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1 Utilização da Técnica de Repetição Espaçada na aprendizagem da Anatomia Humana Marcos W. A. Chaves 1 , Daniela C. O. Silva 2 1 Instituto de Psicologia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. 2 Departamento de Anatomia Humana, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. RESUMO A disciplina de Anatomia é uma ciência com conteúdo difícil de memorizar, principalmente pela quantidade e complexidade de sua terminologia. Dentre as técnicas que auxiliam a manter a informação aprendida por mais tempo ou evocá-la com facilidade, o sistema de repetição espaçada (SRE) tem se mostrado eficaz como método de revisão de conteúdo que potencializa a retenção da memória. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a utilização do SRE e compará-lo com a metodologia tradicional de ensino em Anatomia Humana sem revisão sistematizada. Participaram da pesquisa 28 alunos do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Uberlândia. Durante 16 semanas, os estudantes tiveram aulas teóricas e práticas expositivas de Anatomia e fizeram revisões extraclasse individuais utilizando a técnica SRE com o apoio do programa Anki, empregando cartões de repetição espaçada. Para avaliar o método, foram analisados os cartões aprendidos, reaprendidos, revisados e estudados, e foram comparadas as notas parciais e final com uma turma que não utilizou o método. Os resultados demostraram que a média dos cartões aprendidos foi 39,41% dos cartões disponibilizados; 50% dos estudantes não reaprendeu nenhum cartão; 67,85% dos estudantes revisaram uma quantidade de cartões abaixo da média da turma; a média dos cartões estudados foi 41,07% dos cartões disponibilizados; a turma que utilizou o método SRE apresentou nota significativamente maior apenas em uma das notas parciais. Assim, pode-se concluir que a adesão ao método SRE foi insatisfatória e não forneceu evidências da sua eficiência na maximização da aprendizagem. Contudo, comparado a metodologia tradicional sem revisão sistematizada, se mostrou eficaz apenas a longo prazo. Palavras-chave: educação, memória; aprendizagem; graduação; anatomia macroscópica; flashcards

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Utilização da Técnica de Repetição Espaçada na aprendizagem da Anatomia Humana

Marcos W. A. Chaves1, Daniela C. O. Silva2

1Instituto de Psicologia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil. 2Departamento de Anatomia Humana, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade

Federal de Uberlândia, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil.

RESUMO

A disciplina de Anatomia é uma ciência com conteúdo difícil de memorizar, principalmente

pela quantidade e complexidade de sua terminologia. Dentre as técnicas que auxiliam a manter

a informação aprendida por mais tempo ou evocá-la com facilidade, o sistema de repetição

espaçada (SRE) tem se mostrado eficaz como método de revisão de conteúdo que potencializa

a retenção da memória. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a utilização do SRE e

compará-lo com a metodologia tradicional de ensino em Anatomia Humana sem revisão

sistematizada. Participaram da pesquisa 28 alunos do curso de Enfermagem da Universidade

Federal de Uberlândia. Durante 16 semanas, os estudantes tiveram aulas teóricas e práticas

expositivas de Anatomia e fizeram revisões extraclasse individuais utilizando a técnica SRE

com o apoio do programa Anki, empregando cartões de repetição espaçada. Para avaliar o

método, foram analisados os cartões aprendidos, reaprendidos, revisados e estudados, e foram

comparadas as notas parciais e final com uma turma que não utilizou o método. Os resultados

demostraram que a média dos cartões aprendidos foi 39,41% dos cartões disponibilizados; 50%

dos estudantes não reaprendeu nenhum cartão; 67,85% dos estudantes revisaram uma

quantidade de cartões abaixo da média da turma; a média dos cartões estudados foi 41,07% dos

cartões disponibilizados; a turma que utilizou o método SRE apresentou nota significativamente

maior apenas em uma das notas parciais. Assim, pode-se concluir que a adesão ao método SRE

foi insatisfatória e não forneceu evidências da sua eficiência na maximização da aprendizagem.

Contudo, comparado a metodologia tradicional sem revisão sistematizada, se mostrou eficaz

apenas a longo prazo.

Palavras-chave: educação, memória; aprendizagem; graduação; anatomia macroscópica;

flashcards

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INTRODUÇÃO

Uma das atividades que mais fazemos na vida é aprender, mais intensamente quando se é

estudante. Aprendizagem é definida como o resultado de uma interação entre o indivíduo e o

ambiente; essa interação acarreta em mudanças cognitivas, morais, motivacionais e físicas,

podendo ser duradoura ou em certos casos, permanente (Velásquez, 2001).

Aprender é um processo dinâmico dentro do qual o mundo de compreensão, em constante

expansão, vem abranger um mundo psicológico. Significa desenvolvimento de um sentido de

direção ou influência, que pode ser usado quando considerado apropriado e dependente da

ocasião; tudo isso significa que aprender é um desenvolvimento de inteligência (Bigge, 1997).

Outra definição de aprendizagem, segundo Gagné (1974), consiste em uma mudança na

disposição ou habilidade humana, podendo ser retirada e que não pode ser simplesmente

atribuída ao processo de crescimento. Em resumo, Velásquez (2001) define aprendizagem

como resultado de uma mudança potencial no comportamento, seja no nível intelectual ou

psicomotor, que se manifesta quando os estímulos externos incorporam novas informações,

estimulam o desenvolvimento de habilidades e destrezas ou produzem mudanças de novas

experiências.

Dentre os diversos ramos das ciências biológicas, um dos conteúdos considerados difíceis

de se aprender é o da Anatomia Humana, ciência que estuda macro e microscopicamente a

organização estrutural do corpo humano, enfatizando a disposição e sintopia das estruturas

anatômicas pertencentes a cada sistema e região do corpo e correlacionando com aspectos

funcionais (D´Angelo e Fattini, 2010; Tortora e Nielsen, 2013; Moore et al., 2014).

Como conteúdo básico para todos os estudantes ingressantes na área da saúde, a Anatomia

é aprendida por meio de diversas metodologias, dentre elas o uso de cadáveres humanos

dissecados, que representam a forma mais antiga e uma das mais utilizadas ainda nos dias de

hoje (Costa e Feijó, 2009; Costa e Lins, 2012). Além de cadáveres, outros recursos são

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essenciais para o processo de ensino-aprendizagem desta ciência, como um livro-texto e um

atlas com imagens do corpo humano (Mourthé-Filho et al., 2016).

