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Uso de polifarmácia entre idosos e a contribuição da atenção farmacêutica Julho/2016 1 ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016 Uso de polifarmácia entre idosos e a contribuição da atenção farmacêutica Michelle Silva Dantas [email protected] Atenção Farmacêutica e Farmacoterapia Clínica Instituto de Pós Graduação - IPOG Salvador, BA, 10/09/2015 Resumo No Brasil, diversos idosos apresentam doenças crônicas, o que poderá contribuir para o uso da popilfarmácia, que sem atenção farmacêutica devida pode acarretar em implicações à saúde dos mesmos. Neste sentido, as questões de investigação deste estudo foram: o que abordam as produções científicas sobre as implicações da polifarmácia entre idosos e qual a contribuição da atenção farmacêutica? Na tentativa de responde-las objetivo-se analisar o que abordam as produções científicas sobre as implicações da polifarmácia entre idosos e a contribuição da atenção farmacêutica. Trata-se de uma revisão de literatura, com coleta de dados realizada nas bases de dados da Lilacs, SciELO e web of sience, entre o período de 2010 até agosto de 2015, a partir dos descritores: atenção farmacêutica, uso de medicamentos, polimedicação e idoso. Os resultados indicam que entre as implicações do uso da polifarmácia entre os idosos, estão: o aumento de eventos adversos, redução da adesão ao tratamento farmacológico e aumento da morbimortalidade. Conclui-se que, apesar das produções científicas abordarem que o uso da polifarmácia pela população idosa é elevada e que provoca diversos impactos negativos, poucos foram os estudos que fizeram menção a importância da atenção farmacêutica como estratégia capaz de ao menos reduzir estes impactos. Palavras-chave: Atenção Farmacêutica. Uso de medicamentos. Polimedicação. Idoso. 1. Introdução No Brasil, conforme o Programa de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa e Envelhecimento, os idosos são todos os indivíduos que têm 60 anos ou mais de idade (BRASIL, 2010a). Atualmente, 10,8% da população brasileira é composta por indivíduos idosos. Isto se deve o progresso da elevação da expectativa de vida média ao nascer que, enquanto na década de 1960,

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Uso de polifarmácia entre idosos e a contribuição da atenção farmacêutica Julho/2016

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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016

Uso de polifarmácia entre idosos e a contribuição da atenção

farmacêutica

Michelle Silva Dantas – [email protected]

Atenção Farmacêutica e Farmacoterapia Clínica

Instituto de Pós Graduação - IPOG

Salvador, BA, 10/09/2015

Resumo

No Brasil, diversos idosos apresentam doenças crônicas, o que poderá contribuir para o uso

da popilfarmácia, que sem atenção farmacêutica devida pode acarretar em implicações à

saúde dos mesmos. Neste sentido, as questões de investigação deste estudo foram: o que

abordam as produções científicas sobre as implicações da polifarmácia entre idosos e qual a

contribuição da atenção farmacêutica? Na tentativa de responde-las objetivo-se analisar o que

abordam as produções científicas sobre as implicações da polifarmácia entre idosos e a

contribuição da atenção farmacêutica. Trata-se de uma revisão de literatura, com coleta de

dados realizada nas bases de dados da Lilacs, SciELO e web of sience, entre o período de 2010

até agosto de 2015, a partir dos descritores: atenção farmacêutica, uso de medicamentos,

polimedicação e idoso. Os resultados indicam que entre as implicações do uso da polifarmácia

entre os idosos, estão: o aumento de eventos adversos, redução da adesão ao tratamento

farmacológico e aumento da morbimortalidade. Conclui-se que, apesar das produções

científicas abordarem que o uso da polifarmácia pela população idosa é elevada e que provoca

diversos impactos negativos, poucos foram os estudos que fizeram menção a importância da

atenção farmacêutica como estratégia capaz de ao menos reduzir estes impactos.

Palavras-chave: Atenção Farmacêutica. Uso de medicamentos. Polimedicação. Idoso.

1. Introdução

No Brasil, conforme o Programa de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa e Envelhecimento,

os idosos são todos os indivíduos que têm 60 anos ou mais de idade (BRASIL, 2010a).

Atualmente, 10,8% da população brasileira é composta por indivíduos idosos. Isto se deve o

progresso da elevação da expectativa de vida média ao nascer que, enquanto na década de 1960,

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era de 50 anos de idade, no ano de 2008 aumentou para 72,8 anos e, atualmente, a projeção é

de 81,3 anos no ano de 2050, nivelando-se a países desenvolvidos (IBGE, 2011).

O progresso supracitado, se deu por vários motivos, sendo o principal deles a redução

da mortalidade e fatores positivos como a expansão de políticas e ações públicas bem-

sucedidas, minimização da mortalidade infantil, desenvolvimento de novas tecnologias

diagnósticas e para o tratamento e outros componentes que contribuíram para o envelhecimento

das pessoas (BRASIL,2010b)

Entretanto, considera-se que o envelhecimento populacional ocasiona algumas

consequências negativas, que por vezes, afeta a população de maneira geral. Uma das principais

consequências é o aumento da prevalência de determinadas doenças crônicas, principalmente

as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que são responsáveis por mudanças

epidemiológicas e nos setores público e privado de saúde (BRASIL, 2011).

