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1 E E X X C C E E L L E E N N T T Í Í S S S S I I M M O O S S E E N N H H O O R R D D O O U U T T O O R R J J U U I I Z Z D D E E D D I I R R E E I I T T O O D D A A _ _ _ _ _ _ V V A A R R A A D D A A F F A A Z Z E E N N D D A A P P Ú Ú B B L L I I C C A A D D A A C C O O M M A A R R C C A A D D A A R R E E G G I I Ã Ã O O M M E E T T R R O O P P O O L L I I T T A A N N A A D D E E L L O O N N D D R R I I N N A A . . U U R R G G E E N N T T E E CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ARTIGO 197: “SÃO DE RELEVÂNCIA PÚBLICA AS AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE (...)”. O M M I I N N I I S S T T É É R R I I O O P P Ú Ú B B L L I I C C O O D D O O E E S S T T A A D D O O D D O O P P A A R R A A N N Á Á , por seu agente que esta subscreve, em exercício na Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública da Comarca de Londrina (24ª. Promotoria de Justiça), situada na Rua Capitão Pedro Rufino, n.º 605, CEP 86.015-700, Bairro Jardim Europa, Londrina/PR, usando das atribuições que lhes são conferidas pelos artigos 127, caput, e 129, III, da Constituição da República, e também amparados pelo art. 120, III, da Constituição do Estado do Paraná e fundamentados no art. 25, IV, alínea “a”, da Lei Federal n.º 8.625, de 12-2-1993, em combinação com os arts. 57, IV, alínea “b”, da Lei Complementar Estadual n.º 85, de 27-12-1999; 3º, 5º, 11, 12 e 19, todos da Lei Federal n.º 7.347, de 24- 7-1985, e 273 e 461, caput e parágrafos 3º e 4º, do Código de Processo Civil Brasileiro e demais disposições pertinentes, bem como no teor dos inclusos Inquéritos Civis 0078.12.000805-3 e 0078.12.000898-8 , vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor a presente AÇÃO CIVIL PÚBLICA, Com pedido de antecipação de tutela em face de: 1. ESTADO DO PARANÁ, pessoa jurídica de direito público interno, ora representado pela senhora Procuradora-Geral do Estado, Doutora Jozélia

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EEEXXXCCCEEELLLEEENNNTTTÍÍÍSSSSSSIIIMMMOOO SSSEEENNNHHHOOORRR DDDOOOUUUTTTOOORRR JJJUUUIIIZZZ DDDEEE DDDIIIRRREEEIIITTTOOO DDDAAA _________ VVVAAARRRAAA DDDAAA FFFAAAZZZEEENNNDDDAAA PPPÚÚÚBBBLLLIIICCCAAA DDDAAA CCCOOOMMMAAARRRCCCAAA DDDAAA RRREEEGGGIIIÃÃÃOOO MMMEEETTTRRROOOPPPOOOLLLIIITTTAAANNNAAA DDDEEE LLLOOONNNDDDRRRIIINNNAAA...

UURRGGEENNTTEE CCOONNSSTTIITTUUIIÇÇÃÃOO FFEEDDEERRAALL,, AARRTTIIGGOO 119977:: ““SSÃÃOO DDEE RREELLEEVVÂÂNNCCIIAA PPÚÚBBLLIICCAA AASS

AAÇÇÕÕEESS EE SSEERRVVIIÇÇOOSS DDEE SSAAÚÚDDEE ((......))””..

O MMMIIINNNIIISSSTTTÉÉÉRRRIIIOOO PPPÚÚÚBBBLLLIIICCCOOO DDDOOO EEESSSTTTAAADDDOOO DDDOOO PPPAAARRRAAANNNÁÁÁ , por seu agente que esta subscreve, em exercício na Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública da Comarca de Londrina (24ª. Promotoria de Justiça), situada na Rua Capitão Pedro Rufino, n.º 605, CEP 86.015-700, Bairro Jardim Europa, Londrina/PR, usando das atribuições que lhes são conferidas pelos artigos 127, caput, e 129, III, da Constituição da República, e também amparados pelo art. 120, III, da Constituição do Estado do Paraná e fundamentados no art. 25, IV, alínea “a”, da Lei Federal n.º 8.625, de 12-2-1993, em combinação com os arts. 57, IV, alínea “b”, da Lei Complementar Estadual n.º 85, de 27-12-1999; 3º, 5º, 11, 12 e 19, todos da Lei Federal n.º 7.347, de 24-7-1985, e 273 e 461, caput e parágrafos 3º e 4º, do Código de Processo Civil Brasileiro e demais disposições pertinentes, bem como no teor dos inclusos Inquéritos Civis nº 0078.12.000805-3 e nº 0078.12.000898-8, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor a presente

AAÇÇÃÃOO CCIIVVIILL PPÚÚBBLLIICCAA,, CCoomm ppeeddiiddoo ddee aanntteecciippaaççããoo ddee ttuutteellaa

em face de: 1. EESSTTAADDOO DDOO PPAARRAANNÁÁ, pessoa jurídica de direito público interno, ora representado pela senhora Procuradora-Geral do Estado, Doutora Jozélia

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Nogueira, com endereço na Rua Paulo Gomes, n.º 145, CEP 80510-070, Curitiba-PR; e da 22.. UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE EESSTTAADDUUAALL DDEE LLOONNDDRRIINNAA,, pessoa jurídica de direito público interno, ora representada pela pessoa da Magnífica Reitora Professora Nádina Aparecida Moreno, no Campus Universitário, com sede na Rodovia Celso Garcia Cid (PR 445), Km 380, Londrina/PR, pelos motivos de fato e de direito que a seguir deduz. III... DDDOOOSSS FFFAAATTTOOOSSS...

11..11 DDoo IInnqquuéérriittoo CCiivviill nnºº 00007788..1122..000000889988--88 O Inquérito Civil nº 0078.12.000898-8 foi instaurado em

24.05.2012, a fim de averiguar as irregularidades encontradas em diversos setores do Hospital Universitário pela CPI dos Leitos da Assembleia Legislativa do Estado, cujo relatório foi encaminhado a esta Promotoria de Justiça (documento 26).

Segundo o relatório da CPI dos Leitos do SUS, realizado no

Hospital Universitário, no ano de 2011, foram constatadas as seguintes irregularidades, nos setores de Pediatria, Tisiologia, Moléstias Infecciosas, Maternidade, Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica, Unidade de Terapia Intensiva Adulto I, Unidade de Terapia Intensiva Adulto II, Pronto Socorro, Centro Cirúrgico, Ambulatório, Unidade de Enfermaria Masculina (documento 26):

1. Pediatria: Mobiliário da enfermaria em condições de manutenção

ruins, apresentando muita corrosão; Poltronas para acompanhante em número insuficiente,

sendo que geralmente são as mães, as que passam muitas horas sentadas;

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Banheiros em condições ruins de manutenção e com limpeza deficiente;

Presença de frascos com peresal sem data de validade nas enfermarias;

Vasos sanitários sem tampa nos sanitários das enfermarias; Presença de ferrugens em janelas e portas; Ar condicionado em condições ruins de manutenção; Berços com perda de revestimento e presença de ferrugem; Quarto dos internos e residentes com perda de

revestimento, pouca ventilação, insalubre; Banheiro de acompanhantes com vaso sanitário sem tampa

e com azulejos soltos; Enfermarias com espaço inferior ao preconizado pela RDC

50/02, com leitos próximos à parede e distância entre os leitos está menor que o preconizado;

Depósito de Material de Limpeza desorganizado; Almotolias com produtos anti-sépticos com identificação

incompleta e sem data de validade; Medicação multiuso aberta no Posto de Enfermagem sem

identificação de data de abertura e sem controle de validade. 2. Maternidade: Mobiliário da enfermaria em condições de manutenção

ruins, apresentando muita corrosão; Estrutura física em condições inadequadas de manutenção; Sala de cuidados do RN em espaço pequeno, com berço

aquecido no fundo, dificultando atendimento de emergência. Excesso de equipamentos no canto da sala, ao lado do berço aquecido;

Refrigerador em condições precárias de manutenção, com excesso de gelo;

Torneira em condições de manutenção precária, fiação exposta.

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3. Unidade de Terapia Intensiva Neonatal: Unidade está funcionando provisoriamente em espaço

adaptado do ambulatório, de forma improvisada, em condições regulares de manutenção, janelas sem tela de proteção;

Falta de identificação de alguns RN; Carrinho de emergência com presença de materiais

descartáveis embalados com elástico; Galão de peresal sem identificação de data de validade; Recipiente de perfuro- cortante com excesso de resíduo. 4. Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica: Estrutura física mal conservada; Porta de entrada para a unidade em péssimas condições de

manutenção e acúmulo de materiais; Copa de funcionários sem ventilação; Equipamento de ar condicionado em péssimas condições,

sem manutenção; Suporte de soro com perda de revestimento; Bulbo de termômetro encostado no separador de

medicamentos; Expurgo pequeno, sem ventilação. 5. Unidade de Terapia Intensiva Adulto I: Equipamentos de proteção individual - EPI em condições

irregulares de desinfecção; Refrigerador com excesso de gelo; Armários em condições de manutenção regulares; Saco branco para resíduo infectante em falta, substituído

por preto e verde; Expurgo sem ventilação adequada, desorganizado,

manutenção ruim; Posto de Enfermagem com gavetas emperradas, piso sem

continuidade (irregular, quebrado, com remendos); Mobiliário em condições precárias de manutenção.

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6. Unidade de Terapia Intensiva Adulto II: Equipamentos de proteção individual - EPI em condições

irregulares de desinfecção; Refrigerador com excesso de gelo; Armários em condições de manutenção muito ruins; Expurgo em condições de manutenção ruim, água não

escorre no piso; Posto de Enfermagem com gavetas emperradas, balcões

sem porta; piso sem continuidade, irregular, com perda de continuidade, reparos em cimento;

Mobiliário em condições precárias de manutenção; Carrinho de emergência sem comprovante de conferência. 7. Pronto Socorro: O Pronto Socorro é organizado em unidades de

atendimento sendo: masculina, feminina, pediatria,/ hidratação, obstetrícia, ortopedia e consultórios. O setor passou por reforma e ampliação recentemente, tendo boa aparência e sendo de fácil limpeza. As irregularidades encontradas no Pronto Socorro são semelhantes em suas diversas unidades;

As soluções anti-sépticas, em geral, estão acondicionadas em frascos inadequados, como frasco de álcool, recipiente do tipo coleta de exames, sem identificação de data de validade, sem tampa;

Presença de anti-sépticos armazenados na sala de equipamentos;

Falta papel toalha em vários suportes; papel toalha sobre as pias;

Solução parenteral instalada sem identificação do paciente; Soluções diversas e seringas descartáveis em balcões de pia

com sifão; Seringas descartáveis acondicionadas com elástico para

agrupar; Berço no setor de pediatria com perda de revestimento; Armários em diversos setores estavam fechados no

momento da inspeção, sendo que foi referido que as chaves ficam com funcionários de diferentes turnos, não podendo ser abertos no momento da

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inspeção. Enfermeira justifica que os funcionários agem dessa forma devido a desabastecimento frequente;

Depósito de Material de Limpeza com acúmulo de materiais e equipamentos;

Sanitários dos médicos sem suporte de papel higiênico; Suporte de hamper sem tecido e roupas caídas no chão. 8. Centro Cirúrgico: Lavatório da sala de recuperação cirúrgica com torneira de

acionamento manual; Uso de gorros com adornos e/ou coloridos pelas

funcionárias, sendo que os mesmos são lavados no domicílio das próprias funcionárias;

Caixa para reanimação do RN: presença de materiais esterilizados agrupados por elástico, máscara para ambu infantil com embalagem aberta

Estufa para aquecimento de soluções para uso nas salas cirúrgicas com variação de temperatura entre 40 e 80ºC, cuja padronização é de 30ºC; além de perda de revestimento e ferrugem;

Bolsas de residentes e internos dentro da sala de cirúrgica, durante ato cirúrgico;

Presença de poeira em vários pontos da unidade, inclusive em foco cirúrgico;

Carrinho de emergência: laringoscópio na acendeu a luz no momento do teste;

Refrigerador com acúmulo de frascos de solução para uso durante as cirurgias;

Acúmulo de materiais sobre o refrigerador; Galão de detergente neutro com etiqueta com informações

incompletas, sem data de preparo e de validade; Recipiente plástico com solução sem identificação, em mesa

no corredor do centro cirúrgico; Acúmulo de caixas e recipientes plásticos no expurgo do

centro cirúrgico; Sala cirúrgica interditada devido a goteiras; Falta de papel toalha específico para o suporte, ficando

solto sobre o mesmo;

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Falta de saco plástico branco para resíduo infectante, sendo utilizado saco de cor verde;

Caixa de papelão sendo utilizada para perfuro-cortante e infectante, aberta e apoiada em saco plástico de cor preta;

Móveis com perda de revestimento em condições ruins de manutenção;

Solução fisiológica 0,9% instalada sem identificação do paciente;

Negatoscópio com perda de continuidade do revestimento; Tomada de controle do ar condicionado em péssimas

condições de manutenção. 9. Ambulatório: O ambulatório está funcionando em espaço reduzido,

devido à transferência da UTI neonatal para o local; Acúmulo de mobiliário, produtos para a saúde e atividades

de assistência, impossibilitando o deslocamento adequado de pacientes e funcionários, dificultando a limpeza;

Sala de espera sem ventilação; Expurgo em espaço pequeno, sem ventilação; Sujidades nas paredes; Mobiliário com perda de revestimento e tomadas em

condições ruins de manutenção; Funcionária dos serviços gerais varrendo o corredor com

vassoura comum; Salas de atendimento sem ventilação e anexas a outras salas

de atendimento; Material médico-hospitalar acondicionado em caixas de

papelão. 10. Unidade de Tisiologia: Medicação multiuso aberta no Posto de Enfermagem sem

identificação de data de abertura e sem controle de validade. Balcões do Posto de Enfermagem com matérias e

equipamentos alheios ao setor;

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Posto de enfermagem desorganizado, sendo que armazena muitas caixas de soro glicosado, água para injeção, entre outros, visivelmente acima do necessário para o setor. O Posto possui outros balcões onde foram encontradas medicações variadas acondicionadas em caixas e recipiente plástico; presença de materiais esterilizados acondicionados em caixas de papelão;

Segregação de resíduos incorreta; Refrigerador com pintura descascando, ferrugem e excesso

de impressos fixados na porta dificultando a limpeza; medicamentos embalados incorretamente, sem data de abertura e de validade; refrigerador acondicionando alimentos (suco para paciente) e tubos de ensaio para exames microbiológicos; instalação elétrica precária.;

Armário com gaveta emperrada. 11. Unidade de Moléstias Infecciosas: Medicação multiuso aberta no Posto de Enfermagem sem

identificação de data de abertura e sem controle de validade. Limpeza deficiente do ambiente como um todo; Mobiliário da enfermaria em condições de manutenção

ruins, apresentando muita corrosão; Excesso de papéis colados na parede; Frasco de água para injeção com agulha introduzida e sem

proteção; Frascos improvisados para anti-sépticos; Balcões e azulejos com presença de sujidades e danificados; Encontradas soluções anti-sépticas identificadas

incorretamente e com data de validade vencida; Refrigerador encostado na parede e com tomada exposta

no corredor; Armário para guarda de material médico-hospitalar com

perde de revestimento e presença de ferrugem; Cortinas das enfermarias caindo; Parede do corredor com perda de revestimento e infiltração; A enfermaria de paciente para tratamento parenteral /dia

(Hospital/Dia) fica fora do espaço da enfermaria de Moléstias Infecciosas, no espaço do ambulatório, sendo que a medicação é instalada e o paciente fica sozinho durante o tratamento. No espaço existe material de emergência, mas

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não fica nenhum funcionário acompanhando, em caso de urgência, que pode não ser detectado a tempo de prestar socorro, colocando o paciente em situação de risco.

