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Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG - 01 e 02 de dezembro de 2016 - 4494 - ARTIGO - EPA ENSINO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE USOS E ABUSOS DA ESCALA LIKERT: ESTUDO BIBLIOMÉTRICO NOS ANAIS DO ENANPAD DE 2010 A 2015 FABIO ANTONIALLI, LUIZ MARCELO ANTONIALLI, RENAN ANTONIALLI O presente trabalho objetivou constatar se os pressupostos originais da escala Likert foram ou não considerados nos artigos publicados nos Anais do EnANPAD no período entre 2010 a 2015. Trata-se de uma pesquisa quantitativa, exploratória e bibliométrica, cujos dados foram processados no Microsoft Excel e SPSS, utilizando-se para análise a distribuição de frequência e média aritmética. Para seleção dos artigos realizou-se busca nos anais do evento pela denominação Likert quando esta constava no resumo, metodologia e/ou resultados dos artigos. Dos 5342 artigos publicados no período, 742 (13,89%) continham tal denominação. Para constatação se foram considerados os pressupostos originais da referida escala, buscou- se identificar as seguintes palavras-chave: “soma”; “somatório” ou “escala indireta”. Os resultados demostraram que em 728 artigos (98,1%) os pressupostos originais da escala Likert não foram considerados sendo que na maioria os autores justificaram como sendo usada a escala tipo-Likert. Deve-se ressaltar que há importantes diferenças entre as escalas Likert (original) e tipo-Likert, contudo, verificou-se que seu uso na amostra de artigos analisada foi na maioria das vezes equivocado. Tal realidade evidencia que, apesar de muito popular, há necessidade de esclarecimentos para academia brasileira sobre os pressupostos originais da escala Likert para evitar futuros equívocos em seu uso. Palavras-Chave: Escala Likert. Tipo-Likert. Intervalar. Somatório. 1. Introdução A escala de atitudes Likert tem sido largamente utilizada na área de Ciências Humanas, como também em Ciências Sociais Aplicadas, tanto em nível nacional quanto internacional. A escala Likert foi batizada em homenagem a seu criador Rensis Likert (1903-1981) que também é conhecida como escalas de avaliação somadas porque a pontuação da escala é uma simples soma das respostas sobre os itens (BERNSTEIN, 2005). De acordo com diversos autores, entre eles Balasubramanian (2012); Ary, Jacobs e Razavieh (2006), Camparo (2013), Edmondson (2005), a escala Likert é a mais popular forma de mensuração de atitudes. Rensis Likert nasceu em 05 de agosto de 1903 em Cheyenne, Wyoming, Estados Unidos. Graduou em economia pela Universidade de Michigan em 1926 e obteve seu

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Anais do Congresso de Administração, Sociedade e Inovação - CASI 2016 - ISSN: 2318-698 | Juiz de fora/MG -

01 e 02 de dezembro de 2016

- 4494 -

ARTIGO - EPA – ENSINO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE

USOS E ABUSOS DA ESCALA LIKERT: ESTUDO BIBLIOMÉTRICO NOS ANAIS

DO ENANPAD DE 2010 A 2015

FABIO ANTONIALLI, LUIZ MARCELO ANTONIALLI, RENAN ANTONIALLI

O presente trabalho objetivou constatar se os pressupostos originais da escala Likert foram ou

não considerados nos artigos publicados nos Anais do EnANPAD no período entre 2010 a

2015. Trata-se de uma pesquisa quantitativa, exploratória e bibliométrica, cujos dados foram

processados no Microsoft Excel e SPSS, utilizando-se para análise a distribuição de

frequência e média aritmética. Para seleção dos artigos realizou-se busca nos anais do evento

pela denominação Likert quando esta constava no resumo, metodologia e/ou resultados dos

artigos. Dos 5342 artigos publicados no período, 742 (13,89%) continham tal denominação.

Para constatação se foram considerados os pressupostos originais da referida escala, buscou-

se identificar as seguintes palavras-chave: “soma”; “somatório” ou “escala indireta”. Os

resultados demostraram que em 728 artigos (98,1%) os pressupostos originais da escala Likert

não foram considerados sendo que na maioria os autores justificaram como sendo usada a

escala tipo-Likert. Deve-se ressaltar que há importantes diferenças entre as escalas Likert

(original) e tipo-Likert, contudo, verificou-se que seu uso na amostra de artigos analisada foi

na maioria das vezes equivocado. Tal realidade evidencia que, apesar de muito popular, há

necessidade de esclarecimentos para academia brasileira sobre os pressupostos originais da

escala Likert para evitar futuros equívocos em seu uso.

Palavras-Chave: Escala Likert. Tipo-Likert. Intervalar. Somatório.

1. Introdução

A escala de atitudes Likert tem sido largamente utilizada na área de Ciências

Humanas, como também em Ciências Sociais Aplicadas, tanto em nível nacional quanto

internacional.

A escala Likert foi batizada em homenagem a seu criador Rensis Likert (1903-1981)

que também é conhecida como escalas de avaliação somadas porque a pontuação da escala é

uma simples soma das respostas sobre os itens (BERNSTEIN, 2005). De acordo com diversos

autores, entre eles Balasubramanian (2012); Ary, Jacobs e Razavieh (2006), Camparo (2013),

Edmondson (2005), a escala Likert é a mais popular forma de mensuração de atitudes.

Rensis Likert nasceu em 05 de agosto de 1903 em Cheyenne, Wyoming, Estados

Unidos. Graduou em economia pela Universidade de Michigan em 1926 e obteve seu

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doutorado pela Universidade de Columbia em 1932, época em ficou interessado em

psicologia social. Além de se envolver com o desenvolvimento da escala para a mensuração

de atitudes, também passou grande parte de sua carreira profissional desenvolvendo teorias de

gestão de negócios, tais como a teoria da gestão participativa e da conceituação de quatro

tipos de comportamento do líder. Estava a frente de seu tempo e levou o pensamento

psicológico para novas fronteiras. Likert faleceu em 03 de Setembro de 1981, em Ann Arbor,

Michigan, Estados Unidos (CAMPBELL,1988 citado por EDMONDSON, 2005).

Atitudes são individualmente atribuídas às emoções, crenças e tendências de

comportamento que um indivíduo tem para com um objeto específico ou abstrato (BARON,

BYRNE, 1977).

Uma atitude é uma construção hipotética que representa o grau de um indivíduo de

gostar ou não gostar de alguma coisa. As atitudes são geralmente pontos de vista positivos ou

negativos de uma pessoa em relação a um lugar, coisa ou evento. Escalas de atitude são uma

tentativa de determinar o que um indivíduo acredita, percebe ou sente

(BALASUBRAMANIAN, 2012).

