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USO DE BIOMASSA NA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NA INDÚSTRIA DE CELULOSE 1 Wanderlei David Pereira, 2 João Lages Neto 1 Gerente de Recuperação e Utilidades Fibria Unidade Aracruz. 2 Especialista de Meio Ambiente Fibria Unidade Aracruz. A indústria de celulose no Brasil e no Mundo. O Brasil é o quarto maior produtor de celulose no cenário mundial, com uma capacidade produtiva de 13.315 mil toneladas de celulose (dados de 2009). A totalidade da produção brasileira no Brasil é realizada através de florestas plantadas e manejadas especificamente para este fim. Os avanços da tecnologia de manejo florestal fazem com que o Brasil atinja as maiores produtivas nas suas florestas, o que torno a fabricação de celulose altamente competitiva. A produtividade das nossas florestas saltou de 24 para 44 m³/ha/ano para espécie do Eucalipto e de 19 para 38 m³/ha/ano para o Pinus. Este aumento de produtividade foi possível em razão dos avanços tecnológicos que estão voltados aos seguintes fatores: Genética Biotecnologia; Matéria prima de alta qualidade; Planejamento sócio ambiental; Manejo florestal; Rotação de áreas plantadas. Além destes avanços tecnológicos o Brasil tem uma condição climática favorável para cultivo de eucalipto.

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USO DE BIOMASSA NA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA NA INDÚSTRIA

DE CELULOSE

1Wanderlei David Pereira, 2João Lages Neto

1 Gerente de Recuperação e Utilidades Fibria Unidade Aracruz.2 Especialista

de Meio Ambiente Fibria Unidade Aracruz.

A indústria de celulose no Brasil e no Mundo.

O Brasil é o quarto maior produtor de celulose no cenário mundial, com uma capacidade

produtiva de 13.315 mil toneladas de celulose (dados de 2009).

A totalidade da produção brasileira no Brasil é realizada através de florestas plantadas e

manejadas especificamente para este fim.

Os avanços da tecnologia de manejo florestal fazem com que o Brasil atinja as maiores

produtivas nas suas florestas, o que torno a fabricação de celulose altamente competitiva.

A produtividade das nossas florestas saltou de 24 para 44 m³/ha/ano para espécie do

Eucalipto e de 19 para 38 m³/ha/ano para o Pinus.

Este aumento de produtividade foi possível em razão dos avanços tecnológicos que estão

voltados aos seguintes fatores:

Genética

Biotecnologia;

Matéria prima de alta qualidade;

Planejamento sócio ambiental;

Manejo florestal;

Rotação de áreas plantadas.

Além destes avanços tecnológicos o Brasil tem uma condição climática favorável para

cultivo de eucalipto.

O Brasil é o quarto maior produtor de celulose mundial e o nono maior produtor de papel.

Grandes projetos de expansão da capacidade estão em curso e outros futuros já

anunciadas que elevarão ainda mais esta produção.

A FIBRIA Celulose S/A á a maior produtora de celulose de fibra curta de eucalipto do mundo

com uma capacidade produtiva de 5.250 Kt/ano.

MATRIZ ENERGÉTICA

As fábricas de celulose por questões de cunho ambiental e econômico instalam em seus

parques indústrias equipamentos e processos que aproveitam toda a energia (biomassa)

disponibilizada durante o processo de extração da celulose da madeira.

Com isto as fábricas modernas conquistam a auto-suficiência em energia térmica e elétrica

através do aproveitamento de 100% da biomassa, seja na forma de resíduos de madeira

(cascas e rejeitos) ou licor preto.

O licor preto é gerado no processo e polpação da celulose. Os equipamentos utilizados

nesta etapa do processo são denominados digestores.

Nos digestores através da reação de deslignificação da madeira ocorre a separação da

lignina (licor preto) das fibras de celulose que constituem a madeira.

A madeira é composta basicamente de celulose, hemicelulose e lignina. O processo de

polpação procura separar com o melhor rendimento possível a celulose e hemicelulose da

lignina.

A lignina após solubilizada seja o processo de recuperação química para compor a matriz

energética das fábricas de celulose, e é utilizado como fonte de energia nas caldeiras de

recuperação.

Além da lignina os resíduos de madeira gerados durante o processo de preparação de

cavacos também é utilizado nas caldeiras de biomassa.

As caldeiras de recuperação e biomassa geram vapor de alta pressão e temperatura que

antes de serem utilizados nos processos como energia térmica acionam turbinas a vapor

que estão acopladas a geradores de energia .

As unidades de produção de celulose modernas obtêm um Balanço de energia que além de

garantir a auto-suficiência de energia elétrica e térmica, geram excedentes de energia

elétrica que cada vez mais esta se tornando uma boa fonte de receita para estas industriais.

PROCESSO DE COGERAÇÃO

A cogeração de energia se traduz na produção simultânea de duas ou mais

utilidades – calor de processo e energia eletromecânica, a partir de uma mesma

fonte energética. Isto pode resultar no benefício econômico da redução de custos de

combustíveis, quando comparada à produção das utilidades em separado, e

também em benefícios ambientais como a redução de emissões de poluentes

decorrentes da queima de combustíveis [Gabriel de Jesus Azevedo Barja].

Nas industriais de extração de celulose a cogeração é realizada através do ciclo

Rankine.

Neste processo geralmente empregam-se caldeiras aquatubulares para geração de

vapor de alta pressão e temperatura, turbogeradores a vapor, central de distribuição

de vapor e energia elétrica.

A geração de energia elétrica através do ciclo combinado, onde observamos o ciclo

Rankine e Brayton também já é uma realidade na indústria de celulose. A vantagem

desta combinação é uma elevação no rendimento global da central de cogeração.