12. Unidade de Internação Masculina: Enfermaria sem banheiro, sendo utilizados os banheiros de

corredor; Armários em condições muito ruins de manutenção,

apresentando gavetas emperradas e portas caindo, com limpeza deficiente nos postos de enfermagem;

Limpeza deficiente do ambiente como um todo; Piso e paredes em mau estado de conservação, com

presença de infiltração nas paredes; Mobiliário da enfermaria em condições de manutenção

ruins, apresentando muita corrosão; Balcões e azulejos com presença de sujidades e danificados; Lavatório de entrada da enfermaria está com vazamento no

sifão e instalação elétrica deteriorada, com risco de acidente; Bebedouro se localiza ao lado do lavatório, estando muito

próximo ao lavatório, com risco de contaminação; copos descartáveis usados sobre o lavatório e bebedouro;

Sanitário coletivo de pacientes com acúmulo de equipamentos e sucatas (hamper, escadinhas, papagaio, suporte de soro, outros), além de estar em local inadequado, com presença de ferrugem e descontinuidade da pintura; os boxes dos sanitários coletivos não possuem portas, são pequenos e as barras de segurança estão com presença de ferrugem e descontinuidade do revestimento;

Enfermarias com 06 (seis) leitos em espaço inferior ao preconizado pela RDC 50/02, com leitos próximos à parede e distância entre os leitos está menor que o preconizado;

Sanitário para acompanhantes: vaso sanitário sem tampa, sem lavatório e papel higiênico, sem suporte para papel toalha; piso com revestimento danificado e com acúmulo de sujeira;

Sanitário de corredor sem sabonete, dispensário danificado, presença de fungos filamentosos (bolor) no espelho e no lavatório, vaso sanitário sem tampa, cadeira de banho danificada, com ferrugem, perda de revestimento com reparos adaptados com esparadrapo;

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Posto de enfermagem: lavatório pequeno, almotolia sem identificação e sem tampa, material perfuro-cortante em recipiente com saco plástico para resíduo comum, recipiente de material perfuro–cortante, com capacidade extrapolada; suporte sem papel toalha; recipiente de resíduo infectante sem tampa;

Refrigerador do Posto de Enfermagem em péssimas condições de manutenção; acúmulo de gelo, bulbo do termômetro encostado em objetos, presença de isopor fechado com identificação da sala de vacinas do HC e com frasco de vacina anti- H1N1, vencida em julho de 2010; presença de frasco de medicação sem data de abertura, inclusive insulina, presença de frascos para coleta de exames sem protocolo de armazenagem; não apresentou protocolo de limpeza do refrigerador; material esterilizado acondicionado em caixas de papelão;

Sobre o refrigerador: presença de sacos de lixo, galão de anti-séptico, com perda de revestimento e pintura;

Balcão de preparo de medicação com presença de frascos de medicação de multiuso sem data de abertura e controle de validade dos mesmos;

Presença de decoração referente à copa de 2010, pendurada na janela;

Estoque de solução fisiológica 0,9% em caixas de papelão e encostadas na parede sobre um dos balcões de enfermagem;

Excesso de papéis colados no refrigerador dificultando a higienização;

Plug do refrigerador com reparos improvisados com esparadrapo;

Refrigerador do expurgo em péssimas condições de manutenção, com perda de revestimento, excesso de materiais e equipamentos sobre o mesmo; presença de isopor com identificação de vacinas do HC; presença de água em recipiente interno e frasco com urina para exame, sem registro de controle de temperatura;

Expurgo: presença de objetos alheios ao setor, frascos de anti-sépticos sem data de abertura e controle de qualidade; balcão da pia com presença de materiais de forma desorganizada e sem identificação;

Enfermarias: cadeiras de visita com perda de revestimento, material armazenado no carrinho da enfermaria como saco de lixo em caixa de papelão, almotolias sem identificação, duas balanças sendo que uma não está sendo utilizada e com uniforme privativo de microorganismos multirresistentes

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(laranja) pendurado na mesma, criado mudo com perda de revestimento e ferrugem; solução endovenosa sem identificação com nome de paciente;

Lâmpada da cabeceira de um dos leitos coberta com um uniforme privativo de microorganismos multirresistentes (laranja);

Expurgo do isolamento masculino com presença de vários objetos como cadeira de banho, aspirador, comadres, toalha de limpeza, lixo com capacidade extrapolada e no chão;

Acúmulo de resíduo perfuro-cortante em recipiente acima da capacidade;

Enfermaria para isolamento de pacientes com infecções por microorganismos multirresistentes com número de leitos acima da capacidade, não atendendo ao preconizado pela RDC 50/02; armários em condições ruins de manutenção, desorganização de objetos e gavetas emperradas;

Refrigerador do isolamento da masculina com acúmulo de gelo, bulbo do termômetro encostado na parede interna do refrigerador; medicamentos e alimentos próximos ao congelador;

Sobre o refrigerador: presença de sujidades e excesso de materiais;

Posto de Enfermagem da área de atendimento a pacientes de microorganismos multirresistente: presença de frasco de solução fisiológica 0,9% com agulha introduzida permanentemente para retirada da solução e sem proteção sobre o balcão, azulejo com acabamento descascando, janelas enferrujadas; balcão de preparo de medicação com presença de frascos de medicação de multiuso sem data de abertura e sem controle de validade, desorganização dos medicamentos;

Não possui protocolos de enfermagem disponíveis no setor.

Em 14.05.2012, esta Promotoria de Justiça recebeu Relatório Técnico de Inspeção, realizado no período de 03.03.2012 à 23.03.2012, no Hospital Universitário, após solicitação do Ministério Público, em razão das diversas irregularidades apontadas pela CPI dos Leitos do SUS. Nesse Relatório foram constatadas e confirmadas as irregularidades apontadas pela CPI dos Leitos do SUS, principalmente nos setores de Internação Feminina, Masculina, Pronto Socorro, Unidade de Tisiologia, Maternidade, Unidade de Terapia Intensiva Adulto I e II, Pediatria, Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica, Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, Ambulatório Centro de Terapia de Queimados, Unidade de Terapia Intensiva de Queimados, os quais estão em desacordo com as Resoluções: RDC 08/09; RDC 156/06; RDC

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457/08/SESA; Resolução – RE 2605/06; Resolução – RE 2606/06; RDC 48/00; Portaria 2616/98; RDC 306/04; Resolução SESA 674/10; RDC 50/02 (documento 27).

Ainda, encaminhou-se cópia do Relatório da CPI dos Leitos

do HU à Diretora Superintendente do Hospital Universitário de Londrina (ofícios nº 698/2012, de 28.06.2012; nº 788/2012, de 18.07.2012), solicitando informações sobre as providências que estão sendo adotadas por essa Direção no sentido de sanar as irregularidades descritas no referido relatório (documentos 28 e 29). Até a presente data, não houve resposta.

No mesmo sentido, expediu-se ofício à Secretaria Estadual da

Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI (nº 794/2012, de 18.07.2012) e à Secretaria de Estado de Saúde em Curitiba (nº 793/2012, de 18.07.2012), solicitando informações sobre as providências que estão sendo adotadas por essas Secretarias, a fim de sanar as irregularidades apontadas no HU (documentos 30 e 31). Todavia, não houve qualquer resposta por parte da Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI e da Secretaria de Estado de Saúde em Curitiba.

Em razão da urgência do caso e da inexistência de

resposta aos ofícios enviados à Diretora Superintende do Hospital Universitário de Londrina e à Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e Secretaria de Estado de Saúde em Curitiba, expediu-se mais 5 ofícios à Diretora Superintendente do Hospital Universitário de Londrina (ofícios nº 1076/2012, de 29.08.2012; nº 1282/2012, de 15.10.2012; nº 1456/2012, de 14.11.2012; e nº 1592/2012, de 13.12.2012; e 1631/2013, de 09.09.2013), por meio dos quais solicitou-se o envio de informações sobre as providências que estão sendo adotadas, a fim de sanar as irregularidades apontas no HU (documentos 32 a 36).

Ainda, solicitou-se à Autarquia Municipal de Saúde (ofício nº

871/2013, de 16.05.2013) o envio de RELATÓRIOS ATUAIS E DAS CONCLUSÕES ADMINISTRATIVAS decorrentes da inspeção anual realizada no Hospital Universitário, a fim de verificar se as irregularidades foram sanadas (documento 37).

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Em resposta, a Autarquia Municipal de Saúde encaminhou o Termo de Intimação nº 141/2013 e o Relatório nº 011/2013, de inspeção realizada no período de 22 de fevereiro a 13 de março de 2013, segundo o qual verificou-se a persistência de algumas irregularidades nas Unidades de Enfermaria Masculina, Pronto Socorro, Unidade de tisiologia, Centro Cirúrgico, Maternidade, unidade de Terapia Intensiva I, Unidade de Terapia Intensiva II, Unidade de Pediatria, Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica, Unidade de Terapia Intensiva Neonatal, Ambulatório, Centro de Terapia de Queimados, Unidade de Terapia Intensiva de Queimados, entro Cirúrgico, Unidade de Moléstias Infecciosas (documento 38). Frise-se que, conforme Termo de Intimação nº 141/2013, datado de 10.04.2013, o Hospital Universitário foi intimado a sanar todas as irregularidades em 90 dias.

Em 31.07.2013, expediu-se novo ofício à Autarquia Municipal

de Saúde, solicitando informações acerca do cumprimento do Termo e Intimação, decorrente da inspeção anual realizada no Hospital Universitário, bem como que fosse realizada nova inspeção no local (ofício nº 1297/2013, de 31.07.2013 – documento 39).

Em resposta, a Autarquia Municipal de Saúde encaminhou

o Relatório nº 073/2013, de 13.08.2013 (documento 40), em razão de inspeção de retorno realizada em 11.08.2013, na qual foi constatada a permanência das seguintes irregularidades, por setor:

1. Unidade de internação feminina (47 Leitos, 12

enfermarias e 2 isolamentos): o Portas e batentes com pintura descascada pintura das

paredes e piso com falta de manutenção; o Enfermaria 1: Revestimento da poltrona de repouso

danificado; o Enfermaria 3: Presença de bolor no lavatório da

enfermaria. Foi higienizado, porém o bolor permanece; o Enfermaria 7: Bolor no lavatório da enfermaria. Foi

higienizado, porém o bolor permanece;

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o Leito 2: suporte de soro com grande quantidade de ferrugem;

o Perda de parte do revestimento do armário da enfermaria;

o Enfermaria 8: Bolor na parede da pia e perda de revestimento;

o Enfermaria 9: Danos na parede do lavatório das mãos; o Pia do corredor com bolor na parede. Foi higienizado,

porém o bolor permanece; o Resolução SESA 0674/2010: Os panos de limpeza

não são identificados e enviados para lavanderia. Todos os panos de limpeza são lavados e secos no expurgo.

2. Unidade de internação masculina (67 leitos):

o O ambiente apresenta-se com sinais de falta de manutenção, portas e batentes com perda de pintura e fios expostos próximo ao bebedouro; as paredes junto aos lavatórios de mãos, com perda de revestimento, presença bolor e a maioria sem suporte de papel. Presença de buracos no teto, piso do corredor danificado, faltando espelhos em tomadas elétricas;

o Enfermarias sem banheiro, sendo que os pacientes utilizam os banheiros do corredor de forma coletiva;

o Enfermaria 1: Rachadura na parede; o Leito e suportes de soro com ferrugem; o Enfermaria 2: Armários dos pacientes com ferrugem,

bem como as camas e suportes de soro; o Enfermaria 3: Suportes de soro com ferrugem; o Enfermaria 8: A porta de entrada danificada; o Posto de enfermagem das enfermarias 9, 10 e 11:

Não há pia para lavagem de mãos; o Facilidade de acesso, por parte de pessoas estranhas

ao serviço, a medicações e perfuro-cortante;

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o Banheiro e expurgo dentro do posto de enfermagem e no momento da inspeção um paciente veio reclamar deste banheiro, pois a descarga nem sempre funciona, fato que demonstra que este banheiro é usado por pacientes;

o Sanitários dos pacientes (para enfermarias identificadas como infectadas) - Porta de entrada danificada;

o Piso danificado com presença de bolor e ferrugem; o Sanitário de pacientes (do corredor) – Parede externa

com perda de reboco, fiação exposta; o Porta de entrada com perda de revestimento e de

difícil abertura; o Barras de segurança dos boxs de banho, sem

revestimento e com presença de ferrugem; o Piso danificado com presença de bolor, ferrugem e

água; o Presença de bolor nos espelhos e paredes; o Enfermarias com 06 (seis) leitos em espaço inferior ao

preconizado pela RDC 50/02; o Resolução SESA 0674/2010: Os panos utilizados

para limpeza não são identificados e enviados para lavanderia. 3. Pronto Socorro (48 Leitos divididos em: PS Obstétrico,

PS Pediátrico, PS Ortopédico, PS Cirúrgico, PS Clinico): o Recepção apresentando sinais de vazamento e bolor

em parede; o O piso como um todo com manchas escuras,

rachaduras e excesso de cola junto aos rodas-pés e batentes; o Pronto Socorro Obstétrico: Banheiro de Pacientes –

Presença de bolor e ferrugem no box de banho; o Cadeira de Banho (fixa na parede) com presença de

ferrugem.

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4. Tisiologia (12 leitos - 6 pacientes da masculina e 1

quarto em isolamento aéreo): o Macas, sofás e cadeiras com revestimento danificado; o Banheiro dos pacientes – Barra de apoio para o

banho, descascada e com ferrugem; o Resolução SESA 0674/2010: Os panos de limpeza

não são identificados e encaminhados para lavanderia. 5. Centro Cirúrgico (7 salas cirúrgicas): o Corredor que dá acesso ao CC com piso danificado; o Vestiário masculino – Porta danificada; o Salas 1 e 3 sem espelho da tomada; o Expurgo - presença de bolor na junção entre a pia e

parede. Foi higienizado, porém o bolor permanece; o Resolução SESA 0674/2010: Os panos de limpeza

não são identificados e encaminhados para lavanderia. 6. Maternidade (24 leitos): o Mobiliário das enfermarias sem manutenção e perda

de revestimento, bem como presença de ferrugem; o Sala de pré - parto com acúmulo de equipamentos e

poltrona com perda de revestimento; o Alojamento conjunto 2 - Presença de infiltração em

parede; o Sala de higiene do RN - Fiação exposta do chuveiro; o Banheiros de pacientes – Apenas 2 sanitários. 7. Unidade de Terapia Intensiva 1 (10 leitos):

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o Mobiliário em condições de manutenção ruins. 8. Unidade de Terapia Intensiva 2 (7 leitos): o Presença de ventiladores nos boxs; o Espaço subdimensionado e pouco iluminado; o Paredes danificadas. Permanece e acentuou o

problema na parede enfrente a porta da UTI; o Expurgo - local escuro e parede danificada; o Piso como um todo, com perda de revestimento e

danificado; o Lixeira desprovida de pedal; o Resolução SESA 0674/2010: Os panos de limpeza

não são identificados e encaminhados para lavanderia; o Resolução - RDC N°7/2010 ANVISA (documento

44): Infraestrutura - espaço subdimensionado. Não apresentou registros manutenção preventiva dos equipamentos em uso e dos equipamentos na reserva.

9. Pediatria (34 Leitos): o Posto de enfermagem - Parede da pia com danos

referentes ao revestimento; o Não há registros de manutenção preventiva dos

equipamentos; o Quarto dos residentes - Presença de grande

quantidade de bolor na parede; o Mobiliário das enfermarias em condições de

manutenção ruins, apresentando corrosão e ferrugem; o Enfermaria 5 – piso danificado; o Rouparia/Depósito: e armário de funcionários em mal

estado de conservação;

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o Resolução SESA 0674/2010: Os panos de limpeza não são identificados e encaminhados para lavanderia.

10. Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (5 Leitos, 1

plantonista, 2 técnicos de enfermagem): o Copa dos funcionários sem ventilação; o Estrutura física em mal estado de conservação; o Expurgo: Presença de bolor entre a junção da parede

e da pia. Foi higienizado, porém o bolor permanece. 11. Unidade de Terapia Intensiva Neonatal: o A unidade continua funcionando provisoriamente em

espaço adaptado do ambulatório, de forma improvisada, em condições regulares de manutenção;

o O espaço reservado para ações administrativas é muito quente;

o Expurgo fica fora da unidade, em estrutura improvisada e precária;

o UCI – Lavatório com presença de bolor entre a pia e a parede. Foi higienizado, porém o bolor permanece;

o Resolução - RDC n° 7/2010 ANVISA: (Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica – documento 44): Infraestrutura não segue o estabelecido na RDC/ANVISA n°50/02. O turno de fisioterapia não perfaz 18 horas. Não apresenta acesso a assistência de terapia ocupacional. Não apresenta poltrona removível, com revestimento impermeável, destinada ao acompanhante.

12. Ambulatório (o setor é composto por 12

consultórios): o Não possui sanitário interno para os pacientes;

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o Os pacientes com cirurgia agendada têm que se trocar em consultórios que estiverem livres.

13. Centro de Terapia de Queimados: o Corredor de entrada – piso danificado; o Depósito de macas e revistas sem ventilação e piso

danificado; o Vestiário feminino – Presença de rachadura no piso; o Ausência da capa da válvula de descarga; o Vestiário masculino – piso do box do chuveiro,

danificado; 14. Unidade de Terapia Intensiva – Queimados: o Banheiro para pacientes com perda de revestimento

do piso e parede; o Suporte de lixeiras e torpedos com presença de

ferrugem. 15. Centro Cirúrgico: o Sendo utilizada apenas uma sala cirúrgica; o Resolução SESA 0674/2010: Os panos de limpeza

não são identificados e encaminhados para lavanderia; o Resolução - RDC N°7/10 ANVISA: Não apresenta

acesso a assistência de terapia ocupacional. 16. Unidade de Moléstias Infecciosas: o Parede do tanque com perda de revestimento; o Posto de enfermagem com armários e gavetas de

madeira dificultando a limpeza da parte interna;

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o Parede próxima ao bebedouro com perda de reboco; o Banheiro com perda de revestimento; o Enfermaria G - Paredes, portas e teto danificados; o Armários para guarda de medicamentos de madeira,

bem como as gavetas dificultando a limpeza no interior das mesmas; o Resolução SESA 0674/2010: Os panos de limpeza

não identificados e encaminhados para lavanderia.