Segundo a autora, várias escalas vêm sendo utilizadas para medir atitudes, tais como:

escala de distância social de Bogardus, escala de Thurstone, escala Likert, escalas Guttman e

escala de significado emocional de Osgood.

Na escala de Likert (1932), os respondentes precisavam marcar somente os pontos

fixos, em um sistema de cinco categorias de resposta que vão de “aprovo totalmente” a

“desaprovo totalmente”. Likert também introduziu a escala bidimencional com um ponto

neutro no meio da escala (VIEIRA; DALMORO, 2008).

Embora as variações da alternativa de resposta na escala Likert tornaram-se comuns,

seu uso se popularizou criando também equívocos. Um deles e comum tem sido a análise

inadequada de questões individuais em uma escala de atitude (BOONE JR.; BOONE, 2012).

Clason e Dormody (1994) descreveram a diferença entre escalas tipo-Likert e escalas

Likert. Os autores identificaram as escalas tipo-Likert como questões individuais que usam

algum aspecto das alternativas originais de resposta das escalas Likert (que originalmente

utilizam somatório).

De acordo com Brown (2011), há algumas diferenças importantes entre as escalas

tipo-Likert e as escalas Likert. No que diz respeito às escalas tipo-Likert, o autor reflete que:

1) temos de pensar sobre as escalas tipo-Likert como itens individuais e escalas Likert

(somatório de vários itens) de diferentes maneiras; 2) escalas tipo-Likert representam um item

da escala e não a escala; 3) sendo as escalas tipo-Likert ordinais é irrelevante sua utilização

visto que estas devem ser tomadas como intervalares; 4) se um pesquisador apresenta as

médias e desvios-padrão para escalas individuais tipo-Likert, ele deve também apresentar a

porcentagem ou a frequência de pessoas que selecionaram cada opção e deixar o leitor decidir

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como interpretar os resultados; 5) em qualquer caso, não devemos confiar demais na

interpretação de itens únicos porque os itens individuais não são relativamente confiáveis.

Com relação às escalas Likert, Brown (2011), salienta que: 1) escalas Likert são

somatórios de respostas de várias escalas tipo-Likert; 2) escalas Likert contêm, vários itens e,

portanto, tendem a ser mais confiáveis do que os itens individuais; 3) naturalmente, a

confiabilidade das escalas Likert devem ser verificadas usando o Alpha de Cronbach ou outra

estimativa de confiabilidade quando adequado; 4) escalas Likert por conterem vários itens,

podem ser interpretadas como escalas intervalares, assim, estatísticas descritivas podem ser

aplicadas, bem como a análise de correlação, análise fatorial, análise variância, entre outras.

Em resumo, verifica-se que historicamente a escala Likert (1932) vem vendo utilizada

por alguns autores que consideraram seus pressupostos originais (somatório dos itens ou

variáveis) e por outros que desconsideraram tais pressupostos (análise individual dos itens ou

variáveis).

Tal constatação, por outro lado, expõe uma grande dúvida e polêmica diante da

popularidade da escala Likert na academia brasileira. Essa foi a grande motivação dessa

pesquisa que, em caráter exploratório, buscou inicialmente elucidar o seguinte problema de

pesquisa: os autores que publicaram artigos científicos nos últimos cinco EnANPADs (2010 a

2014), utilizaram a escala Likert de forma correta?

Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo constatar, por meio de uma

pesquisa bibliométrica, se os pressupostos originais da escala Likert foram ou não

considerados nos artigos publicados nos Anais dos Encontros da Associação Nacional de Pós-

Graduação e Pesquisa em Administração (EnANPADs), no período entre 2010 a 2015.

Especificamente, buscou-se: 1) traçar um panorama das características gerais dos artigos

publicados em todos os comitês científicos do evento; 2) identificar os artigos que

consideraram ou não os pressupostos originais da escala Likert por ano e por comitê

científico; finalmente, 3) identificar as técnicas estatísticas utilizadas nos referidos artigos.

A principal justificativa para presente pesquisa apoia-se na necessidade de esclarecer e

alertar os acadêmicos sobre os equívocos na utilização da escala Likert, principalmente, na

área de administração, ciências contábeis e turismo.

2. Referencial Teórico

2.1 Tipos de escalas básicas de medição

De modo geral, existem dois tipos básicos de escalas: métricas e não-métricas. As

escalas métricas frequentemente chamadas de quantitativas, e as escalas não-métricas

chamadas de qualitativas (HAIR JR. et al. 2005).

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Segundo HAIR JR. et al. (2005); Malhotra (2001) e Mattar (1996), as variáveis

mensuradas no nível nominal ou ordinal são distintas e chamadas de categóricas, qualitativas

ou não-métricas. Por outro lado, variáveis medidas no nível de intervalo ou razão são

contínuas e chamadas de quantitativas ou métricas. As características de tais escalas são

detalhadas a seguir:

- Escala Nominal: nessa escala cada número serve apenas como rótulos para identificar e

classificar objetos. Exemplos de escala nominal podem ser números de registro no seguro

social ou identidade, números atribuídos a jogadores de futebol. Ainda, segundo os autores,

na pesquisa em administração, as escalas nominais são utilizadas para identificar funções ou

cargos de indivíduos, marcas, lojas, atributos e outros objetos. É importante ressaltar que os

números em uma escala nominal não refletem o grau da característica possuída pelos objetos.

Ou seja, os números escalonados nominalmente servem apenas como rótulos para classes ou

categorias. A escala nominal permite a aplicação da distribuição de frequência (contagem)

como ferramenta de análise estatística, além da moda, percentagens e estatísticas não-

paramétricas.

- Escala Ordinal: na escala ordinal os números são ranqueados em uma ordem crescente ou

decrescente que indica a posição relativa, mas não a magnitude das diferenças entre os

objetos. Logo, um objeto classificado em primeiro lugar tem a característica em maior grau do

que um objeto classificado em segundo lugar, mas não se sabe a magnitude da diferença entre

eles. Conforme os autores, para essa escala, além das técnicas estatísticas utilizadas para

escala nominal, pode-se também calcular a mediana e estatísticas não paramétricas.

- Escala Intervalar: uma escala intervalar tem todas as qualidades das escalas nominais e

ordinais, em adição às diferenças entre os pontos que são considerados iguais. Portanto, é

possível comparar a diferença entre objetos. A diferença entre 1 e 2 é a mesma que a

diferença entre 2 e 3, que é a mesma diferença entre 5 e 6. Um exemplo típico são as escalas

de temperaturas (Celsius, Fahrenheit e Kelvin), nas quais o ponto zero é arbitrário, ou seja,

diferentes em cada escala. Em ciências sociais aplicadas é utilizada para medir atitudes,

percepções, sentimentos, opiniões e valores. As técnicas estatísticas possíveis para essa

escala, além das utilizadas para escala ordinal, incluem a média, intervalo, amplitude total,

amplitude média, desvio médio, desvio padrão, Teste Z, Teste t, Teste F, análise de variância,

correlação de Pearson.

