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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR MULHERES GRÁVIDAS E FATORES ASSOCIADOS Jeniffer Shiaosuan Chou Trabalho de Conclusão do Curso de Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Orientadora: Profa. Dra. Nicolina Silvana Romano Lieber São Paulo 2017

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Page 1: UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR MULHERES GRÁVIDAS E … assinado.pdf · diferentes métodos adotados. Alguns fatores podem estar relacionados ao uso de medicamentos: idade média

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica

UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR MULHERES GRÁVIDAS E FATORES

ASSOCIADOS

Jeniffer Shiaosuan Chou

Trabalho de Conclusão do Curso de

Farmácia-Bioquímica da Faculdade de

Ciências Farmacêuticas da

Universidade de São Paulo.

Orientadora:

Profa. Dra. Nicolina Silvana Romano

Lieber

São Paulo

2017

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SUMÁRIO

Pág.

Lista de Abreviaturas .......................................................................... 1

RESUMO .......................................................................................... 2

1. INTRODUÇÃO 4

2. OBJETIVOS 6

3. MATERIAIS E MÉTODOS 7

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 8

5. CONCLUSÃO 31

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 32

7. BIBLIOGRAFIA 33

8. APÊNDICES 41

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LISTA DE ABREVIATURAS

CAM Medicina Complementar e Alternativa

OMS Organização Mundial da Saúde

FDA Food and Drug Administration

EUM Estudos de Utilização de Medicamentos

ATC Anatomical Therapeutic Chemical

MIP Medicamentos Isentos de Prescrição

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RESUMO

CHOU, J.S. Utilização de medicamentos por mulheres grávidas e fatores associados. 2017. no. 47f. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017. Palavras-chave: gravidez, prevalência, medicamentos e CAM

INTRODUÇÃO: Após a tragédia da talidomida, foi dada maior atenção à segurança do uso de medicamentos por gestantes. Prescrever medicamentos para gestantes é um grande desafio, uma vez que se trata de uma população que está exposta a maiores riscos e pouco se sabe sobre o potencial teratogênico de alguns medicamentos. Além do uso de medicamentos, nos últimos anos, o uso da Medicina Complementar e Alternativa (CAM) tem aumentado entre mulheres grávidas, principalmente por acreditarem que as técnicas empregadas não são prejudiciais a sua saúde e nem à do feto, já que se trata de uma terapia natural. Estudos farmacoepidemiológicos, em particular Estudos de Utilização de Medicamentos, podem fornecer várias informações sobre os medicamentos. Devido aos riscos associados ao uso de medicamentos por mulheres grávidas e à limitação para a realização de estudos clínicos nessa população, este Trabalho de Conclusão de Curso buscou conhecer como gestantes utilizam medicamentos e aqueles mais utilizados a partir de estudos observacionais, além de fatores relacionados ao uso. OBJETIVO: Realizar revisão da literatura sobre o uso de medicamentos por mulheres grávidas, assim como o uso da CAM e verificar os fatores associados. MATERIAIS E MÉTODOS: Levantamento bibliográfico das bases de dados PubMed, Lilacs e Scielo, com seleção de artigos através de palavras chave e período determinados e critérios de exclusão pré-estabelecidos. Foram feitas tabelas organizadas em diferentes categorias a fim de comparar os dados e analisá-los de acordo com os objetivos deste estudo. RESULTADOS: Foram incluídos 37 artigos, sendo que 48,6% foram realizados em países desenvolvidos, o que pode estar relacionado ao maior acesso à tecnologia e ferramentas necessárias para o desenvolvimento de pesquisas. A prevalência do uso de medicamentos por mulheres grávidas observada foi de 27,0 a 100,0% sendo que 1,1 a 72,4% se automedicaram. A variação observada nos valores encontrados pode estar relacionada aos locais de realização dos estudos e diferentes métodos adotados. Alguns fatores podem estar relacionados ao uso de medicamentos: idade média de 26 anos, escolaridade de 9 a 11 anos, mulheres casadas ou em união estável, maior renda, presença de doenças mentais e ausência de doenças crônicas. Em relação ao uso de CAM durante a gravidez, a prevalência observada foi de 4,3 a 88,4%. Esta variação pode estar relacionada aos diferentes critérios adotados pelos estudos e pela categorização errônea de alguns produtos/métodos. Alguns fatores foram relacionados ao uso de CAM: idade 20-30 anos, mulheres não brancas, maior escolaridade, menor renda, casadas ou em união estável, que trabalham e sem ou com somente um filho. CONCLUSÃO: Existem poucos estudos referentes à utilização de medicamentos e CAM por mulheres grávidas, mas, ao mesmo tempo, verificou-se que existem

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estudos de diversas regiões do mundo, ressaltando a importância deste tema na atualidade. Existe alta prevalência no uso de medicamentos e CAM, onde ao menos 25,0% das mulheres grávidas fizeram o uso. Poucos estudos fizeram a avaliação dos fatores associados, não se podendo, portanto, generalizar os resultados encontrados.

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1. INTRODUÇÃO

A década de 1950 foi um período marcado pelo surgimento de diversos

medicamentos, dentre os quais se destacou a talidomida, que foi lançada no

mercado com diversas finalidades e anunciada pela empresa fabricante como

"inteiramente atóxica". No entanto, atualmente, é sabido que os testes clínicos

realizados em animais foram relapsos, não houve monitoramento de testes em

humanos e tampouco estudos de impacto do medicamento em mulheres

grávidas26. Na época, os efeitos adversos à talidomida começaram a surgir e o

que mais se destacou foi a focomelia, observada em milhares de crianças recém-

nascidas13,24,26. Foi a partir deste episódio histórico que foi dada maior atenção à

segurança do uso de medicamentos por mulheres grávidas13,24,11,15,36.

Até a década de 1960 (antes da tragédia da talidomida), acreditava-se que

a barreira placentária era capaz de proteger o feto de qualquer agressão

farmacológica13. Porém, hoje, sabe-se que a maior parte dos medicamentos

utilizados por gestantes consegue atravessar a placenta e atingir a corrente

sanguínea do feto3 e que mudanças fisiológicas ocorrem na mulher, podendo

alterar a farmacocinética dos medicamentos13,45. Porém, pouco se sabe sobre

como ocorre a transferência na placenta8 e ainda se desconhece o potencial

teratogênico de muitos medicamentos utilizados por gestantes13, uma vez que, por

questões éticas e de segurança à paciente, existe uma limitação na realização de

estudos de medicamentos com mulheres grávidas13,27. Deste modo, o

monitoramento da segurança do uso de medicamentos por gestantes se faz

principalmente a partir de programas de farmacovigilância e estudos

farmacoepidemiológicos, os quais ainda são escassos na literatura científica.

O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido aconselha que os

medicamentos devem ser prescritos durante a gestação somente se o benefício

esperado para a mãe for maior do que o risco para o feto36,37 e todos os

medicamentos devem ser evitados, se possível, durante o primeiro trimestre de

gravidez37. Por outro lado, muitas mulheres, por falta de informação, acabam

tendo crenças de que todos os medicamentos podem oferecer riscos ao feto,

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fazendo com que elas deixem de se tratar quando necessário37. Ainda, há as que

buscam outras alternativas como a Medicina Complementar e Alternativa (CAM),

que incluem, por exemplo, o uso de plantas medicinais.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 85% das pessoas do

mundo usam plantas medicinais para tratar a saúde e cerca de 80% das pessoas

que vivem em países em desenvolvimento dependem da CAM para as suas

necessidades básicas de saúde37. Nos últimos anos, o uso da CAM tem

aumentado entre mulheres grávidas, principalmente por acreditarem que as

técnicas empregadas não são prejudiciais a sua saúde e nem à do feto, já que se

trata de uma terapia natural. Porém é sabido que existem muitos tipos de plantas,

por exemplo, que possuem efeito teratogênico e que são contraindicadas durante

o período de gestação. Além disso, grande parte das terapias utilizadas na CAM

não possuem evidências científicas de eficácia.

A fim de orientar o prescritor na escolha terapêutica mais adequada para

uma gestante, o Food and Drug Administration (FDA) criou um sistema de

classificação para medicamentos em relação ao risco oferecido para a gravidez49,

apresentado no Quadro 1.

