53

Anexo XV- Inquérito sobre a Vitamina D ..................................................................... 53

Anexo XVI- Panfleto sobre a Vitamina D..................................................................... 54

Anexo XVII- Distribuição dos inquiridos por sexo ........................................................ 55

Anexo XVIII- Distribuição dos inquiridos por idade ...................................................... 55

Anexo XIX- Distribuição dos inquiridos por resposta à questão “Alguma vez realizou

algum exame para saber os seus níveis de vitamina D?” ........................................... 55

Anexo XX- Distribuição dos inquiridos por índice de massa corporal .......................... 56

Anexo XXI- Distribuição dos inquiridos por resposta à questão “Alguma vez tomou

algum medicamento/ suplemento para aumentar os níveis de vitamina D?” ............... 56

Anexo XXII- Fluxograma de aconselhamento na diarreia infantil ................................ 57

Anexo XXIII- Apresentação Powerpoint sobre diarreia infantil .................................... 58

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Atividades realizadas durante o período de estágio na FN ............................ 1

Tabela 2. Ingestão dietética de referência para a Vitamina D [Adaptado de 31] ......... 26

Tabela 3. Adaptada de prontuário terapêutico, INFARMED, 2016 50-54 ....................... 29

Tabela 4. Grau de desidratação [Adaptado de 66] ...................................................... 36

Tabela 5. Mecanismos de interação entre os probióticos e prebióticos e o hospedeiro

[Adaptado de 76] ........................................................................................................ 38

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Associação sugerida da deficiência/insuficiência em Vitamina D com várias

doenças crónicas [Adaptado de 48] ............................................................................ 27

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PARTE I

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O ESTÁGIO

1. INTRODUÇÃO

O estágio curricular em farmácia comunitária corresponde à etapa final do Mestrado

Integrado em Ciências Farmacêuticas. É aqui que adquirimos conhecimentos de natureza

prática, competências técnicas e lidamos com os aspetos deontológicos inerentes à

realidade profissional da farmácia comunitária, que nos vão auxiliar no futuro desempenho

da profissão farmacêutica.

O meu estágio curricular em farmácia comunitária realizou-se na Farmácia Normal (FN)

localizada na cidade de Vila do Conde entre os dias 2 de novembro de 2017 e 9 de março

de 2018. Neste relatório é apresentado a organização e funcionamento da FN, assim como

todas as atividades em que estive envolvida durante o meu estágio. A figura 1 corresponde

a um cronograma com as atividades que realizei ao longo do estágio.

Tabela 1. Atividades realizadas durante o período de estágio na FN

Atividades Nov. Dez. Jan. Fev. Mar.

Integração na equipa de trabalho e ambientação ao contexto da FN

Receção, conferência e armazenamento de

encomendas

Controlo de Prazos de Validade

Gestão e Regularização de devoluções

Atendimento ao público

Conferência de receituário e faturação

Serviços Farmacêuticos

Formações

Projeto I

Projeto II

2. FARMÁCIA NORMAL

2.1. LOCALIZAÇÃO, DIREÇÃO TÉCNICA E HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

A FN localiza-se na Rua 5 de Outubro, nº1847 em Vila do Conde. Há mais de 115 anos

que serve a comunidade tendo sido atribuída a atual direção técnica à Drª Maria Alexandra

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Gajo Amorim Soares em 1996. A farmácia está localizada numa área de fácil acesso através

de transportes públicos, próxima de superfícies comerciais e com parque de estacionamento

gratuito nas redondezas, traduzindo-se numa maior afluência de utentes. Apresenta um

perfil muito heterogéneo de utentes, sendo a faixa etária mais abundante a dos idosos.

A farmácia encontra-se em funcionamento todos os dias da semana das 8.30h às 22.00h.

O horário dos colaboradores é realizado por turnos, existindo um turno da manhã (8.30h-

15.30h), turno do dia (10.00h-13h e 16.00h-22.00h) e o turno da noite (16.00h-22.00h). Eu

tive a oportunidade de realizar diferentes horários, o que permitiu o contacto com diversos

perfis de utentes.

2.2. RECURSOS HUMANOS

A equipa da FN é constituída na sua totalidade por doze elementos. O quadro

farmacêutico é composto pela Diretora Técnica, um Farmacêutico Adjunto e mais dois

Farmacêuticos. O quadro não farmacêutico é constituído por quatro Técnicos Auxiliares de

Farmácia, uma Profissional para aconselhamento cosmético e dermocosmético, um Auxiliar

de armazém e um Auxiliar de limpeza. A equipa conta com mais um elemento que faz a

gestão das compras da FN e da Farmácia Lusitana (FL), uma vez que fazem parte da

mesma sociedade.

O farmacêutico desempenha uma função vital na saúde e bem-estar do doente, devendo

garantir um tratamento com qualidade, eficácia e segurança. Para tal, este deve manter-se

atualizado a nível cientifico, ético e legal através de uma formação continua. É importante

também o papel do farmacêutico na atribuição de responsabilidades pela execução de cada

tarefa realizada na farmácia, assim como pela respetiva supervisão e avaliação, contribuindo

para uma boa gestão dos recursos humanos e uma otimização dos processos

desempenhados na farmácia. 1,2

2.3. ORGANIZAÇÃO DA FARMÁCIA

De modo a garantir o cumprimento das funções que ao farmacêutico compete, a FN

possui uma estrutura adequada que inclui instalações, equipamentos e fontes de informação

apropriadas que obedecem às normas descritas nas Boas Práticas Farmacêuticas para a

Farmácia Comunitária (BPF) aprovadas pelo Conselho Nacional da Qualidade, assim como

toda a legislação aplicável.3

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2.3.1. ESPAÇO FÍSICO EXTERIOR

Relativamente ao espaço exterior da FN, esta encontra-se equipada com um letreiro que

identifica a farmácia bem como um símbolo “cruz verde” que se encontra iluminado durante

a noite e quando a farmácia está de serviço. A FN encontra-se instalada ao nível da rua,

pelo que o acesso à farmácia é garantido a todos os utentes. A entrada possui uma placa

onde consta o nome da farmácia assim como a identificação do Diretor Técnico, informação

acerca do horário de funcionamento da mesma e relativamente às farmácias do município

em regime de serviço permanente.3 (Anexo I)

2.3.2. ESPAÇO FÍSICO INTERIOR

O espaço interior da FN é profissional, calmo e reúne todas as condições que permitem

uma otimização da comunicação entre o profissional de saúde e o utente. Assim, o espaço

apresenta apenas um piso onde estão inseridos seis balcões de atendimento ao público e

um balcão destinado ao aconselhamento e venda de produtos de dermocosmética e

perfumaria (Anexo II). Atrás dos balcões de atendimento, estão expostos em prateleiras

medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) agrupados pela sua classificação

farmacoterapêutica, com prioridade para aqueles que tratam patologias associadas à

sazonalidade atual e os que possuem elevada rotatividade. A zona inferior às prateleiras

contém gavetas onde estão armazenados outros medicamentos e produtos farmacêuticos

(PF), tais como pílulas, suplementos alimentares, gazes e compressas, desinfetantes, entre

outros, estando estes devidamente compartimentados, facilitando a rapidez e qualidade do

atendimento.

Ao longo da farmácia estão inseridas gôndolas com produtos de higiene oral, íntima e

corporal, produtos de puericultura, produtos capilares, dermocosmética, dispositivos

médicos entre outros artigos.

A FN dispõe também de uma zona constituída por duas cadeiras confortáveis onde se

procede à medição da pressão arterial (PA) e frequência cardíaca, bem como uma mesa de

apoio e um gabinete de atendimento personalizado equipado com casa de banho, que

permite um diálogo privado com o utente, garantindo a sua privacidade (Anexo III e IV).

Neste gabinete realizam-se também sessões de nutrição, sessões de aparelhos auditivos,

sessões de formação aos colaboradores da farmácia, entre outros. Existe ainda outro

gabinete onde são efetuadas diversas medições bioquímicas e a administração de

injetáveis. (Anexo V)

Para além disso, existe uma parte da farmácia restrita ao publico em geral onde podemos

encontrar um laboratório, uma zona de receção de encomendas, zona de armazenamento,

gabinete da Direção Técnica, um vestiário e instalações sanitárias. Esta área dispõe de dois

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computadores equipados com o sistema informático Sifarma 2000®, aptos para realizar

receção de encomendas e outras tarefas relacionadas com a gestão de medicamentos e

PF.

2.3.2.1. LABORATÓRIO

O laboratório é destinado à preparação de Medicamentos Manipulados (MM),

correspondendo a fórmulas magistrais ou preparações oficinais, bem como preparações

extemporâneas e os respetivos controlos de qualidade. O laboratório possui todo o material

adequado, superfícies de trabalho lisas e controlo de temperatura e humidade, que deve ser

inferior a 25oC e 65% respetivamente. (Anexo VII) No entanto, neste momento não são

preparados MM na FN.3

No laboratório encontra-se também um armário fechado com acesso restrito onde são

armazenados os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes.

2.3.3. EQUIPAMENTOS E DOCUMENTAÇÃO CIENTÍFICA

Todos os equipamentos que a FN dispõe garantem o correto funcionamento da mesma

e contribuem para uma melhor prestação dos cuidados de saúde à população.

Uma ferramenta indispensável que envolve todos os processos de gestão da farmácia é o

sistema informático Sifarma 2000® que está instalado em todos os computadores presentes na

FN. É através desta ferramenta que se torna possível a realização de todos os processos

inerentes ao inventário, desde a sua origem ao seu destino, de forma prática e eficaz, bem como

o auxílio do farmacêutico na dispensa de medicamentos/PF, oferecendo uma maior segurança

e cuidado no atendimento. Durante o meu estágio, o Sifarma 2000® foi essencial no ato da venda

durante o atendimento ao público, na geração e receção de encomendas, na organização do

receituário, na gestão dos prazos de validade, na consulta de stocks, entre outros.

A FN possui também um aparelho para medição da pressão arterial (PA) e frequência

cardíaca, uma balança eletrónica que regista a estatura, peso corporal e o índice de massa

corporal (IMC) resultante, bem como um aparelho que mede parâmetros bioquímicos como

a glicose e o colesterol. Possui, ainda, equipamentos que monitorizam a temperatura e

humidade do frigorífico, armazém e da área de atendimento ao público, que são calibrados

anualmente segundo os requisitos do INFARMED. Dispõe também de outros equipamentos

essenciais ao funcionamento da farmácia como telefones, impressoras e fotocopiadoras.

De acordo com a legislação em vigor, a FN dispõe nas suas instalações da Farmacopeia

Portuguesa, assim como o Prontuário Terapêutico, que nos orienta na utilização terapêutica

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dos medicamentos e no seu uso racional, traduzindo-se num apoio fundamental na

prescrição e aconselhamento farmacêutico.1

2.4. GESTÃO DA FARMÁCIA

Para que uma farmácia seja bem sucedida necessita de adotar técnicas e estratégias

que garantam uma melhoria dos processos operacionais e aumentem a eficiência e

produtividade do negócio, de modo a rentabilizar a atividade sem ultrapassar os limites

éticos e sem prejuízo para a saúde do utente. Apesar da farmácia comunitária se assumir

como um estabelecimento de saúde pública, desempenha também uma atividade comercial,

de preferência, financeiramente sustentável. Deste modo, a FN tem implementada a

metodologia Kaizen, que tem como base a mudança para melhor ou melhoria contínua. Esta

filosofia tem como objetivos a redução de custos, rentabilização e otimização de recursos e

espaços, maximização da produtividade e eliminação de desperdícios, contribuindo para o

aperfeiçoamento do desempenho global da instituição. A FN possui uma ferramenta de

gestão visual denominada quadro Kaizen, que contém informações relevantes para todos

os colaboradores, nomeadamente as tarefas desempenhadas por cada um dos elementos,

indicadores de desempenho, agenda de formações, entre outros, que estão visíveis de

forma apelativa com objetivo de melhorar a comunicação interna.

2.4.1. FORNECEDORES E CRITÉRIOS DE AQUISIÇÃO

O processo de aquisição de medicamentos e PF deve ser criterioso e exaustivo na

medida em que se traduz numa boa gestão económica, do stock e uma melhor prestação

de serviços à comunidade. Como tal, a escolha de um fornecedor tem em conta diferentes

aspetos, tais como o tempo de entrega dos produtos, o seu custo e condições de

pagamento, cumprimento do horário de entrega previsto, facilidade de devolução e falhas

de entrega.

Os distribuidores grossistas que trabalham com a FN são a OCP Portugal®, que realiza

três encomendas diárias e a Alliance Healthcare®, normalmente mais utilizada no caso das

encomendas instantâneas. Recentemente, a FN passou a fazer parte do grupo de compras

Holon®, que lhe confere vantagens em termos comerciais.

A aquisição de produtos também pode ser realizada através de encomendas diretamente

ao laboratório, geralmente exigindo uma quantidade mínima a encomendar, com a

vantagem de apresentar uma maior margem de lucro, apoio de merchandising e marketing.

Habitualmente, a FN recorre aos laboratórios para encomendas de produtos de cosmética,

puericultura e produtos sazonais.

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Independentemente do fornecedor, a aquisição de qualquer produto é realizada

essencialmente com base no nível de stock mínimo e máximo do produto, histórico de

compras e vendas, sazonalidade e diferenciação em relação às outras farmácias ou locais

de venda de produtos de saúde.

2.4.2. REALIZAÇÃO DE ENCOMENDAS

As vias mais frequentemente utilizadas para a realização de encomendas aos

distribuidores são através do Sifarma 2000® e a via telefónica. Através do Sifarma2000®

podemos realizar vários tipos de encomendas, sendo que as encomendas diárias,

instantâneas e manuais serão alvo de maior detalhe visto serem as que contactei

habitualmente durante o estágio.

As encomendas diárias são geradas automaticamente pelo sistema tendo por base os

stocks mínimos e máximos definidos na ficha de cada produto. Assim que o stock mínimo

de um produto é atingido é gerada uma nota de encomenda por forma a perfazer o stock

máximo do mesmo, que será revista pela pessoa responsável pelas encomendas e que

procede a alterações conforme necessário, sejam elas a alteração das quantidades,

inserção ou exclusão de produtos, entre outros, que pode variar consoante a sazonalidade,

flutuações de preço ou existência de campanhas promocionais.

As encomendas instantâneas são aquelas que geralmente são realizadas para produtos

com baixa rotatividade e procura, e que por isso, nem sempre se encontram disponíveis em

stock. Este tipo de encomendas pode ser realizado via Sifarma2000® ou via telefónica,

sendo que neste último caso podermos tirar esclarecimento sobre os produtos e é sobretudo

utilizado em situações mais urgentes onde sabemos com mais certeza o horário previsto de

chegada do produto.

As encomendas manuais correspondem a encomendas que foram realizadas por

telefone, uma vez que por esta via não é gerado automaticamente a encomenda no sistema

informático e, por isso, temos de proceder à sua criação de forma manual. Para pedidos

realizados diretamente aos laboratórios geralmente é também necessário a realização de

uma encomenda manual para posteriormente proceder à sua receção.

Quando as encomendas são realizadas aos laboratórios, habitualmente acontecem por

intermédio de delegados comerciais quando este realiza a sua visita à farmácia e após

análise do histórico de vendas.

Durante o estágio tive a oportunidade de realizar encomendas diárias e instantâneas via

Sifarma 2000® e via telefónica, sobretudo devido à sua necessidade aquando o atendimento

ao público por indisponibilidade dos produtos naquele momento, assim como a criação de

encomendas manuais, necessárias para a respetiva receção.

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7

2.4.3. RECEÇÃO E CONFERÊNCIA DE ENCOMENDAS

O processo de receção e conferência de encomendas inicia-se com a chegada à farmácia

dos contentores que contêm os produtos encomendados e que estão devidamente

identificados com o nome do fornecedor, acompanhados das respetivas faturas ou guias de

remessa. Nestes documentos, encontramos a identificação do fornecedor e da farmácia,

bem como outras informações que serão relevantes em todo o processo de conferência, tais

como número da fatura/guia, a identificação e quantidade dos produtos enviados, o Preço

de Venda à Farmácia (PVF), o total faturado, entre outros.

Quando uma encomenda chega à farmácia, é colocada numa zona especifica e

delimitada onde fica a aguardar receção. Para a receção das encomendas, recorremos o

programa Sifarma 2000® e selecionamos a encomenda previamente criada que queremos

rececionar. Sempre que esta contenha produtos que são armazenados no frio ou contenham

psicotrópicos e estupefacientes é dada prioridade de conferência e armazenamento dos

mesmos. Após selecionar a encomenda a rececionar, identificamos o número da fatura ou

guia de remessa assim como o valor total descrito. Posteriormente, é dada entrada dos

produtos encomendados a partir da leitura ótica dos códigos de barras ou através da

inserção manual do Código Nacional de Produto (CNP), sendo verificado simultaneamente

o seu prazo de validade (PV) e preço de venda ao público (PVP). O PV dos produtos deve

ser atualizado quando o mesmo se apresenta inferior ao existente na farmácia e quando é

um produto novo e ainda não há histórico de PV. Na situação de um produto com novo PVP,

este é atualizado caso o stock do produto seja nulo ou permanece inalterado no caso de

existir o mesmo produto em stock com PVP diferente e é assinalado o produto com novo

PVP, de modo a que, aquando a dispensa do mesmo, o farmacêutico esteja alertado para

o preço novo daquele produto.

Depois de dar entrada de todos os produtos, é verificado se o número de unidades

corresponde ao descrito na fatura/guia e de seguida é realizada uma atualização do PVF de

cada produto. Para os produtos sem preço impresso na cartonagem (PIC), temos ainda de

colocar a margem de lucro definida pela farmácia. No fim, é verificado se o total faturado

corresponde ao identificado na fatura e caso tudo esteja conforme, a receção é aprovada,

sendo a fatura original rubricada e enviada para a contabilidade.

Quando a encomenda contém medicamentos psicotrópicos, estupefacientes e

benzodiazepinas, vem acompanhada de uma requisição especial, a qual é carimbada,

assinada e posteriormente arquivada por um período mínimo de 3 anos.

A receção de encomendas é um processo que denota elevada atenção, nomeadamente

no que toca a erros cometidos pelo distribuidor e que se traduzem em prejuízo para a

farmácia. Assim, é importante estar alerta para produtos faturados não recebidos, troca de

medicamentos, produtos com PVF anormalmente elevados, embalagem secundária

danificada, entre outros, e proceder de imediato à respetiva reclamação.

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8

A conferência e receção de encomendas é um processo realizado várias vezes ao dia

em qualquer farmácia, e por isso, desde cedo contactei com esta realidade. Este

procedimento permitiu-me contextualizar com os vários laboratórios que produzem

medicamentos, as diferentes dosagens que pode haver para a mesma substância ativa e

associar o nome comercial do medicamento ao seu principio ativo e à sua classificação

farmacoterapêutica. Por outro lado, forneceu-me conhecimento acerca dos produtos

disponíveis na farmácia e das novidades que são frequentes, e que, por exemplo, a nível do

atendimento, fazem a diferença na escolha do tratamento certo para uma condição

especifica.

2.4.4. CONTROLO E GESTÃO DE STOCKS

A gestão do stock de medicamentos e PF deve ser realizada de forma a que sejam

garantidas as necessidades dos utentes, tendo em conta a capacidade financeira da

farmácia nesse investimento, a rentabilidade dos produtos e o espaço físico disponível para

o armazenamento dos mesmos.

Deste modo, é necessário que haja um equilíbrio de maneira a que não haja um excesso

de stock, que origina mais produtos com baixa rotatividade e maior probabilidade de

expiração de PV, nem um défice de stock, que apesar de resultar numa menor redução de

desperdícios não garante uma maior disponibilidade de produtos aos utentes.

Para garantir o correto funcionamento da farmácia, a gestão dos stocks é realizada tendo

por base o stock mínimo e máximo definido na ficha de cada produto. Estes têm em conta

critérios como a sazonalidade e rotatividade dos produtos, a existência de publicidade nos

meios de comunicação social, campanhas promocionais e bonificações. Através do

Sifarma2000® temos também acesso ao histórico de vendas de cada produto que reflete a

evolução das vendas ao longo do tempo e que nos auxilia na decisão de aquisição ou não

do produto.

Durante o meu estágio, constatei que o controlo e gestão de stocks é inerente ao trabalho

diário do farmacêutico. Deste modo, a FN dispõe de um documento onde caso detetemos

um erro de stock, colocamos a data, o produto em questão e identificamos o stock correto

do mesmo e assim que possível, a Diretora técnica procede à sua alteração a nível

informático. Ainda, várias vezes por ano são realizadas contagens físicas para verificação

do stock da farmácia e sempre que existam irregularidades, estas têm de ser identificadas,

justificadas e comunicadas à contabilidade. Saliento ainda que anualmente é realizado um

inventário onde o stock informático é revisto, de maneira a que corresponda ao stock físico.

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9

2.4.5. CRITÉRIOS E CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO

A área de armazenamento de medicamentos/PF encontra-se dividida por secções. Nesta

área encontramos uma zona de gavetas metálicas que armazenam os medicamentos de

marca, benzodiazepinas, produtos oftálmicos, auriculares e medicamentos de protocolo,

organizados por ordem alfabética seguido da dosagem e ainda uma zona delimitada que

acondiciona os medicamentos pagos pelos utentes que tiveram de ser encomendados pois

não estavam disponíveis na farmácia na altura do atendimento. Junto a esta área encontra-

se o frigorífico, destinado aos medicamentos que devem ser conservados entre 2oC e 8oC,

dividido em insulinas e restantes produtos, como colírios, vacinas, anéis vaginais, entre

outros.

Nesta área, existem ainda três corredores adaptados com prateleiras onde estão

dispostos os medicamentos genéricos por DCI (denominação comum internacional),

seguido do nome do laboratório por ordem alfabética e pela dosagem, bem como os

antibióticos que se encontram numa secção própria. Existe ainda um local destinado aos

medicamentos/PF que se encontram reservados. Na área adjacente, encontramos secções

de prateleiras onde estão dispostas as soluções e suspensões orais, granulados, ampolas,

medicamentos de ação tópica (geles, pomadas, cremes, entre outros) e dispositivos

médicos.

