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Tecnologia Portável para o Reconhecimento Automático da Severidade do Oídio da Soja: Um Estudo de Caso Geisla de Albuquerque Melo 1 , Ivo Mario Mathias 1 , Roberson Júnior Fernandes Alves 1 , David de Souza Jaccoud Filho 2 , Alceu de Souza Britto Júnior 1 , 1 Departamento de Informática, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Paraná, Brasil, [email protected], [email protected], [email protected] 2 Departamento de Agronomia, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Paraná, Brasil, [email protected] RESUMO O Brasil é o segundo maior produtor de soja no mundo (EMBRAPA, 2013), entretanto as doenças da soja são um dos principais fatores limitantes da produção. Entre elas, destaca-se o oídio, doença que se apresenta nas folhas e é transmitida pelo vento. O processamento digital de imagens (PDI), tecnologia ligada ao reconhecimento de padrões, está presente na agricultura, por exemplo, no mapeamento de áreas plantadas (JOHANN et al, 2012) e no reconhecimento de patologias em culturas (PIRES et al, 2009). As redes neurais artificiais (RNA’s) vem sendo utilizadas para auxiliar neste processo, visando maior confiabilidade. A plataforma Android é a mais utilizada em dispositivos móveis no mundo. O objetivo deste trabalho foi aplicar técnicas e testar sua viabilidade de efetuar o reconhecimento automático do oídio da soja, utilizando PDI e aprendizado de máquina, em tecnologia móvel. Folhas com e sem a doença foram fotografadas, passaram por filtros e tiveram características de textura extraídas. As características foram apresentadas e treinadas em uma RNA, cuja estrutura foi baseada em testes. Observou-se melhora na taxa de acerto da predição de acordo com as combinações de características, para a mesma estrutura de rede neural. Concluiu-se, neste estudo de caso, que quanto mais informações dos atributos da imagem, melhor é o aprendizado da rede. De mesmo modo, confirmou-se a viabilidade das aplicações das tecnologias, que apresentam potencial de aplicação em outras doenças visualmente identificáveis, e abre espaço para a melhoria das técnicas envolvidas. PALAVRAS-CHAVE: Processamento Digital de Imagem, Redes Neurais Artificiais, OpenCv. ABSTRACT Brazil is the second largest soybean producer in the world (EMBRAPA, 2013), however the soybean diseases are one of the main limiting factors. Among them, there is powdery mildew, a disease that appears on the leaves and is transmitted by the wind. The digital image processing (DIP) technology linked to the patterns recognition, is present in agriculture, for example, in mapping planted areas (JOHANN et al, 2012) and recognition pathologies in cultures (PIRES et al, 2009). Artificial neural networks (ANN) has been used to assist in this

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Tecnologia Portável para o Reconhecimento Automático da Severidade do

Oídio da Soja: Um Estudo de Caso

Geisla de Albuquerque Melo1, Ivo Mario Mathias

1, Roberson Júnior Fernandes Alves

1 ,

David de Souza Jaccoud Filho2, Alceu de Souza Britto Júnior

1,

1 Departamento de Informática, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa,

Paraná, Brasil, [email protected], [email protected],

[email protected]

2 Departamento de Agronomia, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Paraná,

Brasil, [email protected]

RESUMO

O Brasil é o segundo maior produtor de soja no mundo (EMBRAPA, 2013), entretanto as

doenças da soja são um dos principais fatores limitantes da produção. Entre elas, destaca-se o

oídio, doença que se apresenta nas folhas e é transmitida pelo vento. O processamento digital

de imagens (PDI), tecnologia ligada ao reconhecimento de padrões, está presente na

agricultura, por exemplo, no mapeamento de áreas plantadas (JOHANN et al, 2012) e no

reconhecimento de patologias em culturas (PIRES et al, 2009). As redes neurais artificiais

(RNA’s) vem sendo utilizadas para auxiliar neste processo, visando maior confiabilidade. A

plataforma Android é a mais utilizada em dispositivos móveis no mundo. O objetivo deste

trabalho foi aplicar técnicas e testar sua viabilidade de efetuar o reconhecimento automático

do oídio da soja, utilizando PDI e aprendizado de máquina, em tecnologia móvel. Folhas com

e sem a doença foram fotografadas, passaram por filtros e tiveram características de textura

extraídas. As características foram apresentadas e treinadas em uma RNA, cuja estrutura foi

baseada em testes. Observou-se melhora na taxa de acerto da predição de acordo com as

combinações de características, para a mesma estrutura de rede neural. Concluiu-se, neste

estudo de caso, que quanto mais informações dos atributos da imagem, melhor é o

aprendizado da rede. De mesmo modo, confirmou-se a viabilidade das aplicações das

tecnologias, que apresentam potencial de aplicação em outras doenças visualmente

identificáveis, e abre espaço para a melhoria das técnicas envolvidas.

