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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Curso de Medicina Veterinária Susy Mariana Bisan PRODUÇÃO E CLINICA DE ANIMAIS DE FAZENDA NA REGIÃO DE ITARARÉ-SP CURITIBA 2011

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Curso de Medicina Veterinária

Susy Mariana Bisan

PRODUÇÃO E CLINICA DE ANIMAIS DE FAZENDA NA REGIÃO

DE ITARARÉ-SP

CURITIBA 2011

PRODUÇÃO E CLINICA DE ANIMAIS DE FAZENDA NA REGIÃO

DE ITARARÉ-SP

CURITIBA 2011

Susy Mariana Bisan

PRODUÇÃO E CLINICA DE ANIMAIS DE FAZENDA NA REGIÃO

DE ITARARÉ-SP

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de medicina veterinária da faculdade de Ciências biológicas e da saúde universidade tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de medicina veterinária. Professora orientadora: Prof. MSc.Elza M.Ciffoni Orientador Profissional: MV. Helder Wagner A. da Silva

CURITIBA 2011

Reitor

Prof. Luiz Guilherme Rangel dos Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel dos Santos Pró-Reitoria Acadêmica

Prof.ª Carmen Silva Pró- Reitoria de Planejamento Sr. Afonso Rangel dos Santos Pró-Reitoria de Pós- Graduação, Pesquisa e Extensão

Prof.ª Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini Secretariado Geral Sr. Bruno Diniz Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Prof. João Henrique Faryniuk Coordenador do curso de Medicina Veterinária Prof. ª Dra. Ana Laura Angeli Coordenador do Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária

Prof. ª Dra. Ana Laura Angeli CAMPUS PROF. SIDNEY LIMA SANTOS Rua Sidney A. Rangel Santos, 238- Santo Inácio CEP: 82010-330 – Curitiba – Paraná Telefone: 3331-7770

TERMO DE APROVAÇÃO Susy Mariana Bisan

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.)

Este trabalho de conclusão de curso foi julgado e aprovado para obtenção de título Médica Veterinária por uma banca examinadora do curso de Medicina veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 22 de junho 2011

___________________________ Medicina Veterinária

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientadora: _________________________ Prof.ª MSc. Elza Ciffoni

Universidade Tuiuti do Paraná

__________________________ Prof. Dr. Wellington Harttman Universidade Tuiuti do Paraná

_________________________ Prof. Antonio Carlos Nascimento Universidade Tuiuti do Paraná

AGRADECIMENTOS

Agradeço,

Primeiramente a Deus, por sempre abrir novos caminhos e me permitir

caminhar em segurança por eles.

Aos meus pais Tereza e Odair, por toda dedicação e cuidado, por todo

apoio e crédito que deram a mim.

Ao meu marido Leandro, por embarcar nesta viagem comigo e agüentar

todas as intempéries dessa jornada com bom humor e companheirismo. Por não

desistir e não me deixar desistir mesmo quando tudo parecia perdido.

Ao meu filho Emanuel, que trouxe nova razão de viver e me mostrou que

tenho capacidades que nem imaginava ter.

As minhas amigas Cíntia, irmãzinha de coração, que esteve comigo em

todos os momentos bons e não tão bons assim, dividindo e somando experiências

e Solange, com seu coração grande e generoso que abraça o mundo.

A minha orientadora Elza M. Ciffoni, que me acolheu na reta final e permitiu

que fosse possível a conclusão deste trabalho de cinco anos.

Ao meu querido filho gato Frodo, que proporcionou muita alegria e me

acompanhou apenas durante dois anos, mas que estará eternamente em meu

coração mesmo não estando mais em nosso convívio.

Agradeço ao meu orientador Dr. Helder, pela disposição em me transformar

em uma veterinária de verdade.

“A percepção do desconhecido é a mais fascinante das

experiências. O homem que não tem os olhos abertos para o

misterioso passará a vida sem ver nada”

Albert Einstein

APRESENTAÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso (T.C.C.), apresentado ao curso de Medicina

Veterinária da Faculdade e ciências Biológicas e da Saúde Universidade Tuiuti do

Paraná, Campus Barigui, pela universitária Susy Mariana Bisan, como requisito

parcial para obtenção de título de Médica veterinária, é composto de Relatório de

estágio, no qual são descritas as atividades realizadas durante o período de 14 de

fevereiro a 30 de abril de 2011, a campo no município de Itararé- SP e relato de

dois casos que versam sobre os casos de maior incidência encontrados na região:

tristeza parasitária bovina, fotossensibilização e apresentar o relatório de auditoria

da fazenda Alvorecer.

RESUMO

O estágio curricular supervisionado foi realizado a campo no município de Itararé- SP e região, o período de estágio foi entre 14 de fevereiro a 30 de abril de 2011, totalizando 408 horas. As atividades desenvolvidas na área de clinica de bovinos, fora: exames clínicos, diagnóstico de gestação, vacinações, coleta de materiais para exame, intervenções cirúrgicas, sob orientação do orientador MV. Dr Helder. W.A. da Silva. O presente trabalho tem como objetivo discutir dois casos de maior incidência encontrados durante o estágio, sendo eles tristeza parasitária bovina, fotossensibilização e apresentar o relatório de auditoria da fazenda Alvorecer. Palavras chave: Babesiose, Anaplasmamose,Phitomyces chartarum,Filoetrina.

LISTA DE ABREVIATURAS

A. marginale...................Anaplasma marginale AST...............................Aspartato aminotransferase B. hyodysenteriae...........Brachispyra hyodysenteriae B. bovis.........................Babesia bovis B. bigemina....................Babesia bigemina B. decumbens................Brachiaria decumbens Brachiaria sp..................Brachiaria de várias espécies Cm................................Centímetros CCS..............................Contagem de células somáticas CMT..............................Califórnia mastitis test CRMV...........................Conselho Reginal De Medicina Veterinária FA.................................Fosfatase alcalina FC……………….............Fixação de complemento GGT..............................Gamaglutamiltransferase.. h................................. .Horas Há.................................Hectares IFI.................................Imunofluorescência indireta IM.................................Intramuscular Kg.................................Kilograma K20...............................Potássio Mg................................Miligrama Min................................Minutos MS................................Matéria seca N...................................Nitrogênio PV.................................Peso vivo P. chartarum..................Phitomyces chartarum P205.............................Fósforo R. microplus...........…...Rhipicephalus microplus SDH.............................Sorbitol desidrogenase TCR..............................Teste de conglutinação rápida TGI...............................Trato gastrointestinal Ton...............................Toneladas TPB……………………....Tristeza parasitária bovina UA................................Unidade animal UV................................Ultravioleta VG................................Volume globular médio °C.................................Graus Celsius %..................................Percentual

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO GERAL.....................................................................................17

2 DESCRIÇÃO LOCAL DE ESTÁGIO...................................................................18

2.1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.....................................................................20

CAPITÚLO I

TRISTEZA PARASITÁRIA BOVINA: RELATO DE CASO..................................26

RESUMO................................................................................................................26

ABSTRACT.............................................................................................................27

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................28

2 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................29

2.1 EPIDEMIOLOGIA.............................................................................................29

2.2 TRANSMISSÃO................................................................................................30

2.3 PATOGENIA.....................................................................................................33

2.4 DIAGNÓSTICO.................................................................................................34

2.5 CONTROLE DO CARRAPATO........................................................................36

2.6 QUIMIOPROFILAXIA........................................................................................38

2.7 PREMUNIÇÃO..................................................................................................39

2.7.1 Vacinas..........................................................................................................41

3 RELATO DE CASO.............................................................................................42

3.1 SINAIS CLÍNICOS............................................................................................42

3.2 DIAGNÓSTICO.................................................................................................46

3.3 TRATAMENTO.................................................................................................46

4 DISCUSSÃO........................................................................................................47

5 CONCLUSÃO.....................................................................................................49

REFERENCIAS......................................................................................................50

CAPITULO II

FOTOSSENSIBILIZAÇÃO: RELATO DE CASO...................................................53

RESUMO................................................................................................................53

ABSTRACT.............................................................................................................54

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................55

2 REVISÃO DE LITERATURA..............................................................................56

3 RELATO DE CASO.............................................................................................60

4 DISCUSSÃO........................................................................................................64

5 CONCLUSÃO......................................................................................................67

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................68

CAPÍTULO III

RELATÓRIO DE AUDITORIA DA FAZENDA ALVORECER...............................70

RESUMO...............................................................................................................70

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................71

2 MÉTODOS UTILIZADOS....................................................................................72

3 ÁREA DISPONÍVEL PARA DESENVOLVIMENTO DE PECUÁRIA DE

CORTE E LEITE....................................................................................................74

3.1 PECUÁRIA DE LEITE......................................................................................74

3.2.PECUÁRIA DE CORTE....................................................................................74

4 PESAGEM DE LEITE..........................................................................................80

5 AVALIAÇÃO DE NOVILHAS..............................................................................82

6 RESULTADOS DOS TESTES DE ALIZAROL E CMT.......................................83

7 DISTRIBUIÇÃO DOS LOTES.............................................................................88

7.1 INVERNO..........................................................................................................88

7.2 VERÃO.............................................................................................................89

8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES REFERENTES ÀO

MANEJO.................................................................................................................92

8.1 BEZERROS......................................................................................................92

8.2 NOVILHAS DE 4 MESES A 1 ANO..................................................................94

8.3 NOVILHAS ACIMA DE 1 ANO.........................................................................94

8.4 VACAS EM LACTAÇÃO...................................................................................95

9 CONCLUSÃO......................................................................................................98

REFERENCIAS......................................................................................................99

ANEXOS.............................................................................................................. 101

CONCLUSÕES GERAIS......................................................................................116

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: ATENDIMENTOS REALIZADOS EM DIFERENTES ÁREAS NO PERÍODO DE ESTÁGIO........................................................................................25 FIGURA 2- DISTRIBUIÇÃO RHIPCEFALUS(BOOPHILUS MICROPLUS (CANESTRINI, 1887)..............................................................................................30 FIGURA 3: EXEMPLAR DE Stomoxys calcitrans ADULTO...................................31

FIGURA 4: EXEMPLAR ADULTO DE UM TABANÍDEO (MUTUCA).....................31

FIGURA 5: FÊMEAS DE Rhipicephalus microplus EM DIVERSAS FASES DE DESENVOLVIMENTO CORPORAL................................................................32 FIGURA 6: ESQUEMA DA REAÇÃO DE IMUNOFLUORESCÊNCIA INDIRETA ..............................................................................................................35 FIGURA 7: FLUORESCÊNCIA DA REAÇÃO IFI PARA Babesia .........................35

FIGURA 8: ESQUEMA DA REAÇÃO DO TESTE DE CONGLUTINAÇÃO RÁPIDA..................................................................................35 FIGURA 9: ASPECTO DE UMA REAÇÃO POSITIVA NO TCR............................36

FIGURA 10: CICLO DO CARRAPATO Rhipicephalus microplus..........................38

FIGURA 11: VACA DE TRÊS ANOS APRESENTANDO MUCOSA VAGINAL HIPOCORADA E ICTÉRICA.................................................................43 FIGURA 12: NOVILHA DE 10 MESES DEBILITADA APÓS

GRANDE INFESTAÇÃO DE CARRAPATOS E SINTOMAS DE TPB....................44

FIGURA 13: NOVILHA DE 10 MESES EMACIADA APÓS

SINTOMAS DE TPB...............................................................................................44

FIGURA 14: BEZERRA DE UM MÊS PROSTRADA E COM HIPERTERMIA.......45

FIGURA 15: OS PONTOS EM AMARELO MOSTRAM A

DISTRIBUIÇÃO DO FUNGO Phitomyces Chartarum PELO MUNDO..................57

FIGURA 16: TETO DE VACA COM SINTOMAS DE FOTOSSENSIBILIZA-

ÇÃO APRESENTANDO NECROSE GANGRENOSA SECA.................................60

FIGURA 17: DESCAMAÇÃO DE PELE DE PARTES DESPIGMENTADAS

DO ÚBERE DE VACA COM SINAIS DE FOTOSSENSIBILIZAÇÃO....................61

FIGURA 18: DERMATITE EM PARTES DESPIGMENTADAS EM VACA COM SINAIS DE FOTOSSENSIBILIZAÇÃO..........................................................61

FIGURA 19: PRESENÇA DE DESCAMAÇÃO DE PELE COMUM EM CASOS DE DERMATITE POR FOTOSSENSIBILIZAÇÃO....................................62

FIGURA 20: CROQUI DA ÀREA RESERVADA PARA O GADO DE CORTE E LEITE NA FAZENDA ALVORECER.....................................................75

FIGURA 21: PASTO COM MOMBAÇA ANTIGA AO FUNDO DA IMAGEM, APRESENTANDO COLORAÇÃO AMARELADA.................................77

FIGURA 22: MG-5 ENCONTRADO NO PASTO ALVORECER 2..........................78 FIGURA 23: PASTO ALVORECER 1 COM PASTAGEM DEGRADADA E APRESENTANDO EROSÃO DE TERRA ..................................78

FIGURA 24: COMPARATIVO DA PRODUÇÃO MÉDIA DOS ÚLTIMOS 5 MESES................................................................................................................80 FIGURA 25: COMPARATIVO PRODUÇÃO EM LITROS DOS ÚLTIMOS 5 MESES...............................................................................................................81

FIGURA 26: FORMAÇÃO DE GEL MOSTRANDO REAÇÃO POSITIVA AO TESTE DO CMT.............................................................................84 FIGURA 27:FORMAÇÃO DE COÁGULOS MOSTRANDO REAÇÃO POSITIVA AO TESTE DA ALIZARINA ..................................................................84 FIGURA 28: MOSTRANDO AMOSTRA ALCALINA COM COLORAÇÃO LILÁS E LEITE COM COLORAÇÃO NORMAL OCRE..........................................85

FIGURA 29: LOCAL ONDE FICAM ALOJADAS AS BEZERRAS ATÉ OS QUATRO MESES....................................................................................93

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: MANEJO SANITÁRIO ACOMPANHADO DURANTE O ESTÁGIO EM ITARARÉ/SP NO PERÍODO DE 14 DE FEVEREIRO A 3 DE ABRIL.............21 QUADRO 2: RELAÇÃO DE CASOS RELACIONADOS AO MANEJO REPRODUTIVO ACOMPANHADOS DURANTE O ESTÁGIO..............22 QUADRO 3: RELAÇÃO DOS CASOS ACOMPANHADOS NA CLÍNICA MÉDICA DE BOVINOS DURANTE O PERÍODO DE 14 DE FEVEREIRO A 30 DE ABRIL DE 2001.......................................................................................23

QUADRO 4: RELAÇÃO DE ATENDIMENTOS ACOMPANHADOS EM GRANJAS DE SUÍNOS E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO..........................................23 QUADRO 5: DIFERENTES MÉTODOS PARA CONFERIR IMUNIDADE AO BOVINO CONTRA TPB..........................................................................40

1 INTRODUÇÃO GERAL

O presente relatório elaborado pela acadêmica Susy Mariana Bisan, do

Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, tem como

finalidade descrever, revisar e discutir os casos acompanhados durante o período

do estágio curricular obrigatório.

