urbanização brasileira
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Urbanização Brasileira
O processo conhecido como urbanização foi impulsionado pela modernização pela qual passou o país,
que teve início em meados do século XX. Até a década de 60, o Brasil era um país tipicamente agrícola.
Para você ter idéia, na década de 50, apenas 36% da população brasileira vivia em cidades. Até esse
período, a economia do país era dominada pelas atividades econômicas ligadas ao setor primário como
a produção e exportação de açúcar — entre os séculos XVI e XVII —, a mineração — no século XVIII —
e a produção do café — que foi o principal produto de exportação do Brasil até o século XX.
Até esse período, o Brasil importou quase que
totalmente os produtos industrializados que
consumia. Esse fator gerou um déficit muito
grande na balança comercial, ou seja, o país
gastou muito com as importações e recebia muito
pouco com as exportações, pois os produtos
industrializados apresentam um valor muito mais
elevado no mercado internacional que os
produtos ligados ao setor primário.
Outro problema que levou o país a buscar a
modernização foi o período das grandes guerras
mundiais — Primeira Grande Guerra (1914-1918) e
Segunda Grande Guerra (1939-1945). Nesse
período, os países industrializados, principalmente
os europeus, se confrontaram. Assim, seu parque
industrial ficou concentrado totalmente nos esforços
de guerra, deixando de exportar os produtos da
indústria. Contam as pessoas mais velhas que,
durante esse período, era muito difícil conseguir
produtos industrializados e, principalmente,
combustíveis.
Dessa forma, o país passou a adotar uma
política de industrialização para substituição das
importações, visando a produzir aqui mesmo
aquilo que era importado. Políticas de atração
de grandes empresas multinacionais foram
desenvolvidas e, no final da década de 70, a
população brasileira já se localizava nas
cidades, com cerca de 56% da população
habitando o meio urbano.
Mas, de que forma a modernização do país
influenciou na distribuição da população?
Como você viu, até a década de 60, o Brasil era
tipicamente agrário. A agricultura não tinha
tecnologia, assim, a grande quantidade de mão-
de-obra era realizada com ferramentas manuais.
Com a chegada das indústrias, que passaram a
se instalar nos centros urbanos, principalmente
na cidade de São Paulo, as pessoas foram
atraídas para esses centros, buscando a
possibilidade de uma melhor remuneração e de
outras perspectivas de vida. Além disso, a
agricultura também sofreu um processo de
modernização.
A mão-de-obra começou a ser substituída pelo trabalho de máquinas agrícolas e as pequenas e médias
propriedades rurais foram compradas por grandes produtores que tiveram a possibilidade de
modernizar a sua produção. Insumos e sementes de alta tecnologia foram produzidos no país — uma
verdadeira revolução na produção e na organização do espaço geográfico brasileiro.
Os pequenos produtores familiares e os empregados de grandes fazendas ficaram sem sua fonte de
renda e partiram para as grandes cidades em busca de trabalho nas indústrias no processo conhecido
como êxodo rural.
Em linhas gerais, esse foi o processo que
desencadeou a urbanização brasileira, pois, hoje,
81,3% da população brasileira vive na zona urbana.
Esse fato acarretou uma série de problemas.
A industrialização brasileira foi considerada tardia,
quando comparada à industrialização de países
como na Inglaterra, que teve início em meados do
século XVIII. Na Inglaterra, o processo de
industrialização se deu com tecnologias mais
primárias, e a indústria daquele momento
necessitava de um número muito grande de mão-
de-obra. Quando a indústria chegou ao Brasil,
meados do século XX, ela já estava baseada em um
maquinário que não necessitava de muito trabalho
humano.
Dessa forma, a indústria brasileira não
conseguiu absorver toda a mão-de-obra
liberada na zona rural. Muitas pessoas que
vieram tentar a sorte nos centros urbanos em
desenvolvimento ficaram sem postos de
trabalho, sem renda, gerando grandes bolsões
de miséria e pobreza, como as favelas.
Assim, chegamos à conclusão que a industrialização tardia, pela qual o Brasil passou, agravou o
problema do desemprego e do subemprego. O problema de emprego e renda nas grandes cidades
brasileiras não é recente, mas é um processo iniciado com a modernização.
Até aqui, você entendeu de que forma o Brasil, que era
tipicamente agrícola com população predominantemente
rural, há pouco tempo, transformou-se em um país urbano-
industrial. Agora, vamos entender o que são e qual é a
função das Regiões Metropolitanas.
A metropolização, ou seja, a concentração da população nas
principais áreas metropolitanas do Brasil, tem seu início na
década de 50. Esse fato ocorreu em função do crescimento
da população das cidades, mas não aconteceu de forma
homogênea. Algumas cidades cresceram muito mais que
outras — as cidades que apresentaram um aumento mais
acelerado de sua população foram aquelas que já eram
centros mais populosos e, por isso, receberam mais
indústrias em seus territórios. São Paulo é um exemplo claro
disso: é a maior metrópole nacional. Ela abriga, hoje, cerca
de 10% de toda a população brasileira.
Além disso, São Paulo concentra mais da metade da produção industrial do Brasil, sendo, sem dúvida,
o principal centro populacional, industrial e financeiro do país. Então, podemos concluir que poucas
cidades cresceram muito e muitas cresceram pouco, mas todas apresentam um crescimento
sistemático desde a década de 50.