Apesar destas ferramentas conduzirem à melhoria de desempenho do estudante, já que

facilitam o aprendizado de conteúdos considerados difíceis de compreender por meio de aulas

expositivas (Nunes et al., 2011), há relatos de muitas dificuldades para aprender a Anatomia

Humana. Essa complexidade pode estar relacionada com a falta de familiaridade do estudante

com as terminologias anatômicas, que, em sua maioria são derivadas do latim e grego, além da

volumosa quantidade de termos anatômicos que são designados para nomear as estruturas do

corpo humano. Adicionalmente, o preparo inadequado e a dificuldade de renovar as peças

cadavéricas, bem como o tamanho pequeno de certas estruturas anatômicas, acabam

atrapalhando a visualização das mesmas e, por conseguinte, dificultando o aprendizado desta

ciência (Bordenave, 2001; Ferreira, et al., 2008; Moore et al., 2014).

Desta maneira, ao se aprender a Anatomia Humana, com o passar do tempo, o estudante

tende ao esquecimento e, portanto, têm que estudar o conteúdo novamente. O esquecimento é

separado em duas partes: o esquecimento incidente, que acontece sem a intenção de esquecer;

e o esquecimento motivado, que é causado quando o indivíduo se envolve em um

comportamento ou processo que diminui, intencionalmente, o acesso à memória, com algum

objetivo (Baddeley et al., 2011).

A ciência da aprendizagem e o estudo dos processos de memorização mostrou evolução com

os estudos experimentais de Herman Ebbinghaus, nos quais o psicólogo estudava esses

construtos levando o problema a sua simplicidade. Ebbinghaus queria investigar a

aprendizagem de novas informações e, para diminuir o efeito de qualquer conhecimento prévio,

inventou um sistema de três letras (consoante – vogal – consoante), que poderiam ser

pronunciadas, mas não teriam sentido. Estudou repetindo as sílabas em voz alta e anotou o

número de recitações para aprender ou reaprender a lista novamente. Com esse experimento,

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Ebbinghaus pode concluir que no início, o esquecimento acontecia de forma rápida, mas com

o passar do tempo esse esquecimento reduzia de forma gradual chegando à famosa curva de

esquecimento (Baddeley et al., 2011).

As lembranças e as informações são armazenadas muito bem, porém em algum momento

tem-se dificuldade de evocá-las. No processo de evocação sempre se procura algo específico,

uma memória específica que, segundo Baddeley et al. (2011) denomina-se memória-alvo ou

traço-alvo. Outro conceito são as dicas que, por sua vez, são informações fragmentadas que

permitem acessar a memória. Os traços-alvos ou as memórias-alvos se ligam com outras

memórias-alvos; essa ligação é chamada de associações ou links. A luz desses conceitos, pode-

se dizer que evocação é uma progressão de uma ou mais dicas em direção a uma memória-alvo,

com o objetivo de tornar aquele alvo disponível para influenciar o conhecimento permanente

por meio de conexões associativas (Baddeley et al., 2011).

Para manter a informação aprendida por mais tempo ou para evocá-la com mais facilidade,

várias técnicas foram inventadas, dentre elas, o “Sistema de Repetição Espaçada” (SRE), que

serve para revisão, ou seja, objetiva rever ou ver algo com atenção e cuidado, e não para

aprender novas informações

O SRE é um método baseado na curva de esquecimento e no fato de que existe um momento

ideal para revisar o que aprendemos (Oliveira, 2017). Nessa técnica, o estudante, após 24 horas

de exposição de novas informações das quais ele deve reter e evocá-las, deve fazer revisões de

10 minutos para cada hora/aula e, ao passar o tempo, diminuir os minutos de revisão por cada

hora/aula para que o conteúdo seja fixado na memória e seja fácil de evocá-la. As 24 horas que

sucedem após a exposição à nova informação é o momento que ocorre a maior parte do

esquecimento. Assim, a primeira revisão de 10 minutos por hora/aula é suficiente para que essa

nova informação seja retida na memória para que seja facilmente evocada. Após uma semana

(dia 7) serão necessários apenas 5 minutos por hora/aula para “reativar” aquela informação

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aprendida, levando a curva de aprendizagem para 100%. Vale ressaltar que a técnica de

Repetição Espaçada, segundo sua teoria, não leva em conta questões individuais de

aprendizagem e nem as características de estudo de cada indivíduo, mas serve para lembrar e

revisar um conteúdo que o estudante está prestes a esquecê-lo (Silva et al., 2014).

A técnica de Repetição Espaçada é aplicada com a utilização de flashcards, que são pedaços

de papeis nos quais em um lado se escreve o conteúdo, pergunta ou algo que se quer revisar e,

no verso, escreve-se a resposta (Silva et al., 2014). Atualmente, com o avanço da tecnologia,

os flashcards de papeis foram substituídos por cartões em aplicativos utilizados em

computadores pessoais ou smartphones, como por exemplo, o Anki (Elmes, 2017).

Dentro deste contexto, uma vez que há dificuldades do estudante em aprender Anatomia

Humana, especialmente no que se refere a manter a informação aprendida por mais tempo ou

evocá-la com mais facilidade, o presente trabalho teve como objetivo avaliar um método de

revisão de conteúdo, a saber, SRE, e compará-lo com a metodologia tradicional de ensino sem

revisão sistematizada em Anatomia Humana. Espera-se que, utilizando essa técnica de revisão

sistematizada, as dificuldades mais frequentes relacionadas à Anatomia Humana possam ser

minimizadas, proporcionando melhora no processo de ensino-aprendizagem.

MATERIAIS E MÉTODOS

Caracterização da Pesquisa

A presente pesquisa é um estudo de caráter exploratório e quantitativo e foi realizada no

Departamento de Anatomia Humana do Instituto de Ciências Biomédicas (ICBIM) da

Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

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Participantes

Constituíram a amostra desta pesquisa 28 estudantes de ambos sexos, idade entre 18 e 25

anos, matriculados na disciplina de Anatomia Humana ofertada ao Curso de Enfermagem, pelo

ICBIM, UFU, no 1º semestre de 2018. O critério de inclusão no estudo foi baseado

simplesmente na voluntariedade do estudante em utilizar o aplicativo para revisão do conteúdo,

enquanto que o critério de exclusão foi baseado no uso incorreto ou inadequado do aplicativo,

ou seja, estudantes que utilizaram o aplicativo raramente, desistiram ou trancaram a disciplina

ou que foram matriculados tardiamente.

Procedimentos

A pesquisa foi conduzida durante um período de 16 semanas, nas quais os alunos tiveram

aulas teóricas e práticas na sala de aula/laboratório com o professor e monitores; e fizeram

revisões extraclasse individuais. Em cada semana foi abordado um tema específico relacionada

à Anatomia Humana (Anatomia Sistêmica), conforme Anexo 1.