O estágio curricular foi realizado a campo, em Itararé – São Paulo, no

período de 14 de fevereiro a 30 de abril do ano 2011, totalizando 408 horas, sob

orientação do médico veterinário Helder W. A. da Silva, CRMV-SP 5224 e sob

orientação acadêmica da professora MSc. Elza Ciffoni, CRMV-PR 1673,

responsável pela disciplina de Doenças Infecciosas da Universidade Tuiuti do

Paraná.

Neste relatório estão descritas as atividades desenvolvidas na área clínica

de bovinos, assim como demais atendimentos a outras espécies animais.

O estágio curricular teve como objetivo aprimorar os conhecimentos

adquiridos durante a graduação interrelacionando conhecimento prático e teórico,

bem como o relacionamento interpessoal.

2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

O estágio foi realizado no município de Itararé-São Paulo. A cidade está

situada em uma área conhecida como Campos de São Pedro, que vai do rio

Verde até o rio Itararé, que dá o nome ao município,

Itararé em tupi-guarani significa "pedra que o rio cavou", pois o rio Itararé

corre em um leito rochoso que foi sendo desgastado pela correnteza formando

altos paredões, grandes cachoeiras e belas grutas.

Inicialmente habitado por índios Guainazes, tornou-se ponto conhecido de

bandeirantes, exploradores, jesuítas e estudiosos, firmando-se como um dos

pontos de descanso dos tropeiros que convergiam do sul levando animais para a

feira de Sorocaba pelo conhecido Caminho das Tropas.

A Barreira de Itararé é o ponto onde o rio se estreita e suas margens se

unem, o que fornecia aos viajantes uma passagem natural, evitando um rio

caudaloso e perigoso de atravessar. O rio foi estabelecido como divisa entre as

vilas de Sorocaba e Curitiba, então Quinta comarca de São Paulo, que com sua

emancipação em 1853, tornou Província do Paraná, passando o rio Itararé a ser a

divisa.

A organização do município teve início em 1725 com a doação de três

sesmarias com o propósito de povoamento e desenvolvimento da agricultura e

criação. As três propriedades acabaram na mão de um mesmo dono, que

registrou a propriedade como "Fazenda de São Pedro" em 1836. Com o

desmembramento constante da propriedade, no ano de 1879 um dos fazendeiros

constrói uma capela no ponto de maior aglomeração, à margem do riacho da

"Prata", elevando seu status para povoado.

De passagem a caminho do sul, o naturalista e historiador, Auguste de

Saint-Hilaire, registra em seu livro a situação do povoado, o encontro do riacho da

"Prata" com o rio Itararé e até mesmo a existência de índios bárbaros que

atacavam fazendas próximas à mata.

Seguindo o mesmo caminho de Auguste de Saint-Hilaire, o célebre

naturalista francês, Jean Baptiste Debret fez uma aquarela da ponte de madeira

que existia sobre o rio Itararé, retratando a dificuldade em se atravessar com os

animais na estreita ponte.

Durante a Revolução de 1930 quando Getúlio Vargas partiu de trem rumo à

capital federal (então Rio de Janeiro), esperava-se que ocorresse uma grande

batalha em Itararé, que não ocorreu, pois a cidade acolheu Getúlio na estação

ferroviária, permitindo sua entrada no Estado de São Paulo, e os militares

depuseram o presidente Washington Luís em 24 de outubro daquele ano.

Itararé, distante cerca de 3 km da divisa do Estado de São Paulo com o

Paraná. Com 112 anos de emancipação político - administrativa, atualmente

abriga uma população de aproximadamente 50.000 habitantes, segundo

estimativa do IBGE. Têm na agricultura seu alicerce econômico, principalmente a

cultura do feijão, milho e soja, além de contar com uma forte atividade pecuária

com destaque para o gado leiteiro que tem crescido devido a novas técnicas

implementadas na criação e investimento em qualidade genética, melhorando a

qualidade do leite e sua produtividade. A existência de uma cooperativa de

laticínios e a implantação de uma nova, demonstra o interesse e potencial da

região em expandir as atividades relacionadas à pecuária leiteira. Itararé tem

ainda, a maior área de reflorestamento artificial do Brasil e está numa região cujo

conjunto é a terceira maior área do mundo.

O estágio se deu em diversas propriedades, sendo o orientador profissional

liberal, que presta serviço de assistência técnica em cerca de 20 propriedades na

região. Estas têm suas atividades voltadas para a produção de bovinos de corte,

bovinos de leite e suínos. Na fase final do estágio, as atividades se concentraram

durante 15 dias na Fazenda Alvorecer, com foco em bovinos de corte e produção

de leite.

2.1 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

A rotina de atendimento se deu de segunda a sexta-feira, das 07h00min às

18h00min, sendo que as visitas são pré-agendadas, porém, há sempre

atendimentos de casos de emergência.

O número de visitas no período chegou 150, distribuídos em

acompanhamento de casos clínicos e monitoramento zootécnico.

O manejo nutricional das propriedades visitadas tem por base o

fornecimento de volumoso, provenientes de pastagens, estas em sistema

extensivo ou em piquetes rotacionados, silagem de milho e/ou aveia no inverno e

concentrado, adquirido em cooperativas ou fabricados pelo próprio produtor.

O manejo reprodutivo é orientado de acordo com o rebanho encontrado,

partindo de acompanhamento mensal através de palpação retal para

determinação da necessidade de hormônioterapia e diagnóstico gestacional a

partir dos 45 dias. O uso de I.A., idade de inicio de trabalho das novilhas e manejo

das vacas variam bastante, dependendo das particularidades de cada

propriedade.

O manejo sanitário é efetuado em todas as propriedades, com o uso de

vacinas, vermífugos, medicação pra secagem das vacas de acordo com cada

rebanho e pré e pós-deeping e uso de CMT (Califórnia Mastitis Test) em todas as

propriedades visando a saúde do úbere das vacas em produção.

As principais doenças controladas por vacinação são: clostridioses, febre

aftosa, brucelose, raiva, paratifo e leptospirose.

A qualidade do leite é controlada através do envio mensal de amostras pela

cooperativa a laboratórios autorizados.

A orientação ao produtor a respeito das melhores práticas de manejo fez

parte das atividades desenvolvidas.

Durante o estágio foram acompanhadas atividades desenvolvidas pelo

médico veterinário, relacionadas principalmente a prática de manejo sanitário,

reprodutivos e atendimentos clínicos tanto aos bovinos quanto suínos.

Com relação ao manejo sanitário foram atendidas 12 propriedades como

pode ser observado na QUADRO 1.

QUADRO 1: MANEJO SANITÁRIO ACOMPANHADO DURANTE O ESTÁGIO EM ITARARÉ/SP NO PERÍODO DE 14 DE FEVEREIRO A 30 DE ABRIL

ATENDIMENTO REALIZADO

N° DE PROPRIEDADES

N° MÉDIO DE ANIMAIS POR

PROPRIEDADE

%

Outras vacinas (aftosa e clostridiose)

2 150 38.4

Vermifugação 4 120 30.1

Vacina de Brucelose

4 70 17.0

CMT 2 50 12.5

Há na região rebanho de diversos tamanhos desde aqueles com mão-de-

obra familiar até rebanhos com produção diária de 3.000 litros/dia, o manejo

sanitário foi acompanhado em propriedades de médio porte, porém, este é

realizado mesmo nas menores propriedades onde o profissional presta

assistência.

O principio ativo utilizado para vermifugação dos animais foi ivermectina

para bezerros até quatro meses e abamectina para novilhas e vacas secas.

Os animais de zero a dois anos receberam vacina contra febre aftosa e em

uma das propriedades foram vacinados contra clostridiose, bezerros de a partir de

um mês, mesmo sendo recomendada a primeira dose aos quatro meses , já que

houve ali a cerca de dois anos um surto de carbúnculo sintomático.

Durante o período foram realizados 58 atendimentos relacionados ao

manejo reprodutivo (QUADRO 2), estes constituídos principalmente de palpação

retal, método de diagnóstico de prenhes e disfunções reprodutivas mais utilizado

na região, sendo, portanto ponto importante no trabalho a campo para o bom

desempenho zootécnico do rebanho.

QUADRO 2: RELAÇÃO DE CASOS RELACIONADOS AO MANEJO REPRODUTIVO ACOMPANHADOS DURANTE O ESTÁGIO

ATENDIMENTO REALIZADO

N° DE

ATENDIMENTOS

N° ANIMAIS %

Palpação retal 40 380 85,9

Hormônioterapia 15 60 13,5

Aborto 2 2 0,45

TOTAL 442

Os atendimentos relacionados a clinica médica de bovinos totalizaram 24,

como vemos na QUADRO 3, porém foram realizados também 17 atendimentos a

granjas de suínos e esporadicamente havia solicitação por parte dos clientes para

avaliar algum outro animal de estimação que havia na propriedade, como pode ser

observado no QUADRO 4.

QUADRO 3: RELAÇÃO DOS CASOS ACOMPANHADOS NA CLÍNICA MÉDICA DE BOVINOS DURANTE O PERÍODO DE 14 DE FEVEREIRO A 30 DE ABRIL DE 2001.

CLÍNICA MÉDICA

ATENDIMENTO REALIZADO

N° DE ATENDIMENTOS

N° DE ANIMAIS %

Intoxicação por organofosforado

1 10 22.7

Tristeza parasitária bovina

4 8 18.1

Diarréia em bezerro

4 8 18.1

Fotossensibilização

2 5 11.3

Mastite

5 5 11.3

Afecções podais

2 2 4.54

Pneumonia em bezerro

2 2 4.54

Aborto distócico 1 1 2.27

Intoxicação

alimentar

1 1 2.27

Edema de úbere 1 1 2.27

Necropsias 1 1 2.27

TOTAL 44

QUADRO 4: RELAÇÃO DE ATENDIMENTOS ACOMPANHADOS EM GRANJAS DE SUÍNOS E ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO

ATENDIMENTO REALIZADO

N° ATENDIMENTOS N° DE ANIMAIS ATENDIDOS

%

Diarréia por Brachispira. hyodysenteriae

3 102 44.7

Pneumonia

1 60 26.3

Coleta de sangue

1 30 13.1

Diarréia em leitões

5 20 8.7

Necropsias

2 8 3.5

Síndrome de Glesser

2 2 0.8

Doença do edema suíno

1 2 0.8

Prolapso de útero

1 1 0.4

Dermatite bacteriana

1 1 0.4

Afecções podais-cavalos

1 1 0.4

Neoplasia mamária- cadela

1 1 0.4

TOTAL 228

Além do manejo sanitário, reprodutivo e dos atendimentos realizados na

clínica médica, durante o estágio foi realizado o monitoramento zootécnico das

propriedades, que nas granjas consistia em percorrê-las, verificando escore

corporal dos animais, presença de tosses e espirros, limpeza das instalações e

realizar anotação de todos os dados de desempenho zootécnico, assim como em

propriedades de aptidão leiteira, eram anotados todos os índices: pesagem do

leite, análise do leite, porcentagem de animais em lactação, número de novilhas,

descartes, abortos, entre outras variáveis com o objetivo de avaliar o desempenho

e evolução das propriedades.

Foram realizadas também neste período, dentro das atividades de

monitoramento duas auditorias com intuito de levantar dados relevantes para

adoção de novas estratégias de trabalho.

Os atendimentos relacionados ao monitoramento zootécnico totalizaram 90

dos 201 atendimentos realizados no período, representando a maior porcentagem

no total de atendimentos como podemos ver na FIGURA 1.

FIGURA 1: ATENDIMENTOS REALIZADOS EM DIFERENTES ÁREAS NO PERÍODO DE ESTÁGIO NA REGIÃO DE ITARARÈ-SP

A seguir serão apresentados na forma de relato de caso, os atendimentos

de tristeza parasitária bovina e um caso de fotossensibilização. Na sequencia

estará exposto o relatório de auditoria de uma propriedade produtora de leite e

gado de corte.

