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Dados não convencionais aplicados a experimentos agrícolas 1 Monica Tissiani De Toni Pereira¹, Cristiano Rescke Lajus 1 , Luciano Luiz Silva 1 , Radamés Pereira 1 , Gean Lopes da Luz 1 1 Área de Ciências Exatas e Ambientais, Universidade Comunitária da Região de Chapecó Unochapecó, Chapecó, SC, Brasil, [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] RESUMO Entre as diversas técnicas aplicadas a agricultura de precisão está a clorofilometria, pois a coloração das folhas é indicador importante para aumentar a precisão no processo de recomendação de adubação nitrogenada para cereais. A determinação de clorofila pode ser realizada por meio de testes laboratoriais, por dispositivos eletrônicos chamados clorofilômetros ou ainda por imagens digitais, além da usual cartela de cores. Para este estudo, se propõe a criação de um sistema de banco de dados, baseado no sistema gerenciador de banco de dados relacional PostgreSQL, de forma que se utilizem dados convencionais de diversos tipos, como identificadores e descrições de propriedades e plantas, agregados a dados não convencionais, georreferenciados, temporais de clima, solo e por fim, um banco de imagens de plantas, que serão analisadas em experimentos específicos para o estudo da clorofilometria em híbridos de milho. Produziu-se então um modelo de banco de dados a fim de gerar um cadastro, através do qual se possa fazer análises de médio e longo prazo, a partir de dados e experimentos realizados em híbridos de milho. PALAVRAS-CHAVE: Bancos de dados, Clorofilometria, Processamento de imagens. ABSTRACT Among the various techniques applied at precision agriculture is the detemination of the content chlorophyll, because the color of leaves is important to increase the accuracy of the 1 Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Gestão da Inovação - UNOCHAPECÓ

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Dados não convencionais aplicados a experimentos agrícolas1

Monica Tissiani De Toni Pereira¹, Cristiano Rescke Lajus1, Luciano Luiz Silva1, Radamés

Pereira1, Gean Lopes da Luz1

1Área de Ciências Exatas e Ambientais, Universidade Comunitária da Região de Chapecó –

Unochapecó, Chapecó, SC, Brasil, [email protected], [email protected],

[email protected], [email protected], [email protected]

RESUMO

Entre as diversas técnicas aplicadas a agricultura de precisão está a clorofilometria, pois a

coloração das folhas é indicador importante para aumentar a precisão no processo de recomendação

de adubação nitrogenada para cereais. A determinação de clorofila pode ser realizada por meio de

testes laboratoriais, por dispositivos eletrônicos chamados clorofilômetros ou ainda por imagens

digitais, além da usual cartela de cores.

Para este estudo, se propõe a criação de um sistema de banco de dados, baseado no sistema

gerenciador de banco de dados relacional PostgreSQL, de forma que se utilizem dados

convencionais de diversos tipos, como identificadores e descrições de propriedades e plantas,

agregados a dados não convencionais, georreferenciados, temporais de clima, solo e por fim, um

banco de imagens de plantas, que serão analisadas em experimentos específicos para o estudo da

clorofilometria em híbridos de milho. Produziu-se então um modelo de banco de dados a fim de

gerar um cadastro, através do qual se possa fazer análises de médio e longo prazo, a partir de dados

e experimentos realizados em híbridos de milho.

PALAVRAS-CHAVE: Bancos de dados, Clorofilometria, Processamento de imagens.

ABSTRACT

Among the various techniques applied at precision agriculture is the detemination of the

content chlorophyll, because the color of leaves is important to increase the accuracy of the

1 Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia e Gestão da Inovação - UNOCHAPECÓ

recommendation of nitrogen for fertilization of crops. The determination of chlorophyll can be

performed by laboratory tests, for electronic devices or by digital images, in addition to the usual

color chart.

For this study, we propose the creation of a system database manager based on relational

database system PostgreSQL, so if using conventional data of various types, such as identifiers and

descriptions of properties and plants, aggregates the data unconventional, geoespatial data,

temporal data of climate, soil, and finally, an image database of plants, which will be analyzed for

the study of corn hybrids . Then we design a database model to generate a register, through which

one can perform analysis of medium and long term, from data and experiments in maize hybrids.

