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CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA Preço: 2,5 Publicação Bimestral N.º 53 Junho / Julho 2007 Vamos todos ao Porto, a 17 de Setembro, à Concentração Nacional junto dos Ministros da PAC Destaques É do pior para Portugal a reforma da OCM do Vinho Seminário – Novo Quadro Comunitário PDR 2007-2013 Caderno Técnico Biocombustíveis Líquidos Explorações Leiteiras ESTA REVISTA CONTÉM ARTIGOS CO-FINANCIADOS AO ABRIGO DA MEDIDA 10 DO PROGRAMA AGRO

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CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA

Preço: 2,5 €

Publicação Bimestral

N.º 53Junho /Julho 2007

Vamos todos ao Porto,a 17 de Setembro,à Concentração Nacionaljunto dos Ministros da PAC

Destaques■ É do pior para Portugal a reforma da OCM do Vinho■ Seminário – Novo Quadro Comunitário PDR 2007-2013

Caderno Técnico■ Biocombustíveis Líquidos■ Explorações Leiteiras

ESTA REVISTA CONTÉM ARTIGOS CO-FINANCIADOS AO ABRIGO DA MEDIDA 10 DO PROGRAMA AGRO

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Í NDICE

EdiçãoCNA – Confederação Nacional da Agricultura

MoradaRua do Brasil, n.o 155 – 3030-175 COIMBRA

Tel.: 239 708 960 – Fax: 239 715 370E-mail: [email protected]: www.cna.pt

Delegação em LisboaRua do Salitre, 171, 1.o – 1250-199 LISBOA

Tel.: 213 867 335 – Fax: 213 867 336E-mail: [email protected]

Delegação em Vila RealRua Marechal Teixeira Rebelo,

Prédio dos Quinchosos, Lt. T, Apart. 1585000-525 VILA REAL

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Delegação em ÉvoraRua 5 de Outubro, 75 – 7000-854 ÉVORA

Tel.: 266 707 342 – Fax: 266 707 317E-mail: [email protected]

Delegação em BruxelasPlace Bara, 18, Entresol – 1070 BRUXELASTel.: 0032 2 5273789 – Fax: 0032 2 5273790

TítuloVoz da Terra

DirectorJoão Dinis

Coordenador dos Serviços Agro-ruraisRoberto Mileu

Coordenador ExecutivoJosé Miguel

FotosArquivo da CNA

Arquivo da DRABLMiguel Malta (Curso ASEG-Barroso)

Colaboradores neste númeroCristina BrancoVanda SantosLucinda Pinto

Redactores da Separata “Caderno Técnico”Inês AmaroJosé Miguel

PeriodicidadeBimestral

Tiragem10 000 exemplares

Depósito LegalN.o 117923/97

Registo de Publicação ICS123631

Composição, Fotolitos e ImpressãoAT-Loja Gráfica, Lda. – Porto

Os textos assinadossão da responsabilidade dos autores

SUMÁRIO

A CNA está filiada na CPECoordenadora Agrícola Europeia

* Os artigos assinalados e o dossier técnico são co-financiadosao abrigo da Medida 10 do Programa Agro

CPE

UNIÃO EUROPEIAFUNDOS ESTRUTURAIS

M i n i s t é r i o d aA g r i c u l t u r a ,do DesenvolvimentoRural e das Pescas

FICHA TÉCNICAI ......................................................... 2

EDITORIALVamos todos ao Porto a 17 de Setembro

à Concentração Nacional junto dos Ministrosda PAC ............................................................... 3

DESTAQUEÉ do pior para Portugal a proposta da Comissão

Europeia – CE para a reforma da OCMdo Vinho ............................................................. 4

Seminário – Novo Quadro ComunitárioPDR 2007-2013* ................................................ 5

NOTÍCIAS *Tributação das ajudas da PAC ................................ 6CNA reúne com o Secretário de Estado

do Ambiente ....................................................... 6Aprovada a reforma da OCM das Frutas

e Hortícolas ........................................................ 7ALDA comenta o decréscimo da Produção

de Leite............................................................... 8Baldios exigem pagamento de indemnizações ....... 8

CADERNO TÉCNICO*Biocumbustíveis Líquidos........................................ 9Explorações Leiteiras ............................................ 25

OPINIÃOO balanço possível do “estrondoso” sucesso

do iDigital… ...................................................... 38

INTERNACIONAL*Mobilizações em Rostock / … do outro lado

das barreiras, as alternativas florescem… ....... 39Ministros da Agricultura optam pela

contaminação / ao aprovar transgénicosna agricultura biológica .................................... 39

ACTIVIDADES DA CNA E ASSOCIADAS * ............... 40

OBSERVATÓRIO LEGISLATIVO * ............................. 42

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E DITORIAL

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VAMOS TODOS AO PORTO A 17 DE SETEMBROÀ CONCENTRAÇÃO NACIONAL

JUNTO DOS MINISTROS DA PAC

A P E L OA Direcção Nacional da CNA, lança um forte apelo aos Agricultores e aoutras Organizações, para que neste difícil contexto, em que estão a serameaçados os direitos e interesses dos Agricultores e do Mundo Rural,PARA QUE VENHAM TODOS AO PORTO, A 17 DE SETEMBRO, ÀCONCENTRAÇÃO NACIONAL, JUNTO DOS MINISTROS DA PAC.

O Executivo da Direcção Nacional da C N A

A Direcção Nacional da CNA vai promover umaConcentração de Agricultores, na cidade doPorto, a 17 de Setembro, por ocasião da reuniãodo Conselho Agrícola Europeu que aí será presi-dido pelo Ministro da Agricultura de Portugal.

Entende a CNA que esta é a altura certa paraque todos os Agricultores Portugueses façamouvir, alto e a bom som, junto dos Ministros daPAC, a sua voz e o seu protesto, as suas pro-postas e reclamações, tendo em conta a actualsituação de dificuldade que atravessa a Agri-cultura Portuguesa e tendo já em conta decisõesimportantes, mas erradas, que se avizinham anível da União Europeia.

Muitas e boas são, pois, as razões que levama Agricultura Nacional e o Mundo Rural a recla-mar por outras e melhores políticas agro-ruraise a protestar perante a falta de resolução devários problemas muito concretos que afectama Lavoura Nacional.

Em particular, a protestar contra a política debaixos preços na produção; contra o aumentodos factores de produção; contra os altos custosdas contribuições para a Segurança Social;contra o encerramento dos serviços públicos;

contra os atrasos na aplicação do PDR, Pro-grama de Desenvolvimento Rural e, ainda, contraa falta de pagamento, pelo Governo, de dívidasdo Estado aos Agricultores e às OrganizaçõesAgrícolas.

Mas também perante as más reformas dasOCM’s – Organizações Comuns de Mercado doVinho e das Frutas e Hortícolas e contra assucessivas reduções dos Orçamentos Agrícolas– quer da UE quer do Orçamento de EstadoNacional.

Esta é, repete-se, uma boa oportunidade paradizer aos Ministros da Agricultura da UniãoEuropeia que as coisas não estão bem e quemás são as propostas que já há em cima da mesasobre vários “dossiês” agro-rurais. E para afirmarque se avança numa desmesurada “aposta” nosagro-combustíveis (bio-combustíveis) em detri-mento da produção alimentar. Entende a CNAnão ser este o melhor, e nem sequer o maisviável, caminho para as nossas terras agrícolas.Pelo menos enquanto persistir o enorme déficena nossa balança agro-alimentar e enquantomilhões de pessoas continuarem a sofrer e amorrer à fome, no mundo.

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DESTAQUE

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É DO PIOR PARA PORTUGALA PROPOSTA DA COMISSÃO EUROPEIA – CE

PARA A REFORMA DA OCM DO VINHO

Como aspecto à partida positivo, re-gista-se a interdição do uso generalizadoda “chaptalização”, ou seja, da adiçãoindiscriminada de açúcares para aumentaro grau alcoólico de certos “vinhos”.

Determinadas ajudas, remetidas até paraos chamados “envelopes nacionais”, nãopassam de panaceias para “dourar apílula”...

No processo de discussão das pro-postas da CE, assistiu-se uma vez maisao “número” do costume, com a CE aapresentar inicialmente o “pior dos pio-res”, para agora alegar que ouviu e teveem conta as reacções surgidas duranteo pretenso “debate público” das suas

Tal como aliás já se esperava, é má para Portugal a proposta formal da ComissãoEuropeia, CE, para a próxima Reforma da Organização Comum de Mercado, OCM,do Vinho. Nomeadamente, são mesmo “do pior” para a nossa Vitivinicultura epara a Vitivinicultura mais tradicional da União Europeia:

■ O fim dos “Direitos de Plantação” de Vinhas (a partir de 2014);

■ O fim das Ajudas Públicas à Destilação de Vinhos;

■ O arranque de Vinhas embora com algumas Ajudas “aliciantes”;

■ Algumas das portas abertas (novas práticas enológicas) para aquiloque se prefigura vir a ser a “grande martelada” no fabrico e comer-cialização, à escala quase global da Organização Mundial doComércio – OMC, de “vinhos” sem indicação da respectiva origemgeográfica;

■ E preocupante é, ainda, a “vontade” política em que terminem, atéao final deste ano de 2007, as negociações formais que agora seiniciam entre a CE, o Conselho Agrícola e o Parlamento Europeupara a aprovação final desta Reforma da OCM do Vinho.

“opções” iniciais, mas que no essen-cial se mantêm nesta proposta formal.Ao mesmo tempo, esta velha táctica“negocial” também visa dar cobertura àpropaganda dos governantes dos paí-ses-membros que agora anunciam pre-tensas “vitórias” perante as pouco signi-ficativas modificações até agora intro-duzidas pela CE na sua (má) proposta deReforma desta OCM do Vinho.

Porém, reafirma-se, temos uma má pro-posta de Reforma da Organização Comumde Mercado – OCM, do Vinho, e quereclama o “chumbo” inequívoco por partedo Governo Português e das OrganizaçõesNacionais do Sector.

