universidade tuiuti do paranÁ - tcc...

74
1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Curso de Medicina Veterinária TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C) CURITIBA 2009

Upload: docong

Post on 10-Feb-2019

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

1

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Curso de Medicina Veterinária

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

(T.C.C)

CURITIBA

2009

Page 2: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

2

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

(T.C.C)

CURITIBA

2009

Page 3: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

3

Mariana Mezzadri de Oliveira

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

(T.C.C)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso

de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciência

Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do

Paraná, como requisito parcial para obtenção do título

de Médico Veterinário.

Orientador Acadêmico: M.Sc. Ricardo Maia

Orientador Profissional: Dra. Patrícia Mendes Pereira

CURITIBA

2009

Page 4: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

4

TERMO DE APROVAÇÃO

MARIANA MEZZADRI DE OLIVEIRA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C)

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção de título

de Médica Veterinária por uma banca examinadora do Curso de Medicina

Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 15 de junho de 2009

________________________

Medicina Veterinária

Universidade Tuiuti do Paraná

________________________

Orientador: Prof. MSc. Ricardo Maia

Universidade Tuiuti do Paraná

_______________________

Profª MSc Marúcia de Andrade Cruz

Universidade Tuiuti do Paraná

_______________________

Profª Gisele Ludwig Tesseroli

Universidade Tuiuti do Paraná

Page 5: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

5

Reitor

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró Reitor Administrativo

Sr Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró Reitora Acadêmica

Prof.ª Carmem Luiza da Silva

Pró Reitor de Planejamento

Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos

Pró Reitor de Pós Graduação, Pesquisa e Extensão

Prof.ª Roberval Eloy Pereira

Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Prof. João Henrique Faryniuk

Coordenadora do Curso de Medicina Veterinária

Prof.ª Ana Laura Angeli

Campus Prof. Sidney Lima Santos

Rua Sidney A. Rangel dos Santos 238 - Santo Inácio

Cep 82010-330- Curitiba- Paraná 3331-770

Page 6: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

6

APRESENTAÇÃO

Este trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao curso de Medicina

Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti

do Paraná, com requisito parcial para obtenção do título de Médica Veterinária, é

composto de Relatório de Estágio nos quais são descritas as atividades realizadas

na Universidade Estadual de Londrina (UEL), na área de Clínica Médica de Animais

de Companhia no período, de 02 de março de 2009 a 01 de maio de 2009, e relato

de três casos acompanhados durante o período.

Page 7: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

7

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho ao meu pai Robson, a minha mãe Leila, a minha irmã

Liliana, e a todos que presenciaram o meu amor e a minha dedicação aos

animais e a minha profissão.

Page 8: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

8

Agradecimentos

Agradeço a Deus primeiramente pela serenidade que me foi concedida durante

as minhas decisões, principalmente nos momentos mais difíceis.

Agradeço a meus pais, pelas palavras de carinho durante as dificuldades que

foram apresentadas, e sem dúvida foram os grandes incentivadores para ser

Médica Veterinária. Agradeço pela eterna compreensão durante todos os anos

da minha vida.

Agradeço a minha irmã Liliana, por me entender e me apoiar em todos os

momentos.

Agradeço ao meu avô Vitório que sempre está do meu lado, e ao avô Dorival,

que mesmo onde estiver me ensinou o verdadeiro valor da vida.

Agradeço a minha Magali, a Catarina e ao Biscuit que sem dúvida demonstram

amor incondicional durante todas as horas da minha vida, e é o grande

incentivo para ir à busca do conhecimento na minha profissão.

Agradeço os meus professores pelos ensinamentos adquiridos, a Prof.ª MSc

Taís Marchand e ao Prof. MSc Ricardo Maia.

Agradeço aos meus amigos, que sempre me deram força em todas as

situações.

Page 9: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

9

Agradeço a equipe do Hospital Veterinário da UEL, pelos ensinamentos

adquiridos durante o estágio curricular, em especial a Prof.ª Dra Suely Beloni,

Prof.ª Dra Patrícia Mendes e ao Prof. Dr . Antônio Carlos Reis.

Page 10: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

10

“A grandeza de uma nação pode ser julgada

pelo modo que seus animais são tratados”

Mahatma Gandhi

Page 11: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

11

RESUMO:

O estágio curricular supervisionado foi realizado no Hospital Veterinário da

Universidade Estadual de Londrina- PR. O período de estágio foi entre 02 de março

e 01 de maio de 2009, totalizando 360 horas. As atividades desenvolvidas durante o

período de estágio acompanhamento de consultas e retornos, anamnese, coleta de

materiais biológicos, auxílio no exame radiológico, participação em plantões,

acompanhamento em consultas de especialistas, realização de procedimentos

ambulatoriais e acompanhamento de pacientes sob internação. Estando sob a

orientação dos professores: Suely Beloni, Patrícia Mendes, Pedro Luiz Camargo,

Marcelo Zanutto e Kléber Moreno. O presente relatório tem como objetivo discutir

três casos clínicos acompanhados durante o período de estágio com a bibliografia

consultada, sendo eles Cardiomiopatia Dilatada, Insuficiência Renal Crônica em

cães.

Palavra- Chave: Cardiomiopatia Dilatada, Insuficiência Renal Crônica, Cão

Page 12: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

12

Abstract

The present obrigatory probation was performed at the Veterinary Hospital of

Londrina’s State University, localized at Londrina, Paraná. The period of probation

between March 2nd and May 1st of 2009, totalizing 360 hours. The activities evolved

during the period of probation were consultations and returns, anamnesis, collection

of biological materials, help in the radiological examination, on call periods, specialist

visits, ambulatorial procedures and monitoring hospitalized pacients. All these

activities were guided by the following professors: Suely Beloni, Patrícia Mendes,

Pedro Luiz Camargo, Marcelo Zanutto e Kléber Moreno. The aim of these report was

to discuss three clinical cases observed during the probation period with em extent

bibliography review about Dilated Cardiomyopathy, Chronic Renal Failure in dogs.

Key- Words: Dilated Cardiomyopathy, Chronic Renal Failure, dog

Page 13: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

13

LISTA DE ABREVIATURAS

UEL- Universidade Estadual de Londrina

HV- Hospital Veterinário

CMAC- Clínica médica de animais de companhia

R- Residente

R1- Residente no primeiro ano de residência

R2- Residente no segundo ano de residência

PS- Pronto Socorro

MI- Moléstias Infecciosas e Zoonoses

BID- A cada 12 horas

TID- A cada 8 horas

VO- Via oral

SC- Via subcutânea

VI - Intravenoso

mg/kg- Miligramas por quilograma

u/kg- Unidades por quilograma

FC- Frequência Cardíaca

FR- Frequência Respiratória

PTH- Paratormônio

CMD- Cardiomiopatia Dilatada

ICC- Insuficiência Cardíaca Congestiva

Page 14: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

14

IRA- Insuficiência Renal Aguda

IRC- Insuficiência Renal Crônica

SRD- Sem raça definida

ECG- Eletrocardiograma

FA- Fosfatase alcalina

SRAA- Sistema Renina Angiotensina Aldosterona

ECA- Enzima conversora de Angiotensina

PA- Pressão arterial

KCL- Cloreto de Potássio

Page 15: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

15

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01- AMBULATÓRIO DO HV-UEL............................................................19

FIGURA 02. INTERNAMENTO DO HV-UEL.........................................................20

FIGURA 03. SALA DE EMERGÊNCIA DO HV- UEL.............................................20

FIGURA 04. SALA DE EMERGÊNCIA DO PS DO HV- UEL.................................21

FIGURA 05. SALA DE RADIOGRAFIA DO HV- UEL............................................21

FIGURA 06. SALA DE ULTRASSONOGRAFIA DO HV-UEL................................22

FIGURA 07. SETOR DE ISOLAMENTO DO HV-UEL .........................................22

FIGURA 08. BOXER, 13 ANOS- FÊMEA..............................................................35

FIGURA 09. DRENAGEM DE EFUSÃO ABDOMINAL..........................................36

FIGURA 10. LÍQUIDO DE EFUSÃO ABDOMINAL...............................................37

FIGURA 11. PACIENTE APÓS O PROCEDIMENTO..........................................37

FIGURA 12. RADIOGRAFIA LÁTERO- LATERAL...............................................38

FIGURA 13. RADIOGRAFIA VENTRO-DORSAL..................................................39

FIGURA 14. PACIENTE DURANTE AVALIAÇÃO.................................................40

FIGURA 15. PROCEDIMENTO DE ABDOMINOCENTESE..................................41

FIGURA 16. PACIENTE APÓS O PROCEDIMENTO............................................41

FIGURA 17. SRD , 4 ANOS- MACHO...................................................................53

FIGURA 18. AVALIAÇÃO DO PACIENTE NECROPSIADO.................................57

FIGURA 19. HIDROPERICÁRDIO.........................................................................57

FIGURA 20. AVALIAÇÃO DA MEDULA ÓSSEA...................................................58

Page 16: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

16

FIGURA 21. ASPECTO DA MEDULA ÓSSEA......................................................58

FIGURA 22. RIM COM CORTICAL ESTREITADA................................................59

FIGURA 23. PALIDEZ NOS RINS.........................................................................59

FIGURA 24. PITBULL, 10 ANOS – FÊMEA..........................................................60

FIGURA 25. PROCEDIMENTO DE AFERIÇÃO DA PA........................................62

Page 17: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

17

ÍNDICE DE TABELAS E GRÁFICOS

TABELA 1- NÚMERO DE CASOS CLÍNICOS ACOMPANHADOS POR

ESPECIALIDADE, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NO HV-UEL..................24

TABELA 2- PROCEDIMENTOS E EXAMES COMPLEMENTARES

ACOMPANHADOS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NO HV-UEL.................25

GRÁFICO 1- RELAÇÃO DE CÃES E GATOS ATENDIDOS NO HV DA UEL O

PERÍODO DE 02 DE MARÇO A 01 DE MAIO DE 2009............................................26

GRÁFICO 2- RELAÇÃO DE ATENDIMENTOS CLÍNICOS NO HV- UEL POR

ESPECIALIDADES DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO.....................................26

