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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA SILVIA APARECIDA DA ROCHA SONVEZZO INCLUS)i.O DO SURDO NO ENSINO REGULAR Curiliba 2003

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA

SILVIA APARECIDA DA ROCHA SONVEZZO

INCLUS)i.O DO SURDO NO ENSINO REGULAR

Curiliba

2003

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SILVIA APARECIDA DA ROCHA SONVEZZO

INCLusAo DO SURDO NO ENSINO REGULAR

Curitiba, 2003

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SILVIA APARECIDA DA ROCHA SONVEZZO

A INCLUsAo DO SURDO NO ENSINO REGULAR

Trab3.1ho de: Conclus..;:o de (ursa npresenmdo

como requisito p:nciill p:Utl. obte1wno d.,

Gmdu.,~J.o em Pedo.gogia. Licencilltum Picon,

da F:tculdade Cienci!ls HUl11JlUlS Letms e Artes

dl\ Uni\'ersid:\de Tuiuti do PnrJ.na.

Orientadora: Profes.sora: Sueti Corioll..

Curitiba2003

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tINIVERSIDADE TllJliTI DO PARANAFACtILI)ADE DE ClENClAS HliMANAS, LETRAS J<: ARTES

C(IRSO DE PEDAGOGIA

TERMO DE APROVACAO

NOME DO ALUNO: Sih'ia Apnrecida tin Rochn SOnVtZZil

TiTULO: Inc!us:1O do Surdo no Ensino Rrguin

TRABALH DE CONCLUSAO DE CURSO APROVADO COMO REQUISITO PARCIAL

PAR.t>. A OBTENt;:AO 00 GRAU DE LlCEN IADO EM PEDAGOGlA, URSO DE

PEDAGOGIA DA FACULDADE DE CrENCIAS HUMANAS. LETRAS E ARTES, DA

UNIVERSIOADE Turun 00 PARANA.

MEMBROS DA COMlSSAO AVALIADORA:

PR~OP Sueli Terezinha CorniolaOR ,'TADOR ,

......&,~o~AP..R- ,'Maria Helena Mor~tu) th1,at

~[E"'mRO DA BANC~ /1' I --PR F' JO{'ia.~~TOII1tlZpereirnMEMBRO rtl' BANCADATA: 22/1012003,

MtOlA: _q-,-,=,:5,--_CURITfBA- PARANA

2003

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Dedico a Deus par permitir que exista, a

professora par me encaminhar t~o

sublimemente, a meus familiares por

compreenderem minha aus(mcia.

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SUMARIO

RESUMO ............ iii

1.0 INTRODU<;:iio .

2.0 FUNDAMENTA<;:iioTEORICA ..

2.1 HISTORIA DA EDUCA<;:iio ESPECIAL

2.2 A DEFICIENCIAS E SUAS CARACTERISTICAS

. 1

. .4

..... .4

................ 6

.:.3 A ESCOLARIZA<;:iio INCLUSIVA DO SURDO 8

2.4 OS CAMINHOS DA EDUCA<;:iio ESPECIAL......... . 9

2.50 QUE Eo INCLUsiio SEGUNDO OS DOCUMENTOS OFICIAIS.. . 10

2.6 INCLUsiio: UMA QUESTiiO DE CONCEP<;:iio .... ....................... ..... 12

2.7 DECLARAciio DE SALAMANCA .

3 METODOLOGIA

4 ANALISE E DISCUssiio DOS RESULTADOS

5 CONCLUsiio .

..... 16

20

..... 21

..30

.32REFERENCIAS.

ANEXOS .. . 34

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RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo primordial deteclar a importancia da

inclusao do surdo no ensina regular no processo de educa<;:ao e na

interac;ao social. Para tanto, primeiro foi preciso analisar 0 processo de

aquisic;ao da linguagem pela crianc;a Quvinte, e 56 depois analisar os

aspectos que sa encontram a crianc;a surda. lazendO-S8 entao uma

preparayao da crianya Quvinte, para ela reeeba 0 surdo de forma ludica e

agradavel sem muito preconceita i550 tudo contribuira para que haja urn

melhor desenvolvimento da da personalidade e integrac;ao social crianc;:a

surda e a filosofias educacionais sabre todo 0 processo. Na histaria da

educayao do surdo. urn dos grandes dilemas dos profissionais anvolvidos

tern side a inclusao e de qual metodologia sugerir, a lim de maxlmizar 0 seu

aproveitamento e desenvolvimento. A aceitac;ao da inclusao tern levado

profissionais estudiosos do assunto a assumirem opinioes, muitas vezes.

totalmente opostas e radicais. Este problema nao 58 circunscreve a

realidade brasileira, mas sim a realidade educacional do surdo em todo

mundo. A corrente oralisla acredita na inclusao na normalizayao. preconiza

a interalfaO e 0 convfvio dos surdos com os ouvintes, valorizando a

inclusao, nao aceitando 0 fato de 0 indivfduo surdo ser di'erente. de

pertencer a uma cuUura diferente. Por outro lado. os defensores da nao

inclusao afirmam que 0 surdo. ao adquirir espontaneamenle a Lingua de

Sinais, no convivio com seus pares. tern amphado suas possibilidades de

aquisilfao de conhecimentos e desenvolvimento social e emocional. Tendo

a sua Lingua valorizada. a tendlmcia e 0 surdo ter sua auto-85lima

elevada:corn isso. e mais provavel que ele tenha a lutar politicamente e

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socialmenle pelos seus direilos. enquanlo que a minoria sa be se comunicar

com 0 surdo. Como ponto de partida pra urn reflexao mais ampla. sao

descrilos algumas metodologias usada na inclusao como na Italia, Franya.

sem perder de vista que a realidade brasileira e muito diferente. A inclusao

do surdo no ensino regular. como proposta educacional aceitar Deficiente

Auditivo buscando meios de tornar eficaz a ensina das pessoas com

necessidades educativas especiais. A eliminayao, a abandono e a reclusao

nao fazem mais parte da vida das pessoas com deficiencia. Comeyando a

serem respeitados os direitos das mesmas.

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1.0INTRODUc;:Ao

A educa((ao inclusiva e urn processo em andamento sem voila, que naD

S8 constitui uma ameac;a, e sim retrata 0 result ado de urn processo social e

hist6rico do individuo com necessidades educativas especiais. Par 5i 56, a

inclusao e vista como uma viloria, pois durante centenas de anos os indivfduos

especiais ficararn a margem da 50ciedade, passiv~s em seu destin~. De

pequenas conquistas ate chegar a esle processo interativQ, os deficientes

estiveram sob a 61ica social, poHtica e religi05a de exclusoes. Houve

esquecimentos, indiferenya e hostilidades. Atitudes crueis de segregayao.

A convivencia com a minoria, com 0 diferente, com 0 desconhecido,

incomodava a sociedade e merg!Jlhava no descaso praticas educativas

especiais que eventualmente emergissem.

