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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PAULO ROBERTO SÉKULA USO DE MODELO DE REFERÊNCIA PARA MELHORIA DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE PAPEL KRAFT DISSERTAÇÃO PONTA GROSSA 2011

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

PAULO ROBERTO SÉKULA

USO DE MODELO DE REFERÊNCIA PARA MELHORIA DO

PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE PAPEL KRAFT

DISSERTAÇÃO

PONTA GROSSA

2011

PAULO ROBERTO SÉKULA

USO DE MODELO DE REFERÊNCIA PARA MELHORIA DO

PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE PAPEL KRAFT

Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Área de Concentração: Gestão Industrial, da Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação, do Campus Ponta Grossa, da UTFPR.

Orientador: Prof. Dr. Aldo Braghini Junior

PONTA GROSSA

2011

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pela oportunidade de realizar mais esta etapa e

superar os obstáculos impostos pela vida.

A minha esposa Mariéle, os meus mais sinceros agradecimentos, pelo seu

apoio, compreensão e companheirismo. Apesar de estar em muitos momentos

ausente durante a gestação de nosso segundo filho.

Aos meus queridos e amados pais Almir e Maria, pelo incentivo, respaldo e

pedidos de bênçãos a Deus em mais essa caminhada.

A meu filho Pedro pelo carrinho incondicional, apesar de em muitos

momentos estar ausente em etapas do seu crescimento.

A minha irmã Mariângela, que me incentivou e me ajudou em momentos

difíceis desta caminhada.

Ao meu amigo Leandro, que me incentivou para entrar no mestrado.

Aos meus colegas de mestrado, pelo companheirismo, incentivo e pelo

trabalho em conjunto no desenvolvimento de novos conhecimentos.

Ao colega e professor Alexandre de Castro Alves, pelo grande apoio e

contribuição nas discussões técnicas e seus fundamentos no desenvolvimento do

trabalho.

Ao orientador Professor Aldo Braghini Júnior pela orientação, pela paciência

e pelo incentivo durante a pesquisa.

À Universidade Tecnológica Federal do Paraná e todos os professores do

Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção do Campus de Ponta

Grossa, pela oportunidade de adquirir novos conhecimentos.

RESUMO

SÉKULA, P. R. Uso de modelo de referência para melhoria do processo de fabricação de papel kraft. 2011. 120 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de

Produção) - Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2011.

A indústria de papel enfrenta dificuldades para a estabilização e manutenção dos parâmetros de qualidade exigidos pelos clientes. Estas dificuldades variam em função do grau de organização e automação do processo produtivo. Por meio dos testes de qualidade é possível verificar como as variáveis de processo podem influenciar o produto final. No caso da produção de papel Kraft, a qualidade do produto é avaliada através da análise de resistência mecânica, nível aquoso da massa, umidade, entre outros. Outro fator relevante é matéria prima utilizada na fabricação deste papel, a qual tem variadas origens (pasta mecânica, celulose e resíduos industriais e domésticos de papel), influenciando desta forma diretamente no controle de processo. As informações geradas durante o controle da produção e da qualidade podem levar as ações de correção pontuais e de efeito limitado. Disciplinando-se o fluxo de dados gera-se informações com melhor qualidade para o controle produtivo. Uma alternativa pode ser o uso de um modelo de referência utilizado no Processo de Desenvolvimento de Produto para organizar e disciplinar um processo produtivo. Com o auxílio de um modelo de referência procura-se ter uma visão mais ampla e detalhada de cada etapa da produção, que não se tem nas ferramentas e metodologias tradicionais de gestão de produção (por exemplo, MASP). Fez-se uso de entrevistas (realizadas com os indivíduos responsáveis pelo controle de produção) bem como de questionários (respondidos pelas mesmas pessoas) com o intuito de conhecer os detalhes de produção de papel na empresa estudada. Foi realizada confrontação das informações obtidas através das entrevistas e questionários com a observação e acompanhamento do processo produtivo buscando-se verificar a veracidade das informações. Foram colhidos dados do laboratório de qualidade da empresa para identificar as não conformidades que deveriam ser controladas. Todas estas informações foram utilizadas para alimentar o Modelo de Referência Trevo Fractal na busca de melhoria para o processo de fabricação do papel Kraft. Os resultados mostraram que a empresa estuda é extremamente dependente do conhecimento tácito de seus funcionários. O modelo Trevo Fractal indicou algumas possibilidades de melhoria, respeitando a filosofia da empresa. O modelo apontou formas de aproveitar o conhecimento tácito das pessoas envolvidas na produção (sendo este conhecimento um dos pontos fortes da empresa) e sugeriu a elevação do nível de instrumentação dos equipamentos de produção buscando melhorar o controle do processo produtivo.

Palavras chave: Papel Kraft. Melhoria de Processo. Modelo de Referência. Trevo Fractal.

Cesar
Highlight

ABSTRACT

Sékula, P. R. Use of reference model for improving the manufacturing process of kraft paper. 2011. 120 f. Dissertation (Masters in Industrial Engineering) -

Graduate Program in Production Engineering, Federal Technology University -Parana. Ponta Grossa, 2011.

The paper industry is struggling to stabilize and maintain the quality standards demanded by customers. These difficulties vary depending on the degree of organization and automation of the production process. Through quality testing can determine how the process variables can influence the final product. In the case of Kraft paper production, product quality is evaluated through the analysis of mechanical strength, watery mass level, humidity, among others. Another relevant factor is the raw material used in the manufacture of paper, which has different origins (mechanical pulp, pulp and industrial and domestic waste paper), thus directly influencing the process control. The information generated during the production control and quality can take timely corrective actions and limited effect. Regulating the flow of data leads to better quality information to control production. An alternative may be to use a reference model used in the Process of Product Development to organize a production process and discipline. With the aid of a reference model seeks to have a broader view and look at each step of production, which do not have the tools and traditional methods of production management (eg, MASP). Was use of interviews (conducted with individuals responsible for the control of production) as well as questionnaires (answered by the same people) in order to know the details of paper production at the company studied. We performed comparison of the information obtained through interviews and questionnaires with the observation and monitoring of the production process seeking to verify the accuracy of the information. We collected laboratory data quality company to identify non-compliances that should be controlled. All this information was used to feed the Reference Model Fractal Clover in the search for improvement in the manufacturing process of the Kraft paper. The results showed that the company is studying is extremely dependent on tacit knowledge of employees. Clover Fractal model indicated some possibilities for improvement, respecting the philosophy of the company. The model predicted ways to harness the tacit knowledge of people involved in the production (which is a knowledge of the strengths of the company) and suggested raising the level of instrumentation, production equipment seeking to improve the control of the production process

Keywords: Kraft Paper. Process Improvement. Reference Model. Fractal Clover.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Sistema básico do processo de produção do papel Kraft ......................... 17

Figura 2 - Mesa Plana, área de formação da lamina de papel através do sistema Fourdrinier ................................................................................................................. 25

Figura 3 - Rolo formador, área de formação da folha de papel. ................................ 26

Figura 4 - Setor de prensagem do papel ................................................................... 27

Figura 5 - Secadores, área de secagem ou bateria de secagem .............................. 28

Figura 6 - Equipamento que realiza o teste de RCT ................................................. 32

Figura 7 - Equipamento teste COBB ......................................................................... 34

Figura 1 - Visão holística do processo industrial ....................................................... 37

Figura 11 - Modelos de referência genéricos e específicos ...................................... 41

Figura 10 - Modelo de referência de PDP Unificado ................................................. 48

Figura 13 - Modelo de trevo fractal macro ................................................................. 52

Figura 14 - Modelo Trevo Fractal PDPMTF e as Etapas Conceituais ....................... 53

Figura 15 - Seqüência de ações corretivas para o teste RCT implementadas pelos entrevistados A,B,C,D ............................................................................................... 64

Figura 16 - Seqüência de ações corretivas para o teste COBB implementadas pelos entrevistados A, B, C, D ............................................................................................ 64

Figura 17 - Seqüência de ações corretivas para o teste de gramatura implementadas pelos entrevistados A, B, C, D ................................................................................... 65

Figura 18 - Seqüência de ações corretivas para o teste de umidade implementadas pelos entrevistados A, B, C, D ................................................................................... 66

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Oscilação da produção de papel Kraft no período de amostragem ......... 60

Gráfico 2 - Quantidade de bobinas que apresentaram reclamações no período de amostragem .............................................................................................................. 61

Gráfico 3 - Freqüência de não conformidade do papel produzido em função do teste de qualidade .............................................................................................................. 61

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Meta-ações e ações do modelo de referência Trevo Fractal Conceitual . 54

Quadro 2 - Seqüência de ações corretivas observadas para o teste RCT - entrevistados A, B, C, D ........................................................................................... 68

Quadro 3 - Seqüência de ações corretivas observadas para o teste COBB - entrevistados A, B, C, D ............................................................................................ 69

Quadro 4 - Seqüência de ações corretivas observadas para o teste de Gramatura - entrevistados A, B, C, D ............................................................................................ 70

Quadro 5 - Seqüência de ações corretivas observadas para o teste de Umidade - entrevistados A, B, C, D ............................................................................................ 71

Quadro 6 - Ações Descritivas do MTF (Continua) ........................................... 77

Quadro 7 - Formalização gráfica das ações desenvolvidas no MTF ......................... 81

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Dados de produção detalhados por turno e por contra mestre ................ 72

Tabela 2 - Detalhamento de não conformidade por teste (RCT e Umidade)............. 73

Tabela 3 - Detalhamento de não conformidade por teste (Gramatura e Coob) ......... 74

Tabela 4 - Consolidação da correlação entre dados de não conformidade (RCT e Umidade) e contra mestres ....................................................................................... 75

Tabela 5 - Consolidação da correlação entre dados de não conformidade (Gramatura e Cobb) e contra mestres .......................................................................................... 75

Tabela 6 - Consolidação da correlação entre dados de não conformidade (RCT, Umidade, Gramatura e COBB) e contra mestres sobre total de bobinas produzidas 76

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABTCP Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel

BRACELPA Associação Brasiléia de Celulose e Papel

ERP Enteprise Resouce Planning (Planejamento de Recursos

Empresariais)

FEMEA Failure Mode and Effect Analisys (Metodologia de análise do tipo

de falha)

GDP Gestão do Desenvolvimento de Produtos

ISO International Organization for Standardization

(organização internacional para padronização)

MASP Método de Análise e Solução de Problemas

MTF Modelo de Trevo Fractal

MR Modelo de Referência

MRP Planejamento de Necessidade de Materiais (Material Requriment

Planning)

MRPII Planejamento de Recursos de Fabricação

MRs Modelos de Referência

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PDCA Plan, Do, Check, Act (Planejamento, execução, verificação,

Ação)

PDP Processo de Desenvolvimento de Produto

PDP-Unificado Processo de Desenvolvimento de Produtos - Modelo Unificado

de Rozenfeld

RCT Ring Cruche Test

SCOTT BOND Teste de Compressão por Anel

TAPPI Profissional Organization Dedicated to the Pulp and Paper

Industries

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 13

1.1 HIPÓTESE ..................................................................................................... 14

1.2 OBJETIVO ..................................................................................................... 15

1.2.1 Objetivos Específicos ................................................................................... 15

1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 15

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................... 16

2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO .................................................................... 17

2.1 SISTEMA DE PRODUÇÃO DE PAPEL KRAFT ............................................ 17

2.1.1 Matéria Prima para Produção de Papel ....................................................... 19

2.1.2 Preparação da Massa do Papel ................................................................... 22

2.1.3 Formação da Folha de Papel ....................................................................... 24

2.1.3.1 Sistema de Formação de Mesa Plana ..................................................... 24

2.1.3.2 Sistema de Forma ou Máquina com Forma Redonda .............................. 25

2.1.4 Prensagem da Folha de Papel ..................................................................... 26

2.1.5 Secagem da Folha de Papel ........................................................................ 27

2.1.6 Papéis de Embalagens Pesadas ................................................................. 28

2.2 ANÁLISE DE CONFORMIDADE.................................................................... 31

2.2.1 Ring Cruch Test (RCT) ................................................................................ 31

2.2.2 Teste de MULLEM ....................................................................................... 32

2.2.3 Teste de COBB ............................................................................................ 33

2.2.4 Delaminação ................................................................................................ 34

2.2.5 Gramatura .................................................................................................... 34

2.2.6 Umidade....................................................................................................... 35

2.3 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO (PDP) .................... 35

2.3.1 Modelos de referência para PDP ................................................................. 39

2.3.2 Tipos de Modelo de Referência no PDP ..................................................... 46

2.3.3 Fases do PDP de Rozenfeld (2006) ............................................................ 48

2.4 O MODELO DE REFERÊNCIA TREVO FRACTAL NO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO OU PROCESSO .......................................................................... 51

3 METODOLOGIA ................................................................................................ 56

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................. 56

3.2 LOCAL DO ESTUDO ..................................................................................... 56

3.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS ............................................................... 56

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................... 59

4.1 RESULTADOS OBTIDOS .............................................................................. 59

4.1.1 Resultados do Processo Produtivo .............................................................. 59

4.1.2 Ações de Correção no Processo Produtivo por Teste de Conformidade ..... 63

4.1.3 Detalhamento das Ocorrências de não Conformidade ................................ 71

4.1.4 Resultados do Modelo Trevo Fractal ........................................................... 76

5 CONCLUSÕES.................................................................................................. 82

6 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................... 83

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 84

APÊNDICE A - Instrumento da Pesquisa Qualitativa ...................................... 89

APÊNDICE B - Roteiro Entrevista ..................................................................... 92

APÊNDICE C - Dados Produtivos do Papel Kraft ............................................ 95

ANEXO A - Modelo do PDPOC Orientado ao Cliente de Cheng e Melo Filho 98

ANEXO B - Modelo do PDP pelo Método PACE .............................................. 100

ANEXO C - Modelo do PDP de Pahl e Beitz ..................................................... 102

ANEXO D - Modelo do PDP de Ulrich e Eppinger ........................................... 104

ANEXO E - Modelo do PDP Total Desing de PUGH ........................................ 106

ANEXO F - Modelo de Integração de Atividades de PDP ............................... 108

ANEXO G - Modelo de Desenvovimento com Stage Gates ............................ 110

ANEXO H - Modelo de decisão estratégica de desenvolvimento de produtos ......................................................................................................... 112

ANEXO I - Modelo de Referencia de Campos ................................................ 114

ANEXO J - Modelo do PDP de Urban e Hauser ............................................... 116

ANEXO K - Modelo do PDP de Clark e Wheelwright ....................................... 118

ANEXO L - Modelo de Referência Conceitual de Camargo ............................ 120

13

1 INTRODUÇÃO

No cenário atual o Brasil é um dos maiores produtores de papel de alta

qualidade no mundo, com projeções de expansão embasada nas evoluções

tecnológicas dos equipamentos. Assim caracterizando um cenário competitivo com

um grande destaque para o estado do Paraná, considerado um dos maiores

produtores nacionais de papel (SINPACEL-PR, 2010). A competição por mercados

consumidores motiva a procura de alternativas para se realizar o aprimoramento do

planejamento e controle da produção na indústria de papel.

O processo de produção do papel possui características semelhantes nas

indústrias desse ramo, independente dos equipamentos utilizados por essas

empresas, se diferenciando apenas na estrutura física e produtivas. No processo de

produção de papel, a folha pode ser formada através do processamento de resíduos

recicláveis ou matéria prima virgem, podendo desta forma ser destinado aos mais

variados tipos de consumo. No sistema podem ocorrer anomalias de processo, que

comprometem o sistema produtivo, influenciando assim em todo processo

operacional da produção.

A indústria de papel atualmente enfrenta grandes dificuldades para a

estabilização e manutenção dos parâmetros de qualidade especificados pelos

clientes, esta realidade pode gerar grande deficiência no produto final.

Por meio dos testes de qualidade é possível verificar-se como as variáveis

de processo podem influenciar no produto final. As anomalias do sistema de

produção de papel Kraft são identificadas com o uso das análises de resistência,

nível aquoso da massa, umidade, entre outros testes que controlam a qualidade do

produto. As não conformidades de formação da folha de papel tais como umidade,

manchas na capa da folha de papel, têm influência direta na qualidade do papel

produzido.

O papel Kraft, alvo do estudo, apresenta como uma de suas características o

fato das matérias primas serem das mais variadas origens (pasta mecânica, celulose

e resíduos industriais e domésticos de papel), influenciando diretamente no controle

de processo e qualidade.

As informações geradas durante o controle da produção e qualidade, podem

levar as ações de correção pontuais e de efeito limitado. Isto pode ocorrer em

14

função das tomadas de decisões muito rápidas, pouco amadurecidas e com

informações deficientes, assim refletindo diretamente no processo. Disciplinando-se

o fluxo de dados gera-se informações com melhor qualidade para o controle

produtivo. Uma alternativa pode ser o uso de um modelo de referência utilizado no

Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP) para organizar e disciplinar as

várias etapas do desenvolvimento de produto e melhoria de produto ou processo.

Com o auxílio de um modelo de referência procura-se ter uma visão mais ampla e

detalhada de cada etapa do sistema de produção, que não se tem nas ferramentas

tradicionais de gestão de produção (por exemplo, MASP). Desta forma, gerar-se-á

uma melhor abrangência das informações facilitando a identificação das variáveis de

processo em cada etapa, obtendo-se assim, uma melhor compreensão do todo.

1.1 HIPÓTESE

Na busca para obter-se propostas mais abrangentes de melhoria de

processo para a produção de papel Kraft, faz-se o seguinte questionamento:

Um modelo de referência de desenvolvimento de produto e processo é

capaz de propor melhorias de processo para a indústria de fabricação de

papel Kraft?

Delimitado o problema, juntamente com uma avaliação preliminar do

contexto em função das variáveis principais, formula-se a seguinte hipótese:

O modelo de referência Trevo Fractal em suas ações possui

características adequadas para auxiliar melhoria do processo na produção

de papel Kraft.

15

1.2 OBJETIVO

O trabalho tem como objetivo geral:

Buscar a melhoria do processo de produção de papel Kraft, em máquinas

equipadas com o sistema de rolo formador, com o auxílio de modelo de referência.

1.2.1 Objetivos Específicos

- Conhecer o processo de fabricação do papel Kraft em máquina de rolo

formador;

- Identificar os testes de qualidade no processo fabril de papel Kraft;

- Identificar as variáveis de processo, seus efeitos e influências na fabricação

do papel Kraft;

- Identificar a melhor seqüência de ações das equipes (contra mestres) para

correção de não conformidades;

- Usar um modelo de referência para obter ampla gama de soluções para

melhoria de processo de fabricação do papel Kraft;

1.3 JUSTIFICATIVA

As empresas do ramo de papel no cenário atual vêm buscando a melhoria

de sua eficiência produtiva, principalmente as que têm linha de manufatura voltada à

produção de papel para embalagem. O papel Kraft possui grande destaque devido

as suas características diferenciadas, sendo um dos produtos mais consumidos pela

indústria nacional.

As empresas produtoras de papel para embalagem em sua grande maioria

são compostas por unidades de pequeno e médio porte, empresas estas que

possuem grande deficiência na sistematização das atividades. Desta forma

ocasionando inúmeros problemas para se manter um controle efetivo da produção,

qualidade do produto e dos insumos utilizados. Apesar dos equipamentos utilizados

na indústria estarem em constante aprimoramento mecânico e de automação, a

eficiência na linha de manufatura continua distante do ideal. A falta de registro das

16

técnicas utilizadas dentro da unidade industrial pelos indivíduos aliada a grande

oscilação na produção ocasionam vulnerabilidade às empresas.