Comunicado da Direcção Nacional da C N A, de 5 de Julho

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DESTAQUE

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Seminário

Novo Quadro Comunitário

PDR 2007-2013

A CNA realizou, nos passados dias 29 e 30de Junho, no Hotel Holiday Inn Porto, um Semi-nário subordinado ao tema: “Novo Quadro Co-munitário – PDR 2007-2013”.

Este Seminário, realizado no âmbito do PIF –Plano Integrado de Formação da CNA, abordouos seguintes temas:

Tema I

• Diagnóstico e Domínio de Intervenção• Eixos Prioritários do PDR – Aplicação na Região

Norte

Tema II

• Do III QCA 2002-2006 ao PDR 2007-2013• PDR – Floresta/Baldios

Tema III

• Sector Lácteo e o PDR• Formação Profissional no âmbito do IEFP

Tema IV

• O Movimento Associativo, Organização e Gestão• PDR e FEADER – Contexto e Perspectivas

Na sessão de abertura, em representação daCNA, Ana Gonçalves saudou todos os partici-pantes, destacando a importância da presençados oradores convidados que considerou umgarante da qualidade dos vários debates pre-vistos ao longo do Seminário. Por outro lado,João Dinis, efectuou um resumo do posicio-namento da CNA face à proposta do MADRPpara o PDR – Programa de DesenvolvimentoRural – 2007/2013.

A primeira parte do Tema I (Diagnóstico eDomínio de Intervenção) teve como orador,Roberto Mileu, da CNA, que focou o facto doEstado Português ter excluído das fileiras estra-tégicas, os sectores do leite, da carne e das cul-turas arvenses, sectores nos quais Portugal éaltamente deficitário.

Este orador, referiu ainda que, Portugal, com-parando com outros Estados-Membro, é um dospaíses que mais peso dá ao Eixo 1 em detri-mento dos restantes eixos.

De seguida, interveio o Dr. José Miguel Silva,sobre a futura aplicação do PDR na RegiãoNorte, considerando que este PDR não tem emconta a coesão territorial.

No âmbito do Tema II, falou o Eng.º Tito Rosa,Gestor do AGRO e que, como tal, participou naproposta do MADRP, explicando como foramtomadas as opções para a elaboração destePDR. Ainda neste tema o Eng.º Gama Amaralapresentou as medidas dedicadas ao sectorFlorestal, mais concretamente no que respeitaaos Baldios.

Quanto ao Tema III, teve como primeiroorador o Eng.º Carlos Duarte, ex-Secretário deEstado-Adjunto do Ministro da Agricultura, quefalou sobre o PDR e o Sector Lácteo, e o Dr JoséLeitão, do IEFP, que desenvolveu o tema daFormação Profissional no âmbito do Instituto deEmprego e Formação Profissional.

Já no sábado e no âmbito do quarto e últimotema do Seminário, Pedro Santos, da CNA, feza sua intervenção voltada para as perspectivasfuturas do movimento associativo agrícola, noâmbito do novo Plano de DesenvolvimentoRural, nomeadamente das Associações deíndole socioprofissional.

João Vieira, também pela CNA, falou sobre oPDR e FEADER contextualizando-os nas políti-cas das Organizações Comuns de Mercado – OCM’s.

O encerramento do Seminário foi realizadopor Armando Carvalho, que fez um balanço aosvários temas, salientando a importância dosdebates ocorridos.

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DESTAQUE

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A CNA solicitou, no presente mês deJulho, a vários órgãos institucionais, queponham fim à intenção das Finanças emtributar certas Ajudas da PAC atribuídasaos Agricultores enquanto “compen-sações” pelas baixas dos preços à pro-dução decididas em sucessivas reformas.

Em carta remetida ao Presidente doIFAP e com conhecimento ao Ministro daAgricultura e das Finanças e aos GruposParlamentares, a CNA afirma que, emsucessivas reformas da Política AgrícolaComum, PAC, foram decididas grandesbaixas dos preços à produção, a pretexto,sobretudo, da Organização Mundial doComércio, OMC.

Para “compensar” os Agricultores poressas grandes baixas de preços à pro-

Tributação das ajudas da PAC

dução, foram oficialmente instituídasalgumas Ajudas da PAC.

Porém, as Direcções Regionais deFinanças estão agora a tentar impor oagravamento fiscal a incidir sobre taisAjudas, o que a CNA considera mani-festamente desadequado e injusto.

A CNA reuniu, no passado dia 20 deJunho, em Lisboa, com o Secretário deEstado do Ambiente, Humberto Rosa.

Esta reunião, realizada a pedido da CNA,teve como propósito conhecer melhor asopções do Governo, sobre várias matérias,entre as quais se destaca a aplicação danova Lei da Água, o funcionamento doFundo Português de Carbono e o posi-cionamento sobre os Biocombustíveis.

Ao mesmo tempo, a CNA marcou a suaposição sobre estas mesmas matérias.

CNA reúne com o Secretário de Estado do Ambiente

No que respeita à questão da Lei daÁgua, o Conselho Nacional da Água e ofacto da CNA não ter assento neste órgão,foi um dos assuntos abordados, bem comoo Regime de Utilização dos RecursosHídricos e o Regime Económico-Finan-ceiro.

Quanto ao Fundo Português de Car-bono, fundo que o Governo pode utilizarem projectos, em Portugal ou em paísesem vias de desenvolvimento, e que servepara ganhar mais direitos de libertação deGEE’s – Gases com Efeito de Estufa,através da criação dos designados “sumi-douros de carbono”, várias foram asquestões colocadas, nomeadamente,sobre a possibilidade dos baldios sepoderem candidatar.

Quanto aos biocombustíveis, a CNAmanifestou a sua forte preocupaçãoquanto ao lobby que se está a levantar emtorno deste novo agronegócio e de elefuncionar em detrimento da balança agro-alimentar Portuguesa.

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N OTÍCIAS

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A partir de 1 de Janeiro de 2008 entrarão em vigor as novas regras para o sectordos frutos e produtos hortícolas. Osaspectos mais relevantes desta reforma daOCM (Organização Comum de Mercado)do sector das frutas e produtos hortícolas,do ponto de vista dos agricultores, rela-cionam-se com o desligamento das ajudasda produção e a respectiva inclusão noRPU (Regime de Pagamento Único) jáconhecido dos nossos produtores deoutros sectores.

A modalidade aprovada dá margem aoEstado Membro (EM) para mantertransitoriamente a ajuda ligada à produção.

Assim, no caso do sector do tomatepara indústria, o período transitóriodecorrerá de 2008 a 2011, o que quer dizerque, durante quatro anos, podem serpagas ajudas aos agricultores directa-mente relacionadas com a produção (deacordo com a superfície cultivada aoabrigo de contrato com a indústria), nãopodendo a parte da ajuda ligada excederos 50%.

O acordo para a reforma não constitui grande vitória, em consequência da transitoriedadeda solução, já que a partir de 2011 será aplicado o desligamento total das ajudas.

Portugal tem até 1 de Novembro de2007 para decidir sobre a percentagem dedesligamento.

O montante de referência, a incluir noRPU atribuído a cada produtor, será

Aprovada a reforma da OCM

das Frutas e Hortícolas

calculado considerando uma ou váriascampanhas de comercialização a definirpelo EM (entre 2001 e 2007).

O acordo político alcançado prevê aindaque o período de referência a considerarpara efeitos do estabelecimento do pacotefinanceiro a atribuir a cada EM se restrinjaàs campanhas de 2002/2003 a 2004/2005.

Campanha Nº de produtores Área declarada (ha)2001/2002 1.271 11.725

2002/2003 998 11.897

2003/2004 873 12.466

2004/2005 825 14.023

Evolução por campanha do número de produtores e área no sector do tomate para indústria

Fonte: IFADAP/INGA

Por Lucinda Pinto

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NOTÍCIAS

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O Secretariado dos Baldios de Trás-os-Montes e Alto Douro protestou, nopassado dia 24 de Junho, aquando dainauguração de mais um troço da A24 peloSr. Primeiro Ministro, contra a falta depagamento das indemnizações pela expro-priação de terrenos comunitários para aconstrução desta auto-estrada.

Neste protesto foi entregue umdocumento ao Sr. Primeiro Ministro, comtodo o historial deste processo, o qual

A ALDA – Associação da Lavoura doDistrito de Aveiro, manifestou-se, em notade imprensa, preocupada com a actualsituação do sector leiteiro nacional.

Segundo esta Associada da CNA, aquestão do decréscimo na produção deleite no nosso país, há muito que se previa.

A ALDA tem vindo a alertar para asnefastas medidas políticas tomadas pelossucessivos Governos, que conduziram àdifícil situação deste sector.

Segundo esta organização, também omovimento cooperativo leiteiro não estáisento de pesadas responsabilidades, umavez que têm estado de acordo com oessencial dessas más políticas.

Uma das principais causas do aban-dono da produção de leite, segundo aALDA, é sem dúvida o baixo preço do leite.“Nos últimos 15 anos, estagnou o preçoao produtor, enquanto que o preço dosfactores de produção (adubos, rações,electricidade, combustível, etc) e os custosda Sanidade Animal, dispararam para

ALDA comentao decréscimoda Produção de Leite

Baldios exigem pagamento deindemnizações

valores incomportáveis, tendo em conta,as receitas obtidas pelas ExploraçõesFamiliares”, afirma a ALDA no seu comu-nicado.

A ALDA critica ainda, as notícias dealguns jornais, que falam no aumento dopreço do leite à produção, o que nãocorresponde à verdade segundo estaorganização, afirmando, que o aconteceuagora, foi uma reposição do valor de 2 cên-timos/litro retirado em Outubro de 2006.

A ALDA continua a defender, inter-namente, a criação de quotas de leiteregionalizadas e a classificação destesector, no PDR – Plano de Desenvol-vimento Rural, como uma fileira prioritária.

Ao nível da União Europeia, a ALDAdefende o aumento da quota nacional.

respondeu, que “o Estado está falido e queé preciso grandeza”.

O Secretariado de Baldios de Trás-os--Montes e Alto Douro considera quepaciência e grandeza é aquilo que têmdemonstrado ao longo de todo o processo,e que espera que o Estado cumpra comos seus compromissos, afirmando que,caso o problema não seja resolvido,agendará outros protestos, para além davia judicial.