Quadro 1- Classificação de risco para medicamentos utilizados durante a

gravidez pelo Food and Drug Administration – FDA - USA

Classificação FDA

A medicamentos que não demonstram risco fetal em estudos controlados com gestantes

B medicamentos que não demonstram risco fetal em estudos com animais, mas não existem estudos controlados com gestantes ou que demonstram risco fetal em estudos com animais, mas não em estudos controlados com gestantes

C medicamentos que não foram realizados estudos em animais ou em mulheres gestantes ou demonstram risco fetal em animais e não existem estudos controlados em mulheres gestantes

D medicamentos que possuem evidências positivas de risco fetal humano, porém os benefícios para a mulher gestante podem justificar o risco

X medicamentos que demonstram evidências de risco fetal em estudos em animais e gestantes e que, portanto, são contra-indicados durante a gestação, sendo que o risco fetal supera qualquer benefício para a mulher gestante

No entanto, recentemente, em 2015, este sistema foi substituído pela regra

de rotulagem de gravidez e lactação ("Pregnancy and Lactation Labelling Rule")

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para dar suporte aos agentes de saúde para avaliar o benefício versus o risco do

uso do medicamento e, posteriormente, aconselhar a mulher gestante que

necessita de medicamento, permitindo que elas tomem decisões melhores para si

mesmas e para seus filhos50. Esta nova regra estabelece novos e melhores

padrões para inclusão de informações sobre o uso de medicamentos prescritos e

produtos biológicos durante a gravidez e amamentação, já que centraliza

informações pertinentes que eram encontradas em diferentes partes dos rótulos47.

Acredita-se que nos últimos 30 anos, houve um aumento substancial no

consumo de medicamentos durante a gestação19. Prescrever medicamentos para

mulheres grávidas é um grande desafio, uma vez que se trata de uma população

que está exposta a maiores tipos de riscos. A presença de uma equipe

multidisciplinar é essencial para medir os benefícios e os riscos para a mãe e o

feto. Além disso, um programa de farmacovigilância também tem um importante

papel para identificação dos riscos que os medicamentos podem causar às

gestantes.

Estudos farmacoepidemiológicos, em particular Estudos de Utilização de

Medicamentos (EUM), podem fornecer várias informações sobre os

medicamentos, por exemplo, a prevalência da prescrição médica e a forma de uso

dessa tecnologia por diferentes grupos populacionais. Devido aos riscos

associados ao uso de medicamentos por mulheres grávidas e à limitação para a

realização de estudos clínicos nessa população, este Trabalho de Conclusão de

Curso buscou conhecer como gestantes utilizam medicamentos e aqueles mais

utilizados a partir de estudos observacionais, além de fatores relacionados ao uso.

Nesse contexto, os EUM representam instrumentos decisivos na elaboração de

políticas governamentais na área da saúde.

2. OBJETIVO

Realizar revisão da literatura sobre o uso de medicamentos por mulheres

grávidas, assim como o uso da medicina alternativa e complementar e verificar os

fatores associados.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

Para este estudo, foram pesquisados artigos científicos disponíveis nas

bases de dados PubMed, Lilacs e Scielo. A busca foi feita através das seguintes

palavras chave: pregnancy, pharmacoepidemiology, pharmacovigilance,

drugsafety, drugrisk, prescription drugs, self medication, drug-related problems,

adverse event, phytoterapy e beliefs e seus correspondentes em português. Para

a seleção dos artigos incluídos neste trabalho, uma triagem foi realizada a partir

da identificação da data de publicação, idioma e leitura dos títulos dos artigos.

Somente os estudos publicados entre 01/01/2011 e 31/07/2016, escritos em

português ou inglês e aqueles que através do título fossem referentes à

prevalência do uso de medicamentos por mulheres grávidas e à segurança do uso

de medicamentos na população de gestantes foram selecionados. Após isto, uma

segunda triagem foi feita avaliando-se a relação do conteúdo do estudo com o

tema deste trabalho, a partir da leitura do resumo/abstract. Todos os artigos

repetidos foram excluídos.

Deste modo, foram excluídos artigos publicados até o ano de 2010, artigos

escritos em idiomas que não fossem português e inglês, artigos específicos

referentes a mulheres grávidas com doenças crônicas, artigos referentes a

período de gravidez que não estivessem relacionados à utilização de

medicamentos e à finalidade deste trabalho, estudos específicos para somente um

medicamento ou tipo de medicamento e artigos focados em crianças.

Para organização dos resultados, foi utilizado o programa Microsoft Excel©

2007. Foram feitas tabelas para organizar os principais dados de cada artigo e,

depois, essas foram separadas em diferentes categorias (prevalência do uso de

medicamentos, prevalência da automedicação, prevalência do uso de

medicamentos por tipo, prevalência do uso de medicamentos segundo

classificação ATC, prevalência do uso de medicamentos segundo classificação

FDA, prevalência do uso de medicina complementar e alternativa e fatores

sociodemográficos) a fim de comparar os dados e análisá-los de acordo com os

objetivos deste estudo.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a realização deste trabalho, foram incluídos 37 artigos. Primeiramente,

todos foram avaliados quanto à região em que o estudo foi realizado e identificou-

se que 11 foram na Europa, 5 na América do Norte, 7 na América do Sul, 6 na

África, 2 na Ásia Oriental, 3 no Oriente Médio, 2 na Oceania e 1 em mais de uma

região (estudo multicêntrico). Os artigos e seus respectivos ano e local de estudo

estão apresentados no Apêndice 1.

Figura 1 - Fluxograma de seleção de artigos nas bases de dados.

A distribuição dos estudos por região é apresentada na Tabela 1. Observa-

se que 48,6% dos estudos (n=18) foram realizados em países desenvolvidos

(considerando países da Europa, América do Norte e Oceania) e isto pode estar

relacionado à maior renda dessas regiões o que leva ao maior investimento,

acesso à tecnologia e a ferramentas necessárias para o desenvolvimento de

pesquisas. No entanto, independentemente do nível socioeconômico, estudos

sobre o uso de medicamentos e medicina complementar e alternativa (CAM)

foram observados em diversas regiões do mundo, mostrando a relevância deste

tema. Entretanto, verifica-se que alguns estudos (24,3%; n=9) foram realizados em

Total encontrado: 2388 artigos

Primeira triagem: 81

artigos

Segunda triagem: 37

artigos

Excluídos 2307 artigos:

• com período de publicação até 2010

• não escrito em português ou inglês

• sem título relacionado ao tema do TCC

Excluídos 44 artigos:

• adotando-se os critérios de exclusão, após avaliação do resumo/abstract

• repetidos

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países de economia periférica, por exemplo, onde há dificuldade de acesso às

redes de saúde e à informação, como no caso dos países da África e algumas

regiões do Oriente Médio. Esses estudos são importantes para mostrar os

problemas encontrados nessas regiões e discutir soluções e melhorias para a

utilização de medicamentos por essa população.

Tabela 1 – Estudos sobre utilização de medicamentos e medicina

complementar alternativa por mulheres grávidas publicados no período de

01/01/2011 e 31/07/2016, segundo região de realização do estudo

Região n %

Total 37 100,0

Europa 11 29,7

América do Norte 5 13,5

América do Sul 7 18,9

África 6 16,2

Oriente Médio 3 8,1

Ásia Oriental 2 5,4

Oceania 2 5,4

Multicêntrico 1 2,7

Em relação ao ano de publicação dos artigos selecionados para este

estudo, é observada uma possível tendência de redução do número de

publicações de estudos relacionados ao uso de medicamentos e CAM durante a

gravidez. Contudo, este trabalho inclui apenas estudos dos últimos 5 anos e a

tendência do número de publicações poderia ser melhor avaliada em um período

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de tempo maior. Além disso, dados relativos ao ano de 2016 equivalem até o mês

de julho e não ao ano todo.