As aulas teóricas e práticas ocorreram duas vezes por semana; às terças-feiras, 3 aulas

teóricas expositivas (com o uso de mídias audiovisuais) e às quintas-feiras, 4 aulas práticas

(com peças cadavéricas); nas aulas práticas a turma foi dividida em duas (A e B, n=25); todas

as aulas tiveram a duração de 50 minutos cada. O material didático disponibilizado para o

estudo da parte teórica foi um roteiro elaborado na forma de estudo-dirigido, contendo

perguntas objetivas sobre o tema em questão, em média 70 perguntas por assunto. Para as aulas

práticas foi entregue um roteiro em forma de atlas, contendo uma lista com as estruturas

anatômicas a serem identificadas e figuras com setas para serem preenchidas com os nomes das

estruturas. Todo o material foi elaborado pelo professor responsável, utilizando livros clássicos

de Anatomia Humana e compôs uma apostila teórico-prática que foi entregue no primeiro

encontro com os estudantes.

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As revisões extraclasse (fora da sala de aula/laboratório) foram realizadas de forma

individual, sem auxílio do professor ou monitor e sem consulta ao material didático, por um

período de 4 a 5 vezes por semana, conforme cronograma em anexo (Anexo 2). Essas revisões

foram executadas utilizando a técnica de SRE, respeitando o dia agendado no cronograma,

porém em horários escolhidos pelos estudantes. O SRE foi implementado com o uso do Anki

(Elmes, 2017), um programa de computador (desktop) com cartões de repetição espaçada, e seu

site de estudo (AnkiWeb) ou aplicativo (Ankidroid).

A implementação do Anki seguiu os seguintes passos:

1. O aplicativo de desktop Anki gratuito foi baixado para o computador dos pesquisadores

e uma conta mestre foi criada com os cartões, que foram produzidos pelos próprios

pesquisadores a partir do material didático (apostila teórico-prático).

2. As contas individuais para cada aluno foram criadas, com um nome único. Então, os

cartões da conta mestre foram importados para as contas dos estudantes, diariamente.

Dentro de cada conta, os conjuntos de cartões foram os mesmos para todos os estudantes.

As configurações de estudo foram definidas, de modo que os alunos sempre estudaram,

obrigatoriamente, pelo menos 10 cartões novos por dia. Houve um número variável de

cartões repetidos para revisar, cuja quantidade dependeu da auto-avaliação do estudante,

ou seja, uma resposta incorreta a um cartão o trouxe novamente no mesmo dia, enquanto

que uma resposta correta adiou o aparecimento daquele cartão para outro dia.

3. Todos os estudantes foram apresentados ao AnkiWeb ou Ankidroid em uma aula extra,

ministrada pelos pesquisadores, que os instruíram sobre o uso do programa e forma de

estudo. Assim, cada aluno estudou em sua própria plataforma do Anki, fora da aula.

Nesta aula extra, foi utilizado um computador notebook conectado à televisão da sala,

na qual os princípios básicos e o uso do Anki foram explicados e demonstrados. Vários

testes foram realizados para que os estudantes se familiarizassem com o programa e a

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maneira de estudar. Neste momento, os estudantes foram solicitados a criarem suas

contas individuais e enviarem aos pesquisadores o acesso à mesma, para que cada conta

pudesse ser alimentada com os cartões.

4. O Anki de cada estudante foi monitorado diariamente pelos pesquisadores. Assim, foi

possível visualizar diversos dados sobre as contas e os cartões, que refletiram o

comportamento de estudo dos alunos e resultados.

Análise dos Dados e Análise Estatística

Para avaliar a utilização do método de SRE, foi verificada a participação dos estudantes

valendo-se de informações sobre quantidade de cartões estudados, cartões aprendidos (cartões

novos que foram respondidos corretamente), cartões reaprendidos (cartões antigos que foram

respondidos incorretamente) e cartões revisados (cartões antigos que foram respondidos

corretamente). Estes dados foram analisados de forma descritiva em termo de porcentagem

simples e média com desvio padrão.

Para comparar o método SRE com a metodologia tradicional de ensino sem revisão

sistematizada em Anatomia Humana, foi considerada a média da nota dos participantes

matriculados na turma do 1º semestre de 2018 e a média da nota dos estudantes que cursaram

a disciplina de Anatomia Humana na turma do 1º semestre de 2017. Para essas duas turmas, o

conteúdo de Anatomia Humana foi dividido em 4 módulos, conforme cronograma (Anexo 1) e

avaliações teórico-práticas foram aplicadas em cada módulo (Anexo 3). Comparações foram

realizadas entre as notas de cada módulo e entre as notas finais utilizando teste t de Student

paramétrico e não paramétrico, conforme a distribuição das amostras, normal ou não normal,

respectivamente. Todos os resultados foram considerados significativos a um nível de

significância de 5% (p < 0,05).

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Vale ressaltar que toda a metodologia relacionada às aulas teóricas e práticas na sala de

aula/laboratório com o professor e monitores, bem como o material didático e as avaliações

empregadas na turma do 1º semestre de 2018 foi idêntica àquela utilizada na turma do 1º

semestre de 2017, sendo adicionado para esta última apenas o método de revisão SRE.

RESULTADOS

A Figura 1 mostra o número de cartões aprendidos por cada participante da pesquisa. De

3326 cartões disponibilizados, foram aprendidos em média 1311 ± 738, correspondendo a

39,41% dos cartões disponibilizados; 42,85% dos alunos aprenderam até 1000 cartões, 42,85%

aprenderam de 1000 a 2000 cartões, 10,71% aprenderam de 2000 a 3000 cartões e 3,57%

aprenderam acima de 3000 cartões.

Figura 1. Total de cartões aprendidos por cada participante. O valor representa a média de 61

dias de estudo.

A Figura 2 mostra o número de cartões reaprendidos por cada participante. Em média, foram

reaprendidos 10 ± 28,53 cartões; 50% dos estudantes não reaprenderam nenhum cartão; 92,86%

dos alunos reaprenderam até 20 cartões, 0% reaprenderam entre 20 e 40 cartões, 3,57%

reaprenderam entre 40 e 60 cartões e 3,57% reaprenderam acima de 140 cartões.

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28

Car

tões

ap

ren

did

os

Estudantes

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Figura 2. Total de cartões reaprendidos por cada participante. O valor representa a média de

61 dias de estudo.

A Figura 3 mostra o número de cartões revisados por cada participante. Em média, foram

revisados 487 ± 28,53 cartões; 67,85% dos alunos revisaram até 500 cartões, 14,28% revisaram

entre 500 e 1000 cartões, 10,71% revisaram entre 1000 e 1500 cartões e 7,14% revisaram acima

de 1500 cartões.