CAPITULO I

TRISTEZA PARASITÁRIA BOVINA: RELATO DE CASO

SUSY M. BISAN1; ELZA M. CIFFONI2; HELDER W.A. DA SILVA3

1- Graduanda do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná

2- Docente das Disciplinas de Caprinocultura e Ovinocultura, Doenças Infecciosas e Parasitárias dos Animais Domésticos e Deontologia e Legislação Aplicada à Medicina Veterinária- orientadora acadêmica

3- Médico veterinário- orientador profissional

RESUMO

A TPB (tristeza parasitária bovina) é uma enfermidade que acomete o gado leiteiro em diversas regiões do país, com grande impacto econômico.È uma doença hemolítica desencadeada pela Babesia bovis e Anaplasma marginale, que têm como principal vetor o carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus. Revisa-se neste trabalho a transmissão, patogenia, diagnóstico e profilaxia desta enfermidade. Palavras-chave : Anaplasmose, Babesiose, Pré-imunização

ABSTRACT The TPB (tick fever) is a disease that affects dairy cattle in different regions of the country, with major economic impact. It is a hemolytic disease triggered by Babesia bovis and Anaplasma marginale, which are the main vector tick Rhipicephalus (Boophilus) microplus. Is reviewed in this paper the transmission, pathogenesis, diagnosis and prevention of this disease. Keywords: Anaplasmosis, Babesiosis, premonition

1 INTRODUÇÃO

A TPB (tristeza parasitária bovina) compreende duas enfermidades: a

babesiose, causada pelos protozoários Babesia bovis e B. bigemina e a

anaplasmose causada por uma rickéttsia, a Anaplasma marginale.

Estas duas são de difícil diferenciação a campo, por isso muitas vezes a

presença de anaplasmose ou babesiose individualmente é diagnosticada e tratada

como TPB.

A presença de TPB está intimamente ligada a presença do carrapato,

porém há no Brasil zonas livres, como no extremo do Rio Grande do Sul, devido

ao intenso frio.Estas são áreas de risco, já que os animais não desenvolveram

imunidade natural contra os hemoparasitos, podendo ocorrer surtos graves com

alta mortalidade.

Conhecida no Brasil por vários nomes, como pindura, mal da ponta,

piroplasmose, mal triste dentre outros nomes, é reconhecidamente uma das

doenças que mais mata bezerros nos primeiros meses de vida, principalmente os

de raças européias importados ou não e aqueles provenientes de cruzamentos

industriais entre zebuínos e taurinos.

A demora na recuperação do animal infectado, a queda na produção e os

gastos com medicamentos, indicam a importância econômica da doença no país.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 EPIDEMIOLOGIA

Sendo uma doença hemolítica e febril, tem estreita relação com a

distribuição geográfica de seu principal vetor, o Rhipicephalus (Boophilus)

microplus, que compreende as latitudes 32.º Norte e 32.º Sul, englobando México,

América central e quase totalidade da América do Sul, ficando de fora da área de

risco o município de Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul, Uruguai e Sul

da Argentina (FIGURA 2). Ocorrendo em caráter endêmico no Brasil, a TPB

acarreta várias perdas econômicas na pecuária do país com a redução na

produção de leite e carne, infertilidade temporária de machos e fêmeas e custo de

tratamentos (VIDOTTO, 2002).

Apresenta uma grande variedade de fatores epidemiológicos, que

influenciam sua ocorrência, tais como: variação climática, práticas de manejo,

controle inadequado de carrapatos e introdução de bovinos susceptíveis

(GONÇALVES, 2000).

A incidência da doença depende principalmente da introdução de animal

susceptível e de aumento repentino da população de vetores em áreas

anteriormente não infectadas pelos carrapatos e insetos (RIBEIRO & PASSOS,

2002).

O índice de morbidade pode ser alto, mas a mortalidade pode variar,

dependendo da quantidade de antígeno que se localiza dentro do eritrócito e da

imunidade do hospedeiro. Os recém-nascidos são relativamente resistentes à

infecção enquanto durar a imunidade passiva adquirida através do colostro

(MARQUES, 2003).

FIGURA 2: DISTRIBUIÇÃO RHIPICEPHALUS (BOOPHILUS) MICROPLUS

FONTE: (CANESTRINI, 1887)

2.2 TRANSMISSÃO

A babesiose bovina e anaplasmose são enfermidades transmitidas

principalmente pelo carrapato Rhipicephalus microplus, sendo a anaplasmose

também, eventualmente, transmitida por moscas hematófagas como a Stomoxys

calcitrans, tabanídeos e culicídeos (FIGURAS 3 e 4 ) (GOLÇALVES,2000).

FIGURA 3: EXEMPLAR DE Stomoxys calcitrans ADULTO

FONTE: SKOCH (2007)

FIGURA 4: EXEMPLAR ADULTO DE UM TABANÍDEO (MUTUCA)

FONTE: SKOCH (2007)

A babesiose é transmitida exclusivamente pelo carrapato R. microplus em

nosso continente, sendo que a B. bovis é transmitida pelas larvas deste carrapato

e a B. bigemina pelas ninfas e adultos (FIGURA 5) (MASLIN,2004).

FIGURA 5: FÊMEAS DE Rhipicephalus microplus EM DIVERSAS FASES DE

DESENVOLVIMENTO CORPORAL

FONTE: PUGH (2009)

Segundo SCOLES et al. (2005) a transmissão biológica feita por carrapatos

é pelo menos duas vezes mais eficiente que a transmissão mecânica feita pela

mosca de estábulo.

A anaplasmose também pode ser disseminada mecanicamente por meio de

agulhas infectadas instrumentos de castração e descorna e por transfusão

sangüínea (GALE, 2001).

Para o hospedeiro vertebrado, a babesiose é transmitida através de

esporozoítos presentes na glândula salivar do carrapato infectado, que são

inoculados durante sua a alimentação tendo, portanto, como única via de

transmissão a biológica.

A anaplasmose pode ter via de transmissão mecânica, quando um inseto

realiza a transferência direta do sangue de um animal portador para outro

susceptível, e deve ocorrer após poucos minutos da alimentação no bovino

infectado. A transmissão por carrapatos se dá em suas diversas fases e é a mais

comum (EMBRAPA, 2001).

A transmissão intrauterina ocorre, porém é considerada muito rara no país

(BRACARENSE et. al 2001).

2.3 PATOGENIA

A anaplasmose e a babesiose são ambas doenças hemolíticas, porém seu

local de parasitemia e período de incubação variam.

O período de incubação médio de A. marginale é de 28 dias, variando

entre sete a sessenta dias, quando os eritrócitos passam a ser fagocitados pelo

sistema retículo-endotelial do bovino, desenvolvendo uma anemia branda a severa

e icterícia, sem hemoglobinúria e hemoglobinemia. Animais que sobrevivem a fase

aguda, desenvolvem infecções persistentes e tornam-se reservatórios de A.

marginale, tornando-se imunes a doença clínica. Os sinais clínicos podem ainda

incluir febre, perda de peso, aborto, letargia, diminuição na produção de leite e

frequentemente morte (RAMOS, 2006).

A babesiose tem um período de incubação de sete a vinte dias. Os

parasitas inoculados passam para dentro da circulação sangüínea e penetram nos

eritrócitos dos hospedeiros, onde sofrem divisão binária e saem para o plasma

para invadirem novas células. Do oitavo ao décimo quinto dia após a infecção, os

animais apresentam intensa parasitemia e a destruição dos eritrócitos é

responsável pela anemia hemolitica. A hemoglobina liberada é transformada em

pigmento biliar e o excedente é depositado nos tecidos, resultando em icterícia. O

excesso de hemoglobina é eliminado pela urina, causando a hemoglobinúria

(JONSSON, 2008)

Os sinais clínicos incluem febre, mucosas pálidas, hemólise aguda de baixa

intensidade, letargia, depressão, linfadenopatia, perda progressiva de peso,

anemia leve a moderada responsiva à terapia, desidratação, intolerância ao

exercício, icterícia, anorexia, ascite, e hepatomegalia (BLOOD & RADOSTITS,

1991citado por ASSIS et. al 2005). Na ocorrência de crise hemolítica intensa, com

a liberação sistêmica de fatores inflamatórios, observa-se insuficiência renal

aguda, babesiose cerebral, coagulopatias, icterícia e hepatopatias, anemia

hemolitica imunomediada, babesiose hiperaguda, síndrome do desconforto

respiratório agudo, hemoconcentração e choque (SMITH, 1994 citado por ASSIS

et. al 2005).

2.4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico a campo é feito basicamente pelos sinais clínicos, podendo

ser feitos esfregaços sanguíneos delgados, mediante punção de capilares das

margens da orelha, corados por May-Grunwals Giemsa, a fim de avaliar a

parasitemia (KESSLER e SCHENK 1998).

A avaliação hematológica pode ser feita por meio de hemograma, com

coleta mediante punção da veia jugular onde valores na contagem de hemácias,

da hemoglobina e do VG (volume globular), estarão com pequenas ou grandes

variações dependendo do grau de parasitemia (MENDONÇA et. al, 2003).

Na babesiose, a anemia, de maneira geral, é do tipo normocítica

hipocrômica, sendo algumas vezes observada a presença de ponteados

basofílicos, o que caracteriza nos ruminantes uma resposta regenerativa da

medula óssea (KOHAYAGAWA, 1993 citado por MENDONÇA, 2003).

O diagnóstico sorológico é feito principalmente por fixação de complemento

(FC), imunofluorescência indireta (IFI) (Figura 6 e 7), teste de conglutinação rápida

(TCR) (Figura 8 e 9) e teste indireto de imunoadsorção enzimática (ELISA)

(KESSLER & SCHENK, 1998).

FIGURA 6: ESQUEMA DA REAÇÃO FIGURA 7: FLUORESCÊNCIA DA IMUNOFLUORESCENCIA INDIRETA REAÇÃO IFI PARA Babesia

FONTE: EMBRAPA (2007)

FIGURA 8: ESQUEMA DA REAÇÃO DO TESTE DE CONGLUTINAÇÃO RÁPIDA

FONTE: EMBRAPA (2007)

FIGURA 9: ASPECTO DE UMA REAÇÃO POSITIVA NO TCR

FONTE: EMBRAPA (2007)

O diagnóstico post-mortem pode ser realizado através da necropsia,

onde serão encontrados hepatomegalia, esplenomegalia, fígado amarelado, bile

espessa, hemorragias peri e endocárdicas e congestão do córtex cerebral

(ALMEIDA, 2006).

Deve-se fazer o diagnóstico diferencial de leptospirose, intoxicação por

Senna ocidentalis, hemoglobinúria bacilar, intoxicação por cobre, Pteridium

aquilinum, trombocitopenia aguda, severa intoxicação por Brachiaria sp, e diatesis

hemorrágica associada ao vírus da diarréia viral bovina (ÀVILA,2008).

2.5 CONTROLE DO CARRAPATO

O bovino é o principal hospedeiro do carrapato R. microplus. Sendo que

este gera grandes prejuízos devido à perda de peso, baixa conversão alimentar,

perdas na qualidade do couro, toxicoses, lesões de pele, anemia e transmissão de

agentes patógenos, como os da TPB. As perdas de produtividade e gastos com

tratamento são estimadas em um bilhão de dólares (VIDOTTO, 2002).

Daí a necessidade do combate racional ao carrapato evitando o uso

desordenado de produtos comerciais, empregados com a freqüência errada, que

fazem a seleção de carrapatos resistentes, dificultando ainda mais seu controle

(SANTOS et.al 1997 citado por VIDOTTO 2002).

Segundo GOMES (1998,) a correta aplicação dos carrapaticidas quanto à

concentração, dose, época e intervalo é uma forma eficiente de retardar por tempo

considerável o surgimento de populações resistentes aos princípios ativos, para

isso é necessário entender o ciclo do carrapato (FIGURA 10). A resistência

detectada através de testes de sensibilidade dos carrapatos aos carrapaticidas,

denominado de biocarrapaticidograma também faz parte de um controle

satisfatório do carrapato, assim como com o descanso das pastagens associadas

ao controle por fungos ou gramíneas (ROCHA, 2004).

FIGURA 10: CICLO DO CARRAPATO Rhipicephalus microplus

FONTE: KIKUGAWA, 2009

A intenção deste manejo, contudo, é manter a população de carrapato sobre

controle e não eliminá-la completamente, favorecendo uma circulação mínima dos

agentes causadores da TPB e o sistema imunológico dos bovinos ativo contra a

doença.

2.6 QUIMIOPROFILAXIA

A quimioprofilaxia baseia-se no uso de drogas específicas em doses

subterapêuticas. Na anaplasmose, consiste em duas a quatro aplicações de

subdoses de tetraciclina (2-4mg/kg/PV), pela via IM, intervaladas de 21 em 21

dias. Esse período é estabelecido de acordo com o período de incubação da

doença e pode ser implementada a partir de 30 dias de idade do animal. As

subdoses quimioterápicas permitirão ao animal adquirir a infecção sem sinais

clínicos ou com sinais brandos. Para a babesiose, tem-se empregado o imidocarb

na dosagem de 1- 2mg/kg/PV, com resultados satisfatórios, nos bezerros ao

serem colocados a pasto (KUTTLER & JOHNSON, 1986 citado por RIBEIRO et.

al, 2001). Esse procedimento evita a presença do agente no organismo ou

mantém sua população em níveis subclínicos, estabelecendo o estado de portador

ao animal. Apresenta a desvantagem de levar a resistência aos antibióticos e a

outros patógenos, como por exemplo, a Escherichia coli (HIRSH et al., 1974 citado

por GONÇALVES ,2000).