S6 recentemente emergiu na consciemcia social a prevalencia aos

direitos do cidadao. 0 re5gate destas relayoes deveu-se, em parte, a iniciativas

isoladas oficiais ou particulares que sensibilizaram e direcionaram lideranc;as it

promoc;:ao de medidas educatill8s especiais. Servic;:os de atenclimento especial

com 0 manto assistencialista OLi protecionista deram ao deficiente, 0 carater de

sujeiyao social. Foram procedimentos exagerados que demoraram a ser

desvencilhados e s6 sob a forma de leis, puderam ser redirecionados a

principios mais integradores.

A ausencia de uma Politica Nacional para a Educayao Especial deixou

sem linhas de ayao igualititrias e consoantes aos movimentos s6cio-

educacionais mundiais. Apesar do carater pedagogico, as escolas careciam de

indicadores para as suas modalidades e::;pecificas de atendimento.

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Com a avanc;:o das ciencias, as varias deficiencias ja podem ser

diagnosticadas antes mesmo do nascimento e tratadas. Alem dissa, a

educayao especial ganha urn importante reforc;:o da pSicologia, da genetiea, da

pedagogia e da assistemcia social.

Uma das colaborac;:6es da pSicologia e a diagnoslieo de QUDeiente

lntelectual (Q.I.). Com esle teste e passfvel quanlificar 0 desempenho de urn

determinado aluno em relar;:ao a media de crianyas com igual idade.

A genetica contribui com a analise dos casos, mostrando as

probabilidades de ocorrencia das deficiencias heredilarias, e fazendo 0

aconselhamenlo genetico para cada casa.

Na pedagogia, desenvolveram-se metados e tecnicas para facilitar a

ensino e a aprendizagem dos alunos, principalmente dos especiais.

E por tim, a assistencia social contribui com a ajuda ao aluno deficiente,

incluindo, principalmente a sua familia em todo contexto escolar.

Nao se pode esquecer da tisioterapia e da educac;ao fisica, que buseam

!razer a reabilitar:;:8.ofisiea, como tam bern a recreaC;3o e a intera<;:ao social.

Com estes segmentos, as pessoas com necessidades educativas

especiais podem ter rna is seguranya e amparo em lodos os setores da sua

vida, principalmenle no momenta escolar.

Apesar de todo 0 enlendimento e da necessidade da inclusao, percebe-

se a importancia dos diferentes procedimenlos de acordo com cada area de

deficiencia. A ulilizalfao dos metod os e tecnicas de maneira generalizada

possivelmente nao cumprira as determinaq6es de lodos os documen!os

nacionais e internacionais que protegem as pessoas com necessidades

educativas especiais. Um dos rnais importantes document os e a Oeciaray8o de

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Salamanca, que tem como objetivo principal a EDUCA<;:iiO PARA TODOS.

Nesta declarayao toda e qualquer crianya, incluindo as deficientes, devem ter

acesso as escolas regulares. a Brasil esla seguindo esle documento de forma

integral, sem fazer os devidos ajustes no sistema educacional para que ele

possa busear a tao sonhada igualdade na opor1unidade de aprender.

Os alunos portadores de deficiencia audit iva sao os mais prejudicados

com essa fase de implantayao da educayao inclusiva, pais eles precisam. al8m

dos procedimentos especificos, de uma forma de comunicayao eOciente do

professor ou de urn instrutor que traduza tudo para LIBRAS ( Lingua Brasileira

de Sinais ).

Oeste modo, 0 objetivo do presente estudo foi verifiear S8 existe

compatibilidade entre 0 que vem sen do feito a respeito da inclusao de

cleficientes auditivos e as normativas explicitadas na Oeclaraqao de Salamanca

(1994).

as resultados relevantes poderao contribuir a Educayao tanto Especial

quanto a Regular.

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2.0 FUNDAMENTAr;iio TEORICA

2.1 HISTORIA DA EDUCAr;iiO ESPECIAL

A negligencia, as maus tratas, a crueldade e as atrocidades foram

mareantas para a segregay.3.o das classes de deficientes. Estes, par muito

tempo, fica ram a margem da sociedade, nao sando reconhecidos au entao,

tidos como aberrac;:oes.

Oesde 0 tempo Espartano, babes com deformidades fisicas au

deficiimcia mental eram simplesmente eliminados, pois naquela epoca as

ideals eram de pessoas fortes, saud ave is, com corpos atleticos como

verdadeiros guerreiros.

Do perfodo da Renascen<;a ate ao lIuminismo, moralmente, as pessoas

com algum tipo de deficiimcia foram ganhando seu espac;:o de reconhecimento,

mas naG Ihas era concedido a igualdade civil dos demais cidadaos.

Depois de urn longo tempo, comer;:aram a sLJrgir institLli<;:6es que

abrigavam e cuidavam dessas pessaas. A atua<;:aa de algumas igrejas e

conventos era mais no sentido de dar-Ihes assistencialismo, caridade e

prole,ao.

A primeira instituic;:ao a abrigar pessaas com deficiencia mental fai uma

colonia agricola na Belgica. Ista aconteceu somente no seculo XIII.

As feiticeiras, os adivinhos, as criaturas bizarras. as pessoas de habitas

estranhos e as com deformidades e defici~ncias, eram combatidas com

ensinamentos do livro Martelo das Bruxas, editado no secula XV.

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Foi a partir do seculo XVI que cornec;:aram a surgir instituic;oes que

tratavam apenas de deficiencias 8specfficas. Na Espanha, Pedro Ponce de

Le6n, adotou metodos e tecnicas onde se ensinava alunos surdos a falar, a ler

e a esc rever. lsso 58 difundiu por toda a Europa ate chegar ao SEkulo XVIII,

quando foi desenvolvido um idioma de sinais para deficientes auditivos.

A primeira instilui<;ao a prestar assistencia aos deficientes no Brasil foi a

Santa Casa de Miseric6rdia . IS50 ocorreu a partir de 1600.

Em 1787, um instituto para cegos foi fundado em Paris. Durante os anos

seguintes, varios estabelecimentos foram se espalhando ate chegar aos

Estados Unidos ,em 1832.

Somente depois do seculo XIX, na Franc;a, surgiram instituiyoes

dispostas a ensinar crian9as deficientes mentais.

Uma das principais educadoras que contribuiu muito para a crescimento

da educayao especial foi Maria Montessori. Ela criou a "auto·educa9ao"

utilizando materiais ate entao esquecidos. Sua principal atua9ao foi na 118.lia.

Ern 1848, nos Estados Unidos, apareceram as primeiras escolas-

residencia que amparavam todos os portadores de deficiencias por quase toda

a sua vida. Mas, no linal do seculo XIX, estas institui<;oes passaram a serem

vistas como lugares nao apropriados para 0 tratamento destas pessoas.

Por volta de 1900, as primeiras classes especiais apareceram

abrangendo quase tad as os tipos de deficiencia. Aos poucos a educay8.o

especial foi tornando suas caracterlsticas mais evidentes, proporcionando cad a

vez mais especializac;:6es e urn melhor atendimento aos portadores de

necessidades especiais.

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No inicio do seculo XX, cmos avanyos da medicina, pode-se conhecer

a fundo as defici ncias, quais sao suas causas, SlIRS caracteristicas ( sinais e

sintomas) e seus possiveis tratamentos.