O uso de medicamentos tem sido uma das principais escolhas de tratamento para o

controle e prevenção das DCNT entre os idosos, em especial as mais prevalentes, como a

Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). Entretanto, cerca de 40% das admissões hospitalares de

pacientes idosos são relacionadas a implicações decorrentes do uso medicamentos, incluindo

efeitos tóxicos advindos do seu uso (MENESES; SÁ, 2010).

Neste sentido, conforme descreve Silveira (2014) estudos que tenham como temática o

uso de polifarmácia entre pessoas idosas e seus impactos são fundamentais, pois sinalizam

reflexões sobre a necessidade de reorientação da atenção farmacêutica e da adoção de

tratamentos não farmacológicos (quando possível) entre a população idosa.

Reforçando as indagações supracitadas, sabe-se que a atuação farmacêutica, na qual o

profissional farmacêutico desempenha papel ativo em benefício do paciente, pois auxiliando o

prescritor na seleção do medicamento, colabora de forma direta para que aconteça o tratamento

desejado. O uso de polifarmácia, mesmo que apropriado, exige o acompanhamento

farmacoterapêutico (BUENO et al, 2012).

De forma geral, ver-se com aumento no número de idosos, como visto no Brasil, eleva-

se também a proporção de indivíduos deste segmento com DCNT, o que requer na maioria das

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vezes de intervenções medicamentosas para minimizar dores e desconfortos musculares, á

exemplo. No entanto, a problemática identificada é que vários idosos fazem uso da polifarmácia

com ou sem as orientações necessárias, o que poderá prejudicar o resultado dos tratamentos e

acarretar danos a sua saúde. Logo, a relevância da atenção farmacêutica na tentativa de, ao

menos reduzir, as complicações decorrentes da polifarmácia entre estes indivíduos.

Sendo assim, este estudo torna-se relevante, devido a possibilidade de que, a partir dos

resultados alcançados, seja possível ampliar as reflexões sobre as implicações decorrentes do

uso da polifarmácia entre idosos e a importância da atenção farmacêutica para que este

problema possa ser ao menos reduzido, proporcionando assim, melhoria nas condições de saúde

deste segmento da população.

Para tanto, esta pesquisa tem como questões: o que abordam as produções científicas

sobre as implicações da polifarmácia entre idosos, relacionando-as com a contribuição da

atenção farmacêutica? Na tentativa de responder estas questões o objetivo deste estudo é

analisar o que abordam as produções científicas sobre a polifarmácia entre idosos,

relacionando-as com a contribuição da atenção farmacêutica.

2. Metodologia

Trata-se de um estudo de revisão de literatura, com coleta de dados realizada por meio

das bases de dados da Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-

Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs) e Web of sience, com a utilização dos

descritores: polimedicação, uso de medicamentos, atenção farmacêutica e idoso.

Utilizou-se como critérios de inclusão: artigos científicos que se encontravam

publicados em periódicos da área da saúde, nacionais completos publicados em português ou

inglês que pudessem ser pesquisados gratuitamente, com resumos disponíveis nas bases de

dados selecionadas e que no título fosse mencionado o uso de medicamento por individuos

idosos. Além destes critérios, foram pesquisados artigos atuais, publicados nos últimos cinco

anos, sendo assim, de 2010 a agosto de 2015.

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Primeiramente foi realizada uma pré-leitura de artigos para levantamento bibliográfico,

depois, aconteceu a seleção das referências para análise e sintetização das informações que mais

se enquadrava com o objetivo sugerido neste estudo. Foram encontrados 39 artigos para a

leitura inicial dos títulos, objetivos e resumos.

Logo após, foram excluídos oito que se repetiam em mais de uma base, totalizando,

assim, 26 artigos. Para o refinamento dos artigos a serem inclusos neste estudo, realizou-se a

leitura na íntegra de todos os artigos, adotando os critérios de inclusão estabelecidos, o que

resultou em 16 artigos que foram lidos exaustivamente e analisados de maneira criteriosa e

sistemática.

Para organizar os resultados encontrados por meio da revisão de literatura da produção

científica selecionada, primeiramente realizou-se a elaboração de uma figura sinóptica para

caracterizar as informações dos artigos. Para a discussão, foram construídas duas categorias,

sendo elas: Implicações da polifarmácia entre idosos em diferentes contextos e A importância

da atenção farmacêutica para idosos em uso de medicamentos, com ênfase no uso de

polifarmácia.

3. Resultados

Dentre os 16 artigos analisados, notou-se que estes estavam distribuídos

respectivamente nas bases de dados Scielo, 9 (56,25%), Web of sience, 4 (25,00%) e Lilacs, 3

(18,75%). Os anos de 2010 e 2012 tiveram a maior quantidade de publicações, 6 (37,50%), em

cada ano, já para os anos de 2011 e 2015 não foram encontrados publicações que se inserissem

nos critérios estabelecidos para este estudo.