Figura 3. Total de cartões revisados por cada participante. O valor representa a média de 61

dias de estudo.

A Figura 4 mostra o número total de cartões estudados (cartões aprendidos, cartões

reaprendidos e cartões revisados) por cada participante. O número médio de cartões estudados

foi 1366 ± 1225, correspondendo a 41,07% dos cartões disponibilizados; 35,71% estudaram até

1000 cartões, 32,14% estudaram entre 1000 e 2000 cartões, 10,71% estudaram entre 2000 e

3000 cartões, 14,28% estudaram entre 3000 e 4000 cartões e 7,14% estudaram acima de 4000

cartões.

0

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40

60

80

100

120

140

160

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28

Car

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rea

pre

nd

ido

s

Estudantes

0

500

1000

1500

2000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28

Car

tões

rev

isad

os

Estudantes

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Figura 4. Total de cartões estudados por cada participante (cartões aprendidos, cartões

reaprendidos e cartões revisados). O valor representa a média de 61 dias de estudo.

As médias das notas obtidas nas avaliações das Turma 1 (método tradicional) e Turma 2

(método SRE) para cada módulo (Anexo 1) e a somatória final está demostrada na Tabela 1.

Conforme o cronograma das avaliações (Anexo 3), foram distribuídos ao final 100 pontos da

seguinte maneira: 27 pontos no 1º e 2º módulos, 20 pontos no 3º módulo e 26 pontos no 4º

módulo.

Tabela 1. Média das notas das Turmas 1 e 2 nos quatro módulos estudados (M1, M2, M3 e

M4) e média da nota final.

Módulos

Turmas

Turma 1 Turma 2

M1 19,89 ± 2,87 19,48 ± 4,31

M2 19,55 ± 2,86 21,75 ± 3,36

M3 16,97 ± 1,76 15,99 ± 2,39

M4 15,23 ± 3,43 16,46 ± 4,74

FINAL 72,93 ± 8,75 76,36 ± 13,66

A Figura 5 demonstra a análise comparativa entre as médias das notas da Turma 1 e Turma

2 em cada módulo. Foi verificado que a Turma 2 apresentou média da nota significativamente

maior comparada a Turma 1 apenas no módulo 2 (p = 0,0038).

-500

500

1500

2500

3500

4500

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28

Car

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est

ud

ado

s

Estudantes

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Figura 5. Análise comparativa entre as notas da Turma 1 (T1) e Turma 2 (T2) em cada módulo

do cronograma de estudos (1, 2, 3 e 4).** p = 0,0038

Módulo 1

T1 T20

3

6

9

12

15

18

21

24

27

Turmas

No

tas

Módulo 2

T1 T20

3

6

9

12

15

18

21

24

27

**

Turmas

No

tas

Módulo 3

T1 T20

3

6

9

12

15

18

21

24

27

Turmas

No

tas

Módulo 4

T1 T20

3

6

9

12

15

18

21

24

27

Turmas

No

tas

A Figura 6 demonstra a análise comparativa entre as médias das notas finais da Turma 1 e

Turma 2. Nenhuma diferença significativa foi encontrada entre a média da nota final da Turma

1 comparada a Turma 2 (p = 0,156).

Figura 6. Análise comparativa entre as notas as médias das notas finais da Turma 1 (T1) e

Turma 2 (T2).

Final

T1 T20

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Turmas

No

tas

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DISCUSSÃO

No presente estudo, uma técnica de revisão sistematizada, a saber, o sistema de repetição

espaçada (SRE), foi utilizada com o propósito de minimizar as dificuldades mais frequentes

relacionadas à aprendizagem do conteúdo de Anatomia Humana, especialmente no que se refere

a manter as informações por mais tempo ou evocá-las com mais facilidade.

Vários estudos têm investigado o efeito de espaçamento na revisão de conteúdos, seja para

verificar a sua própria efetividade (Augustin, 2014; Wahlheim et al., 2014; Matos et al., 2017;

Cadaret e Yattes, 2018), para comparar com outros métodos de revisão (Andersen et al., 2015;

Rozenshtein et al., 2016; Dobson et al., 2017; Wang et al., 2017) ou ainda para compará-lo

entre diferentes faixas etárias (Bercovitz et al., 2017; Slone e Sandhofer, 2017). Entretanto,

estudos que têm aplicado o método SRE utilizando flashcards (cartões) com apoio de programas

computadorizados, método que foi empregado nesta pesquisa, são escassos (Bailey e Davey,

2011; Bailey, 2013; Al-Rawi et al., 2015; Taveira-Gomes et al., 2015).

Na presente pesquisa, foi avaliada a participação dos estudantes na utilização do método

SRE com o Anki, um programa de computador com cartões de repetição espaçada. Para isso,

foi analisado o número de cartões aprendidos, reaprendidos, revisados e estudados.

Foi observado que a média do número de cartões aprendidos (cartões novos e respondidos

corretamente) foi aproximadamente 40% dos cartões disponibilizados, sugerindo que os

estudantes não utilizaram o Anki como um método de revisão do conteúdo, e sim como método

de aquisição de conteúdo, visto que menos da metade dos cartões foram respondidos

corretamente. Como os cartões foram disponibilizados um dia após à exposição do conteúdo,

era de se esperar que eles aprendessem o conteúdo e, após essa etapa, utilizassem o Anki para

revisar o conteúdo aprendido; assim, o número médio de cartões aprendidos seria maior. Como

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isso não ocorreu, parece que eles utilizaram o Anki para aprender e não para revisar o conteúdo,

visto que o número de cartões novos e respondidos corretamente foi muito baixo.

Analisando o número de cartões reaprendidos (cartões antigos e respondidos incorretamente)

foi averiguado que metade da turma não reaprendeu nenhum cartão, indicando três possíveis

causas: os estudantes (1) responderam os cartões corretamente; (2) não foram sinceros no

feedback ou (3) só visualizaram cartões novos. Acredita-se que as duas últimas opções sejam

mais prováveis, pois se os cartões tivessem sido respondidos corretamente, a média do número

de cartões aprendidos teria sido mais elevada.

Quanto ao número de cartões revisados, que é um dos dados mais importantes para análise,

pois é no qual se baseia o princípio do método SRE, foi verificado que quase 70% dos

estudantes revisaram uma quantidade de cartões abaixo da média da turma. Esses dados

reforçam as suposições anteriores, sugerindo que os estudantes só visualizaram os cartões novos,

que foram colocados como exigência mínima a quantidade de 10 por dia.