O conhecimento tácito gerado fica retido nos indivíduos, sem nenhuma

forma de registro que venha a proporcionar uma análise da operação realizada ou

sua reprodução posterior.

Com o uso de um modelo de referência, se abrirá a possibilidade da

formalização do conhecimento tácito e sua posterior utilização numa proposta de

melhoria de processo de produção do papel Kraft. Proporcionando desta forma uma

visão muito mais ampla de todo o sistema produtivo, do que as ferramentas

tradicionais de gestão da produção tais como o MASP, que não proporciona o

aprofundamento detalhado dentro dos sistemas produtivos que analisam. Com o uso

do modelo de referência tem-se o desmembramento das etapas produtivas,

mostrando desta forma uma visão detalhada das características individuais de cada

fase do processo produtivo.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

No segundo capítulo apresenta-se o referencial teórico da pesquisa:

processo de fabricação do papel Kraft, tipos de papel Kraft, testes de conformidade,

os modelos de referências e o modelo escolhido para a realização da pesquisa.

O terceiro capítulo é formado pela descrição da metodologia de pesquisa

utilizada, determinando a amostra de dados e os tipos de instrumentos utilizados no

decorrer da pesquisa.

No quarto capítulo são apresentados os resultados da pesquisa e a

discussão dos mesmos.

O quinto capítulo apresenta as conclusões fundamentadas nos dados

obtidos durante o estudo.

No sexto capítulo são apresentas algumas sugestões para o

desenvolvimento de futuras pesquisas relacionadas com este tema trabalhado.

As referências bibliográficas utilizadas no trabalho, juntamente com os

apêndices e anexos utilizados durante a pesquisa, estão disponibilizados no final da

dissertação.

17

2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

O capítulo de revisão bibliográfica tem por objetivo abordar a teoria

necessária para o desenvolvimento do presente trabalho.

2.1 SISTEMA DE PRODUÇÃO DE PAPEL KRAFT

Este tópico tem por objetivo, apresentar o processo fabril do papel Kraft,

proporcionando o conhecimento necessário para entendimento do mesmo e para a

realização deste trabalho.

Este tipo de papel tem algumas características (resistência mecânica,

porosidade entre outras) que devem ser controladas em função de sua aplicação na

indústria (embalagens, indústria gráfica etc.). Há uma série de tratamentos antes,

durante e após sua fabricação, para se obter uma lamina de alta qualidade.

Na Figura 1 pode-se observar um fluxograma básico de uma linha de papel

Kraft em máquina dotada do sistema de rolo formador, onde ao se observar o

desenho do sistema produtivo, nota-se que ele é dividido em dois estágios, ou seja,

dois fluxos na mesma linha produtiva.

Figura 1 - Sistema básico do processo de produção do papel Kraft Fonte: Autoria própria.

18

O primeiro estágio é identificado na figura um como “linha suporte”. Pode-se

observar que a massa utilizada para a produção do suporte (também chamado de

base ou miolo) da folha de papel segue em uma determinada linha de preparação da

massa passando por diversos estágios até se tornar própria para a produção do

Kraft. Cada etapa será descrita mais a frente, pois as etapas são iguais para os dois

estágios.

No segundo estágio o material utilizado tem uma qualidade diferenciada do

papel e sua receita também é diferente da utilizada na produção do suporte. O

segundo estágio é identificado na Figura 1 como “linha capa”.

Desta forma, têm-se duas massas de fibras usadas na produção de uma

única folha de papel.

A produção é composta por vários estágios. O primeiro (preparação da

massa) consiste na classificação e na remoção das impurezas da matéria-prima, no

pátio de armazenamento de material. Neste pátio ocorre a organização e

classificação dos materiais por composição. Este procedimento ocorre antes do

estágio de desagregamento nos pulpers, no início de cada linha (Figura 1).

A matéria prima que formará a massa de fibras e posteriormente a lamina de

papel é diluída pelo sistema mecânico chamado de hidra pulper ou desagregador de

fibras, o qual localiza-se no início da linha de capa ou da linha do suporte da folha de

papel. O equipamento é um tambor composto por uma parte fixa e outra móvel,

equipado com um rotor de lâminas, tendo o mesmo princípio de um liquidificador.

Quando o rotor é acionado, se forma um vortex que leva a celulose ou o reciclado

até as lâminas que desmancham a matéria prima fazendo com que as fibras

presentes na mistura fiquem soltas para que se possa realizar a formação da lamina

de papel passando por outros estágios. O tempo de agitação da massa fibrosa

juntamente com a qualidade da matéria prima que irão influenciar na qualidade da

massa, esta tem sua receita determinada pelo tipo e qualidade do papel a ser

produzido. A massa processada é formada por 5% de material sólido e o restante de

água (FAYOLLE, GRAVIER, ATES, 2009).

Em todo este estágio o controle de produção tem que ser minucioso, pois

nesta fase, ocorrerá a adição dos aditivos, através de dispositivos mecânicos de

dosagem, que influenciam diretamente no produto e são controlados pelos testes de

não conformidades em laboratório. Os aditivos podem ser soda cáustica e amido

19

que juntamente com a adição de outros ingredientes (cola, corante, etc.) tem a

função de melhorar a qualidade do papel durante a sua formação. A mistura dos

aditivos na massa ocorre na primeira etapa da produção.

A mistura é colocada em tanques de espera ou pulmão, onde são separadas

por aplicação, sendo uma massa usada para a capa do papel e outra para o suporte

do papel. No tanque de espera continua ocorrendo a agitação da massa para

manter-se a homogeneidade do produto.

Na sequência a massa é colocada na caixa de alimentação da máquina,

onde vai ser realizada a formação do papel sobre a tela formadora ou no feltro

pegador no caso do sistema de rolo formador.

Em seguida a folha de papel é submetida à bateria de secagem para retirada

de umidade e enrolada num cilindro receptor, antes de o papel ser rebobinado nos

padrões que o cliente determinou. Neste momento que são coletadas as amostras

para a realização do testes de conformidade (CELULOSE ON-LINE, 2009).

A folha de papel destinada à escrita deve ser um pouco mais absorvente,

para que se possa escrever em sua superfície com tinta, ou um pouco mais áspera

para o uso de lápis, mas ele não pode ser tão absorvente como um mata-borrão.

Para isso, recebe um banho superficial de amido (de mandioca) durante a secagem,

além de se adicionar breu durante a preparação de massa (ABTCP, 2009).

Em todo processo há vários fatores que direta ou indiretamente influenciam

no sistema de produção e conseqüentemente na qualidade do produto final.

2.1.1 Matéria Prima para Produção de Papel

A matéria prima interfere diretamente na qualidade do produto final.

O papel é feito geralmente de matéria prima virgem (tecnicamente chamada

de celulose de fibras longas e curtas), pasta mecânica (polpa de madeira, que não

recebe o mesmo tratamento de obtenção da celulose). Ambas são polpa de

madeira. A celulose é obtida através de um processo industrial mecânico ou químico

que utiliza matéria vegetal para extração de fibras. A fonte tradicional de fibras são

árvores da espécie das coníferas (pinos e araucária etc.) ou outras variedades de

árvores que tenham sua massa corpórea constituída por fibras macias (BRACELPA,

20

2009). A indústria de celulose e papel consome 19,3% da matéria prima florestal,

movimentando variados ramos de imprensa e gráfica (jornais, livros, cadernos

escolares, talões de cheque, etc.), embalagens (caixas de papelão, sacos de

cimento, de ração animal, caixas para o comércio), sanitários e usos especiais

(BRACELPA, 2009).

A produção industrial de celulose no Brasil, a partir da araucária iniciou-se

em Monte Alegre no início dos anos 40 utilizando-se dos processos sulfito e soda /

enxofre para obtenção das fibras. A primeira fábrica para produção de papel Kraft foi

instalada na década de 50 no estado do Paraná (SINPACEL, 2009).

Com a grande procura de matérias prima destinada à produção de folha de

papel, conseguiu-se através de vários estudos encontrar materiais fibrosos de alta

qualidade apropriados à produção de celulose em vários tipos de vegetais. A

indústria de papel dá preferência às espécies que possuem massa corpórea com

baixo grau de rigidez, fator este que facilita a extração da fibra, proporcionando um

alto rendimento. Dependendo do tipo de papel que se pretende fabricar pode-se

utilizar fibras extraídas do bambu, cana de açúcar, papiro entre outros materiais

ricos em fibras.

A indústria possui uma grande alternativa no eucalipto devido a sua alta

produção de fibras longas. Iniciou-se no estado de São Paulo, em 1957, a produção

em grande escala de celulose a partir do eucalipto para a produção do papel Kraft.

Desta forma estabeleceu-se o caminho para a grande etapa de industrialização da

celulose, levando o Brasil a posição de sexto produtor do mundo (ABTCP

2010/SIMPACEL, 2010).

A seguir serão apresentados alguns tipos de matérias primas para a

produção do papel:

Pasta química (Celulose)

É o material que, após cozimento, atinge pelo menos o grau mínimo de

expansão da fibra, devendo ser equivalente ao número de Permanganato (grau de

deslignificação da polpa celulósica) 50, com um conteúdo máximo de lignina ao

redor de 10% (TAPPI, 2010).

21

Pasta semiquímica

É a pasta cuja remoção de lignina foi apenas parcial, atingindo grau ROE

(teor de permanganato) de 10 a 28, equivalente ao número de permanganato de 50

a 140. Geralmente, depois do cozimento, segue-se um desfibramento mecânico

(TAPPI 2010).

Pasta mecânica

Pasta mecânica, conhecida também por pasta de madeira, material este

obtido através de processo mecânico de separação das fibras, no equipamento

conhecido como moinho desfibrador. A madeira e segmentada em pequenas lascas

ou toras dependendo de seu diâmetro, após limpas (retirada de cascas e galhos), é

levada para o moinho desfibrador, onde será pressionada contra uma pedra (natural

ou sintética) rotativa obtendo uma massa rica em fibras. A qualidade do produto

obtido irá variar da qualidade da madeira usada pra a obtenção da poupa fibrosa

(BRACELPA, 2011).

Matéria prima da reciclagem

As primeiras fábricas brasileiras de papel utilizavam de papéis descartados

para a produção de novos produtos. Nessa ocasião a quase totalidade das

necessidades brasileiras de papel, em seus diferentes tipos, era suprida por

fornecedores do exterior.

Na medida em que se ampliava à fabricação de papel no país a partir de

matérias-primas virgens, paralelamente ampliava-se a atividade de reciclagem,

conseqüência da maior disponibilidade de papéis de origem reciclada.

Em tempos recentes, a reciclagem de papel vem apresentando um destaque

crescente, na medida em que contribui para a preservação e conservação do meio

ambiente e para a solução da questão da destinação dos lixos urbanos

(BRACELPA/ CELULOSE ONLINE, 2009/2010). Um tipo característico de material

reciclado para a produção de papel são as Aparas.

22

Aparas

Aparas é o nome dado aos resíduos de papel coletados depois de usados.

Estes materiais são coletados por firmas especializadas, selecionados, enfardados e

vendidos às fábricas de papel como matéria-prima. Não existe uma classificação

destes materiais, porém, têm-se no mercado vários tipos de matérias fibrosos, tais

como: aparas brancas ou acetinadas, linha d'água ou mantas, jornal, ondulado,

arquivo misto, primeira ou tipografia, cartonagem, revistas e hollerith. O resíduo

acetinado ou branco é constituído de material fibroso de excelente qualidade, onde

na composição das folhas de papel não é encontrada a adição de pasta mecânica

em sua receita.

As aparas de arquivo misto são também chamadas de tipografia ou de

primeira, são as aparas constituídas de papéis brancos impressos, admitindo a

inclusão de algum papel em cores claras. São coletadas normalmente em despejos

dos escritórios e nas tipografias.

As aparas cartonagem são as aparas constituídas de papelão e cartão

recolhido nas cartonagens e gráficas fabricantes de cartuchos e caixas, podem ser

de varias qualidades, podendo ser de papel Kraft ou maculatura.

Aparas hollerith é o nome genérico dado às aparas formadas por cartões

perfurados usados em máquinas de contabilidade. Geralmente, por ser fabricada a

base de celulose de alta resistência, são disputados no mercado para fabricação de

papéis de embrulho e embalagem de baixo preço (CELULOSE ONLINE, 2009).

2.1.2 Preparação da Massa do Papel

A preparação da massa inicia-se na classificação e na remoção das

impurezas da matéria-prima virgem (madeira) e/ou reciclada (aparas), e retirada de

materiais nocivos ao processo (resíduos de ceras, óleos etc.). As impurezas

encontradas na matéria prima podem vir a reagir com alguns aditivos químicos

usados no processo de produção, prejudicando algumas reações químicas do

processo, tais como a quebra de moléculas que geram a pentoses e lignina. A

pentose é um termo utilizado para os carboidratos complexos que sofrem hidrólise

durante o processo de quebra das fibras ou moléculas. O processo é induzido por

adição de um regente químico que ira auxiliar na separação das fibras. As enzimas

23

que são liberadas no processo se transformam em açúcar. Já a lignina liberada na

reação é um polímero com estrutura amorfa que irá funcionar como uma cola,

mantendo desta forma as fibras de celulose unidas.

Obtêm-se a massa para a confecção da folha de papel através do processo

de desagregamento ou diluição da matéria prima em partículas, em uma solução de

sulfeto de sódio (com 98% de pureza) (BRACELPA, 2009).

Durante o processo de geração da massa fibrosa, tem-se o início de mais

um estágio de controle de qualidade e de produção, pelo fato de o descontrole da

dosagem de produtos, tais como polímeros, cola entre outros usados no sistema

produtivo, poder vir a causar distúrbios que comprometem o produto final e até

mesmo a vida útil do equipamento.

Na preparação da massa fibrosa têm-se operações que devem ter uma

devida atenção por parte da equipe de controle operacional, tais como

acompanhamento de turvidez, pH entre outros que interferem direta ou

indiretamente na qualidade do produto. No tingimento adiciona-se uma porcentagem

de corantes durante a agitação, para melhorar ou para se obter a cor desejada da

lamina. Esta cor dependerá da especificação do papel e sua utilização final. A

colagem é a adição do breu ou de colas preparadas, estas servem para dar

aderência às fibras que estarão dando formação à folha, após a secagem.

A correção do pH (acidez ou alcalinidade) normalmente é pelo fato de a

celulose estar em suspensão em uma solução de água alcalina, cuja alcalinidade

deve ser parcial ou totalmente neutralizada. Para manter este estado utiliza-se o

sulfato de alumínio. Esta correção de pH vai também ajudar na colagem e tingimento

das fibras do papel KARFT (WANG, 2006).

A depuração tem a finalidade de manter a composição fibrosa ideal da

pasta, mantendo assim livre de impurezas, que possam comprometer o processo de

produção da lamina de papel. Em seguida ter-se-á a refinação da massa que dará

as qualidades exigidas ao papel através da moagem das fibras (ANDRIONI, 2006).

O refinador é composto por discos rotativos que trabalham um contra o

outro, a massa passa por seu interior ocorrendo a quebra da fibra. Este equipamento

é importante para o preparo da fibra e formação da lamina de papel, proporcionando

a melhoria das características de resistência da folha de papel para embalagem.

24

2.1.3 Formação da Folha de Papel

A formação da folha de papel é feita através de um composto aquoso que

mantém as fibras separadas e em suspensão. O composto alimenta as formas, que

em seu interior se encontra os rolos formadores compostos por uma tela metálica e

duas de náilon. A água escoa através da tela e as fibras são retiradas através do

contato do rolo com um feltro pegador formando assim uma espécie de tecido. O

setor de formação nos sistemas de mesa plana e rolo formador podem ser

visualizados nas Figuras 2 e 3 respectivamente.

2.1.3.1 Sistema de Formação de Mesa Plana

No sistema de formação da lamina de papel Kraft por mesa plana, na

entrada da máquina tem uma tela esticada que recebe a massa ou pasta contendo

as fibras de celulose e os demais aditivos utilizados no processo de produção de

papel. A tela metálica apóia-se sobre roletes e é estendida, para formar uma área

plana horizontal. Esta tela desliza com velocidade constante, onde recebe na parte

inicial do setor plano a suspensão das fibras para formação da folha. A consistência

(adição de água) da massa fibrosa irá variar dependendo da gramatura da folha que

está sendo produzido no determinado momento, variando sempre entre 3% a 12%

no momento da injeção sobre a tela.

A tela desliza sobre uma série de elementos desaguadores, formando uma

manta, concebida pelo entrelaçamento das fibras, compactadas pelo sistema de

vácuo e com a manutenção de um grau de umidade que permita sua transferência

para a etapa seguinte do processo (ANDRIONI, 2006). Assim tem-se a formação da

manta de papel que após seco da origem ao produto que se utiliza para os mais

variados fins. Na Figura 2, pode-se visualizar o processo de formação no sistema de

mesa plana em todos seus estágios. Neste estágio são realizados vários controles

de processo, tais como, nível de líquido na massa e gramatura da lamina de papel.

25

Figura 2 - Mesa Plana, área de formação da lamina de papel através do sistema Fourdrinier Fonte: Autoria Própria

2.1.3.2 Sistema de Forma ou Máquina com Forma Redonda

O equipamento utilizado nesse sistema é dotado em sua entrada de um

sistema de forma redonda ou rolo formador, concebido para trabalhar em um

processo de folha continua.

No sistema de forma, a suspensão é introduzida em um tanque, onde está

submerso um cilindro coberto com tela perfurada, que devido à velocidade de sua

rotação leva a massa fibrosa até a tela de formação ou feltro pegador. As fibras

aderem a este feltro formando uma folha que é retirada do cilindro e mantida no

feltro por um sistema de vácuo. Este cilindro fica com aproximadamente dois terços

do seu corpo submerso dentro do tanque, sendo que isso proporciona que o líquido

que segue junto com as fibras retorne no processo de passagem pela tela do rolo

sem causar saturação do sistema. A passagem da água só ocorre pelo fato de que a

tela metálica que recobre o cilindro gira em velocidade constante, permitindo que a

água atravesse para dentro do cilindro e seja retirada. (ANDRIONI, 2006).

As máquinas que utilizam o sistema de rolo formador são constituídas por

um conjunto de formas (tanques) com rolos submersos em solução fibrosa, cada um

tendo uma função pré-determinada, realizando a formação da folha. Geralmente o

primeiro rolo da seção será responsável pela formação da chamada capa do papel e

os demais pelo corpo interno, podendo variar entre duas e nove formas, fator este

que proporciona produzir folhas com várias camadas operando com um único feltro

pegador.

Tela Formadora

Caixa de vácuo

Caixa de alimentação

26

A vantagem de se utilizar o sistema de rolo formador é que pode-se

manufaturar produtos fora do usual e com características diferenciadas,

proporcionando a produção de um papel diferenciado. Na Figura 3 pode-se

visualizar a estrutura do sistema de formação da folha pelo processo de formas

redondas.