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Sem dúvida que a questão dos bio-combustíveis está a dominar e conti-nuará a dominar a actualidade, nocontexto das energias renováveis, inse-rida na problemática das alteraçõesclimáticas e na necessidade de seencontrar novas fontes energéticasalternativas aos combustíveis fósseis.

Estruturei este artigo, começando porcontextualizar os biocombustíveis nogrupo de energias originárias da bio-

massa para, de seguida, abordar a evo-lução dos biocombustíveis no Mundo, naEuropa e, em particular, em Portugal,nomeadamente, no que respeita à políticaque tem vindo a ser praticada.

Terminarei, fazendo uma análise,pessoal, sobre a aposta nos bio-combustíveis, enquanto oportunidadee caminho a seguir pela humanidadepara conseguir um desenvolvimentosustentável.

BIOCOMBUSTÍVEIS LÍQUIDOSPor José Miguel

Este dossier faz parte da revista Voz da Terra de Junho/Julho de 2007 ao abrigo da Medida 10 do Programa Agro.

M i n i s t é r i o d aA g r i c u l t u r a , d oDesenvolvimentoRural e das Pescas

UNIÃO EUROPEIAFUNDOS ESTRUTURAIS

CADERNO TÉCNICO

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Introduçãoà Energia da Biomassa

Começando então por enquadrar osbiocombustíveis na energia contida nabiomassa, dizer, aquilo que todos nós jásabemos, que as plantas, através dafotossíntese, capturam energia do sol etransformam-na em energia química.

Esta energia, que passa a estar contidaneste material orgânico, por sua vez, passaa ser convertível em várias formas deenergia, desde logo:

Electricidade;Combustível ;e Calor.

Estas fontes orgânicas que são usadaspara produzir estas formas de energia, sãodesignadas de biomassa e daí chamarmosde energia da biomassa.

Incluem-se também nesta classificação,os efluentes agro-pecuários, agro-indus-triais e urbanos.

No que respeita à sua classificação, aBiomassa para a energia adquiriu váriasdesignações consoante a sua fonte ener-gética de origem natural.

Temos então, a Biomassa sólida, osBiocombustíveis gasosos e os Biocom-bustíveis líquidos.

A biomassa sólida tem como fonte osprodutos e resíduos da agricultura, osresíduos da floresta e da agro-indústria ea fracção biodegradável dos resíduosindustriais e urbanos.

O aproveitamento energético daBiomassa sólida, faz-se pela combustãodirecta, ou seja, através da queima destesresíduos.

Temos o exemplo das 15 centrais debiomassa que estão a ser instaladas emPortugal e que irão queimar resíduosflorestais para obterem energia.

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CADERNO TÉCNICO

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No que respeita aos biocombustíveisgasosos, mais conhecidos por biogás,têm os mesmos origem nos efluentes agro-pecuários, nos efluentes da agro-indústriae nos efluentes urbanos, como sejam, aslamas resultantes das estações de tra-tamento dos efluentes domésticos.

Sendo ainda susceptíveis de produziremBiocombustíveis gasosos os ResíduosSólidos Urbanos contidos em aterros.

Quanto aos biocombustÌveis líquidos,têm os mesmos origem nas chamadas“culturas energéticas” de que todos jádevemos ter ouvido falar.

Neste grande grupo da energia dabiomassa, os Biocombustíveis maisconhecidos são o biodiesel, o etanol e ometanol.

O biodiesel é obtido principalmente apartir de óleos de colza, girassol ou palmae podem ser utilizados na substituição totalou parcial do gasóleo, nos veículos a diesele daí designar-se de biodiesel.

O etanol, é produzido a partir dafermentação de hidratos de carbono, comoseja o açúcar, o amido e a celulose, comorigem em culturas como a cana-de-açú-car e o milho, sendo utilizado, princi-palmente, na substituição da gasolina.

Quanto ao metanol, tem como pro-cessos de produção mais comuns, asíntese a partir do gás natural, ou a partirda madeira através de um processo degaseificação.

O aproveitamento energético, neste caso,resulta da queima do biogás, originadopela degradação biológica anaeróbia, damatéria orgânica contida nestes efluentese resíduos anteriormente referidos.

2 11

CADERNO TÉCNICO

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As Energias Renováveisno Mundo

Tendo efectuado esta apresentaçãoinicial à energia da biomassa, passaria afazer um pequeno comentário ao actualmomento de viragem planetário, na buscade energias alternativas, que façam dimi-nuir a nossa dependência dos combus-tíveis fósseis.

E, sobre esta matéria, existe um grandeconsenso, que a aposta deverá passarpelas energias renováveis.

Mas, na minha opinião, nem todas asportas que se abrem com as energiasrenováveis, significam um caminho cor-

recto na busca de um maior equilíbrioambiental mundial.

E julgo que este momento, é de factocrucial para a humanidade, tendo em contaque podemos considerar que se está aencerrar um ciclo e a entrar num outro eque as opções e os investimentos cana-lizados se tornarão em soluções de longoprazo.

A verdade, é que as energias reno-váveis, onde se insere a energia dabiomassa, estão actualmente, em todo omundo, a capitalizar enormes inves-timentos capazes de mover enormesinteresses.

Alguns exemplos:

Segundo a Câmara de ComércioLuso-Brasileira, os investimentosmundiais em energias renováveis noano passado, foram na ordem dos41 mil milhões de euros, estimando--se que em 2016, atinjam 3 vezesmais, qualquer coisa como 168,5 milmilhões de euros.

Em Portugal, estima-se que tenhamde ser investidos, 6,4 mil milhões deeuros, o equivalente a 4% do PIB,para que se consiga atingir o com-promisso de 39% de energias reno-váveis, em 2010, meta esta que,entretanto, o Governo aumentoupara 45%.

Estes, são só alguns exemplosda importância fundamental des-tes próximos anos, na definiçãoda estratégia, no sentido de todoeste investimento, parte estatal,parte privada, ser efectuado nosentido da sustentabilidade am-biental e no benefício da humani-dade, e não apenas no sentido dointeresse económico de alguns.

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CADERNO TÉCNICO

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No que respeita à primeira, tem amesma como objectivo, promover a utili-zação dos biocombustíveis e de outroscombustíveis renováveis, em substituiçãodo gasóleo ou da gasolina para efeitos detransportes rodoviários.

Esta Directiva, em concreto, vem definira incorporação obrigatória, pelos EstadosMembros, de uma percentagem mínima debiocombustíveis (ver gráfico).

Os Biocombustíveis Líquidos

Sendo esta matéria tão extensa, apenascentrarei este artigo, a partir daqui, nosbiocombustíveis líquidos e que são, detodas as opções que estão a ser encaradaspara produção de energia através dabiomassa (e posso dizer mesmo, de todasas opções que estão a ser encaradasenquanto energias renováveis), aquelesque mais dúvidas têm suscitado, relativa-mente à sua sustentabilidade ambiental eàs suas consequências sociais.

Desde de logo e sem estar a querer fazerjá uma análise crítica aos biocombustíveislíquidos, dizer apenas que, existe umadiferença substancial que divide a bio-massa sólida e os biocombustíveis gaso-sos dos biocombustíveis líquidos e que éde, no primeiro caso, estarmos a falar davalorização de resíduos, agro-pecuários,florestais, agro-industriais e urbanos, e nosegundo caso, o dos biocombustíveis líqui-dos, estarmos quase sempre a falar deproduções agrícolas dedicadas, ou seja,das tais “culturas energéticas”.

E esta é uma diferença substancial,que altera muita coisa como iremos verà frente.

Legislação Comunitária

Entrando na Política Comunitária sobrebiocombustíveis líquidos, dizer que exis-tem duas directivas essenciais:

A Directiva 2003/30

e a

Directiva 2003/96

ambas da Comissão Europeia. 2 13

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2005 2006 2007 2008 2009 2010

2%2,75%

3,5%4,25%

5%5,75%

Percentagens mínimas de incorporação de bicombustível

No que respeita à outra Directiva 2003/96 veio a mesma possibilitar aos EstadosMembros, isentarem totalmente os bio-combustíveis do imposto sobre os pro-dutos petrolíferos.

Dizer ainda, no que respeita à políticaComunitária, que em Setembro deste ano,será apresentado pela Comissão Europeiaa chamada “estratégia para os biocom-bustíveis” e que deverá impor a quota de10% de biocombustíveis para 2020.

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Legislação Nacional

No que diz respeito à legislaçãoNacional sobre biocombustíveis, temos oDecreto-Lei n.º 62/2006 que transpõe aDirectiva da Comissão Europeia que impõeaquelas metas de incorporação de bio-combustíveis, e temos o Decreto-Lei n.º66/2006 que veio definir, juntamente coma Portaria n.º 1391, a aplicação da isençãodo Imposto sobre os Produtos Petrolíferosnos biocombustíveis.

Sobre esta isenção fazer um parentesis,para dizer que continua a ser muito poucoatractivo, economicamente, produzir bio-combustíveis na Europa, e particularmenteem Portugal, sem estes tais incentivosfiscais.

Em Portugal, e não estou a entrar naanálise da opção ambiental ser correctaou não, analisando apenas na perspectiva

económica, Portugal tem desde logo umgrande problema na promoção dos bio-combustíveis, e que é a falta de matéria--prima.

Ao nível do Biodiesel, não possuímoscondições edafoclimáticas propícias paraa produção de oleaginosas (girassol, soja,colza, etc.) e, por isso, a maioria damatéria-prima para a produção destebiocombustível terá sempre de serimportada.

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Ao nível do bioetanol, não se colocando,para já, a hipótese da produção em largaescala da cana-de-açúcar, resta-nos omilho, que apesar de ser uma cultura tra-dicional em Portugal, tem rentabilidadesmuito inferiores às outras culturas, nomea-damente à da cana.

Referir que uma tonelada de milhofornece apenas 400 litros de Bioetanol.

E por isso, tendo em conta as carac-terísticas edafoclimáticas, tendo em contaa escassez de solos férteis, tendo em contao próprio dimensionamento das parcelas,e continuo a dizer, numa análise mera-mente económica, torna-se muito difícilque a produção de biocombustíveis emPortugal, com base em matéria-primaPortuguesa, exista se não for subsidiada.