KEYWORDS: Databases, Image processing, Chlorophyll content.

INTRODUÇÃO

A agricultura do oeste de Santa Catarina se compõem essencialmente de pequenas

propriedades agrícolas, muitas delas dedicadas a produção de milho, em função das demandas das

agroindústrias da região, para a produção de ração. A ração é aplicada em propriedade de integrados

para a produção animal, destinados a indústria agropecuária.

Essas propriedades necessitam de metodologias e ferramentas que deem suporte as atividades

rurais de forma otimizada e com baixo custo, buscando aumentar a produtividade da cultura de

milho e consequentemente a sua competitividade com relação aos produtores de outras regiões do

Brasil e mesmo dos países vizinhos.

A agricultura de precisão – AP tem agregado métodos e tecnologias com a finalidade de

aumentar a produtividade e diminuir os impactos ambientais.

Para Cirani e Moraes (2010) a AP – Agricultura de Precisão “é o gerenciamento da

variabilidade da produção e dos fatores nela envolvidos, realizada por meio de tecnologias recentes

adaptadas para o meio agrícola, com o objetivo de possibilitar a redução do uso de insumos e do

impacto sobre o meio ambiente”.

Em virtude disto a agricultura comercial tem sofrido profundas modificações nos últimos

anos, desencadeadas principalmente pelo emprego da tecnologia no campo, direcionada à

mecanização dos processos, utilização de insumos químicos, sistema de semeadura direta,

biotecnologia e à agricultura de precisão (AP). Os reflexos do uso dessas tecnologias são

observados na produção agrícola nacional em que, na última década, a soja apresentou aumento

médio de produtividade de aproximadamente 14% em comparação com a década anterior (1993 a

2002); já o milho aumentou 38% no mesmo período (CONAB, 2012). Entre as ferramentas da AP

que contribuíram para a evolução dos patamares produtivos se destacam: o uso de instrumentos de

navegação por satélite nas máquinas agrícolas, o mapeamento da variabilidade de fertilidade dos

solos, a aplicação de fertilizantes e corretivos com taxas variáveis, monitoramento instantâneo de

condições de planta, controle georreferenciado de pulverizações e a utilização de mapas de

produtividade (SANTI et al., 2013).

Entre as diversas técnicas aplicadas a agricultura de precisão está a clorofilometria, pois a

coloração das folhas é indicador importante para aumentar a precisão no processo de recomendação

de adubação nitrogenada para cereais. A clorofilometria pode ser realizada por meio de testes

laboratoriais ou por dispositivos eletrônicos chamados clorofilômetros. Tanto uma forma como

outra estão aquém das possibilidades dos agricultores familiares, em função do alto custo de

aplicação da referida tecnologia. Outro método para a determinação do teor de clorofila nas plantas

está a aplicação da cartela de cores, que se aplica distintamente a cada cultura e fenótipos

específicos. No entanto, inexistem escalas de cores de clorofilometria aplicadas a cultura do milho

no estado.

Desta forma, se propõe a criação de um sistema de banco de dados, que agregue dados de

diversos tipos, com dados convencionais como identificadores e descrições de propriedades e

plantas, dados georreferenciados, dados temporais de clima, solo e por fim, um banco de imagens

de plantas, que serão analisadas em experimentos específicos de clorofilometria. Ainda, a intenção

deste estudo é produzir um cadastro, através do qual se possa fazer análises de médio e longo prazo,

a partir de dados e experimentos realizados em híbridos de milho.

MATERIAL E MÉTODOS

Tecnologias de bancos de dados

Os sistemas de bancos de dados estruturam, organizam, armazenam e administram

informações aplicadas a determinados empreendimentos. Atualmente, os sistemas de bancos de

dados convencionais são baseados em sua grande maioria em modelos relacionais. As relações

entre os dados se dá pela estrutura das tabelas e os relacionamentos entre as tabelas são

implementados através de identificadores de linhas, isto é, chaves primárias e estrangeiras. Estas

estruturas aplicam-se adequadamente a diversos tipos de dados, quando se propõem modelos

apropriados.