- Escala Razão: é o tipo de escala que oferece o mais alto nível de mensuração. Em escalas

razão pode-se identificar ou classificar objetos, dispô-los em postos e comparar intervalos ou

diferenças. Assim, tem sentido também calcular razões de valores de escala. Não só a

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diferença entre 2 e 5 é a mesma que 14 e 17, mas também 14 é sete vezes mais do que 2 em

sentido absoluto. Outros exemplos de escala razão são: altura, peso, idade e dinheiro. E em

marketing podem ser vendas, custos, fatia de mercado e número de clientes. As técnicas

estatísticas que podem ser usadas para dados em escala razão incluem todas das escalas

anteriores além da média geométrica, média harmônica, coeficiente de variação entre outras

que exigem escalas métricas.

Na Tabela 1, apresentam-se resumidamente as características das quatro escalas

básicas de medição, os usos em marketing e as estatísticas possíveis.

Tabela 1. Características das escalas básicas de medição.

Escala Características Usos em marketing Estatísticas possíveis*

Nominal

Identidade,

definição única

de números

Marcas, Sexo, Raças, Cores,

Tipos de lojas, Regiões,

Uso/não uso, Gosta/não

gosta, e a toda variável a

que se possa associar

números para identificação

Distribuição de frequência,

Moda, Percentagens, Teste

binomial, Teste Qui-

quadrado, Mcnemar, Cochran

Q

Ordinal Ordem dos

números

Atitudes, Preferências,

Opiniões, Classes sociais,

Ocupações

Todas da escala nominal

mais: Mediana, Quartis,

Decis, Percentis, Teste Mann-

Whitney, Teste U, Kruskal

Wallis, Correlação de

Spearman ou Kendall

Interval

ar

Comparação de

intervalos

Atitudes, Opiniões,

Conscientização,

Preferências, Números-

índices

Todas das escalas nominal e

ordinal mais: Média,

Intervalo, Amplitude total,

Amplitude média, Desvio

médio, Desvio padrão, Teste

Z, Teste t, Teste F, Análise de

variância, Correlação de

Pearson

Razão

Comparação de

medidas

absolutas,

Comparação e

proporções

Idade, Preço, Número de

consumidores, Volume de

vendas, Renda, Patrimônio

Todas das escalas nominal,

ordinal e intervalar mais:

Média geométrica, Média

harmônica e Coeficiente de

variação

*Estatísticas apropriadas a uma escala são cumulativas quanto maior o nível da escala, todas

são permitidas na escala razão.

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Fonte: Elaborado pelos autores com base em Prearo (2008), Pasquali (2003), Malhotra (2001)

e Mattar (1996).

2.2 Pressupostos da escala original de Rensis Likert

Mattar (1996) classifica como indiretas as escalas de Thurstone e Likert. Segundo o

autor, as escalas indiretas combinam um conjunto de respostas dos entrevistados em relação

ao objeto em questão, para determinar a sua posição na escala de atitude desenvolvida. É útil

quando se trata de questões controversas ou que envolvam a exposição de valores e atitudes

em relação a assuntos considerados íntimos que, os pesquisados podem não ser sinceros ao

responderem escalas diretas (para cada item).

Em resposta à dificuldade de medir traços de caráter e de personalidade, Likert (1932)

desenvolveu uma série de questões com cinco alternativas de resposta: aprovo fortemente (1),

aprovo (2), indeciso (3), desaprovo (4), e desaprovo fortemente (5). Ele combinou as

respostas da série de perguntas para criar uma escala de medida de atitude. Sua análise dos

dados foi baseada no índice composto da soma da série de perguntas que representa a escala

de atitudes do respondente. Portanto, o procedimento proposto por Likert não analisa as

questões ou itens individuais, mas sim o somatório deles (BOONE JR.; BOONE, 2012).

Likert é uma escala de classificação amplamente utilizada, na qual atribui-se a cada

afirmação um valor numérico que vai de 1 a 5 ou de -2 a +2. Cada respondente tem um escore

final atribuído ao somatório de pontos que obter nas alternativas, ou seja, os respondentes são

solicitados a informarem o grau de concordância/discordância, na qual a cada célula de

resposta é atribuído um número que reflete a direção da atitude de cada afirmação. A

pontuação total da atitude de cada respondente é dada pela somatória das pontuações obtidas

para cada afirmação (MALHOTRA, 2001).

Uma pontuação é considerada alta, ou baixa, segundo o número de itens e os valores

atribuídos a cada ponto da escala. Por exemplo, se uma escala contém 10 afirmações (ou

itens) que foram codificadas de 1 a 5, a pontuação mínima possível para cada respondente

será 10 e a máxima 50 (MARTINS; THEÓPHILO, 2009).

De acordo com Hair Jr. et al. (2005) e Martins e Theóphilo (2009), Likert é uma

escala que busca mensurar atitudes ou opiniões, tradicionalmente usando cinco pontos para

avaliar a intensidade com que alguém concorda ou discorda de um conjunto de afirmações.

Em consonância, Malhotra (2001), afirma que a escala Likert é uma escala somatória de

medida com cinco categorias de respostas que vão de “discordo totalmente” a “concordo

totalmente”, e exige que os participantes indiquem sua opção a uma série de afirmações

relacionadas com os objetos de estímulo.

A escala de Likert é fácil de construir e aplicar. Os entrevistados entendem

rapidamente como utilizar, adaptando-a para entrevistas postais, telefônicas ou pessoais e até

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mesmo internet. A principal desvantagem dessa escala é que ela exige mais tempo para ser

completada do que outras escalas de classificação, pois os respondentes têm que ler cada

afirmação (MALHOTRA, 2001). Todavia, conforme ressaltam Martins e Theóphilo (2009),

para chegar-se à versão final de uma escala Likert, é preciso realizar algumas sessões de pré-

teste, a fim de aperfeiçoar o instrumento.

Bernstein (2005) ao analisarem a escala Likert, mostram suas características e

singularidades e também as formas corretas de sua aplicação. Duncan e Stenbeck (1987) ao

estudarem se as escalas Likert são unidimensionais, constataram que os métodos

frequentemente utilizados para analisar dados da escala Likert podem não ser tão

generalizáveis para as pesquisas quanto pesquisadores tinham assumido. Para os autores,

validação das medidas envolvendo escalas de concordância deveria ser parte integral de

qualquer pesquisa que utilize o design de Likert (1932).

