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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO BIOMÉDICO DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA APLICADAS (MIP/PPGMPA) Taíssa Angélica Lemos Trancoso Comparação de técnicas para o diagnóstico de filarioses caninas NITERÓI 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO BIOMÉDICO

DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM

MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA APLICADAS (MIP/PPGMPA)

Taíssa Angélica Lemos Trancoso

Comparação de técnicas para o diagnóstico de filarioses caninas

NITERÓI

2017

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Taíssa Angélica Lemos Trancoso

Comparação de técnicas para o diagnóstico de filarioses caninas

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em

Microbiologia e Parasitologia Aplicadas da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para a

obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração:

Parasitologia.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Claudia Maria Antunes Uchôa Souto Maior

NITERÓI

2017

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Taíssa Angélica Lemos Trancoso

Comparação de técnicas para o diagnóstico de filarioses caninas

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em

Microbiologia e Parasitologia Aplicadas da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para a

obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração:

Parasitologia.

Aprovada em 22 de Fevereiro de 2017.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Otilio Machado Pereira Bastos – UFF – Presidente

Prof.ª Alynne da Silva Barbosa – UFF

Profa Norma Vollmer Labarthe – FIOCRUZ

Profa Daniela Leles de Souza – UFF - Suplente

Prof. Valmir Laurentino da Silva _ FIOCRUZ - Suplente

Niterói

2017

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AGRADECIMENTOS

À Deus por ter me dado a vida, por me abençoar e me guiar nas conquistas de meus ideais, sempre me

dando forças para seguir em frente.

À minha orientadora, professora Claudia Uchôa, por ter me dado essa grande oportunidade. Pelos

ensinamentos, dedicação e paciência. Pelo carinho de mãe e apoio incondicional, inclusive nos

momentos mais difíceis. Pela grande e valiosa ajuda, não apenas na elaboração e contrução desse

trabalho, mas por ter estado presente em minha vida, se tornando um modelo de profissional que eu

quero ser um dia.

À professor Otilio Machado Pereira Bastos pela revisão criteriosa. Por todo auxílio, inclusive

financeiro, e ensinamento, enriquecendo cada passo dado com sua experiência e sabedoria.

Às alunas Anna Luiza Finkelstein e Nathália Lima por muito terem me ensinado, ao mesmo tempo em

que aprendiam. Pela dedicação e esforço, sem o qual o estudo não teria acontecido.

Ao Dr Bruno Pinho por ter autorizado a execução do trabalho na Clínica Veterinária Cabo Frio e aos

demais profissionais: Dra. Amanda Monteiro, Dr. Rodrigo Teixeira, Dr. Renan Queiróz, ao enfermeiro

Vitor Oliveira e a recepcionista Daniele Alves por todo apoio, sem o qual esse estudo não seria possível.

À toda minha família, por estarem sempre ao meu lado me dando amor, confiança, suporte e incentivo.

Por me ajudarem a dar todos os meus passos, segurando minha mão no sucesso e na derrota.

Ao meu esposo e companheiro, Thiago Bustamante, pelo amor, carinho, apoio, companheirismo e

paciência. Por compreender minha ausência e nervosismo, por me dar ombros e ouvidos e estar ao meu

lado nos melhores e piores momentos.

Ao professor Walter Lillenbaun pelo empréstimo de parte do material de consumo para execução da

PCR.

À professora Tatiana Xavier pelo apoio e orientação no procedimento de extração de DNA das

amostras de sangue e a professora Silvia Maria Baeta Cavalcanti e professora Rita Cubel Garcia pela

disponibilidade em compartilhar sua experiência no diagnóstico molecular.

À professora Daniela Leles pelo apoio e orientação na realização da PCR das amostras.

À professora Ana Beatriz Monteiro Fonseca pela análise estatística dos resultados obtidos no trabalho.

À professora Alynne da Silva Barbosa pelo apoio, empréstimo de material de consumo para biologia

molecular e incentivo na realização do trabalho.

À toda equipe de estudantes e profissionais que atuam na Parasitologia da UFF pelo apoio nos

momentos difíceis desse caminho.

Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Microbiologia e Parasitologia Aplicadas pelos

ensinamentos transmitidos durante esse percurso, e à Anna Soares, secretária do curso, por toda a

paciência, carinho e pela pronta atenção.

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Às minhas companheiras de turma do mestrado, Clarissa Silveira, Gabriela Góes e Karina Gonçalves

pelos momentos de alegria e dificuldade que compartilhamos e pelo que juntas aprendemos.

À todos os meus amigos que direta ou indiretamente participaram do estudo, dando força e incentivo

para que o trabalho fosse concluído.

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“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades lembrai-vos de que as grandes coisas do

homem foram conquistadas do que parecia impossível”

Charles Chaplin

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RESUMO

A dirofilariose é uma infecção parasitária potencialmente zoonótica, sendo uma grande preocupação

para proprietários de pequenos animais, principalmente de regiões costeiras de países tropicais e

subtropicais. Esta parasitose é determinada pelos nematóides do gênero Dirofilaria sp., sendo

Dirofilaria immitis a espécie mais frequente no Brasil. Têm como hospedeiros definitivos

principalmente, os canídeos domésticos e silvestres. Sua frequência, particularmente nos cães,

apresenta índices variáveis, dependendo da localização geográfica, da população canina suscetível e

das técnicas utilizadas para o diagnóstico laboratorial, as quais apresentam sensibilidade variada.

Poucos estudos comparam a eficácia das diversas técnicas utilizadas no diagnóstico dessa parasitose.

Considerando essa carência de informações, o objetivo deste estudo foi comparar as técnicas

parasitológicas microscópicas, imunológicas e moleculares no diagnóstico da dirofilariose canina.

Foram coletadas 103 amostras de sangue de cães de Cabo Frio, RJ, as quais foram processadas pelas

técnicas parasitológicas microscópicas (TPMs) como o exame direto, distensão espessa, distensão

delgada e Knott modificada, além da Reação em cadeia da Polimerase (PCR) e o ensaio

imunoenzimático (ELISA) para captura de antígeno (Snap™ 4Dx® IDEXX). Dessas, 19,4% foram

positivas pelas técnicas parasitológicas por microscopia (TPM), e 15,5% pela PCR sem diferença

estatística significativa. As técnicas de Knott modificada e distensão espessa foram positivas nas 20

amostras positivas (K=1,0). O índice de concordância entre as técnicas parasitológicas por microscopia

foi excelente e entre as TPMs e a PCR (K=0,79) substancial. Ao analisar amostras de sangue de 60

animais pelo ELISA pode-se evidenciar positividade de 26,9% (25/60), havendo detecção de

dirofilariose oculta em 30,7% (8/25), o que favoreceu diferença estatística significativa entre o ELISA

e a PCR e entre o ELISA e as TPMs. A mensuração das microfilárias e o seqüenciamento do

fragmento genômico amplificado de uma amostra confirmaram a infecção por D. immitis. Dentre as

técnicas parasitológicas por microscopia, em áreas endêmicas, sugere-se o uso da distensão espessa

por ser de menor custo e gerar uma lâmina permanente, o que possibilita releitura e avaliação

morfológica. Os resultados obtidos reafirmam a importância do uso do ELISA para captura de

antígenos no diagnóstico clínico e em estudos epidemiológicos da dirofilariose canina.

Palavras chaves: Cães, Dirofilaria immitis, Distensão espessa, Knott modificada, ELISA, PCR

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ABSTRACT

Heartworm infection is a potentially zoonotic parasitic disease and is a major concern for small animal

owners, mainly coastal regions of tropical and subtropical countries. This parasite is to be determined

by the parasites of the genus Dirofilaria sp., being Dirofilaria immitis the most frequent species in

Brazil. They have as definitive hosts mainly the domestic and wild canids. Their frequency,

particularly in dogs, varies depending on the geographic location, the susceptible canine population

and the techniques used for laboratory diagnosis, which vary in sensitivity. Few studies compare the

efficacy of several techniques used in the diagnosis of this parasite. Considering this lack of

information, the objective of this study was to compare microscopic parasitological, immunological

and molecular techniques in the diagnosis of canine heartworm infection. A total of 103 blood samples

were collected from dogs from Cabo Frio, RJ, Brazil, which were processed by microscopic

parasitological techniques such as wet fresh blood film, thick smear, thin smear and modified Knott,

Polymerase Chain Reaction (PCR) and or enzyme-linked immunosorbent assay (ELISA) for antigen

capture (Snap ™ 4Dx® IDEXX). Of these, 19.4% were positive by parasitological techniques by

microscopy (PTM), and 15.5% by PCR, without significant statistical difference. The modified Knott

and thick smear techniques were positive in 20 samples (K = 1.0). The concordance index between

parasitological techniques by microscopy among each other was excellent and substantial between

PTMs and PCR (K = 0.79). When analyzing blood samples from 60 animals by the ELISA, a positivity

of 26.9% (25/60) could be detected, with hidden heartworm detected in 30.7% (8/25), favoring a

statistically significant difference Between ELISA and PCR and between ELISA and PTMs.

Measurement of microfilariae and sequencing of the amplified genomic fragment of a sample

confirmed D. immitis infection. Among the parasitological techniques by microscopy, in endemic

areas, it is suggested the use of thick smear because it is of lower cost and generate a permanent slide,

which allows re-reading and morphological evaluation. The results obtained reaffirm the importance of

the use ELISA for antigen capture in clinical diagnosis and in epidemiological studies of canine

heartworm disease.

Key words: Dogs, Dirofilaria. immitis, Thick Smear, Modified Knott, ELISA, PCR.

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LISTA DE TABELAS, FIGURAS E QUADROS

Tabela 1: Resultados por faixa etária obtidos por técnicas parasitológicas microscópicas e PCR para

pesquisas de D. immitis em 103 cães do município de Cabo Frio, RJ....................................................51

Tabela2: Resultado de positividade pelas quatro técnicas parasitológicas por microscopia e molecular

em 20 cães com microfilárias de Cabo Frio, RJ..................................................................................... 51

Tabela 3: Resultados do grau de concordância e dicordância pelo teste de McNemar entre as técnicas

parasitológicas por microscopia e molecular para pesquisas de D. immitis em 103 cães do município de

Cabo Frio, RJ..........................................................................................................................................52

Tabela 4: Relação entre a positividade obtida por técnicas parasitológicas microscópicas e molecular

para pesquisa de microfilárias e o gênero em 103 cães do município de Cabo Frio,

RJ............................................................................................................................................................53

Tabela 5: Resultados obtidos por técnicas parasitológicas por microscopia e molecular em relação

com local de permanência na residência de de 102 cães do município de Cabo Frio, RJ......................53

Tabela 6: Resultado de positividade pelas quatro técnicas parasitológicas por microscopia, PCR e pelo

ELISA (Snap™ 4Dx®) em 60 cães de Cabo Frio, RJ............................................................................54

Tabela 7: Comparação do grau de concordância e dicordância (teste de McNemar) entre as técnicas

parasitológicas por microscopia, PCR e ELISA para pesquisas de D. immitis em 60 cães do município

de Cabo Frio, RJ......................................................................................................................................55

Tabela 8: Resultados para contagem de microfilárias de filarídeos obtidos por técnicas parasitológicas

com leitura por microscopia em amostras de sangue de 20 cães do Município de Cabo Frio, RJ.........55

Tabela 9: Resultado da contagem de microfilárias de filarídeos por estimativa considerando a técnica

de exame direto em amostras de 20 cães de Cabo Frio, RJ....................................................................56

Figura 1: Figura 1: A: Aulto macho de Dirofilaria immitis encontrado em um chacal dourado na

Bulgaria. A1: Extremidade anterior do corpo – abertura oral (1), papilas cefálicas(2), esôfago(3), anel

nervoso(4); A2: Espículas – peqeunas espículas (1), e grande espículas (2). B1: Partes distais das

pequenas espículas (1) e grandes espículas (2); B2: Papilas cloacais – papilas pré cloacais(1) e pós

cloacais(2). C: Adulto fêmea espécime de Dirofilaria immitis encontrado em um chacal dourado da

Bulgária:C1: Vulva, C2: Anus. Fonte: Panayoutova-Pencheva et al. 2016............................................21

Figura 2: Microfilária de A. reconditum (1) e Dirofilaria immits (2). Fonte: www.capvet.org............21

Figura 3: Ilustração do ciclo biológico de Dirofilaria immitis.. Fonte: http://memorize.com/parasit-

heartworms/drraythe.............................................................................................................................. 23

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Figura 4: A: Fotografia de radiografia de tórax de um cão infectado de 12 anos de idade com

cardiomegalia do lado direito e grave doença vascular pulmonar. B: Fotografia da imagem do

ecocardiograma do mesmo cão da figura A. Vermes são visualizados como dupla paralela, objetos

lineares (seta) flutuante para dentro do lúmen da artéria pulmonar direita.............................................30

Figuras 5: Fotografia de radiografia de um homem adulto com lesões pulmonares causadas por

Dirofilaria immtis. Fonte: Klinge et al., 2011. B: Edema da córnea e hiperemia episcleral no olho

esquerdo de um menino de 16 anos de idade, do Brasil e um filarídeo macho adulto livre câmara

anterior....................................................................................................................................................37

Figura 6: Mapa do município de Cabo Frio com localização aproximada da Clínica Veterinária (seta

negra) de onde as amostras dos cães foram obtidas. ..............................................................................43

Figura 7: Fotografia referente a contenção mínima dos cães (A) e coleta de amostra de sangue por

punção de veia braquio-cefálica (B)........................................................................................................43

Figura 8: Técnica de distensão espessa para diagnóstico de D. immitis. A: seqüência de lâminas na

ordem de processamento (distensão espessa de sangue após secagem, distensão espessa após

desemoglobinização e distensão espessa corada pelo Giemsa). B: microfilárias visualizadas em

distensão espessa no aumento de 400X. C: microfilárias visualizadas em distensão espessa no aumento

de100X....................................................................................................................................................46

Figura 09: Produto da PCR submetido a eletroforese em gel de agarose a 1,5% usando primers COIR

e COIF.1) DNA Ladder(50bp);C+)Controle positivo com DNA de parasito adulto;PV)Poço vazio ...56

Figura 10: Produto da PCR submetido a eletroforese em gel de agarose a 1,5% usando primers COI R

e COI F. 1) DNA Ladder (50bp); C+) Controle positivo com DNA de parasito adulto....................... .57

Figura 11: Alinhamento de sequências de fragmento do gene COI de Dirofilaria immitis. Legenda:

KC985239. Número de acesso de sequência de D. immitis depositada no Genbank usada para

comparação; Adulto: Parasito adulto de D. immitis usado como controle positivo nas reações de PCR.

Amostra 13: amostra de sangue positiva para D. immitis no exame parasitológico e imunológico. Obs:

os primers não foram removidos da análise...........................................................................................57

Quadro 1: Mensurações de microfilárias de filarídeos que infectam cães recuperadas da literatura no

período de 1965 a 2013...........................................................................................................................25

Quadro 2: Prevalência da dirofilariose em diversos municípios de estados do Brasil..........................40

Quadro 3: Fórmula de Kappa................................................................................................................52

Quadro 4: Valores de referência para interpretação do valor de Kappa...............................................52

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SUMÁRIO

RESUMO.................................................................................................................................... 7

ABSTRACT................................................................................................................................ 8

LISTA DE TABELAS, QUADROS E FIGURAS.................................................................. 9

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 13

2 JUSTIFICATIVA.................................................................................................................... 16

3 OBJETIVOS............................................................................................................................. 17

3.1 Geral........................................................................................................................................ 17

3.2 Específicos............................................................................................................................... 17

4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................................... 18

4.1 Filarioses caninas.....................................................................................................................

4.1.1 Acanthocheilonema (Dipetalonema) reconditum................................................................

18

18

4.1.2 Dirofilaria repens................................................................................................................. 19

4.1.3 Dirofilaria immitis................................................................................................................ 20

4.1.3.1 Taxonomia................................................................................................................... 20

4.1.3.2 Morfologia................................................................................................................. 21

4.1.3.3 Ciclo Biológico............................................................................................................ 22

4.2 Diagnóstico.............................................................................................................................. 23

4.2.1 Técnicas Parasitológicas Microscópicas (TPMs) ........................................................... 23

4.2.2 Técnicas Imunológicas..................................................................................................... 26

4.2.3 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) ......................................................................... 27

4.2.4 Outras técnicas de Diagnóstico......................................................................................... 29

4.2.5 Estudos de Diagnóstico da Dirofilariose por Diferentes Técnicas................................... 30

4.3 Epidemiologia das Dirofilarioses............................................................................................ 34

4.3.1 Vetores............................................................................................................................... 35

4.3.2 Dirofilariose Humana........................................................................................................ 36

4.3.3 Wolbachia sp..................................................................................................................... 37

4.3.4 Distribuição Geográfica.................................................................................................... 38

5. METODOLOGIA................................................................................................................... 42

5.1 Amostragem............................................................................................................................. 42

5.1.1 Local de Estudo................................................................................................................ 42

5.1.2 Coleta das Amostras.......................................................................................................... 43

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5.2 Processamento Laboratorial..................................................................................................... 44

5.2.1 Técnicas Parasitológicas Microscópicas (TPMs) ................................................................ 44

5.2.1.1 Exame Direto.................................................................................................................. 44

5.2.1.2 Distensão Delgada.......................................................................................................... 45

5.2.1.3 Distensão Espessa........................................................................................................... 45

5.2.1.4 Coloração por Azul de Metileno Segundo de Giemsa................................................... 46

5.2.1.5 Técnica de Knott Modificada ....................................................................................... 46

5.2.1.6 Ensaio Imunoenzimático - ELISA.................................................................................. 47

5.2.7 Biologia Molecular............................................................................................................

5.2.7.1 Extração de DNA .........................................................................................................

47

47

5.2.7.2 Reação em Cadeia da Polimerase................................................................................. 48

5.2.7.3 Sequenciamento dos Fragmentos Amplificados na PCR............................................ 49

5.3 Análise Estatística................................................................................................................... 49

6. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS................................................................................................ 50

7. RESULTADOS........................................................................................................................ 51

8. DISCUSSÃO............................................................................................................................ 58

9 CONCLUSÃO......................................................................................................................... 66

10. REFERÊNCIAS BIBLOGRÁFICAS.................................................................................. 67

11 ANEXOS.................................................................................................................................. 80

12 APÊNDICES........................................................................................................................... 82

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1. INTRODUÇÃO

As filarioses caninas têm como etiologia Dirofilaria immitis, Dirofilaria repens,

Acanthocheilonema reconditum, Acanthocheilonema dracunculoides e Cerapitifilaria grassi. As

espécies com os maiores taxas de prevalencia são D. immitis, A. reconditum e D. repens, sendo que as

duas primeiras apresentam distribuição mundial e a última restringe-se a Europa, Oriente Médio, Ásia

e África (SCARAMOZZINO et al., 2005).

A dirofilariose é uma infcção parasitária potencialmente zoonótica, causada pelo filarídeo do

gênero Dirofilaria que infecta preferencialmente canídeos domésticos e silvestres, mas também outros

mamíferos incluindo o ser humano. Essa parasitose é uma grande preocupação para proprietários de

pequenos animais, principalmente em regiões costeiras de países tropicais e subtropicais (BATISTA et

al., 2008), sendo determinada, principalmente, pelos parasitos Dirofilaria immitis e Dirofilaria repens.