O armazenamento dos produtos também segue também a regra do First expired, First

out, de modo a que os produtos com menor PV sejam os primeiros a ser dispensados,

evitando desperdícios.

Para além disso, todos os dias é realizada uma monitorização da temperatura e

humidade recorrendo a aparelhos específicos. Dentro do armazém deve ser inferior a 25oC

e inferior a 60% respetivamente, enquanto que no frigorífico a temperatura deve rondar entre

os 2oC e os 8oC.3

2.4.6. CONTROLO DE PRAZOS DE VALIDADE

O controlo do PV dos produtos é fundamental para uma boa gestão do inventário da

farmácia. Desta forma, garantimos que não haja prejuízo económico para a farmácia e que

o produto que chega ao utente apresenta-se em condições de ser administrado.

Este controlo é realizado em dois momentos distintos. O primeiro, já referido, acontece

aquando a receção das encomendas, onde o PV dos produtos é atualizado no sistema

informático. O segundo processo de controlo do PV acontece todos os meses, após a

emissão através do Sifarma2000® de uma lista onde constam todos os produtos com PV a

terminar nos 3 meses seguintes. São verificados todos os produtos referidos na lista e são

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postos de lado para que sejam dispensados ou devolvidos, ou no caso de o prazo já ter

terminado tentar a devolução e em último recurso fazer quebra do stock.

Durante o estágio, o controlo do PV de medicamentos é uma tarefa desempenhada com

alguma regularidade, dada a sua ligação com a receção de encomendas. Mensalmente,

também realizei o controlo de PV através da lista emitida pelo sistema e dei um destino final

a cada produto conforme a sua situação. Por vezes, os PV estão incorretos e é executada

a respetiva correção na lista guardada no sistema informático.

2.4.7. DEVOLUÇÕES

Existem vários motivos pelos quais é realizada uma devolução de um produto, sejam

porque este não se encontra em condições de ser comercializado, devido à expiração do

PV, no caso deste ter chegado à farmácia com a embalagem danificada ou porque foi

emitida uma circular pelo INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de

Saúde, I.P. (INFARMED) com ordem de suspensão da comercialização, seja pelo facto de

ter sido efetuada uma encomenda por engano ou o distribuidor tenha enviado algum produto

que não foi encomendado.

A farmácia procede então à emissão de uma nota de devolução através do Sifarma2000®,

onde é inserido o fornecedor e a identificação do produto a devolver, assim como o número

da fatura e o motivo da devolução. A nota de devolução é impressa em triplicado, ficando

uma cópia na farmácia e as restantes são enviadas para o fornecedor juntamente com o

produto a devolver. Se a devolução for aceite, o fornecedor emite uma nota de crédito ou

troca por outro produto, sendo a devolução regularizada através do Sifarma 2000®. Em caso

negativo, o produto regressa novamente à farmácia e vai para quebra, traduzindo-se em

prejuízo para a farmácia, mas com tratamento fiscal.

Pela minha experiência enquanto estagiária, constatei que os motivos principais de

devolução de produtos eram a expiração de PV assim como produtos que eram pedidos

pelos utentes, mas não eram levantados. Na FN realizam-se reservas de medicamentos e

PF que geralmente ficam guardados durante três dias. Por vezes, os utentes não vêm

levantar as suas encomendas, pelo que nestas situações temos de ponderar a devolução

do produto, nomeadamente no caso de estes terem um custo avultado para a farmácia ou

se a sua rotatividade assim o justificar. Ocasionalmente, procedia então à realização de

notas de crédito e à regularização de devoluções.

3. DISPENSA DE MEDICAMENTOS E OUTROS PRODUTOS DE SAÚDE

O objetivo principal da farmácia comunitária consiste na cedência de medicamentos,

cumprindo os requisitos farmacêuticos, éticos e legais, com aplicação dos conhecimentos

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científicos que dispomos e recorrendo a fontes de informação sempre que necessário,

promovendo a saúde da população e reduzindo a morbilidade e mortalidade associadas ao

uso incorreto do medicamento.3,4

A dispensa de medicamentos é o ato profissional farmacêutico que compreende uma

avaliação da medicação e cedência da mesma, mediante uma prescrição médica, em

regime de automedicação ou como resultado do aconselhamento farmacêutico. Esta é

acompanhada de toda a informação que ao medicamento diz respeito, por forma a promover

o seu uso correto e limitando PRM.3

3.1. MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

Os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) são dispensados apenas em

farmácias e a sua dispensa está sujeita à apresentação de uma receita médica prescrita por

profissionais habilitados. Segundo o Estatuto do Medicamento, são considerados MSRM

aqueles que apresentem uma das seguintes condições:5

• Possam constituir um risco direto ou indireto para a saúde do doente, caso sejam

utilizados sem vigilância médica, mesmo quando usados para o fim a que se

destinam;

• Possam constituir um risco direto ou indireto para a saúde, quando utilizados com

frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se

destinam;

• Contenham substâncias ou preparações à base dessas substâncias, cuja atividade

ou reações adversas seja indispensável aprofundar;

• Destinem-se a ser administrados por via parentérica.

3.1.1. PRESCRIÇÃO MÉDICA

A prescrição médica (PM) constitui o primeiro contacto no procedimento de dispensa de

MSRM, incluindo medicamentos manipulados e medicamentos contendo estupefacientes ou

substâncias psicotrópicas, assim como outros produtos comparticipados pelo Estado,

nomeadamente equipamentos para autocontrolo da diabetes mellitus e produtos dietéticos,

conforme a Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de maio. Esta deve ser realizada através da via

eletrónica ou excecionalmente por via manual, em caso de falência do sistema informático,

de inadaptação fundamentada do prescritor, de prescrição ao domicílio e noutras situações

até um máximo de quarenta receitas médicas por mês.6

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A prescrição de medicamentos necessita, de forma obrigatória, de conter a DCI da SA, a

forma farmacêutica, dosagem, apresentação e posologia. Adicionalmente, esta pode

incorporar uma denominação comercial, por marca ou indicação do titular de Autorização de

introdução no mercado (AIM). Existem, ainda, outras situações em que o médico pode

indicar justificações técnicas que impeçam a substituição do medicamento prescrito com

denominação comercial, nomeadamente, a “Exceção a)” Margem ou índice terapêutico

estreito, “Exceção b)” Reação adversa prévia e “Exceção c)” Continuidade de tratamento

superior a 28 dias.5

As medidas que existem atualmente vão no sentido da desmaterialização da prescrição,

sendo que podemos encontrar dois tipos de receitas eletrónicas: Prescrição eletrónica

desmaterializada e Prescrição eletrónica materializada. A primeira é acessível através de

equipamentos eletrónicos, enquanto que na segunda a prescrição é impressa.7

3.1.2. VALIDAÇÃO DA PRESCRIÇÃO

Assim que o farmacêutico tem contacto com a PM e antes de dispensar a medicação que

nela consta, necessita de analisa-la procedendo então à sua validação. Deste modo, para

que uma receita eletrónica seja válida, necessita de conter o número da receita, local da

prescrição, identificação do médico prescritor, nome e número de utente, número de

benificiário, regime especial de comparticipação de medicamentos representado pelas letras

“R” e “O”, se aplicável, data da prescrição e a assinatura do prescritor. Relativamente à

prescrição dos medicamentos, esta deve ser efetuada pela indicação da DCI, seguida da

forma farmacêutica, dosagem, tamanho da embalagem e posologia. Esta também pode ser

realizada por nome comercial do medicamento ou do titular de AIM.8

No caso de uma prescrição eletrónica desmaterializada, cada linha de prescrição contém

um medicamento, até ao máximo de duas embalagens, com uma validade de trinta dias ou

seis embalagens com uma validade de seis meses. Se for uma prescrição eletrónica

materializada, cada receita pode conter quatro medicamentos diferentes prescritos, num

total de quatro embalagens por receita, podem ser prescritas no máximo duas embalagens

por medicamento e possui uma validade de trinta dias podendo ser renovável até seis

meses. Em ambas, medicamentos que se apresentem sob a forma de embalagem unitária

podem ser prescritas até quatro embalagens do mesmo medicamento.7

Relativamente às prescrições manuais, são aplicadas as mesmas condições acima

descritas, bem como a identificação da exceção que justifica a utilização da receita manual.

Adicionalmente, estas receitas não podem conter rasuras, caligrafias diferentes, nem ser

prescritas recorrendo a diferentes canetas ou a lápis. Em cada receita podem ser prescritos

até quatro medicamentos diferentes, num total de quatro embalagens por receita, no máximo

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duas embalagens por medicamento ou quatro embalagens em caso de medicamentos de

dose unitária e possui uma validade de trinta dias.7

3.1.3. DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA

O ato de dispensa de medicamentos pelo farmacêutico deve incluir a informação ao

utente acerca dos medicamentos disponíveis na farmácia que contenham a substância ativa,

forma farmacêutica, apresentação e dosagem idêntica à do medicamento prescrito, assim

como aqueles que são comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) e os que

possuem um PVP mais baixo. Assim sendo, é fundamental que a farmácia possua uma boa

gestão dos stocks, de modo a que haja no mínimo três medicamentos diferentes que

possuam a mesma substância ativa (SA), dosagem e forma farmacêutica e que integram os

cinco preços mais baixos de cada grupo homogéneo, devendo ser dispensado ao utente

aquele com menor PVP, salvo indicação contrária.5

No ato da dispensa, o farmacêutico deve sempre garantir que o utente sai da farmácia

com conhecimentos necessários no que diz respeito à sua medicação. Por exemplo, numa

situação em que o utente possuía uma receita com dois colírios diferentes e com posologias

que variavam ao longo do tempo de administração, após explicação da respetiva posologia

e de todos os cuidados a ter a nível de limpeza ocular, solicitei ao utente que me explicasse

como tinha de tomar aquela medicação, de modo a comprovar a apropriação de

conhecimentos e capacidades por parte do utente. Por outro lado, quando me surgiam

receitas manuais, pedia uma segunda validação a outro colega, por forma a tornar a

dispensa mais segura.

3.1.4. SUBSISTEMAS DE SAÚDE E ENTIDADES COMPARTICIPADORAS

Segundo a legislação em vigor, a comparticipação de medicamentos pode ser realizada

através de um regime geral e de um regime especial, relacionado com situações específicas

que abrangem determinadas doenças ou medicamentos particulares.9

A comparticipação através do regime geral realiza-se tendo em conta um sistema de

escalões em que o Estado paga parte do preço do medicamento. Este sistema é organizado

de forma a que cada medicamento pertença a um escalão específico, dependendo da sua

classificação farmacoterapêutica. Os escalões e a respetiva comparticipação do Estado são

os seguintes:10

• Escalão A – 90%;

• Escalão B – 69%;

• Escalão C – 37%;

• Escalão D – 15%.

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De salientar que os medicamentos destinados a patologias mais incapacitantes ou

crónicas têm uma maior comparticipação. Assim, a titulo exemplificativo, no escalão A

encontramos os antidiabéticos orais, no escalão B os antibióticos e no escalão C os anti-

inflamatórios.11

No que diz respeito ao regime especial de comparticipação, este tem previsto dois tipos

de comparticipação: em função dos beneficiários e em função das patologias ou de grupos

especiais de utentes. Como tal, aplica-se a letra "R" para os utentes pensionistas, onde a

comparticipação do Estado no preço dos medicamentos do escalão A é acrescida de 5 % e

nos escalões B, C e D é acrescida de 15 % e, no caso dos medicamentos genéricos a

comparticipação é de 95% para todos os escalões. A letra "O" aplica-se aos utentes com

determinadas patologias, devendo o médico prescritor mencionar na receita o diploma

correspondente. As condições de acesso aos medicamentos comparticipados pelo SNS são

definidas por despacho do membro do Governo responsável pela área da saúde, sendo que

o valor da comparticipação depende da patologia. Dentro das patologias especiais

abrangidas por este regime estão a Paramiloidose, Doença de Alzheimer, Psoríase, entre

outros.9,10,12

Existem ainda alguns casos, em que o utente beneficia de mais do que um organismo de

comparticipação. Além da comparticipação do estado, existem outros subsistemas de saúde

que comparticipam em regime de complementaridade, tais como os Serviços de Assistência

Médico Social (SAMS), Caixa-Geral de Depósitos e EDP Sãvida®.

3.1.5. DISPENSA DE PSICOTRÓPICOS OU ESTUPEFACIENTES

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes são prescritos no âmbito do

tratamento de várias patologias e possuem diversas aplicações clínicas, nomeadamente nas

doenças psiquiátricas e oncológicas. No entanto, apesar das suas propriedades benéficas,

estas substâncias apresentam certos riscos que incluem a habituação e até dependência,

pelo que é indispensável que haja um controlo rigoroso das mesmas com o intuito de

promover a sua utilização no âmbito clínico e de acordo com as indicações médicas.13

Aquando a dispensa deste tipo de medicação, é obrigatório o registo de certas

informações, tais como o número da receita e identificação do médico prescritor, os dados

do doente (nome e morada) assim como os dados do adquirente (nome, morada, data de

nascimento e número de identificação pessoal), sendo que apenas podemos dispensar a

medicação no caso deste possuir mais de dezoito anos. No final da venda, é emitido o

documento de psicotrópicos que deve ser anexado à cópia da receita e é arquivado na

farmácia por um período mínimo de três anos.14

Mensalmente, são enviados para o INFARMED todos os registos de saídas de

psicotrópicos e estupefacientes e é enviado anualmente o mapa de balanço.15

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Durante o meu estágio, tive a oportunidade de dispensar várias receitas com este tipo de

medicação, tendo sempre cuidado na validação da respetiva receita e aquando a dispensa

de registar todos os dados obrigatórios, assim como explicar ao utente a importância da

administração consoante as indicações médicas.

3.1.6. PROCESSAMENTO DE RECEITUÁRIO E FATURAÇÃO

Nas receitas materializadas, após a dispensa de MSRM sujeitos a comparticipação, é

impresso no verso da receita um documento de faturação onde está presente a identificação

da farmácia, o número da receita, a data da dispensa, a identificação do(s) medicamento(s)

dispensado(s), o custo de cada medicamento e o total faturado, assim como o respetivo

valor da comparticipação. Este documento é assinado pelo utente que avia a medicação,

assim como pelo farmacêutico que a dispensa, acompanhado da rubrica, data e carimbo da

farmácia.

Posteriormente, as receitas são sujeitas a segunda validação, onde é verificado se o

número da receita impresso no documento de faturação é idêntico ao da receita, se o

medicamento dispensado corresponde ao que foi prescrito e se está presente assinatura do

utente e do farmacêutico, data e carimbo da farmácia. De seguida, as receitas são

organizadas por organismo comparticipante e ordenadas através de lotes de trinta receitas,

por ordem crescente de numeração.

No final de cada mês, recorremos ao Sifarma2000® para gerir a faturação dos lotes,

através da emissão de um verbete de identificação do lote, verbete de resumo do lote e

respetivas faturas, que identificam a farmácia e os organismos comparticipantes. Este

documento é então datado e assinado, sendo posteriormente enviado para o Centro de

Conferência de Faturas ou para a Associação Nacional de Farmácias conforme se tratem

de receitas do SNS ou dos restastes organismos, respetivamente.16

Em algumas situações, o receituário poderá conter certas incongruências que justificam

a sua devolução à farmácia com perda da comparticipação, sendo que nestes casos, a

farmácia procede à sua correção sempre que possível.

3.2. MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MEDICA

Medicamentos que não preencham qualquer das condições previstas para os MSRM não

estão sujeitos a receita médica. Os MNSRM já são usados há vários anos e sabe-se que

possuem um perfil de segurança bem conhecido, apresentando critérios de qualidade,

segurança e eficácia, pelo que a sua dispensa não requer uma prescrição médica. Estes

destinam-se ao tratamento de problemas de saúde ligeiros, tais como estados gripais, aftas,

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tosse, queimaduras de 1ºgrau, caspa, entre outros, no entanto, a sua administração deve

atender às indicações do médico ou farmacêutico.5,17

Os MNSRM possuem inúmeras vantagens para a sociedade, nomeadamente o

fornecimento de uma opção de tratamento que é mais rápida e menos onerosa, evitando

longos tempos de espera para uma consulta médica e todos os encargos inerentes, assim

como a garantia de um bom funcionamento do SNS na medida em que são evitadas

consultas desnecessárias dando oportunidade aos profissionais de saúde para se

dedicarem aos doentes com patologias graves e com maior necessidade de cuidados.17

Durante a minha experiência como estagiária, foram inúmeras as vezes em que me foram

solicitadas questões acerca de MNSRM, bem como opções de tratamento recorrendo a este

tipo de medicação. Tendo em conta a época do ano em que realizei o meu estágio, uma

grande parte dos utentes referia sintomas de gripe e constipação, bem como tosse seca ou

com expetoração. Para um adulto saudável com sintomas gripais que incluíam dor de

cabeça e congestão nasal o aconselhamento passaria por MNSRM com ação analgésica e

anti-histamínica. No caso de tosse com expetoração para um individuo adulto que é fumador

o mais aconselhado seria um mucolítico com carbocisteína.

Por outro lado, surgem também casos de automedicação onde existe uma informação

errada sobre o medicamento solicitado pelo utente. Num caso de dor de garganta foi-me

solicitado Strepsils® pastilhas, após conversa com o utente, este apresentava sinais de

inflamação, nomeadamente através de queixas de dor ao engolir e sensação de garganta

inchada, pelo que lhe foi aconselhado outras pastilhas com ação anti-inflamatória.

Nesta altura do ano, de modo a aumentar as defesas naturais e prevenir episódios gripais

ou de constipação, foram habitualmente sugeridos MNSRM contendo ácido ascórbico na

sua composição, recomendando adicionalmente a vacinação contra a gripe.

3.3. DISPENSA DE OUTROS PRODUTOS FARMACÊUTICOS

A FN tem disponível para os utentes outros produtos de saúde, que apresentam diversas

funções, nomeadamente de diagnóstico, monitorização, tratamento, reabilitação, entre

outros. Dentro desta área, incluem-se os produtos de Cosmética e Higiene Corporal,

Produtos Dietéticos, Dispositivos Médicos, Medicamentos de uso Veterinário e

Medicamentos Manipulados.18

3.3.1. DISPENSA DE MEDICAMENTOS MANIPULADOS

Entende-se por MM "qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal preparado e

dispensado sob a responsabilidade de um farmacêutico" segundo o Decreto-Lei n.º 95/2004,

de 22 de abril.19

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17

Apesar de atualmente não serem preparados MM na FN, é realizada a dispensa dos

mesmos oriundos da Farmácia Lusitana (FL), que pertence ao mesmo grupo. Assim, todas

as receitas de manipulados são digitalizadas e enviadas para a FL que procede à sua

realização de acordo com as boas práticas a observar na preparação de medicamentos

manipulados. Uma vez o MM preparado, é enviado para a FN juntamente com a ficha de

preparação que é arquivada no laboratório por um período mínimo de 3 anos.20

Aquando a dispensa de um MM, o utente deve ter conhecimento de todas as informações

importantes no que concerne ao medicamento e modo de utilização, bem como as

condições de conservação e o prazo de validade do mesmo.21

O cálculo do PVP do MM é realizado segundo a Portaria n.º 769/2004, de 1 de julho e

baseia-se no valor dos honorários da preparação, no valor das matérias-primas e no valor

dos materiais de embalagem. Para que o MM seja comparticipável, deve ser prescrito

isoladamente com indicação da SA(s), respetiva(s) dosagem(ns), excipiente(s) e forma

farmacêutica, bem como a designação f.s.a. (faça segundo a arte). Aqueles sujeitos a

comparticipação pelo SNS encontram-se no anexo do Despacho n.º 18694/2010, de 18 de

novembro, sendo a comparticipação de 30% do respetivo PVP.21,22

.

4. CUIDADOS FARMACÊUTICOS

Os cuidados farmacêuticos são uma da prática profissional do farmacêutico em que o

principal benificiário é o paciente. Têm por base as atitudes, compromissos, preocupações,

a ética, o conhecimento, responsabilidades e habilidades do farmacêutico na dispensa da

terapia farmacológica com o objetivo de alcançar um resultado terapêutico favorável em

relação à saúde do paciente e na sua qualidade de vida. Deste modo, o farmacêutico

assume uma responsabilidade na prevenção e diminuição de morbilidades associadas ao

uso do medicamento, destacando-se na área da Saúde Pública.23,24

O farmacêutico atua a vários níveis, tais como a cedência, indicação e revisão

terapêutica, educação para a saúde, farmacovigilância, seguimento farmacoterapêutico,

assim como na promoção do uso racional do medicamento. De facto, o papel do

farmacêutico interage no âmbito geral do medicamento, assegurando uma prestação de

cuidados de saúde de qualidade e eficácia, evitando PRM.5 Talvez por isso, continuamos a

ser o profissional a quem o utente recorre em primeiro lugar.

Parte do estágio em farmácia comunitária inclui o contacto com os utentes, através do

atendimento ao público. Nos casos em que o utente chega com uma receita médica para

aviar, é importante perceber se é a primeira vez que vai iniciar aquela medicação ou se já é

um tratamento crónico. No primeiro caso, é relevante que o utente entenda bem a posologia

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e qual a função de cada medicamento, pelo que na maior parte das vezes para além de

esclarecer oralmente o utente, escrevia nas embalagens, assim como abordar igualmente a

terapia não farmacológica que o doente deve adotar. Num caso real, uma utente que se

deslocou à farmácia para aviar um medicamento anti-hipertensor pela primeira vez, foi-lhe

explicado a posologia do medicamento, assim como a adoção de uma alimentação

saudável, restringindo o consumo de sal e privilegiando a água, frutas e legumes.

Adicionalmente, expliquei-lhe que uma vez que iria iniciar esta medicação, que deveria medir

a sua PA todas as semanas numa fase inicial de modo a monitorizar os resultados,

sugerindo que o pudesse fazer na farmácia, tratando-se de um serviço gratuito. No caso de

se tratar de um paciente a realizar um tratamento crónico, o seguimento farmacoterapêutico

passa por abordar o utente relativamente a dúvidas que possa ter relativamente à

medicação e questionar se alguma vez sentiu alguma reação adversa.