GRÁFICO 3- RELAÇÃO DE PROCEDIMENTOS E EXAMES COMPLEMENTARES

REALIZADOS NO HV-UEL.......................................................................................27

Page 18: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

18

ÍNDICE DE QUADROS

QUADRO 1- ALTERAÇÕES NO HEMOGRAMA.......................................................54

QUADRO 2- ALTERAÇÕES NO BIOQUÍMICO.........................................................54

QUADRO 3- ALTERAÇÕES NA DENSIDADE URINÁRIA........................................54

QUADRO 4- ALTERAÇÕES NO HEMOGRAMA.......................................................61

QUADRO 5- ALTERAÇÕES ENDÓCRINAS.............................................................62

Page 19: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

19

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................17

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO .............................................................18

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ........................................................................23

3.1. CASUÍSTICA......................................................................................................23

4. DESCRIÇÃO DOS CASOS CLÍNICOS................................................................28

4.1 CARDIOMIOPATIA DILATADA.........................................................................28

4.1.1 Introdução........................................................................................................28

4.1.2 Anatomia .........................................................................................................28

4.1.3 Fisiologia..........................................................................................................28

4.1.4 Epidemiologia...................................................................................................29

4.1.5 Etiologia............................................................................................................29

4.1.6 Fisiopatologia....................................................................................................29

4.1.7 Diagnóstico.......................................................................................................30

4.1.8 Tratamento........................................................................................................33

4.1.9 Prognóstico.......................................................................................................34

4.1.10 Caso Clínico....................................................................................................35

4.1.11 Discussão........................................................................................................43

Page 20: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

20

4.2 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA

4.2.1 Introdução......................................................................................................46

4.2.3 Anatomia Renal.............................................................................................46

4.2.4 Fisiologia Renal.............................................................................................46

4.2.5 Epidemiologia................................................................................................47

4.2.6 Etiologia.........................................................................................................47

4.2.7 Fisiopatologia.................................................................................................47

4.2.8 Sinais Clínicos...............................................................................................48

4.2.9 Diagnóstico....................................................................................................49

4.10 Achados de Necrópsia....................................................................................50

4.11 Tratamento......................................................................................................50

4.12 Prognóstico.....................................................................................................52

4.13 Caso Clínico1..................................................................................................53

4.14 Achados Laboratoriais.....................................................................................54

4.15 Caso Clínico 2- ...............................................................................................59

4.16 Achados Laboratoriais.....................................................................................60

4.17 Discussão........................................................................................................62

5 CONCLUSÃO.......................................................................................................64

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................65

Page 21: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

21

1. INTRODUÇÃO

O presente Trabalho de Conclusão de Curso da acadêmica Mariana

Mezzadri de Oliveira, é composto por uma descrição do local de estágio, atividades

desenvolvidas durante o período de estágio curricular obrigatório, revisão

bibliográfica, relato de casos e discussão clínica de três casos acompanhados

durante o estágio obrigatório.

O estágio foi realizado no Hospital Veterinário da Universidade Estadual de

Londrina, do período de 02 de março a 01 de maio de 2009 sob orientação

profissional da Prof.ª Dra Patrícia Mendes, e sob orientador acadêmico Prof. MSc

Ricardo Maia da Universidade Tuiuti do Paraná.

Nesse relatório estão descritos o local do estágio, as atividades

desenvolvidas, a casuística do HV da UEL, sob a forma de tabelas e gráficos.

O estágio curricular tem como objetivos adquirir conhecimento que foi

concedido durante a graduação, e estimular o aprendizado e o profissionalismo.

Page 22: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

22

2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

O Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina têm como

função primária, servir de campo para o ensino, pesquisa e extensão.

O HV-UEL está localizado no Campus Universitário na Rodovia Celso Garcia

Cid Km 380 na cidade de Londrina- PR.

O Hospital Veterinário da Universidade Estadual de Londrina é dividido em

várias áreas de atendimento: Clínica Cirúrgica, Clínica Médica de Pequenos

Animais, Teriogenelogia, Anestesiologia e Diagnóstico por Imagem. O HV conta com

uma equipe de 11 docentes e 20 médicos residentes, que são denominados pela

letra R, e conforme o ano em que entraram na residência podem ser R1 ou R2.

Durante o primeiro ano de residência, ocorre um rodízio a cada mês entre as

áreas, e no segundo ano o residente volta para a área que escolheu. Os residentes

têm plantão noturno uma vez por semana ou conforme as escalas de R1 ou R2

plantonistas, sob a função de cuidar dos pacientes internados, sobretudo os

pacientes críticos, da Clínica Médica, Cirúrgica e Isolamento de Animais de

Companhia. O plantão matutino é realizado uma vez por mês com um residente para

a Clínica Médica e outro para a Clínica Cirúrgica.

O atendimento funciona de segunda a sexta das 08:00 ás 18:00 h, através

de uma secretaria onde o responsável pelo paciente a ser atendido faz um cadastro,

que depois é encaminhado para o setor de triagem, que é realizada por Médicos

Veterinários docentes conforme a escala. O docente encaminhará o paciente para a

área mais indicada. O atendimento é interrompido das 08:00 às 09:00 h por motivo

de reunião clínica.

O HV-UEL possui quatro ambulatórios para a clínica médica (Figura 01),

dois para Teriogenologia, dois para a Clínica Cirúrgica. O Pronto Socorro (PS),

possui 2 ambulatórios, sendo um específico para emergências de moléstias

infecciosas. Os animais que por alguma enfermidade necessitam de cuidados, são

encaminhados para o Internamento do HV-UEL conforme (FIGURA 02) que possui

Page 23: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

23

três residentes e uma equipe de enfermeiros que garantem assistência aos

pacientes internados.

Os atendimentos de emergência são encaminhados para o PS da Clínica

Médica ou Cirúrgica. O residente escalado para a semana do Pronto Socorro faz os

atendimentos emergenciais, sob orientação de um docente da Clínica Médica e

Cirúrgica. Os animais que necessitam de terapia intensiva são conduzidos para o

ambulatório de emergência (FIGURA O3). Aqueles que necessitam de

procedimentos intensivos são conduzidos a sala de procedimentos cirúrgicos do PS

(FIGURA 04). O HV- UEL possui atendimento médico veterinário 24 horas por dia

realizado por docentes de plantão. O setor de diagnóstico por imagem auxilia na

conduta do médico veterinário em casos que são necessários exames de radiografia

(FIGURA 05) e ultrassonografia (FIGURA 06). O laboratório de patologia clínica

através de exames complementares auxilia o médico veterinário no possível

diagnóstico. Os que passaram por exames criteriosos no ambulatório da MI, e foram

detectados com doenças infecto contagiosas, são transferidos para o setor de

isolamento de moléstias infecciosas e zoonoses.(FIGURA 07).

FIGURA 1- AMBULATÓRIO DA CLÍNICA MÉDICA DE ANIMAIS

DE COMPANHIA DO HV-UEL, 2009

Page 24: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

24

FIGURA 2- INTERNAMENTO DO SETOR DE CLÍNICA MÉDICA

DE ANIMAIS DE COMPANHIA DO HV-UEL, 2009

FIGURA 3- AMBULATÓRIO DE EMERGÊNCIA DO HV-UEL, 2009

Page 25: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

25

FIGURA 4- SALA DE PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS DO PS

FIGURA 5- SALA DE RADIOGRAFIA DO HV-UEL, 2009

Page 26: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

26

FIGURA 6- SALA DE ULTRASSONOGRAFIA DO HV-UEL, 2009

FIGURA 7- SETOR DE ISOLAMENTO DE MOLÉSTIAS INFECTO-

CONTAGIOSAS E ZOONOSES DO HV-UEL, 2009

.

Page 27: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

27

3. Atividades desenvolvidas

Os estagiários fazem plantão conforme escala definida. De segunda a sexta

o horário respectivo para o estagiário é das 08:00 às 18:00 horas, e nos plantões

que são realizados no final de semana, a cada 15 dias funciona o mesmo horário

dos dias de semana. A função do estagiário é auxiliar o residente da sala de

internação e seus respectivos pacientes.

O estagiário pode ser escalado para o atendimento com o residente no

ambulatório, auxiliar nos procedimentos na sala de internação ou ficar no plantão do

PS durante uma semana, auxiliando o residente. São realizados procedimentos

cirúrgicos na semana do PS, onde o residente tem a função de anestesista e o

professor de clínica cirúrgica realiza o procedimento cirúrgico, com o auxílio do

estagiário do PS.

3.1 CASUÍSTICA

Durante o período de estágio no HV-UEL, foram acompanhados 108

atendimentos, divididos por especialidades. Observou-se maior prevalência na

porcentagem em casos clínicos de Infectologia, em seguida os casos de

Dermatologia, Neurologia, e em último as outras afecções, conforme tabela 1 e

gráfico 2.

O HV-UEL possui uma casuística de cães e gatos diversificada. Sendo a

maioria de cães. Conforme gráfico 1.

Os procedimentos e exames complementares, acompanhados durante o

período de estágio, prevaleceram com maior incidência o hemograma, bioquímicos,

e depois outros exames realizados de rotina no HV-UEL.

Page 28: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

28

Tabela 1: Número de Casos Clínicos atendidos por especialidade durante o período de

estágio no HV-UEL

Especialidade Número de casos

Clínicos

Porcentagem

Infectologia

Dermatologia

20

18

18,51%

16,6%

Neurologia 13 12,0%

Gastreenterologia 10 9,25%

Hemoparasitoses 9 8,33%

Urologia| Nefrologia

Endocrinologia

8

6

7,40%

5,55%

Toxicologia 6 5,55%

Cardiologia

Oncologia

Oftalmologia

4

5

3

3,70%

4,62%

2,77%

Pneumologia 3 2,77%

Ortopedia 2 1,85%

Odontologia 1 0,92%

TOTAL 108 100%

Page 29: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

29

Tabela 2: Procedimentos e Exames Complementares acompanhados durante o

período de estágio no HV-UEL

Procedimentos e Exames

Complementares

Número de casos Porcentagem

Hemograma Completo 78 33,33%

Bioquímica sérica 49 20,94%

Urinálise 31 13,24%

Radiografia 20 8, 547%

Ultrassonografia 12 5, 128%

Transfusão Sanguínea 8 3, 418%

Abdominocentese 7 2, 991%

Raspado de Pele

Sorologia

5

6

2,136%

2, 564%

Toracocentese 5 2, 136%

Cultura Fúngica

Glicemia por fitas reagentes

Citologia

Mielografia e Colheita de Líquor

4

3

2

2

1, 709%

1,282%

0,854%

0, 854%

Dosagem sérica de Eritropoetina 1 0, 427%

Dosagem sérica de Fenobarbital 1 0,427%

TOTAL 234 100%

Page 30: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

30

GRÁFICO 1- RELAÇÃO DE CÃES E GATOS ACOMPANHADOS NO HV-UEL.