Em razão da persistência de diversas irregularidades nos referidos setores do Hospital Universitário, foram expedidos ofícios à Diretora Clínica do Hospital Universitário de Londrina (ofício nº 1635/2013, de 10.09.2013 – documento 43), à Reitora da Universidade Estadual de Londrina (ofício nº 1634/2013, de 10.09.2013 – documento 42) e ao Secretário Estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (ofício nº 1633/2013, de 10.09.2013 – documento 41), solicitando o envio de informações referentes às providências que estão sendo adotadas pela SETI, pela Reitoria da UEL e pela Direção do Hospital Universitário, a fim de que as irregularidades apontadas pela Vigilância Sanitária sejam sanadas.

Todavia, não houve qualquer resposta por parte da

Direção do Hospital Universitário, da Reitoria da Universidade Estadual de Londrina e do Secretário Estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

No caso presente, esta indefinição da Direção do Hospital Universitário e, consequentemente, da Universidade Estadual de Londrina e do Estado do Paraná, em sanar todas as irregularidades apontadas, está prejudicando a saúde e a vida dos pacientes e dos próprios funcionários (médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem etc.).

Frise-se que o primeiro ofício expedido pelo Ministério

Público à Direção do Hospital Universitário, por meio do qual encaminhou-se o Relatório da Vigilância Sanitária Municipal, elaborado a partir da inspeção realizada pela CPI dos Leitos, foi em 28.06.2012 (ofício nº 698/2012), sendo reiterado diversas vezes (documentos 28, 29, 32, 33, 34, 35, 36 e 43) e, desde então, não houve um posicionamento por parte da sua Direção.

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11..22 DDoo IInnqquuéérriittoo CCiivviill nnºº 00007788..1122..000000880055--33

O Inquérito Civil nº 0078.12.000805-3 foi instaurado em

18.05.2012, no âmbito do Ministério Público Estadual, a partir de ofício da ASSUEL – Sindicato dos Servidores Públicos Técnico Administrativos da Universidade Estadual de Londrina (ofício nº 0216/2012, de 08.05.2012), por meio do qual houve o encaminhamento de abaixo assinado de servidores técnicos universitários lotados na Diretoria de Enfermagem do Hospital Universitário e que atuam nas Unidades de Internamento Masculino, Feminino, Moléstia Infectocontagiosas e Pronto Socorro, segundo o qual tais funcionários têm trabalhado em condições precárias, colocando em risco a saúde dos pacientes, sendo sobrecarregados, devido à falta de funcionários quando comparado ao número de pacientes internados diariamente naquele hospital (documento 1).

Diante dessa documentação, oficiou-se à Chefe da Subseção

Londrina do Conselho Regional de Enfermagem do Paraná – COREN (ofícios nº 569/2012, de 21.05.2012 e nº 743/2012, de 10.07.2012) encaminhando o referido abaixo assinado, bem como foram solicitados esclarecimentos e informações sobre o fato (documentos 2 e 3).

Em resposta, o COREN enviou relatório referente à inspeção

realizada nas Unidades Masculina, Feminina, Tisiologia e Moléstias Infecciosas, nas quais verificaram-se diversas irregularidades, bem como a falta de profissionais (auxiliares e técnicos em enfermagem) naqueles setores, locais onde rotineiramente ficam os pacientes graves, com drogas vasoativas, ventilação pulmonar mecânica, hemodinamicamente instáveis com risco de vida (documento 4).

Consta do referido relatório que, “referente ao

dimensionamento da equipe de enfermagem, os dados apresentados pela instituição em tela demonstram que nos setores acima citados são necessários ajustes no que tange ao quantitativo destes profissionais. Para as Unidades de Internação, o número de auxiliares e Técnicos em Enfermagem e profissionais Enfermeiros poderá ser mantido, conforme tabelas abaixo, com as previsões do índice de Segurança Técnica de mínima de 15%, ou seja, para suprir férias,

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faltas, atestados e outros eventos institucionais, pois nestes períodos a carência de profissionais torna-se mais evidente, repercutindo inevitavelmente na qualidade da assistência prestada; e um percentual de no mínimo 33% de profissionais Enfermeiro utilizados para a assistência mínima e intermediária, sendo que o restante deverá ser auxiliares e técnicos em enfermagem, conforme prevê a Resolução COFEN 293/2004, que fixa e estabelece Parâmetros para o Dimensionamento do Quadro de Profissionais de Enfermagem nas Unidades Assistenciais das Instituições de Saúde e Assemelhados” (documento 4).

Segundo o COREN, constatou-se que na Unidade

Masculina, com 67 leitos ativos, há 11 enfermeiros, quando o recomendado é 30; e 55 técnicos de enfermagem, sendo o recomendado 61. Assim, a defasagem é de 19 enfermeiros e 6 técnicos de enfermagem nesta Unidade.

Na Unidade de Tisiologia, com 10 leitos ativos, não há

enfermeiros, quando o recomendado é de 5; e há 4 técnicos de enfermagem, sendo o recomendado 10. Assim, a defasagem é de 5 enfermeiros e 6 técnicos de enfermagem nesse setor.

Em relação à Unidade Feminina, com 67 leitos ativos, há 4

enfermeiros, quando o recomendado é de 22; e 36 técnicos em enfermagem, sendo o recomendado 44. Assim, a defasagem é de 18 enfermeiros e 8 técnicos de enfermagem. Ainda, verificou-se a insuficiência de novos equipamentos, principalmente monitores paramétricos, respiradores e outros que compõem o atendimento às emergências, para atender as atuais demandas na Unidade (pacientes graves, entubados e hemodinamicamente instáveis, inclusive pacientes isolados por possuírem ou por terem contatos com microorganismos multirresistentes - KPC e CRs).

Por sua vez, na Unidade de Moléstias Infecciosas (UMI),

com 67 leitos ativos, há 3 enfermeiros, quando o recomendado é 15; e 16 técnicos em enfermagem, sendo o recomendado 31. Assim, a defasagem é de 12 enfermeiros e 15 técnicos de enfermagem.

Vale ressaltar que esta Unidade (UMI) interna pacientes

com vários tipos de isolamento (adultos e pediátricos), necessitando de recursos humanos, materiais, roupas e equipamentos exclusivos para a

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demanda. Esses fatores são primordiais para a garantia de uma assistência de enfermagem segura e condições de trabalho adequadas à equipe de enfermagem (a Unidade conta com um médico plantonista durante as 24hs, justificado pela complexidade e perfil dos pacientes internados).

Quanto à sua estrutura física, constatou-se que esta é

inadequada, antiga e insuficiente, sendo que: a) os banheiros não possuem suporte de segurança aos

pacientes; b) chuveiros não aquecem; c) janelas enferrujadas; d) paredes com infiltração e descascadas e) inexistência de vestiário privativo aos funcionários; f) insuficiência de novos equipamentos de atendimento

às emergências, como monitores paramétricos, respiradores;

g) insuficiência de equipamentos básicos de transporte, como cadeira de rodas (a Unidade apresenta somente 1 cadeira de rodas, em condições precárias, sendo que a mesma é utilizada por todos os pacientes, inclusive pro aqueles isolados por contaminação da KPC)

h) inexiste sala de procedimentos médicos e de enfermagem;

i) insuficiência de roupas privativas e necessárias de uso dos funcionários.

É importante frisar que verificou-se um número elevado

de pacientes em enfermarias isoladas (Unidades Masculina, Feminina e de Moléstia Infecciosas), por possuírem ou por terem contatos com microorganismos multirresistentes (KPC e CRs), sendo que o dimensionamento da equipe de enfermagem deveria ser exclusivo para estas enfermarias, a fim de evitar a disseminação de uma infecção cruzada, fato este que não ocorre em virtude da insuficiência de recursos humanos (documento 4).

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Ainda, em 30.07.2012, esta Promotoria de Justiça recebeu o ofício nº 245/2012, de 27.07.2012, por meio do qual o COREN enviou relatório referente à inspeção realizada no Pronto Socorro do Hospital Universitário, no qual foram constatadas diversas irregularidades, bem como a falta de profissionais (auxiliares e técnicos em enfermagem) naquele setor (documento 5).

Consta do referido relatório, cuja inspeção realizou-se em

2012, que o Pronto Socorro do HU tem 43 leitos oficiais, com média diária de 97 atendimentos, 39 pronto-atendimentos e média de taxa de ocupação de 113%. Durante a visita fiscalizatória, ficou claro que o setor trabalha com uma demanda muito acima de sua capacidade de atendimento e em condições estruturais, materiais e de recursos humanos insuficientes. Verificou-se que é um setor considerado crítico, de atividades assistenciais complexas, que serve como referência para Londrina e demais municípios da região, para o atendimento e para encaminhamento de pacientes graves, que necessitam de atendimentos especializados e intensivos. Assim, é de extrema importância que seja mantido um quantitativo adequado de profissionais de enfermagem, já que se trata de setor com atividades de supervisão a pacientes graves e com risco (documento 5).

O Pronto Socorro do HU é um setor composto por vários

sítios funcionais, sendo eles: Setor de Classificação de Risco; Enfermaria Feminina; Enfermaria Masculina; P.S. Médica; P.S. Especialidade; P.S. Ortopédico1; P.S. Ortopédico 2; Sala de Trauma; Sala de Gesso e Poltronas; Corredor; Sala de Procedimentos e Cadeiras; P.S. Cirúrgico; Sala de Curativos; P.S. Médico 1; Salas de Emergência; Sala de Hidratação; Pronto Socorro Pediátrico e Materiais.

Segundo o COREN, constatou-se que no Pronto Socorro,

com 43 leitos ativos, há APENAS 12 enfermeiros, quando o recomendado é de 21; e 88 técnicos e auxiliares de enfermagem, sendo o recomendado 114. Assim, a defasagem é de 9 enfermeiros e 26 técnicos de enfermagem no Pronto Socorro (documento 5).

Em relação à sua estrutura física, verificou-se que é

insuficiente, pequena e incompatível com a atual demanda de usuários

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atendidos por este setor. As salas necessitam de reformas, com paredes e batentes de porta danificadas.

Ainda, foi verificado que pacientes internados em regime

de isolamento são deixados nos consultórios médicos, impossibilitando que estes sejam utilizados para os devidos fins. Há, ainda, na sala de gesso, pacientes graves da especialidade de ortopedia internados com assistência ventilatória mecânica – entubados e em respirador -, com drogas vasoativas, inviabilizando o uso da sala para o seu fim.

Ademais, constatou-se a presença de um número elevado

de pacientes graves (entubados, em respiradores mecânicos) internados na sala de grande traumas, no corredor dos consultórios médicos, nas áreas de repouso feminino e masculino, e na sala de emergências, gerando uma superlotação dos referidos locais e inviabilizando o uso para outras situações.

Vale frisar que o Pronto Socorro do HU possui 3 salas de

emergência, para atendimento imediatos; entretanto, devido à superlotação de seu setor, estas salas têm sido frequentemente utilizadas como locais de internação de pacientes, colocando em risco a qualidade da assistência de enfermagem e a garantia de vida dos usuários (documento 5).

Outrossim, foi evidenciado o número insuficiente de

profissionais técnicos em enfermagem, categoria esta de nível técnico médio, responsável pela assistência de enfermagem em setores críticos, o que traz muito prejuízo ao Pronto Socorro, devido à demanda.

Assim, o COREN concluiu, em seu relatório, que a dinâmica

de trabalho do Pronto Socorro do HU caracteriza-se por: 1. superlotação diária; 2. ocupação considerável dos leitos por pacientes graves e

instáveis, que deveriam estar acomodados nas Unidades de Terapia Intensiva;

3. utilização inadequada dos espaços e salas para o internamento de pacientes, dificultando a realização das atividades nos locais;

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4. número relevante de internamentos diários dos pacientes em poltronas, macas e nos corredores;

5. dimensionamento da Equipe de Enfermagem insuficiente e em regime de trabalho de utilização de horas-extras (o que aumenta a exaustão e adoecimento da equipe de enfermagem, aumento do número de atestados médicos e do índice de absenteísmo);

6. estrutura física incompatível com a quantidade de fluxo de pacientes, colaboradores, discentes e docentes e atual demanda de atendimentos aos usuários;

7. ambiente apertado, improvisado, inadequado e insuficiente, dificultando as medidas de controle e garantias necessárias na higienização, infecção hospitalar e qualidade da assistência de enfermagem (documento 5).

Diante do exposto, esta Promotoria de Justiça encaminhou à

Reitora da Universidade Estadual de Londrina cópia da documentação enviada pela ASSUEL e do COREN, na qual há relatos das condições precárias de trabalho dos funcionários que atuam nos setores de Moléstias Infecciosas, Pronto Socorro, Enfermarias Masculina e Feminina do HU (ofícios nº 568/2012, de 21.05.2012; nº 940/2012, de 13.08.2012; nº 1085/2012, de 04.09.2012; nº 1254/2012, de 09.10.2012; nº 1494/2012, de 27.11.2012; e nº 58/2013, de 17.01.2013), solicitando informações e esclarecimentos (documentos 6 a 11).

Após a expedição de 6 ofícios e passados 9 meses, a

Reitoria da UEL enviou resposta, em 01.03.2013, esclarecendo que a Procuradoria Jurídica passou por reestruturação administrativa, em razão da saída de três advogados e, em razão disso, houve o acúmulo de processos. Assim, solicitou um prazo maior para manifestar acerca da documentação encaminhada por esta Promotoria de Justiça (documento 12).

Em 19.03.2013, esta Promotoria de Justiça recebeu o ofício nº

184/2013, de 19.03.2013, da Reitoria da Universidade Estadual de Londrina, no qual foi informado que “diversos esforços estão sendo dirigidos nas unidades do HU para gerenciamento dos serviços, e, em razão do aumento da demanda nos serviços de urgência, estão sendo implementadas novas unidades de

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assistência e ações de combate à bactéria KPC, o que ocasionou impacto em todas a estrutura do JU, sendo de se destacar que, o segundo semestre do ano passado foi bastante atípico, em razão das contaminações ocasionadas pela referida bactéria, tendi sido mobilizados grande número de servidores para o combate da mesma. (...) Ademais, esta Universidade tem diligenciado no sentido de serem adotadas outras providências diante do quadro retratado, especialmente, em vista dos processos de aposentadoria de vários servidores, solicitou ao Estado do Paraná a realização de Concursos Públicos para a reposição destes servidores junto ao Hospital Universitário, cujas vagas foram anuídas, tendo sido divulgada abertura de Processo Seletivo de Promoção para a função de enfermeiro no ano de 2009 (...). Foram efetuados novos processos de solicitação para abertura de vagas no Hospital Universitário, conforme Informação nº 103/2012 – AT/GAB/PGE da Procuradoria Geral do Estado, e despacho da Secretaria – SETI. Assim, esta Universidade tem obstinadamente diligenciado para a imediata aprovação de Concurso Público para contratação de servidores, a fim de fazer frente à crescente demanda verificada junto ao Hospital Universitário, o que depende de tramitação e aprovação pelo Governo do Estado (documento 13).

Diante da resposta da Reitoria da UEL, expediu-se ofício ao

Diretor Presidente da ASSUEL, encaminhando cópia da respectiva resposta, para ciência e manifestação (documento 14).

A ASSUEL informou, por meio do ofício nº 0306/2013, de

22.04.2013, que os problemas denunciados são antigos e se agravam a cada dia; que as medidas adotadas pela Universidade não vieram ao encontro das necessidade do Hospital, pacientes e servidores, pois em vários setores houve contratação de trabalhadores temporários e privatização de serviços essenciais, sendo que os resultados obtidos foram ainda piores. Ainda, esclareceu que as péssimas condições de trabalho dos servidores foram comprovadas e impõe-se a apuração das responsabilidades, pois a omissão administrativa e a precarização de diversos serviços mediante concessão a particulares trará, com certeza, maiores prejuízos à comunidade, aos servidores e ao próprio Estado, que provavelmente responderá pelos danos causados (documento 15).

Considerando toda a documentação acostada no referido

Inquérito Civil, oficiou-se à Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

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– SETI (ofício nº 760/2013, de 07.05.2013), solicitando informações quanto às providências que estão sendo adotadas por essa Secretaria, no sentido de corrigir as irregularidades existentes no Hospital Universitário de Londrina, levantadas pela ASSUEL e pelo Conselho Regional de Enfermagem (documento 16). Frise-se que o HU está vinculado à SETI, por se tratar de Hospital Escola, pertencente à UEL.