Em 1948, corn a Declara,ao Mundial dos Direitos Humanos da ONU,

ficou estabelecido que deve haver igualdade de direitos para todos,

A Declarayao Mundial de Educal'ao para Todos, de Jomtien ern 1990,

abordoll a educa9ao especial de forme mais direta.

Em 1994, realizou-se em Salamanca, na Espanha, A Conferencia

Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, na

qual foram discutidas formas para encarninhar a educar;ao especial.

A Declarac;ao de Salamanca foi apenas uma diretriz para que polfticas

nacionais sabre pessoas com necessidades eciucativas speciais fossem

criadas e pastas em vigor para alcan~ar a tao sonl1ada igualdade e qualidade

de atendilTlento.

A partir deste momento, os paises signatarios buscaral11 rneios de

tornar eficaz 0 en sino das pessoas com necessidades educativas especiais. A

elimina9Bo, 0 abandono e a redusao nao fazem mais parte da vida das

pessoas com d fici~ncia. Come~aram a ser IT1 respeitaclos os direitos das

rnesmas

2,2 A DEFICIENCIA AUDITIVA E SUAS CARACTERisTICAS

Para entender me Iller 0 processo de incllrsao do deficiente auditivo. enecessaria que se conhey3 0 que e e algumas das suas caractensticas.

Entao. a d fiei ncia 8L1ditiva caracteriz(l-se pale: "ausencia, dificuldade,

irlabilidade para ollvir sons especificos ( tons puros ), arnbientais ruidos

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familiares ), e as sons da fala humana ( tons complexos )".( STROBEL e DIAS,

1995 ).

Segundo a MEC ( 1994 ), a surdez pode ser ciassificada em surdez

condutiva e neurosensorial au mista. Na primeira, a lesao localiza-se em nivel

de orelha media a/au extema e caraeteriza-s8 pela perda ou diminuiyao da

capacidade de conduzir 0 sam ate a orelha interna. Na surdez neurossensorial,

a Iesao localiza-se em nivel de orelha interna e caraeteriza-s8 pela capacidade

de perceber a sam e, atingindo 0 aparelho vestibular, podera afetar 0 equilibria

corporal do indivfduD. E a ultima afeta, ao mesma tempo, a orelha media e a

interna.

Geralmente, as crianyas que tern surdez condutiva apresentam perdas

leves au moderadas 8, quando fazem a utiliza9ao de aparelhos, a vida torna-S8

normal. As perdas neurossensoriais comprometem rna is 0 desenvolvimento da

crianya.

Ainda segundo STROBEL e DIAS (1995), as niveis de perda auditiva

sao classificados em:

LEVE~26 a 40 dB

MODERADA~41a70dB

SEVERA~ 71 a 90 dB

PROFUNDA~ acima de 90 dB

(dB - decibel ( unidade de medida da inlensidade do sam)

o desenvolvimento do deficiente auditivo esta intimamente relacionado

com a fase do inicio da surdez, com a localiza98.o da lesao e a quantidade e

qualidade dos estimulos ( COUTO, 1985 ).

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No que diz respeito aos aspectos cognitivos, a comportamento verbal e

o mais prejudicado. A formayao de conceitos, sua generalizayao e abstrayao

apresentam dificuldades. tendo entao que transferir para a mem6ria visual.

(RIBAS, 1983 )

A deficiencia auditiva e considerada por muitos como um disturbio

';invisivel~. trazendo problemas emocionais como a relutancia em manter

contato, rigidez, imaturidade no ajuste social, isolamento, ansiedade para se

expressar e capacidade de concentrayao reduzida.

No desenvolvimento flsico e motor, nao ha nenhum responsavel direto

por deficits. Alem do mais, e corporalmente que a crian<;a se expressa,

temando como recurso de comunicaC;ao e de interac;ao social. Segundo

TSUZUKU e KAGA ( 1991 ), 0 desenvolvimento motor, na sua grande maioria,

56 e comprometido quando ocorre lesces no ouvido interno ( surdez

neurossensorial). 1550 se explica pel a menor quantidade de estimulos que

chegam ao cerebro.

2.3 A ESCOLARIZA<;AO INCLUSIVA DOS SURDOS

A inclusao de alguem em um grupo e dar a esla pessoa condic;ces para

que possa participar ativamenle das ideias e das atividades.

A ampliac;ao de oportunidades educacionais aos alunos surdos ,

mobilizou os sistemas de ensino da maioria dos pafses do mundo. Polfticas de

inclusao escudadas em bases legalislas, atrelam 0 ~direito de lodes" a uma

eficaz organiza<;:ao do sistema escolar. Cabe a eSle, oillar pedagogicamente

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cada aluno de forma diferenciada, mostrando assim estar apto para assegurar

estrategias de integrayaO e de inclusao em urn sistema esco[ar de qua[idade.

(BUENO ,2001 )

Esta perspectiva democratica de oportunidades, pede mudanyas.

Mudanyas que capacitem a escola a tornar-se polo catalisador de atitudes, e

gerador de estrategias e de atividades que promovam, alem da qualidade da

sua gestao inc[usiva, recursos eclucativos aplicados a re[a9.3.o familia, esco[a e

comunidade.

Os limites cia a9.3.0 de uma escola quanta a propor<;:.3.0 da tarefa

inclusiva, parece que nao se tornaram claros nestes primeiros an os de

experimento multidirecional.

2.4 OS CAMINHOS DA EDUCAC;:AO ESPECIAL DO SURDO

Cita96es de a . C . nos dao conla de padr6es de pensamento ace rca do

surdo fazendo interpretayaO enrijecida sobre a sua existencia e tendo 0 poder

sobre a sua vida ou marte, pore-m em algumas culturas eram, de certa forma,

protegidos.

Para Moises, "Nao 58 deve ma[dizer 0 surdo nem colocar obstacu[os

ante 0 cego" No Egito e na Persia, e[es eram consiclerados como enviados

dos cleuses e portanto, eram adorados.

No entanto, para Her6doto, os surdos assim ° eram por estarem sendo

castigados pe[os deuses para redimir os pecados praticados pe[os seus

antecessores. Em Esparta, Atenas e [talia, eram sacrificados.

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10

Os religiosos acreditavam que a falta de audi~ao impedia a aproxima9ao

com Deus e a entrada da fe.

Na Antiguidade e Idade Media, quase nada S8 fez pela educayao dos

surdos. A partir da Idade Modema, malados orais e manuais possibilitaram aos

surdos 0 acesso a algum tipo de aprendizado, de leitura e de comunic89ao.

Da Idade Modema ate a Idade Contemporimea surgiram lodos os

melados de comunicayao conhecidos atuairnente, fossem eles puros au

combinados. (RIBAS, 2001).

2. 5 0 QUE Eo INCLUsiio SEGUNDO OS DOCUMENTOS OFICIAIS

Com a pratica obrigatoria da educayao inclusiva, cabe distinguir a

diferen9a entre integra9ao e inclusao. Muitos professores ainda nao disp6em

de infofl1'lac;:oes para conceitualizar uma au Dutra. De comum entre inlegrayao e

inclusao, existe apenas a partilha do mesmo espa.yo flsico.