Considerando o número de cartões estudados, que corresponde a somatória dos cartões

aprendidos, reaprendidos e revisados, foi observado um número médio correspondente a

41,07% dos cartões disponibilizados, porcentagem equivalente aos cartões aprendidos. Esses

dados refletem que houve uma baixa utilização do Anki, sugerindo que os estudantes não

aderiram ao método de revisão proposto. Esta questão pode ser explicada pelo fato que de os

estudantes não souberam como utilizar o Anki, apesar de terem sido instruídos previamente e,

portanto, não conseguiram utilizá-lo de forma independente e eficaz. Ainda, os estudantes

provavelmente não entenderam como o método poderia auxiliá-los, visto que eles não

experimentaram o uso correto do Anki.

Todos esses dados concordam com as descrições de Bailey e Davey (2011), que também

utilizaram o método SRE com o aplicativo Anki em duas turmas de graduação, para

aprendizagem da língua inglesa, e verificaram que os estudantes não tiveram habilidade ou

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confiança para usar o Anki sozinhos. Os autores comentam que, como os alunos não eram

responsáveis pelo processo e não eram explicitamente ensinados a fazer seus próprios cartões,

eles não utilizaram o Anki de forma independente. Ainda, como não tinham qualquer

propriedade ou investimento no processo, sentiram que era apenas uma atividade difícil e

desconhecida que o professor queria que eles realizassem. Essas observações vão ao encontro

aos resultados da presente pesquisa.

Outros estudos também avaliaram e compararam a percepção e a utilização do SRE

empregando o Anki, em turmas de graduação. Corroborando os dados da presente pesquisa, Al-

Rawi et al. (2015) verificaram que embora a maioria dos estudantes tenha relatado alta utilidade

educacional para essa abordagem, apenas uma minoria se beneficiou do aspecto mais

importante dessa tecnologia: repetição espaçada automatizada. Dentre os motivos apresentados

pelos autores, destaca-se o limitado conhecimento prévio ou experiência com a repetição

eletrônica, apesar de ter havido um consenso geral de que a tecnologia era fácil de usar.

Em contraste, Bailey (2013) encontrou efeitos positivos na utilização do Anki em uma turma

de graduação, porém após essa turma ter utilizado o método por um semestre sem sucesso. Para

alcançar a eficácia, o autor implementou no segundo semestre algumas modificações relevantes

que podem ter melhorado o processo, como por exemplo, a confecção dos cartões pelos próprios

estudantes e a criação de oportunidades regulares e consistentes de utilizar o Anki com um

parceiro (estudo em dupla); essas ações não foram comtempladas na presente pesquisa.

A análise comparativa das médias das notas dos módulos (1, 2, 3 e 4) da turma que utilizou

a metodologia tradicional sem revisão sistematizada com a turma que utilizou o método SRE

revelou nota significativamente maior para a última apenas no módulo 2, inferindo que tanto o

tempo de uso do Anki, quanto a quantidade de cartões disponibilizados, ambos maiores no

módulo 2, teve influência positiva na aplicação do SRE. Isso mostra que o espaçamento de

encontros repetidos com o conteúdo ao longo do tempo produz aprendizado melhor a longo

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prazo em comparação com repetições que são agrupadas em conjunto (Kang, 2016; Cadaret e

Yattes, 2018). Ao analisar a comparação das notas nos outros módulos, a ausência de diferença

significativa pode ser explicada por alguns fatores: (1) no módulo1, os estudantes ainda não

tinham se familiarizado tanto com a universidade, pois são calouros, bem como a disciplina de

Anatomia Humana e com o método de revisão SRE; (2) no módulo 3, a quantidade de dias e

cartões disponibilizados foi muito pequena, e (3) no módulo 4, os estudantes se encontravam

sobrecarregados com atividades de outras disciplinas e muitos deles já tinham alcançado a nota

de aproveitamento mínimo para aprovação na disciplina de Anatomia Humana. Acredita-se que

somatória de todos esses fatores também acarretou ausência de diferença significativa entre as

médias da nota final da turma que utilizou a metodologia tradicional sem revisão sistematizada

e da turma que utilizou o método SRE.

Considerando apenas a nota final das turmas para comparar as duas metodologias analisadas,

pode-se inferir o método SRE não foi benéfico para a melhora da retenção dos conteúdos em

comparação ao método tradicional de aula expositiva sem revisão extraclasse. Essa observação

contraria vários outros estudos que compararam o efeito de espaçamento na revisão de

conteúdos com outras metodologias; esses estudos revelaram que o método de ensino

intervalado leva a melhores resultados do que o método massificado, em todos os níveis de

ensino (Augustin, 2014; Wahlheim et al., 2014; Andersen et al., 2015; Rozenshtein et al., 2016;

Dobson et al., 2017; Matos et al., 2017; Wang et al., 2017).

É fato que há uma abundância de estudos apoiando o uso de repetição espaçada na educação

(Cepeda et al., 2008), especialmente para aprender novas línguas (Kramára et al., 2012).

Embora estudos disponíveis sobre o uso de repetição espaçada na educação das profissões de

saúde sejam incomuns (Kerffot, 2009; Nkenke et al., 2012), especialmente considerando a

disciplina de Anatomia Humana, pode-se argumentar que a abordagem apresentada no presente

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estudo deveria ser idealmente adequada para tal tarefa, uma vez que aprender uma nova

terminologia anatômica é semelhante a adquirir uma nova língua.

Diversos estudos investigaram a eficácia dos recursos de aprendizagem no ensino de

Anatomia, especialmente aqueles aprimorados por tecnologia (Clunie et al., 2018), no entanto,

a maioria deles foram baseados na satisfação do aluno (Ferrer-Torregrosa et al., 2015; Traser

et al., 2015; Wilkinson e Barter, 2016; Swinnerton et al., 2017). Estudos controlados e

randomizados, avaliando ganho de aprendizagem com um recurso aprimorado por uma

tecnologia específica são minoria (Pickering, 2016), e aqueles relatando uma avaliação

abrangente sobre o impacto da introdução de um desses recursos específicos na aprendizagem

são totalmente ausentes.

Dentro deste contexto, apesar de não fornecer evidências causais abrangentes na

aprendizagem da Anatomia Humana, acredita-se que o SRE juntamente com a exposição de

conteúdos intercalados e testes de feedback seja um método eficiente para alcançar o máximo

da aprendizagem (Kang, 2016). Utilizado de maneira correta e com determinação, o método de

SRE pode ser uma ferramenta útil fazendo com que o estudante, ao revisar um conteúdo,

dispense menos tempo do que de forma tradicional. Atores importantes devem ser levados em

consideração como por exemplo a motivação e o desejo dos estudantes em aprender.