A Figura 1 apresenta de forma sintetizada os artigos incluídos nesta revisão, organizados

em formato de quadro. Neste, são apresentadas várias características desses artigos, sendo elas:

nome dos autores, ano de publicação, título do artigo, base de dados, periódico, objetivos,

principais resultados e conclusão. Outros resultados encontrados nos artigos que foram

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analisados também se encontram na forma discursiva, em articulação com o objetivo proposto

deste estudo.

Autores

Ano

Títulos

Base de dados

Periódicos

Objetivo(os)

Principais resultados Conclusões

ARAÚJO, Cristina M.C.;

MAGALHÃES,

Sérgia M.S.; CHAIMOWICZ,

Flávio

2010

Uso de Medicamentos

Inadequados e

Polifarmácia entre Idosos do

Programa Saúde da

Família.

Lilacs

Lat. Am. J. Pharm

Descrever o perfil de utilização de

medicamentos e

estimar a prevalência e

fatores associados

à polifarmácia e ao uso de

medicamentos inadequados entre

idosos do

Programa Saúde da Família de um

Centro de Saúde de

Belo Horizonte.

Os fatores associados à polifarmácia foram: cinco ou

mais problemas de saúde, uso de

medicamentos inadequados e gasto com

medicamentos no último mês,

enquanto os associados ao uso de medicamentos inadequados

foram idade igual ou superior a 70 anos, baixa escolaridade e o

uso de cinco ou mais

medicamentos.

A implementação de medidas voltadas para a otimização do

tratamento farmacoterapêutico

é fundamental.

BUENO, Cristiane Schmalzet et al

2012

Perfil de uso de medicamentos por

idosos assistidos

pelo Programa de Atenção ao Idoso

(P.A.I.) da UNIJUÍ.

Scielo

Ver. 5L5s. geriatr.

gerontol

Identificar os medicamentos

utilizados pelos

idosos assistidos pelo Programa

de Atenção ao

Idoso (P.A.I.) e investigar o uso de

medicamentos

potencialmente inapropriados

nessa população.

A polifarmácia foi verificada em 15 idosos. Entre os 117

medicamentos em uso,

considerando-se repetições, 13 são inapropriados para idosos,

destacando-se diazepam e

fluoxetina, cada um utilizado por três idosos.

É imprescindível reduzir o uso de medicamentos inapropriados

para melhorar a

qualidade de vida dos idosos. É necessária a colaboração do

prescritor e do profissional

farmacêutico, que é responsável por avaliar a

prescrição, identificar riscos

relacionados à terapêutica e intervir através da comunicação

com o prescritor responsável,

fornecendo informações e sugestões que facilitem a

utilização de serviços de saúde.

CARVALHO, Maristela Ferreira

Catão 5L 5L

2012

Polifarmácia entre idosos do Município

de São Paulo –

Estudo 68 SABE.

Scielo

Rev Bras Epidemiol

Foi avaliado o uso de cinco ou mais

medicamentos

(polifarmácia) e seus fatores

associados por

idosos do

município de São

Paulo.

A prevalência de polifarmácia foi de 36%. Iidade igual ou

superior a 75 anos, maior renda,

estar trabalhando, auto avaliação de saúde regular ou ruim,

hipertensão, diabetes, doença

reumática e problemas cardíacos

apresentaram associação

positiva com polifarmácia. Usar

apenas o sistema público de saúde associou-se inversamente

à polifarmácia.

O conhecimento dos fatores associados a

polifarmácia, como os

identificados nesse estudo, pode ser útil para alertar os

profissionais da saúde quanto à

importância de identificar e

monitorar os grupos de idosos

mais vulneráveis a polifarmácia

DAL PIZZOL, Tatiane da Silva 5L

5L

2012

Uso de medicamentos entre

idosos residentes em

áreas urbanas e rurais de município

no Sul do Brasil: um

estudo de base populacional.

Web of sience

Cad. Saúde Pública

Verificar a prevalência de uso

de medicamentos

e de polifarmácia entre idosos de

Carlos

Barbosa, Rio Grande do Sul,

Brasil, e comparar

as características sociodemográficas

Dados sociodemográficos, doenças crônicas, qualidade de

vida e medicamentos

autorreferidos foram coletados em entrevistas presenciais.

Associação entre local de

moradia e uso de medicamentos ou

polifarmácia, ajustada para

potenciais confundidores, foi avaliada por regressão de

Poisson com ajuste robusto da

O papel dos hábitos de vida, crenças e valores dos idosos

moradores em diferentes

áreas na procura por serviços de saúde e utilização

de medicamentos precisa ser

investigado, bem como fatores relacionados ao sistema de

saúde e condições de acesso aos

serviços e aos medicamentos.

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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016

e de saúde

associadas ao uso, segundo o

local de moradia.

variância. A prevalência de uso

de medicamentos e de polifarmácia foi maior entre os

idosos urbanos. Morar na área

urbana apresentou associação positiva e

independente com uso de

medicamentos e polifarmácia. Morar na área urbana está

associado à maior prevalência de

uso de medicamentos e de polifarmácia entre idosos.