A integrayao e nada mais do que 0 processo de colocar urn aluno com

necessidades especiais dentro de uma sala de aula regular, sem que haja sua

participa9ao. Neste caso, 0 aluno simplesmente faz parte do todo, sem poder

interierir no aprendizado das outras crianyas e sem incomodar a professora. 0

aluno conta como incluido, mas na verdade esta exeluido das propostas de

atividades. ( BUENO, 2001 )

Segundo 0 Centro Nacional de ReestruturaC;30 e Inelusao Educacional

(MEC, 1994), inclusao significa promover a igualdade de oportunidades para

todo e qualquer educando, incluindo aqueles com deficiencias e que devam

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II

receber auxflio e apoio para desenvolver suas competencias e habilidades,

alcanyando uma educayao eficaz.

A inclusao e urn processo educacional que S8 tern par objetivo garantir a

capacidade da pessaa portadora de nec8ssidades educativas especiais, com

grande dinamismo e que envolva 0 educando, 0 professor, a escola, a familia e

a sociedade ( BASSEDAS, 1996 ).

Para SASSAKI ( 1997 ), inclusao e: "processo pelo qual a sociedade

adapta-se para poder incluir, em seus sistemas gerais, pessoas com

necessidades especiais 8, simultaneamente, estas S8 preparam para assumir

seus papeis na sociedade",

Ja para MARTINO ( 1999 ), a edllca,ao inclusiva tern 0 objetivo de

construir uma sociedade, e que lodos lenham 0 mesmo tratamento, produzindo

em prol de uma sociedade, e principalmente, fazer perceber que diferentes

crianyas podem aprender juntas.

E MANTOAN ( 1997 ), completa dizendo que a inclusao muda a

perspectiva edllcaeional, e deve trabalhar juntamente do aluno os professores,

pais e, inclusive, pessoal do administrativ~ para que haja sueesso na

educayao como urn todo.

A incillsao enfim, e uma via de duas maos, onde haja troea e 0 trabalho

reverta-se a lim de dar oportunidade a lodos e que nao signilique apenas a

estar em um grupo, mas fazer parte ativa dele.

A intenyao da proposta inelusiva e exeelente, mas como fiearao as

resultados?

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"

2.6 INCLUsAo: UMA QUESTAO DE CONCEPc;:Ao

A sociedade como urn todo, polemiza a melhor forma de garantir a

"educa9ao para lodos" e a "igualdade de direitos" fazendo valer as indica<;:oes

legais promulgada nos diferentes paises. Percebe-se que os principios

humanitarios contidos nestas premissas loram creditados e inumeras

estrategias foram S8 alice ryan do, criando sistemas de sustenta9ao as ideias

democraticas, porem com cunha polftico e educacional, variavel a cada

realidade pluricultural. 0 enfrentamento as dificuldades e desafios, as ac;6es a

serem desencadeadas, as caraetertsticas desta nova escala, 0 periil do

professor inclusive a ser delineado e as perspectivas que S8 apresentaram,

retrataram ao longo desta analise, as concep90es de vida de cada cidadao de

cada nacionalidade observada.

o sentido igualitario, obvio a uma sociedade e historicamente

decantado, ganhou espa90 teo rico em alguns segmentos socioculturais e lutou

para quebrar resistencias e para ser implantado como urn novo paradigma

educacional.

A ideia de igualdade de direitos ( e suas implica90es) em educa<;ao

especial se vista como urn direito do cidadao, e extensive a todas as crianyas

em idade escolar. E se a urn tempo ha a apologia deste direito inegavel, par

outro lado, desconsidera-se 0 tata de que este individuo possui necessidades ,

potencialidades, limitayoes, habilidades que sao inerentes it sua natureza

biol6gica. Par este prisma, a pretensa igualdade tern que partir de diferen9as

concretas ( biol6gicas ) para iguala-Ios em oportunidades , mostrando que as

diferenyas sociais, como resultado das reJayoes historicas, tendem a ser

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minimizadas com as oportunidades equitativas, camuflando assim, as

desigualdades e as diferenyas. No mfnimo, urn raciocinio de duas vertentes,

ambivalente. Discurso liberal que dota ao individua, todas as oportunidades. Se

nao houver sucesso, nao cabe ao sistema a responsabilidade desta exclusao.

Importante Ii a busca - e a obten<;ao - da igualdade quanto a saude, ao

trabalho, ao lazer, a alimenla<;ao, a habila<;ao e a educa<;ao , pilares da

exist~ncia humana e [cones da ideologia social prometida e perseguida pelos

homens.

Pais, profissionais e a sociedade como urn todo, em varios parses

acidentais, investiram esfon;os para a obtenc;:ao de urn sistema de escolas

especiais e regulares interligadas ou diferenciadas, porem eficientes em suas

proposlas pedagogicas, no que se refere it inclusao.

Ao longo do ultimo seeulo. movimentos sociais otimistas, eriam nas

capacidades humanas; veio, algum tempo depois, urn sentimento de

descrenya motivado, talvez, pelo estresse p6s·guerra e, imediatamente apos, a

indigna98.0 moral em prol de crianyas especiais . solicilando a normalizac;ao da

siluayao escolar e fazendo pressao sobre as autoridades.

Programas foram implementados, professores assumiram papeis

decis6rios e os menos comprometidos receberam um programa individual a

ser observado pelos pais e professores, em escola regular com a colaborayao

do ensino especial ou de seus profissionais As crianyas loram sendo

lentamente integradas, 0 curriculo cumprido foi monitorado. a aprendizagem

era desenvolvida de forma eooperativa e os prajetos de integracyao escolar

otimizavam·se pela modificayao do ensina regular.

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I.

Em geral, as resultados evidenciaram que 0 processo de inclusao nunca

acaba e que sempre havera grupos ou indivfduQs, em situac;:ao de exclusao

social e cognitiva, mas algumas das medidas adotadas que centravam 0

trabalho em urn professor de apoio destinado a acelerar 0 processo de

integrayao, conseguiram resultados positivQS mais significativQs, assegurando

que a educa9ao especial inleriira 0 minima passive] em suas vidas.

A decisao polftica para a evoluyao da educa(;ao, a especificidade dos

contexlos desenvolvidos, as relayoes educacionais obtidas, serviram de fonte

de referencia a oulros processos integracionistas par todo 0 mundo.

Existe, atualmente, uma diversidade de modelos visando reduzir a

segregayao na educa<;:ao, mas permanecem alunos que recebem servi<;:os

especiais separadamente ao processo escolar regular, criando assim, sistemas

compensatorios as dificuldades de tempo e rilmo de aprendizagem, apoio

mediad or a mesma e aos recursos necessarios ao seu processo de

crescimento cognitiv~ .

Na Suecia, "aboliu-se a maiaria das escolas especiais. permanecenda

apenas para surdos. aos seriamente prejudicados mentalmente e com

multiplas deficiemcias. Integrac;ao 56 e admitida aos surdos que conseguem urn

born nivel de comunicayao com outras pessoas.. Para os portadores de

multipla deficiencia ha ainda 3 escolas: para crian9as surdas com problemas de

fala e para cegas mental mente prejudicadas. As outras escolas especiais

fecharam ou receberam uma func;ao diferente como a de atendimento,

aconselhamento e pesquisa cientifica." ( NOVAS PERSPCTIVAS EM

EDUCAyAO ESPECIAL: UM ESTUDO DA INTEGRAyAO EM SEIS PAisES )

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"

Estamos fafando em fNCLUsAo. Estamos falando em uma pro posta de

tarnar a educayao de qualidade acessivel a todas as pessoas. Nao e uma

tendencia, e uma necessidade de 58 ter urn mundo mais justo, consoante as

orientayoes de Jomtien ende se promove a "educalt8o para todos" e de

Salamanca que preconiza a "igualdade de oportunidades".