Diversos gerenciadores de bancos de dados, baseados no modelo relacional, evoluíram suas

estruturas para agregar tipos de dados como objetos, dados temporais, dados multimídia,

compostos por imagens, áudios e vídeos, por exemplo. Estes softwares possibilitam também a

inclusão de tipos de dados como coordenadas cartesianas e coordenadas UTM, com funções já

implementadas para operar sobre geometrias como pontos, retas e polígonos. Entre os softwares

proprietários podemos citar Oracle, MS SQL Server e DB2, entre outros. Entre os de código aberto

e amplamente utilizados estão PostgreSQL e MySQL. Este tipo de funcionalidade tem se mostrado

cada vez mais importante, em função das possibilidades de armazenagem e análise de informações.

Para este trabalho, três tipos de dados de bancos de dados não convencionais são relevantes: dados

temporais, multimídia e georreferenciados.

Banco de dados temporais

Para Santos (2003), os bancos de dados convencionais armazenam informações apenas do

estado atual de um empreendimento, assim, sempre que uma nova informação é introduzida, a

antiga é substituída. No entanto, muitas vezes, é preciso guardar o histórico da evolução dos dados,

de forma que estes dados estejam vinculados a um período de tempo definido. Os bancos de dados

temporais servem a este propósito, pois são adicionados rótulos temporais a dados convencionais.

Entre os aspectos que caracterizam os bancos de dados temporais, está a granularidade dos

dados relacionados as medidas de tempo. Um determinado dado pode ser colhido anualmente,

mensalmente ou ainda a cada segundo, dependendo do tipo de empreendimento. Experimentos

realizados com sensores eletrônicos podem ter um tempo ainda menor, tendo eventos diferentes

acontecendo em unidades menores que um segundo. Atualmente, os sistemas de gerenciadores de

bancos de dados – SGBDs - estão preparados para trabalhar com diferentes tipos de dados para

identificar um instante de tempo, podendo armazenar tipos de dados como date, time e timestamp.

Este último tipo armazena dados de data, hora e outras unidades como microssegundos,

dependendo da implementação do software.

Elmasri e Navathe (2011) afirmam que as aplicações de bancos de dados temporais têm sido

desenvolvidas desde os primeiros dias do uso de bancos de dados. Porém, fica a cargo dos

projetistas e desenvolvedores de aplicação, descobrir, projetar, programar e implementar conceitos

temporais para estes softwares e destacam aspectos relevantes com relação a granularidade e

representação do tempo.

“Para bancos de dados temporais, o tempo é considerado uma sequência ordenada de

pontos em alguma granularidade que é determinada pela aplicação. [...] Os pesquisadores

de banco de dados temporal têm usado o termo crônon em vez de ponto, para descrever a

granularidade mínima para determinada aplicação. ” (ELMASRI; NAVATHE, 2011,

p.636).

Por exemplo, considerando-se um segundo como um crônon, todos os eventos acontecendo

nesta unidade de tempo serão considerados como o mesmo evento, e a definição destas unidades

de tempo devem ser determinadas no projeto das bases de dados, pois podem implicar na

inconsistência das informações.

Para o banco de dados que suportará o projeto em questão, o tipo timestamp é suficiente para

definir as escalas de tempo vinculadas aos demais dados pois contém informações no formato dia,

mês, ano, hora, minuto e segundo. Assim, estas informações estarão vinculadas a outras de

condições meteorológicas e espaciais, possibilitando cálculos bastante precisos para o

experimento. Mas tão importante quanto o tipo de dado, a granularidade determinada no projeto é

que define a qualidade das informações de um determinado empreendimento. Para este projeto a

possibilidade de trabalhar-se com séries históricas que relacionam os teores de clorofila das plantas

com a radiação solar, deve ser fator importante a ser armazenado para análises futuras.