GALATO, Dayani;

SILVA, Eduarda Souza da;

TIBURCIO, Letícia

de Souza.

2010

Estudo de utilização

de medicamentos em idosos residentes

em uma cidade do

sul de Santa Catarina (Brasil):

um olhar sobre a

polimedicação.

Scielo

Ciênc. Saúde

coletiva

Avaliar o uso de

medicamentos em idosos residentes

em uma cidade do

sul de Santa Catarina.

Observou-se que 51,9% dos

idosos foram classificados como polimedicação menor, e 28,8%

classificaram-se como

polimedicação maior. As classes de medicamentos que mais

contribuíram para a

polimedicação foram aquelas que atuam no sistema

cardiovascular, nervoso e trato

alimentar e metabolismo, sendo utilizadas principalmente para

hipertensão, problemas

cardíacos e circulatórios, diabetes, insônia e depressão.

Verificou-se que 16,5% dos

idosos apresentam risco de possuir problemas relacionados

com medicamentos.

Os resultados deste estudo

evidenciaram que ser do sexo feminino, possuir baixo grau de

escolaridade e o número alto de

procura por serviços de saúde no último ano são fatores de

significância quando se avalia a

polimedicação em idosos. Porém, observou-se que viver

sozinho ou possuir baixa renda

não são fatores significantes para este estudo.

Quanto às doenças que mais

contribuem para a polimedicação, pode-se

destacar hipertensão,

problemas cardiovasculares, problemas endócrinos e

relacionados ao sistema

nervoso central, sendo que as classes de medicamentos que

mais contribuíram foram os

anti-hipertensivos, antidiabéticos, psicotrópicos e

antitrombóticos.

GUIMARÃES, Viviane Gibara 6L

6L.

2012

Perfil Farmacoterapêutico

de um Grupo de

Idosos assistidos por um programa de

Atenção

Farmacêutica na Farmácia Popular do

Brasil no município

de Aracaju – SE.

Web of sience

Ver Ciênc Farm

Básica Apl,

Compreender o perfil de uso dos

medicamentos em

idosos assistidos por um programa

de Atenção

Farmacêutica na Farmácia Popular

do Brasil no

município de

Aracaju- SE.

O consumo total de medicamentos foi de 383 com

média de 5,63, a polifarmácia

esteve presente em 63,2% dos pacientes. Os medicamentos

mais consumidos pertenciam ao

grupo anatômico que age no sistema cardiovascular e no trato

alimentar . No estudo foram

observadas 152 interações em 53

pacientes (77,95%), 19 casos de

medicamentos inadequados

(4,9%), e 35 (9,5%) interações fármaco- alimento.

Esses resultados sugerem o aprimoramento das prescrições

e avaliação constante da

qualidade da farmacoterapia de modo a promover o uso

racional de medicamentos nesta

faixa etária.

LUCHETTI, Giancarlo 6L 6L.

2010

Fatores associados à polifarmácia em

idosos

institucionalizados.

Scielo

Ver Bras Geriatr

Gerontol,.

Avaliar os fatores associados ao uso

de psicofármacos

em pacientes idosos

institucionalizados.

Após a regressão logística, encontrou-se associação entre a

prescrição de neurolépticos e

demência, enquanto que o uso de antidepressivos esteve associado a

maior número de medicamentos e

presença de depressão. O uso de psicofármacos em geral esteve

fortemente associado com

depressão, presença de demência e presença

Há alto consumo de psicofármacos em ILPI. A

associação destes com

polifarmácia e depressão é signifi cativa, e os portadores de

demência foram os que mais fi

zeram uso dos neurolépticos. Fatores como idade e sexo,

normalmente relevantes em

pacientes ambulatoriais, não apresentaram associação em

institucionalizados.

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de doenças psiquiátricas. Não

houve associação com as variáveis sexo, funcionalidade e idade.

MEDEIROS, Eloá

Fátima Ferreira et al.

2011

Intervenção

interdisciplinar enquanto estratégia

para o uso racional

de medicamentos em idosos.

Scielo

Ciênc Saúde

Coletiva

Avaliou a

efetividade de intervenções

interdisciplinares,

envolvendo médicos,

farmacêuticos e

nutricionistas, destinadas à

promoção do Uso

Racional dos Medicamentos.

Após a intervenção, houve uma

redução média no consumo de medicamentos em relação às

consultas da pré-intervenção. Os

medicamentos utilizados na terapêutica cardiovascular foram

os mais consumidos, o que se

encontra em consonância com as doenças autoreferidas pelas

idosas

Foi possível verificar que a

intervenção interdisciplinar em idosas pôde contribuir para

melhoria dos indicadores de

Uso Racional dos Medicamentos, em especial os

de prescrição.

MENESES, André

Luis Lima de; SÁ,

Maria Lúcia Barreto

2010

Atenção

farmacêutica ao

idoso: fundamentos e propostas.

Scielo

Ver Geriatria Gerontol.

Apresentar

estratégias

facilitadoras para implantar o serviço

de AtenFar, em farmácia

comunitária, capaz

de realizar cuidados e ações

educativas, tanto

em nível individual quanto coletivo,

aos idosos usuários

de medicamentos.

