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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS Utilização de carboidrases em rações de frangos de corte Bruno Duarte Alves Fortes Orientador: Prof. Dr. Marcos Barcellos Café GOIÂNIA 2011

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Page 1: Utilização de carboidrases em rações de frangos de corte · melhorar o aproveitamento da energia dos ingredientes nas rações avícolas. Os efeitos benéficos da suplementação

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS–GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS

Utilização de carboidrases em rações de frangos de corte

Bruno Duarte Alves Fortes

Orientador:

Prof. Dr. Marcos Barcellos Café

GOIÂNIA

2011

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BRUNO DUARTE ALVES FORTES

Utilização de carboidrases em rações de frangos de corte

Seminário apresentado junto à Disciplina

Seminários Aplicados do Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal da Escola de

Veterinária e Zootecnia da Universidade

Federal de Goiás.

Nível: Doutorado

Área de Concentração:

Produção Animal

Linha de Pesquisa: Metabolismo

nutricional, alimentação e forragicultura

na produção animal

Orientador:

Prof. Dr. Marcos Barcellos Café - UFG

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. José Henrique Stringhini - UFG

Profª. Drª. Nadja Susana Mogyca Leandro - UFG

GOIÂNIA

2011

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 3

2.1 Polissacarídeos não amiláceos (PNAs) ........................................................... 3

2.2 Polissacarídeos não amiláceos solúveis .......................................................... 5

2.3 Polissacarídeos não amiláceos insolúveis ....................................................... 6

2.4 Digestão de carboidratos.................................................................................. 7

2.5 Enzimas na nutrição de frangos de corte ......................................................... 8

2.6 Mecanismos de ação das enzimas ................................................................ 10

2.7 Classificação das enzimas de acordo com o seu substrato ........................... 11

2.8 Desenhos experimentais com a utilização de enzimas .................................. 12

2.9 Efeitos do uso de carboidrases sobre o desempenho e digestibilidade dos nutrientes.............................................................................................................. 12

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 18

4 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 19

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- Composição em PNAs de alguns ingredientes utilizados em rações de frangos de corte ................................................................................................ 3

QUADRO 2- Principais enzimas utilizadas em rações avícolas, substratos e seus efeitos ................................................................................................................... 11

QUADRO 3- Efeito do uso de enzimas na conversão alimentar (CA) e ganho de peso (GP) de frangos de corte alimentados com dietas à base de milho e farelo de soja ....................................................................................................................... 17

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1- Energia Metabolizável Verdadeira corrigida pelo balanço de nitrogênio (EMVn), do milho e seus diferenciais entre o tratamento sem enzima, com base na Matéria Seca. .................................................................................................. 16

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- Energia metabolizável verdadeira corrigida pelo balanço de nitrogênio com o aumento de inclusão de Ronozyme A na dieta de aves. ........................... 16

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1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas houve um grande avanço tecnológico na

avicultura e a cada ano diversos fatores contribuíram para tal desenvolvimento.

Dentre estes fatores citam-se a genética, que seleciona aves com maior potencial

de produção; a nutrição, pelo fornecimento de dados sobre exigências nutricionais

para a elaboração de dietas balanceadas e econômicas; o manejo, que

proporciona condições ambientais ideais para as aves expressarem seu potencial

genético e a sanidade, na prevenção de inúmeras enfermidades.

A biotecnologia tem contribuído com a nutrição, por meio do

lançamento de aditivos que, adicionados às rações, permitem otimizar a produção

auxiliando a atingir melhores resultados econômicos e produzir alimentos de

qualidade, com maior segurança e mais saudáveis aos consumidores.

Dentre os aditivos alimentares comumente utilizados nas rações

avícolas, citam-se as enzimas que têm sido incorporadas às dietas dos animais

para melhorar o desempenho das aves, atuando como catalisadores biológicos

agindo no metabolismo dos animais.

O estudo das enzimas é bastante antigo, iniciou-se em 1890 quando

Emil Fischer desenvolveu a teoria da especificidade, baseada nas propriedades

das enzimas gliconeogênicas envolvidas na síntese da glicose e frutose a partir

do glicerol (ROSA & UTTPATEL, 2007).