Caixa de massa

Rolo pikp

Feltro pegador

Rolo guia e caixa de vácuo

Rolo formador

Figura 3 - Rolo formador, área de formação da folha de papel. Fonte: Autoria Própria

2.1.4 Prensagem da Folha de Papel

Segundo Andrioni (2006) o setor de prensa possui uma função essencial no

processo de produção de papel, que consiste na remoção de uma determinada

quantidade de água antes de submetê-la a secagem por calor. A área de prensagem

é composta por um conjunto de rolos lisos, enrugados ou perfurados dependo do

grau de retirada de umidade pretendido. A estrutura da prensa é completada pelos

rolos guia e pelo feltro de prensagem que possui porosidade diferente do feltro

pegador.

A máquina pode possuir quatro estágios de prensas úmidas, ou a

quantidade que for necessária para se atingir o índice ideal de retirada de líquidos

pelo processo de esmagamento, sendo a quantidade calculada a partir do tamanho

do equipamento e da velocidade que se deseja atingir no processo de produção, de

forma que a drenagem e secagem sejam eficientes dentro do processo produtivo.

27

O setor de prensagem é responsável pelo aumento da resistência da folha

em seu estágio úmido, aumentando o teor de sólidos sem danificar o entrelaçamento

das fibras, mantendo apenas o líquido retido pela porosidade das fibras.

O mau funcionamento da unidade de prensagem pode prejudicar a eficiência

da secagem da folha e conseqüentemente a qualidade estrutural do papel se estiver

com excesso de pressão ou alguma anomalia em sua superfície que retire a

uniformidade da espessura da folha. A Figura 4 apresenta uma estrutura de

secagem projetada para um equipamento de velocidade que pode passar dos 200

metros por minuto, equipado com sistema de rolo formador.

Prensa lisa, rolo superior. Prensa lisa, rolo inferior rígido

Feltro prensa

Rolo guia Folha de papel

Figura 4 - Setor de prensagem do papel Fonte: Autoria própria

2.1.5 Secagem da Folha de Papel

A terceira e última etapa é a secagem que é obtida inicialmente prensando-

se a folha, para retirar toda a água possível, e depois, passando a folha por cilindros

de ferro aquecidos, que provocam a evaporação da água. Na Figura 5 pode-se

visualizar como é formado o sistema de secagem da folha de papel.

28

O processo de secagem deve receber uma atenção especial, pois neste

estágio é que também se consolida grande parte da qualidade do produto, que é

definido pela umidade do papel, além disso, cada tipo de papel apresenta um grau

padrão de umidade.

Figura 5 - Secadores, área de secagem ou bateria de secagem Fonte: Autoria Própria

Feitas estas operações, o papel está pronto para uso, podendo ser cortado

no formato desejado pelo cliente.

2.1.6 Papéis de Embalagens Pesadas

A seguir serão apresentados os tipos de papéis de embalagens pesadas:

29

Kraft

Papel cuja característica principal é sua resistência mecânica, este material

é utilizado na produção de caixas de papelão e outros tipos de embalagens

destinados ao transporte e acondicionamento de produtos para transporte.

Kraft natural para sacos multifolhados

Papel fabricado com pasta química não-branqueada, essencialmente de

fibra longa, geralmente nas gramaturas de 80 a 90 g/m2. Altamente resistente ao

rasgo e com boa resistência ao estouro. Usado essencialmente para sacos e

embalagens industriais de grande porte.

Kraft extensível

Fabricado com pasta química não branqueada, essencialmente de fibra

longa, geralmente nas gramaturas de 80 a 100 g/m2. Possui alongamento no sentido

longitudinal maior ou igual a 8%. Usado para embalagem de sacos de papel.

Kraft natural ou em cores para outros fins

Fabricado com pasta química sulfato, não-branqueada, essencialmente de

fibra longa, geralmente com 30 a 150 g/m2, monolúcido ou alisado, com

características de resistência mecânica similar ao "Kraft Natural para Sacos

Multifoliados". Usado para a fabricação de sacos de pequeno porte, sacolas e para

embalagens em geral.

Kraft branco ou em cores

Fabricado com pasta química sulfato branqueado, essencialmente de fibra

longa, geralmente com 30 a 150 g/m2, monolúcido ou alisado. Usado como folha

externa em sacos multifoliados, sacos de açúcar e farinha, sacolas e, nas

gramaturas mais baixas, para embalagens individuais de balas etc.

30

Kraft para papelão ondulado

Papel de embalagem, usado na fabricação de papelão ondulado. Vide

subitens, para melhor classificação:

Miolo (Fluting)

Papel fabricado com pasta semiquímica ou mecânica e até mesmo aparas,

geralmente com 120 a 150 g/m2. Usado para ser ondulado na fabricação de papelão.

Capa de primeira (Kraft liner)

Papel fabricado com grande participação de fibras virgens, geralmente com

120 g/m2 ou mais, atendendo as especificações de resistência mecânica requeridas

para constituir a capa ou forro das caixas de papelão ondulado.

Capa de segunda (Test liner)

Papel semelhante a "Capa de Primeira”. Porém com propriedades

mecânicas inferiores, conseqüentes da utilização de matérias-primas recicladas em

alta proporção.

White top liner

Papel fabricado com grande participação de fibras virgens, geralmente com

150 a 385 g/m2, atendendo as especificações de resistência mecânica requeridas

para constituir parte das caixas de papelão ondulado.

Duplex

Possui a superfície branca e apresenta miolo e verso escuros, e utilizados

geralmente em embalagens de sabão em pó, medicamentos, cereais, gelatinas,

mistura para bolos, caldos, biscoitos e brinquedos.

31

Triplex

A superfície e verso são brancos e miolo escuro. São normalmente utilizados

em embalagens para chocolate, cosméticos, medicamentos, fastfood, caixas

bombons e bebidas.

Sólido (Folding)

Usado em embalagens de cigarros, cosméticos, medicamentos, higiene

pessoal, fastfood, capas de livros e cartões postais.

2.2 ANÁLISE DE CONFORMIDADE

Os testes de conformidade estão diretamente relacionados com as etapas

de produção. Cada etapa pode apresentar falhas que são identificadas através de

testes em amostras retiradas do produto acabado e do processo produtivo.

As análises realizadas na unidade produtora de papel são: o teste de

umidade da matéria prima e produto acabado, o RCT (ring cruch test), o mullen test,

cobb test, delaminação e gramatura, todos geram informações essenciais para

manutenção da qualidade final do produto.

2.2.1 Ring Cruch Test (RCT)

O RCT é um teste de resistência realizado na folha de papel através de

amostras extraídas no início e no final de cada bobina produzida. O resultado deste

ensaio (teste) sofre uma alta interferência da forma de preparação e

acondicionamento da amostra a ser utilizada. Logo após a obtenção da amostra, o

ensaio deve ser realizado para minimizar de interferência nos resultados obtidos. .

O teste consiste no esmagamento transversal de um anel de papel em uma

prensa de pratos planos que irá determinar a resistência da lamina a compressão,

de acordo com padrões estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT). Observando-se a Figura 6 nota-se que um anel de papel é

colocado em uma estrutura de metal que vai mantê-lo na posição, em seguida

32

colocado na prensa, carregado sua superfície com uma força de compressão até

que o anel de papel seja esmagado.

Figura 6 - Equipamento que realiza o teste de RCT

Fonte: Bracelpa (2009)

O teste fornece informação referente ao comportamento do papel ondulado

depois de ter sido formada a chapa de papelão, mas também fornece a

característica da folha de papel. O teste geralmente é realizado em papeis, que são

destinados à fabricação de embalagens ou produção de mantas de papelão na

indústria de transformação. Neste caso é determinando a resistência da embalagem

referente ao empilhamento máximo de caixas. A unidade de medida que o

equipamento efetua o teste é em kgf. O teste gera uma gama de informações

necessárias para a intervenção no sistema de manufatura (MOURAD, 2005).

2.2.2 Teste de MULLEM

O Teste de Mullen é um teste realizado para medir a força de

arrebentamento de papel ou cartão. Em um ensaio também chamado de pop test, o

papel tem uma amostra retirada no início e término da bobina. A amostra é

constituída de uma fita de aproximadamente de 10 a 15 centímetros. A amostra é

colocada entre dois anéis como se fossem grampos em um dispositivo pneumático

chamado test mullen ou de pressão hidráulica. É utilizado para inflar um diafragma

de borracha, que se expande contra a amostra alongando a mesma até que o papel

arrebente. Este procedimento e feito em ambas as superfícies do papel (MOURAD

1999).

O valor da medida da pressão hidráulica no momento em que a amostra

apresentar a ruptura é a sua resistência ao arrebentamento (normalmente expressa

Tira de papel (amostra)

33

em libras por polegada quadrada ou quilograma força por centímetro quadrado).

Este teste é realizado normalmente em papel e placas concebidos para uso em

embalagens, sacolas e envelopes. Ele raramente é feito em papeis destinados à

indústria gráfica ou papeis mais simples ou que não necessitem este tipo de teste.

2.2.3 Teste de COBB

O teste de cobb é a medida realizada que expressa a taxa de absorção de

água do papel, realizada com os índices para cada tipo de gramatura e papel

conforme o método Tappi T441.

O teste consiste em determinar a quantidade de água absorvida por uma

amostra de folha de papel ou outro material em um determinado tempo e sobre

condições padronizadas. Outros líquidos, tais como tintas, bebidas, petróleo, água e

soluções, podem ser utilizados em vez da água, isto será determinado através da

utilização do produto.

O ensaio é realizado com a divisão da área da amostra em cem centímetros

quadrados por um anel metálico de contenção de líquido. A folha de papel é

colocada sob o referido anel o qual vai acondicionar 100 centímetros cúbicos de

líquido derramado sobre a superfície do papel, que deverá ter altura aproximada de

um centímetro no interior do anel (TAPPI T441, 2009).

Outro artefato para o teste é um cilindro de aço e um temporizador ou

cronômetro, para que o tempo em que o líquido fica em contato com a superfície do

papel testado seja uniforme em todas ensaios realizados (MOURAD, 1999)

O cilindro é de aço inoxidável com 20 centímetros de comprimento por 10

centímetros de diâmetro e pesando entre 10,0 + 0,5 kgf. Este cilindro é para auxiliar

na limpeza da amostra, ou seja, retirar o líquido que fica fora da superfície da folha

que esta sendo testada, conforme mostrado na Figura 7. Para a realização total do

teste também é utilizado de uma balança de alta precisão com sensibilidade

aproximada de 0,01 gramas ou menos.

34

Figura 7 - Equipamento teste COBB Fonte: BRACELPA 2009

2.2.4 Delaminação

A delaminação é a análise interna da folha de papel, realizando a separação

das camadas que compõem a folha. Desta forma verifica-se a quantidade de fibras

por cm2 e analisam-se os aspectos de formação da folha (entrelaçamento de fibras

longas e curtas). Os defeitos são ocasionados pela heterogeneidade demasiada

entre os materiais que constituem as camadas, por diferença de espessura das

folhas, e por secagem irregular.

O teste Scott Bond é utilizado para realizar a delaminação ou separação das

multicamadas da formação da lamina de papel. A formação adequada entre as

camadas é uma característica importante na resistência. O método utilizado para a

realização do teste é o teste TAPPI T 541, onde exerce uma força sobre a superfície

da amostra devendo ser de forma perpendicular a amostra que esta sendo

estudada. Tendo o intuito de eliminar os efeitos das tenazes ou gabaritos no

momento de se realizar a separação das camadas, a força imprimida no ato de

separação não pode ter variações e a direção do esforço empregado sempre na

vertical para o perfeito rompimento das camadas. (TAPPI, 2009)

2.2.5 Gramatura

A gramatura ou gramagem, nada mais é do que o peso da folha de papel por

unidade de área, sendo expresso em gramas por metro quadrado.

35

A gramatura é a especificação mais importante do papel, já que este é

comumente comercializado com base no peso, o que influencia fortemente nos

custos produtivos. Por isso, sempre que se analisa o peso do papel, devem ser

levadas em consideração às diferenças de gramaturas de um papel para o outro.

Interferindo diretamente no valor de venda do produto no mercado.

O teste de gramatura consiste na pesagem por meio de uma balança

analítica (alta precisão) das amostras retiradas no início e no término de cada bobina

(MOURAD, 1999).

A gramatura do papel afeta a maioria das propriedades, principalmente as

mecânicas e as ópticas. Para facilitar uma comparação, é comum relacionar

algumas propriedades à gramatura, como, por exemplo, o índice de tração que é o

quociente entre a resistência à tração e a gramatura.

2.2.6 Umidade

A umidade é um fator que deve ser muito bem acompanhado durante todo o

processo produtivo, pois tem uma grande influência no produto final e que pode ser

diagnosticado através de um teste bem simples. Sendo apenas necessário se ter

uma estufa e uma balança analítica, desta forma a amostra é pesada e em seguida

colocada na estufa que deverá ficar por um período de tempo e temperatura

constante. Sendo em seguida pesada novamente e comparado com o padrão

(MOURAD, 1999; TAPPI, 2010).

2.3 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO (PDP)

Rozenfeld (2001) vem definir processo como a existência de acontecimentos

que geram fenômenos decorrentes de atividades oriundas de uma atividade

industrial, de forma independe a sua estruturação interna num contexto

organizacional formal.

O conceito de processo durante toda sua evolução vem se tornando base

para uma série de trabalhos que realizam abordagens de gestão industrial

implantadas juntamente com programas voltados à gestão integrada de qualidade.

36

Entretanto, na melhoria continua de processos produtivos costuma-se utilizar

ferramentas, técnicas de gestão e métodos de criatividade em sua grande maioria

de forma seqüencial, com caminhos pré-definidos na geração de idéias cada vez

mais conceituais, visando soluções inovadoras em busca de contraposição a

soluções puramente técnicas, formando uma base para a gestão (ALVES, 2008).

No Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP) tem-se a necessidade

de gerenciamento em todos os seus aspectos estruturais na busca de resultados

satisfatórios e atenuação de riscos e incertezas que são gerados durante o

processo. O acompanhamento por parte da equipe gestora de PDP juntamente com

o desenvolvimento do planejamento apresenta melhora imediata nas atividades

empresariais e competitividade da empresa. (PASTOR, 2008).

A modelagem de um processo oferece um suporte diferenciado no que se

trata do entendimento das fases de processo, assim proporcionando uma visão

uniforme da fase que esta sendo observada naquele determinado momento, vindo a

influenciar diretamente no planejamento e em todas as suas fases de monitoramento

(ROMANO, 2003). Segundo Rozenfeld (2006) a equipe de desenvolvimento, ou

seja, a empresa deve ter uma visão holística que venha a equivaler ou aproximar-se

de uma imagem única, de forma sintética de todos os elementos que compreendem

a empresa. Os elementos de uma empresa normalmente compreendem: estratégia,

informações e parâmetros organizacionais, formando uma inter relação das áreas

industriais, fatores que podem ser visualizadas na Figura 8.

37

Figura 8 - Visão holística do processo industrial Fonte: Rozenfeld - 2006

A visão do todo é essencial para a tomada de decisão acertada e um

comprimento do papel esperado dos componentes no processo de modelagem.

Porém em sua grande maioria os indivíduos que compõem o quadro gerencial,

chegaram a este nível vindo de área especifica, em sua maioria carregando visão

distorcida do todo. Em contra partida é encontrado gestores empolgados com

recursos computacionais, estrutura e os equipamentos de alta tecnologia, como a

salvação da empresa. Entretanto só estes fatores não são suficientes para uma

modelagem bem sucedida, pois o individuo preparado e comprometido com o PDP

complementa a alimentação do todo e tem a visão holística do processo

(ROZENFELD, 1996).

A modelagem do PDP pode ser feito por meio do modelo de referência (MR)

que permite que os gestores das ações e do programa tenham uma visão muito

mais detalhada do processo produtivo. As avaliações do processo, em todas as

fases de seu desenvolvimento, a onde ira gerar diagnósticos precoces e

potencializará de forma adequada o desenvolvimento das atividades, desta forma a

utilização do MR permite a avaliação, e o desenvolvimento do processo com a

criação de um MR específico a atividade de cada empresa.

A visão integrada proporcionada pelo modelo em todo processo estudado

vem a permitir a identificação de seus elementos, suas estratégias, atividades,

informações recursos e organização, assim como suas inter-relações. Entretanto se

podem destacar benefícios que o modelo de referência trás como elementos de seu

desenvolvimento adequado (ROZENFELD, 2006).

38

Na realização de uma modelagem de processo, melhoria de produto, são

utilizadas ferramentas intrínsecas ao modelo de referência e em muitos casos levam

a introdução de novas ferramentas de gestão para se alcançar os objetivos

desejados, mas lembrando que o padrão mínimo exigido por um PDP deve ser

mantido para que ele seja considerado um MR e leve a soluções para o problema

tratado e suas variáveis.

As variáveis e particularidades devem ser levadas em conta, pois

influenciam diretamente na seleção de alternativas, na busca por resultados cada

vez mais satisfatórios, devendo estar sempre atento na hora de se realizar uma

modelagem (JEONG, WU, HONG, 2009). Entretanto não se pode esquecer que as

empresas apresentam particularidades especificas de cada uma e que essas

características devem ser levadas em conta em toda uma adequação de contexto

quando se trata de PDP, respeitando as etapas de ações e garantido a sua

reprodução.

Na busca por soluções viáveis dentro dos contextos produtivos, buscam-se

métodos de trabalho que auxiliem a gestão de desenvolvimento de produtos,

contudo que as problemáticas sejam de certa forma subjetiva e complexa e

apresentem inúmera fonte de soluções. Para Cheng e Melo Filho (2007) ao se

realizar um processo de desenvolvimento através do uso de um modelo de

referência, se reduz o tempo estimado para se chegar às soluções e posteriormente

reduzir os custos operacionais e podendo influenciar na qualidade do produto. Os

modelos de referência podem proporcionar diferenciais competitivos as instituições,

além de promover mudanças na forma de trabalho e levar a uma melhoria contínua

do produto ou processo, pois o modelo de referência é desenvolvido através de

pesquisa direcionada.

O PDP em todo o seu formato técnico dentro de um processo de negócios

pode trazer uma vantagem competitiva para a empresa (SALGADO, SALOMON,

MELLO, 2010). Assim para muitas indústrias, o desenvolvimento de novos produtos é

o mais importante fator de sustentação do sucesso, pelo fato de sustentar ou dar

maturidade ao estágio de negócios que deve ser parte integrante de um modelo de

referência. A ênfase no desenvolvimento de novos produtos tem estimulado

pesquisadores de gestão estratégica, a engenharia, marketing e outras disciplinas,

para estudar o processo de desenvolvimento de novos produtos, pois

39

desenvolvimento e negócios (mercado) são nada mais que partes integrantes do todo

em um PDP de sucesso. (BLAGOEVSKI, 2007).

2.3.1 Modelos de referência para PDP

O modelo de referência proporciona um estudo amplo dos fatores que

envolvem desde a avaliação de uma idéia até o lançamento do produto. Dentre

estes fatores estão os relacionados com a produção de um produto ou com um

processo de produção.

Para Barbalho e Rozenfeld (2004), a definição para o conceito de modelo de

referência de processo de desenvolvimento de produto é baseada nos conceitos do

Primary Immune Deficiency Diseases (PIDD), que apresentam um conceito completo

de modelo, com a seguinte definição:

“Um modelo é uma representação externa e explícita de parte da realidade vista pela pessoa que desejar usá-lo para apoiar a execução de tarefas relacionadas com aquela parte da realidade, sejam operacionais ou gerenciais, sendo expresso em termos de algum formalismo (linguagem) definido por construtos de modelagem” (BARBALHO E ROZENFELD, 2004).

