usos e abusos de imagens no ensino de histÓria andrÉ mendes salles

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Palestra USOS E ABUSOS DE IMAGENS NO ENSINO DE HISTÓRIA ANDRÉ MENDES SALLES

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USOS E ABUSOS DE IMAGENS NO ENSINO DE HISTÓRIA ANDRÉ MENDES SALLES

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Page 1: USOS E ABUSOS DE IMAGENS NO ENSINO DE HISTÓRIA   ANDRÉ MENDES SALLES

Palestra 

USOS E ABUSOS DE IMAGENS NO ENSINO DE HISTÓRIA

ANDRÉ MENDES SALLES

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O LUGAR DO PÚBLICO E DO PRIVADO NA SOCIEDADE ATUAL: Reality shows (espetacularização do cotidiano/trivial/particular?

Redes sociais: Facebook, Orkut (os diários da pós-modernidade?)

A efemeridade das coisas;  Sociedade atual: A sociedade das imagens?  Uma imagem vale mais do que mil palavras?   “A lei do menor esforço”: A imagem é apenas para ser

contemplada? (sem esforço interpretativo?)

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A auto-imagem afetada

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KOSSOY, Boris. O relógio de Hiroshima: reflexões sobre os diálogos e silêncios das imagens. Revista Brasileira de História, São Paulo, v. 25, nº 49, p. 35-42, 2005.

“Com a invenção da fotografia inventou-se também, de certa forma, a máquina do tempo” (p. 35). “ [...] Com a fotografia descobriu-se que o objeto, embora ausente, poderia ser (re) apresentado, eternamente. É este o tempo da reapresentação, que perpetua a memória na longa duração” (p. 35).

A manipulação é inerente à construção da imagem fotográfica.

A imagem fotográfica pressupõe certa organização da aparência.

A fotografia não é uma tomografia da mente e do espírito, mas apenas um registro expressivo da aparência A fotografia é uma forma de se registrar o aparente.

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  A imagem é uma forma de registro, não um aparelho detector de

verdades ou mentiras A relação verdade/mentira na imagem fotográfica é sempre ambígua e complexa.

A fotografia representa uma “segunda realidade” A fotografia nos mostra uma determinada versão iconográfica do objeto representado.

A imagem fotográfica não é uma substituição do ser ou objeto ausente, mas sim uma nova realidade que se cria a partir da representação do ser ausente. É preciso que se leve em conta o complexo processo de criação do fotógrafo (construção técnica, estética, ideológica etc.). Quer dizer:“O documento fotográfico não pode, portanto, ser compreendido independentemente do processo de construção da representação em que foi gerado”. (é essa realidade que deve ser tomada com documento)

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Toda imagem (fotográfica) tem atrás de si uma História Ela é um documento histórico:

1. Revela-nos o mais aparente: Nos mostra como eram os objeto, as vestimentas, os estilos de cabelo, as ruas, enfim, o mundo aparente.

2. Mas também possibilita que a interpretemos enquanto Representação: Nos faz imaginar os segredos implícitos, os enigmas que esconde, aquilo que não está manifesto (“o não dito”), a emoção e a ideologia do fotográfico ou artista.

A imagem, assim como a memória, revela e, ao mesmo tempo (de forma dialética), silencia.

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A utilização de imagens no ensino de História: Instrumento ilustrativo ou problematizador?

  A questão do anacronismo.

  A falsa analogia (ou a analogia enganadora). 

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A velha pergunta: Para que serve o ensino de História mesmo?

Leitura:

DE COMO O ENSINO DE HISTÓRIA CONSTRÓI A PAZ... DOS CEMITÉRIOS E, ASSIM, SERVE À GUERRA. (Revista Saeculum – UFPB)

(Rosa Godoy)

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O uso de imagens no ensino de História e nos livros escolares

  

A representação dos indígenas 

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O índio tapuia é apresentado como “mais selvagem” do que o índio

tupi. É possível perceber isso através, sobretudo, dos aspectos

físicos, quer dizer, o índio tapuia está nu, com adornos que perfuram

seu rosto, apresenta mais armamentos de caça ou guerra do que o

índio tupi, indicando talvez que ele seja mais guerreiro ou feroz,

além de apresentar um condicionamento físico mais avantajado do

que o índio tupi. O próprio ambiente que os circunda reforça essas

idéias, apresentando uma aparência mais selvagem no ambiente

tapuia e mais ameno no ambiente tupi. O índio tupi é apresentado

mais europeizado, com calção de pano provavelmente europeu.