2.7 MÉTODOS DE PRÉ-IMUNIZAÇÃO DA TRISTEZA PARASITÁRIA BOVINA

A premunição é um método utilizado no Brasil e quando tecnicamente

acompanhado, apresenta resultados satisfatórios. Este método consiste em

induzir a imunidade coinfecciosa, pela inoculação de sangue total, parasitado

pela TPB, seguido de tratamento quimioterápico, quando se estabelece a

doença na fase aguda (MASSARD et. al, 2000).

Nas áreas de estabilidade enzoótica, os efeitos da TPB são minimizados,

pela exposição precoce dos animais à primoinfecção, embora esta imunidade

seja apenas temporária, porém em áreas de instabilidade ou quando são

importados animais de áreas indenes, os casos agudos apresentam altos

índices de mortalidade.

A imunização natural se dá pela inoculação dos hemoparasitos nos bovinos

a campo, cerca de 20 a 50 larvas do carrapato (SACCO, 2002). Este método foi

abandonado por apresentar muitos inconvenientes, além de não estabelecer o

número de formas infectantes dos hematozoários.

Há ainda a inoculação de carrapatos triturados e métodos antigos, que

também visam fornecer certa quantidade de antígeno suficiente, estimulando o

animal a desenvolver sua imunidade (QUADRO 5).

QUADRO 5: DIFERENTES MÉTODOS PARA CONFERIR IMUNIDADE AO BOVINO CONTRA TPB

MÉTODO PROCEDIMENTO

NHUTAL e THEILER Vacinação com sangue de bovinos adultos, portadores crônicos, contendo o agente virulento.

LIGINIÉRES Utiliza o inoculo de A.marginale após sucessivas passagens em ovinos para atenuação da virulência.

SERGENT Consiste em coletar sangue de um animal em fase crônica da doença e passá-lo a um animal jovem, como forma de atenuar sua virulência. O sangue deste bezerro é então coletado e serve como vacina.

ROSEMBUSH Os animais são inoculados primeiro com Anaplasma e após uma recuperação da reação severa são inoculados com Babesia.

FONTE: ADAPTADO DE MASSARD,2000.

Todos estes métodos requerem um acompanhamento intensivo dos

animais inoculados e medicação específica à medida que apresentam sintomas

clínicos, fazendo-se uma segunda e terceira inoculação, até que todos os animais

resistam à infecção sem apresentar sintomatologia. Além disso, tal procedimento

apresenta outros inconvenientes, principalmente a sensibilização para grupos

sanguíneos e o risco de inoculação de outras doenças transmissíveis pelo sangue.

Por isso atualmente recomenda-se o uso de vacinas (KESSLER et.al,2002).

2.7.1 Vacinas

As vacinas vivas atenuadas são produzidas a partir da inoculação do

agente em bezerros esplenectomizados (MASSARD, 2000).

Segundo KESSLER (2000) as vacinas atenuadas que estão sendo

utilizadas no Brasil, são: uma refrigerada, que é mais prática e econômica, porém

tem por inconveniente o fato de ter que ser usada até cinco dias após sua

produção. A outra é uma vacina congelada, que pode permanecer inalterada por

tempo indeterminado, sendo mantida em botijões de nitrogênio liquido, é mais

segura e permite o uso em um grande número de animais, sem a necessidade de

um acompanhamento intensivo.

Mesmo sendo o método mais recomendado atualmente, a produção de

vacina para a babesiose bovina, encontra entraves referentes às dificuldades de

testá-la experimentalmente. As babesias são espécies específicas e não se

multiplicam dentro de hemácias de outros animais como camundongos, ratos ou

outros animais de laboratório. Essa dificuldade faz com que as pesquisas

necessitem de bovinos livres de hemoparasitoses e áreas livres de carrapatos,

uma vez que esse ectoparasito é o principal vetor da doença e mesmo assim este

é um método que também não alcança 100% de sucesso (BITTAR et.al, 2004).

3 RELATO DE CASOS

Foram atendidos em diversas propriedades oito casos de bovinos

apresentando TPB.

A idade dos pacientes apresentou variação de um mês a três anos.

O primeiro caso uma vaca em produção de três anos de idade, o segundo

uma bezerra de seis meses, o terceiro, uma novilha de um ano, o quarto caso uma

novilha de nove meses, o quinto três novilhas de aproximadamente 10 meses e o

último uma bezerra de apenas um mês.

3.1 SINAIS CLÍNICOS

Todos os pacientes apresentavam debilidade, inapetência, mucosa hipocoradas,

hipertermia (temperatura > 40.º C) e dificuldade respiratória. A vaca em produção

(Figura 11) apresentou ainda diminuição na produção de leite e icterícia, o

rebanho neste caso apresentava baixa infestação por carrapatos.

FIGURA 11: VACA DE TRÊS ANOS APRESENTANDO MUCOSA VAGINAL

HIPOCORADA E ICTÉRICA

O fato de haver na propriedade um controle rigoroso de carrapatos, pode

ter favorecido o aparecimento de TPB neste paciente adulto, já que este não teve

a oportunidade de desenvolver a imunidade natural ao hemoparasita.

Outra propriedade em contraste apresentava intensa infestação de

carrapatos e quatro casos de manifestação de TPB, sendo que uma das novilhas

apresentava mesmo após um mês do aparecimento dos sinais clínicos, alopecia e

perda de peso (Figura 12) e outra, acentuada perda de peso (Figura 13)

FIGURA 12: NOVILHA DE 10 MESES DEBILITADA APÓS GRANDE

INFESTAÇÃO DE CARRAPATOS E SINAIS DE TPB

FIGURA 13: NOVILHA DE 10 MESES EMACIADA APÓS SINTOMAS DE

TPB

Na mesma propriedade surgiu um caso de uma bezerra de apenas um mês

de idade, com sinais característicos de TPB, além de diarréia (Figura 14), ela

convivia com bezerras mais velhas e algumas já estavam parasitadas com

quantidade relevante de carrapatos.

FIGURA 14: BEZERRA DE UM MÊS PROSTRADA E COM HIPERTERMIA

O animal apesar de ainda possuir imunidade passiva apresentou sinais de

TPB, com prostração, inapetência e hipertermia. A ausculta pulmonar estava

normal e havia petéquias na mucosa vaginal.

A propriedade a qual as novilhas pertenciam apresentava dificuldade em

manter a infestação de carrapatos sobre controle, devido a resistência

desenvolvida a um grande número de carrapaticidas. As bezerras eram

pulverizadas, ás vezes, antes mesmo da desmama devido à grande infestação

que sofriam.

3.2 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico foi feito apenas com base nos sinais clínicos, devido a

dificuldade encontrada a campo para realização de testes de identificação dos

agentes.

3.3 TRATAMENTO

Os animais foram todos tratados com dipropionato de imidocarb (2 mg/kg) e

oxitetraciclina( 11 mg/kg 5 dias),associados ao uso de Mercepton ® (metabólico

hepatoprotetor imunoestimulante).

Todos apresentaram melhora após inicio do tratamento evoluindo para cura

do quadro.

4 DISCUSSÃO

Os bovinos apresentaram sintomas clássicos de tristeza parasitária bovina,

como relata SILVA (2007), ainda que sem a observação de hemoglobinúria,

embora ANTUNES et al. (2008) cite a marcada presença desta nos casos de

babesiose.

Nos casos relatados não foi realizado nenhum exame complementar, para

comprovar a presença de babesiose ou anaplasmose ou mesmo diferenciá-las,

sendo todos os casos tratados como uma associação das mesmas, porém

PEREIRA, (2006) diz que observar o hemoparasita nos esfregaços é componente

importante do diagnóstico.

GONÇALVES (2000) também diz que, mesmo podendo ser diagnosticada

por sintomatologia aparente, é de extrema importância a realização de exames

laboratoriais para conclusão de diagnóstico.

Três dos casos relatados ocorreram em propriedades, onde havia um

controle excessivo de carrapatos, (caso do animal adulto) ou onde havia

dificuldade para manter o controle do mesmo (caso das quatro últimas novilhas),

isto pode ser explicado porque, segundo GONÇALVES, (2000) para se manter

uma área de estabilidade enzoótica recomenda-se que os rebanhos recebam de

10-20 larvas de carrapatos dia, favorecendo a imunidade natural, animais muito

infestados ou que tenham nenhum contato com carrapato são mais susceptiveis.

O tratamento recomendado em literatura, cita 11 Mg/kg de oxitetraciclina

uma vez ao dia, por 3 a 5 dias (SMITH,2006), estando de acordo com o

tratamento empregado, ou ainda segundo SMITH,(2006), pode-se usar 1 ou 2

aplicações de oxitetraciclina de ação prolongada, na dose de 20 mg/kg, quaisquer

das opções por via intramuscular.

Já para a babesiose, é recomendado o uso de vários babesicidas, entre

eles o diisetionato de fenamidina (Lomdine), 8-3 mg/kg; diaceturato de

diminazona(Berenil ® ou Ganaseg ®) 3-5 mg/kg; dipripionato de imidocarb (Imizol

®)1-3 mg/kg e diisetionato de amicarbalide (Diampron ®) 5-10

mg/kg.(SMITH,2006), conferindo com o tratamento a base de imidocarb

administrado.

O autor ainda cita a necessidade de uma transfusão de sangue integral

quando o VG (volume globular) estiver abaixo de 12%, além de fluidoterapia,

quando necessário.

Não há em literatura, citação do uso de Mercepton ® em casos de tristeza

parasitária.

5 CONCLUSÃO

Com base na revisão de literatura e casos acompanhados, foi possível

provar a importância de conhecer, tratar e prevenir a TPB, assim como

diagnosticar corretamente o agente envolvido, diminuindo assim os custos com o

tratamento.

Assim como também ter conhecimento sobre a necessidade da realização

de mais estudos, na tentativa de elaborar vacinas mais eficientes e seguras, que

garantam a sanidade do rebanho sem causar-lhes danos, embora, como já

discutida no trabalho, esta seja uma equação de difícil equilíbrio.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO II

FOTOSSENSIBILIZAÇÃO EM BOVINO NA REGIÃO DE ITARARÉ: UMA

REVISÃO

SUSY M. BISAN1; ELZA M. CIFFONI2; HELDER W.A. DA SILVA3

1- Graduanda do Curso de Medicina veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná

2- Docente das Disciplinas de Caprinocultura e Ovinocultura, Doenças Infecciosas e Parasitárias dos Animais Domésticos e Deontologia e Legislação Aplicada à Medicina Veterinária- orientadora acadêmica

3- Médico veterinário- orientador profissional

RESUMO A fotossensibilização pode ter diversas causas, sendo a principal a ingestão de plantas que alteram o metabolismo hepático e geram distúrbios na eliminação da filoeritrina, que se acumula em tecido epitelial e reage com os raios UV, formando dermatites crostosas. Apresenta prevalência em gado europeu, por este ter muitas áreas despigmentada, favorecendo o acúmulo de filoeritrina em extensa área corporal. Embora o mecanismo da fotossensibilização já esteja bem esclarecido a etiologia quando falamos em Brachiaria sp. e Phitomyces chartarum ainda causa grande divergência entre autores. Palavras-chave: Brachiaria sp, Colangiopatia, Phitomyces chartarum.

ABSTRACT The photosensitization mayhave several causes, the in intake of plants that alterthe hepatic metabolism and cause disturbances in the elimination of filoeritrina, which accumulates in epithelial tissue and reacts with UV rays, forming crusted dermatitis. Has a prevalence of cases in European cattle, for it has many areas unpigmented, favoring the accumulation of a large area filoetrina body. Understood Although the mechanism of photosensitization is already well when we talk about the etiology Brachiaria sp..and Phitomyces chartarum still causes great disagreement among authors. Keywords: Brachiaria sp., cholangiopathy, Phitomyces chartarum

1 INTRODUÇÃO

A condição conhecida como fotossensibilização ou dermatite fotossensível

é diagnosticada há várias décadas em bovinos, bubalinos, ovinos, caprinos,

suínos e, ocasionalmente, em equinos.

A fotossensibilização é classificada de acordo com o agente fotodinâmico

em três tipos: tipo I ou primária, em que pigmentos vegetais ou medicamentos

intrinsecamente fotodinâmicos são ingeridos, absorvidos e ingressam na

circulação sistêmica; tipo II, que ocorre em consequência da síntese anormal de

pigmentos endógenos, geralmente de origem hereditária; e tipo III, hepatógena,

ocorre pelo acúmulo de filoeritrina, produto de degradação da clorofila, em

consequência de lesão hepática que impede a sua excreção.

Quando essas substâncias fotodinâmicas entram em contato com os raios

solares (UV), ocorre a formação de radicais livres de oxigênio no citosol da célula,

que causa ruptura de mitocôndrias e lisossomos, degranulação de mastócitos

cutâneos, degradando membranas fosfolípidicas, polipeptídios protéicos e ácidos

nucléicos, ocorrendo uma intensa inflamação que caracteriza a fotodermatite

(SMITH, 1994; JONES et al., 2000).

A fossensibilização é conhecida vulgarmente pelos nomes de "Requeima"

e "Sapeca". Afeta bovinos de todas as idades. Ocorre principalmente quando os

animais estão em pastos de Brachiaria sp, especialmente a B. decumbens, e na

época das chuvas.

2 REVISÃO DE LITERATURA

A fotossensibilização pode ser primária, devido a agentes fotodinâmicos

exógenos, ou hepatógena, devido ao acúmulo de filoetrina (RADOSTITS, et.al

2000).