Os hospedeiros intermediários ou vetores da dirofilariose são dípteros da família Culicidae, dos

gêneros Aedes, Anopheles e Culex susceptíveis à infecção pelo parasito (FERNANDES et al., 1999).

D. immitis e D. repens tem como habitat sistema cardiovascular e tecido subcutâneo de cães

respectivamente (SIMÓN et al., 2009). A doença determinada por D. immitis começa com um quadro

vascular progressivo, que em seus estágios finais afetam as câmaras cardíacas direitas. Também pode

apresentar uma evolução aguda intravascular causando hemólise, anemia e hemoglobinúria.

Manifestações clínicas típicas incluem tosse crônica, dispneia, intolerância ao exercício e perda de

peso (KLINGE et al., 2006).

A prevalência da dirofilariose, particularmente nos cães, apresenta índices variáveis,

dependendo da localização geográfica, da técnica utilizada para o diagnóstico e do manejo dos

animais. A incidência de animais positivos em cidades litorâneas pode aumentar devido à maior

densidade de vetores. No Brasil, a dirofilariose canina já foi descrito 15 focos hiperendêmicos em

diversas localidades, estando presente em todas as regiões do país (LABARTHE et al, 2014).

Entretanto, a maioria dos estudos está concentrada nas regiões sudeste e sul. No estado do Rio de

Janeiro, Labarthe et al. (1997a) evidenciaram prevalência de 16,85% (134/795) por microfilaremia,

sendo 8,61% de cães do Rio de Janeiro e 21,76% de Niterói e seus arredores, por meio da técnica de

Knott modificada. Na Região dos Lagos, que se localiza no litoral norte do estado do Rio de Janeiro,

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pertencendo a mesorregião das baixadas litorâneas, Labarthe et al. (2014) relataram em Cabo Frio e

Armações dos Búzios, frequências de 27,5% (11/40) e 62,2 % (23/37), respectivamente e Labarthe et

al. (1997b) relataram a prevalência de 33,3% (5/15) na região costeira que englobou Maricá a Cabo

Frio.

O diagnóstico desses filarídeos pode ser realizado por meio de diversas técnicas laboratoriais

parasitológicas microscópicas, imunológicas e moleculares. As técnicas parasitológicas mais utilizadas

são o exame direto do sangue a fresco, técnica de Knott modificada, concentração em filtro com

membrana de milipore ou nucleopore, gradiente de densidade por centrifugação e ou distensão

espessa. As diferentes técnicas apresentam sensibilidades variadas e limitações (BATISTA et al.,

2008).

Na maioria dos cães microfilarêmicos, a parasitose pode ser detectada por exame microscópico

direto que consiste na visualização da movimentação das hemácias na presença da larva do filarídeo

em amostra de sangue a fresco. No entanto, essa técnica é pouco sensível para o exame de amostras

com números (50 a 100 por ml) de microfilárias baixos. A técnica de Knott modificada é a mais

eficiente para observar a morfologia e fazer a mensuração das dimensões do corpo da larva

possibilitando diferenciar D. immitis de outras dirofilárias e de espécies filarídeos não patogênicos,

como Acanthocheilonema (Dipetalonema) reconditum (MCCALL et al.,2004).

A negatividade dos testes de detecção de microfilárias não permite excluir a infecção, na

medida em que não detectam infecções amicrofilarémicas. Além desse fato, pode haver resultados

falsos negativos, particularmente se o número de microfilárias em circulação for reduzido e se a

quantidade de sangue colhido não for suficiente (MCCALL et al., 2004).

O ensaio imunoenzimático (ELISA) para pesquisa de antígenos é considerado indispensável,

específico e sensível no diagnóstico da parasitose (OGAWA, 2013). Ele permite um diagnóstico mais

eficiente do que aqueles obtidos pela técnica de Knott modificada, uma vez que as microfilárias podem

estar ausentes, caso o cão esteja parasitado somente por adultos do mesmo sexo; de ambos os sexos,

mas estéreis; esteja em período pré-patente, que é de 5 a 6 meses após a infecção ou, ainda,

amicrofilaremico por outras causas (FERNANDES et al.,1999).

Segundo Goodwin et al. (1998) podem ocorrer resultados falsos-negativos em técnicas

imunológicas, em cães com carga parasitária muito baixa. Nessas situações, a reação em cadeia da

polimerase (PCR) tem demonstrado resultados específicos e sensíveis por meio da detecção do ácido

desoxiribonucléico (DNA) de D. immitis (SIMSEK et al., 2011).

Considerando esse contexto, o objetivo desse estudo foi comparar diferentes fundamentos de

técnicas de diagnóstico para dirofilariose canina em cães atendidos em uma clínica médica veterinária

de Cabo Frio, RJ.

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2. JUSTIFICATIVA

A dirofilariose é uma parasitose que acomete principalmente cães, com frequências variadas

determinando quadros clínicos diversos e até mesmo a morte de animais infectados. No diagnóstico

dessa parasitose diversas metodologias parasitológicas por microscopia, imunológicas e molecular são

utilizadas, porém poucos estudos comparam a concordânica e eficácia dos resultados das diferentes

técnicas. Frente a esse contexto, esse estudo torna-se relevante pois propõe ampliar o arcabouço

teórico sobre o diagnóstico da dirofilariose por meio da comparação de quatro técnicas parasitológicas

por microscopia, imunológica e molecular e dessa forma possibilitar maior eficiência no diagnóstico,

fomentando esta área do conhecimento, além de ampliar informações sobre a frequência dessa

parasitose.

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3. OBJETIVOS

3.1 Geral

Comparar técnicas para o diagnóstico da infecção de cães por Dirofilaria immitis.

3.2 Específicos

Diagnosticar a infecção por Dirofilaria immitis em cães domiciliados por técnicas parasitológicas

por microscopia das microfilárias, por técnica imunológica para pesquisa de antígeno e pela reação em

cadeia da polimerase;

Comparar a eficiência e concordância das técnicas parasitológicas, imunológica e molecular no

diagnóstico da dirofilariose;

Identificar a frequência da parasitose no grupo de cães estudados, de acordo com a idade e sexo

dos animais, hábito do cão, sintomas e profilaxia medicamentosa.

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4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 Filarioses Caninas

Várias espécies de filarídeos podem infectar os animais, inclusive o ser humano. Em cães as

espécies mais frequentes são Dirofilaria immitis, Dirofilaria repens, Acanthocheilonema

(Dipetalonema) reconditum, embora na literatura também sejam relatadas infecções por

Acanthocheilonema dracunculoides e Cerapitifilaria grassi (SCARAMOZZINO et al., 2005). Todos

esses parasitos liberam microfilárias na corrente sanguínea dos hospedeiros infectados, sendo que

Dirofilaria immitis e Acanthocheilonema (Dipetalonema) reconditum apresentam distribuição

geográfica similares (GOMES et al., 2012).

Dirofilariose é considerada como a infecção de hospedeiros suscetíveis por um grupo de

parasitos do gênero Dirofilaria transmitidas por vetores. De todas as espécies, as mais relevantes são

Dirofilaria immitis e D. repens devido ao seu quadro clínico, prevalência e incidência. (SIMÓN et al.,

2012).

No Brasil, oito espécies de Dirofilaria já foram relatadas: D. acutiuscula, D. freitasi, D.

incrassata, D. immitis, D. magalhaesi, D. repens, D. spectans e D. striata, mesmo que algumas

tenham validade questionável, como D. magalhaesi (VICENTE et al., 1997).

Apesar da ampliação de recursos para o diagnóstico dessa parasitose e do desenvolvimento de

métodos preventivos, a dirofilariose ainda representa grande preocupação na área da medicina

veterinária, associada à sua ocorrência em humanos em várias regiões tropicais, subtropicais e

temperadas do mundo (TORRES & OTRANTO, 2013).

4.1.1 Acanthocheilonema (Dipethalonema) recoditum

A. reconditum é um parasito que se localiza nos tecidos subcutâneos, rins e cavidade corporal

de cães (TAYLOR et al., 2007). Acomete cães e vários outros canídeos. A. reconditum é transmitida

por carrapatos, piolhos e pulgas tendo como principais espécies vetoras as pulgas Ctenocephalides

canis, Ctenocephalides felis e Pulex irritans e os piolhos malófagos Trichodectes canis, Heterodoxus

spiniger e Linognathus setosus (TAYLOR et al., 2007; TORRES et al., 2007). Macroscopicamente, os

machos de A. reconditum medem 1,5cm de comprimento em média e as fêmeas cerca de 2,5cm. As

microfilárias medem 246 a 292µm X 4,7-5,8µm e tem a cauda com um gancho em forma de botão

(TAYLOR et al., 2007).

Dirofilaria immitis e Acanthocheilonema reconditum produzem microfilárias com aspectos

morfológicos semelhantes (PATTON & FAULKNER, 1992). A diferenciação entre essas espécies é

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importante, uma vez que a infecção por Dirofilaria immitis em cães pode resultar em doença e morte,

enquanto que a infecção por Acanthocheilonema reconditum causa no hospedeiro somente uma

infecção transitória e sem consequências mais grave, exceto por causar ulcerações cutâneas e

abscessos subcutâneos ocasionais (PATTON & FAULKNER, 1992).

4.1.2 Dirofilaria repens

D. repens (Railliet & Henry, 1911), também denominada de Nochtiella repens, é um agente

etiológico de dirofilariose em cães, gatos e canídeos silvestres e pode acometer também o ser humano.

Esse parasito habita os tecidos subcutâneos e intermusculares dos hospedeiros suscetíveis (TAYLOR

et al., 2007). A maior parte dos animais infectados por D. repens não mostra quaisquer sinais clínicos

aparentes ou anormalidades. No entanto, alguns animais infectados podem desenvolver nódulos

subcutâneos (TORRES & OTRANTO, 2013).

D. repens em sua morfologia é um nematoide robusto. As fêmeas maduras têm um

comprimento de 1,5 a 17 cm e um diâmetro de 650 µm, ao passo que os machos apresentam cerca de 5

a 7 cm de comprimento por 450 µm de diâmetro (ORIhEL et al., 1998; TAYLOR et al., 2007).

Segundo Magnis et al. (2013) as microfilárias de Dirofilaria repens medem em torno de 369

µm de comprimento e 9 µm de largura, sendo confirmadas, atualmente, através da PCR.

Seu ciclo é bem parecido com o ciclo de Dirofilaria immitis, sendo os hospedeiros

intermediários dípteros de espécies do gênero Culex, Aedes, Mansonia e Anopheles. Os parasitos

adultos vivem em nódulos subcutâneos dos seus hospedeiros definitivos, embora também possam ser

encontrados na cavidade abdominal e sob a fáscia muscular (SIMÓN et al., 2012). As fêmeas liberam

microfilárias que vão para a corrente sanguínea e são ingeridas pelas fêmeas dos dípteros durante a

alimentação. O desenvolvimento para a L3, larva infectante, ocorre no vetor e o hospedeiro definitivo

infecta-se quando o díptero se alimenta de sangue novamente. No cão, a L3 migra para os tecidos

subcutâneos ou sub-serosos e após duas mudas nos meses subsequentes dão origem a adultos. O

período pré-patente para esse parasito é de 6 a 9 meses (TAYLOR et al., 2007).

D. repens é mais evidenciada em países do Velho Mundo podendo co-circular com D. immitis

em reservatórios (animais silvestres), sendo relatada na Europa, Oriente Médio, Ásia e África

(SCARAMOZZINO et al., 2005). Na Índia, Rani et al. (2010), evidenciaram D. repens em 6,6%

(35/527) de cães e na região centro-oriental da Polônia, Demiaszkiewicz et al. (2014) detectaram em

25,85% (119/462). Na Eslováquia, Miterpáková et al. (2010) relataram infecção por D. repens em

20% de cães policiais e 8,5% dos cães militares, sendo nesses últimos observado co-infecção entre D.

repens e D. immitis em 3 animais. Estudos recentes evidenciaram a expansão desse parasito em

direção as regiões norte e central da Europa. Há focos endêmicos, principalmente na Itália, França,

Grécia e Espanha (BAPTISTA-FERNANDES et. al., 2015).

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Nas Américas, várias espécies de Dirofilaria vêm sendo relatadas. A presença de D. repens foi

relatada pela primeira vez no Brasil em um cão, no estado de São Paulo (LENT & FREITAS, 1937).

López et al. (2012) demostraram microfilárias que se assemelharam às de D. repens em cães de um

distrito semi-rural perto de Santiago, Chile, porém as microfilárias eram maiores e geneticamente

distintas de D. repens e não houve até o momento confirmação da presença desse parasito em outros

países das Américas. Por outro lado, esses relatos indicam a necessidade de investigações mais

cuidadosas sobre a diversidade de espécies de Dirofilaria nas Américas. Também se torna importante

determinar se existem casos de D. repens sendo diagnosticados como D. immitis, com base na

recuperação de microfilárias circulantes no sangue.

4.1.3 Dirofilaria immitis

Dirofilaria immitis (Leidy, 1856) é o principal agente etiológico da dirofilariose em cães e

gatos. Esse parasito habita o sistema cardiovascular, sendo geralmente detectado na veia cava inferior,

no átrio direito, ventrículo direito e na artéria pulmonar. É conhecido popularmente, por isso, como

verme do coração (SOULSBY, 1982).

4.1.3.1 Taxonomia

Dirofilaria immitis (Leidy, 1856), pertence ao filo Nemathelminthes, Classe Nematoda,

SubClasse Secernentea (Dougherty, 1958), Ordem Spirurida (Chitwood, 1933), Superfamília

Filaroidea (Weinland, 1958), Família Filariidae (Claus, 1885), gênero Dirofilaria (Railliet & Henry,

1911) (SOULSBY, 1982). Subsidiado pela filogenia genética, utilizando o gene SSU do RNA

(SMYTHE et al., 2006) e baseado em critérios morfológicos e biológicos, Bowman e Atkins (2009)

inseriram Dirofilaria immitis no Filo Nematoda, classe Secernentea, ordem Spirurida, Subordem

Spirurina, superfamília Filaroidea, família Onchocercidade, subfamília Dirofilariinae e gênero

Dirofilaria.

4.1.3.2 Morfologia

Dirofilaria immitis na forma adulta, apresenta macroscopicamente corpo delgado e longo,

esbranquiçado, com 15 a 30 cm de comprimento. As fêmeas medem de 25 a 30 cm por 1 a 13 mm de

diâmetro e os machos cerca 12 a 16 cm e 0,7 a 0.9 mm de diâmetro (Figura 1) (SOULBY, 1982;

OTTO, 1969).

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Figura 1: A: Adulto macho de Dirofilaria immitis encontrado em um chacal dourado na Bulgaria. A1:

Extremidade anterior do corpo – abertura oral (1), papilas cefálicas (2), esôfago (3), anel nervoso (4);

A2: Espículas – peqeunas espículas (1), e grandes espículas (2). B1: Partes distais das pequenas

espículas (1) e grandes espículas (2); B2: Papilas cloacais – papilas pré cloacais (1) e pós cloacais (2).

C: Adulto fêmea espécime de Dirofilaria immitis encontrado em um chacal dourado da Bulgária:

C1: Vulva, C2: Anus. Fonte: Panayoutova-Pencheva et al. (2016).

Microscopicamente, nos machos observa-se cauda em espiral frouxa típica dos filarídeos e

presença de uma pequena asa lateral. Existem quatro a seis pares de papilas ovoides na cauda. O

espículo esquerdo é longo e pontiagudo e o direito é menor e termina em uma extremidade romba. Na

fêmea, a vulva está situada logo atrás da extremidade do esôfago. As fêmeas apresentam extremidade

anterior simples (SOULSBY, 1982). As microfilárias no sangue não possuem bainha, são retilíneas e

apresentam 307 a 322 µm de comprimento, com média de 313 µm por 6,8 µm de largura, possuindo

extremidade anterior cônica e a posterior afilada (SOULSBY, 1982). Existem divergências quanto a

mensuração das microfilárias com variações de comprimento de 290 a 340 µm (LINDSEY, et al.,

1965; SOULSBY, 1982; CRINGOLI et al., 2001; BRITO et al., 2001; McCALL et al., 2008; LÓPEZ

et al., 2012; MAGNIS et al., 2013) (Figura 2). As formas juvenis diferem das adultas principalmente

pelo tamanho e pela ausência das gônadas e órgãos copuladores (REY, 2001). A mensuração das

microfilárias apresenta variação segundo diversos autores.

Figura 2: Microfilária de A. reconditum (1) e Dirofilaria immits (2). Fonte: www.capvet.org

1

2

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22

4.1.3.3 Ciclo de vida

Dirofilaria immitis apresenta ciclo heteroxeno, sendo os hospedeiros intermediários fêmeas de

dípteros hematófagos (Figura 3). A literatura descreve mais de 70 espécies da família Culicidae como

hospedeiros intermediários, embora apenas cerca de 12 espécies possam atuar efetivamente como

vetor (SOULSBY, 1982; MORCHÓN et al., 2012).

O cão é o principal hospedeiro definitivo. Nesse, o helminto pode habitar a artéria pulmonar,

ventrículo direito e o átrio direito, e ali se desenvolver (OTTO, 1969). O ciclo inicia-se quando uma

fêmea de díptero suscetível faz o repasto sanguíneo em um cão infectado ingerindo a larva L1 que nas

primeiras 24 horas permanecem do intestino do vetor. Nas próximas 24 horas, as larvas migram

ativamente para os túbulos de Malpighi, invadem as células onde permanecem por 6 ou 7 dias se

desenvolvendo de L1 até L3. Entre o 9° e o 15° dia de infecção, as larvas L3 podem ser observadas no

lúmen dos túbulos de Malpighi (MCCALL et al., 2008). Essas larvas migram pela cavidade geral do

díptero até a região cefálica e se depositam nos espaços do lábio (SOULSBY, 1982). Quando o inseto

faz, novamente o repasto sanguíneo, a larva deixa a região do lábio do díptero, entra pela ferida da

picada e migra pelas camadas da pele. Cerca de 85 a 120 dias após a infecção, formas evolutivas em

desenvolvimento já podem ser encontradas no coração e artéria pulmonar, sendo a maturidade sexual

alcançada cerca de dois meses após essa chegada. A partir desse momento começa a haver a liberação

de microfilárias (SOULSBY, 1982; BOWMAN & ATKINS, 2009; BIELAWSKI et al., 2001;

MIYOSHI et al., 2006; MILANEZ et al., 1997). As microfilárias podem sobreviver na circulação por

períodos superiores a dois anos (SOULSBY, 1982) e podem ser transmitidas via transplacentária,

sendo encontrada em filhotes recém natos (SOULSBY, 1982, TODD & HOWLAND, 1983)

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Figura 3 – Ilustração do ciclo biológico de Dirofilaria immitis.. Fonte: http://memorize.com/parasit-

heartworms/drraythe.

4.2. Diagnóstico

O diagnóstico da infecção por D. immitis pode ser realizado por meio de várias métodos

laboratoriais diferentes. As mais utilizadas são técnicas parasitológicas, imunológicas e moleculares.

4.2.1 Técnicas Parasitológicas Microscópicas (TPMs)

As TPMs mais utilizadas são o exame direto (ED) do sangue a fresco, técnica de Knott, técnica

de Knott modificada por Newton e Wrigth, 1956 (TKM), concentração em filtro com membrana de

milipore ou nucleopore, gradiente de densidade por centrifugação, gota espessa ou distensão espessa

(DE) e a distensão delgada (DD). As diferentes metodologias apresentam sensibilidades variadas e

limitações (BATISTA et al., 2008).