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As tribos indígenas chamadas de forma genérica pelos portugueses de tapuia

foram tribos que resistiram de forma mais enérgica à chegada desses povos a

terra que mais tarde foi chamada de Brasil, realizando guerras com os

portugueses. Muitos dos chamados tapuias, com a chegada cada vez maior de

portugueses, migraram para o interior do território brasileiro. Enquanto que

várias das tribos de origem tupi ficaram conhecidas por suas alianças com os

portugueses. Por isso muitas vezes os europeus que retrataram os indígenas

brasileiros no século XVI e XVII tinham essa visão dos tupis como mais

europeizados e dos tapuias como mais “selvagens” e até mesmo como povos

que deveriam ser temidos. Inclusive os tapuias eram muitas vezes retratados

pelos europeus, sem nenhum tipo de contextualização, como canibais, o que

aumentava o estereótipo em torno dos diversos povos considerados tapuias e

alimentava o medo que boa parte dos portugueses tinha em relação a esses

povos.

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Independência ou Morte [O Grito do Ipiranga], de Pedro Américo, 1888, óleo sobre tela

415 x 760 cm Acervo do Museu Paulista (São Paulo, SP)

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Proclamação da Independência, François René Moreaux, 1844, óleo sobre tela.

244 x 383 cm Acervo do Museu Imperial/IPHAN/MinC (Petrópolis, RJ)

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As duas pinturas retratam muita euforia e felicidade das

pessoas retratadas. Nas duas imagens D. Pedro é posto no

centro da pintura, na provável tentativa de colocá-lo como o

principal personagem dos acontecimentos. As duas imagens

retratam o momento da Proclamação da Independência como

um solene e grandioso acontecimento.

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Na figura 1 D. Pedro está mais distante e é acompanhado apenas por soldados (ao lado

direito da pintura) e nobres (que na pintura estão atrás de D. Pedro, levantando seus

chapéus). Ao lado esquerdo da figura 1, no primeiro plano, há um homem levando bois e

outro, a segundo plano, montado a cavalo. Ambos aparentam ser trabalhadores rurais (o

povo), e desconhecem o que está acontecendo, quer dizer, aparentam desconhecer a

importância e o significado daquele momento. Em outras palavras, o povo estava ausente

da participação e comemoração daquele momento. Já na figura 2, D. Pedro está em

primeiro plano, quer dizer, mais próximo de quem o observa, e está rodeado de populares

que o reverenciam e comemoram o acontecimento de maneira, até certo ponto, exagerada.

Na figura 2 os soldados (guardas) também comemoram, mas diferentemente da figura 1,

estão em segundo plano, quer dizer, atrás de D.Pedro,

parecendo ocupar um papel secundário.

 

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“O destino cruzou o caminho de D. Pedro em situação de desconforto e nenhuma elegância. Ao se aproximar do riacho do Ipiranga, às 16h30 de 7 de setembro de 1822, o príncipe regente, futuro imperador do Brasil e rei de Portugal, estava com dor de barriga. A causa dos distúrbios intestinais é desconhecida. [...]

A montaria usada por D. Pedro nem de longe lembrava o fogoso alazão que, meio século mais tarde, o pintor Pedro Américo colocaria no quadro ‘Independência ou morte’, [...], a mais conhecida cena do acontecimento. O coronel Marconde se refere ao animal como uma ‘baia gateada’. Outra testemunha, o padre mineiro Belchior Pinheiro de Oliveira, cita uma ‘bela besta baia’. Em outras palavras, uma mula sem nenhum charme, porém forte e confiável. Era a forma correta e segura de subir a serra do Mar naquela época de caminhos íngremes, enlameados e esburacados.

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Foi, portanto, como um simples tropeiro, coberto pela lama e a poeira do caminho, [...], que D. Pedro proclamou a Independência do Brasil”.

(Fragmento extraído do livro: GOMES, Laurentino. 1822. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010, p. 29-30)

 

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Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo, 1893.Fim