Os causadores da fotossensibilização hepatógena podem ser: Phitomyces

chartarum, (fungo comum da Brachiaria e Azevém); Periconia,( fungo do capim

Bermuda); cianobactérias associadas a algas azul-esvedeada; tremoço

(juntamente com o fungo Phomopsis leptostromiformis )e ervas daninha como:

Lantana camara, Lippia rehmanni, Nolina texana, Holocalix glaziovii, Myoporum

laetum, Crotália retusa, Senecio jacobea, entre outros (REBHUN,2000).

Dentre os principais causadores de fotossensibilização no Brasil e em

várias partes do mundo, encontramos o fungo Phitomyces chartarum (FIGURA

15), que é saprófito de material vegetal em decomposição, sendo este

responsabilizado pela maioria dos quadros registrados, especialmente quando os

bovinos encontram-se em pastagem de Brachiaria sp. Durante muitos anos,

defendeu-se a tese de que somente na presença deste fungo é que a ingestão de

Brachiaria pelo bovino poderia gerar casos de fotossensibilização, porém hoje em

dia, vem sendo questionada a possibilidade de que a própria planta possa ser

tóxica sem a participação de outros agentes (RADOSTITIS,et al 2000).

FIGURA 15: OS PONTOS EM AMARELO MOSTRAM A DISTRIBUIÇÇAO

DO FUNGO Phitomyces Chartarum PELO MUNDO.

FONTE: GBIF (2008)

Diversos experimentos indicam que o P.chartarum é fundamental para

eclosão do processo, pela liberação de esporedesmina. Porém para a ocorrência

do fungo é necessária a presença de condições climáticas favoráveis, com

umidade superior a 90%, temperatura mínima do solo de 12 graus por no mínimo

72 h e elevada taxa de lotação da pastagem.

Outros estudos mostram que a presença de saponinas estereoidais em

Brachiaria e Panicum pode acarretar insuficiência hepática e com isto a falta de

eliminação da filoetrina pelo sangue portal. A filoeritrina produzida no TGI (trato

gastrointestinal), pela degradação da clorofila, normalmente é excretada pela bile.

Quando há obstrução biliar a filoeritrina não é eliminada e se acumula nos tecidos

em áreas despigmentadas, que quando expostas a luz reage com os raios UV e

causa dermatite. Como a filoeritrina segue os mesmos caminhos de excreção dos

pigmentos biliares, é comum, porém não obrigatório observar icterícia nos animais

acometidos (SANTOS 2008).

DRIEMEIER (1998), sugere que em Brachiarias sem P. chartarum, os

bovinos apresentem sinais de colangiopatia com acúmulo de cristais, sem lesões

macroscópicas de fotossensibilização, devido ao discreto grau das lesões

hepáticas, já LIMA (2009) diz que a fotossensibilização associada a Brachiaria

,pode estar relacionada não somente a quantidades importantes de P. chartarum,

mas também a uma predisposição individual de animais jovens, podendo ter

inclusive envolvimento genético.

O inicio dos sinais se dão de 14-28 dias após ingestão e é caracterizado

por animais que ficam inquietos, procuram a sombra, têm apetite reduzido,

icterícia, lesões crostosas na pele com necrose e desprendimento (ROSSETI,

2009).

A presença do fungo, ou mesmo da esporedesmina não tem sido

confirmada em muitos surtos de fotossensibilização no Brasil (LEMOS 1996).

Como diagnóstico são indicados a biopsia e testes da função hepática,

incluindo os que medem o transporte (secreção, conjunção e excreção), tais como

bilirrubina e ácidos biliares; a atividade enzimática no soro, para detector necrose,

colestase e carcinomas e bioquímicos, que avaliam a capacidade de

metabolização. Para bovinos adultos são recomendados os testes de GGT(gama-

glutamiltransferase),FA(fosfatase alcalina),SD(sorbitol- Desidrogenase) e AST(

aspartato-aminotransferase.Estes testes todos indicados para

identificação de uma hepatite crônica, porém nenhum é eficaz em bezerros

menores de dois meses (ANDREWS,2008).

Sendo recomendado neste caso como método de diagnóstico a biopsia em

lesões difusas e biopsia guiada por ultrassom em lesões focais (BARROS, 2007).

Na necropsia se encontra o fígado aumentado de volume e com coloração

amarelo cobre intenso, a vesicular biliar pode apresentar-se distendida e com bile

viscose e espessa, a urina também pode ter coloração castanho escura. Nos

linfonodos podem-se encontrar nódulos brancos ou com estrias vermelho escura

(LIMA, 2009).

Evitar o problema requer o manejo correto do pasto. A pastagem não deve

passar de 20 cm de altura. Acima dessa medida, o capim excedente acumula-se

no solo. Os esporos do fungo encontram nos restos de pastagem úmida a

condição ideal para o desenvolvimento, dando origem à doença. A suplementação

mineral adequada, com atenção especial ao zinco, e o controle parasitário são

outras medidas recomendadas para garantir maior resistência do animal

(FAGLIARI, 1998, citado por CHAGAS, 2005)

3 RELATO DE CASO

Foi atendido na propriedade Bandoni, em Itararé no dia 15 de fevereiro de

2011 um paciente apresentando necrose gangrenosa seca nos tetos (FIGURA 16

e 17), descamação da pele por dermatite (FIGURA 16 e 17), apatia, prurido,

queda na produção de leite, e aversão ao sol, os parâmetros fisiológicos como:

frequência respiratória, frequência cardíaca e temperatura encontravam-se dentro

da normalidade.

FIGURA 16: TETO DE VACA COM SINAIS DE

FOTOSSENSIBILIZAÇÃO APRESENTANDO NECROSE GANGRENOSA

SECA.

FIGURA 17: DESCAMAÇÃO DE PELE DE PARTES DESPIGMENTADAS DO ÚBERE DE VACA COM SINAIS DE FOTOSSENSIBILIZAÇÃO

FIGURA 18: DERMATITE EM PARTES DESPIGMENTADAS EM VACA COM SINAIS DE FOTOSSENSIBILIZAÇÃO

FIGURA 19: PRESENÇA DE DESCAMAÇÃO DE PELE COMUM EM CASOS DE DERMATITE POR FOTOSSENSIBILIZAÇÃO

O animal encontrava-se a 37 dias numa pastagem de Brachiaria

decumbens e a uma semana havia apresentado os primeiros sinais.

A época do ano era quente com alta incidência de chuvas.

Foi realizada investigação no local a procura de plantas que pudessem

causar fotossensibilização primária ou hepatógena e não foi encontrada nenhuma

outra espécie além da própria Brachiaria.

Há relato do proprietário de incidência esporádica de casos como este,

porém com manifestações mais brandas.

O animal foi retirado da pastagem imediatamente, colocado em local com

acesso a sombra e tratado com protetores hepáticos (Mercepton durante cinco

dias), corticóide (Azium® 15 mg por via intramuscular), antibiótico

(enrofloxacina,2,5 mg/kg,durante sete dias) como preventivo da ocorrência de

septicemia e pomada de aplicação tópica antisséptica e anestésica local nos tetos

duas vezes ao dia (Farmaron®). Em duas semanas o animal apresentou melhora

no quadro, não havendo recidivas.

4 DISCUSSÃO

Observando que a fotossensibilização pode ter diversos fatores etiológicos

como, plantas, fungos, defeitos congênitos no metabolismo da porfirina, problemas

no metabolismo hepático ou mesmo em alguns casos etiologia incerta (MOTTA,

2000), devemos sempre analisar as diversas variáveis que possam contribuir para

o aparecimento de casos ou surtos.

É importante ainda segundo REBHUN (2000), reconhecer os sinais

clínicos o mais brevemente possível, realizando a rápida retirada do elemento

desencadeador da fotossensibilização e iniciando tratamento, pois o quadro, não

raro evolui para morte.

Segundo SANTOS (2008), os sinais iniciam com eritema, seguidos por

edema, fotofobia, e dor. Ocorre espessamento da área afetada com presença de

exsudato e formação de crostas, deixando a pele lesada com aparência de casca

de arvore, que finalmente se desprende. Lesões estas que conferem com o

quadro encontrado na propriedade, as lesões mais graves se localizam no dorso e

partes expostas ao sol quando o animal se deita que também foram observadas

no caso descrito.

Quanto aos exames, importantes para identificar grau de lesão fígado,

não foram realizados, pois não há na região laboratório de análises clinica

especializado em veterinária, porém os parâmetros normais dos exames em

bovinos: Proteínas totais (6,5 - 8,5g/dl), Albumina (2 - 4g/dL), Creatinina (1 -

2mg/dL),Ureia (10 - 45mg/dL), GGT (0- 50U/L),AST (13 - 110U/L)

(FERREIRA,2009).

O diagnóstico final da etiologia do caso não pode ser concluído, pois

apesar de ser sugestivo de intoxicação por Brachiaria, não se sabe se havia ou

não a presença do fungo P. chartarum, ainda que as condições climáticas

favorecessem a presença do mesmo, já que ALBERNAZ (2010), diz que a

fotossensibilização observada em pastagens de Brachiaria sp. era até algum

tempo atrás atribuída exclusivamente à toxina esporodesmina produzida por

esporos do fungo Pithomyces chartarum nas pastagens ,porém, atualmente a

toxicidade para animais é também atribuída à presença de saponinas esteroidais

litogênicas na própria gramínea ocorrendo em qualquer época do ano,

principalmente em bezerros, próximo ao desmame.

Há ainda a possibilidade de o quadro estar relacionado a outra etiologia

mesmo havendo sido feito uma inspeção no pasto em busca de outras plantas e

na anamnese o proprietário não tenha revelado nenhuma informação sugestiva de

outras causas.

Segundo LEMOS (2004), diagnóstico baseia-se no histórico, nos sinais

clínicos e dever ser confirmado com a realização de necropsias e exames

laboratoriais. A enfermidade deve ser diferenciada de outras causas de

fotossensibilização, principalmente a intoxicação por Enterolobium

contortisiliquum e a Lantana sp. Nestes casos é importante a interpretação dos

dados clínicos e epidemiológicos, uma vez que a intoxicação por Enterolobium

contortisiliquum ocorre entre os meses de agosto a novembro, afetando também

animais adultos e de forma severa, sendo que vacas prenhes geralmente abortam.

Por sua vez, a intoxicação por Lantana sp, geralmente está associada a transporte

ou fome e causa sinais clínicos severos, com alta mortalidade de animais adultos.

Por outro lado é importante lembrar que plantas do gênero Panicum, inclusive

forrageiras, podem produzir fotossensibilização .

O tratamento Segundo a literatura constitui-se basicamente da retirada

imediata do bovino do pasto, administração de antibióticos, corticóides ou

antiinflamatórios não esteroidais, pomadas locais, laxantes, protetores hepáticos e

tratamento dos sinais de intoxicação, visando apenas dar suporte para que o

animal se recupere (EMBRAPA, 1998)

5 CONCLUSÃO

Orientar o proprietário a reconhecer precocemente os sinais da

fotossensibilização, faz parte das medidas a serem adotadas para evitar surtos,

removendo as animais o mais rapidamente possível da pastagem assim que

apareçam os primeiros sinais.

O manejo adequado das pastagens assim como a diversificação das

espécies ofertada aos animais também compõe pontos importantes para

prevenção do aparecimento de casos de fotossensibilização, assim como não

fazer a desmama de bezerros em pastagem de Brachiaria sp.,são ações simples,

mas que podem diminuir significativamente os custos com tratamento dos

rebanhos.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBERNAZ T. T. et al. Fotossensibilização em ovinos associada à ingestão de Brachiaria brizantha no estado do Pará. Pesq. Vet. Bras. 30(9):741-748, setembro 2010. Disponível em: http://www.pvb.com.br/pdf_artigos/02-10-2010_17-42Vet%20805_1908%20LD.pdf

ANDREWS, A. H. R.W.et. al. Medicina Bovina. Doença e Criação de Bovinos. 2ª Ed. São Paulo: Roca, p.1050-1060.2008 BARROS, C.S.L.et al. Biópsia hepática no diagnóstico da intoxicação por Senecio brasiliensis em bovinos. Pesq. Vet. Bras. 27.p.53-60. 2007. Disponível em:http://www.scielo.br/pdf/pvb/v27n1/10.pdf. CHAGAS, G. Pastagem perigosa: fotossensibilização causa problemas hepáticos em bovinos e ovinos. Jornal da UNESP - ano XVI - nº 166.2005 http://www.unesp.br/aci/jornal/166/med%20veterinaria.htm DRIEMEIER, D.; BARROS, S.S.; PEIXOTO, P.V. Estudos histológicos, histoquímico e ultraestrutural de fígados e linfonodos de bovinos com presença de macrófagos espumosos (“foam cells”). Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 18, n.1, p.29-34, 1998. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-736X1998000100005 EMBRAPA. Qual a causa e o tratamento da fotossensibilização em bovinos?1998.Disponível em: http://www.cnpgc.embrapa.br/tecnologias/quersabermais/500p/autores4.html FERREIRA, F. et al. Parâmetros clínicos, hematológicos, bioquímicos e hormonais de bovinos submetidos ao estresse calórico. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.61, n.4, p.769-776, 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abmvz/v61n4/v61n4a02.pdf LEMOS, R.A.A.; FERREIRA, L.C.L.; SILVA, S.M. Fotossensibilização e colangiopatia associada a cristais em ovinos alimentados com Brachiaria decumbens e Brachiaria humidicola. Ciência Rural, v. 26, n. 1, p. 109-113, 1996.Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cr/v28n3/a26v28n3.pdf LEMOS R.A.A. Amenizando a requeima: Animais desmamados são mais suscetíveis e a melhor forma de contornar o problema éaumentar a área de

sombra e remover os animais dos pastos de Brachiaria. Cultivar Bovinos n. 5, p.30-33. Mar. 2004. Disponível em: http://www.grupocultivar.com.br/arquivos/bovinos05_requeima.pdf

LIMA, F. G.et al. Avaliação histopatologica hepática e desempenho ovinos

alimentados com feno de Brachiaria brizantha ou cana-de-açucar. Ciência

animal brasileira, 2009. Disponível em:

http://www.revistas.ufg.br/index.php/vet/rt/printerFriendly/7801/5594

MOTTA, A. C. et al. Fotossensibilização hepatógena em bovinos no sul do rio grande do sul. Ciência Rural, Santa Maria, v. 30, n. 1, p. 143-149, 2000.Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cr/v30n1/a23v30n1.pdf ROSSETTI, A. C. P. A.; CORSI M. Plantas tóxicas de interesse pecuário. Projeto CAPIM – Pesquisa e Extensão; Departamento de Zootecnia; ESALQ-USP. Abr.2009. Disponível em: http://www.projetocapim.com.br/revisao_bibliografica/001-plantas%20toxicas.pdf RADOSTITIS, et.al. Clínica veterinária. Ed. Rio de janeiro, 2000. P. 654 REBHUN,W.C.,Doença do gado leiteiro.Ed. Rocca. São Paulo. 2000.p 501.