GRÁFICO 2- RELAÇÃO DE ATENDIMENTOS POR ESPECIALIDADES

DURANTE O PERÍODO SE ESTÁGIO NO HV-UEL

18; 17%

13; 12%

57; 52%

20; 19%

Infectologia Dermatologia Neurologia Outras Afecções

100%-108

Cães Gatos

72%

28% , 30

, 78

100%-108

Page 31: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

31

GRÁFICO 3- RELAÇÃO DE PROCEDIMENTOS E EXAMES COMPLEMENTARES

ACOMPANHADOS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO NO

HV-UEL

78; 33%

49; 21%

107; 46%

Hemograma Bioquímico Outros exames

234-100%

Page 32: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

32

4 Descrição de Casos Clínicos

4.1 Cardiomiopatia Dilatada

4.1.1 Introdução

A CMD é uma doença do miocárdio que provoca alteração na função

contrátil e dilatação do ventrículo esquerdo (VE) ou de ambos os ventrículos

(RICHARDSON et al, 1996). A anormalidade primária é a diminuição da

contratilidade miocárdica, com dilatação secundária das câmaras cardíacas,

havendo predomínio da disfunção sistólica, pode evoluir para insuficiência cardíaca

(IC) ou não (dilatação sem IC), apresentar arritmia (atrial e / ou ventricular) e resultar

em óbito em qualquer estágio da doença (RICHARDSON et al, 1996 ; SISSON et al

, 1999; SISSON et al , 2000 e MEURS et al, 2005). A disfunção diastólica

também pode ocorrer em estágios avançados da doença, sendo menos evidente

que a disfunção sistólica, além de ser de mais difícil diagnóstico (SISSON et al;

2000) citado por Yamaki et al, (2007).

4.1.2 Anatomia

O coração dos cães é um órgão oco de quatro cavidades, constituído

preponderantemente por músculo cardíaco, o miocárdio. É envolvido pelo pericárdio,

situa-se na cavidade torácica, entre a terceira e sétima costela, no mediastino

médio, no terço médio do tórax. O coração constitui-se uma metade arterial

esquerda e de uma metade venosa direita, os quais possuem duas câmaras, cada

uma delas com um átrio e um ventrículo (KONIG e LIEBICH, 2004).

4.1.3 Fisiologia

O coração é uma bomba muscular valvulada que propele o sangue para

todo o corpo. O coração consiste em duas câmaras que permitem que o sangue flua

somente em uma direção. A contração do coração resulta na ejeção de sangue para

o sistema circulatório (RANDALL, BURGGREN e FRENCH, 2000).

Page 33: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

33

4.1.4 Epidemiologia

A cardiomiopatia dilatada pode aparecer em qualquer idade, mas é mais

frequente em animais com idades compreendidas entre os 4 e os 10 anos.(MASEDA

et al; 1999) citado por Lobo e Pereira, (2002). A CMD pode ocorrer com mais

frequência em machos, cães de grande porte ou gigante, (MUZZI et al; 2000).

Ocorre uma incidência relativamente alta em cães de raças puras, como o boxer

(ETTINGER e FELDMAN, 2004).

4.1.5 Etiologia

Os fatores genéticos devem desempenhar algum papel nos cães,

especialmente em raças que apresentam alta incidência ou ocorrência familiar da

doença, como dobermans, pinschers, boxer e cocker spaniels. Um padrão de

herança autossômica foi encontrado em boxers.

A Doxorrubicina é um fármaco antineoplásico, induz a cardiotoxicidade tanto

aguda quanto crônica. A histamina secundária a liberação de catecolaminas e à

produção de radicais livres, parece estar envolvida na patogênese do dano do

miocárdico, que leva a diminuição do débito cardíaco, arritmias e degeneração de

miócitos (COUTO e WARE, 2006).

4.1.6 Fisiopatologia

O principal defeito funcional da CMD é a diminuição da contratilidade

ventricular (disfunção sistólica). A progressiva dilatação das câmaras cardíacas

ocorre como resultado da piora da função sistólica e do débito cardíaco. Um baixo

débito cardíaco pode causar fraqueza, sincope e choque cardiogênico. Uma

diminuição no débito cardíaco ativa os mecanismos compensatórios simpático,

hormonal e renal. Esses mecanismos aumentam a freqüência cardíaca, a resistência

vascular periférica e a retenção de volume. Acredita-se que a ativação crônica

neuro-hormonal contribua para a lesão miocárdica progressiva, assim como a

síndrome da insuficiência cardíaca congestiva (COUTO e WARE, 2006).

Page 34: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

34

O sistema renina- angiotensina- aldosterona é um complexo sistema neuro-

hormonal compensatório que tem como função manter normal a pressão sanguínea

e a perfusão dos tecidos, quando o débito cardíaco for reduzido. A redução da

perfusão renal é detectado pelo barorreceptor renal resultando na liberação de

renina. A renina inicia um processo que resulta na formação de Angiotensina II, um

potente vaso constritor levando também a ativação do sistema nervoso simpático e

aumento da síntese de liberação de aldosterona, da zona glomerular do córtex da

adrenal (TILLEY e GOODWIN, 2002; ETTINGER e FELDMAN 2004) citado por

Bazzan et al, (2009). A ativação do sistema renina- angiotensina-aldosterona (SRA-

aldosterona) contribui para a retenção de sódio e água, os quais aumentam o

volume circulante. Sinais de baixo débito cardíaco e insuficiência cardíaca

congestiva direita ou esquerda podem ocorrer com frequência em cães com CMD.

Taquiarritmias ventriculares também ocorrem frequentemente e podem causar morte

súbita. (ETTINGER e FELDMAN, 2004).

4.1.7 Diagnóstico

Na anamnese pode ocorrer relato de fraqueza, letargia, taquipnéia ou

dispnéia, intolerância ao exercício, tosse, (sendo descrita algumas vezes como ânsia

de vômito), anorexia, distensão abdominal (ascite) e síncope. Os achados no exame

físico variam de acordo com a descompensação cardíaca. Baixo débito cardíaco

com alto tônus simpático e vasoconstrição periférica causam mucosas pálidas, um

tempo de preenchimento capilar prolongado e pulso da artéria femoral irregular ou

fraco. Sinais de insuficiência cardíaca congestiva esquerda e ou direita, como

taquipnéia, aumento de sons respiratórios, estertores pulmonares, pulso jugular,

efusão pleural ou ascite e |ou hepatoesplenomegalia estão usualmente presentes.

Os sons cardíacos podem estar abafados devido à presença de efusão pleural ou

baixa força de contratilidade cardíaca (COUTO e WARE, 2006). Os sinais clínicos

são variáveis e podem ser divididos em três categorias em raças como o boxer:

1- Assintomáticos: Nesses casos geralmente o cão é levado ao médico

veterinário, devido a outro problema ou para realização de check- up, e a presença

de arritmias podem ser detectadas. Pode ocorrer morte súbita sem evidência dos

Page 35: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

35

sinais clínicos (OLIVEIRA e SCHWANTES, 2006).

2- Cães com episódio de colapso. O cão pode apresentar episódios de

fraqueza ou síncope, sendo que existe uma probabilidade de ocorrer esses

episódios durante a atividade física ou excitação, e aparentemente está normal entre

os episódios de síncope. Pode ser de 1 a 2 minutos episódios breves de colapso

com recuperação (OLIVEIRA e SCHWANTES, 2006).

3- Cães com insuficiência cardíaca congestiva, apresentando os sinais

clínicos de letargia progressiva, fraqueza, hiporexia, tosse e aumento de volume

abdominal (ascite), (OLIVEIRA e SCHWANTES, 2006). Nos cães com sinais clínicos

da CMD, o exame físico cuidadoso pode revelar cardiopatia. Através da auscultação

cardíaca pode ser detectado um ritmo de galope. Sopros sistólicos de regurgitação

mitral ou tricúspide com intensidade leve a moderada de grau 1-3 entre 6 são

comuns. Sopros suaves e sons de galope podem facilmente ser omitidos em cães

com fibrilação atrial ou outros distúrbios de ritmo (ETTINGER, FELDMAN 2004,

COUTO e WARE, 2006). Em pacientes com perda de peso e emaciação muscular

são achados freqüentes, mas variáveis em cães com CMD, sendo raro edema

periférico.

O exame radiográfico serve para avaliar a dimensão cardíaca e detectar a

presença e severidade do edema pulmonar ou efusão pleural. (LE BOBINECC,

1999) citado por Lobo e Pereira, (2002). As radiografias torácicas revelam marcada

variação nos achados, desde normais até graus severos de cardiomegalia

generalizada. Em muitos casos a ser considerado, é que muitos cães com doença

cardíaca clinicamente significativa, não apresentam cardiomegalia, e o tamanho do

coração tende a ser normal ou menor em pacientes assintomáticos, o que limita o

valor desse teste como triagem para doença cardíaca. Todavia, o exame

radiográfico é importante para a diferenciação de outras enfermidades torácicas

(OLIVEIRA e SCHWANTES, 2006). Em raças como o Boxer, Doberman e Pinscher,

em geral podem estar presentes, o aumento atrial e ventricular esquerdos. Quase

sempre existe evidência de insuficiência cardíaca direita ou biventricular, incluindo

uma veia cava caudal aumentada, hepatomegalia, ascite ou efusão pleural.

(ETTINGER, FELDMAN e SISSON, 2004).

Page 36: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

36

O eletrocardiograma é utilizado como auxílio de diagnóstico em cardiopatias.

Porém deve- se lembrar de sua eficiência em diagnosticar arritmias. (LARSSON e

SOARES, 2007). A eletrocardiografia pode identificar alterações relacionadas ao

aumento das cavidades cardíacas. (AMERGER et al, 1995) citado por Soares e

Larsson, (2007). Os cães com cardiomiopatia dilatada apresentam ECG anormal,

embora as alterações possam ser significativas. Complexos QRS de alta amplitude,

indicando aumento ventricular esquerdo, e ondas P alargadas indicando aumento

atrial esquerdo são sugestivas em pacientes com insuficiência cardíaca. A fibrilação

atrial é um distúrbio comum em raças gigantes com CMD. Outros distúrbios de ritmo

incluem despolarizações prematuras ventriculares (DPV) e taquicardia ventricular.