Porém, como esta base de dados deve compor-se de diversos tipos de dados, como dados

convencionais, temporais, dados de localização espacial e imagens, que deverão ser processadas

para o experimento, se faz necessário compreender como modelar e aplicar estas estruturas de

informação.

Banco de dados multimídia

Bancos de dados multimídia armazenam e administram arquivos de imagens, vídeos, textos

e áudio. Estes arquivos podem ser armazenados internamente no banco de dados, como também

podem ser referenciados por ele e armazenados fora do banco de dados.

“Entretanto, o armazenamento multimídia fora do banco de dados torna mais difícil fornecer

funcionalidades comuns [...] como indexação com base no conteúdo real dos dados. ” (KORTH;

SILBERSCHATZ; SUDARSHAN, 1999, p.724).

O armazenamento dos dados fora do banco de dados não garante a cópia se segurança integral

dos dados e não permite a sua indexação. No entanto, a indexação e busca de dados desse tipo é

complexa. Uma forma para identificar dados multimídia é baseada em consultas sobre metadados.

Os metadados são relativos a conteúdo, tipo de mídia, características descrevendo formas e cores

para imagens ou ainda tempo de duração, no caso de arquivos de áudio e vídeo.

Elmasri e Navathe (2011) descrevem a identificação de conteúdo como uma tarefa difícil e

demorada e definem duas técnicas principais:

“A primeira se baseia na análise automática das fontes multimídia para identificar

certas características matemáticas do seu conteúdo. [...] A segunda abordagem depende

da identificação manual dos objetos e atividades de interesse em cada fonte multimídia e

do uso dessa informação para indexar as fontes. Essa técnica pode ser aplicada a todas as

fontes multimídia, mas requer uma frase de pré-processamento manual [...] para

identificar e catalogar os objetos e as atividades que ela contém.” (ELMASRI;

NAVATHE, 2011, p.650).

Obviamente, um pré-processamento manual não se aplica a bases de dados multimídia

extensas. Assim, tanto equipamentos como filmadoras e máquinas fotográficas produzidas

recentemente e no futuro deverão agregar informações de metadados. Além disto, sistemas

gerenciadores de bancos de dados multimídia como o Oracle 12c oferecem funcionalidades para o

tratamento deste tipo de dado. Segundo a Oracle Technology Network (2014), os serviços Oracle

Multimedia suportam:

Serviços para armazenamento, recuperação, extração de metadados e processamento

bidimensional de imagens estáticas e imagens bitmap, isto é, do tipo raster.

Serviços de tratamento, recuperação e validação de imagens médicas – digital imaging and

communications in medicine – no formato (DICOM);

Serviços de armazenamento, recuperação e extração de metadados, dos tipos mais comuns

de arquivos de áudio e vídeo.

Funcionalidades como estas não estão disponíveis em gerenciadores de código aberto e

precisam ser implementadas por interfaces integradas as bases de dados. Linguagens de

programação como C++, Java e Python possuem funcionalidades específicas para isto, a exemplo

da biblioteca OpenCV, que possui compilação para estas linguagens.

Para este projeto, espera-se utilizar os seguintes softwares para o armazenamento,

gerenciamento e processamento das imagens, em virtude dos testes com o ambiente computacional

instalado até o momento, com resultados positivos:

SGBD – PostgreSQL – 9.3

Driver JDBC - postgresql-9.3-1100.jdbc4

Linguagem de programação – Java – JDK 1.7.0_25

Bibliotecas OpenCV-2.4.6

IDE Eclipse Version: Kepler Service Release 2

O armazenamento das imagens deve ser feito internamente no banco de dados, pois para o

experimento em questão será utilizado um número bastante reduzido de imagens, imagens estas

que serão obtidas por escaneamento e estarão associadas aos demais dados.

Como o projeto prevê atender a propriedades rurais de pequeno porte, não é possível dispor

de softwares proprietários, pois estes impactam nos custos do projeto. Desta forma, o

processamento de imagens deve ser realizado via aplicação, desenvolvida em linguagem Java,

como já comentado. O processamento de imagens consiste em identificar os valores de R, G e B

das imagens e correlacioná-los aos valores obtidos em testes de laboratório e medidas do SPAD -

502, isto é, do clorofilômetro. O sistema de banco de dados deve armazenar estes valores

quantificados, para posteriormente indicar a adubação nitrogenada adequada a partir de imagens

de outras plantas, em outras áreas ou propriedades rurais.