Figura 2 - Gráfico do número de estudos de utilização de medicamentos por

gestantes, de acordo com o ano de publicação

4.1. Prevalência do uso de medicamentos

A tabela 2 mostra a prevalência de uso de medicamentos por mulheres

grávidas. Nota-se que existe uma grande variação nos valores encontrados

(27,0% a 100,0%), isso pode ser explicado devido à grande diversidade dos

estudos referentes, por exemplo, às diferentes localidades em que os estudos

foram realizados, como zonas rurais ou urbanas, regiões mais ou menos

desenvolvidas, dificuldade de acesso a informações e medicamentos. Por

exemplo, no tocante a medicamentos, alguns autores consideraram vitaminas e

suplementos como medicamentos, enquanto outros não, o que também pode ter

contribuído para explicar a variedade dos resultados encontrados. Esses fatores

também foram discutidos por Daw et al.17 que destacaram a necessidade de

melhorar padrões para estudos de uso de medicamentos por mulheres grávidas.

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Tabela 2 - Prevalência de uso de medicamentos por mulheres grávidas

em estudos publicados no período de 01/01/2011 e 31/07/2016, segundo o

período da gestação

Autor Ano

Prevalência de uso de medicamentos (%)

Antes do período de

gravidez

Durante o período de

gravidez

Primeiro trimestre

Segundo trimestre

Terceiro trimestre

Abasiubong et al. 2012

27,6

Adhikari et al. 2011

97,7

Al-Riyami et al. 2011

51,0

48,0 49,0 48,0

Andrade et al. 2014

97,4

Bérard et al. 2014

74,6 59,0 47,0 36,2 37,3

Brum et al. 2011 90,0

Crespin et al. 2011

96,2

Daw et al. 2011

27,0 a 99,0

Kassada et al. 2015

94,7 18,0 55,8 26,1

Lunardi-Maia et al. 2014

46,7 97,6

Mosha et al. 2014

98,5

Odalovic et al. 2012

29,9 34,7 16,1 26,7

Oliveira Filho et al. 2012

96,9

Palmstem et al. 2015

52,3 82,5 53,9 54,8 57,3

Rocha et al. 2013

96,6

Sevene et al. 2012

41,0 6,8 51,0 50,1

Shulman 2015

76,4

Smedberg et al. 2016

100,0

Stephansson et al. 2011

57,6

Além disso, os valores dos estudos podem estar subestimados ou

superestimados. O viés da memória, por exemplo, foi citado em todos os estudos

que utilizaram entrevistas ou questionários como meio de obtenção de dados,

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subestimando os dados de prevalência. Por outro lado, estudos que utilizaram

bases de dados incluíram, em geral, somente medicamentos que foram prescritos

e que eram reembolsáveis, desconsiderando Medicamentos Isentos de Prescrição

(MIP), e também consideraram que os medicamentos dispensados (observados

nessas bases de dados) eram utilizados, desconsiderando o não consumo do

medicamento, apesar da compra, como foi observado no estudo realizado por

Adhikari et al.3.

Somente quatro estudos avaliaram a prevalência do uso de medicamentos

no período antes e durante a gravidez. Em geral, os estudos observaram aumento

do uso durante o período de gestação em comparação ao período anterior

(Lunardi-Maia et al.27, Odalovic et al.32 e Palmstem et al.34), somente Bérard et al.9

encontraram redução. Lunardi-Maia et al27 associaram o aumento do uso de

medicamentos ao início da assistência pré-natal, em que profissionais da saúde

fornecem prescrições medicamentosas principalmente para os sintomas comuns

do começo de uma gestação, permitindo maior acesso aos medicamentos. Os

outros estudos não discutiram sobre o aumento que observaram. Uma das causas

para a diferença de dados observada por Bérard et al.9 em relação aos outros

estudos pode estar relacionada aos métodos e critérios utilizados. Esses autores

utilizaram base de dados referentes a medicamentos prescritos e reembolsáveis e

questionários que foram enviados às mulheres com questões relacionadas ao

período de gravidez, incluindo medicamentos prescritos, vitaminas e MIPs;

Lunardi-Maia et al.27 utilizaram entrevistas diretas com mulheres gestantes e

incluíram medicamentos prescritos, MIPs e vitaminas e suplementos; Odalovic et

al.32 utilizaram questionários e incluíram medicamentos prescritos e MIPs,

excluindo vitaminas e suplementos; e Palmstem et al.34 utilizaram somente base

de dados referentes a medicamentos prescritos e reembolsáveis e não incluíram

vitaminas em seu estudo.

Com relação ao uso durante o período de gestação, foi observado que há

aumento do uso de medicamentos durante o segundo e terceiro trimestres em

comparação ao primeiro trimestre. Kassada et al.24 e Brum et al.11 sugerem que

esta diferença pode estar relacionada ao maior número de consultas de mulheres

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grávidas com profissionais da saúde a partir do segundo trimestre, o que aumenta

a possibilidade de prescrições medicamentosas. Já Sevene et al.42 relacionam o

fato com a localidade, onde a maior parte das mulheres que vivem em países em

desenvolvimento iniciam consultas pré-natal a partir do segundo trimestre e o viés

da memória poderia ser um fator a ser considerado. Bérard et al.9, ao contrário

dos outros estudos, observaram a redução do uso de medicamentos no segundo e

terceiro trimestres em comparação com o primeiro trimestre. Apesar de não

discutirem este dado, também foi observado que houve a redução do uso de

antieméticos, antibióticos e antidepressivos durante o segundo e terceiro

trimestres de gestação, o que poderia estar relacionado aos diferentes sintomas

experimentados em diferentes fases da gestação.

4.1.1 Fatores associados ao uso de medicamentos por mulheres

grávidas

Somente Kassada et al.24 fizeram a avaliação dos fatores associados ao

uso de medicamentos por mulheres grávidas. Em seu estudo, observaram que o

maior uso de medicamentos estava relacionado a mulheres gestantes com idade

média de 26 anos; com 9 a 11 anos de estudo; casadas, as quais foram

associadas com a probabilidade de ter maior renda e assim maior acesso a

compra de medicamentos; com doenças mentais, podendo estar associada com o

uso contínuo de medicamentos prescritos; e sem doenças crônicas, por

provavelmente estar relacionado à prescrição medicamentosa menos criteriosa

para mulheres que não possuem doenças pré existentes.

4.2. Prevalência da automedicação

Conforme a Tabela 3, oito estudos avaliaram a automedicação por

mulheres durante o período da gravidez. Foi observado que a taxa de prevalência

de automedicação por mulheres grávidas variou de 1,1 a 72,4%. A alta variação

pode estar relacionada aos diferentes critérios de inclusão adotados pelos autores,

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como por exemplo, Abasiubong et al.1 e Brum et al.11 que incluíram produtos

herbais e Odalovic et al.32 que excluíram vitaminas e suplementos. Outra causa

que poderia estar associada é a localidade em que os estudos foram realizados.

Regiões em que o sistema de saúde é ainda precário dificultam o acesso a

unidades de saúde, levando ao uso de medicamentos sem prescrição médica por

necessidade39.

Tabela 3 - Prevalência da automedicação por mulheres grávidas em estudos

publicados no período de 01/01/2011 e 31/07/2016

Autor Ano

Automedicação (%)

Antes do período de gravidez

Durante o período de gravidez

Abasiubong et al. 2012

72,4

Brum et al. 2011

50,0

Andrade et al. 2014

1,1

Campos et al. 2012

9,1

Kassada et al. 2015

2,0

Odalovic et al. 2012

15,1 8,7

Rocha et al. 2013

11,3

Zormedijk et al. 2014

32,8

Os valoresmais baixos de prevalência que foram observados podem indicar

que mulheres não estão relatando o real uso de medicamentos sem prescrição.

Andrade et al7sugeriram que o sub relato pode estar associado a um julgamento

prévio, ou seja, gestantes podem ter receio em relatar a automedicação por medo

de serem julgadas. Além disso, muitas vezes, pode haver diferença na

interpretação da palavra "medicamentos", fazendo com que alguns produtos não

sejam relatados. Esta diferença foi apontada por Andrade et al7 que verificou que

parte das participantes não havia relatado o uso de vitaminas, suplementos e

minerais por acharem que não se enquadravam na categoria de

medicamentos.Outra possibilidade para o valor baixo de prevalência encontrado

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por alguns autores poderia estar associada à crença de que qualquer tipo de

medicamento pode prejudicar a gravidez, como relataramCampos et al12.