O farmacêutico é também responsável pela identificação e resolução de problemas

relacionados com a medicação (PRM), protegendo o utente de possíveis resultados

negativos associados à medicação. Numa situação real, uma utente dirigiu-se à farmácia

com uma receita de Budesonida e outra receita para levantar a segunda dose da vacina

Rotateq® para a sua filha. O Sifarma 2000® alertou para a presença de interação entre os

dois medicamentos, pelo que, uma vez que a segunda dose da vacina iria ser aplicada no

dia seguinte, foi aconselhado o adiamento do tratamento com Budenosida por umas

semanas, para que não haja risco de uma menor resposta à vacina ou de contrair uma

infeção resultante da vacinação. (Anexo VIII)

5. SERVIÇOS PRESTADOS

A farmácia comunitária revela-se cada vez mais como um espaço importante que

promove a saúde e bem-estar dos utentes, afastando-se cada vez mais da ideia de um mero

local de venda de medicamentos e da produção de medicamentos manipulados. Como tal,

é fundamental a oferta de vários serviços farmacêuticos com qualidade e eficácia, prestados

por profissionais altamente qualificados, recorrendo a instalações e equipamentos

recomendados.3,25

A FN dispõe de vários serviços, entre os quais, a determinação de diversos parâmetros

bioquímicos e fisiológicos, administração de injetáveis, rastreios e sessões de nutrição,

rastreios auditivos, campanhas de informação, colaboração em programas de educação

para a saúde, Valormed e recolha de radiografias. Neste momento, a FN dispõe ainda de

entrega de medicamentos ao domicílio em exclusivo para três instituições cumprindo os

requisitos impostos pela lei.

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5.1. DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E FISIOLÓGICOS

A determinação dos parâmetros bioquímicos e fisiológicos permitem ao farmacêutico

avaliar o estado de saúde dos utentes e a realização de um seguimento farmacoterapêutico

do mesmo.3

Neste contexto, a FN tem à disposição do utente a medição da PA e a frequência

cardíaca, o peso, altura e IMC, assim como o teste de glicémia, dos níveis de colesterol e

triglicerídeos.

Durante o meu estágio tive oportunidade de realizar inúmeras medições de PA com

recurso a um tensiómetro digital, garantindo que o utente se encontrava sentado

confortavelmente, relaxado e com o braço posicionado à altura do peito, num ângulo de 45o,

assim como assistir à medição dos valores de glicémia e colesterol, realizados de

preferência em jejum, através da punção capilar. Aquando a prestação destes serviços,

procedia à interpretação dos resultados obtidos, informando sempre o utente dos riscos

inerentes a valores elevados de PA, glicémia ou colesterol, assim como medidas preventivas

e, no caso de se tratar de um doente hipertenso, diabético ou com hipercolesterolemia,

reforçar a importância da toma correta da medicação, da medição destes parâmetros de

forma regular e de medidas não farmacológicas que podem complementar a terapêutica. De

modo a que o utente possa monitorizar os seus valores e que o seu médico esteja informado

sobre os mesmos, a FN dispõe de um cartão onde o farmacêutico aponta os resultados

obtidos. (Anexo IX)

5.2. ADMINISTRAÇÃO DE INJETÁVEIS

Na FN é realizada a administração de injetáveis intramusculares e subcutâneos, sempre

com prescrição médica e exclusivamente administrados por um farmacêutico credenciado

para tal. Este é um serviço que oferece maior comodidade ao utente, uma vez que não

necessita de se deslocar a outro local de saúde para realizar a administração, sendo

garantidas igualmente as condições de segurança e qualidade.

6. ATIVIDADES COMPLEMENTARES

Um exercício profissional farmacêutico de excelência está diretamente ligado ao

acompanhamento contínuo do desenvolvimento da área farmacêutica prática e científica, da

legislação em vigor e das evoluções tecnológicas relacionadas com os medicamentos e PF.

Deste modo, a formação contínua tem um papel relevante, na medida em que fornece ao

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profissional de saúde ferramentas que garantem um maior benefício terapêutico com o

tratamento por parte dos utentes. Como tal, ao longo do estágio tive oportunidade de

participar em várias formações ministradas na Farmácia Normal e noutras instalações

(Anexo X). Estas formações permitiram-me esclarecer a cerca das propriedades e modos

de administração e conservação de determinados produtos, que se traduz numa maior

confiança em aconselhar o produto correto para um utente em específico.

Adicionalmente, deparei-me com casos em que um utente necessitava vários

medicamentos, entre os quais, um seria de armazenamento no frigorifico. Nestas situações,

aquando a dispensa dos medicamentos tinha sempre cuidado em identificar o medicamento

cujo armazenamento deveria ser feito no frio. Por outro lado, existem vários antibióticos que

são preparados na farmácia e aquando a dispensa é sempre necessário explicar ao utente

que convém agitar a embalagem antes da administração bem como a conservação do

mesmo no frigorífico caso necessário. Assim, por achar que existia uma lacuna a nível de

procedimental, decidi elaborar uma etiqueta com a menção de conservação no frigorifico

(Anexo XI), que colocamos nos medicamentos abrangidos pelas situações anteriormente

expostas, com o intuito de auxiliar a comunicação entre o farmacêutico e o utente.

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PARTE II

PROJETOS DESENVOLVIDOS DURANTE O ESTÁGIO

1. PROJETO I- DEFICIÊNCIA EM VITAMINA D

1.1. ENQUADRAMENTO DO TEMA

O surgimento deste tema como projeto a desenvolver durante o meu estágio, resulta do

facto de aquando a minha experiência no atendimento ao público ter vivenciado um elevado

número de prescrições de medicamentos com vitamina D, sendo que a deficiência nesta

vitamina é mais expressiva durante os meses de Inverno.

Como base para este projeto, foquei-me também num estudo realizado pelo Instituto de

Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) em conjunto com o Centro Hospitalar do Porto-

Hospital de Santo António (CHP-HSA) que estuda os níveis de vitamina D numa população

na cidade do Porto, concluindo que quase metade dos participantes apresentou níveis

séricos de 25-Hidroxi-Vitamina D sugestivos de deficiência em vitamina D, atingindo os 74%

durante o Inverno.26

De facto, em Portugal existem poucos estudos realizados no sentido de entender a

prevalência da deficiência em vitamina D na população em geral, sendo que os dados

disponíveis apontam para uma prevalência superior à esperada para um país com elevada

exposição solar. É, portanto, necessário um melhor acompanhamento destas situações,

sendo de extrema importância garantir a informação sobre este tema à população.26

1.2. VITAMINA D E METABOLISMO

A vitamina D é uma hormona lipossolúvel que desempenha um papel importante na

regulação do metabolismo fosfocálcico. Existem vários recetores da vitamina D no nosso

corpo, tais como no intestino grosso, osso, cérebro, próstata, mama, cólon, entre outros.

Desta forma, níveis adequados de vitamina D garantem uma boa saúde em geral. 27

A vitamina D existe em duas formas. A vitamina D2, também designada por

ergocalciferol, é obtida através de leveduras e plantas, enquanto que a vitamina D3

(colecalciferol) é sintetizada na pele e também pode ser adquirida através da dieta. Ambas

as formas são comercialmente sintetizadas e podem ser encontradas em suplementos

alimentares, assim como em alimentos fortificados.27

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A vitamina D adquirida na pele (D3) ou através da dieta (D2 ou D3) é biologicamente

inerte, sendo posteriormente sujeita a duas reações de hidroxilação. A primeira reação

acontece a nível hepático pela ação da 25-hidroxilase com formação da 25-hidroxivitaminaD

(25OHD). A segunda reação acontece no rim, mediada pela 1α-hidroxilase, com formação

da forma biologicamente ativa da vitamina D, a 1,25-dihidroxivitaminaD (1,25[OH]2D) ou

calcitriol. (Anexo XII).27,28

A ação da 1α-hidroxilase renal é fortemente regulada, principalmente, por três hormonas:

hormona da paratiroide (PTH), fator de crescimento de fibroblastos 23 (FGF-23) e o próprio

calcitriol. A PTH estimula a sua produção e, pelo contrário, o FGF-23 e o calcitriol contribuem

para a sua inibição, resultando na supressão da síntese de calcitriol. Adicionalmente, os

níveis séricos dos iões cálcio e fosfato interferem também com a síntese de calcitriol, através

de mecanismos diretos que resultam na redução da atividade das hidroxilases e através de

mecanismos indiretos que incluem a supressão da PTH pelo cálcio e a estimulação do FGF-

23 pelo fosfato, resultando na redução da síntese de calcitriol (Anexo XIII).29,30

A fonte primária de Vitamina D, cerca de 80-90%, é conseguida através da irradiação

ultravioleta de um derivado do colesterol, o 7-dihidrocolesterol, presente na pele. Este

processo dá origem à pré-vitamina D3 e subsequentemente à vitamina D3 (Anexo XII).

Assim, a produção de vitamina D3 na pele está dependente da quantidade de radiação solar

que chega à derme, assim como da biodisponibilidade do 7-dihidrocolesterol.27, 31 Por este

motivo, a síntese de vitamina D é influenciada por uma série de fatores que incluem:

• Estação do ano e quantidade de pele exposta

Os níveis de calcitriol apresentam uma variação sazonal. Em Portugal, existe uma

menor exposição solar durante os meses de inverno, e por isso, maior incidência de

casos de carência de vitamina D. O mesmo acontece no caso das mulheres que evitam

completamente a exposição solar por motivos religiosos ou culturais.27

• Pigmentação da pele

Os indivíduos de raça negra apresentam níveis séricos de vitamina D inferiores aos

indivíduos de raça branca, por necessitarem mais tempo de exposição solar para a

síntese de vitamina D.27

• Proteção solar

O protetor solar absorve a luz ultravioleta, impedindo que atinja a pele, bloqueando

assim a produção cutânea de vitamina D. Um protetor solar com um fator de proteção

solar de 15 pode diminuir a capacidade sintética de vitamina D em 98%.31,32

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23

• Idade

Nos idosos, à medida que a pele envelhece a capacidade de produzir vitamina D

diminui, devido a uma queda nos níveis de 7-dihidrocolesterol e em parte devido a

alterações na morfologia da pele. Para além disso, geralmente nesta faixa etária há maior

tendência para o sedentarismo e menor exposição solar. 27,31

Cerca de 10-20% de vitamina D são adquiridos através da alimentação, nomeadamente

através de peixes ricos em gordura como o salmão e a sardinha, óleo de fígado de bacalhau,

ovos e alimentos fortificados em vitamina D (leite, margarina e cereais).26,33

Devido à sua natureza lipossolúvel, a vitamina D proveniente da dieta é absorvida

juntamente com outras gorduras no intestino. A eficiência da absorção da vitamina D está

dependente da presença de gordura no lúmen, que provoca a libertação de ácidos biliares

e da lípase pancreática. A vitamina D presente no plasma rapidamente desaparece, sendo

absorvida a nível do tecido adiposo e do musculo esquelético. Talvez por isso, pessoas com

excesso de peso apresentam níveis inferiores de 25OHD, após a sua sequestração nos

adipócitos. Por outro lado, é percetível o porquê das pessoas que apresentam doenças do

trato intestinal que afetam a absorção de nutrientes, tais como a doença celíaca e a doença

de Crohn, entre outros, apresentam igualmente níveis baixos desta hormona.31

1.3. FUNÇÕES E AÇÕES FISIOLÓGICAS DA VITAMINA D

A função mais conhecida da Vitamina D na sua forma ativa (calcitriol) é a elevação das

concentrações plasmáticas de cálcio e fósforo, necessários na mineralização óssea. Para

além disso, níveis plasmáticos de cálcio elevados contribuem para o bom funcionamento da

junção neuromuscular, transmissão nervosa e secreção hormonal.34

O aumento dos níveis de cálcio é explicado através de três mecanismos. O primeiro

mecanismo não requer a PTH e corresponde ao papel bem conhecido do calcitriol na

estimulação da absorção intestinal de cálcio, principalmente a nível do jejuno e duodeno. No

segundo mecanismo, o calcitriol mobiliza o cálcio a partir do osso com ajuda da PTH.

Resumidamente, o calcitriol facilita a formação de osteoclastos estimulando a secreção da

proteína RANK (ligando para o recetor de ativação do fator nuclear kappa B), que, por sua

vez, é responsável por osteoclastogénese e reabsorção óssea. Por fim, no terceiro

mecanismo o calcitriol juntamente com a PTH estimula a reabsorção renal de cálcio a nível

do tubo distal, que garante a retenção de cálcio pelo rim quando necessário.31

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24

Esta contribuição da vitamina D no processo de mineralização óssea explica o seu papel

relevante no bom funcionamento e fortalecimento do osso, surgindo estudos que associam

o seu papel benéfico na contribuição da prevenção e diminuição do risco de alguns tipos de

fraturas ósseas, tais como a fratura da anca e fraturas não-vertebrais, principalmente na

população idosa.35

1.4. AÇÕES NÃO CLÁSSICAS DA VITAMINA D

Atualmente, sabemos que existem recetores da vitamina D (VDR) no núcleo de vários

tecidos que não estão envolvidos na regulação do metabolismo do cálcio e fósforo. Por

exemplo, podemos encontrar VDR em queratinócitos, células T ativadas, em células

apresentadoras de antigénios, macrófagos, monócitos e células T citotóxicas.31 Deste modo,

é percetível a presença de funções extra ósseas relevantes associadas à vitamina D,

nomeadamente:

• Melhoria da função muscular e do equilíbrio

No tecido muscular estão presentes VDR e sabe-se que a sua expressão diminui com o

aumento da idade. A nível muscular, a vitamina D induz a captação de fosfato inorgânico,

essencial na produção de compostos energéticos como o ATP e a fosfocreatina, envolvidos

no processo de contração muscular. A vitamina D é por isso importante no desenvolvimento

do músculo esquelético, na melhoria da força muscular, assim como na redução do risco de

quedas e aumento do equilíbrio.33,36,37

• Diminuição da resistência à insulina e melhoria dos níveis de glicose

plasmática

Vários estudos indicam que a vitamina D pode desempenhar um papel funcional na

tolerância à glicose através dos seus efeitos na secreção de insulina e na sensibilidade à

insulina. Pensa-se que a vitamina D reduz a resistência à insulina através do seu efeito

sobre o metabolismo de cálcio e fósforo e através da regulação do gene do recetor de

insulina. Vários estudos indicam que a resistência à insulina é menor em pacientes com

Diabetes mellitus 2 (DM2) que receberam vitamina D. Por outo lado, um estudo de 30 anos

que acompanhou mais de 10 mil crianças finlandesas desde o nascimento concluiu que

crianças que receberam regularmente suplementos de vitamina D durante a infância têm um

risco quase 90% menor de desenvolver Diabetes mellitus 1 (DM1) do que aqueles que não

receberam suplementos.38,39

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25

• Efeito anti-inflamatório e imunoregulador

A imunidade inata fornece a primeira defesa contra organismos externos. A expressão

de VDR e 1α-hidroxilase em células epiteliais nas vias respiratórias, pele, intestino e sistema

urogenital sugere que a vitamina D pode estar envolvida na preservação da integridade da

barreira e na manutenção das funções intracelulares. Por outro lado, a vitamina D estimula

a produção de péptidos antimicrobianos (AMPs) em diferentes tecidos epiteliais,

aumentando a imunidade celular. Por fim, a vitamina D desempenha também um papel

importante na resposta imune especifica, através do recrutamento de células fagocíticas, na

estimulação do processo de cura e no início da resposta inflamatória.40

• Desenvolvimento cerebral e neuroprotecção

A manutenção de níveis séricos de vitamina D é importante para um adequado

desenvolvimento da função cerebral associado a uma menor probabilidade de aparecimento

de doenças cerebrais degenerativas (Doença de Parkinson, Alzheimer, Autismo, entre

outras), sendo que os recetores de Vitamina D são também expressos no cérebro. A

adequação dos níveis de vitamina D em determinados períodos da vida, como o período

pré-natal, parece ser de particular importância para a prevenção de doenças

cognitivas.41,42,43

• Atividade anti carcinogénica

A atuação antineoplásica da vitamina D é explicada através da sua função reguladora

sobre a proliferação, diferenciação e apoptose de células tumorais e potenciação de

fármacos quimioterápicos. A vitamina D encontra-se associada à diminuição do risco de

incidência de muitos tipos de cancro e correlaciona-se com a progressão da doença.44

1.5. AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE VITAMINA D

O indicador mais exato para avaliar as reservas corporais de Vitamina D é através do

doseamento da 25OHD, uma vez que apresenta um tempo de semivida e uma concentração

sérica superior à forma ativa. Assim, o nível de 25OHD no soro pode funcionar como um

biomarcador de exposição e a sua concentração revela a disponibilidade de Vitamina D num

período de 4 a 6 semanas. Geralmente, apenas a população de risco é sujeita a exames de

rastreio de deficiência em vitamina D, incluindo:28,31

• Idosos, uma vez que têm uma menor exposição solar e à medida que a pele

envelhece, a capacidade de produzir vitamina D diminui.

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• Institucionalizados, devido à menor exposição solar.

• Mulheres grávidas, pois as suas reservas de vitamina D são transferidas para o feto.

• Mulheres pós-menopausa, devido ao elevado risco de fratura osteoporótica.

Embora exista alguma controvérsia relativamente à definição de deficiência em vitamina

D, a maioria concorda que para concentrações de 25OHD inferiores a 20ng/mL é

considerada deficiência em vitamina D, enquanto que concentrações entre 21-29ng/mL

indicam insuficiência e níveis superiores a 30ng/mL são suficientes/adequados, nos quais a

absorção de cálcio é otimizada, os níveis da hormona PTH são reduzidos, revelando maior

benefício para a função óssea e muscular.28,34,45

Para os lactentes (entre 0-1 anos) a dose diária adequada situa-se nos 10 µg (400 UI) de

vitamina D. As crianças e adolescentes (1 até 18 anos) precisam de no mínimo de 15 µg

(600 UI) de Vitamina D por dia, no sentido de maximizar o desenvolvimento ósseo e

fortalecer o sistema imunitário. Os adultos entre os 19-70 anos necessitam de pelo menos

15 µg (600 UI) de vitamina D para otimizar a função óssea e muscular. Para indivíduos com

mais de 70 anos as necessidades de vitamina D sobem para 20 µg (800 UI) e as mulheres

grávidas ou a amamentar necessitam, no mínimo, de 15 µg (600 UI) por dia de vitamina D

(Tabela 2).31

Tabela 2. Ingestão dietética de referência para a Vitamina D [Adaptado de 31]

Grupos de indivíduos Dose diária mínima recomendada

Lactentes (Até 12 meses) 10 µg (400 UI)

Crianças e Adolescentes (1 a 18 anos) 15 µg (600 UI)

Adultos (19-70 anos) 15 µg (600 UI)

Adultos (+70 anos) 20 µg (800 UI)

Grávidas e em amamentação 15 µg (600 UI)

Apesar dos poucos dados acerca da prevalência em Portugal, vários estudos europeus

revelam uma inadequação dos níveis de vitamina D, pelo que é de esperar que a realidade

portuguesa seja idêntica. De facto, uma das grandes causas advém de sermos uma

sociedade em que o trabalho, as compras, a prática de exercício e as atividades de lazer

são realizados em espaços fechados, contribuindo para uma notória redução da exposição

solar, relembrando que a principal fonte de Vitamina D é a síntese cutânea.37,46

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1.6. CONDIÇÕES ASSOCIADAS À DEFICIÊNCIA EM VITAMINA D

Um número crescente de estudos associa a insuficiência de vitamina D com um maior

risco de desenvolver diversas patologias.47

Através de vários mecanismos, a vitamina D contribui para o desenvolvimento e

manutenção da saúde óssea. A deficiência dos níveis de vitamina D induz o aumento da

secreção de PTH com consequente aumento do turnover ósseo, resultando numa perda de

massa óssea significativa. Nas crianças, pode levar ao desenvolvimento de raquitismo,

cáries dentárias e retardo no crescimento. Em adultos pode provocar osteomalacia,

osteopenia, osteoporose, diminuição da força muscular e maior risco de queda e fraturas.

Em Portugal, a Direção Geral da Saúde (DGS) publicou em abril de 2008 uma Circular

Informativa aconselhando 700-800 UI/dia de vitamina D nas pessoas com idade superior a

65 anos com osteoporose.37,48

A carência em vitamina D está associada à diminuição da secreção de insulina e aumento

da insulinorresistência. Estudos indicam que baixos níveis séricos de vitamina D aceleram

a progressão de pré-diabetes para DM2 e que a suplementação precoce em crianças é

considerada como fator protetor para o desenvolvimento de DM1.39

Uma das funções da vitamina D é o seu efeito imunoregulador, estimulando a produção

de células responsáveis pelo combate a infeções, contribuindo para a fortificação do sistema

imunitário. Deste modo, infeções recorrentes podem ter como contribuição níveis de

vitamina D inadequados.31

Vários estudos indicam que a fadiga e o cansaço poderão também estar associados a

níveis baixos de vitamina D, assim como a existência de evidência clinica e experimental

sobre a ligação da carência de vitamina D e o aumento do risco de doenças

cardiovasculares.47

A figura seguinte resume as várias condições e sistemas afetados pela deficiência ou

insuficiência em vitamina D, que resultam no aparecimento de várias doenças crónicas como

consequência.

Figura 1. Associação sugerida da deficiência/insuficiência em Vitamina D com várias doenças crónicas [Adaptado de 47]

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1.7. PREVENÇÃO E TRATAMENTO

1.7.1. OBJETIVOS

Os objetivos terapêuticos consistem no reabastecimento dos stocks de vitamina D

garantindo a normalização dos restantes parâmetros bioquímicos, por isso, os doentes são

com alguma regularidade monitorizados para o cálcio e fósforo, na prevenção da

osteomalacia, osteoporose, raquitismo e de morbilidades e mortalidade associadas e em

proporcionar uma melhoria na qualidade de vida destes doentes.

1.7.2. MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS

Tal como descrito anteriormente, podemos adquirir vitamina D através da exposição

solar, da dieta e em suplementos alimentares.