Do primeiro mom en to em que S8 via 0 indivfduo especial caracterizado

pela exclusao e pelo encarceramento, passou-se a urn segundo momento em

que 0 olhar social modificado referia-se a clientela percebida como possuidora

de certas habilidades, mas ainda sob tutela. Passou-s8 entao, ao momento

marcado pelo reconhecimento do valor humano, cnde 0 avanc;:o cientffico, 0

pensar de cunha sociol6gico e 0 avanr;:o tecnol6gico contribuiram para a

evolw;:ao do deficiente na sociedade.

A igualdade de valor entre as seres humanos e , por consequencia, a

igualdade de desfrute dos seus direitos, leva 0 ser humano a urn ritmo de

produc;ao cad a vez maior, distanciando-se da limitayao cognitiva que 0 leva a

marginaliz31(ao e a condil(ao de ignorante.

Portanto. a falta de garantia do direito basico a educaryao e a informayao. e

fonte de injusti<;a social, tomando-s8 em 1990 0 objetivo da Conferencia

Mundial de Jomlien, oferecendo educayao para todos ate 0 ano 2000.

Nas metas estabelecidas pela referida conferencia, buscau-se garantir:

- a educayaa duradoura onde a crianya frequente a escola acima das barreiras

visiveis e invisiveis de impedimenta.

- garantir 0 real beneficia da escalarizac;:ao para as alunos

- e garantir as reformas educacionais significativas que incluem alunos, suas

familias e as comunidades locais.

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16

No que diz respeite as necessidades educacionais. ha a necessidade de

efelivar a inclusao da propria educayao especial dentro da estrutura da

"educayao para lodos", conforme Jomtien e Salamanca com a "igualdade de

direitos", trazendo a intencionalidade para a prcHica cotidiana da vida escolar.

2. 7 DECLARAC;AO DE SALAMANCA

Da ConferEmcia Mundial sabre Necessidades Educativas Especiais

realizada entre 7 e 10 de junho de 1994 em Salamanca, na Espanha, faziam

parte representantes de noventa e dais parses e vinte e cinco organizayoes

internacionais, onde S9 aprovoll a Declarayao de Salamanca. Esta declarayao,

tern par objetivo principal prom over a "Educa<;8.o para Todos".

As orientac;oes e recornendayoes para os pafses a respeito da Educayao

para Todos, confirm a 0 que ja dizia a Conferencia Mundial de Educayao para

Todos, de Jomtien, na Tailandia realizada em 1990. Tanto uma quanto a Olltra,

assume a real necessidade de se resgatar urn ensino comum do qual

participassem todas as crianyas, jovens e adultos com necessidades

educativas especiais.

A Educayao para Todos deve: "significar real mente para todos,

especialmente para os mais desfavorecidos e os mais necessitados·'. Segundo

a Declarayao de Salamanca diz que: "todas as crianyas, de ambos os sexos,

tem direito fundamental a educayao e que a elas deve ser dada a oportunidade

de obter e manter um nivel aceitavel de conheeimentos". Esta declara<;:ao eila

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17

que as pessoas com necessidades educativas especiais devem ter acesso as

escolas comuns.

Alem disso, a Educac;ao para Todos deve respeitar as caracteristicas, os

interesses, as capacidades e buscar a igualdade na oportunidade de aprender.

Como cada um tern uma maneira e um tempo para aprender e desenvolver

suas capacidades, competencias e habilidades, a Declara\!ao de Salamanca

diz sabre isso que: "sistemas educativos devem ser proje\ados e os programas

aplicados de modo que lenham em vista toda a gama dessas diferentes

caracterislicas e necessidades". Na pratica, seria importante fazer adaptac;oes

curriculares individuais para realmente termos LIma educagao efetiva, pois as

curriculos que estao em usa nao tern 8ssa preocupa<;:ao em alender essas

diferen<;:as e necessidades de cada elemenlo.

As escolas comuns deverao promover a sociedade integradora,

ofertando as mesmas oportunidades no intuito de ser eficiente para 0 aluno

regular como tam bern para 0 aluno com necessidades especiais, e muito alem

disso, recriar um novo sistema educativo.

Para ser mais precisa nas suas ideias, a Conferencia Mundial sobre

Necessidades Educativas Especiais, alem da Declarayao de Salamanca

aprovou tambem a chamada Linha de Ac;:ao sabre Necessidades Educativas

Especiais. Foi criada para que fossem aplicados os principios, as politicas e as

praticas para as necessidades educativas especiais.

A linha de A9ao fala que: "toda pessoa com defici€lncia tern direito a

manifestar seus desejos quanta a sua educayao ... e as pais tem 0 clireito

inerenle de serem consultados sobre a forma de educayao que melhor S8

ajuste as necessidades, circunstancias e apropriayoes de seus filhos" Isso

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quer dizer que, tanto alunos como seus pais tern livre arbflrio para escolher

onde estudar.

Esta linha diz que as escolas lem por obrigay8o de "acolher" toda e

qualquer criany3, nao podendo impedir por limitac;oes intelectuais, fisicas,

sociais, emocionais ou outra qualquer. E recomenda aos Estados que adotem

polfticas e leis que lac;am cumprir a possibilidade das matriculas dos alunos

com necessidades especiais.

A crianc;a, como componente principal do processo educativa, deve

merecer todos os esfon;os para receber uma educac;ao de qualidade, suprindo

as suas necessidades, mas como atender a loda essa diversidade de

caracteristicas e necessidades? A linha de Ac;ao sugere que S8 desenvolva

uma pedagogia centrada na criany3, pois assim as pessoas com necessidades

educativas especiais que lorem incluidas terao as mesmas possibilidades de

aprender.

Para que isso transcorra de maneira natural, segue a orientac;ao para as

escolas regulares para que sejam urn meio de combate as atitucles

discriminatorias, que sempre que possivel as crianc;as devam aprender juntas,

construindo assim uma sociedade inclusiva ( a crianc;a e 0 meio adaptam-se

mutuamente ) e nao integradora ( somente a crianC(a trabalha para adaptar-se

ao meio).

o trabalho de adaptac;fw e de aceitac;ao das diferen9as, nao e um

simples processo de imposic;ao de alunos com necessidades educativas

especiais denlro de uma sala cle aula regular ou em urn ambiente comunitario,

mas sim mudanC(as de atitudes e mentalidades de uma sociedade como urn

todo. ( Project Prompt, 1994 apud BAUMEL, 1998 ).

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19

Cabe a sociedade sar Ulna das responsaveis palo sucesso de uma

proposta inclusiva, juntamente com 0 Ministerio da Educa9c3.o. Havendo urn

comprometimento, urn envolvimento e uma conscientiza98.o de uma

comunidade, sem duvida que havera desenvolvimento social e, principalmente,

a aboli,ao das desigualdades.