Nas técnicas parasitológicas, o diagnóstico é realizado por meio da detecção de microfilárias

em amostras de sangue periférico após a leitura da lâmina em microscópio óptico. Além de Dirofilaria

immitis, outros parasitos como Dirofilaria repens e Acanthocheilonema reconditum podem liberar

microfilárias na corrente sanguínea, tornando-se importante a diferenciação dessas formas evolutivas

para o correto diagnóstico (BRITO et al., 2001; GOMES et al., 2012).

O exame direto é uma técnica simples e de baixo custo e utilizada como diagnostico rápido da

dirofilariose. Vários estudos têm utilizado essa técnica em associação à outras no diagnóstico da

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dirofilariose para se ter um prévio diagnóstico (MYLONAKIS et al., 2004; GUILARTE et al., 2011;

BORTHAKUR et al., 2015)

A técnica de distensão delgada é realizada com uma gota de sangue total, que é espalhada sobre

pequena superfície de uma lâmina de microscopia com a ajuda de uma lâmina extensora, seguida por

fixação em metanol e coloração por Giemsa. Sua sensibilidade mostra-se ser baixa com relação as

técnicas de concentração de microfilárias. Guilarte et al. (2011) realizaram a técnica de distensão

delgada corada por Giemsa para facilitar a observação microscópica da morfologia parasitária.

A técnica de distensão espessa é uma técnica simples e de baixo custo sendo realizada com 3

gotas de sangue total disposta em uma lâmina de microscopia seguida de desemoglobinização e

corada. Esta técnica é utilizada por muitos autores para diagnóstico sem diferença significativa quando

comparada com a técnica de Knott modificada (GUILARTE et al., 2011, BOLIO-GONZALEZ et al.,

2007 e GARCEZ et al., 2006). Os autores afirmaram que a diferença entre as técnicas não permite

descartar o uso da distensão espessa e sugeriram que seja realizada a leitura de duas a três laminas de

Knott para aumento de sua eficiência, porém Vivas et al. (1994) relataram que a distensão espessa não

é uma técnica eficiente para detecção de dirofilariose em áreas de baixa prevalência.

A técnica de Knott modificada descrita por Newton & Wright, 1956 vem sendo amplamente

utilizada pelos autores, é realizada com 1 ml de sangue total com EDTA e 9 ml de formalina a 2%.

Alguns autores mostraram que a técnica de concentração de Knott modificada é uma técnica sensível

superando a distensão espessa (MYLONARKS et al., 2004). Por outro lado, Guilarte et al. (2011),

Bolio-Gonzalez et al. (2007) e Garcez et al. (2006) não evidenciaram diferença significativa entre as

técnicas de distensão espessa e Knott modificada.

A técnica de Knott tem sido apontada por diversos autores como a de escolha na diferenciação

das microfilárias de D. immitis, que é patogênica, das de Acanthocheilonema reconditum, que não é

patogênica (KNIGHT,1987; MYLONARKS et al., 2004; GUILARTE et al., 2011; GOMES et al.,

2012; AHS, 2014), sendo considerada padrão ouro por Guilarte et al., (2011).

Na diferenciação de microfilárias por meio da morfologia, o principal critério adotado é a

mensuração do comprimento e largura das microfilárias. Segundo Bowman (2010), a medida de

comprimento é mais tendenciosa e menos confiável como critério diferencial, porém López et al.

(2012) realizaram diferenciação entre as microfilárias de D. immitis, D. repens e A. reconditum por

meio da mensuração do comprimento e largura das microfilárias. Os autores descreveram como D.

immitis microfilárias com mensurações de 290 a 330 µm de comprimento e 5,0 a 7,0 µm de largura e

A. reconditum de 260 a 283 µm de comprimento e 5µm de largura. Já Brito et al. (2001) em Alagoas,

encontraram microfilarias de D. immitis com 298,1 ± 5,5 μm de comprimento e 7,3 ± 0,3 μm de

largura, apresentando em exame direto movimento de ondulação no lugar sem deslocamento para trás

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e A. reconditum mediram 249,2 ± 8,7 μm de comprimento e 4,4 ± 1,2 μm de largura. O quadro 1

mostra informações relacionadas as mensurações de microfilárias evidenciadas por diferentes autores.

Quadro 1 – Mensurações de microfilárias de filarídeos que infectam cães, recuperadas da literatura

com artigos publicados em 1965 a 2013.

Artigos Dirofilaria immitis Dirofilaria repens A. reconditum

Comprimento

(µm)

Largura

(µm)

Comprimento

(µm)

Largura

(µm)

Comprimento

(µm)

Largura

(µm)

Lindsey, et al., 1965 314 (286 – 340) 6.8 (6.1 – 7.2) - - 270 (258 – 292) 5.2(4.7 –

5.8)

Soulsby, 1982 307 – 322 - - - 246 – 293 -

Cringoli et al., 2001 311.3 (±9.5) 5.96 (±0.15) 366.2 (12.1) 6.4 (0.31) 265(10.1) 5.01(0.49)

Brito et al., 2001 298.1(±5.5) 7.3(±0.3) - - 249.2(8.7) 4.4(1.2)

McCall et al., 2008 290-330 5-7 330-360 6-8 260-283 4

López et al., 2012 290 – 330 5.0 – 7.0 300 – 360 7 - 8 260 – 283 5.0

Magnis et al., 2013 301.77(±6.29) 6.8(±0.26) 369(10.76) 8.87(0.58) 264(5.47) 4.63(0.52)

Ciucã et al., 2016 305,51 (±7,3) 5,20 (±1,79) 364,87 (±2,73) 7,9 (±1,2) 274,11(±3,56) 5,01(±0,24)

Outro método de diferenciação morfológica, além da mensuração, é a observação da cauda,

quando fixada. As microfilárias de A. reconditum tendem a se curvar como um gancho. A extremidade

anterior da microfilária de D. immitis afina delicadamente, enquanto a de A. reconditum mantém seu

diâmetro relativamente igual em toda extensão. O gancho cefálico de A. reconditum é uma

característica também importante para diferenciação (BOWMAN, 2010, GOMES et al., 2012).

Segundo Gomes et al. (2012), as microfilárias de D. immitis realizam movimentos ondulantes

do tipo serpentiforme, deslocando-se lentamente no campo, enquanto as de A. reconditum deslocam-se

com maior rapidez movendo-se erraticamente. Na maioria dos cães microfilarêmicos, a parasitose

pode ser detectada por exame microscópico de sangue fresco com a visualização da movimentação das

hemácias pelo filarídeo. No entanto, essas técnicas são pouco sensíveis para o exame de amostras com

números baixos (50 a 100 por ml) de microfilárias (MCCALL et al., 2004)

A negatividade dos testes de detecção de microfilárias não permite excluir a infecção, na

medida em que não detectam infecções amicrofilarêmicas. Além deste fato, pode haver resultados

falsos negativos, particularmente se o número de microfilárias em circulação for reduzido e se a

quantidade de sangue coletado for pouca (MCCALL et al., 2004).

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4.2.2 Técnicas Imunológicas

Existem métodos imunológicos para pesquisa de antígenos e anticorpos, sendo que os testes

com pesquisa de anticorpos contra Dirofilaria spp. não são muito utilizados devido a sua baixa

especificidade (LANDUM, 2012). Segundo Knight (1987) uma elevada microfilaremia pode ser

consequência de uma baixa resposta imune do hospedeiro e com isso pode diminuir a quantidade de

anticorpos na circulação devido ao excesso de antígeno ou da imunossupressão.

Os métodos imunológicos para detecção de antígenos de parasitos adultos de Dirofilaria

immitis, como os baseados em ensaio imunenzinático (ELISA) e imunocromatografia são considerados

altamente específicos e não apresentam reatividade cruzada com outros parasitos como D. repens e

Acanthocheilonema spp. (MCCALL et al., 2008). Essas técnicas são mais sensíveis e específicas do

que testes imunológicos para pesquisa de anticorpos (GODWIN et al., 1998). Mesmo com alta

sensibilidade esses testes podem apresentar resultados falsos negativos (MCCALL et al, 2008).

A pesquisa de antígenos é considerada indispensável, específica e sensível no diagnóstico da

parasitose, sendo considerada padrão ouro por Ogawa (2013). Ela permite um diagnóstico mais

eficiente do que aqueles obtidos pela técnica de Knott modificada, uma vez que as microfilárias podem

estar ausentes (FERNANDES et al.,1999). A ausência de microfilárias pode ser devido a vários fatores

como: período pré-patente; terapia microfilaricida com macrolídeos que atuam por 3 a 7 meses, os

quais além de eliminar as microfilárias, podem influenciar na potência sexual de filarídeos machos

adultos podendo as vezes resultar em estado oculto de infecção (GODWIN et al., 1998); parasitismo

somente por adultos do mesmo sexo ou de ambos os sexos, mas estéreis (FERNANDES et al., 1999);

infecções com poucos parasitos adultos; presença de fêmeas ainda imaturas ou destruição das

microfilárias por resposta imune do hospedeiro (SILVA & LANGONI et al., 2009).

As técnicas para pesquisa de antígeno disponíveis no mercado para D. immitis podem

identificar de forma confiável, infecções determinadas pela presença de 2 a 3 parasitos fêmeas adultos

no cão (GENCHI et al., 2007). Uma vez que menos de 1% das infecções são sintomáticas, a pesquisa

de antígeno irá detectar maior número de infecções do que as técnicas somente para detectar

microfilárias (MCCALL et al., 2004). A pesquisa de antígeno também é utilizada para verificar o

sucesso da terapia adulticida, podendo ser realizada após 5 meses do término da terapia (GENCHI et

al., 2007). Devido à sobrevivência das microfilárias após morte dos adultos, uma pequena

porcentagem de cães pode apresentar microfilaremia, sem formas adultas no coração. Os filhotes de

cadelas com alta contagem de microfilárias podem apresentar microfilaremia transitória, sem presença

do adulto devido a passagem dessas formas evolutivas pela placenta (TODD & HOWLAND, 1983) e o

teste imunológico para detecção do antígeno do filarídeo adulto é eficiente para descartar esses animais

como falsos positivos (FERNANDES et al., 1999; SOUZA & LARSSON, 2001; DILLON, 2007).

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Em estudos publicados recentemente, vem sendo relatado que um prévio aquecimento de

amostras de soro ou sangue total que foram negativas pelo ELISA para captura de antígeno pode

promover um aumento da positividade. Apesar de ainda não ter sido elucidado completamente o

processo que leva a esse aumento de positividade, alguns autores vêm sugerindo que esse aumento

estaria associado à dissociação do complexo imune após o aquecimento, fato associado ao aumento da

densidade óptica em amostras positivas após o aquecimento detectado pela espectrofotometria

(LITTLE et al., 2014; VELASQUÉZ et al., 2014). Velasquéz et al. (2014) sugeriram que o

aquecimento de amostras antes do diagnóstico imunológicas para pesquisa de antígenos é

particularmente importante para uma maior acurácia diagnóstica, porém requer um grande volume de

soro, não sendo viável em algumas situações.

Drake et al. (2015) após o tratamento térmico de amostras de soro de 15 cães negativos na

sorologia usando o Kit DiroCheck®, obtiveram uma positividade de 53,3% (8/15). Ciucã et al. (2016)

em um estudo realizado na Romênia, ressaltaram a importância do aquecimento prévio de amostras,

em área endêmica de co-infecção de D. immitis e D. repens. Os autores conseguiram detecção de

infecção oculta por D. immitis em animais co-infectados somente após o aquecimento das amostras

(CIUCÃ et al., 2016).

4.2.3 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

As metodologias moleculares vêm apresentando crescente importância na parasitologia

veterinária uma vez que o uso de estudos baseados em material genético de células eucariotas são

aplicáveis ao estudo de parasitos e seus hospedeiros. A PCR é uma técnica que vem sendo utilizada

para identificação e diagnóstico de parasitos (PRICHARD, 1997). O conhecimento sobre o material

genético de parasitos pode ser utilizado para identificação, diagnóstico, epidemiologia molecular,

desenvolvimento de vacinas e estudos de evolução e fisiologia de parasitos e da relação parasito-

hospedeiro (PRICHARD, 1997).

Favia et al. (1996) desenharam dois primers para o diagnóstico de D. repens e D immitis em

amostras biológicas e conseguiram a identificação correta dos parasitos em amostra de sangue total,

estágios larvares encontrados nos dípteros e formas imaturas do parasito em tecidos, superando os

problemas relacionados a identificação de formas imaturas. Segundo os autores as técnicas baseadas

em PCR permitem a identificação do parasito e o processamento de grande número de amostras de

dípteros contribuindo para estudos de distribuição espacial e sazonal do parasito.

Watts et al. (1999) desenvolveram um primer para detecção de um segmento de 1.33 kb do

gene 16 S rRNA de D. immitis em vetores, como alternativa a dissecação e pesquisa microscópica das

formas larvares. Os autores verificaram que o primer apresentou capacidade de detectar pequenas

quantidades de DNA parasitário, além de elevada especificidade, sendo indicado como ferramenta para

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mapeamento de grande número de insetos infectados e estudos epidemiológicos relacionados a taxa de

transmissão sazonal da parasitose.

Rishniw et al. (2006) propuseram a identificação de filarídeos que infectam cães por meio da

técnica de PCR utilizando diversos primers específicos para as diferentes espécies de filarídeos e

utilizaram um primer desenhado a partir do gene COI (citocromo oxidase subunidade 1) para

validação genotípica independente da espécie. Os autores concluíram que a PCR desenvolvida com

genes panfilariais representa uma ferramenta adequada para genotipar todos os membros da Família

Onchocercidae. Os autores sugerem que se for necessária confirmação, que podem ser realizados PCR

espécie específicos ou sequenciamento de amplicons, contudo eles pensam que um simples gel de

eletroforese é suficiente para o diagnóstico da maioria dos casos.

Ferri et al. (2009) verificaram coerência entre os resultados obtidos por análise morfológica e

DNA barcoding, que compreende no sequenciamento rápido de um ou pouco genes de diversos

indivíduos representativos da espécie, bem como a comparação dessas sequencias dentro e entre

espécies, objetivando desenvolver uma ferramenta universal, econômica e padronizada para

taxonomia. Os autores verificaram que tanto gene COI quando o 12S rDNA foram marcadores

moleculares apropriados para identificação de filarídeos de espécie pelo DNA barcoding, sendo que o

gene COX1 demonstrou maior consistência.

O gene COX1 ou COI é um gene que apresenta, com excessão dos cnidários, divergência

suficiente para garantir o diagnóstico específico. Além disso, esse gene mostra-se constante na mesma

espécie com variações inferiores a 1% e raramente maiores que 2%. Quando existem variações

grandes, normalmente esses indivíduos habitam regiões geográficas diferentes (HERBERT et al.,

2003). Segundo os autores, apesar de críticas relacionadas ao uso de DNA mitocondrial na

caraterização de espécies, por essa organela ser transferida horizontalmente, existe uma crescente

evidência de que o genoma mitocondrial e o nuclear apresentam uma ligação íntima. Esses efeitos

estão ligados a interações entre os produtos gênicos codificados pelo núcleo e pela mitocôndria e pela

dependência da presença de proteínas produzidas pelo núcleo para o funcionamento das enzimas do

sistema citocromo oxidase mitocondrial (HERBERT et al., 2003). A citocromo oxidadase mitocondrial

subunidade 1 é útil para maximizar a sensibilidade de protocolos de PCR e está presente em um

número elevado de cópias em cada organismo e que permitem a detecção do DNA de filarídeos

mesmo em amostras com baixa microfilaremia (MISHRA et al., 2007)

Morales-Hojas et al. (2009) afirmaram que os estudos filogenéticos moleculares concordam

com as classificações prévias baseadas na morfologia para os filarídeos. As espécies mais basais na

filogenia da Família Onchocercidae, baseadas nos genes COI e 12S mitocondriais, são os gêneros

Setaria e Ochoterenella. Esses genes são mais apropriados para a filogenia em níveis taxonômicos

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mais baixos, pois apresentam homoplasia o que resulta em ruídos randômicos que reduzem a

confiabilidade do sinal filogenético (MORALES-HOJAS et al., 2009; CASIRAGHI et al., 2001).

Gioia et al. (2010) realizaram uma PCR multiplex (12S rDNA) para diagnóstico concomitante

de Dirofilaria immitis e Dirofilaria repens em amostras de sangue de cães. A técnica padronizada

apresentou sensibilidade similar a técnica de Knott. Os autores relataram que o diagnóstico diferencial

desses filarídeos em áreas de co-infecção algumas vezes é difícil e necessita de profissionais técnicos

experientes. O PCR multiplex padronizado reduz o custo com reagentes, o tempo de processamento e

o risco de contaminação, possibilitando também a detecção específica das duas espécies de filarídeos

mais comuns de de cães, sendo importante tanto para estudos epidemiológicos, como para diagnóstico

em áreas de co-infecção.

Na Romênia, Ciocan et al. (2010) realizaram PCR (12S rDNA e COXI genes) para

identificação da espécie de filarídeos presente em 8/188 cães positivos por técnicas parasitológicas por

microscopia (exame direto e Knott modificada) e imunológicas. A PCR permitiu o diagnóstico de

infecção por D. repens em todos os animais. Os autores concluíram que a PCR utilizada permitiu o

diagnóstico fácil e com elevada especificidade para diferenciação dos principais filarídeos que

infectam cães na Europa.

Borthakur et al. (2015) realizaram PCR com alvo para região ITS2 do rDNA e obtiveram

menor frequencia de positividade quando comparado com resultados obtidos por ELISA (Snap™

4Dx®), fato associado pelos autores a detecção de infecção ocula pelo ELISA ou falha na extração de

DNA. Os autores concluíram que o PCR confirmou ser válido para a identificação dos filarídeos de

cães.

4.2.4 Outras Técnicas de Diagnóstico

A pesquisa de filarídeos adultos ocorre quando outros testes não são elucidativos, quando não

há presença de microfilárias por exemplo. Nestes casos os exames de escolha são radiografias e

ecocardiogramas (MCCALL et al., 2008).

A radiografia é útil para avaliar a gravidade das lesões pulmonares, mas não para a avaliação

da carga de parasitos (VENCO et al., 2004). A radiografia mostra sinais de doença vascular pulmonar

avançada (Figura 4A). O ecocardiograma é realizado em cães, principalmente nos casos em que clínica

e achados radiológicos sugerem doença grave. O ultrassom cardíaco pode aumentar a precisão no

estadiamento da doença e avaliar o prognóstico (MCCALL et al., 2008) (Figura 4B).

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Figura 4: A: Fotografia de radiografia de tórax de um cão infectado de 12 anos de idade com

cardiomegalia do lado direito e grave doença vascular pulmonar. .B: Fotografia da imagem do

ecocardiograma do mesmo cão da figura A. Nematoides são visualizados como dupla paralela, objetos

lineares (seta) flutuante para dentro do lúmen da artéria pulmonar direita. Fonte: Venco et al. (2007).

4.2.5 Estudos de Diagnóstico da dirofilariose por diferentes técnicas

Vários estudos relataram a eficiência das técnicas parasitológicas microscópicas, imunológicas

e moleculares para o diagnóstico da dirofilariose.