A adição de enzimas exógenas em dietas avícolas no Brasil vem se

destacando ao longo dos últimos anos por diversos motivos. Dentre os quais

pode-se destacar: 1) a constante busca na redução do custo por unidade de

ganho na indústria avícola o que está atrelado à redução no custo com

alimentação dos animais; 2) diferentes disponibilidades de ingredientes

alternativos de acordo com as características locais de cada região, sendo que

estes apresentam um perfil nutricional (carboidratos, lipídeos, proteína e etc)

diferenciado em relação à dieta padrão comumente utilizada à base de milho e

farelo de soja; 3) constante oscilação nos custos das matérias-primas das dietas;

4) produção insuficiente ou ausência de algumas enzimas endógenas capazes de

atuar na digestão de certos componentes encontrados nos ingredientes das

dietas dos animais entre outros fatores; 5) diminuição da poluição ambiental pela

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redução de compostos nitrogenados e fosforados presente nas excretas dos

animais.

A utilização de enzimas nas dietas comerciais para frangos de corte

tem sido uma opção viável para os produtores devido às respostas positivas na

digestibilidade dos alimentos e no desempenho das aves, influenciando

diretamente a eficiência produtiva (ALBINO et al., 2007).

Em função dos altos custos energéticos e da alta variabilidade na

composição, qualidade e custo dos diversos ingredientes utilizados na

alimentação de monogástricos, as carboidrases ganharam força e se tornaram

amplamente utilizadas e pesquisadas nas dietas avícolas.

As carboidrases compreendem as amilases, pectinases, β-glucanases,

arabinoxilanases, celulases e hemicelulases, cujos substratos são o amido, β-

glucanos, arabinoxilanos, celulose e hemicelulose, respectivamente. Este grupo

de enzimas é responsável pela hidrólise dos carboidratos, tendo como finalidade

melhorar o aproveitamento da energia dos ingredientes nas rações avícolas.

Os efeitos benéficos da suplementação de carboidrases nas dietas dos

animais são amplamente reconhecidos como: diminuir a viscosidade da digesta,

aumentar a digestibilidade dos nutrientes, melhorar a energia metabolizável e

reduzir o custo da alimentação dos animais e conseqüentemente melhorar os

parâmetros zootécnicos de produção (FISCHER et al., 2002; LIMA et al., 2002).

Nesse contexto, objetivou-se com a presente revisão, discutir e abordar

as principais características das carboidrases adicionadas às rações de frangos

de corte.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Polissacarídeos não amiláceos (PNAs)

A disponibilidade dos nutrientes nos alimentos é freqüentemente

limitada pela presença de fatores antinutricionais. De acordo com THORPE &

BEAL (2001), trata-se de fatores com efeitos depressivos sobre a digestão e

utilização de proteínas, carboidratos, minerais e vitaminas. Estes fatores, por

exemplo, podem diminuir ou aumentar a exigência de vitaminas para o animal ou

mesmo estimular o sistema imune e causar danos por reação de

hipersensibilidade.

A maioria das dietas de frangos de corte, no Brasil, são constituídas de

alimentos de origem vegetal, entre eles os mais utilizados são o milho e o farelo

de soja constituindo a base da alimentação das aves. Contudo, esses alimentos

apresentam constituintes que são indigeríveis pelas aves, entre eles, os

polissacarídeos não amiláceos (PNAs) e o ácido fítico que são de grande

importância.

O milho e o farelo de soja possuem quantidades consideráveis de

PNAs (Quadro1) sendo aproximadamente 8% no milho, a maior parte cerca de

6% na forma insolúvel composta basicamente de arabinoxilanos, enquanto o

farelo de soja, possui em torno de 27% de PNAs, sendo apenas 6% na forma

solúvel (SMITS & ANNISON 2001, citado por BERTECHINI & BRITO 2007).

QUADRO 1- Composição em PNAs de alguns ingredientes utilizados em rações de frangos de corte

Ingredientes Tipo de PNA %

Milho

PNA total 8,00

Arabinoxilanos 4,20

β-glucanos 0,10

Farelo de Soja PNA totais 27,00

Polímeros complexos 13,90

Fonte: Adaptado de SOUZA (2005)

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Os polissacarídeos não amiláceos (PNAs) são macromoléculas de

polímeros de açúcares simples (monossacarídeos) resistentes à hidrólise no trato

gastrintestinal de animais monogástricos, devido ao tipo de ligações entre as

unidades existentes de açúcares (IUPAC, 2011).

Os polissacarídeos representam a principal fonte de energia para os

animais monogástricos, tendo o amido como o principal polissacarídeo dietético

presente em grandes quantidades nos grãos cereais, formado por um polímero de

glicose em ligações α-glicosídicas, composto por dois constituintes principais,

amilose (15 a 30%) um polímero essencialmente linear formado por unidades de

glicose unidas 99% por ligações do tipo α-1,4 e a amilopectina (70 a 85%) um

polímero maior, bastante ramificado e suas moléculas de glicose estão unidas por

ligações 95% do tipo α-1,4 e 5% do tipo α-1,6 (TESTER et al., 2004). O amido de

milho, por exemplo, apresenta 28% de amilose e 72% de amilopectina

(BERTECHINI, 2006).