(ETTINGER, FELDMAN e SISSON, 2004). Em cães da raça Boxer pode haver o

surgimento de arritmias ventriculares A detecção dessas arritmias é importante para

o diagnóstico, tratamento e prognóstico das doenças cardíacas (MEURS et al, 2001)

citado por Muzzi et al, (2006 ). Devido as arritmias serem intermitentes em boxer, o

eletrocardiograma normal não exclui o diagnóstico. O eletrocardiograma de rotina

dura apenas 2 a 3 minutos, não excluindo a doença, pois registra arritmias, apenas

se elas forem frequentes. Nesse caso um eletrocardiograma com duração de 24

horas, denominado de Holter, seria o melhor meio para avaliar pacientes dessa raça,

registrando a quantidade e a complexidade das arritmias. (OLIVEIRA e

SCHWANTES, 2006).

O exame de Ecocardiografia é a técnica de utilização do ultrassom como

meio de diagnóstico em cardiologia (MORCERF et al , 1996), que vem sendo usada

na medicina veterinária como um método não invasivo na avaliação morfofuncional

do coração (HENIK 1995 e DROUARD- HAELEWYN.,1998) citado por Muzzi et al,

(2000). A ecocardiografia é o melhor método pra avaliar as dimensões das câmaras

cardíacas e a função miocárdica, e para diferenciar a efusão pericárdica ou

insuficiência valvar crônica da CMD. A dilatação das câmaras cardíacas e a baixa

movimentação sistólica do septo e da parede ventricular são achados característicos

na CMD. Todas as câmaras são normalmente afetadas, mas o átrio direito e as

dimensões ventriculares podem parecer normais, especialmente em dobermans e

boxers. A dimensão do ventrículo esquerdo na sístole está aumentada e a fração de

Page 37: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

37

encurtamento diminuída (Couto e Ware, 2006). Em Boxer é uma doença

caracterizada principalmente por arritmias. (SCHWANTES e OLIVEIRA, 2006).

Segundo Ettinger, Sisson (2004) e seus colaboradores e Couto e Ware

(2006), as alterações laboratoriais refletem os efeitos de baixo débito cardíaco, da

congestão orgânica e da ativação neuro- hormonal. As enzimas séricas e ácidos

biliares podem estar modestamente elevados. Os níveis de uréia e creatinina

podem estar aumentados, devido à baixa perfusão renal. As concentrações séricas

de proteína e eletrólitos geralmente estão normais, mas em certos casos como de

insuficiência cardíaca grave (ICC), podem estar presentes hipoproteinemia,

hiponatremia e hipocalcemia. Cães com CMD podem ter diminuição das

concentrações de hormônios da tireóide, devido à doença sistêmica não tireóidea ou

ligação protéica alterada, sendo útil em alguns casos a estimulação de TSH ou

determinação de T4 livre. Devido a ativação neuro-hormonal, concentrações séricas

de noradrenalina e das catecolaminas urinárias podem estar aumentadas.

4.1.8 Tratamento

Os tratamentos da insuficiência cardíaca são geralmente paliativos e não

curativos. Portanto animais que desenvolvem ICC podem morrer em conseqüência

dessa afecção, quase sempre em um período relativamente curto de tempo

(KITTLESON et al, 2004) citado por Santos Junior et al , (2007). O tratamento da

ICC consiste em um tratamento individual tendo que se ajustar o estágio da doença

à severidade dos sinais clínicos (CALVERT et al, 2001) citado por Lobo e Pereira ,

(2002). O objetivo da terapia é controlar os sinais de insuficiência cardíaca

congestiva, melhorar o débito cardíaco, monitorizar as arritmias e melhorar a

qualidade de vida do paciente (COUTO e WARE, 2006).

Cães com insuficiência cardíaca secundária a uma cardiomiopatia dilatada

devem ser tratados com diurético, enzima conversora de angiotensina, (ECA) e

digoxina (BULMER et al; 2005 e SISSON et al , 2005) citado por Santos Junior et

al, (2007). Outros recursos terapêuticos podem ser usados em casos de ICC, como

dietas com restrição de sódio, (iniciada em paciente com acúmulo de líquido),

repouso, simpatomiméticos, bipiridínicos, oxigenioterapia, ansiolíticos

Page 38: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

38

broncoditadores e supressores da tosse (HAMLIN et al , 1998; KITTLESON et al ;

1998; BULMER et al 2005; SISSON et al ; 2005) citado por Santos Junior et al,

(2007).

4.1.9 Prognóstico

O prognóstico varia de reservado a desfavorável e, como se trata de uma

doença progressiva e incurável, caminha inevitavelmente para o óbito. (DARKE et

al, 2000) citado por Frabetti, (2008).

Alguns cães muito enfermos melhoram com o tratamento, vivendo por

meses e até por anos, outros animais não sobrevivem às 48 horas de

hospitalização. Com cuidados em casa e com acompanhamento veterinário, a

maioria dos cães vive de seis a 12 meses após o início da ICC ou da síncope

(DARKE et al,2000) citado por Frabetti, (2008).

Pacientes assintomáticos ou aqueles com arritmia facilmente controlada

podem viver por vários anos (OLIVEIRA e SCHWANTES, 2006).

São indicadores de mau prognóstico; presença de edema pulmonar,

taquiarritmias, efusão pleural e ascite. (MONTOYA, 2002; BORGARELLI et al, 2003;

SISSON et al, 2004 e BOSSWOOD, 2007), citado por Frabetti, (2008). Os fatores

de risco para a redução da sobrevida são: cardiomegalia, diminuição do débito

cardíaco, aumento nos níveis séricos de norepinefrina, (indicando tônus simpático

excessivamente aumentado), diminuição da resistência ao exercício físico, arritmias

refratárias a terapêutica e diminuição do tempo de diástole pela taquicardia.(SISSON

et al; 2004) citado por Frabetti, (2008). A presença de arritmias ventriculares

recorrentes sugere maior probabilidade de ocorrência de morte súbita que

geralmente advém de fibrilação ventricular. (DARKE et al; 2000, SISSON et al; 2004

e PETRIC e TOMSIC ,2008), citado por Frabetti, (2008). Apesar disso a resposta ao

tratamento clínico e curso a evolução da doença é extremamente variável e deve ser

avaliada individualmente.

Page 39: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

39

4.2.10 Caso Clínico

Nome: Tasha

Espécie: Canina

Raça : Boxer

Sexo: Fêmea

Idade: 13 anos

Peso: 27 kg

Anamnese

Descreve- se o caso de um boxer (Figura 10) com queixa de apatia,

cansaço fácil, dispnéia, aumento abdominal há três meses, e hiporexia há duas

semanas. A paciente apresenta neoplasia mamária há três anos, não é castrada e

possui vacina ética administrada anualmente.

FIGURA 08- PACIENTE DURANTE CONSULTA

Page 40: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

40

Exame Físico

Durante o exame físico as mucosas estavam róseas e congestas, verificou-

se dispnéia, secreção nasal seca, taquicardia, edema de membros pélvicos, ascite,

sopro grau II que devido à dispnéia não foi possível detectar o local exato. A

paciente apresentava hepatomegalia observada durante a palpação abdominal e

nódulo em região ventral de tronco esquerdo, massa um cm acima do MTD.

Exames Complementares

Diante dos sinais e dados clínicos, solicitou-se hemograma completo, uréia,

creatinina, ALT, FA, proteína total e albumina. Resultado: exames normais e sem

alterações significativas. A paciente foi encaminhada para o procedimento de

drenagem de efusão abdominal conforme (FIGURA 09).

FIGURA 09- PACIENTE DURANTE O PROCEDIMENTO DE

ABDOMINOCENTESE

O líquido cavitário foi enviado para análise clínica, e observou-se tratar de

um transudato modificado, e não foram observadas alterações significativas. Foram

drenados quatro litros de líquido de efusão abdominal. (FIG 10).

.

Page 41: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

41

FIGURA 10- LÍQUIDO DE EFUSÃO ABDOMINAL DO PROCEDIMENTO DE

ABDOMINOCENTESE

FIGURA 11- PACIENTE APÓS O PROCEDIMENTO

Solicitou-se o termo de internamento da paciente e prescrito tratamento

suporte, com fluidoterapia intravenosa, 500 ml de solução fisiológica, furosemida 2

mg/kg via SC a cada 12 horas (BID).

Page 42: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

42

A paciente foi encaminhada para o setor de diagnóstico por imagem para

abordagem radiográfica, e observou- se cardiomegalia, e nódulos no pulmão. Laudo

radiográfico: Aumento dorsal da silhueta cardíaca com maior contato do coração ao

esterno, sem desvio dorsal da traquéia. Possível efusão pericárdica.

FIGURA 12- RADIOGRAFIA LATERO- LATERAL EVIDENCIANDO AMPLO

DIÂMETRO DA IMAGEM CARDÍACA (SETA).

FONTE: MITIE, (2009)

Ao exame ultrassonográfico foi observado fígado congesto e linfonodo

reativo próximo a bexiga.

Tratamento

A paciente recebeu alta no dia seguinte com retorno para 10 dias e prescrito

como tratamento 0,5 mg / kg de enalapril por via oral (VO) a cada 12 horas (BID) e

furosemida 2 mg/kg a cada 12 horas (BID) até novas recomendações.

Recomendado como manejo dietético a ração Hill’s ou Royal Canin Cardiac Canine.

Page 43: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

43

FIGURA 13-RADIOGRAFIA DORSO VENTRAL

EVIDENCIANDO AUMENTO CARDÍACO (SETA)

FONTE: MITIE, (2009)

1 0 retorno

Após 10 dias, a responsável relatou que a paciente apresentava hiporexia,

disquezia, aumento abdominal significativo, apatia, dispnéia, polidpsia e oligúria.

No exame físico observou-se na FR: taquipnéia, FC: 136 bpm. , hiperplasia

gengival, aumento de volume abdominal (88 cm), significativo aumento em região

articulação társica, elevação de temperatura e volume nos membros pélvicos,

linfonodo poplíteo móvel e godet positivo. Observado durante o exame físico que

caminha com dificuldade. Durante a auscultação respiratória detectou-se respiração

ruidosa difícil.

Prescrito como tratamento por via oral (VO): furosemida e espironolactona 2

mg / kg a cada 12 horas (BID) , digoxina 0,005 mg / kg a cada 12 horas ( BID), e os

Page 44: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

44

outros medicamentos foram mantidos na mesma dosagem, até novas

recomendações.