A definição de modelo cabe uma análise minuciosa e uma longa reflexão. A

presente explanação de um conceito de modelo de referência é muito além de uma

simples apresentação da realidade de uma linha de produção, tendo a capacidade

de agregar um propósito, pelo fato de que uma mesma realidade pode ser

vislumbrada de várias formas por indivíduos com vários objetivos quanto ao todo

estudado (BARBALHO, 2006).

Para Rozenfeld (2006), o modelo de referência é uma representação da

visão holística de forma mais aprofundada do processo de desenvolvimento de

produto. Nele são apresentadas as principais dimensões de um processo produtivo

ou de negócios, contendo um maior nível de detalhamento possível, auxiliando na

composição do estudo de um processo de desenvolvimento de produtos e processo.

40

Segundo Echeveste (2003)1, é importante observar que os modelos

possuem características similares, mas com enfoques diferenciados. Isto significa

que, todos possuem funcionamento de modelos estruturados para a

operacionalização do processo de desenvolvimento de produtos.

Para Danilevicz (2006)2 os fatores produtivos são igualmente comparados

com o paradigma tradicional de gerenciamento, o qual evoluiu para um sistema inter

funcional. O desenvolvimento de produtos deixa de ser uma atividade exclusiva da

engenharia e passa a ser uma ciência incorporada de elementos de todos os

departamentos empresariais necessários a condução de suas atividades. O modelo

de referência em toda a sua contextualização do ambiente produtivo, nunca

descreverá com perfeição e de forma completa integralmente uma realidade.

(BARBALHO, 2006)

Apesar de empresas de diferentes portes trabalharem com diferentes

métodos e terem conceitos e formas diferentes de decisões, todas tem um objetivo

em comum e tomam decisões sobre uma mesma gama de assuntos como, conceito

do produto, arquitetura, configuração, preparativos para consecução e distribuição,

planejamento do projeto, entre outros buscados pelos indivíduos que se utilizam do

modelo de referência dentro do processo de desenvolvimento de produto

(BOLGENHAGER, 2003)

Para Rubio (2003), o modelo deve ser adaptado para viabilizar de forma

mais ampla um estudo exploratório que venha a proporcionar tanto, condições

adequadas para os indivíduos terem referências necessárias para coletar,

classificar, analisar e comparar os dados, para as diferentes abordagens do

processo de composição do modelo, interagindo ou gerando um processo cada vez

mais dinâmico no processo de desenvolvimento.

O modelo de referência é parte essencial de projetos de produtos, mas

devem ser adequados ao trabalho que esta sendo desenvolvido, pelo fato que a

realização de forma correta do uso desta ferramenta ira gerar uma gama enorme de

1 ANEXO I MODELO DE INTEGRAÇÃO DE ATIVIDADES DE PDP e ANEXO J MODELO DE DESENVOVIMENTO COM STAGE GATES

2 ANEXO L MODELO DE DECISÃO ESTRATÉGICA DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

41

informações importantes para a Gestão do Desenvolvimento de Produtos (GPD)

quando reunidas com as demais informações geradas em outras atividades do

processo. Segundo Rozenfeld et. al (2006) o gerenciamento do conhecimento estará

atrelado aos Modelos de Referência (MRS) adequados adotados por cada empresa

na concepção e melhoria de produto. Os procedimentos catalogados e formalizados

durante todo processo por um modelo de referência, ira gerar toda uma

documentação formal das ações de PDP, possibilitando que a empresa possa

realizar a certificação nacional e internacional de seu produto ou da melhoria

realizada no PDP.

Os modelos de referência das empresas a partir de suas modelagens,

juntamente com toda a sistematização do trabalho realizado durante o processo

industrial, juntamente com a documentação das ações realizadas passo a passo, se

realizará o desenvolvimento de uma sistematização, acarretando em um MR padrão

ao perfil de cada empresa dentro de sua realidade, características, Figura 11,

servindo de base ou referência para a geração de MRs específicos ou adaptados a

criação ou melhoria de produto e processo. O projeto MRS juntamente com o

planejamento de suas ações de forma detalhada irá contribuir para que se realize a

reprodução do processo, lembrando que cada produto é único. (ROZENDFELD et

al., 2006).

Figura 9 - Modelos de referência genéricos e específicos

Fonte: Rozenfeld et al. (2006)

Segundo Amaral (2002), um modelo de referência possui uma aplicação

mais ampla e geral da realidade vislumbrada dentro da empresa, que vem a auxiliar

nas decisões e ser base de referência para o desenvolvimento de modelos

42

específicos, que representam à realidade especifica de um determinado caso

empresarial ou atuem numa situação específica de processo ou tomada de decisão.

As modelagens de empresas possuem limites quanto à abrangência dos modelos,

mesmo que venha a seguir um dado parâmetro referência devido à visão

influenciadora nos resultados por parte do individuo que modela e alimenta o modelo

de referência.

O modelo de referência não deve ser confundido com os pensamentos ou

arranjos mentais gerados pelos indivíduos na realização de atividades. Pois o que

não está explicito não é modelo então não pode ser compartilhado, já que o modelo

é definido pelas fases, vislumbrando uma dada realidade.

Segundo Vernadat (1996), modelos de referência são modelos parciais que

podem ser usados como bases para o desenvolvimento ou a avaliação de modelos

particulares. Modelos são chamados de parciais quando eles não são totalmente

instanciados, ou seja, não atendem ao processo existente em uma realidade em

particular (AMARAL, 2002).

Para muitos estudiosos os modelos de referência normalmente são

considerados genéricos, por serem utilizados como base de formação ou

estruturação para a criação de modelos específicos, ou adaptados as mais variadas

condições de uso. Para Rozenfeld (2006) nem todo modelo é parcial ou poderá ser

considerado de referência, para tanto análises devem ser realizada para se dizer

que a template de uma lista de boas práticas, possa ser considerado inteiramente

um modelo de referência.

Assim pode-se aceitar a idéia de que modelos de referência, na realidade

vêm a ser sistematizações puras de todo os conhecimentos gerados e disponíveis

de um determinado universo que circunda uma atividade formada e discutida na

forma de boas práticas (SANTOS, 2002).

As empresas em um determinado período atingem níveis de maturidade,

notados através dos perfis de melhoria e superação dos padrões estabelecidos para

seu desempenho funcional e técnico, ocasionado diferentes níveis de expectativas

quanto ao desempenho dos modelos de referência de processo dentro do universo

de negócios.

43

O sucesso do modelo é ligado ao seu nível de capabilidade do processo

atingido durante todo o estágio de maturidade do projeto, verificados através dos

perfis de melhorias dos padrões técnicos e gerenciais proporcionados pelo mesmo.

Entretanto, o nível mais elevado de capabilidade aumenta a demanda por modelos

de referência, com capacidade plena de visualização do todo de um determinado

processo, fragmentando cada vez mais as suas fases do processo estudado. O

modelo deve proporcionar que a qualquer momento ele possa ser reproduzido ou

utilizado como fonte de adaptação para a estruturação de outros com

complexibilidade igualitária ou próxima do anterior realizado.

Um modelo de referência é a representação formal de uma junção de boas

práticas relacionada com o todo ou fragmentos de um processo produtivo ou fatores

industriais focados na realidade de cada cenário produtivo a ser estudado. Assim o

modelo tem diferentes fins na administração e engenharia de produção, buscando

ambos controlar uma determinada atividade, nas mais complexas áreas. Os

modelos vêm a estruturar todo um processo de desenvolvimento de produtos em

todas as suas etapas, independente da estrutura do processo fabril e seus aspectos

particulares cada modelo procuram representar e atender de forma detalhada e

estruturada (TARALLO, FORCELLINI, 2007).

Destacando os seguintes benefícios que o modelo de referência trás,

podendo chamá-los também de elementos integrantes de suas fases:

A capacidade de explicitar o conhecimento adquirido sobre o contexto

do ciclo de vida do produto;

Proporcionar uma melhor integração durante o processo de

treinamento de um novo membro;

A formalização do processo de aquisição de informações, com registro

claro, proporcionando parâmetros para o diagnóstico rápido do processo;

Direcionar os trabalhos durante um planejamento, identificar problemas

e propor melhorias de controle;

Realizar a manutenção de padrões, garantindo a reprodução do

trabalho realizado e facilitando as atividades de auditoria do processo de

desenvolvimento de produto;

44

Ser base para a escolha e desenvolvimento de sistemas

computacionais de suporte ao processo;

Proporcionar que o processo a ser estudado possa ser simulado a

cada vez que seja alterada;

Definir parâmetros para formar uma base sólida para a tomada de

decisão durante todo o processo de desenvolvimento de produto;

Estabelecer a racionalização do fluxo de informações dentro de um

contexto formalizado em todas as etapas do trabalho;

Auxiliar no emprego de métodos e ferramentas de auxilio ao projeto e

todo o seu processo de gerenciamento;

Proporcionar a construção do conhecimento durante a implantação de

melhorias na empresa e gerar condições de passagem de conhecimento para a área

acadêmica.

As vantagens proporcionam um mapeamento das fases de um modelo pelo

fato de serem elementos de diretrizes em alguns estágios de seu desenvolvimento,

servindo, entretanto de estimulo para a implantação de um processo de

desenvolvimento. Segundo Roozenburg e Eekels (1995) os modelos não devem ser

encarados como uma receita padrão ou prescrição para a sua realização, sim como

uma base de partida na busca para a melhoria do processo e até mesmo a melhoria

do modelo base, no esforço coletivo da equipe e na experiência e compreensão clara

da natureza de todo o processo de desenvolvimento de produtos.

O resultado de uma tomada de decisão também pode ser balizada nas

conclusões e informações oriundas de um modelo. Este pode ser derivado de outro

modelo de referência, catalisador de um conjunto de alternativas apresentadas. O

modelo pode vir a conduzir a escolha de um conceito de produto que proporcione um

maior potencial voltado ao sucesso das atividades, fatores estes contidos no modelo

de referência. (CAMARGO, 2007) 3

3 ANEXO P MODELO DE REFERENCIA CONCEITUAL DE CAMRGO

45

O modelo proposto e formatado por Pugh (1991)4 chamado de Total

Desingn, traz em seu contexto a utilização de informações oriundas do meio externo,

juntamente com as internas, buscadas em todas as áreas da cadeia produtiva,

possuindo etapas que possibilitam de certa forma um fluxo interativo.

O modelo de PDP desenvolvido por Clark e Wheelwright (1993)5, possui seu

enfoque direcionado a engenharia de produto, tendo uma tendência para o markting

de forma seqüencial. Já o modelo gerado por Urban e Hause (1993)6, tem suas

tendências voltadas para o marketing e foco no ciclo de vida do produto buscando

sua melhoria, possuindo assim pouca tendência a engenharia.

O modelo de Pahl e Beeltz (1996)7, é voltado ao trabalho com informações

oriundas de variáveis do mercado consumidor em sua etapa inicial aliadas aos

conceitos e técnicas da engenharia de produto, produção e processo, levando a uma

interação mais intensa por parte de seus participante e fundamentalmente entre as

suas etapas para uma melhor otimização, tanto do produto ou processo. O modelo

de PDP de Cheng e Melo Filho (2007)8, possui uma visão de suas etapas e

conceitos voltados ao cliente e qualidade do produto, buscando assim a satisfação

do consumidor de forma mais focada, do que nas técnicas de engenharia,

considerando assim em suas premissas o trabalho focado na função da qualidade

no que se diz respeito ao desenvolvimento do produto.

O modelo de referência de PDP de Campos (2009)9 é estruturado com

embasamento no diagnóstico dos ambientes internos e externos, possibilitando o

desenho das atividades com facilidade de se desenvolver atividades paralelas, além

de promover o fluxo da informação, integração de fornecedores e promover a

regulamentação legal do PDP, por ter sua divisão e macro-fases.

4 ANEXO H - MODELO DO PDP TOTAL DESING DE PUGH (PUGH 1993) 5 ANEXO O - MODELO DO PDP DE CLARK E WHEELWRIGHT

6 ANEXO N - MODELO DO PDP DE URBAN E HAUSER

7 ANEXO F - MODELO DO PDP DE PAHL E BEITZ

8 ANEXO D - MODELO DO PDPOC ORIENTADO AO CLIENTE DE CHENG E MELO FILHO

9 ANEXO M MODELO DE REFERENCIA DE CAMPOS

46

O método PACE como é conhecido o modelo desenvolvido por McGranth

(1996)10 tem suas fases desenvolvidas através de variáveis de engenharia de

produto e da produção, tendo etapas geradas a partir do mercado e do marketing,

possuindo uma particularidade em seu contexto que permite simultaneidade de

ações e com alternativas de ações.

2.3.2 Tipos de Modelo de Referência no PDP

O modelo de referência pode ser dividido por tipo de trabalho ou atividade

que esta sendo estudado num determinado momento. A escolha da forma de

trabalho é de responsabilidade da equipe gestora do PDP na empresa, que através

de suas características irá definir quais parâmetros de modelo vai utilizar no

processo de modelagem da atividade que será trabalhada. O modelo de referência é

uma base para a formação de modelos específicos, podendo ou não ter os mesmos

componentes de sua base, ou até mesmo ser um mix das melhores práticas de

vários outros (ROZENFELD, 2006). Para Alliprandini e Toledo (2003) os modelos de

referência podem ser descritos da seguinte forma:

Modelo departamental - representa o processo de desenvolvimento de

produto na forma de estágios representativos ligados a departamento

industriais. A estrutura do modelo por formato departamental possui

limitações impostas pela estrutura departamentalizada, criando a

necessidade o uso de outros modelos para proporcionar maior acurácea à

representação do processo;

Modelo por atividade – no trabalho de modelagem por atividade, ao

invés de segmentar um processo industrial de forma correlacionada com o

departamento, se irá trabalhar com a seqüência lógica da atividade,

fragmentado a atividade de forma que se obtenha a seqüência de atividades

incluindo os elementos externos de forma geral que influencie no processo.

10

ANEXO E - MODELO DO PDP PELO MÉTODO PACE

47

Modelos de decisão – a sua apresentação é formalizada pelos pontos

de decisão existentes entre os estágios produtivos e técnicos dentro de uma

determinada atividade industrial, levando em conta a sua determinação

pelos pontos de decisão.

Modelo de conversão – criado a partir das desvantagens encontradas

nos modelos de processo de departamentos, o fator conceitual da realização

das boas práticas, proporciona à formação de uma visão didática para a

aprendizagem do processo de desenvolvimento de produto. Se

caracterizando por possuir um processo lógico e ordenado da atividade

industrial, mas raramente pode-se observa este fator na prática. Dentro

deste modelo o processo de desenvolvimento de produto é tratado como se

fosse indivisível, o caracterizado como um sistema de entradas e saídas. O

modelo em questão pode ser considerado o mais difícil de ser adotado na

indústria em se tratando de termos de gestão.

Modelo responsivo – este tipo de modelo descreve o processo de

desenvolvimento de produto em toda a sua totalidade, levando em conta a

fase de criação desde a idéia até o lançamento de um novo produto no

mercado consumidor.

Segundo Romano (2003) a junção dos modelos em sua análise conjunta

conduz para o entendimento lógico dos modelos e auxilia na concepção de novos

modelos. Para Rozenfeld (2006) o gerenciamento e a geração do conhecimento

estão atrelados à capacidade de reprodução do mesmo, gerando uma formalização

do processo independente do sistema adotado.

Paradiso (2003), em seu trabalho vem a fazer uma analogia relevante no

que se diz respeito a modelos de referência e mapas de processo, indagando que os

recursos proporcionados pelo uso de modelos vêm a ilustrar e detalhar a essência

contida dentro de cada etapa de um processo industrial. O MR de certa forma é tão

abrangente que os procedimentos escritos não são feitos, lembrando que isto

ocorrerá quando o mesmo for construído adequadamente, se substituindo páginas

de texto, facilitando assim a transferência e a formalização do conhecimento.

Para Paula (2004) a atividade real de se trabalhar com o modelo de

referência, é de realizar a formalização e moldar processos, pondo o individuo que o

executa em constante aprendizado. Pelo fato de que quanto mais a equipe se

48

encontra envolvida com o trabalho, mais detalhes são trazidos à tona, e

aprendendo-se cada vez mais sobre o processo.

A aceitação de um processo de constante aprendizagem é essencial para se

obter sucesso num processo de construção de modelagem, mas para que isto

ocorra deve-se manter o controle, para que as ferramentas utilizadas não venham a

sobrepor a realidade e o entendimento do trabalho através de um possível

deslumbramento com seu uso. O desafio neste caso esta na geração do conteúdo,

no envolvimento dos “donos do processo” em todas as etapas da modelagem.

2.3.3 Fases do PDP de Rozenfeld (2006)

O processo de desenvolvimentos de produtos para Rozenfeld (2006) está

dividido em três etapas distintas, como mostrado na Figura 10, o pré-

desenvolvimento do produto o desenvolvimento e o pós-desenvolvimento.

Figura 10 - Modelo de referência de PDP Unificado Fonte: Rozenfeld (2006)

Pré-desenvolvimento

A macro fase de pré-desenvolvimento está dividida em etapas dentro do

PDP, sendo subdividido em planejamento estratégico do produto e planejamento do

projeto. Na etapa do planejamento do projeto que é realizado todo planejamento das

atividades iniciais de um PDP, e a formação das equipes de trabalho, que podem ser

indivíduos de um único departamento da empresa ou formado por representantes de

cada setor e escolhido o coordenador do trabalho a ser desenvolvido.

49

No planejamento estratégico do produto, começa com o levantamento de

dados e filtragem dos mesmos, para geração do portfólio de informações,

direcionado ao trabalho a ser desenvolvido ou ao produto que se esta concebendo

ou realizado a sua melhoria. Nesta fase que será tomada a decisão de continuidade

do projeto, com base nas informações compiladas em conjunto com a equipe do

projeto.

Desenvolvimento

A macro fase de desenvolvimento do produto terá início após aprovação da

primeira fase do processo de PDP, com um escopo definido do produto pode ser

trabalhado e com prazos pré estabelecidos. Neste momento são definidas as reais

estruturas de desenvolvimento. Cada membro da equipe irá receber atribuições e

metas para cada trabalho delegado, com isso se inicia a estruturação em si de um

produto ou ação, definindo o que o projeto (produto) irá oferecer ao seu usuário.

Para Rosenfeld (2006) a macro fase de desenvolvimento de produtos é composta

por estágios bem definidos, cada um com sua particularidade, dividindo a fase de

desenvolvimento em cinco ações de PDP, sendo o projeto informacional, conceitual,

detalhado, juntamente com as fazes de preparação da produção e o lançamento do

produto no mercado.

No desenvolvimento os laços entre a equipe de desenvolvimento e seus

fornecedores são estreitados, buscando alternativa e soluções dos trabalhos

desenvolvidos, iniciando a fase de projetar, construir, testar, em suma gerando-se o

protótipo do produto ou trabalhando os ciclos da atividade desenvolvida até a sua

consolidação.

Com os trabalhos no projeto de criação finalizados, inicia-se o processo de

transição do protótipo para a linha de produção do produto, enfrentando a fase como

se deve realizar a produção, gerando o lote piloto, adequação dos equipamentos,

criando procedimentos formalizados e o mais importante, a produção em massa

atende e tem as mesmas características do protótipo.