Dados georreferenciados também serão utilizados para identificar a localização das plantas e

propriedades rurais. Inicialmente, serão armazenados somente pontos, indicando latitude e

longitude dos objetos referenciados.

Banco de dados georreferenciados

Os sistemas de banco de dados georreferenciados estruturam e armazenam informações que

compõem os sistemas de informações geográficas. Para Elmasri e Navathe, “em geral, um banco

de dados espacial armazena objetos que possuem características espaciais que os descrevem e que

possuem relacionamentos espaciais entre eles. ” Por exemplo, uma propriedade rural e uma área

agrícola desta propriedade podem ser definidas como polígonos e a sua relação se dá pela

intersecção entre eles. As consultas que são realizadas nestes sistemas de banco de dados,

expressam estas relações como: “Que estradas se interceptam em uma determinada área? Qual o

perímetro e a área de uma propriedade rural? Qual a distância entre dois pontos? ”. Assim, estes

bancos de dados relacionam dados espaciais a dados alfanuméricos e dados de imagens, como

mapas, por exemplo.

O gerenciador de banco de dados a ser utilizado – PostgreSQL, atendem estas

funcionalidades estendendo os seus tipos de dados através da camada PostGis. O manual do

POSTIGS (2014) define como tipos de dados básicos – Geography Basics, os seguintes: point,

polygon, multipoint, multilinestring, multipolygon e geometrycollection.

Inicialmente, para este projeto, serão utilizados somente pontos indicados por latitude e

longitude. Observa-se que no modelo de dados as entidades “propriedade” e “planta” possuem um

dado “localizacao”, que deve armazenar longitude e latitude, que está definido como point. Para

tanto, depois da criação das tabelas, é necessário que se agreguem a elas as colunas de geometrias.

Isto pode ser feito pelos comandos:

a) Cria-se a tabela sem o campo de geometria:

CREATE TABLE prop_rural (id_prop_rural SERIAL NOT NULL , area FLOAT, altitude

FLOAT, proprietario VARCHAR(80) NOT NULL ,PRIMARY KEY(id_prop_rural));

b) Insere-se a coluna de geometria através da função AddGeomtryColumn:

SELECT AddGeometryColumn ('prop_rural','localizacao',4326,'POINT',2);

c) Os dados de longitude e latitude são incluídos pela função ST_GeomFromText:

INSERT INTO prop_rural(area, altitude, proprietario, localizacao)

VALUES(10000,1000,'Fulano de Tal', ST_GeomFromText('POINT(-71.060316 48.432044)',

4326));

d) E finalmente, a conversão pode ser feita novamente para texto, aplicando-se a função

ST_Centroid agregada a função ST_AsText.

SELECT ST_AsText(ST_Centroid(localizacao)) from prop_rural;

Na Figura 1 é apresentado o modelo do banco de dados necessário para dar suporte ao

experimento em questão. Além dos dados alfanuméricos, o banco de dados armazena dados

georreferenciados, dados de imagens e dados temporais. Estes estão relacionados as tabelas

“planta”, “analise_planta” e “prop_rural”. Atualmente, bancos de dados convencionais já não

atendem muitas aplicações e os SGBDs têm estendido as suas funcionalidades. Esta evolução

acontece comumente em gerenciadores proprietários, pois demandam pesquisas, discussões sobre

padrões de informação e consequentemente investimentos. No entanto, softwares de código aberto

como o SGBD PostgreSQL e mantidos por comunidades de desenvolvedores e pesquisadores

também apresentam estas funcionalidades e atendem adequadamente a estas demandas.

Modelos de banco de dados

O projeto de sistemas de banco de dados é essencial para a criação de cadastros adequados a

diferentes situações. Os modelos de bases de dados podem usar diferentes notações e ser aplicados

a SGBDs diversos. No entanto, a notação mais comum é a da engenharia de informação e aplicada

a bancos de dados relacionais.