A maior parte dos carboidratos presentes nos grãos de cereais ocorre

na forma de amido, porém ocorrem outras formas variadas de carboidratos nos

cereais e farelos protéicos, como: celulose, hemicelulose e pentosanas. Além dos

oligossacarídeos como: a estaquiose e a rafinose. Estes são de baixa

digestibilidade para aves e pouco contribuem para o fornecimento total de energia

para aves, além de provocar efeitos adversos na digestão quando em

concentrações altas.

Os PNAs também podem atuar como barreira física de enzimas

digestivas, como amilase e protease, reduzindo a eficiência da digestão dos

nutrientes dos grãos (RIZZOLI, 2009).

Os polissacarídeos não amiláceos (PNAs) podem ser potencialmente

aproveitados pelo animal mediante a utilização de enzimas exógenas que

hidrolisam estes compostos, aumentando o aproveitamento da energia presente

nos alimentos (BUCHANAN et al., 2007). A hidrólise completa destes

polissacarídeos e seus monômeros (monossacarídeos) pode resultar ou não na

sua absorção e utilização na dependência do tipo do monossacarídeo resultante.

Segundo TAVERNARI et al. (2008), os polissacarídeos não amiláceos

(PNAs) são classificados de acordo com sua solubilidade, sendo classificados em

PNAs solúveis em água (pectinas, gomas, arabinoxilanos, D-xilanos, β-glucanos,

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D-mananos, galactomananos, xiloglucanos, raminogalacturonas) e PNAs

insolúveis em água (celuloses, ligninas e algumas hemiceluloses).

Embora os polissacarídeos sejam classificados como solúveis e

insolúveis, pela capacidade de formarem soluções homogêneas ou não com a

água, muitas das atividades antinutritivas são atribuídas diretamente aos

polissacarídeos solúveis mesmo sabendo que os polissacarídeos insolúveis

exercerem forte efeito na taxa de passagem da digesta e na retenção de água

(OPALINSKI et al., 2006).

2.2 Polissacarídeos não amiláceos solúveis

Os PNAs solúveis são conhecidos por possuir propriedades

antinutricionais ou por encapsularem nutrientes e/ou deprimirem sua

digestibilidade total através de alterações gastrointestinais. Este efeito deletério

na digestão de nutrientes reduz a energia metabolizável da dieta, aumentando

simultaneamente a taxa de conversão alimentar (WILLIAMS et al., 2009).

Os polissacarídeos não amiláceos solúveis são caracterizados por

interagirem com o glicocálix da borda em escova intestinal, ocasionando aumento

da espessura da camada de água na mucosa, reduzindo a eficiência da absorção

dos nutrientes pela parede intestinal. Tais compostos, além de atuarem como

barreiras físicas a digestão e absorção de nutrientes, pelo aumento da

viscosidade intestinal, agem modificando a secreção endógena de água,

proteínas, eletrólitos e lipídios.

A fibra solúvel é composta, principalmente, pela hemicelulose que é,

por sua vez, formada por arabinoxilanas, β-glucanos e pentosanas. Os β-glucanos

e as pentosanas solubilizados parecem atuar como uma barreira da difusão dos

nutrientes, limitando a taxa de absorção. O aumento da viscosidade da digesta

pelos PNAs solúveis ocorre, principalmente, pelas frações solúveis da

hemicelulose, β-glucanos e arabinoxilanos que podem causar diversos problemas

como excretas aquosas, devido a alta retenção de água no trato gastro intestinal

dos animais (OLIVEIRA et al., 2007, TAVERNARI et al., 2008).

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A alta viscosidade no intestino, geralmente, diminui a taxa de difusão

dos substratos e enzimas digestivas, obstruindo sua interação com a superfície

intestinal (CONTE et al., 2002).

Não se sabe ao certo o motivo para tal efeito, mas algumas implicações

fisiológicas estão envolvidas no processo. Dentre elas destacam-se: 1) piora na

difusão das lipases e sais biliares pelo lúmen intestinal; 2) limitações quanto ao

contato entre os compostos da digesta e as secreções digestivas; 3) dificuldade

do transporte dos nutrientes até a superfície epitelial. Outro fator agravante seria

ocasionado devido ao aumento da secreção de muco pela mucosa com aumento

da viscosidade, interferindo na absorção dos nutrientes, além de maior secreção

pancreático-biliar e menor capacidade de absorção de compostos endógenos, o

que aumenta as perdas de substâncias endógenas (KIM et al., 2003).