A última etapa do desenvolvimento, consolida-se com o lançamento do

produto no mercado consumidor, e seu acompanhamento através, da macro fase de

pós-desenvolvimento.

50

Pós-desenvolvimento

O Processo de Desenvolvimento de Produto realizou toda a fase de criação

de um determinado produto, em suas duas macro-fases iniciais, é dada continuidade

do processo de pós-desenvolvimento, que irá garantir a compreensão de todo o ciclo

de vida do produto e sua melhoria, acompanhando assim todas as fases produtivas

e de mercado, com o intuito de diagnosticar as necessidades de melhoria ou

oportunidades, desta forma garantindo que em uma possível retirada do produto não

cause impacto ao consumidor, empresa e ambiente onde ele foi inserido.

(ROZENFELD, 2006/2003)

A macro fase de pós-desenvolvimento em sua estrutura dentro do processo

de desenvolvimento de produto engloba todo o processo de acompanhamento do

produto no mercado e os procedimentos para sua alteração conceitual, melhoria do

produto e possível retirada e recolhimento, trabalhando todo o ciclo de vida do

produto (ROZENFELD, 2006). O acompanhamento da fase de pós-desenvolvimento

possibilita que se receba informação relacionada ao comportamento do produto

mercado, desta forma trazendo a oportunidade de estudos para a melhoria do

produto final através das informações geradas pelo consumidor.

Com o acompanhamento do pós-desenvolvimento de produtos, também

pode surgir oportunidades para a realização de novos projetos de produtos, projetos

relacionados com as melhorias do produto final e correções de problemas que sejam

identificados dentro da macro fase de desenvolvimento de produtos.

No acompanhamento do ciclo de vida do produto pelo pós-desenvolvimento,

pode-se identificar as fases do processo produtivo, processo de criação, defeitos

operacionais ou técnicos e realizar a melhoria de processo e produto final, que

solucionados vem a trazer condições para o aperfeiçoamento do processo de

desenvolvimento de produtos. Com toda a documentação do projeto disponível e

catalogada, juntamente com a avaliação do ciclo de vida do produto, iram garantir a

reprodução de processos e a garantia que o conhecimento não será perdido e ficará

a disposição da empresa, proporcionando sua reutilização em projetos de

desenvolvimento de produtos futuros e na melhoria dos existentes. (FORNO;

BUSON; SCHUCH; FORCELLINI; FERREIRA, 2009).

O pós-desenvolvimento tem o objetivo de assegurar a formalização das

lições geradas em cada projeto realizado, através das informações geradas,

51

partilhadas, assim como os padrões e conceitos que vem a ser aplicada por toda a

organização na linha de produção e também para melhorar interação estratégica das

equipes de desenvolvimento e produto final. O processo de aprendizagem envolve a

captura das emoções e de todo o comportamento de uma equipe envolvida num

trabalho de desenvolvimento, das ferramentas complementares e seus sistemas de

suporte, e com toda a estrutura disponibilizada pela organização no

desenvolvimento de cada projeto e melhoria do produto. O melhoramento contínuo

do produto, só irá tornar-se uma realidade, no momento em que responder a quatro

questões básicas: como, o qual, quem, e onde ocorre o aprendizado. Não devendo

esquecer que deverá responder questões relacionadas com a auditoria (TRISTÃO,

TOLEDO, BERNARDO, 2005).

Uma vez que o produto foi lançado, a empresa tem como objetivo alcançar

as metas de seu desempenho principalmente em relação ao lucro e a participação

no mercado. Esse período pode ser longo e a empresa deve ter bem estabelecida a

meta mínima esperada para o desempenho do produto lançado até o final do seu

ciclo de vida. (BARBALHO, 2006).

2.4 O MODELO DE REFERÊNCIA TREVO FRACTAL NO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO OU PROCESSO

O modelo de trevo fractal (MTF) foi gerado e estruturado para dar suporte e

atender um cenário criativo e para rastrear todo um processo de estimulação da

criatividade e solução de problemas, gerando alternativas de solução baseadas na

criatividade e organização das idéias e conhecimentos dos indivíduos envolvidos

(ALBERTI, 2006a). O modelo trevo fractal é um método aleatório e não temporal,

sendo mesclado com conceitos extremamente técnicos, mas com uma grande

vantagem competitiva em todo seu contexto, o modelo não é limitado, podendo

sempre estar sendo modelado e aperfeiçoado conforme necessidade do ambiente

produtivo a ser trabalhado.

O modelo de trevo fractal segundo Alves (2009) possibilita as condições

básicas para a formalização das informações geradas, sendo um MR criativo e de

proporcionar uma gestão ágil dos projetos trabalhados, por ser formado por equipes

pequenas, facilitando desta forma a tomada de decisões. O modelo de trevo fractal é

52

utilizado devido o seu nível de criatividade, pode gerar inovações das mais simples a

mais complexas, podendo ser regular ou incremental, independente do produto ou

mercado em que se esta desenvolvendo o trabalho de pesquisa.

O modelo trevo fractal proporciona aos seus usuários a adoção ou

combinação de estratégias das mais variadas, juntamente com um paralelo com as

tecnologias das mais variadas, além de possuir um alto nível de adaptação a

linguagem do ambiente a ser trabalhado. O modelo de trevo fractal a ser utilizado,

teve seu formato gerado a partir do modelo de criatividade de Alberti (2006), sendo

adaptado e remodelado por Alves (2009), para se trabalhar o desenvolvimento de

produtos de forma mais simplificada e ampla, vindo a contemplar a utilização das

mais diversas tecnologias de PDP. As características citadas anteriormente podem

ser visualizadas na Figura 13, onde se pode ter uma noção mais detalhada do

modelo desenvolvido por Alves, com características que proporcionam a flexibilidade

do modelo de trevo fractal.

Figura 11 - Modelo de trevo fractal macro Fonte: Alves (2009)

O MTF possui um enfoque voltado para o processo criativo, no entanto

trabalhando de forma mais ampla a sua etapa conceitual, possibilita uma

observação aprofundada das etapas de planejamento do processo, projeto

informacional e o projeto conceitual do produto. Nas etapas iniciais que se decide

53

sobre uma grande fatia dos investimentos que podem vir a ser realizados por uma

empresa no trabalho de desenvolvimento ou melhorias de produto e processo.

No entanto, em uma comparação com os outros MRS vistos, o MTF é

focado nas etapas predominantemente intelectuais, juntamente com o

gerenciamento do conhecimento que as circundam, proporcionando assim uma

simplificação de ações para soluções. Contudo, as etapas conceituais do modelo,

apresentam uma menor subjetividade em seu contexto e facilidade de

desenvolvimento, além de proporcionar característica de abrangência mais

detalhadas do cenário trabalhado, característica que pode ser visualizada na Figura

14.

Figura 12 - Modelo Trevo Fractal PDPMTF e as Etapas Conceituais

Fonte: Alves (2009)

A aplicação do modelo pode iniciar em qualquer ponto do mesmo. No

entanto, as ações foram identificadas por letras e números para que haja uma

melhor facilidade organização da sequência de ações. As ações propostas pelo

modelo em questão encontram-se detalhadas no Quadro 1.

54

Meta-ação: Trevo EXPLICITAR – Gestão do Conhecimento

Ação 1 Anotar os dados que potencializem informações aos participantes do desenvolvimento do produto ou processo.

Ação 2 Traduzir e simplificar os dados em informações e formatos de representações para a perfeita compreensão do produto ou processo.

Ação 3 Refletir as informações para gerar conhecimentos, ideias e soluções que orientem as ações de desenvolvimento do produto ou processo.

Meta-ação: Trevo ANALISAR – Planejamento do Projeto

Ação A Avaliar o mercado consumidor e não consumidor e a sua influência no contexto de utilização do produto ou processo.

Ação B Identificar os clientes e as suas necessidades atendidas com a utilização do produto ou processo.

Ação C Definir as características iniciais do processo produtivo para a manufatura das funções necessárias aos clientes do produto ou processo.

Meta-ação: Trevo GERAR inferior – Projeto Informacional

Ação D Descrever as expectativas dos clientes através das funções e os serviços necessários ao produto ou processo.

Ação E Formalizar, representar e materializar para se verificar as ideias para as funções e os serviços necessários ao produto ou processo.

Ação F Registrar as soluções, as idéias e os conceitos preliminares e sua evolução, para atender os clientes com o produto ou processo.

Meta-ação: Trevo GERAR superior – Projeto Conceitual

Ação G Levantar e impregnar-se das tendências mercadológicas, conceituais e tecnológicas do produto ou processo.

Ação H Examinar as variáveis para a produção e manufatura das ideias e funções necessárias para a utilização pelos clientes do produto ou processo.

Ação I Encontrar e escolher conceitos que viabilizem as soluções das funções e a sua concepção para a pesquisa e testes do produto ou processo.

Quadro 1 - Meta-ações e ações do modelo de referência Trevo Fractal Conceitual Fonte: Alves (2009) – adaptado pelo autor

O modelo de trevo fractal possui em suas etapas um elevado nível de

iteratividade, que também pode ser aleatório. Segundo Alberti (2006a) o modelo de

trevo fractal é composto de etapas estabelecidas e estruturadas através do uso da

criatividade aliado a fatores dinâmicos, que permitem os usuários realizar

customizações construtivas, com o uso imaginário dos cenários a serem trabalhado,

podendo assim gerar inúmeras soluções ou ponto de partida para se atingir as

respostas do problema encontrado.

55

O potencial encontrado dentro do MTF para atender as mais variadas

necessidades e perfis de indivíduos que constituem a equipe gestora que irá

trabalhar com o MTF, proporcionando trabalhos inovadores e derivativos de outros já

existentes, contribuindo para que as idéias e premissas do trabalho sejam ajustadas

conforme a realidade do cenário estudado, explorando assim as habilidades do ser

humano.

56

3 METODOLOGIA

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa caracteriza-se como exploratória dentro do cenário produtivo, por

se tratar de fenômenos gerados durante o processo de coleta de dados e também é

uma fonte de estudo pouco conhecida.

Foi feito uso de um estudo de caso, pois, o mesmo contribui no

aprofundamento do conhecimento das características do sistema produtivo do papel

Kraft. Assim conhecendo-se o processo pode-se analisar de forma mais detalhada

os fatores industriais.

A pesquisa quantitativa se faz necessária no trabalho em virtude dos

objetivos, aliados a necessidade gerada de aprofundar detalhadamente nas

questões produtivas.

3.2 LOCAL DO ESTUDO

O trabalho foi realizado dentro de uma empresa do setor produtivo de papel

Kraft. A empresa estudada esta localizada na região centro oeste do estado do

Paraná, possuindo 151 funcionários em seu quadro funcional e baixa rotatividade

em sua equipe de manufatura.

3.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

Na primeira fase deste trabalho foram levantados dados referentes ao

sistema de produção de papel Kraft com o intuito de realizar um conhecimento mais

aprofundado do processo de produção de papel em máquina equipada com sistema

de rolo formador. Na busca de complementação da literatura técnica, também foi

realizado um estudo do processo produtivo da empresa onde foi realizado este

trabalho. O estudo do processo produtivo da empresa foi realizado através do

acompanhamento da linha de produção durante o período de pesquisa, analisado se

os fatores apresentados nos questionários e entrevistas realizadas. Assim

57

conhecendo mais detalhadamente o processo fabril em todos os seus detalhes e

comparando com os procedimentos e técnicas apresentados pela teoria.

Uma das principais fontes de informação sobre o produto foram os testes de

qualidade (teste de conformidade). A escolha dos testes de conformidade como uma

das fontes de coleta de dados, deu-se em virtude do número de informações que

eles apresentam em curto espaço de tempo com relação à qualidade da folha de

papel Kraft. Sendo possível realizar uma hierarquização dos testes quanto ao

comprometimento do desempenho da folha de papel produzida. Através destes

testes buscou-se identificar as possíveis causas das não conformidades. A coleta de

dados produtivos foi realizada durante um período de 18 meses.

A empresa estudada não possui automatização de seu processo produtivo,

muito pouca instrumentação e não possui procedimentos formais de correção de

não conformidade. Desta forma, o levantamento dos dados produtivos os quais

ajudam na identificação das variáveis de processo, seus efeitos e influências na

fabricação do papel foram realizados através de entrevistas e questionários

(apêndice A e B). Este procedimento buscou realizar o levantamento do

conhecimento tácito dos indivíduos envolvidos diretamente com todas as fases do

processo fabril.

O questionário e a entrevista utilizados para coleta do conhecimento tácito

na empresa foram aplicados nos funcionários que atuam diretamente na operação e

controle da máquina de papel. As pessoas mais habilitadas são os contra mestres

devido ao grande conhecimento tácito acumulado ao longo dos anos de trabalho,

nesta empresa. O contra mestre desempenha um papel fundamental dentro da linha

de manufatura do papel Kraft, devendo conhecer todos os estágios produtivos nos

mínimos detalhes. O contra mestre comanda toda a equipe nos trabalhos de

manutenção de processo e busca pela correção das anomalias apontadas pelos

testes de conformidade ou pelos membros da equipe. Sendo um individuo chave na

tomada de decisão em momentos de correção ou manutenção de processo, pelo

fato de toda ação executada pela equipe passar por sua aprovação e orientação

para a execução da intervenção a ser realizada. Outro fator importante é que são

responsáveis pelo treinamento dos funcionários novos e dos que são promovidos

internamente. O conhecimento acumulado pelos contra mestres não é formalizado,

de alguma forma, para benefício da empresa. O levantamento de dados por meio de

58

entrevista foi utilizado no trabalho, pelo fato de que somente o questionário não

permite todo acesso ao conhecimento relevante à pesquisa.

Como forma de validação do questionário o mesmo foi aplicado em um teste

piloto com algumas pessoas que atuam na área produtiva de papel na empresa

estudada.

A coleta de dados não foi utilizada apenas para se ter o conhecimento tácito

das pessoas que estão na indústria, mas sim para identificarem-se também os

métodos desenvolvidos durante esta vivência.

Com a junção dos dados coletados através das entrevistas e dos

questionários com dados de produção (obtidos através dos relatórios de produção

da empresa) e fazendo-se o cruzamento entre todos estes dados procura-se

identificar quais são as melhores formas de trabalho e técnicas utilizadas pelos

indivíduos além de mostrar plenamente as reais seqüências de trabalho.

Uma vez que o processo de produção de papel foi bem entendido e a

dificuldade em manter a manutenção dos padrões de qualidade identificados pôde-

se fazer uso do Modelo de Referência Trevo Fractal. O MTF foi aplicado na busca

de soluções mais amplas através de uma análise mais complexa dos dados, além

de direcionar o conhecimento adquirido pelos contra mestres para a melhoria do

produto. Depois da aplicação conceitual do MTF fez-se uma proposta de ações de

controle das variáveis de produção.

O acompanhamento da produção não foi realizado apenas durante o

processo de coleta de dados, mas sim em todo o período de análise das

informações e aplicação do MTF, para confrontação dos estágios desenvolvidos no

trabalho e apurar possíveis mudanças durante este período de análise.

59

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O capítulo de resultados e discussões apresenta nas seções iniciais, dados

do processo produtivo de papel Kraft da empresa estudada. Posteriormente,

mostrando os resultados da aplicação do modelo de referência trevo fractal. Na

última seção realiza-se a fase de discussão dos resultados obtidos com o uso do

MTF.

4.1 RESULTADOS OBTIDOS

Com o levantamento de dados produtivos em campo tem-se uma visão do

sistema de trabalhado na unidade fabril.

4.1.1 Resultados do Processo Produtivo

Para uma melhor visualização e entendimento dos dados do processo

produtivo do papel Kraft, da empresa estudada, pode-se observar os gráficos onde

se tem uma visão aprofundada das reais condições produtivas encontradas. A

empresa estudada produz dois tipos de papel: O papel do tipo caixa reciclável (teste

line 1ª) e Kraft segunda linha (teste line 2ª).

Para futuras sugestões de melhorias de processo, primeiro buscou-se

conhecer a realidade quanto à qualidade do produto produzido e os meios de

promover as ações corretivas no processo de produção.

Nos gráficos, a seguir, pode se visualizar os dados de produção média por

bobinas e os números de reclamações geradas pelo cliente quanto ao produto.

No Gráfico 1 pode-se visualizar uma oscilação produtiva entre as duas

variações de papel Kraft em todo período de tempo da realização do estudo.

60

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600N

úm

ero

de

Bo

bin

as

Produção média de papel kraft

Bobinas Teste line 1ª Teste line 2ª

Gráfico 1 - Oscilação da produção de papel Kraft no período de amostragem Fonte: Autoria própria

Nota-se que em determinados momentos se tem períodos de estabilidade

entre os dois produtos e em outros uma queda, em outro o aumento da quantidade

produzida. Este fator se da em relação à demanda produtiva do cliente, pois em

função do tipo de embalagem que deve ser produzidas (no cliente) existe demanda

diferenciada por um ou outro tipo de papel. Desta forma causando alteração na linha

de produção. No Gráfico 1, ao se observar mais atentamente estas oscilações

produtivas nota-se que no mês de maio de 2009, não há ponto de marcação gráfica,

pelo fato de que neste mês a unidade fabril esteve com suas atividades paralisadas.

No referido mês foi realizada uma série de intervenções corretivas nos sistemas

mecânico da máquina de papel, com intuito de manter-se o equipamento em

perfeitas condições de operacionalização.

No Gráfico 2, pode-se observar as reclamações apontadas por produto

confeccionado dentro da unidade fabril.

Ao analisar o Gráfico 2, nota-se que antes do mês de maio de 2009, tinha-se

um equilíbrio das ocorrências entre os dois tipos de papel produzidos. Depois da

parada geral para manutenção (maio de 2009) as curvas de reclamações para o

papel teste line 1ª e teste line 2ª passam a ter comportamentos distintos. A curva

para o papel teste line 2ª apresenta muita oscilação e a curva para o papel teste line

1ª apresenta crescimento até um determinado patamar (aproximadamente 100

bobinas) e uma oscilação (de menor amplitude quando comparado ao papel teste

line 2ª) em torno deste patamar.

61

0

50

100

150

200

250

300N

úm

ero

de

Bo

bin

as

Quantidade de bobinas com reclamações

Reclamações Teste line 1ª Teste line 2ª

Gráfico 2 - Quantidade de bobinas que apresentaram reclamações no período de amostragem Fonte: Autoria própria

No Gráfico 3 pode-se visualizar as reclamações encontradas dentro do

processo produtivo de papel Kraft, por meio dos testes de conformidade do produto,

(apresentados no capítulo de referencial bibliográfico) são de grande importância no

controle da qualidade do produto.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Nu

me

ro d

e B

ob

inas

Freqüência de não conformidades

RCT Umidade COBB-c COBB-s Gramatura

Gráfico 3 - Freqüência de não conformidade do papel produzido em função do teste de

qualidade Fonte: Autoria própria

Ao se visualizar de forma mais aprofundada os dados apresentados no

Gráfico 3 pode-se realizar uma comparação que deixa visível a dificuldade da

empresa em realizar o controle efetivo de alguns parâmetros durante o período de

coleta de dados.

62

O parâmetro gramatura (linha azul claro no gráfico 3) apresenta uma

variação muito pequena. Desta forma, nota-se que a gramatura é um parâmetro de

fácil controle.