No 2 0 retorno, a responsável relatou como queixa principal: apatia, dispnéia

e sialorréia. No exame físico observou- se que a paciente ficava em posição

ortopnéica, sialorréia devido à dispnéia, e significativo aumento de volume

abdominal. (FIG 14). Na auscultação cardíaca constatou sopro grau IV na Mitral e

grau III na Tricúspide.

FIGURA 14- PACIENTE DURANTE EXAME FÍSICO

A paciente foi submetida a uma nova drenagem de efusão abdominal (FIG

15). Após o procedimento de abdominocentese (FIG 16), observou-se significativa

sialorréia em consequência da dispnéia e ascite. Responsável estava ciente da

gravidade do caso clínico. Prescrito para tratamento por via oral, furosemida 3,5 mg/

kg a cada 8 horas (TID), enalapril 0,5 mg/ kg a cada 12 horas (BID), e digoxina

0,005 mg/kg a cada 12 horas (BID), até novas recomendações.

Page 45: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

45

FIGURA 15- PACIENTE DURANTE PROCEDIMENTO DE

DRENAGEM DE EFUSÃO ABDOMINAL

FIGURA 16 - PACIENTE APÓS O PROCEDIMENTO DE

ABDOMINOCENTESE

Page 46: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

46

Após 60 dias da primeira avaliação, o quadro clínico se agravou,

apresentando episódios de emese e diarréia, sendo realizada nova

abdominocentese. Devido à piora dos sinais clínicos, foi sugerido eutanásia, que foi

recusada pela proprietária.

Prescrito por via oral furosemida 4,5 mg/kg a cada 8 horas (TID), e os outros

medicamentos foram mantidos na mesma dosagem.

Realizado eutanásia uma semana após o retorno ao HV-UEL.

Page 47: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

47

4.2.11 Discussão

A paciente chegou ao hospital do HV- UEL apresentando sinais clínicos

compatíveis com a cardiomiopatia dilatada de acordo com a literatura consultada

Ettinger e Feldman (2004), tais como, dispnéia ou taquipnéia, respiração ofegante,

distensão abdominal, fraqueza e polidipsia.

Observou- se no retorno que a responsável não seguiu as recomendações

quanto ao manejo dietético da paciente. De acordo com a literatura, a

suplementação oral de L carnitina pode melhorar a sobrevida de cães com baixa

concentração de carnitina miocárdica. Os cães tratados com L carnitina podem

apresentar um odor peculiar, e a concentração sérica de resposta é atingida com a

terapia indicada de seis a oito meses. A mensuração da concentração plasmática

de taurina pode ser útil em alguns cães. A terapia de suplementação de taurina pode

ser realizada em cães com concentrações menores de 25nmo/ml. Sabe-se que a

deficiência de L carnitina não é a causa primária na maioria dos casos que ocorrem

CMD nos caninos e nos humanos, mas que ocorre secundária a outro fator, como

alguma anormalidade genética ou adquirida, como um defeito mitocondrial na

maioria dos pacientes.

Em casos em que ocorre caquexia, é necessário instituir uma dieta que

forneça suporte nutricional adequado e module a produção de citocinas. A caquexia

é um processo multifatorial causado por anorexia, aumento de requerimentos

energéticos e aumento na produção de citocinas, (fator de necrose tumoral), nesses

casos é indicado a suplementação com ácidos graxos poliinsaturados, ômega 3, que

também diminuem a susceptibilidade à ocorrência de arritmias cardíacas. A inclusão

de óleo de peixe, rico em ômega 3, na dieta pode melhorar a condição corpórea em

cães com ICC, e em alguns cães com anorexia induzida pela ICC, pode melhorar o

apetite. Foi comprovado que vitaminas antioxidantes com as vitaminas (ácido

ascórbico) C e E (alfa tocoferol) previnem o aparecimento de lesões oxidativas em

células miocárdicas.

De acordo com a literatura a cardiomiopatia dilatada canina ocorre com

maior prevalência em cães de porte médio e grande, como o Cocker Spaniel Inglês

Page 48: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

48

e Americano, e o Dálmata, sendo que as raças mais acometidas são o Boxer,

Doberman e Pinscher. Os fatores genéticos devem desempenhar alguma relação

com os cães, especialmente nas raças que apresentam alta incidência ou ocorrência

familiar da doença. A CMD acomete mais cães com 8, 5 anos (variação de menos

de 1 a 15 anos).

Segundo a literatura os exames complementares como a radiografia

constituem um método de diagnóstico eficiente para a CMD, mas o aspecto do

coração deixa de refletir a gravidade do prejuízo miocárdico subjacente. A

eletrocardiografia se torna eficaz em pacientes com CMD, para diagnosticar

possíveis arritmias, fibrilação atrial, despolarizações prematuras ventriculares e

taquicardia ventricular paroxística. A ecocardiografia é utilizada para avaliar as

dimensões das câmaras cardíacas, da função miocárdica e para diferenciar efusão

pericárdica, ou insuficiência valvar crônica da CMD.

O cão não apresentou melhora dos sinais clínicos com o tratamento de

diuréticos como a Furosemida e Espironolactona, inotrópicos como a Digoxina e

inibidores da (ECA) enzima conversora de angiotensina, como o Enalapril.

Proprietária estava ciente da gravidade do caso, sobre a neoplasia que estava

comprimindo o pulmão e a circulação linfática. A neoplasia provavelmente agravou

os sinais clínicos da paciente, como a dispnéia. O quadro da doença progrediu,

ascite e o emagrecimento progressivo, perda de massa muscular (caquexia

cardíaca) ao longo da linha média dorsal indicava gravidade do caso clínico.

Segundo Frabetti (2008), a terapia de escolha para paciente com CMD e

como conseqüência a ICC está correta, mas é necessário enfatizar que a

eletrocardiografia se torna essencial para o diagnóstico da CMD devido à

constatação das arritmias, como a ventricular, sendo necessário nesses casos

adicionarem-se ao tratamento, as drogas antiarrítmicas específicas (Sotalol ou

associação de Mexiletina e Atenolol).

A terapia com a Digoxina é indicada em casos de CMD e sinais de

insuficiência cardíaca. Ela reduz a freqüência ventricular em cães com fibrilação

atrial. Tem se usado em casos de diminuição de contratilidade cardíaca Ela reduz a

Page 49: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

49

atividade do sistema renina- angiotensina- aldosterona e a ativação do sistema

nervoso simpático. A Digoxina em certos estudos reduziu os sinais clínicos,

melhorou a capacidade de exercícios e diminuiu o risco de deterioração clínica da

insuficiência cardíaca.

A CMD, como se trata de uma doença sem cura e de evolução gradual,

geralmente culmina com o óbito do paciente. Apesar disso há cães que sobrevivem

por diversos meses e a rápida evolução da doença depende de características

idiossincráticas, devendo o prognóstico ser considerado individualmente.

Page 50: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

50

4.3 INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA

4.3.1 Introdução

Segundo Ettinger e Feldman (2004), a insuficiência renal crônica (IRC), é a

doença mais comum em cães e gatos, e sua definição se caracteriza por

insuficiência renal primária (falência renal) que persiste por um período prolongado,

em geral de meses até anos. A IRC se caracteriza por lesões estruturais renais

irreversíveis que causam declínio progressivo das funções dos rins, que acarretam

alterações metabólicas. A IRC pode ser congênita, familiar ou adquirida em sua

origem e ocorre com maior frequência em pacientes idosos. Os pacientes com IRC

podem ter uma qualidade de vida, mesmo que nenhum tratamento possa corrigir as

lesões renais, as conseqüências metabólicas e clínicas podem ser minimizadas com

a realização de tratamento sintomático e de suporte.

4.3.2 Anatomia renal

Os rins são órgãos pares que vão desde a região lombar cranial até o

segmento intratorácico da cavidade abdominal, sob as últimas costelas. Apresenta

forma semelhante a um grão de feijão na maioria das espécies animal, como o cão e

o gato. Apresenta região cortical e medular, sendo que a cortical renal se caracteriza

como superficial, e a medular, renal profunda. A medula contém as arteríolas e as

vênulas retas, que são fundamentais na reabsorção de fluídos e das substâncias

dissolvidas desde a urina primária, cujo êxito está na dependência dos segmentos

do néfron, sendo essa mesmo a unidade funcional do rim. Os néfrons alargam- se

nos seus segmentos proximal e distal que se situam junto ao glomérulo, sendo suas

respectivas funções a formação e a eliminação da urina. O ureter é um tubo

muscular que conduz a urina até a vesícula urinária. (KONIG e LIEBICH, 2006).

4.3.3 Fisiologia renal

Os rins são importantes na manutenção da homeostase. Os rins têm como

principais funções a eliminação de substâncias indesejáveis do metabolismo, pela

função reguladora controlam o volume e a composição de fluidos corporais e pela

função endócrina, é responsável pela ativação da vitamina D (calcitriol), pela

produção de eritropoetina, renina, prostaglandinas, cininas, além do sítio de atuação

Page 51: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

51

de outros hormônios como o paratormônio (PTH), vasopressina e aldosterona

(CASTRO, 2005).

4.3.4 Epidemiologia

A IRC pode ocorrer em qualquer idade em cães e gatos, embora seja

considerada doença de cães idosos. A idade média do diagnóstico é de sete anos

para os cães e 7,4 anos para os gatos (ETTINGER e FELDMAN, 2004). Observa-se

em raças com predisposição genética (SILVA et al.,2008).

4.3.5 Etiologia

Difícil determinar a causa da IRC, ao contrário da IRA. Devido à

interdependência dos componentes vasculares e tubulares do néfron, o resultado

final é uma lesão irreversível ou tubular. Existe uma heterogeneidade morfológica

entre os néfrons no cronicamente doente, com alterações variando da atrofia grave e

substituição de tecido fibroso cicatricial a grande hipertrofia. Em estudos recentes

demonstraram que doenças glomerulares primárias se constituem a maior causa de

IRC em cães, entre outras como doenças imunológicas como o lúpus eritematoso

sistêmico, neoplasia, causas inflamatórias ou infecciosas como a pielonefrite,

leptospirose ou idiopático. (COUTO e WARE, 2006).