Limitações do Estudo

Após a análise dos resultados e discussão com a literatura, foi observado algumas limitações

na aplicação do método SRE para a aprendizagem da disciplina de Anatomia Humana. Um dos

principais fatores a ser apontados envolve o período de tempo ao qual os estudantes foram

apresentados, treinados e fizeram o uso do programa Anki, o qual pode ter sido insuficiente

para obter uma compreensão total do seu efeito benéfico.

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A quantidade de disciplinas cursadas pelos estudantes em um mesmo período, que para o

curso de Enfermagem totalizam 10 disciplinas no 1º período, pode ter sido uma das causas para

o pouco tempo de uso do programa. Além disso, a prática de outros métodos de revisão de

conteúdo que, provavelmente, alguns estudantes possam ter optado por realizar, como por

exemplo, confecção de resumos, mapas conceituais, vídeo-aulas, leitura passiva e outros,

podem também ter diminuído o período de tempo para a utilização do programa. Dessa forma,

o método aplicado foi subutilizado e, consequentemente, o efeito máximo da aprendizagem não

foi alcançado.

Uma outra limitação pode estar relacionada com a inerente dificuldade da disciplina de

Anatomia Humana que, além de ser uma disciplina ministrada no 1º período, época em que os

estudantes estão se familiarizando com o ensino superior, ela apresenta um conteúdo extenso,

complexo e com uma terminologia normativa e atípica. Por ser um conteúdo extenso, uma

grande quantidade de informações foi exposta aos estudantes em um curto período de tempo,

levando a confecção de uma grande quantidade de cartões para serem revisados; assim, muitas

vezes, os estudantes podem não ter conseguido cumprir o cronograma de estudos de revisão

pois, em alguns dias, o número de cartões disponibilizados era muito alto, chegando até 70

cartões por dia.

Em suma, todos esses fatores podem ter afetado a percepção geral dos estudantes e a adoção

do método SRE. No entanto, vale ressaltar que essas limitações são inerentes a esses tipos de

estudo.

Futuras direções

Centenas de experimentos realizados por psicólogos cognitivos têm demostrado as

vantagens da aprendizagem espaçada. Apesar de haver um corpo substancial de dados apoiando

o uso de repetição espaçada, aprimoramento e avaliação dos benefícios desta abordagem à

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educação são necessários antes de poder ser recomendado para uso rotineiro na sala de aula de

Anatomia.

A partir das interpretações da presente pesquisa, indica-se que uma aula detalhada, na qual

os benefícios do método de repetição espaçada são claramente delineados, combinada com uma

demonstração prática do programa computadorizado com os cartões e feedbacks,

provavelmente teria algum benefício em estudos futuros. Além disso, o encorajamento da

confecção dos cartões pelos próprios estudantes, supervisionados por um corpo docente,

poderia aumentar a participação individual de cada um no processo, desenvolvendo interesse

dos mesmos, até mesmo de utilizar o método em outra disciplina. Uma outra questão, também

refletida por Bailey (2013), seria a implementação de revisões em duplas em alguns períodos;

assim, os estudantes poderiam se sentir mais motivados, pois haveria competição e

questionamentos entre os parceiros; isso também auxiliaria na honestidade do feedback.

Também é razoável levantar a possibilidade de que a exposição do programa em sala de aula

poderia resultar em melhor percepção e mais uso do mesmo fora da aula. Para isso, seria

necessário dedicar um tempo considerável durante a aula para tornar o caráter único do SRE

bem entendido para os estudantes.

CONCLUSÕES

Baseado nos resultados obtidos, pode-se concluir que a adesão ao método SRE foi

insatisfatória e não forneceu evidências abrangentes da sua eficiência na maximização da

aprendizagem. Contudo, comparado à metodologia tradicional de aula expositiva sem revisão

sistematizada, o método SRE se mostrou eficaz na aprendizagem apenas a longo prazo, se

utilizado juntamente com testes e feedback. Este estudo não pretende esgotar o conhecimento

em repetição espaçada ou efeito de espaçamento, mas contribuir e servir de base para outras

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pesquisas no assunto e na sua ampla aplicação em sala de aula. Empregada da maneira e no

tempo correto, a repetição espaçada pode ser uma poderosa técnica de aprendizagem e

memorização.

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ANEXO 1

Cronograma da Disciplina de Anatomia Humana Data Dia/Sem Horário Conteúdo Turma Tipo

13/03 3a 08:00-10:40 Recepção aos calouros - -

15/03 5a 08:00-11:30 Apresentação da disciplina A/B Teórica

15/03 5a 14:00-17:30 Introdução à Anatomia Humana – Conceitos Gerais A/B Teórica

MÓDULO 1

Data Dia/Sem Horário Conteúdo Turma Tipo

20/03 3a 08:00-10:40 Anatomia do Sistema Esquelético – Generalidades A/B Teórica

22/03 5a 08:00-11:30 Anatomia do Sistema Esquelético – Apendicular A Prática

22/03 5a 14:00-17:30 Anatomia do Sistema Esquelético – Apendicular B Prática

27/03 3a 08:00-09:30 Anatomia do Sistema Esquelético – Axial A Prática

27/03 3a 10:00-10:40 Anatomia do Sistema Esquelético – Axial B Prática

29/03 5a 08:00-11:30 Anatomia do Sistema Esquelético – Apendicular e Axial A Prática

29/03 5a 14:00-17:30 Anatomia do Sistema Esquelético – Apendicular e Axial B Prática

03/04 3a 08:00-10:40 Anatomia do Sistema Articular A/B Teórica

05/04 5a 08:00-11:30 Anatomia do Sistema Articular A Prática

05/04 5a 14:00-17:30 Anatomia do Sistema Articular B Prática

10/04 3a 08:00-10:40 Anatomia do Sistema Muscular A/B Teórica

12/04 5a 08:00-11:30 Anatomia do Sistema Muscular A Prática

12/04 5a 14:00-17:30 Anatomia do Sistema Muscular B Prática

17/04 3a 08:00-11:30 1ª AVALIAÇÃO A/B T/P

MÓDULO 2

Data Dia/Sem Horário Conteúdo Turma Tipo

19/04 5a 08:00-11:30 Anatomia do Sistema Circulatório – Coração A Prática

19/04 5a 14:00-17:30 Anatomia do Sistema Circulatório – Coração B Prática

24/04 3a 08:00-10:40 Anatomia do Sistema Circulatório – Coração e Vasos A/B Teórica

26/04 5a 08:00-11:30 Anatomia do Sistema Circulatório – Vasos A Prática

26/04 5a 14:00-17:30 Anatomia do Sistema Circulatório – Vasos B Prática

01/05 3a 08:00-10:40 FERIADO - -

03/05 5a 08:00-11:30 Anatomia do Sistema Circulatório – Vasos e Linfático A Prática