O parâmetro ou teste de Cobb apresenta duas linhas de tendência, pelo fato

de que o teste é realizado em ambas as superfícies do papel. Contudo, se nota que

ele oscila pouco em uma longa faixa da linha de tempo do gráfico, indicando um

equilíbrio. No período entre novembro de 2009 a abril de 2010, nota-se que a curva

do Cobb-c mantêm tendência ao longo do período e o Cobb-s oscila em tendência

de crescimento mostrando algo incomum que pode ter ocorrido naquele período com

a linha de produção. No entanto, deve-se ressaltar que o papel é constituído de duas

massas fibrosas distintas (massa do suporte da folha e massa da capa da folha),

havendo certo grau de independência entre os circuitos de produção. Qualquer falha

que ocorrer em uma das linhas (suporte ou capa) é suficiente para apresentar

discrepâncias entre os dois parâmetros (Cobb-c e Cobb-s). Assim, as diferenças

apresentadas entre as curvas do Cobb-c e Cobb-s no Gráfico 3, mostram um

processo produtivo que possui dificuldades de controle de processo.

Nas curvas referentes aos testes de RCT (linha azul) e umidade (linha

vermelha), nota-se que as mesmas possuem um comportamento semelhante, com

alterações distintas. Pode-se notar que estes dois parâmetros mostram-se muito

sensíveis as variações de processo, quando comparado aos outros parâmetros.

Como as curvas destes parâmetros são próximas, é possível que os vários fatores

de influência no processo de produção que influencia um parâmetro também possa

vir a influenciem o outro.

Outro fator notado no gráfico, é que em determinados períodos houve

elevações ou reduções de produção, mas as reclamações de não conformidades

destes períodos tiveram oscilações aleatórias com relação à quantidade de papel

produzido. Devendo-se lembrar que, no cliente, o produto não é consumido na

seqüência que é recebido.

63

4.1.2 Ações de Correção no Processo Produtivo por Teste de Conformidade

Na ocorrência de uma não conformidade no produto, o setor de qualidade ou

a equipe de produção notifica imediatamente o contra mestre, este por sua vez toma

ciência da situação e implementa as ações de correção que julgar necessárias. O

contra mestre é o único indivíduo da equipe autorizado a interferir no processo

devido ao grau de conhecimento do mesmo.

Os entrevistados (contra mestres) têm as mesmas atribuições e

responsabilidades pela manutenção das características produtivas buscadas pela

unidade fabril, trabalhando com as informações geradas pelos testes de não

conformidade, usando muito de sua intuição aliada ao conhecimento tácito.

As anomalias identificadas pelos testes de conformidade são geradas por

inúmeros fatores produtivos. Os entrevistados indicaram os fatores que eles

consideram responsáveis por gerar as ocorrências de perda de padrão do produto

final. Estes fatores são apresentados nas Figuras 15, 16, 17 e 18 na ordem indicada

por cada um dos indivíduos, para solucionar a anomalia apontada pelos testes.

Através da ordenação de ações de correção, tem-se uma visão de como é

realizada a seqüência de trabalho de cada um dos contra mestres durante a

correção de uma não conformidade.

Na Figura 15, pode-se visualizar as etapas de atividades corretivas

realizadas pelo entrevistado A, B, C, D no processo de correção das anomalias

apresentadas pelo teste de RCT. A seqüência de atividades que cada individuo

realiza, conforme seu relato em entrevistas. A primeira atividade corretiva realizada

por todos é a mesma (reduzir velocidade da máquina de papel), começado a se ter

uma variação das ações corretivas a partir da segunda intervenção no processo por

parte dos mesmos. Contudo se pode observar que estas atividades apresentam

apenas variação de seqüência em sua realização. No entanto, ao se observar mais

criteriosamente para a seqüência de atuações, pode-se notar que o individuo C, não

realiza uma das atividades (índice de umidade), tendo assim um ciclo de ações

corretivas menor, que aparentemente não prejudica o controle da não conformidade.

64

Na Figura 16, pode-se visualizar as etapas de atividades corretivas

realizadas pelo entrevistado A, B, C, D no processo de correção das anomalias no

teste de COBB. Pode-se notar que alguns indivíduos realizam a inversão de ações

na ordem cronológica das atividades. Alguns dos entrevistados como B e C, efetuam

uma atividade a mais (formação) que os outros dois na busca por uma ação

corretiva.

O processo de trabalho na atividade de correção da gramatura tem algumas

similaridades entre os indivíduos, com alguns pontos de atuação diferenciados. Na

Figura 17 mostra-se a seqüência das ações corretivas. Nota-se que em duas etapas

de intervenções (primeira e terceira) as ações são as mesmas para todos os

entrevistados. Com tudo existem três ações que são realizadas por apenas um

Figura 14 - Seqüência de ações corretivas para o teste COBB implementadas pelos entrevistados A, B, C, D Fonte: Autoria própria

Figura 13 - Seqüência de ações corretivas para o teste RCT implementadas pelos entrevistados A,B,C,D Fonte: Autoria própria

SEQÜÊNCIA DE ATUAÇÃO NO RCT POR ENTREVISTADO

RCT (A) Reduzir Velocidade →

Verificar grau de refino → índice de umidade → Receita →

Matéria Prima → Formação

RCT (B) Reduzir velocidade → Índice de umidade →

Verificar grau de refino → Receita →

Matéria Prima → Formação

RCT (C) Reduzir velocidade →

Verificar grau de refino → Receita →

Matéria Prima → Formação

RCT (D) Reduzir velocidade →

Verificar grau de refino → Índice de umidade → Receita →

Matéria Prima → Formação

SEQÜÊNCIA DE ATUAÇÃO NO TESTE DE COBB POR ENTREVISTADO

COBB ( A ) Verificar grau de refino →

Aditivos (cola/amido) →

Outros aditivos

COBB ( B ) Aditivos (cola/amido) →

Verificar grau de refino → Formação →

Outros aditivos

COBB ( C ) Aditivos (cola/amido) →

Verificar grau de refino →

Outros aditivos → Formação

COBB ( D ) Verificar grau de refino →

Aditivos (cola/amido) →

Outros aditivos

65

indivíduos: filtro pegador (entrevistado A), formação (entrevistado B) e consistência

da massa (entrevistado C).

Na Figura 18 nota-se uma aproximação mais acentuada das ações

corretivas adotadas por cada entrevistado para o teste de umidade. Todos eles têm

como primeira iniciativa de reduzir à velocidade da máquina e como última ação a

descarga de condensado, variando de critério apenas nas ações centrais ao ciclo

corretivo, mas sem apresentar atividades desiguais. Fato que leva a salientar que as

atividades são a mesmas somente tendo inversão em sua importância, para apenas

um dos indivíduos (entrevistado B) os demais tendo a mesma visão de ações

corretivas.

SEQÜÊNCIA DE ATUAÇÃO NA GRAMATURA POR ENTREVISTADO

GRAM ( A ) Grau de refino → Nível das formas → Válvula de

alimentação → Bomba de

mistura → Feltro

pegador

GRAM ( B ) Grau de refino → Formação → Válvula de

alimentação → Nível das

formas

GRAM ( C ) Grau de refino → Consistência da

massa → Válvula de

alimentação → Bomba de

mistura → Nível das

formas

GRAM ( D ) Grau de refino → Nível das formas → Válvula de

alimentação → Bomba de

mistura

Figura 15 - Seqüência de ações corretivas para o teste de gramatura implementadas pelos entrevistados A, B, C, D Fonte: Autoria própria

66

Como forma de verificar a veracidade das informações obtidas através das

entrevistas fez-se um acompanhamento, como observador, da produção. Onde

notou-se subjetividade na forma de interpretação das informações de não

conformidade, por parte dos contra mestres. As reações variavam entre

demonstração de segurança e de certo nível de indecisão, pois, trabalham sem

procedimentos formais e com apoio somente de seu conhecimento prático. Deste

modo, as atividades relacionadas às ações de correção são realizadas de forma

subjetiva conforme a experiência de cada indivíduo e a escala de importância de

ações de correção particular de cada um dos contra mestres.

No processo de acompanhamento das atividades corretivas das não

conformidades, observou-se que o trabalho de acompanhamento das anomalias não

é realizado somente em laboratório, mas com o uso da experiência de cada

individuo envolvido no processo, mais a do contra mestre. Fator este que em muitos

casos gera iniciativas de correção antecipadas ao apontamento dos testes de

laboratório. Estes indivíduos se embasam em sua capacidade sensorial (visual e

táctil) adquiridas ao longo do tempo. Observou-se também que os subalternos do

contra mestre não realizam ações sem a prévia consulta com seu superior e

somente após orientação prática as ações.

No processo de melhoria do produto dentro da empresa estudada não se

tem indícios de nem uma atividade formalizada de trabalhos voltados à melhoria do

SEQÜÊNCIA DE ATUAÇÃO UMIDADE POR ENTREVISTADO

UMID.( A ) Reduzir

velocidade → Verificar grau de

refino → Nível de vapor → Descarga de condensado

UMID. ( B ) Reduzir

velocidade → Nível de vapor → Verificar grau de

refino → Descarga de condensado

UMID. ( C ) Reduzir

velocidade → Verificar grau de

refino → Nível de vapor → Descarga de condensado

UMID. ( D ) Reduzir

velocidade → Verificar grau de

refino → Nível de vapor → Descarga de condensado

Figura 16 - Seqüência de ações corretivas para o teste de umidade implementadas pelos entrevistados A, B, C, D Fonte: Autoria própria

67

produto final, trabalhando apenas a manutenção do que já vem sendo realizado para

se manter o mínimo exigido pelo cliente.

As ações são transmitidas na troca de turno de um contra mestre para o

outro, onde se relata as ocorrências do turno, qual seção do equipamento

apresentou maior numero de problemas e qual foi à ação corretiva adotada.

Complementando as informações apresentadas nas Figuras 15 a 18 fez-se

um detalhamento das ações corretivas, baseadas em observações, as quais são

apresentadas nos quadros 1 a 4. Nos quadros pode-se notar a aleatoriedade das

ações adotadas por cada contra mestre e o nível de similaridade entre algumas

ações.

No Quadro 1 tem-se o seqüenciamento das ações desenvolvidas pelos

contra mestres no momento da busca pela correção da não conformidade com

relação ao teste de RCT. Pode se notar uma aleatoriedade por parte dos indivíduos

perante as ações indicadas na Figura 15, assim pode se afirmar que cada um realiza

suas atividades conforme sua habilidade e critérios próprios.

Fica clara a falta de coerência entre a Figura 15 e o Quadro 01, pois existe

uma disparidade entre as ações corretivas declaradas nas entrevistas (Figura 15) e

as ações efetivamente realizadas (Quadro 1). Deste modo, o seqüenciamento

declarado pelos contra mestres não são seguidos fielmente pelos mesmos,

produzindo um reordenamento das ações de correção. As atividades descritas nos

quadros esta ordenada a partir da seqüência de ações relatadas pelos contra

mestres e a numeração corresponde à identificação real do ordenamento das

mesmas após acompanhamento das atividades.

68

RCT

Fatores Grau de

refino Receita

Índice de umidade

Matéria prima Formação

Entrevistados Ações

A

(2) Regulagem

do grau de

refino

(3) Aumento da

adição de fibras

longas

(1) Redução de velocidade

(5) Retirada de impureza

(4) Consistência da

massa

(6) Porcentagem de

aditivos

B

(2) Regulagem

do grau de

refino

(3) Adicionar fibras (1) Redução da

velocidade (5) Conferir

material (11) Verificar

nível das formas

(4) Conferir receita (7) Tirar impurezas (12) Conferir

regulagem

(6) Consistência da

massa

(8) Retirar

produtos com amaciante na

composição (papel higiênico, caixa de

ovo, etc.)

(9) Verificar adição de

amido

(10) Porcentagem de

aditivos (ercobond)

C

(2) Conferir

grau de refino

(4) Conferir receita da

massa

(1) Redução da

velocidade da maquina

(7) Conferir

material

(6) Regulagem

grau de refino

se necessário

(3) Adição de fibras (8) Tirar impurezas

(5) Consistência da massa

(10) Retirar

produtos com amaciante na

composição (papel

higiênico, caixa de ovo, etc.)

(9) Verificar

quantidade de filos

D

(2) Conferir

regulagem

(4) Alteração de

composição

(1) Redução da

velocidade da máquina

(5) Troca de

material

(8) Quantidade

de massa nas formas

(3) Desgaste

dos discos

(troca) (6) Grau de choper (9) Verificar

qualidade

(11) Quantidade

de água

(7) Consistência da

massa

(10) Retirar

impurezas

Quadro 2 - Seqüência de ações corretivas observadas para o teste RCT - entrevistados A, B, C, D

Fonte: Autoria própria

No Quadro 2, se tem a visão dos fatores citados pelos entrevistados A. B, C,

D e a aleatoriedade das ações de correção para o teste de COBB em ambas as

superfícies do papel Kraft. Ao observar o Quadro 2 pode-se dizer que ele possui

basicamente as mesmas variações e particularidade de aleatoriedade do Quadro 1

69

em sua execução de atividade, mostrando o quanto o direcionamento das atividades

ou ações varia de um para o outro.

COBB

Fatores Colagem pH Tempo de cura Matéria prima Aditivo Água

Entrevistados Ações

A

(1)

Aumento de

dosagem

de cola

(6) Conferir

aditivos

(4) Espera de

rebobinamento

(2) Troca de

material

(5) Conferir adição de

cola

(7) Porcentagem

de pH

(3) Retirada de impurezas (cal,

cimento, etc.).

(11) Equilibrar

o pH

B

(1)

Aumento de

dosagem de cola

(5) Descanso da

bobina

(3) Retirada de

impurezas (cal,

cimento, etc.)

(2) Conferir ercobond

(6) Conferir

adição de cola

(4) Conferir

amido

C

(1)

Aumento de

dosagem de cola

(5) Descanso da

bobina

(2) Retirada de

impurezas (cal,

cimento, etc.).

(3) Conferir ercobond

(4) Acompanhar

temperatura da

água

(7) Conferir

adição de cola

(6) Conferir

amido

(5) Verificar

qualidade da água

D

(1) Conferir

adição de cola

(5) Descanso da

bobina

(4) Troca de

material

(2) Conferir

ercobond

(6) Acompanhar

temperatura da água

(3) Conferir

amido

Quadro 3 - Seqüência de ações corretivas observadas para o teste COBB - entrevistados A, B, C, D

Fonte: Autoria própria

No Quadro 3, pode-se visualizar os fatores geradores da anomalia que

levam a perca de padrões pelo excesso de gramatura da folha de papel segundo os

entrevistados A, B, C, D. Nota-se que há concordância com as informações contidas

na Figura 17.

O referido quadro mostra que as seqüências de atividades possuem uma

irregularidade bem acentuada, pois o indivíduo ao não realizar uma seqüência

lógica, acaba retornando a fatores já corrigidos. Desta forma, o contra mestre

retorna a análise das observações de fatores vistos anteriormente. Fazendo com

70

que o trabalho perca de certa forma sua eficiência devido à aleatoriedade do circuito

a ser percorrido, ocasionado perca de tempo e ações desnecessárias em

determinados momentos.

GRAMATURA

Fatores Tanque de

massa Formas Feltro pegador

Sistema mecânico

Grau de refino

Entrevistados Ações

A

(1) Consistência da massa

(4) Consistência da massa

(5) Conferir grau de deságüe

(3) Conferir

fibras

(2) Conferir nível (6) Regulagem de

entrada do produto

(8) Conferir

aditivos (7) Conferir formas

B

(1) Conferir nível (4) Conferir nível (6) Conferir grau de

deságüe

(8) Exaustores

(bomba de vácuo)

(2) Conferir bomba

(5) Verificar rolos de formação

(7) Hidrojateamento (11) Prensas

(3) Consistência da massa

(9) Regulagem de entrada do produto

(10) Troca de feltro

C

(4) Consistência da massa

(1) Conferir nível (8) Conferir grau de

deságüe (6) Exaustores

(bomba de vácuo) (2) Conferir o

grau

(5) Conferir nível (6) Verificar rolos

de formação

(7) Verificar estado do

feltro (manchas)

(3) Regulagem

dos discos

(10) Conferir

bomba

(9) Regulagem de

entrada do produto

D

(3) Consistência

da massa

(1) Regulagem de

entrada do produto

(5) Verificar estado do

feltro (manchas)

(10) Verificar

bomba de alimentação

(4) Verificar

regulagem dos discos

(7) Conferir nível (2) Conferir nível (9) Conferir grau de

deságüe

(8) Conferir

bombas

(6) Verificar rolos

de formação

Quadro 4 - Seqüência de ações corretivas observadas para o teste de Gramatura - entrevistados A, B, C, D Fonte: Autoria própria

No Quadro 4, tem se as ações corretivas implementadas pelos entrevistados

A, B, C e D, referente a não conformidade indicada pelo teste de umidade. Ao

comparar-se o Quadro 4 com a Figura 18, nota-se na referida figura há certa

semelhança nas ações e seqüência de implementação pelos entrevistados. No

entanto, no Quadro 4 não se observa a mesma semelhança apresentada na Figura

18. Neste quadro fica clara a discrepância de ações e seqüenciamento das mesmas

quando se compara as ações dos entrevistados. Nota-se uma falta de coerência

entre as declarações feitas nas entrevistas e as ações observadas.

71

UMIDADE

Fatores Vapor Eficiência de

secagem Prensa Feltro

Grau de refinação

Aditivos

Entrevistados Ações

A

(1) Reduzir

velocidade da

maquina

(2) Conferir

descarga de

condensado

(7) Conferir

grau de

deságüe

(5) Hidrojateamento

(6)

Porcentagem de

aditivos

(4) Conferir

entrada de vapor

(3) Conferir

temperatura dos cilindros

(8) Troca

B

(1) Reduzir

velocidade da maquina

(5) Conferir

temperatura dos cilindros

(8) Conferir

grau de deságüe

(7)

Hidrojateamento

(3) Verificar

grau de refino

(2) Conferir

entrada de vapor

(6) Conferir

descarga de condensado

(10) Troca de

prensa ou reparos

(9) Troca de feltro

(4) Regulagem

dos discos de refino

C

(1) Reduzir

velocidade da

maquina

(4) Conferir

temperatura dos

cilindros

(9) Conferir

grau de

deságüe

(6) Conferir formação

(3) Verificar

grau de

refino

(7) Conferir ercobonde

(2) Conferir

entrada de

vapor

(5) Conferir

descarga de

condensado

(8) Conferir ph da

massa

D

(1) Reduzir velocidade da

maquina

(6) Conferir cilindros

secadores

(8) Conferir grau de

deságüe

(4) Conferir

formação

(2) Conferir grau de

refino

(5) Conferir

ercobonde

(3) Conferir

entrada de vapor

(7) Conferir

formas

Quadro 5 - Seqüência de ações corretivas observadas para o teste de Umidade - entrevistados A, B, C, D

Fonte: Autoria própria

4.1.3 Detalhamento das Ocorrências de não Conformidade

Na seqüência de tabelas apresentadas a seguir, tem-se a visualização de

dados detalhados das ocorrências de não conformidades. Foram escolhidos quatro

meses para fazer esta análise (março de 2009, julho de 2009, outubro de 2009 e

fevereiro de 2010). Procurou-se escolher os meses que apresentaram uma

acentuada incidência de reclamações.