Já a alta prevalência de automedicação por mulheres grávidas observada

em alguns estudos pode indicar que esta população pode não estar ciente dos

riscos que os medicamentos podem oferecer a sua saúde e à do feto. Brum et al11

e Kassadaet al24observaram que 57,0% e 60,2%, respectivamente, das mulheres

que participaram de seus estudos, não havia recebido informação sobre os riscos

do uso de medicamentos durante a gravidez.

Com relação ao período anterior e posterior à gravidez, foi observado que

houve redução no uso de medicamentos sem prescrição médica.Odalovicet al32

não discutiram sobre esta relação. No entanto, isso pode estar associado aos

mesmos fatores discutidos para os valores baixos de prevalências de

automedicação.

Além dos dados apresentados na Tabela 3, dois estudos fizeram a

avaliação da quantidade de medicamentos utilizados por automedicação em

relação ao total de medicamentos utilizados por gestantes. Brum et al11e Lunardi-

Maia et al27observaram que entre os medicamentos utilizados por mulheres

durante a gravidez, 16,4% e 9,2%, respectivamente, representavam o número de

medicamentos usados sem prescrição médica. Lunardi-Maia et al27 também

observaram que antes do conhecimento do diagnóstico da gravidez, a quantidade

de medicamentos usados por automedicação era quase o dobro dos prescritos

(64,9% e 35,1%, respectivamente) e que após o diagnóstico da gravidez, houve

redução na quantidade de medicamentos sem prescrição médica (64,9% para

9,2%) e aumento na quantidade de medicamentos prescritos (35,1% para 90,8%).

Apesar dos dados mostrarem que durante o período da gravidez existe o

acompanhamento profissional para uso de alguns medicamentos, ainda existe

uma grande parcela de mulheres gestantes que se automedicam.

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16

4.2.1 Fatores associados à automedicação por mulheres grávidas

Somente Abeje et al.2 avaliaram os fatores associados à automedicação por

mulheres grávidas e observaram que mulheres que tiveram mais de uma gravidez,

que estavam doentes e que foram atendidas em um centro de saúde localizado

em zona rural tiveram maior chance de se automedicarem durante a gravidez. Os

autores discutiram que entre os motivos para a automedicação houve a percepção

de que a doença era menos grave, dificuldade de acesso a centros de saúde, por

estarem fechados no momento em que o medicamento se fez necessário e

consideração de que o medicamento era seguro por já terem usado anteriormente.

4.3. Prevalência do uso de medicamentos segundo classificação Food and

Drug Administration (FDA)

Treze estudos fizeram a avaliação sobre o uso de medicamentos por

mulheres grávidas segundo a categorização FDA, conforme Tabela 4. Verificou-se

que os medicamentos da categoria A foram os mais consumidos por mulheres

gestantes, enquanto que os menos usados foram os de classe D e X.

Tabela 4 - Prevalência do uso de medicamentos segundo a classificação

FDA por mulheres grávidas – estudos publicados entre 01/01/2011 e

31/07/2016

Autor Ano

Classificação FDA

Período de gravidez

A* B* C* D* X* Não classificados

Desconhecidos

Al-Riyami et al. 2011

Anterior 13,0 25,0 22,0 4,0 13,0 8,0 15,0

Primeiro Trimestre

52,0 19,0 12,0 1,0 0,3 14,0 1,0

Segundo Trimestre

43,0 24,0 16,0 1,0 0,0 16,0 1,0

Terceiro Trimestre

45,0 21,0 13,0 1,0 0,0 20,0 0,0

(Continua)

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17

Tabela 4 - Prevalência do uso de medicamentos segundo a classificação

FDA por mulheres grávidas – estudos publicados entre 01/01/2011 e

31/07/2016

(Continuação)

Autor Ano

Classificação FDA

Período de

gravidez A* B* C* D* X*

Não classificados

Desconhecidos

Brum et al. 2011

46,4 35,9 17,5

Kao et al. 2014

0,6 0,5

Kassada et al. 2015

52,6 31,5 13,6 1,3 1,04

Lunardi-Maia et al. 2014

Anterior 4,7 33,1 33,1 22,3 0,7 6,1

Durante 37,5 23,6 33,6 3,7 0,1 1,5

Mosha et al. 2014

93,6 25,5 23,4 4,6 0,0

Odalovic et al. 2012

Anterior 3,9 18,0 10,0 2,9 0,3

Durante 60,8 19,6 10,3 10,9 0,0

Palmstem et al. 2015

39,6 5,3

Rocha et al. 2013

26,4 30,1 8,6 6,4 20,5 8,0

Sevene et al. 2012

14,5 50,4 19,1 16,0 0,0

Thorpe et al. 2013

3,0 29,0 39,0 6,0 23,0

Zormedijk et al. 2014

0,66

*Classificação FDA: A- medicamentos que não demonstram risco fetal em estudos controlados com gestantes; B -

medicamentos que não demonstram risco fetal em estudos com animais, mas não existem estudos controlados com

gestantes ou que demonstram risco fetal em estudos com animais, mas não em estudos controlados com gestantes; C -

medicamentos que não foram realizados estudos em animais ou em mulheres gestantes ou demonstram risco fetal em

animais e não existem estudos controlados em mulheres gestantes; D - medicamentos que possuem evidências positivas

de risco fetal humano, porém os benefícios para a mulher gestante podem justificar o risco; X - medicamentos que

demonstram evidências de risco fetal em estudos em animais e gestantes e que, portanto, são contra-indicados durante a

gestação

A alta prevalência do uso de medicamentos classe A durante a gravidez

pode estar relacionada ao maior uso de ácido fólico e sulfatos ferroso, como é

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18

recomendado pela OMS40. Em relação aos medicamentos D e X, ainda que

representaram as classes que menos foram utilizadas durante a gravidez, foi visto

que havia uma parcela de mulheres grávidas que ainda utilizava esses

medicamentos. Esta parcela pode estar relacionada ao uso de medicamentos

destas classes quando ainda não se conhecia o diagnóstico da gravidez7,23 como,

por exemplo, o uso de anticoncepcionais que foram a classe de medicamentos

mais representadas entre os medicamentos de risco nos estudos de Lunardi-Maia

et al.27 e Kassada et al.24 ou ainda, o uso de medicamentos para doenças crônicas

para as quais não havia alternativas terapêuticas. Além disso, Weng et al.51

observaram que médicos mais velhos e especialistas que não eram

obstetras/ginecologistas prescreveram mais medicamentos de risco, mostrando a

falta de conhecimento de prescrições e guias de medicamentos teratogênicos.

Somente três estudos avaliaram o uso de medicamentos na classificação

FDA nos períodos anterior e durante a gravidez. Lunardi-Maia et al.27, Odalovic et

al.32 e Al-Riyami et al.5 observaram que o uso de medicamentos classe A

aumentou em pelo menos 33% durante o período de gravidez em relação ao

período anterior. Isso se deve principalmente ao aumento do uso de ácido fólico e

sulfato ferroso que são categorizados como A, assim como já discutido

anteriormente. Além disso, os estudos indicaram uma redução do uso de

medicamentos classe X durante a gravidez, o que pode indicar o conhecimento

dos prescritores em substituir ou parar de prescrever os medicamentos de alto

risco5.

Para as categorias de medicamentos B, C, D e não classificados, foram

verificadas diferenças nos valores achados pelos 3 estudos. Isto ocorreu

provavelmente devido a diferentes regiões e populações estudadas e também às

diferentes classificações que os autores podem ter atribuído a um mesmo

medicamento, uma vez que há falta de clareza quanto à classificação FDA como

Odalovic et al.32 sugerem. Também foi observado que o uso de medicamentos não

classificados é utilizado por mulheres grávidas. Essa classificação corresponde

principalmente a preparações naturais, as quais são isentas da classificação

FDA5, mas nem por esta razão devem ser consideradas seguras para utilização

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19

durante a gravidez, uma vez que é sabido que existem plantas que possuem efeito

abortivo, por exemplo. Também foi visto em alguns estudos, que medicamentos

"desconhecidos" também foram utilizados por mulheres gestantes. Esses

medicamentos devem ser evitados durante a gravidez, uma vez que

correspondem àqueles que não possuem dados de segurança na literatura

científica.

