valmir souza testemunho

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Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de História: Poder, Violência e Exclusão. ANPUH/SP – USP. São Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom. Testemunhos literários da (e contra) a barbárie no Brasil Valmir de Souza Doutor em Letras - Teoria Literária (FFLCH/USP) Professor da Universidade Guarulhos (UnG) e da UNIMESP-FIG A literatura tem servido tanto para testemunhar o que aconteceu na história quanto para construir outras visões e possibilidades históricas. Pretende-se abordar nesse trabalho obras literárias que tratam da questão da exclusão política de grupos ou indivíduos contestadores da ordem. Essas obras servem de testemunho da violência na história política do Brasil, mas também se inserem em tradições literárias e em gêneros específicos (memória, testemunho). Também são resultados de eventos históricos traumatizantes, às vezes com visões contraditórias desses fatos. Mais recentemente o campo da literatura voltada para relatos de testemunhas tem sido explorado e vem revelando as barbáries históricas de modo a dar outras visões sobre os fatos ocorridos. Numa sociedade que perdeu os referenciais do sujeito, falar em testemunho e memória é reencetar o olhar sobre a história. Num mundo de assassinatos em série, com a concordância de governos omissos, com traços neonazistas. Houve ao longo da história do Brasil vários tipos de silenciamento das vozes discordantes. O silêncio nem sempre é concordante, pois muitas vezes é imposto de forma sutil. Qual é o papel dos escritores e intelectuais em relação às atrocidades cometidas por governos ou grupos no passado? A partir da noção de literatura de testemunho, pretendemos verificar em algumas obras literárias de testemunho (testemunhos literários), qual foi o posicionamento dos escritores em relação a algumas atrocidades cometidas por grupos estabelecidos no poder estatal ou da sociedade. A ficção e a poesia sempre andaram junto com a história, sendo geradas a partir dela. Mas não se constituem só em registro frio do passado, pois apontam para outras possibilidades da história, daí a sua dimensão visionária e utópica, contida em certo sentido na expressão de Euclides da Cunha “Canudos não se rendeu” (1956). Assim, contra a passividade do olhar cristalizado pela Medusa do tempo, a literatura propõe novas visões e abordagens da vida não “como ela é”, mas como poderia ser. Isso nos dá também “uma esperança mínima” de que fala Drummond em “A flor e a náusea”. (A rosa do povo). O posicionamento do intelectual, muitas vezes, é ambíguo, não por lhe faltar consciência, mas pelo fato de que ele não acredita piamente numa transformação somente pelo fazer literário. Daí, por exemplo, o Drummond de A rosa do povo, só pensar numa “esperança

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Texto trata do teor testemunhal em duas obras literárias brasileiras

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  • Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de Histria: Poder, Violncia e Excluso. ANPUH/SP USP. So Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

    Testemunhos literrios da (e contra) a barbrie no Brasil Valmir de Souza

    Doutor em Letras - Teoria Literria (FFLCH/USP)

    Professor da Universidade Guarulhos (UnG) e da UNIMESP-FIG

    A literatura tem servido tanto para testemunhar o que aconteceu na histria quanto para

    construir outras vises e possibilidades histricas. Pretende-se abordar nesse trabalho obras

    literrias que tratam da questo da excluso poltica de grupos ou indivduos contestadores da

    ordem. Essas obras servem de testemunho da violncia na histria poltica do Brasil, mas

    tambm se inserem em tradies literrias e em gneros especficos (memria, testemunho).

    Tambm so resultados de eventos histricos traumatizantes, s vezes com vises contraditrias

    desses fatos.

    Mais recentemente o campo da literatura voltada para relatos de testemunhas tem sido

    explorado e vem revelando as barbries histricas de modo a dar outras vises sobre os fatos

    ocorridos. Numa sociedade que perdeu os referenciais do sujeito, falar em testemunho e

    memria reencetar o olhar sobre a histria. Num mundo de assassinatos em srie, com a

    concordncia de governos omissos, com traos neonazistas.

    Houve ao longo da histria do Brasil vrios tipos de silenciamento das vozes

    discordantes. O silncio nem sempre concordante, pois muitas vezes imposto de forma sutil.

    Qual o papel dos escritores e intelectuais em relao s atrocidades cometidas por governos ou

    grupos no passado? A partir da noo de literatura de testemunho, pretendemos verificar em

    algumas obras literrias de testemunho (testemunhos literrios), qual foi o posicionamento dos

    escritores em relao a algumas atrocidades cometidas por grupos estabelecidos no poder estatal

    ou da sociedade.

    A fico e a poesia sempre andaram junto com a histria, sendo geradas a partir dela.