A exposição sensível ao sol pode fornecer uma quantidade adequada de vitamina D3,

que é armazenada na gordura corporal e libertada durante o inverno, onde há menor

produção. É aconselhado uma exposição diária durante 15 a 20 minutos pelo menos dos

braços e pernas, sem proteção solar, entre as 10 e as 15 horas. Por exemplo, para doentes

com má absorção de gordura, a exposição a uma câmara de bronzeamento por 30% a 50%

do tempo recomendado para bronzear e utilizando proteção solar no rosto é um excelente

meio de tratamento e prevenção da deficiência de vitamina D.45

A exposição solar é a principal fonte natural de Vitamina D, no entanto, podemos obtê-la

através da dieta. No anexo XIV estão descritas algumas fontes alimentares de Vitamina D2

e D3, porém, as fontes alimentares não são suficientemente ricas ao ponto de corrigir a

insuficiência em vitamina D.45

Adicionalmente, existem também disponíveis suplementos alimentares que contêm a

quantidade diária recomendada de vitamina D, mais utilizados no sentido da prevenção da

deficiência em vitamina D e das suas consequências. Como exemplo, temos o

Vigantoletten® e o BioActivo Vitamina D®.

1.7.3. MEDIDAS FARMACOLÓGICAS

Segundo a Endocrine Society, tanto a vitamina D2 como a vitamina D3 podem ser

utilizadas para prevenção ou tratamento da deficiência em vitamina D. O tratamento pode

variar entre seis a oito semanas, com administrações diárias ou semanais, de modo a serem

atingidas concentrações sanguíneas de 25OHD superiores a 30 ng/ml, seguido da

terapêutica de manutenção, que varia conforme a faixa etária e na presença de um fator de

risco.49

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A farmacoterapia de suplementação em vitamina D é segura e barata. Atualmente em

Portugal, existem cinco substâncias ativas com a capacidade de fornecerem vitamina D,

indicadas para situações específicas, apresentadas na tabela seguinte:

Tabela 3. Adaptada de prontuário terapêutico, INFARMED, 2016 50-54

PRINCÍPIO

ATIVO

ALFA-

CALCIDIOL CALCIFEDIOL CALCITRIOL COLECALCIFEROL PARICACITOL

NOME

COMERCIAL Etalpha® Dedrogyl® Rocaltrol®

Deltius®,

Vigantol®: solução

oral

Egostar®,

Molinar®:

Comprimido

Zemplar®

FORMA

FARMACÊUTICA

Solução oral

Cápsula

Solução oral Cápsula mole Cápsula mole

Solução injetável

INDICAÇÕES Carência de vitamina D; osteodistrofia renal; hipoparatiroidismo;

raquitismo

Prevenção e

tratamento do

hiperparatiroi-

dismo

associado à

insuficiência

renal crónica.

REAÇÕES

ADVERSAS

Sintomas de hipervitaminose (anorexia, cansaço, cefaleias, náuseas e vómitos,

diarreia, perda de peso, sede, suores, entre outros)

CONTRA-

INDICAÇÕES E

PRECAUÇÕES

Hipersensibilidade às vitaminas do grupo D,

hipercalcemia, hipercalciúria e calcificação

metastática.

Monitorizar o cálcio sérico, especialmente em

doentes a tomar digitálicos ou insuficientes

renais. Gravidez e aleitamento.

Não deve ser

administrado na

insuficiência renal

grave, nefrolitíase,

hipervitaminose

D, condições

resultantes de

hipercalcemia ou

hipercalciúria.

Recomenda-se

monitorização do

cálcio sérico e da

função renal no

tratamento

prolongado com

colecalciferol,

particularmente

em idosos.

Hipersensibili-

dade às

vitaminas do

grupo D,

hipercalcemia.

Monitorizar a

PTH, cálcio e

fósforo

séricos.

Gravidez e

aleitamento.

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INTERAÇÕES Anticonvulsivantes (fenobarbital, fenitoína,

primidona) e antiácidos.

Vitamina A,

magnésio,

antiepiléticos,

rifampicina e

isoniazida,

digitálicos,

corticosteróides

sistémicos,

citotóxicos,

antifúngicos,

diuréticos

tiazídicos,

colestiramina

Digitálicos,

cetoconazol,

colestiramina

e antiácidos.

POSOLOGIA

A dose diária deve ser ajustada individualmente, dependendo da

concentração sérica de cálcio.

A ingestão total de cálcio não deve exceder os 800 mg/dia.

A dose inicial usualmente recomendada é variável dependendo da

situação clínica e do grupo etário, com ajustamentos periódicos.

A dose inicial

usualmente

recomendada

é muito

variável,

dependendo

das

concentrações

de PTH, cálcio

e fósforo

séricos, da

situação

clínica e do

grupo etário,

com

ajustamentos

periódicos,

após a sua

monitorização.

OBSERVAÇÕES

Tratamento

limitado a 7

dias, salvo

casos

excecionais.

Requer cuidados

especiais,

incluindo a

avaliação

periódica do

cálcio plasmático

e controlo

adequado da

ingestão de

cálcio.

A via de

administração

habitual do

medicamento

é intravenosa

através do

acesso

vascular

durante a

hemodiálise.

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Normal

31

1.8. RESULTADOS

Com o objetivo de entender o conhecimento da população em geral relativamente à

vitamina D e os seus benefícios, foi elaborado um inquérito que foi distribuído aos clientes

da FN (Anexo XV). O resultado do inquérito esclareceu-me relativamente ao número de

pessoas que já realizou o exame para quantificar a vitamina D e quantas pessoas já

tomaram algum medicamento ou suplemento por forma a aumentar os níveis desta vitamina.

Juntamente com o inquérito, foi também entregue ao utente um panfleto (Anexo XVI) com

informações relevantes acerca da vitamina D, bem como uma amostra de um suplemento

de vitamina D - Vigantoletten® com o apoio da Merck Sharp & Dohme©.

Foram inquiridas um total de 108 pessoas com uma distribuição de sexo e idades

representada nos Anexos XVII e XVIII. Foi questionado aos utentes acerca do inquérito

realizado pelo ICBAS em conjunto com o CHP-HSA e o conhecimento dos utentes revelou-

se muito idêntico acabando por existir mais pessoas que estavam alertadas nesse sentido.

Relativamente às questões acerca da vitamina D: “Sabe de que forma podemos obter

vitamina D?” e “Sabe de que forma podemos obter vitamina D?” conclui-se que cerca de

70% dos inquiridos tinham conhecimento efetivo de pelo menos uma resposta, 45% sabia

responder corretamente às duas questões e apenas 30% foi incapaz de responder a ambas

as questões.

Segundo o Anexo XIX cerca de 20% dos inquiridos nunca realizou um exame que lhe

permitisse saber a quantidade de vitamina D que tem no organismo. É de facto preocupante,

tendo em conta que cerca de 50% dos inquiridos apresenta, pelo menos, um fator de risco,

seja por possuir um IMC superior ao normal (Anexo XX), por ter idade superior a 65 anos,

estar na menopausa ou por possuir uma doença que predispõe a níveis baixos de vitamina

D. Dos inquiridos que responderam afirmativamente à questão, a grande maioria (80%)

apresentou um resultado insatisfatório.

Por fim, cerca de 20% dos inquiridos já tomou um medicamento/suplementos de modo a

aumentar os níveis de vitamina D (Anexo XXI). A maioria desses casos trata-se de

medicamentos, sendo o Vigantol® e o Egostar® os mais frequentes.

1.9. CONCLUSÃO

É importante perceber que a exposição solar sem proteção é a principal fonte de vitamina

D e que na sua ausência é praticamente impossível obter uma quantidade adequada de

vitamina D a partir da dieta. Este facto reforça os argumentos da suplementação,

especialmente tendo em conta que devido ao risco de cancro da pele, a exposição solar em

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determinados períodos é evitada e o uso de proteção é recomendado, assim como cada vez

mais o nosso estilo de vida leva à maior permanência em espaços fechados.

Os estudos sugerem que crianças e adultos devem manter um nível de 25OHD acima de

20ng/ml para evitar raquitismo e osteomalacia, no entanto, estes níveis devem ser

superiores a 30ng/ml para maximizar o efeito da vitamina D sobre o metabolismo do cálcio,

ossos e músculos, bem como obter benefícios adicionais para a saúde, como a redução do

risco de cancro, doenças autoimunes, DM2, doenças cardiovasculares e doenças

infeciosas.49

Através do inquérito realizado é possível compreender que muitos casos de indivíduos

que possuem pelo menos um fator de risco que os predispõe para uma insuficiência em

vitamina D nunca realizaram algum tipo de avaliação laboratorial, pelo que podemos estar

perante uma situação de sub-deteção de deficiência em vitamina D. De facto, os estudos

indicam para uma prevalência superior à esperada, sendo esta condição já considerada uma

pandemia.55

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2. PROJETO II- DIARREIA INFANTIL

2.1. ENQUADRAMENTO DO TEMA

O aconselhamento de determinadas patologias em grupos ditos sensíveis, como as

mulheres grávidas, em amamentação e no caso das crianças, exige um elevado

conhecimento por parte do profissional de saúde, uma vez que não podemos transpor todas

as opções terapêuticas para todas as condições e faixas etárias. Por vezes, a falta de

conhecimento restringe-nos no aconselhamento e na prestação de cuidados de saúde

seguros e eficazes. Durante o estágio, surgiram algumas situações de diarreia infantil, pelo

que achei interessante a elaboração de um fluxograma que representa um género de

protocolo a seguir conforme a situação apresentada.

A nível global ocorrem cerca de 1,7 mil milhões de casos por ano de doença diarreica na

criança e anualmente é responsável por 525.000 mortes em crianças com menos de cinco

anos. Estes números são bastante alarmantes, especialmente tendo em conta que a diarreia

é uma doença que pode ser prevenida, bem como tratada.56

2.2. INTRODUÇÃO

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a diarreia é definida pela

passagem de três ou mais descargas fecais pastosas ou líquidas durante um dia ou por

passagens mais frequentes comparativamente ao padrão normal do indivíduo. Pode ser

acompanhada de dor abdominal tipo cólica que alivia com as evacuações, náuseas, vómitos

e sensação de urgência em evacuar. Existem três tipos clínicos de diarreia: Diarreia aguda,

quando tem duração de várias horas ou dias, Disenteria, quando as fezes são

sanguínolentas e Diarreia persistente quando o episódio tem início agudo e duração superior

a 14 dias. 57,58,59

Em termos epidemiológicos, uma criança com idade inferior a 5 anos apresenta em média

cerca de três episódios anuais de diarreia aguda e nesta faixa etária a diarreia aguda

apresenta-se como a segunda causa de morte a nível mundial.58

2.3. DIARREIA AGUDA

Existe uma variedade de fatores que podem desencadear um episódio de diarreia aguda.

Cerca de 50-80% dos episódios são provocados por agentes virais, como o Rotavírus e

Norovírus, 5-10% são de origem bacteriana, sendo a Salmonella o agente mais frequente e

os parasitas estão envolvidos em cerca de 1% dos casos. Eventualmente, existem outras

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situações que desencadeiam um quadro de diarreia nomeadamente, intoxicações

alimentares, intolerância à lactose e como resultado do tratamento com antibióticos.60,61

A transmissão da infeção ocorre devido à ingestão de água ou alimentos

contaminados ou através do contacto interpessoal como resultado de má higiene. Deste

modo, os grupos mais suscetíveis são as populações dos países em desenvolvimento,

viajantes, os infantários, lares, assim como os imunocomprometidos.56

2.4. FISIOPATOLOGIA

A absorção líquida de água e eletrólitos é resultado de um fluxo unidirecional de iões,

anatomicamente separados, em que um assume um sentido de absorção e outro de

excreção. Em circunstâncias normais, os processos de absorção de água e eletrólitos

prevalecem sobre os processos de secreção e, como resultado, a água é absorvida. No

entanto, durante um episódio diarreico, dá-se uma rutura no equilíbrio delicado entre os

processos de absorção e secreção dentro do intestino, prevalecendo a secreção de água,

resultando num maior teor aquoso das fezes.62 Consequentemente, a diarreia pode levar à

desidratação que pode resultar em choque hipovolémico, bem como a geração de distúrbios

metabólicos, tais como a acidose metabólica, resultante da perda de eletrólitos como o

bicarbonato.63

O desequilíbrio entre a absorção e secreção pode ser provocado por mecanismos

osmóticos, secretores, exsudativos e/ou por alterações da motilidade:

• Diarreia osmótica: Acontece quando são ingeridas partículas osmoticamente ativas,

cuja força osmótica provoca a passagem de água para o lúmen intestinal. Por isso,

a diarreia termina com o jejum. Este tipo de diarreia acontece na ingestão de solutos

que não podem ser absorvidos, que é o caso dos laxantes osmóticos como a

lactulose.64

• Diarreia secretora: Ocorre quando a mucosa intestinal excreta uma grande

quantidade de água para o lúmen. Pode ser provocada por toxinas, como a cólera,

ou na existência de anormalidades nos enterócitos, como acontece na doença

celíaca. Este tipo de diarreia é caracterizado por grande volume fecal e persistência

da diarreia em jejum.64

• Diarreia exsudativa: Resulta do comprometimento da função barreira do epitélio

intestinal por perda de células epiteliais ou rutura das junções celulares, levando ao

aumento da pressão hidrostática dos vasos sanguíneos e linfáticos, com

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acumulação de água, eletrólitos, muco e proteínas no lúmen intestinal. Entre as

causas estão as infeções bacterianas/víricas e doenças inflamatórias intestinais.65

• Diarreia por alteração da motilidade: Tanto o aumento como a diminuição da

motilidade intestinal podem dar origem a diarreia. No primeiro caso verifica-se um

menor tempo de contacto entre o conteúdo fecal e as células absortivas, enquanto

que no segundo caso, a proliferação bacteriana encontra-se aumentada.65

2.5. TRATAMENTO

2.5.1. OBJETIVOS

Os objetivos do tratamento da diarreia aguda incluem a prevenção ou tratamento da

desidratação, decorrente da perda de água e eletrólitos, prevenção da ocorrência de

complicações como distúrbios metabólicos, controlo/inativação do agente causal da diarreia,

prevenir danos nutricionais com eventual ajuste da dieta. É importante ressalvar que

habitualmente é uma doença autolimitada, no entanto, o risco de desidratação nas crianças

é mais elevado, visto que a reciclagem da água é mais rápida, originando mais

frequentemente complicações daí resultantes.57,66

2.5.2. AVALIAÇÃO CLÍNICA

A história clínica e o exame físico são fundamentais numa avaliação inicial, de modo a

desenvolver um plano de tratamento adequado e implementado com a maior brevidade.

Estas informações auxiliam na identificação do agente causal e na avaliação da severidade

da doença e o grau de necessidade de reidratação.61

A anamnese da criança com diarreia deve incluir aspetos que permitam ao profissional

de saúde saber a histórica clínica, tais como, circunstâncias de início, duração, frequência,

tipo e volume das fezes, presença de sangue ou muco, dor abdominal, febre, vómitos,

medicação recebida e histórico de imunizações. Por outro lado, é necessária a realização

de um exame físico que é importante para determinar o grau de desidratação e estado

nutricional. Procura-se perceber o estado de alerta da criança, caracterização dos olhos e

mucosas, se tem sede, presença do sinal de prega cutânea e estado do pulso radial. Na

figura seguinte encontra-se descrito as características dos parâmetros avaliados consoante

o grau de desidratação:57,66

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Tabela 4. Grau de desidratação [Adaptado de 66]

Existem ainda situações de elevado risco, em que é aconselhado o encaminhamento

para a consulta médica, nomeadamente, no caso de crianças de idade inferior a três anos,

se apresentar febre superior a 38,5oC, diarreia moderada a grave, duração superior a 14

dias, apresentar um pulso radial fraco, fezes mucosanguínolentas, mais de seis dejeções

diárias, dor abdominal intensa e se não houver melhorias em 48 horas.61,67

2.5.3. MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS

2.5.3.1. CORREÇÃO DE ALTERAÇÕES HIDROELETROLÍTICAS

De maneira a evitar ou corrigir a desidratação, é aconselhável o aumento do aporte de

líquidos, principalmente de bebidas ricas em eletrólitos como sopas e chás, no entanto, água

simples também é recomendada. Algumas bebidas são potencialmente perigosas e devem

ser evitadas durante a diarreia, tais como refrigerantes e outras bebidas com adição de

açúcar, uma vez que podem causar diarreia osmótica e hipernatrémia.57

Em alternativa, existem soluções de reidratação oral (SRO), que contêm quantidades

especificas de eletrólitos importantes que são excretados durante a diarreia, como o sódio,

glucose, potássio e bicarbonato. Baseia-se no transporte de sódio para os espaços

intercelulares, gerando um gradiente osmótico que promove o transporte de água e

eletrólitos do intestino para a circulação.61 No mercado português temos disponível o

Dioralyte® e o Redrate®, sendo aconselhada a toma de uma carteira após cada dejeção

diarreica, reconstituída em 200ml de água potável. Se a criança tiver vómitos sugere-se a

ingestão frequente de pequenas quantidades de SRO.68,69

A terapia de reidratação oral pode ser acompanhada de uma suplementação com zinco,

uma vez comprovada a sua ação na redução da duração do episodio de diarreia em 25% e

uma redução de 30% no volume fecal. A OMS recomenda para todas as crianças com

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diarreia uma ingestão de 20mg de zinco por dia, durante 10 dias. O Eletrolit® é um exemplo

de uma solução polielectrolítica que contém zinco na sua composição.56,61,70

2.5.3.2. MODIFICAÇÕES ALIMENTARES

Num episódio de diarreia, a diminuição da ingestão de comida e da absorção de

nutrientes levam à malnutrição e perda de peso.

Segundo as guidelines da ESPGHAN (European Society of Paediatric Gastroenterology,

Hepatology and Nutrition), a alimentação deve ser reiniciada logo após a reidratação que

em média dura 2 a 4 horas e não deve ser suspensa nas crianças que não apresentem

desidratação. A realimentação precoce parece acelerar a regeneração dos enterócitos,

aumentar a absorção de nutrientes que consequentemente leva ao aumento de peso.71,72

Deve ser dada preferência por alimentos ricos em energia e micronutrientes, como fruta

cozida nomeadamente maçã e a banana que fornece potássio, arroz, carnes magras,

batatas e cenouras cozidas. As refeições devem ser realizadas frequentemente, de três em

três horas, distribuídas ao longo do dia. Devem ser evitados alimentos como o leite e

derivados, dada a possível intolerância temporária à lactose, alimentos com muita fibra,

doces ou bolos, uma vez que este tipo de alimentos tende a agravar a diarreia.61,73,74

2.5.4. MEDIDAS FARMACOLÓGICAS

A farmacoterapia deve ser iniciada depois de ser estabelecido um diagnóstico etiológico

e quando as medidas de suporte e correção das alterações hidroeletrolíticas forem

insuficientes. Nas crianças, fármacos antidiarreicos como a loperamida e antieméticos estão

contraindicados A prescrição de antimicrobianos está restrita apenas a casos particulares e

mediante agentes patogénicos específicos.60,66,75

2.5.4.1. PROBIÓTICOS E PREBIÓTICOS

Os probióticos são micro-organismos vivos que conferem um benefício para a saúde do

hospedeiro quando administrados em quantidades adequadas. A sua utilização na

prevenção e tratamento de doenças diarreicas baseia-se na sua capacidade de modificação

da composição da microflora e ação contra os agentes patogénicos, reforçando a barreira

intestinal e melhorando a resposta imune. O uso de estirpes probióticas específicas,

nomeadamente Lactobacillus rhamnosus GG, Saccharomyces boulardii e Bifidobacterium

lactis, estão incluídas nas diretrizes da ESPGHAN como adjuvantes da terapia de

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Tabela 5. Mecanismos de interação entre os probióticos e prebióticos e o hospedeiro [Adaptado de 76]

reidratação. A administração oral de probióticos reduz a duração da diarreia aguda em

crianças em cerca de um dia.76,77,78

Os prebióticos referem-se a ingredientes não digeríveis que estimulam seletivamente o

crescimento e/ou atividade da microbiota gastrointestinal, conferindo benefícios sobre a

saúde do hospedeiro. O conceito de prebióticos tem o mesmo objetivo que os probióticos,

que é melhorar a saúde do hospedeiro através da modulação da flora intestinal, embora por

um mecanismo diferente. Prebióticos comumente conhecidos são a oligofrutose, inulina e

galato-oligossacarídeos.76,79

A figura 4 resume alguns dos mecanismos de interação com o hospedeiro dos probióticos

e prebióticos, através de intervenções farmacológicas e nutricionais, com benefício para a

microbiota intestinal:

Como opções de tratamento existe o Atyflor® composto por sete estirpes de probióticos

e frutooligossacarídeos, sendo aconselhável a toma de uma saqueta diária e sob forma de

suspensão oral o Bivos gotas® que contém o Lactobacillus GG. Existe também o BioGaia®

que para além de favorecer a normalização da flora intestinal atua também na cólica Infantil.

Como opção adicional, está disponível o Lactogermine Penta® que é preparado no momento

de administração e a sua composição é à base de prebióticos e probióticos.80-83

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2.5.4.2. ANTIDIARREICOS

A função destes fármacos não é direcionada no combate ao agente etiológico nem vai

no sentido de restabelecer a quantidade de água, eletrólitos e nutrientes perdidos durante o

episódio de diarreia aguda. Assim, surge como um tratamento sintomático complementar,

acompanhado das medidas de reidratação e alimentação necessárias. O tratamento

antidiarreico disponível para as crianças é constituído por MSRM, pelo que só serão

dispensados em farmácia comunitária mediante a apresentação de receita médica.61

O Racecadotril é um fármaco obstipante com ação anti-secretora que reduz

significativamente a duração da diarreia infantil. Funciona como um inibidor (não opiáceo)

da encefalinase quando hidrolisado no seu metabolito ativo – Tiorfano, com atividade anti-

secretora exclusivamente intestinal que resulta na diminuição da hipersecreção de água e

eletrólitos. No mercado português, esta substância ativa está presente no Tiorfan® infantil

sob a forma de granulado para suspensão oral.77,84

Nas crianças, pode ser administrado igualmente células liofilizadas de Saccharomyces

boulardii que para além da sua atividade probiótica atua como antidiarreico microrgânico,

estando indicado nos casos em que existam alterações do ecossistema intestinal, como por

exemplo, na diarreia infantil provocada por Rotavírus. Estas células atuam essencialmente

através da produção de vitaminas do complexo B, aumento da ação enzimática sem

alteração da mucosa intestinal, competição com outros micro-organismos resultando numa

inibição do crescimento destes e atua sobre o sistema imunitário no sentido da estimulação

das defesas. O indicado para as crianças é uma saqueta três vezes por dia de UL-250® pó

para suspensão oral, que pode ser dissolvido num copo de água ou de sumo de fruta.85

2.6. RESULTADOS E CONCLUSÃO

Geralmente, a diarreia aguda é uma doença autolimitada, que dura, em regra, três a cinco

dias e raramente representa uma situação de risco de vida no indivíduo saudável. A

administração precoce de SRO para prevenção ou correção da desidratação e a

manutenção da alimentação são as intervenções mais essenciais e que evitam

complicações. Antibióticos e antieméticos não são recomendados e antidiarreicos como a

loperamida continuam contraindicados nas crianças. É importante ressalvar que a diarreia

constitui um mecanismo de defesa do organismo com o intuito de eliminar o agente causal

e que permite a libertação de toxinas. Por último, ter em atenção que a criança não é um

adulto pequeno, pelo que o seu tratamento exige necessidades especificas que não se

verificam no adulto.