Voltando ainda à questão das isençõesfiscais, dizer que tivemos uma primeiraisenção atribuída até 31 de Dezembro de

2007, apenas para o Biodiesel e para umaquantidade limitada a 205.000 toneladas,atribuída a seis empresas (ver quadro).

Empresa Quantidades (Ton.)

Biomart 42.078Torrejana (em produção) 43.722Tagol 15.547Biovegetal 25.504Iberol (em produção) 72.870SBN 3.279Total 203.000

Fonte: Ministério da Economia

Dizer ainda que destas empresasapenas duas já produziam em Portugal,efectivamente, Biodiesel; todas as outrasainda se encontravam, pelo menos à datado concurso, em fase de instalação, e quede Bioetanol, até ao momento, não existenenhuma fábrica em Portugal 2 15

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Estas 205.000 ton., segundo os cálculosdo Governo serão o equivalente a 3,5%do gasóleo consumido em Portugal esteano, e que deverá rondar os 6 milhões detoneladas, o que responde ao cumpri-mento da meta da UE para 2007.

Brevemente, o Governo deverá publicara Portaria para a segunda fase de con-cessão da isenção, desta vez por umperíodo que irá até 2010, alargando agoratambém as isenções ao Bioetanol para aadição à gasolina.

Esta nova atribuição está já a agitar osinvestidores, falando-se de três grandesprojectos para a construção de fábricas deBioetanol, num investimento total quepoderá rondar os 240 milhões de euros.Um da Sapec, em Setúbal, outro daFomentinvest (GreenCyber), em Sines, eoutro da Cobin, na Chamusca.

Entretanto em Fevereiro deste ano, oGoverno Português veio aumentar a metapara os 10% de BiocombustÌveis em 2010.

Recordo que as metas da UE são de5,75% em 2010 e que deverá ser esta-belecida a meta de 10% apenas para 2020.

Portugal e os BiocombustíveisLíquidos

Pegando então nesta nova meta, paraentrar na análise à situação Portuguesa,dizer, que o cumprimento deste objectivo,implica que Portugal passe a produzir, oua importar, 625 milhões de litros/ano deBiodiesel e 225 milhões de litros/ano deBioetanol, em 2010.

Se consideramos que o Governo querque estes biocombustíveis venham a ser

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produzidos em Portugal, só para aprodução desta quantidade de Bioetanol,se contássemos só com matéria-primaportuguesa, necessitaríamos de qualquercoisa como 562 mil toneladas de milho.

Tal não deixa de ser um problema, umavez que a produção de milho em Portugal,em 2006, foi de apenas 450 mil toneladas,ou seja, 80% do que seria necessário, sópara o Bioetanol, sem ter em conta aalimentação humana.

Se bem que também é verdade, quePortugal já produziu 1 milhão de toneladasde milho, nos finais da década de 90, antesdo efeito das últimas políticas para a agri-cultura da UE.

Um outro aspecto a referir, é que Por-tugal é deficitário em quase todos osprodutos agrícolas e possui uma diminutapercentagem de bons solos agrícolas comregadio.

Por exemplo, ao nível dos cereais,Portugal apenas produz 10% das suasnecessidades e por isso, seria poucocompreensível, que com a dependênciaagro-alimentar que Portugal tem, que fosseocupar estes solos a produzir culturasdedicadas para a produção de energia.

Os Biocombustíveis,Oportunidade e Caminhoa Seguir?

Passando à análise crítica sobre aopção dos biocombustíveis líquidos,referir que existe, desde logo, uma incoe-rência muito grande de todo este lobbyque se levanta agora em torno dos bio-combustíveis.

Hoje e cada vez mais, a produção agro-pecuária está a ser deslocalizada do seulocal de consumo.

Pouco do que nós comemos no nossodia a dia é produzido perto de nós: porexemplo, comemos fruta do Chile, come-mos carne do Brasil, etc. etc.

Esta deslocalização da produçãoagrícola em termos mundiais, tem tidoenormes custos energéticos, com otransporte de alimentos de uma ponta domundo para a outra…

O que se está a querer fazer agora, emnome do ambiente, é que substituamos asnossas culturas alimentares por culturaspara a produção de energia.

Tal, deve-nos levar à seguinte questão:

E depois... vamos gastar essa energiaa ir buscar a nossa alimentação lá fora?

Não faz muito sentido!

De facto as consequências do desviodas culturas dedicadas à alimentaçãohumana, para produção de biocom-

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bustíveis, de uma forma pouco racional,poderão ser variadas.

Os custos dos alimentos e a suadisponibilidade, será uma delas.

Em primeiro lugar, importa lembrar queestamos a falar de algumas das principaisculturas que suportam a base da alimen-tação humana mundial, sendo a soja e omilho os melhores exemplos.

As variações dos preços destes pro-dutos nos mercados mundiais, já se estáa fazer sentir e terá repercussões muitopara além dos preços dos produtos agro-alimentares.

A soja, por exemplo, é uma das culturascom maior influência na alimentaçãohumana ao nível mundial, desde logo,porque é um dos alimentos vegetais commaior riqueza proteica.

Por outro lado, a soja tem também umaenorme influência na nossa alimentaçãopor via indirecta, uma vez que constituiuma das maiores fontes de proteína naalimentação dos animais domésticos emtodo o mundo.

Daqui, podemos concluir que, inevi-tavelmente, a alteração das disponibi-lidades de soja para alimentação humanae animal e, consequentemente, do seupreço, poderá ter impactos sociais degrande dimensão em todo mundo, prin-cipalmente para quem tenha menor poderde compra.

No caso do milho, por exemplo, aprodução de etanol em larga escala nosEUA, está a fazer pressão sobre asreservas deste cereal e a provocar umasubida dos preços dos alimentos, para já,mais visível no Continente Americano, e empaíses como a China e a Índia, mas tam-bém já hoje uma realidade na Europa e noresto do mundo.

As comparações são inevitáveis: paraatestarmos um carro que funcione apenascom Bioetanol, com 40 litros, são neces-sários 100 Kg de milho.

Se pensarmos que 200 Kg de milhocontêm calorias suficientes para alimentar

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uma pessoa durante um ano, dá-nos quepensar.

Por exemplo, no México, em Janeiropassado, realizaram-se várias manifes-tações contra a subida do preço do milho,que é a base do prato nacional, a tortilha.

Nos EUA, já existem 114 biorefinariasde etanol e mais de 80 em construção.

Os produtores americanos geraramquase 19 biliões de litros de etanol em2006, um aumento de 25% face ao anoanterior. Quase todo foi produzido atravésde grãos de milho comestível.

Tal, representa um consumo de cercade 20% do milho produzido pelos EUA,que detêm, por sua vez, 40% da produçãodeste cereal ao nível mundial.

Se tivermos em conta as declaraçõesde George W. Bush, efectuadas no iníciodo ano, de que os Estados Unidos irãoconsumir 132 biliões de litros de biocom-bustíveis até 2017, e se pensarmos queisso significa 7 vezes mais do que a actual

produção americana, concluiremos quenem todo o milho dos EUA, que como jáse disse representa 40% da produçãomundial, dará para atingir estas metas.

Daqui, podemos ter uma ideia, dasconsequências que tal poderá trazer.

Mas, acreditando que nos recentesencontros entre o Presidente americano eo Presidente brasileiro, já esteja prevista aimportação de etanol de cana de açúcar,do Brasil para os EUA, com o objectivo desuprimir as necessidades envolvidas nocumprimento de parte desta meta, importaavaliar então, por sua vez, as consequên-cias disso no Brasil.

Para além das repercussões sociais,poderão existir fortes repercussões am-bientais, nomeadamente com a acele-ração da desflorestação da florestatropical.

Depois das pressões sobre a Amazóniadas indústrias madeireiras, dos produtoresde gado à procura de novas pastagens,

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dos produtores de soja, chega agora ooutro agronegócio de grande escala, quepoderá acelerar ainda mais a sua des-truição nos próximos anos, com gravesconsequências ambientais, não só deperda de biodiversidade, já que se estimaque 30% da biodiversidade mundial estejana Amazónia, mas também ao nível daspróprias alterações climáticas, que supos-tamente seria aquilo que se pretendiacombater.

Mas se nos EUA é o milho e no Brasil acana-de-açúcar, na Ásia é o óleo de palma.

A WWF (Fundo de Protecção da VidaSelvagem) tem vindo a alertar para as con-sequências do aumento exponencial dasplantações de óleo de palma, nomea-damente na Indonésia e na Malásia, quepoderão ter um impacto devastador nasflorestas, vida selvagem e povos indígenas.

A própria ONU veio alertar para asconsequências que poderão existir para a

segurança alimentar, alterações climáticas,biodiversidade e recursos naturais.

Por outro lado, existem outras dúvidassobre os benefícios ambientais que sãoproclamados, pois estas culturas, a seremrentáveis, terão de ser produzidas emregime intensivo.

Os impactos da própria rega, desde logopelo consumo energético da mesma, e aosquais irá acrescer a utilização de pesticidase fertilizantes e os gastos energéticos pelamaquinaria utilizada no cultivo, fazem crerque o balanço será negativo em termosambientais.

Acresce ainda um outro aspecto, desdelogo motivo para recusar este caminho, eque é o facto das variedades utilizadasnestas culturas, serem quase sempreVariedades Geneticamente Modificadas.

Não constituindo, neste caso, um perigosignificativo para a segurança alimentar,constitui um perigo para a biodiversidade

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e para o ambiente para além de outrasquestões que levanta.

Na minha opinião, para resolvermos oproblema do efeito de estufa, e dandocomo certo de que existe uma mais-valiaenergética no final da produção destasculturas, mesmo dando isto como adqui-rido, não podemos, para resolver um pro-blema ambiental agravar dois ou três…

Intensificarmos o esgotamento e acontaminação de recursos como a águae o solo, intensificarmos a desflorestaçãonos países em vias de desenvolvimento,com uma corrida maciça ao nível doplaneta à produção intensiva de culturasagro-energéticas, com toda a certezaque irá aumentar a nossa pegada eco-lógica.

A transferência das responsabili-dades sobre as emissões de CO2 dospaíses desenvolvidos, para os países emvias de desenvolvimento, será promovidatambém pelos biocombustíveis.

