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USO DA ÁGUA E DA ENERGIA PELO JOVEM
BRASILEIRO: PONDERAÇÕES ACERCA DE UM CONSUMO CONSCIENTE
Cintia Loos Pinto (UFV) [email protected]
Kelly Carvalho Vieira (UFV) [email protected]
DENISE GABRIELA RODRIGUES (UFV) [email protected]
Camila Silva Freguglia (UFES) [email protected]
Alexandre Jose Pereira de Sousa Vaz (UFV) [email protected]
A demanda brasileira por energia elétrica apresenta um crescimento expressivo a ponto de gerar questionamentos sobre soluções duradouras e a manutenção do abastecimento no curto prazo. Em especial, o ano de 2014, foi marcado por sérias constatações dos níveis dos reservatórios de água forçando os indivíduos a modificarem seus hábitos de consumo a fim de não agravarem a situação ambiental. Diante do exposto o objetivo deste trabalho é identificar se os jovens brasileiros atuam passiva ou ativamente na esfera do consumo consciente da água e da energia elétrica. Para alcançar esse objetivo foi elaborado um questionário estruturado baseado nas recomendações de um manual elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente, o Ministério da Educação e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Contata-se como contribuição que algumas mudanças na forma de se consumir precisam ser trabalhadas na população jovem brasileira, como por exemplo em relação a comprar lâmpadas fluorescentes ou desligar a televisão na hora de dormir, visto que essas duas dimensões foram as que apresentaram as menores médias em nos clusters estudados. Palavras-chave: Consumo Consciente, Energia Elétrica, Água, Jovem Consumidor
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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1.Introdução
O ano de 2014 foi marcado por vários debates acerca do uso da água e da energia elétrica pela
população brasileira. Frente a sérias constatações dos níveis dos reservatórios de água do país
devido principalmente a estiagem atípica de chuvas no começo do ano, os indivíduos se viram
forçados a modificarem seus hábitos de consumo a fim de não agravarem a já caótica situação
ambiental do país. A ocorrência de um apagão no início do ano que atingiu várias regiões
acentuou a preocupação com a urgência de hábitos mais conscientes de uso da energia como
da água, evidenciando também problemas nesse sentido em relação à infra-estrutura
brasileira.
Entendendo que as pessoas podem desenvolver diferentes papéis na sociedade, o indivíduo,
em sua singularidade, possui papel relevante na modificação desse cenário pessimista caso
opte em consumir sustentavelmente (PINTO et al, 2014). Para Crofton (2000) a consciência
dos problemas ambientais, econômicos e sociais complexos e inter-relacionados em nosso
mundo está aumentando, sendo que o debate da sustentabilidade já não incide sobre o
questionamento se as mudanças são necessárias, mas sim sobre que tipo de mudanças são
necessárias e como elas podem ser concretizadas.
O Instituto Akatu, organização não governamental sem fins lucrativos que trabalha pela
conscientização e mobilização da sociedade para o Consumo Consciente, realizou em 2001
um estudo especifico com o público jovem mundial, incluindo os brasileiros, objetivando
esboçar a forma com que pensam e agem os jovens na hora de consumir. Este trabalho
intitulado “Os jovens e o consumo sustentável – Construindo o próprio futuro?”, revelou que
os participantes acreditavam que a grande maioria das suas ações pouco afetavam o meio
ambiente, com exceção do lixo que jogavam fora, uma constatação no mínimo muito
alarmante. Como Cho et al (2013) destacam que quanto mais os indivíduos acreditam que
podem influenciar o ambiente, maior a incidência de mudança de comportamento
testemunhado, torna-se relevante investigar este público jovem nos dias atuais.
Assim, diante do contexto apresentado, o problema de pesquisa proposto por esse estudo é:
“O jovem brasileiro apresenta atitudes de um consumidor consciente sobre o uso da água e da
energia elétrica?” Ciente do fato de que analisar a sociedade a partir de uma abordagem
orientada pelo consumo traz inúmeras implicações, não apenas para as ciências sociais e para
as políticas ambientais, mas também em relação à criação de possibilidades de ações políticas
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inovadoras (PORTILHO, 2005), o objetivo deste trabalho é identificar se os jovens brasileiros
atuam passiva ou ativamente na esfera do consumo consciente da água e da energia elétrica.