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A pesquisa para este trabalho foi a base de apoio na elaboração de um fluxograma de

aconselhamento (Anexo XXII) que elaborei para a FN, que pode ser consultado por qualquer

colaborador. Adicionalmente, realizei uma apresentação formato Powerpoint (Anexo XXIII)

que foi apresentada a todos os colegas, de modo a esclarecer melhor os conceitos e

epidemiologia, assim como todas as opções de tratamento disponíveis. Em perspetiva, este

trabalho forneceu-me muito conhecimento nesta área, permitindo-me perceber melhor cada

situação e escolher o tratamento mais adequado para cada caso.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estágio curricular que realizei na farmácia comunitária permitiu-me não só consolidar

todos os meus conhecimentos resultantes de 5 anos de formação teórica e prática que o

MICF proporciona, mas também perceber que a formação é de certo modo contínua e que

existe ainda muito para aprender. O papel do farmacêutico é tão amplo que temos de estar

fortemente preparados a nível de conhecimentos, de maneira a proporcionar ao utente um

atendimento de qualidade, segurança e eficácia, possuindo um papel fulcral no SNS.

Os projetos que elaborei durante o estágio também me enriqueceram a nível científico.

Toda a informação aprendida tornou-me capaz de realizar um atendimento aos utentes

abrangidos pelas condições tratadas mais personalizado, na medida em que consigo

identificar melhor o tratamento mais adequado para a situação descrita e adquiri mais

confiança no aconselhamento de um vasto leque de produtos consoante a sintomatologia

descrita, assim como desenvolvi as minhas capacidades de reflexão crítica, comunicação e

interpretação de dados.

Em suma, o estágio na FN acompanhado de todos os conhecimentos transmitidos pela

Dra. Alexandra Soares permitiu-me ter uma participação ativa no circuito do medicamento e

a consciencialização do funcionamento de uma farmácia e todos os encargos que lhe é

inerente.

O farmacêutico é um profissional altamente qualificado com um papel fundamental no

bem-estar do doente. Com o estágio, adquiri conhecimentos que vão ser muito úteis no

exercício da profissão farmacêutica e irei sempre exercê-la prestigiando o seu bom nome e

dignidade.

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BIBLIOGRAFIA

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2. Ordem dos Farmacêuticos. Código Deontológico dos Farmacêuticos, Lisboa, 1998.

3. Conselho Nacional da Qualidade (2009). Boas Práticas Farmacêuticas Para a

Farmácia Comunitária (BPF). 3ª ed. Ordem dos Farmacêuticos, Lisboa.

4. Comissão de Ética para a Investigação Clínica: Código Deontológico da Ordem dos Farmacêuticos. Acessível em: http://www.ceic.pt/documents/20727/38736/C%C3%B3 digo+Deontol%C3%B3gico+da+Ordem+dos+Farmac%C3%A8uticos/0e2861ff-ab1f-4368-b6b8-ed097ba4eda3. [acedido em 15 de fevereiro de 2018].

5. Decreto-Lei N.º 176/2006, de 30 de agosto – Estatuto do Medicamento.

6. Diário da República Eletrónico: Portaria n.º137-A/2012, de 11 de Maio: Regime jurídico de prescrição e dispensa de medicamentos.

7. INFARMED: Normas Relativas à Dispensa de Medicamentos e Produtos de Saúde. Acessível em: http://www.infarmed.pt/documents/15786/17838/Normas_Dispensa_20151029.pdf/4c1ae a02-a266-4176-b3ee-a2983bdfe790. [acedido em 15 de fevereiro de 2018].

8. Portaria N.º 198/2011 - Regime Jurídico a que obedecem as regras de prescrição eletrónica, bem como o regime transitório da receita manual de medicamentos.

9. Decreto-Lei N.º 106-A/2010, de 1 de outubro – Adota medidas mais justas no acesso aos medicamentos, combate à fraude e ao abuso na comparticipação de medicamentos e de racionalização da política do medicamento no âmbito do Serviço Nacional de Saúde.

10. Decreto-Lei N.º 48-A/2010, de 13 de maio – Regime Geral das comparticipações do estado no preço dos medicamentos.

11. INFARMED (2010). Saiba mais sobre Comparticipação de Medicamentos. Acessível em: http://www.infarmed.pt/documents/15786/1228470/16_Comparticipacao_Medicamentos_2.pdf/456392a6-0cda-437b-9a2c-1b32a8610e6e?version=1. [acedido em: 19 de fevereiro de 2018].

12. Serviço Nacional de Saúde. Medicamentos. Acessível em: https://www.sns.gov.pt/ sns-saude-mais/medicamentos/. [acedido em: 19 de fevereiro de 2018].

13. INFARMED: Saiba mais sobre Psicotrópicos e Estupefacientes. Acessível em: http://www.infarmed.pt/documents/%2015786/1228470/22_Psicotropicos_Estupefacientes.pdf/7fb2f5f4-b73a-4595-8d41-b0283184e202%20?version=1.1. [acedido em: 4 de março de 2018].

14. Portaria n.º137-A/2012, de 11 de Maio: Regime jurídico de prescrição e dispensa de medicamentos.

15. INFARMED: Circular Informativa sobre Registo de Psicotrópicos e Estupefacientes.

16. ACSS – Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. Manual de Relacionamento das Farmácias com o Centro de Conferência de Faturas do SNS. Acessível em: https://www.ccf.min-saude.pt/portal/page/portal/estrutura/documentacaoPublica/ACSS/Manual%20de%20Relacionamento%20de%20Farm%C3%A1cias%20VF%201.9.pdf. [acedido em 4 de março de 2018].

17. Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica – APIFARMA. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica. Acessível em: https://www.apifarma.pt/tratardemim/Medicamentos %20de%20Venda%20Livre/Paginas/default.aspx. [acedido em: 4 de março de 2018].

18. Decreto-Lei N.º 307/2007, de 31 de agosto – Regime Jurídico das Farmácias de Oficina.

19. Decreto-Lei N.º 95/2004, de 22 de abril – Regula a prescrição e a preparação de medicamentos manipulados.

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20. Portaria nº 594/2004, de 2 de junho: Aprova as boas práticas a observar na preparação de medicamentos manipulados em farmácia de oficina e hospitalar.

21. INFARMED: Medicamentos manipulados. Acessível em: http://www.infarmed.pt/web/ [acedido em: 4 de março de 2018].

22. Portaria n.º 769/2004, de 1 de julho: Estabelece que o cálculo do preço de venda ao público dos medicamentos manipulados por parte das farmácias é efectuado com base no valor dos honorários da preparação, no valor das matérias-primas e no valor dos materiais de embalagem.

23. WHO, The Role of the Pharmacist in the Health Care System. Acessível em: http://apps. who.int/medicinedocs/pdf/h2995e/h2995e.pdf. [acedido em: 6 de março de 2018].

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25. Portaria n.º 1429/2007, de 2 de novembro: Define os serviços farmacêuticos que podem ser prestados pelas farmácias.

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52. INFARMED: Calcitriol – Prontuário Terapêutico. Acessível em: http://app10.infarmed.pt/prontuario/frameprimeiracapitulos.html [acedido em 14 de março de 2018].

53. INFARMED: Colecalciferol – Prontuário Terapêutico. Acessível em: http://app10.infarmed.pt/prontuario/frameprimeiracapitulos.html [acedido em 14 de março de 2018].

54. INFARMED: Paricalcitol – Prontuário Terapêutico. Acessível em: http://app10.infarmed.pt/prontuario/frameprimeiracapitulos.html [acedido em 14 de março de 2018].

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Farmácia Normal

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69. INFARMED: Redrate® – Resumo das Características do Medicamento. Acessível em: http://app7.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=7410&tipo_doc=rcm. [acedido em 14 de março de 2018].

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73. INFARMED: Protocolo de Dispensa Exclusiva em Farmácia (EF). Acessível em: http://www. infarmed.pt/documents/15786/17838/Floroglucinol_Simeticone_2016_04_15.pdf/afe8ee36-ad14-4e52-9f13-3301823e92c5. [acedido em 14 de março de 2018].

74.UpToDate: Patient education: Diarrhea in children (The Basics). Acessível em: https://www.uptodate.com/contents/diarrhea-in-children-the-basics?source=see_link. [acedido em 14 de março de 2018].

75. INFARMED: Prontuário Terapêutico- Antidiarreicos. Acessível em: http://apps.who. int/medicinedocs/documents/s19526pt/s19526pt.pdf. [acedido em 14 de março de 2018].

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78. Dinleyici EC (2016) Pre-, probiotics and synbiotics in infectious diarrhea. Journal of Pediatric Gastroenterology and Nutrition; 63; S50-S51.

79. Food and Agriculture Organization of the United Nations: Probiotics in food, Health and nutricional properties and guidelines for evaluation. Acessível em: http://www.fao.org/3/a-a0512e.pdf. [acedido em 14 de março de 2018].

80.Grupo Italfarmaco: Atyflor®. Acessível em: http://www.italfarmaco.pt/produtos-obstipacao. [acedido em 14 de março de 2018].

81. Ferring: Bivos Gotas – folheto informativo.

82. Jaba Recordati: BioGaia®. Acessível em: https://www.jaba-recordati.pt/uploads/ ficheiros_produtos/Biogaia_Gotas_FI_Probiotico_para_a_saude_intestinal_do_bebe_e_alivio_da_colica.pdf. [acedido em 14 de março de 2018].

83.HUMANA: Lactogermine Penta®. Acessível em: http://humana.pt/produto/ lactogermine-penta/ [acedido em 14 de março de 2018].

84. INFARMED: Tiorfan infantil® – Resumo das Características do Medicamento. Acessível em: http://app7.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id= 37850&tipo_doc=rcm [acedido em 14 de março de 2018].

85. INFARMED: UL-250® – Resumo das Características do Medicamento. Acessível em: http://app7.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=8814& tipo_doc=rcm [acedido em 14 de março de 2018].

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ANEXOS

Anexo I- Espaço exterior da FN

Anexo II- Espaço interior da FN

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Anexo III- Zona de medição da pressão arterial e batimento cardíaco

Anexo IV- Gabinete de atendimento personalizado

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Anexo V- Gabinete de administração de injetáveis e medições bioquímicas e

fisiológicas

Anexo VI- Zona de Armazenamento

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Anexo VII- Laboratório

Anexo VIII- Aviso de interação entre a Budesonida e a vacina Rotateq®

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Anexo IX- Cartão de registo da pressão arterial e outros parâmetros bioquímicos

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Anexo X- Formações assistidas durante o estágio com respetiva data e local

Formação Data Local

Procter & Gamble (Kukident e

ClearBlue) 7 de novembro Farmácia Normal

Curaprox 20 de novembro Farmácia Normal

Martiderm (gama Black Diamond) 29 de novembro AC Hotel Porto

Vichy (Liftactiv Fresh Shot, gama

Neovadiol, Dermablend e Dercos) 7 de dezembro Farmácia Normal

La Roche-Posay (gama Lipikar e

Hyalu B5) 7 de dezembro Farmácia Normal

A. Menarini Portugal (Lergonix) 15 de dezembro Aquário Eventos (Vila do

Conde)

Rebotica (gama completa) 18 de janeiro Farmácia Normal

Medcare (Nebulizadores e

Câmaras expansoras) 31 de janeiro Farmácia Normal

Biorga (gama Ecophane e

Cystiphane) 1 de fevereiro Farmácia Normal

Vichy (gama completa) 16 de fevereiro Edifício L'Oreal (Porto)

Escola de Pós-graduação em

Saúde e Gestão: Formação sobre

técnicas de venda

17 de fevereiro Farmácia Lusitana

Twins Optical (Lentes de

contacto) 6 de março Farmácia Normal

Anexo XI- Etiqueta com menção de conservação no frigorífico

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Anexo XII- Metabolismo da vitamina D27

Anexo XIII- Visão geral da forma de obtenção, síntese e ativação da vitamina D31

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Anexo XIV- Fontes alimentares de vitamina D2 e D3 [Adaptado de 45]

Anexo XV- Inquérito sobre a Vitamina D

3,5 oz ≈ 100g

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Anexo XVI- Panfleto sobre a Vitamina D

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Anexo XVII- Distribuição dos inquiridos por sexo

Anexo XVIII- Distribuição dos inquiridos por idade

Anexo XIX- Distribuição dos inquiridos por resposta à questão “Alguma vez realizou

algum exame para saber os seus níveis de vitamina D?”

0

5

10

15

20

25

30

Per

cen

tage

m (

%)

Distribuição por idades

≤17 anos 18-35 anos 36-50 anos 51-64 anos ≥65 anos

0

20

40

60

80

Per

cen

tage

m (

%)

Distribuição por Sexo

Feminino Masculino

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Per

cen

tage

m (

%)

SIM

NÃO

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Anexo XX- Distribuição dos inquiridos por índice de massa corporal

Anexo XXI- Distribuição dos inquiridos por resposta à questão “Alguma vez tomou

algum medicamento/ suplemento para aumentar os níveis de vitamina D?”

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Per

cen

tage

m (

%)

SIM

NÃO

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45P

erce

nta

gem

(%

)

Distribuição por índice de massa corporal

≤18.5 18.5-24.9 25-29.9 30-34.9 35-39.9 ≥40

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Anexo XXII- Fluxograma de aconselhamento na diarreia infantil

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Anexo XXIII- Apresentação Powerpoint sobre diarreia infantil

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Centro Hospitalar do Porto – Hospital Geral de Santo António

Vanessa Catarina de Araújo Pedrosa Gomes

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Centro Hospitalar do Porto – Hospital Geral de Santo António

Setembro de 2017 a outubro de 2017

Ana Inês Moreira Navio

Catarina Abrunhosa Rocha Granado

Joana dos Santos Miranda

Vanessa Catarina de Araújo Pedrosa Gomes

Orientador: Dra. Teresa Almeida

Março de 2018

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Centro Hospitalar do Porto

Hospital Geral de Santo António

i

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso

ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações,

ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se

devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de

referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito

académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ___ de __________ de ____

Vanessa Catarina de Araújo Pedrosa Gomes

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Centro Hospitalar do Porto

Hospital Geral de Santo António

ii

Agradecimentos

Os 2 meses de estágio no Centro Hospitalar do Porto foram muito gratificantes e

importantes para a nossa formação enquanto farmacêuticas. Desta forma, agradecemos à

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, por nos ter dado a base do conhecimento e

nos ter proporcionado o contacto direto com a realidade hospitalar.

Gostaríamos também de agradecer à Dra. Patrocínia Rocha, Diretora dos Serviços

Farmacêuticos, por nos ter permitido a realização do estágio num hospital de referência, onde

impera o profissionalismo e dedicação de toda a equipa.

Um especial obrigado à Dra. Teresa Almeida, orientadora de estágio, por nos ter recebido

tão amavelmente e acompanhado de forma dedicada nesta etapa do nosso percurso.

Queríamos também deixar um profundo agradecimento a todos os farmacêuticos que

integram esta equipa, por toda a simpatia e dedicação na nossa aprendizagem. Durante estes 2

meses acompanharam-nos nos vários setores do Centro Hospitalar do Porto, transmitindo-nos

todo o profissionalismo, empenho e rigor com que desempenham as suas funções.

Por fim, mas não menos importante, o nosso agradecimento a todos os técnicos de

diagnóstico e terapêutica, assistentes operacionais e auxiliares, que contribuíram também para

a nossa formação e sucesso do nosso estágio.

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós.

Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós.”

Antoine de Saint-Exupéry

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Centro Hospitalar do Porto

Hospital Geral de Santo António

iii

Resumo

O estágio no Hospital Geral de Santo António, pertencente ao Centro Hospitalar do Porto,

tem como principal objetivo o contacto direto com a realidade hospitalar do nosso país.

Durante os meses de setembro e outubro de 2017, tivemos a oportunidade de conhecer

os diferentes setores que integram os Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto,

sendo eles a Unidade de Farmácia de Ambulatório, Armazém de Produtos Farmacêuticos,

Distribuição Individual Diária em Dose Unitária, Ensaios Clínicos, Unidade de Farmácia

Oncológica e Farmacotecnia.

Ao longo do relatório encontra-se toda a contextualização do nosso estágio, todas as

tarefas desempenhadas, assim como o pressuposto de cada uma delas.

Começamos por abordar a organização dos Serviços Farmacêuticos, seguida da

explicação do funcionamento e objetivo de cada setor. Foi ainda referido o papel desempenhado

pelo farmacêutico no uso responsável do medicamento.

Com vista a melhorar o acesso à informação por parte do utente, assim como otimizar

terapêuticas e técnicas de diagnóstico, é importante a constante atualização do farmacêutico,

bem como o desempenho de algumas atividades que lhes competem. Desta forma, na segunda

parte do presente relatório abordamos outras atividades que realizamos e enriqueceram esta

experiência.

Com este relatório pretendemos apresentar de forma clara e resumida a realidade dos

Serviços Farmacêuticos a nível hospitalar, assim como a importância do farmacêutico nesta área

de trabalho. Por fim, fizemos um balanço da nossa experiência enquanto estagiárias do Hospital

Geral de Santo António.

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Relatório de Estágio Profissionalizante | Centro Hospitalar do Porto

Hospital Geral de Santo António

iv

Índice

Declaração de Integridade ........................................................................................................... 1i

Agradecimentos.............................................................................................................................. ii

Resumo ......................................................................................................................................... iii

Índice de Anexos ………………………………………………………………………………………….x

Índice de Abreviaturas .................................................................................................................. vii

Parte I – Serviços Farmacêuticos do Cento Hospitalar do Porto .................................................. 1

1. Introdução ................................................................................................................................ 1

1.1. Centro Hospitalar do Porto – Hospital Geral de Santo António .......................................... 1

1.2. Serviços Farmacêuticos ...................................................................................................... 1

1.3. Farmacêutico no Contexto Hospitalar ................................................................................. 2

1.4. Sistemas Informáticos - Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia ................................ 2

2. Armazém de Produtos Farmacêuticos ..................................................................................... 3

2.1.Gestão da Aquisição de Medicamentos e Produtos Farmacêuticos .................................. 3

2.2.Receção e Conferência ....................................................................................................... 4

2.3.Gestão de Stocks ................................................................................................................ 4

2.4.Empréstimo de Medicamentos/PF ...................................................................................... 5

3. Distribuição de Medicamentos ................................................................................................. 6

3.1. Distribuição Clássica ........................................................................................................... 6

3.2. Distribuição Individual Diária em Dose Unitária .................................................................. 6

3.2.1. Circuito Interno da Distribuição Individual Diária em Dose Unitária ...................... 6

3.2.2. Medicamentos Sujeitos a Controlo Especial .......................................................... 7

3.2.2.1. Estupefacientes e Psicotrópicos ............................................................................ 8

3.2.2.2. Anti-infeciosos ........................................................................................................ 8

3.2.2.3. Hemoderivados ...................................................................................................... 8

3.2.2.4. Material de Penso .................................................................................................. 9

3.2.2.5. Nutrição Artificial .................................................................................................... 9

3.2.2.6. Antídotos ................................................................................................................ 9

3.3. Distribuição em Regime de Ambulatório ............................................................................. 9

3.3.1. Unidade de Farmácia de Ambulatório ................................................................. 10

3.3.2. Prescrição Médica e Validação ........................................................................... 10

3.3.3. Dispensa de Medicamentos ................................................................................ 10

3.3.4. Venda de Medicamentos em Regime de Ambulatório ........................................ 11

3.3.5. Devolução de Medicamentos .............................................................................. 11

4. Farmacotecnia ........................................................................................................................ 12

4.1. Produção de Não Estéreis ................................................................................................ 12

4.2. Produção de Estéreis ........................................................................................................ 12

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4.2.1. Estéreis Extemporâneos ..................................................................................... 13

4.2.2. Nutrição Parentérica ............................................................................................ 13

4.3. Produção de Citotóxicos ................................................................................................... 14

4.4. Fracionamento e Reembalagem ....................................................................................... 15

5. Investigação e Desenvolvimento ........................................................................................... 15

5.1. Ensaios Clínicos ................................................................................................................ 15

5.2. Circuito do Medicamento Experimental ............................................................................ 17

6. Cuidados Farmacêuticos ....................................................................................................... 18

Parte II – Atividades Realizadas nos Serviços Farmacêuticos do CHP ..................................... 19

1. Farmacovigilância ............................................................................................................. 19

2. Folhetos Informativos ........................................................................................................ 19

3. Consulta de Imunologia Clínica ........................................................................................ 19

Conclusão .................................................................................................................................... 20

Bibliografia ................................................................................................................................... 21

Anexos ......................................................................................................................................... 25

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vi

Índice de Anexos

Anexo I - Organigrama do Centro Hospitalar do Porto ............................................................... 25

Anexo II - Gestores e Co-Gestores de cada processo dos Serviços Farmacêuticos do CHP ... 25

Anexo III- Organigrama dos Serviços Farmacêuticos do Hospital Geral de Santo António ....... 26

Anexo IV – Representação Esquemática da Planta do Armazém .............................................. 26

Anexo V – Sistema de Kanbans.................................................................................................. 27

Anexo VI – Controlo dos Produtos em Stock .............................................................................. 27

Anexo VII – Pyxis Medstation® .................................................................................................... 28

Anexo VIII – Carros de Distribuição Individual Diária em Dose Unitária .................................... 28