A tabela 1 trás uma amostragem detalhada de produção onde procura-se

identificar se algum dos contra mestres destaca-se com menor número de não

conformidade. Posteriormente pode-se associar a seqüência de ações de correção

com o número de não conformidades.

72

Tabela 1 - Dados de produção detalhados por turno e por contra mestre

primeiro

turno

segundo

turno

terceiro

turno

primeiro

turno

segundo

turno

terceiro

turno

Total

pruzido

primeiro

turno %

segundo

turno %

terceiro

turno% total %

A 7 6 10 105 87 154 346 9 8,57 8 9,20 2 1,30 19 5,49

B 12 6 6 169 97 91 357 13 7,69 7 7,22 0 0,00 20 5,60

C 6 11 6 82 149 92 323 1 1,22 25 16,78 6 6,52 32 9,91

D 6 8 9 75 121 134 330 4 5,33 16 13,22 7 5,22 27 8,18

A 6 10 12 86 90 169 345 15 17,44 5 5,56 2 1,18 22 6,38

B 11 6 6 147 83 86 316 0 0,00 2 2,41 7 8,14 9 2,85

C 8 6 6 107 120 84 311 6 5,61 7 5,83 11 13,10 24 7,72

D 6 9 7 92 144 105 341 10 10,87 3 2,08 8 7,62 21 6,16

A 9 6 8 127 74 109 310 32 25,20 25 33,78 4 3,67 61 19,68

B 10 7 6 135 101 84 320 8 5,93 21 20,79 10 11,90 39 12,19

C 6 12 6 64 164 83 311 10 15,63 28 17,07 12 14,46 50 16,08

D 6 6 11 83 80 154 317 20 24,10 11 13,75 27 17,53 58 18,30

A 6 6 8 76 88 116 280 23 30,26 32 36,36 41 35,34 96 34,29

B 10 6 6 126 77 74 277 23 18,25 15 19,48 15 20,27 53 19,13

C 6 10 6 82 137 83 302 7 8,54 41 29,93 7 8,43 55 18,21

D 6 6 8 86 87 127 300 28 32,56 26 29,89 11 8,66 65 21,67

Quantidade de bobinas com reclamações

Fevere

iro

de

2010

En

trevis

tad

o

Peri

od

o

Dias trabalhados

Març

o d

e 2

009

Ju

lho

de 2

009

Ou

tub

ro d

e

2009

quantidade de bobinas produzidas

Fonte: Autoria própria

A referida tabela foi dividida em três partes. A primeira diz respeito ao

número de dias trabalhados por turno para cada contra mestre. O primeiro turno

inicia-se às seis horas da manhã e termina às duas horas da tarde, o segundo turno

tem o seu término às vinte e duas horas e o terceiro turno tem suas atividades

enceradas às seis horas da manhã. Assim os indivíduos sofrem alterações de

horários e de equipes de trabalho, pois os contra mestres têm rotação de turno de

forma progressiva e os operários de forma regressiva. Desta forma, a cada sete dias

o contra mestre realiza suas atividades com uma equipe de trabalho diferente.

A segunda parte da Tabela 1 diz respeito ao número de bobinas de papel

produzidas por turno. Desta forma, pode-se observar os dados produtivos individuais

de cada um dos contra mestres.

Na terceira parte da Tabela 1 tem-se percentualmente a quantidade de

reclamações que cada contra mestre teve no período dos quatro meses destacados.

Pode-se observar a porcentagem de não conformidade por turno e por mês de

produção.

Analisando-se a Tabela 1 nota-se que no primeiro turno (início às 06h)

destacam-se os contra mestres B e C com menor número de bobinas que

apresentam não conformidades (considerando todo o período de coleta de dados).

No segundo turno (início às 14h) os contra mestres B e D apresentam menor

número de bobinas com não conformidades. No último turno (início às 22h) os dados

mostram que os contra mestres A, B e C apresentaram o menor número de não

73

conformidade (com destaque para o entrevistado A). Desta forma, quando observa-

se cada turno individualmente nota-se que nenhum contra mestre destaca-se em um

turno específico. Quando observa-se todo o período de coleta de dados

independente do turno (última coluna da Tabela 1) percebe-se que o contra mestre

B destaca-se no mês de julho e outubro e nos demais meses ele esta em segundo,

mas, muito próximo do primeiro (contra mestre A em março e contra mestre C em

fevereiro). Deste modo, pode-se dizer que o contra mestre B apresenta o melhor

resultado geral, ou seja, menor número de bobinas com não conformidades.

Na Tabela 2 tem-se a visão das não conformidades de acordo com os testes

de RCT e umidade. Esta tabela é um desmembramento da Tabela 1.

Tabela 2 - Detalhamento de não conformidade por teste (RCT e Umidade)

primeiro

turno

segundo

turno

terceiro

turnototal

% primeiro

truno

% segundo

turno

% terceiro

turno

% total por

período

Primeiro

turno

Segundo

turno

Terceiro

turnototal

% primeiro

tuuno

% segundo

turno

% terceiro

turno

% total por

período

A 0 8 1 9 0,00 9,20 0,65 2,60 8 4 2 14 7,62 4,60 1,30 4,05

B 9 0 0 9 5,33 0,00 0,00 2,52 9 5 14 5,33 5,15 3,92

C 1 12 1 14 1,22 8,05 1,09 4,33 1 8 6 15 1,22 5,37 6,52 4,64

D 2 12 0 14 2,67 9,92 0,00 4,24 4 6 4 14 5,33 4,96 2,99 4,24

A 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00 15 7 2 24 17,44 7,78 1,18 6,96

B 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00 0 1 6 7 0,00 1,20 6,98 2,22

C 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00 6 7 11 24 5,61 5,83 13,10 7,72

D 1 0 0 1 1,09 0,00 0,00 0,29 7 3 8 18 7,61 2,08 7,62 5,28

A 7 14 2 23 5,51 18,92 1,83 7,42 12 13 4 29 9,45 17,57 3,67 9,35

B 2 12 12 26 1,48 11,88 14,29 8,13 5 8 8 21 3,70 7,92 9,52 6,56

C 6 15 12 33 9,38 9,15 14,46 10,61 8 23 7 38 12,50 14,02 8,43 12,22

D 16 8 5 29 19,28 10,00 3,25 9,15 14 9 23 46 16,87 11,25 14,94 14,51

A 6 23 10 39 7,89 26,14 8,62 13,93 5 14 38 57 6,58 15,91 32,76 20,36

B 18 11 5 34 14,29 14,29 6,76 12,27 18 8 8 34 14,29 10,39 10,81 12,27

C 12 6 22 40 14,63 4,38 26,51 13,25 4 38 4 46 4,88 27,74 4,82 15,23

D 4 23 15 42 4,65 26,44 11,81 14,00 13 9 5 27 15,12 10,34 3,94 9,00

Recalamações Umidade

Fevere

iro

de

2010

Març

o d

e

2009

Ju

lho

de

2009

Ou

tub

ro d

e

2009

Peri

od

o

En

trevis

tad

o

Reclamações RCT

Fonte: Autoria própria

Através da Tabela 2 pode-se observar que o fator de controle umidade tem

uma freqüência de não conformidade maior que para o teste RCT. No entanto,

ambos possuem alto nível de importância na qualidade do produto.

O teste de RCT é considerado um dos fatores mais difíceis de manter-se

dentro dos padrões no processo de produção de papel Kraft, segundo os

entrevistados. No entanto, ao se observar os dados mostrados na Tabela 2 nota-se

que o fator umidade apresenta um maior número de ocorrências no período. Os

dados indicam, nos meses estudados, que a umidade se apresentou mais difícil de

controlar que o RCT contrariando assim a afirmativa dos entrevistados.

Normalmente quando ocorre a perca de padrão, destes fatores, tem-se certa demora

em seu retorno aos padrões normais, gerando um número grande de bobinas

74

problemáticas. Analisando cada teste individualmente nota-se que no teste de RCT

os contra mestres A e B apresentam menor número de bobinas com não

conformidades e para o teste de umidade os contra mestres B e D apresentam os

melhores resultados.

Na Tabela 3, são apresentadas as não conformidades de gramatura e do

teste Cobb. Esta tabela também é um desdobramento da tabela 1.

Na Tabela 3, pode-se notar que as ocorrências de não conformidades na

gramatura do papel são em menor quantidade do que a do teste Cobb. O fator

gramatura apresenta uma resposta mais imediata às ações de correção adotadas

em relação aos demais testes, assim tendo sua correção muito mais rápida. No caso

da gramatura fica muito difícil apontar um contra mestre que apresente um resultado

de destaque, pois o número de não conformidade é muito pequeno.

Tabela 3 - Detalhamento de não conformidade por teste (Gramatura e Coob)

primeiro

turno

segundo

turno

terceiro

turnototal

% primeiro

truno

% segundo

turno

% terceiro

turno

% total por

período

primeiro

turno

segundo

turno

terceiro

turnototal

% primeiro

truno

% segundo

turno

% terceiro

turno

% total por

período

A 1 1 0 2 0,95 1,15 0,00 0,58 9 2 1 12 8,57 2,30 0,65 3,47

B 1 1 0 2 0,59 1,03 0,00 0,56 4 6 0 10 2,37 6,19 0,00 2,80

C 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00 0 11 5 16 0,00 7,38 5,43 4,95

D 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00 2 4 6 12 2,67 3,31 4,48 3,64

A 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00 14 5 2 21 16,28 5,56 1,18 6,09

B 2 2 2 6 1,36 2,41 2,33 1,90 0 1 5 6 0,00 1,20 5,81 1,90

C 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00 6 7 11 24 5,61 5,83 13,10 7,72

D 2 2 2 6 2,17 1,39 1,90 1,76 9 2 8 19 9,78 1,39 7,62 5,57

A 1 1 0 2 0,79 1,35 0,00 0,65 11 9 3 23 8,66 12,16 2,75 7,42

B 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00 6 0 2 8 4,44 0,00 2,38 2,50

C 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00 4 25 8 37 6,25 15,24 9,64 11,90

D 1 0 0 1 1,20 0,00 0,00 0,32 6 5 5 16 7,23 6,25 3,25 5,05

A 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00 1 16 5 22 1,32 18,18 4,31 7,86

B 1 0 1 2 0,79 0,00 1,35 0,72 14 5 5 24 11,11 6,49 6,76 8,66

C 0 0 0 0 0,00 0,00 0,00 0,00 2 37 5 44 2,44 27,01 6,02 14,57

D 2 2 0 4 2,33 2,30 0,00 1,33 15 3 6 24 17,44 3,45 4,72 8,00

Reclamações Gramatura

Març

o d

e

2009

Ju

lho

de

2009

Ou

tub

ro d

e

2009

Fevere

iro

de

2010

Reclamações COOB

Peri

od

o

En

trevis

tad

o

Fonte: Autoria própria

O Cobb apresenta uma demora mais acentuada na reação às medidas

tomadas, devido à demora da reação dos aditivos (cola e amido) no processo, até

que venham a interferir no produto final, assim como nos demais testes citados

anteriormente. O que se pode notar observando a Tabela 3, é que em alguns

momentos tem-se um numero mais constante de ocorrências. Analisando os dados

quanto ao teste Cobb nota-se que os contra mestres B e A, apresentam menor

ocorrência de não conformidades.

75

A Tabela 4 mostra a consolidação da Tabela 2. Nesta tabela observa-se de

forma global a eficiência de cada indivíduo, ou melhor, dizendo qual o procedimento

de correção das não conformidades é o mais eficiente.

Tabela 4 - Consolidação da correlação entre dados de não conformidade (RCT e Umidade) e contra mestres

EntrevistadoTotal de

bobinas

Total de

reclamações

Quantidade

reclamações

RCT

% de bobinas

com reclamação

RCT

Quantidade

reclamações

umidade

% de bobinas com

reclamação

umidade

A 1281 198 71 5,54 124 9,68

B 1270 121 69 5,43 76 5,98

C 1247 161 87 6,98 123 9,86

D 1288 171 86 6,68 105 8,15 Fonte: Autoria própria

Ao observarem-se os dados da Tabela 4 nota-se, quanto ao teste RCT, que

não é possível apontar um contra mestre que tenha um procedimento de correção

do teste RCT que se destaque. Quanto ao teste de umidade existe um forte

indicativo que mostra o procedimento de correção utilizado pelo contra mestre B

apresentou melhores resultados.

A Tabela 5 proporciona a consolidação dos dados obtidos na Tabela 3. O

número de não conformidades quanto à gramatura é muito pequeno. Desta forma,

fica difícil apontar um procedimento de correção de gramatura que se destaque.

Entretanto, quanto ao teste COBB existe um destaque para o procedimento adotado

para o contra mestre B para a correção deste teste.

Tabela 5 - Consolidação da correlação entre dados de não conformidade (Gramatura e Cobb) e contra mestres

EntrevistadoTotal de

bobinas

Total de

reclamações

Quantidade

reclamações

gramatura

% de bobinas

com reclamação

gramatura

Quantidade

reclamações

COOB

% de bobinas com

reclamação COOB

A 1281 198 7 0,55 78 6,09

B 1270 121 18 1,42 48 3,78

C 1247 161 5 0,40 121 9,70

D 1288 171 10 0,78 71 5,51 Fonte: Autoria própria

Na Tabela 6 tem-se a porcentagem de reclamações de cada entrevistado

sobre a quantidade de bobinas produzidas no período estudado.

76

Tabela 6 - Consolidação da correlação entre dados de não conformidade (RCT, Umidade, Gramatura e COBB) e contra mestres sobre total de bobinas produzidas

Entrevistado Total de bobinas Total de

reclamações

% de bobinas com

reclamação sobre os

quatro meses

A 1281 198 15,46

B 1270 121 9,53

C 1247 161 12,91

D 1288 171 13,28 Fonte: Autoria própria

A Tabela 6 confirma a indicação apresentada pela Tabela 1, ou seja,

consolidando-se todos os dados o contra mestre B possui procedimentos de

correção de não conformidades mais eficientes. Visto que todos trabalham em

sistema de rotação de turno, pode-se afirmar que o entrevistado B é o que tem

melhor facilidade para adaptar-se a troca de horário e equipe de trabalho.

4.1.4 Resultados do Modelo Trevo Fractal

Foi aplicado o modelo Trevo Fractal conforme descrito no capítulo de

metodologia.

O Quadro 5 descreve as ações realizadas durante a aplicação do modelo de

referência Trevo Fractal.

77

N AÇÃO MODELO DE REFEÊNCIA TREVO

FRACTAL DESCRIÇÃO DAS AÇÕES DA

EMPRESA

1 A

Avaliar o mercado consumidor e não consumidor e a sua influência no

contexto de utilização do produto ou processo

2 A1

Anotar dados que potencializem informações aos participantes do desenvolvimento do produto ou

processo

Empresa do próprio grupo, relatório de não conformidade (aleatório), consome

100% da produção

3 A2

Traduzir e simplificar os dados em informações e formas de

representações para a compreensão do produto ou processo

Fatores de ocorrência de não conformidade, relatório de não

conformidade do cliente com estimulo de manutenção de qualidade.

4 A3

Refletir as informações para gerar conhecimentos, idéias e soluções que orientem as ações de desenvolvimento

do produto ou processo.

Defasagem de retorno de feed back das ocorrências, não tendo

seqüenciamento lógico ao recebimento do produto em relação à fabricação e consumo da bobina, apesar de serem

identificadas (horário/turno), não ocorrendo avaliação do produto no

recebimento pelo cliente (controle de qualidade), dessa forma os

conhecimentos necessários serão coletados internamente.

5 A

Avaliar o mercado consumidor e não consumidor e a sua influência no

contexto de utilização do produto ou processo.

As informações geradas pelo consumidor não agregam valor, se

trabalhando com informações geradas internamente.

6 B Identificar os clientes e as suas necessidades atendidas com a

utilização do produto ou processo

O cliente atualmente faz parte integrante do próprio grupo, não

ocorrendo no momento abertura para novos clientes.

7 B1

Anotar dados que potencializem informações aos participantes do desenvolvimento do produto ou

processo

A utilização adequada do produto é avaliada pelos testes de não

conformidade, as especificações dos testes são fornecidas pelo cliente.

8 B2

Traduzir e simplificar os dados em informações e formas de

representações para a compreensão do produto ou processo

Relacionar os testes com características técnicas do papel

9 B3

Refletir as informações para gerar conhecimentos, idéias e soluções que orientem as ações de desenvolvimento

do produto ou processo

Qual teste é mais relevante para as necessidades do cliente?

10 B1

Anotar dados que potencializem informações aos participantes do desenvolvimento do produto ou

processo

Os testes de não conformidades são RCT, COBB, Gramatura, Umidade.

Quadro 6 - Ações Descritivas do MTF (Continua) Fonte: adaptado de Alves (2010)

78

N AÇÃO MODELO DE REFEÊNCIA TREVO

FRACTAL DESCRIÇÃO DAS AÇÕES DA

EMPRESA

11 B2

Traduzir e simplificar os dados em informações e formas de

representações para a compreensão do produto ou processo

RCT (influencia no empilhamento das caixas), Cobb (absorção de líquidos pela superfície do papel (tintas de

impressão e água qual influencia na perca de resistência do papel) em

ambos os lados), gramatura (quantidade de fibras na folha),

umidade (influencia na resistência e trabalho com a folha de papel).

12 B3

Refletir as informações para gerar conhecimentos, idéias e soluções que orientem as ações de desenvolvimento

do produto ou processo

Em função das necessidades do produto os testes mais importantes são

RCT, Umidade, cobb e gramatura.

13 C

Definir as características iniciais do processo produtivo para a manufatura das funções necessárias aos clientes

do produto ou processo

14 C1

Anotar dados que potencializem informações aos participantes do desenvolvimento do produto ou

processo

No início e término de cada bobina serão coletadas amostras para realizar os testes, as amostras de cada bobina são encaminhadas para o laboratório

para realização dos testes.

15 C2

Traduzir e simplificar os dados em informações e formas de

representações para a compreensão do produto ou processo

No momento da retirada da amostra o colaborador identifica falhas e realiza

ajustes com base no seu conhecimento tácito, esperando a confirmação dos

testes de laboratório.

16 C3

Refletir as informações para gerar conhecimentos, idéias e soluções que orientem as ações de desenvolvimento

do produto ou processo.

Necessidade de mapear o processo, identificando todas as fases do mesmo até o produto acabado, sistematizando

o conhecimento tácito da equipe de produção.

17 D Descrever as expectativas dos clientes

através das funções e os serviços necessários ao produto ou processo.

Busca por entrega do produto ao conforme as necessidades do cliente

interno (gerente de produção), recebendo todas as bobinas dentro do

padrão desejado (cliente externo).

18 E

Formalizar, representar e materializar para se verificar as idéias para as

funções e os serviços necessários ao produto ou processo.

Busca para garantir os padrões de qualidade do produto, formalizando e

detalhando as ações do processo.

19 E1

Anotar dados que potencializem informações aos participantes do desenvolvimento do produto ou

processo

Conhecer a seqüência do processo de fabricação do papel Kraft

20 E2

Traduzir e simplificar os dados em informações e formas de

representações para a compreensão do produto ou processo.