2. Referencial teórico
2.1 O consumo consciente frente a crise ambiental mundial
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2014), o consumo consciente é o conceito mais
amplo e simples de ser aplicado no dia a dia. Para tal somente é necessário estar atento à
forma como se consome, diminuindo, por exemplo, o desperdício de água e energia e, na hora
da compra, privilegiando produtos e empresas responsáveis (MINISTÉRIO DO MEIO
AMBIENTE, 2014). Esta seria uma forma de consumo, portanto em que o individuo fica
vigilante quanto aos seus atos, procura não somente consumir mas usar racionalmente as
fontes de recursos, evitando o desperdício e preocupando-se também com a credibilidade das
empresas fornecedoras de bens e serviços.
De acordo com Afonso et al (2013) a partir da década de 1990, com a percepção do impacto
ambiental dos altos padrões de consumo das sociedades, emerge um novo discurso no
pensamento ambientalista internacional, que incorpora não apenas a produção, mas também
padrões de consumo e estilos de vida. Estas preocupações surgiram a partir da constatação de
que o modelo de crescimento econômico baseado na maximização da produção e do consumo
geraram enormes desequilíbrios tanto de ordem econômica e social, como também ambiental
(BATTISTELLA; VELTER; GROHMANN, 2012; BRIZGA; MISHCHUK;
GOLUBOVSKA-ONISIMOVA, 2014).
Infelizmente aponta Barber (2007) que apenas uma pequena parte da população formalmente
identifica-se como parte deste movimento, incluindo muitas das pessoas ativamente
envolvidas na sua criação. Complementando a discussão sobre a temática ambiental, a sessão
seguinte aborda aspectos sobre a crise hídrica e elétrica brasileira, trazendo ponderações sobre
a situação ambiental do país.
2.2 A crise hídrica e elétrica brasileira
O sistema energético mundial vigente não é sustentável (DOMBI; KUTI; BALOGH, 2014).
Dentre os aspectos mais agravantes, está a utilização de combustíveis fósseis na produção de
energia. Isso ocorre basicamente por dois motivos: combustíveis fósseis são recursos não
renováveis (NYAMBUU; SEMMLER, 2014) e a expressiva poluição ambiental resultante de
sua manipulação e uso (CHUVELIOV, 1990). Registros atuais apontam um baixo índice de
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utilização de fontes de energia renováveis, aproximadamente13% em todo mundo. Já no
Brasil, 44% das fontes de energia são renováveis (PAO; FU, 2013), mas ainda há necessidade
de atenção.
A demanda brasileira por energia elétrica apresenta um crescimento expressivo a ponto de
gerar questionamentos sobre soluções duradouras e a manutenção do abastecimento de
energia no curto prazo. Atualmente, a quantidade de energia armazenada nos reservatórios das
hidrelétricas do país garante, com esforço, quatro meses. A menos de 20 anos, tal medida era
suficiente para seis meses de consumo com tendência de reduzir mais, devido ao baixo
volume de chuvas.
3. Metodologia
Esta pesquisa, quanto à forma, enquadra-se em uma abordagem do tipo quantitativa, com
objetivo descritivo, utilizando o survey como forma de delineamento. Segundo Malhotra
(2001) as pesquisas descritivas têm como finalidade o estudo das características de um grupo
a fim de detectar se entre as variáveis estudadas há algum tipo de relação.
Para a etapa da coleta de dados foi elaborado um questionário estruturado baseado nas
recomendações do Manual de Educação para o consumo sustentável, uma obra publicada em
2005 redigida em conjunto pelo Ministério do Meio Ambiente, o Ministério da Educação e o
Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. As orientações contidas neste manual foram
transformadas em 19 afirmativas as quais os respondentes indicavam seu grau de
concordância a partir de uma escala de 7 pontos. Neste estudo o 1 significava uma
discordância total com a afirmativa, o 2 e 3 relativa discordância, 4“nem concordo nem
discordo”, 5 e 6 relativa concordância e o número 7 significava uma concordância total. Vale
destacar que um total de sete afirmativas estavam relacionadas ao uso da água e doze
abordavam o uso da energia elétrica pelos consumidores pesquisados.