03/05 5a 14:00-17:30 Anatomia do Sistema Circulatório – Vasos e Linfático B Prática

08/05 3a 08:00-10:40 Anatomia do Sistema Respiratório A/B Teórica

10/05 5a 08:00-11:30 Anatomia do Sistema Respiratório A Prática

10/05 5a 14:00-17:30 Anatomia do Sistema Respiratório B Prática

15/05 3a 08:00-10:40 Anatomia do Sistema Digestório - Supra-diafragmático A/B Teórica

17/05 5a 08:00-11:30 Anatomia do Sistema Digestório – Geral A Prática

17/05 5a 14:00-17:30 Anatomia do Sistema Digestório – Geral B Prática

22/05 3a 08:00-10:40 Anatomia do Sistema Digestório – Infra-diaframático A/B Teórica

24/05 5a 08:00-11:30 Anatomia do Sistema Digestório – Geral A/B Prática

24/05 5a 14:00-17:30 2ª AVALIAÇÃO A/B T/P

MÓDULO 3

Data Dia/Sem Horário Conteúdo Turma Tipo

05/06 3a 08:00-10:40 Anatomia do Sistema Urinário A/B Teórica

07/06 5a 08:00-11:30 Anatomia do Sistema Urogenital A Prática

07/06 5a 14:00-17:30 Anatomia do Sistema Urogenital B Prática

12/06 3a 08:00-09:30 Anatomia do Sistema Genital Feminino A Teórica

12/06 3a 10:00-10:40 Anatomia do Sistema Genital Masculino B Teórica

13/06 4ª 14:00-17:00 Anatomia do Sistema Urogenital A/B Prática

14/06 5a 08:00-11:30 3ª AVALIAÇÃO A/B T/P

MÓDULO 4

Data Dia/Sem Horário Conteúdo Turma Tipo

14/05 5a 14:00-17:30 Sistema Neural - Introdução A/B Teórica

19/06 3a 08:00-10:40 Neuroanatomia – Medula e Nervos espinhais A/B Teórica

21/06 5a 08:00-11:30 Neuroanatomia – Medula e Nervos espinhais A Prática

21/06 5a 14:00-17:30 Neuroanatomia – Medula e Nervos espinhais B Prática

26/06 3a 08:00-10:40 Neuroanatomia – TE, Cerebelo e Nervos cranianos A/B Teórica

28/06 5a 08:00-11:30 Neuroanatomia – TE, Cerebelo e Nervos cranianos A Prática

28/06 5a 14:00-17:30 Neuroanatomia – TE, Cerebelo e Nervos cranianos B Prática

03/07 3a 08:00-10:40 Neuroanatomia – Cérebro (Diencéfalo e Telencéfalo) A/B Teórica

05/07 5a 08:00-11:30 Neuroanatomia – Cérebro (Diencéfalo e Telencéfalo) A Prática

05/07 5a 14:00-17:30 Neuroanatomia – Cérebro (Diencéfalo e Telencéfalo) B Prática

10/07 3a 08:00-10:40 Neuroanatomia – Cérebro (Vascularização e Meninges) A/B T/P

12/07 5a 08:00-11:30 Revisão Geral A/B Prática

12/07 5a 14:00-17:30 4ª AVALIAÇÃO A/B T/P

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ANEXO 2

Cronograma de Estudos no Aplicativo Anki Data Dia da Semana Local Conteúdo

26/03 2ª Revisão Estudo 1 e 2

27/03 3a Laboratório/sala 1- Anatomia do Sistema Esquelético – Axial

27/03 3a Revisão Estudo 1 e 2

28/03 4a Revisão Estudo 1, 2 e 3

29/03 5ª Laboratório/sala Anatomia do Sistema Esquelético – Axial e apendicular

29/03 5ª Revisão Estudo 1, 2 e 3

02/04 2a Revisão Estudo 1, 2 e 3

03/04 3a Laboratório/sala 4- Anatomia do Sistema Articular

03/04 3a Revisão Estudo 1, 2 e 3

04/04 4a Revisão Estudo 1, 2, 3 e 4

05/04 5ª Laboratório/sala 5- Anatomia do Sistema Articular

05/04 5ª Revisão Estudo 1, 2, 3 e 4

06/04 6a Revisão Estudo 1, 2, 3, 4 e 5

09/04 2a Revisão Estudo 1, 2, 3, 4 e 5

10/04 3a Laboratório/sala 6- Anatomia do Sistema Muscular

10/04 3a Revisão Estudo 1, 2, 3, 4 e 5

11/04 4a Revisão Estudo 1, 2, 3, 4, 5 e 6

12/04 5ª Laboratório/sala 7- Anatomia do Sistema Muscular

12/04 5ª Revisão Estudo 1, 2, 3, 4, 5 e 6

13/04 6a Revisão Estudo 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7

16/04 2ª Revisão Estudo 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7

Data Dia da Semana Local Conteúdo

19/04 5a Laboratório/sala 8 - Anatomia do Sistema Circulatório – Coração

20/04 6a Revisão Estudo 8

23/04 2a Revisão Estudo 8

24/04 3a Laboratório/sala 9 - Anatomia do Sistema Circulatório – Coração e Vasos

24/04 3a Revisão Estudo 8 e 9

25/06 4ª Revisão Estudo 8 e 9

26/04 5a Laboratório/sala 10 - Anatomia do Sistema Circulatório – Vasos

26/04 5a Revisão Estudo 8, e 9

27/04 6ª Revisão Estudo 8, 9 e 10

02/05 4ª Revisão Estudo 8, 9 e 10

03/05 5a Laboratório/sala 11 -Anatomia do Sistema Circulatório – Vasos e Linfático

03/05 5a Revisão Estudo 8, 9 e 10

04/05 6ª Revisão Estudo 8, 9, 10 e 11

07/05 2ª Revisão Estudo 8, 9, 10 e 11

08/05 3a Laboratório/sala 12 - Anatomia do Sistema Respiratório

08/05 3ª Revisão Estudo 8, 9, 10 e 11

09/05 4ª Revisão Estudo 8, 9, 10, 11 e 12

10/05 5a Laboratório/sala 13 - Anatomia do Sistema Respiratório

10/05 5a Revisão Estudo 8, 9, 10, 11 e 12

11/05 6ª Revisão Estudo 8, 9, 10, 11, 12 e 13

14/05 2ª Revisão Estudo 8, 9, 10, 11, 12 e 13

15/05 3a Laboratório/sala 14 - Anatomia do Sistema Digestório – Supra diafragmático

