uso dos cinco shen na...

18
Uso dos cinco shen na psicoterapia José Augusto de Avelar 1 E-mail: [email protected] Prof.(a) Orientador(a) Fabricio Borges Farias 2 Pós-graduação em Acupuntura Faculdade FASAM Resumo O presente trabalho tem como objetivo conhecer a possibilidade do uso da Psicoterapia e a Medicina Tradicional Chinesa, nos seus aspectos mentais e emocionais, (Cinco Shen), buscando um paralelo teórico que corrobore com a Psicologia em um novo olhar psicoterapêutico viabilizando um fazer científico na busca da melhoria da qualidade de vida das pessoas no mundo contemporâneo. A pesquisa se deu através de um estudo de Revisão Bibliográfica, buscado conhecer fundamentos da Psicoterapia e da Medicina Tradicional Chinesa à luz do que se têm produzido atualmente em relação às duas temáticas, de modo a estruturar uma discussão acerca das possibilidades e desafios que constituem esta modalidade de atuação do profissional psicoterapeuta. Observou-se, deste modo, que ambas as teórica se convergem e torna possível e viável aos psicólogos conhecedores da Medicina Tradicional Chinesa agregar novos conhecimentos e práticas, enriquecendo o seu fazer profissional. A soma de ambas as ciências proporciona ao profissional uma visão de homem transcendendo sua natureza animal em busca de um ser humano integral e, quando assim considerado, capaz de viver melhor porque os cuidados a ele dirigidos se tornam mais qualificados. Palavras chave: Psicoterapia; Medicina Tradicional Chinesa; cinco Shen. 1. INTRODUÇÃO Este trabalho surgiu a partir de inquietações acerca dos limites impostos na visão psicoterápica a qual limita o profissional na busca de tratamento somente com o uso da palavra, muito embora tenham obtido bons resultados em muitos casos. Tendo em vista que o homem é composto não somente pelo biológico, mas também pelo social, cultural, emocional e espiritual em sua totalidade, abriu-se uma nova compreensão a partir do contato com a Medicina Tradicional Chinesa e suas contribuições no fazer psicológico. Tendo em mente a intensa necessidade da interdisciplinaridade na saúde em busca de um diagnóstico mais assertivo junto aos pacientes da psicoterapia, surgiu a proposta do uso dos cinco Shen (Shen, Yi, Po, Zhi e Hon), como um objetivo de obter resultados terapêuticos com maior ênfase no tratamento do paciente através da associação do conhecimento psicológicos tradicionais e a Medicina Tradicional Chinesa. 1 - BREVE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA Tem-se afirmado que a Psicologia é uma ciência com um longo passado, mas com uma curta história. No entanto o fato dos povos de todos os tempos e de todas as culturas terem se 1 Psicólogo Pós graduando em Acupuntura. 2 Orientador: Graduado em Bacharelado Em Fisioterapia pela Universidade Estadual de Goiás (2003). Especialização Latu sensu e cursos de Formação em Acupuntura, e atualmente é coordenador do curso de Graduação Tecnológica em Estética e Cosmética, da Faculdade Cambury. Exerce atividade docente em Pós Graduação de Medicina Tradicional Chinesa - Acupuntura e Fisioterapia, em diversas escolas do país. Possui experiência clínica profissional em Fisioterapia e Acupuntura.

Upload: dinhhuong

Post on 11-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Uso dos cinco shen na psicoterapia

José Augusto de Avelar 1

E-mail: [email protected]

Prof.(a) Orientador(a) Fabricio Borges Farias2

Pós-graduação em Acupuntura – Faculdade FASAM

Resumo

O presente trabalho tem como objetivo conhecer a possibilidade do uso da Psicoterapia e a

Medicina Tradicional Chinesa, nos seus aspectos mentais e emocionais, (Cinco Shen),

buscando um paralelo teórico que corrobore com a Psicologia em um novo olhar

psicoterapêutico viabilizando um fazer científico na busca da melhoria da qualidade de vida

das pessoas no mundo contemporâneo. A pesquisa se deu através de um estudo de Revisão

Bibliográfica, buscado conhecer fundamentos da Psicoterapia e da Medicina Tradicional

Chinesa à luz do que se têm produzido atualmente em relação às duas temáticas, de modo a

estruturar uma discussão acerca das possibilidades e desafios que constituem esta

modalidade de atuação do profissional psicoterapeuta. Observou-se, deste modo, que ambas

as teórica se convergem e torna possível e viável aos psicólogos conhecedores da Medicina

Tradicional Chinesa agregar novos conhecimentos e práticas, enriquecendo o seu fazer

profissional. A soma de ambas as ciências proporciona ao profissional uma visão de homem

transcendendo sua natureza animal em busca de um ser humano integral e, quando assim

considerado, capaz de viver melhor porque os cuidados a ele dirigidos se tornam mais

qualificados.

Palavras chave: Psicoterapia; Medicina Tradicional Chinesa; cinco Shen.

1. INTRODUÇÃO Este trabalho surgiu a partir de inquietações acerca dos limites impostos na visão

psicoterápica a qual limita o profissional na busca de tratamento somente com o uso da

palavra, muito embora tenham obtido bons resultados em muitos casos. Tendo em vista que o

homem é composto não somente pelo biológico, mas também pelo social, cultural, emocional

e espiritual em sua totalidade, abriu-se uma nova compreensão a partir do contato com a

Medicina Tradicional Chinesa e suas contribuições no fazer psicológico. Tendo em mente a

intensa necessidade da interdisciplinaridade na saúde em busca de um diagnóstico mais

assertivo junto aos pacientes da psicoterapia, surgiu a proposta do uso dos cinco Shen (Shen,

Yi, Po, Zhi e Hon), como um objetivo de obter resultados terapêuticos com maior ênfase no

tratamento do paciente através da associação do conhecimento psicológicos tradicionais e a

Medicina Tradicional Chinesa.

1 - BREVE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA Tem-se afirmado que a Psicologia é uma ciência com um longo passado, mas com uma curta

história. No entanto o fato dos povos de todos os tempos e de todas as culturas terem se

1 Psicólogo Pós graduando em Acupuntura. 2 Orientador: Graduado em Bacharelado Em Fisioterapia pela Universidade Estadual de Goiás (2003). Especialização Latu sensu e cursos de Formação em Acupuntura, e atualmente é coordenador do curso de Graduação Tecnológica em Estética e Cosmética, da Faculdade Cambury. Exerce atividade docente em Pós Graduação de Medicina Tradicional Chinesa - Acupuntura e Fisioterapia, em diversas escolas do país. Possui experiência clínica profissional em Fisioterapia e Acupuntura.

ocupado dos problemas da alma e da vida humana, e que desde a época de Platão e Aristóteles

(Sec. a.C.) já existiam questionamentos acerca da natureza e conduta humana onde se

especulava sobre a memória, a aprendizagem, a motivação, percepção e o comportamento

normal e anormal do ser humano. Porém, em sua maioria, foram especulações sem

embasamento científico, se resumindo à intuição. Assim sendo, ao se questionar o

comportamento humano, a filosofia possibilitou a abertura para o surgimento de uma nova

Ciência, a Psicologia. Podemos também salientar que outra importante contribuição para a

ascensão da Psicologia foi os estudos da fisiologia, o qual possibilitou compreender os

mecanismos corporais e os processos mentais. Desta forma, o que diferencia a Filosofia da

Psicologia são as técnicas e abordagens, no qual a Psicologia se fundamenta em explicações

mais consistentes visando à objetividade e cientificidade.

As ciências humanas e de suas relações tornaram-se incessantes, abrangendo várias áreas. A

própria área da Psicologia se dividiu em diferentes abordagens, mantendo em comum a

evolução histórica e a busca pela cientificidade. Foi a partir do positivismo do século XIX que

se iniciaram os primeiros experimentos em laboratórios. Em 1879, na Alemanha, Wilhelm

Wundt implantou o 1º laboratório de Psicologia no mundo, onze anos depois foi fundada a

primeira revista de relatos experimentais, a Philosophische Studien (estudos filosóficos). Em

1888, na Universidade da Pensilvânia iniciou-se a primeira docência em Psicologia, sendo

reconhecida como disciplina independente. Em 1892 reuniu-se a primeira associação

psicológica americana (APA). Esta associação atualmente ultrapassa o número de cem mil

associados. Desde então, os estudos acerca do comportamento tem se tornado acirrado, na

busca de uma melhor compreensão dos fatos que desencadeiam os diversos tipos de

comportamentos. Outro fato importante foi o desenvolvimento da psicologia moderna durante

as duas grandes guerras mundiais, as quais forçaram os grandes estudiosos da mente humana

que se agrupavam na Alemanha e Áustria a buscarem asilos nos Estados Unidos transferindo

assim o foco de desenvolvimento dos estudos psicológicos para a América do Norte. Nesta

época aceleraram-se os estudos da psicologia aplica à seleção de pessoal, testes psicológicos

entre outros. Logo após testemunharem a carnificina vária estudiosa desenvolveram estudos

sobre a personalidade e o comportamento humano e sua agressividade.