Roth et al. (1993), em área de baixa incidência na Califórnia, avaliaram a infecção por

Dirofilaria spp. em 1359 cães, dos quais 99,12% foram negativos pelas técnicas de Knott modificada,

filtração em membrana e por dois kits de diagnóstico imunológico para pesquisa de antígeno. Em 7/12

amostras positivas houve identificação de D. immitis pelo uso de técnicas de coloração com fosfatase

alcalina. Dirofilariose oculta foi detectada, por ELISA, em 5/12 (41.7%) cães negativos na pesquisa

por exame direto. Os autores alertaram, que devido a baixa frequência da infecção e eficiência das

técnicas parasitológicas por microscopia utilizadas, se não houvesse sido utilizado técnicas

imunológicas, não seria diagnosticado a infecção nos cinco cães. A negatividade das técnicas

parasitológicas foi associada ao uso de medicação microfilaricida que pode ter determinado

esterilidade temporária dos filarídeos adultos devido a terapêutica contínua, infecções monosexuais ou

esterilidade mediada por resposta imunológica.

Montaño et al. (2002) compararam a técnica de Woo (microhematócrito) com a técnica de

ELISA para pesquisa de antígenos, na Venezuela em 69 cães atendidos em uma Policlínica Médica

Veterinária e observaram positividade em 31 (44,9%), dos quais 2 (2,89%) foram positivos apenas

pela técnica de microhematócrito, 14 (20,28%) pelo ELISA e 15 (21,73%) por ambas as técnicas. Os

autores observaram maior percentual de positividade entre os cães de 3 a 5 anos de idade (17/26 -

65,38%) e menor nos acima de nove anos (3/12- 25%). Os autores destacaram que nos testes

imunológicos pode haver resultados falso negativos associados a baixa concentração de antígenos

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circulantes devido a imaturidade dos parasitos adultos ou presença exclusiva de machos. Além desses

dois fatores, os resultados falsos positivos em ELISA com presença de microfilárias tem sido

relacionado a eliminação de antígenos circulantes devido a complexos antígeno-anticorpos, presença

de parasitos adultos mortos com persistência de microfilárias, contaminação da amostra de sangue com

outro sangue positivo, transfusão de sangue, transferência pré-natal e destruição de antígeno devido a

armazenamento inadequado da amostra.

Na República Dominicana, Duran-Struuck et al. (2005) em cães atendidos em uma clínica

médica veterinária particular, utilizaram dois métodos para identificação de Dirofilaria immitis, o

exame direto e o teste imunológico e observaram que na cidade de Samana 5/53 (9,4%) cães foram

positivos no teste imunológico (Witness HW Test®) e em 1/5 (20%) não foi observada microfilaremia,

na região de Limon 10/31 (32%) foram positivos no imunológico (Witness HW Test®), sendo 9 por

antígeno e 8 por microscopia. Nessa região um animal foi negativo no imunológico e foi positivo na

microscopia, o que foi relacionado a presença de parasitismo por algum outro filarídeo que não

Dirofilaria immitis. Na região de El Valle, 4/20 (20%) animais foram positivos no teste imunológico

(Witness HW Test®) e desses 2/4 estavam com microfilaremia. Os autores obtiveram positividade em

15,1% (5/33) dos machos e 20% (14/70) das fêmeas sem diferença estatística significativa.

Bolio-Gonzales et al. (2007) realizaram em amostras de cães de um centro de controle animal,

do México a técnica de distensão espessa e Knott modificada e obtiveram prevalência de 7% (47/676)

e 8,3% (56/676), respectivamente, sem diferença estatística significativa entre as duas técnicas. Os

autores obtiveram maior positividade nos cães com 3 anos ou mais, sendo a idade considerada

importante fator de risco, o que foi associado pelos autores a maior tempo de exposição a picada de

vetores.

Pantchev et al. (2009) na Alemanha realizaram teste imunológico para pesquisa de antígeno

(Snap™ 4Dx® IDEXX) e Knott modificada em dois grupos de estudo, sendo um composto por cães

de caça (A) e o outro por cães de companhia (B). Os autores detectaram no grupo A, 3/44 cães com

microfilarias sem bainha identificadas na PCR como D. repens. No grupo B nenhum animal foi

positivo (0/288) pela técnica imunológica. Os autores apontaram que a dirofilariose cutânea canina é

uma doença não exclusiva de cães importados, enquanto Dirofilaria immitis ainda não tem importância

na Alemanha.

Miterpáková et al. (2010) na Eslováquia avaliaram 710 cães policiais e militares e detectaram

118/591 (20%) e 10/119 (8,4%) respectivamente de positividade pela técnica de Knott modificada.

Dentre os cães positivos, todos apresentaram infecção por D. repens confirmada por PCR, sendo que

dentre os militares, três apresentaram co-infecção D. repens/D. immitis.

Em um estudo na Venezuela, Guilarte et al. (2011) realizaram diagnóstico parasitológico para

detecção de microfilárias usando as técnicas de exame direto, Knott modificada e o teste imunológico

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(Snap™ 4Dx® IDEXX) em amostras de 138 cães domiciliados e obtiveram positividade em 21

(15,2%) por uma ou mais técnicas. Pelo exame direto os autores detectaram positividade em 8,7%

(12/138) pela Knott modificada em 8,7% (12/138) e pelo imunológico em 20/138 (14,5%). Dos 20

animais positivos pelo imunológico, 12 estavam positivos pelo exame direto e 11 pela Knott

modificada, sendo obtido índice de concordância Kappa entre exame direto e imunológico de 0,7195 e

entre técnica de Knott modificada e imunológico de 0,6494. Os autores obtiveram maior positividade

entre machos (52,4% - 11/21) do que entre fêmeas (47,6% - 10/21), sem diferença estatística

significativa. Também não houve diferença significativa da positividade entre as faixas etárias dos

animais.

Venco et al. (2011) evidenciaram 29% (221/608) de positividade entre cães atendidos em

hospitais veterináros, sendo que 80% (176/221) foram positivos tanto pela técnica de Knott modificada

quanto pela pesquisa de antígeno, 18% (40/221) apenas pelo imunológico e 2% (5/221) apenas pela

Knott modificada.

Ng et al. (2012) na Malásia avaliaram 100 cães domiciliados e 50 errantes e detectaram

infecção em 1,33% (2/150) dos animais por meio de exame direto, Knott modificada, e duas técncias

imunológicas (Snap™ 4Dx® IDEXX e Rapigen®), sendo uma amostra positiva apenas pela Knott

modificada e uma pela Knott modificada e pelo imunológico Snap™ 4Dx®.

Vieira et al. (2014), em Portugal, em cães atendidos em clínica veterinária para exames de

rotina, detectaram prevalência total de 27,3 % (83/304) com positividade de 19,4% (59/304) pelo

exame direto, de 20,1% (61/304) pela Knott modificada e de 25,7% (78/304) pelo Snap™ 4Dx®

IDEXX, com sensibilidade de 71,7% para o exame direto, 73,5% para a Knott modificada e 94% para

o Snap™ 4Dx® IDEXX. Esse estudo demostrou uma porcentagem de 26,5% (22/83) de infecção

oculta por D. immitis. Esses autores também detectaram 6% de amostras negativas pelo Snap™ 4Dx®

IDEXX e que foram positivas para a Knott modificada e sugerem que tenham sido pela baixa carga

parasitaria, presença somente de microfilaremia em casos de morte dos filarídeos adultos, pois a

espécie foi confirmada por meio da técnica de atividade da fosfatase ácida.

Borthakur et al. (2015) em um estudo na Índia, em cães de trabalho, detectaram 6,26%

(49/782) de positividade, utilizando a técnica de Knott modificada, o ELISA (Snap™ 4Dx® IDEXX) e

a PCR. Os autores obtiveram positividade de 11,38% (89/782) por Knott modificada, 18,03%

(141/782) pelo ELISA e 13,93% (109/782) pelo PCR. Esse estudo revelou 22.69% de dirofilariose

oculta. A menor positividade pelo PCR foi associada por algum erro na extração ou por infecção

oculta. Os autores destacaram que o benefício para utilização da PCR permitiu a diferenciação de

espécies, onde nesse estudo houve a identificação de quatro animais parasitados por D. repens.

Simsek et al. (2011) verificaram por meio do PCR, com sequência do gene COI, positividade

em 8,1% (10/123) de cães errantes da Turquia, obtendo maior eficiência de diagnóstico frente as

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técnicas de ELISA “in house” para detecção de anticorpos (2,1%) e exame direto (4,8%), fato

associado a maior sensibilidade da PCR na detecção de baixas concentrações de microfilárias e menor

capacidade do ELISA em detectar níveis baixos de anticorpos circulantes, por ineficácia do teste ou

baixa resposta imune humoral.

Rojas et al. (2015) ao comparar a eficiência de diagnóstico para Dirofilaria sp. em cães

domiciliados na Costa Rica, utilizando PCR em tempo real associado a HMR (high resolution melt), e

evidenciaram que essa técnica apresentou maior eficiência no diagnóstico de filarídeos caninos (22,6%

- 33/146), possibilitando a discriminação das espécies, quando comparados com a técnica de Knott

modificada, a pesquisa em microhematócrito e a técnica imunológica de captura de antígenos. Os

autores obtiveram positividade de 8,9% (13/146) no microhemtócrito, 17% (24/146) na Knott

modificada e 11% (16/146) no imunológico.

No Brasil, vários estudos de técnicas de diagnóstico de dirofilariose foram realizados. Larsson

(1990), em São Paulo, em cães atendidos no Ambulatório da Faculdade de Medicina Veterinária,

utilizando a técnica de distensão espessa e Knott modificada encontraram positividade de 8,8%

(45/511) para D. immitis e 6,45% (33/511) para A. reconditum e não obtiveram diferença significativa

entre as técnicas. Também em São Paulo, Larsson et al. (1992), em 244 amostras de soro de cães

negativos para microfilárias circulantes evidenciaram 14,34% (35/244) de positividade para antígeno

de Dirofilaria immitis por técnica imunológica, concluindo que é importante e indispensável o uso dos

testes para detecção de antígenos para diagnóstico da dirofilariose oculta.

Souza (1992), no Estado do Rio de Janeiro considerando diversos municípios, ao avaliar a

freqüência de D. immitis em cães domiciliados, encontraram 25,35% (108/426) de cães positivos para

detecção de antígeno, 10,80% (46/426) pelo exame direto e 15,96% (68/426) pela Knott modificada.

Dos animais positivos, 68/108 (62,96%) eram assintomáticos.

Labarthe et al. (1997a), em áreas litorânesas de alta incidência no estado do Rio de Janeiro,

realizaram um estudo em duas fases, tendo obtido na primeira fase, 16,85% (134/795) pela técnica de

Knott modificada e na segunda fase 21,34% (127/595) positivos, dentre os quais 83 (13,95%)

apresentaram microfilaremia pela Knott modificada e dirofilariose oculta, confirmada pelo ELISA, em

44 (7,98%).

Alves et al. (1999) na cidade de Recife, Pernambuco, realizaram necropsia, Knott modificada e

ELISA em 611 cães e evidenciaram positividade de 2,3% (14/611), 1% (6/611) e 1,3% (8/611)

respectivamente. Dos cães positivos na necropsia, 57,1% (8/14) eram amicrofilaremicos, 6/14 tinham

microfilarias e antígenos e 57,1% (8/14) não apresentavam antígenos circulantes. Os autores

concluíram que a porcentagem de falsos positivos e falsos negativos em áreas de baixa prevalência são

mais altos do que em áreas de alta prevalência.

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Brito et al. (2001) na cidade de Maceió, avaliaram 1.097 cães domiciliados, sendo 858

avaliados pela técnica de distensão espessa e verificaram que 2,1% (18/858) foram positivos, sendo 13

machos e cinco fêmeas. Em um segundo grupo de 239 cães domiciliados, os mesmos autores

detectaram pela distensão espessa e pelo teste imunocromatográfico (Witness®) 5% (12/239) de

animais positivos, sendo 3 desses animais diagnosticados somente pelo teste imunológico sendo

considerados portadores de uma possível dirofilariose oculta.

Araujo et al. (2003) realizaram um estudo em Santa Catarina, em cães militares, evidenciaram

positividade em 12/80 (15%) animais, sendo que 5 (6,25%) foram diagnosticados apenas pela técnica

de Knott modificada, 2 (2,25%) apenas pela distensão espessa e 5 (6,25%) por ambas as técnicas. Os

autores afirmaram que a discordância entre as técnicas não permitiu descartar o uso da distensão

espessa, além disso os autores sugeriram que seja realizada a leitura de duas a três laminas de

microscopia originadas da Knott modificada para aumento de sua eficiência.

Garcez et al. (2006) na Ilha de Marajó no norte do Brasil, avaliaram amostra de 90 cães que

habitavam as Vilas Pingo D’Água e União e obtiveram positividade de D. immitis em 73,5% (25/34)

pelo ELISA (Snap™ 3Dx® IDEXX), 67,6% (23/34) pela distensão espessa e 61,8% (21/34) pela

técnica de Knott modificada, sem diferença estatística significativa. Os autores associaram a

concordância entre as técnicas parasitológicas e sorológicas à alta carga parasitária. Foi evidenciado

que todos os cães acima de dois anos estavam com microfilaremia

Ogawa et al. (2013) em estudo realizado em Porto Velho-RO, em cães domiciliados,

evidenciaram 12,8% (93/727) de amostras positivas pelo teste imunocromatográfico para pesquisa de

antígenos (Heartworm Antigen Bionote), 0% (0/727) de positividade para microfilaremia com

distensão espessa e 10% (73/727) para PCR. Os autores não evidenciaram diferença de positividade

entre os cães que ficavam dentro de casa e os que ficavam do lado de fora da residência.

4.3 Epidemiologia das dirofilarioses

A dirofilariose é uma infecção parasitária zoonótica, sendo uma grande preocupação para

proprietários de pequenos animais, principalmente, de regiões costeiras de países tropicais e

subtropicais (BATISTA et al., 2008). Esta parasitose é determinada pelos parasitos do gênero

Dirofilaria, no Brasil, e têm principalmente, os canídeos domésticos e silvestres como hospedeiros

definitivos e outros mamíferos como hospedeiros eventuais, incluindo o ser humano. Os hospedeiros

intermediários ou vetores da dirofilariose são dípteros da família Culiciidae, dos gêneros Aedes,

Anopheles, e Culex suscptíveis à infecção pelo parasito (FERNANDES et al., 1999).

A prevalência de Dirofilaria immitis apresenta índices variáveis. A população canina exposta

maior risco é aquela que está submetida à maior exposição aos vetores, tais como os cães não

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controlados sanitariamente em zonas rurais, os que não possuem abrigo permanente, os de caça, de

guarda, competição ao ar livre e os que são transportados para locais em que a infecção é endêmica

(POUBEL et al., 2008; TZIPORY et al., 2010).

O sexo, a raça e a pelagem podem estar associados à prevalência de infecção nos cães na

medida em que condicionam a aptidão e a exposição do animal, uma vez que existem raças mais

condicionadas para o trabalho de campo do que outras. (BYEON et al., 2007; CRINGOLI et al., 2001;

POUBEL et al.,2008). Montoya et al. (1998) demonstraram que machos apresentam maior

probabilidade de infecção do que as fêmeas, o que pode estar associado ao fato de estes animais serem

mais utilizados na área externa das propriedades. Cringoli et al. (2001) também obtiveram maior

positividade entre machos, não apontando explicações para esse fato e sugerindo que esta situação

deva merecer mais atenção em estudos futuros. A idade é também um importante fator de risco,

determinado pelo tempo de exposição em áreas em que esta parasitose é endêmica. Assim sendo, cães

adultos apresentam uma maior prevalência de infecção por Dirofilaria sp do que cães mais novos

(MONTOYA et al., 1998; CRINGOLI et al., 2001). A relação entre a idade e a prevalência da

infecção também se vincula ao tempo de vida do parasito adulto, em média 5 a 7 anos, e a resposta

imunitária do hospedeiro (NEWTON, 1968 apud MCCALL et al, 2008). Estes fatos justificam a

ocorrência de maior prevalência entre cães de 3 a 7 anos de idade e redução da mesma em animais

mais velhos 10 anos (BYEON et al., 2007; MORCHON et al., 2008).

4.3.1 Vetores

Os culicídeos tem uma distribuição geográfica ampla, com mais de 3500 espécies em todo o

mundo. O elevado grau de adaptabilidade desses insetos tem assegurada a sua presença em todo o tipo

de ambiente (CANCRINI & GABRIELLI et al., 2007). Cerca de 70 espécies de dípteros culicídeos,

principalmente dos gêneros Culex spp., Aedes spp., Anopheles spp., Culiseta spp., e Coquilletidia spp.

têm sido identificadas, e consideradas vetores potenciais da dirofilariose animal e humana, embora

apenas em alguns casos, a sua capacidade vetorial real tenha sido comprovada (MORCHÓN et al.,

2012).

A transmissão da filariose canina está relacionada com as características comportamentais dos

dípteros. Estudos de infecções experimentais mostraram que muitas espécies podem ser potencias

vetores da filariose canina (OGAWA, 2013). Mesmo com grande número de espécies vetoras, pouco

se sabe da transmissão vetorial (AHID et al., 1999). Labarthe et al. (1998) pesquisaram vetores da

dirofilariose em Niterói, RJ e encontraram seis espécies infectadas, sendo elas: A. scapularis, A.

taeniorhynchus, C. quinquefasciatus, C. declarator, C. saltanensis e W. Bourrouli. Dentre essas,

Ochlerotatus scapularis, A. thaeniorhyncus, C. quinquefasciatus foram as melhores espécies vetoras

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com alternância sazonal. Estudos sobre prevalência de infecção natural de vetores foram realizados em

diversos países do mundo (CANCRINI & GABRIELLI, 2007; MORCHÓN et al., 2012).

A importância de um inseto na epidemiologia de infecções por Dirofilaria sp não só depende

da receptividade à infecção e da eficiência na transmissão de larvas infectantes, mas também do

tamanho da população de vetores, seu padrão de alimentação, tempo de vida e sazonalidade

(CANCRINI & GABRIELLI, 2007).

4.3.2 Dirofilariose Humana

Parasitos do gênero Dirofilaria podem infectar vários tecidos do ser humano produzindo

infecções sintomáticas ou assintomáticas. Embora seja considerada uma infecção acidental, hoje esta

doença está na lista de doenças zoonóticas emergentes, e tem sido descrita em vários países do

Mediterrâneo, sendo muitos casos encontrados na Espanha, Itália, França e Grécia (MCCALL et al.,

2008). Em 2005, um estudo retrospectivo foi publicado nos Estados Unidos da América (EUA) com

casos de dirofilariose humana (THEIS, 2005). Na América Central, Vezzani et al. (2006) também

publicaram uma revisão com casos humanos. Klinge et al. (2011) apresentaram a dirofilariose como

uma zoonose que tem distribuição geográfica mundial e apontaram 50 casos humanos relatados nos

EUA e também casos no Japão, Ásia, Austrália, Brasil e Argentina. No ser humano, diferente do cão

não há microfilaremia (SIMON et al., 2007; KLINGE et al., 2011).

No Brasil, Rodrigues-Silva et al., (2004), relataram um caso clínico de dirofilariose pulmonar

humana no Rio de Janeiro. Em Florianópolis, Cavallazzi et al. (2002) relataram sete casos de

dirofilariose humana, sendo que em seis o diagnóstico ocorreu por meio de achado radiológico e

biopsia pulmonar excisional e um por biopsia transbrônquica.