4.3.6 Fisiopatologia

Através da produção de urina, o rim excreta toxinas e subprodutos do

metabolismo de proteínas. Porém quando há perda da função renal gera-se a

impossibilidade de realizar os processos fisiológicos normais, ocasionando em uma

azotemia, que é o acúmulo de produtos nitrogenados do metabolismo celular,

caracterizado por valores muito altos da bioquímica renal, com aumento da uréia

sanguínea e creatinina sérica. No entanto, em casos mais graves, a uremia pode vir

a ocorrer manifestando esta azotemia, com sintomatologia clínica de uma

insuficiência renal e perda crítica de néfrons funcionais (ROLIM et al; 2007) citado

por (SILVA et al; 2008). Os componentes da síndrome urêmica, incluem

desequilíbrio hídrico e de sódio, anemia, intolerância ao carboidrato, distúrbios

neurológicos, distúrbios de trato gastrointestinal, osteodistrofia, incompetência

imunológica e acidose metabólica (Couto e Ware 2006). Esta quando néfrons

remanescentes tem maior capacidade de excretar íons hidrogênio através da

Page 52: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

52

produção de amônio, até a hora que a acidose crônica se instala. O excesso de íon

amônio produzido por néfron está relacionado à progressão das lesões renais, pois

promove a ativação do complemento, desencadeando o processo inflamatório e a

lesão túbulo intersticial.

A acidose metabólica acarreta maior excreção de potássio, que pode

causar lesões renais, e aumento do catabolismo protéico que resulta em balanço

nitrogenado negativo e conseqüentemente agrava a acidose. Os rins funcionam

como órgãos endócrinos, e quando acontece a diminuição da função renal, ocorre

retenção de fósforo (hiperfosfatemia), hipocalemia e déficit de vitamina D (calcitriol)

cuja produção é dependente da enzima 1 alfa hidroxilase produzida exclusivamente

pelo rim. A hiperfosfatemia pode induzir a hipocalcemia. A hipocalcemia é resultante

da menor absorção intestinal de cálcio consequente ao déficit de calcitriol. Sendo

que todas essas alterações metabólicas responsáveis pelo desenvolvimento do

hiperparatireoidismo renal secundário encontrado na IRC. No paciente com IRC, a

anemia decorre principalmente da diminuição da produção de eritropoetina pelo rim.

Outro fator que contribue para a anemia incluem a ação do PTH (CASTRO, 2005).

4.3.7 Sinais clínicos

Nos cães as manifestações mais precoces observadas na IRC são a

polidipsia, poliúria, noctúria, de intensidade variada que ocorrem quando tem

comprometimento de cerca de uma maior parte do parênquima renal e quando há

perda da capacidade de concentração urinária (NICHOLS et al; 2001). Outras

alterações clínicas observadas em pacientes nefropatas crônicos são hiporexia,

vômito, emagrecimento progressivo, intolerância ao exercício, mucosas hipocoradas

e pelagem sem brilho. Sinais de infecção urinária como disúria e hematúria podem

estar presentes (CASTRO, 2005). Os sinais clínicos característicos na síndrome

urêmica são oligúria ou anúria, polidpsia, desidratação, vômito, odor de hálito

urêmico, úlceras em cavidade oral, necroses linguais, palatinas, gengivais,

convulsões, fasciculações e diarréias (SENIOR, 2001). Em casos de paciente com

IRC avançada pode ocorrer disfunção do sistema nervoso, como apatia, sonolência,

tremores, desequilíbrio na ambulação, convulsões, estupor e coma (MACIEL e

THOMÉ; 2006) citado por (LANIS et al , 2008).

Page 53: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

53

4.3.8 Diagnóstico

O diagnóstico é realizado através da observação dos sinais clínicos, do

histórico do animal, e dos achados laboratoriais, como a bioquímica renal, que

mensura a uréia sanguínea e a creatinina sérica (CHEW et al , 2003) citado por

(SILVA et al, 2008). Um paciente assintomático ou com sinais inespecíficos, deve

ser levado em consideração principalmente os pacientes idosos, diante disso é

importante utilizar a consulta anual de rotina, comumente realizada em qualquer

paciente, para avaliar a função renal.

A divisão clássica da disfunção em pré renal, renal e pós renal deve ser

sempre observada na realização do diagnóstico, mas não existe um teste de função

renal para avaliar essa distinção. (FINCO et al, 1995) citado por (LANIS et al; 2008)).

A urinálise fornece dados importantes, como a densidade urinária, quando

interpretada em conjunto com as alterações clínicas, bioquímicas, e o estado de

hidratação do paciente. (CASTRO, 2005). Na doença renal crônica a incapacidade

da concentração urinária ocorre quando há dois terços da perda da função renal.

Segundo Tilley e Smith (2008), a azotemia pré renal caracterizada por densidade

urinária maior que 1.030 nos cães. Azotemia de origem renal quando há qualquer

doença renal com dano glomerular que possa causar dimuição da taxa de filtração

glomerular (STOCKHAM et al ; 2003 e SCOTT et al; 2003) citado por (Lanis et al,

2008). Segundo Tilley e Smith (2008), a azotemia pós renal caracterizada por

azotemia com obstrução ou ruptura do sistema excretor.

Isostenúria é a densidade urinária semelhante a do filtrado glomerular, entre

1.008 e 1.012, e caracteriza a incapacidade do rim em concentrar a urina.

Densidade urinária inferior a 1025 em cães associada a outras alterações clínica

laboratoriais, pode indicar capacidade do rim em concentrar a urina. Na urinálise

pode ser observada proteinúria e deve ser interpretada com base na densidade

urinária da amostra de urina. Outros testes para detecção da IRC pode ser o teste

de microalbuminúria, que pode indicar sinais de lesão glomerular que ocorre durante

as fases iniciais de lesão crônica em cães e no homem. (CASTRO, 2005). Exames

complementares como hemograma, radiografia, ultrassonografia, e biópsia renal

estão entre os testes a serem realizados no diagnóstico da enfermidade. (MACIEL e

Page 54: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

54

THOMÉ , 2006). Pode ser realizado radiografia abdominal simples ou contrastado,

como a urografia excretora, aferição da pressão arterial (MEDEIROS, JÚNIOR et al,

2005) citado por Silva et al (2008). Outros testes podem ser usados como a

dosagem de eletrólitos, importantes para detectar a hiperfosfatemia e hipocalemia,

hemogasometria, e dosagem de cálcio ionizado que também podem ser úteis na

avaliação do paciente renal (CASTRO, 2005). Alterações observadas

frequentemente em pacientes com IRC, é a anemia não regenerativa, normocítica e

normocrômica.

4.3.9 Achados da Necrópsia

Segundo Tilley e Smith (2008), os achados macroscópicos são: rins de

tamanho pequeno com superfície nodular ou granular; a cápsula renal

frequentemente adere ao parênquima renal. Achados histopatológicos com

frequência inespecíficos, nefropatia generalizada crônica ou rins no estágio terminal,

achados são específicos para doenças que causam IRC em alguns pacientes.

4.3.10 Tratamento

O diagnóstico precoce e o início do tratamento adequado propiciam mais

tempo e qualidade de vida para o paciente com IRC. (CASTRO, 2005). Como

formas de tratamento, há a terapia específica visando à causa primária de lesão

renal; e a terapia conservativa que consiste no tratamento sintomático do paciente.

O tratamento específico pode ser resumido na utilização de antibióticos, remoção

cirúrgica dependendo da gravidade da doença, administração de medicamentos

inibidores da enzima conversora de angiotensina e os bloqueadores de canais de

cálcio (ANDRADE et al, 2002). Pode ser realizado tratamento suporte de

fluidoterapia, terapia homeopática e terapia nutricional (MARTINS et al, 2003).

Algumas alternativas como a hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal

resultam na manutenção dos pacientes com boa qualidade de vida durante meses.

O elevado custo de elevadas técnicas continua sendo um fator limitante para a sua

utilização, tanto em clínicas como hospitais veterinários. (MACIEL e THOMÉ 2006)

citado por Silva et al, (2008).

O paciente com IRC dependerá da terapia-direta e acompanhamento médico

e laboratorial permanentemente. É necessário que o proprietário esteja disposto a

Page 55: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

55

acompanhar e a tratar o animal diariamente. O manejo nutricional desses pacientes

inclui a utilização de dietas com restrição de fósforo, que possuem quantidades

reduzidas de proteínas de alto valor biológico, restrição de sódio, melhor relação de

ácidos graxos polinsaturados, Ômega 3 e 6, suplementação de vitaminas do

complexo B e maior densidade calórica e de fibras. Há várias dietas terapêuticas

disponíveis formuladas para o paciente nefropata crônico. Em pacientes com gastrite

e com hiporexia e vômitos devem ser administrados bloqueadores de receptores H2

como ranitidina e famotidina. Em casos mais graves, utilizam-se os inibidores da

bomba de próton com o omeprazol. Havendo ulcerações, hematoemese, a utilização

de sucralfato é indicada. (CASTRO, 2005).

É um problema relativamente comum em pacientes renais, determinar o

conteúdo de ferro na medula óssea por meio de coloração específica, é útil para

avaliar a reserva corpórea de ferro e identificar problemas que não identificados

pelos níveis séricos de ferro ou pela saturação de transferrina, para suprir a

demanda de eritropoiese, sendo útil na avaliação de pacientes durante os períodos

de eritropoiese aumentada, como durante o tratamento com a Eritropoetina

recombinante humana (rHuEPO). Pode ser prescrita a suplementação oral com

sulfato de ferro para casos de anemia por deficiência de ferro e para a prevenção da

eritropoiese na presença de deficiência de ferro em pacientes que estão iniciando o

tratamento de reposição de eritropoetina. A terapia de reposição hormonal com o

uso de rHuEPO tornou-se o tratamento de escolha para pacientes com IRC, que

apresentam valores de hematócrito abaixo de 20% e sinais clínicos atribuíveis à

anemia. A administração de rHuEPO causa aumento dependente da dose no

hematócrito. A terapia com administração de eritropoetina para a correção do

hematócrito pode levar de duas a oito semanas. Dependendo da gravidade da

anemia, o paciente necessitará de transfusão sanguínea. O tratamento com

Calcitriol, que devido à redução da produção de calcitriol, em pacientes com IRC,

uma importante consequência é o hiperparatireoidismo secundário renal. Ettinger e

Feldman (2004).

Segundo Birchard e Sherding (1998), os andrógenos têm sido usados em terapia

com pacientes humanos com IRC, mas seu uso não foi avaliado nos pequenos

Page 56: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

56

animais, e em geral deve ser administrado vários meses antes de ocorrer um efeito

benéfico.