Consumimos cá combustível mais limpoe transferimos o ónus das emissões coma produção desse combustível para ter-ceiros.

Em Portugal, segundo o estudo de umaempresa, a E-value, o cumprimento dameta dos 10% de biocombustíveis nostransportes rodoviários até 2010, poderáreduzir em 8,5% as emissões de CO2efectuadas por este sector, que detém21% das emissões totais.

Mas o que também é referido por estaempresa, é que esta percentagem de 8,5%é, na situação de não termos emissões noprocesso de produção da matéria-prima,

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como eles próprios afirmam, “se impor-tarmos tudo, as emissões são zero, masse produzirmos algo, o cenário muda”,tendo em conta que a cultura do milho,apontada como aquela que melhor seadapta a Portugal, é fortemente depen-dente da energia do ponto de vista damecanização.

Ora julgo que não será esta a filosofia eaquilo que se pretende do Protocolo deQuioto, ou seja, a exportação das emis-sões para países terceiros, para resol-vermos os nossos problemas de ultrapas-sagem da nossa quota.

Mas apesar disto tudo, não gostaria dedeixar a ideia que devemos ser frontal-mente contra todas as produções debiocombustíveis líquidos.

Existem também experiências posi-tivas:

No Nordeste do Brasil, por exemplo, faz--se a exploração da mamona e do pinhomanso, também conhecido por purgueira,que são vegetações naturais do semi-áridoe que não requerem nenhum investimentoinicial.

A exploração destas culturas tem evi-tado o êxodo rural para os grandes centrosurbanos, uma vez, que a colheita é feitamanualmente pelos nordestinos.

Também em Portugal existem expe-riências que devem ser exploradas, comoo aproveitamento das algas e a produçãodo cardo, uma planta autóctone, que sedá em terrenos pobres sem necessidadede recorrer à rega.22

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Julgo que a produção de biocom-bustíveis líquidos, deverá ser apoiada setiver de facto benefícios ambientais esociais e segundo alguns critérios:

• A utilização das espécies locais;

• A não afectação de terrenos de altafertilidade a estas produções;

• A produção de forma extensiva, semgrandes necessidades de rega, fertilizantese pesticidas;

• E a produção que permita a criaçãode emprego em larga escala.

Poderão ser alguns destes critérios.

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Conclusão

É lógico que, na minha perspectiva, oque se está a passar com os biocombus-tíveis líquidos, despoletado neste casopelas questões das alterações climáticas,não é o caminho para encontrarmos asustentabilidade ambiental do planeta,pois o que interessa aqui, não é alterarapenas os negócios milionários desteséculo, nem alterar apenas as relações depoder mundial comandadas pela detençãodas fontes energéticas.

Na minha opinião, o caminho, passarápela eficiência energética ou, por exemplo,pelo estímulo à produção e consumo loca-lizado, dos bens alimentares.

Recentemente foi noticiado que Por-tugal desperdiça 60% da energia queconsome.

De facto e para terminar, a eficiênciaenergética não tende a captar adeptosentre os grandes interesses financeirosmundiais, uma vez, que estamos a falar deredução do consumo e, por sua vez, aredução de consumo não gera negócios.

Fonte: www.energiasrenovaveis.comFotografias: www.flickr.com

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Regras e Informações

Este artigo tem como destinatários osdetentores de explorações leiteiras. Pre-tende-se de uma forma organizada infor-mar sobre as normas e regras a observarno cumprimento da legislação em vigorrelativas ao sector da produção leiteira.Este sector enfrenta novas exigências am-bientais, às quais acrescem as relativas àEcocondicionalidade e o complicado pro-cesso de licenciamento com exigências“absurdas” que implicam investimentosavultados. Por outro lado o sector sofregrande pressão pelo aumento dos custosdas principais matérias-primas utilizadasna alimentação animal, gerado pelo“boom” dos biocombustíveis.

Abordaremos, em termos práticos osaspectos que nos parecem relevantes e

Explorações Leiteiras

que importa serem tratados de forma muitoclara e de fácil compreensão para osintervenientes, no que importa conhecerpara cumprir e não sofrer penalizações pordesconhecimento. Nesta edição só abor-daremos a parte das normas e regras querespeitam a:

■ Identificação e Registo Animal;■ Recolha de Cadáveres nas Explo-

rações;■ Regime de Quotas Leiteiras;

No próximo número da Voz da Terra(Outubro 2007) abordaremos as questõesrelacionadas com:

■ Licenciamento das ExploraçõesBovinas;

■ Bem-Estar Animal;■ Condicionalidade.

Por Inês Amaro

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Identificação e Registodos bovinos

1. Marca Auricular identificativa dobovino ao longo da sua vida;

2. Passaporte que acompanhará obovino em todas as suas deslo-cações;

3. Registos individuais dos bovinosexistentes na exploração.

Marcas Auriculares

Os bovinos nascidos na exploração têmque ser identificados por duas marcasauriculares aprovadas pela autoridadecompetente, e aplicadas num prazo de20 dias após o nascimento, e em qual-quer caso, antes de deixarem a explo-ração. As duas marcas auriculares têm quepossuir o mesmo código de identificação,que permita identificar cada animal indi-vidualmente e também a exploração ondenasceu.

Os bovinos provenientes de outroEstado-membro têm que manter a suamarca auricular de origem; as marcasauriculares não podem ser retiradas ou

substituídas sem autorização da autori-dade competente, devendo a mesma serinformada de qualquer danificação ouperca do brinco identificativo.

Os bovinos importados de um paísterceiro têm que ser identificados naexploração de destino por duas marcasauriculares, num prazo de 20 dias acontar da realização dos controlosprevistos na Portaria n.º 574/93 (queestabelece os princípios relativos à orga-nização dos controlos veterinários deanimais provenientes de países terceiros)

e, em qualquer caso, antes de deixar aexploração, não sendo, no entanto neces-sário identificar o bovino se a exploraçãode destino for um matadouro situado noEstado-membro onde esses controlosforam efectuados, e se o bovino for abatidono prazo de 20 dias a seguir aos controlos.

Passaporte

O passaporte tem que acompanhar obovino durante toda a sua vida, isto é, osbovinos só podem circular acompanhadosdo seu passaporte. A actualização deste,no que se refere aos movimentos, é daresponsabilidade do detentor do animal.Todos os averbamentos, incluindo ossanitários, são da responsabilidade dosserviços oficiais ou entidades proto-coladas.

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O passaporte terá que conter os se-guintes dados:

• Código de identificação;• Data de nascimento;• Sexo e raça;• Código de identificação do progenitor

feminino;• Código da exploração de nascimento,

bem como o código de todas asexplorações onde o animal foi man-tido e datas de entrada e saída;

• Assinatura do detentor, com excep-ção do transportador;

• Entidade que emitiu o passaporte;• Data de emissão do passaporte;• Classificação sanitária do efectivo;• Acções sanitárias e profiláticas.

O passaporte de cada bovino é emitidopela entidade responsável, num prazo de14 dias a contar da notificação do seunascimento.

No caso de bovinos importados depaíses comunitários, o passaporte queacompanha o animal no momento daentrada deve, à sua chegada, ser entregueà autoridade competente do Estado--membro.

No caso de bovinos exportados parapaíses terceiros, o passaporte será entre-

gue pelo último detentor à autoridadecompetente do local de onde o animal foiexportado.

Para bovinos importados de países ter-ceiros, o passaporte tem que ser emitidonum prazo de 14 dias a contar da noti-ficação da sua identificação pelo Estado--membro em causa, devendo, nessescasos, o passaporte que acompanha oanimal à sua chegada ser entregue àautoridade competente, que o devolveráao Estado-membro de origem do animal.

Registos individuaismantidos em cada exploração

Todos os detentores de bovinos, comexcepção dos transportadores, devemmanter um registo onde se identifique,claramente, todos os animais presentes epassados na sua exploração. Para con-cretizar esse objectivo foi concebido edistribuído por todos os detentores, o Livrode Registo de Existências e Deslocaçõesde Bovinos, de preenchimento obrigatóriodesde 1 de Setembro de 1998. A actua-lização corrente da informação constanteno livro é da responsabilidade do detentor,que o tem que disponibilizar sempre quesolicitado pelos serviços oficiais.

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Este registo contém, as seguintes infor-mações actualizadas de cada bovino:

• Código de identificação do bovino;• Data de nascimento;• Sexo e raça;• Código de identificação do progenitor

fêmea;• Entradas na exploração (Doc. de en-

trada n.º, marca de exploração e adata de entrada);

• Saídas na exploração (Doc. de saídan.º, marca de exploração e a data deentrada);

• Data da morte do animal;• Nome e assinatura do representante

da autoridade competente que veri-ficou o registo, e a data em que pro-cedeu a tal verificação.

Poderá o livro ser substituído por umsistema informático com segurança einformação equivalentes, desde que auto-rizado pelos serviços oficiais.

Base de dados Informatizada– Sistema Nacionalde Identificação e Registo Bovinos

A base de dados permite a consulta aomomento das informações relativas aonúmero de identificação de todos osbovinos presentes numa dada exploração,assim como a listagem de todos os

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movimentos de cada bovino a partir daexploração em que nasceu, e no caso deanimais importados de países terceiros, apartir da exploração de importação, epermite também consultar explorações edetentores registados.

Obrigações dos detentores

Os detentores são obrigados a comu-nicar à base de dados, num prazo de 4dias, ou assegurar o seu registo na basede dados no prazo de 7 dias a contar dadata da ocorrência, qualquer alteração noseu efectivo, excepto no caso dosnascimentos, em que tal prazo serácontado a partir da aposição da marcaauricular.

Os novos detentores têm que comu-nicar à base de dados o início de actividadepecuária.

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Declarações em vigor para comunicação das ocorrênciasà base de dados:

■ Modelo 253/DGV(Declaração de Movimentos entre explorações e/ou matadouro)

Este modelo é produzido em quadruplicado e preenchido pelodetentor de origem e pelo detentor de destino.O detentor de origem dos animais faz acompanhar os mesmoscom o triplicado e quadruplicado do modelo, e entrega à base dedados o original e arquiva o duplicado.Quando os animais chegam à exploração de destino, o detentordeve confirmar a informação constante do modelo com os bovinosentregues e respectivos passaportes.