15/05 3ª Revisão Estudo 8, 9, 10, 11, 12 e 13

16/05 4ª Revisão Estudo 8, 9, 10, 11, 12, 13 e 14

17/05 5a Laboratório/sala 15 - Anatomia do Sistema Digestório – Geral

17/05 5a Revisão Estudo 8, 9, 10, 11, 12,13 e 14

18/05 6ª Revisão Estudo 8, 9, 10, 11, 12,13, 14 e 15

21/05 2ª Revisão Estudo 8, 9, 10, 11, 12,13, 14 e 15

22/05 3a Laboratório/sala 16 - Anatomia do Sistema Digestório – Infra diafragmático

22/05 3ª Revisão Estudo 8, 9, 10, 11, 12,13, 14 e 15

23/05 4ª Revisão Estudo 8, 9, 10, 11, 12,13, 14, 15 e 16

24/05 5a Laboratório/sala Anatomia do Sistema Digestório – Revisão geral

24/05 5a Revisão Estudo 8, 9, 10, 11, 12,13, 14, 15 e 16

MARÇO – 2018

D S T Q Q S S

1 2 3

4 5 6 7 8 9 10

11 12 13 14 15 16 17

18 19 20 21 22 23 24

25 26 27 28 29 30 31

ABRIL - 2018

D S T Q Q S S

1 2 3 4 5 6 7

8 9 10 11 12 13 14

15 16 17 18 19 20 21

22 23 24 25 26 27 28

29 30

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Data Dia/Sem Local Conteúdo

05/06 3a Laboratório/sala 17 - Anatomia do Sistema Urinário T

06/06 4ª Revisão Estudo 17

07/06 5a Laboratório/sala 18 - Anatomia do Sistema Urinário, Masculino e Feminino P

07/06 5a Revisão Estudo 17

08/06 6ª Revisão Estudo 17, 18 e 19

11/06 2ª Revisão Estudo 17, 18 e 19

12/06 3a Laboratório/sala 19 - Anatomia do Sistema Genital Masculino e Feminino – Teórica

12/06 3ª Revisão Estudo 17, 18 e 19

13/06 4ª Revisão Estudo 17, 18 e 19

Data Dia/Sem Local Conteúdo

14/05 5a Laboratório/sala Sistema Neural – Introdução - T

19/06 3a Laboratório/sala Neuroanatomia – Medula e Nervos espinhais - T

19/06 3a Revisão Estudo 20

20/06 4ª Revisão Estudo 20

21/06 5a Laboratório/sala Neuroanatomia – Medula e Nervos espinhais - P

21/06 5a Revisão Estudo 20, 21

22/06 6ª Revisão Estudo 20, 21

25/06 2ª Revisão Estudo 20,21

26/06 3a Laboratório/sala Neuroanatomia – TE, Cerebelo e Nervos cranianos – T

26/06 3a Revisão Estudo 20, 21, 22

27/06 4ª Revisão Estudo 20, 21, 22

28/06 5a Laboratório/sala Neuroanatomia – TE, Cerebelo e Nervos cranianos – P

28/06 5a Revisão Estudo 20, 21, 22, 23

29/06 6ª Revisão Estudo 20, 21, 22, 23

02/07 2ª Revisão Estudo 20, 21, 22, 23

03/07 3a Laboratório/sala Neuroanatomia – Cérebro – Diencéfalo e Telencéfalo – T

03/07 3a Revisão Estudo 20, 21, 22, 23, 24

04/07 4ª Revisão Estudo 20, 21, 22, 23, 24

05/07 5a Laboratório/sala Neuroanatomia – Cérebro - Diencéfalo e Telencéfalo - P

05/07 5a Revisão Estudo 20, 21, 22, 23, 24, 25

06/07 6ª Revisão Estudo 20, 21, 22, 23, 24, 25

09/07 2ª Revisão Estudo 20, 21, 22, 23, 24, 25

10/07 3a Laboratório/sala Neuroanatomia – Cérebro – Vascularização e Meninges T/P

10/07 3a Revisão Estudo 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26

11/07 4ª Revisão Estudo 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26

12/07 5a Laboratório/sala Revisão Geral

ABRIL - 2018

D S T Q Q S S

1 2 3 4 5 6 7

8 9 10 11 12 13 14

15 16 17 18 19 20 21

22 23 24 25 26 27 28

29 30

MAIO – 2018

D S T Q Q S S

1 2 3 4 5

6 7 8 9 10 11 12

13 14 15 16 17 18 19

20 21 22 23 24 25 26

27 28 29 30 31

JUNHO – 2018

D S T Q Q S S

1 2

3 4 5 6 7 8 9

10 11 12 13 14 15 16

17 18 19 20 21 22 23

24 25 26 27 28 29 30

JULHO – 2018

D S T Q Q S S

1 2 3 4 5 6 7

8 9 10 11 12 13 14

15 16 17 18 19 20 21

22 23 24 25 26 27 28

29 30 31

JUNHO – 2018

D S T Q Q S S

1 2

3 4 5 6 7 8 9

10 11 12 13 14 15 16

17 18 19 20 21 22 23

24 25 26 27 28 29 30

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ANEXO 3

Avaliações

AVALIAÇÃO VALOR CONTEÚDO

T1 / P1 20,0 Sistemas Esquelético, Articular, Muscular

T2 / P2 20,0 Sistemas Circulatório, Respiratório e Digestório

T3 / P3 15,0 Sistemas Urinário e Genitais

T4 / P4 20,0 Sistema Neural

TOTAL 75,00

ED1 teórico 3,0 Sistemas Esquelético, Articular, Muscular

ED2 teórico 3,0 Sistemas Circulatório, Respiratório, Digestório

ED3 teórico 3,0 Sistemas Urinário, Genital Masculino, Genital Feminino

ED4 teórico 3,0 Sistema Neural

TOTAL 12,00

ED1/1 prático 1,0 Sistema Esquelético (Apendicular)

ED1/2 prático 1,0 Sistema Esquelético (Axial)

ED2 prático 1,0 Sistema Articular

ED3 prático 1,0 Sistema Muscular

ED4/1 prático 1,0 Sistema Circulatório (Coração)

ED4/2 prático 1,0 Sistema Circulatório (Vasos sanguíneos e Linfático)

ED5 prático 1,0 Sistema Respiratório

ED6 prático 1,0 Sistema Digestório

ED7 prático 1,0 Sistema Urinário

ED8 e ED9 prático 1,0 Sistemas Genital Masculino e Genital Feminino

ED10/1 prático 1,0 Sistema Neural

ED10/2 prático 1,0 Sistema Neural

ED10/3 prático 1,0 Sistema Neural

TOTAL 13,00

TOTAL 100,00

*T= avaliação teórica, P= avaliação prática, ED= estudo dirigido.