Pode-se definir Psicologia como um estudo científico dos processos mentais e do

comportamento do humano e as suas interações com o ambiente físico e social. A palavra

tem sua gênese nos termos gregos psico (alma ou atividade mental) e logía (estudo). Segundo

o psicólogo austríaco H. Rohracher (1967), psicologia "é a ciência que investiga os processos

e estados conscientes, assim como as suas origens e efeitos". Esta definição indica bem a

dificuldade de abranger em um só conceito todos os fenômenos psíquicos, porém, são

possíveis e justificáveis dois aspectos fundamentalmente distintos: o das ciências naturais,

que procura uma explicação causal, e o das ciências filosóficas, que pede uma explicação de

sentido. No entanto, a Psicologia procura descrever sensações, emoções, pensamentos,

percepções e outros estados motivadores do comportamento humano. Assim, grande parte

das investigações em Psicologia é realizada através do método de observação, sendo esta

sistemática, delimitada pelas condições do que se pretende observar, tem sido a mais

utilizada. Em alguns casos, a observação é ocasional, isto é, não segue um plano pré-

estabelecido buscando encontrar explicações a respeito de tudo que nos cerca, sendo essas

explicações lógicas ou não utilizando a maior característica da filosofia, o indagar, questionar

e refletir acerca de determinado fenômeno o qual se procura mensurar.

1.1 A PSICOTERAPIA COMO UMA DAS PRINCIPAIS FERRAMENTAS DA

PSICOLOGIA

Segundo Massimi (1990), na função terapêutica o psicólogo tem na palavra um dos pilares

fundamentais da intervenção a qual se constitui num aspecto muito importante de sua

formação. A autora, citando Freud, elucida no texto Tratamento psíquico que: “Tratamento

psíquico quer dizer tratamento que parte da alma, pelos meios que atuam em primeiro lugar e

de maneira direta, sobre o que é anímico no ser humano. Um desses meios é, sobretudo a

palavra, e as palavras são também a ferramenta essencial do tratamento anímico”. (1905, p.

271). Portanto busca-se a cura da alma através da palavra, sendo está, uma expressão que

elucida o interior da própria alma. Para a área da psicologia (Cordioli,1998) a psicoterapia é

um método de tratamento centrado nos problemas psicológicos e emocionais tendo como base

o conhecimento científico do funcionamento psicológico.

Em primeiro lugar o terapeuta visa estabelecer um clima de confiança e segurança entre ele e

o paciente que permita ao mesmo expor as suas dificuldades de um modo franco e livre, assim

como recordar e abordar memórias dolorosas da sua história de vida tendo como base o

conhecimento teórico do desenvolvimento psicológico, o psicoterapeuta formula as

intervenções (interpretações, reformulações, confronto, etc.), com objetivo em ajudam o

paciente a tomar consciência da origem dos seus problemas, a elaborar e lidar de um modo

mais adaptativo com situações dolorosas do passado ou do presente de sua vida. Deste modo,

a psicoterapia percebe o homem como um ser mecânico e busca promover alterações de seu

comportamento e autoconhecimento, levando-o a uma maior adaptação pessoal e social

ampliando assim a liberdade interior. Os diversos tipos de psicoterapia diferem quanto aos

objetivos a serem atingidos, podendo ir desde o reforço de mecanismos defensivos

adaptativos e a promoção do crescimento através do reforço de aspectos positivos da

personalidade, às mudanças de comportamento focalizadas, até à reorganização da própria

estrutura de personalidade sem levar em conta a natureza transcendente e espiritual do

indivíduo.

Parafraseando Ysao Yamamura (1995) as emoções reprimidas tem sido uma das principais

causas de adoecimento, sendo estas emoções advindas desde o momento da concepção,

levando em consideração a saúde dos pais naquele momento, e prolongando após natal no

relacionamento com seus familiares no decorrer da vida. Quando estas emoções são

excessivamente reprimidas causa o desequilíbrio entre o yin e yang os quais são considerados

pela Medicina Tradicional Chinesa “os principais agentes causadores de adoecimento”.

Portanto neste estado de desequilíbrio o sujeito expressa comportamentos de estado de raiva,

nervosismo, irritabilidade e agressividade os quais lesam o Fígado, que por sua vez em

desequilíbrio de suas funções energéticas podendo desencadear adoecimento físico.

Segundo Goleman (2001), retrata que as emoções tem sido sábios guias na evolução de novas

realidades que a humanidade tem se defrontado. Desde as primeiras leis e códigos de

Humurabi, os dez mandamentos dos hebreus os éditos dos imperadores tudo pode ser

interpretado como tentativa de conter e domesticar as emoções. Parafraseando Freud em sua

obra O Mal-estar na Civilização elucida o aparelho social já tentando impor ordens para

conter os excesso emocional que emerge de dentro de cada ser humano. Ainda Goleman

(2001), todas as emoções são em essência impulsos para uma ação imediata que necessita de

planejamento imediato da própria vida. No entanto cada emoção desempenha uma função

especifica. No estado de raiva o sangue flui para as mãos, os batimentos cárdicos se tornam

mais rápidos, uma onda de hormônios, e adrenalina entre outros entram em ação, gerando

uma pulsação mais energética para uma atuação mais vigorosa. No medo o sangue corre para

os músculos buscados facilitar uma fuga se necessário. Na sensação de felicidade a atividade

cerebral é biologicamente incrementada para inibir os sentimentos negativos favorecendo

assim o aumento da energia existente silenciando os pensamentos de preocupações. Já a

tristeza tem como função principal a de regular e propiciar o ajustamento em uma grande

perda, quando se torna profunda transforma em depressão e a velocidade metabólica fica

reduzida. “Na dicotomia emoção versos razão “cabeça” e ‘coração” a uma “acentuada

gradação na proporção entre controle emocional e racional da mente; quanto mais intenso o

sentimento, mais dominante é a mente emocional – e mais inoperante a racional”.

Frente as colocações de Goleman podemos observar a relação emocional envolvida nos Cinco

Shen e perceber a evolução do ser humano possuidor dos sentimentos transformados em

energia expressadas em saúde ou doença ou equilíbrio e desequilíbrio entre o yin e yang e que

quando associadas essas duas ciências, Medicina Tradicional Chinesa e Psicologia tradicional,

no tratamento dos pacientes, podem intensificar os resultados de cura.

1.2 OS CINCO SHEN ASSOCIADOS À PSICOTERAPIA

Sob o ponto de vista Medicina Tradicional Chinesa, Helena Campiglia (2004), explica que o

entendimento de Shen, que significa Espirito o (homem superior) teve seu início com a

filosofia tauista onde, a compreensão desta é fundamental para unir, no diagnóstico, o

homem, como um ser que transcende além do corpo. Primeiramente ficaram conhecidos por o

TAO (trajetória, caminho) em seguida como os cinco aspectos mentais e espirituais do ser

humano. Enfatizando esta citação de que o homem transcende é possível observar segundo

Hicks (2007) que, por isso a necessidade do exercício da concentração e meditação durante a

pratica do Tai Chi “o corpo segue o espirito”, pois sem a devida concentração é impossível

este contato. Nessa mesma linha de raciocínio também Vasconcelos (1998) elucida que o ser

humano é Biológico-psicológico-social-espiritual e ecológico indo além do que se é

determinado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como biológico Psicológico e

Social.