    Mas no se constituem s em registro frio do passado, pois apontam para outras possibilidades

    da histria, da a sua dimenso visionria e utpica, contida em certo sentido na expresso de

    Euclides da Cunha Canudos no se rendeu (1956). Assim, contra a passividade do olhar

    cristalizado pela Medusa do tempo, a literatura prope novas vises e abordagens da vida no

    como ela , mas como poderia ser. Isso nos d tambm uma esperana mnima de que fala

    Drummond em A flor e a nusea. (A rosa do povo).

    O posicionamento do intelectual, muitas vezes, ambguo, no por lhe faltar

    conscincia, mas pelo fato de que ele no acredita piamente numa transformao somente pelo

    fazer literrio. Da, por exemplo, o Drummond de A rosa do povo, s pensar numa esperana

    AryadneRealce

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    AryadneRealce

  • Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de Histria: Poder, Violncia e Excluso. ANPUH/SP USP. So Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

    mnima, dizendo tambm em outro poema que o ser humano, impotente, no pode sozinho

    revoltar-se.

    Houve, ao longo da histria do Brasil, vrios tipos de silenciamento das vozes

    discordantes. O silncio nem sempre concordante, pois muitas vezes imposto de forma sutil.

    Qual o papel dos escritores e intelectuais em relao s atrocidades cometidas por governos ou

    grupos no passado? A partir da noo de literatura de testemunho, pretendemos verificar em

    algumas obras literrias de testemunho (testemunhos literrios), qual foi o posicionamento dos

    escritores em relao a algumas atrocidades cometidas por grupos estabelecidos no poder estatal

    ou da sociedade. Enfim o intelectual luta contra o proverbial Quem cala, consente, e

    poderamos dizer que Quem cala, ressente, como o caso de muitos escritores que

    ressentiram em suas obras os traumas sociais de seu tempo. Como o caso de Graciliano

    Ramos em Memrias do crcere, obra pstuma de 1953, em que o escritor denuncia o estado

    dos pores da Ditadura Vargas.

    Orlandi faz distino entre silncio e silenciamento. O primeiro seria parte de uma

    prtica fundante de sentidos que so instaurados pela e na linguagem. Diz a autora: (...) H um

    modo de estar em silncio que corresponde a um modo de estar no sentido e, de certa maneira,

    as prprias palavras transpiram silncio. H silncio nas palavras;(...). O silncio em si j

    comporta um sentido. A linguagem seria incompleta j que todo dizer uma relao

    fundamental com o no dizer. Considerando que o funcionamento da linguagem est centrado

    na errncia dos sentidos, o um no tem a fora de manter a linguagem unvoca. A

    mensagem do um est permeada de silncio (Orlandi, 1995, pp. 11-13).

    J o silenciamento, ainda para a autora, a imposio da censura de um poder externo a

    uma sociedade ou grupo ou pessoa, por exemplo, atravs de polticas de silenciamento

    (ditaduras, polcias, governos) (idem, p. 54):

    Pensada atravs da noo de silncio, como veremos, a prpria noo de censura se

    alarga para compreender qualquer processo de silenciamento que limite o sujeito no

    percurso de sentidos. Mas mostra ao mesmo tempo a fora corrosiva do silncio que faz

    significar em outros lugares o que no vinga em um lugar determinado. O sentido no

    pra, ele muda de caminho. (idem, p. 13)

    A censura, sendo produzida pela histria (idem, p. 13), traz consigo a resistncia ao seu

    discurso, pois, ao no deixar falar, deixa entrever o que foi proibido. No caso da literatura o

    silncio ser rompido pela via dos relatos de escritores que vivenciaram situaes traumticas de

    modo coletivo ou individual.

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  • Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de Histria: Poder, Violncia e Excluso. ANPUH/SP USP. So Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

    Surge, assim, a chamada literatura de testemunho, exatamente no momento em que se

    relata o que se viu, inscrevendo-se no contexto de emergncia de falas silenciadas. A fala da

    testemunha literria seria a quebra do silenciamento ou do silncio difuso que se espalha pelo

    conjunto das sociedades e grupos. Quebrar o silncio, expresso cheia de nuances, comumente

    se refere ao silncio imposto por determinadas circunstncias. Ao quebrar o invisvel (o

    silncio), pretende-se tornar visvel o que foi ocultado. Os relatos de torturados e vtimas em

    geral tem esse carter de romper o silncio para trazer luz outra verdade sobre certos

    acontecimentos do passado. O reprimido (o que foi silenciado) retorna sob a forma de

    testemunhos. Testemunhar significa relatar o que se viu, ouviu ou se presenciou de alguma

    forma. A temos a importncia do olhar como sentido de veracidade.