Essas mudanC(as terae que acorrer em nrval de politicas educacionais,

que capacitem as escolas e profissionais para atender a todas crianyas. Esta

diretriz e urn dos pontes que segue 0 principia democratico da Educayao para

Todos e tambem e urn dos rnais importantes da Linha de Ayao.

E em funyao dos CllstOS, a implantayao da escola inclusiva no Brasil tern

side caloca de forma aleat6ria, desrespeitando todas as recomendac;::oes da

Declarayao de Salamanca, inclusive 0 tao almejado direito de igualdade de

oportunidades na educay8o. Pois, incentivos nas adaptayoes dos espayos e na

formayao de professores de todos as nfveis para aluar na escola inclusiva nao

eslao tendo a merecida prevalencia.

As orientac;oes da Declarac;ao de Salamanca e da sua Linha de Ayao

sao posilivas, mas requer um estudo aprofundado para ver as reais

possibilidades da adoC;ao desle processo que sera longo e continuo. No

imediatismo, 56 lara com que os alunos que eslao sen do atendidos com

qualidade em escolas especiai5 deixem de ser atendidos em suas reais

necessidades para ter acesso a uma escola regular ainda inapta a e5sa

inclusao.

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3 METODOLOGIA

A pesquisa adotou questionarios com perguntas abertas e fechadas,

dirigidos a diretores de escolas inclusivas, coordenadores ou supervisores,

professores do ensina regular, professores do ensina especial e pais.

o questionario para a obtenc;:ao de dados para a pesquisa foi escolhido

por ser um recurso que possibilita atingir urn grande IllJmerO de pessoas, que

nao requer identificayao, nao influencia 0 pesquisado e permite que seja

respondido no momento que for conveniente.

Em anexo apresentamos os questionarios que fcram enviados a cad a

uma das classes pesquisadas ( anexo 1 a 8 ).

A amostra da pesquisa foi feita par meio de sarteio de 10 question arias

par cia sse.

Os questionarias fcram distribufdos entre os meses de agosto e

setembro. Todos os questionarios entregues foram devidamente devolvidos.

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"

4 ANALISE E DISCUssiio DOS RESULTADOS

Sendo a inclusao um processo de implantac;:ao inevitavel, a preocupac;:ao

fica em tomo de como isso esta acontecendo para os alunos deficientes

auditivos e para as pessoas que estao a sua volta e que teraD que dar conta

destes alunos dentro de uma escola regular.

o educando, a familia, 0 professor, a escola e a comunidad(3 estao

preparados para enfrentar mais esla barreira?

Segundo a Declarac;:ao de Salamanca ( 1994 ), a pessoa com deficiencia

tern 0 direito a manifestar as seus desejos quanta it sua educac;:ao, porem, os

educandos que se encontram na faixa etaria de educac;:ao infantil e ensina

fundamental nao tern condiyoes para eleger qual a melhor forma de educac;:ao

para si, e par isso esla mesma Declarayao considera que os pais devam ser

consultados sobre a educac;:ao que atenda caracteristicas e necessidades de

seus filhos. A maneira impositiva de como 0 processo de inclusao vern sendo

feilo aqui no Brasil, nao deixa aos pais outra sarda a nao ser atirar seus filhos

numa jornada dentro de uma escola regular, sabendo que correm 0 risco de

nao ter 0 caminho de volta aberta. 1550 esla acontecendo porque os pais

desconhecem os documentos que amparam a inclusao, que dao direitos de

consulta e de escolha.

Mas, para optar par uma escola regular ou pelo ensina especial, e

necessaria que haja lim minima de conhecimento sabre inclusao e uma certa

experiE!Ilcia com 0 assunto. Entao, existem duas questoes a serem

respondidas.

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22

inclusao e S8 0 conhecimento e suficiente para optar par uma escola inc Ius iva

au nao. 0 resultado encontrado foi:

FIGURA 1- CONHECIMENTO DOS PAIS PARA OPTAR PELA INCLUsAo

o CONHECIMENTO DOS PAIS E SUFICIENTE PARAOPTAR POR ESCOLA INCLUSIVA?

sim~b

~nao80%

Social10~b

Sociale~Cognitiva ~Cognitiva

50% 40%

IoSo-;;;;;- -- I

DCognitiva

ID Social e Cogniti~

A IMPORTANCIA DA INCLUsAo

FIGURA 2- A IMPORTANCIA DA INCLUsAo PARA OS PAIS DE

CRIANCAS SURDAS

Os pais quando indagados sobre qual e a inclusao rnais importante para seu

filho chegaram a conclusao de que nlio basta somente 0 seu filho entrar em

uma escola regular e sar aceitc palos colegas e professores, mas que deve

haver urn desenvolvimento cognitivD, au seja, apesar dos pais acharem que 0

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conhecimento nao foi suficiente ace rca do processo e ainda, vindos de varios

tipos de experiencias, consideram a inclusao social e cognitiva como as mais

importantes. Deve-s8 buscar uma educacyao eticaz, desenvolvendo as

competencias e habilidades, bern como promover 0 dinamismo e 0

envolvimento do educando, do professor, da escola, da familia e da sociedade

( MEC, 1994 e BASSEDAS, 1996 ).

Os pais responderarn ainda S8 eles acharn que a 8scola regular esta

apta a conviver com as diferencyas, a avaliar 0 aluno com deficiencia auditiva e

construir 0 aprendizado do aluno surdo. Para os pais, a escola ainda nao esta

pronta para receber os alunos com deficiencia alldiliva, pais de acardo com a

Declaracyao de Salamanca ( 1994 ), no que diz respeito a escolariza9ao dos

surdos, ha ainda a necessidade de uma educacyao especial, no que se

recomenda adequacyoes e cllidados com a comunicayao. E urn dos pontos que

merece atencyao e exce<;:ao na inclusao de deficientes auditivos, pOis 0

desenvolvimento cognitivo do surdo depende amplamente da localizacyao da

surdez e da quantidade e qualidade dos estimulos ofertados a crian<;a ( RIBAS

, 1983). Sabemos que as escolas nao estao preocupadas com cada aluno, mas

sim, com LIm contexto geral e portanto. nao teria a capacidade de promover as

conhecimentos para cada alLlno surdo, mesmo que as condicyoes de cad a urn

fossem igualadas. Seriam necessarias propostas pedag6gicas diferenciadas,

tentando ao maximo buscar estrategias que alcanc;:assem os objetivos para

cada aluno surdo ( BUENO, 2001 ). Os pais, por mais que desconhe<;am os

seus direitos, perceberam que as escolas nao tern condicyoes de ofertar esse

desenvolvimento para seus filhos.

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Para a escola regular, que a partir deste momento deve receber os

alunoscom algum tipo de deficiencia,nao tern nem 0 previo conhecimentodo

que e realmente incluir urn aluno deficiente e nem tern meios para que isto

ocorra de maneira adequada 80 que se aspera da inclusao verdadeira. ou seja,

dar 0 direitoao alunode ter as mesmascondi90esde aprendizado(Declara,80

de Salamanca, 1994 ), v~-se em uma situa,ao complicada porque e sua

obriga,B.o acolher qualquer individuo deficiente, apesar da inabilidade

linguistica que cereeia a comunica,ao pedag6gica. As escolas regulares

entaD, tornaram·se espac;os de apenas convivio social.