A infecção em humanos por D. immitis, pode ocasionar comprometimento do parênquima

pulmonar, e pode ser observado formas imaturas do filarídeo, normalmente estágios de L4, que se

alojam e morrem nos ramos das artérias pulmonares formando nódulos (Figura 5A), que podem

culminar em embolia ou inflamação localizada. Esses parasitos podem também ser encontrados em

globo ocular, embora no relato de Otranto et al. (2011) não tenha sido possível confirmar a espécie

(Figura 5B). A grande preocupação em torno da dirofilariose pulmonar humana é o diagnóstico errado

dos nódulos pulmonares como lesão maligna (SIMÓN et al., 2012). Na maioria das vezes, a infecção

apresenta-se assintomática, sendo descoberta por exames de rotina para outras doenças pulmonares e

respiratórias. A dirofilariose é uma zoonose e constitui diagnóstico diferencial de nódulos pulmonares

em humanos (OGAWA, 2013).

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Figuras 5: Fotografia de radiografia de um homem adulto com lesões pulmonares causadas por

Dirofilaria immtis. Fonte: Klinge et al., 2011. B: Edema da córnea e hiperemia episcleral no olho

esquerdo de um menino de 16 anos de idade, do Brasil e um filarídeo macho adulto livre câmara

anterior. Fonte: Otranto et al. (2011).

Dirofilaria repens é responsável por quadros cutâneos e por lesões oculares quando infecta o

ser humano. Os nódulos crescem gradualmente, durante um período de semanas ou meses, com

consistência elástica e estão associados com eritema e prurido. Na localização ocular alguns casos

podem ter consequências graves, com sintomatologia como visão danificada ou perda de visão.

Complicações permanentes, tais como descolamento de retina, glaucoma, opacidade do humor vítreo e

cristalino, ou outra perda de acuidade visual, irá desenvolver-se em 10% dos pacientes normalmente.

Alguns riscos e os efeitos secundários estão associados com a extração cirúrgica dos nematoides de

áreas sensíveis, como o nervo óptico. Em casos de localização orbital, os sintomas, tais como

blefaredema e desconforto ocular podem ocorrer. Os filarídeos quando estão na conjuntiva ocular

também pode causar inflamação, tumefação e hiperemia conjuntival (SIMÓN et al., 2012).

4.3.2 Wolbachia sp.

Wolbachia pipientis, é a única espécie até agora identificada dentro do gênero Wolbachia. São

bactérias gram-negativas pertencentes à ordem Rickettsiales. Elas são intimamente relacionadas com

outras bactérias pertencentes ao mesmo grupo, tal como Ehrlichia spp. e Anaplasma spp. (BANDI et

al., 2001).

O reconhecimento da presença de Wolbachia spp. em várias espécies de filárias que infectam

seres humanos e outros animais levantou a questão do papel que essa poderia ter na doença

determinada por estas filarioses (SIMÓN et al., 2007; MCCALL et al., 2008). Assim como outras

espécies de filarídeos, D. immitis e D. repens, possuem bactérias intracelulares do gênero Wolbachia

(Rickettsiales), cuja participação no desenvolvimento da doença inflamatória como também no

tratamento da dirofilariose, tem sido extensivamente investigada (SÍMON et al., 2007)

B A

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Em adultos de D. immitis, Wolbachia spp. encontra-se predominantemente ao longo de células

na hipoderme, que está diretamente sob a cutícula do helminto. Nas fêmeas, Wolbachia spp. também

está presente nos ovários, oócitos e estágios embrionários em desenvolvimento dentro do útero. Isto

sugere que a bactéria é transmitida verticalmente através do ovo (KRAMER et al., 2007).

As evidências sugerem que Wolbachia spp. é um simbionte de filarídeos (TAYLOR et al.,

2005), isto é, a presença da bactéria é essencial para a sobrevivência do helminto. O fenômeno da

endossimbiose bacteriana é bem conhecido nos artrópodes, mas em menor grau em nematoides. Há, no

entanto, várias características da relação entre Wolbachia spp. e filarídeos (incluindo D. immitis) que

sugerem sua natureza simbiótica. Dos estudos realizados, foi relatado que 100% dos filarídeos

pesquisados estavam infectados por Wolbachia spp. A bactéria é transmitida pelo sexo feminino à

prole, por análises filogenéticas e a Wolbachia spp. evolui junto com os filarídeos. A remoção de

Wolbachia spp. pelo uso de antibióticos leva à esterilidade das fêmeas e eventual morte de adultos

(MCCALL et al., 2008).

Numerosos estudos mostram protocolos e dosagens de tratamento que podem reduzir

drasticamente ou eliminar Wolbachia spp. (MCCALL et al., 2008). Bandi et al. (1999) relataram o

tratamento com doxiciclina em cães naturalmente infectados por D. immitis e evidenciaram redução

drástica da carga da Wolbachia spp. em D. immitis pela PCR. Em longo prazo, a terapia intermitente

resultou em uma diminuição constante e lenta de microfilárias na circulação. Segundo McCall et al.

(2008), estudos com esta bactéria podem ser a chave para novas estratégias de controle e/ou tratamento

da infecção por filarídeos incluindo a dirofilariose em seus hospedeiros.

4.3.4 Distribuição Geográfica

A dirofilariose tem uma distribuição mundial em climas temperados e tropicais (KNIGHT,

1987). As regiões de clima tropical favorecem a procriação de vetores, embora em climas temperados

também venha sendo notificados casos da dirofilariose. (OGAWA, 2013).

Na América do Norte o filarídeo já foi diagnosticado em cães domésticos em todos os 50

estados dos Estados Unidos da América (MCCALL et al., 2008). Brown et al. (2012) relataram em um

estudo realizado pelo Conselho de Parasitose em Animais de Companhia nos EUA que 1,18% dos

animais albergavam Dirofilaria immitis. Pesquisas realizadas pela American Heartworm Society nos

EUA mostraram que o número de casos diagnosticados chega a 250 mil (MCCAL et al., 2008). No

Canadá, Villeneuve et al. (2011) encontraram soroprevalência de 0,22% concordando com estudos

anteriores de Slocombe et al. (1991) que obtiveram soroprevalência de 0,18%. No México, foi

detectada prevalência nacional de 8.3% (BOLIO-GONZALEZ et al., 2007).

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Na Europa, D. immitis já foi encontrada em cães domésticos nas regiões leste e sul. Estudos já

relataram ocorrência na Itália, Portugal, Espanha, França, Grécia, Turquia, Hungria, República Tcheca,

Eslováquia, Polônia e Croácia com uma prevalência que varia de 2 a 80%. Na Alemanha, Áustria,

Rússia e Holanda casos alóctones já foram registrados (GENCHI et al., 2005; VENCO et al., 2007;

CARDOSO et al., 2012; MORCHÒN et al., 2012). Na última década foram encontrados casos de

dirofilariose em áreas indenes e vulneráveis e estudos creditam que esse aumento na dispersão do

parasito esteja relacionado ao aquecimento global e a maior circulação de animais nessas áreas

(BROWN et al., 2012; MORCHÓN et al., 2012). No sul da Europa, Portugal, Espanha, Grécia, sul da

França e Itália são consideradas áreas endêmicas (POLIZOPOULOUS et al., 2000).

Na África, a infecção em cães parece ser fequente, mas não muito relatada. Está presente em

partes do leste, que se estende desde a República da África do Sul a República do Sudão (SCHWAN &

DURAND et al., 2002). Matola et al. (1991) relataram prevalência de 10,2% em cães na Tanzânia. Na

Tunisia, Rjeibi et al. (2016) encontraram prevalência de 14,5% para D. immitis e 3% para D. repens.

Na Ásia, D. immitis já foi encontrada em cães no Irã, Japão, China, Coréia do Sul, Índia e

Taiwan (LEE et al., 1996; WU & FAN et al., 2003). Em um estudo realizado recentemente em Tókio,

Oi et al. (2014) detectaram durante dois períodos de dois anos soroprevalência de 46% no período de

1999-2001 e 23% de 2009-2011. Na China, Hou et al. (2011) encontraram prevalência de 24%, e em

estudo recente Wang et al. (2016) relataram prevalência de 13% em Henan, província central da

China. No Irã, Khedri et al. (2014) detectaram prevalência de 27.5%. Na Índia, Borthakur et al. (2015)

encontraram uma prevalência de 9,02% em cães domiciliados e 24,54% em cães errantes.

D. immitis já foi encontrada em cães na Austrália, na região costeira e em alguns estados do

leste desse país. Na cidade de Sidney, foi detectada prevalência em cães de 11,4% (BIGGOOD et al.,

1996), e em Melbourne foi de 6.4% em raposas urbanas (MARKS & BLOOMFIELD., 1998),

recentemente, Nguyen et al. (2016) relataram que a prevalência da dirofilariose na Austrália ainda não

é bem estudada.

Na América Central e Caribe, Kosek et al. (1995) realizaram um levantamento epidemológico

em cães domiciliados nas Ilhas Caribenhas e observaram prevalência em Porto Rico que variou de

3.1% a 20.4%. Em Cuba, a prevalência variou de 7% para 19% e 37% para 63% na Ilha da Juventude,

em Curaçao a parasitose apresentou variação de 9% para 11% e nas Bahamas prevalência de 53% e

18%.

Dos 13 países que compõem a América do Sul, só existem relatos da parasitose em cães

domésticos no Peru, Colômbia, Argentina e Brasil (LABARTHE & GURREIRO, 2005). No Peru, D.

immitis foi relatado pela primeira vez em 1945 (ACUÑA & CHAVEZ et al., 2002). Posteriormente

houve detecção de prevalência de 0% a 12,8% (ACUÑA & CHAVEZ et al., 2002; BRAVO et al.,

2002; CHIPANA et al., 2002; ADRIAZÉN et al., 2003). Labarthe & Guerrero (2005) em uma revisão

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das dirofilarioses apresentaram que na Colômbia há relatos de prevalência de 3,8% a 4,8% e no Chile

não foi encontrado cães positivos por D. immitis. Na Argentina, Vezzani et al. (2006) relataram

prevalência que varia de 1% a 71%.

No Brasil, a dirofilariose canina determinada por Dirofilaria immitis já foi detectada em 15

áreas hiperendêmicas estando presente de todas as regiões (LABARTHE et al., 2014). Entretanto, a

maioria dos estudos está concentrada nas regiões sudeste, nordeste e sul. Segundo Labarthe et al.

(2003) a prevalência nacional era de 2 %, embora outros autores tenham encontrado prevalências

locais mais elevadas. Na região centro-oeste, na Grande Cuiabá, 5,8% dos cães testados foram

microfilarêmicos para D. immitis (FERNANDES et al., 1999). Na região Norte, em Belém do Pará

obteve-se positividade de 10.7% (SOUZA et al., 1997) e na Ilha de Marajó foi de 53,4% (GARCEZ et

al, 2006). A prevalência na região Nordeste, incluindo Alagoas e Pernambuco, tem sido relatada na

faixa de 1,4% a 10,3% (AHID et al., 1999; ALVES et al., 1999; BRITO et al., 2001; LABARTHE et

al., 2003). Na região Sul, a prevalência variou de 0,94% em Guaratuba-PR a 15% em Florianópolis-SC

(LEITE et al, 2007; ARAÚJO et al, 2003) e na região sudeste, incluindo estados de Rio de Janeiro e

São Paulo, de 2,2% a 52,5% (SOUZA & LARSSON et al., 2001; LABARTHE et al., 1997a;

LABARTHE et al., 2003).

Diversos estudos têm detectado a prevalência da dirofilariose em diferentes municípios

brasileiros. O quadro 2 apresenta um resumo dessas frequências.

Quadro 2 – Frequência da dirofilariose em diversos municípios de estados do Brasil

Estudo Localidade Frequência Técnica

Souza et al., 1997 Belém - PA 10.7% (58/540) Distensão espessa

Microhematócrito

Knott

Labarthe et al., 1997a Rio de Janeiro e

Niterói - RJ

16,85%

(134/795)

8,61% (RJ)

21,76%

(Niterói)

33,3% (Maricá

a Cabo Frio)

Knott mod.

Labarthe et al., 1997b Niterói - RJ 21,24% Knott mod.

Fernandes et al., 1999 Cuiabá - MS 5.8% (29/500)

Di

0,6% (3/500) Ar

Knott

Ahid et al., 1999 São Luis - MA 15% Necrópsia e Knott

Alves et al., 1999 Recife - PE 2,3%

1%

1,3%

Necropsia

Parasitológico

Imunológico

Fernandes et al., 2000 Cuiabá - MS 12.8% Immunoblot

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Almeida et al., 2001 Salvador e Lauro

Freitas - BA

10,4% (64/613) Exame direto

Knott

Brito et al., 2001 Maceió - AL 1.3% (15/1097)-

Di

1,3% (15/

1097)- Ar

Imunológico

Exame direto

Knott

Souza e Larsson, 2001 São Paulo - SP 8% (25/310) Knott e ELISA

Suassuana et al., 2003 Mossoró - RN 8,6% Cromatografia rápida

Araújo et al., 2003 Ilha dos Araças –

Florianópolis - SC

15% (12/80) Knott

Distensão espessa

Labarthe et al., 2003 Niterói - RJ 2% (51/2553) Imunológico

Reifur et al., 2004 Área costeira - PR 5,47% Knott, filtração e

Imunológico (Ag)

Machado, 2005 Florianópolis - SC 0% (0/138) Knott

Garcez et al., 2006 Ilha de Marajó - PA 53.5% (48/90) Knott

Distensão espessa

Imunologico

Silva et al., 2008 Coari - AM 12.5% Distensão espessa e

delgada

Ogawa et al., 2013 Porto Velho - RO 0%

12,8% (93/727)

10% (73/727)

Distensão espessa

Imunocromatográfico

PCR

Labarthe et al., 2014 15 localizações - RJ

Cabo Frio – RJ

Armações dos

Búzios - RJ

23,1%

(354/1531)

27,5% (11/40)

62,2 % (23/37)

Imunológico

*¹ Di- Dirofilaria immitis; *² Ar- Acanthocheionema reconditum, Knott mod.- Knott

modificado.

No Rio de Janeiro, Labarthe et al. (1997a) evidenciaram em um total de 134 (16,85%)

amostras positivas com microfilaremia, sendo 8,61% do Rio de Janeiro e 21,76% de Niterói e seus

arredores, por meio da técnica de Knott modificada. No Brasil, a pesquisa mais extensa foi realizada

no Rio de Janeiro, onde a prevalência foi em 1990 de 21,24% e diminui para 3,8% (LABARTHE et

al., 1997a; LABARTHE et al., 2003). Essa queda também foi observada na região oceânica em

Niterói, onde em 1988 foi de 43,4% e em 2003 de 0,6% (LABARTE & GUERRERO, 2005). No

bairro de Itacoatiara houve também diminuição gradual da dirofilariose, em 1993 a prevalência foi de

37% e em um último estudo, em 2003 não foram identificadas microfilaremia em 113 cães

(LABARTHE & GUERREIRO, 2005). Na Região dos Lagos, que se localiza no litoral norte do estado

do Rio de Janeiro, pertencendo a mesorregião das baixadas litorâneas, encontrou-se os estudos de

Labarthe et al. (1997a) que relataram prevalência na região costeira que englobou Maricá a Cabo Frio

prevalência de 33,3% (5/15) e Labarthe et al. (2014) Cabo Frio e Armações dos Búzios, frequências de

27,5% (11/40) e 62,2 % (23/37), respectivamente.

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5. METODOLOGIA

5.1 Amostragem

O estudo foi realizado com cães residentes no município de Cabo Frio, RJ. Foram contatados

proprietários de cães que os levaram para atendimento em uma Clínica Médica Veterinária privada em

Cabo Frio, RJ, independente do motivo da consulta. O projeto foi apresentado e em caso de interesse

do proprietário, o mesmo foi convidado a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) (Apêndice 1). Foi preenchida uma ficha com informações referentes ao animal (Apêndice 2),

como principais informações como sexo, permanência dentro ou fora da residência, sintomas e

tratamento.

O estudo previu a inclusão de no máximo 150 cães de diferentes faixas etárias e gênero

atendidos na clínica médica veterinária.

Os animais foram divididos em 4 grupos que foram compostos por uma amostragem prevista

de no máximo 30 cães cada por ser um número mínimo que permite análise em projetos piloto (Miot,

2011; Fontelles et al, 2010). No grupo 1 – 13 animais de 3 meses até 1 ano de idade; grupo 2 – 30

animai de 1 ano a 3 anos de idade; grupo 3 – 30 animais de 3 até 6 anos de idade e grupo 4 – 30

animais com mais de 6 anos de idade.

5.1.1 Local de Estudo

O estudo foi realizado na cidade de Cabo Frio, localizada na região litorânea do estado do Rio

de Janeiro localizado a uma altitude de 4 metros acima do nível do mar. Faz divisa com os municípios

de Armação dos Búzios a leste, Arraial do Cabo a sul, Araruama e São Pedro da Aldeia a oeste, e

Casimiro de Abreu e Silva Jardim a norte. É o sétimo município mais antigo do Brasil. O município de

Cabo Frio possui uma área de de 400.415km², tem uma população de 200.380 habitantes (dados

fornecidos pelo IBGE em 2013) e é uma cidade com clima predominantemente tropical (Homepage

PREFEITURA MUNICIPAL DE CABO FRIO).

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Figura 6: Mapa do município de Cabo Frio com localização aproximada da Clínica Veterinária (seta

negra) de onde as amostras dos cães foram obtidas. Fonte: www.axefacil.com.br

5.1.2 Coleta das Amostras

No período de julho de 2015 a abril de 2016 foram coletadas amostras de sangue de cães. Foi

realizada punção na veia braquio-cefálica de cada animal, após contenção mínima, sendo obtidos 4,0

ml de sangue, sendo utilizados equipamentos de proteção individual (Figura 6A e 6B).

Figura 7: Fotografia referente à contenção mínima dos cães (A) e coleta de amostra de sangue por

punção de veia braquio-cefálica (B). Fonte: do autor

A amostra de sangue foi distribuída em três tubos de ensaio, sendo: 1ml em tubo BD

Vacuntainer® sem anticoagulante, 2,0 ml em tubo BD Vacuntainer® com anticoagulante EDTA

(ácido etilenodiamino tetra-acético) e 1,0 ml em tubo BD Vacuntainer® com anticoagulante EDTA

A B

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44

para PCR (reação em cadeia da polimerase). As amostras de sangue foram identificadas e os tubos

foram acondicionados em recipiente isotérmico, sendo posteriormente encaminhados ao Laboratório

de Diagnóstico Imunoparasitológico da Disciplina de Parasitologia do Departamento de Microbiologia

e Parasitologia do Instituto Biomédico da Universidade Federal Fluminense.

5.2 Processamento Laboratorial

As amostras de sangue com anticoagulantes EDTA ficaram armazenadas a 4ºC e foram

processadas em no máximo 4 dias. Essas amostras foram submetidas às técnicas de: exame direto,

distensão delgada, distensão espessa e técnica de Knott modificado (DE CARLI, 2001, SOUZA et al.,

1997.). A outra amostra de sangue coletada com anticoagulante foi transferida para um microtubo tipo

Eppendorf® de 2 ml e armazenada a -200C para posterior processamento pela reação em cadeia da

polimerase (PCR) utilizando primer do gene COI (SIMSEK et al., 2011). As amostras acondicionadas

em tubos sem anticoagulante, foram deixadas sobre a bancada a temperatura ambiente por um período

de 30 minutos e depois foram centrifugadas em centrifuga RDEi® a 5000 rpm por 5 minutos. Após

esse procedimento, retirou-se um volume mínimo de 500 µl de soro com micropipeta, sendo esse

acondicionado em um microtubos tipo Eppendorf® de 2 ml. Em caso de volume superior, o mesmo foi

armazenado em outro microtubo. O soro foi armazenado a - 200C para posterior processamento pela

técnica de ensaio imunoenzimático (ELISA – SNAPP 4DX IDEXX®) (LIU et al., 2013).