Anexo IX- Pharmapick® ............................................................................................................... 29

Anexo X – Células de Aviamento (referências A) ....................................................................... 29

Anexo XI – Torre Central (Referências B) .................................................................................. 30

Anexo XII – Módulos (Referências C) ......................................................................................... 30

Anexo XIII - Caixas SUC® .......................................................................................................... 31

Anexo XIV – “Anexo X–Modelo 1509” - Modelo de receita médica relativa a substâncias e

preparações compreendidas nas tabelas I a II ........................................................................... 31

Anexo XV – Impresso de Prescrição e Requisição de Anti-Infeciosos ....................................... 32

Anexo XVI - “Modelo Nº1804” – Impresso para Requisição/Distribuição/Administração de

Hemoderivados ........................................................................................................................... 33

Anexo XVII – Impresso de Requisição de Material de Penso .................................................... 34

Anexo XVIII - Tabela “Material de Penso Disponível no Centro Hospitalar do Porto” ................ 35

Anexo XIX – Impresso de Prescrição e Requisição de Antídotos .............................................. 36

Anexo XX – Exemplo de Prescrição Médica Eletrónica em Regime de Ambulatório ................. 37

Anexo XXI - Prescrição Médica Manual em Regime de Ambulatório ......................................... 37

Anexo XXII – Publicação Informativa de Medicamentos de Ambulatório ................................... 38

Anexo XXIII- Termo de Responsabilidade ................................................................................ 39

Anexo XXIV – Exemplo de Ordem de Preparação de Formulações Não Estéreis .................... 40

Anexo XXV – Exemplo de Ordem de Preparação de Formulações de Nutrição Parentérica .... 41

Anexo XXVI - Sala Branca com Câmara de Fluxo Laminar vertical ........................................... 42

Anexo XXVII – Esquema Representativo do Circuito dos Medicamentos Citotóxicos ............... 42

Anexo XXVIII - Gabinete de Trabalho dos Ensaios Clínicos e Sala de Armazenamento dos

Medicamentos Experimentais ..................................................................................................... 43

Anexo XXIX – Exemplo de uma Prescrição de um Medicamento Experimental ........................ 43

Anexo XXX – Certificado de Confirmação de Destruição Local ................................................. 44

Anexo XXXI – Exemplo de Registo de Reação Adversa a Medicamento ................................ 45

Anexo XXXII – Folheto Informativo do Olaparib ......................................................................... 46

Anexo XXXIII- Folheto Informativo do Palbociclib ....................................................................... 47

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vii

Índice de Abreviaturas

AOP Assistente Operacional

APF Armazém de Produtos Farmacêuticos

AT Assistente Técnico

CAUL Certificado de Autorização de Utilização de Lote

CCIH Comissão de Controlo de Infeção Hospitalar

CES Comissão de Ética para a Saúde

CFLv Câmara de Fluxo Laminar Vertical

CFT Comissão de Farmácia e Terapêutica

CHP Centro Hospitalar do Porto

CTX Citotóxicos

DCI Denominação Comum Internacional

DIDDU Distribuição Individual Diária em Dose Unitária

EC Ensaios Clínicos

EE Estéreis Extemporâneos

FH Farmacêutico Hospitalar

FHNM Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos

GHAF Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia

HGSA Hospital Geral de Santo António

HLS Hospital Logistic System

NP Nutrição Parentérica

OP Ordem de Preparação

PF Produtos Farmacêuticos

PRM Problemas Relacionados com o Medicamento

PV Prazo de Validade

RNM Resultados Negativos associados à Medicação

SF Serviços Farmacêuticos

TDT Técnico de Diagnóstico e Terapêutica

UFA Unidade de Farmácia de Ambulatório

UFO Unidade de Farmácia Oncológica

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1

Parte I – Serviços Farmacêuticos do Cento Hospitalar do Porto

1. Introdução

1.1. Centro Hospitalar do Porto – Hospital Geral de Santo António

O Centro Hospitalar do Porto (CHP) é um hospital central e universitário associado ao

Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. Este foi criado através

do Decreto-Lei nº326/2007 de 28 de setembro, por fusão do Hospital Geral de Santo António

(HGSA) com o Hospital Central Especializado de Crianças Maria Pia e com a Maternidade Júlio

Dinis, sendo posteriormente integrado o Hospital Joaquim Urbano [1].

Tem como objetivo principal a prestação de cuidados de saúde competitivos e de

referência à população. Promove a articulação com outros parceiros, valorizando o ensino pré e

pós-graduado, a formação profissional, o incentivo e dinamização da investigação, assim como

o desenvolvimento científico na área da saúde [1].

O CHP encontra-se desde março de 2012 certificado pela Norma ISSO 9001, com

renovação da mesma em 2015. É acreditado pelo Comparative Health Knowledge Systems, que

abrange os Serviços Farmacêuticos (SF), garantindo assim a qualidade de todos os serviços

prestados no hospital e de toda a medicação e Produtos Farmacêuticos (PF) administrados e/ou

dispensados [2].

1.2. Serviços Farmacêuticos

Os SF pertencem aos serviços de suporte à prestação de cuidados, segundo o

organigrama do CHP (Anexo I), encontrando-se sob a direção da Dra. Patrocínia Rocha. Estes

estão localizados no edifício neoclássico do HGSA com exceção da Unidade de Farmácia

Oncológica (UFO) e do armazém de injetáveis de grandes volumes, localizados no edifício Dr.

Luís de Carvalho.

Os SF do HGSA subdividem-se em vários setores, nomeadamente o Armazém de

Produtos Farmacêuticos (APF), a Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (DIDDU), os

Ensaios Clínicos (EC), a Farmacotecnia (produção de estéreis e não estéreis), a Unidade de

Farmácia de Ambulatório (UFA) e a UFO (Anexo II). Estes integram uma rede de cuidados

multidisciplinares, tendo como objetivos principais a gestão e utilização da medicação e a

garantia da qualidade, segurança e eficácia em todo o circuito do medicamento. Como tal, os SF

possuem instruções de trabalho, que correspondem a protocolos de realização das tarefas

praticadas diariamente, que são revistas e atualizadas [2].

No âmbito de ação dos SF estão incluídos a seleção, aquisição, armazenamento,

distribuição e administração de medicamentos/PF, a intervenção em comissões técnicas e

grupos de trabalho, a prestação de informação na área do medicamento ao doente e a

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profissionais de saúde, a produção de preparações estéreis, não estéreis e de nutrição

parentérica em condições de segurança e cumprindo as normas de boas práticas de preparação

de medicamentos manipulados, colaboração nas atividades de investigação, nomeadamente na

área dos ensaios clínicos de acordo com as boas praticas clínicas, prestação de cuidados

farmacêuticos que incluem a monitorização e intervenção farmacêutica, entre outros. [2]

O quadro de Recursos Humanos dos SF é composto por uma vasta equipa multidisciplinar

constituída por 22 Farmacêuticos Hospitalares (FHs), 27 Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica

(TDTs), 15 Assistentes Operacionais (AOPs) e 3 Assistentes Técnicos (ATs) (Anexo III).

1.3. Farmacêutico no Contexto Hospitalar

Os farmacêuticos dos SF estão distribuídos pelos diferentes setores, garantindo a

aquisição racional e boa gestão dos medicamentos, bem como a preparação com rigor e

segurança e a sua distribuição eficaz [3].

Para além das funções referidas anteriormente, o farmacêutico assume também um papel

de destaque nas decisões tomadas no contexto hospitalar devido à sua participação em

Comissões Técnicas e Grupos de Trabalho, como é o caso da Comissão de Farmácia e

Terapêutica (CFT), da Comissão de Ética para a Saúde (CES), da Comissão de Controlo e

Infeção Hospitalar (CCIH) e das consultas de grupo. [2]

A CFT é constituída por seis elementos: três médicos e três farmacêuticos. Algumas das

missões desta comissão são: atuar como órgão consultivo e de ligação entre os serviços de ação

médica e os SF, velar pelo cumprimento do formulário e suas adendas e pronunciar-se sobre a

aquisição de medicamentos que não constem do formulário ou sobre a introdução de novos PF

[4].

A CES é um órgão multidisciplinar de apoio ao conselho de administração, que tem como

principal missão assegurar o cumprimento dos padrões de ética nas práticas hospitalares, de

forma a garantir a dignidade e integridade humana [5].

Por fim, a CCIH integra seis médicos, um farmacêutico, dois enfermeiros e o Diretor dos

Serviços Hoteleiros e tem como principais objetivos prevenir, detetar e controlar as infeções no

CHP, através da promoção de ações neste âmbito, juntamente com os vários departamentos,

serviços, unidades e demais órgãos técnicos [6,7].

1.4. Sistemas Informáticos - Gestão Hospitalar de Armazém e Farmácia

O programa informático utilizado atualmente nos SF do CHP designa-se “Gestão

Hospitalar de Armazém e Farmácia” (GHAF), que consegue satisfazer a necessidade de integrar

e reunir todas as informações que circulam diariamente nos diferentes setores, centralizando

assim numa única plataforma todos os processos inerentes ao uso do medicamento.

O GHAF é utilizado em todos os setores (devidamente classificados com códigos

numéricos diferentes), representando um papel de destaque na gestão de stocks e no apoio à

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prescrição médica e dispensa, na medida em que permite a gestão do processo de compra e do

inventário, registando, por exemplo, transferências entre armazéns e débitos em diferentes

centros de custos. O GHAF desempenha também um papel fundamental na validação da

prescrição médica, na preparação de medicamentos e na sua distribuição.

2. Armazém de Produtos Farmacêuticos

Os medicamentos, PF e dispositivos médicos devem ser armazenados de maneira a que

as condições necessárias de espaço, luz, temperatura, humidade e segurança estejam

asseguradas. Assim, a gestão deste espaço permite a aquisição destes produtos em quantidade,

qualidade, num prazo adequado e ao menor custo [8].

O APF é o armazém central do HGSA, onde é iniciado o processo de aquisição de

medicamentos, procedendo-se posteriormente à respetiva receção, conservação e controlo de

stocks. Este encontra-se dividido em diferentes setores, nomeadamente o armazém geral, onde

os medicamentos são distribuídos por ordem alfabética através da Denominação Comum

Internacional (DCI), uma zona onde são armazenados os manipulados, antídotos, pomadas

oftálmicas, colírios, contrastes de Raios-X e gotas nasais, uma zona para o material de penso,

um corredor que armazena a nutrição artificial, um armazém de injetáveis de grande volume,

uma câmara frigorífica com sistema de controlo e registo de temperatura, uma sala de

armazenamento de estupefacientes que possui uma fechadura de segurança, uma zona de

grandes volumes, outra destinada a medicamentos do ambulatório e ainda uma de inflamáveis

que está individualizada do restante armazém (Anexo IV).

2.1 . Gestão da Aquisição de Medicamentos e Produtos Farmacêuticos

A seleção de medicamentos e PF a nível hospitalar deve ser realizada tendo em conta o

Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos (FHNM) e as necessidades terapêuticas dos

doentes hospitalizados, bem como as respetivas adendas realizadas pela CFT e que têm em

conta a melhoria da qualidade de vida dos utentes e critérios fármaco-económicos [3].

O FH é responsável pela aquisição de medicamentos e PF, sendo que esta se processa

através do elo de ligação entre os SF e o serviço de aprovisionamento. Para um produto cujo

uso foi previamente autorizado, o APF comunica ao serviço de aprovisionamento a necessidade

de aquisição de todos os medicamentos ou PF que atinjam o ponto de encomenda [9].

É da responsabilidade do farmacêutico a gestão das entradas e transferências de

armazém, assim, após a receção de uma encomenda, esta deverá ser conferida e validada,

sendo enviada a documentação validada para o serviço de aprovisionamento para que seja dada

entrada no GHAF [8].

A aquisição de medicamentos/PF pode ser realizada por concurso público através da

plataforma “Vortal”, por consulta direta aos fornecedores através do Catálogo de

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Aprovisionamento Público da Saúde- SPMS ou ainda consulta dos medicamentos pelo Infomed

quando não estão disponíveis no catálogo. É sempre tido em conta o laboratório que apresenta

o menor custo e cujo produto possua uma identificação apropriada para a dose unitária.

Medicação esporádica do CHP, medicação em falta e alguns manipulados são solicitados

à Farmácia Lemos, sendo da competência do farmacêutico responsável pelo APF a solicitação

destes produtos [9].

O farmacêutico desempenha também um papel importante na identificação das

necessidades de aquisição de medicamentos/PF, através da atualização da “Lista Comum”. A

encomenda de medicamentos/PF está dependente do seu stock, sendo o seu controlo efetuado

através do sistema Kanban. O Kanban corresponde a um cartão que é identificativo do produto,

onde é referido a quantidade a repor/encomendar, o ponto de encomenda, a sua localização e

que apresenta uma cor que distingue os produtos em diferentes categorias (Anexo V) [10, 11].

2.2 Receção e Conferência

No armazém central é iniciado o processo de aquisição de medicamentos, procedendo-se

posteriormente à respetiva receção, conservação e controlo de stocks [12].

A área de receção do armazém é o local onde se realiza a receção e conferência dos

medicamentos ou PF. Durante este processo é realizada uma análise quantitativa e qualitativa

do produto rececionado, é verificado o destino interno, se pertence ao hospital e se a quantidade

recebida corresponde à mencionada na guia de transporte. Após a abertura da encomenda, são

ainda verificados o lote e Prazo de Validade (PV), sendo que a encomenda não será aceite se

este último for inferior a 6 meses, exceto se houver garantia de troca ou seja um medicamento

de elevada rotação [12].

Para alguns produtos é necessária uma verificação adicional. Nos dispositivos médicos é

necessário verificar se apresentam a marcação CE e arquivar os respetivos certificados que os

acompanham. Os medicamentos hemoderivados ou derivados do plasma humano têm de vir

acompanhados do respetivo Certificado de Autorização de Utilização de Lote (CAUL), emitido

pelo Infarmed, que ficará registado informaticamente. Para as matérias-primas é analisado o

Boletim de análise que comprova a qualidade do lote enviado pelo fabricante e este é enviado

para o responsável do setor da Produção que avalia a conformidade do lote [12].

2.3 . Gestão de Stocks

A análise de stocks decorre da observação das variações de consumo dos medicamentos

num determinado período de tempo e permite detetar, com algum grau de certeza, a tendência

de consumo futura. Um sistema eficiente de gestão de stocks permite identificar o histórico de

movimentação (entradas e saídas) e os níveis de stock (mínimo, máximo e ponto de encomenda)

e é conseguido através da implementação de algumas medidas fundamentais, como, por

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exemplo, evitar a acumulação de medicamentos em desuso, ao mesmo tempo em que garante

a disponibilidade para suprir as necessidades rapidamente; realizar inventários físicos periódicos

e possuir sistemas de informação integrados que permite o acesso e consulta imediata da

quantidade disponível em stock [13].

Um dos parâmetros fundamentais para gestão de stocks é a definição do ponto de

encomenda, ou seja, do nível de stock, que, ao ser atingido, sinaliza a necessidade de realização

da compra, de forma a evitar uma posterior rotura [13].

No CHP, a gestão de stock é da responsabilidade do farmacêutico do APF, que garante a

reposição e a arrumação dos PF, sendo esta realizada de forma a que se aplique a regra First-

Expired, First-Out.

Todos os movimentos de entrada e saída de PF têm de ser registados no GHAF, para que

os níveis de stock se encontrem disponíveis nesta aplicação [8].

Durante o nosso estágio, foi-nos permitido efetuar o controlo de alguns produtos em

stock (Anexo VI), através da comparação entre o stock físico e informático e proceder e/ou

conferir o aviamento de encomendas para reposição nos serviços clínicos, bem como o

aviamento de hemoderivados necessários no bloco operatório, como colas de fibrina e

fibrinogénio.

2.4 . Empréstimo de Medicamentos/PF

O processo de empréstimo de medicamentos compreende as atividades necessárias para

a solicitação e receção de produtos em falta, através do contacto entre hospitais parceiros. A

necessidade de empréstimo decorre muitas vezes de uma variação no consumo, que leva a

rotura de stock [14].

Durante o nosso estágio, foi possível observar que o processo de empréstimo de

medicamentos/PF, embora usado apenas em situações pontuais, é essencial para que as

necessidades dos doentes sejam rapidamente satisfeitas, sem colocar a sua saúde em risco [15].

Este tipo de procedimentos justifica-se em algumas situações, nomeadamente em casos

de urgência, em que a espera pelo fornecimento dos produtos pelo distribuidor não é viável,

sendo mais rápido recorrer a empréstimos, ou então em casos em que o próprio fornecedor se

encontra em rotura e há necessidade de contactar outros hospitais [15].

Desta forma, no CHP, quando há necessidade de recorrer a empréstimos a outros

hospitais, o farmacêutico responsável pelo APF deve contactar outros SF a fim de verificar a sua

disponibilidade. Se o outro hospital estiver disponível para conceder o empréstimo, o

farmacêutico regista no GHAF a entidade contactada, o produto e a quantidade pretendida [15].

Quando se trata de medicamentos ou PF que não estão incluídos no FHNM ou na Adenda

do CHP, o farmacêutico deve preencher um impresso de justificação e averiguar se não existe

um similar presente no FHNM. Pelo contrário, quando são realizados pedidos de empréstimo ao

CHP, o processo funciona da mesma forma no sentido inverso [15,16].

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3. Distribuição de Medicamentos

3.1. Distribuição Clássica

A distribuição clássica diz respeito ao fornecimento de medicamentos aos diversos

Serviços Clínicos, após receção do pedido de reposição de stock nos SF. Este pedido pode ser

realizado de forma eletrónica ou manual e tem por base um stock previamente definido para cada

medicamento [11].

No CHP, o processo de distribuição clássica de medicamentos e outros PF é dividido em

3 circuitos bem definidos (A, B e C), que permitem o fornecimento a todos os blocos, serviços

clínicos, consultas, veículos médicos de emergência e farmácias satélites (Hospital Joaquim

Urbano, Centro Materno-Infantil do Norte, UFA e UFO) [11,17,18].

A distribuição clássica tem por base o fornecimento de medicamentos, após pedido de

reposição de stock, que pode ser realizado por 4 processos diferentes [11,19]:

• Hospital Logistic System (HLS): Reposição por sistema de troca de caixas vazias por

caixas cheias, obedecendo a quantitativos previamente estudados e acordados entre os Serviços

Clinicos e os SF;

• Sistema de Kanbans: Reposição através de Kanban, que é retirado quando um

medicamento/PF atinge o ponto de encomenda.

• Pyxis Medstation®: trata-se de um dispositivo semiautomático presente nos Cuidados

Intensivos e no Bloco Operatório que permite um acesso rápido e controlado à medicação (Anexo

VII).

• Stocks nivelados: Reposição feita no local após contagem das unidades consumidas.

3.2. Distribuição Individual Diária em Dose Unitária

3.2.1. Circuito Interno da Distribuição Individual Diária em Dose Unitária

A DIDDU tem como missão garantir a distribuição de medicamentos e PF aos doentes,

nas quantidades, qualidade e prazos exigidos, assegurando a preservação das características

dos produtos durante este processo. Deste modo, é necessário que haja uma distribuição diária

de medicamentos, em dose individual unitária, para um período de 24 horas [20].

O resultado da aplicação deste sistema tem como vantagens uma maior segurança no

circuito do medicamento, um melhor conhecimento do perfil farmacoterapêutico dos doentes,

diminuição de interações medicamentosas e o uso racional do medicamento [3].

Assim, compete ao farmacêutico a validação e monitorização da prescrição médica,

realização do aviamento e gestão da devolução de medicamentos e PF [20].

O circuito de distribuição inicia-se através da avaliação do doente pelo médico,

acompanhada da realização de uma prescrição médica, posteriormente validada pelo

farmacêutico, resultando na distribuição da medicação ao doente e a sua consequente

administração pelo enfermeiro [3].

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As prescrições médicas são rececionadas pelo farmacêutico através do GHAF onde

constam pelo menos os seguintes elementos: Identificação do doente, data da prescrição,

designação do medicamento por DCI e indicação de dose, forma farmacêutica, via de

administração e a identificação do médico prescritor. Para além destes, na prescrição estão

indicados dados sobre o paciente (idade, peso e altura), diagnóstico clínico, doenças crónicas

existentes e alergias que auxiliam o farmacêutico na validação da prescrição [21].

No caso de surgir alguma inconformidade relativamente à prescrição médica, por exemplo

por falta de dados ou pela presença de interações medicamentosas, é da responsabilidade do

farmacêutico a realização de uma intervenção farmacêutica de modo a solucionar o problema

em questão. Esta pode ser realizada no GHAF ou, no caso de a prescrição ser manual, em

impresso próprio [21].

Após a validação das prescrições médicas é realizado o envio da medicação em dose

unitária através de carros (Anexo VIII). Estes contêm malas correspondentes a um serviço

específico e incluem gavetas associadas a um doente, com identificação do nome, cama e

número do processo [20].

A preparação destas malas pode ser realizada através um método semiautomático, com

recurso ao Pharmapick®, um dispensador automático de medicamentos (Anexo IX). Esta

tecnologia permite a realização de uma dispensa por medicamento com rapidez e segurança

associado a uma menor taxa de erro humano. O método manual é também utilizado no caso de

medicamentos ou PF com alta rotação não disponíveis no Pharmapick®, encontrando-se nas

células de aviamento (referências A) (Anexo X), para medicamentos/PF de rotação intermédia

que se encontram na torre central (referências B) (Anexo XI) e os de rotação baixa estão

disponíveis em módulos (referências C) (Anexo XII) [22, 23].

Por fim, os carros contendo a medicação são levados para os serviços por AOPs. Quando

existe medicação em falta, medicação urgente ou alguma alteração da medicação, o aviamento

é realizado em envelopes selados e identificados com os dados do doente, do Serviço Clínico e

da medicação prescrita, que são colocados em caixas SUC® (Anexo XIII) e posteriormente

transportados por mensageiros.

Durante o nosso estágio colaboramos no aviamento de faltas emitidas através do Portal

Interno do HGSA, auxiliamos na validação de prescrições médicas, participamos no aviamento

de estupefacientes e outros medicamentos sujeitos a controlo especial e no preenchimento dos

respetivos impressos e ainda na resposta a pedidos de informação.