A coleta de dados foi feita entre os meses de março a junho do ano de 2014, sendo que os
questionários foram aplicados presencialmente para um total de 662 jovens respondentes
residentes no estado de Minas Gerais. Em relação a amostragem, Hair et al (2005) destaca que
o tamanho mínimo recomendado é de cinco observações por cada variável independente.
Como neste estudo foram utilizadas 19 variáveis foi gerada assim uma relação de
35respondentes por variável, proporção esta superior à recomendada por Hair et al (2005).
Vale ressaltar que o tipo de amostragem foi não probabilística e por conveniência.
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Entre os respondentes, 52,1% são do sexo feminino e 47,9% do sexo masculino, 28,1% tem
idade entre 15 e 17 anos, 71,9% tem entre 18 a 24 anos. Quanto à escolaridade 62,7% está
cursando o ensino superior. Destes 662 respondentes 97,6% são solteiros, 36,9% tem renda
familiar mensal de R$ 1448,00 a R$2896,00 e 29,2% de R$2896,00 a R$7240,00.
Após a tabulação dos dados no software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences)
versão 17.0, foram realizadas duas técnicas de análise de dados multivariada: a análise de
cluster e a análise discriminante.
4. Análise dos resultados
4.1 Análise de Cluster
Nesta pesquisa o procedimento utilizado para análise de cluster foi o hierárquico, pelo
método aglomerativo de Ward e a distância Euclidiana ao quadrado. Foram encontradas
soluções com dois e três clusters, porém optou-se pela solução com dois clusters pois após
análise das diferenças entre os grupos ficou evidenciado ser esta a solução que melhor definia
as diferenças entre as variáveis de agrupamento estudadas. O principal perfil dos grupos é
dado na tabela 1 a seguir:
Tabela 1- Perfil dos clusters
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Fonte: dados da pesquisa
4.2 Análise Discriminante
A posterior análise realizada foi a Discriminante. De acordo com Hair et al (2005), pode-se
identificar através desta quais variáveis causam maior divergência ou distinguem mais os
grupos de indivíduos. Nesta pesquisa foi considerada como variável dependente os três grupos
extraídos pela análise de cluster, buscando identificar assim as variáveis que mais
discriminaram os três grupos de indivíduos pesquisados. O método utilizado foi o stepwise.
Para a confirmação de que a análise discriminante foi corretamente utilizada são necessários
alguns testes cujos resultados são expressos a seguir. O teste de igualdade de médias dos
grupos feito pelo ANOVA One Way, identificou as variáveis que melhor discriminaram os
clusters formados. No resultado do teste lambda de Wilks observa que a variável que mais
discriminou os grupos foi a variável de número 37, “Não durmo com a televisão ligada”, com
um valor de lambda de Wilksneste teste igual a 0,231. O Sig. F expressa as diferenças entre as
médias, onde os valores mais próximos de 0 indicam médias mais distintas. A estatística F
desta variável 20foi também a menor de todas, com valor 4,254.
A análise da estatística Box‟s M apresenta-se como relevante indicador da utilização
adequada da análise discriminante na pesquisa. Este teste tem como hipótese nula de que há
homogeneidade das matrizes de covariância para os grupos em análise, um dos pressupostos
da análise discriminante. O resultado esperado é a não rejeição dessa hipótese, devendo o sig
F manter-se maior que 0,05. O resultado do teste para este estudo é apresentado na tabela 2 a
seguir onde se verifica um sig. 0,134,valor este que não permite a rejeição da hipótese nula a
5%, o que avaliza o uso da técnica.