Os projetos de banco de dados traduzem de forma diagramada conjuntos de objetos do mundo

real e seus relacionamentos. E como todo projeto, visa descrever as funcionalidades esperadas para

um empreendimento.

Lisboa Filho, Garaffa e Iochpe (2000) apresentam vários modelos de dados aplicados a

sistemas de informações geográficas. Comentam sobre a aplicabilidade destes modelos para o

desenvolvimento de SIGs e definem as fases de desenvolvimento de um banco de dados geográfico.

Entre estas etapas estão a definição do projeto conceitual e projeto de representação espaço-

temporal, através do qual pode-se modelar os aspectos de representação das entidades geográficas

no espaço-tempo, de forma que esta etapa possibilita a simplificação da modelagem conceitual de

forma que projetistas e usuários possam concentrar-se em definir os aspectos mais importantes da

aplicação. As etapas finais são compostas pelos projetos lógico e físico.

Como o modelo de banco de dados proposto não demanda a inserção de vários tipos de

geometrias e também não é intenção discutir exaustivamente as metodologias aplicadas a

implementação de projetos de bancos de dados, mas apresentar o modelo e os tipos de dados que

que visem atender um experimento inicial, a fim de produzir-se um cadastro de longo prazo.

Obviamente, o modelo apresentado é suficiente, podendo ser estendido no futuro.

Compõem o modelo conceitual os dados de propriedades rurais, solo e análise de solo. Como

o experimento consiste na identificação do teor de clorofila a partir de imagens digitais, exames de

laboratório e medidas obtidas pelo SPAD-502 formam os dados que fazem parte da análise das

plantas. Posteriormente serão correlacionados os valores de R, G e B a estes valores. Estão também

associados a análise das plantas os níveis de suprimento de nitrogênio e os tipos de híbridos de

milho que serão estudados, bem como o estádio de desenvolvimento das plantas. O modelo

explicita dados e tipos de dados necessários para tal.

A entidade “escala” deve armazenar os valores obtidos de R, G e B, já correlacionados com

os demais testes, tal que a escala resultante seja utilizada para a indicação da adubação nitrogenada

do solo. A entidade “escala_planta” é tabela associativa que faz o relacionamento dos dados de

qualquer planta com a escala resultante.

Figura 1: Modelo de banco de dados aplicado ao experimento.

Fonte: elaboração dos autores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a elaboração do modelo conceitual foram realizadas pesquisas sobre processamento de

imagens, entrevistas com os usuários do sistema de banco de dados, implementação do modelo e,

por fim, a validação do mesmo. Como se observa, a notação utilizada é da engenharia de

informação, em função da ferramenta utilizada. O modelo foi implementado no DBDesignerFork

2009, que gera código SQL apropriado para o SGBD PostgreSQL e também é uma ferramenta de

código aberto. A única adaptação necessária no código se dá em função da inclusão das colunas de

geometrias nas tabelas prop_rural e planta. É importante ressaltar a extensibilidade dos bancos de

dados relacionais, pois podem ser adicionadas facilmente novas tabelas ou ainda outras colunas de

dados, quando necessário. No entanto, um bom projeto deve atender a todas as funcionalidades

esperadas dele.

CONCLUSÕES

Vários processos e técnicas em diferentes áreas de conhecimento podem contribuir de forma

integrada, mesmo que indiretamente, para a sustentabilidade do meio ambiente e a melhoria da

qualidade de vida dos agricultores familiares.

De forma a implementar um conjunto de ferramentas de baixo custo e aplicada à indicação

da adequada adubação nitrogenada do solo, pode-se aplicar um conjunto de softwares de código

aberto que atendam as demandas do projeto.

Assim, foram indicados através de um modelo conceitual as estruturas de armazenagem e os

diversos tipos de dados que precisam estar integrados, como imagens, dados temporais, espaciais

e convencionais, a uma aplicação para indicação do teor de clorofila em híbridos de milho, para a

armazenagem e análise de informações de longo prazo.

REFERÊNCIAS

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