3.2.2. Medicamentos Sujeitos a Controlo Especial

Determinados medicamentos são sujeitos a um circuito especial de prescrição e dispensa,

de acordo com as suas características e a legislação em vigor.

Neste grupo destacam-se várias classes de medicamentos nomeadamente

Estupefacientes e Psicotrópicos, Anti-infeciosos, Hemoderivados, Material de Penso, Nutrição

Artificial e Antídotos [21].

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3.2.2.1. Estupefacientes e Psicotrópicos

Como depressores do Sistema Nervoso Central, os medicamentos estupefacientes e

psicotrópicos podem ter propriedades ansiolíticas, sedativas e hipnóticas. No que diz respeito ao

meio hospitalar, os estupefacientes são utilizados como analgésicos para aliviar dores mais

intensas, podendo causar tolerância e dependência e serem alvo de uso indevido e abusivo.

Desta forma, é essencial a existência de um regime de distribuição especial para estes fármacos

[24].

Assim, a dispensa deste tipo de medicamentos é feita unicamente por farmacêuticos,

seguindo a legislação em vigor, o Decreto-Lei nº 15/93, de 22 de janeiro. O processo inicia-se

com uma prescrição médica, onde é identificada a DCI, dosagem, forma farmacêutica, via de

administração e posologia específica para cada doente. A equipa de enfermagem procede,

então, à preparação e administração da medicação ao doente e posteriormente deve registar o

produto consumido no impresso de requisição próprio, designado “Anexo X – Modelo 1509”

(Anexo XIV) [24]. Quando chega aos SF, este documento deverá estar devidamente preenchido

e assinado pelo médico e conter o código do serviço ao qual a farmácia vai realizar o débito do

produto. Posteriormente, o farmacêutico procede ao preenchimento dos restantes campos do

documento e ao débito no GHAF. Por fim, deve conferir os documentos e medicamentos aviados,

procedendo à assinatura das respetivas guias [25].

3.2.2.2. Anti-infeciosos

No diz respeito aos medicamentos anti-infeciosos, a forma como a prescrição médica é

realizada vai depender se o doente está internado em Serviços Clínicos com ou sem DIDDU.

Nos serviços em que se verifica este tipo de distribuição, a prescrição deve ser realizada de

forma eletrónica no GHAF. Em serviços sem DIDDU, a prescrição deve ser realizada em

impresso próprio (Anexo XV) [21].

A prescrição médica tem um período de validade máximo de 7 dias, sendo esta medida

de extrema importância na promoção do uso racional dos anti-infeciosos e, consequentemente,

no combate contra os desperdícios e, principalmente, contra o desenvolvimento de novas

resistências microbianas [21].

3.2.2.3. Hemoderivados

Os medicamentos hemoderivados apenas podem ser dispensados pelo farmacêutico, de

acordo com o Despacho Conjunto Nº1051/2000, 2ª série, de 14 de setembro, mediante a

apresentação de um impresso próprio (Anexo XVI) [21, 25].

Para assegurar a rastreabilidade dos lotes administrados a cada doente, neste impresso

deve constar o número do processo do doente que se encontra a realizar o tratamento, bem

como o número de lote e o respetivo CAUL. Com o mesmo objetivo em vista, devem ainda ser

enviados autocolantes identificativos do doente na quantidade suficiente, de forma a identificar

individualmente as embalagens a dispensar. Finalmente, é ainda da responsabilidade do

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farmacêutico proceder ao débito informático do pedido. Cada prescrição é válida para 24 horas

[25].

3.2.2.4. Material de Penso

A prescrição do material de penso deve ser realizada em impresso próprio (Anexo XVII),

onde o médico/enfermeiro caracteriza a(s) úlcera(s)/ferida(s) para a qual(ais) o material se

destina, quanto ao tipo, origem e localização, de forma a justificar a sua preferência. Depois de

validada, a prescrição é válida por um período de 8 dias [21].

O farmacêutico é responsável pela validação, dispensa e débito do material de penso,

devendo assim ter conhecimento sobre as diferentes aplicabilidades dos vários tipos de material

existentes, de forma a garantir que o(s) produto(s) é(são) o(s) ideal(ais) para a situação em

questão. Desta forma, no CHP, foi elaborada uma tabela que resume as propriedades,

indicações e efeitos adversos de todo o material de penso disponível no hospital (Anexo XVIII).

3.2.2.5. Nutrição Artificial

A prescrição de nutrição artificial é válida, no máximo, durante 7 dias após a validação da

mesma e é realizada em impresso próprio, para doentes em ambulatório, e através do GHAF,

para doentes internados [21].

3.2.2.6. Antídotos

A prescrição de antídotos deve ser realizada em impresso próprio (Anexo XIX), onde o

médico identifica o doente e a causa da intoxicação, bem como o resumo da história clínica, de

forma a justificar a prescrição do antídoto. Esta prescrição permite a reposição dos stocks do

serviço de urgência que foram consumidos [21].

3.3. Distribuição em Regime de Ambulatório

A distribuição de medicamentos em regime de ambulatório deve ser uma área onde os

cuidados farmacêuticos assegurem a adesão à terapêutica [26].

A evolução da tecnologia do medicamento tem permitido que muitos doentes façam a sua

medicação em regime de ambulatório, o que se considera uma vantagem quer para o hospital

quer para o doente. Em regime de ambulatório, o utente diminui a exposição aos riscos inerentes

a um internamento, como, por exemplo, o risco de contrair infeções nosocomiais. Ocorre também

uma redução dos custos relacionados com o internamento [27].

No âmbito da política do medicamento e do acesso à prestação de cuidados de saúde, o

Serviço Nacional de Saúde assegura a dispensa de medicamentos a título gratuito em regime

de ambulatório nas farmácias hospitalares em situações especiais [28].

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3.3.1. Unidade de Farmácia de Ambulatório

A UFA localiza-se junto aos SF e encontra-se aberta de segunda a sexta-feira das 9 às 17

horas. Contígua à UFA, localiza-se uma sala de espera com um sistema de atendimento por

senhas informatizado, de modo a facilitar a gestão do atendimento. A sala de atendimento ao

público possui 4 balcões, devidamente identificados e numerados, sendo que um deles é um

gabinete que pode ser utilizado em situações que exijam maior privacidade.

Relativamente à disposição dos medicamentos e outros PF conservados à temperatura

ambiente, estes encontram-se organizados em gavetas, agrupados por patologia e por ordem

alfabética. Já os medicamentos de frio encontram-se armazenados em câmaras frigoríficas e os

produtos destinados à nutrição em estantes.

No que diz respeito à reposição de stocks recorre-se à reposição por Kanban.

3.3.2. Prescrição Médica e Validação

A prescrição de medicamentos dispensados em regime de ambulatório é obrigatoriamente

realizada através de sistemas de prescrição eletrónica, segundo o despacho n.º 13382/2012,

publicado na 2ª série do Diário da República a 12 de outubro de 2012. No Anexo XX encontra-

se disponível um exemplo deste tipo de prescrição utilizado no CHP. No entanto, verificam-se

algumas exceções, como o caso da Nutrição (Anexo XXI), proveniente da especialidade de

Gastroenterologia ou de Hemoderivados [28].

No momento do atendimento, a prescrição é entregue pelo doente ao farmacêutico, que

procede à sua validação. Esta consiste na verificação do cumprimento das condições, de acordo

com os diplomas legais e autorizações da Direção Clínica, Conselho de Administração, CFT e

CES. São também verificados critérios como a identificação do utente, designação do

medicamento por DCI, forma farmacêutica, dose, frequência, via de administração, identificação

da especialidade médica, data da próxima consulta e identificação do médico prescritor [29].

3.3.3. Dispensa de Medicamentos

Os medicamentos dispensados na UFA encontram-se nas seguintes situações [30]:

• Medicamentos cuja dispensa carece de autorização através de diplomas legais;

• Medicamentos cuja dispensa carece de autorização através de diplomas legais,

mas com restrições impostas pelo CHP (exemplo: medicamentos biológicos);

• Medicamentos sem diplomas legais que autorizem a sua dispensa, mas com

deliberações específicas, autorizadas pelo Conselho de Administração do CHP;

• Medicamentos no âmbito de uma alta precoce;

• Medicamentos sem diplomas legais ou deliberações específicas do CHP que

autorizem a sua dispensa, solicitados através de respetiva justificação.

Segundo a instrução de trabalho referente às orientações para a dispensa de

medicamentos na UFA, esta deve obedecer a certos critérios, nomeadamente, a disponibilização

de qualquer medicamento até 3 meses, desde que o montante total seja inferior a 100 euros e

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para doentes residentes em qualquer área, ou até 300 euros se residirem fora do distrito do

Porto. Para montantes superiores, o medicamento é apenas fornecido para 1 mês de tratamento.

No caso dos doentes transplantados renais ou hepáticos serão fornecidos imunossupressores

até 3 meses. Existem casos excecionais onde esta metodologia não é aplicável, como, por

exemplo, no caso de se tratar de 40 dias de tratamento, sendo os medicamentos fornecidos na

totalidade ou quando é necessário fornecer medicação tendo em conta os stocks disponíveis

[31].

No âmbito da dispensa de medicação ao doente, é sempre disponibilizada informação

sobre o uso dos medicamentos, de forma oral ou escrita, através de folhetos informativos, onde

está incluída informação acerca da posologia, horário de administração, possíveis efeitos

secundários, interações com medicamentos e/ou alimentos e possíveis precauções especiais de

utilização. Caso se trate da primeira visita do utente à farmácia de ambulatório é lhe entregue

uma publicação informativa (Anexo XXII) e um termo de responsabilidade (Anexo XXIII) onde o

utente pode delegar a outras pessoas o levantamento da sua medicação, mediante a

apresentação da prescrição médica e a sua identificação.

3.3.4. Venda de Medicamentos em Regime de Ambulatório

Em casos excecionais, o Ministro da Saúde pode autorizar a venda de medicamentos ao

público por parte da farmácia hospitalar, nomeadamente quando surjam circunstâncias

suscetíveis de comprometer o normal acesso aos medicamentos, tal como o risco de

descontinuidade nas condições de fornecimento e distribuição. A venda é realizada mediante

apresentação da prescrição médica, devendo apresentar pelo menos 3 carimbos de farmácias

comunitárias que comprovem a rutura do medicamento, ou também quando se revela necessária

ou mais apropriada a imediata acessibilidade do medicamento [32].

3.3.5. Devolução de Medicamentos

Medicamentos levantados na UFA e que por alguma razão deixaram de ser utilizados

podem ser devolvidos nos SF. Estes devem ser colocados em local próprio e deverá ficar

registado o dia da receção e quem a realizou [33].

Os medicamentos serão aceites se se verificar a integridade da embalagem primária e

secundária, se estão dentro do PV, entre outros, sendo que os critérios de rejeição incluem todos

os medicamentos de conservação no frio, por não se conseguir garantir a sua devida

conservação pelo utente e os medicamentos de apresentação multidose, quando violada a sua

integridade física [33].

Durante o nosso estágio organizamos e gerimos stocks, realizamos a validação da

prescrição médica e posterior dispensa de medicamentos aos utentes com supervisão do

farmacêutico responsável. Procedemos ainda à receção e organização de medicamentos

devolvidos aos SF, de forma a verificar se podem ser novamente dispensados.

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4. Farmacotecnia

4.1. Produção de Não Estéreis

O programa de preparação de não estéreis tem como missão preparar e disponibilizar os

produtos solicitados, assegurando o cumprimento da regulamentação e das Boas Práticas

Farmacêuticas [34].

Os pedidos para novas preparações podem chegar por duas vias: por informação para

reposição do stock (receção de pedidos por Kanban) ou por solicitação da distribuição (receção

das requisições pelo GHAF) [34].

É da responsabilidade do farmacêutico, perante uma solicitação, a validação da requisição

e emissão de uma Ordem de Preparação (OP). É gerado um lote para o produto, que permite a

rastreabilidade do mesmo, bem como um PV, definidos segundo as respetivas instruções de

trabalho. O PV e o lote estão presentes tanto na OP como nos rótulos impressos para o produto

a preparar [34].

A OP contém várias informações como a designação da preparação, quantidade a

preparar, materiais e equipamentos a utilizar, matérias-primas, técnica de preparação, ensaios

de verificação, condições de acondicionamento e conservação e um exemplar do rótulo (Anexo

XXIV).

O TDT é responsável pela realização das preparações, devendo seguir as medidas de

proteção estabelecidas. Este regista na OP o lote, PV e origem de cada matéria-prima, e no fim

de cada preparação regista os resultados obtidos nos ensaios de verificação. Estes consistem

em testes de pH, aspeto, cor, entre outros, realizados para proceder ao controlo de qualidade do

produto final preparado [34, 35].

Posteriormente o TDT regista no GHAF e em folha própria de registo de cada matéria-

prima quais as quantidades utilizadas e dá entrada do novo produto acabado, fazendo a

transferência para o armazém de destino.

Durante este estágio observamos todo este processo, desde a validação e emissão das

OP até ao registo informático e em papel das saídas das matérias-primas e entradas dos

produtos acabados. Participamos na preparação de algumas preparações e registo de dados

(Lotes, PV e origem).

4.2. Produção de Estéreis

O processo de produção de medicamentos estéreis tem como missão assegurar a

disponibilização de estéreis ao menor custo, nas características e prazos acordados. O setor da

produção de estéreis é responsável pela preparação de Estéreis Extemporâneos (EE) e pela

preparação da Nutrição Parentérica (NP) [36].

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Neste setor existem 3 zonas, com grau de esterilidade crescente: a sala negra (sala de

apoio), a sala cinza (onde se realiza a lavagem assética das mãos e colocação das fardas,

compostas por protetores de sapatos, fato de bloco, máscara, touca e luvas estéreis) e sala

branca (onde se realiza a preparação dos produtos estéreis) [3, 37].

A esterilidade das preparações é assegurada utilizando a técnica assética em Câmara de

Fluxo Laminar vertical (CFLv), inserida na sala branca, que é uma sala de pressão positiva e

com ambiente controlado, evitando a contaminação. Todos os dias, antes e após a utilização da

CFLv esta é descontaminada com uma solução de álcool a 70%, realizada de acordo com a

metodologia implementada no serviço. Todos os materiais e matérias-primas que entram na

CFLv são descontaminados com uma solução de álcool a 70% [38, 39].

4.2.1. Estéreis Extemporâneos

Os pedidos para a produção de EE podem ser feitos por sistema de Kanban, pelo GHAF

ou por prescrição médica [36].

Compete ao farmacêutico a validação das requisições, a elaboração do rótulo e emissão

da OP, fazendo a conferência da informação neles contida. Esta conferência deve ser

duplamente validada por um elemento da equipa de trabalho. É também atribuído um lote

segundo a metodologia adotada, de forma a permitir a rastreabilidade do produto [36].

Por fim, o produto acabado é sujeito a ensaios de verificação organoléticos, realizados

pelo supervisor de forma a confirmar a qualidade do produto.

Durante este estágio, observamos todo este processo, nomeadamente as preparações

na sala branca, tendo a oportunidade de entrar nesta, seguindo todos os procedimentos

necessários para manter a esterilidade.

4.2.2. Nutrição Parentérica

O processo de NP tem como missão preparar e disponibilizar os produtos solicitados,

assegurando o rigoroso cumprimento da regulamentação e das Boas Práticas Farmacêuticas.

As solicitações chegam pelo GHAF por prescrição médica ou por pedidos de clientes externos.

Compete ao farmacêutico a validação das prescrições, o qual deve verificar os dados de

identificação do doente, data e hora da prescrição, composição quantitativa e qualitativa da

solução I (solução hidrossolúvel) e da solução II (solução lipossolúvel) e ainda verificar a

assinatura do médico prescritor. Compete também ao farmacêutico a emissão da OP (Anexo

XXV) e respetivos rótulos bem como a criação do lote, segundo a metodologia adotada [40, 41].

A produção das bolsas de NP está dividida em duas partes [41]:

• Produção da solução I, composta por glucose nas diferentes concentrações,

aminoácidos, oligoelementos e vitaminas, acondicionada numa bolsa própria de

NP, cujo enchimento é feito de forma automática para os macronutrientes e de

forma manual para os micronutrientes;

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• Produção da solução II, constituída por lípidos e vitaminas lipossolúveis,

acondicionada manualmente numa seringa de 50mL ou numa bolsa de NP, se a

solução contiver mais de 50mL.

Após o enchimento de ambas as soluções, estas são rotuladas de imediato com um rótulo

interno e posteriormente protegidas da luz por uma folha de alumínio. É de seguida colocado um

rótulo secundário e acondicionado numa embalagem secundária. Todo o processo deve seguir

uma validação dupla.

É também da responsabilidade do farmacêutico a realização de ensaios de verificação

organoléticos em ambas as soluções e um ensaio de verificação gravimétrico na solução I. Tanto

a primeira como a última bolsa do dia são sujeitas a um controlo microbiológico.

Durante este estágio, observamos e auxiliamos o farmacêutico durante todo o

procedimento, tendo participado nos ensaios de verificação organoléticos e gravimétricos.

Executamos também o reembalamento e rotulagem das formulações.

4.3. Produção de Citotóxicos

O principal objetivo da manipulação de Citotóxicos (CTX) é elaborar os fármacos a um

menor custo, no prazo pretendido e de forma segura. Para tal, a UFO encontra-se localizada

junto ao hospital de dia, de forma a facilitar o circuito do medicamento e permitir que a exposição

ocupacional e ambiental seja minimizada. Com o mesmo fim, é feito um controlo microbiológico

por uma entidade externa periodicamente [42].

A manipulação de CTX apenas pode ser feita por profissionais que tenham tido uma

formação prévia de 160 horas. É necessário o recurso à técnica assética, em CFLv (Anexo XXVI),

com o fim de não contaminar o fármaco e a pressão negativa para não contaminar o ambiente

externo [43].

Este setor esta dividido em três zonas: negra (zona exterior), cinza (antecâmara) e branca

(sala de preparação). Na sala branca é obrigatório trocar de luvas de 60 em 60 minutos (apenas

o segundo par), trocar de bata de 3 em 3 horas e o fato de bloco diariamente. O fardamento tem

que ser específico: dois pares de luvas, as primeiras em látex, esterilizadas e isentas de pó e as

segundas de nitrilo estéreis; a máscara deve ser PFR2 ou PFR3 e é obrigatório o uso de óculos

de proteção e protetores de calçado [44].

É da competência do farmacêutico definir as técnicas de manipulação e atualizá-las

sempre que necessário, validando as prescrições médicas. Estas prescrições encontram-se

disponíveis no GHAF após os exames hematológicos do utente serem aceitáveis. O farmacêutico

também monitoriza as manipulações e procede à preparação dos tabuleiros, fornecendo ao TDT

o fármaco descartonado, solução de diluição, OP e respetivos rótulos (Anexo XXVII). É ainda

responsável pela cedência de CTX que não necessitem manipulação, bem como de

hemoderivados e pela preparação da lista de pacientes para o dia seguinte [45].

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A dose de CTX administrada a cada doente é calculada segundo a respetiva superfície

corporal, peso ou AUC e ainda, de acordo com o fármaco, pode ser necessário ter em atenção

o funcionamento da função hepática e renal e se existe mielossupressão [45].

Neste hospital é da competência de dois TDTs a confirmação do conteúdo do tabuleiro

previamente preparado pelo farmacêutico e posterior preparação do CTX. No produto acabado

cabe ao TDT a identificação com o respetivo rótulo, proteção da luz caso seja necessário e o

acondicionamento em embalagem secundária (manga termosselada).

Em caso de derrame ou qualquer acidente com um CTX procede-se segundo o protocolo

implementado. As instruções encontram-se dentro do kit assim como todo o material necessário.

No decorrer do estágio foi-nos permitido aprender a analisar as prescrições e respetiva

validação, preparar os tabuleiros para posterior manipulação e acompanhamento da mesma,

repor os produtos segundo o método de Kanbans e preparar a lista de doentes para o dia

seguinte. Além destas tarefas, ainda procedemos ao preenchimento de impressos de dispensa

de hemoderivados.

4.4. Fracionamento e Reembalagem

O fracionamento de medicamentos tem como objetivo a disponibilização de medicamentos

em dosagens não disponíveis no mercado, sem alterar a qualidade do mesmo, bem como reduzir

o desperdício de medicamentos [46].

Os medicamentos que podem ser sujeitos a este processo de fracionamento e

reembalamento são medicamentos nos quais não há comprometimento das suas características

físico-químicas, nem alteração da libertação do princípio ativo, devendo estar indicado no RCM

essa possibilidade [46].

5. Investigação e Desenvolvimento

5.1. Ensaios Clínicos

Um Ensaio Clínico (EC) “é qualquer investigação conduzida no ser humano, destinada a

descobrir ou a verificar os efeitos clínicos, farmacológicos ou outros efeitos farmacodinâmicos

de um ou mais medicamentos experimentais, ou a identificar os efeitos indesejáveis de um ou

mais medicamentos experimentais, ou a analisar a absorção, a distribuição, o metabolismo e a

eliminação de um ou mais medicamentos experimentais, a fim de apurar a respetiva segurança

ou eficácia” [47].

Estes ensaios são imprescindíveis para a introdução de um novo medicamento no

mercado ou para a introdução de um medicamento já comercializado, mas com uma nova

indicação terapêutica. Numa fase anterior, estas moléculas são sujeitas a diversos testes pré-

clínicos realizados a nível laboratorial e computacional para avaliar qualidade, eficácia e

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segurança. Caso os resultados sejam positivos para os parâmetros descritos inicia-se a fase dos

EC, pois estes resultados nem sempre são transponíveis para a espécie humana, sendo,

portanto, necessária a investigação no ser humano antes do medicamento poder ser

comercializado [48].

Os ensaios clínicos apresentam 5 desenhos diferentes, dependendo do objetivo do

mesmo [49]:

• Ensaio Clínico Multicêntrico Multinacional: estudo realizado em mais de um centro de

ensaios e em vários países, seguindo o mesmo protocolo;

• Ensaio Clínico Aberto: estudo em que o investigador e o doente sabem qual a medicação

administrada;

• Ensaio Clínico Aleatorizado: ensaio em que os doentes são randomizados por dois ou

mais braços de tratamento;

• Ensaio Clínico em Ocultação Simples ou Cego: estudo em que apenas o investigador

sabe o tratamento que o doente está a receber, não tendo o doente acesso a essa

informação;

• Ensaio Clínico em Dupla Ocultação ou Duplamente Cego: estudo em que o doente e o

investigador não têm acesso à informação sobre o tratamento recebido pelo doente.