    Mas qual o contexto de surgimento da noo de literatura de testemunho? H dois

    momentos de apario desse tipo de literatura. O primeiro desses momentos se d aps o

    genocdio dos campos de concentrao nazistas, quando aparecem relatos de sobreviventes.

    Esses relatos do Holocausto (Shoah), depois das imagens que reaparecem quando h alguma

    referncia Segunda Guerra, foram pensados como um gnero narrativo, que hoje se denomina

    Literatura de testemunho.

    Segundo Mrcio Seligman-Silva (2006, pp. 105-118), esses textos adquiriram um grau

    de veracidade, mas tambm um grau de ficcionalidade, j que passaram por um trabalho de

    reelaborao do passado pelo olhar um presente e alguns desses relatos foram retrabalhados

    como fico, j que vrios autores inventaram personagens que teriam vivido em campos de

    concentrao quando criana, como o caso de Memrias de uma infncia 1939-1948, de

    Binjamin Wilkomirski, pseudnimo de Bruno Doessekker. Nesse caso revelou-se um escndalo

    o fato de o autor ter passado algum tempo como turista quando menino em campos de

    concentrao e no como um preso. Isso reconfigura muito a situao do texto produzido a

    partir dessas vivncias (idem, ibidem).

    O segundo momento de apario da literatura de testemunho est relacionado com a

    emergncia do autoritarismo de Estado na Amrica Latina, mais especificamente quando a

    desrepresso propiciou grande quantidade de testemunhos sobre as Ditaduras da Argentina,

    Uruguai, Chile e Brasil. No contexto latino-americano, a expresso testimonio muda um

    pouco a noo de testemunho cunhada e praticada ps-Shoah, at porque, apesar de algumas

    semelhanas da crueldade, a situao se configura de outras maneiras, segundo Seligman-Silva

    afirmando que o diferencial est sobretudo nas abordagens analticas (2003, pp.29-44), grifo

    do autor).

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    Mas evidente que qualquer texto que narre um episdio traumtico da histria pode,

    grosso modo, ser tido como literatura de testemunho, j que toma posio em relao a um

    acontecimento marcante na vida de uma coletividade.

    No Brasil, temos vrios casos de testemunho literrio contra a barbrie (genocdios,

    massacres e congneres). Euclides da Cunha e Graciliano Ramos so dois autores que podem,

    por uma srie de questes, e cada um a seu modo, ser inseridos neste gnero literrio.

    O primeiro autor, com o livro Os sertes (1902), pode ser considerado um dos primeiros

    dessa linhagem de literatura de testemunho, principalmente os relatos da parte A luta. Inserido

    num contexto de guerra, o autor rev suas consideraes a respeito do povoado de Canudos, j

    que antes, acompanhando as idias vigentes do determinismo, tinha uma viso parcial do

    movimento do Arraial de Canudos, comandado por Antonio Conselheiro, considerando-o como

    uma reao monarquista e, por conseqncia, anti-republicana (Bosi, 2002, pp. 209 e 212).

    Apesar de o autor no ter feito parte integrante do povoado, sua posio no deixa de nutrir

    simpatia pelo grupo exterminado, j que teria mudado sobremaneira seu olhar sobre o evento.

    (Ventura, 2002, pp. 16-29).

    Como afirma Walnice Nogueira Galvo, Dedicado crnica de um evento histrico que

    o autor testemunhou de corpo presente, Os sertes tem por objeto essa guerra [de Canudos]

    (2002, p. 97). O autor fora enviado pelo jornal O Estado de So Paulo para fazer a cobertura do

    evento, escrevendo uma srie de reportagens que foram publicados no mesmo jornal. Foi a

    primeira vez que os jornais acompanharam uma guerra e a noticiaram. (idem, p. 98)

    Texto hbrido, o livro junta dados da sociologia, antropologia, geologia, e outras reas do

    conhecimento. Segundo Alfredo Bosi, Os Sertes so um livro de cincia e de paixo, de

    anlise e de protesto: eis o paradoxo que assistiu gnese daquelas pginas em que alternam a

    certeza do fim das raas retrgradas e a denncia do crime que a carnificina de Canudos

    representou. (1994, p. 309).

    O segundo autor, que tambm testemunhou um momento dramtico da histria

    brasileira, Graciliano Ramos, escreveu Memrias do crcere. Inserido num contexto de

    represso do Estado Novo de Getlio Vargas, o relato trata de uma experincia de quem viveu

    algum tempo numa priso no perodo referido acima.