Conhecer em detalhes as etapas de produção do papel (equipamentos)

Quadro 6 - Ações Descritivas do MTF (Continua) Fonte: adaptado de Alves (2010)

79

N AÇÃO MODELO DE REFEÊNCIA TREVO

FRACTAL DESCRIÇÃO DAS AÇÕES DA

EMPRESA

21 E3

Refletir as informações para gerar conhecimentos, idéias e soluções que orientem as ações de desenvolvimento

do produto ou processo.

Dificuldade de fabricação devido à diversidade de matéria prima. Em

função de o equipamento ser antigo e com pouquíssima instrumentação e nem uma automatização, dificulta a manutenção da qualidade do papel.

22 E

Formalizar, representar e materializar para se verificar as idéias para as

funções e os serviços necessários ao produto ou processo.

Levantamento e detalhamento de não conformidades no processo produtivo

23 F

Registrar as soluções, as idéias e os conceitos preliminares e sua evolução, para atender os clientes com o produto

ou processo.

Melhor controle dos parâmetros que interferem nos testes, buscas de

informações técnicas que auxiliem o controle dos parâmetros

24 H

Examinar as variáveis para a produção e manufatura das idéias e funções necessárias para a utilização pelos clientes do produto ou processo.

Dificuldade na obtenção de parâmetros relevantes ao processo, devido à

obtenção manual de dados.

25 G Levantar e impregnar-se das

tendências mercadológicas, conceituais e tecnológicas do produto ou processo.

Solução para a coleta de informações sobre o processo pode ser realizada

pela automação do mesmo.

26 I

Encontrar e escolher conceitos que viabilizem as soluções das funções e a

sua concepção para a pesquisa e testes do produto ou processo.

O conceito de automação não será utilizado por filosofia da empresa.

Busca de novos conceitos.

27 E

Formalizar, representar e materializar para se verificar as idéias para as

funções e os serviços necessários ao produto ou processo.

Uma vez que o conceito de automação não é uma opção, optou-se pelo

detalhamento do conhecimento tácito do contra mestres por meio de

entrevistas, uma vez que os mesmos respondem pelas ações de correção do

processo.

28 F

Registrar as soluções, as idéias, e os conceitos preliminares e sua evolução, para atender os clientes com o produto

ou processo

Não foi possível tirar conclusão das entrevistas uma vez que as ações de

correção (por teste) não são as mesmas para todos os entrevistados e quando existe coincidência de ações

não necessariamente são implementadas na mesma seqüência.

29 E

Formalizar, representar e materializar para se verificar as idéias para as

funções e os serviços necessários ao produto ou processo.

Na busca da confrontação dos dados obtidos nas entrevistas (os quais não permitiram conclusões) realizou-se

uma observação das ações de correção implementada por cada um

dos entrevistados.

30 F

Registrar as soluções, as idéias e os conceitos preliminares e sua evolução, para atender os clientes com o produto

ou processo.

Obteve-se uma seqüência detalhada de ações de correções, não é possível

identificar uma seqüência mais adequada para o controle do processo

como solução preliminar.

Quadro 6 - Ações Descritivas do MTF (Continua) Fonte: adaptado de Alves (2010)

80

N AÇÃO MODELO DE REFEÊNCIA TREVO

FRACTAL DESCRIÇÃO DAS AÇÕES DA

EMPRESA

31 E

Formalizar, representar e materializar para se verificar as idéias para as

funções e os serviços necessários ao produto ou processo.

Elaboração de tabelas para confrontação com as seqüências de ações de correção implementadas

pelos entrevistados segundo observações na ação 29.

32 F

Registrar as soluções, as idéias e os conceitos preliminares e sua evolução, para atender os clientes com o produto

ou processo.

Adotar como procedimento padrão a seqüência de ações do melhor contra mestre. Ou a combinação da melhor

seqüência de ações por teste.

33 H

Examinar as variáveis para a produção e manufatura das idéias e funções necessárias para a utilização pelos clientes do produto ou processo.

Confrontar resultado geral por entrevistados (todos os teste juntos)

com resultados por teste por entrevistado.

34 I

Encontrar e escolher conceitos que viabilizem as soluções das funções e a

sua concepção para a pesquisa e testes do produto ou processo.

Adotar a seqüência de ações para todos os testes do entrevistado B como

conceito por seis meses. Adotar a melhor seqüência de por teste por seis meses, implementar instrumentação

para o controle de processo.

Quadro 6 - Ações Descritivas do MTF (Conclusão) Fonte: adaptado de Alves (2010)

Ao final da aplicação do modelo Trevo Fractal foi possível encontrar as

seguintes sugestões de melhoria do processo: adotar a seqüência de ações do

entrevistado B como conceito durante um período de seis meses, por apresentar de

forma global a melhor seqüência de ações corretivas; adotar a seqüência de ações

do contra mestre que apresentou o melhor desempenho por teste de conformidade

também por um período de seis meses. Estas sugestões têm o intuito de refinar a

avaliação sobre o conhecimento tácito de cada contra mestre. Desta forma, ter-se-á

a melhor prática baseada no conhecimento tácito da equipe de trabalho. Ainda

existe a sugestão de implementar uma instrumentação em algumas partes do

processo buscando-se dar mais subsídios para que a equipe de trabalho possa

atuar no processo de maneira mais eficiente e segura.

Para uma melhor visualização das ações apresentadas na aplicação do MTF

na empresa estudada, tabulou-se os resultados obtidos na quantidade, seqüência e

descrição, Quadro 6.

81

Ava

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1 2 3 A B C D E F G H I

1 A 1

2 A1 2

3 A2 3

4 A3 4

5 A 5

6 B 6

7 B1 7

8 B2 8

9 B3 9

10 B1 10

11 B2 11

12 B3 12

13 C 13

14 C1 14

15 C2 15

16 C3 16

17 D 17

18 E 18

19 E1 19

20 E2 20

21 E3 21

22 E 22

23 F 23

24 H 24

25 G 25

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28 F 28

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% %15,1527,2712,1245,45

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S

ÕE

S

Trevo EXPLICITAR conversão do

conhecimento (era gestão)

Eta

pas

Trevo ANALISAR planejamento

do projeto

Trevo GERAR Inferior projeto

informacional

Trevo GERAR superior projeto

conceitual

Eta

pas

15 4 9 5 QT

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EN

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S

MODELO DE TREVO FRACTAL PAPEL KRAFT

AÇÕES DESENVOLVIDAS

Quadro 7 - Formalização gráfica das ações desenvolvidas no MTF Fonte: Adaptado de Castro Alves (2010)

Observando-se o Quadro 6 nota-se que as atividades ligadas a conversão

do conhecimento (45,45 % de todas as ações) foram as mais utilizadas, mostrando

que o conhecimento do processo de produção é muito importante para a busca de

soluções de melhoria. As atividades ligadas à definição clara das necessidades do

cliente (27,27 % de todas as ações) também se mostram muito relevantes. Estas

atividades estão ligadas a transformação das necessidades do cliente em princípio

de soluções.

82

5 CONCLUSÕES

Baseado nos resultados obtidos nesta pesquisa pode-se concluir que:

A coleta de dados mostra que a dificuldade da empresa estudada em

manter o seu produto dentro das normas de qualidade, deve-se entre outras

coisas a falta de um procedimento formal de correção de não

conformidades. Sendo que todas as ações de correção de não conformidade

são baseadas no conhecimento tácito da equipe de trabalho.

A dependência estrema do conhecimento tácito da equipe de trabalho.

Gera dificuldade em controlar as variações de processo que leva a não

conformidade do produto.

O modelo de referência Trevo Fractal foi capaz de propor soluções de

melhoria de processo de forma flexível, pois as soluções propostas

respeitaram a filosofia de trabalho da empresa e utilizou a grande riqueza da

empresa que é seu capital humano. O modelo de referência conseguiu

apontar soluções que se bem trabalhadas podem transforma-se em

melhores práticas para a empresa em questão.

Fica evidente a necessidade de formalização das atividades do

processo de produção para que a empresa consiga futuramente prospectar

novos mercados.

83

6 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Com base no desenvolvimento desta pesquisa fazem-se as seguintes

sugestões de novas pesquisas correlacionadas:

Refinar as informações baseadas no conhecimento tácito dos contra

mestres como forma de auxiliar um possível processo de formalização das

ações de correção de não conformidade. Estas informações podem ser

utilizadas para decidir os pontos de implantação de instrumentação do

equipamento;

Verificar as interferências das falhas mecânicas, fatores climáticos e

alterações de projeto (da máquina de papel) nos resultados de não

conformidade;

A aplicação do modelo de referência em máquinas de produção de

papel, que apresentem outras características produtivas e de projeto no

intuito de melhorar o processo.

84

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89

APÊNDICE A - Instrumento da Pesquisa Qualitativa

90

Instrumento da Pesquisa Qualitativa

Entrevista Semi-Estruturada – Levantamento das ações do processo de manufatura de papel Kraft:

Instruções Gerais:

• Essa entrevista tem por objetivo investigar o processo de manufatura do papel Kraft e confrontar

as literaturas ações relacionadas e as ações desse processo.

• Esse instrumento é composto de questões abertas sobre as ações do processo que servirão para

Direcionamento da entrevista de levantamento do conhecimento tácito, para se obter informações e se confrontar.

as ações apontadas pela utilização de

Seção 1

O propósito desta seção inicial se encontra em caracterizar o conhecimento tácito, para se realizar a comparação.

dos dados coletados

1.1 - Qual o número de funcionários envolvidos na tomada das ações?

( ) 01 a 02 ( ) de 02 a 05 empregados

1.2 - As ações corretivas no processo são registradas formalmente?

( ) sim ( ) não

Caso a resposta seja sim de que forma é o registro: _________________________________________

___________________________________________________________________________________

1.3 - Quais são as ações corretivas mais comuns no processo?

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

1.4 - Qual o tempo médio para que uma ação corretiva apresente efeito depois de implementada?

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

1.5 - Qual é o procedimento no caso de se não identificar a causa do defeito no processo?

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

1.6 - Quais são as gramaturas de papel produzido na unidade fabril?

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

1.7 - Existe um padrão de qualidade para o produto internamente formalizado?

_____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

1.8 - Há Quanto tempo você trabalha na produção de papel Kraft?

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

1.9 – como forma você visualiza a sua função dentro das atividades que desenvolve?

_____________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

91

Seção 2

Esta seção é para se obter a descrição em fase preliminar das ações de controle de processo utilizadas na

linha de produção de Kraft, com a possibilidade de complementação.

2. 1 – De que forma é realizado o controle de processo de produção do papel Kraft?

___________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

2.2 - Qual é o processo de controle de qualidade do produto em produção e acabado?

___________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

2.3 - Qual e o controle de qualidade realizado na matéria prima?

___________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________________

92

APÊNDICE B - Roteiro Entrevista

93

Roteiro Entrevista

ENTREVISTADO ___________

CIDADE E DATA:______________________________________________________

COLETA DE CONHECIMENTO TÁCITO NA INDÚSTRIA DE PAPEL KRAFT:

1 – CARACTERIZAÇÃO DA FONTE DE DADOS:

1.1 – Formação acadêmica:

( ) Primeiro grau completo; ( ) Segundo grau completo; ( ) Terceiro grau completo;

Outros ____________________________________________________________

1.2 – Formação especifica:

( ) Cursos; ( ) Treinamento com certificado; ( ) Outros

Qual realizou: _________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________________________

1.3 – Tempo de trabalho na indústria do papel:

___________________________________________________________________

1.4 – Tempo de trabalho na função:

Gerente:___________ Supervisor:__________ Mestre: __________

Condutor: ___________

1.5 – Tempo de trabalho na empresa: ____________________

2 – Ações Relacionadas ao Trabalho:

2.1 – Quando o senhor recebe a informação que o teste de RCT esta fora do padrão,

quais são as medidas tomadas para a correção do defeito operacional?

2.2 - Que medidas são tomadas com a permanência do defeito após os atos

corretivos?

2.3 - Existe alguma forma de se identificar a falha de RT fora dos testes de

laboratório?

2.4 - Quais são os fatores produtivos que podem levar a apresentação de defeito por

rct?

2.5 - Quando o senhor é informado que a porcentagem de umidade esta fora do

padrão, que medidas são tomadas para a correção do defeito?

2.6 – Que medida inicial é tomada para a correção da porcentagem de umidade ate

se chegar ao agente causador?

2.7 - Qual e a formas de acompanhamento pra se evitar a perda do padrão no caso

da umidade?

2.8 – Existe alguma técnica utilizada para se perceber a umidade antes do resultado

do teste durante o processo?

94

2.9 - Quando se recebe a informação que o teste de cobb esta fora do padrão, quais

são as medidas tomadas para a correção do defeito?

2.10 – Existem fatores que podem vir a causar o defeito de padrão de cobb?

2.11 – De que forma o senhor atua para a manutenção dos fatores de gramatura?

2.12 – que defeitos ou fatores podem gerar a perca de padrão de gramatura?

2.13 – qual o tipo de papel mais complicado para se manter os padrões na

maquina?

2.14 – Para o senhor qual dos padrões de qualidade é mais importante?Por quê?

95

APÊNDICE C - Dados Produtivos do Papel Kraft

96

Dados produtivos do Papel Kraft

Mês Produção

em

toneladas

Quantidade média de

bobinas

Quantidade

média de

bobinas teste line 1ª

Quantidade

média de

bobinas teste line 2ª

Quantidade de

reclamações

Quantidade

de

reclamações teste line 1ª

Quantidade reclamações

teste line 2ª

Jan./09 2.628.205 1321 1028 293 44 24 20

Fev./09 2.464.555 1238 1034 204 38 22 16

Mar/09 2.691.100 1352 908 444 83 56 27

Abr./09 2.669.745 1342 848 494 26 15 11

Maio/09 0 0 0 0 0 0 0

Jun./09 2.005.380 1008 898 110 22 10 12

Jul./09 2.608.545 1311 828 483 11 3 8

Ago./09 2.559.320 1286 833 453 29 25 4

Set/09 2.457.895 1235 734 501 97 42 55

Out./09 2.508.095 1260 1051 209 133 109 24

Nov./09 2.566.515 1290 1188 102 80 69 11

Dez/09 2.570.235 1292 1185 107 130 110 20

Jan./10 2.628.730 1321 1139 182 86 78 8

Fev./10 2.309.460 1161 932 229 173 148 25

Mar/10 2.663.420 1338 1267 71 58 56 2

Abr./10 2.528.875 1271 954 317 109 91 18

Total 37860075 19025 14826 4199 1119 858 261

Resultados dos testes de conformidade

Mês Quantidade RCT

teste line 1ª e teste line 2ª

Quantidade de

umidade.

Quantidade

COBB-C

Quantidade

COBB-S

Quantidade

Gramatura

Jan./09 15 38 19 21 4

Fev./09 14 24 18 13 1

Mar/09 43 51 26 43 9

Abr./09 13 16 12 15 4

Maio/09 0 0 0 0 0

Jun./09 9 11 5 10 8

Jul./09 1 5 5 9 6

Ago./09 20 12 8 12 0

Set/09 95 49 4 17 1

Out./09 123 62 16 22 0

Nov./09 63 44 12 18 7

Dez/09 117 122 18 114 8

Jan./10 77 39 19 39 7

Fev./10 168 68 22 18 1

Mar/10 50 61 18 11 3

Abr./10 92 65 32 30 2

Total 900 667 234 392 61

97

Porcentagem de ocorrências por item na produção de jan./09 a abr./10

Mês Porcentagem

de reclamações

Porcentagem de

reclamações teste line 1ª

Porcentagem de

reclamações teste line 2ª

Porcentagem de

reclamações RCT

Porcentagem de

reclamações umidade

Porcentagem de

reclamações COBB-C

Porcentagem de

reclamações COBB-S

Porcentagem de

reclamações gramatura

Jan./09 3,33 2,34 6,83 1,14 2,88 1,44 1,59 0,30

Fev./09 3,07 2,13 7,84 1,13 1,94 1,45 1,05 0,08

Mar/09 6,14 6,17 6,08 3,18 3,77 1,92 3,18 0,67

Abr./09 1,94 1,77 2,23 0,97 1,19 0,89 1,12 0,30

Maio/09 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Jun./09 2,18 1,11 10,91 0,89 1,09 0,50 0,99 0,79

Jul./09 0,84 0,36 1,66 0,08 0,38 0,38 0,69 0,46

Ago./09 2,25 3,00 0,88 1,56 0,93 0,62 0,93 0,00

Set/09 7,85 5,72 10,98 7,69 3,97 0,32 1,38 0,08

Out./09 10,55 10,37 11,48 9,76 4,92 1,27 1,75 0,00

Nov./09 6,20 5,81 10,78 4,88 3,41 0,93 1,40 0,54

Dez/09 10,07 9,29 18,69 9,06 9,45 1,39 8,83 0,62

Jan./10 6,51 6,85 4,40 5,83 2,95 1,44 2,95 0,53

Fev./10 14,91 15,89 10,92 14,48 5,86 1,90 1,55 0,09

Mar/10 4,33 4,42 2,82 3,74 4,56 1,34 0,82 0,22

Abr./10 8,58 9,54 5,68 7,24 5,11 2,52 2,36 0,16

Total 5,88 5,79 6,22 4,73 3,51 1,23 2,06 0,32

98

ANEXO A - Modelo do PDPOC Orientado ao Cliente de Cheng e Melo Filho

99

Modelo do PDPOC Orientado ao Cliente de Cheng e Melo Filho

Fonte: Cheng e Melo Filho (2007)

100

ANEXO B - Modelo do PDP pelo Método PACE

101

MODELO DO PDP PELO MÉTODO PACE

Fonte: Adaptado de McGrath (1996)

102

ANEXO C - Modelo do PDP de Pahl e Beitz

103

MODELO DO PDP DE PAHL E BEITZ

Fonte: Adaptado de Pahl e Beitz (1996)

104

ANEXO D - Modelo do PDP de Ulrich e Eppinger

105

MODELO DO PDP DE ULRICH E EPPINGER

Fonte: Adaptado de Ulrich e Eppinger (1995)

106

ANEXO E - Modelo do PDP Total Desing de PUGH

107

MODELO DO PDP TOTAL DESING DE PUGH

Fonte: Adaptado de Pugh (1991)

108

ANEXO F - Modelo de Integração de Atividades de PDP

109

MODELO DE INTEGRAÇÃO DE ATIVIDADES DE PDP

Fonte: Echeveste (2003)

110

ANEXO G - Modelo de Desenvovimento com Stage Gates

111

MODELO DE DESENVOVIMENTO COM STAGE GATES

Fonte: Echeveste (2003)

112

ANEXO H - Modelo de decisão estratégica de desenvolvimento de produtos

113

MODELO DE DECISÃO ESTRATÉGICA DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS

Fonte: Danilevicz (2006)

114

ANEXO I - Modelo de Referencia de Campos

115

MODELO DE REFERENCIA DE CAMPOS

Fonte: Campos 2009

116

ANEXO J - Modelo do PDP de Urban e Hauser

117

MODELO DO PDP DE URBAN E HAUSER

Fonte: Adaptado de Urban e Hauser (1993)

118

ANEXO K - Modelo do PDP de Clark e Wheelwright

119

MODELO DO PDP DE CLARK E WHEELWRIGHT

Fonte: Adaptado de Clark e Wheelwright (1993)

120

ANEXO L - Modelo de Referência Conceitual de Camargo

121

MODELO DE REFERÊNCIA CONCEITUAL DE CAMARGO

Fonte: CAMARGO (2007)