2.3 Polissacarídeos não amiláceos insolúveis

A maioria dos polissacarídeos não amiláceos fazem parte da parede

celular dos vegetais e apresentam ligações fortes, associadas com outros

polissacarídeos e também a outros nutrientes, como as proteínas e a lignina, por

exemplo. Essas interações são importantes pois, possivelmente, irão influenciar

no modo como estes polissacarídeos se comportam após a ingestão dos

alimentos (TAVERNARI et al., 2008).

Os PNAs insolúveis são compostos, principalmente por: celuloses,

ligninas, xilanos e algumas hemiceluloses. Estas fibras podem reter água, mas

suas viscosidades são relativamente baixas e sua presença nas dietas provoca

uma redução na digestão do amido, proteína e lipídios, conseqüentemente afeta o

tempo de trânsito da digesta e a motilidade intestinal, além de agir como barreira

física à ação das enzimas digestivas, reduzindo a eficiência de sua digestão.

A celulose é o principal constituinte da parede celular das plantas e

presente em grande quantidade nos vegetais fibrosos. Para animais não

ruminantes, apresenta baixa digestibilidade, podendo reduzir a digestibilidade de

outros nutrientes (ANGRIGUETTO, 2002). Altos níveis de polissacarídeos não

amiláceos insolúveis nas dietas afetam a taxa de passagem no intestino delgado,

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podendo ser decorrente da estimulação física da fibra insolúvel sobre as paredes

do trato gastrointestinal, que tende a aumentar a motilidade e a taxa de

passagem. Devido a este fato ocorre uma diminuição da digestibilidade dos

nutrientes por reduzirem o tempo de permanência da digesta

A fibra insolúvel modifica a digestão dos nutrientes e influencia nas

funções do intestino. Ou seja, em dietas em que o nível de fibras insolúveis é

moderado, a digestibilidade do amido é maior e a taxa de passagem da digesta

no trato gastro intestinal dos animais é mais lenta. O efeito das fibras insolúveis

sobre as funções do intestino é atribuído a sua capacidade de se acumularem na

moela, o que parece regular a taxa de passagem da digesta e digestão de

nutrientes no intestino (BERTECHINI, 2006).

2.4 Digestão de carboidratos

Os carboidratos são definidos como polihidroxialdeídos ou cetonas e

representam a principal fonte de energia para as aves e suínos. O produto final da

digestão dos carboidratos são açúcares simples que são metabolizados

produzindo água, CO2 e energia, ou participando da construção de outras

substâncias (BERTECHINI, 2006).

O amido é o polissacarídeo mais importante, do ponto de vista

nutricional. A sua digestão é realizada por amilase, que catalisa a sua hidrólise,

resultando em maltose e dextrina. A dextrina é uma molécula semelhante ao

amido, porém, menor.

Em aves, segundo BERTECHINI (2006), não há síntese de amilase

salivar devido à ausência de células secretoras na cavidade oral. Assim, a

digestão do amido se inicia no duodeno e se completa no intestino delgado,

quando as amilases pancreáticas que representam de 5% a 30% do suco

pancreático, agem sobre os remanescentes da molécula de amido, convertendo-o

a maltose e glicose. A sacarose e a maltose são hidrolisadas por enzimas

localizadas na mucosa do intestino, produzindo a glicose e frutose, que por sua

vez são absorvidas.

A -amilase é a principal enzima pancreática das aves que desdobra o

amido e possui especificidade para ligações α-1,4, no entanto, a velocidade de

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digestão da amilopectina (α-1,4 e α-1,6) é maior devido principalmente a

conformação da cadeia, com grande número de ramificações, aumentando a

eficiência enzimática no processo digestivo intestinal (BERTCHINI, 2006).

A digestibilidade do amido é bastante alta em aves, cerca de 95%, a

qual aumenta com a idade das aves. Alguns autores relataram melhoria na

digestibilidade do amido com a inclusão de amilase em rações avícolas,

resultando em melhor digestibilidade da matéria seca, energia metabolizável

aparente corrigida pelo balanço de nitrogênio e energia total da dieta (GRACIA et

al., 2003; RODRIGUES et al., 2003).

2.5 Enzimas exógenas na nutrição de frangos de corte

Enzimas são proteínas globulares, de estrutura terciária ou quaternária

que atuam como catalisadores biológicos sobre substratos específicos. São

dependentes das condições ótimas de temperatura e pH, condições que aceleram

a velocidade das reações químicas no organismo, sem serem alteradas nesse

processo (LEHNINGER et al., 2002). São substâncias naturais envolvidas em

todos os processos bioquímicos que ocorrem nas células vivas.