ESTRUTURA DAS ESCOLASREGULARES

Construirconheciment

o10% o Conviver com as

diferen,asDAvaliara aprend. doaluno D.A.

o Construir 0 conheCim:::JConviver comas diferen,as

60%

FIGURA 3 - ESTRUTURA DE ATENDIMENTO DAS ESCOLASREGULARES

Para 0$ professores do ensine regular, 0 desafio de enearar uma sala

com a media de 35 alunos, sendo que alguns podem ter defici~ncias

diferentes, e ainda mais assustador, masma com uma reduc;ao de alunos

matriculados no seu grupe. Eles mesmas S9 dizem mal preparados para atuar

com estes alunos. Sera que e passivel trabalhar com urn aluno deficiente

auditivosem 0 devido preparo?E de que tipo de preparoseria necessariopara

24

l

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trabalhar com os alunos deficientes? as professores responderam, na sua

maioria ( 80% ) que nao tern condic;6es para dar aula para um aluno deficiente

auditivo sem preparo. 0 restante ( 20% ), acredita que e possivel desenvolver

um trabalho sem conhecimento especifico. A Declara9ao de Salamanca (1994)

prev~ que haja plena capacita9ao das escolas e de todos os profissionais que

atuem com os alunos deficientes e para isso e imprescindivel que as politicas

educacionais sejam reelaboradas e que se organize propostas que fac;am

perceber que crian9as diferentes podem aprender juntas em nivel aceitavel de

conhecimento (MANTOAN, 1997 e Declara9ao de Salamanca, 1994).

oa maneira que vem sendo feita a inclusao, os professores nao se

sentem capazes de suprir as necessidades dos alunos surdos incluidos. Falta

conhecimento sobre 0 assunto e tambem incentivo para busca-Io.

CAPACIDADE DE SUPRIRAS NECESSIDADESCOS ALUNCS INCLUicos

sim

20%~-----rfuBJ'/o

FIGURA 4 - A CAPACIDADE DA ESCOLA REGULAR EM SUPRIR ASNECESSIDADES DOS ALUNOS INCLUiDOS

E nao se tendo 0 devido conhecimento sera que a escola regular

estaria pre parada para avaliar um aluno deficiente auditiv~? Quando nao se

conhece 0 ass unto, nao se tern formacao para tal, nao S9 tern incentiv~, fica

impossivel para a escola e para 0 professor buscarem a receila de sucesso

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com os alunos especiais, porque depende de urn prisma total mente diferente

de trabalho e de dedica9~o. SASSAKI ( 1997 ), comenta que 0 sistema

educacional precisa mudar, assim como a sociedade tera que adaptar-se as

diferen~as para incluir. Nao bastam apenas atitudes isoladas, mas um

comprometimento de uma sociedade inteira e isso come9a com a mudan9a dos

paradigmas da educa9ao atual; portanto, a escola regular, nos padroes de

como ela esta organizada, nilo esta preparada para avaliar 0 aluno surdo.

sim

AVALIACAO DO DEFICIENTE AUDITIVONO ENS IN 0 REG U LA R

Cni~70"

g,rFIGURA 5 - PREPARO PARA AVALIAR 0 DEFICIENTE AUDITIVO

Para BUENO (2001 ) 0 professor, a escola, a familia e 0 sistema terao

que trabalhar em conjunto para que nao haja discrimina90es com a diversidade

de deficiencias, proporcionando uma igualdade de condi90es para 0

aprendizado. E as condi9iles idea is de inclusao para 0 aluno surdo alem de

todo empenho de profissionais, tern 0 dire ito a receber toda a instru~ao na

Lingua Brasileira de Sinais ( LIBRAS ), apesar de que nao existe a garantia de

que 0 uso das LIBRAS possa efetivar a compreensao e a apreensao de

conteudos considerarmos as peculiaridades de cada indivfduo surdo. Nao nos

cabe discutir a validade desta lingua, mas sim, levantar pontos que evidenciem

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a dificuldade de incluir alunos surdos no atual sistema de ensino e mostrar que

LIBRAS Ii um direito do deficiente auditiv~.

o professor esta realmente despreparado, nao por culpa sua, mas por

nao fazer parte de sua formac;8.oacademica a competEmcia e a habilidade, para

atuar e transmitir todo 0 seu conteudo nesta lingua cuja estrutura e

organiza~ao do pensamento ocorrem de forma diferente.

Para as professores que atuam nas escolas regulares, a formac;ao ideal

para que pudessem desenvolver as capacidades e habilidades dos alunos

surdos seria:

PREPARO DO PROFESSOR~~~~-D 19 Preparayao Tecnica

D 2" Prep;llCl9aOCootinuada

[J :'f' Capacitat;:ao em Ed.Especial

4° Formayao

Icontinuada

D 5" !>compJIlhamentodos Pais

FfGURA 6 A FORMAt;AO IDEAL DE UM PROFESSOR

Na forma~ao do professor, a Declara~ao de Salamanca ( 1994 ) fala em

promover estudos e capacita~iio tecnica e pedag6gica para atender os alunos

deficientes. Na questao de estudos sobre a educa9iio inclusiva, 90% dos

professores respondeu negativamente, enquanto somente 10% disse ja ter

ouvido alguma coisa a respeito de inclusao.

27

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A condi,ao desejada sena a de que a escola deveria estar ciente deste

assunto, mas tanto as direQoes, como as supervisoes e as coordenat;6es nao

souberam diferenciar a inclusao, da integrarrao e da inser98,o. Para estas,

traduziu~seem urn conceito 56.

Quando perguntado S9 houveram estudos sabre a inclusao, a resposta

foi alarmante. Apenas uma das escolas havia promovido tais estudos e

portanto, a inclusao estava sen do feita de maneira aleat6ria sem

comprometimento com 0 alunD, nem com as pais e nem com a sociedade.

sim10%

c;;;=tnao9~~

~onaoJ

ESTUDO SOBRE EDUCACAo INCLUSIVA

FIGURA 7 - ESTUDOS DAS ESCOLAS REGULARES SOBRE A INCLUsAo

Para a eseela especial, 0 alune tern todo direito e merace todD 0 respeito

do profissional que atua. Os professores especiais de defici~ncia auditiva,

conhecem os documentos que falam sobre inclusao e tem 0 preparo

necessario para trabalhar com os surdos.

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FIGURA 8 - A FORMACAo DOS PROFESSORES QUE ATUAM NAEDUCACAo ESPECIAL

Diz-se que: "a expressao verbal e a chave da linguagem. Apenas a

aquisi,ao da fala faz da crian,a um ser inteligente e pensante e Ihe permite

colocar-se entre seus semelhantes ouvintes·, a professor do ensine especial

consegue atraves da sua fOrmalY80,da sua experi{mcia, do seu desempenho

pedagogico, do seu preparo psicol6gico, interagir com 0 surdo e construir com

ele urna linguagem e que 8Sta possa crescer e com ela conviver dentro da

sociedade.