É possível oferecer atendimento

diferenciado ao idoso com a

implantação da atenção farmacêutica e demais serviços

em farmácias comunitárias, tendo como adicional atividades

de promoção à saúde,

possibilitando a ele compreender a dinâmica do uso adequado de

medicamento, como também

promover a saúde dessa população usuária.

Estratégias para a implantação

do serviço de atenção

farmacêutica nas farmácias comunitárias são de suma

importância para suprir a carência de informação, no

tocante a medicamentos,

em especial, da população com faixa etária avançada.

MUNGER, M.A.

2010

Polypharmacy and Combination

Therapy in the

Management of Hypertension in

Elderly Patients

with Co-Morbid Diabetes Mellitus

Web of sience

Drugs Aging

Não evidente de forma clara no

artigo.

Os riscos de polifarmácia eo potencial para a terapia deve ser

considerado inadequado e

equilibrada contra os possíveis benefícios de vários tratamentos

medicamentosos. Uma melhor

abordagem para reduzir os riscos e maximizar os benefícios da

polifarmácia deve incluir

avaliações regulares de listas de medicamentos dos pacientes,

que podem ser alteradas para

incluir, se for caso disso, a terapia de combinação e a

utilização de combinações em pílula única.

Formulações de um único comprimido pode simplificar o

regime de medicação. A terapia

de combinação racional de medicamentos pode maximizar

o controle da pressão arterial,

juntamente com o controle glicêmico e ajudar a maximizar

os benefícios da polifarmácia

nos resultados em pacientes idosos com hipertensão e co-

mórbidas diabetes.

NEVES, Sabrina

Joany Felizardo.

2013

Epidemiologia do

uso de

medicamentos entre idosos em área

urbana do Nordeste

do Brasil.

Web of sience

Rev Saúde Pública

Analisar o uso de

medicamentos

entre idosos e os fatores

associados

A prevalência de uso de

medicamentos foi de 85,5%. A

polifarmácia ocorreu em 11% dos casos. Os medicamentos de

uso nos sistemas cardiovascular

(42,9%), nervoso central (20,2%), digestório e no

metabolismo orgânico (17,3%)

foram os mais utilizados. O uso de polifarmácia associou-se à

escolaridade, à saúde

autorreferida, à doença crônica autorreferida e ao número de

consultas médicas ao ano.

.

A proporção de uso de

medicamentos é elevada entre

idosos, inclusive daqueles considerados inadequados, e há

desigualdades entre grupos

de idosos quando se considera escolaridade, quantidade de

consultas médicas e saúde

autorreferida.

Perfil dos

medicamentos

prescritos para

Identificar os

medicamentos

utilizados pelos

Verificou-se polifarmácia em

47,20% dos idosos. Os

medicamentos mais prescritos

Verificaram-se polimedicação

e uso de medicamentos

potencialmente inapropriados

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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 11 Vol. 01/ 2016 julho/2016

RIBAS, Carlise

and OLIVEIRA, Karla Renata de.

2014

idosos em uma

Unidade Básica de Saúde do município

de Ijuí-RS.

Scielo

Rev. bras. geriatr.

gerontol

idosos atendidos

numa Unidade Básica de Saúde

do município de

Ijuí-RS e entre estes, os

medicamentos

potencialmente inapropriados para

esta faixa etária,

além de verificar as potenciais

interações

envolvendo esses

medicamentos.

atuam no sistema

cardiovascular, no aparelho digestivo e

metabolismo e no sangue e órgão

hematopoiéticos. Do total de especialidades farmacêuticas,

16,09% foram considerados

medicamentos potencialmente inapropriados, de acordo com os

critérios de Beers, que foram

prescritos a 21,68% idosos. Estão expostos a interações

medicamentosas 56,34% dos

idosos que receberam medicamentos potencialmente

inapropriados, dos quais

67,50% estão expostos a duas ou mais

interações.

entre os idosos em estudo, mas

estas podem estar sendo necessárias, pois foram

identificados medicamentos

indicados para as doenças crônicas prevalentes nessa faixa

etária. Diante disso, sugere-se o

uso dos critérios de Beers na avaliação da farmacoterapia em

idosos, destacando-se ainda a

necessidade de incorporar o uso de terapias não farmacológicas,

a fim de favorecer a redução no

consumo de medicamentos.

SECOLI, Silvia Regina.

2010

Polifarmácia: interações e reações

adversas no uso de

medicamentos por idosos.

Lilacs

Rev Bras Enferm

Refletir sobre a polifarmácia em

idosos com ênfase

nas reações adversas e nas

interações

medicamentosas.

A vulnerabilidade dos idosos aos problemas decorrentes do uso de

medicamentos é bastante alta, o

que se deve a complexidade dos problemas clínicos, à

necessidade de múltiplos

agentes terapêuticos e às alterações farmacocinéticas e

farmacodinâmicas inerentes ao

envelhecimento.

Racionalizar o uso de medicamentos e evitar os

agravos advindos da

polifarmácia serão, sem dúvida, um

dos grandes desafios da saúde

pública desse século.