4.3.1. Fatores associados ao uso de medicamentos de risco por

mulheres grávidas

Segundo a classificação FDA, medicamentos de alto risco teratogênico são

os categorizados como C, D e X e os de baixo risco, como A e B. Somente

Andrade et al.7 avaliaram os fatores associados ao uso de medicamentos de risco

por mulheres grávidas e observaram que foi associado a maior idade, maior renda

familiar, maior escolaridade, casadas, com acesso a pré-natal e parto na rede

privada. Os autores discutiram que os resultados encontrados estão ligados à

educação que permite acesso a maior renda, o que facilita o acesso a diferentes

condutas relacionadas à saúde. Além disso, neste estudo também foi observada

associação positiva do uso de medicamentos de risco com prescrição médica e

com ausência de morbidades ou intercorrências de saúde.

4.4. Prevalência do uso de medicamentos por tipo

Foi observado que a média de medicamentos usados por gestantes variou

de 1,5 a 9. A alta prevalência de uso de medicamentos por mulheres gestantes

pode ser explicada principalmente devido ao aumento do uso de ácido fólico e

sulfato ferroso, como é recomendado pela OMS40. Lunardi-Maia et al.27,

evidenciaram que o uso de antianêmicos e vitaminas correspondeu a 67,5% dos

medicamentos usados durante o primeiro trimestre. Odalovic et al.32, verificaram

que 60,8% dos medicamentos usados durante o primeiro trimestre correspondia a

Page 22: UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR MULHERES GRÁVIDAS E … assinado.pdf · diferentes métodos adotados. Alguns fatores podem estar relacionados ao uso de medicamentos: idade média

20

antianêmicos e Al-Riyami et al.5 observaramque 84% dos medicamentos usados

durante o primeiro trimestre eram antianêmicos e vitaminas.

Outros fatores associados à alta prevalência do uso de medicamentos

podem ser a presença de doenças crônicas e o aparecimento de complicações

agudas durante a gravidez. As doenças crônicas mais comuns observadas nos

estudos foram asma, depressão, hipertensão, diabetes, hipotireoidismo,

alergias9,32,45 e, nas regiões mais pobres, malária, AIDS e sífilis28,42. Dentre as

complicações agudas mais comuns estavam azia / refluxo, náuseas e vômitos,

infecções urinária e genital32,45. Isso condiz com os resultados de medicamentos

mais utilizados, sendo os antianêmicos, suplementos e vitaminas, antiinfecciosos

e analgésicos e antipiréticos os mais utilizados durante o período da gestação. A

tabela de prevalência de uso de medicamentos por mulheres grávidas de acordo

com o tipo está apresentada no Apêndice 2.

4.4.1. Prevalênciado uso de medicamentos segundo a classificação

Anatomical Therapeutic Chemical (ATC)

A classificação Anatomical Therapeutic Chemical (ATC) categoriza os

medicamentos em grupos anatômicos e terapêuticos e é adotada pela

Organização Mundial da Saúde (OMS)24.

Seis estudos fizeram a avaliação do uso de medicamentos durante a

gravidez segundo a classificação ATC e verificou-se que os medicamentos

classificados como A (trato alimentar e metabolismo), B (sangue e órgãos

hematopoiéticos) e J (anti-infecciosos de uso sistêmico) são os mais utilizados

durante o período de gravidez. Isso condiz com as doenças e tipos de

medicamentos mais utilizados neste período, como apontado anteriormente. Já

medicamentos de classe C (sistema cardiovascular), H (preparações para o

sistema hormonal), L (antineoplásicos e agentes imunomodulantes), P (produtos

antiparasitários, inseticidas e repelentes) e S (órgãos sensoriais) foram os menos

utilizados. Observou-se uma considerável parcela da população estudada

utilizando medicamentos de risco (como G sistema genitourinário e hormônios

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21

sexuais e N sistema nervoso, por exemplo), o que pode ter a mesma explicação já

descrita anteriormente para os medicamentos de risco de classificação FDA.

Somente três estudos27,32,46 avaliaram o uso de medicamentos na classificação

ATC nos períodos anterior e durante a gestação. Todos observaram um aumento

no uso de medicamentos B (sangue e órgãos hematopoiéticos), o que pode

indicar o maior uso de antianêmicos durante a gravidez, como discutido por

Lunardi-Maia et al.27, Odalovic et al.32 e Al-Riyami et al.5. Campos et al.12

relataram redução do uso de medicamentos das classes M (sistema muscular) e N

(sistema nervoso) e associaram isso ao medo das mulheres em usar

medicamentos durante a gravidez. Para as outras classes, foram encontradas

divergências nos valores obtidos, o que pode ser explicado pelas diferenças dos

métodos utilizados nos estudos. A utilização de entrevistas e questionários podem

gerar o viés de memória como um fator de subestimação de valores. Por outro

lado, estudos feitos a partir de banco de dados podem ter tanto valores

subestimados como superestimados, pois pode haver erro de cadastramento de

medicamentos no sistema, como foi apontado por Cea-Soreano et al.14 em estudo

utilizando base de dados. A tabela com a prevalência do uso de medicamentos

por mulheres grávidas de acordo com a classificação ATC está apresentada no

Apêndice 3.

4.5. Uso de Medicina Complementar e Alternativa (CAM)

Segundo o Centro Nacional para Medicina Complementar e Alternativa dos

EUA, CAM é um grupo de sistemas médicos e de saúde diversos e de produtos

que não são considerados parte da medicina convencional20. Alguns exemplos de

CAM são acupuntura, medicina tradicional (a soma de conhecimentos, habilidade

e práticas baseadas em teorias, crenças e experimentos nativos em diferentes

culturas utilizadas para manter a saúde e prevenir, diagnosticar ou tratar uma

doença física ou mental29), aromaterapia, homeopatia, fitoterapia, etc. Kalder et

al.22 observaram que durante o período da gravidez, as CAM mais utilizadas são

acupuntura (30%), homeopatia (19%) e fitoterapia (15%).

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22

A prevalência do uso da CAM foi estudada em doze artigos, os quais estão

apresentados na Tabela 5. Os métodos mais utilizados nos estudos foram

entrevistas e questionários envolvendo de 205 a 14115 participantes. Foi

encontrada uma grande diversidade na prevalência do uso de CAM durante a

gravidez (4,3 a 88,4%). Bishop et al.10 apontaram que isso pode estar relacionado

aos diferentes critérios adotados nos estudos, uma vez que nem todos

consideraram todos os tipos de CAM ou incluíram vitaminas, minerais ou

suplementos por exemplo; ou à categorização errada do tipo de CAM, como por

exemplo a inclusão de um produto em mais de uma categoria.

Tabela 5 - Prevalência de uso de Medicina Complementar e Alternativa (CAM)

por mulheres grávidas em estudos publicados no período de 01/01/2011 e

31/07/2016, segundo período da gestação e automedicação

Autor Ano

Automedicação durante o período de

gravidez (%)

Uso de CAM (%) no período de gravidez

Anterior Durante Primeiro Trimestre

Segundo Trimestre

Terceiro Trimestre

Abeje et al. 2015

25,1 plantas medicinais

Ali-Shtayeh et al. 2015

88,4 plantas medicinais

Al-Ramahi et al. 2013

45,3 plantas medicinais

40,0 plantas medicinais

35,8

Bishop et al. 2011

26,7 CAM 17,6 chás herbais 14,4 homeopatia

20,0 produtos herbais

6,0 12,4 26,3

Frawley et al. 2015

77,9 plantas medicinais

34,4 plantas medicinais

Holst et al. 2011

57,8 plantas medicinais

Kalder et al. 2011

37,1 CAM 50,7 CAM

Kennedy et al. 2016

29,3 plantas medicinais

(Continua)

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23

Tabela 5 - Prevalência de uso de Medicina Complementar e Alternativa (CAM)

por mulheres grávidas em estudos publicados no período de 01/01/2011 e

31/07/2016, segundo período da gestação e automedicação

(Continuação)