As enzimas auxiliam no processo digestório, reorganizam moléculas,

processam nutrientes, produzem energia, eliminam produtos residuais e regulam

diversas funções metabólicas. Os aditivos enzimáticos, isto é compostos

enzimáticos fornecidos via ração, não possuem função nutricional direta, porém

auxiliam o processo digestório melhorando a digestibilidade dos nutrientes

presentes na dieta (CAMPESTRINI et al., 2005). As principais funções das

carboidrases são: diminuir a viscosidade da digesta, aumentar a digestibilidade

dos nutrientes da dieta e melhorar a energia metabolizável (FISCHER et al., 2002;

LIMA et al., 2002).

De acordo com FRY et al. (1958), citado por LIMA (2008), as primeiras

informações sobre o uso de enzimas exógenas em rações avícolas foram feitas a

partir da descoberta de que grãos umedecidos, associados à suplementação

enzimática, tinham melhor aproveitamento nutricional pelas aves. A

suplementação de diversas enzimas exógenas pode melhorar o valor nutritivo dos

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alimentos por meio da redução da perda de material endógeno (COWIESON et

al., 2003).

Segundo BEDFORD (2000), existem três grupos de enzimas exógenas

utilizadas em rações de frangos de corte: enzimas para alimentos com baixa

viscosidade (milho, sorgo e soja); enzimas para alimentos de alta viscosidade

(trigo, centeio, cevada e farelo de arroz) e enzimas para degradar o ácido fítico

dos grãos, sendo que os dois primeiros grupos são carboidrases.

Segundo CLASSEN (1993), citado por GONZALES (2011) as enzimas

exógenas adicionadas as rações de animais visam quatro objetivos distintos:

remoção ou hidrolise de fatores antinutricionais, aumento da digestibilidade dos

nutrientes existentes, hidrolise dos polissacarídeos não amiláceos (PNAs) e

suplementação das enzimas endógenas.

De acordo com PUCCI et al. (2003) grande parte dos produtos

enzimáticos utilizados na alimentação animal são extratos de fermentação

preparados a partir de fungos, bactérias e leveduras, e que contêm principalmente

amilases, pectinases, celulases e proteases.

Atualmente as principais enzimas disponíveis no mercado são as

carboidrases, proteases e a fitase. As carboidrases compreendem as amilases,

pectinases, β-glucanases, arabinoxilanases, celulases e hemicelulases, que

possuem como substratos, respectivamente, o amido, pectinas, β-glucanos,

arabinoxilanos, celulose e hemicelulose. As proteases, por sua vez, incluem as

proteases ácidas e alcalinas cujos substratos específicos são as proteínas.

A enzima fitase reduz a excreção de fósforo pela liberação deste

mineral que está contido na molécula de fitato, que geralmente está presente na

parte vegetativa dos grãos. São enzimas que catalisam as reações de hidrólise

das ligações que unem o grupo fosfato à molécula de mio-inositol, ou seja, tem

ação de romper a molécula do fitato ou ácido fítico, aumentando a disponibilidade

do fósforo (SELLE & RAVINDRAN, 2007).

Inúmeros trabalhos têm evidenciado a eficácia da adição de amilase em

rações à base de milho e farelo de soja com efeitos benéficos sobre a

digestibilidade destas dietas e o desempenho das aves. As enzimas produzidas

por biotecnologia têm bom potencial para utilização em dietas avícolas visando

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melhorar a digestão e o aproveitamento dos PNAs, hidrolisando-os e promovendo

melhorias na eficiência de utilização dos nutrientes (CARVALHO et al., 2009).

2.6 Mecanismos de ação das enzimas

A especificidade é a principal característica da ação enzimática, além

de extraordinária eficiência catalítica nos processos biológicos. Cada tipo de

enzima atua sobre um composto ou substrato associado, cuja estrutura deve

encaixar-se à da enzima de modo que os centros ativos coincidam perfeitamente.

Esse processo é comparado à relação entre chave e fechadura, pois cada

substrato possui enzima específica, capaz de abrir caminhos para sua

transformação (LEHNINGER et al., 2002).

O conhecimento do substrato de atuação das enzimas é o fator chave

na suplementação enzimática. Sendo assim, a utilização de enzimas deve ser

direcionada em fases específicas que contenham quantidade de substrato

passível de atuação por parte das enzimas. Ou seja, para obter melhores

resultados com a suplementação enzimática é importante que a enzima

adicionada na ração seja específica para o ingrediente utilizado, sempre

obedecendo a especificidade de interação enzima/substrato (ARAÚJO et al.,

2007).