No mesmo sentido, foi oficiado à Secretaria de Estado de

Saúde, em Curitiba (ofícios nº 761/2013, de 08.05.2013 e nº 1130/2013, de 03.07.2013), solicitando informações quanto às providências que estão sendo adotadas por essa Secretaria no sentido de corrigir as irregularidades existentes no Hospital Universitário, que dizem respeito à diminuição do número de servidores, aumento dos atendimentos, estrutura física inadequada, falta de espaços físicos, insuficiência de equipamentos etc. (documentos 17 e 18).

Em 05.06.2013, esta Promotoria de Justiça recebeu resposta

da SETI, na qual se informou que, em conjunto com a Secretaria de Saúde – SESA, há uma comissão permanente com agendas pré-estabelecidas, juntamente com os gestores dos Hospitais Universitários do Estado, com o objetivo de apurar as necessidades comuns às Universidades, envolvendo ensino e saúde, sendo que foi incluído no orçamento da SESA, para 2013, a pedido da UEL, o valor de R$ 4.100.000,00, inicialmente para construção da maternidade, que recentemente foi redirecionado para a construção da farmácia hospitalar, ficando a retomada da construção da maternidade para 2014; que em 2012, a SETI repassou à UEL, através do Fundo Paraná, o valor de R$ 8.200.000,00 para projetos por ela apresentados e em 2013 está prevista a liberação do valor de R$ 7.390.000,000, dos quais R$ 6.000.000,00 para o programa de infraestrutura, cujas prioridades quem define é a Reitoria; no tocante à contratação de mais profissionais, no momento o Estado encontra-se impossibilitado de fazê-lo, já que o Estado está no limite prudencial das despesas com pessoal, conforme determina a Lei de Responsabilidade Fiscal (OF GS/SETI 0510/13 - documento 19).

Em razão do ofício da ASSUEL já mencionado, expediu-se

ofício (nº 762/2013, de 08.05.2013) à Secretaria de Estado da Administração e da Previdência, solicitando informações sobre quais medidas estão sendo adotadas a fim de sanar as irregularidades apresentadas no relatório do COREN e confirmadas pela ASSUEL, no Hospital Universitário (documento 20).

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Em resposta, recebida em 10.06.2013, essa Secretária de

Estado esclareceu que os fatos relatados estão sendo averiguados na Secretaria de Estado da Ciência Tecnologia e Ensino Superior – SETI pelo protocolo SID nº 11.999.231-1 (documento 21).

Em razão disso, expediu-se ofício novamente à Secretaria

Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SETI, solicitando esclarecimentos e informações sobre o caso (documento 22).

Até a presente data, não houve resposta por parte da

Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino superior – SETI. Em 23.08.2013, a ASSUEL protocolou junto a esta

Promotoria o ofício nº 350/2013, no qual esclareceu que a abertura da nova UTI III Adulto do HU não resolverá o problema que o Hospital Universitário vem enfrentando. Ainda, frisou-se que os profissionais dos diversos setores do HU estão sobrecarregados, pois têm trabalhado de 18 a 36 horas ininterruptas, por necessidade de cada setor; que AINDA PERSISTEM OS PROBLEMAS NO PRONTO SOCORRO, NA UNIDADE DE MOLÉSTIAS INFECCIOSAS E NAS ENFERMARIAS MASCULINA E FEMININA (documento 23).

Assim, houve a expedição de ofícios à direção do HU (nº

1517, de 29.08.2013 e nº 1692/2013, de 17.09.2013), nos quais, solicitou-se o envio de informações e esclarecimentos sobre as providências que estão sendo adotadas no sentido de sanar todas as irregularidades apontadas pela ASSUEL e confirmadas pelo COREN. Ocorre que, até a presente data, a Diretoria do Hospital Universitário sequer apresentou alguma justificativa sobre as irregularidades apontadas pela ASSUEL e COREN (documentos 24 e 25).

Assim, a ausência de posicionamento e resposta aos ofícios expedidos à Diretoria Superintendente do Hospital Universitário, à Reitoria da Universidade Estadual de Londrina e à Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior demonstra absoluta INDIFERENÇA quanto à situação em que se encontra o HU e, consequentemente, à vida e saúde das pessoas que necessitam desse importante serviço público, que atende unicamente usuários do SUS.

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11..33 AA IImmppoorrttâânncciiaa ddoo HHoossppiittaall UUnniivveerrssiittáárriioo ee aa ssuuaa CCrriissee

Cumpre ressaltar que a situação atual do Hospital

Universitário é caótica. Conforme ofício recebido em 17.09.2013, o Chefe do Departamento de Clínica Cirúrgica do Hospital Universitário de Londrina (ofício Circular CCS 001/13, de 28.08.2013) encaminhou solicitação de providências junto a diversos órgãos acerca do ensino/assistência do HU/UEL, já que há falta de leitos de enfermaria, leitos de UTI, salas cirúrgicas, problema crônico de escala de médicos anestesiologistas e falta de funcionários (enfermagem e técnico de enfermagem), o que prejudica o atendimento aos pacientes (documento 46).

Ainda, diariamente esta Promotoria de Justiça recebe da

própria Direção Clínica do Hospital Universitário ofícios comunicando a SUPERLOTAÇÃO no Pronto Socorro deste hospital, bem como esclarecendo que o Hospital Universitário está com dificuldade no atendimento dos pacientes graves trazidos em “vaga zero”, bem como àqueles que aguardam no saguão, classificados com a cor amarela. Frise-se que o próprio hospital AFIRMA SUA PREOCUPAÇÃO COM A SITUAÇÃO EM QUE SE ENCONTRA, indicando não estar seguro com a assistência prestada aos pacientes e com relação às condições de trabalho da equipe de profissionais (documentos 47 e 59).

Em 12.09.2013, o Jornal de Londrina, em notícia veiculada

com o título “Com falta de recursos, HU pode reduzir atendimentos”, informou que a própria Diretora Superintendente do HU afirma que o principal problema está no repasse dos recursos do Sistema Único de Saúde pelo Município. A reitora da UEL afirmou que a previsão de recursos do Estado para custeio do HU em 2014 é de R$ 4,6 milhões, enquanto o pleiteado foi de R$ 10 milhões. Diante desses problemas, a reitora solicitou um estudo que apontará os déficits de cada setor do HU (documento 48).

A Folha de Londrina, de 12.09.2013, também publicou

matéria “Sem recursos, UEL admite encolher HU”. Nessa matéria, apurou-se que a UEL pode reduzir o número de leitos e de atendimentos de urgência e emergência no pronto-socorro do HU por cauã de um déficit crônico na

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operação da unidade. Segundo informações, a cúpula da Universidade está preocupada com a falta crônica de recursos e teme que se a situação perdurar a médio e longo prazo, até mesmo o custeio acadêmico seja sacrificado (documento 49).

Em 13.09.2013, a Folha de Londrina publicou matéria

intitulada “MP cobrará mais recursos para o HU”, já que o volume de recursos repassado à UEL está insuficiente para gastos de custeio e a ampliação do quadro funcional do HU. Frisou-se que a UEL luta por uma expansão significativa das verbas estaduais, que este ano deve fechar em R$ 3,8 milhões. Segundo a matéria, o HU atualmente tem 316 leitos, sendo que de janeiro a agosto deste ano foram realizadas 91 mil atendimentos e somente no pronto-socorro houve quase 23 mil atendimento. Já o quadro de servidores é composto por R$ 2,4 mil pessoas (documento 50).

No mesmo sentido, o Jornal de Londrina, em 13.09.2013,

publicou a matéria “Pressão para salvar o HU”, na qual informa que o Ministério Público e a Câmara Municipal, juntamente com a comunidade londrinense vão pressionar o Governo do Estado para atender as principais prioridades do HU, quais sejam, o aumento da verba de custeio e a reposição de vagas em aberto de servidores, que hoje são 236 e podem chegar a 400, em dezembro. A presidente da Comissão de Seguridade da Câmara de Vereadores, Lenir de Assis, ressaltou que o principal responsável pela situação do HU é o governo do Estado, uma vez que os problemas mais graves têm soluções na gestão estadual (documento 51).

Em artigo publicado na Folha de Londrina, na data de

18.08.2013, intitulado “HU: há anos perdendo sua missão”, um médico cardiologista e professor adjunto de Cardiologia da Universidade Estadual de Londrina esclareceu que o HU vive também o reflexo do abandono dos governos, que é um local onde ainda ensina-se e presta-se assistência a pacientes internados em macas nos corredores, e falta medicações, falta incentivo aos profissionais de saúde – docentes e servidores que lá exercem sua função -, assim como uma série infinita de problemas (documento 52).

Vale lembrar que o Hospital Universitário, fundado em 1971,

é o único hospital público de grande porte do Norte do Paraná, caracterizando-se como sendo um Centro de Referência Regional para o

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SUS. Apesar de se tratar de um hospital-escola, o Hospital Universitário é o maior prestador de serviços de saúde para o SUS em todo o interior do Paraná, atendendo pacientes oriundos de 250 municípios do Estado e de mais de 109 de outras cidades de outros Estados.

O HU de Londrina tem uma missão definida, que envolve, por

exemplo, prestar assistência integral à saúde, com excelência e qualidade. Tem obtido reconhecimento nacional decorrente de suas ações e atua em praticamente todas as especialidades médicas.

Por se tratar de hospital de nível terciário, atendendo casos

de alta complexidade, o HU presta assistência para o SUS nas áreas de Transplantes de Rim e Córnea, Enxerto de Tecidos ósseo, Oncologia, Ortopedia, Neurocirurgia, Videolaparoscopia, HIV/AIDS, Busca Ativa e Abordagem de Possível Doador de Órgãos, Obesidade Grave, Planejamento Familiar, Laboratório de Histocompatibilidade e Exames de detecção de carga viral CD4/CD8. O HU também tem serviço de Nutrição Parenteral/Enteral, UTIs neonatal, pediátrica e de adulto e Centro de Tratamento de Queimados e é Centro de Referência de Alta Complexidade cardiovascular (cirurgia cardiovascular e vascular, cardiologia intervencionista, endovascular extracardíaco, eletrofisiologia); sendo referência também em atendimento às urgências e emergências e nos casos de gestação de alto risco, com retaguarda tecnológica e de recursos humanos especializados.

Todos esses serviços estão sendo altamente prejudicados

principalmente porque a verba de custeio hoje repassada pelo Governo Estadual é insuficiente para fazer frente às demandas cada vez mais crescentes de pacientes, e também porque está havendo lento processo de reposição dos cargos que ficaram vagos em função de aposentadorias, sendo que atualmente há 236 vagas em aberto, havendo uma estimativa de que até o final do ano esse número chegue a 400.

O HU tem um déficit mensal de R$ 350 mil (somente no

Centro de Tratamento de Queimados o déficit chega a R$ 120 mil) e, por isso, sem uma solução urgente, o hospital corre o risco de, até o final do ano, SER OBRIGADO A REDUZIR DRASTICAMENTE SUA OFERTA DE SERVIÇOS.

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Diante dessa drástica situação, foi elaborado pelo Ministério Público, juntamente com a comunidade londrinense, representada por diversas lideranças, os quais se reuniram no dia 13 de setembro de 2013, no Hospital Universitário, documento que pleiteia do Governo Estadual, em caráter de urgência, as seguintes medidas: (a) redução significativa do prazo para contratação de servidores, para as vagas em aberto; (b) suplementação orçamentária de R$ 6 milhões ainda para esse ano, como verba de custeio; (c) que sejam garantidos para 2014 os R$ 10 milhões de verba de custeio solicitados pela Direção do HU; e (d) que seja apresentado projeto de lei para ampliar o número de vagas de servidores no HU (documento 53).

Ainda, o Ministério Público expediu ofícios ao Secretário de

Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino superior – SETI (ofício nº 1743/2013, de 20.09.2013 – documento 56), ao Secretário Estadual da Saúde (ofício nº 1744/2013, de 20.09.2013 – documento 57) e ao Governador do Estado do Paraná (ofício nº 1742/2013, de 20.09.2013 – documento 58), encaminhando tal Requerimento subscrito por lideranças comunitárias de Londrina, por vereadores e pelo Ministério Público, nos quais solicitou-se a adoção de medidas urgentes em relação ao Hospital Universitário.

No mesmo sentido, a Câmara Municipal de Londrina

elaborou documento (Requerimento nº 5962/2013), em 17.09.2013, com pedido de urgência, dirigido ao Sr. Carlos Alberto Richa, Governador do Estado do Paraná, solicitando providências em relação ao Hospital Universitário de Londrina, quais sejam: a) a redução significativa do prazo para contratação de servidores, para as vagas em aberto; b) suplementação orçamentária de R$ 6 milhões de reais, ainda para este ano, como verba de custeio; c) que sejam garantidas para 2014 os R$ 10 milhões de verba de custeio solicitados pela Direção do HU; d) que seja apresentado projeto de lei para ampliar o número de vagas de servidores do HU (documento 55).

Tal situação é complementada pelo ofício do Presidente do

Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná, datado de 21.03.2013, no qual enfatiza que as condições do Hospital Universitário estão próximas ao colapso, que considera que a situação, além de grave, tende ao caos, expondo a população da região de Londrina a riscos cada vez maiores e que deverá chegar a um ponto em que suas atividades terão de ser

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interrompidas. Ainda, esclarece que tal situação é delicada, pois além de impactar no atendimento, ultrapassa a capacidade estrutural do HU. Informou, ainda, que o Conselho Regional de Medicina não tem ingerência para obrigar uma melhoria, por isso, pede providências para que o Ministério Público contribua na minimização do problema (documento 54).

Ou seja, devem ser adotadas providências urgentes, por

parte do Executivo Estadual, no sentido de manter os inestimáveis serviços que são prestados atualmente à população usuária do SUS pelo Hospital Universitário Regional Norte do Paraná – HURNP, em função do período de crise pelo qual passa esse importante estabelecimento hospitalar do Estado.

Com efeito, verifica-se que o Governo do Estado, não obstante todas as evidências em contrário, insiste em ignorar a triste realidade existente na cidade de Londrina na área da saúde, principalmente em relação à situação hoje encontrada no Hospital Universitário (documento 48).

Diante dos inclusos documentos, das inspeções realizadas,

das notícias veiculadas pela imprensa local, dos ofícios diários comunicando a superlotação do PS do Hospital Universitário, verifica-se que as irregularidades apontadas em diversos setores e a falta de profissionais de enfermagem no HU são extremamente graves, ainda mais no que tange à saúde do trabalhador, sendo que isto poderá ser MINIMIZADO mediante a CORREÇÃO INTEGRAL E URGENTE DESSAS IRREGULARIDADES, apontadas pelo COREN e pela Vigilância Sanitária Municipal.

Em razão do conformismo e da inércia do Estado do Paraná e da Universidade Estadual de Londrina, é visível a indiferença destes aos mandamentos constitucionais que asseguram o direito à vida, acima de tudo, e o direito à saúde de todos os cidadãos, particularmente em relação àqueles que necessitam do HU.

Está mais que provado que as irregularidades e a falta de

profissionais de enfermagem nos diversos setores do Hospital Universitário estão provocando a piora na qualidade do atendimento, bem como, muita vezes, diminuindo o número de pessoas diariamente atendidas,

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por não haver estrutura, equipamentos adequados e profissionais suficientes e capacitados. Isso foi demonstrado claramente em matéria publicada no Folha de Londrina, em 12.09.2013 (documento 49).

Diante da documentação até aqui apresentada, a qual

evidencia claramente a indiferença dos Requeridos para com os usuários do SUS e servidores que atuam no HU, exige-se uma atitude por parte do Estado do Paraná e da Universidade Estadual de Londrina no sentido de sanar todas as irregularidades encontradas no HU, as quais foram apontadas nos Relatórios de Fiscalização do COREN (documentos 4 e 5) e Relatório de Técnico de Inspeção da Vigilância Sanitária Municipal (documento 40), uma vez que estas irregularidades estão colocando em risco a vida e a saúde dos servidores e dos usuários do SUS, que necessitam do HU.

222... DDDOOO CCCAAABBBIIIMMMEEENNNTTTOOO DDDAAA PPPRRREEESSSEEENNNTTTEEE AAAÇÇÇÃÃÃOOO CCCIIIVVVIIILLL PPPÚÚÚBBBLLLIIICCCAAA EEE SSSUUUAAA CCCOOONNNJJJUUUNNNTTTUUURRRAAA...

Versa o presente feito, em síntese, sobre a inércia, por parte do Estado do Paraná e da Universidade Estadual de Londrina, em relação à necessária correção das irregularidades atualmente existentes no Hospital Universitário.

A propósito, ao examinar a possibilidade de utilização da

ação civil pública para tutelar a saúde, Marlon Alberto Weichert assinala: “A ação civil pública é, por excelência, a ferramenta de promoção e defesa judicial, pelo Ministério Público, do direito à saúde. Em função da nota constitucional, seu uso deve ser admitido – sem a possibilidade de barreiras legais – para a defesa dos interesses coletivos e indisponíveis, de modo amplo”. 1

1 WEICHERT, Marlon Alberto. A saúde como serviço de relevância pública e a ação civil pública em sua defesa. in Ação civil Pública: 20 anos da Lei n. 7347/85. ROCHA, João Carlos de Carvalho, HENRIQUES FILHO, Tarcísio Humberto Parreira e CAZZETA, Ubiratan (orgs). Belo Horizonte: Del Rey, 2005. p. 525.