Tabela 2 - Resultado do teste Box‟s M
Fonte: elaborado pelos autores
Assim, verificadas as hipóteses, pode-se prosseguir com a análise discriminante.As tabelas 3 e
4 apresentam o sumário da função discriminante canônica. Na tabela 3 evidencia-se o
eigenvalue da função discriminante. Neste estudo, como há três grupos, duas funções
discriminantes foram definidas, onde a primeira discrimina os grupos de forma
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substancialmente melhor que a segunda devido ao seu médio coeficiente de correlação
canônica igual a 0,775. Este resultado significa que 60,1% (0,7752) da variância das variáveis
independentes são explicadas por este modelo, que selecionou pelo procedimento stepwise
das 19 variáveis do estudo.
Tabela 3 - Eigenvalues
Fonte: elaborado pelos autores
A tabela 4 apresenta os respectivos valores de Lambda de Wilks para cada eigenvalue. A
função 1, com seu valor de Lambda de Wilks próximo de zero (0,228) e que se transforma em
um qui-quadrado de 963,060 com 32 graus de liberdade e sig. 0,000 revela uma função
discriminante significativa. Pode-se desta forma afirmar que existe uma diferença
estatisticamente significativa entre as avaliações dos três grupos.
Tabela 4 - Lambda de Wilks e Qui-quadrado
Fonte: elaborado pelos autores
A análise dos resultados da classificação das observações em cada cluster mostrou que 83,4%
dos casos foram classificados corretamente, onde 77,7% dos respondentes pertencentes ao
cluster 1 foram corretamente classificados como sendo do seu grupo original. Quanto aos
respondentes pertencentes ao cluster 2, verificou-se que 85,8% foram classificados
corretamente e 92,7% no cluster 3.
Na tabela 5 apresentam-se as nove variáveis que mais discriminaram os dois grupos de
consumidores assim como os valores de Lambda de Wilks e a transformação para a estatística
F após a realização do nono passo.
Tabela 5 - Resultados da análise discriminante, destacando a estatística Lambda de Wilks, e a estatística F
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referente ao nono passo
Fonte: Dados da Pesquisa
Após a identificação das variáveis que discriminaram os clusters, foram organizadas as
tabelas 6 a 14 onde cada tabela traz cada variável individualmente, incluindo seu valor de
média e desvio-padrão em cada cluster a fim de possibilitar uma melhor compreensão da
formação destes grupos bem como dos escores de concordância.
A tabela 6, que se refere aos resultados da variável 37 “Não durmo com a televisão ligada”,
mostra que o cluster 2 é o que mais se aproxima a uma concordância total com essa
afirmação, já que o valor de sua média foi 6,57. Deste modo, revelam-se jovens que possuem
o saudável hábito de desligar a televisão antes de dormir, o que acaba gerando uma economia
considerável de energia elétrica no decorrer do tempo. O cluster 3 se mostra um grupo de
indivíduos que nem concordam nem discordam acerca deste posicionamento, visto que a
média apresentada foi o escore 4. Quanto ao cluster 1, o valor de 5,94 indica indivíduos que
concordam parcialmente com a afirmativa, ora agindo, portanto, positivamente na economia
de energia e ora atuando com uma postura negativa de desperdício.
Tabela 6 - Médias e desvios padrão dos clusters para a variável 37
Fonte: dados da pesquisa
Os resultados da tabela 7, referente à variável 33 “Evito abrir a porta da geladeira em demasia
ou por tempo prolongado”, indica que o cluster 2 novamente foi o que apresentou maior
média, no caso em questão com o valor 5,51, o que significa uma concordância parcial. Os
clusters 1 e 3 apresentaram ambos escores de médias próximas ao 4, sendo 4,17 e 3,80
respectivamente, delineando assim um posicionamento de neutralidade destes indivíduos
neste sentido.
Tabela 7 - Médias e desvios padrão dos clusters para a variável 33
Fonte: dados da pesquisa
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Os resultados da tabela 8, referentes à variável 34 com a temática “Na hora de comprar dou
preferência para lâmpadas fluorescentes”, mostram que mais uma vez o cluster 2 se destaca
com um valor de média alto, 6,32. Essa postura próxima à concordância total assinala jovens
consumidores propensos à atuar de maneira consciente com o consumo de energia elétrica. O
cluster 3 repete a imparcialidade diante do referido questionamento e o cluster 1 mais uma vez
tem seus escores de médias concernentes à concordância parcial.