Devido à alta especificidade das enzimas em suas reações catalíticas,

os produtos que contenham somente um tipo de enzima provavelmente não

produzam o máximo de beneficio em dietas avícolas. Isso sugere que os

complexos enzimáticos são mais efetivos, pois atuam sobre uma série de

polissacarídeos da parede celular dos grãos (celulose, arabinoxilanos, β-

glucanos, xilanos, pectinas e etc), levando ao melhor aproveitamento da dieta

(RIZZOLI, 2009).

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2.7 Classificação das enzimas de acordo com o seu substrato

As enzimas são altamente específicas para os substratos, ou seja,

cada enzima é, em algum grau, específica para certo substrato, apresenta

estrutura espacial adequada para atuar neste substrato e dirigem todos os

processos metabólicos, além de possuir um sítio ativo que permite atuar na

ruptura de determinada ligação química, sob condições favoráveis de temperatura

e pH.

O Quadro 2 contém uma lista com as principais enzimas usadas na

avicultura, juntamente com seus substratos de atuação e seus respectivos efeitos.

QUADRO 2- Principais enzimas utilizadas em rações avícolas, substratos e seus efeitos

Enzima Substrato Efeitos

Amilase Amido Degradação mais

eficiente do amido

Celulase Celulose

Degradação da

celulose e liberação

de nutrientes

Fitase Ácido-Fítico Liberação do fósforo

Galactosidase Galactosídeos Remoção de

galactosídeos

Glucanase β-glucanos Redução da

viscosidade da dieta

Lipase Lipídios e ácidos graxos

Melhoria da utilização

de gorduras animais e

vegetais

Pectinase Pectinas Redução da

viscosidade da dieta

Protease Proteínas Degradação mais

eficiente de proteínas

Xilanase Arabinoxilanos Redução da

viscosidade da dieta

Fonte: Adaptado de GONZALES (2011)

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2.8 Desenhos experimentais para testar a utilização de enzimas exógenas

A utilização de enzimas exógenas na composição das dietas animais

possui basicamente duas abordagens. Uma aplicação mais prática, chamada de

“on top” ou “over the top” que consiste em suplementar com as enzimas uma

formulação padrão, sem alterar os níveis nutricionais, com intuito de melhorar o

desempenho. Essa aplicação é pouco utilizada, pois com o uso de rações com

níveis nutricionais ótimos há pouca possibilidade das enzimas demonstrarem

melhora no desempenho dos animais, visto que todas as necessidades

nutricionais das aves já estão sendo atendidas pela ração sem a enzima.

A segunda abordagem é modificar a fórmula da dieta, reduzindo alguns

nutrientes (controle negativo, dieta padrão), de acordo com o tipo de enzima a ser

utilizada. Feito isso, se adiciona as enzimas com o intuito de restaurar o valor

nutricional da dieta-padrão, visando à obtenção de desempenho similar com o uso

de uma dieta com os níveis nutricionais adequados (controle positivo). A utilização

do controle negativo com redução da energia e/ou outros nutrientes da ração é,

normalmente utilizado em experimentos com suplementação de enzimas, pois o

objetivo da suplementação é melhorar a digestibilidade dos ingredientes que

compõem a ração disponibilizando mais nutriente e restaurando os níveis

nutricionais da dieta.

A utilização de enzimas para frangos de corte e poedeiras comerciais

com o conceito “on top” (excetuando fitases, que geralmente não proporciona

resposta positiva) normalmente apresenta resultado imprevisível por uma série de

fatores: 1) desajuste de matrizes nutricionais dos ingredientes básicos na

formulação devido as margens de segurança praticadas pela indústria avícola; 2)

limitação fisiológica das aves em fases específicas (BERTECHINI & BRITO,

2007).

2.9 Efeitos do uso de carboidrases sobre o desempenho e digestibilidade dos nutrientes

A suplementação de carboidrases em rações avícolas tem sido motivo

de diversos estudos nos dias atuais, a inclusão destas enzimas exógenas tem

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13

promovido uma melhora no valor nutritivo das dietas de frangos de corte à base

de milho e farelo de soja. Segundo ONDERCI et al. (2006), a digestibilidade e o

desempenho das aves melhoram com a adição de complexos enzimáticos

(amilase, protease, xilanase), pois proporcionam maior disponibilidade de energia

metabolizável das dietas elaboradas.