PALAVRAS-CHAVE: Processamento Digital de Imagem, Redes Neurais Artificiais,

OpenCv.

ABSTRACT

Brazil is the second largest soybean producer in the world (EMBRAPA, 2013), however the

soybean diseases are one of the main limiting factors. Among them, there is powdery mildew,

a disease that appears on the leaves and is transmitted by the wind. The digital image

processing (DIP) technology linked to the patterns recognition, is present in agriculture, for

example, in mapping planted areas (JOHANN et al, 2012) and recognition pathologies in

cultures (PIRES et al, 2009). Artificial neural networks (ANN) has been used to assist in this

process to greater reliability. The Android platform is the most used on mobile devices in the

world. The objective of this study was to apply techniques and test their feasibility to make

the automatic recognition of soybean powdery mildew using DIP and machine learning in

mobile technology. Leaves with and without the disease were photographed, passed through

filters and were extracted texture features. The characteristics were presented and trained in

an ANN, whose structure was based on tests. It observed improvement in prediction accuracy

rate in accordance with the combinations of features, for the same neural network structure. In

conclusion, this case study, how much more information the image attributes, better is the

learning network. Likewise, it confirmed the feasibility of applications of the technologies

that have potential application in other visually identifiable disease, and makes room for the

improvement of the techniques involved.

KEYWORDS: Digital Image Processing, Artificial Neural Networks, OpenCv.

INTRODUÇÃO

Segundo dados da Embrapa (2013), o Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja,

atrás apenas dos Estados Unidos da América. Entre os principais fatores que limitam a

produtividade da soja, estão as doenças. O oídio é uma das doenças da soja, que desde 1997

vem sendo incidente em diversos cultivares. É causado por um fungo que produz uma teia

branca acinzentada na face superior da folha da soja, o que prejudica a fotossíntese da planta,

resultando em folhas que caem e secam prematuramente, comprometendo a produção. A

doença se espalha facilmente sendo conduzida pelo vento (SARTORATO & YORINORI,

2001), deste modo, torna-se importante o reconhecimento da doença em seus primeiros

estágios, a fim de evitar maiores perdas.

Avanços tecnológicos vêm resultando em uma maior abrangência do uso de sistemas

computadorizados que realizam o processamento digital de imagens, sendo então aplicados

em várias áreas do conhecimento. Sua confiabilidade vem do fato de tais sistemas

computadorizados substituírem a forma convencional em que humanos realizam o

reconhecimento de padrões, tarefa que por vezes é imprecisa.

Pode-se constatar a presença do Processamento Digital de Imagens (PDI) auxiliando

em questões agrícolas, entre outros, por exemplo, no mapeamento de áreas plantadas

(JOHANN et al, 2012) e no reconhecimento de patologias em culturas (PIRES et al, 2009). O

PDI trata as imagens adquiridas, de modo a aprimorá-las para a interpretação humana e

também prepara-las para a análise automática por computador, ou seja, classificação do

reconhecimento de padrões em si (MARQUES FILHO & VIEIRA NETO, 1999).

Os celulares são dispositivos de comunicação, que com o passar dos anos, passaram a

executar tarefas que auxiliam no dia-a-dia das pessoas. Dados da ONU confirmam que

atualmente a quantidade de celulares em esfera global esteja em torno de seis bilhões de

celulares (ONU, 2013), evidenciando a grande aderência que a população mundial tem em

relação ao dispositivo. De mesmo modo, a plataforma mais vendida nos celulares é a

plataforma Android. O Android é um sistema operacional (SO) de código aberto desenvolvido

para dispositivos móveis, anunciado em 2007 pela empresa Google. Por possuir código

aberto, é possível desenvolver aplicações para esta plataforma, de modo que esta possa ser

executada em qualquer celular que possua este SO.

Problemas no âmbito agrícola também vêm tendo suas resoluções auxiliadas, com

expressiva participação, das Redes Neurais Artificiais (RNA). De modo geral, segundo

Lippman (1987), uma RNA é uma rede de elementos computacionais não lineares,

interconectados, operando em paralelo e organizados semelhantemente a uma rede neural

biológica. Estas redes operam de forma semelhante ao funcionamento do cérebro humano,

sendo capazes de “aprender” através de um treinamento. Na agricultura, encontram-se

aplicadas, entre outros, na análise de dados agrícolas (MATHIAS, 2006), na classificação

automática de cultivares (RAMOS, 2003), no auxílio à tomada de decisão (BRESSAN, 2004).

Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi a identificação dos níveis de severidade

do oídio da soja de forma automatizada através das tecnologias de processamento digital de

imagens e redes neurais artificiais. O desenvolvimento deu-se sob a plataforma Android,

objetivando a extração de características relevantes de imagens, para posterior aplicação em

Redes Neurais Artificiais, fazendo o reconhecimento de padrões, a fim de tornar o

processamento portável, gerando agilidade e rapidez de resposta.

PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGENS

O processamento digital de imagens possui uma série de etapas que servem como guias para a

correta conclusão do processo. São elas: aquisição (processo de captura da imagem original),

o pré-processamento (responsável por operações para a melhora da qualidade da imagem,

eliminando ruídos e imperfeições), a segmentação (identificar na imagem objetos que

possuam algum significado), a extração de características (talvez a etapa mais importante, que

consiste na extração de informações da área de interesse da imagem, através de descritores

capazes de caracterizar tal região), e a etapa de reconhecimento e interpretação (rotulação e

atribuição de significado aos objetos reconhecidos na etapa anterior) (MARQUES FILHO &

VIEIRA NETO, 1999).

Uma imagem possui vários atributos, como atributos de cor, forma e textura, que são

valores estatísticos que descrevem as características da imagem, utilizados em aplicações de

PDI. O ato de extrair características de uma imagem consiste em descrever os atributos que a

identificam.

Neste trabalho foram extraídas características de cor e textura. Assim, dentre os

atributos mais utilizados na extração de características abordados no presente trabalho,

levando em conta a cor e a textura, estão: média RGB para imagem colorida, que define

quanto determinada região possui de vermelho, verde e azul (MARQUES FILHO & VIEIRA

NETO, 1999); a variância, que representa o valor de desvio dos níveis de cinza da imagem em

relação ao nível de cinza médio (CORREA, 2003) e a matriz de coocorrência, segundo

Haralick (HARALICK et al, 1973), que descreve um método de classificação baseado em

texturas, realizado a partir de cálculos estatísticos de relação entre o pixel de referencia e seu

pixel vizinho, e possui os valores da ocorrência de cores da imagem. São eles: máxima

probabilidade, energia, homogeneidade, contraste, entropia e correlação.

Existem bibliotecas específicas que dão suporte às operações de processamento digital

de imagens, assim, buscou-se o uso deste recurso para a manipulação de tais operações.

REDES NEURAIS ARTIFICIAIS

Redes Neurais Artificiais fazem parte de uma variedade de técnicas de Aprendizado de

Máquina (AM), e são utilizadas para resolver problemas de Inteligência Artificial (IA). Uma

técnica de AM visa “adquirir” um conhecimento para aplica-lo posteriormente.

O aprendizado de uma rede neural se dá pela propagação de pesos sinápticos ajustados

passando por cada camada de neurônio, processo semelhante à transmissão dos sinais em um

neurônio biológico.

A rede deve ter uma arquitetura definida, com uma camada de neurônios de entrada,

onde são apresentados os valores à rede, uma ou mais camadas intermediárias, onde os

valores são passados para acontecer o aprendizado, e uma camada com neurônios de saída,

onde os valores resultantes são expostos. A quantidade de vezes que os valores passam da

camada de entrada para a de saída é chamada de época.

O treinamento da rede ocorre pela apresentação de dados à mesma e então seu

treinamento propriamente dito, através de algum algoritmo escolhido que melhor se adapte ao

problema em questão. O treinamento normalmente é feito através de programas simuladores,

como o JavaNNS (JAVANNS, 2013) e o Weka (WEKA, 2013).

MATERIAL E MÉTODOS

Para atingir o objetivo do trabalho, após o aprofundamento teórico no assunto, o kit de

desenvolvimento de software (SDK) da biblioteca OpenCv (Versão 2.4.5) (ANDROID,

2013), foi integrado ao ambiente de desenvolvimento para a plataforma móvel Android

(Android Developer Tools para a ferramenta de desenvolvimento Java Eclipse)

(DEVELOPER ANDROID, 2013). A OpenCV (Open Source Computer Vision Library) é

uma biblioteca projetada para aplicações de visão computacional, fornecendo a infraestrutura

adequada para o tratamento e análise de imagens (OPENCV, 2013). Esta biblioteca pode ser

instalada e utilizada nas linguagens de programação Java, C, C++ e Phytom.