Idealmente os ensaios devem ser prospetivos, aleatorizados, preferencialmente

duplamente cegos e utilizar um grupo controlo. Estes ensaios são divididos em 4 fases [50, 51]:

• Fase I – Não apresenta objetivo terapêutico, pretende-se a avaliação da segurança e

tolerabilidade, bem como a avaliação do seu perfil farmacocinético e farmacodinâmico, e

portanto, a população em estudo é saudável. Tem normalmente uma duração de semanas.

• Fase II – Tem como objetivo avaliar a eficácia, a dose terapêutica e a segurança a curto

prazo. A população em estudo é composta por 25 a 100 doentes, sendo que esta fase pode

durar até alguns meses.

• Fase III – Tem como objetivo a confirmação de um benefício terapêutico e avaliar a eficácia

e segurança. A população em estudo é composta por 200 a 1000 doentes, sendo que esta

fase pode durar anos.

• Fase IV – A fase IV é realizada após o medicamento já ter sido introduzido no mercado,

tendo como objetivo a otimização do uso do medicamento, avaliar efeitos secundários,

interações medicamentosas e possíveis novas formulações. A população em estudo pode

ser composta por milhões de pessoas, durando vários anos.

Um ensaio tem vários intervenientes, como o investigador, o promotor, o monitor, o FH, o

auditor, as entidades reguladoras (Comissão de Ética para a Investigação Clínica, CES,

INFARMED, Comissão Nacional de Proteção de Dados), o centro de ensaios e os participantes,

sendo fundamental uma boa cooperação entre eles [50].

Na realização de um EC o promotor é a pessoa responsável por conceber o protocolo e

fazer a gestão e financiamento do ensaio, devendo posteriormente pedir aprovação às entidades

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reguladoras. Caso seja aprovado, todos os intervenientes são contactados pelo promotor para a

apresentação do protocolo. No desenvolvimento dos ensaios o monitor indicado pelo promotor

será responsável pela realização das visitas de monitorização. O FH responsável pelo

medicamento irá fazer a gestão do circuito do medicamento no centro de ensaio, implementado

um procedimento onde estão descritas as fases de receção, armazenamento, manipulação,

dispensa, administração, devolução, registo e arquivo da informação [48].

Relativamente às instalações, estas seguem as Boas Práticas Clínicas, sendo o espaço

composto por duas salas contíguas: gabinete de trabalho e sala de armazenamento dos

medicamentos experimentais (Anexo XXVIII).

5.2. Circuito do Medicamento Experimental

É da competência dos farmacêuticos responsáveis pelos EC a receção, armazenamento,

dispensa e devolução dos medicamentos em questão.

Receção

Aquando da chegada dos medicamentos à unidade de EC, o responsável abre todas as

embalagens, verifica a integridade das mesmas, verifica se a medicação é a correta, assim como

o número de embalagens, a forma farmacêutica, o número do lote e o respetivo PV [52].

Por vezes, as encomendas são acompanhadas de Data loggers (dispositivos de

temperatura) que indicam se não houve desvios de temperatura e humidade. Caso se verifique

um desvio, o promotor do ensaio deve ser notificado e o medicamento é colocado em quarentena

até novas informações. Os dispositivos devem ser parados assim que aberta a encomenda e o

farmacêutico deve proceder ao download do mesmo [52].

Antes do armazenamento em local apropriado, é necessário fazer-se a validação da

receção em softwares pré-estabelecidos no protocolo e posteriormente a informação é toda

arquivada [52].

Acondicionamento

A medicação é acondicionada respeitando as condições de temperatura e humidade,

devendo a medicação de temperatura ambiente encontrar-se entre 15-25ºC e a medicação de

frio entre os 2-8ºC. A organização é feita por medicamento e ordem crescente de número de kit

[52].

Prescrição, Dispensa e Administração

A prescrição desta medicação é feita pelo investigador principal ou outro médico que esteja

devidamente autorizado (Anexo XXIX). A medicação é fornecida ao doente quando este faz

autoadministração ou a um coordenador caso a medicação seja administrada por um enfermeiro

ou médico. É feito o registo em formulário interno do EC em questão, identificação do doente, do

medicamento, do prescritor e da posologia. Na própria embalagem regista-se também a data da

dispensa e a identificação do doente [52].

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Devolução

É no momento da dispensa que se realiza a devolução das embalagens anteriormente

dispensadas. Estas são armazenadas e o ato tem que ser registado para conferência e

devolução ao promotor. O promotor é responsável pela destruição respeitando normas

previamente estabelecidas, podendo delegar esta tarefa ao CHP (Anexo XXX) [52].

Gestão e Registo de Informação

Para que haja uma boa gestão de toda a informação, uma vez que o mesmo EC é muitas

vezes realizado em diferentes partes do mundo, existem ferramentas como o Interactive Voice

Response System (IVRS) e o Interactive Web Response System (IWRS) que permitem a

interação entre os diferentes intervenientes. É desta forma que se faz a randomização dos

doentes, se atribuí a medicação e se faz a gestão dos inventários [53].

Toda a informação é guardada em dossier e arquivada por um período mínimo de 5 anos

após o término do ensaio, podendo este período ser alargado por solicitação do INFARMED ou

da Comissão Nacional de Proteção de Dados. É comum que o promotor solicite o arquivo durante

15 anos quando se trate de um estudo com centros multinacionais, para uniformizar o processo,

uma vez que em alguns países 15 anos é o período mínimo de arquivo [52].

Durante o nosso estágio foi-nos permitido ler protocolos de diferentes EC que estavam

a decorrer naquele momento, participar na dispensa de medicação e fazer os registos

necessários. Participamos ainda no processo de devolução de medicação, assistimos a visitas

de qualificação, iniciação, monitorização e encerramento.

6. Cuidados Farmacêuticos

A intervenção farmacêutica envolve um conjunto de atividades destinadas a modificar

alguma característica do tratamento, do doente que o utiliza ou das condições de uso. Tem como

objetivo prevenir ou detetar alterações dos efeitos terapêuticos da farmacoterapia, resolver um

Problema Relacionado com o Medicamente (PRM) ou Resultados Negativos associados à

Medicação (RNM) e/ou melhorar as condições de saúde do doente [54].

Dentro desta vertente inclui-se [55]:

• A procura, identificação e resolução de PRM com a finalidade de prevenir os RNM;

• A implementação de programas de monitorização da prescrição de medicamentos

com o objetivo de detetar e resolver um PRM e RNM, melhorar as condições de

saúde do doente e diminuir os custos da utilização de medicamentos;

• A realização de estudos e elaboração de pareceres técnicos sobre a utilização de

medicamentos destinados a promover o uso racional dos mesmos;

• O desenvolvimento de material de apoio e educação destinado a melhorar o nível

de conhecimento do doente sobre a doença e respetiva terapêutica.

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Parte II – Atividades Realizadas nos Serviços Farmacêuticos do CHP

1. Farmacovigilância

A Farmacovigilância é definida pela OMS como o conjunto de atividades relacionadas com

a deteção, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos devido ao uso do

medicamento. Tem como objetivo a determinação da incidência, gravidade e causalidade dos

mesmos [56].

É da responsabilidade dos profissionais de saúde a notificação de reações adversas

medicamentosas, devendo comunicar o mais brevemente possível, através do Sistema Nacional

de Notificações de Reações Adversas. Em Portugal, o Infarmed é a entidade responsável por

receber e processar essas notificações [56].

Durante o nosso estágio tivemos a oportunidade de participar no processo de

Farmacovigilância, reportando duas reações adversas a um hemoderivado (imunoglobulina

humana inespecífica) (Anexo XXXI). O registo da notificação foi realizado no seguinte endereço

eletrónico: http://newdbserver.med.up.pt/web.care/UFN/notificacao/notificacao2.php

2. Folhetos Informativos

Com vista a esclarecer os doentes e promover a adesão à terapêutica, foi-nos proposto a

formulação de folhetos informativos para dois fármacos incluídos recentemente na UFA, Olaparib

e Palbociclib (Anexos XXXII e XXXIII).

Olaparib destina-se a doentes com neoplasia do ovário, trompas de falópio e peritoneu,

enquanto que o Palbociclib é indicado para vários tipos de neoplasias da mama. Ambos são

medicamentos exclusivos de hospital, assim sendo terão que ser adquiridos nos SF aquando da

prescrição dos mesmos.

3. Consulta de Imunologia Clínica

Durante o estágio tivemos a oportunidade de assistir à Consulta de Imunologia Clinica,

que ocorre semanalmente no HGSA. Nesta reunião são apresentados casos clínicos de doenças

autoimunes, dos quais o diagnóstico ainda não foi confirmado ou existe ausência de resposta à

terapêutica atual, sendo discutidas opções de diagnóstico e/ou tratamento alternativas.

Esta reunião é constituída por um a equipa multidisciplinar, da qual fazem parte médicos

de diferentes especialidades, como por exemplo de Medicina Interna, Neurologia, Pneumologia,

entre outras, bem como um farmacêutico cujo papel envolve a disponibilização de informações

acerca dos medicamentos indicados para o tratamento das diferentes patologias, assim como as

doses e formas farmacêuticas existentes. Para além disso, informa sobre a necessidade de

obtenção de autorização por parte da CFT e/ou CES para a utilização do medicamento.

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Conclusão

Chegando ao fim desta etapa verificamos que foi uma experiência muito enriquecedora.

Foi-nos dada a oportunidade de colaborar com uma equipa multidisciplinar que nos incutiu o

valor do papel do Farmacêutico enquanto profissional de saúde no meio hospitalar, mostrando

sempre a máxima disponibilidade para nos acompanhar.

Durante este estágio crescemos enquanto profissionais e pessoas. Foi-nos mostrada a

importância do rigor no desenvolvimento de todas as atividades, colocando sempre em primeiro

lugar o bem-estar e segurança de todos os doentes.

O farmacêutico integra uma equipa multidisciplinar, o que permite o acompanhamento da

evolução do doente, através de uma constante comunicação com outros profissionais de saúde,

como médicos e enfermeiros, garantindo assim a prestação dos melhores cuidados de saúde.

No HGSA foi possível não só observar a realidade do FH, como participar ativamente em

muitas tarefas desempenhadas, o que enriqueceu a nossa aprendizagem. Desta forma, não só

aumentamos os nossos conhecimentos, como também consolidamos conteúdos adquiridos

durante os anos de formação académica na Faculdade de Farmácia.

Foi sem dúvida um privilégio colaborar com uma equipa de excelência, num hospital que

prima pela sua boa reputação. O balanço foi muito positivo, superando todas as expectativas e

por isso agradecemos uma vez mais à equipa que nos acolheu de forma tão calorosa.

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Bibliografia

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http://www.chporto.pt/. [acedido em 24 de outubro de 2017].

[2] Centro Hospitalar do Porto: Centro Hospitalar do Porto EPE, Serviços Farmacêuticos.

Acessível em: https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=9&cad=rja&

uact=8&ved=0ahUKEwig68rAuZDXAhXGuhQKHQLqC0IQFghTMAg&url=http%3A%2F%2Fcolu

mbus-web.org%2Fdocumentsplatform%2Fwp-content%2Fuploads%2F2014%2F05%2FApres

enta%25C3%25A7%25C3%25A3oFarmacia.pptx&usg=AOvVaw2wQewG4ZKVTjy7Ckr_dOHe.

[acedido em 27 de outubro de 2017]

[3] Brou MHL, Feio JAL, Mesquita E, Ribeiro RMP, Brito MCM, Cravo C, et al (2005). Manual da

Farmácia Hospitalar. Ministério da Saúde.

[4] Centro Hospitalar do Porto: Comissão de Farmácia e Terapêutica. Acessível em

http://www.chporto.pt/ver.php?cod=0B0D0D. [acedido em 24 de outubro de 2017].

[5] Centro Hospitalar do Porto: Comissão de Ética para a Saúde, Acessível em

http://www.chporto.pt/ver.php?cod=0B0D0A. [acedido em 24 de outubro de 2017].

[6] Centro Hospitalar do Porto: Comissão de Controlo e Infeção Hospitalar. Acessível em

http://www.chporto.pt/ver.php?cod=0B0D0C. [acedido em 24 de outubro de 2017].

[7] Direção Geral de Saúde: Comissão de Controlo da Infeção. Acessível em

https://www.dgs.pt/cci-regulamento.aspx. [acedido em 24 de outubro de 2017].

[8] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Matriz do Processo

IM.GQ.GER.043/5 – Programa Gestão de Armazéns.

[9] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.091/1 – Pedidos à Farmácia Lemos.

[10] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Matriz do Processo

IM.GQ.GER.043/5 – Programa Gestão das Compras.

[11] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.66/2 – Distribuição Clássica de Medicamentos- Circuito A.

[12] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.007/3 – Receção e Armazenamento de Medicamentos.

[13] Sforsin ACP, et al. (2012), Gestão de Compras em Farmácia Hospitalar, Farmácia

Hospitalar; 16: 3.

[14] Rodrigues SL, Sousa JVO (2014), Logística Hospitalar: Um Estudo Exploratório Sobre

Processos na Gestão de Compras de Medicamentos. In: Rodrigues SL, Sousa JVO eds.

Congresso Nacional de Excelência em Gestão; 08 e 09 de agosto de 2014; Piauí, Brasil. p. 1-13.

[15] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.064/1 – Solicitação e Empréstimos de Medicamentos/Produtos Farmacêuticos.

[16] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.065/1 – Cedência de Empréstimos de Medicamentos/produtos Farmacêuticos.

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[17] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.67/2 – Distribuição Clássica de Medicamentos- Circuito B.

[18] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.120/0 – Distribuição Clássica de Medicamentos- Circuito C.

[19] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.121/0 – Reposição de Medicamentos no Pyxis Medstation®.

[20] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Matriz de Processo

IM.GQ.GER.043/5 – Programa Distribuição Individual Diária (DID).

[21] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.102/1 – Validação e Monitorização da Prescrição Médica DID.

[22] Picklog: Pharmapick Health Care Dispensing Automation. Acessível em

http://www.slidelog.com.br/wp-content/uploads/2016/06/Cata%CC%81logo-Picklog_Final.pdf.

[acedido em 25 de outubro de 2017].

[23] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.103/1 – Reposição do Stock de Apoio à DID e Gestão dos Prazos de Validade.

[24] Gonçalves C, et al. (2012), Procedimento De Distribuição De Estupefacientes E

Psicotrópicos No Centro Hospitalar De são João, EPE. In: Cruz A, et al., eds. Livro De Actas Do

VIII Colóquio De Farmácia. VIII Colóquio de Farmácia, Área Técnico – Científica de Farmácia -

Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto; 2012; Vila Nova de Gaia, Portugal, p. 127-

133.

[25] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.105/3 – Aviamento de Medicamentos e Produtos Farmacêuticos em Dose

Unitária.

[26] Ministério da Saúde: Programa do Medicamento Hospitalar. Acessível em

http://www2.portaldasaude.pt/NR/rdonlyres/08B97218-B68D-42ED-97FD-6FF16F3558AF/0/PM

H_Livro_ver_41DocumentoFinalSES.pdf. [acedido em 25 de outubro de 2017].

[27] Aguiar AH, et al., (2005). Farmacêuticos 2015, Uma reflexão sobre a evolução da profissão.

1ª edição. AJE Sociedade Editorial, Lda, Lisboa.

[28] Serviços Partilhados do Ministério da Saúde E.P.E.: Prescrição de Medicamentos para

Dispensa em regime de Ambulatório pelas Farmácias Hospitalares. Acessível em:

http://spms.min-saude.pt/wp-content/uploads/2013/01/PEM_HOSP_ServicosPrescri%C3%A7%

C3%A3oDispensa_ET-v1_9-1.pdf [acedido em 25 de outubro de 2017].

[29] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.053/1 – Validação e Monitorização da Prescrição Médica de Ambulatório.

[30] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.078/1 – Validação e Monitorização da Prescrição de Citotóxicos em Ambulatório.

[31] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.054/1 – Orientações para a Dispensa de Medicamentos na Farmácia de

Ambulatório.

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[32] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.022/1 – Venda de Medicamentos.

[33] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.023/1– Devolução de Medicamentos.

[34] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Matriz de Processo

IM.GQ.GER.043/5 – Programa de Produção Não Estéreis.

[35] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.043/1 – Ensaios de Verificação.

[36] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Matriz de Processo

IM.GQ.GER.043/5 – Processo de Produção de Medicamentos Estéreis.

[37] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.047/1 – Gestão do Fardamento.

[38] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.046/1 – Manipulação de Estéreis – Técnica Assética.

[39] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.048/2 – Limpeza e Desinfeção da Sala Branca e CFL.

[40] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Matriz de Processo

IM.GQ.GER.043/5 – Processo de Nutrição Parentérica.

[41] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.0058/2 – Validação e Monitorização da Prescrição de Nutrição Parentérica.

[42] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Matriz de Processo

IM.GQ.GER.043/5 – Processo Produção de Citotóxicos.

[43] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.027/2 – Manipulação de Citotóxicos.

[44] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.80/2 – Fardamento e Equipamento de Proteção Individual a Utilizar na

Manipulação de Citotóxicos.

[45] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.029/1 – Validação e Monitorização da Prescrição de Citotóxicos para Preparação

em CFLv.

[46] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Matriz de Processo

IM.GQ.GER.043/5 – Fracionamento de Medicamentos para Reembalagem.

[47] INFARMED: Lei n.º 21/2014, de 16 de abril, Aprova a lei da investigação clínica. Acessível

em: http://www.infarmed.pt/documents/15786/1068535/036-B1_Lei_21_2014_1alt.pdf [acedido

em 26 de outubro de 2017].

[48] Departamento de Ensino, Formação e Investigação (DEFI), Gabinete Coordenador da

Investigação (GCI) do Centro Hospitalar do Porto (2010). Guia de Boas Práticas Em Investigação

Clínica. 1ª edição. Centro Hospitalar do Porto, Porto.

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[49] Roche: Tipos de Ensaios Clínicos. Acessível em:

https://www.roche.pt/corporate/index.cfm/farmaceutica/ensaios-clinicos-profissionais-de-saude/

tipos-de-ensaios-clinicos/ [acedido em 26 de outubro de 2017].

[50] Almeida T, (2010). Implementação e Atividades de uma Unidade de Ensaios Clínicos nos

Serviços Farmacêuticos de um Hospital Central Universitário. 1ª edição. Centro Hospitalar do

Porto, Porto.

[51] Roche: Fases dos Ensaios Clínicos. Acessível em:

https://www.roche.pt/corporate/index.cfm/farmaceutica/ensaios-clinicos-profissionais-de-saude/

tipos-de-ensaios-clinicos/ [acedido em 26 de outubro de 2017].

[52] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. – Manual dos Serviços

Farmacêuticos MA.SFAR.GER.003/1 – Ensaios Clínicos.

[53] Clinitec: IVRS/IWRS. Acessível em: http://www.clinitec.com.au/ivrs_iwrs.html [acedido em

26 de outubro de 2017].

[54] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Instrução de Trabalho

IT.SFAR.GER.031/1 – Identificação e Resolução de PRMs.

[55] Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar do Porto E.P.E. - Matriz de Processo

IM.GQ.GER.043/5 – Processo Cuidados Farmacêuticos.

[56] Lundbeck: O que é a Farmacovigilância?. Acessível em: http://www.lundbeck.com/pt/

farmacovigilancia/o-que-e-a-farmacovigilancia [acedido em 26 de outubro de 2017].

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Anexos

Anexo I - Organigrama do Centro Hospitalar do Porto

Anexo II - Gestores e Co-Gestores de cada processo dos Serviços Farmacêuticos do

CHP

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Anexo III- Organigrama dos Serviços Farmacêuticos do Hospital Geral de Santo António

Anexo IV – Representação Esquemática da Planta do Armazém

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Anexo V – Sistema de Kanbans

Anexo VI – Controlo dos Produtos em Stock

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Anexo VII – Pyxis Medstation®

Anexo VIII – Carros de Distribuição Individual Diária em Dose Unitária

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Anexo IX- Pharmapick®

Anexo X – Células de Aviamento (referências A)

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Anexo XI – Torre Central (Referências B)

Anexo XII – Módulos (Referências C)

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Anexo XIII - Caixas SUC®

Anexo XIV – “Anexo X–Modelo 1509” - Modelo de receita médica relativa a substâncias e

preparações compreendidas nas tabelas I a II

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Anexo XV – Impresso de Prescrição e Requisição de Anti-Infeciosos

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Anexo XVI - “Modelo Nº1804” – Impresso para Requisição/Distribuição/Administração de

Hemoderivados

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Anexo XVII – Impresso de Requisição de Material de Penso

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Anexo XVIII - Tabela “Material de Penso Disponível no Centro Hospitalar do Porto”

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Anexo XIX – Impresso de Prescrição e Requisição de Antídotos

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Anexo XX – Exemplo de Prescrição Médica Eletrónica em Regime de Ambulatório

Anexo XXI - Prescrição Médica Manual em Regime de Ambulatório

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Anexo XXII – Publicação Informativa de Medicamentos de Ambulatório

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Anexo XXIII- Termo de Responsabilidade

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Anexo XXIV – Exemplo de Ordem de Preparação de Formulações Não Estéreis

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Anexo XXV – Exemplo de Ordem de Preparação de Formulações de Nutrição Parentérica

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Anexo XXVI - Sala Branca com Câmara de Fluxo Laminar vertical

Anexo XXVII – Esquema Representativo do Circuito dos Medicamentos Citotóxicos

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Anexo XXVIII - Gabinete de Trabalho dos Ensaios Clínicos e Sala de Armazenamento

dos Medicamentos Experimentais

Anexo XXIX – Exemplo de uma Prescrição de um Medicamento Experimental

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Anexo XXX – Certificado de Confirmação de Destruição Local

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Anexo XXXI – Exemplo de Registo de Reação Adversa a Medicamento

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Anexo XXXII – Folheto Informativo do Olaparib

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Anexo XXXIII- Folheto Informativo do Palbociclib

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