Tabela 8 - Médias e desvios padrão dos clusters para a variável 34
Fonte: dados da pesquisa
Na tabela 9, em relação à variável 4, denominada “evito escovar os dentes com a torneira
aberta, percebe-se que os perfis dos clusters se repetem em relação ao consumo de água e não
mais de energia elétrica. O segundo grupo mostra uma média de 6,41, indicando jovens
indivíduos preocupados com o desperdício de água já que adotam uma atitude consciente
frente a uma das formas mais comuns de desperdício. O cluster 2 mantém sua concordância
parcial e o cluster 3 persiste na imparcialidade quanto à afirmativa apresentada.
Tabela 9 - Médias e desvios padrão dos clusters para a variável 4
Fonte: dados da pesquisa
Verificando na tabela 10, concernente a variável de número 1 “quando vou tomar meu banho
me preocupo em ser rápido para não gastar muita água”, reforça a sugestão de que o cluster 2
é formado por jovens indivíduos que se preocupam mais em economizar o recurso hídrico,
ainda que concordando parcialmente com as proposições apresentadas no estudo já que a
média nesta variável foi de 5,03. O cluster 3, com o valor igual a 3,95 continua dentro da
neutralidade de atitude e o cluster 1, com média 3,58, assinala que esse grupo tende a
discordar parcialmente da afirmativa apresentada, agindo de forma mais despreocupada em
relação ao consumo de água do que da energia elétrica.
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Tabela 10 - Médias e desvios padrão dos clusters para a variável 1
Fonte: dados da pesquisa
Quanto à tabela 11, que se refere à variável 38 denominada “quando o aparelho de ar
condicionado estiver funcionando, acho importante manter as janelas e as portas fechadas”,
aponta que o cluster 1 apresenta uma congruência de atitude neste sentido com o cluster 2, já
que ambas as médias foram altas e próximas (6,15 e 6,38 respectivamente). O cluster 3,
novamente, mantém-se com média dentro do escore 4 (4,49), reforçando a sugestão de que
este grupo de jovens não tem atitudes positivas de consumo consciente de energia elétrica.
Tabela 11 - Médias e desvios padrão dos clusters para a variável 38
Fonte: dados da pesquisa
A próxima variável que discriminou os três clusters foi a variável 3, descrita na tabela 12
referente ao ato de se tomar no máximo dois banhos por dia. Vale pontuar que essa decisão
pode ser uma questão cultural e habitual de não tomar mais de dois banhos mas também pode
ter a finalidade clara de se economizar tanto o recurso hídrico como o energético. O cluster 1
pela primeira vez apresentou média maior que os demais grupos, com um escore de 5,62. Esse
resultado poderia ter sido um indicativo de que esses jovens estariam preocupados em
algumas ocasiões com a utilização da água e da energia elétrica durante o banho, porém como
na variável de número 1, apresentada na tabela 10, a média deste cluster foi 3,58, esta
ponderação torna-se inadequada pois estes respondentes tendem a discordar parcialmente de
que se preocupam em economizar água durante o banho . O cluster 2, que em todas as
análises anteriores manteve-se com o valor mais alto de média, teve neste caso uma média de
5,19, aproximando-se também da concordância parcial com a afirmativa. Quanto ao cluster 3
não se modificou a postura de respostas, com uma média de 4,34.
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Tabela 12 - Médias e desvios padrão dos clusters para a variável 3
Fonte: dados da pesquisa
A penúltima variável foi a 5, denominada “na minha casa me preocupo em reduzir o consumo
de água”. O valor mais alto de média foi 6,04, referente ao cluster 2, justamente o único grupo
que vem se mostrando consciente nas atitudes propostas por este estudo. Tanto o cluster 1
como o cluster 3 apresentaram média no valor de 4, sendo respectivamente 4,32 e 4,24, não se
revelando posicionados quanto à essa afirmativa.