Para construção da escala Likert, segundo Mattar (1996) e Lima (2000) citado por

Cunha (2007), segue-se os seguintes passos: 1) gerar um grande número de declarações ou

afirmações relacionadas a atitudes (100 a 200), com base em experiências anteriores,

pesquisas exploratórias, discussões em grupo, etc.; 2) editar as declarações, eliminando

duplicidades, ambigüidades, etc; 3) atribuir graus de conotação desfavorável ou favorável

com 5 pontos e o central neutro: de aprovação ou de concordância. Nesse sentido, Cunha

(2007) e Clason; Dormody (1994), refletem que Likert preconizava uma escala de 5 pontos,

mas atualmente, nas mais diversas bibliografias preconiza-se a utilização de escalas de 3, 4, 7

ou 11 pontos, alegando a falta de poder discriminatório de cada sujeito quando a escala tem

muitas possibilidades de resposta, ou inversamente, alegando que só com muitos pontos a

escala se assemelha ao continuum da nossa opinião, ou traduzindo os resultados de diversas

experiências que demonstram que há tendência para se responder na classe central devendo

por isso evitá-la, etc; 4) submeter as declarações a um grande grupo-piloto (100 a 200

pessoas) pertencente ao público-alvo da pesquisa, para posicionar o seu grau de

desaprovação/aprovação ou de concordância/discordância; 5) pontuar as gradações (em geral:

1, 2, 3, 4, 5 ou -2, -1, 0, +1, +2) tal que a sequência se inverte conforme a natureza da

declaração (positiva ou negativa); 6) atribuir notas as pessoas, somando-se as pontuações de

cada declaração; 7) com base no grupo-piloto, reduzir o número de declarações para 20 ou 30,

selecionando as mais discriminatórias da atitude que se pretende medir. O critério de seleção

parte do princípio de que os indivíduos que têm uma atitude favorável para o objeto em

questão tendem a concordar com a maioria das afirmações positivas e a discordar da maioria

das afirmações negativas, e vice-versa. Em função disso, todas as afirmações positivas ou

negativas que tiverem distribuição indefinida (indecisos) serão consideradas não

discriminatórias da atitude e deverão ser abandonadas; 8) aplicação da escala: dispor as 20 ou

30 declarações aleatoriamente e apresentar às pessoas, para indicarem o seu grau de

desaprovação/aprovação ou de concordância/discordância; 9) atribuir notas as pessoas,

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conforme a soma dos pontos por declaração. Exemplo, se houver 20 declarações e as

gradações forem -2, -1, 0, +1, +2; a somatória mínima possível será -40 e a máxima +40; para

cada respondente.

Por outro lado, um dos principais problemas vem do debate se uma escala Likert é

ordinal ou intervalar (Jamieson, 2004). Embora o próprio Rensis Likert tenha assumido que o

método tem uma qualidade de escala intervalar, muitos a consideram como uma escala

ordinal (Hodge; Gillespie, 2003).

Na realidade, as escalas tipo-Likert se encaixam na escala ordinal. As estatísticas

descritivas recomendadas para itens da escala ordinal incluem a moda ou mediana de

tendência central e frequências para variabilidade. Alguns procedimentos de análise

adicionais apropriados para a escala ordinal incluem o Teste Qui-quadrado e correlação de

Kendall (BOONE JR.; BOONE, 2012). Segundo Malhotra (2001), para escalas ordinais é

possível usar correlação de Spearman ou Kendall.

A escala Likert, por outro lado, é analisada na escala de medição intervalar, uma vez

que o resultado da escala Likert é criado pelo somatório dos itens; portanto, a valor somado

das escalas Likert devem ser analisados na escala de medição intervalar. As estatísticas

descritivas recomendadas para a escala intervalar incluem a média de tendência central e

desvios-padrão para variabilidade. Procedimentos de análise de dados adicionais podem ser:

correlação de Pearson, Teste t, ANOVA e procedimentos de regressão (BOONE JR.;

BOONE, 2012).

Portanto, como a escala Likert (1932) é considerada intervalar, as técnicas estatísticas

possíveis, segundo Mattar (1996), Malhotra (2001) Aaker, Kumar e Day (2001), são todas

previstas para as escalas nominal e ordinal mais: média, intervalo, amplitude total, amplitude

média, desvio médio, desvio padrão, Teste Z, Teste t, Teste F, análise de variância, correlação

de Pearson, conforme descrito no Quadro 1. Portanto, caracteriza-se um equívoco a utilização

dessas técnicas estatísticas para a escala ordinal tipo-Likert.

2.3 Equívocos no uso da escala Likert

Com a criação da escala de Likert (1932) vários problemas e outras questões surgiram

entre os pesquisadores, principalmente, se essa escala (originalmente ordinal) pode ser

assumida como intervalar. Essa confusão tem levado muitas pessoas a utilizar métodos

estatísticos, tais como médias e desvios-padrão, que não são apropriados para escalas tipo-

Likert (EDMONDSON, 2005).

Uma série de artigos argumentam ou presumem que os itens da escala Likert não

formam uma escala intervalar, mas em vez disso devem ser considerados como escalas

ordinais e devem ser analisadas como tal. Outros artigos propõem formas de contornar este

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problema de percepção ordinal/intervalar propondo formatos alternativos como escalas tipo-

Likert.

Apesar de toda essa discussão sobre a natureza ordinal das escalas Likert, a maioria

das pesquisas as trata como escalas intervalares e as analisam como tal, lançando mão de

estatísticas descritivas, como média, desvio padrão, etc. e estatísticas inferenciais como

coeficientes de correlação, análise fatorial, análise de variância, entre outras (BROWN, 2011).

Segundo o autor, muito dessa confusão entre ordinal e intervalar surge do fato que muitos

autores usam o termo escala Likert para se referirem tanto a escalas tipo-Likert (análise

individual das variáveis) quanto para as escalas Likert (somatório dos resultados sobre o

conjunto de itens). Reforçando a polêmica, Carifio e Perla (2007, p.114), listam dez mitos das

escalas Likert e tipo-Likert, os quais:

Mito 1: Não há necessidade de distinguir entre uma escala Likert e escala tipo-Likert;

eles são basicamente a mesma "coisa" e o que é verdade pra um é para o outro;

Mito 2: Os itens da escala (tipo-Likert) são independentes e autônomos, sem estrutura

conceitual, lógica ou empírica subjacente que os reúna e sintetize;

Mito 3: Escalas Likert implicam em escalas tipo-Likert e vice-versa, pois são

isomorfos.