Autor Ano

Automedicação durante o período de

gravidez (%)

Uso de CAM (%) no período de gravidez

Anterior Durante

Primeiro Trimestre

Segundo Trimestre

Terceiro Trimestre

Nergard et al. 2015

79,9 plantas medicinais

43,9

Nordeng et al .2011

29,8 plantas medicinais

61,8 plantas

medicinais

39,7 plantas medicinais

4,3 homeopatia

24,3 plantas

medicinais

Sibbritt et al. 2014

15,2 aromaterapia

Somente dois estudos avaliaram o uso de CAM nos períodos anterior e

durante a gravidez. Kalder et al.22 observaram que houve um aumento na

utilização de CAM durante a gravidez em comparação com o período anterior. Os

autores discutiram que este aumento poderia estar relacionado a fatores

psicológicos, porém não avaliariam isto em seu estudo. A crença de que CAM

inclui produtos e métodos mais naturais e que por isso são mais seguros para

utilizar durante a gravidez poderia estar relacionado com o aumento observado. Já

Nordeng et al.31 observaram a redução do uso de plantas medicinais durante o

período de gestação, porém não discutiram sobre este dado. Neste caso, a crença

também poderia estar relacionada à redução observada pelos autores, porém a de

que a utilização de qualquer produto ou método poderia prejudicar a gestação.

As diferenças observadas nos dois estudos mencionados podem ser

devidas aos diferentes critérios de inclusão adotados para cada estudo, como já

mencionado, ou pelas diferenças sociodemográficas dos locais de estudo, que

ainda serão analisadas neste trabalho.

Um único estudo avaliou a diferença na prevalência do uso de CAM nos

diferentes trimestres da gestação. Bishop et al.10 observaram que o uso de CAM

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24

foi aumentando a cada trimestre de gestação. Os autores não discutiram

diretamente o aumento do uso de CAM durante a gravidez, porém apontaram que

o uso de chás, por exemplo, poderiam ter substituído outros tipos de bebida, o que

poderia ter contribuído para o aumento do uso de CAM.

Dentre os motivos para utilização da CAM, os mais comuns foram indução

do parto, náuseas e vômitos, cansaço e infecção urinária4,6,21,30,31. Como

mencionado anteriormente, as mulheres podem ter procurado terapias naturais

por acreditarem que não será prejudicial a sua gestação, como relataram Pires et

al.37. Esses autores observaram que mulheres acreditam que as plantas, por

serem naturais, são menos agressivas ou até mesmo inofensivas para uso

durante a gravidez. A maioria das participantes em seu estudo, no entanto,

concordou que existem espécies que podem causar o aborto ou a malformação

congênita. Esta crença, por outro lado, pode levar mulheres grávidas a se

automedicarem. Verificou-se que existe grande parte da população de mulheres

gestantes que se automedica com CAM. Nergard et al.30 observaram que somente

12,9% das mulheres que utilizaram alguma planta medicinal tiveram

recomendação de um profissional, enquanto o restante teve conselhos de amigos

e familiares ou usaram por conta própria. E Al-Ramahi et al.4 relataram que 33,3%

das mulheres grávidas, em seu estudo, usaram misturas de plantas medicinais e

não sabiam o que continham essas misturas. Deste modo, é importante que

sempre haja o acompanhamento profissional para utilização da CAM. Kalder et

al.22 avaliaram o conhecimento de "médicos tradicionais", ou seja, médicos da

medicina tradicional, e mostrou que eles souberam identificar plantas que eram

prejudiciais às gestantes e que o conhecimento desses profissionais foi suportado

pela literatura científica.

4.6. Fatores associados ao uso de CAM por mulheres grávidas

A seguir são apresentadas características sociodemográficas que alguns

dos autores associaram à prevalência do uso dessas terapias durante o período

da gravidez.

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25

4.6.1. Idade

Quatro estudos avaliaram o uso de CAM durante a gravidez e a idade das

mulheres, conforme a Tabela 6. A maioria observou que o uso esteve relacionado

a mulheres com idade entre 20 e 30 anos, porém discutiram que a idade não está

associada ao uso de CAM7,29,30. Bishop et al.10, no entanto, observou que idade

acima de 35 anos estava relacionada ao maior uso de CAM, porém não discutiu

sobre este dado. A diferença encontrada pode ser explicada pelo tipo de avaliação

feita no estudo de Bishop et al.10 e nos outros estudos. Enquanto todos os estudos

obtiveram dados a partir do número de mulheres dentro de uma faixa etária em

relação ao total de mulheres que utilizaram CAM7,29,30, Bishop et al.10 obtiveram

dados a partir do uso de CAM em relação a uma mesma faixa etária. O método

utilizado por Bishop et al.10 poderia indicar dados mais realistas, uma vez que a

maior parte das mulheres que participaram de estudos referente ao uso de CAM

durante a gravidez tinham de 20 a 30 anos de idade, podendo, portanto,

superestimar os dados para o uso de CAM durante a gravidez nesta faixa etária.

Tabela 6 – Prevalência de uso e idade de mulheres que utilizaram medicina

complementar e alternativa (CAM) durante a gravidez em estudos publicados

entre 01/01/2011 e 31/07/2016

Autor Ano

Idade (anos) %

Al-Ramahi et al. 2013

< 20 20 - 30 31 - 40

> 40

6,7 67,5 25,0 0,8

Bishop et al. 2011

< 20 - 24 25 - 29 30 - 34

35 - > 40

15,2 25,0 34,9 43,5

(Continua)

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26

Tabela 6 – Prevalência de uso e idade de mulheres que utilizaram medicina

complementar e alternativa (CAM) durante a gravidez em estudos publicados

entre 01/01/2011 e 31/07/2016

(Continuação)

Autor Ano

Idade (anos) %

Mureyi et al. 2012

< 20 20 - 25 26 - 30 31 - 40

> 40

11,6 46,5 23,3 16,3 2,3

Nergard et al. 2015

< 20 20 - 25 26-30

31 - 40 > 40

28,1 31,7 15,6 21,6 3,0

4.6.2. Etnia

Somente Bishop et al.10 fizeram a avaliação do uso de CAM com a etnia de

mulheres grávidas e observaram que mulheres não brancas (40,2%) fizeram maior

uso de CAM em comparação com mulheres brancas (29,3%). Os autores não

discutem sobre este dado, porém isso pode estar relacionado a diferentes crenças

culturais de diversas etnias que podem utilizar CAM ao invés da medicina

convencional, como apontado em alguns estudos30,31.

4.6.3. Renda

Somente Al-Ramahi et al.4 fizeram a avaliação do uso de CAM durante a

gravidezem relação à renda de mulheres e observaram que mulheres que

utilizavam CAM (96,7%) tinham menor renda, porém não discutiram sobre o dado

obtido. A menor renda poderia estar associada ao menor acesso a medicamentos

convencionais, levando mulheres a buscarem terapias alternativas mais

acessíveis durante a gravidez por necessidade.

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27

4.6.4. Escolaridade

Cinco estudos pesquisaram a relação entre escolaridade e uso de CAM

durante a gravidez, conforme a Tabela 7, e observaram que o uso esteve

relacionado ao maior nível de escolaridade. No entanto, alguns autores afirmaram

que não houve associação significativa do uso de CAM com escolaridade4,29,19 e

outros, apesar de terem observado a relação, não fizeram uma discussão sobre

esses dados10,18. O melhor nível educacional pode estar relacionado à facilidade

de acesso a informações. Por um lado, o maior uso de CAM por mulheres

grávidas com melhor nível educacional poderia indicar que estão buscando

alternativas terapêuticas mais modernas30. Por outro lado, poderia indicar a busca

a informações em fontes não confiáveis, como a internet. Por exemplo, um estudo

referente a informações da internet sobre uso de medicamentos durante a

gravidez mostrou que 32,0% dos medicamentos recomendados eram

homeopáticos, cuja eficácia não havia sido comprovada35.