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O Ministério Público é parte legítima para o ajuizamento da

ação civil pública, sendo que esta é a via adequada para preservação da garantia do direito constitucional à saúde (artigo 129, III, da Constituição Federal de 1988).

Dessa forma, perfeitamente plausível o cabimento da

presente ação civil pública, interposta pelo Ministério Público, enquanto defensor da sociedade.

Tendo em vista que estas irregularidades atingem,

indistintamente, a totalidade de usuários do SUS, residentes no município de Londrina, que dependem do pleno funcionamento do Hospital Universitário, é inegável o cabimento da presente ação, para que o Estado do Paraná e a Universidade Estadual de Londrina providenciem medidas no sentido de sanar as referidas irregularidades, uma vez que se trata de violação do direito coletivo à saúde.

Diante da existência de lesão à própria sociedade, impõe-se

provocar a função jurisdicional do Estado, visando garantir a efetiva defesa do direito à saúde, no sentido de que o Hospital Universitário de Londrina esteja em pleno funcionamento, sem irregularidades que possam comprometer seu atendimento à população, no âmbito do SUS.

33.. DDAA LLEEGGIITTIIMMIIDDAADDEE PPRROOCCEESSSSUUAALL AATTIIVVAA DDOO MMIINNIISSTTÉÉRRIIOO PPÚÚBBLLIICCOO.

As ações e serviços de saúde, por força de mandamento

constitucional (art. 197), são considerados como de relevância pública2. 2 Para melhor elucidação, faz-se pertinente a consideração dos ensinamentos dos Promotores de Justiça: Antonio Augusto Mello de Camargo Ferraz e Antonio Herman de Vasconcellos e Benjamin (in O Conceito Constitucional de Relevância Pública, série Direito e Saúde nº 1, Organização Panamericana da Saúde e Escritório Regional da Organização Mundial da Saúde, representação do Brasil – Brasília 1992, Organização: Profª Sueli Gandolfi Dallari, pág. 36), a respeito do significado da expressão supra: a) “A qualidade de ‘função pública’, como verdadeiro dever-poder, que regra a garantia da saúde pelo Estado;

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A Constituição Federal, por sua vez, ampliou o campo de

atuação do Ministério Público, atribuindo-lhe, no art. 127, a incumbência da defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis e no art. 129 apontou as suas funções institucionais, entre as quais:

"(...) II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua garantia; III – promover o inquérito civil público e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos". 3 O contexto jurídico exposto permite evidenciar que o Parquet

é o responsável em promover as medidas necessárias para compelir a restauração do respeito dos poderes públicos aos direitos constitucionalmente assegurados. A sua legitimidade postulatória advém dos casos em que o próprio poder público figura como patrocinador de lesão a interesse social e/ou individual indisponível.

Ao apreciar hipótese semelhante, o egrégio Superior Tribunal

de Justiça já decidiu que:

b) a natureza jurídica de direito público subjetivo da saúde, criando uma série de interesses na sua realização – públicos, difusos, coletivos e individuais homogêneos; c) limite da indisponibilidade, tanto pelo prisma do Estado como do próprio indivíduo, do direito à saúde; d) a idéia de que, em sede do art. 197, o interesse primário do Estado corresponde à garantia plena do direito à saúde e as suas ações e serviços, sempre secundários, só serão legítimas quando imbuídas de tal espírito; e) o traço de essencialidade que marca as ações e serviços de saúde.” Tais observações convergem para um mesmo ponto, qual seja, o de considerar o direito à saúde como um direito subjetivo público e indisponível. 3 Nesse sentido, também, o artigo 120 da Constituição do Estado do Paraná, e o art. 57, V, da Lei Complementar n.º 85/99 (Lei Orgânica do Ministério Público do Paraná), dispondo este: “Além das funções previstas na Constituição Federal, na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, na Constituição Estadual e em outras leis, incumbe, ainda, ao Ministério Público: (...) V – promover a defesa dos direitos constitucionais do cidadão para a garantia do efetivo respeito pelos Poderes Públicos e pelos prestadores de serviços de relevância pública (...)".

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“AÇÃO CIVIL PÚBLICA – Legitimidade – Ministério Público – Sistema Único de Saúde – Direito coletivo. Tem o Ministério Público legitimidade para propor ação civil pública em defesa do patrimônio público e social visando a verificação da situação do Sistema Único de Saúde e sua operacionalização. Recurso improvido.”4 Diante desse contexto constitucional, extrai-se que o Parquet,

de modo genérico, pode e deve promover todas as medidas necessárias – administrativas e/ou jurídicas - para a restauração do respeito dos poderes públicos aos direitos constitucionalmente assegurados aos cidadãos – mormente os direitos fundamentais.

A vida e a saúde são os direitos mais elementares,

fundamentais e de primeira grandeza do ser humano, pressupostos de existência dos demais direitos, considerados de interesse social e individual indisponíveis; razão pela qual, merecem especial cuidado, sobretudo no caso sub judice – quando se trata de não-cumprimento de obrigação de fazer dos Requeridos, com a decorrente inércia em sanar as irregularidades apontadas pelo COREN e pela Vigilância Sanitária Municipal no Hospital Universitário - que atinge diretamente a vida/saúde destas pessoas.

Sobre a relação entre direito social e os serviços de relevância

pública: “O serviço de relevância pública deve respeito aos direitos constitucionais justamente por ter como objetivo satisfazer as pretensões sociais dos cidadãos. Assim, há direta conexão entre a adequada prestação dos serviços de relevância pública e o respeito aos direitos sociais ou, sob outro prisma, há interesse social no devido fornecimento dos serviços de relevância pública.5

4 RESP 124236/MA. 1ª T. Rel. Min. Garcia Vieira. DJ de 04/05/1998. p. 84. No mesmo sentido: RESP 173578/MA. 2ª T. Rel. Min. Hélio Mosimann. DJ 28/09/98. p. 46. 5 WEICHERT, Marlon Alberto. Saúde e Federação na Constituição Brasileira. Lúmen Júris: Rio de Janeiro, 2004, p. 134.

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Destarte, afigura-se legítima a atuação do Ministério Público para a defesa de direitos e interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos, entre os quais se insere o direito à saúde, exteriorizada, in casu, na busca de provimento judicial que assegure o efetivo cumprimento pelo Hospital Universitário de Londrina no sentido de sanar as irregularidades encontradas em diversos setores/unidades daquele Hospital.

Ademais, o Supremo Tribunal Federal assevera 6: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA PROMOVER AÇÃO CIVIL PÚBLICA EM DEFESA DOS INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E HOMOGÊNEOS. 1. A Constituição Federal confere relevo ao Ministério Público como instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (CF, art. 127). 2. Por isso mesmo detém o Ministério Público capacidade postulatória, não só para a abertura do inquérito civil, da ação penal pública e da ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente, mas também de outros interesses difusos e coletivos (CF, art. 129, I e III). 3. Interesses difusos são aqueles que abrangem número indeterminado de pessoas unidas pelas mesmas circunstâncias de fato e coletivos aqueles pertencentes a grupos, categorias ou classes de pessoas determináveis, ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base. 3.1. A indeterminidade é a característica fundamental dos interesses difusos e a determinidade a daqueles interesses que envolvem os coletivos. 4. Direitos ou interesses homogêneos são os que têm a mesma origem comum (art. 81, III, da Lei n.º 8.078, de 11 de setembro de 1990), constituindo-se em subespécie de

6 RESP 163231-3/SP, Rel. Min. Maurício Corrêa. DJ-05/03/97, Seção I, p. 4.930 (Jurisprudência Civil do STF, organizada por Gracindo Filho, Zeidier e Cieto, p. 82).

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direitos coletivos. 4.1. Quer se afirme interesses coletivos ou particularmente interesses homogêneos, stricto sensu, ambos estão cingidos a uma mesma base jurídica, sendo coletivos, explicitamente dizendo, porque são relativos a grupos, categorias ou classes de pessoas, que conquanto digam respeito às pessoas isoladamente, não se classificam como direitos individuais para o fim de ser vedada a sua defesa em ação civil pública, porque sua concepção finalística destina-se à proteção desses grupos, categorias ou classe de pessoas. (...). No mesmo sentido, o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado

do Paraná: APELAÇÃO CÍVEL E REEXAME NECESSÁRIO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA C/C TUTELA ANTECIPADA - FORNECIMENTO GRATUITO DE EXAME URGENTE "CINTILOGRAFIA ÓSSEA COM LEUCÓCITOS MARCADOS" À INTERESSADA PÓS-OPERADA, CARENTE DE RECURSOS ECONÔMICOS - LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO POR SE TRATAR DE DIREITO INDISPONÍVEL - RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA ENTRE A UNIÃO, OS ESTADOS, O DISTRITO FEDERAL E OS MUNICÍPIOS PELA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO ÚNICO DE SAÚDE - PRESCRIÇÃO POR MÉDICO - DOCUMENTAÇÃO APTA A COMPROVAR A NECESSIDADE DO FORNECIMENTO DO EXAME - DIREITO SUBJETIVO DA INTERESSADA - AFASTADA A OFENSA AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA SEPARAÇÃO DOS PODERES, DA IMPESSOALIDADE E ISONOMIA - RECURSO DESPROVIDO, SENDO MANTIDA A SENTENÇA EM SEDE DE REEXAME NECESSÁRIO, CONHECIDO DE OFÍCIO. (TJPR - 4ª C.Cível - ACR - 1015808-0 - Umuarama - Rel.: Lélia Samardã Giacomet - Unânime - - J. 03.09.2013) – grifo nosso. AGRAVO RETIDO. PRELIMINARES DE INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA, IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO E AUSÊNCIA

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DO INTERESSE DE AGIR AFASTADAS. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Como se observa, a questão primordial dos autos trata de direito à saúde, que é objeto de proteção constitucional, afigurando-se, portanto, um direito indisponível. E, como tal, possível de ser pleiteado pelo Parquet, mediante ação civil pública. O pedido afigura-se juridicamente impossível quando encontra óbice no ordenamento jurídico, o que não é o caso dos autos, vez que não há qualquer norma impedindo o Ministério Público de tutelar o direito dos pacientes acometidos pela doença pulmonar obstrutiva crônica. Ainda que alegue a possibilidade do interessado adquirir o fármaco do qual necessita pelo Sistema Único de Saúde (S.U.S.), vê-se que o Estado do Paraná negou o pedido feito pelo agravado administrativamente, à f. 144, sob o fundamento de que o mesmo não consta no elenco de medicamentos da portaria GM nº 2577 de 27 de outubro de 2006, do Programa de Medicamentos Excepcionais, não merecendo acolhida, portanto, a alegação de ausência de interesse de agir. (...) É dever do Poder Judiciário a apreciação de lesão ou ameaça a direito (art. 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal), não caracterizando violação ao Princípio da Divisão dos Poderes a determinação de fornecimento de medicamento à pessoa necessitada, uma vez que o direito à vida e à saúde não se encontra no âmbito dos atos discricionários da Administração Pública, mas se constitui num dever previsto na própria Constituição Federal. (...) - (TJPR - 5ª C.Cível - ACR - 999020-3 - Barracão - Rel.: Edison de Oliveira Macedo Filho - Unânime - - J. 04.06.2013) – grifo nosso. O contexto apresentado evidencia, portanto, que o Ministério

Público, de modo genérico, é o responsável em promover todas as medidas ao seu alcance para proteger o direito constitucional à vida/saúde de todos os usuários do SUS e servidores que utilizam os serviços oferecidos no Hospital Universitário.

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Portanto, restando consideradas as ações e serviços de saúde como de relevância pública, ante sua patente fundamentalidade, autorizado está o Ministério Público a atuar em busca de sua defesa.

44.. DDAA LLEEGGIITTIIMMIIDDAADDEE PPRROOCCEESSSSUUAALL PPAASSSSIIVVAA DDOO EESSTTAADDOO DDOO PPAARRAANNÁÁ EE DDAA UUNNIIVVEERRSSIIDDAADDEE EESSTTAADDUUAALL DDEE LLOONNDDRRIINNAA..

Ante o exposto, observa-se que os Requeridos vêm adotando postura omissiva quanto às precárias condições do HOSPITAL UNIVERSITÁRIO, as quais foram detectadas pelo COREN e pela Vigilância Sanitária Municipal e encontram-se descritas nos respectivos Relatorios de Fiscalização e Inspeção (documentos 4, 5 e 40).

É evidente que tal omissão tem colocado em risco a saúde e

a vida das pessoas, sendo notório o nexo causal entre essa omissão e os prejuízos alcançados. Assim, é inquestionável que o Estado do Paraná e a Universidade Estadual de Londrina possam ser considerados, nesse caso, legitimados passivos.

A legitimidade passiva do Estado do Paraná decorre,

inicialmente, da Constituição Federal: “Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Do mesmo modo, dispõe o art. 167, caput, da Constituição

do Estado do Paraná que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a prevenção, redução e eliminação de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde para a sua promoção, proteção e recuperação”.

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Outrossim, o Código Sanitário do Estado (Lei Estadual nº 13.331, de 23 de novembro de 2001), no seu art. 2º caput, preceitua que “é dever do Estado, através da Política Estadual de Saúde, e dentro de sua competência, prover as condições indispensáveis ao exercício do direito de saúde, garantido a todo cidadão”.

Depreende-se então que o Estado do Paraná é responsável

pelo repasse de verbas destinadas às suas Autarquias, não só tendo o dever de fiscalizar e controlar os serviços públicos de saúde prestados aos usuários do Sistema Único de Saúde, como também, e principalmente a obrigação de garantir a efetiva prestação desses serviços.

No caso em apreço, essa obrigação fica evidente, já que o

Hospital Universitário encontra-se vinculado a uma Autarquia Estadual (Universidade Estadual de Londrina).

Desse modo, cabe ao Estado autorizar e destinar as verbas

necessárias para as reformas, aquisição de equipamentos, contratação de profissionais, etc. À evidência, nenhuma outra esfera governamental, que tem a incumbência de prestar serviços de saúde (União e Município), pode interferir eficazmente na situação que se pretende alterar.

Frise-se que a inércia do Estado do Paraná em prestar a

assistência integral aos usuários do SUS, no sentido de sanar todas as irregularidades apontadas nos respectivos Relatórios de Inspeção, é inconstitucional e ilegal, sendo ofensiva ao direito à saúde.

Ressalte-se que, conforme sedimentado na jurisprudência,

cabe ao Estado do Paraná arcar com o ônus de prestar o atendimento à população na assistência à saúde, fornecendo, pois, todos os serviços necessários, por força constitucional, com previsão na Constituição Estadual do Paraná.

Como consequência, cabe ao Estado do Paraná o dever de

viabilizar os recursos suficientes para a imediata reforma de alguns setores do Hospital Universitário, no sentido de adquirir novos equipamentos, necessidade de reforma de pisos e paredes, limpeza periódica em

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equipamentos, contratação de enfermeiros e técnicos de enfermagem. Inegável se torna, pois, sua legitimidade passiva ad causam.

A responsabilidade da Universidade Estadual de Londrina,

por sua vez, decorre do fato dessa Autarquia ter o dever de gerenciar o Hospital Universitário, que lhe pertence, e também de utilizar-se de seus recursos próprios para, assim como o Estado do Paraná, viabilizar as necessárias reformas, adequações e contratações de pessoal.

Como ela é entidade autárquica criada por lei específica,

deve ser compelida a figurar no polo passivo da demanda, já que, em razão de sua autonomia funcional, somente ela poderá determinar como será a rotina de adequações, a quantidade de equipamentos novos a ser adquirido, o redimensionamento de profissionais aos setores, conforme a demanda, entre outras.