4.3.11 Prognóstico

Segundo Tilley e Smith (2008), o prognóstico em curto prazo: depende da

gravidade, longo prazo: reservado a mau, porque a IRC tende a ser progressiva por

meses a anos. Lembrando que quanto mais cedo, a terapêutica adequada for

instituída, maiores serão as possibilidades que o paciente terá de sobreviver e

manter uma qualidade de vida. (CASTRO, 2005).

Page 57: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

57

4.3.12 Caso Clínico 1

Insuficiência Renal Crônica

Nome: Bebê

Espécie: Canina

Raça: Sem raça definida

Idade: 4 anos

Sexo: Macho

Peso: 23 Kg

FIGURA 17 - PACIENTE DURANTE CONSULTA

Anamnese

Há uma semana o cão está com hiporexia, fraqueza, apetite seletivo para comidas

caseiras e fezes pastosas e enegrecidas. Responsável administrou diclofenaco

sódico (Cataflam) por um dia (SID).

Page 58: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

58

Exame Físico

O paciente apresentava edema de membros pélvicos, taquicardia,

linfoadenomegalia submandibular. Foi observado no exame físico que a urina estava

muito clara.

Exames Laboratoriais

Foram observadas alterações significativas nos índices hematimétricos,

como anemia não regenerativa, azotemia renal, diminuição nos parâmentros de

albumina e cálcio. Na urinálise observou-se proteinúria, hemoglobinúria e

isostenúria. As alterações no hemograma e bioquímico seguem no quadro 1 e 2. .

QUADRO 1- ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS

Hemograma Valor

encontrado

Valores

normais

Hemácias 1,18 5,5-8,5

Hemoglobina 2,5 g/dl 12-18

Hematócrito 7,6% 37-55%

VCM 64,6% 60-75

CHCM 32,8% 31-37

QUADRO 2- ALTERAÇÕES NOS EXAMES BIOQUÍMICOS

Substância

quantificada

Valor

encontrado

Valores

normais

Creatinina 4,0 mg /dl 0,5-1,5 mg/dl

Uréia 127,2 mg/dl 12-25 mg/dl

Cálcio 7,1 mg/dl 8,6-11,2

mg/dl

Albumina 1,3 g/dl 2,3 – 3,8 g/dl

Page 59: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

59

QUADRO 3- ALTERAÇÕES NA URINÁLISE

Substância Valor encontrado Valor referencial

Densidade Urinária 1.011

>1030

Tratamento

Prescrito a terapia de fluidoterapia suporte com solução de 500 ml de ringer

com lactato, KCL 10 %, ranitidina 2,2 mg /kg via subcutânea a cada 8 horas (TID),

até novas recomendações do médico veterinário . O paciente estava agitado e

agressivo, sendo necessário a continuidade do tratamento em casa, com

fluidoterapia por via subcutânea com solução fisiológica 0,9 %, 500 ml e de

preferência 2 vezes ao dia (BID). Responsável foi orientado sobre a ração nefropata

ou dieta caseira para paciente com IRC, como arroz com peito de frango.

Como recomendação, foi prescrito o tratamento com a administração da

Eritropoetina Recombinante Humana 100 U/kg, sendo administrados 0,63 ml via

subcutânea na primeira aplicação. Na segunda aplicação (na outra semana)

hematócrito de 10,5% foi administrado à mesma dosagem de eritropoetina. Prescrito

o tratamento com Hemolitan, 01 comprimido para 5 kg por via oral, uma vez ao dia

(SID), até novas recomendações. Na semana seguinte, na terceira aplicação de

eritropoetina 100 U/ kg, 0,5 ml por via subcutânea e o hematócrito subiu para 21%.

Animal com emagrecimento progressivo, peso 19,5 kg. Após sete dias, o

animal começou a piorar e durante o internamento os sinais clínicos que foram

observados: anorexia, vômito, melena. No exame físico observou-se atrofia muscular

generalizada, mucosas pálidas e sangramento gengival. Recomendado exames

laboratoriais, e como resultado hematócrito de 9 %. Durante o internamento foi

administrado dipropionato de imidocarb, devido às suspeitas de hemoparasitoses,

mas a responsável não permitiu novos exames para confirmar o diagnóstico, e foi

recomendado suplemento de ferro, doxiciclina 10 mg/kg, 4,7 ml por via endovenosa

a cada 12 horas (BID) e cefalin 50 mg/kg, 2,8 ml via endovenosa a cada 8 horas

Page 60: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

60

(TID). Necrópsia: Constatou que a medula óssea em boa parte não estava

produzindo células vermelhas conforme (FIGURA 19). Observou-se na (FIGURA 20

e 21), cortical estreitada.

Page 61: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

61

FIGURA 18- AVALIAÇÃO DA MUCOSA ORAL PÁLIDA (SETA)

FONTE: REIS, (2009)

FIGURA 19 – HIDROPERICÁRDIO. A SETA DEMONSTRA FLUÍDO

PERICÁRDIO (diminuição de albumina)

FONTE: REIS , (2009)

Page 62: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

62

FIGURA 20- ASPECTO DA MEDULA ÓSSEA DO PACIENTE, UMA

PARTE SIGNIFICATIVA, NÃO ESTAVA PRODUZINDO

CÉLULAS VERMELHAS (SETA BRANCA). COMPARAÇÃO

AO LADO COM OUTRA MEDULA ÓSSEA (SETA AMARELA),

SEM ESTA ALTERAÇÃO

FIGURA 21- ASPECTO MACROSCÓPICO DA MEDULA ÓSSEA (SETA)

Page 63: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

63

FIGURA 22- CORTICAL ESTREITADA (SETA)

FONTE: REIS ( 2009)

FIGURA 23- SIGNIFICATIVA PALIDEZ NOS RINS (SETA)

FONTE: REIS (2009)

Page 64: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

64

4.0 Caso Clínico 2

Nome: Lana

Raça: Pitbull terrier

Sexo: Fêmea

Idade: 10 anos

Peso: 30 kg

Anamnese

Paciente começou a apresentar os sinais clínicos de apatia, fraqueza,

cansaço fácil e apetite seletivo há mais ou menos vinte dias. Proprietária informou

que apresentou um vômito há cinco dias. Oligúria há 3 dias. Paciente castrada

apresentou neoplasia mamária, sendo realizado o procedimento de mastectomia há

3 anos. Vacinação ética e em dia.

Exame Físico

Observado a obesidade do paciente e linfonodo poplíteo direito estava

aumentado.

FIGURA 24- PACIENTE DURANTE CONSULTA

Page 65: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

65

Exames Laboratoriais:

Foi solicitado: hemograma completo e os bioquímicos, uréia, creatinina,

fosfatase alcalina, proteína total, albumina, glicose e urinálise.

Alterações laboratoriais:

Observou-se alterações no hemograma, como o hematócrito de 19,1%,

Creatinina 6,35 mg /dl, Uréia 127 mg/dl, albumina 2,1 g/dl , densidade urinária de

1015, hemoglobinúria e proteinúria. (Valores referenciais Quadro 4).

QUADRO 4- ALTERAÇÕES NO HEMOGRAMA

Hemograma Valores

encontrados

Valores de

referência

Hemácias 2,89 5,5-8,5

Hemoglobina 5,9g/dl 12-18

Hematócrito 19,1% 37-55%

VCM (f/L) 66,4 60-75

CHCM 32,8% 31-37

Tratamento

Solicitado termo de internamento, com fluidoterapia suporte com solução

fisiológica de 0,9%, de 500 ml. Paciente com hiporexia e diurese. No dia seguinte,

foi realizado novo exame de sangue e com resultado, creatinina 4,25 mg|dl.

Alterações observadas durante o internamento: ascite e dispnéia.

Exame de ultrassonografia e radiografia

Os rins apresentaram hiperecogenicidade. No exame radiográfico observou-

se efusão pleural.

Page 66: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

66

Recomendou-se a aferição da pressão arterial sistólica pelo método indireto

de Doppler, sendo realizado esse procedimento três vezes e como resultado PA de

210 mmHg. .Valores normais não deve exceder 180mmHg . (FIG 24)

Tratamento a ser realizado pelo responsável da paciente:

Benazepril 0,5 mg /kg por via oral a cada 12 horas (BID) por um período de

10 dias , furosemida 2mg/kg por via oral a cada 8 horas (TID), por um período de 5

dias e enrofloxacina 5 mg /kg por via oral a cada 12 horas, (BID) durante 10 dias.

Prescrito dieta para nefropata. Retorno para uma semana. Recomendado dosagem

de Eritropoetina

FIGURA 25- PACIENTE DURANTE O PROCEDIMENTO DE AFERIÇÃO DA

PA PELO MÉTODO INDIRETO DE DOPPLER

Exame Laboratorial: Solicitado Dosagem de Eritropoetina por método

Quimiluminescência (valores referenciais quadro 5) .

Substância Valor

encontrado

Valores

normais

Eritropoetina 2,4 m U/mL 5-35 m U/mL

Page 67: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

67

4.1 Discussão

Segundo dados da literatura, os pacientes chegaram ao HV- UEL, com

sinais clínicos compatíveis com a insuficiência renal crônica, polidipsia, poliúria, e

achados laboratoriais como anemia não regenerativa. O primeiro paciente

apresentou má condição corpórea e perda de peso associado aos outros sinais

clínicos. O tratamento realizado foi instituído pelo período adequado, em ambos os

casos clínicos. A recomendação de manejo dietético para nefropata não foi

efetuado, sendo um tratamento dietético comprovadamente benéfico, pois reduz os

sinais de uremia, previne a progressão da IRC e aumenta o tempo de vida nos

pacientes. No primeiro caso clínico devido a dificuldades apresentadas, foi realizado

somente a administração de Eritropoetina, não sendo feita a dosagem de

Eritropoetina, (três aplicações com 100 Ukg), e a literatura recomenda doses de 35-

50 U mg |kg kg três vezes por semana a 400U|Kg por semana, por via subcutânea

ou intravenosa, como objetivo, de ajustar a dose do hematócrito para 30 a 35%. A

anemia não regenerativa observada em caninos com IRC é resultante de uma

combinação de produção diminuída de eritropoetina, menor sobrevida das

hemácias, perda de sangue no trato gastrointestinal, e efeitos das toxinas urêmicas,

como o PTH sobre a eritropoiese.