Uma visão parcial reducionista e incompleta do homem gera sistemas e esforços à saúde

necessariamente incompletos. A Concepção integral do ser humano se faz essencial na

formação do profissional da psicologia e de si mesmo enquanto ser humano, leva à

compreender a raiz de muitos de seus problemas de relacionamentos, bem como ter uma visão

ampliada em sua formação intelectual. Maslow (1968), no período do surgimento da Terceira

Força da Psicologia, têm defendido que as quatro áreas de necessidades básicas tem sido

negligenciadas ou vista de forma superficial. Dentre as quatro áreas de necessidades

apresentadas por Abraham Maslow (1968) uma é essencialmente fenomenológica e espiritual,

porém todas são importantes para a saúde plena do ser humano tais como:

1º Necessidades Básicas ou Vitais (água, alimento, ar, sexo, abrigo dos elementos,

proteção de doenças e ferimentos, sono, atividade física, excreção); 2º Necessidades

Emocionais ou afetivas (amar, ser amado, sentimento de ser aceito, sentimento de

ser valorizado, sentimento de alegria e contentamento, receber e dar carinho, receber

e dar boa vontade, auto aceitação, autoestima). 3º Necessidades Psicológicas

comunicação, realização, autonomia, ordem, segurança, respeito, “status”, afiliação,

aceitação de grupo, receber atenção, reconhecimento, compreensão, relaxamento,

apoio, jogo atividades lúdicas, criatividade, aquisição, auto percepção, viver

conscientemente; 4º Necessidades Espirituais (transcendência), encontrar o sentido

da própria vida, autoconceito positivo, tomar decisões baseadas em princípios éticos

e morais, ser responsável por suas escolhas morais, altruísmo, desenvolvimento de

virtudes, conhecer e relacionar-se com um ser superior, percepção, compreensão de

um reino não material (espiritual), comunicação com o reino espiritual através de

oração e meditação. (p. 42)

Em seu discurso o autor afirma que, habitualmente, uma necessidade não atendida ganha em

poder de motivação; a falta de amor, por exemplo, intensifica a necessidade de afeição.

Quando uma necessidade essencial não é satisfeita de maneira natural, ou seja, através de seu

objeto natural, ela é buscada de maneira perversa, através de um objeto substitutivo. Por

exemplo, quando uma criança não é tocada com carinho, sua necessidade de contato físico

fará com que se comporte mal, para então receber um castigo físico como um puxão de orelha

ou uma bofetada, pois deixar de ser tocada é pior do que ser tocada com agressão. É razoável

esperar que todas as nossas necessidades essenciais sejam supridas num modo de vida

maduro. Não é razoável esperar que todos os nossos desejos sejam supridos num modo de

vida maduro.

Os anúncios comerciais da imprensa, rádio e televisão contestam essa visão ora dizendo que o

homem é um ser material que deve satisfazer todos os seus gostos, comprando novas coisas a

cada dia. Consideram, portanto, o ser humano somente como um consumidor de produtos.

Outras pensam que o homem é como um animal mais evoluído e que, como tal, deve

preocupar-se unicamente em satisfazer sua fome, sua sede e seus apetites sexuais. Este

homem deve lutar durante sua vida terrena para acumular a maior quantidade de riquezas

possíveis e assim alcançar à tão desejada felicidade. Porém, para Frankl (1979), de forma

alguma podemos falar do homem [apenas] em termos de uma unidade psicossomática. “O

corpo e a psique podem formar uma unidade – uma unidade psicofísica – mas esta unidade

ainda não representa o todo do homem. Sem o espiritual como base essencial, esta unidade

não pode existir. Enquanto falarmos apenas do corpo e psique, a integridade ainda não está

dada.”

Figura 1: Estrutura do Ser humano segundo

Fonte: Frankl (1979)

Foi pouco a pouco que a Psicologia surgiu como uma Ciência que investiga algo de

transcendental dentro do ser humano, algo como um princípio existencial, uma identidade

essencial de todos nós, ou, em outras palavras, uma Ciência que investiga as dores não do

cérebro, mas da alma humana. O próprio Freud utiliza-se do conceito de alma de uma maneira

explícita. Claro que quando tais homens das ciências falam de alma, não estão se referindo

exatamente aos conceitos mais ou menos fantásticos construídos no passado pelas diversas

tradições religiosas. E, no início, faziam muita questão de evidenciar suas diferenças

conceituais, sob pena de seus textos serem classificados como “pouco científicos”.

Com o passar do tempo, porém, a Psicologia cada vez mais passou a identificar, investigar e

explicitar os aspectos transcendentais da natureza humana. Foi especialmente no pós-guerra

que grandes nomes da Psicologia Humanista, Transpessoal e Transcendental deram passos

corajosos no sentido de enfocar detidamente a natureza metafísica dos seres humanos.

Centro

Espiritual

Psíquico

Somático

Atualmente, há centros de pesquisa importantes nas principais universidades do mundo, como

Harvard, Oxford, e Standford, no exterior, e como o Centro de Estudos da Mente e da

Espiritualidade da Universidade Federal do Sergipe, no Brasil, que atuam permanentemente

nesta investigação.

Numa visão da Medicina Tradicional Chinesa é possível olhar o ser humano mais ou menos

assim:

Figura 2: Na visão da Medicina Tradicional Chinesa

Fonte: http://jcdangelis.blogspot.com.br/2013/08/aprendendo-ser-sabio-ver-no-escuro.html cessado em

28/01/2014

Traçando um paralelo sobre a visão do ser humano enquanto essência, encontramos um ponto

em comum na Medicina Tradicional Chinesa conforme Maciocia, (1996), “a mente (Shen) é

uma das substancia vitais do corpo é o mais sutil e não substancial tipo de Qi” (energia) o

qual, chamamos de espirito um fenômeno que não é possível pegar segurar ou medir. Trata-se

do complexo de todos os cinco aspectos mentais e espirituais do ser humano, isto é, Alma

Etérea (Hun), Alma Corpórea (Po), Inteligência (Yi), Força de Vontade (Zhi), Mente (Shen)

propriamente dita. Conforme este autor o Shen indica a atividade do pensamento, nível de

pensamento e consciência onde surgem os insight e memória, todas estas atividades depende

do coração para se ter um desenvolvimento normal, ou seja equilibrado.

Fonte: MACIOCIA. A Pratica da Medicina Chinesa, 1996, p.211

Nesse sentido a associação do Shen com a psicoterapia poderá proporcionar um diagnóstico

mais preciso bem como potencializar o tratamento do paciente.

William Bonnet (2010) Jean Martin Charcot (1825-1893), neurologista no Hospital La

Salpêtrière (França), estudou a histeria e tentou demonstrar o poder do espírito sobre o corpo.

Josef Breuer (1842-1925) descobriu que no caso dos histéricos o traumatismo inicial

provocado por uma emoção anterior desaparecia quando o paciente via-se novamente a

situação traumatizante. Tornado ele o inventor do conceito de catarse. E Sigmund Freud

(1856-1939), incorporou a e criou a psicanálise em 1896. Um século depois Maciocia, (1996)

publica sua pesquisa trazendo à baila os cinco Shen como o responsável para o equilíbrio ou

desiquilíbrio da psique do indivíduo. Segundo Hicks, (2007), o Elemento Zang (órgão) é o

Guardião das Características do Espírito saudável quando em equilíbrio caso contrário poderá

se tornar o Guardião das Características da Depressão. Para que se tenha uma saúde em

equilíbrio é necessário um bom funcionamento dos três tesouros, Mente (coração) Qi

(pulmões, Estomago e Baço Pâncreas), Essência (Rins). Portanto estes três tesouros

representam diferentes estados de condensação de Qi, sendo a essência a mais densa, o Qi o

mais rarefeito e a mente a mais sutil e não substancial, Se a Essência é forte o Qi é próspero;

se o Qi é próspero, a mente é perfeita.

Continuando a explanação sobre os elementos contidos no ser humano podemos observar

Hicks (2007) apresenta que, no elemento “ÁGUA”, Rins Zhi que é a Raiz do Yin e Yang,

trazendo consigo a essência, a iniciativa, o poder de decidir, a confiança, também medos e

fobias sendo causa aparente e em situações de deficiência ocasionando falta de iniciativa, falta

de confiança na sua capacidade de resolver situações. Tornando aparente a sensação de

impotência e apatia. Paciente com estas características podem ter problema geniturinário,

carecendo fortalecer e harmonizar o elemento água. Partindo de uma revisão bibliográfica foi

possível observar numa sucinta explanação dos conceitos, tipos de medos e fobias.

Abordando costumes e crendices da cultura popular sobre o medo. Tornou possível enfatizar

percepções da psicologia com uma abordagem psicanalítica sobre a construção dos medos

e/ou fobias que estão presentes em muitos dos indivíduos que buscam os serviços de

psicólogos e psicanalistas. Apontam como base no que fora levantado, muitos dos medos e

fobias vivenciados por indivíduos, sejam eles de qualquer faixa etária, estão associados à

passagem do Complexo de Édipo e o processo de castração.

No entanto na visão da Medicina Tradicional Chinesa segundo, Maciocia (1996), os medos e

fobias, podem ter como causa um déficit na formação constitucional da essência do ser no

momento de concepção pré-natal e no pós-natal, evidenciando assim uma psicossomática com

o ambiente em qual o sujeito está inserido gerando assim o estado psicopatológico,

pronunciado no órgão “Rim Zhi que é a Raiz do yin e do yang”.

No elemento madeira o Zang Fígado, Hon, neste a movimentação e a liberdade decorre do

excesso de tensão e pressão. Quando em desequilíbrio pode acompanhar estresse e/ou um

fracasso, frustração, sensação de opressão, acarretando a falta de movimento, desgosto,

irritabilidade, perda do sentido e do propósito de viver. Podem apresentar falta de visão

perspicaz, colapso e prostração.

Portanto no elemento “FOGO” zang Coração; Shen, o qual tem como característica elucidar a

alegria, o amor, razão, harmonia, perfeição ou a falta de alegria de viver, pouco entusiasmo,

pouco interesse, falta de inspiração incapacidade de julgamento equilibrado. Apatia ou

agitação excessiva e frieza para novos relacionamentos. Apontando assim problemas ligados a

rejeição e desapontamento sem relacionamentos duradouros.

Elemento “TERRA” zang yin Baço-Pâncreas Yi responsável pela reflexão, calma, simpatia,

claridade de pensamento-antipatia, Desarmonia do Intelecto. Sensação de Opressão, Profusão

de pensamentos confusão e preocupação, excessiva-dificuldade de reflexão sobre si

dificuldade de concentração matemática. Quando apresenta desejo ou aversão por doce

precisa fortalecer e harmonizar o elemento Terra. Elemento “METAL” Pulmão, (Po) trazendo

consigo a capacidade de aceitação, reverência, proteção do indivíduo normalmente decorre de

perdas materiais. Também pode ocasionar sensação de desproteção, problemas em aceitar o

inevitável, melancolia e resignação, pessimismo e remorso.

Figura 4: Ciclos Shen e Ko dos Cinco Elementos

Fonte: http://jcdangelis.blogspot.com.br/2013/08/aprendendo-ser-sabio-ver-no-escuro.html cessado em

28/01/2014

Com relação a possível associação das duas ciências na busca de um melhor tratamento dos

processos emocionais, mentais e espirituais correlacionado aos cinco elementos da Medicina

Tradicional Chinesa, torna evidente um olhar meticuloso sobre a complexidade do fenômeno

do que é o ser humano, em seu processo, nem totalmente são, nem totalmente doente.

Deutsch e Murphy citado por MASLOW, (1968), se refere à psicoterapia da seguinte forma:

Isso é de interesse especial para os terapeutas, não só porque a integração é uma das

principais metas de toda a terapia, mas também por causa dos problemas fascinantes

que estão envolvidos no que podemos chamar a “dissociação terapêutica”. Para que

a terapia ocorra a partir de uma introvisão (insight), é necessário experimentar e

observar simultaneamente. Por exemplo, o psicótico Que está passando por uma

experiência total, mas não suficientemente desapaixonado para observar o que sente

nada ganha com o que experimenta, ainda que possa ter estado no centro do

inconsciente que ê tão misterioso para os neuróticos. Mas também é verdade que o

terapeuta deve dividir-se da mesma forma paradoxal, visto que deve,

simultaneamente, aceitar e não aceitar o paciente; isto é, por um lado, tem que

manifestar “interesse positivo incondicional” (143), deve identificar-se com o

paciente para compreendê-lo, deve pôr de lado todas as críticas e avaliações, deve

experimentar a Weltanschauung do paciente, deve fundir-se com ele num encontro

Eu-Tu, deve, num amplo sentido agapeano, amá-lo etc. Entretanto, por outro lado,

também está implicitamente desaprovando-o, não o aceitando, não se identificando

etc, porque está também tentando melhorá-lo, fazê-lo melhor do que é, o que

significa algo diferente do que é agora. Essas divisões terapêuticas são, de forma

muito explícita, uma base da terapia para Deutsch e Murphy.( MASLOW, 1968,

P.120)

Mas também aqui a finalidade terapêutica é, como no caso de personalidades múltiplas, fundi-

las numa unidade integrada e harmoniosa, tanto no paciente como no terapeuta. Isso pode ser

igualmente descrito como tornar-se cada vez mais um ego puramente experiente, com a auto-

observação sempre acessível como uma possibilidade, talvez pré-conscientemente. Nas

experiências culminantes, tornamo-nos egos multo mais puramente experientes.

2 - Os cinco elementos e as psicopatologias

2.1 A associação da MTC com a Psicologia tradicional no tratamento das

psicopatologias.

Na psicologia moderna busca-se o diagnostico através da escuta, observação e

questionamentos com o intuito de levantar as causas mais prováveis das queixas apresentadas

pelo paciente, enquanto que na Medicina Tradicional Chinesa também são utilizadas essas

mesmas técnicas dentre outros tais como: sinais sensoriais em especial no equilíbrio

emocional, na cor facial, odor e tom de voz. É também de fundamental importância a

personalidade do paciente na busca de um tratamento eficaz e adequado. Isso demonstra que o

trabalho do profissional da psicologia está em consonância com a Medicina Tradicional

Chinesa para diagnosticar e tratar as causas e sintomas trazidos pelo indivíduo, porém,

existem algumas caraterísticas especificas para o diagnostico dentro da Medicina Tradicional

Chinesa dentre as quais estão os fatores constitucionais, além da queixa principal trazida pelo

paciente, e que são de suma importância para uma anamnésia mais precisa no tratamento das

psicopatias apresentadas.

Fato interessante citado por Ross (2003) ele questiona sobre as capacidades intuitivas do

homem, sem elas se torna difícil o equilíbrio do ser humano, e num mundo moderno onde se

exige a analise, mas a capacidade intuitiva esta embotada cresce o número das incertezas e o

aumento do estresse é inevitável. Frente a este aspecto na psicoterapia é buscado as técnicas

necessárias para o sintoma apresentado, uma delas é o relaxamento a meditação e o exercício

físico. Enquanto que na acupuntura soma-se a essas técnicas o equilíbrio energético

fundamentando nas causas e prevenindo um desgaste maior.

Conforme Maciocia (1996), quando o fator constitucional predominante madeira, Fígado e

vesícula biliar em desordem podem ter causa manifesta como paranoias, delírios, distúrbio

bipolar, depressões reativas e ansiosas, agressividade patológica, choro contido, irritabilidade,

reações agressivas (decorrentes de frustração ou de fatores externos), raiva destrutiva, pode

variar da resignação ao desespero. O Fígado regula o fluxo livre das emoções. O desequilíbrio

de sua energia está presente em toda psicopatologia. O movimento da Madeira é expansivo e

direcionado e simboliza o crescimento, o desenvolvimento e a confiança podem estar ligados

aos relacionamentos. A deficiência da energia do Fígado pode ter sido gerada logo nos

primeiros dias ou anos de vida da criança, pela má amamentação ou pela falta de um adulto

como sustentação ou ponto de referência, isso pode ocasionar a perda do foco e os contatos

conseguem mesmos ou com a realidade externa. Maciocia aponta que neste elemento está

alojado o Hun (alma Etérea) a qual por um lado traz movimento a mente, e por outro

proporciona quietude e retém a Alma Etérea junto a mente, com estas em harmonia o

indivíduo apresentará visão serena, discernimento e sabedoria.

Nessa mesma linha de pensamento com relação a formação da personalidade da criança,

Segundo Papalia, (2006).

O padrão característico das relações emocionais de uma pessoa começa e se

desenvolver desde muito cedo e é um elemento básico da personalidade. Sob uma

perspectiva etológica, as emoções desempenham diversas funções importantes para

a sobrevivência e o bem estar humano. Uma é comunicar a condição interna da

pessoa aos outros e provocar uma resposta. Essa função comunicativa é crucial para

os bebes, que dependem dos adultos para satisfazer suas necessidades básicas. Uma

segunda função é orientar e regular o comportamento\ função que durante a primeira

infância começa a ser transferida do cuidador para a criança. Emoções como medo e

surpresas mobilizam a ação em emergências. Outras emoções, como interesse e

excitação, a exploração do ambiente, o que pode trazer um aprendizado útil na

proteção ou sustentação da vida. (PAPALIA, p.231)

Assim sendo se percebe na sociedade, visivelmente, a concepção de filhos por pais

severamente debilitados, gerando novos indivíduos com baixíssimo fator constitucional o qual

pode agravar outra geração com Shen doentios, sendo estes inconscientes e muitos deles não

encontram forças espirituais para mudanças durante seu desenvolvimento bio-psíquico e

emocional. Nos indivíduos de fator constitucional Fogo predominante, conforme Ross (zang

fu 2ª Edição), onde o Zang Fu acoplados são: Coração e Intestino Delgado em desequilíbrio

pode acarretar em distúrbios do sono, sexuais, ansiedade, Síndrome do pânico, hipocondrias e

incapacidade de compreensão profunda e simbólica, dramaticidade dificuldades com limites e

com amor, falsa generosidade. O elemento Fogo é o pivô central das doenças emocionais e

mentais. A alteração do Shen (consciência), muitas vezes é o aspecto final de uma cadeia de

eventos. Na psicologia moderna esses sintomas são vistos, segundo Cordioli (1998) como

“conflitos de sentimentos inconscientes inaceitáveis, baseados em mecanismos de defesa

como de negação, repressão, deslocamento e racionalização que os impede de simbolizar,

conscientizar e finalmente verbalizar seus conflitos, dificultando seu manejo e consequente

resolução”. O elemento Fogo é um dos responsáveis para os momentos de insights. Sua

deficiência causa alterações da cognição. Deficiência do Coração por problemas na fase de

desenvolvimento da fala, da expressão ao mundo, da sensualidade e da sexualidade. Também

podem apresentar problemas na fase do complexo de Édipo e possíveis patologias nesse

contexto.

Maciocia (1996) afirma que a inteligência reside no Baço/Pâncreas. Quando estes dois

elementos, Baço-Pâncreas e Estômago em desequilíbrio podem gerar distúrbio ansioso de

separação, obsessão, astenia, depressão, anorexia / bulimia, obesidade, cansaço, sonolência,

dificuldades de concentração e de relacionamento, depressão menor, incapacidade de

percepção do agora, distração, perda de consciência corporal e do ambiente, vazio interno,

dificuldades para se mover, estagnação, mucosidade mental (falta de clareza), portanto a

energia do Baço-Pâncreas é fundamental no aproveitamento da energia dos alimentos sendo o

responsável em transformar e transportar o QI. O movimento da Terra é de conexão com os

outros, demonstrando paciência, cuidado, estabilidade, capacidade de focar e ater-se ao

momento, de apreciar a vida. A energia deste elemento depende da qualidade da alimentação

durante toda a vida. Porém a deficiência na energia do Baço-Pâncreas, gerada por uma

nutrição deficiente durante a vida intrauterina, a amamentação (falta de conexão com a mãe) e

depois pela falta do carinho e do contato que se tem por meio da alimentação da criança.

“Os transtornos do comportamento alimentar, anorexia nervosa (AN) e bulimia nervosa (BN)

são todos como patologias difíceis de ser abordadas em função de sua complexa etiologia. A

interação de fatores biológicos, familiares, socioculturais e psicológicos é responsável pelo

desencadeamento e perpetuação desses quadros. AN e BN são transtornos estreitamente

relacionados, expressos por distúrbios severos no comportamento alimentar em função da

intensa preocupação com a forma e com o peso do corpo” (NUNES, 1995. Apud.

CORDIOLI). Nessas duas condições o tratamento mais utilizado tem sido a “psicoterapia

cognitiva e comportamental, empregando técnicas especificas para modificar o

comportamento” (AGRAS e cols.1989; Mitchell, 1991). Sob o ponto de vista da MTC,

segundo Maciocia (1996), distúrbio alimentar tem como fundo o desiquilíbrio de estomago e

baço pâncreas e que o tratamento pode ser através do equilíbrio do elemento terra tonificando

o Zang Fu.

Neste elemento está configurado o Zang fu Pulmão e Intestino Grosso, e quando estes estão

em desequilíbrio o sujeito podem apresentar tristeza profunda e pesar crônicos, transtorno

obsessivo compulsivo. Patologias que incluem: Inveja, ciúmes, egoísmo, distração e

sensibilidade excessiva. Medos das mudanças apegam a atitudes, padrões rígidos e

estereotipados, dificuldades em fazer e manter vínculos, apego ao conhecido, vive no passado,

autocomiseração. O Pulmão está associado à tristeza e participa com todos os elementos, da

formação da identidade pessoal do EU. O Metal está ligado à transformação, ao

apego/desapego, a introspecção e confere a capacidade de se desprender materialmente em

situações emocionais. Portanto a deficiência do Pulmão gerada por problemas nas separações

e mudanças, por exemplo: parto, desmame, escola, casamento. Podendo apresentar problemas

na fase de formação das fezes e retenção de energia. Segundo Maciocia (1996) no Pulmão a

Alma corpórea (Po) se aloja em nível físico e nesta está relacionada à vida como indivíduo a

qual nos faz sentir dor, lagrimar quando sujeitos a situações de desgosto e tristeza. A alma

corpórea também responsável pelo QI de defesa do pulmão em nível físico protege o corpo de

fatores patogênicos externos e nos níveis mentais de influencias psíquicas externas, algumas

pessoas são facilmente afetadas negativamente quando o Qi da alma corpórea está

enfraquecida.

Segundo Campiglia (2004) o elemento água, órgão Rins quando em desequilíbrio é o

responsáveis pelos medos e fobias, síndrome do pânico, psicopatias, sociopatias, más

formações neurológicas, doenças genéticas tais como autismo, psicoses retardo mental,

esquizofrenia, depressão maior, perda de direção, incapacidade de completar ações, medo,

fixação, radicalismo, sentimento de desproteção. A Energia do Rim é fundamental como força

de coesão do Ego. O movimento da Água é o da força primordial que mantém a integridade e

o equilíbrio, estabelece as raízes, junta as forças e faz suas reservas. Isso reflete na capacidade

de adaptação a mudanças do sujeito. Quando a deficiência de energia do Rim vem da

fecundação tendo como causa deficiência energética dos pais, ou durante a gravidez, no parto

(por estresse). Disso pode advir má formação cerebral ou alterações de atividades cognitivas,

ocasionando impossibilidade de estruturarem a Personalidade e cisões na estrutura psíquica.

Nestes alguns autores afirmam que aumentar a energia do Rim nas doenças Psiquiátricas

ajudará a amenizar e diminuir o número de crises, e melhorar as condições do paciente para

que tolerem maiores variações do meio externo. Por exemplo, sessando o medo - cessa a

crise.

Todos os sintomas acima relacionados, apresentados como resultado do desequilíbrio dos

cinco elementos da Medicina Tradicional Chinesa MTC, é de conhecimento do profissional

de psicologia que, engloba diversas linhas de tratamento tais como: Psicanálise, Cognitiva

Comportamental, Psicodrama, Humanistas, Fenomenologia Existencial dentre tantas outras

existentes atualmente que buscam compreender as psicopatias humanas. Todos estes

profissionais buscam compreender o seu paciente com suas técnicas especificas dentro da

psicologia convencional visando um resultado que pode ser de curto médio e longo prazo.

Dependendo da gravidade de cada sintoma apresentado pelo paciente o profissional psicólogo

vai definir o tratamento ou recorrer ajuda de outros profissionais da medicina. Portanto o

profissional psicólogo com formação de acupuntura (Medicina Tradicional Chinesa) onde a

mesma pode proporcionar uma associação de técnicas eficazes para o tratamento das

psicopatologias apresentadas pelos pacientes.

O profissional psicólogo capacitado com conhecimentos da Medicina Tradicional Chinesa

MTC observa o paciente depressivo, com características de embotamento afetivo, apatia,

poucos movimentos pode idêntica que suas características predominantemente é Yin, neste,

pode ocorrer o quadro obstrução do fluxo do Qi do Rim. Já o paciente com sintomas maníaco,

em que há excesso de atividade mental e motora podendo ter explosões de ânimo,

eventualmente comportamento agressivo ou perigoso à sociedade, esse quadro pode ocorrer

pela alteração da mente pelo fogo. Em um quadro clinico geral com início insidioso, onde a

pessoa prefere ficar quieta e parada, não expressando emoções, introversão, tristeza, choro

abundante, superstição, hábitos repetitivos, pensamentos persecutórios, diminuição do apetite,

tem preferência pelo escuro, histórico de experiências emocionais traumatizantes tais como

frustrações profundas, impossibilidade de realizar desejos importantes, perda de uma pessoa

querida. Usuário de álcool e drogas. Doenças prolongadas de fundo genéticas e congênitas

com agravantes mais frequente em adolescente e mulheres na menopausa. Tais quadro advêm

de um estado yang, ou seja de dento para fora.

Na MTC conforme Campiglia (2004) as emoções são consideradas fatores internos de

adoecimento, e podem provocar desarmonia nos Zang Fu (órgão e a víscera associados),

levando à doença. Por outro lado, os Zang Fu desarmônicos podem gerar emoções alteradas e

distorção da realidade. As mais frequentes alterações emocionais encontram se nas

desarmonias do Fígado e do Coração. Por exemplo, a insônia: deficiência do Coração e do

Baço, desarmonia entre o Coração e os Rins, deficiência de Yin levando ao aumento do Yang

do Fígado, deficiência do Qi do Coração, estase do Qi do Fígado, gerando Fogo, formação de

mucosidade e calor, prejudicando o Coração e a Vesícula Biliar, tendo como consequência

Irritabilidade, tensão pré-menstrual, depressão ansiosa e alterações emocionais do climatério:

Estase do Qi do Fígado, - Fogo do Fígado, Deficiência do Coração e do Baço, Deficiência do

Qi do Coração.

No entanto como apontado por Maciocia (1996) o problema com o aumento do Yang do

Fígado pode gerar raiva, mágoa, frustração e ressentimento por período prolongado. A dieta

gordurosa e frituras causando desarmonia dos outros Zang Fu, por exemplo, a diminuição do

Yin do Rim, trazendo como consequência agitação e insônia, vertigens e cefaleia. A alteração

do Shen, agitando as emoções causando dificuldade de concentração e de memória, manter

acalma, Irritabilidade, zumbidos, pesadelos, sonhos em excesso, palpitação, membros

pesados, olhos ressecados, dor lombar, língua vermelha com pouco revestimento, pulso fino,

tenso e rápido. -Harmonizar o Fígado, quando se tem deficiência Yang e aumentar Yin pode

ter como consequência, raiva, mágoa, frustração, uma dieta gordurosa, frituras, álcool, carnes

vermelhas, invasão de vento e calor externos, no entanto a diminuição de Yin pode causar

agitação com insônia e pesadelos acompanhado de cefaleia, zumbidos e até surdez, gerando

irritabilidade, Explosões de raiva, alucinações visuais e auditivas, olhos vermelhos, boca

amarga, garganta seca, obstipação, urina escura, dor nas costas, mamas e hipocôndrios

apresentando língua vermelha com revestimento amarelo pegajoso, com pulso tenso e rápido.

Hicks (2007 salienta que o acupunturista deve focar seus valores terapêuticos na saúde do

indivíduo e os sintomas físicos são secundários, pois estes são vistos quando crônicos como a

manifestação da doença e que se origina na raiz e estas muitas vezes pode estar na mente ou

no espirito. Isso não quer dizer seja para todos os sintomas, citando por exemplo os

traumáticos de origem física ou alguma infecção aguda suas origens estão fixadas nas causas

externas. Elucida ainda que a maioria dos pacientes no ocidente que buscam tratamento

sofrem basicamente de desequilíbrio espirito. Quando as pessoas apresentam com problemas

no seu espirito tem maior probabilidade de sofrer com estresse e dificuldade de lidar com sua

própria vida.

Maciocia (1996) menciona que a agitação do Vento do Fígado no Interior surge raiva, mágoa,

frustração, ressentimento por período prolongado. Quando a aumento do Yang do Fígado e

vira vento ou calor extremo, que vira vento com a diminuição do Yin ou do sangue. Podendo

ocorrer instabilidade com mudança rápida de atitude. As maiores gravidades dos sintomas

são: mania, tiques, espasmos, podendo ocasionar convulsões, perda de consciência, tontura,

tendência a desmaios, com cefaleia latejante, surgindo ai formigamento nos membros,

Opistótono e Trismo. A língua vermelha escura, trêmula, torta, com revestimento fino e

amarelo. O pulso tenso, filiforme e rápido, intermitente.

A estase do Qi do Fígado pode ter como consequência, raiva, mágoa, frustração,

ressentimento por período prolongado, emoções reprimidas, irritabilidade, com sensação de

estar impedido de realizar algo, Impaciência, apresenta depressão, melancolia que alivia com

choro, plenitude e opressão torácica, suspiros, Dor e distensão no hipocôndrio e no ventre,

Menstruação irregular, Dismenorreia, TPM, sensação de bola na garganta, alterações de

humor, náuseas, gases. Língua com revestimento fino e branco, com pontos de estase e pulso

tenso. A Deficiência do Yin do Rim pode ter como causa, doenças crônicas ou agudas graves.

O uso de antibióticos ou quimioterápicos, deficiência constitucional, excesso de trabalho e de

atividade sexual. Perda de memória, zumbido, insônia ou sono irregular, suor noturno, rubor

malar, tontura, vertigem, febre vespertina, diminuição da força de vontade, sede com secura

na garganta e língua, queda da acuidade visual, espermatorréia, diminuição do fluxo

menstrual ou amenorréia. Língua vermelha, fina, com pouco ou nenhum revestimento

(careca), pulso filiforme, fraco, vazio, podendo estar rápido.

A deficiência da essência (Jing) dos Rins geralmente tem causa de hereditariedade, doenças

genéticas, deficiência congênita, excesso de trabalho e de atividade sexual, desarmonia de

outros Zang Fu com profundo consumo de energia, desnutrição, doenças crônicas

prolongadas, excesso de atividade sexual, partos, abortos dificuldades em realizar seus

projetos, perda de motivação, falta de coragem para fazer mudanças, diminuição da memória

e da libido, tontura, fraqueza, debilidade física e mental, envelhecimento precoce em adultos e

retardo Psicomotor em crianças, alterações genéticas, esterilidade, alteração óssea na criança,

com retardo no fechamento das epífises, alopecia, surdez, zumbido, perda prematura de

dentes. Língua pálida e mole, pulso profundo, fraco e vazio.

Maciocia (1996) afirma que os distúrbios Psíquicos e os Zang Fu tem fundamentos com

Problema Etiologia Quadro Clinico Tratamento Deficiência de Qi do Coração-Tristeza,

Excesso de excitação e irritação, mudança brusca do estado emocional, vômitos, diarreia ou

sudorese excessiva, hemorragia, doenças crônicas e/ou prolongadas, doenças febris,

senilidade, apatia e Tristeza, podendo levar ao estado depressivo, taquicardia, ansiedade,

amnésia, sobressalto e temor, dificuldades com sono, Cansaço, fala mole, transtornos

psíquicos, dispneia, angina, palidez, sudorese espontânea, entre outros.

Segundo Maciocia (1996) a deficiência de Yang do Coração pode ocasionar tristeza, excesso

de excitação e irritação, mudança brusca do estado emocional, vômitos, diarreia ou sudorese

excessiva, hemorragia, doenças crônicas e/ou prolongadas, problemas febris, taquicardia,

ansiedade, amnésia sobressalto e temor, sono, cansaço, fala mole, transtornos psíquicos,

dispneia, angina, palidez, sudorese espontânea e fria, dificuldades circulatórias, com frio nas

extremidades e aversão ao frio, língua edemaciada, pálida ou violácea, revestimento

esbranquiçado, pulso lento, fino e fraco.

Quando há deficiência de Yin do Coração surge ansiedade, excesso de excitação e irritação,

emoções que esgotam o Yin e o sangue, vômitos, diarreia, doenças febris com suor, abuso do

álcool, dieta gordurosa e condimentada causando deficiência da produção de sangue pelo baço

pâncreas, provocando assim taquicardia, ansiedade, irritabilidade, insônia, sonhos excessivos,

pesadelos, incapacidade de relaxar, angústia, desconfiança, perda de memória o Shen fica

obnubilado. Calor nos cinco palmos, vertigens, boca e garganta secas, rubor malar, sudorese

noturna, obstipação, urina amarelada, língua vermelha, revestimento fino e seco, pulso fino,

fraco, rápido, intermitente.

Na deficiência de sangue do coração pode surgir ansiedade, excesso de excitação e irritação,

emoções que esgotam o yin e o sangue, tendo como causa a hemorragia, parto, doenças

prolongadas que consomem muito sangue. Problemas no baço pâncreas causados por uma

dieta inadequada ocasionando assim, taquicardia, ansiedade, Irascibilidade, insônia, sonhos

excessivos, pesadelos, incapacidade de relaxar, angústia, desconfiança, perda de memória,

palidez, lábios e unhas pálidas, quando o Shen obnubilado pode ter como consequência

vertigens, formigamento nos pés e mãos, polução noturna, amenorreia, menstruação curta em

períodos muito espaçados, língua pálida e ressecada com pulso fino.

Quando há mucosidade obstruindo os orifícios do Coração pode evidenciar ansiedade,

excitação, depressão, emoções que levam à estase do Qi, depois, formam mucosidade. A

transformação da umidade em mucosidade normalmente é causada por uma dieta gordurosa e

crua, também por abuso de Álcool, evidenciando comportamento incoerente e anormal,

acompanhado por taquicardia, confusão mental, depressão, convulsões, tontura, náuseas,

vômitos, angina, gases, dificuldades de concentração e memória, insônia, sonhos excessivos,

mania, histeria, psicose, esquizofrenia, perda dos sentidos, a língua é edemaciada com

revestimento branco, pegajoso e Pulso deslizante.

Fogo do Coração hiperativo causa emoções intensas, facilidade para choques emocionais,

ansiedade crônica, preocupações que se transformam em fogo, provocadas por uma dieta

quente, Álcool, evidenciando assim desarmonia de outros Zang Fu , principalmente Fígado

(Fogo do Fígado) ocasionando agitação profunda e Possíveis atos de loucura, atitudes

destrutivas e violentas, acompanhada de irritabilidade, angústia, dificuldades em ficar parado,

insônia e pesadelos, excitação emocional e delírio, risos e choro. Alucinações visuais e

auditivas, sensação de calor e opressão no peito, angina, crise hipertensiva, taquicardia,

mania, cólera, convulsão, sede, boca seca, urina escura. A língua escarlate com rachaduras e

com ou sem revestimento amarelo com pulso forte, rápido e escorregadio.

No ano de 2003, foi publicado o I Consenso Brasileiro de Insônia, o qual relacionou a

frequência das consequências e co-morbidades da insônia com o seu tempo de duração. Na

insônia crônica, de longa duração, observam-se mais sintomas cognitivos e alteração do

humor, irritabilidade, redução do desempenho acadêmico e profissional, redução da

concentração e da memória. Além do que, a insônia e a fadiga aumentam significativamente o

risco de acidentes de trabalho, domésticos e de trânsito. (Revista Neurociência, 2007, p.184).

METODOLOGIA

O método percorrido para a produção da corrente pesquisa foi o de cunho bibliográfico

buscando uma associação no uso dos cinco shen com a psicoterapia apoiando-se em livros e

artigos científicos publicados em site tendo como teóricos principais Maciocia (1996),

Cordióli (1998), Hicks (2007), Yamamura (1995), Maslow (1968), Frankl (1979), Papalia

(2000), Ross (2003) dentre outros. O desenrolar do artigo se deu com uma discussão paralela

entre ambas as ciências no intuito de compreender a possibilidade de sua associação

terapêutica ampliando os resultados de tratamento alcançado junto aos pacientes.

Essa pesquisa se justifica com a Resolução n° 005/2002, o Conselho Federal de Psicologia

(CFP) reconhece, dentre outras práticas, a Acupuntura como instrumento possível à atuação

do psicólogo e conforme consta na Portaria GM nº 853 de 17 de novembro de 2006, as

Práticas Integrativas e Complementares foram inclusas à Tabela de Serviços Classificações do

Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - SCNES de Informações do

SUS, o serviço de código 068, consideramos que esta portaria estabelece de maneira

importante uma possibilidade para além dos tratamentos farmacológicos.

Em 2002, a Organização Mundial da Saúde - OMS publicou o documento “Acupuncture:

Review and analysis of reports on controlled clinical trials”, fundamentado em mais de duas

décadas de pesquisas efetuadas em renomadas instituições mundiais. Esse documento

apresenta analises devidamente verificada pela medicina científica a eficácia da acupuntura,

assim como de outras técnicas da Medicina Tradicional Chinesa, em comparação com o

tratamento convencional (medicamentoso) para lá de uma centena de doenças, sintomas e

condições de saúde. Sendo assim, o conhecimento sobre o que se têm produzido oficialmente

no Brasil sobre temáticas que relacionam Psicologia e Acupuntura, apesar de limitado,

oportunizou-nos uma ampliação do olhar sobre estas questões e estimulou ainda mais nossa

vontade de realizar pesquisas pertinentes a união destas ciências.

Resultados e Discussão

A associação da prática da Medicina Tradicional Chinesa com a psicologia contemporânea

ainda é um verdadeiro devir no mundo ocidental. A busca constante do entendimento do

homem e sua relação com meio em que vive, ainda é mistério para muitos. A simplicidade e,

ao mesmo tempo, a complexidade metodológico da Medicina Tradicional Chinesa leva a

pensar sobre as questões e às origens de nosso entendimento da saúde, do equilíbrio e do

contato com os fenômenos da natureza e suas relações.

A psique humana pode elucidar muitos traços capazes de revelar indicações para uma vida

com qualidade e equilíbrio entre as duas naturezas, animal e espiritual. As nossas ações,

atitudes, comportamento e sentimentos, estão ligados com o que vivenciamos frente as

condições energéticas dos elementos constituídos na Medicina Tradicional Chinesa. Na visão,

de homem integral de corpo e espírito na Medicina Tradicional Chinesa, abre espaço para um

entendimento do que é saúde de uma maneira mais integrada e dinâmica. Hoje temos o

entendimento de que não somos somente corpo, temos algo além de nossas percepções visuais

e de análises clínicas. As formações do temperamento, das atitudes, das ações e dos próprios

sentimentos, dependem de fatores internos e externos, que se pode ser observados desde o

desenvolvimento uterino, as relações interpessoais, o ambiente familiar, profissional e social.

A discussão desenvolvida no presente trabalho entre as áreas da Medicina Tradicional

Chinesa – MTC e a psicologia contemporânea demonstraram que a natureza humana não

consiste simplesmente de um corpo e uma mente. O cérebro, como órgão do pensamento, e o

corpo, que permite que estes pensamentos adquiram vida e forma, são apenas manifestações

externas de uma identidade mais essencial, algo indefinida, que jaz nos mistérios da

existência de cada um de nós. Somos nossos corpos. Somos nossas mentes. Mas também

somos algo mais, com um quê de transcendência, se não de eternidade, que se evidencia de

tempos em tempos, e que pode ser cultivado e aprimorado.

Os autores utilizados fundamentando esta breve pesquisa, tanto na Psicologia quanto na

Antropologia, Sociologia e Filosofia, têm tratado de investigar de forma científica aquilo que

antigamente ficava apenas no campo da fé: a realidade da alma humana e suas manifestações

de extraordinária transcendência, inclusive estudando os estados alterados de consciência

obtidos pela oração, meditação e outras práticas religiosas. A alma passou a ser um conceito

incorporado no discurso científico, assim como o corpo e o psiquismo. Muitas vezes fica

difícil perceber a diferença entre a psique e a alma, ou identidade essencial.

Fazendo uma analogia, a alma é como o sol, e a psique como os raios do sol. A alma humana

é uma realidade que pensa e sente, influenciada pelo corpo, e a psique é a ação deste pensar e

deste sentir. A alma é como a árvore, e a psique são como o fruto desta árvore enquanto que

na psicanálise o homem se torna consciente do instintual, na logoterapia ou análise existencial

ele se torna consciente de algo espiritual ou existencial. Espiritual, nesse sentido, é utilizado

sem nenhuma conotação religiosa, mas simplesmente para indicar que estamos lidando com

um fenômeno especificamente humano (em contraposição aos fenômenos subumanos que

compartilhamos com os animais). Em outras palavras, o espiritual é o que há de humano na

pessoa. O que vem à consciência, então, na análise existencial, não é nem o impulso nem o

instinto, nem os impulsos do id nem os do ego, mas o próprio eu (self). Não é o ego que se

torna consciente do id, mas o próprio eu que se torna consciente de si mesmo – encontra-se a

si mesmo.

No Brasil a acupuntura ainda é vista como uma terapêutica complementar, mesmo assim tem

contribuir e muito para o entendimento das questões existências na saúde do ser humano,

atuando com simplicidade porem de forma abrangente, humana, atuante, eficaz e preventiva.

Quando observamos as propostas de saúde no SUS está lá, “cuidar preventivamente”, no

entanto ainda é uma política que muitas nações ainda não aprenderam a desenvolver. Portanto

as questões biológicas, psicológicas e emocionais abordadas, segundo a Medicina Tradicional

Chinesa, nos levam além das questões meramente físicas ou comportamentais.

Durante o desenvolvimento desse estudo teórico sobre as duas ciências, Psicologia

contemporânea e Medicina Tradicional Chinesa, tornou-se possível observar que ambas,

buscam tratar o homem além do seu intelecto. Na psicoterapia contemporânea tem como

objeto de estudo a subjetividade humana, a qual não se é possível pegar palpar ter uma

exatidão de medida. Na Medicina Tradicional Chinesa os Cinco Shen (espirito, alma,

intelecto) e seus ciclos energéticos e sua atuação no corpo fazem concluir que, somo

complexos demais e muito pouco sabemos sobre nós mesmos. Acima de tudo, buscar

desenvolver conhecimentos qualitativos que possam beneficiar a coletividade

significativamente, deve ser uma missão de todo acupunturista que se dedica a cuidar de

pessoas em situações adversas e diversas.

Conclusão

O presente trabalho teve como principal objetivo a realização de comparações teóricas,

especificamente bibliográficas, entre a Psicologia e a MTC. Em seu decorrer foram mostradas

diversas relações possíveis de serem feitas entre a Psicologia contemporânea de base

ocidental e a Acupuntura, sendo esta um ramo da MTC, no entanto sem, pretender esgotar o

tema.

No decorrer da pesquisa foi possível observar aproximações teóricas entre Psicologia e MTC,

notando-se que estas, são duas fontes de conhecimentos e duas vertentes terapêuticas tão

diferentes e ao mesmo tempo tão semelhantes. As diferenças são vistas principalmente em

nível cultural, na distância geográfica e cronológica, que separam estas duas tradições. As

semelhanças, vistas fundamentalmente em seus objetivos, sendo o principal deles auxiliar as

pessoas a viverem com mais qualidade de vida, saúde, equilíbrio e harmonia, consigo mesmo,

com os outros, a natureza, o universo em geral, enfim com toda a vida contida neste imenso

sistema do qual somos seres integrantes.

Durante o processo da pesquisa verificou-se que são vários os textos, pesquisas e estudos

presentes hoje no Brasil a respeito da Psicologia, da MTC e também da Acupuntura. Mas

ainda são pouquíssimos ou seja, quase não existem pesquisas de bases científicas

relacionando estas duas abordagens, estas duas ciências. Nota-se que este campo de pesquisa

ainda é uma floresta virgem repleta de conhecimentos a serem explorados por pesquisadores

afoitos em desbravarem esta área enriquecendo o fazer cientifico.

Observou-se também a necessidade de uma maior aproximação entre psicologia ocidental

com cultura oriental, possibilitando assim conhecer com mais profundidade a maneira oriental

de ver o mundo e enriquecer o fazer psicológico. No entanto quando perfazemos uso destas

duas linhas ou abordagens terapêuticas, torna possível presenciar esta relação, esta interação

entre os conhecimentos orientais e ocidentais, embora diferenciadas em suas compreensões,

em suas visões de mundo, mas, enxergando o homem, enxergando os seres humanos,

enxergando a natureza e o universo de uma maneira mais abrangente, mais integral, e pode-se

dizer também de maneira mais holística.

Possuir a visão da integralidade do homem, tem se mostrado de extrema importância para a

manutenção da natureza, ou seja, a natureza entendida como depende do homem, da mesma

forma que o homem entendido como depende da natureza, sendo ambos interligados e, se

observados com uma perspectiva mais ampla e aberta, podemos dizer que a natureza e o

homem são um só, unidos, interdependentes, interconectados, sendo partes integrantes de um

único grande sistema vivo.

Esta é a visão fundamental observada dentro da MTC, bem como na psicologia, do homem

como um ser integrado, influenciando e sendo influenciado pelo grande universo, sendo ele

próprio responsável por seu destino, por suas escolhas, pelos caminhos percorridos em busca

de si mesmo.

Conhecer a total abrangência da categoria Shen usando-a no fazer psicológico pode levar a

uma maior aproximação entre terapeuta e paciente, a melhores resultados terapêuticos e,

consequentemente, a um aprimoramento da prática da medicina chinesa, especialmente da

acupuntura, nos serviços de saúde.

Acredito que este é um tema que não se esgotará no desenvolvimento da ciência, por carecer

de aperfeiçoamento continuo. Fica ai uma sugestão para novos estudos, desta vez teórica e em

loco com pesquisa de campo, para o avanço dessa associação que muito irá contribuir com

humanidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único

de Saúde. Brasília, DF, 2006.

CORDIOLI, Aristides Volpato. Psicoterapias: abordagens atuais / Aristides Volpato Cordioli – 2ª ed. Porto

Alegre: Artes medicas, 1998.

Depressão: corpo, mente e alma / Wagner Luiz Garcia Teodoro; Uberlândia –MG: 2009. ISBN: 978-85-61353-

01-8

DR. TOM SINTAN WEN, Acupuntura Clássica Chinesa. Copyright (c) 1985 Dr. Tom Sintan Wen, Direitos

reservados editora Cultrix.

[Frankl, Victor. 1979. A Presença Ignorada de Deus. Porto Alegre-Sulina, São Leopoldo-Sinodal, 1985. pp.21-

2]

FREUD, Sigmund, Além do Princípio de Prazer, 1920, tradução português 1950.

Introdução à sofrologia, William Bonnet Neurociências • Volume 6 • Nº 1 • janeiro/março de 2010 - ISSN 1807-

1058 editora atlântica, www.atlanticaeditora.com.br

HICKS, Ângela, 1952 – Acupuntura constitucional dos cinco elementos / Ângela Hicks, John Hicks, Peter Mole;

prefacio de Peter Eckman; [tradução Maria Inês Carbino Rodrigues]. – São Paulo – Roca, 2007

Duane P. Schultz Sydney Elien Schultz História da Psicologia Moderna Tradução Adail Ubirajara Sobral, Marta

Stela Gonçalves revisão técnica Maria Sílvia Mourão - editora Cultrix São Paulo – 2004 - Título do original: - .

A Hisfory of Modem Psyc

YAMAMURA, Ysao. Acupuntura Tradicional – A Arte de Inserir – 2ª edição – editora Roca- São Paulo, 1995.

JACÓ-VILELA, AM., and SATO, L., orgs. Diálogos em psicologia social [online]. Rio de Janeiro: Centro

Edelstein de Pesquisas Sociais, 2012. 482 p. ISBN: 978-85-7982-060-1. Available fromSciELO Books

<http://books.scielo.org>.

MACIOCIA, G. Os Fundamentos da Medicina Chinesa. 2. ed. São Paulo: Roca, 1996.

MACIOCIA, Giovani. A Pratica da Medicina Chinesa: tratamento de doenças com acupuntura e ervas chinesas /

Giovanni Maciocia, introdução de Zhou Zhong Ying; tradução para língua portuguesa Tânia Camargo Leite,

assessor medico para a versão em português Norvan Martino Leite, São Paulo – editora Roca, 1996.

MASLOW, Abraham H. 1968. Introdução à Psicologia do Ser. Tradução de Álvaro Cabral. Rio de Janeiro,

Eldorado, s.d. 2ª ed. Tradução de ÁLVARO CABRAL

MASSIMI, M. Palavra e saberes psicológicos na história da cultura brasileira. In JACÓ-VILELA, AM., and

SATO, L., orgs. Diálogos em psicologia social [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais,

2012. p. 201-216. ISBN: 978-85-7982-060-1. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>.

Papalia, D. E. & Olds, S. W. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artes Médicas. (2000, 7a. ed.).

PINHEIRO JUNIOR, Ismael. O Paracérebro: novos horizontes para a medicina / Ismael Pinheiro Junior. –

Goiânia: Ed. da PUC Goiás, 2010. ISBN 978-85-7103-619-2

Revista Neurociências — vol 15, n.3 (2007) — São Paulo: Grámmata Publicações e Edições Ltda, 2004–

Quadrimestral até 2003. Trimestral a partir de 2004. ISSN 0104–3579

ROSS Jeremy. Combinações dos pontos de acupuntura: a chave para o êxito clínico / Jeremy Ross; prólogo Dan

Benski; [tradução Maria Inês Garbino Rodrigues]. São Paulo; Roca. 2003.

ROSS Jeremy. Zang Fu: Sistemas de Órgãos e Vísceras da Medicina Tradicional Chinesa - Jeremy Ross. 2ª

edição.

SILVA, D. F. Psicologia e acupuntura: aspectos históricos, políticos e teóricos. Psicologia:

Ciência e Profissão. Brasília, v.27, n.3, p.418-429, set 2007. Disponível em: <http://pepsic.bvspsi.

org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932007000300005&lng=pt&nrm=>

Acesso em: 18 janeiro. 2014.

UNESCO. Declaração de Veneza. Comunicado final do colóquio: A ciência diante das fronteiras do

conhecimento. Veneza – Itália, 1986.