■ Modelo 255-B/DGV(Declaração de Nascimento e Ocorrências)

Este modelo é produzido em triplicado e destina-se a actualizar abase de dados, no que diz respeito ao nascimento de bovinos,mortes, desaparecimentos e quedas de brincos. O original domodelo é entregue à base de dados e o duplicado e o triplicadosão guardados no arquivo do detentor.

■ Modelo 256/DGV(Declarações Registo para o Exercício da Actividade Pecuária doCriador)

Este modelo destina-se ao registo na base de dados dos detentoresque iniciaram a actividade de bovinicultura quer de carne ou leite.

As comunicações dos movimentos e ocorrências têm prazoslegalmente estabelecidos, pelo que o não cumprimento cons-titui contra-ordenação punível com coima cujo montante podevariar entre 50 euros e 44 890 euros.

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Recolha de Cadáveresde Animais nas explorações

No caso da morte de um bovino naexploração, o produtor tem um prazomáximo de doze horas, a contar daocorrência, para comunicar ao SIRCA(Sistema Nacional de Recolha de Cadá-veres de Animais) a morte do animal.

Para o efeito foi criada uma linha tele-fónica no IFAP – 217541270, que está aodispor dos detentores 12 horas por dia,ininterruptamente, das 08:00 horas às 20:00horas, durante todos os dias da semana.

No acto do atendimento telefónico , osdetentores terão que fornecer algunsdados, tais como:

• Número de Contribuinte e o Nome;

• Marca de exploração e a morada daexploração e/ou Local de carga,Concelho e Código Postal;

• Contacto (Telefone de Contacto fácil);

• N.º do Identificação do animal e res-pectiva data de nascimento;

• Data da morte e hora a que foi en-contrado o cadáver;

• Indicações para chegar ao local.

No IFAP, é gerada a ficha de Recolhado Bovino com os dados fornecidos pelodetentor, que posteriormente é remetidapara a Unidade de Transformação de Sub-produtos da região da exploração.

As Unidades de Transformação deSubprodutos deverão, num prazo máximode 24 horas, proceder à recolha doscadáveres e do respectivo Passaporte doBovino, e deverão entregar ao detentoro triplicado da Guia de Acompanha-mento dos subprodutos (mod. 376/DGV),o qual serve de prova em como o cadáverfoi recolhido.

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CADERNO TÉCNICO

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Regime de Quotas Leiteiras(Imposição suplementar)

A produção comunitária de leite estásujeita a um regime de contenção desde1984/85, com o objectivo de contrariar osexcedentes sistemáticos na produção egarantir um rendimento justo aos produ-tores de leite sediados no espaço comu-nitário.

O regime de quotas ou de imposiçãosuplementar é actualmente reguladoatravés do disposto no Regulamento (CEE)n.º 1788/2003.

O funcionamento deste regime baseia--se na fixação regulamentar de tectosmáximos de produção a cada um dosEstados-membros, designados por Quan-tidades de Referência Nacionais (QuotaNacional). Por razões de gestão e controloda utilização, tornou-se necessária a repar-tição pelos respectivos produtores de cadapaís sob a forma de Quantidades Refe-rência Individual de (Quota individual).

■ Imposição Suplementar (Penalização)A Penalização, incide sobre as quan-

tidades de leite, aplicável às quantidadesde leite ou equivalente-leite entregues aoscompradores, ou vendidas directamentepelos produtores durante uma campanhaleiteira e que excederam as quotas indivi-duais detidas, quando se verifique que foiultrapassada a quota nacional.

A Imposição Suplementar será repartidaao nível do produtor após a redistribuiçãodas quotas não utilizadas. A ImposiçãoSuplementar constitui um encargo dos pro-dutores, no caso das entregas, os compra-dores têm a responsabilidade do seupagamento. Para a campanha 2007/2008e seguintes, a imposição foi fixada, por 100kg de leite, em 27,83 euros, em caso deultrapassagem da quota nacional.

D e f i n i ç õ e s I m p o r t a n t e s

■ Quantidade de Referência Nacional(QRN)Quantidade expressa em kg atribuída a

Portugal para efeitos de produção do leiteou equivalente-leite, destinada ou a serentregue pelos produtores a compradoresaprovados (entregas) ou a ser vendidapelos produtores directamente para oconsumo (vendas directas).

Para a campanha 2006/2007 foi fixadauma quantidade de produção de 1.929.824toneladas, repartidas da seguinte forma:

a) Entregas: 1.920.947,814 toneladas;

b) Vendas directas: 8.876,186 toneladas.

Para a campanha de 2007/2008 a QuotaNacional é de 1.939.187 toneladas.32

CADERNO TÉCNICO

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■ Quantidades de ReferênciaIndividual (QR)Quantidade expressa em kg atribuída a

cada produtor por conta da QRN paraefeitos de produção de leite ou equiva-lente-leite, destinada ou a ser entreguepelos produtores a compradores apro-vados (entregas) ou a ser vendida pelosprodutores directamente para consumo(vendas directas).

■ Modalidade de Quota Leiteira

• Entregas – Qualquer entrega pelosprodutores de leite ou equivalente a umcomprador, independentemente de otransporte ser assegurado pelo produtor,pelo comprador, pela empresa de trans-formação destes produtos, ou por ter-ceiros.

• Vendas directas – Leite de vaca ouprodutos lácteos à base de leite de vacavendidos ou cedidos gratuitamente, quese destinem directamente para consumosem intervenção de uma empresa detratamento.

A Campanha Leiteira, para efeitos deaplicação do regime de quotas leiteiras,considera-se o período de 1 de Abril a 31de Março do ano seguinte.

■ O que significa dizer“Equivalente – Leite”Leite de vaca ou produtos lácteos à

base de leite de vaca, convertidos emequivalente-leite segundo a seguintetabela:

1 litro de leite 1,03 kg de leite

1 kg de nata 26,3 kg de leite

* % de Matéria Gorda/100

1 kg de manteiga 22,5 kg de leite

1 kg de queijo 10,3 kg de leite

1 kg de iogurte 1,2 kg de leite 2 33

CADERNO TÉCNICO

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CADERNO TÉCNICO

As quotas individuais (QR) dos pro-dutores podem ser transaccionadas entresi (Transferência de Titular), de duasformas:

Transferência DefinitivaCom Exploração

Sem Exploração

Temporária

CedênciaPor uma Campanha

Por duas Campanhasconsecutivas (máximo)

As transferências, cedências e alteraçãode modalidade de quota são efectuadosem impressos próprios, junto dos com-pradores, e no caso das vendas directas,junto das Direcções Regionais de Agri-cultura e Pescas (DRAP), entre 1 de Junhoe 31 de Janeiro do ano seguinte.

Qualquer Transferência /Cedência podeser anulada pelo IFAP caso não se verifique

o cumprimento dos requisitos legais exi-gidos.

■ Transferência de modalidadede Quota LeiteiraRequer a apresentação de um pedido

fundamentado, formalizado em impressopróprio fornecido pelo IFAP.

•Transferência de quota de vendasdirectas para entregas;

•Transferência de quota de entregaspara vendas directas.

As alterações de quota só são válidasapós notificação do IFAP ao produtor,sendo também dado conhecimento dessavalidação ao respectivo comprador.

■ Transferência de compradorO produtor pode transferir-se de com-

prador uma vez por campanha, entre 1 deJunho e 31 de Janeiro do ano seguinte,

34

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CADERNO TÉCNICO

– Os documentos que permitemcontrolar a referida contabilidade deexistências.

– Utilizar um quantitativo mínimocorrespondente a 70% da sua quotaindividual;

– Enviar ao IFAP até 14 de Maio,em impresso próprio, uma declaraçãode leite e produtos lácteos vendidos.

■ PenalizaçõesAs infracções respeitantes às obriga-

ções do produtor de leite são puníveis comcoima cujo montante mínimo é de 498,80euros, e o máximo é de 3.740,99 euros,consoante seja pessoa singular oucolectiva.

A não apresentação da declaração devendas pelo produtor ao IFAP até 14 deMaio de cada ano, constitui uma contra--ordenação punível com coima que podeir desde os 100 euros até aos 1.000 euros.

mediante o envio de carta registada comaviso de recepção ao antigo comprador,com o impresso de transferência, com aantecedência mÌnima de 10 dias úteis.

■ Pagamento da IS (Penalização)Até 31 de Agosto de cada ano, com

base na notificação efectuada pelo IFAPaos compradores e produtores; no casode vendas directas, até 31 de Julho.

■ Candidatura à Reserva Nacional de QR A candidatura decorre de 1 de Abril a

30 de Junho de cada ano, junto dos com-pradores ou na Direcção Regional de Agri-cultura e Pescas da área de exploração doprodutor.

■ Obrigações do Produtor de LeiteEntregas:

• Deter quota individual e exploraçãocom efectivo leiteiro registado em seunome;

• Efectuar as entregas de leite ou equi-valente-leite apenas a compradores aosquais está afecto, e que os mesmos este-jam aprovados pelo IFAP;

• Utilizar um quantitativo mínimo cor-respondente a 70% da sua quota indi-vidual.

Vendas directas:

• Deter quota individual e exploraçãocom efectivo leiteiro registado em seunome;

• Manter, pelo menos durante 3 anos,a partir do final de cada campanha e àdisposição do INGA, a contabilidade deexistências anual, que indique:

– O volume por mês e por produto –leite ou produtos lácteos – vendidodirectamente para consumo, ou paragrossistas, operadores que concluam amaturação de queijo ou a comerciantesque pratiquem a venda a retalho; 2 35

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CADERNO TÉCNICO

■ Situações de ExcepçãoO não cumprimento de uma obrigação

pelos produtores, no que respeita à uti-lização mínima da quota, poderá serexcepcionada nas seguintes situações:

• Morte do produtor ou do comprador;

• Incapacidade profissional de longa du-ração do produtor, caso seja o próprio a gerir aexploração, que afecte a produção de formaque o produtor preveja não atingir 70% da suaquota na campanha em curso (a comprovarpela autoridade de saúde competente);

• Requisição, expropriação por utili-dade pública, ou outro contrato previstono código das expropriações, que afecteuma parte importante da superfície agrícolada exploração gerida pelo produtor;

Na próxima edição da Voz da Terra abordaremos o Licenciamentodas Explorações, o Bem-Estar Animal e a Condicionalidade nocontexto da exploração leiteira.