EQUIPAMENTOS

CALDEIRAS DE RECUPERAÇÃO QUÍMICA

As caldeiras de recuperação têm basicamente duas funções no processo, recuperar os

químicos utilizados no processo de cozimento e reaproveitar a energia térmica disponível no

licor preto, através da geração de vapor.

Combustível principal: Licor Preto

Combustível auxiliar: Óleo Combustível e ou Gás Natural;

Pressão de operação típica: 65 à 120 bar;

Temperatura do vapor típica: 450 à 485 ºC.

CALDEIRAS DE BIOMASSA

As caldeiras de biomassa utilizam o resíduo de madeira gerado durante o processo de

classificação dos cavacos a serem utilizados no processo de cozimento. A queima deste

resíduo permite gerar vapor que se soma ao vapor gerado nas caldeiras de recuperação.

Combustível principal: Biomassa e lenha energética;

Combustível auxiliar: óleo combustível;

Pressão de operação típica: 65 à 120 bar;

Temperatura do vapor típica: 450 à 485ºC.

Alem do licor preto e biomassa outros resíduos de processo gerados pelas indústrias de

celulose são incinerados nas caldeiras, como os gases não condensáveis (GNC) que são

basicamente compostos reduzidos de enxofre, como o gás sulfídrico, metil mercaptanas,

etc. Atualmente já esta se tornando comum a incineração do lodo biológico gerado durante o

processo de biodegração da matéria orgânica presente nos efluentes das indústrias de

celulose.

TENDÊNCIAS DO FUTURO

Já existem inovações que permitem elevar o reaproveitamento e eficiência energética das

indústrias de celulose conforme destacado a seguir.

GASEIFICADOR DE BIOMASSA.

Estes equipamentos estão sendo amplamente estudos para substituir a parcela de

combustível fóssil utilizado nos fornos de cal das indústrias de celulose. Já existem

experiências de aplicação industrial fora do Brasil com esta tecnologia.

Etapas da gaseificação da biomassa:

• Em primeiro, ocorre a secagem, durante o aquecimento do combustível. Esta etapa é

mais significativa e lenta para combustíveis mais úmidos, como madeira e biomassa

em geral;

• A pirólise (ou desvolatilização) se inicia a pelo menos 300ºC, quando ocorre

vaporização das partes voláteis e se inicia a fragmentação das partículas sólidas;

• A combustão é necessária ao processo, já que necessita-se de uma fonte de calor

para os demais processos;

• A gaseificação consiste na decomposição térmica da biomassa, resultando na

produção de um biogás (Syngas) composto basicamente de CO, H2, CH4 e H2O e

cinzas. O syngas pode ser usado diretamente como combustível ou como precursor

de biocombustíveis superiores (rota termoquímica);

• Esta etapa ocorre em temperaturas entre 400ºC a 900ºC;

• Este processo já é utilizado e está consolidado para a substituição de combustível

em fornos de cal e também para a produção de diesel sintético (Fischer-Tropsch);

• Tecnologia relativamente simples comparada com alternativas de biorrefinaria;

GASEIFICADOR DE LICOR NEGRO

O gaseificar de licor negro, tem por objetivo substituir a caldeira de recuperação, que é o

ativo mais oneroso do capital necessário para implantação de uma fábrica de celulose.

A gaseificação de licor negro assim como a gaseificação de biomassa tem como objetivo a

produção de Syngás;

O Syngás após purificado pode ser utilizado como combustível em uma turbina à gás ou

pode ser utilizado como base para produção de combustíveis renováveis;

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NA FIBRIA CELULOSE S/A

A Fibria é a maior fabricante de celulose de fibra curta de mercado do mundo. Um das

estratégias da Fibria é exatamente elevar o seu desempenho no que tange ao aspecto de

sustentabilidade.

Dentre as ações para elevar seu desempenho ambiental destaca-se a eficiência energética.

Todas as unidades da Fibria são monitoradas através de balanços energéticos com metas

de elevação da eficiência energética a cada ano.

A matriz energética da Fibria em 2010 registrou uma participação dos combustíveis

renováveis a partir da biomassa de 90% do total de energia demanda para o processo

fabricação de celulose além de nas unidades de Aracruz e Três Lagoas além de atenderem

em 100% a demanda de energia elétrica, o balanço permite uma geração de excedente que

é injetado na rede.

Com relação à geração de energia elétrica em 2010 a Fibria Celulose S/A gerou o

equivalente a 3.086 GWh/ano.

A matriz energética da unidade Aracruz obteve um resultado ainda melhor onde 92% de

energia consumida tem origem na biomassa.

Com relação à unidade de Três Lagoas os combustíveis renováveis representaram 90% do

total de energia consumida.

Por último a unidade Jacareí obteve uma participação de 87% base biomassa na sua matriz

energética.

Conforme podemos concluir a biomassa é o maior contribuinte da matriz energética da

Fibria e temos estratégia para elevar ainda mais este índice sempre com o objetivo de

minimizar o uso de combustíveis não renováveis, seja através do uso eficiente dos

combustíveis ou através de mudança de tecnologia.

Elaboração: Engº. Wanderlei David Pereira

Gerente de Recuperação e Utilidades

Fibria Unidade Aracruz.

Participação: João Lages Neto

Especialista de Meio Ambiente

Fibria Unidade Aracruz.

Thaís Spinassé Scarpati

Estagiaria Meio Ambiente Industrial

Fibria Unidade Aracruz

Revisão Ortográfica: Maria de Lourdes Suela

Assistente Executiva

Fibria Unidade Aracruz.