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5 CONCLUsAo

A Oeclarayao de Salamanca no seu objetivo principal de promover a

Educa,ao para Todos, buscando na igualdade de oportunidades a inclusao de

pessoas com necessidades educativas especiais. neste casa, a inclusao de

portadores de deficiencia auditiva, esta eneontrando barreiras diffceis de serem

transpostas. A falta de conhecimento, a falta de preparo dos pais, dos

professores, da escola e do sistema educativo estao atravancando 0 processo

de inclusao.

As normativas sabre inclusao assinadas em conferencias mundiais

necessilam profundamente ser analisadas e avaliadas quanta ao impacto na

relagao !eoria e a vida pratica. As realidades sao diferentes. As adequ8c;:oes e

as alteragoes deveriam ser pesquisadas. Os alunos e os pais, principalmente,

deveriam ser indagados a respeito da inclusao, pois nada melhor do que eles

para se conhecer as reais necessidades do surdo.

Na pretensao de igualar, acaba~se por desigualar ainda mais. A. primeira

vista, 0 que pareee inclusao, torna~se exciusao e os alunos retirados de

escolas especiais e colocados nas escolas regulares passam a ser somente

mais um dentro das salas de aulas. 0 atendimento as necessidades e it

diversidade fcram eliminados.

A questao nao e ser contra a incilisao, mas sim, reagir e buscar uma

qualidade neste processo. E realmente dar condi<;:6es de igualdade, e fazer 0

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deficiente ser eapaz, e trabalhar as suas capaeidades, e fazer do deficiente um

cidadao.

o sistema edueativo sem duvida alguma tera que reformular a sua

maneira de impor a inclusao, pOis esta se definindo vidas que necessitam de

atenyao especial. A inclusao deve ser lim processo de mudanya de

mentalidade social.

A busca deste ambiente eficiente para a edueayao de surdos, e aeima

deste carater, dos cidadaos, deve ser a sublimayao de toda a sociedade. A

eomunica<;ao e alma de tudo. E assim que a humanidade cresee, se

sociabiliza e faz historia e nao se pode ficar passivo diante de uma situ8c;:ao

que, no anseio de igualar, po de deixar deficientes a margem. Nao se pode

medir espayo e tempo para considera<;oes, reflexoes e analises.

Acredita-se que a desrespeito ao surdo nao se faz somente dentro de

uma escola, mas reflete-se tambem na familia e, principalmente, na sociedade.

Acima de tudo. e preciso que a consciencia e 0 born senso sejam regras

principais para desencadear algum processo. tendo em vista que a inclusao

pode ser algo irreparavel no aprendizado de uma crian<;a.

Cabe a cada urn de n6s educadores analisar 58 0 que esla sendo feito a

respeito da inclusao e um caminho segura para 0 desenvolvimento e a

aprendizado das capacidades e habilidades de urn deficiente auditivo.

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ANEXO 1 - Questionario para diretores, coordenadores, supervisores e

orientadores de escolas inclusivas.

1· Oefinir inclusao como:

) inser9ao na escola

) integrar na sociedade

) insery.3.o na sociedade

2- Qual forma de inclusao se pratica na sua escola?Poderia assinalar uma das

alternativas abaixo de que forma ela aconleee?

) uma integra9ao no geral

) uma inseryao apenas

) uma inclusao pela qual nao se tern saida e voce lem que aeeilar porque eo

lei Pois e imposta.

3 - Houve, na sua eseola, um estudo sistematizado sobre a Educac;:ao Inclusiva?

)Sim ) Nao

4- Ha algum aluno incluido na sua escola?

) sim ) nao

5- A escola consegue suprir as necessidades de urn aluno inclufdo?

) sim ) nao

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ANEXO 2 - QtJestionario para prof ssores regula res

1- Qual e a stJa formayao?

) 2 yrau completo

) 3 9rau completo

) Especializa9ao

) Mestrado

) Doutorado

2- Qual e a sua visao sabre 0 D.A.

) Educavel ) Nilo educavel

3- Quais as forma de recebimento dos criany8s?

) pais

) medico

) amigos

) OLMOS

Quais? , , _

4- E passivel trabalhar com UITl aluno deficiente auditivo sem formayao especifica?

) sim ) niloPor que? _

5-Urn aluno com defici r'leia auditiva, s m 1 itura labial, pode acompanhar a

dinamica de uma proposta pedag6gica m sala de aula?

)sim

POrclU ? ------------------,-----

) nao

6-Voce acha necessario 0 acornpanham nto de outro profissional?

) sim lnilo7 Voce acha necessaria 0 acompanhamento de outro profissional?

) sim ) nao

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8- Se voce acha necessario outro profissional, voce conhece as mecanismos para

encaminhar a aluno?

)Sim ) Nao

9-As crianfYas que voce recebe passam par avalia980 medica?

)Sim ) Nao

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ANEXO 3 - Questionario para professores especiais

1- A sua formac;:ao profissional e:) 2' grau - Magisteno

) 2' grau - Educa,ao Geral

) 3' grau - Curso: _

) Adicional- Area: _

) Especializa,8o - Area: _

) Mestrado: _

) Doutorado: _

2- Quais dos elementos abaixo voce acha que compoem a preparac;:ao de um

professor para atuar com urn aluno especial:

) prepara,ao psicologica

) formayao continuada

) preparac;ao tecnica

) acompanhamento dos pais

) capacitac;ao na area de educac;:ao especial

) tad as

3- Quais dos itens abaixo voce acha que a escola regular del/era propiciar:

) capacitar aos professores

) disponibilizar recursos instrucionais

) disponibilizar recursos materiais

) garantir turmas com menor numero de alunos

) propiciar acompanhamento pedag6gico aos alunos

) propiciar acompanhamento pedag6gico aos professores

) todos

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ANEXO 4 - Questionario para os Centres de Atendimento na area de Deficiencia

Auditiva da Prefeitura Municipal de Curitiba

1- Como funciona 0 Centro de Atendimente em relacyao a urn Deficiente Auditive?

2- Qual e a formacyao dos profissionais que atendem um alLlno deficiente auditivo?

3- Como os alunos deficientes auditivos chegam ao Centro de Atendimento?

4- Qual e a numero de criancyas deficientes auditivas incluidas no ensino regular e

que sao atendidas per esle Centro?

5- Quais criterios que professores e as escolas ulilizam para encaminhar um

aluno para a Centro de Atendimento?

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ANEXO 5 - Quesliomirio para as pais

1- voc~ t8m experiemcia com a inclusao?

) sim ) nao

2- Voce conhece alguma coisa sabre inclusao?

) sim ) nao

3- 0 que voce conhece e suficiente para optar par uma escola au Dutra?

) sim ) nao

4- Na sua opiniao, as escolas regulares estao estruturadas para:

) conviver com as diferen~as

) avaliar a aprendizagem do aluno deficiente auditivo

) construir 0 conhecimento

5- Para a familia, qual e a inclusao escolar social importante?

6- Voce acha que a escola regular consegue avaliar 0 aluno deficiente auditivo

considerando as suas dificuldades?

) sim ) nao