SANTOS, J.C.A. et al. Patogênese, sinais clínicos e patologia das doenças

causadas por plantas hepatotóxicas em ruminantes e eqüinos no Brasil. Pesq. Vet.

Bras. 28(1): p.1-14. 2008.Disponível em:

http://www.scientificcircle.com/pt/58230/patogenese-sinais-clinicos-patologia-

doencas-causadas-brasil/

www.discoverlife.org/mp/20m?kind=Pithomyces+chartarum

CAPITULO III RELATÓRIO DE AUDITORIA FAZENDA ALVORECER RESUMO O presente relatório tem por objetivo discriminar o número de animais presentes na propriedade, bem como suas categorias, avaliando o manejo conduzido e sugerir outros que se encaixem melhores a realidade da propriedade ou que obtenham resultados mais satisfatórios. Os problemas com manejo foram os que mais mereceram atenção e são mais amplamente discutidos. Embora seja este relatório apenas parte inicial do projeto em andamento e uma quantidade maior de itens, além dos aqui elencados, merecerá atenção no transcorrer dos trabalhos, servindo este como base para se ter um panorama geral da atual situação da propriedade.

1 INTRODUÇÃO

A avaliação da propriedade se deu entre o dia 15 a 30 de maio de 2011, na

propriedade Alvorecer, do município de Itaberá - São Paulo.

Teve como objetivo principal fazer um panorama geral sobre a área disponível

para o gado de leite e corte, os tipos e qualidade das pastagens, sobre o número

de animais existentes e o manejo utilizado.

A proprietária demonstra interesse em ampliar as atividades tanto na

produção de leite, quanto de gado de corte, porém encontra muitas dificuldades,

principalmente em manter a produção leiteira e conseguir produzir leite de

qualidade.

Torna-se importante então a realização da auditoria para determinar os

pontos críticos e assim realizar melhores ajustes, visando alcançar os objetivos

traçados.

2 MÉTODOS UTILIZADOS

Para realizar a contagem dos animais, estes foram trazidos ao curral e

aproveitando-se do manejo de vacinação e vermifugação, onde passaram um a

um pelo brete, foram contados e marcados com crayon. Posteriormente foi

realizada vistoria a campo, para confirmar se todos os animais possuíam a

marcação. Este procedimento foi realizado com o gado de corte e todas as

categorias do gado de leite e os resultados encontram-se em anexo (p.97 a 104 e

p.105).

A delimitação da área de pastagem foi feita com o auxilio de um GPS e toda

área foi percorrida a pé ou a cavalo, dependendo das dificuldades de locomoção.

A inspeção quanto a qualidade foi subjetiva, através de análise visual das áreas

percorridas.

A medição do leite foi feita com régua existente na leiteria, porém, não reflete

a realidade e é apenas uma estimativa devido ao método utilizado e ao material

(régua) de acurácia duvidosa. Sendo sugerido o uso de balanças para a pesagem

do leite, ou ao menos a compra de uma régua de melhor qualidade, os resultados

estão discriminados em anexo (p.108).

A pesagem das novilhas se deu em balança fixa e todos os dados foram

anotados e analisados e encontram-se em anexo (p.106).

O teste de CMT foi realizado com produto específico, utilizando dois ml de leite

acrescidos de dois ml do produto homogeneizando-os e após 10 segundos

realizado leitura visual ( BRITTO,2007), assim também como o teste do alizarol foi

conduzido da mesma maneira, os resultados estão em anexo (p.110).

Para determinação dos possíveis erros de manejo, toda a rotina da fazenda foi

acompanhada durante quinze dias.

3 ÁREA DISPONÍVEL PARA DESENVOLVIMENTO PECUÁRIA DE CORTE E

LEITE

3.1PECUÁRIA DE LEITE

-pasto piqueteado(Mombaça velha) 14,67,ha

-Área novilhas (Brachiaria) -4,57 há

-Pasto pinheiro (Mombaça nova)-12,9 há

- Brachyaria -2,1ha

-tifton- 0,39 há

-pasto sujo (Brachiaria)-9,07 há

-Cana- 3,11- ha

-Total área de leite – 46,4 há

3.2 PECUÁRIA DE CORTE

Pasto alvorecer 1(Brachiaria)-37,67 há

Pasto alvorecer 2 MG-5)– 13,9 há

Pasto usina 1- sem medir

Pasto usina 2 – sem medir

As áreas de pasto denominado Usina, não foram medidas por falta de

disponibilidade do equipamento, todas as áreas acima descritas foram passadas

para um croqui, para que se pudesse visualizar melhor a distribuição das

pastagens. (FIGURA 20).

FIGURA 20: CROQUI DA ÁREA RESERVADA PARA GADO DE CORTE E LEITE DA FAZENDA ALVORECER

A Mombaça antiga encontra-se em condições de pastoreio e com boa coloração,

já o pasto ao fundo dos piquetes apresenta Mombaça sementeando, com

coloração amarelada e de baixa qualidade. (FIGURA 21).

Toda área para melhor aproveitamento poderia ser reformada, fazendo

análise do solo e correção do mesmo, assim como fazer a manutenção constante

da mesma, através da adubação.

O custo de recuperação de pastagens é elevado, utilizando num processo

mais simples com cerca de 1,5 t/ha de calcário, 300 kg/ha de adubo formulado e

mais a descompactação do solo. Já em uma recuperação mais completa seriam

aplicados 3 t/ha de calcário, 300 kg/ha de superfósforo simples e mais 300 kg/ha

de adubo formulado, com um preparo completo de solo de incorporação de

corretivos e fertilizantes e trabalhos de conservação do solo, como

terraceamento(ZIMMER,1998). Porém estes valores são apenas estimados,

dependendo de uma analise do solo pra fixar quantidades e valores.

É necessária ainda, uma adubação de manutenção que em sistemas

menos intensivos, normalmente só são efetuadas quando a pastagem apresentar

sinais de declínio, geralmente a cada 3 anos, na base de 30 a 60 kg de P2O5/ha

ou, mais completamente, de 30 a 60 kg de N, P2O5 e K2O/ha, conforme a análise

de solo. O modo de aplicação é a lanço sobre a pastagem, após uma limpeza e no

início das chuvas, de uma ou de duas vezes. Em sistema de pastejo rotacionado

intensivo, com pastagem de alta produtividade e alta lotação animal, recomendam-

se 50 a 100 kg de N, P2O5 e K2O/ha/ano, conforme a análise de solo. Nesse

caso, a adubação dos piquetes é necessariamente parcelada, logo após cada

pastejo ou cada dois pastejos (VEIGA, 2005)

FIGURA 21: PASTO COM MOMBAÇA ANTIGA AO FUNDO DA IMAGEM, APRESENTANDO COLORAÇÃO AMARELADA.

Os demais pastos de Mombaça apresentam aparência melhor, porém é

necessária também uma manutenção adequada, já que há áreas em que a

Brachiaria está tomando espaço.

Outra área que necessita de reforma é o pasto Sujo, composto de

Brachiaria, está infestado de ervas-daninha, como toda área é importante para

que as vacas sejam alocadas próximo ao curral, então se recomenda o cuidado

com estas áreas, para que possam fornecer alimento de qualidade aos animais.

A cana apresenta-se em boas condições de corte fornecendo alimento

para o inverno e a área de Tifton, também de boa qualidade, poderá ser usada

para fabricação de feno para os bezerros.

Na área destinada ao gado de corte há MG-5 de boa qualidade no pasto

alvorecer 2 (FIGURA 22), e optou-se por divisá-lo em dois piquetes de 19 há,

sobrando 13 há do pasto alvorecer 1 de qualidade muito inferior, que também

precisará ser reformado (FIGURA 23), este,embora menor também será utilizado

para rotacionar o gado de corte.

FIGURA 22: MG-5 ENCONTRADO NO PASTO ALVORECER 2

FIGURA 23: PASTO ALVORECER 1 COM PASTAGEM DEGRADADA E APRESENTANDO EROSÃO DE TERRA

A área de pasto denominado Usina, também poderá ser usada pelo gado

de corte, porém a área de pasto Alvorecer atualmente suporta bem as 141

cabeças existentes.

Todas as reformas necessárias em diversas pastagens deverão ser feitas

após realização da análise da terra, pois só assim se poderá determinar as

quantidades necessárias de macro e micronutrientes para o bom desenvolvimento

da pastagem.

4 PESAGEM DO LEITE

A medição do leite apresentou produção média de 12,7 litros (FIGURA 24),

somando 630 litros/dia (FIGURA 25).

Entre os maiores problemas encontrados na propriedade está a dificuldade

em manter a produção leiteira sendo que esta oscilou grandemente nos últimos

meses, sendo relatado pelos funcionários que esta oscilação vem se repetindo ao

longo dos anos.

O acompanhamento da medição do leite não era realizado a alguns meses

atrás e as vezes não acontece, como no mês de fevereiro, tornando assim

complicada a análise dos índices zootécnicos da propriedade e seu

desenvolvimento.

È sugerido que seja feita a aferição e anotação mensal destes dados

fazendo deste procedimento parte integrante da rotina de produção.

FIGURA 24: COMPARATIVO DA PRODUÇÃO MÉDIA DOS ÚLTIMOS 5 MESES

FIGURA 25: COMPARATIVO PRODUÇÃO EM LITROS DOS ÚLTIMOS 5 MESES

5 AVALIAÇÃO DAS NOVILHAS

A pesagem das novilhas também é manejo adotado recentemente E

verificando a numeração destas no levantamento realizado e as anotações de

pesagens dos meses anteriores, verifica-se que muitas vezes ficam novilhas de

fora da pesagem mensal, aparecendo animais em determinados meses que não

estando em outros.

Isso deve ser evitado, pois impede uma análise real do desenvolvimento

das novilhas (CONTROLE..., 2008)

Outro problema encontrado foi referente ao ganho de peso destas, sendo

que na pesagem realizada no mês de abril, somente 30% das novilhas ganharam

o peso esperado de 0, 600 Gr/dia, 32% ganharam peso, porém muito pouco e 38

% perderam peso.(CAMPOS)

Isto explica o fato das novilhas estarem parindo em sua maioria acima dos 3

anos e 2 meses, quando poderiam estar parindo com cerca de 2 anos e 3 meses,

algumas novilhas chegam a idade de cobertura porém não alcançaram o peso

ideal, tendo assim que atrasar seu inicio da vida reprodutiva(OLIVEIRA,2008).

6 RESULTADOS DOS TESTES DE CMT E ALIZAROL

Foram realizados na fazenda os testes de CMT (Califórnia mastitis test) e

Alizarol, devido ao fato de que a alguns meses a propriedade não consegue

entregar o leite produzido ao laticínio, pois o mesmo apresenta resultado positivo

ao teste do alizarol no tanque expansor.

Procedeu-se então o teste de CMT, para verificação da saúde do sistema

mamário, e alizarol para estimar o perfil de acidez individual dos animais.

Os resultados encontrados mostraram que 83,3% do lote um 66,6% do lote

dois, e 75% do rebanho total, apresentaram resultado positivo ao teste de CMT

(FIGURA 26).

Segundo INTERVET (2009), o teste de CMT, baseia-se no aumento de

células somáticas presentes no leite que reagem com um detergente aniônico.

A avaliação do teste de CMT segue um padrão determinado sobre o grau do

aumento da viscosidade numerada em uma, duas ou três cruzes.

A avaliação consiste na seguinte classificação:

Leite é considerado normal quando for classificado como traços ou

negativo.

Leite é considerado anormal quando for classificado como 1, 2 ou 3

Quando a vaca apresenta teste da caneca de fundo preto negativo e CMT positivo,

a mastite é denominada subclínica.

No trabalho realizado por Philpot em 1984, estabeleceu-se uma correlação

entre os dados de perda da produção leiteira, com os testes de CMT, com os

seguintes resultados:

CMT +1, perda de 10 a 11%.

CMT + 2, perda de 16 a 26%.

CMT + 3, perda de 25 a 46%.