Foi realizada uma coleta de folhas de soja sadias e infectadas com oídio da soja em

vários níveis de severidade, na Fazenda Escola da Universidade Estadual de Ponta Grossa,

localizada a cerca de 3 quilômetros do Campus do bairro Uvaranas da universidade. Das 157

amostras de folhas coletadas aleatoriamente, aproveitou-se 151, das quais foram reservadas 38

para testes (aproximadamente 25%). Adotou-se a escala diagramática dos níveis de

severidade do oídio sugerida por Mattiazzi (MATTIAZZI, 2003), ilustrada na Figura 1. Vale

ressaltar que as amostras englobavam todos os níveis de severidade da escala adotada.

Além dos oito níveis da escala, foi adicionado o nível 0 correspondente à 0% de

severidade, ou seja, uma folha sadia, e ainda um décimo nível, na lacuna entre 43,65% e 60%,

por existirem folhas dentro deste nível. Assim, a totalidade dos níveis foi nomeada como

sendo de 0 a 9.

Figura 1 – Escala diagramática para severidade do oídio da soja.

Fonte: (MATTIAZZI, 2003)

Aquisição

Após a coleta, as folhas foram fotografadas com uma câmera de celular de cinco megapixels,

com resolução 2592x1944 sobre uma superfície branca, com duas lâmpadas fluorescentes

incidentes sobre a folha, salvas no formato original de captura (.jpeg1). O smartphone

utilizado foi um Samsung Galaxy S3 Mini, com processador dual core e 1 gigabyte de

memória RAM.

Pré-processamento e segmentação

Após a aquisição, os arquivos jpeg primeiramente tiveram sua resolução reduzida para

640x480, pois no tamanho original, demandaria mais tempo de processamento. Após isto,

foram submetidos a vários filtros de PDI e operações para a eliminação de ruídos. No que diz

respeito à segmentação, o objetivo foi eliminar o fundo, deixando apenas a área de interesse,

que era a folha de soja. O objetivo destas etapas era se chegar à uma figura com suas

1 JPEG: Sigla de Joint Photographic Experts Group, comitê que originou o padrão que foi projetado para

comprimir imagens naturais coloridas ou monocromáticas (MARQUES FILHO & VIEIRA NETO, 1999).

características originais preservadas, cuja posterior extração de características não fosse

prejudicada por áreas que não representavam a folha da soja na imagem. Assim, chegou-se à

seguinte combinação de processos: para suavização e retirada de ruídos usou-se o filtro

MedianBlur e filtro GaussianBlur, após foi feita a conversão para escala de cinza, depois

usou-se o detector de bordas Canny, então foi realizada a operação morfológica de dilatação

aplicada duas vezes, após isto find e drawcontours para encontrar e desenhar os contornos, e

por fim o recorte da área de interesse (OPENCV DOCUMENTATION, 2013).

Extração de Características

Posteriormente, foram extraídas também via aplicação, as características relevantes da

imagem onde se optou por trabalhar com atributos de cor e textura, utilizando os descritores

de Haralick (HARALICK et al, 1973). Optou-se também por estabelecer um comparativo no

estudo, extraindo primeiramente as médias RGB e variância, e extraindo em separado os

atributos máxima probabilidade, entropia, homogeneidade, contraste, e correlação da matriz

de coocorrência, no intuito de encontrar os melhores descritores das características da imagem

no processo de classificação.

Treinamento da RNA

Após a extração de tais características, foram gerados dois arquivos com as características

extraídas no formato .arff2, que é o formato de entrada na ferramenta para mineração de dados

Weka, utilizada para treinamento da rede neural e identificação dos graus de severidade. O

conteúdo de um deles era as médias RGB e variância de todas as folhas do treinamento, e o

outro continha as médias RGB e os demais valores da matriz de coocorrência. Estes arquivos

foram treinados em uma RNA, cujo tipo de aprendizado escolhido foi o supervisionado, isto

é, quando já os valores de saída são conhecidos, e algoritmo de treinamento escolhido foi

baseado em backpropagation. Todo o processamento foi realizado no sistema Android, via

smartphone. A rede neural foi treinada pela ferramenta Weka. Foi utilizada uma camada

intermediária com 15 neurônios, e uma de saída com 10 neurônios, isto é, 10 possíveis níveis

de severidade, sendo ativado apenas um para cada folha.