Mito 4: Escalas Likert não podem ser diferenciadas em estruturas conceituais macro e

micro;

Mito 5: Itens da escala Likert devem ser analisados separadamente;

Mito 6: Como as escalas Likert são escalas de nível ordinal, apenas testes estatísticos

não paramétricos devem ser usados com eles;

Mito 7: Escalas Likert são ferramentas empíricas e matemáticas sem sentido e

estrutura subjacente e profunda;

Mito 8: Escalas tipo-Likert podem impunemente ser separadas da Escala Likert e sua

estrutura conceitual subjacentemente lógica;

Mito 9: O formato da escala tipo-Likert não é um sistema ou processo de captura e

codificação das informações sobre às questões de estímulo sobre o construto

subjacente a ser medido;

Mito 10: Pouco cuidado, conhecimento, visão e entendimento são necessário para

construir ou usar uma escala Likert.

Diante disso, para efeito analítico, a presente pesquisa considera como base a escala

original proposta por Likert (1932), que apresenta pressupostos claros, os quais os usuários

devem ser fiéis. Quanto a utilização do número de pontos (gradações) diferente dos cinco

originais, entendemos que isso não pode ser considerado um equívoco pois não compromete a

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essência da escala original. Por outro lado, há equívocos que violaram seriamente os

pressupostos da escala Likert original e que serão aqui considerados, os quais:

1) considerar as repostas para cada item ou variável (chamadas de escalas tipo-Likert)

que no caso é caracterizada como uma escala ordinal;

2) não utilizar o somatório das respostas para o conjunto de itens ou variáveis, ou seja,

não considerar a escala Likert como indireta e intervalar.

3. Procedimentos metodológicos

A presente pesquisa classifica-se como sendo quantitativa e exploratória. A pesquisa

quantitativa, na visão de Pinheiro (2006), representa o estudo estatístico que explica

numericamente as hipóteses levantadas, permitindo o levantamento de um grande volume de

informações, pois adota como principal característica um estudo estruturado, com questões

objetivas. A pesquisa exploratória busca realizar um estudo preliminar do principal objetivo

da pesquisa que será realizada, ou seja, é muito utilizada para familiarizar-se com o fenômeno

que está sendo investigado, de modo que pesquisas subsequentes possam ser concebidas com

uma maior compreensão e precisão (GIL, 2008; COLLIS; JUSSEY, 2005).

Uma das formas de se avaliar a produção científica em determinada área do

conhecimento é o estudo bibliométrico, que segundo Cardoso et al. (2005) tem como objeto o

estudo das referências bibliográficas e das publicações, sendo um dos instrumentos básicos no

estudo dos fenômenos da comunicação científica adquirindo sua importância ao adotar um

método útil para mensurar a repercussão e impacto de determinados autores ou periódicos,

permitindo que se conheçam as ocorrências de variação e suas tendências.

Na visão de Kobashi e Santos (2008), o estudo bibliométrico trata de uma metodologia

de recenseamento das atividades científicas e correlatas, por meio de análise de dados que

apresentem as mesmas particularidades. Ainda segundo os autores, por meio dessa

metodologia, pode-se, por exemplo, identificar a quantidade de trabalhos sobre um

determinado assunto; publicados em uma data precisa; publicados por um autor ou por uma

instituição ou difundidos por um periódico científico, o grau de desenvolvimento de P&D e

de inovação, entre outros. Por meios bibliométricos pode-se, por exemplo, computar dados

para comparar e confrontar os elementos presentes em referências bibliográficas de

documentos representativos das publicações.

O presente trabalho foi conduzido por meio de um estudo bibliométrico de todos os

artigos publicados nos anais do Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e

Pesquisa em Administração (EnANPAD) nos anos de 2010 a 2015. Selecionou-se este evento

por sua importância nacional, tradição e representatividade na área de Administração,

Ciências Contábeis e Turismo. Como técnica de coleta de dados, utilizou-se a pesquisa

bibliográfica, por terem sido utilizados como fonte artigos científicos (GIL, 2008).

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- 4504 -

Para a seleção dos artigos realizou-se uma busca nos anais do evento pela

denominação “Likert” em específico, quando ela constava no resumo, metodologia e/ou

resultados dos artigos. Desta forma, dos 5342 artigos publicados no EnANPAD nesse

intervalo de seis anos, 742 artigos ou 13,89% continham a denominação “Likert”, sendo esse

então o corpus da pesquisa. Para análise do uso correto ou incorreto da escala Likert criou-se

o modelo teórico-analítico sintetizado na Figura 1.

Figura 1. Modelo teórico-analítico para a decisão sobre o uso correto ou incorreto da escala

Likert.

Fonte: Elaborado pelos autores com base em Boone Jr.; Boone, (2012), Carifio e Perla (2007)

e Mattar (1996).

Os dados foram tabulados e processados utilizando-se os softwares Microsoft Excel e

Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) e as análises estatísticas utilizadas foram

descritivas (distribuição de frequência e média).

4. Resultados e discussão

A análise dos resultados está centrada em dois objetivos: primeiramente é traçado um

panorama das características gerais dos artigos publicados nos EnANPADS de 2010 a 2015,

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- 4505 -

que utilizaram a escala Likert, posteriormente, analisou-se se nos artigos considerou-se ou não

os pressupostos originais da escala Likert ou tipo-Likert e; finalmente, identificou-se das

técnicas estatísticas utilizadas nos referidos artigos.

4.1. Panorama das características gerais dos artigos publicados no período

Conforme citado na metodologia desse trabalho, o corpus da pesquisa foi composto

por 742 artigos os quais utilizaram a escala Likert ou tipo-Likert em um universo de 5342

artigos publicados nos anais do evento no período analisado. A Tabela 2 apresenta a

distribuição dos artigos em cada ano e em cada comitê científico nos quais foram publicados.

Tabela 2. Frequência absoluta dos artigos que usaram a escala Likert ou tipo-Likert a cada

ano e em cada comitê científico dos EnANPADs de 2010 a 2015.

2010 2011 2012 2013 2014 2015

Tota

l art

igos

por

com

itê

Art

igos

Lik

ert

ou

tip

o-L

iker

t

Tota

l art

igos

por

com

itê

Art

igos

Lik

ert

ou

tip

o-L

iker

t

Tota

l art

igos

por

com

itê

Art

igos

Lik

ert

ou

tip

o-L

iker

t

Tota

l art

igos

por

com

itê

Art

igos

Lik

ert

ou

tip

o-L

iker

t

Tota

l art

igos

por

com

itê

Art

igos

Lik

ert

ou

tip

o-L

iker

t

Tota

l art

igos

por

com

itê

Art

igos

Lik

ert

ou

tip

o-L

iker

t

ADI 49 10 43 10 52 15 45 6 63 16 56 17

APB 103 4 131 9 118 6 136 8 130 10 156 11

CON 47 6 60 5 68 9 45 6 49 3 52 8

EOR 126 12 113 10 113 8 109 3 98 9 124 5

EPQ 74 5 64 8 73 3 82 11 67 6 72 13

ESO 115 13 135 20 126 20 107 13 133 14 144 18

FIN 54 0 50 2 43 0 25 1 40 1 47 3

GCT 52 4 60 6 60 7 59 9 51 8 83 13

GOL 37 6 37 4 48 10 52 12 49 8 60 11

GPR 96 18 92 14 90 16 106 18 89 21 125 29

MKT 89 29 92 31 76 28 96 27 82 23 124 33

Total 842 107 877 119 867 122 862 114 851 119 1043 161

Legenda: ADI – Administração da Informação; APB – Administração Pública; COM –

Contabilidade; EOR – Estudos Organizacionais; EPQ – Ensino e Pesquisa em Administração

e Contabilidade; ESO – Estratégia em Organizações; FIN – Finanças; GCT – Gestão de

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Ciência, Tecnologia e Inovação; GOL – Gestão de Operações e Logística; GPR – Gestão de

Pessoas e Relações de Trabalho; MKT – Marketing.