A quantidade de urina excreta durante o dia varia com a dieta, atividade,

temperatura externa, consumo de água, estação, entre outros fatores. A densidade

da urina varia com a proporção relativa de substância dissolvida e água. Em geral

quanto maior o volume, menor a densidade.

No segundo caso clínico, foi constatado hipertensão arterial pelo método de

Doppler, mensuração da pressão sanguínea sistólica, indicado pela literatura.

Entretanto usando métodos Doppler de mensuração de pressão sanguínea, é difícil

obter pressões diastólicas confiáveis. A pressão sanguínea sistólica constitui

evidência de hipertensão arterial, independente dos valores diastólicos de pressão.

O aumento da pressão arterial é uma complicação comum em cães com IRC. Vários

mecanismos estão relacionados, incluindo a ativação do sistema renina-

Page 68: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

68

angiotensina- aldosterona e a diminuição da capacidade renal na excreção de sódio,

que podem estar relacionados com a hipertensão arterial.

A hemodiálise, como tratamento, é um recurso disponível em alguns lugares

do Brasil, podendo ser utilizada para a estabilização do paciente nos episódios de

crises urêmicas ou, em casos mais graves, para manutenção da vida de pacientes

que não respondem mais ao tratamento conservativo, principalmente se houver a

posssibilidade de transplante renal. Após o transplante, a hemodiálise pode ser

usada, para dar suporte aos pacientes durante episódios de rejeição aguda do

transplante.

A diálise peritoneal é considerada um procedimento relativamente simples

que remove toxinas do organismo, pode favorecer a infecções ou rejeições mediante

a implantação de catéter peritoneal. O dialisado é infundido na cavidade abdominal e

por meio de transporte convectivo os catabólicos urêmicos e o excesso de fluído são

transferidos do plasma para equilibrar o dialisado através da membrana serosa

peritoneal. Sendo consideradas complicações não metabólicas, como processo

inflamatório na região do catéter, pode ocorrer deslocamentos do cateter, ou quando

o paciente apresentar obstipação intestinal, o estímulo ao peristaltismo, pode facilitar

o contato do catéter e melhorar a drenagem. As complicações não relativas ao

catéter incluem as hérnias, hemoperitôneo, dores abdominais, derrame pleural e

perda da capacidade de diálise. As complicações metabólicas incluem hiperglicemia,

hipercalemia, hipermagnesemia, hipoalbuminemia e persistência de uremia.

Page 69: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

69

5. Conclusão

O estágio curricular obrigatório tornou- se muito importante para a minha

formação acadêmica, pelo conhecimento que foi adquirido, pelo contato com os

residentes e professores, pela integração com o hospital escola e pela escolha

definitiva na área que desejo atuar, a de Clínica Médica de Pequenos Animais. O

hospital que realizei estágio possui uma casuística elevada e diversificada,

abordando vários casos clínicos e posterior evolução clínica do paciente. Tenho

certeza que há muito que descobrir e aprender na Medicina Veterinária, buscando

sempre o conhecimento na minha profissão.

Page 70: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

70

6 Referências

BAZAN C.H.; MONTEIRO M.E.; BISSOLI E.G.; Bras.Med Vet Zoot Fisiopatologia

da insuficiência cardíaca em cães; Revista Científica Eletrônica de Medicina

Veterinária São Paulo Garça.; v.07. n. 12 , 2009. Disponível em:

www.revista.inf.br/veterinaria/revisao/pdf/AnoVII-Edic12-Rev78.pdf. Acesso em 14

de maio.

BIRCHARD, SHERDING , .Sistema Cardiopulmonar. Manual Saunders---- Clínica de

Pequenos Animais. Ed. São Paulo : Roca., 1998

BIRCHARD, SHERDING , .Sistema Urogenital. Manual Saunders ------ Clínica de

Pequenos Animais. Ed. São Paulo : Roca., p. 906-910; 1998.

CASTRO M.C.N; Prolongando a vida do paciente com insuficiência renal crônica;

Bras. Revista Clínica Veterinária; vX. N. 58; 50-56, 2005.

ETTINGER, S.J.; FELDMAN E.C. Doença Miocárdica. In:- -----. Tratado de Medicina

Veterinária. V.I 5. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2004. p. 926-938

ETTINGER, S.J.; FELDMAN E.C. Insuficiência Renal Crônica In:- -----.Tratado de

Medicina Veterinária. V.II 5. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 2004. p.

1721-1749.

FRABETTI, K.A; Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização da UCB- PR

2008. P.33,35 e 36.

KONIG, LIEBICH , Órgãos do Sistema Cardiovascular. Anatomia dos Animais

Domésticos. V.II. Ed Porto Alegre: Artmed., 2004. P. 153-160.

KONIG, LIEBICH , Órgãos Urinários . Anatomia dos Animais Domésticos. V.II. Ed

Porto Alegre: Artmed., 2004. P 103- 118

LANIS; B.A; FONSECA A.L ROESLER; T; ALVES; A; LOPES; B; Avaliação

laboratorial das doenças renais em pequenos animais; Bras. Med vet ; Zoot; Pubvet

v 2; n. 28, 2008. Disponível em: http://www.pubvet.com.br/texto.php?id=280. Acesso

em 08 de maio de 2009.

Page 71: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

71

LOBO L.L.; PEREIRA R.; Cardiomiopatia dilatada canina ; Port. Revista Portuguesa

de Ciências Veterinárias; Hospital veterinário Porto., v 97. N.544 153-159, 2002.

Disponível em: http://www.jardinsdesofala.com/artigos/cardiomiopatia.pdf. Acesso

em 05 de maio de 2009.

MIORIN L.A; Complicações não infecciosas em diálise peritoneal ambulatorial

contínua; J Bras Nefrol, 2001 p. 234-237. Disponível em: http://www.jbn.org.br/23-

4/v23e4p234.pdf. Acesso em: 11 de maio de 2009.

MITIE, K.F. Registro fotográfico de exame radiográfico. H.V.UEL, maio de 2009.

MOTOMI M.K; KOGIKA M.M; KESAKI J.V.H; MONTEIRO; MARQUES M.L Estudos

retrospectivo em casos de insuficiência renal crônica em cães do período de 1999 a

2002; Bras Med Vet e Zoot.; São Paulo ; Braz J Vet Res v 43; p.12-22; 2006.

Disponível em: http://www.fumvet.com.br/novo/revista/43/suplemento/12-22.pdf.

Acesso em: 15 de maio de 2009.

MUZZI R.A.L.; ARAÚJO R.B.; MUZZI L.A.L PENA J.L.B.; Ecocardiografia em modo

m em cães normais da raça pastor alemão do canil da polícia militar do estado de

minas gerais; Bras. Ciência Rural Santa Maria v30 . n. 05. p 821-823, 2000.

Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-

84782000000500013&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 16 de maio de 2009.

MUZZI R.A.L; MUZZI L.A.L; PENA J.L.B NOGUEIRA R.B; Cardiomiopatia dilatada

em cão-relato de caso; Bras. Ciência Rural; Santa Maria v 30 n.02; p. 355-358;

2000. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cr/v30n2/a27v30n2.pdf. Acesso em 11

de maio de 2009.

MUZZI R.A.L.; HERRERA D.S.; FALCO I.R.; CAVALCANTI G.A.O.; Avaliação de

ritmo cardíaco em cães da raça Boxer saudáveis pela eletrocardiografia contínua

(holter); Bras. Med vet Zoot Minas Gerais Lavras.; v.58. n.01. p.133-

136,2006.Acesso em 12 de maio de 2009.

Page 72: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

72

NELSON, R; COUTO, C. Doenças Miocárdicas. In----- Medicina Interna de

Pequenos Animais. Porto Alegre:Elsevier., 2006. p. 103-110. NOGUEIRA R.B.;

Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abmvz/v58n1/28792.pdf. Acesso em: 15 de

maio de 2009.

NELSON, R; COUTO, C. Insuficiência Renal. In----- Medicina Interna de Pequenos

Animais. Porto Alegre: Elsevier., 2006. p. 590-597.

RANDALL, BURGGREN, FRENCH, Circulação. Fisiologia Animal. Ed Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan., 2000. P. 436.

REIS, A.C. Registro fotográfico de exame necroscópico. H.V.UEL, maio de 2009.

SANTOS JÚNIOR.; E.R.; MELO A.N.; WISCHRAL A.; Fisiopatologia da insuficiêcia

cardíaca congestiva e o uso de maleato de enalapril em cães; Bras. Cienc Vet. Trop

Recife- PE v.10.

n. 01 p.1-8 , 2007. Disponível em: http://www.veterinaria-nos-

tropicos.org.br/volume10/revisao1.pdf. Acesso em 15 de maio de 2009.

SCHWANTES V.C.; OLIVEIRA S.T.; Cardiomiopatia do Boxer; Bras. Revista Clínica

Veterinária; vXI. N.64; 48-56, 2006.

SILVA D; ROCHA F.B.C; BENEDETTE M.F; SANTOS D.A.N; COSTA E.A.A;

Insuficiência Renal Crônica em Cães e Gatos; Bras. Garça Revista científica

eletrônica de Medicina Veterinária FAMED., N. 11; 2008. Disponível em:

http://www.revista.inf.br/veterinaria02/artigos/artigo02.pdf. Acesso em: 16 de maio

de 2009.

TILLEY, L; SMITH, F. Consulta veterinária em Cinco Minutos----- Espécie Canina e

Felina 3 ed. São Paulo: Manole Ltda. 2008.p. 852-853.

TREVISAN R.V.; Diálise; Bras. São Paulo; 2007. Disponível em:

http://www.nefropet.vet.br/artigos/dialise.aspx. Acesso em: 19 de maio de 2009.

Page 73: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

73

TREVISAN R. V.; Fisiologia renal.; Bras. São Paulo; 2007.Disponível em:

http://www.nefropet.vet.br/artigos/fisiologiarenal.aspx . Acesso em 19 de maio de

2009.

ZAPPAROLI. A; Aspectos fisiopatólogicos da síndrome urêmica na insuficiência

renal crônica em cães; Bras. Rev acadêmica digital intellectus; n. 05, 2008.

Disponível em:

http://www.seufuturonapratica.com.br/intellectus. Acesso em 20 de maio de 2009.

Page 74: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - TCC On-linetcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/03/150335-cardiomiopatia... · Orientador: Prof. MSc. ... Dedico esse trabalho ao meu pai Robson,

74