2 ARFF: Sigla de Attribute-Relation File Format. É um arquivo de texto ASCII que descreve uma lista de

instâncias que compartilham de um mesmo conjunto de atributos. Foram desenvolvidas pela Universidade de

Waikato para uso com o software de aprendizado de máquina Weka (WEKA, 2014).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultados dos processos em que as imagens das folhas de soja do estudo de caso foram

submetidas através da aplicação de procedimentos com OpenCv na plataforma Android, na

Tabela 1 a seguir, apresenta-se passo a passo os efeitos das transformações sofridas em

sequência:

Tabela 1 – Etapas do Processamento de Imagem

1. Imagem Original – Folha com Oídio 2. Filtro MedianBlur

3. Filtro GaussianBlur 4. Conversão para escala de cinza

5. Detector de bordas Canny 6. Dilatação (aplicada duas vezes)

7. Find e DrawContours 8. Folha Recortada – Versão Final

Os dois primeiros filtros utilizados tem o objetivo de suavizar e/ou borrar a imagem,

fazendo com que ruídos, como por exemplo, pequenos pontos, fiquem menos perceptíveis.

Assim, o resultado após todos os filtros e operações é uma imagem sem ruídos e sem fundo,

preparada para a extração de características.

Assim, as características escolhidas foram extraídas da imagem final, gerando dois

arquivos .arff. Estes foram submetidos ao treinamento da RNA. Após vários testes com

estruturas de rede neural, a Figura 2 exibe a estrutura utilizada.

Figura 2 – Estrutura da RNA utilizada

Fonte: A autora.

Após o treinamento dos dois arquivos de características com a mesma estrutura de

rede neural, obteve-se uma acurácia nos dados de treinamento de 90,75% e de 83.33% nos

dados de teste, para descrição com médias RGB e matriz de coocorrência. Em contrapartida,

esta acurácia caiu para 68,90% nos dados de treinamento e 62,77% com dados de teste para a

descrição com médias RGB e variância.

CONCLUSÕES

O reconhecimento automático da doença oídio da soja mostrou-se viável através de

processamento de imagens digitais, sendo este um importante passo para o auxílio real no

monitoramento para diagnóstico precoce da doença, provendo assim tempo hábil para tomada

de decisões em campo, objetivando a diminuição de perdas na lavoura.

As técnicas empregadas no estudo, isto é, a plataforma Android como meio para o

desenvolvimento e uso de aplicações que realizam operações de processamento digital de

imagens, bem como o emprego da biblioteca OpenCv também na plataforma para auxílio nas

tarefas de PDI demonstradas neste trabalho, mostraram-se viáveis e eficazes, tornando-se uma

tecnologia que traz várias possibilidades de aplicações práticas, como por exemplo, a

aplicação apresentada como estudo de caso.

Quanto à aplicação do aprendizado de máquina através de redes neurais artificiais para

o reconhecimento de padrões em imagens, pode-se concluir que as RNA’s são eficazes para

tal finalidade, entretanto, é necessário escolher de forma adequada os atributos que irão

descrever a imagem, sendo este, um passo fundamental para uma rede com uma boa acurácia

de aprendizado.

É possível adaptar as técnicas empregadas demonstradas no trabalho, para que possam

ser utilizadas também com outras doenças, desde que sejam visualmente identificáveis.

A proposta prevê o treinamento da rede neural artificial à parte, isto é, a rede neural é

inserida já treinada no smartphone, fazendo com que seja exigido do aparelho apenas o

processamento das imagens. Esta prática ajuda a não sobrecarregar o mesmo. Atualmente, os

smartphones mais simples existentes no mercado já possuem capacidade de processamento

suficiente para realizar com sucesso o processo. De mesmo modo, existem técnicas de

processamento de imagens capazes de realizar tarefas complexas exigindo relativamente

pouco do dispositivo, assim, esta é uma das vertentes a serem estudadas para o

aprimoramento do processo.

Neste estudo de caso, conclui-se, baseado na acurácia da rede, que a matriz de

coocorrência é um melhor descritor de textura, pois possui mais variáveis referentes às

características da imagem.

Este trabalho é parte de um estudo maior, sendo os passos seguintes destinados ao

aumento do número de amostras e o melhoramento das técnicas empregadas, bem como toda

a execução e processo de reconhecimento serem realizados via smartphone.

AGRADECIMENTOS

Agradeço ao professor Ivo Mario Mathias por todo o auxílio constante no desenvolvimento do

trabalho, ao professor David Jaccoud e o Grupo de Fitopatologia Aplicada da UEPG pela

disponibilização das plantas de soja e por todo o apoio especialista, ao amigo Roberson pelo

auxílio no desenvolvimento do estudo, e aos professores Ariângelo Hauer Dias, Alaine

Margarete Guimarães e José Carlos Rocha pelas orientações.

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