    O autor percebe que durante sua priso, encontra material magnfico para escrever um

    livro, segundo aponta uma das personagens. A princpio ele (o autor) reflete sobre o que e como

    escreveria sua obra. Por exemplo, ele fica constrangido em escrever em primeira pessoa, pois

    no gostaria de dar um tom subjetivo sobre os fartos, bem ao estilo do autor, que sempre se

    pautou por uma (tentativa) de viso objetiva dos acontecimentos. Ele diz: Desgosta-me usar a

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  • Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de Histria: Poder, Violncia e Excluso. ANPUH/SP USP. So Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

    primeira pessoa. (Ramos, 1980, p. 37) Ele fala tambm em receio de cometer indiscrio

    exibindo em pblico pessoas que tiveram comigo convivncia forada(...) (idem, p. 35).

    O prprio Graciliano Ramos afirma que no houve um impedimento ostensivo de se

    escrever no perodo do Estado Novo getulista, que ele chama de pequenino fascismo

    tupinamb. Afirma o autor: De fato ele no nos impediu escrever. Apenas nos suprimiu o

    desejo de entregar-nos a esse exerccio. (1980, p. 34)

    Nessa obra os detalhes so importantes na construo do argumento da literatura realista-

    romntica, como afirma Beatriz Sarlo (2007):

    Alm disso, o detalhe refora o tom de verdade ntima do relato: o narrador que lembra

    de modo exaustivo seria incapaz de passar por alto o importante, nem for-lo, pois o

    que narra formou um desvo pessoal de sua vida, e so fatos que ele viu com os prprios

    olhos. Num testemunho, jamais os detalhes devem parecer falsos, porque o efeito de

    verdade depende deles, inclusive de sua acumulao e repetio. (p. 52)

    Para alcanar um efeito de eficcia no discurso, no caso o relato feito de memria de

    Graciliano Ramos atinge esse efeito de maneira muito peculiar. E, juntando-se a isso, o narrador

    assume o papel de quem presenciou algo, o que reitera a verossimilhana da composio da

    obra. Desse modo, o regime escpico, isto , o trabalho regido pelo olhar, uma das bases

    desse tipo de narrativa.

    Tanto em Memrias do crcere como em Os sertes comparece a funo do narrador

    como eu-testemunha, o qual toma o lugar do oprimido funcionando de modo vicrio. De certa

    forma, este o papel do intelectual que se identifica com a situao de opresso de grupos

    subordinados, o que ocorre de forma matizada nas duas obras testemunhais.

    Nesse sentido, Jeanne Marie Gagnebin prope ampliar o conceito de testemunha,

    apontando para um terceiro, nem algoz nem vtima (2006, p. 57). Primeiro temos a

    testemunha direta, que viu. Testemunha que ouviu a narrativa e no vai embora, ouve e leva

    adiante, mas opera a rememorao do fenmeno no sentido de entender para no repetir. Esse

    tertius poderia ser o intelectual que teria a funo promover a inteligibilidade das crueldades

    no mundo nazificado, ainda que a fora do pensamento diante do argumento da fora esteja

    bastante fragilizada. Essa mesma linha de argumento reafirmada por Beatriz Sarlo (2007)

    quando prope lembrar para entender o tempo passado

    Memrias dos mortais, esses relatos, falam do silncio dos mortos que funda as

    narrativas dos vivos. (Gagnebin, 2006, p. 13). O esforo para manter alguma memria est

    registrado em vrias histrias da humanidade, por exemplo, na Odissia, quando Ulisses tem

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  • Texto integrante dos Anais do XIX Encontro Regional de Histria: Poder, Violncia e Excluso. ANPUH/SP USP. So Paulo, 08 a 12 de setembro de 2008. Cd-Rom.

    uma trajetria alegrica, luta contra o esquecimento (p. 14. Se comesse o loto esqueceria de

    voltar.

    Os escritores abordados ressentem o mal-estar do seu tempo e, atravs dessa potica da

    resistncia, buscam no deixar os mortos cair no esquecimento (Gagnebin, p. 53). Eles

    buscam tambm elaborar uma retrica que reflita a dimenso poltica, construindo uma

    retrica do oprimido (a da resistncia). (Orlandi, 1995, p. 36).

    possvel narrar o passado de forma a contar toda a verdade nada mais que a verdade?

    Esse tipo de questo coloca em xeque a narrativa de testemunho, no de seu ponto de vista

    jurdico, mas do ponto de vista literrio.

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    Bibliografia

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    In: Literatura e resistncia. So Paulo: Companhia das Letras, 2002.

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    SELIGMAN-SILVA, M. (org.). Histria, memria, literatura: o testemunho na era das

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    ____________________. Literatura de testemunho: os limites entre a construo e a fico.

    In: O local da diferena. So Paulo: Ed. 34, 2006.

    VENTURA, Roberto. Euclides da Cunha no vale da morte. In: Revista USP, So Paulo:

    USP,CCS, n. 1 (junho, julho, agosto), 2002.