Esse é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. MANDADO DE SEGURANÇA. UNIVERSIDADE DO SISTEMA ESTADUAL DE ENSINO. AUTONOMIA. ART. 211 DA CF⁄88. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. 1. As universidades estaduais e municipais gozam de total autonomia para organizar e gerir seus sistemas de ensino CF⁄88, art. 211, e seus dirigentes não agem por delegação da União. A apreciação jurisdicional de seus atos é da competência da Justiça Estadual. 2. Conflito conhecido para declarar a competência da Justiça Estadual, suscitado. (STJ - CC 40.679⁄SC, Rel. Min. CASTRO MEIRA, Primeira Seção, DJ 15⁄3⁄2004, p. 146) – grifo nosso. No mesmo sentido, o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado

do Paraná: PROCESSUAL CIVIL. INDENIZAÇÃO. NEGLIGÊNCIA EM ATENDIMENTO MÉDICO NAS DEPENDÊNCIAS DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE LONDRINA. ÓRGÃO SUPLEMENTAR DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE

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LONDRINA. AUTARQUIA ESTADUAL, DOTADA DE PERSONALIDADE JURÍDICA E AUTONOMIA DIDÁTICO- CIENTÍFICA, ADMINISTRATIVA E DE GESTÃO FINANCEIRA/PATRIMONIAL. RESPONSABILIDADE INTEGRAL PELOS ATOS E SERVIÇOS PRATICADOS POR ELA E/OU PELOS SEUS ÓRGÃOS SUPLEMENTARES. (...) (TJPR - 2ª C.Cível - AC 0602365-6 - Londrina - Rel.: Des. Eugenio Achille Grandinetti - Unânime - J. 17.11.2009)- grifo nosso. Assim, como o Hospital Universitário presta serviços

essenciais de saúde, exclusivamente públicos, a Universidade Estadual de Londrina tem o dever de assegurar a prestação e continuidade desses serviços. Então, para que isso ocorra, a Universidade deve ser compelida a iniciar a imediata reforma dos referidos setores/unidades, aquisição de equipamentos, contratação de enfermeiros e técnicos de enfermagem etc., utilizando-se dos seus recursos próprios e daqueles a serem repassados pelo Estado.

Ora, é evidente que a Universidade Estadual de Londrina

deve ser compelida a iniciar, de imediato, nos setores indicados, a reforma de pisos e azulejos, a aquisição de novos equipamentos, a limpeza periódica em equipamentos etc., bem como a contratação de enfermeiros e técnicos de enfermagem, para atuarem nos respectivos setores do HU; utilizando-se, para isso, reitera-se, de recursos próprios do Hospital Universitário, assim como de recursos oriundos do Tesouro Estadual, já que, igualmente, o Estado do Paraná deverá ser compelido a destinar verbas para viabilizar a pretendida contratação.

Assim, observa-se de novo que o Estado do Paraná e a

Universidade Estadual de Londrina nada fizeram, até então, para assegurar aos pacientes que lá frequentam uma mínima condição de natureza físico- estrutural, bem como aos servidores que lá atuam, melhores condições ocupacionais.

Por isso, pleiteia-se tutela jurisdicional no sentido de que

os Requeridos sejam obrigados a corrigir, de imediato, a totalidade das

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irregularidades apontadas pelo COREN e pela Vigilância Sanitária, conforme os respectivos Relatórios Técnicos de Inspeção.

Assim, é inquestionável que o Estado do Paraná e a Universidade Estadual de Londrina possuem legitimidade passiva no caso presente.

555... DDDOOOSSS AAASSSPPPEEECCCTTTOOOSSS RRREEELLLEEEVVVAAANNNTTTEEESSS DDDOOO DDDIIIRRREEEIIITTTOOO ÀÀÀ SSSAAAÚÚÚDDDEEE NNNAAA CCCOOONNNSSSTTTIIITTTUUUIIIÇÇÇÃÃÃOOO,,, NNNOOO ÂÂÂMMMBBBIIITTTOOO IIINNNFFFRRRAAACCCOOONNNSSSTTTIIITTTUUUCCCIIIOOONNNAAALLL EEE SSSUUUAAA VVVIIIOOOLLLAAAÇÇÇÃÃÃOOO NNNAAA EEESSSPPPÉÉÉCCCIIIEEE...

A Constituição Federal preceitua que a República Federativa

do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como um dos fundamentos a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III).

A expressão “dignidade da pessoa humana” - princípio

jurídico essencial contido no artigo 1º, inciso III, da Carta Magna - já se encontrava inserta na Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, na qual se assevera que o reconhecimento da “dignidade inerente a todos os membros da família humana é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”.

O art. 1° desse diploma internacional proclama: “Todos os

homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”.

Como o próprio nome revela, o aludido princípio

fundamenta-se na essência da pessoa humana e esta, por sua vez, pressupõe, antes de mais nada, a presença de uma condição objetiva: a própria vida. Considerando-se cada indivíduo em si mesmo, tem-se que a vida é condição necessária da própria existência.

Logo, a dignidade do ser humano impõe um primeiro dever

básico, que é, justamente, o de reconhecer a intangibilidade da vida, e esse

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pressuposto configura-se como um preceito jurídico absoluto - um imperativo jurídico categórico - do qual decorre, logicamente e como conseqüência do respeito à vida, o fato da dignidade dar embasamento jurídico para se exigir o respeito à integridade física e psíquica (condições naturais) e aos meios mínimos para o exercício da própria vida (condições materiais).

Como fundamento primeiro da República, o princípio

jurídico da dignidade tem, portanto, a proteção e a defesa da vida humana como pressuposto, pois sem vida não há pessoa, e sem pessoa, não há que se falar em dignidade. Trata-se de preceito absoluto, que não comporta exceção e está, de resto, confirmado pelo caput do art. 5º da CF.

Essa tese é reconhecida, acima de todas as outras, pelos

nossos Tribunais, como se lê no seguinte pronunciamento do STF: “Entre proteger a inviolabilidade do direito à vida, que se qualifica como direito subjetivo inalienável assegurado pela própria Constituição da República (art. 5º, caput), ou fazer prevalecer, contra essa prerrogativa fundamental, um interesse financeiro e secundário do Estado, entendendo — uma vez configurado esse dilema — que razões de ordem ético-jurídica impõem ao julgador uma só e possível opção: o respeito indeclinável à vida.” (STF– Petição n.º 1246-1-SC - MIN. CELSO DE MELLO). Ora, se o direito à vida está intrinsecamente ligado à ideia de

dignidade humana, como visto, tem-se que o seu corolário necessário - o direito à saúde – também está, uma vez que este (a saúde), na sua essência, cuida da preservação daquela (a vida).

A saúde, concebida como o “estado completo de bem-

estar físico, mental e social e não simplesmente como a ausência de doença ou enfermidade” (Organização Mundial de Saúde), é, pois, direito humano fundamental, oponível ao Estado, nos termos do art. 196 da CF, que viabiliza a garantia da própria vida, pressuposto da dignidade da pessoa humana e, como tal, deve ser incansavelmente protegido e respeitado, sendo inadmissível qualquer conduta comissiva ou omissiva, especialmente da Administração Pública, tendente a ameaçá-lo ou frustrá-lo.

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Esse também é o entendimento atual do Egrégio Tribunal de

Justiça do Estado do Paraná: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 737191-7 DA 3ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA. Agravante: Clínica Psiquiátrica de Londrina Ltda. e Outro.Agravado: Ministério Público do Paraná.Relator: Juiz de Direito Substituto em 2.° Grau Osvaldo Nallim Duarte (em substituição ao Des. Sérgio Roberto N. Rolanski). AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DETERMINAÇÃO JUDICIAL PARA CONTRATAÇÃO DE FUNCIONÁRIOS PARA QUE AS AGRAVANTES CUMPRAM AO QUE ESTABELECE A PORTARIA GM/MS Nº 251/02. CLÍNICAS PSIQUIÁTRICAS CREDENCIADAS PELO SUS E MUNICÍPIO DE LONDRINA. (I) INSPEÇÃO QUE EVIDENCIA INÚMERAS IRREGULARIDADES NO ATENDIMENTO. ALEGAÇÃO DE QUE FALTA REAJUSTE DA TABELA DO SUS. ARGUMENTO QUE NÃO AFASTA A OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ATENDIMENTO DENTRO DOS PADRÕES MÍNIMOS RECOMENDADOS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE. PESSOAS PORTADORAS DE TRANSTORNOS MENTAIS. DIREITO À SAÚDE E À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. (II) PRAZO DE CINCO MESES PARA REGULARIZAÇÃO. SUFICIÊNCIA. (III) MULTA DIÁRIA REDUZIDA DE R$ 1.000,00 PARA R$ 300,00. RECURSO PROVIDO EM PARTE. (TJPR - 5ª C.Cível - AI - 737191-7 - Londrina - Rel.: Osvaldo Nallim Duarte - Unânime - - J. 09.07.2013) – grifo nosso. Assim, a mera leitura dos dispositivos constitucionais que

seguem, em confronto com a hipótese dos autos, revela de pronto a lesão em causa:

Art. 1.° A República Federativa do Brasil, (...), constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: II- a dignidade da pessoa humana;

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Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Ainda, a Lei Orgânica da Saúde (Lei Federal n° 8.080, de l9 de

setembro de 1990) estabelece: “Art. 2°. A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. § 1°. O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doença e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. A essas ponderações impõe somar-se a diretriz do SUS

consistente na integralidade da assistência terapêutica, inclusive farmacêutica, prevista no art. 6º, I, alínea d, da Lei 8080/90; sendo que o seu art. 7º, inciso II, define a integralidade da assistência como sendo um conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso, em todos os níveis de complexidade do sistema.

Portanto, a Constituição da República bem como os diplomas

legais mencionados tutelam firmemente o direito de todos à saúde e impõe ao Estado brasileiro o dever de garanti-lo.

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Ressalte-se, desde logo, que a aplicação destes princípios

legais é imediata, não necessitando de qualquer regulamentação. Comentando o assunto, veja-se a doutrina de Sueli Gandolfi

Dallari: "Isto significa que ninguém - legislador ou administrador pode alegar a ausência de norma regulamentadora para justificar a não aplicação imediata da garantia do direito à saúde”. Por outro lado, a saúde não é apenas uma contraprestação

de serviços devida pelo Estado ao cidadão, mas sim um direito fundamental do ser humano, devendo, por isso mesmo, ser universal7, igualitário8 e integral9, não se podendo prestar "meia-saúde", ou seja, fornecem-se algumas prestações e negam-se outras, ou fornecem-se apenas aquilo que permitem os recursos do momento.

O direito de acesso universal e igualitário aos serviços de

saúde, também está previsto na Constituição do Paraná em seu art. 167: "A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a prevenção, redução e eliminação de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde para a sua promoção, proteção e recuperação" (grifo nosso). Assim, inquestionável o dever do Estado brasileiro em

garantir o direito à saúde.

7 Acesso garantido às ações e ser viços de saúde para toda a população, em todos os níveis de assistência, sem a possibilidade de imposição de qualquer preconceito ou privilégio. 8 Atenção à saúde com igualdade, tratando os iguais de forma igualitária e os desiguais de forma desigual, com vistas a alcançar a igualdade substancial. 9 A oferta de saúde deve incluir ações de prevenção, recuperação e tratamento em qualquer nível de complexidade, levando-se em consideração que o ser humano é uma totalidade, um todo indivisível.

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Entretanto, os fatos narrados demonstram que, ao contrário

do que dispõe a legislação constitucional e infraconstitucional, está havendo uma flagrante omissão por parte do Estado do Paraná e da Universidade Estadual de Londrina, na medida em que ABSOLUTAMENTE NADA FAZEM para corrigir as irregularidades apontadas pelo COREN e pela Vigilância Sanotária de Londrina, no Hospital Universitário.

Nesse aspecto, pois, em função dessa manifesta negligência

do Gestor Estadual, o Sistema Único de Saúde não está cumprindo com o seu papel de oferecer um adequado e efetivo atendimento médico-hospitalar a quem dele urgentemente necessita.

66.. DDAA PPOOSSSSIIBBIILLIIDDAADDEE DDEE IINNTTEERRVVEENNÇÇÃÃOO DDOO PPOODDEERR JJUUDDIICCIIÁÁRRIIOO QQUUAANNDDOO

OO DDIIRREEIITTOO FFUUNNDDAAMMEENNTTAALL ÀÀ SSAAÚÚDDEE EESSTTIIVVEERR SSEENNDDOO NNEEGGLLIIGGEENNCCIIAADDOO

Caso o direito à saúde estiver sendo negligenciado pelos prestadores de serviços de relevância pública, no caso o Estado do Paraná e o Hospital Universitário de Londrina, caberá ao Judiciário a indeclinável tarefa de assegurar, lastreado na parcela de soberania que lhe cabe no elevado concerto dos Poderes da República, pela via coativa, a que tais prestadores desincumbam-se das prestações a eles constitucionalmente atribuídas.

Neste sentido, destaca Andréas Krell10, que “talvez o maior

impedimento para uma proteção mais efetiva dos direitos fundamentais seja a atitude ultrapassada de grande parte da magistratura brasileira para com a interpretação constitucional, cuja base até hoje consiste no formalismo jurídico que tem dominado gerações de operadores do direito, especialmente durante o tempo autoritário”.

Com efeito, a Constituição Federal, tida como social,

dirigente e compromissária, dita os rumos de uma nova prática jurídica, 10 (KRELL, Andréas. Controle Judicial dos serviços públicos básicos na base dos direitos fundamentais sociais: a Constituição concretizada construindo pontes com o público e o privado. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2000, pág. 15.

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devendo o Direito, a partir deste marco, ser visto como “um campo necessário de luta para implantação das promessas modernas (igualdade, justiça social, respeito aos direitos fundamentais, etc...)”11.

Entretanto, ainda há, em nosso Direito, certo fascínio pelos

trâmites legais e burocráticos, a ponto de se “adaptar” a Constituição às regras infraconstitucionais; quando o contrário é que deveria imperar em face da supremacia do texto constitucional.

A superação desta visão arcaica de Direito, e a consequente

efetivação dos direitos fundamentais básicos, como é o caso do direito à saúde, estão, no Estado Democrático de Direito, ligados necessariamente ao fortalecimento do Poder Judiciário.

Diante disso, fica evidente que havendo inércia do Poder

Executivo ou dos serviços de relevância pública quanto ao seu dever constitucional de observar nas suas decisões os padrões inseridos no conjunto de valores da Constituição, especialmente aqueles relacionados aos direitos fundamentais, deverá intervir o Poder Judiciário no sentido de assegurar a efetividade destes direitos.

Ainda mais quando a questão se refere às irregularidades

que abrangem condições de higiene, segurança e logística do local, bem como dimensionamento do quadro de profissionais, as quais estão colocando em risco a saúde e a vida de todos os usuários do SUS do Município de Londrina, além dos servidores que trabalham no local.

Mesmo porque, a Lei Maior estabelece que “a lei não

excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” (art. 5°, XXXV); não havendo dúvidas de que igualmente os atos, inclusive omissivos, do Poder Legislativo e Executivo não devem ficar sem controle, ou seja, que as omissões deste Poderes devem merecer apreciação por parte do Poder Judiciário.

Esse mesmo raciocínio, repita-se, aplica àqueles serviços de

relevância pública que integram o sistema público de saúde brasileiro (SUS).

11 Idem. Ibidem

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O direito à vida e, de forma indissociável, o direito à saúde,

são direitos fundamentais garantidos constitucionalmente nos artigos 5.º e 6.º, caput, da Constituição Federal. Tratam-se de direitos primordiais dos cidadãos, sem os quais de nada servem as demais garantias constitucionais.