Em função desse crescimento, muitas cidades passaram a ter suas áreas urbanas sobrepostas em um
processo conhecido como conurbação. Muitos centros regionais passaram a exercer grande influência
sobre cidades próximas e a manter relações econômicas muito intensas. Cidades menores, próximas a
grandes centros tiveram sua economia intergrada a esses centros, como, por exemplo, Colombo, uma
cidade próxima à capital paranaense — Curitiba. Colombo é considerada uma cidade dormitório, pois
grande parte de sua população tem suas atividades profissionais em Curitiba, realizando, assim, a
migração pendular.
Além disso, as pessoas buscam os serviços que não estão disponíveis em suas cidades, como serviço
médico/hospitalar, cursos universitários, lojas e grandes atacadistas.
Essa relação entre cidades de grande porte, pequenas e médias gerou as Regiões Metropolitanas, pois,
muitas vezes, essas regiões necessitam de uma gestão integrada, em serviços como transporte, coleta
de esgoto e lixo, distribuição de água e de energia entre outros.
Então, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística — IBGE — define Região Metropolitana como
“um conjunto de municípios contíguos e integrados socioeconomicamente a uma cidade central, com
serviços públicos e infra-estruturas comuns”.
Vamos conhecer as Regiões Metropolitanas brasileiras e suas principais características.
Regiões Metropolitanas
Região Metropolitana de Salvador
Criada pela lei complementar 014, em
08/06/1973. Possui 10 municípios. A
principal atividade econômica é a
prestação de serviços, concentrando
toda atividade bancária, comercial
atacadista e de importação e
exportação dos produtos regionais,
como cacau e fumo. Ela também
mantém uma atividade receptora de
fluxos turísticos.
Região Metropolitana de Fortaleza
Criada pela lei complementar 014, em
08/06/1973. Possui 13 municípios. O
Metrô de Fortaleza — Metrofor — é
uma obra de projeto moderno e
arrojado, resultado da parceria entre
os governos Federal e Estadual para
fortalecer o sistema de transporte
coletivo de Fortaleza e da Região
Metropolitana.
As obras foram iniciadas, mas não há
previsão para sua conclusão.
Região Metropolitana de Belo Horizonte
Criada pela lei complementar 014, em
08/06/1973. Possui 34 municípios. O
cluster de biotecnologia se localiza na
Região Metropolitana de Belo
Horizonte, estendendo-se também
para a cidade de Montes Claros, onde
se encontram algumas unidades fabris
de empresas que têm centro de
decisão na capital. É o terceiro centro
econômico do Brasil com uma
diversificada gama de atividades
relacionadas à indústria, comércio e
serviços.
Região Metropolitana de Belém
Criada pela lei complementar 014, em
08/06/1973. Possui cinco municípios.
O aumento da população e novas
moradias na Região Metropolitana de
Belém demandam uma crescente
busca de materiais de construção.
Grande parte das novas instalações se
faz de forma desordenada (invasões,
etc.) e muitas habitações da
população de baixa renda são de
madeira — principal produto utilizado
na região.
Região Metropolitana de Curitiba
Criada pela lei complementar 014, em
08/06/1973. Possui 25 municípios.
Curitiba é a primeira capital do país a
crescer de forma integrada com os
demais 24 municípios que compõem
sua Região Metropolitana.
Compartilhando funções e serviços, a
Região Metropolitana de Curitiba dá
prosseguimento à transformação
econômica da capital e do Estado,
iniciada em 1973, com a criação da
Cidade Industrial de Curitiba.
Região Metropolitana de Recife
Criada pela lei complementar 014, em
08/06/1973. Possui 14 municípios.
Concentra a maior renda do Estado e
tem, aproximadamente, 3 milhões de
habitantes com a maior taxa de
urbanização do Estado.
Possui um desenvolvido pólo de
informática do país e o segundo maior
pólo médico do Brasil, embora possua
apenas 35,2% de saneamento básico.
Região Metropolitana de Rio de Janeiro
Criada pela lei complementar 020, em
01/07/1974. Possui 20 municípios. A
região está ameaçada ambientalmente
após 70 anos de intenso abuso de
recursos naturais. Hoje, predomina o
uso desordenado do solo com a
criação de aglomerados de favelas,
loteamentos clandestinos das mais
diferentes classes sociais, uso de
corpos d’água (águas públicas doces,
salobras e salinas previstas em lei)
abaixo da cota dos 30m, como
receptores intermediários ou finais de
esgoto in natura (esgoto sem
tratamento).
Região Metropolitana de Porto Alegre
Criada pela lei complementar 014, em
08/06/1973. Possui 31 municípios. A
Região Metropolitana de Porto Alegre
tem sua economia voltada, sobretudo,
à produção de calçados,
principalmente ao redor da cidade de
Novo Hamburgo. Também são
expressivos a indústria petroquímica e
serviços.
Região Metropolitana de Florianópolis
Criada pela lei complementar 162, em
06/01/1998. Possui 22 municípios.
Florianópolis juntamente com Vitória
(ES) são as capitais do país que não
são as maiores cidades de seu Estado.
Florianópolis tem a população inferior
à de Joinville, que já atingiu 429.604
habitantes, segundo o censo
demográfico do IBGE/2000.
Região Metropolitana de São Paulo
Criada pela lei complementar 014, em
08/06/1973. Possui 39 municípios. A
Região Metropolitana de São Paulo se
desenvolveu no interior do Planalto
Atlântico, ao longo da Bacia
Sedimentar de São Paulo, entre duas
serras — ao norte a Serra da
Cantareira e ao Sul a Serra do Mar. A
urbanização foi guiada pelos eixos
fluviais, ao longo do Rio Tietê e seus
principais afluentes: os rios Pinheiros,
Tamanduateí, Cabuçu, Pirajussara.
Demais Regiões Metropolitanas Brasileiras