FIGURA 26: FORMAÇÃO DE GEL MOSTRANDO REAÇÃO POSITIVA AO TESTE DO CMT

Já o teste de alizarina apresentou resultado positivo com formação de

grumos em 66,6% no lote um 45,83% no lote dois e 56,25% do rebanho total em

lactação (FIGURA 27). Além dos resultados positivos houve casos de leite

alcalino, indicativo de mastites ou leite adulterado, opção descartada neste caso já

que o teste foi realizado com leite retirado direto da glândula mamária. (FIGURA

28).

FIGURA 27: FORMAÇÃO DE COÁGULOS MOSTRANDO REAÇÃO

POSITIVA AO TESTE DA ALIZARINA

FIGURA 28: AMOSTRA ALCALINA COM COLORAÇÃO VIOLETA E LEITE NEGATIVO AO ALIZAROL COM COLORAÇÃO NORMAL OCRE.

No lote um a média de idade de lactação fica em 3,9 meses, e no lote dois

em seis meses.

A alimentação consiste apenas de pastoreio sobre MG-5 e concentrado

com 18% de proteína antes da ordenha, sem controle da quantidade consumida e

produção individual.

Os animais positivos a acidez apresentaram variação de 2 a 11 meses de

lactação, a média de produção leiteira é de 12,7 litros.

Das vacas positivas ao alizarol, 86,0 % eram também positivas ao CMT e

apenas 10,4% apresentaram resultados negativos para ambos os testes.

Há na fazenda uma quantidade muito grande de vacas positivas no teste

do alizarol, o que resulta num leite ácido no tanque resfriador.

Este teste pode dar positivo nas seguintes condições: se o leite está ácido;

se o índice de mastite no rebanho estiver elevado; se houver muitas vacas

próximas da secagem ou recém-paridas e se houver desequilíbrio salino do leite

(excesso de cálcio e magnésio em relação a fosfato e citrato).

Quando o teste de alizarol der positivo, primeiro, deve-se descartar a

possibilidade de acidez. A acidez é resultado da contaminação bacteriana do leite.

Portanto, para que este fator seja descartado, deve se fazer uma análise da

contagem total de bactérias (esta análise deverá apresentar um índice de 100 mil

ufc/ml, ou menor). A situação da mastite pode ser avaliada pela contagem de

células somáticas (CCS) ou pelo CMT. A CCS do leite do rebanho deve ser menor

que 400 mil/ml. Deve-se também verificar se a maioria das vacas está no início da

lactação ou próximo da secagem. Se não for nenhum desses casos, pode estar

ocorrendo desequilíbrio salino. Nesta situação, não há tratamento. O desequilíbrio

salino é influenciado por diversos fatores, como por exemplo, mastite, estágio da

lactação, mudança brusca na alimentação, individualidade da vaca, raça, estação

do ano ou baixa qualidade da alimentação (SANTOS, 2005)

Para descartar a possibilidade de o resultado ser um falso positivo, sugere-

se fazer um teste complementar, o Dornic (MARQUES, 2005).

Assim após resultado conclusivo, achar possíveis soluções, sejam estas

relativas a higiene, um melhor controle da mastite, correção alimentar ou da

genética do rebanho.

O Teste de CMT (californian Mastitis Test),também teve grande quantidade

de animais positivos, isto reflete um rebanho onde é necessário atentar mais para

o método de secagem das vacas, seguindo sempre recomendação do veterinário

e também uma melhor higiene na ordenha , mergulhando as teteiras em solução

desinfetante entre uma vaca e outra, para que não aja contaminação das novilhas

que entram em lactação.Esta pode ser uma das causas para a acidez no leite, já

que mais da metade das vacas positivas para o alizarol, também são positivas

para o CMT.A presença de mastite subclinica reflete numa menor produção de

leite, e em sua menor qualidade, estando aí dois bons motivos para uma secagem

correta da vaca.

7 DISTRIBUIÇÃO DOS LOTES

7.1 INVERNO

Vacas no leite

Devem comer de manhã no cocho do pasto das novilhas, silagem de sorgo e

cana com uréia (20 kg de cana com uréia e silagem de sorgo), desde a hora da

ordenha até as 10h00min da manhã, depois descer para o pasto

pinheiro(mombaça nova), pastorear até a hora da ordenha, após ordenha voltar ao

cocho, onde passaram a noite.

Novilhas menores de um ano

Continuam por enquanto no mesmo pasto, comem no cocho cana com uréia e

concentrado 12% uma vez ao dia.

Novilhas maiores de um ano

Passam a pastorear nos piquetes de mombaça velha, sobem para os cochos ás

10h00min da manhã onde comem cana com uréia e ficam até as 14h00min,

quando voltam para a área piqueteada.

Vacas secas

Por enquanto continuam no pasto da usina, por falta de estrutura para comportá-

las junto com as outras vacas.

Vacas no pré-parto

Pastoreiam em piquete de Mombaça nova, sobem junto com as novilhas às

10h00min da manhã para comer no cocho cana com uréia e voltam as 14h00min

para seu piquete

O manejo acima descrito é devido à dificuldade encontrada, por parte dos

funcionários, em executar os devidos rearranjos de cercas.

A proposta inicial que deverá ser adotada como manejo definitivo é a

colocação de uma cerca no meio do cocho principal, dividindo a área em dois

piquetes, que acomodariam os dois lotes de vacas em lactação, estes andariam

sempre separados, inclusive, pastoreando em piquetes distintos no pasto pinheiro

(Mombaça nova).

As novilhas menores de um ano iriam para a mesma área das novilhas

maiores de um ano (Mombaça velha), porém, em piquetes separados e

receberiam suplemento no cocho da mangueira.

As vacas secas ficariam na área ao fundo dos piquetes de mombaça, em

pasto de Mombaça e Brachiaria e as vacas no pré-parto, continuariam em piquete

exclusivo, na pastagem de Mombaça nova e sendo suplementadas no cocho da

mangueira.

Este projeto se tornou impossível de imediato, porque os funcionários

alegam falta de tempo para construir uma cerca nova no cocho principal, e colocar

os fios extras da cerca elétrica para segurar as novilhas pequenas, já que na área

onde é pretendido fazer a realocação destas, há apenas um fio de arame.

Sendo importante o inicio imediato da suplementação dos animais a cocho,

optou-se pela divisão dos lotes acima citada temporariamente, porém sem

abandonar a idéia do projeto inicial.

7.2 VERÃO

No verão a pastagem, a principio, seria a principal fonte de alimentação

das vacas, sendo suplementadas com concentrado (20%PB), apenas as vacas em

lactação, na proporção de 1 Kg de ração para cada 3 litros de leite, e as novilhas

em crescimento com concentrado (12% PB) (ALVIM et al.,2005)

Porém, na atual situação que se encontra a pastagem, a lotação

comportada é muito baixa, sendo necessário realizar correção do solo para tentar

melhorar a qualidade do mesmo. Se não forem realizadas as correções

necessárias do solo para aumentar a capacidade de lotação do capim, haverá

falta de pastagem para o gado de leite, sendo necessária uma nova realocação de

animais.

A produção esperada de Brachiaria decumbens para a atual situação e

que se encontra a pastagem é de 7 ton MS/ano, sendo que 70% é produzida no

verão, então teremos uma produção média de 4,9 ton/MS/ verão.

Já a produção da Mombaça, nas atuais condições, fica em torno de 18 ton/MS/

ano, tendo também 70% de sua produção no verão, temos disponível 12,6 ton/MS

verão.

Os animais consomem em média 25 Kg de MS por unidade animal/ dia,

teremos 210 dias de consumo, portanto precisaremos de 5250 Kg/UA/período.

A capacidade de suporte da B.decumbens está em torno de 0,93 UAs/ha,

levando em consideração que temos 20,84 ha de pastagem de B. decumbens,

então, isto nos possibilita acomodar 19,38 UAs.

A Mombaça por sua vez comporta 2,4 UAs/ha, temos 22,49 ha desta

variedade, acomodando 54 UAs. Havendo então, no total, pasto suficiente para

73,38 UAs.

Levando em consideração que há atualmente 116,75 unidades animal na

propriedade, faltará pastagem para 47,37 UAs.

A solução seria um tratamento correto do solo, ampliando assim a

capacidade de suporte do capim Mombaça para 5,4 unidades animal no verão(

CORREA e SANTOS,2003) e da Brachiaria para 1,6 unidades animais, então

haveria sobra de pastagem e a possibilidade de acomodar todas as categorias ao

redor da mangueira, onde podem ser mais bem monitoradas e cuidadas.

Caso esta correção de solo e manutenção da pastagem não seja feita de

forma correta, será necessário realocar o gado, utilizando pastagem do gado de

corte, havendo possibilidade de alojar as vacas secas no pasto da usina, assim

também como as novilhas que ainda não estão em reprodução.

Em todo caso, as vacas em lactação têm que estar pastoreando nos

piquetes rotacionados de mombaça nova, as novilhas novas nos piquetes de

mombaça velha, para que se possa detectar o cio e inseminá-las, assim como as

vacas pré-parto necessitam de acompanhamento mais intensivo.

8 DISCUSSÕES E RECOMENDAÇÕES REFERENTES Á MANEJO

8.1 BEZERROS A auditoria na fazenda alvorecer teve por objetivo a contagem do número de

animais da fazenda e avaliação do manejo realizado.

Foi constatado que as bezerras são alojadas de maneira adequada, em

piquete próprio, com casinhas para a proteção das variações climáticas. Recebem

um sucedâneo de boa qualidade (SPRAYFO®), e quantidade adequada de leite,

este é diluído de maneira e temperatura correta e ofertado em baldes até os

quatro meses de idade.

Porém notou-se que não havia disponibilidade de água desde o primeiro dia

de vida, nem ao uso de feno durante toda fase em que ficam no bezerreiro, a

ração é fornecida a partir do quinto dia, o que está de acordo com o recomendado.

Os cochos de água são limpos aproximadamente a cada 15 dias e estão em boas

condições. Sugere-se então a colocação de cochos de água e feno junto às

casinhas do bezerreiro, para que estas tenham um desenvolvimento ruminal mais

precoce (OLIVEIRA, 2008). (FIGURA 29)

FIGURA 29: LOCAL ONDE FICAM ALOJADAS AS BEZERRAS ATÉ OS QUATRO MESES.

As bezerras poderiam ainda ser amamentadas em mamadeiras, pois isso

facilita o posicionamento adequado da cabeça e a conseqüente passagem do leite

pela goteira esofágica, melhorando o aproveitamento nutricional

(RODRIGUES,2002).

O peso das novilhas ao desmame não pode ser aferido, pois não há dados

específicos anotados.

Foi observado ainda o fato das bezerras em um determinado dia ficarem

presas as cordas por um período muito prolongado (cerca de duas horas) após o

aleitamento, para só então ser ofertado a elas a ração, isto deve ser evitado.

A aparência geral das bezerras deixa a desejar, com a presença de algumas

com pelos arrepiados, magras, pequenas ou com muitos carrapatos.

É necessário corrigir pequenos detalhes de manejo para que possa

desmamá-las aos quatro meses com um peso adequado.

8.2 NOVILHAS DE 4 A 12 MESES

Os animais após desmama seguem para piquete, separados em idade de 4 a

12 meses, porém o pasto não é de boa qualidade, não há suplementação nem de

feno ou ração e as novilhas acabam muitas vezes perdendo peso. Há presença

em especial de quatro animais realmente debilitados que estão recebendo

tratamento especial em piquete separado, a água é oferecida a vontade, porém os

bebedouros não são limpos.

A média de peso das novilhas nesta idade é de 173 kg, quando próximas de

um ano deveriam ter cerca de 240.

O manejo pode ser mudado de forma a favorecer o ganho de peso, com a

suplementação destas novilhas no cocho com 1 Kg de concentrado 12%,

favorecendo uma entrada mais precoce na vida reprodutiva (CAMPOS).

Assim como uma a subdivisão do lote em novilhas de quatro a oito meses e

de nove a doze meses, conseguiria uma melhor uniformidade das mesmas e

menor competição por alimentação favorecendo o ganho de peso geral.

8.3 NOVILHAS ACIMA DE UM ANO

Acima dos 12 meses as novilhas vão para um pasto muito distante, justo

quando deveriam estar perto do curral, para que se possa observar o cio e

inseminá-las. Os animais não recebem feno nem ração ou silagem, tem água

fresca á vontade, as novilhas chegam a esta idade normalmente abaixo do peso

para serem inseminadas iniciando sua vida reprodutiva tardiamente.

Há novilhas com bom score corporal e outras que não acompanham

desenvolvimento do lote. Estas acabam trazendo as médias de peso das demais

pra baixo e a média animais prenhes da fazenda também.

Não há lote específico para novilhas de 13 a 22 meses, nem para animais já

inseminados ou animais em inicio da lactação.

Os animais secos vão para o pasto junto com as novilhas maiores de 12

meses e recebem o mesmo tratamento.

É recomendado então neste caso, que as novilhas sejam alocadas em pasto

próximo ao curral, onde possam ser monitoradas e inseminadas.

O lote de novilhas entre um e três anos é muito desuniforme, havendo alguns

animais com cerca 190 kg e outros que passam dos 500 kg, sendo que ficaria

mais homogêneo,se na atual circunstância, a divisão dos lotes fosse feita por peso

e não por idade.

8.4 VACAS EM LACTAÇÃO

Os animais em lactação são separados em dois lotes de acordo com a

produção leiteira, a média de produção do lote A é 15,79 litros e do lote B é e 12,4

litros, a maior produção individual do lote A é de 25 litros e do lote B 16 litros, na

separação não se considera o estágio de lactação.