• Catástrofe natural grave que afecte demodo significativo a exploração;

• Epizootia que afecte de tal modo aexploração, que o produtor preveja nãoatingir os 70% da sua quota na campanhaem curso;

• Roubo da totalidade ou parte doefectivo leiteiro que afecte a produção,por forma que o produtor preveja nãoatingir 70 % da sua quota na campanhaem curso;

• Exploração com efectivo leiteiro regis-tado em seu nome.

Qualquer ocorrência desta naturezadeve ser comunicada ao IFAP, no prazomáximo de 30 dias após a ocorrência.

Este dossier faz parte da revista Voz da Terra de Junho/Julho de 2007 ao abrigo da Medida 10 do Programa Agro.

M i n i s t é r i o d aA g r i c u l t u r a , d oDesenvolvimentoRural e das Pescas

UNIÃO EUROPEIAFUNDOS ESTRUTURAIS

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CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA

PLANO DE FORMAÇÃO – 20072.º Semestre

Destinado a Técnicos Agrícolas

M i n i s t é r i o d aA g r i c u l t u r a , d oDesenvolvimentoRural e das Pescas UNIÃO EUROPEIA

FUNDOS ESTRUTURAIS

Confederação Nacional da Agricultura – CNARua do Brasil, 155 3030-175 Coimbra

239 70 89 60 E-mail: [email protected]: WWW.cna.pt

239 71 53 70

I N S C R I Ç Õ E S

Controlo da Gestão Agrícola

Produção Integrada de HortícolasFamília das Cucurbitáceas

Operacionalização da Formação 3

Produção Integrada da Vinha

Produção Integrada de HortícolasFamília das Liliáceas

Produção Integrada de HortícolasFamília das Apiáceas

Produção Integrada de HortícolasFamília das Quenopodiáceas

Modo de Produção Biológico – Bovinos

Transformação e Conservação de ProdutosObtidos em Modo de Produção Biológica

Produção Integrada de HortícolasFamília das Asteráceas

Sistemas de Informaçãp Geográfica– ArcGis

35

39

78

140

39

39

39

35

60

39

60

Coimbra

Coimbra

Coimbra

Mirandela

Coimbra

Coimbra

Coimbra

Coimbra

Coimbra

Coimbra

Coimbra

23 a 29 de Agosto

17 a 26 de Setembro

12 Setembroa 11 Outubro

Setembro / Outubro

8 a 23 de Outubro

Outubro

Outubro

Outubro

Outubro / Novembro

14 a 21 de Novembro

Novembro

Técnicos

Técnicos

Técnicos

Técnicos

Técnicos

Técnicos

Técnicos

Técnicos

Técnicos

Técnicos

Técnicos

Agentes técnicos/equiparados,Bacharéis / Licenciados

Agentes técnicos/equiparados,Bacharéis / Licenciados

Agentes técnicos/equiparados,Bacharéis / Licenciados

Agentes técnicos/equiparados,Bacharéis / Licenciados

Agentes técnicos/equiparados,Bacharéis / Licenciados

Agentes técnicos/equiparados,Bacharéis / Licenciados

Agentes técnicos/equiparados,Bacharéis / Licenciados

Agentes técnicos/equiparados,Bacharéis / Licenciados

Agentes técnicos/equiparados,Bacharéis / Licenciados

Agentes técnicos/equiparados,Bacharéis / Licenciados

Agentes técnicos/equiparados,Bacharéis / Licenciados

ACÇÃO DE FORMAÇÃON.º

HorasLocal de

RealizaçãoPeríodo

de Realização (*) DestinatáriosCondições

Necessárias

( *) Sujeito a confirmação NOTA: AS FICHAS DE INSCRIÇÃO DEVEM SER ENVIADAS ATÉ 15 DIAS ANTES DO INÍCIO DA ACÇÃO,ACOMPANHADAS DE CURRICULUM E RESPECTIVOS DOCUMENTOS JUSTIFICATIVOS.

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OPINIÃO

38

O balanço imediato diz respeito aonúmero de candidaturas recolhidas emtempo “record”, 209 917. As OrganizaçõesAgrícolas ganharam os 100 metros bar-reiras… e provaram que são eficientes. Eisuma lição para os que nos últimos tempostanto têm feito para denegrir a imagem dasConfederações de Agricultores, apelidan-do-as de “buscadores” de subsídios e que-rendo equipará-las a vulgares empresasprestadoras de serviços. E, para os maisdistraídos, talvez tenham salvo a face daAdministração Portuguesa.

Não podemos deixar também de reco-nhecer a paciência dos agricultores quedurante o período de candidaturas tantasvezes foram às suas Associações e vol-taram de mãos vazias, porque o sistemaestava em baixo!

Podem, portanto, as Organizações dizer“conseguimos”! À custa de muito esforço,trabalhando fora de horas, durante o fim-de-semana e feriados. Isto porque o pro-

O balanço possíveldo “estrondoso” sucesso

do iDigital…

cesso que envolveu o pedido de prorro-gação do prazo para a recepção decandidaturas a Bruxelas foi incompreen-sivelmente mal conduzido pelo MADRP,gorando por completo as expectativascriadas que davam como certa a pror-rogação.

O Senhor Ministro diz que foi um su-cesso, mas nem tudo está ainda conta-bilizado, senão vejamos:

Se tomarmos como exemplo a cam-panha de 2004/2005, o número de pro-dutores que se candidatou, no Continente,foi de 232 427. Logo aqui e comparandocom a actual campanha, já temos umaredução de 22 510 candidatos. Neste boloestarão certamente muitos pequenosagricultores que ficarão de fora das Inde-mnizações Compensatórias porquepossuem área inferior a 1 hectare. Muitosoutros porque terminaram os compro-missos das Medidas Agroambientais.Outros certamente por abandono daactividade agrícola.

As razões que estiveram na base daimplementação do iDigital (duma formaatabalhoada e precipitada como tantasvezes já foi dito) têm a ver com a realizaçãoatempada dos controlos, condição essen-cial para que o pagamento das ajudas sejaefectuado. Agora que a informação estátoda recolhida esperam os agricultoresreceber as ajudas atempadamente,mesmo aqueles que, sendo seleccionadospara controlo, têm esperado até receberas ajudas.

Por Lucinda Pinto

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I NTERNACIONAL

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Como é agora hábito, a cimeira do G8, quedecorreu em Heiligendamm (Alemanha) de 6 a 8 deJunho, teve que se esconder atrás de barreiras e deuma atmosfera de guerra civil para proteger os chefesde Estado dos países mais ricos dos protestospopulares. Isto sublinha não só a não-legitimidadedos líderes do G8, que decidem o destino do restodo mundo, mas também a oposição massiva ecrescente das populações dos próprios países doG8, contra as políticas neo-coloniais e neo-liberais.

O nivel de repressão e criminalização contra osmovimentos sociais reunidos em Rostock, mais nãofez do que tornar claro o impasse da ordem mundialdefendida pelo G8. Apesar de nos acampamentos,durante as manifestações e frente às blocagens, agrande maioria dos manifestantes se ter mantidopacífica e ter demonstrado um alto nível deresponsabilidade, a polícia alemã fez uso de violênciae provocações injustificadas. Mas, mesmo comrepressão violenta, as mobilizações em Rostockforam um grande sucesso! Tanto na cimeiraalternativa como frente às blocagens, os diversosmovimentos econtraram-se, trocaram ideias e agiram

O dia 12 de Junho de 2007 marca o fim do direitodos consumidores europeus a aceder a alimentostotalmente livres de transgénicos. No Conselho deAgricultura reunido em Bruxelas, os Ministros daAgricultura, e entre eles o português, votaram a favorda autorização de contaminação dos alimentosbiológicos com organismos geneticamente modi-ficados (OGM), matando o direito de opção dosconsumidores! A alteração ocorreu a propósito darevisão do Regulamento da agricultura biológica, queaté agora previa tolerância zero à presença de OGM.Com a decisão de hoje passará a permitir-se até 0,9%de OGM “adventícios ou tecnicamente inevitáveis”.

Os Ministros da Agricultura optaram inequivo-camente pela contaminação, apesar da esmagadoramaioria dos cidadãos europeus (71%) não quererconsumir OGM; apesar do Parlamento Europeu ter

juntos para se oporem às políticas do G8 e para darvida às alternativas. Os três acampamentos foramexemplos vivos da auto organização solidária,sustentável e alegre, em que mais de 20.000 pessoasco-habitaram durante quase uma semana.

Para a Via Campesina, estas mobilizações foramuma ocasião única de colocar a alimentação e aagricultura no coração das lutas na Europa e deinteragir com outros movimentos sociais. Jovensagricultores e agricultoras de diferentes países euro-peus e do mundo encontraram em Rostock umespaço para discutir meios de desenvolver aagricultura familiar nos seus países e de fazer ouvir asua oposição à dominação da agricultura pelasgrandes multinacionais.

(imagens e mais informações emwww.viacampesina.org)

Mobilizações em Rostock

… do outro lado das barreiras,as alternativas florescem…

votado maioritariamente contra a abertura da agricul-tura biológica à contaminação transgénica, na suasessão de Março passado; apesar das incertezasassociadas a esta tecnologia e aos riscos que acar-reta para a saúde humana, para a sociedade e parao ambiente...

Face a esta abertura política à contaminação,tanto na agricultura convencional como biológica, aComissão Europeia posiciona-se como vendo o limiarde 0,9% como um patamar de contaminação “acei-tável” e não apenas “inevitável”. O que deixa anteveruma progressiva e inevitável abertura à presença deOGM nos alimentos, pois, a contaminação é cres-cente e tende a agravar-se em poucos anos...

Está, assim, posto em risco, de forma tenden-cialmente irreversível, o direito a uma alimentaçãosã e segura. E tudo em nome do agro-negócio!