SILVA, Anderson

Lourenço da et al.

2012a

Utilização de

medicamentos por idosos brasileiros,

de acordo com a

faixa etária: um inquérito postal.

Web of sience

Cad. Saúde Pública

Avaliar fatores

associados ao uso de medicamentos

por idosos.

Os medicamentos

mais utilizados pertenciam ao sistema cardiovascular. Idade de

70 ou mais anos, sexo feminino,

pior percepção de saúde, interrupção de atividades

habituais, mais de 6 consultas

médicas no último ano, filiação a plano de saúde e relato de 4 ou

mais doenças estavam

associados ao uso de medicamentos entre os

participantes.

A partir do conhecimento

dos fatores que se mostraram associados ao uso de

medicamentos, espera-se

contribuir para a elaboração de políticas públicas direcionadas

ao bem-estar desse subgrupo

populacional, que visem à adequação da assistência

farmacêutica às suas reais

necessidades, promovendo desta forma a racionalização do

uso de medicamentos e,

consequentemente, a otimização da terapêutica

medicamentosa.

SILVA, Gilmar de

Oliveira Barros et

al.

2012b

Uso de

medicamentos

contínuos e fatores

associados em idosos de Quixadá,

Ceará.

Scielo

Rev. bras. epidemiol

Analisar a

polifarmácia (uso

diário de dois ou

mais) de medicamentos

contínuos e seus

fatores associados em idosos.

Constatou-se uma prevalência

de

70,6% de polifarmácia em

idosos, sendo mais elevada no sexo feminino (66,4%). Os

fatores associados positivamente

ao uso de dois ou mais medicamentos contínuos foram:

renda familiar acima de um

salário mínimo; duas ou mais condições crônicas

autorreferidas e autopercepção

da qualidade de vida regular e ruim.

Uma prática de polifarmácia de

medicamentos contínuos em

idosos,remete a questões

relativas aos aspectos social, cultural, econômico e de saúde

SILVEIRA, Erika

Aparecida;

DALASTRA,

Polifarmácia,

doenças crônicas e

marcadores

Estimar a

prevalência de

polifarmácia e sua associação com

A prevalência de polifarmácia

foi de 28% (IC95% 23,1 - 32,5),

observando-se associação significativa com sexo feminino,

A elevada prevalência de

polifarmácia e sua associação

com marcadores nutricionais e doenças crônicas demonstra a

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Luana; PAGOTTO,

Valéria.

2014

nutricionais em

idosos.

Scielo

Rev. bras. epidemiol

marcadores

nutricionais, doenças crônicas,

variáveis

sociodemográficas e de saúde.

faixa etária 75 - 79 anos, estado

nutricional eutrófico e obeso, uso de dieta, percepção de saúde

péssima, presença de duas, três

ou mais doenças crônicas

necessidade de vigilância e

monitoramento nutricional em idosos.

Figura 1: Produções Científicas utilizadas no estudo, de acordo autor, ano, título, base de dados, periódico,

objetivo(os), Principais resultados e conclusões.

Fonte: Dados produzidos pelo o autor (2015).

4. Discussão

4.1. Implicações da polifarmácia entre idosos em diferentes contextos

O perfil dos idosos brasileiros aponta que esta população apresenta vários problemas de

saúde, em especial as DCNT, como as cardiovasculares, uma das mais prevalentes entre os

idosos, problema que na maioria das vezes os fazem necessitar de medicamentos de uso

contínuo (LUCHETTI, 2010). Então, as DCNT podem se transformar em problemas de longa

duração e requererem, para atendimento adequado, ampla quantidade de recursos materiais e

humanos. Isto porque, a elevada prevalência de DCNT faz muitos dos idosos serem

consumidores de medicamentos (GAUTÉRIO, 2012).

Conforme estudo sobre o Perfil dos medicamentos prescritos para idosos em uma

Unidade Básica de Saúde verificou-se que esses indivíduos receberam um elevado número de

medicamentos. Descarte, este acontecimento merece atenção, devido às alterações

características do envelhecimento e aos efeitos que poderão ser desencadeados. Além do que,

parcela desses idosos utiliza medicamentos potencialmente inapropriados, elevando assim o

risco de interações medicamentosas, podendo comprometer a segurança e a qualidade de vida

desta população. Por outro lado, a polifarmácia e o uso de medicamentos potencialmente

inapropiados podem estar sendo necessários, tendo em vista que foram identificados

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medicamentos indicados para as doenças crônicas prevalentes nesta faixa etária (RIBAS;

OLIVEIRA, 2014).

O uso concomitante de 5 ou mais medicamentos é denominado por Secoli (2010) de

polifarmácia. Entre as implicações decorrentes polifarmácia entre idosos no Brasil, encontra-se

a elevada prevalência que varia a depender da região do país e/ou do local onde ocorreu a

pesquisa, conforme foi visto em artigos que compuseram esta revisão de literatura, à exemplo:

estudos realizados no mesmo ano em zonas de cobertura dos Programas de Saúde da Família

(PSFs) que apresentaram prevalência semelhantes, respectivamente 28,8% em Tubarão-SC

(GALATO, 2010) e, 27,7% em Belo Horizonte-MG (ARAÚJO; MAGALHÃES;

CHAIMOWICZ, 2010).