As fotomicrografias das microfilárias foram realizadas no microscópio óptico binocular

Olympus® BX 41, inicialmente, em aumento de 100 vezes e 400 vezes, acoplado a câmera digital

Samsung® SDC415 com software de captura Honestech® PVR. Para morfometria das formas

evolutivas de parasitos foi utilizado o microscópio óptico uniocular Olympus® CH30 em 400 vezes

com uma ocular micrométrica Olympus® SWH.

5.2.1 Técnicas Parasitológicas Microscópicas (TPMs)

5.2.1.1 Exame Direto

Em até 4 dias, o exame direto, era realizado utilizando 40µl de sangue com EDTA após

homogeneização. O material foi examinado entre lâmina de microscopia e lamínula (24 X 32mm). A

lâmina foi examinada em microscópio óptico com aumento de 100x. A presença de microfilárias foi

verificada indiretamente pela movimentação dos eritrócitos, devido aos movimentos serpentiformes

característicos desse filarídeo (DE CARLI, 2001; GOMES et al. 2012). A contagem de microfilárias

no exame direto foi realizada por meio de estimativa sendo categorizadas em: leve, moderada ou

intensa. Considerou-se como leve quando na leitura do total de 96 campos da lamínula (24X32mm)

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foram evidenciadas menos de uma microfilária por campo; moderada quando havia 1 a 2 microfilárias/

campo e intensa quando eram observadas 5 microfilárias/campo.

5.2.1.2 Distensão Delgada

A distensão delgada foi realizada por meio da deposição de 10µl de sangue total com EDTA

sobre a extremidade de uma lâmina de microscopia nova e desengordurada. A gota foi distendida com

auxílio de uma lâmina de vidro com extremidades aparadas, resultando em uma largura de distensão de

2,2 mm. A distensão foi deixada sobre superfície plana por cinco minutos para a secagem total. Uma

vez seco, o material foi coberto com três ml de Metanol PA (Merck®) por um minuto. A distensão foi

então depositada em rack de madeira em plano obliquo para secagem e posteriormente corada com

corante Giemsa (Reagen®) por vinte minutos (DE CARLI, 2001).

As distensões delgadas apresentaram em média 4,5±0,2cm de comprimento. A contagem de

microfilárias, presente em cada amostra, foi realizada pela leitura total de cada lâmina em aumento de

100X. A contagem foi realizada por 3 profissionais às cegas, sendo o resultado final expresso em

média e desvio padrão.

5.2.1.3 Distensão Espessa

A distensão espessa também é conhecida como gota espessa. Após homogeneização delicada,

foi retirado 40µl de sangue do tubo com EDTA, sendo esse depositado sobre uma lâmina de vidro de

microscopia nova e desengordurada e espalhado em pequena área da superfície formando uma gota

espessa com cerca de 1,5 cm de diâmetro. Após a secagem por um período de 24 horas em superfície

plana, o material foi desemoglobinizado por imersão em água destilada a temperatura ambiente,

aguardando em torno de 10 a 20 minutos. A lamina foi depositada em rack em plano obliquo para

secagem. Após a secagem, o material foi fixado com 3 mL de metanol PA (Merck®) e corado pelo

Giemsa (Reagen®) na proporção de 2:3 (Figura 6).

Foi realizada a contagem de microfilárias pela leitura de todos os campos da distensão espessa

em aumento de 100X. A contagem foi realizada por 3 profissionais às cegas, sendo o resultado final

expresso em média e desvio padrão.

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46

Figura 8: Técnica de distensão espessa para diagnóstico de D. immitis. A: seqüência de lâminas na

ordem de processamento (distensão espessa de sangue após secagem, distensão espessa após

desemoglobinização e distensão espessa corada pelo Giemsa). B ; microfilárias visualizadas em

distensão espessa no aumento de 400X. C: microfilárias visualizadas em distensão espessa no aumento

de 100X. Fonte: do autor

5.2.1.4 Coloração por Azul de Metileno segundo Giemsa

As lâminas de distensão delgada e distensão espessa foram depositadas sobre um suporte

confeccionado de bastões de vidro de 8 mm unidos por tubo de borracha de silicone. Esse suporte foi

apoiado sobre uma bandeja plástica. O corante Giemsa (Reagen®) foi diluído em tampão fosfato de

coloração na proporção 2:3. Cada lâmina foi coberta por 3 ml de solução corante por um período de 20

minutos. Após esse tempo, a solução foi drenada e a lâmina foi lavada em fluxo corrente de água

destilada e depositadas em suporte inclinado para secagem.

5.2.1.5 Técnica de Knott Modificada

A técnica de Knott modificada (KNOTT, 1939 modificada por NEWTON & WHRIGHT,

1956) consistiu em utilizar 1,0 ml de sangue com anticoagulante EDTA, acrescido de 9,0 ml de

formalina a 2% em um tubo de centrífuga. Após homogeneização, o material foi centrifugado

(Centrifuga Daiki®) a 2500 rpm durante 10 minutos. O sobrenadante foi descartado. Foi retirada uma

gota do sedimento (40 µl) e depositada sobre uma lâmina de microscopia para confecção de uma

distensão espessa. Adicionou-se então ao sedimento restante uma gota de azul de metileno (1:1000).

Retirou-se uma gota desse sedimento (40 µl), a qual foi transferida para uma lâmina de vidro e coberta

com uma lamínula 24X32mm. Em seguida, o material foi examinado ao microscópico óptico em

aumento de 100x para observar a presença, contagem, mensuração e características morfológicas das

microfilárias (DE CARLI, 2001; LÓPEZ et al., 2012).

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47

A contagem de uma mesma lâmina foi realizada por três profissionais às cegas, sendo o

resultado final expresso em média e desvio padrão.

5.2.6 Ensaio Imunoenzinático - ELISA

O diagnóstico imunológico foi realizado usando um kit comercial (SNAP 4Dx IDEXX® - Ref.

9926193, Lote SNEM788) ELISA de IDEXX Laboratories, Inc., para a identificação do antígeno do

ovário da fêmea de D. immitis. Esse diagnóstico foi realizado de acordo com as especificações do

fabricante.

O técnica imunológica realizada pelo kit comercial SNAP 4Dx IDEXX® trata-se de um ELISA

não covencional que pode ser realizado a campo com soro, plasma ou sangue total canino. Segundo

Labarthe et al (2003) na elaboração do kit Snap 3Dx IDEXX® que é semelhante e do mesmo

fabricante que o kit utilizado nesse estudo, foi utilizado um conjugado do peptídeo C6 com albumina

do soro de bovinos (BSA) e peroxidase de cavalos (HRP). No diluente que acompanha o kit contém

anticorpos anti-HRP para D.immitis e peptídeos de E.canis anti-HRP, proteínas não específicas e

detergentes. Se antígenos de D. immitis e anticorpos de E.canis e B. burgdorferi estiverem presentes na

amostra, ligam-se ao conjugado sintético HRP e ao conjugado BSA. A amostra com o diluente são

dispensados na matriz do dispositivo que continha reagentes ao substrato. Se a amostra for positiva

para algum dos agentes ocorrerá uma reação de cor na matriz, se o teste for realizado corretamente e a

amostra devidamente preparada.

Devido a limitações financeiras, foram adquiridos 60 kits para diagnóstico pelo ELISA. A

seleção de amostras para processamento pelo ELISA seguiu os seguintes critérios: foram incluídas as

amostras dos 60 animais inseridos na faixa etária de um ano até seis anos de idade. Excluiu-se as

amostras de animais com idade inferior a um ano, devido ao período pré-patente do parasito ser de 6 a

7 meses, período necessário para o desenvolvimento e maturação dos adultos (GUILARTE et al.,

2011). Da mesma forma, excluiu-se desse processamento as amostras dos animais com mais de seis

anos, uma vez que a vida média dos parasitos adultos é de cerca de cinco a seis anos segundo a

literatura (NEWTON, 1968)

5.2.7. Biologia Molecular

5.2.7.1 Extração de DNA

Para a extração de DNA das amostras de sangue canino em EDTA utilizou-se o Kit comercial

High Pure PCR Template preparation Kit Roche® (Ref.: 11796828001, Lote: 14545100) de acordo

com as orientações do fabricante. Procedeu-se a extração do DNA de um exemplar de Dirofilaria

immitis adulto, a qual foi realizada com o kit comercial para extração de DNA e de amostras de sangue

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de cães positivo para microfilárias e negativo com o Kit (Promega®) para produção dos controles

positivo e negativo. O parasito adulto foi recuperado na necrospsia de um cão e foi armazenado a -

20°C, por cerca de um mês até a extração do DNA. Foi retirado um pequeno fragmento do parasito, o

qual foi macerado em gral de porcelana com pistilo. Foi acrescentado cerca de 1 ml de nitrogênio

liquido. Adicionou cerca de 150 µl de água destilada estéril, sendo o material resultante tranferido para

um microtubo tipo eppendorff de 2,0 ml. Esse material foi submetido a extração do DNA pelo Kit

comercial (Promega®) e armazenado a -200C.

5.2.7.2 Reação em Cadeia da Polimerase

A reação em cadeia da polimerase (PCR) foi realizada utilizando-se pares de iniciadores

(primers) 5 -AGTGTAGAGGGTCAGCCTGAGTTA-3 forward e

5ACAGGCACTGACAATACCAAT-3 – reverse, para amplificar uma sequência de 203 pb do gene da

citocromo oxidase mitocondrial (COI) (RISHNIW et al., 2006) seguindo procotolo adaptado a partir

do descrito por Simsek et al. (2011), havendo aumento na concentração do primer (250mM).

A PCR teve um volume final de 20 µl contendo 10 µl com 200mM de GoTaq Green Master

Mix (Promega®), 0,5 µl de cada primer contendo 250mM, 1µl do DNA extraído e 8 µl de água

destilada para ajuste do volume final. As reações foram realizadas em termociclador (2720 Applied

Biosystems®) seguindo o protocolo: uma fase de pré-desnaturação de 94°C por 2 minutos, 32 ciclos

de desnaturação de 94°C por 30 segundos cada, um ciclo de anelamento de 63°C por 30 segundos, um

ciclo de extensão com 72°C por 30 segundos e um ciclo final de extensão de 72°C por 7 minutos

(SIMSEK et al., 2011).

Alíquotas de 8 µl dos produtos amplificados foram submetidos à eletroforese horizontal, em gel

de agarose a 1,5%, em tampão de corrida TBE (Tris-borato 9mM e EDTA 1mM, pH 8,6, Ambion ®).

A corrida eletroforética foi realizada em cuba eletroforética (Hoefler®) a 80V/40 minutos e depois

70V/20 minutos. Para a determinação do tamanho dos produtos amplificados foi utilizado um

marcador de peso molecular de 50 pares de bases (Promega®). A seguir, o gel foi corado em Brometo

de Etídio por 10 minutos e os produtos foram visualizados em transiluminador ultravioleta e

fotografados (L.PIX – Loccus Biotecnologia®).

Todas as reações de amplificação foram realizadas em ensaio cego e comparadas ao resultado

de controle positivo, controle negativo e peso molecular realizados concomitantemente. O DNA de D.

immitis controle positivo foi obtido de exemplar adulto do parasito. Como controle negativo foi

utilizado o DNA extraído de amostras de sangue de cão que não apresentava microfilárias e nem

antígenos do parasito adulto D. immitis, testado pelo Snap™ 4DX® (IDEXX). Os controles foram

previamente testados utilizando o mesmo protocolo da PCR.

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Para amostras que apresentaram resultado parasitológico por microscopia positivo (presença de

microfilárias) e PCR negativa foi realizada uma outra PCR (PCR2) onde inclui-se na análise dessas

amostras 1µl da solução contendo DNA extraído do parasito adulto, para avaliar presença de

inibidores. No caso de haver amplificação, realizou-se outra PCR (PCR3), com o dobro de volume da

amostra (2 µl), dessa forma possibilitando aumento da chance de encontro de DNA parasitário. Após

esse procedimento, quando a amostra se manteve negativa realizou-se nova extração de DNA sendo

repetida a PCR3.

5.2.7.3 Sequenciamento de Fragmentos Amplificados na PCR

Os fragmentos amplificados do parasito adulto e de uma das amostras positivas foram

submetidos ao seqüenciamento. Os produtos da PCR amplificados foram purificados em colunas

Wizard® SV Gel and PCR Clean - Up System (®Promega) seguido de sequenciamento nucleotídico

direto usando o Kit comercial Big Dye Terminator v 3. 1 Cycle Sequencing Ready Reaction Kit

(®Applied Biosystems). O sequenciamento foi realizado em ambas as fitas no Sequenciador ABI-

Prism 3130, alocado no Laboratório Multiusuários de Microbiologia e Parasitologia (LMMP), Instituto

Biomédico - UFF. As sequências foram editadas e analisadas nos programas Chromas 2.1.1 e Bioedit

7.1.9. Após edição as sequências foram comparadas às disponíveis no GenBank pelo uso da

ferramenta Blast (NCBI), disponível no sítio https://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi. Não foi possível

a realização do sequenciamento de todas as amostras devido a limitações financeiras.

5.3 Análise Estatística

Os resultados obtidos foram analisados de forma descritiva e pelos testes de McNemmar, Exato

de Fisher e obtido o índice de concordância. A concordância de resultados entre as diferentes técnicas

foi avaliada por meio do índice de concordância (Kappa) e do teste estatístico de McNemar. No teste

de McNemar quando o valor de P for maior ou igual a 0,05 aceita-se a hipótese nula, ou seja, existe

concordância entre a maioria dos resultados das técnicas considerando-se a mesma amostra. Quando o

valor de P for menor que 0,05 aceita-se a hipótese alternativa, o que indica que os resultados das

técnicas discorcordam em muitas amostras.

A análise da significância entre os resultados positivos para infecção obtidos e as variáveis

idade, local de permanência do cão na residência e sexo dos animais foram avaliadas pelo teste de

Exato de Fischer, com intervalo de confiança de 5%. Todas as análises estatísticas foram realizadas no

programa SPSS® versão 17.

Quadro 3 : Fórmula de Kappa

Positivo negativo total

positivo A B a+b

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negativo C D c+d

Total a+c b+d n

pa= a+d

n

pe = (a+b X d) + (c+d X b+d)

n n n n

K= pa – pe

1 – pe

pa – probabilidade de concordância geral

pe – probabilidade esperada de concordância

Fonte: Landis & Koch (1977).

Quadro 4 – Valores de referência para interpretação do valor de Kappa

K CONCORDÂNCIA

< 0,00

0,00 – 0,21

0,21 – 0,41

0,41 – 0,61

0,61 – 0.81

0,81 – 1,00

Sem concordância

Fraca

Ligeiramente Fraca

Moderada

Substancial

Quase perfeita (excelente)

Fonte: Landis & Koch (1977).

5.4 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Esse projeto foi submetido a Comissão de Ética Animal da Universidade Federal Fluminense e

obteve parecer favorável em 18 de junho de 2015, sob número 168 (Anexo 1).

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7. RESULTADOS

Foram coletadas 103 amostras de sangue de cães, sendo que dessas 20 (19,4%) apresentavam

microfilárias e/ou presença de DNA parasitário. A faixa etária que apresentou maior número de

animais infectados foi de três a seis anos com 10 animais, apresentando diferença estatística

significativa com as demais faixas (Tabela 1).

Tabela 1 – Resultados por faixa etária obtidos por técnicas parasitológicas microscópicas e PCR para

pesquisas de D. immitis em 103 cães do município de Cabo Frio, RJ

Faixa Etária Positivos Negativos P

3m – 1 ano 0 13 0,1244

1 ano 3anos 8 22 0,0909

3anos 6 anos 10 20 0,0082*

> 6 anos 2 28 0,1538

Total 20 (19,4%) 83 (80,6%)

Teste Exato de Fischer P<0,05*

No diagnóstico parasitológico por microscopia e molecular foi observado que em 16/20 (80%)

animais, todas as técnicas utilizadas detectaram positividade (Tabela 2). Em todas as amostras

positivas para PCR houve detecção de microfilárias pelas técnicas de microscopia. As técnicas

parasitológicas por microscopia associadas detectaram 19,4 % de positividade e a PCR 15,5%.

Tabela 2 – Resultado obtido por quatro técnicas parasitológicas por microscopia e PCR nos 20 cães

infectados por D. immitis em Cabo Frio, RJ

Faixa

Etária

Positivos Total

Exame

Direto

Distensão

Delgada

Distensão

Espessa

Técnica de

Knott

mod.

PCR

3 m 1a 0 0 0 0 0 0

1 a 3a 7 6 8 8 5 8

3 a 6a 10 10 10 10 9 10

>6a 2 2 2 2 2 2

Total 19(18,4%) 18(17,4%) 20 (19,4%) 20(19,4%) 16(15,5%) 20(19,4%)

m – meses, a – ano, Knott mod. – Knott modificado

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As técnicas de distensão espessa (DE) e Knott modificada (KM) apresentaram índice de

concordância Kappa igual a 1, sendo considerado excelente. O valor de Kappa entre as técnicas de

exame direto (ED) e distensão delgada (DD) (K=0,96), exame direto (ED) e distensão espessa (DE)

(K=0,95), exame direto (ED) e Knott modificada (KM) (K=0,95), distensão delgada e Knott

modificada (K=0,89) e entre distensão delgada e distensão espessa (K=0,89) foram considerados como

excelente. O índice de concordância Kappa entre o resultado global obtido pelas técnicas

parasitológicas por microscopia e a técnica molecular foi igual a 0,79, sendo substancial. Pelo Teste

de McNemar obteve-se diferentes índices de concordância entre os resultados obtidos de todas as

técnicas parasitológicas por microscopia e pela PCR (Tabela 3).

Tabela 3 – Resultados do grau de concordância e dicordância pelo teste estatístico de McNemar entre

as técnicas parasitológicas por microscopia e molecular para pesquisas de D. immitis em 103 cães do

município de Cabo Frio, RJ.

Técnicas de Diagnóstico Teste estatístico de

McNemar

Exame Direto X Distensão Delgada 1,0

Exame Direto X Distensão Espessa 1,0

Exame Direto X Knott modificada 1,0

Distensão Delgada X Knott modificada 0,50

Distensão Delgada X Distensão Espessa 0,50

Distensão Espessa X Knott modificada 1,00

Exame Direto X PCR 0,250

Distensão Delgada X PCR 0,625

Distensão Espessa X PCR 0, 125

Knott modificada X PCR 0,125

P> 0,05 Ausência de discordância, P<0,05 discordância

Em um animal fêmea, com três anos, a positividade foi detectada somente pelas técnicas de

Knott modificada e distensão espessa e em outra fêmea com 2 anos e 7 meses pelas técnicas de exame

direto, distensão espessa, técnica de Knott modificada e PCR.