Em nome do futuro, o único caminho que nosresta é continuar na luta por uma sociedade livre detransgénicos.

Ministros da Agricultura optam pela contaminação

ao aprovar transgénicos na agricultura biológica

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A CTIVIDADES DA CNA E ASSOCIADAS – JUNHO

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Dia 1

Assembleia Geral da AIFO – AssociaçãoInterprofissional da Fileira Olivícola.

A representar a CNA esteve RobertoMileu.

Dia 4

A pedido do PCP, decorreu um encon-tro, em Coimbra, com o Secretário-Geraldo Partido Comunista da Índia. Nesta des-locação a Portugal, avistou-se com váriasentidades e com representantes de Órgãosde Soberania do nosso País. Foi dentrodeste enquadramento que se avistou coma CNA.

N A C I O N A L

Dia 12

Reunião Plenária do CES (CEPES).Pela CNA, esteve Roberto Mileu.

Dia 14

Reunião do Executivo da DirecçãoNacional da CNA.

Dia 18

Entrevista concedida à RTP 2 para oPrograma BIOSFERA.

Na entrevista dada por João Dinis, emCoimbra, os temas abordados foram asAgroambientais e o PDR.

Dia 20

A pedido da CNA, teve lugar umaaudiência com Secretário de Estado doAmbiente.

A delegação da CNA foi constituída porJoão Dinis, João Vieira, Joaquim Caçoetee José Pacheco.

Dia 2

Colóquio na Feira Agrícola de Santarémsobre PDR e que contou com uma inter-venção de Roberto Mileu.

Inauguração da Feira Agrícola de San-tarém.

Pela CNA, estiveram presentes: Ro-berto Mileu, Alfredo Campos, AntónioFerraria e Amândio Freitas.

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ACTIVIDADES DA CNA E ASSOCIADAS – JUNHO

2 41

Dia 22

A ADIM – Associação de Defesa dosInteresses de Monsaraz, organizou os En-contros de Monsaraz, que tiveram portema: “Desenvolvimento do Alentejo Rural– o Ùltimo Quadro Comunitário de Apoio(2007-2013)”.

Roberto Mileu proferiu uma intervençãopela CNA.

Dia 24

Reunião, no Pinhal Novo, com a Coop-Lisboa, sobre a possibilidade de escoa-mento de produtos da Agricultura Familiar.

Pela CNA estiveram Roberto Mileu eJoaquim Manuel.

R E G I O N A L

Dia 23

Aproveitando a visita do Primeiro-Minis-tro, aquando da inauguração do troço E1da A24, uma Delegação de representantesdo Secretariado dos Baldios de Trás-os--Montes e Alto Douro entregou um do-cumento, em sinal de protesto, pela faltade pagamento das indemnizações aosConselhos Directivos de Baldios pelaocupação de terrenos comunitários.

Dia 27

Reunião da Comissão de Acompanha-mento do AGRO.

Pela CNA esteve Roberto Mileu.

Dias 29 e 30

No âmbito do PIF da CNA, realizou-seum Seminário em Gaia sob o tema “NovoQuadro Comunitário – PDR 2007/2013”.

Dia 29

Plenário do CES, na Assembleia daRepública.

Pela CNA esteve João Vieira

Dia 30

Reunião da Direcção Nacional da CNA,em Gaia.

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OBSERVATÓRIO LEGISLATIVO – JUNHO

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Máquinas Agrícolas – O Decreto-Lei n.º 227/2007,transpõe para a ordem jurídica interna a Directivan.º 2005/13/CE, da Comissão, de 21 de Fevereiro,bem como parcialmente a Directiva n.º 2004/66/CE,do Conselho, de 26 de Abril, alterando o Regu-lamento Respeitante às Medidas a Tomar contraas Emissões de Gases Poluentes e de PartículasPoluentes Provenientes dos Motores Destinadosà Propulsão dos Tractores Agrícolas ou Florestaise o Regulamento da Homologação de TractoresAgrícolas ou Florestais, Seus Reboques e Máqui-nas Intermutáveis Rebocadas, e dos SistemasComponentes e Unidades Técnicas. DR 107S…RIE I, de 4 de Junho de 2007.

Resíduos Substâncias Activas – O Decreto-Lein.º 235/2007, estabelece novos limites máximosde resíduos de substâncias activas de produtosfitofarmacêuticos permitidos nos produtos agríco-las de origem vegetal, transpondo para a ordemjurídica interna a Directiva n.º 2006/92/CE, daComissão, de 9 de Novembro. DR 116 S…RIE I,de 19 de Junho de 2007.

Controlo Fitossanitário – O Decreto-Lei n.º 248/2007, estabelece as medidas de controlo fitossa-nitário a adoptar em relação à bactéria Clavibactermichiganensis (Smith) Davis et al. ssp. sepedonicus(Spieckerman et Kottoff) Davis et al., causadorada podridão anelar da batateira, transpondo paraa ordem jurídica interna a Directiva n.º 2006/56/CE, da Comissão, de 12 de Junho. DR 122 S…RIEI, de 27 de Junho de 2007.

Controlo Fitossanitário – O Decreto-Lei n.º 249/2007, estabelece as medidas de controlo fitossa-nitário a adoptar em relação à bactéria Ralstoniasolanacearum (Smith) Yabuuchi et al., causadorada doença do pus ou mal murcho da batateira edo mal murcho tomateiro, transpondo para a ordemjurÌdica interna a Directiva n.º 2006/63/CE, daComiss„o, de 14 de Julho. DR 122 S…RIE I, de 27de Junho de 2007.

Período Crítico Incêndios – A Portaria n.º 755/2007, define que o período crítico no âmbito doSistema Nacional de Defesa da Floresta contraIncêndios, no ano de 2007, vigora de 1 de Julho a30 de Setembro. DR 124 S…RIE I, de 29 de Junhode 2007.

Prémios Fixos Individuais – A Portaria n.º 688/2007, fixa a data limite para apresentação decandidaturas ao regime de apoio aos prémios fixosindividuais, aprovado pela Portaria n.º 1261/2001,de 31 de Outubro. DR 108 S…RIE I, de 5 de Junhode 2007.

Reconversão/Reestruturação Vinhas – A Por-taria n.º 709/2007 altera a Portaria n.º 471/2007,de 18 de Abril, que estabelece, para o continente,as normas complementares de execução do regimede apoio à reconversão e reestruturação das vinhase fixa os procedimentos administrativos aplicáveisà concessão das ajudas previstas para a campanhavitivinícola de 2007-2008. DR 110 S…RIE I, de 8de Junho de 2007.

Protecção Fitossanitária – A Portaria n.º 719/2007,estabelece e actualiza as medidas de protecçãofitossanitária adicionais e de emergência destina-das a impedir a introdução e a dispersão do fungoPhytophthora ramorum Werres, De Cock & Manin’t Veld sp. nov. no território nacional, com basena Decisão n.º 2002/757/CE, com a última redac-ção que lhe foi dada pela Decisão n.º 2007/201/CE, da Comissão, de 27 de Março. DR 111 S…RIEI, de 11 de Junho de 2007.

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RPU – O Regulamento (CE) n.º 608/2007 da Co-missão, de 1 de Junho de 2007, altera o Regula-mento (CE) n.º 795/2004 que estabelece as normasde execução do regime de pagamento únicoprevisto no Regulamento (CE) n.º 1782/2003. JOL 141 de 2 de Junho de 2007.

Desenvolvimento Rural – 2007/383/CE: Decisãoda Comissão, de 1 de Junho de 2007, que altera aDecisão 2006/636/CE que estabelece a repartiçãoanual, por Estado-Membro, do montante do apoiocomunitário ao desenvolvimento rural para o pe-ríodo 2007-2013. JO L 142 de 5 de Junho de 2007.

Carne Bovina – Regulamento (CE) n.º 700/2007do Conselho, de 11 de Junho de 2007, relativo àcomercialização da carne de bovinos de idade nãosuperior a doze meses. JO L 161 de 22 de Junhode 2007.

Ajuda Peras – O Regulamento (CE) n.º 705/2007da Comissão, de 21/06/07, fixa, para a campanhade comercialização de 2007/2008, o montante daajuda para as peras destinadas à transformação.JO L 161 de 22 de Junho de 2007.

Madeira em Bruto – A decisão n.º 714/2007/CEdo Parlamento Europeu e do Conselho, de 20/06/2007, revoga a Directiva 68/89/CEE do Conselho,relativa à aproximação das legislações dosEstados-Membros no que respeita à classificaçãoda madeira em bruto. JO L 163 de 23 de Junho de2007.

Saúde e Bem-Estar Animal – 2007/390/CE:Decisão da Comissão, de 7 de Junho de 2007,relativa ao financiamento, em 2007, das despesasrespeitantes aos suportes informáticos e às acçõesde comunicação no domínio da saúde e do bem--estar dos animais. JO L 146 de 8 de Junho de 2007.

Controlo Fitossanitário – 2007/410/CE: Decisãoda Comissão, de 12 de Junho de 2007, relativa amedidas contra a introdução e a propagação naComunidade do viróide do afuselamento dotubérculo da batateira. JO L 155 de 15 de Junhode 2007.

Ajuda Pêssegos – O Regulamento (CE) n.º 679/2007 da Comissão, de 18 de Junho de 2007, fixa,para a campanha de comercialização de 2007-2008, o montante da ajuda para os pêssegosdestinados à transformação. JO L 157 de 19 deJunho de 2007.

Leite e Produtos Lácteos – O Regulamento (CE)n.º 731/2007 da Comissão, de 27 de Junho de2007, rectifica o Regulamento (CE) n.º 2535/2001no que respeita ao regime de importação do leitee dos produtos lácteos e à abertura de contin-gentes pautais. JO L 166 de 28 de Junho de 2007.

FEOGA – O Regulamento (CE) n.º 734/2007 doConselho, de 11/06/07, altera o Regulamento (CEE)n.º 1883/78 relativo às regras gerais sobre o finan-ciamento das intervenções pelo Fundo Europeude Orientação e de Garantia Agrícola, secção Ga-rantia. JO L 169 de 29 de Junho de 2007.

OBSERVATÓRIO LEGISLATIVO – JUNHO

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