Tabela 13 - Médias e desvios padrão dos clusters para a variável 5
Fonte: dados da pesquisa
A última variável que discriminou os clusters foi a 35, denominada “evito acender lâmpadas
durante o dia”. O cluster 2 apresentou a sua maior média, no valor de 6,58, evidenciando uma
clara preocupação destes indivíduos em economizar a energia elétrica. O cluster 1nesta
temática gerou uma média de 5,86 , tendendo assim a uma concordância parcial com a
afirmativa e o cluster 3mais uma vez manteve-se na imparcialidade.
Tabela 14 - Médias e desvios padrão dos clusters para a variável 35
Fonte: dados da pesquisa
Realizando uma análise no geral, percebe-se que o cluster 2 foi o único que obteve
médias acima do valor 5 em 100% das variáveis que discriminaram os grupos, sendo sua
menor média igual a 5,03 concernente à variável 1 denominada “quando vou tomar meu
banho me preocupo em ser rápido para não gastar muita água”. Em relação ao cluster 1, sua
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amplitude de valores se dá com o escore 3,58, também no tocante à variável 1 descrita
anteriormente, atingindo seu máximo na variável 38 com o valor 6,15, “quando o aparelho de
ar condicionado estiver funcionando, acho importante manter as janelas e as portas fechadas”.
Já o cluster 3 caracterizou-se como um grupo que teve seus escores dentro do valor 4 em 80%
das ocorrências, sendo importante divulgar que em nenhum caso ultrapassou esse limite. Seu
menor valor de média foi de 3,80 para a variável de número 33, caracterizada como “evito
abrir a porta da geladeira em demasia ou por tempo prolongado” e o maior valor foi de 4,49
para a 38, relacionada à atitude frente o ar condicionado em funcionamento.
5. Considerações finais
O presente trabalho teve como objetivo geral identificar se os jovens brasileiros atuam passiva
ou ativamente na esfera do consumo consciente da água e da energia elétrica. Pôde-se
verificar que os 662 respondentes segmentaram-se em três grupos com perfis distintos de
atuação na temática em estudo. O cluster mais numeroso, que foi o 2, com 288 respondentes e
representando 43,5% do total, caracterizou-se por jovens que tenderam a concordar totalmente
com seis das nove variáveis que discriminaram os grupos, mostrando-se assim indivíduos
conscientes quanto ao uso do recurso hídrico e elétrico. Vale destacar que a preocupação em
economizar a energia elétrica foi maior que com a água, visto que suas maiores médias se
deram em evitar acender lâmpadas durante o dia e também de dormir com a televisão ligada.
O segundo cluster mais numeroso foi o 1, com 278 respondentes representando 42% do total
de pesquisados. Esse grupo apresentou-se não tão enfático em suas ações de consumo
consciente, porém tenderam a concordar parcialmente na maioria das variáveis
discriminantes, o que leva a uma suposição de que são um grupo com potencial de tornar suas
práticas positivas se convencidos nesse sentido.
O terceiro e menor cluster, com 96 indivíduos, totalizando 14,5%, manteve-se na maior parte
das afirmativas discriminantes como indivíduos que não concordam e nem discordam com as
ações temáticas expostas, revelando-se assim jovens sem preocupação ambiental no que tange
ao uso da água e da energia elétrica. O fato de serem a minoria é um ponto positivo e que
deve ser considerado cuidadosamente nas propostas de ações de conscientização, onde a
existência de menores grupos sem opinião formada sobre o tema não deve ser entendida como
ponto de relaxamento das iniciativas, a fim de não se diminuir os esforços propostos de
caráter de proteção hídrica e energética.
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Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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Como agenda futura propõe-se uma análise mais detalhada sobre como o consumo consciente
de água e energia pode se tornar mais sustentável, identificando padrões de comportamento de
outros grupos de consumidores em diferentes classes sociais e faixa etária. Mesmo
considerando a limitação deste estudo em relação à uma amostragem não probabilística
constata-se como contribuição deste trabalho que algumas mudanças na forma de se consumir
precisam ser trabalhadas na população jovem brasileira, como por exemplo em relação a
comprar lâmpadas fluorescentes ou a desligar a televisão na hora de dormir, visto que essas
duas dimensões foram as que apresentaram as menores médias nos clusters estudados.
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