Fonte: Dados da pesquisa.

Analisando o total dos artigos percebe-se que entre 2010 a 2015 a média foi de 890

artigos publicados por ano, sendo que 2015 foi o ano que ocorreu mais publicações (1043

artigos) e o 2010 o ano que ocorreu menos (842 artigos).

Por outro lado, no período analisado identificou-se o total de 742 artigos que

utilizaram escalas Likert ou tipo-Likert, sendo que a média foi 124 artigos por ano. Nessa

condição, 2015 foi o ano que ocorreram a maior número de publicações (161artigos) e 2010 o

ano com menor número (107 artigos). Em termos percentuais médios, é possível dizer que

durante o período analisado, a cada ano aproximadamente 15,4% dos artigos publicados

utilizaram escalas Likert ou tipo-Likert.

Fazendo uma análise por comitê científico, foi possível observar que apesar dos

comitês EOR (Estudos Organizacionais) e ESO (Estratégia em Organizações), terem sido

aqueles que mais tiveram artigos publicados ao longo dos anos, não foram os que mais

utilizaram as escalas Likert ou tipo-Likert.

Neste sentido, observa-se que o comitê de Marketing foi o que mais apresentou

publicações que utilizaram escalas Likert ou tipo-Likert (média anual de 28,5 artigos no

período analisado). Em contrapartida, o comitê de Finanças foi o que apresentou o menor

número de publicações, sendo que nos anos de 2010 e 2012, nenhum dos artigos publicados

utilizaram escalas Likert ou tipo-Likert nesse comitê.

Quanto ao número de autores, a Figura 2 deixa claro a predominância de dois ou três

autores em todos os anos analisados, nos artigos publicados que utilizaram Likert ou tipo-

Likert. Tal fato foi também observado em outros estudos bibliométricos já realizados nos

anais do EnANPAD, (ZANINI; PINTO; FILIPPIM, 2012; BARROS et al. 2011; TROCCOLI

et al. 2011; ARÁÚJO et al. 2009).

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Figura 2. Número de autores por artigo que utilizaram a escala Likert ou tipo-Likert em cada

ano dos EnNANPADs de 2010 a 2015

Fonte: Dados da pesquisa.

No que se refere à abordagem quantitativa ou qualitativa dos artigos, percebe-se pela

Tabela 3 que em todos os anos analisados, a maioria dos artigos publicados foram

quantitativos (média geral anual de 95,5 artigos) e que a média geral anual de artigos com

abordagem mista, qualitativa e quantitativa, foi de 29,7 artigos, ou seja, aproximadamente 1/3

em relação ao número de artigos quantitativos.

Quanto aos comitês científicos, o que mais publicou artigos quantitativos ao longo dos

anos foi Marketing - MKT (média anual de 24,8 artigos) o que evidência a tendência de

pesquisas quantitativas nessa área do conhecimento, conforme corroborado por Barros et al.

(2011). Para os demais comitês os que apresentaram um maior número de artigos

quantitativos foram respectivamente: Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho - GPR

(média de 13,7 artigos); Estratégia em Organizações - EOR (média de 12,8 artigos) e

Administração da Informação – ADI (média de 9,83 artigos), valores os quais são

aproximadamente a metade do número de publicações na área de Marketing.

Em relação aos artigos de abordagem mista (quantitativa/qualitativa) o comitê com

maior número de publicações foi o de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho (GPR), com

média de 6,17 artigos por ano, na sequência aparece o comitê de Administração Pública -

APB (média 3,83 artigos) e somente após esse, surge o comitê de Marketing (MKT) com uma

média de 3,67 artigos por ano, fato que mais uma vez corrobora o caráter quantitativo da área.

1 autor 2 autores 3 autores 4 autores 5 autores 6 autores

2010 6,72 36,13 30,25 18,49 5,88 2,52

2011 8,00 41,60 29,60 16,00 2,40 2,40

2012 6,06 28,03 43,18 13,64 4,55 4,55

2013 3,97 32,54 34,13 19,84 6,35 3,17

2014 4,76 35,71 26,19 23,81 6,35 3,17

2015 4,3 33,1 31,3 22,1 6,7 2,5

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

45,00

50,00%

de

art

igos

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Tabela 3. Tipos de abordagem dos artigos que utilizaram a escala Likert ou tipo-Likert em

cada ano e em cada comitê científico dos EnNANPADs de 2010 a 2015.

2010 2011 2012 2013 2014 2015 Médias

Quan

ti*

Qual

i /

Quan

ti**

Quan

ti

Qual

i /

Quan

ti

Quan

ti

Qual

i /

Quan

ti

Quan

ti

Qual

i /

Quan

ti

Quan

ti

Qual

i /

Quan

ti

Quan

ti

Qual

i /

Quan

ti

Quan

ti

Qual

i/quan

ti

ADI 10 0 5 5 13 2 3 3 14 2 14 3 9,83 2,50

APB 0 4 2 7 3 3 5 3 8 2 7 4 4,17 3,83

COM 3 3 5 0 9 0 5 1 3 0 8 0 5,50 0,67

EOR 8 4 8 2 4 4 3 0 8 1 3 2 5,67 2,17

EPQ 5 0 5 3 2 1 7 4 5 1 10 3 5,67 2,00

ESO 9 4 14 6 17 3 11 2 10 4 16 2 12,83 3,50

FIN 0 0 2 0 0 0 1 0 1 0 3 0 1,17 0,00

GCT 4 0 4 2 6 1 6 3 6 2 10 12 6,00 3,33

GOL 3 3 3 1 8 2 12 0 5 3 9 2 6,67 1,83

GPR 10 8 8 6 12 4 13 5 15 6 21 8 13,17 6,17

MKT 23 6 26 5 27 1 26 1 18 5 29 4 24,83 3,67

Total 75 32 82 37 101 21 92 22 93 26 130 40 95,50 29,67

* Quanti: pesquisa quantitativa

** Quali/Quanti: pesquisa qualitativa e quantitativa

Fonte: Dados da pesquisa.