Tabela 7 – Prevalência de uso e escolaridade de mulheres que utilizaram

medicina complementar e alternativa (CAM) durante a gravidez em estudos

publicados entre 01/01/2011 e 31/07/2016

Autor Ano

Escolaridade (%)

Sem ensino

Até 8 anos

De 9 a 11 anos

Acima de 11 anos

Al-Ramahi et al. 2013

19,2 41,7 39,2

Bishop et al. 2011

- - 13,9 54,2

Frawley et al. 2015

- - 9,0 91,0

Mureyi et al. 2012

0 5,4 88,4 6,2

Nergard et al. 2015

44,9 41,9 13,2

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28

4.6.5. Estado Civil

De acordo com a tabela 8, somente dois estudos avaliaram dados de uso

de CAM durante a gravidez e o estado civil. Foi observado que mulheres casadas

ou que possuem união estável estão associadas ao maior uso de CAM durante a

gravidez, assim como Bishop et al.10 observaram, porém não discutiram. Negard et

al.30 discutiram que não houve associação significativa. A existência de uma união

estável pode estar associada à maior renda, assim como foi discutido no estudo

realizado por Kassada et al.24. Deste modo, as mulheres casadas ou em união

estável poderiam ter maior acesso às terapias alternativas.

Tabela 8 – Prevalência de uso e estado civil de mulheres que utilizaram

medicina complementar e alternativa (CAM) durante a gravidez em estudos

publicados entre 01/01/2011 e 31/07/2016

Autor Ano

Estado Civil (%)

Casada/União Estável Solteira Viúva/Divorciada

Bishop et al. 2011

28,8 22,7 26,9

Nergard et al. 2015

96,4 3,6

4.6.6. Local/Zona do Estudo

Somente três estudos fizeram a avaliação do uso de CAM (plantas

medicinais) durante a gravidez em relação ao local de moradia e encontraram

resultados divergentes, conforme a Tabela 9. Frawley et al.18 e Nergard et al.30

observaram que o uso de plantas medicinais foi maior na zona urbana, enquanto

Al-Ramahi et al.4 observaram maior uso na zona rural. Al-Ramahi et al.4 e Nergard

et al.30, no entanto, descreveram que não houve associação significativa. O maior

uso de plantas medicinais na zona rural observado no estudo de Al-Ramahi et al.4

poderia estar relacionado ao fato de que a maior parte das mulheres que

participaram do estudo (77,0%) vivia em zona rural, podendo levar a

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29

superestimação de dados. Já o maior uso de plantas medicinais por mulheres

grávidas que vivem em zona urbana poderia estar associado à menor quantidade

de lojas que vendem produtos herbais em zonas rurais, como sugerem Frawley et

al.18.

Tabela 9 – Local/zona de estudo e prevalência de uso de medicina

complementar e alternativa (CAM) por mulheres durante a gravidez em

estudos publicados entre 01/01/2011 e 31/07/2016

Autor Ano

Local Zona (%)

Urbana Rural

Al-Ramahi et al. 2013

Palestina 21,7 78,3

Frawley et al. 2015

Austrália 69,0 29,0

Nergard et al. 2015

Mali 72,5 27,5

4.6.7. Ocupação

Conforme Tabela 10, cinco estudos pesquisaram sobre o uso de CAM

durante a gravidez e a ocupação das mulheres. Foi observado que mulheres que

trabalham ou que são donas de casa fazem maior uso de CAM durante a gravidez

do que mulheres que não trabalham. Somente Al-Ramahi et al.4 observaram que

mulheres que não trabalham fazem maior uso de CAM durante a gravidez. Este

dado, no entanto, pode estar superestimado, uma vez que a maior parte da

população estudada (94,3%) não trabalhava. Bishop et al.10 e Frawley et al.18 não

discutiram sobre os dados obtidos e Mureyi et al.29 e Nergard et al.30 descreveram

que os dados não foram significativos para se obter associação. Mulheres que

trabalham podem estar associadas a maior renda e nível educacional, podendo

fazer com que tenham mais acesso a terapias modernas30. Já o maior uso de

CAM associado a mulheres que são donas de casa poderia estar relacionado a

crenças mais fortes de que o uso de CAM é melhor do que a terapia convencional,

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30

já que são mulheres que podem estar mais suscetíveis a acreditar em informações

de amigos e familiares ou fontes não confiáveis de multidmídia.

Tabela 10 – Prevalência de uso e ocupação de mulheres que utilizaram

medicina complementar e alternativa (CAM) durante a gravidez em estudos

publicados entre 01/01/2011 e 31/07/2016

Autor Ano

Profissão (%)

Não Trabalha

Desempregada Trabalha Dona de

Casa Estudante

Al-Ramahi et al. 2013

94,2 - 5,8 - -

Bishop et al. 2011

26,8 28,4 34,2 - -

Frawley et al. 2015

25,0 - 75,0 - -

Mureyi et al. 2012

- - 27,1 64,4 8,5

Nergard et al. 2015

- - - 80,8 -

4.6.8. Paridade

Três estudos fizeram a avaliação do número de paridade e o uso de CAM

durante a gravidez, conforme a Tabela 11. Foi observado que mulheres

primigestas ou que haviam dado à luz somente uma vez utilizavam mais CAM. Al-

Ramahi et al.4 e Nergard et al.30, no entanto, descreveram que não houve

associação significativa. Já Mureyi et al.29 discutiram que este fator poderia estar

associado à falta de experiência com gestações destas mulheres, fazendo com

que estivessem mais vulneráveis a aceitarem conselhos sobre a sua gravidez.

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31

Tabela 11 – Prevalência de uso e paridade de mulheres que utilizaram

medicina complementar e alternativa (CAM) durante a gravidez em estudos

publicados entre 01/01/2011 e 31/07/2016

Autor Ano

Paridade (%)

0 1 2 3 4 5 6

Al-Ramahi et al. 2013

30,0 70,0

Mureyi et al. 2012

0 44,9 34,9 15,5 3,9 0,8 0

Nergard et al. 2015

21,6 19,8 58,7

5.CONCLUSÕES

Foi observado que existem poucos estudos referentes à utilização de

medicamentos e CAM por mulheres grávidas, porém, ao mesmo tempo, foi visto

que existem estudos de diversas regiões do mundo, desde as mais ricas até as

mais pobres, ressaltando a importância deste tema na atualidade.

Os dados observados neste estudo mostraram que existe alta prevalência

do uso de medicamentos e CAM entre mulheres grávidas, sendo a faixa

observada para o uso de medicamentos de 27,0 a 100%, onde 1,1 a 72,4% se

automedicaram, e para o uso de CAM de 25,1 a 77,9%, mostrando que pelo

menos 25,0% desta população fez o uso de algum medicamento ou CAM durante

a gestação.

Verificou-se que fatores sociodemográficos estão relacionados ao uso de

medicamentos ou CAM, no entanto poucos foram os estudos que fizeram este tipo

de avaliação, não se podendo, portanto, generalizar os resultados encontrados.

Além disso, crenças pessoais e culturais também são fatores que influenciam na

utilização de medicamentos e CAM, seja com ou sem prescrição.

Também foi observado que os métodos utilizados pelos autores dos

estudos para a avaliação do uso de medicamentos ou CAM por mulheres grávidas

não seguiram um padrão. Foram utilizados diferentes critérios de inclusão e

exclusão e ferramentas que não eram validadas, na maioria dos estudos, o que

Page 34: UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR MULHERES GRÁVIDAS E … assinado.pdf · diferentes métodos adotados. Alguns fatores podem estar relacionados ao uso de medicamentos: idade média

32

poderia levar à subestimação ou superestimação dos dados. Além disso, nenhum

estudo fez a avaliação sobre o uso de vacinas e medicamentos utilizados em

hospitais durante a gravidez, os quais também deveriam ser incluídos.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir desta revisão bibliográfica, é possível perceber que as mulheres

gestantes devem ser conscientizadas quanto à utilização de medicamentos e CAM

durante a gravidez para evitar o uso irracional de medicamentos. E também é

necessário implementar um método padronizado para estudos relacionados à

prevalência do uso de medicamentos e CAM por mulheres grávidas para que os

resultados encontrados sejam mais consistentes e comparáveis.