Dos 103 animais, 57 eram machos (55,3%) e 46 eram fêmeas (44,7%), havendo maior

positividade entre os machos, sem diferença estatística significativa na distribuição pelo sexo (Tabela

4).

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Tabela 4 – Relação entre a positividade obtida por técnicas parasitológicas microscópicas e molecular

para pesquisa de microfilárias e o gênero em 103 cães do município de Cabo Frio, RJ

Sexo Positivos Total

Exame

Direto

Distensão

Delgada

Distensão

Espessa

Técnica de

Knott

mod.

PCR Positivos Negativos

Macho

N= 57

13 13 13 13 11 13 39

Fêmea

N=46

6 5 7 7 5 7 44

P 0,155 0,091 0,238 0,238 0,185 0,238

Teste Exato de Fischer P<0,05, Knott mod. – Knott modificado, PCR – Reação em Cadeia da

Polimerase

Dos animais participantes 56/102 (54,4%) permaneciam na área externa da residência e 46/102

(44,7%) na área interna da residência. Não foi possível recuperar a informação referente ao local de

permanência na residência de um animal. A maioria dos animais positivos ficavam na área externa,

havendo diferença estatística significativa com aqueles que permaneciam sempre dentro das

residências (P<0,0001). À risco de infecção (odds ratio) foi significativamente maior para cães que

habitavam áreas externas do que para cães que vivem dentro de casa (Tabela 5).

Tabela 5 - Resultados obtidos por técnicas parasitológicas por microscopia e PCR e relação com local

de permanência na residência de de 102 cães do município de Cabo Frio, RJ

Local de

permanência

na residência

Positivos Total positivo

Exame Direto Distensão

Delgada

Distensão

Espessa

Técnica de

Knott mod.

PCR

Interna

n= 46

1 1 1 1 1 1

Externa

n= 56

18 17 19 19 15 19

P 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Odds ratio 21,3

(2,7 – 167,6)

19,6

(2,5-154,2)

23,1

(2,9 – 180,8)

23,1

(2,9-180,8)

16,5

(2,1 – 130,2)

23,1

(2,9 – 180,8)

Teste Exato de Fischer P<0,05 Knott mod. – Knott modificado PCR – Reação em Cadeia da

Polimerase

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Com relação ao tratamento profilático, dos 102 animais que possuíam essa informação, 17

(16,5%) faziam tratamento. Desses, 4/17 apresentaram positividade para dirofilariose, sendo 2/17

detectados pelas técnicas parasitológicas por microscopia, 4/17 por ELISA e 1/17 por PCR. Obteve-se

resultados concordantes entre parasitológico por microscopia e ELISA em 1/17 animal, parasitológico

por microscopia, ELISA e PCR em 1/17 e somente pelo ELISA em 2/17 animais. Não houve relato em

relação ao nome do fármaco utilizado. Segundo os proprietários desses animais, 9/17 faziam uso

mensal e regular do tratamento profilático, sendo que dentre os animais positivos só 1/4 fazia

tratamento regular, porém havia começado há dois meses.

Dos 103 animais, 9 (8,7%) apresentaram sintomas compatíveis com dirofilariose, sendo que 2

(1,9%) foram positivos para a parasitose, com relato de tosse nos dois e de prostração em um, sendo

um positivo no diagnóstico todas as técnicas, apenas apresentava tosse.

Em 60 animais dos 103 coletados foram utilizadas técnicas parasitológicas por microscopia,

molecular e ELISA para captura de antígeno, sendo evidenciada positividade em 26/60 (43,3%)

animais. Em 8/26 (30,7%) o diagnóstico foi realizado exclusivamente pela técnica imunológica e em

1/26 (3,8%) somente pelas técnicas parasitológicas por microscopia de DE e KM. Das 25 amostras

positivas pelo ELISA, 11(48%) foram negativas pelo PCR. Em 14 amostras obteve-se positividade por

DE, KM, ELISA e PCR (Tabela 6).

Tabela 6 – Resultado de positividade pelas quatro técnicas parasitológicas por microscopia, PCR e

pelo ELISA (Snap™ 4Dx®) em 60 cães de Cabo Frio, RJ

Faixa

Etária

Técncias parasitológicas

Positivos

PCR ELISA Total

positivo

Exame

Direto

Distensão

Delgada

Distensão

Espessa

Técnica de

Knott mod.

Total

1a 3a 7 6 8 8 8 5 14 15

3a 6a 10 10 10 10 10 9 11 11

Total 17 16 18 18 18 14 25 26

m – meses, a – ano, Knott mod. – Knott modificado, PCR – Reação em Cadeia da Polimerase

O índice de concordância Kappa entre o resultado global das técnicas parasitológicas por

microscopia e imunológica (ELISA) foi igual a 0,62 e entre a técnica imunológica e a PCR igual a

0,64, sendo considerados como substancial. A análise de concordância e discordância dos resultados

pelo teste de McNemar obtidos entre as técnicas parasitológicas, imunológica e molecular

apresentaram diferença estatística significativa (P<0,05) (Tabela 7). Dos 60 animais, 11/27 fêmeas e

15/33 machos foram positivos pelo ELISA, sem diferença estatística significativa (P=0,459).

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Tabela 7 - Comparação do grau de concordância e dicordância (teste de McNemar) entre as técnicas

parasitológicas por microscopia, PCR e ELISA para pesquisas de D. immitis em 60 cães do município

de Cabo Frio, RJ

Técnicas de diagnóstico Teste estatístico de

McNemar

Exame Direto X ELISA 0, 008*

Distensão Delgada X ELISA 0, 004*

Distensão Espessa X ELISA 0, 039

Knott X ELISA 0,039

PCR X ELISA 0,001*

P< 0,05* ausência de concordância e P>0,05 ausência de discordância ELISA- Ensaio

Imunoenzimático, PCR – Reação em Cadeia da Polimerase

Foi evidenciado que, nas amostras positivas, a contagem de microfilárias obteve valores médios

maiores nas técnicas de distensão espessa e Knott modificada (Tabela 8).

Tabela 8 - Resultados para contagem de microfilárias de filarídeos obtidos por técnicas parasitológicas

com leitura por microscopia em amostras de sangue de 20 cães do Município de Cabo Frio, RJ.

G Total

de

cães

Cães

positivo

s

Técnicas

Distensão delgada Distensão espessa Knott mod.

Total

cães

Média Total

cães

Média Total

cães

Média

1 13 0 0 0 0 0 0 0

2 30 8 6 16,7 ±

0,6

8 168,5 ±

16

8 213,6 ±

5,4

3 30 10 10 18 ±

0,6

10 217,5 ±

32,2

10 205,5 ±

3,7

4 30 2 2 7,2 ±

0,8

2 21,8 ±

5,7

2 65 ± 8

G – grupo de cães, Knott mod. – Knott modificado

Pela técnica de exame direto pôde-se evidenciar que a maioria das amostras analisadas foram

categorizadas como infecção moderada (Tabela 9). No exame direto, as microfilárias apresentaram

movimento serpentiforme. Nas técnicas parasitológicas por microscopia distensão delgada, distensão

espessa e Knott modificada, as microfilárias detectadas apresentaram região anterior cônica com cauda

afilada retilínea, e apresentaram mensuração média de 301,8 ± 14,4 µm (350 – 272,5 µm) X 5 ± 0,1

µm (6,25-5 µm), tendo sido mensuradas 175 microfilárias por técnica.

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Tabela 9 – Resultado da contagem de microfilárias de filarídeos por estimativa considerando a técnica

de exame direto em amostras de 20 cães de Cabo Frio, RJ.

Grupo Total de cães Cães

positivos

Categoria

Leve Moderado Intenso

1 13 0 0 0 0

2 30 7/8 2 3 2

3 30 10/10 1 5 4

4 30 2/2 0 2 0

Leve - menos de uma microfilária/ campo; Moderada - 1 a 2 microfilárias/ campo; Intenso - 5

microfilárias/campo. Total de 96 campos em lamínula 24X32mm.

A amplificação da região mitocondrial do gene COI utilizando o primer COIR e COIF resultou

em uma banda única de 203bp em 16/103 (15,5%) amostras (Figura 9 e 10). Nenhuma das amostras

negativas para pesquisa de microfilárias apresentaram amplificação de fragmento de DNA. Em oito

amostras que foram positivas nas técnicas parasitológicas, não se obteve resultado positivo na primeira

PCR, com presença apenas da amostra (1 µl). Na PCR 2, com presença de solução com DNA do

parasito adulto (1 µl) e da amostra (1 µl), as oito amostras apresentaram positividade indicando

ausência de inibidores de amplificação de DNA. Na PCR3, com o dobro de volume de amostra (2 µl),

4/8 amostras apresentaram resultados positivos e 4/8 mantiveram-se negativas. Após essa tentativa

realizou-se nova extração de DNA das quatro amostras negativas, sendo repetida a PCR3 que não

apresentou amplificação.

Figura 9: Produto da PCR submetido a eletroforese em gel de agarose a 1,5% usando primers COI R e

COI F. 1) DNA Ladder (50bp); C+) Controle positivo com DNA de parasito adulto; PV) Poço vazio; 1

Fonte: do autor

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Figura 10: Produto da PCR submetido a eletroforese em gel de agarose a 1,5% usando primers COI R

e COI F. 1) DNA Ladder (50bp); C+) Controle positivo com DNA de parasito adulto. Fonte: do autor

O sequenciamento dos fragmentos amplificados do parasito adulto e de uma amostra positiva

na PCR (amostra 13) foi realizado e comparado com a sequências gênica de Dirofilaria immitis

(KC985239 – Vichova et al., 2104) depositada no Genbank, havendo homologia total (100%) (Figura

11).

Figura 11: Alinhamento de sequências de fragmento do gene COI de Dirofilaria immitis. Legenda:

KC985239. Número de acesso de sequência de D. immitis depositada no Genbank usada para

comparação; Adulto: Parasito adulto de D. immitis usado como controle positivo nas reações de PCR.

Amostra 13: amostra de sangue positiva para D. immitis no exame parasitológico e imunológico. Obs:

os primers não foram removidos da análise. Fonte: do autor

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10. DISCUSSÃO

A frequência de positividade por técnicas parasitológicas por microscopia e PCR evidenciada

entre os 103 cães de Cabo Frio- RJ foi de 19,4%, sendo menor que as relatadas nessa mesma cidade

por Labarthe et al. (2014) que evidenciaram 27,5% (11/40) e Labarthe et al. (1997a) que relataram

prevalência de 33,3% (5/15) na região costeira que englobou Maricá a Cabo Frio. Labarthe et al.

(1997a) realizaram estudo em algumas áreas do Estado do Rio de Janeiro em duas etapas, sendo que na

primeira utilizaram só a técnica de Knott modificada e na segunda Knott modificada e imunológico

(Citeâ Semi-QuantO Test Idexx) para pesquisa de antígenos e observaram aumento na frequência de

positividade, fato relacionado a dirofilariose oculta. A menor freqüência evidenciada frente aos demais

autores pode estar relacionada a menor quantidade de animais estudados anteriormente, ao período em

que foi realizado a coleta de amostras de sangue, associados a maior sensibilização de proprietários e

profilaxia ou ao uso de técnicas imunológicas que são capazes de detectar infecção oculta. Portanto,

nesse estudo a taxa de positividade real para dirofilariose possivelmente é superior a relatada, pois não

foi utilizada o teste de ELISA em todas as amostras coletadas.

Considerando o cenário nacional da prevalência de dirofilariose observou-se ampla variação nas

taxas das diversas localidades, onde há relato de ausência da infecção, como em Florianópolis com 0%

(MACHADO et al., 2005) a elevadas taxas como em Armação de Búzios-RJ com 62,2%

(LABARTHE et al., 2014). A frequência obtida nesse estudo aproxima-se das relatadas por Labarthe

et al. (1997a e 1997b) em Niterói-RJ. Esse fato pode estar associado à similaridade das condições

climáticas e geográficas entre a região litorânea de Niterói (clima tropical onde chove muito menos no

inverno que no verão segundo a classificação climática de Köppen-Geiger: Aw) e de Cabo Frio (clima

tropical com estação seca - classificação climática de Köppen-Geiger: Aw) (CLIMATE-DATA.ORG,

2016), estando ambas no Estado do Rio de Janeiro.

No grupo estudado a faixa etária com maior frequencia de positividade foi a de 3 a 6 anos, com

diferença estatística significativa com relação as demais. Esse fato também foi evidenciado nos estudos

de Montaño et al. (2002), Byeon et al. (2007), Bolio-Gonzales et al. (2007) e Morchon et al. (2008).

Por outro lado, Guilarte et al. (2011) em cães da Venezuela não observaram diferença de positividade

entre as diversas faixas etárias. Essa maior frequência nessa faixa etária pode estar associada,

concordando com estudos prévios, ao tempo de desenvolvimento dos filarídeos, como também ao

maior tempo de exposição dos cães ao repasto sanguíneo do vetor.

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Foi evidenciada concordância entre os resultados obtidos pelas quatro técnicas parasitológicas

por microscopia e a PCR. Fato similar foi relatado por Garcez et al. (2006) avaliando amostras de cães

para diagnóstico parasitológico por microscopia de dirofilariose na Ilha de Marajó, sendo a

concordância entre os resultados associada a elevada carga parasitária. Também nas amostras dos cães

de Cabo Frio, foi observada elevada quantidade de microfilárias, o que pode ter favorecido a detecção

do parasito pelas diferentes técnicas parasitológicas por microscopia e PCR. Essa proposta é reforçada

pelo índice de concordância total dos resultados obtidos por Knott modificada e distensão espessa e

pela concordância substancial entre as demais técnicas parasitológicas por microscopia e a PCR, bem

como pelos resultados do Teste de Mcnemar.

Pelo exame direto obteve-se positividade para microfilárias em 19/20 (95%) amostras, havendo

discordância da positividade de um animal quando comparado com Knott modificada e distensão

espessa. Guilarte et al. (2011) pelo exame direto obtiveram positividade de 8,7% (12/138), tendo

obtido concordância em todas as amostras com a técnica de Knott modificada, o que discorda dos

achados desse estudo. Ng et al. (2012) em amostras de 150 cães da Malásia não obtiveram positividade

pelo exame direto, embora a infecção tenha sido detectada em 1,33% dos animais, fato que foi

relacionado a baixa incidência da parasitose. Resultados similares a desse estudo foi obtido por Vieira

et al. (2014) em cães de Portugal, que também obtiveram menor frequência de amostras positivas pelo

exame direto (19,4%) quando comparados com os resultados de Knott modificada (20,1%) e por Souza

(1992) que evidenciaram 10,8% de positividade pelo exame direto e 15,96% pela Knott modificada.

Apesar de numericamente, a técnica de exame direto ter gerado resultados em menor número de

amostras quando comparado com a técnica de Knott modificada e a distensão espessa, essa é de

procedimento simples e de rápida execução podendo ser realizada durante a consulta clínica. Além

disso, por detectar o movimento das hemácias pelas microfilárias viva, o diagnóstico torna-se mais

fácil.

A distensão delgada apresentou positividade em 90% (18/20) das amostras, sendo a técnica que

numericamente obteve menor eficácia, quando comparada as demais. Nos estudos recuperados que

abordavam comparação de técnicas de diagnóstico para dirofilariose nenhum utilizou essa técnica para

esse fim. Guilarte et al. (2011) utilizaram essa técnica somente para avaliação morfológica das

microfilárias. O não uso da distensão delgada nos estudos pode estar relacionado a pequena quantidade

de sangue que é utilizada em sua confecção, o que em áreas de baixa carga parasitária pode determinar

resultados falso negativos. Nas amostras em que a distensão delgada apresentou resultados negativos

observou-se menores contagens de microfilárias nas outras técnicas.

A distensão espessa e a técnica de Knott modificada, nesse estudo, apresentaram concordância

de resultados em todas as amostras. Essas técnicas têm sido utilizadas amplamente nos estudos de

dirofilariose, sendo a de Knott modificada a de uso mais frequente, considerada por Guilarte et al.

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(2011) como padrão ouro. Em alguns estudos, como nos de Larsson (1990), Araújo et al. (2003) e

Garcez et al. (2006) essas técncias têm sido utilizadas associadas para obtenção do diagnóstico

parasitológico por microscopia com resultados similares ou menores para distensão espessa, sendo que

Araújo et al. (2003) não descartaram o uso da distensão espessa no diagnóstico da dirofilariose, pois

em seu estudo 2/15 animais foram diagnosticados exclusivamente por essa técnica. Brito et al. (2001)

em 12/239 (5%) cães positivos, verificaram que a distensão espessa diagnosticou nove desses animais.

Ogawa et al. (2013) não conseguiram obter positividade por essa técnica em 93 cães positivos por

técnica de imunogromatográfia. Apesar da elevada concordância entre as técnicas parasitológicas por

microscopia, a distensão espessa e a técnica de Knott modificada, recuperaram o maior número de cães

positivos. Esse fato pode estar relacionado ao maior volume de sangue utilizado no procedimento

técnico, bem como a concentração de formas evolutivas dos parasitos, associado a fixação e coloração

o que favorece a identificação do parasito.

Nesse estudo obteve-se diferença entre as contagens de microfilárias nas diferentes técnicas. Não

foi realizada a contagem de formas evolutivas no exame direto para não atrapalhar a rotina de

diagnostico na clínica, uma vez que essa técncia foi realizada imeditamente após a coleta de sangue de

cada animal, para evitar perdas no diganóstico por morte das microfilárias. A diferença entre as

contagens pode estar diretamente relacionada a quantidade de sangue utilizada em cada procedimento

técnico, considerando a distensão delgada, a distensão espessa e a Knott modificada. A distensão

espessa e a técnica de Knott modificada apresentaram contagens com valores mais próximos e com

números elevados, o que permite um fácil diagnóstico pelo microscopista, assim como o exame direto.

Frente a essa similaridade dos resultados da contagem e a infra-estrutura em material de consumo e

material permanente, pensa-se que em áreas de alta incidência, o exame direto ou a distensão espessa

sejam técnicas adequadas. O exame direto seria a técnica dentre as duas de menor custo, porém precisa

ser realizada o mais rápido possível para evitar falso negativos devido a morte de microfilárias. Já a

distensão espessa não apresentaria essa limitação, embora tenha um custo maior que o exame direto.

Na literatura não foram recuperadas informações relacionadas ao custo benefício de técnicas

parasitológicas por microscopia no diagnóstico da dirofilariose canina.

Pela mensuração e morfologia das microfilárias sugere-se que as microfilárias evidenciadas em

todas as amostras sejam de Dirofilaria immitis, baseado nos padrões de mensurações relatados por

McCall et al. (2008) e López et al. (2012). Observou-se na literatura variações nas mensurações

apresentadas e superposição de alguns valores de referência no que se refere a D. repens. Alguns

estudos utilizam a coloração pela fosfatase ácida para diagnóstico diferencial das espécies (ROTH et

al., 1993), imunológico (DURAN-STRUUCK et al., 2005) ou uso de técncias moleculares

(PANTCHEV et al., 2009; MITERPÁKOVÁ et al., 2010; GIOIA et al., 2010; BORTHAKUR et al.,

2015; ROJAS et al., 2015).