Estes mesmos autores trabalhando com a inclusão de microorganismos

produtores de amilase em dietas de frangos de corte, à base de milho e farelo de

soja, observaram aumento na altura dos vilos e profundidade das criptas,

resultando assim em um aumento na área de superfície de absorção, refletindo

em melhores resultados de desempenho de frangos de corte.

KOCHER et al. (2002) demonstraram os efeitos benéficos com o uso de

diversos níveis de hemicelulases, pectinases, β-glucanase e protease em dietas

para frangos de corte à base de soja, sobretudo sobre os valores de energia

metabolizável. Estes autores concluíram que a suplementação em doses corretas

de β-glucanase e pectinase melhoram a digestibilidade dos polissacarídeos não

amiláceos em dietas com altos níveis de farelo de soja.

Ao suplementar rações de frangos de corte machos à base de milho,

arroz e cevada com xilanase e β-glucanase, MATHLOUTHI et al. (2002)

observaram melhora na digestibilidade dos nutrientes devido à melhoria da

energia metabolizável aparente das rações utilizadas. Estes autores avaliaram o

desempenho, a digestibilidade dos nutrientes, as condições físico-químicas do

intestino e a microbiota cecal.

SOUZA et al. (2008) estudaram o efeito da adição de um complexo

enzimático composto por carboidrases (α-galactosidase, galactomanase, xilanase

e β-glucanase) sobre o desempenho e características de carcaça de frangos de

corte alimentados com dietas à base de milho e de farelo de soja e duas formas

físicas (peletizada e farelada).

Estes autores observaram que a adição das carboidrases melhorou o

desempenho das aves e a energia metabolizável verdadeira das rações

utilizadas. Concluindo que a energia metabolizável do milho e do farelo de soja

podem ser valoradas em 2 e 9 %, respectivamente e a digestibilidade de

aminoácidos em 4 % para ambos ingredientes na presença do complexo

enzimático referido sem prejudicar o desempenho dos frangos de corte.

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14

JUANPERE et al. (2005) avaliaram a interação entre fitase e

glicosidases (α-galactosidase, xilanase e β-glucanase) em dietas à base de milho,

trigo e cevada. Foi observado melhoria de 1,54% no coeficiente de digestibilidade

da matéria seca, 6,58% no coeficiente de digestibilidade dos lipídeos e 1,03% no

coeficiente de digestibilidade do amido com a adição destas enzimas.

FISCHER et al. (2002) avaliaram o efeito da inclusão de um complexo

enzimático à base de proteases, amilases e celulases no desempenho de frangos

de corte alimentados com dietas à base de milho e farelo de soja. Os autores

observaram significância na conversão alimentar na fase de 1 a 28 dias, sem

entretanto observarem diferenças no ganho de peso e consumo de ração. No

período de 28 a 42 dias, não foram observadas diferenças no consumo de ração

e conversão alimentar, embora o ganho de peso tenha sido melhorado nesta fase.

Estes resultados sugerem que a adição de enzimas exógenas em

rações avícolas pode ser direcionada a períodos específicos, sendo mais eficazes

nos períodos iniciais de vida dos animais, onde o trato gastro intestinal está

imaturo e não consegue sintetizar enzimas endógenas em larga escala.

RODRIGUES et al. (2003) observaram melhora na digestibilidade ileal

da proteína bruta, amido e energia digestível pela adição de um complexo

enzimático (protease, amilase e xilanase) em dietas à base de diferentes

variedades de milho para frangos de corte de 1 a 28 dias de idade. Estes

pesquisadores afirmaram que a adição do complexo enzimático pode ser

benéfica, pois reduz a variabilidade da EMAn das diferentes dietas analisadas.

GRACIA et al. (2003) relataram melhora na digestibilidade do amido

com a adição de α-amilase em dietas à base de milho para frangos de corte, além

de, melhora da digestibilidade da matéria seca, energia metabolizável aparente

corrigida e energia total da dieta. Estes autores citam ainda que a suplementação

de α-amilase na dieta de frangos de corte, aumentou a digestibilidade do amido

de 94,9% aos 7 dias para 97,1% aos 28 dias de idade dos frangos além de

proporcionar um maior consumo alimentar e menor conversão.