Esse é o entendimento do Supremo Tribunal de Federal: DECISÃO: TRATA-SE DE AGRAVO CONTRA DECISÃO DE INADMISSIBILIDADE DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO EM FACE DE ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL EMENTADO NOS SEGUINTES TERMOS: “APELAÇÃO CÍVEL. REEXAME NECESSÁRIO. ECA. DIREITO À SAÚDE. FORNECIMENTO DE FRALDAS DESCARTÁVEIS. DEFERIMENTO DO PEDIDO. ATENDIMENTO PRIORITÁRIO DAS DEMANDAS DE SAÚDE DA POPULAÇÃO INFANTO-JUVENIL. INOCORRÊNCIA DE VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DA INDEPENDÊNCIA DOS PODERES, ISONOMIA E IGUALDADE. (...) 2. O direito à saúde, superdireito de matriz constitucional, há de ser assegurado, com absoluta prioridade às crianças e adolescentes e é dever do Estado (União, Estados e Municípios) como corolário do direito à vida e do princípio da dignidade da pessoa humana. 3. Evidentes as necessidades da menor, justifica-se o fornecimento das fraldas descartáveis, independentemente do fato de tal material constar, ou não, das listas do SUS. 4. Ao Judiciário cabe vigiar o cumprimento da Lei Maior, mormente quando se trata de tutelar superdireitos como vida e saúde. Está o poder público necessariamente vinculado à promoção, com absoluta prioridade, da saúde da população infanto-juvenil. NEGARAM PROVIMENTO, CONFIRMANDO A SENTENÇA EM REEXAME NECESSÁRIO. UNÂNIME”. (fl. 142) (...) No mérito, aponta-se violação ao art. 196 da Constituição Federal. Alega-se, em síntese, que o fornecimento de fralda descartável não se enquadra em

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qualquer política pública do Sistema Único de Saúde (SUS), tratando-se de “objeto para higiene pessoal, o que seria afeto, no máximo, à esfera da Assistência Social”. (fl. 153) Decido. A irresignação não merece prosperar. (...) Como regra geral, a obrigação do Estado, à luz do disposto no art. 196 da Constituição, restringe-se ao fornecimento das políticas por ele formuladas para a promoção, proteção e recuperação da saúde. Assim, por meio de uma análise inicial, obrigar a rede pública a financiar toda e qualquer ação e prestação de saúde existente geraria grave lesão à ordem administrativa e levaria ao comprometimento do SUS, de modo a agravar o atendimento médico da população mais necessitada. Essa conclusão, contudo, não afasta a possibilidade, ainda que excepcional, de o Poder Judiciário, bem como a própria Administração, decidir que medida diferente daquela custeada pelo SUS deve ser fornecida a determinada pessoa que, por razões específicas do seu organismo, comprove que o tratamento existente é necessário e eficaz para o seu caso. Portanto, para aqueles que não possuírem as garantias do mínimo adequado ao seu tratamento e, por consequência, a menor condição de concretizar o direito à saúde, é essencial que o Poder Público forneça os meios necessários à efetivação desse direito, com vistas à manutenção da dignidade do cidadão. Desta orientação, não divergiu o Tribunal de origem. Em situação análoga à dos presentes autos, assim se manifestou o Min. Celso de Mello sobre a questão: “Na realidade, o cumprimento do dever político-constitucional consagrado no art. 196 da Lei Fundamental do Estado, consistente na obrigação de assegurar, a todos, a proteção à saúde, representa fator, que, associado a um imperativo de solidariedade social, impõe-se ao Poder Público, qualquer que seja a dimensão institucional em que atue no plano de nossa organização federativa. A impostergabilidade da efetivação desse dever constitucional desautoriza o acolhimento do pleito recursal ora deduzido na presente causa. Tal como pude enfatizar em decisão por mim proferida no exercício da

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Presidência do Supremo Tribunal Federal, em contexto assemelhado ao da presente causa (Pet 1.246-MC/SC), entre proteger a inviolabilidade do direito à vida e à saúde, que se qualifica como direito subjetivo inalienável assegurado a todos pela própria Constituição da República (art. 5º, “caput”, e art. 196), ou fazer prevalecer, contra essa prerrogativa fundamental, um interesse financeiro e secundário do Estado, entendo – uma vez configurado esse dilema – que razões de ordem ético-jurídica impõem ao julgador uma só e possível opção: aquela que privilegia o respeito indeclinável à vida e à saúde humanas. Cumpre não perder de perspectiva que o direito público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível assegurada à generalidade das pessoas pela própria Constituição da República. Traduz bem jurídico constitucionalmente tutelado, por cuja integridade deve velar, de maneira responsável, o Poder Público, a quem incumbe formular – e implementar – políticas sociais e econômicas que visem a garantir, aos cidadãos, o acesso universal e igualitário à assistência médico-hospitalar. O caráter programático da regra inscrita no art. 196 da Carta Política – que tem por destinatários todos os entes políticos que compõem, no plano institucional, a organização federativa do Estado brasileiro (JOSÉ CRETELLA JÚNIOR, ‘Comentários à Constituição de 1988’, vol. VIII/4332-4334, item n. 181, 1993, Forense Universitária) – não pode converter-se em promessa constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de infidelidade governamental ao que determina a própria Lei Fundamental do Estado. Nesse contexto, incide, sobre o Poder Público, a gravíssima obrigação de tornar efetivas as prestações de saúde, incumbindo-lhe promover, em favor das pessoas e das comunidades, medidas – preventivas e de recuperação –, que, fundadas em

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políticas públicas idôneas, tenham por finalidade viabilizar e dar concreção ao que prescreve, em seu art. 196, a Constituição da República. O sentido de fundamentalidade do direito à saúde – que representa, no contexto da evolução histórica dos direitos básicos da pessoa humana, uma das expressões mais relevantes das liberdades reais ou concretas – impõe ao Poder Público um dever de prestação positiva que somente se terá por cumprido, pelas instâncias governamentais, quando estas adotarem providências destinadas a promover, em plenitude, a satisfação efetiva da determinação ordenada pelo texto constitucional. (...) Não basta, portanto, que o Estado meramente proclame o reconhecimento formal de um direito. Torna-se essencial que, para além da simples declaração constitucional desse direito, seja ele integralmente respeitado e plenamente garantido, especialmente naqueles casos em que o direito – como o direito à saúde – se qualifica como prerrogativa jurídica de que decorre o poder do cidadão de exigir, do Estado, a implementação de prestações positivas impostas pelo próprio ordenamento constitucional. Cumpre assinalar, finalmente, que a essencialidade do direito à saúde fez com que o legislador constituinte qualificasse, como prestações de relevância pública, as ações e serviços de saúde (CF, art. 197), em ordem a legitimar a atuação do Ministério Público e do Poder Judiciário naquelas hipóteses em que os órgãos estatais, anomalamente, deixassem de respeitar o mandamento constitucional, frustrando-lhe, arbitrariamente, a eficácia jurídico-social, seja por intolerável omissão, seja por qualquer outra inaceitável modalidade de comportamento governamental desviante”. (ARE 730.741, Rel. Min. Celso de Mello, DJe 21.3.2013) Ante o exposto, conheço do presente agravo para negar seguimento ao recurso extraordinário (art. 544, § 4º, II, “b”, do CPC). Publique-se. Brasília, 10 de maio de 2013. Ministro Gilmar Mendes Relator Documento assinado digitalmente (ARE 741537, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, julgado

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em 10/05/2013, publicado em DJe-094 DIVULG 17/05/2013 PUBLIC 20/05/2013) – grifo nosso.

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL PRESUMIDA. SISTEMA PÚBLICO DE SAÚDE LOCAL. PODER JUDICIÁRIO. DETERMINAÇÃO DE ADOÇÃO DE MEDIDAS PARA A MELHORIA DO SISTEMA. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIOS DA SEPARAÇÃO DOS PODERES E DA RESERVA DO POSSÍVEL. VIOLAÇÃO. INOCORRÊNCIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE DÁ PROVIMENTO. (...) 2. A controvérsia objeto destes autos – possibilidade, ou não, de o Poder Judiciário determinar ao Poder Executivo a adoção de providências administrativas visando a melhoria da qualidade da prestação do serviço de saúde por hospital da rede pública – foi submetida à apreciação do Pleno do Supremo Tribunal Federal na SL 47-AgR, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJ de 30.4.10. 3. Naquele julgamento, esta Corte, ponderando os princípios do “mínimo existencial” e da “reserva do possível”, decidiu que, em se tratando de direito à saúde, a intervenção judicial é possível em hipóteses como a dos autos, nas quais o Poder Judiciário não está inovando na ordem jurídica, mas apenas determinando que o Poder Executivo cumpra políticas públicas previamente estabelecidas. 4. Recurso extraordinário a que se dá provimento. Decisão: Cuida-se de recurso extraordinário interposto pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO AMAPÁ, com fundamento no artigo 102, III, “a”, da Constituição Federal de 1988, contra acórdão do TJ/AP assim ementado (fl. 585): “CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. REMESSA EX OFFICIO. AGRAVO RETIDO E APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA CONTRA O ESTADO E MUNICÍPIO. OBRIGAÇÃO DE FAZER. INVESTIMENTO E MANUTENÇÃO DE UNIDADE DE SAÚDE ESTADUAL. EXCLUSÃO DO MUNICÍPIO DA LIDE. INADMISSÃO DA UNIÃO COMO LITISCONSORTE PASSIVA

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NECESSÁRIA. AUTONOMIA ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA DO ESTADO FEDERADO. PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA ENTRE OS PODERES. IMPSSIBILIDADE DE CONDENAÇAÕ EM OBRIGAÇÃO DE FAZER QUE ENVOLVA INVESTIMENTO ESTATAL. (...) Nas razões do apelo extremo, o Ministério Público afirma que “a ilicitude gerada pelo não cumprimento injustificado do dever da administração pública em implementar políticas de governo acarreta a desarmonia da ordem jurídica, o que faz merecer correção judicial, sob pena de transformar em letra morta os direitos sociais. Assim, pode-se dizer que o princípio da separação dos poderes – inicialmente formulado em sentido forte, até porque assim o exigiam as circunstâncias históricas – nos dias atuais, para ser compreendido de modo constitucionalmente adequado, exige temperamentos e ajustes à luz de diferentes realidades constitucionais” (fl. 607). Ressalta ainda que o princípio da reserva do possível não pode ser aplicado quando não há comprovação objetiva da incapacidade econômico-financeira do Estado, bem como não pode ser empecilho à garantia da dignidade da pessoa humana. Alega, por fim, violação do artigo 196 da CF/88, segundo o qual, “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Requer o provimento do recurso a fim de restabelecer a sentença. É o relatório. DECIDO. (...) A controvérsia objeto destes autos – possibilidade, ou não, de o Poder Judiciário determinar ao Poder Executivo a adoção de providências administrativas visando a melhoria da qualidade da prestação do serviço de saúde por hospital da rede pública – foi submetida à apreciação do Pleno do Supremo Tribunal Federal na SL 47-AgR, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJ de 30.4.10. Naquele julgamento, esta Corte, ponderando os princípios do “mínimo existencial” e da “reserva do possível”, decidiu

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que, em se tratando de direito à saúde, a intervenção judicial é possível em hipóteses como a dos autos, nas quais o Poder Judiciário não está inovando na ordem jurídica, mas apenas determinando que o Poder Executivo cumpra políticas públicas previamente estabelecidas. Eis a ementa do julgado: “EMENTA: Suspensão de Liminar. Agravo Regimental. Saúde pública. Direitos fundamentais sociais. Art. 196 da Constituição. Audiência Pública. Sistema Único de Saúde - SUS. Políticas públicas. Judicialização do direito à saúde. Separação de poderes. Parâmetros para solução judicial dos casos concretos que envolvem direito à saúde. Responsabilidade solidária dos entes da Federação em matéria de saúde. Ordem de regularização dos serviços prestados em hospital público. Não comprovação de grave lesão à ordem, à economia, à saúde e à segurança pública. Possibilidade de ocorrência de dano inverso. Agravo regimental a que se nega provimento.” Destaco o seguinte trecho do voto condutor do julgamento: “(...) A doutrina constitucional brasileira há muito se dedica à interpretação do artigo 196 da Constituição. Teses, muitas vezes antagônicas, proliferam-se em todas as instâncias do Poder Judiciário e na seara acadêmica. Tais teses buscam definir se, como e em que medida o direito constitucional à saúde se traduz em um direito subjetivo público a prestações positivas do Estado, passível de garantia pela via judicial. (…) A dependência de recursos econômicos para a efetivação dos direitos de caráter social leva parte da doutrina a defender que as normas que consagram tais direitos assumem a feição de normas programáticas, dependentes, portanto, da formulação de políticas públicas para se tornarem exigíveis. Nesse sentido, também se defende que a intervenção do Poder Judiciário, ante a omissão estatal quanto à construção satisfatória dessas políticas, violaria o princípio da separação dos poderes e o princípio da reserva do financeiramente possível. (…) argumenta-se que o Poder Judiciário, o qual estaria vocacionado a concretizar a justiça do caso concreto

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(macrojustiça), muitas vezes não teria condições de, ao examinar determinada pretensão à prestação de um direito social, analisar as consequências globais da destinação de recursos públicos em benefício da parte, com invariável prejuízo para o todo (AMARAL, Gustavo. Direito, Escassez e Escolha. Renovar: Rio de Janeiro, 2001). Por outro lado, defensores da atuação do Poder Judiciário na concretização dos direitos sociais, em especial do direito à saúde, argumentam que tais direitos são indispensáveis para a realização da dignidade da pessoa humana. Assim, ao menos o ‘mínimo existencial’ de cada um dos direitos – exigência lógica do princípio da dignidade da pessoa humana – não poderia deixar de ser objeto de apreciação judicial. (…) Após ouvir os depoimentos prestados pelos representantes dos diversos setores envolvidos, ficou constatada a necessidade de se redimensionar a questão da judicialização do direito à saúde no Brasil. Isso Porque, na maioria dos casos, a intervenção judicial não ocorre em razão de uma omissão absoluta em matéria de políticas públicas voltadas à proteção do direito à saúde, mas tendo em vista uma necessária determinação judicial para o cumprimento de políticas já estabelecidas. Portanto, não se cogita do problema da interferência judicial em âmbitos de livre apreciação ou de ampla discricionariedade de outros Poderes quanto à formulação de políticas públicas. (…) Assim, também como base no que ficou esclarecido na Audiência Pública, o primeiro dado a ser considerado é a existência, ou não, de política estatal que abranja a prestação de saúde pleiteada pela parte. Ao deferir uma prestação de saúde incluída entre as políticas e econômicas formuladas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o Judiciário não está criando política pública, mas apenas determinando o seu cumprimento. Nesses casos, a existência de um direito subjetivo público a determinada política pública de saúde parece ser evidente. (…) Pelo exposto, dou provimento ao recurso extraordinário com fundamento no disposto no artigo 557, § 1º-A, do CPC. Publique-se. Brasília, 13 de setembro de 2011.

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Ministro Luiz Fux Relator Documento assinado digitalmente (RE 642536, Relator(a): Min. LUIZ FUX, julgado em 13/09/2011, publicado em DJe-184 DIVULG 23/09/2011 PUBLIC 26/09/2011) – grifo nosso. Assim, sem dúvida, DIANTE DA INÉRCIA DOS REQUERIDOS

em sanar todas as irregularidades apontadas pelo COREN e pela Vigilância Sanitária Municipal, no Hospital Universitário, levando em consideração a importância desse serviço público, o Poder Judiciário deve passar a intervir, efetivamente, garantindo o respeito a direitos fundamentais, no sentido de assegurar que os serviços e setores apontados como irregulares do HU, quanto à sua estrutura e falta de profissionais, possam se adequar o mais breve possível.

777... DDDAAA NNNEEECCCEEESSSSSSIIIDDDAAADDDEEE DDDEEE CCCOOONNNCCCEEESSSSSSÃÃÃOOO DDDEEE TTTUUUTTTEEELLLAAA AAANNNTTTEEECCCIIIPPPAAADDDAAA

A concessão da tutela antecipada constitui-se em ferramenta de extrema utilidade contra os males decorrentes do tempo de tramitação do processo, exigindo a presença de dois requisitos essenciais: prova inequívoca do alegado e a verossimilhança da alegação.

Para agilizar a entrega da prestação jurisdicional, não

subsiste qualquer dúvida quanto à existência – mais do que provável na espécie - dos direitos alegados, consoante se infere dos argumentos e dispositivos legais mencionados.

Ademais, tal afirmativa parte do reconhecimento de que

prova inequívoca não é aquela utilizada para o acolhimento final da pretensão, mas apenas o conjunto de dados de convencimento capazes de, antecipadamente, através de cognição sumária, permitir a verificação da probabilidade da parte requerente ver antecipados os efeitos da sentença de mérito.

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Na hipótese vertente, a prova material inequívoca pode ser inferida por meio de toda a documentação coligida nos Inquéritos Civis nº 0078.12.000805-3 e nº 0078.12.000898-8, com destaque para os Relatórios do COREN (documentos 4 e 5), os quais trazem de forma robusta as defasagens de profissionais enfermeiros e técnicos de enfermagem nas Unidades de Enfermaria Masculina, Feminina, Tisiologia, Moléstias Infecciosas e Pronto Socorro do HU; e Relatório de Inspeção da Vigilância Sanitária Municipal (documento 40), que abordou as irregularidades estruturais encontradas na Unidade de Internação Masculina, Feminina, Pronto Socorro, Centro Cirúrgico, Maternidade, UTI I e II, Pediatria, UTI Pediátrica e Neonatal, UTI de Queimados e Unidade de Moléstia Infecciosas.

Por consequência, a verossimilhança do direito invocado

acaba também se tornando evidenciada, com forte juízo de probabilidade, ante a flagrante desobediência dos Requeridos às normas constitucionais e infraconstitucionais, em especial às normas sanitárias pactuadas, tanto na esfera municipal, como na esfera estadual e federal.

Em outras palavras, o fator verossímil exigido está

patenteado nas conclusões obtidas e coligidas aos autos, no sentido de que, realmente, o Hospital Universitário não vem obedecendo ao preceituado nas Constituições Federal, Estadual, na Lei Orgânica da Saúde, às Resoluções da ANVISA, e à Resolução COFEN 293/2004 (documento 60), na medida em que vem sendo omisso às várias irregularidades encontradas referentes à estrutura física de alguns setores, e contratação de profissionais (enfermeiros e técnicos de enfermagem). Irregularidades estas que abrangem condições de higiene, segurança e logística do local, e que estão colocando em risco a saúde e a vida de todos os usuários do SUS do Município de Londrina, além dos servidores que trabalham no local (documento 59).

A isso deve somar-se O GRAVE RECEIO DE DANO

IRREPARÁVEL que essa omissão, por parte dos Requeridos, no sentido de suprir as irregularidades apontadas, vem produzindo na vida e na saúde de todos os usuários do SUS residentes no município de Londrina e dos Servidores que atuam no Hospital Universitário.

