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Página 1 de 7 Uso Racional do Sangue: Impactos no gerenciamento de resíduos. Autores: Luciane Cristina Ramos Madruga – [email protected] Rodrigo Faria Coppi- [email protected] ; Apoio: Bruna Jacomel – Enfermeira Educação Continuada Cínara Mauad – Responsável Técnica Agência Transfusional Leonardo Rodrigues – Médico do Núcleo Qualidade e Segurança do Paciente Viviane Andreia Lesses – Coordenadora Núcleo Qualidade e Segurança do Paciente Telefones para contato: 0xx 93 9 91393864 ou 35158300 ramal 8353 ou 8309

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Uso Racional do Sangue: Impactos no gerenciamento de resíduos.

Autores: Luciane Cristina Ramos Madruga – [email protected] Rodrigo Faria Coppi- [email protected]; Apoio: Bruna Jacomel – Enfermeira Educação Continuada Cínara Mauad – Responsável Técnica Agência Transfusional Leonardo Rodrigues – Médico do Núcleo Qualidade e Segurança do Paciente Viviane Andreia Lesses – Coordenadora Núcleo Qualidade e Segurança do Paciente Telefones para contato: 0xx 93 9 91393864 ou 35158300 ramal 8353 ou 8309

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Sumário Introdução ................................................................................................................................................... 3

Objetivo Geral ............................................................................................................................................. 4

Objetivos específicos ............................................................................................................................ 4

Desenvolvimento ........................................................................................................................................... 4

Implantação do Saco vermelho para segregação dos resíduos da Agência Transfusional: ......................... 4

Tabela do percentual de bolsas descartadas no ano: ................................................................................. 5

Uso Racional de sangue em pediatria ............................................................................................................ 5

1.1 Aliquotagem: ........................................................................................................................................ 5

Percentual das bolsas aliquotadas no ano: ................................................................................................ 6

1.2 Atuação interdisciplinar médica ........................................................................................................... 6

Resultados obtidos: .................................................................................................................................. 7

Número de bolsas que seriam descartadas devido o fracionamento: ........................................ 7

Quantidade de resíduos em quilos: ................................................................................................... 7

Redução de custos em relação ao processamento da bolsa: ...................................................... 7

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O Hospital Regional Público da Transamazônica – HRPT, foi inaugurado em 17 de julho de 2007 com o objetivo de prestar atendimento em média e alta complexidade aos usuários do Sistema Único de Saúde – SUS. Os usuários são referenciados através de demanda de regulação pelo 10º Regional de Saúde. Sendo referência para nove municípios da Região da Transamazônica e cerca 500.000 habitantes. É uma Instituição pública pertencente ao Governo do Estado do Pará e administrado pela Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar – Pró Saúde. Nesta instituição para garantir o processo de segurança na assistência aos usuários, colaboradores e prestadores de serviços tem como modelo de gestão da qualidade os princípios avaliados e norteados pela Organização Nacional de Acreditação - ONA. Introdução Nas unidades assistenciais e na própria Agência Transfusional, durante o preparo ou após a instalação dos hemocomponentes, são gerados resíduos sólidos, biológicos e até mesmo infectantes e há a necessidade de segregar corretamente esses resíduos, e o descarte ao meio ambiente deve ser adequado para causar o menor impacto possível. Para de atender as legislações pertinentes ao descarte de resíduos dos serviços de saúde, Resolução de Diretoria Colegiada – RDC ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) n°. 306/04 e a Resolução CONAMA – (Conselho Nacional do Meio Ambiente) n°. 358/05, as instituições de saúde foram orientadas a implantar processos de gerenciamento de resíduos e capacitação dos colaboradores. O HRPT preocupado com a minimização dos impactos ambientais e utilização racional dos hemocomponentes implantou dois processos de melhorias a partir de 2011, sendo eles:

1) Uso racional do sangue em pediatria por aliquotagem; 2) Segregação dos resíduos infectantes e biológicos da Agência Transfusional em sacos vermelhos de

acordo com a norma vigente ao Programa de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS.