Mais recentemente, em Carlos Barbosa-RS, nas áreas urbanas e rurais, a prevalência

encontrada foi de 19,7% (DAL PIZZOL, 2012). Em São Paulo-SP, a partir de estudo de base

populacional, 36% (CARVALHO et al., 2012). Em Aracaju-SE, com grupo de idosos assistidos

por um programa de Atenção Farmacêutica, 63,20% (GUIMARÃES, 2012). E, em Rio Grande

do Sul, é em uma Instituição de Longa Permanência 30,8% dos idosos estavam em uso de

polifarmácia (GAUTÉRIO, 2012).

A prevalência da polifarmácia de medicamentos contínuos em estudo realizado com

idosos do Quixadá, Ceará foi a mais elevada entre os artigos analisados (70,6%), sendo maior

no sexo feminino (66,4%). A faixa etária mais prevalente foi para os idosos que tinha acima de

70 anos (63,8%). Entre os fatores de risco associados estavam duas ou mais condições crônicas

autorreferidas e autopercepção da qualidade de vida regular e ruim (SILVA, 2012b).

Já na investigação realizada por Neves (2013) em área urbana do Nordeste, identificou-

se a menor prevalência, a de 11,0% dos casos. E, os fatores que se mostraram associados foram

a menor escolaridade, à saúde autorreferida como negativa, presença de duas ou mais doenças

crônicas autorreferidas e ao número de consultas médicas ao ano.

Outros fatores de risco associados à polifarmácia também foram encontrados, como a

presença de cinco ou mais problemas de saúde e ao uso de medicamentos inapropriados, sendo

que tal prática se reflete no aumento do gasto mensal com medicamentos (ARAÚJO;

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MAGALHÃES; CHAIMOWICZ, 2010). Assim como, ser do sexo feminino, faixa etária

75 – 79 anos, ter a autoavaliação de saúde péssima e apresentar de duas ou mais doenças

crônicas, estado nutricional eutrófico e obeso e está em uso de dieta também aumenta a

prevalência da polifarmácia (SILVEIRA, 2014).

Para Carvalho (2012) a polifarmácia geriátrica tem aumentado mundialmente e

apresenta-se a partir de uma etiologia multifatorial. Sendo que, os idosos usam um número

desproporcional de prescrições de medicamentos, os regimes terapêuticos são complexos,

especialmente na vigência de co-morbidades o que eleva a vulnerabilidade desse grupo

ocorrência de eventos adversos e prejudicando sua capacidade funcional.

A polifarmácia está relacionada ao acréscimo do risco de interações medicamentosas,

de reações adversas a medicamentos, de causar toxicidade cumulativa, de diminuir a adesão ao

tratamento farmacológico, de provocar erros de medicação e aumentar a morbimortalidade.

Porém, o crescimento da indústria farmacêutica e o marketing de medicamentos podem está

contribuindo para o aumento das prescrições pelos profissionais de saúde, contribuindo para o

uso de múltiplos medicamentos pelos idosos (SECOLI, 2010).

Ainda de acordo Secoli (2010) as interações medicamentosas ocorrem quando um

fármaco influencia a ação de outro. Sendo que, as consequências, gravidade e prevalência destas

interações associam-se às propriedades dos fármacos e às condições clínicas dos pacientes.

Conseguintemente, as pessoas idosas estão mais vulneráveis às ocorrências de interações

medicamentosas, por conta dos processos farmacocinéticos e farmacodinâmicos dos fármacos

e às alterações fisiológicas que acontecem devido ao processo de envelhecimento, maiormente

nas funções hepáticas, renal e cardíaca, além da perda da massa muscular, de água corpórea

total e de albumina sérica.

Na pesquisa de Silva (2012a) o uso de maior quantidade de medicamentos pelos idosos

com mais idade foi observado, embora muitas vezes preciso, pode desencadear graves

implicações, tais como maior número de reações adversas, risco de utilizar os medicamentos

de formas inadequados, dificuldade de adesão ao tratamento farmacológico, além de levar ao

incremento do risco de morbidades e mortalidade. Além do que, a polifarmácia pode contribuir

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para a ocorrência de iatrogenia, por exemplo, devido à utilização de medicamentos de eficácia

e segurança questionáveis. Acrescentem-se também, as limitações físicas e cognitivas presentes

nesta etapa da vida que podem dificultar a correta utilização desses medicamentos,

especialmente em situações de polifarmácia.

No geral, o perfil de doenças crônicas e as classes medicamentosas prevalentes,

demonstram que a polifarmácia em idosos pode estar relacionada a tratamentos de longa

duração, o que sugere a prosseguimento da prática em anos posteriores, e isto, por conseguinte,

requer atenção e acompanhamento longitudinal de profissionais de saúde (SILVEIRA, 2014),

entre estes, os profissionais farmacêuticos

4.2 A importância da atenção farmacêutica para idosos em uso de medicamentos, com

ênfase no uso de polifarmácia

Diante das transformações decorrentes do processo de envelhecimento, como a elevação

de DCNT e, por conseguinte necessidade de idosos fazerem uso de medicamentos, Munger

(2010) adverte que, o uso racional da polifarmácia por esses indivíduos pode maximizar o

controle de algumas dessas doenças, como da pressão arterial e da glicemia. No entanto, é

essencial que prescritores e farmacêuticos monitorem o uso simultâneo de vários

medicamentos, evitando os riscos que a polifarmácia pode causar.