Com o intuito de avaliar as diversas condições de processamento das

rações de frangos de corte, como temperatura, umidade, tempo, vapor e pressão

sobre a ação das enzimas exógenas (amilase, protease e celulases) e vitaminas,

LEITE et al. (2008) avaliaram o desempenho e aproveitamento de energia e

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15

nutrientes, em frangos de corte de 1 a 21 dias de idade. Estes autores concluíram

que o processo de peletização das rações que utilizaram enzimas exógenas,

vitaminas e minerais antes da peletização promoveu melhorias no desempenho

das aves, refletindo positivamente no ganho de peso, na conversão alimentar e

nos coeficientes de digestibilidade da proteína bruta, extrato etéreo e energia

metabolizável aparente corrigida das aves.

CARVALHO et al. (2009) trabalhando com complexo enzimático

composto por carboidrases em rações fareladas para frangos de corte machos e

fêmeas, concluiu que, na fase inicial (1 a 21 dias de idade) de frangos de corte, a

inclusão de 0,03% e 0,04% do complexo enzimático (amilase e β-glucanase) e a

combinação 0,04% do complexo enzimático (amilase e β-glucanase) e 0,01% de

xilanase resultaram em melhores ganhos de peso em machos.

Estes autores concluíram que o uso do complexo enzimático foi efetivo

para recuperar o desempenho das aves com dietas com 3% a menos de energia

metabolizável, não ocasionando efeitos sobre as características de carcaça e a

morfologia intestinal analisadas. Os autores afirmaram ainda, que a eficiência de

ação dos complexos enzimáticos depende da idade e do sexo da ave.

FORTES (2007), trabalhando com galos cecectomizados e utilizando

diferentes níveis de inclusão de α-amilase e β-glucanase em rações à base de

milho e farelo de soja (Tabela 1) notou efeito significativo para EMVn com

resposta quadrática (Figura 1). Este autor conclui que a melhora com a adição de

enzimas exógenas ocorreu devido uma melhor degradabilidade do amido,

promovendo assim um melhor aproveitamento dos nutrientes das rações

utilizadas.

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TABELA 1- Energia Metabolizável Verdadeira corrigida pelo balanço de

nitrogênio (EMVn), do milho e seus diferenciais entre o tratamento sem enzima,

com base na Matéria Seca.

Níveis de Ronozyme A

(g/ton) EMVn* Diferencial, kcal Diferencial em %

0 3726 0 0

100 3787 60,82 1,7

200 3820 93,69 2,62

300 3826 100,56 2,82

400 3838 112,05 3,14

500 3860 133,81 3,75

CV% 1,36

*Efeito significativo (P<0,01) y = 3732,5 + 0,5103x – 0,00055x² R²= 97,26% Fonte: FORTES, 2007

FIGURA 1- Energia metabolizável verdadeira corrigida pelo balanço de nitrogênio com o aumento de inclusão de Ronozyme A na dieta de aves. Fonte: Fortes (2007)

Diversos autores (Quadro 3) elucidaram os efeitos positivos da

suplementação de carboidrases em rações de frangos de corte elaboradas com

milho e farelo de soja sobre a conversão alimentar e ganho de peso (CARVALHO

et al., 2009; COWIESON et al., 2003; KIDD et al., 2001; IJI et al., 2003).

3700

3720

3740

3760

3780

3800

3820

3840

3860

3880

0 100 200 300 400 500 600

Níveis de Ronozyme A (g/ton)

EM

Vc

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QUADRO 3- Efeito do uso de enzimas na conversão alimentar (CA) e ganho de peso (GP) de frangos de corte alimentados com dietas à base de milho e farelo de soja

Referências Enzimas

utilizadas

Melhora na CA (%)

Melhora no GP (%)

Iji et al., (2003) Xilanase, amilase

e protease 10,5 10,3

Kidd et al., (2001) α-galactosidase 0,88 2,22

Cowieson et al.,

(2003) Pectinase 2,50 0,50

Carvalho et al.,

(2009)

Amilase e β-

glucanase 5,82 7,64

Carvalho et al.,

(2009)

Amilase, xilanase e β-

glucanase 6,88 6,67

Fonte: Adaptado de CARVALHO (2010)

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A decisão do uso de enzimas depende do tipo de ingrediente utilizado

e da relação custo-benefício que a suplementação enzimática poderá acarretar. A

suplementação de enzimas pode, portanto, melhorar o valor produtivo dos

alimentos comerciais e permitir maior flexibilidade na formulação das dietas,

reduzindo o custo e mantendo os parâmetros nutricionais. O conhecimento do

binômio enzima-substrato, aliado a aspectos econômicos serão as formas mais

coerentes de utilização deste aditivo em dietas avícolas.

Page 25: Utilização de carboidrases em rações de frangos de corte · melhorar o aproveitamento da energia dos ingredientes nas rações avícolas. Os efeitos benéficos da suplementação

19

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