Essas práticas apresentaram desde a sua implantação até a presente data resultados consideráveis e positivos que serão apresentados neste trabalho. A transfusão sanguínea é a transferência de sangue de um doador para o sistema circulatório de outra pessoa, definida como receptor. Tal prática médica se justifica nos casos de clientes que tenham sofrido maciça perda de sangue, sendo comum nos casos de traumatismo, intervenções cirúrgicas ou que sejam afetados por doenças que necessita de administração e reposição sanguínea – afecções hematopoéticas (Junqueira et AL., 2005). A transfusão de sangue e hemocomponentes é uma tecnologia relevante na terapêutica moderna. Deve ser usada de forma adequada em condições de morbidade ou mortalidade significativa, não sendo prevenida ou controlada efetivamente de outra maneira, pode salvar vidas e melhorar a saúde dos pacientes. Porém, assim como outras intervenções terapêuticas, pode levar a complicações agudas ou tardias, como o risco de transmissão de agentes infecciosos entre outras complicações clínicas (BRASIL.MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Na maioria das unidades hospitalares é mantido um banco de sangue com o objetivo de atender as solicitações de transfusão de hemocomponentes, entre eles hemácias, plaquetas, plasmas e etc., essas unidades são denominadas agências transfusionais e são atreladas a um hemonúcleo estadual que é responsável pela reposição dos hemocomponentes é feito, mediante contrato, por um serviço de maior complexidade.

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Uma Agência Transfusional é uma unidade de localização geralmente intra-hospitalar que armazena, realiza testes de compatibilidade entre doador e receptor e transfunde os hemocomponentes liberados. Tem a responsabilidade por manter registros relativos aos testes e as transfusões realizadas garantindo a rastreabilidade dos hemocomponentes recebidos e transfundidos incluindo o vínculo entre o hemocomponente e o receptor, bem como, das unidades descartadas. Em uma unidade de saúde os atendimentos com necessidade de hemotransfusão se dão em todas as unidades assistenciais. Um dos fatores preocupantes é uso de sangue na dosagem correta para neonatos e crianças, neste grupo a prescrição deve ser baseada conforme a idade e peso, sendo assim quando prescrito gera uma perda significativa de bolsas de hemocomponentes, pois há necessidade de aliquotagem que é fracionamento dessa bolsa em dosagem específica para o receptor. Os hemocomponentes e hemoderivados se originam da doação de sangue por um doador. No Brasil, este processo esta regulamentado pela Lei no 10.205, de março de 2001, e por regulamentos técnicos editados pelo Ministério da Saúde. Toda doação de sangue deve ser altruísta, voluntaria e nao-gratificada direta ou indiretamente, assim como o anonimato do doador deve ser garantido (BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).

Objetivo Geral

Minimizar impactos ambientais através do uso racional dos hemocomponentes.

Objetivos específicos

Promover o uso racional dos hemoderivados; Reduzir o volume de resíduos infectantes.

Desenvolvimento IMPLANTAÇÃO DO SACO VERMELHO PARA SEGREGAÇÃO DOS RESÍDUOS DA AGÊNCIA TRANSFUSIONAL:

Toda e qualquer atividade assistencial na unidade hospitalar gera resíduos ao término do atendimento, no caso das transfusões de hemocomponentes e derivados os resíduos gerados são as bolsas e equipos de infusão. Na reunião da Comissão de Gerenciamento dos Resíduos dos Serviços de Saúde do HRPT, onde são discutidas todas as situações pertinentes ao Gerenciamento de Resíduos, foi solicitada a implantação do saco vermelho para segregação correta das bolsas de sangue, cujo objetivo é atender as legislações pertinentes ao descarte de resíduos dos serviços de saúde, Resolução de Diretoria Colegiada – RDC ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) nº. 306/04 e a Resolução CONAMA – (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº. 306/04 358/05. Estes resíduos por conter matéria orgânica devem ser descartados em sacos vermelhos e com simbologia de material infectante. Sendo assim no mesmo ano de 2011, foi realizada a implantação na Agência Transfusional dos sacos conforme a especificação descrita. Os colaboradores foram capacitados para que se gerassem bolsas com volume superior a 50 ml nas unidades assistenciais, estas deveriam ser devolvidas na Agência Transfusional para devida segregação.