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Pela PCR foi obtida positividade de 15,5% (16/103) das amostras, sendo esse resultado inferior

ao obtido pelas técnicas parasitológicas por microscopia. Esses resultados diferem dos relatados por

Hou et al. (2011) que em estudo realizado na China relataram positividade de 16,6% (213/886) com a

técnica de exame direto e 24% (147/886) com a PCR e dos de Simsek et al. (2011) que detectaram

positividade em 8,1% de 123 cães errantes da Turquia e 4,8% pelo exame direto. Ogawa et al. (2013)

em estudo realizado em Porto Velho-RO, evidenciaram 12,8% (93/727) de amostras positivas pelo

teste imunocromatográfico para pesquisa de antígenos (Heartworm Antigen Bionote), 0% (0/727) de

positividade para microfilaremia com distensão espessa e 10% (73/727) por PCR e concluíram que a

PCR e imunocromatografia foram mais eficazes que a distensão espessa. Da mesma forma, Borthakur

et al. (2015) em um estudo na Índia obtiveram maior eficácia da PCR (13,93%) quando comparada as

técnicas parasitológicas por microscopia (11,38% - 89/782), porém com resultados inferiores aos

obtidos pelo ELISA (18,03% - 141/782). A menor positividade pelo PCR foi associada, por esses

autores, a algum erro na extração ou por infecção oculta. Os autores destacaram que o benefício para

utilização da PCR seria a diferenciação de espécies, sendo que nesse estudo houve a identificação de

quatro animais parasitados por D. repens (BORTHAKUR et al. 2015). Em todas as amostras

microscopicamente negativas não houve amplificação de DNA parasitário, fato que segundo Gioia et

al. (2010) confirma a especificidade do procedimento técnico da PCR.

Nesse estudo não houve diferença significativa entre as técnicas parasitológicas por microscopia

e a molecular, sendo que todas as amostras positivas pela PCR também foram positivas por pelo

menos uma das técnicas parasitológicas por microscopia. Esses resultados sugerem que a positividade

da PCR pode estar diretamente relacionada a presença de microfilárias circulantes, mesmo que em

baixa quantidade.

A negatividade de quatro amostras pela PCR pode estar relacionada, em algumas amostras

(amostra 106 n=4 e amostra 70 n=16), a menor quantidade de microfilárias, o que durante a confecção

das alíquotas, aleatoriamente, pode ter determinado ausência ou quantidade ínfima de formas

evolutivas e consequentemente de DNA, impossibilitando sua detecção. Já nas amostras com elevada

contagem de microfilárias (amostra 32 n=158 e amostras 127 n=240), apesar de na morfologia não

terem sido evidenciadas larvas com características que sugerissem outra espécie de filarídeo, essa

questão não pode ser descartada, sendo necessário o uso de PCR com primers panfilariais ou

específicos para outras espécies, seguido de sequenciamento para elucidação dessa proposta. Outra

alternativa, uma vez que nesse estudo três amostras negativas pelo PCR (32, 127 e 70) foram positivas

pelo ELISA, seria o uso de PCR multiplex de passo único, como proposto por Gioia et al. (2010), o

qual apresentou equivalência à técnica parasitológica microscópica de Knott modificada, sendo válida

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em áreas onde existe co-infecção entre D. repens e D. immitis, uma vez que o diagnóstico morfológico

precisa de microscopistas experientes e por vezes pode ocasionar imprecisão.

Essa negatividade também pode ter ocorrido devido a dificuldade de amplificação do primer

COI. O uso de primers para outros alvos gênicos poderiam ser utilizados para resolver essa questão, já

que Silva (2015) obtiveram melhores resultados em PCR para D. immitis utilizando primer para o gene

12S rDNA e Ferri et al. (2009) tenham relatado que primers para o gene 12S rDNA amplificam com

mais facilidade, embora o primer para o gene COI demonstre mais consistência. Além disso, não pode

ser desconsiderada, apesar do procedimento de extração ter sido repetido, falha na extração do DNA

parasitário como foi relatado no estudo de Borthakur et al (2015).

A maior positividade para dirofilariose foi evidenciada entre cães machos, porém sem diferença

significativa. Essa informação também tem sido relatada fora do Brasil por Duran-Struuck et al. (2005)

e Guilarte et al. (2011), Ugochukwu et al. (2016) e no Brasil por Souza (1992) e Brito et al. (2001).

Detectou-se nesse estudo diferença estatística significativa quanto ao local de permanência do

cão na residência e maior risco de infecção para animais que ficavam na área externa, fato já esperado

pela maior exposição dos animais aos vetores. Iglódyová et al. (2012) relataram que a função do cão,

assim como a idade parecem ser importantes fatores associados a transmissão da dirofilariose, uma vez

que cães de trabalho apresentam maiores frequências de infecção quando comparados com animais de

companhia, o que foi relacionado a serem mantidos fora da residência e ficarem mais expostos a

insetos.

O tratamento profilático foi relatado em 17/102 (16,5%) animais, dos quais 4/17 apresentaram

positividade para Dirofilaria immitis, considerando as diferentes técnicas diagnósticas microscópicas,

moleculares e imunológicas. Não houve relato, nos questionários, do nome do fármaco utilizado,

porém normalmente são utilizados microfilaricidas, uma vez que não há registro de adulticidas no

Brasil (PEREIRA, 2012). Silva & Langoni (2009) em revisão sobre a dirofilairose apontaram que os

principais fármacos preventivos utilizados nos cães são a dietilcarbamazina e as lactonas

macrocíclicas. Dentre as lactonas macrocíclicas, as ivermectinas orais foram os primeiros fármacos

aprovadas pelo United States Food and Drug Administration (FDA). Ainda são utilizadas a oxime

milbemicina, a selamectina topicamente e a moxidectina, com benefícios similares às ivermectinas. A

positividade encontrada nos animais, onde houve relato de quimioprofilaxia, pode ter ocorrido devido

ao uso irregular dos fármacos e/ou do não seguimento do protocolo profilático que preconiza

diagnóstico prévio dos animais com mais de seis meses por detecção de antígeno e Knott modificada

(MCCALL et al., 2008). Além disso, como proposto por Drake et al. (2015), o não aquecimento do

soro ou plasma na pesquisa de antígenos de animais tratados com lactonas macrocíclicas e doxiciclina

pode induzir a resultados falso-negativos, confundindo médicos veterinários e proprietários quanto a

eficiência do procedimento profilático. Os autores também sugerem que o encontro de microfilária em

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pelo menos um dos animais tratados implica na seleção de resistência. Esse fato também pode estar

associado a positividade evidenciada nos cães desse estudo.

Quadros clínicos compatíveis com dirofilariose foram evidenciados em 2/103 (1,9%) animais

positivos, sendo um positivo por todas as técnicas, no qual a manifestação clínica relatada foi tosse.

Diferindo desse resultado, Ugochukwu et al. (2016) evidenciaram manifestações clínicas em todos os

animais positivos para D. immitis (4/119) em um estudo na Nigéria, caracterizadas por intolerância ao

exercício, dispneia, anorexia, tosse e mucosas hipocoradas. A presença de sintomatologia com

ausência de positividade para dirofilariose pode ser associada a outras infecções, uma vez que as

manifestações clínicas são inespecíficas ou mais dificilmente a erro técnico no diagnóstico, uma vez

que foram utilizadas várias técnicas com fundamentos diferentes. Por outro lado, a positividade sem

presença de clínica já foi relatada anteriormente (LABARTHE et al, 2014; SOUZA, 1992), fato que

pode estar associado a intensidade de infecção, idade do animal e a relação parasito-hospedeiro

individual.

Em 60 cães foi realizado diagnóstico parasitológico microscópico, por quatro técnicas, PCR e

diagnóstico imunológico para captura de antígeno (Snap™ 4Dx® – IDEXX), sendo detectados 26

(43,3%) animais positivos, dos quais 8 (30,7%) estavam negativos pelas técnicas parasitológicas. A

detecção de dirofilariose oculta por meio de técnicas imunológicas tem sido relatada por diversos

estudos (LARSSON et al., 1992; SOUZA, 1992; ROTH et al., 1993; LABARTHE et al., 1997a;

ALVES et al., 1999; MONTANO et al, 2002; GARCEZ et al., 2006; GUILARTE et al., 2011;

VENCO et al., 2011; OGAWA et al., 2013; VIEIRA et al., 2014; BORTHAKUR et al., 2015).

Segundo Roth et al. (1993) a negatividade de técnicas parasitológicas e positividade de técnicas

imunológicas têm sido relacionadas a esterilidade temporária de adultos devido a terapêutica contínua,

uso de medicação microfilaricida ou infecções monosexuais. Obteve-se índice de concordância

substancial entre todas as técnicas utilizadas, fato também evidenciado no estudo de Guilarte et al.

(2011) que obtiveram K=0,71 ente ED e Imunológico e K=0,6494 entre Knott modificada e

imunológico.

Em um animal positivo para microfilárias, o ELISA apresentou resultados negativos. Resultados

similares foram observados por Montaño et al. (2002), sendo esse fato associado a baixa concentração

de antígenos livres devido a formação de imunocomplexos, imaturidade dos parasitos adultos ou morte

dos adultos com persistência de microfilárias, sendo essa última proposta também apontada por Vieira

et al. (2014) para positividade em 6% de amostras positivas pela Knott e negativas pelo ELISA.

Duran-Struuck et al. (2005) também evidenciaram amostras negativas no imunológico e positivo na

microscopia e sugeriram a possibilidade de infecção por outra espécie de filarídeo, que não D. immitis.

Todas essas situações podem ter interferido nos resultados imunológicos obtidos no presente estudo. A

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evidência de dirofilariose oculta torna importante o uso de técnicas imunológicas para pesquisa de

antígenos no diagnóstico da dirofilariose.

Em casos de amostras negativas pelo ELISA para captura de antígenos, estudos realizados

recentemente relataram que um prévio aquecimento do soro dos animais promove aumento na

positividade, embora o mecanismo ainda não tenha sido totalmente elucidado (LITTLE et al., 2014).

Os autores sugeriram que esse aumento estaria associado à ruptura do complexo imune após o

aquecimento, fato que foi relacionado ao aumento da densidade óptica em amostras positivas após o

aquecimento (LITTLE et al., 2014). Velasquéz et al (2014) sugeriram que o aquecimento de amostras

antes do diagnóstico imunológico para pesquisa de antígenos é particularmento importante para uma

maior acurácia diagnóstica, porém requer um grande volume de soro, não sendo viável em algumas

situações. Drake et al (2015) após o tratamento térmico de amostras de soro de 15 cães negativos na

sorologia usando o Kit DiroCheck®, obtiveram uma positividade de 53,3% (8/15). Em um estudo

realizado na Romênia, em área endêmica de co-infecção de D. immitis e D. repens obteve-se detecção

de infecção oculta por D. immitis em animais co-infectados somente após o aquecimento das amostras

(CIUCÃ et al., 2016). No presente estudo, optou-se pela realização do ELISA (Snap™ 4DX® Idexx)

seguindo as orientações do fabricante, sem aquecimento prévio da amostra, apesar do preconizado na

literatura, uma vez que a quantidade de amostra (soro) não seria suficiente. O procedimento de

aquecimento foi executado preliminarmente e experimentalmente em 10 amostras, mas o volume

recuperado foi pequeno, sendo insuficiente para a execução do ELISA, sendo, portanto, a estratégia

descartada.

Observou-se que essas 60 amostras, a PCR (23,3%) apresentou menor positividade do que o

ELISA (41,7%). Esse fato também foi observado por Borthakur et al. (2015) que obtiveram por

ELISA 18,03% de positividade e por PCR 13,93%, o que foi relacionada aos autores a infecção oculta

ou falha na extração do DNA.

A utilização do primer para o gen COI determinou a formação de uma banda única com 203 bp,

estando de acordo com os resultados relatados por Simsek et al. (2011) e Rinshiw et al. (2006), porém

diferiram dos resultados obtidos por Silva (2015) que obtiveram amplificações não específicas. A

obtenção de banda única, pode ter sido devido ao protocolo utilizado nessa PCR que seguiram o

preconizado por Simsek et al. (2011), havendo somente alteração na concentração do primer.

Apesar de Simsek et al. (2011) afirmarem que o uso de PCR com primer para o gen COI ser

consistente para a diferenciação intra e interespecífica de filarídeos, foi realizado sequenciamento de

material amplificado do parasito adulto e de uma amostra positiva sendo confirmado homologia total

com sequência de D. immitis depositada no GenBank, siugerindo que todos os resultados positivos na

PCR equivalem a esse parasito.

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As técnicas parasitológicas de Knott modificada e a distensão espessa utilizadas apresentaram

resultados iguais, detectando o maior número de animais positivos, considerando como parâmetro a

detecção de microfilárias. Levando em conta o procedimento técnico e o custo dessas técnicas, em

áreas de elevada frequência, a distensão espessa demonstrou ser uma técnica apropriada e com menor

custo, embora não tenha sido explicitado o custo de cada técnica. A técnica de Knott modificada

necessita de centrifuga, sendo que a literatura preconiza sua realização em um (LEITE et al., 2007) até

três dias (FERNANDES et al., 1999) após a coleta. Já a distensão espessa, além de utilizar menor

quantidade de amostra, pode ser feita diretamente no campo, gerando uma lâmina permanente, o que

permite leitura posterior e até releitura, sem risco de perda de material, bem como avaliação

morfológica.

Nesse estudo, a PCR com gene COI não apresentou aplicabilidade para diagnóstico da

dirofilariose canina de rotina em comparação com as demais técnicas utilizadas, apesar do pequeno

painel de amostras positivas. Além disso, seu custo elevado, tempo de processamento, infraestrutura e

mãos de obra especializada limitam sua utilização, podendo a mesma ser realizada como etapa

preliminar no diagnóstico de espécie em casos de estudos de epidemiologia molecular ou como

ferramenta auxiliar ao ELISA em áreas de baixa frequencia parasitária. Torna-se necessário a

ampliação de estudos com maior número de amostras, abrangendo diferentes localidades, como

também a utilização de diferentes alvos moleculares.

O ELISA permitiu a detecção de infecções ocultas, o que ressalta a importância de seu uso em

procedimentos de diagnóstico dessa parasitose na clínica e em estudos epidemiológicos. Cabe

considerar que apesar da maior eficicácia da técnica imunológica, torna-se importante, sempre que

possível, associar a essa, uma técnica parasitológica por microscopia, seja distensão espessa ou Knott

modificada, para aumento da acurácia diagnóstica, já que em uma amostra nesse estudo, o diagnostico

foi realizado exclusivamente pelas técnicas parasitológicas por microscopia de distensão espessa ou

Knott modificada.

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9. CONCLUSÃO

Houve detecção de infecção por D. immitis em cães de Cabo Frio por meio das técnicas

parasitológicas por microscopia, por técnica imunológica para pesquisa de antígeno e pela técnica

molecular através da reação da polimerase em cadeia.

Obteve-se concordância excelente entre as quatro técnicas parasitológicas por microscopia.

Obteve-se concordância substancial entre as técnicas parasitológicas por microscopia, ELISA e

PCR entre si.

O ELISA apresentou maior eficácia no diagnóstico da dirofilariose.

A distensão espessa e Knott modificada demonstraram ser as técnicas parasitológicas de maior

eficácia numérica, comparativamente as demais técnicas parasitológicas.

O local de permanecia do cão na residência foi um fator de risco para a infecção, ao contrário do

gênero e do uso de profilaxia.

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10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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11. Anexos

Anexo 1 – Termo de Aprovação pelo CEUA-UFF

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12. Apêndices

Apêndice 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

PROPRIETÁRIOS

Projeto:. Diagnóstico de Dirofilariose em cães da cidade de Cabo Frio, RJ

Responsável: Claudia Maria Antunes Uchôa Souto Maior

Endereço: Disciplina de Parasitologia/UFF Rua Prof Hernani de Melo, 101 – 2 andar. São Domingos Niterói,

RJ. Cep 24210-130. tel (21) 26292426

Comitê de Ética no Uso de Animais da Universidade Federal Fluminense

Nome do Proprietário: ____________________________________________. Idade: _______

RG: nº_________________________ Órgão Emissor: _______________.

Endereço: ____________________________________________________________________.

Nome do Animal: _________________________________________________. Idade: _______

Raça:________________________ Sexo: _______________.

O(A) Sr. (ª) está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa Diagnóstico de Dirofilariose em cães da

cidade de Cabo Frio, RJ de responsabilidade da pesquisadora Claudia Maria Antunes Uchôa Souto Maior.

Declaro ter pleno conhecimento que:

O projeto tem como objetivo: identificar a dirofilariose em cães de Cabo Frio, RJ e comparar técnicas

de diagnóstico.

Será solicitada a coleta de amostras de sangue do animal participante por punção de veia braquio-

cefálica. Será realizado o registro da situação por fotografia ou filmagem que serão utilizadas apenas

no contexto do projeto, sem divulgar nomes.

Autorizo a participação do animal acima qualificado no presente projeto de pesquisa;

Este estudo não fará nenhum mal a saúde do animal;

Esta pesquisa tem por objetivos identificar a frequência de dirofilariose em cães de Cabo Frio, RJ e

comparar técnicas de diagnóstico para dirofilariose;

Os benefícios esperados serão o resultado de exames para dirofilariose e conhecimento da frequência da

parasitose;

Autorizo a realização de exames parasitológicos, imunológicos e moleculares, necessários para a

coleta de informações/dados para realização do estudo, as quais só poderão ser utilizadas no contexto do

projeto ou em artigos relacionados ao mesmo.

Não gastarei nada para participar dessa pesquisa;

O material coletado será descartado após o processamento;

Terei a liberdade de retirar meu consentimento e deixar de participar do estudo a qualquer momento;

Nenhum nome será divulgado durante as etapas desse estudo ou ao seu término;

Poderei obter informações gerais sobre o estudo quando desejar. Os pesquisadores poderão ser

contatados por meio do telefone (21)26292426.

Eu, acima caracterizado, responsável legal pelo canino __________________ declaro ter sido informado e

concordo com a sua participação, como voluntário, no projeto de pesquisa acima descrito.

, de 20___.

Local dia mês

Assinatura do responsavel Assinatura do resp. pelo projeto

Assinatura 1ª testemunha Assinatura 2ª testemunha

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Apêndice 2 – Ficha de avaliação dos cães

Universidade Federal Fluminense n registro projeto: ______

Instituto Biomédico

Ficha de dados dos Cães

Projeto: Diagnóstico de Dirofilariose em cães da cidade de Cabo Frio, RJ

Pesquisadores responsáveis: Taíssa Angelica Lemos Trancoso, Alynne da Silva Barbosa, Otilio

Machado Pereira Bastos, Claudia Maria Antunes Uchoa Souto Maior

Nome: Propietário: _________________________________________________________

Endereço: _______________________________________________________________

Tel: _____________________

Nome do Animal: _____________________ Idade: ________ Sexo: ____ Raça: _____________

Pêso: _______________

Estado Nutricional: ( ) obeso ( ) normal ( )magro ( )caquético

Vacinação : ( ) sim ( ) não

Vermifigação ( ) não ( )sim data da última: ________________ medicamento: _________

Profilaxia dirofilariose: ( ) sim ( ) não medicamento: _______________________

Tipo de residência: ( ) casa ( ) apartamento ( )outro _____________

Hábito do cão: ( ) dentro de casa ( ) fora de casa

Numero cães na casa _________________________________

Função do cão: ( ) guarda ( )companhia

Clínica

Motivo da Consulta:

Suspeita clínica

Manifestações clínicas

( ) sem sintomas específicos

( ) vômito ( ) dificuldade respiratória ( ) ascite ( ) alterações cardíacas

( ) outro

Especificar: