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Uso de sensores para a verificação do estresse hídrico da planta Kleber Macedo 2 , Marcelo Gonçalves Narciso 1 , Alexandre Bryan Heinemann 1 1 Embrapa Arroz e Feijão, Goiânia, Goiás, Brasil, [email protected], [email protected] 2 Departamento de Engenharia da Computação, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, Goiás, Brasil, [email protected] RESUMO Estudos indicam que as mudanças climáticas globais deverão agravar o problema relativo ao déficit hídrico em culturas de várias regiões do mundo devido à maior irregularidade no regime de chuvas e maiores temperaturas que, combinados, poderão impor às culturas um maior estresse hídrico. O desenvolvimento de cultivares mais tolerantes às limitações hídricas é uma alternativa sustentável para diminuir os impactos negativos das mudanças climáticas globais. O déficit hídrico é uma característica complexa que requer uma abordagem que considere as interações solo-água-planta-ambiente, utilizando a competência técnica disponível nestas diferentes áreas. Assim, é possível avaliar os cultivares no campo quanto a sua adaptação ao déficit hídrico, e com isso escolher os melhores cultivares para a resistência a chuva, veranico, etc., garantindo a sustentabilidade e a segurança alimentar da agricultura nacional. Para medir o déficit hídrico da planta, é possível usar sensores para avaliar algumas características, dentre estas a variação do crescimento da planta, a temperatura foliar e o NDVI. Estes parâmetros poderão então determinar se a planta está com características de déficit hídrico (ou estresse hídrico). Este trabalho apresenta o projeto de um sistema capaz de realizar simultaneamente e de forma autônoma essas medidas em campo, permitindo assim que, através dos valores colhidos, o produtor seja capaz de identificar um possível déficit hídrico na planta. PALAVRAS-CHAVE: estresse hídrico, sistema embarcado, sensores, automação. ABSTRACT Recent research indicates that global climate change will aggravate the problem of drought stress in many regions of the world due to greater irregularity in rainfall and higher temperatures that may impose a greater crop water stress. The development of more tolerant

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Uso de sensores para a verificação do estresse hídrico da planta

Kleber Macedo2, Marcelo Gonçalves Narciso

1, Alexandre Bryan Heinemann

1

1 Embrapa Arroz e Feijão, Goiânia, Goiás, Brasil, [email protected],

[email protected]

2 Departamento de Engenharia da Computação, Universidade Federal de Goiás, Goiânia,

Goiás, Brasil, [email protected]

RESUMO

Estudos indicam que as mudanças climáticas globais deverão agravar o problema

relativo ao déficit hídrico em culturas de várias regiões do mundo devido à maior

irregularidade no regime de chuvas e maiores temperaturas que, combinados, poderão impor

às culturas um maior estresse hídrico. O desenvolvimento de cultivares mais tolerantes às

limitações hídricas é uma alternativa sustentável para diminuir os impactos negativos das

mudanças climáticas globais. O déficit hídrico é uma característica complexa que requer uma

abordagem que considere as interações solo-água-planta-ambiente, utilizando a competência

técnica disponível nestas diferentes áreas. Assim, é possível avaliar os cultivares no campo

quanto a sua adaptação ao déficit hídrico, e com isso escolher os melhores cultivares para a

resistência a chuva, veranico, etc., garantindo a sustentabilidade e a segurança alimentar da

agricultura nacional. Para medir o déficit hídrico da planta, é possível usar sensores para

avaliar algumas características, dentre estas a variação do crescimento da planta, a

temperatura foliar e o NDVI. Estes parâmetros poderão então determinar se a planta está com

características de déficit hídrico (ou estresse hídrico). Este trabalho apresenta o projeto de um

sistema capaz de realizar simultaneamente e de forma autônoma essas medidas em campo,

permitindo assim que, através dos valores colhidos, o produtor seja capaz de identificar um

possível déficit hídrico na planta.

PALAVRAS-CHAVE: estresse hídrico, sistema embarcado, sensores, automação.

ABSTRACT

Recent research indicates that global climate change will aggravate the problem of

drought stress in many regions of the world due to greater irregularity in rainfall and higher

temperatures that may impose a greater crop water stress. The development of more tolerant

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cultivars to water limitations is a sustainable alternative to reduce negative impacts of global

climate change. Drought stress is a complex feature that requires an approach that considers

soil-water-plant-environment interactions, using the expertise available in these different

areas. Thus, it is possible to evaluate cultivars in the field as to adapt to the drought stress,

and thus choose the best cultivars for resistance to rain, summer, an so on, ensuring the

sustainability and food security of national agriculture. To measure the drought stress of plant

or cultivar, it is possible to use sensors to evaluate certain characteristics, among them the

variation of plant growth, leaf temperature and the NDVI. These parameters can then

determine if the plant has characteristics of drought stress. This paper presents the design of a

system capable of performing simultaneously and autonomously such measures in the field,

allowing through the collected values, the producer is able to identify a possible drought stress

on the plant.

KEYWORDS: drought stress, embedded systems, sensors, automation.

INTRODUÇÃO

Estresse é qualquer fator externo que exerce influência desvantajosa sobre a planta,

induzindo respostas em todos os níveis do organismo, podendo ser reversíveis ou permanentes

(LECHINOSKI, 2007). A partir deste conceito, pode-se afirmar que a planta está sujeita a

inúmeros fatores que podem levar ao estresse. Dentre estes, a quantidade de água pode ser

responsável por alterar todo o funcionamento bioquímico e morfológico das plantas, visto

que a quantidade de água é um fator importante em todas as fases de desenvolvimento.

Uma planta com estresse hídrico poderá vir a produzir menos e com menor qualidade,

crescer menos, e ter sua fisiologia comprometida. Assim, um monitoramento do estado

hídrico da planta é muito importante e vantajoso caso seja realizado periodicamente. Para tal

monitoramento, alguns parâmetros podem ser medidos, podendo ser citados a taxa de

crescimento da planta, temperatura foliar, e NDVI (Normalized Difference Vegetation Index).

Para que estes parâmetros sejam obtidos são necessários sensores e estes devem ser

controlados para serem acionados periodicamente e suas leituras direcionadas para um

ambiente computacional o qual irá fazer o relatório das medidas geradas. Assim, faz-se

necessário um circuito eletrônico para controlar os sensores para avaliar a taxa de crescimento

da planta, a temperatura foliar e o NDVI e também o software embarcado para o controle

destes sensores e outro software para apresentar os resultados colhidos, bem como o

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processamento dos dados colhidos pelos sensores para que o estado hídrico da planta em cada

momento seja conhecido.

O sistema formado pelo software e circuito eletrônico, além de permitir a leitura dos

sensores, envolve a gravação dos dados obtidos em um cartão tipo SD e a exibição das

informações necessárias para a operação do sistema via display LCD.

Este trabalho mostra um sistema que contém os sensores citados (temperatura foliar,

altura da planta e NDVI), o circuito eletrônico feito para acionar os sensores a qualquer

tempo, e também o software embarcado para a coleta de dados e apresentação de resultados.

Este sistema poderá ser usado no campo acoplado a uma moto, um trator ou ainda a um

VANT.

MATERIAL E MÉTODOS

Para a avaliação do estado hídrico da planta, serão usados como parâmetros a altura da

planta, a temperatura foliar e o NDVI. Estes índices serão medidos em uma planta referência

ou testemunha e na planta alvo. Os valores então serão colhidos para análise, após uma

varredura em uma plantação desejada, e então serão determinados em que locais da plantação

as plantas (ou quais plantas) estão possivelmente com deficiência hídrica.

O que se espera, para o caso da planta estar com estresse hídrico, é que o crescimento

diário (assim como a biomassa) será menor, conforme (SILVA ET AL, 2012) e (PINCELLI,

2010), o NDVI das imagens de cada planta com estresse hídrico tenha valores menores (entre

0 e 0.2, indicando estresse severo, ou um valor menor do que o de uma planta saudável nas

mesmas condições) e a temperatura foliar, quando do estresse hídrico, deverá ser maior do

que a temperatura foliar de uma planta em condições sem estresse, segundo (TRENTIN,

2010).

Os parâmetros a serem medidos, dada certa área, necessitam de um processo

automatizado. Neste sentido, a automação seria feita através de sensores e um circuito

eletrônico para ler e acionar estes sensores, além de guardar as medidas feitas no decorrer do

tempo. Para isto, seria necessário um levantamento de sensores existentes para medir cada

parâmetro, e posteriormente selecionar um sensor para cada parâmetro. Com estes sensores

selecionados, e mais o circuito eletrônico construído para ler e acionar estes sensores a cada

tempo determinado, é construído então um sistema eletrônico para capturar dados sobre altura

da planta, NDVI e temperatura foliar. Este sistema deverá ser conduzido em um veículo

terrestre, como uma moto ou um VANT (veículo aéreo não tripulado) para fazer a varredura

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da área e então, com os dados colhidos, o produtor poderá saber a cada instante onde a planta

possivelmente tem um estresse hídrico.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi construído um circuito eletrônico para a aquisição de dados. Para medir a

temperatura foliar, é usado o sensor de temperatura por infravermelho, ou termômetro

infravermelho MLX90614, que pode ser comprado no mercado nacional e de custo baixo.

Para medir a altura de plantas, foi usado o sensor de distância por ultrassom, conhecido por

HC-SR04, muito conhecido no mercado. Para medir a temperatura do ar e umidade do ar, é

usado o sensor DHT-22, também muito conhecido no mercado, que pode ser visto em

(DHT22, 2015). Estes sensores, mais duas câmeras infragram (INFRAGRAM, 2015),

modificadas para obter imagens nas frequências do espectro do vermelho e do infravermelho

próximo, para o cálculo do NDVI, estão descritos a seguir.

Altura da planta

Para que sejam obtidos os dados necessários para avaliar se uma dada cultura está com

estresse hídrico ou não, usando-se os parâmetros de taxa de crescimento de planta,

temperatura foliar e NDVI, este último proposto por (ROUSE et al, 1973), são necessários

sensores, os quais estão descritos a seguir.

Para a medida de altura, tem-se o sensor de distância por ultrassom, o qual mede a

distância em mm da extremidade do sensor até a planta (ponto mais próximo). Este sensor

mede a distância ao alvejar um objeto enviando uma onda sonora, acima da faixa audível. A

onda é então refletida de volta ao sensor, medindo-se assim o tempo decorrido entre emissão e

recepção a onda refletida. Sabendo a velocidade de som, o sensor pode determinar a distância

do objeto do elemento transdutor.

São tomadas várias medidas por planta, para minimizar o erro, e então é feita uma

média destas medidas e esta média é o valor da altura da planta até o sensor. Para medir a

altura da planta (Hp), sabendo-se a distância entre o sensor e a planta (lugar mais alto da

planta) como Dsp, a altura do sensor em relação ao solo Hs e o ângulo do sensor em relação à

vertical α, a altura é calculada conforme a equação 1 a seguir:

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Hp = Hs – Dsp*cos(α) (1)

A Figura 1 ilustra o sensor utilizado, o qual pode ser visto com mais detalhes em vários sites

da web, como (ULTRASSOM, 2015).

Figura 1 – Sensor de distância para uso no cálculo da altura da planta

Com as medidas diárias da altura da planta, pode ser então calculada a variação diária

do crescimento da planta e assim poder verificar se a taxa de crescimento é a esperada ou não

para a cultura em questão e assim poder inferir se a planta tem um possível estresse hídrico.

Outros sensores poderiam ser utilizados para este fim como, por exemplo, sensores

de distância por infravermelho, porém, conforme os testes feitos em casa de vegetação, estes

necessitam de ajustes para evitar problemas com perda de sinal emitido, com a reflexão

parcial do sinal ou então a absorção do sinal. O custo dos sensores de ultrassom ou

infravermelho é relativamente baixo.

Para usar o sensor de ultrassom ou infravermelho, estratégias mecânicas precisariam

ser utilizadas, como por exemplo, o direcionamento do feixe sonoro emitido através de um

tubo. Enfim, são necessários ajustes para usar este tipo de sensor.

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Temperatura foliar

Outra variável usada para verificar o estado hídrico da planta foi a temperatura foliar

(TF). Para se obter a TF, é usado o sensor MLX90614, o qual tem custo relativamente baixo

e razoável precisão, que pode ser visto em (TF, 2015). O sensor MLX90614 pode realizar

medições a uma distância de até 4 m do alvo.

O sensor para a medida da temperatura foliar é apontado para a copa da planta e assim

são feitas várias medições e tomada uma média destas. Desta forma, tem-se a temperatura

média do dossel da planta. A distância entre o sensor e o dossel da planta pode variar de 0 a 2

metros e o ângulo de visada é 6,28 graus. Mais informações podem ser vistas em (TF, 2015).

A Figura 2 ilustra o sensor de temperatura foliar MLX90614.

Figura 2 – Sensor para medir a temperatura foliar.

Cálculo do NDVI

Existem algumas observações importantes a respeito do NDVI que devem ser

ressaltadas. Segundo (INSA, 2014), o NDVI se traduz por um indicador numérico, que varia,

teoricamente, de 0 (referente à vegetação sem folha, submetida a condição de estresse hídrico

por déficit de água no solo) a 1,0 (relativo à vegetação com folhas, sem restrições hídricas e

na plenitude de suas funções metabólicas e fisiológicas). Nesta consideração, admite-se que o

valor do comprimento de onda de infravermelho sempre exista.

O NDVI é calculado utilizando as porções da energia eletromagnética refletida pela

vegetação nas bandas do vermelho (comprimento de onda variando de 620 a 750 nm) e do

Infravermelho próximo (comprimento de onda variando de 750 a 2500 nm). A fórmula de

cálculo para o NDVI é dado pela equação 2 abaixo:

NDVI = (IVP – VER)/( IVP + VER) (2)

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As siglas desta fórmula significam:

NDVI = Índice de Vegetação da Diferença Normalizada

IVP = refletância da faixa do infravermelho próximo

VER = refletância na faixa do vermelho

O princípio físico do NDVI se baseia na assinatura espectral das plantas. As plantas

verdes e com vida absorvem fortemente radiação solar na região do vermelho (620 a 750 nm)

para utilizar esta radiação como fonte de energia no processo de fotossíntese. Por outro lado,

as células das plantas refletem fortemente na região do infravermelho próximo (variando de

750 a 2500 nm). As porções absorvidas no vermelho e refletidas no infravermelho variam de

acordo com as condições das plantas. Quanto mais verdes, nutridas, sadias e bem supridas do

ponto de vista hídrico for a planta maior será a absorção do vermelho (menor reflectância) e

maior será a reflectância do infravermelho. Assim a diferença entre os valores das

reflectâncias das bandas do vermelho e do infravermelho será tanto maior quanto mais verde

for a planta ou vegetação.

O referido índice pode ser utilizado em uma vasta gama de estudos como modelagem

climática e hidrológica, balanço de carbono, detecção de mudanças climáticas, estimativas de

parâmetros da vegetação (cobertura vegetal, índice de área foliar), atividades agrícolas

(monitoramento do ciclo de crescimento de culturas, modelagem do crescimento e

produtividade de plantações), monitoramento de secas, detecção de desmatamentos,

avaliação de áreas queimadas, entre outras aplicações. Mais informações podem ser vistas em

(INSA, 2014).

Para o cálculo de NDVI foram usadas duas câmeras, conhecidas por Mercury USB 2.0

Webcam (Infragram), cada uma capaz de obter fotos com uma resolução de 1600x1200

pixels. Esta câmera foi modificada especialmente para analisar a saúde de plantas e medir a

taxa de fotossíntese, em combinação com uma plataforma de processamento de imagens

chamada Infragram. Uma das câmeras recebeu um filtro de 670 nm e a outra de 780 nm, e os

resultados foram muito bons após alguns ajustes. Mais informações sobre a câmera Mercury

podem ser vistas em (INFRAGRAM, 2015) e (INFRAGRAM2, 2015). A Figura 3 ilustra

uma câmera infragram.

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Figura 3 – imagem de uma câmera infragram

Sistema Completo

Para acionar estes sensores, foi projetado um circuito eletrônico e este foi integrado à

placa Cubieboard 1, o qual é uma placa caracterizada como um minicomputador, realizando

em um só dispositivo as principais funções de um computador convencional. Esta placa

suporta vários sistemas Linux (Fedora, Ubuntu, Debian, etc.). A placa vem com um

processador ARM de 1GHz, além de um chip gráfico Mali400, 4GB de memória interna flash

que dispensa o uso do cartão microSD externo, 1GB de memória RAM DDR3 e até saída de

vídeo em HDMI com resolução 1080p.

A Figura 4 ilustra a placa cubieboard 1, que pode ser vista em

(http://www.cubieboard.com.br/). Nesta placa é conectado um circuito eletrônico, o qual é

ligado nos pinos GPIO, que significa General Purpose Input Output. No circuito eletrônico

são ligados os sensores descritos e este é ligado na cubieboard 1

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Figura 4 – Placa Cubie board 1

Por outro lado, esta placa oferece porta ethernet, duas entradas USB, entrada SATA e

porta para entrada de cartões microSD. A placa cubieboard 1 terá de contar com uma fonte de

energia específica para funcionar. Pode ser alimentado via USB ou fonte externa via conector

USB. Mais informações podem ser vistas em (CUBIE, 2015). O sistema como um todo está

descrito na Figura 4 a seguir

Figura 4 – Sistema para leitura de sensores para estimar o estado hídrico da planta

Na Figura 4 acima é mencionado o display LCD, o qual serve para leitura dos

resultados, os quais são gravados em cartão SD para posterior processamento.

Algoritmo do firmware (software que roda na placa cubieboard 1)

A Figura 5 a seguir apresenta o fluxograma com o funcionamento do software

desenvolvido.

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Figura 5 – Fluxograma do software desenvolvido

Um detalhe sobre o algoritmo acima é que o arquivo para guardar os dados tem um

limite máximo de 1 GB. Quando este limite estiver para ser atingido, o programa encerra o

loop e fecha o arquivo.

Este sistema foi testado em plantas com estresse e sem estresse, para o caso do arroz, e

alguns dos resultados colhidos estão descritos na tabela 1, para um dia apenas.

Planta sem

estresse

Planta com estresse 1 Planta com estresse

2

Altura (m) 0,83 0,75 0,74

NDVI 0,40 0,30 0,29

Temp foliar

(⁰C)

30 32 35

Tabela 1 – valores médios medidos para Altura, NDVI e Temperatura Foliar

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Na tabela acima, os valores colhidos para a temperatura foliar foram das 11h00 até às

13h00. Foram obtidos valores de cada variável a cada 5 minutos e feita uma média. Para os

valores de NDVI, os foram tomados entre 08h00 e 9h00 e foi feita uma média para cada

planta. A altura foi tomada ao longo do dia e também foi feita uma média. A espécie

escolhida para os testes foi o arroz douradão.

O objetivo destes dados apresentados na Tabela 1 foi para mostrar o funcionamento do

sistema, cujos dados obtidos refletiram o esperado quanto aos valores. Assim, o sistema pode

ser usado no campo, levado por um veículo terrestre ou aéreo, para fazer medições diversas e

então mostrar a situação da área quanto a estresse hídrico.

CONCLUSÕES

Este sistema foi construído para verificar se alguma planta em uma dada plantação está

com estresse hídrico. Porém, um sistema análogo a este poderá ser usado para verificar outras

características, como estresse por alguma praga ou doença, com adição de outros tipos de

índices e também modelos matemáticos. Para isto, basta saber que parâmetros medir, fazer a

pesquisa com os sensores disponíveis e fazer um circuito que possa ler estes sensores e

guardar os resultados. Este conjunto é então inserido em uma moto ou um trator ou algum

veículo que possa trafegar em uma plantação. Se existir mais recursos, um VANT poderia

usar este sistema para fazer uma varredura e então fazer a tomada de dados da área. Desta

forma, é possível fazer um monitoramento automatizado da área desejada, de forma mais

rápida do que o ser humano faria.

REFERÊNCIAS

CUBIE. Site disponível em http://cubieboard.org/. Visitado em 17/05/2015.

DHT22. Site disponível em https://plot.ly/arduino/dht22-temperature-tutorial/. Visitado em

17/05/2015.

INFRAGRAM. Site disponível em http://www.adafruit.com/products/1722. Visitado em

15/05/2015.

INFRAGRAM2. Site disponível em http://infragram.org/. Visitado em 15/05/2015.

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INSA. Site disponível em http://www.insa.gov.br/ndvi/#.VJHACPldWsA. Visitado em

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TRENTIN, R. Estimativa de um índice de estresse hídrico para a cultura de cana-de-açúcar

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