Page 35: UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR MULHERES GRÁVIDAS E … assinado.pdf · diferentes métodos adotados. Alguns fatores podem estar relacionados ao uso de medicamentos: idade média

33

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41

8. APÊNDICES

Apêndice 1 - Quadro de estudos sobre o uso de medicamentos e medicina

complementar e alternativa por mulheres grávidas publicados entre

01/01/2011 e 31/07/2016

Autor Ano

Local de estudo Ano de publicação

Abasiubong et al. 2012

Nigeria 2012

Abeje et al. 2015

Etiópia 2015

Adhikari et al. 2011

Índia 2011

Al-Ramahi et al. 2013

Palestina 2013

Al-Riyami et al. 2011

Oman 2011

Ali-Shtayeh et al. 2015

Palestina 2015

Andrade et al. 2014

Brasil 2014

Autret-Leca et al. 2011

França 2011

Bérard et al. 2014

Canadá 2014

Bishop et al. 2011

Inglaterra 2011

Brum et al. 2011

Brasil 2011

Campos et al. 2012

Brasil 2012

Crespin et al. 2011

França 2011

Daw et al. 2011

Canadá 2011

Frawley et al. 2015

Austrália 2015

Holst et al. 2011

Inglaterra 2011

(Continua)

Page 44: UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR MULHERES GRÁVIDAS E … assinado.pdf · diferentes métodos adotados. Alguns fatores podem estar relacionados ao uso de medicamentos: idade média

42

Apêndice 1 - Quadro de estudos sobre o uso de medicamentos e medicina

complementar e alternativa por mulheres grávidas publicados entre

01/01/2011 e 31/07/2016

(Continuação)

Autor Ano

Local de estudo Ano de publicação

Kalder et al. 2011

Alemanha 2011

Kao et al. 2014

Taiwan 2014

Kassada et al. 2015

Brasil 2015

Kennedy et al. 2016

Australia, Austria, Canada,

Croácia, Finlandia,

França, Islandia, Itália, Holanda,

Noruega, Polonia, Russia,

Sérvia, Eslovenia,

Suécia, Suíça, Reino Unido e

EUA

2016

Lunardi-Maia et al. 2014

Brasil 2014

Mosha et al. 2014

Tanzania 2014

Mureyi et al. 2012

Zimbabwe 2012

Nergard et al. 2015

Mali 2015

Nordeng et al. 2011

Noruega 2011

Odalovic et al. 2012

Sérvia 2012

Oliveira Filho et al. 2012

Brasil 2012

(Continua)

Page 45: UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR MULHERES GRÁVIDAS E … assinado.pdf · diferentes métodos adotados. Alguns fatores podem estar relacionados ao uso de medicamentos: idade média

43

Apêndice 1 - Quadro de estudos sobre o uso de medicamentos e medicina

complementar e alternativa por mulheres grávidas publicados entre

01/01/2011 e 31/07/2016

(Continuação)

Autor Ano

Local de estudo Ano de publicação

Palmstem et al. 2015

EUA 2015

Rocha et al. 2013

Brasil 2013

Servey et al. 2014

EUA 2014

Sevene et al. 2012

Moçambique 2012

Shulman 2015

Reino Unido 2015

Sibbritt et al. 2014

Austrália 2014

Smedberg et al. 2016

Noruega 2016

Stephansson et al. 2011

Suécia 2011

Thorpe et al. 2013

EUA 2013

Zormedijk et al. 2014

Holanda 2014

Page 46: UTILIZAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR MULHERES GRÁVIDAS E … assinado.pdf · diferentes métodos adotados. Alguns fatores podem estar relacionados ao uso de medicamentos: idade média

44

Apêndice 2 - Prevalência do uso de medicamentos por mulheres grávidas de acordo com o tipo

Autor Ano

Média/ gestante

Tipode medicamentos (%)

Co

ntr

ace

pti

vos

An

tian

êm

ico

s

Sup

lem

en

tos

e

vita

min

as

An

algé

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cos

An

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An

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fecc

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An

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An

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An

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Sist

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resp

irat

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Pe

pra

raçõ

es

nas

ais

An

tifu

ngi

cos

An

tih

elm

inti

cos

Abasiubong et al. 2012

30,3 26,6

Andrade et al. 2014

2,42

47,5 18,7 13,8 10,5

1,9 1,8 1,5 1,8 0,9

Autret-Leca et al. 2011

4,9

14,0 7,7

12,6

Bérard et al. 2014

10,5

6,3 16,7 26,1

13,7

4,5

7,8

Brum et al. 2011

4,1

46,3

17,6

14,2 5,6

6,2

Campos et al. 2012

100,0 63,6 45,5

Crespin et al. 2011

9,0

54,0 31,0

Kassada et al. 2015

3,4

72,8 12,1

10,6

Lunardi-Maia et al. 2014

4,2

Mosha et al. 2014

93,7

17,1 95,2

5,9 93,5

(Continua)

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45

Apêndice 2 - Prevalência do uso de medicamentos por mulheres grávidas de acordo com o tipo

(Continuação)

Autor Ano

Média/ gestante

Tipode medicamentos (%)

Co

ntr

ace

pti

vos

An

tian

êm

ico

s

Sup

lem

en

tos

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Pe

pra

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es

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An

tifu

ngi

cos

An

tih

elm

inti

cos

Oliveira Filho et al. 2012

2,8

55,1 4,8 19,0

7,2

4,0 3,0

Palmstemet al. 2015

29,6 49,7 50,4

18,6

Rocha et al. 2013

2,8

57,7 14,1 10,0

2,6 0,9

3,0

Servey et al. 2014

Sevene et al. 2012

3,9

10,4 18,2 41,2 23,8

1,0

0,7

3,5

Shulman 2015

65,2

4,4

6,4 2,9

Smedberg et al. 2016

93,4 48,1

32,1

51,4 44,8 40,1 20,3

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46

Apêndice 3 - Prevalência do uso de medicamentos por mulheres grávidas de acordo com a classificação

Anatomical Therapeutic Chemical (ATC)

Autor Ano

Classificação ATC

Período de gravidez

A -

Tra

to A

lime

nta

r e

Me

tab

olis

mo

B -

San

gue

e Ó

rgão

s

He

mat

op

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tico

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C -

Sis

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Car

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De

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s

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Sis

tem

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Ho

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s

H -

Pre

par

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Ho

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An

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L -

An

tin

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Age

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nte

s

M -

Sis

tem

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Sis

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Pro

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An

tip

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Re

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len

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R -

Sis

tem

a

Re

spir

ató

rio

S -

Órg

ãos

Sen

sori

ais

Var

iad

os

Ho

me

op

átic

os

Não

cla

ssif

icad

os

Autret-Leca et al. 2011

25,9 6,3 2,4 6,9 9,3 2,3 8,6 0,1 4,6 16,5 0,2 11,1 2,0 0,3 0,4 3,1

Crespin et al. 2011

13,2

Kassada et al. 2015

26,6 44,9 0,7 4,5 1,0

4,8

0,5 13,8 2,0 1,1

Lunardi-Maia et al. 2014

Anterior 16,2 4,7 4,0 1,4 16,2 0,7 12,8

7,4 31,8 1,4 2,0

1,4

Durante 16,9 37,2 0,7 0,4 3,2 0,1 27,2

1,6 11,2 0,3 0,9

0,3

Odalovic et al. 2012

Anterior 1,0 4,2 1,0

0,6

1,9

13,8 13,5

6,4

Durante 2,9 60,8 4,5

17,7

7,4

2,3 9,3

0,6

Stephansson et al. 2011

Anterior 4,4 2,0 1,1 3,7 10,6 3,6 11,3 1,7 3,7 7,3 1,2 7,5 2,23

Primeiro Trimestre

5,2 3,1 1,0 3,4 5,5 3,0 10,5 0,5 1,5 5,9 0,5 12,7 2,0

Segundo Trimestre

4,2 3,4 1,0 3,2 1,4 2,7 11,2 0,1 0,5 4,7 0,2 11,9 1,8

Terceiro Trimestre

4,0 3,1 1,6 2,4 1,0 2,5 10,3 0,1 0,2 4,3 0,2 10,4 1,5

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Data e assinatura do aluno(a) Data e assinatura do orientador(a)

25/04/2017