De uma forma geral percebe-se que ao se usar a escala Likert ou tipo-Likert os

pesquisadores vêm adotando abordagens quantitativas em detrimento à abordagem mista

(quantitativa/qualitativa). Cabe ressaltar que não foram encontrados artigos exclusivamente

qualitativos, uma vez que a utilização de escalas Likert ou tipo-Likert implicam

necessariamente no uso de abordagens quantitativas.

4.2. Usos e abusos da Escala Likert nos artigos publicados no período estudado

Após traçar um panorama das características gerais dos artigos, o interesse constatar se

os pressupostos originais da escala Likert foram ou não considerados nos artigos que

compuseram o corpus da pesquisa.

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Neste sentido, buscou-se identificar as seguintes palavras-chave nos 742 artigos

publicados nos EnNANPADs no período analisado (2010 a 2015) os quais utilizaram a escala

Likert: “soma”; “somatório” e “escala indireta”, características consideradas que seguem os

pressupostos originais de Likert (1932). Na Tabela 4 apresentam-se os resultados

encontrados.

Observando os totais, percebeu-se que, dos 742 artigos publicados que utilizaram a

escala Likert, a maioria de 728 artigos (98,1%) não considerou os pressupostos originais, uma

vez que não foram detectados nos artigos o uso das palavras-chave acima descritas, sendo que

a escala utilizada em tais artigos na realidade foi a tipo-Likert.

Por outro lado, somente a minoria de quartorze artigos (1,9%) considerou os

pressupostos originais da escala Likert, assumindo-a como somatória e indireta.

Tal equívoco, pôde ser constatado em todos comitês científicos do evento, contudo, a

área de Marketing (MKT) apesar de ter sido a que mais utilizou escalas Likert e tipo-Likert

(vide Tabela 2), em nenhum desses artigos a escala foi utilizada corretamente (Tabela 4). Tal

fato é preocupante visto que essa área pode ser considerada como aquela que mais se

desenvolveu em metodologia quantitativa de pesquisa. Destaca-se também que nos comitês

EOR, GOL e GPR nenhum artigo considerou os pressupostos originais da escala Likert.

Tabela 4. Artigos que seguiram e que não seguiram corretamente os pressupostos da Escala

Likert em cada ano e em cada comitê científico dos EnNANPADs 2010 a 2015.

2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total Percentual

o

Si

m

o

Si

m

o

Si

m

o

Si

m

o

Si

m

o

Si

m

o

Si

m

o

Si

m

ADI 9 1 10 0 14 1 5 1 16 0 17 0 71 3 95,9% 4,1%

APB 4 0 9 0 6 0 8 0 9 1 10 1 46 2 95,8% 4,2%

CO

M 6 0 4 1 9 0 6 0 3 0 8 0 36 1 97,3% 2,7%

EOR 12 0 10 0 8 0 3 0 9 0 5 0 47 0 100,0

% 0,0%

EPQ 5 0 8 0 3 0 11 0 6 0 12 1 45 1 97,8% 2,2%

ESO 13 0 20 0 20 0 12 1 14 0 17 1 96 2 98,0% 2,0%

FIN 0 0 1 1 0 0 1 0 1 0 1 2 4 3 57,1% 42,9

%

GCT 3 1 6 0 7 0 9 0 8 0 12 1 45 2 95,7% 4,3%

GOL 6 0 4 0 10 0 12 0 8 0 11 0 51 0 100,0

% 0,0%

GPR 18 0 14 0 16 0 18 0 21 0 29 0 11

6 0

100,0

% 0,0%

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MK

T 29 0 31 0 28 0 27 0 23 0 33 0

17

1 0

100,0

% 0,0%

Total 10

5 2

11

7 2

12

1 1

11

2 2

11

8 1

15

5 6

72

8 14 98,1% 1,9%

Fonte: Dados da pesquisa.

Nos 728 artigos que não consideraram os pressupostos originais de Likert, para

atenuar esse equívoco, grande parte dos autores apresentaram justificativas como: opção tipo-

Likert; resposta para cada item ou, que a escala ordinal foi assumida como intervalar. Tais

justificativas não os isentam do equívoco, pois não foi feita o somatório dos itens da escala.

Na Tabela 5, são apresentadas as técnicas estatísticas utilizadas nos 742 artigos que

utilizaram a escala Likert ou tipo-Likert no período analisado. Nota-se que entre os quatorze

artigos que consideraram os pressupostos originais de Likert, todos (100%) utilizaram

técnicas de estatística descritiva, oito (57,14%) utilizaram testes paramétricos de comparação

de médias, dois (14,29%) utilizaram testes não paramétricos, um (7,14%) utilizou teste de

hipóteses, três (21,43%) utilizaram testes de confiabilidade da escala e três (21,43%)

utilizaram análise de correlação. Quanto ao uso de estatísticas multivariadas, entre os quatorze

artigos, quatro (28,57%) utilizaram análise de conglomerados, cinco (35,71%) usaram a

análise fatorial , um (7,14%) fez uso da análise de regressão logística e dois (14,29%)

utilizaram modelagem de equações estruturais.

Ressalta-se que nestes quatorze artigos, como a escala Likert foi utilizada de forma

somatória (considerada escala intervalar), as técnicas estatísticas utilizadas estão amparadas

pelo uso de escalas métricas; portanto, os pressupostos estatísticos básicos foram

corretamente atendidos.

Por outro lado, nos 728 artigos que não consideraram os pressupostos originais da

escala Likert, 638 (87.64%) utilizaram técnicas de estatística descritiva; 138 (18,96%) fizeram

testes paramétricos de comparação de médias; 47 (6,46%) utilizaram testes não paramétricos e

60 (8,24%) testaram hipóteses. Quanto ao teste de confiabilidade da escala 120 (16,48%) o

utilizaram; quanto à correlação, 70 artigos (9,62%) a utilizaram. Por outro lado, apenas 2

artigos (0,27%) fizeram teste de normalidade e 3 artigos (0,41%) trabalharam com a análise

da entropia da informação.

Quanto às técnicas multivariadas, a mais utilizada entre os 728 artigos que não

consideraram os pressupostos originais da escala Likert, foi a análise fatorial (296 artigos,

40,80%) e; a segunda técnica mais utilizada foi a modelagem da equações estruturais,

utilizada em 192 artigos (26,37%). Nota-se também que a análise de regressão foi utilizada

em 100 artigos (13,74%); a análise de conglomerados em 49 artigos (6,73%) e; a análise

discriminante em 18 artigos (2,47%). Dentre as técnicas multivariadas menos utilizadas nos

referidos artigos, foram contabilizados 16 casos de regressão logística (2,20%); 8 casos de

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MANOVA (1,1%); 6 casos de análise de correspondência (0,82%); 4 casos de correlação

canônica (0,55%); 2 casos de análise conjunta (0,27%) e; finalmente, 1 caso de

escalonamento multidimensional (0,14%).