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TABELA DO PERCENTUAL DE BOLSAS DESCARTADAS NO ANO:

Ano Percentual de descarte do total de bolsas solicitadas ao HEMOPA

Número de bolsas que foram descartadas em geral

2009 19% 362 2010 15% 211 2011 9% 125 2012 7% 114 2013 5,2% 108 2014 2,7% 39

Fonte: Agência Transfusional do HRPT

Uso Racional de sangue em pediatria

1.1 ALIQUOTAGEM: O uso racional de sangue em nossa instituição iniciou-se após reunião realizada pelo Comitê Transfusional onde pudemos identificar que muitas bolsas eram perdidas por descarte tanto de devolução, quanto por fracionamento pediátrico, gerando gastos enormes para toda cadeia de produção. Desde a abertura da Agência Transfusional em 2008, era mensurado o indicador de descarte de hemocomponentes mensalmente. Durante muito tempo os tipos de descartes eram contemplados em uma única categoria como: bolsas descartadas por hemólise, vencimento, aliquotagem, descongelamento de plasma, etc. Conforme as análises mensais os resultados de descarte eram em torno no percentual médio de até 19% do total de bolsas solicitadas. Em uma das análises foi avaliado que se dividíssemos o indicador em duas modalidades teríamos um resultado mais fidedigno e evidenciaríamos a necessidade de intervenção por tipo de descarte. Foi então proposto a divisão dos resultados de descarte em dois indicadores, o primeiro iria

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contemplar o descarte por aliquotagem em específico e o segundo indicador seria mensurado os diversos tipos de descartes como citado acima. Logo nos primeiros meses conseguiu-se identificar que a maioria dos descartes eram por fracionamentos, ou seja, o processo de aliquotagem utilizado para os usuários da pediatria impactavam diretamente nos dados. Baseado nessa análise no ano de 2011, através de uma reunião do Comitê Transfusional, foi analisado e proposto que os setores da UTI neonatal, pediátrica e unidade de internação pediátrica fizessem as solicitações dentro do mesmo período, dessa forma haveria a possibilidade de aperfeiçoar o uso das bolsas de hemocomponentes. O objetivo de agrupar as solicitações dentro de um mesmo período iria viabilizar o fracionamento das bolsas de hemocomponentes para os usuários internados na Clínica Pediátrica, berçário, UTI´s Pediátricas e Neonatal. Foi acordado entre os médicos pediatras e o médico da Agência Transfusional que as hemotransfusões nessas unidades iriam ocorrer as segundas, quartas e sextas-feiras. Com essa mudança uma bolsa de concentrado de hemácias poderia atender até três crianças com sistema sanguíneo compatível, devido o volume de administração ser pequeno, como citado anteriormente a prescrição é baseada no peso e idade da criança a quantidade a ser administrada. Os médicos pediatras foram orientados que, em caso de urgência de transfusão fora dos dias previstos, o atendimento seria imediato. PERCENTUAL DAS BOLSAS ALIQUOTADAS NO ANO:

Ano Percentual de aliquotagem do total de bolsas solicitadas ao HEMOPA

Número de bolsas que seriam descartadas

2009 43% 206 2010 24% 160 2011 20,7% 100 2012 14,5% 97 2013 12,1% 95 2014 14,3% 93 2015 17,9% 32