O farmacêutico é o profissional responsável pela avaliação da prescrição, podendo,

nesse momento, identificar riscos que estão relacionados a terapêutica e intervir, por meio da

comunicação com o prescritor responsável, por exemplo, trocando informações e sugestões que

possam diminuir os eventos de reações adversas a medicamentos e a necessidade de utilização

de serviços de saúde, por vários idosos em uso de polifarmácia (BUENO et al, 2012).

Em estudo sobre perfil farmacoterapêutico de um grupo de idosos, os autores abordam

a relevância de fomentar programas de atenção farmacêutica que possam proporcionar a

redução dos riscos de problemas que interferem na qualidade da farmacoterapia de pessoas

idosas, o que poderá ampliar a possibilidade de resultados terapêuticos positivos nesta

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população. Além disso, apontam para a necessidade de aprimorar o manejo da farmacoterapia

e o acompanhamento da sua utilização nesta faixa etária (GUIMARÃES, 2012).

Isto se torna importante, pois os idosos que fazem uso de polifarmácia podem está

utilizando medicamentos inapropriados e têm maiores chances de apresentar as reações

relacionadas ao uso desses medicamentos. Sendo assim, é essencial que o prescritor, assim

como o farmacêutico conheçam os medicamentos inapropriados, para evitar os problemas

decorrentes de sua utilização indevida em idosos (BUENO et al, 2012).

É fundamental também, uma ampliação das discussões sobre a necessidade de adoção

de medidas para a promoção do uso racional de medicamentos entre a população idosa no

Brasil, educação continuada dos profissionais prescritores, qualificação dos sistemas de saúde

para oferecer educação permanente e acesso a informações adequadas em ocasiões cabíveis, e

adoção de medidas no âmbito da assistência farmacêutica através da criação e implementação

de listas de medicamentos e protocolos clínicos que se enquadram adequadamente às demandas

da população idosa (NEVES, 2013).

Uma das maneiras de ampliar as discussões a cimas mencionadas podem ser por meio

do conhecimento de fatores que se mostram associados ao uso de medicamentos na população

idosa, haja vista que desta forma espera-se contribuir para a elaboração de políticas públicas

direcionadas ao bem-estar desse subgrupo populacional, que visem à adequação da assistência

farmacêutica às suas reais necessidades, promovendo assim a racionalização do uso de

medicamentos e, por conseguinte, a otimização da terapêutica medicamentosa entre os idosos

(SILVA, 2012a).

Além dessas medidas, é sabido que a elevada prevalência de uso de medicação

principalmente na classe terapêutica das doenças cardiovasculares revela a necessidade de

adoção de medidas no âmbito da assistência farmacêutica que propiciem o estímulo à atividade

física e de hábitos alimentares saudáveis. Além disso, é fundamental a orientação contínua dos

idosos e cuidadores quanto aos riscos do uso de medicamentos (NEVES, 2013).

A atuação do farmacêutico na promoção do uso racional de medicamentos por idosos e

sua inserção em equipes multiprofissionais otimizam a farmacoterapia dos pacientes geriátricos

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e amplia a qualidade e segurança do cuidado (MEDEIROS, 2011), o que poderá reduzir as

implicações decorrentes do uso da polifarmácia na população idosa.

Entre as estratégias e recomendações propostas em estudo sobre a atenção farmacêutica

ao idoso estão as que são voltadas para a formulação de políticas nacionais de medicamentos e

do repensar o papel do farmacêutico no sistema da atenção à saúde, assim como a implantação

do serviço de atenção farmacêutica nas farmácias comunitárias com o propósito de suprir a

carência de informação, no tocante a medicamentos, em especial, da população com faixa etária

avançada (MENESES; SÁ, 2010).

5 Conclusão

Diante dos resultados alcançados, conclui-se que a prevalência da polifarmácia entre a

população idosa tem ampla variação no Brasil, sendo utilizada por quase um terço dos idosos

de algumas regiões do pais e o local de pesquisa. Em partes, os artigos analisados investigavam

a prevalência da polifarmácia em diferentes grupos de idosos e fatores que se mostraram

associados.

Apesar dos artigos apresentarem diversos impactos negativos do uso da polifarmácia

por idosos, poucos mencionaram estratégias que poderia ser utilizadas no intuito de ao menos

minimizar estes impactos, como a atenção farmacêutica que é essencial na avaliação das

prescrições e conhecimento dos medicamentos inapropriados que o idoso, entre outros.

Merecendo assim, que outras produções sejam realizadas com o intuito de apontar a importância

desta atenção às pessoas idosas que fazem uso de medicamentos e, por vezes polifarmácia.

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