Quanto às técnicas estatísticas utilizadas nos artigos (Tabela 5), ressalta-se que esse

tipo de análise não foi foco da presente pesquisa, portanto, merece aprofundamento em

trabalhos futuros. Por outro lado, cabe investigar entre os 728 artigos que não consideraram os

pressupostos originais da escala Likert (classificada como escala ordinal, portanto, não

métrica), se eles atenderam ou não corretamente os pressupostos estatísticos básicos impostos

pelas técnicas estatísticas listadas, em particular as multivariadas, pois de acordo com Hair Jr.

et al. (2005), a maioria delas exige escalas métricas para seu processamento.

Tabela 5. Técnicas estatísticas processadas nos 742 artigos que usaram a escala Likert nos

EnNANPADs de 2010 a 2015

Técnicas estatísticas utilizadas

Artigos que

consideraram os

pressupostos

originais da escala

Likert

Artigos que não

consideraram os

pressupostos

originais da escala

Likert

(14 artigos) (728 artigos)

Número

artigos

Percentua

l

Número

artigos

Percentua

l

1.Técnicas de estatística descritiva1 14 100,00% 638 87,64%

2. Testes de comparação de médias

(paramétricos)2 8 57,14% 138 18,96%

3.Testes não paramétricos3 2 14,29% 47 6,46%

4. Testes de hipóteses 1 7,14% 60 8,24%

5. Teste de confiabilidade (Alpha de

Cronbrach) 3 21,43% 120 16,48%

6. Correlação (Pearson, Spearman, Kendall) 3 21,43% 70 9,62%

7. Teste de normalidade 0 0,00% 2 0,27%

8. Entropia da Informação 0 0,00% 3 0,41%

9. Técnicas de estatística multivariada

9.1. Análise de Conglomerados (Clusters) 4 28,57% 49 6,73%

9.2. Análise Fatorial 5 35,71% 297 40,80%

9.3. Análise Discriminante 0 0,00% 18 2,47%

9.4. Escalonamento Multidimensional 0 0,00% 1 0,14%

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- 4512 -

9.5. Correlação Canônica 0 0,00% 4 0,55%

9.6. Análise de Correspondência 0 0,00% 6 0,82%

9.7. Análise Multivariada de Variância

(MANOVA) 0 0,00% 8 1,10%

9.8. Análise Conjunta 0 0,00% 2 0,27%

9.9. Análise de Regressão 0 0,00% 100 13,74%

9.10. Análise de Regressão Logística 1 7,14% 16 2,20%

9.11. Modelagem de Equações Estruturais 2 14,29% 192 26,37%

9.12. Modelos Lineares de Probabilidade 0 0,00% 0 0,00%

1 Técnicas Descritivas: distribuição de frequência; média; moda; mediana; desvio-padrão;

tabulação cruzada, etc.

2 Testes de Comparação de Médias (Paramétricos): ANOVA; Teste t; Tukey; Levene;

Dunnett; Stone-Geisser.

3 Testes Não Paramétricos: Qui-quadrado; Mann-Whitney; Kruskal-Wallis; Friedman;

Wilcoxon; Cochran´s Q; Kolmogorov-Smirnov; Fisher; Moses.

Fonte: Dados da pesquisa com a parte teórica baseada em Prearo (2008); Siegel e Castellan Jr.

(2006); Hair et al. (2005); Anderson, Sweeney e Williams (2002); Malhotra (2001).

5. Conclusões

Os resultados aqui apresentados atestam uma preocupante realidade, pois em 98,1%

dos artigos publicados nos EnANPADs no período analisado (2010 a 2015), não considerou-

se os pressupostos originais da escala Likert (escala indireta por meio do somatório dos itens),

conforme proposto por Likert (1932). A maioria dos autores justifica que utilizou a escala

tipo-Likert, ou seja, resposta para cada item ou variável.

Vale ressaltar que, na realidade, a escala original de Likert é ordinal em cada item ou

variável, contudo, a soma ou somatório dos itens transforma-a em escala indireta e intervalar.

Por outro lado, a escala tipo-Likert, que adota a resposta para cada item ou variável, por

definição, é uma escala direta e ordinal.

Para atenuar esse impasse, sugere-se aos pesquisadores que não considerarem os

pressupostos originais da escala Likert que, deixem de usar a denominação Likert ou tipo-

Likert e passem a citar algo como “escala de aprovação ou concordância de “X” pontos”. Para

aqueles que necessitarem utilizar técnicas estatísticas que exijam escalas métricas (intervalar

ou razão), uma saída aceitável seria acrescentar algo como “escala ordinal assumida como

intervalar”.

Outro aspecto importante detectado, que não foi foco deste trabalho, foi que a maioria

dos artigos que utilizaram a escala tipo-Likert, portanto ordinal, não poderia ter usado várias

técnicas estatísticas citadas na Tabela 5, pois a maioria delas exige escalas métricas (intervalar

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ou razão) para seu correto processamento. Na prática, esse fato vem ocorrendo historicamente

e se transformou numa espécie de “jurisprudência” na área das Ciências Sociais Aplicadas.

Conforme aponta a teoria, a escala tipo-Likert por ser ordinal, permite uso somente de

distribuição de frequência, moda, mediana, percentagens e estatísticas não-paramétricas (vide

Tabela 1).

Nota-se que há importantes diferenças entre a escala original Likert e a tipo-Likert,

contudo, verificou-se que seu uso na amostra de artigos analisada é questionável na maioria

das vezes. Tal realidade evidencia que, apesar de muito popular, há necessidade de

esclarecimentos para academia brasileira sobre os pressupostos originais da escala Likert para

evitar futuros equívocos em seu uso.

Para futuras pesquisas, sugere-se: 1) que a abordagem bibliométrica do tema aqui

abordado seja ampliada para outros períodos de tempo, também para outras bases de dados,

tanto nacionais quanto internacionais, como demais eventos, periódicos, repositórios de teses

e dissertações, entre outras; 2) que sejam realizadas pesquisas qualitativas para levantar entre

os pesquisadores brasileiros na área de Administração, Ciências Contábeis e Turismo,

informações acerca do nível de conhecimento dos pressupostos teóricos das escalas Likert

(original) ou tipo-Likert, dúvidas sobre o uso e justificativas para o uso equivocado dessas

escalas.

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