Fonte: Agência Transfusional do HRPT

1.2 ATUAÇÃO INTERDISCIPLINAR MÉDICA

Baseado na mudança do processo e definição dos dias de transfusão para as unidades pediátricas foi evidenciado que algumas solicitações eram realizadas fora dos critérios contidos no Manual de Transfusão. Todas as solicitações recebidas diariamente eram agrupadas para avaliação do médico RT da Agência

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Transfusional, sendo avaliado com maior critério devido à indicação médica ser validada para transfusão imediata ou conforme a nova prática de controle. O profissional médico da Agência Transfusional, denominado responsável técnico, tem por finalidade avaliar todas as solicitações prescritas pelo médico assistente das unidades de internação, neste período foi realizado um trabalho de corpo a corpo com os médicos assistências, indicando a diminuição do hemocomponente ou até mesmo a suspensão do hemocomponente prescrito. Os processos tornaram-se mais seguros, trazendo melhor comunicação entre os setores, maior agilidade, confiança e qualidade do processo de serviço prestado. Além do atingir o objetivo maior que era diminuir o descarte de bolsas de sangue no meio ambiente, conseguimos melhorar os processos internos. O processo teve reflexo nos atendimentos realizados onde atendemos de forma confiável e também repassamos o restante das bolsas para outros usuários quase zerando o nosso descarte, isso foi evidenciado através de nossos indicadores que diminuíram drasticamente a ponto de chegarmos a uma meta ousada. Outro reflexo foi na diminuição de nosso consumo de bolsas de aliquotagens, de equipos, de etiquetas, de reagentes, além de uma maior interação com os médicos pediatras que entenderam que atendemos setores complexos como as UTI´s Adulto e Pediátrico, as Unidades de Internação, Clínica Cirúrgica, Centro Cirúrgico e Hemodiálise que sempre necessitam de transfusão e como nosso estoque caminhava no limiar da oscilação para baixo, pudemos manter estoque para suprir os momentos de maior necessidade.

Resultados obtidos: Ao longo dos anos conseguimos identificar que as mudanças nos processos realizadas em 2011 impactaram diretamente no meio ambiente uma vez que reduzimos significativamente o número de bolsas descartadas após a utilização por fracionamento. Os resíduos desta instituição são monitorados e segregados desde a geração nas unidades até o destino final. O tratamento escolhido para a mitigação dos impactos ambientais e até mesmo promover a segurança das pessoas que manipulam esses resíduos é a autoclavação dos resíduos infectantes e após ocorre a trituração para descaracterizar e a partir desse momento ele é descartado como resíduo comum. Ao compararmos os resultados identificamos que a mudança no processo proporcionou os seguintes resultados: Número de bolsas que seriam descartadas devido o fracionamento: Ao longo dos anos teríamos o descarte de 783 bolsas, com a mudança do processo para as transfusões programadas nas unidades pediátricas, tivemos uma redução de 91,16% de bolsas que seriam desprezadas após a aliquotagem individual. Quantidade de resíduos em quilos: Teríamos o impacto de 259 quilos de resíduos infectantes descartados no meio ambiente. Redução de custos em relação ao processamento da bolsa: Atualmente, o custo final para os cofres públicos de cada concentrado de hemácias gira em torno de R$ 200,00/bolsa. Com essa informação, optamos por tabular o custo dessas bolsas que seriam descartadas devido à aliquotagem dos usuários pediátricos, o que geraria um custo de aproximadamente de R$ 156.600,00 ao Governo do Estado do Pará. Com o descarte de apenas 64 bolsas, tivemos um custo de cerca de R$ 12.800,00, uma economia para os cofres do Estado de cerca de R$ 143.800,00. Para o cálculo deste custo levamos em consideração apenas o custo de processamento por bolsa. Não temos tabulado os custos adicionais relacionados ao envio de cada bolsa para do HEMOPA/Belém para o HEMOPA Altamira.