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Vale lembrar a situação do Pronto-Socorro do HU, o qual está superlotado, devido à falta de leitos e a ocupação de suas salas com pacientes internados para outros fins. Ademais, a Direção do Hospital Universitário encaminha diariamente ofícios a esta Promotoria de Justiça alertando sobre a superlotação do Pronto-Socorro e a gravidade dos pacientes que lá se encontram, solicitando medidas urgentes, a fim de que tal situação seja amenizada (documento 59).

Outrossim, cumpre ressaltar as notícias veiculadas pela

imprensa de Londrina, as quais abordam a situação caótica em que o Hospital Universitário se encontra, principalmente em relação à falta de estrutura, equipamentos e falta de profissionais para suprir a demanda.

O Hospital Universitário está completamente

abandonado e esse fato é reconhecido pela própria Reitoria da Universidade Estadual de Londrina, pela Diretora Superintendente, pela Câmara Municipal de Vereadores, pelo Sindicato dos Servidores Público da Universidade Estadual de Londrina (ASSUEL), pelo Conselho Regional de Enfermagem (COREN), pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) e pela população, usuária do SUS, que diariamente anuncia a crise em que o HU está vivenciando (documentos 48 a 52).

É fato notório na cidade de Londrina que o Hospital

Universitário passa por problemas graves, com a falta de recursos humanos para suprir a demanda e a adequação de sua estrutura física às legislações infraconstitucionais, conforme bem delineado pela Vigilância Sanitária em seus Relatórios de Inspeção (documento 40).

Ademais, a Reitoria da Universidade Estadual de

Londrina ADMITIU um déficit de 200 trabalhadores, conforme matéria veiculada na Folha de Londrina, em 12.09.2013 (documento 49). Para a ASSUEL, o déficit de servidores é pelo menos de 800.

Conforme Relatório elaborado pelo COREN para cada

setor do HU, restou evidenciado que: a) na Unidade Masculina a defasagem é de 19 enfermeiros e 6 técnicos de enfermagem; b) na Unidade de Tisiologia a defasagem é de 5 enfermeiros e 6 técnicos de enfermagem; c) na Unidade Feminina a defasagem é de 18 enfermeiros e 8 técnicos de enfermagem; d) na

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Unidade de Moléstias Infecciosas a defasagem é de 12 enfermeiros e 15 técnicos de enfermagem; e e) no Pronto Socorro a defasagem é de 9 enfermeiros e 26 técnicos de enfermagem (documentos 4 e 5).

Por isso, presente é a plausibilidade do pedido de

contratação de novos enfermeiros e técnicos de enfermagem, face à atual situação em que se encontra o HU.

Ainda, quanto ao único argumento que a Administração

Pública sustenta no sentido de já ter ultrapassado o teto estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, não podendo mais efetuar a contratação desses profissionais, este já resta ultrapassado.

Isso porque, em matéria publicada no jornal Gazeta do

Povo - Caderno Vida Pública (pág. 13), de 16.08.2013, intitulada: PR não investiu o mínimo em saúde, mas gasto com publicidade subiu 668%; e também, na Folha de Londrina – Caderno Política (pág. 04), de 16.08.2013, intitulada: TC aponta gasto insuficiente com Saúde, verifica-se que o Estado não aplicou o mínimo de recursos destinados à saúde.

Assim, segundo as referidas notícias, o relatório anual

elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná apontou que o Governo do Estado do Paraná não aplicou o mínimo de constitucional obrigatório (12%), destinando meros 9,05% do total arrecadado pelos cofres públicos.

O Governo do Estado do Paraná destinou somente R$1,63

bilhão, quando na verdade, deveria ter gasto R$2,17 bilhões, representando uma diferença de R$533 milhões. Nas contas do Governo do Estado do Paraná, o percentual de gastos foi bem diferente, de 12,78%, para tanto, levou-se em consideração o programa Leite das Crianças, despesas médicas com o sistema penitenciário, despesas médicas com o SAS (Sistema de Assistência a Saúde), mas, que não poderiam integrar esta contagem, pois são destinadas a implementação de Políticas Públicas segmentadas, contrariando o disposto na Lei Complementar 141/2012.

Portanto, verificando-se que o Estado do Paraná não está cumprindo com a sua obrigação constitucional de destinar ao menos 12%

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de sua arrecadação com a Saúde, com maior razão estarão os indivíduos em procurar o Poder Judiciário visando à efetivação de seus direitos.

Desta forma, havendo previsão constitucional e lesão a

direitos subjetivos legítimos e não implementados, a via judicial se mostra viável (artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal).

Portanto, está mais que provado que a não-adoção de medidas no sentido de sanar as irregularidades existentes no Hospital Universitário, dentre elas a EXTREMA FALTA DE PROFISSIONAIS, vem colocando em risco a vida e saúde dos usuários do SUS e dos servidores que atuam nos diversos setores apontados pelo COREN e pela Vigilância Sanitária Municipal.

Assim, imprescindível a pronta intervenção judicial para que o poder público estadual e a Universidade Estadual de Londrina adotem as providências necessárias no sentido de sanar todas as irregularidades encontradas no HOSPITAL UNIVERSITÁRIO e apontadas pela Vigilância Sanitária Municipal e pelo COREN; devendo tais setores ser regularizados, conforme legislação vigente, com a adequação da estrutura física, bem como a contratação de pessoal necessário ao funcionamento de cada setor.

Destarte, há provas cabais, nos Inquéritos Civis nº 0078.12.000805-3 e nº 0078.12.000898-8, que esta Promotoria de Justiça vem tentando solucionar o caso administrativamente, aguardando as correções, concedendo prazos para a resposta, para as contratações, sendo que o Hospital Universitário, a Reitoria da Universidade Estadual de Londrina, e o Governo do Estado mostraram-se indiscutivelmente inertes e indiferentes a todas as irregularidades apontadas pelo COREN e pela Vigilância Sanitária Municipal.

Essa situação não pode mais persistir!

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888... DDDOOOSSS PPPEEEDDDIIIDDDOOOSSS Ante o exposto, requer-se: a) o deferimento de tutela antecipada, com base no artigo

273 e seguintes do CPC, sem justificativa ou oitiva da parte contrária, diante da possibilidade prevista no artigo 12 da Lei 7.347, de 24 de julho de 1985, já que presentes os requisitos necessários para a concessão pretendida, a fim de que seja determinado ao Estado do Paraná e à Universidade Estadual de Londrina, de forma solidária, a adoção das providências necessárias, para que, NO PRAZO DE 60 DIAS, assegurem que sejam sanadas todas as seguintes irregularidades encontradas no Hospital Universitário, pelo COREN e pela Vigilância Sanitária, quais sejam:

a.1) a contratação de 19 enfermeiros e 6 técnicos de enfermagem para a Unidade Masculina; a.2) a contratação de 5 enfermeiros e 6 técnicos de enfermagem para a Unidade de Tisiologia; a.3) a contratação de 18 enfermeiros e 8 técnicos de enfermagem para a Unidade Feminina; a.4) a contratação de 12 enfermeiros e 15 técnicos de enfermagem para a Unidade de Moléstias Infecciosas; a.5) a contratação de 9 enfermeiros e 26 técnicos de enfermagem para atuar no Pronto Socorro; a.6) a correção das seguintes das seguintes irregularidades, por setor: 1. Unidade de internação feminina (47 Leitos, 12 enfermarias e 2 isolamentos): o Portas e batentes com pintura descascada pintura das paredes e piso com falta de manutenção;

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o Enfermaria 1: Revestimento da poltrona de repouso danificado; o Enfermaria 3: Presença de bolor no lavatório da enfermaria. Foi higienizado, porém o bolor permanece; o Enfermaria 7: Bolor no lavatório da enfermaria. Foi higienizado, porém o bolor permanece; o Leito 2: suporte de soro com grande quantidade de ferrugem; o Perda de parte do revestimento do armário da enfermaria; o Enfermaria 8: Bolor na parede da pia e perda de revestimento; o Enfermaria 9: Danos na parede do lavatório das mãos; o Pia do corredor com bolor na parede. Foi higienizado, porém o bolor permanece; o Resolução SESA 0674/2010: Os panos de limpeza não são identificados e enviados para lavanderia. Todos os panos de limpeza são lavados e secos no expurgo. 2. Unidade de internação masculina (67 leitos):

o O ambiente apresenta-se com sinais de falta de manutenção, portas e batentes com perda de pintura e fios expostos próximo ao bebedouro; as paredes junto aos lavatórios de mãos, com perda de revestimento, presença bolor e a maioria sem suporte de papel. Presença de buracos no teto, piso do corredor danificado, faltando espelhos em tomadas elétricas; o Enfermarias sem banheiro, sendo que os pacientes utilizam os banheiros do corredor de forma coletiva; o Enfermaria 1: Rachadura na parede; o Leito e suportes de soro com ferrugem; o Enfermaria 2: Armários dos pacientes com ferrugem, bem como as camas e suportes de soro; o Enfermaria 3: Suportes de soro com ferrugem; o Enfermaria 8: A porta de entrada danificada;

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o Posto de enfermagem das enfermarias 9, 10 e 11: Não há pia para lavagem de mãos; o Facilidade de acesso, por parte de pessoas estranhas ao serviço, a medicações e perfuro-cortante; o Banheiro e expurgo dentro do posto de enfermagem e no momento da inspeção um paciente veio reclamar deste banheiro, pois a descarga nem sempre funciona, fato que demonstra que este banheiro é usado por pacientes; o Sanitários dos pacientes (para enfermarias identificadas como infectadas) - Porta de entrada danificada; o Piso danificado com presença de bolor e ferrugem; o Sanitário de pacientes (do corredor) – Parede externa com perda de reboco, fiação exposta; o Porta de entrada com perda de revestimento e de difícil abertura; o Barras de segurança dos boxs de banho, sem revestimento e com presença de ferrugem; o Piso danificado com presença de bolor, ferrugem e água; o Presença de bolor nos espelhos e paredes; o Enfermarias com 06 (seis) leitos em espaço inferior ao preconizado pela RDC 50/02; o Resolução SESA 0674/2010: Os panos utilizados para limpeza não são identificados e enviados para lavanderia. 3. Pronto Socorro (48 Leitos divididos em: PS Obstétrico, PS Pediátrico, PS Ortopédico, PS Cirúrgico, PS Clinico): o Recepção apresentando sinais de vazamento e bolor em parede; o O piso como um todo com manchas escuras, rachaduras e excesso de cola junto aos rodas-pés e batentes; o Pronto Socorro Obstétrico: Banheiro de Pacientes – Presença de bolor e ferrugem no box de banho; o Cadeira de Banho (fixa na parede) com presença de ferrugem.

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4. Tisiologia (12 leitos - 6 pacientes da masculina e 1 quarto em isolamento aéreo): o Macas, sofás e cadeiras com revestimento danificado; o Banheiro dos pacientes – Barra de apoio para o banho, descascada e com ferrugem; o Resolução SESA 0674/2010: Os panos de limpeza não são identificados e encaminhados para lavanderia. 5. Centro Cirúrgico (7 salas cirúrgicas): o Corredor que dá acesso ao CC com piso danificado; o Vestiário masculino – Porta danificada; o Salas 1 e 3 sem espelho da tomada; o Expurgo - presença de bolor na junção entre a pia e parede. Foi higienizado, porém o bolor permanece; o Resolução SESA 0674/2010: Os panos de limpeza não são identificados e encaminhados para lavanderia. 6. Maternidade (24 leitos): o Mobiliário das enfermarias sem manutenção e perda de revestimento, bem como presença de ferrugem; o Sala de pré - parto com acúmulo de equipamentos e poltrona com perda de revestimento; o Alojamento conjunto 2 - Presença de infiltração em parede; o Sala de higiene do RN - Fiação exposta do chuveiro; o Banheiros de pacientes – Apenas 2 sanitários. 7. Unidade de Terapia Intensiva 1 (10 leitos): o Mobiliário em condições de manutenção ruins. 8. Unidade de Terapia Intensiva 2 (7 leitos):

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o Presença de ventiladores nos boxs; o Espaço subdimensionado e pouco iluminado; o Paredes danificadas. Permanece e acentuou o problema na parede enfrente a porta da UTI; o Expurgo - local escuro e parede danificada; o Piso como um todo, com perda de revestimento e danificado; o Lixeira desprovida de pedal; o Resolução SESA 0674/2010: Os panos de limpeza não são identificados e encaminhados para lavanderia; o Resolução - RDC N°7/2010 ANVISA (documento 44): Infraestrutura - espaço subdimensionado. Não apresentou registros manutenção preventiva dos equipamentos em uso e dos equipamentos na reserva. 9. Pediatria (34 Leitos):

o Posto de enfermagem - Parede da pia com danos referentes ao revestimento; o Não há registros de manutenção preventiva dos equipamentos; o Quarto dos residentes - Presença de grande quantidade de bolor na parede; o Mobiliário das enfermarias em condições de manutenção ruins, apresentando corrosão e ferrugem; o Enfermaria 5 – piso danificado; o Rouparia/Depósito: e armário de funcionários em mal estado de conservação; o Resolução SESA 0674/2010: Os panos de limpeza não são identificados e encaminhados para lavanderia. 10. Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (5 Leitos, 1 plantonista, 2 técnicos de enfermagem): o Copa dos funcionários sem ventilação; o Estrutura física em mal estado de conservação; o Expurgo: Presença de bolor entre a junção da parede e da pia. Foi higienizado, porém o bolor permanece.

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11. Unidade de Terapia Intensiva Neonatal: o A unidade continua funcionando provisoriamente em espaço adaptado do ambulatório, de forma improvisada, em condições regulares de manutenção; o O espaço reservado para ações administrativas é muito quente; o Expurgo fica fora da unidade, em estrutura improvisada e precária; o UCI – Lavatório com presença de bolor entre a pia e a parede. Foi higienizado, porém o bolor permanece; o Resolução - RDC n° 7/2010 ANVISA: (Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica – documento 44): Infraestrutura não segue o estabelecido na RDC/ANVISA n°50/02. O turno de fisioterapia não perfaz 18 horas. Não apresenta acesso a assistência de terapia ocupacional. Não apresenta poltrona removível, com revestimento impermeável, destinada ao acompanhante. 12. Ambulatório (o setor é composto por 12 consultórios): o Não possui sanitário interno para os pacientes; o Os pacientes com cirurgia agendada têm que se trocar em consultórios que estiverem livres. 13. Centro de Terapia de Queimados: o Corredor de entrada – piso danificado; o Depósito de macas e revistas sem ventilação e piso danificado; o Vestiário feminino – Presença de rachadura no piso; o Ausência da capa da válvula de descarga; o Vestiário masculino – piso do box do chuveiro, danificado; 14. Unidade de Terapia Intensiva – Queimados:

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o Banheiro para pacientes com perda de revestimento do piso e parede; o Suporte de lixeiras e torpedos com presença de ferrugem. 15. Centro Cirúrgico: o Resolução SESA 0674/2010: Os panos de limpeza não são identificados e encaminhados para lavanderia; o Resolução - RDC N°7/10 ANVISA: Não apresenta acesso a assistência de terapia ocupacional. 16. Unidade de Moléstias Infecciosas: o Parede do tanque com perda de revestimento; o Posto de enfermagem com armários e gavetas de madeira dificultando a limpeza da parte interna; o Parede próxima ao bebedouro com perda de reboco; o Banheiro com perda de revestimento; o Enfermaria G - Paredes, portas e teto danificados; o Armários para guarda de medicamentos de madeira, bem como as gavetas dificultando a limpeza no interior das mesmas; o Resolução SESA 0674/2010: Os panos de limpeza não identificados e encaminhados para lavanderia.

b) a cominação de multa diária, liminarmente, aos

Requeridos, para o caso de descumprimento da obrigação no prazo fixado, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), nos termos do art. 11 da Lei 7347/85 (Lei de Ação Civil Pública);

c) a citação do Estado do Paraná e da Universidade

Estadual de Londrina, no intuito de que, querendo, contestem a presente ação e a acompanhem até final sentença, sob pena de revelia;

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d) a intimação pessoal do Ministério Público de todos os atos do processo;

e) seja, ao final, julgado procedente o pedido, com o

propósito de que reste determinado ao Estado do Paraná e à Universidade Estadual de Londrina, de forma solidária, a adoção das providências necessárias, para que, NO PRAZO DE 60 DIAS, assegurem que sejam sanadas todas as irregularidades encontradas no Hospital Universitário, apontadas pelo COREN e pela Vigilância Sanitária Municipal e aqui indicadas;

f) a produção de todas as provas admitidas em direito,

especialmente inquirição de testemunhas, juntada de documentos e exames periciais que se fizerem necessários; e

g) a dispensa do pagamento de custas, emolumentos e

outros encargos, nos termos do art. 18, da Lei Federal nº 7.347/85.

Dá-se à causa, por ser inestimável, apenas para fins fiscais, o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Nesses termos, Pede Deferimento. Londrina, 1º de outubro de 2013. PPAAUULLOO CCÉÉSSAARR VVIIEEIIRRAA TTAAVVAARREESS PPRROOMMOOTTOORR DDEE JJUUSSTTIIÇÇAA