A condição corporal média dos animais é boa, coma presença de alguns

animais com algumas doenças que comprometem sua estada no rebanho, e

quatro com score corporal muito baixo, não há lotes separados de novilhas e

vacas na ordenha.

O arraçoamento é feito antes da ordenha, porém é impossível determinar

quanto cada animal ingere, pois o cocho é conjunto e todas as vacas do lote se

alimentam simultaneamente A silagem só é ofertada durante o inverno.

Observou-se uma má divisão dos lotes ocorrendo de ter vacas em inicio de

lactação no lote dois e também mistura de animais na entrada pra ordenha.

Isto pode ser resolvido com o uso de colares nas vacas do primeiro lote ou

então colocando os dois lotes para andar o tempo todo separados, inclusive na

hora do pastoreio.

Há também a necessidade de um melhor arraçoamento, individual de

acordo com a produção de cada vaca, fornecendo o concentrado em canziz

individuais.

Notou-se ainda que em determinados dias a ordenha não começa às cinco

horas da manhã, e que não é respeitado o período de 12 horas para a segunda

ordenha, o que resulta numa possível menor produção de leite (FILHO).

Existem nos lotes em produção, vários animais com sérios

comprometimentos como: câncer de pele, câncer de olho, de vagina, tumores nos

úberes, problemas de aprumos, que poderiam ser descartados, com certeza todos

estes animais tem seu potencial suprimidos

Os equipamentos de ordenha são muito bem limpos .

. O teste do alizarol não é realizado diariamente. Durante o período foi

realizado duas vezes ao dia, na coleta da manhã do dia 16 de maio, segunda-feira

foi constatada acidez e a partir de então, até o dia 30, todos os testes no tanque

expansor apresentaram alterações ao teste em maior ou menor intensidade.

Durante dois dias foi notado que o tanque expansor só foi lavado por volta

do meio-dia (o caminhão coletor de leite passa as 9h00min). A lavagem do mesmo

logo após a retirada do leite é importante para manter a qualidade do leite

armazenado.

Os funcionários foram todos atenciosos e atenderam prontamente as

solicitações.

Reclamam de não haver muitas vezes material disponível para realizar

certos trabalhos, como uma farmácia para medicar prontamente um animal que

adoece, embora relatem que muita coisa já melhorou.

Queixam-se ainda da falta de uma liderança, já que não há uma união por

parte deles para execução dos serviços.

9 CONCLUSÃO

Há na propriedade, muitos problemas de manejo a serem resolvidos, assim

como também é importante investir na melhoria do rebanho, descartando vacas

velhas e investindo em genética para produção de leite.

È necessário também o treinamento dos profissionais para realização de

um programa de inseminação artificial, visando esta melhoria genética.

Torna-se indispensável um acompanhamento especializado a respeito de

mudanças no manejo, necessárias diante da pretensão de aumentar a

produtividade e a produção de leite.

Deve haver disposição por parte dos funcionários em acatar ordens

relativas a estas mudanças, para que se possa obter êxito nas metas pretendidas.

Alavancar produção aliando a qualidade do leite não é tarefa das mais

simples e exigirá empenho de todas as partes.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CONTROLE Zootécnico na Pecuária de leite: Tecnologia para Avaliar a Eficiência

Técnica da Atividade Leiteira.2008. Disponível em:

http://www.cpafac.embrapa.br/prodleite/pdf/controle_zootecnico.pdf CORREA ,L. A.;SANTOS P.M. Importância do Gênero Panicum na Produção de Carne Bovina no Brasil. Revista JC Maschietto ano 01, no 01. Agos.2003.Disponível em: http://www.jcmaschietto.com.br/index.php?link=artigos&sublink=artigo_4 FILHO,C. V.Manejo de bovinos leiteiros adultos.2006Disponível em: http://www.foa.unesp.br/pesquisa/centros_e_nucleos/zootecnia/informacoes_tecnicas/forragicultura/Manejo%20de%20bovinos%20leiteiros%20adultos.pdf INTERVET,Schering-plough. Mastites:diagnóstico.Disponível em: http://www.intervet.com.br/Doencas/Mastites/040_Diagnostico.aspx OLIVEIRA,D. E.Manejo e criação de bezerras e novilhas leiteiras. Material Técnico sobre Bezerras e Novilhas Leiteiras.2008.Disponível em: http://na.linkway.com.br/artigos/apostila_tec_bez_nov.pdf MARQUES L. T. Ocorrência do Leite instável ao Álcool 76% e não ácido (Lina) e efeito sobre os aspectos físico-químicos do Leite. R. Bras. Agrociência, Pelotas,

v.13, n.1, p.91-97, jan-mar, 2007. Disponível em: http://www.ufpel.edu.br/faem/agrociencia/v13n1/artigo14.pd RODRIGUES,R. R .Alimentação de bezerros ruminantes com dieta liquida via goteira esofageana:Formação da goteira e escape ruminal. R. Bras. Zootec., v.31, n.6, p.23 64-2372, 2002.Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbz/v31n6/a27v31n6.pdf SANTOS,M. V..Alterações da estabilidade do leite.Disponível em: http://www.milkpoint.com.br/artigos-tecnicos/qualidade-do-leite/alteracoes-da-estabilidade-do-leite-parte-3-22217n.aspx VEIGA,J. B. Formação e manutenção de pastagem.Embrapa Amazônia oriental, sistemas de produção 02. Dez.2005. Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Leite/GadoLeiteiroZonaBragantina/paginas/formacao.htm ZIMMER et al. Considerações Sobre Índices De Produtividade Da Pecuária De Corte Em Mato Grosso Do Sul. Adaptado do Documento no 70, Campo Grande, MS, 1998. Disponível em: http://www.cnpgc.embrapa.br/publicacoes/doc/doc70/index.html

ANEXOS

10 LEVANTAMENTO REBANHO DE LEITE

Total bezerros

2 machos

11 femeas

Rebanho fêmeas :137 Total rebanho:139

Obs: deixando de lado 2 bezerros machos

Total novilhas

56

Total vacas

70

Total touros

3

11 DIVISÃO DO GADO DE LEITE EM LOTES - NOVILHAS DE 0-3 MESES 11 bezerras /2 machos/ 1 nelore

11.1 NOVILHAS ATÉ 12 MESES

Nu

m.

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S

23 2 a 3 m - - - - - - -

27 2 a - - - - - - -

32 b 8 meses - - - - - - -

33 1 a 1 m - - - - - - -

34 1 a 6 m

36b 1 a 2 m - - - - - - -

37b 1 a 1m - - - - - - -

38b 1 a 3 m - - - - - - -

39b 1 a 1 m - - - - - - -

40B 1 a 2 m - - - - - - -

41 b 1 a 1 m - - - - - - -

42B 1 a 1 m - - - - - - -

43b 1 a 1 m - - - - - - -

44 b 1 a 3 m - - - - - - -

45 b 1 a 1 m - - - - -- - -

46 b 11 m - - - - - - -

47 b 11 m - - - - - - -

48 b 11 m - - - - - - -

49 b 11 m - - - - - - -

50 b 10 m - - - - - - -

52 b 10 m - - - - - - -

53 b 10 m - - - - - - -

54 b 9 m - - - - - - -

55 b * 11 m - - - - - - -

56 b 9 m - - - - - - -

57 b* 10 m - - - - - - -

61 b 7 m - - -- - - - -

62 b 7 m - - - - - - -

63 b 7 m - - - - - - -

64 b 6 m - - - - - - -

65 b 6 m - - - - - - -

66 b 5 m - -

Total fêmeas 32

Total animais 34

11.2 NOVILHAS DE ACIMA 12 MESES

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m.

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.

01b 3 a 2m aborto - - - - - -

02b 2 a 6m - - - - vazia - -

03b 3 a 2 m - 26/10/10

2 09/08/11 prenha - -

06 b 2 a 8 m - - - - vazia - -

08 b 3 a 2 m - 30/08/10

1 13/06/11 prenha - -

09 b 2 a 10m - 31/08/10

1 14/06/11 prenha - -

11b 2 a 9 m - 31/08/10

1 14/06/11 prenha - -

12 b 2 a 5 m - 15/02/11

2 29/11/11 prenha - -

13 b 3 a 4 m - 04/02/11

2 18/11/11 prenha - -

16b 2 a 9m - 29/03/11

1 10/01/12 prenha - -

18 b 2 a 10m - 24/07/10

1 07/05/11 prenha - -

19b 2 a 9 m - 22/10/10

2 05/08/11 prenha - -

22 b 2 a 5 m - 22/10/10

2 05/08/11 prenha - -

25b 2 a - - - - - - -

26 2 a 9m - - - - crestar - -

28 b 2 a - - - - - - -

29 b 1 a 8m - - - - Liso/vazia - -

30 b 2 a - 1 27/10/10 prenha - -

31 b 1 a 1 m - - - - crestar - -

35 1 a 5m - - - - -

58 - - - - - - - --

59 - - - - - - - -

Total fêmeas 22

11.3 VACAS SECAS

Nu

m.

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TIV

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07B 3 a 2 m 13/12/11 30/03/11 1 11/01/11 prenha

14B 3 a 1 m

03/2/11 31/03/11 1 12/01/11 prenha

15 a

08/4/10 25/02/11 8 09/12/11 prenha

20b 3 a 2m

23/3/11 - - - vazia

21 b 3 a 3m

13/8/10 27/09/10 1 11/07/11 prenha

26 a -

- - - - -

27a - 21/07/10 06/10/10 1 20/07/11 prenha

34 a - 04/07/10 08/02/11 5 22/11/11 prenha

38 a - 07/06/09 04/02/11 3 18/11/11 crestar

47 a - 13/04/10 13/12/10 5 26/09/11 retoque

48 a - 16/08/10 17/10/10 1 31/07/11 prenha

59 a - 31/07/10 15/12/10 5 28/09/11 prenha

108 a - - - - - -

Total fêmeas 13

Total grupo 14

11.4 VACAS PARA PARIR

M.

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ÃO

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O

DU

TIV

A

05 A - 29/03/10 19/07/10 2 26/06/11 prenha

17 A - 28/06/10 11/08/10 1 25/05/11 prenha

23 A - 07/01/10 23/08/10 3 06/06/11 prenha

41 A - 01/07/10 29/09/10 3 13/07/11 prenha

97 A - 19/04/10 20/08/10 2 03/06/11 Prenha

110 A - 16/06/10 15/08/10 1 29/05/11 Prenha

119 A - 15/07/10 21/08/10 1 04/06/11 Prenha

120 A - 24/04/10 01/08/10 2 15/05/11 Prenha

740 BN - 15/03/10 15/07/10 1 28/04/11 Prenha

11.5 VACAS EM LACTAÇÃO lote 1

Nu

m.

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10B - 26/02/11 - - - 3 m 13

20 A - 05/08/10 01/10/10

1 15/07/11

prenha

9 m 16

22 A - 25/02/11 retoque

51 A - 23/02/10 24/10/10

5 07/08/11

prenha

3 m 8

52 A - 11/09/10 14/03/11

3 26/12/11

clod 5 m 12

61 A - 16/04/11 - - - vazia 1 m 8

64 A - 08/05/10 19/07/10

1 02/05/11

pariu 1 m 13

70 A - 26/04/10 15/07/10

1 28/04/11

Pariu 1 m 21

73 A - 18/03/11 11/04/11

1 23/01/12

Prenha

2 m 22

92 A - 16/04/10 01/08/10

2 15/05/11

Prenha

20 d 24

111 A

- 23/12/10 - - - Retoque

5 m 11

121 A

-- 07/07/10 7/4/11 6 19/01/12

Prenha

10 m 20

122 A

- 12/10/10 25/02/11

2 09/12/11

Prenha

7 m 12

123 A

- 12/06/10/ 22/07/10

1 05/05/11

prenha

20 d 20

133 A

- 04/01/11 11/03/11

1 23/12/11

Prenha

4 m 14

138 A

- 26/12/10 17/04/10

1 5 m 20

543 BN

- 01/03/11 17/04/11

1 29/01/12

Prenha

2 m 22

546 BN

- 14/03/11 - - - 2 m 16

585 BN

- 13/11/10 09/04/11

1 21/01/12

Prenha

6 m 11

594 BN

- 07/09/10 29/02/11

6 08/12/11

Vazia 8 m 11

613 BN

- - 09/11/10

1 23/08/11

Lisa 7 m 16

626 BN

- 07/08/10 05/12/10

2 18/09/11

Vazia 4 m 13

634 BN

- 19/08/10 10/04/11

5 22/01/12

Vazia 9 m 15

752 BN

- 15/03/10 15/07/10

1 28/04/11

Prenha

20 d 21

Total lote 1 24

I touro 25

Lote 2

Nu

m.

IDA

DE

PA

RT

O

UL

TIM

A

CO

BE

R

TU

RA

QT

D.C

OB

ER

T.

PR

EV

IS

ÃO

PA

RT

O

SIT

UA

Ç

ÃO

RE

PR

.

PE

RIO

DO

LA

CT

.

PR

OD

.

L.

04B 2a10m 09/02/11 - - - vazia 3 m 12

05B 3a 2 m - 19/07/10 2 02/05/11 vazia 1 m 13

06 A

- 14/10/10 23/11/10 2 06/09/10 prenha 7 m 11

13 A

- 03/10/08 26/07/10 4 09/05/11 prenha 9 m 14

15 B

3 a 24/02/11 - - CLOD 3 m 14

17 B

2a10m - 24/07/10 1 07/05/11 prenha 1 m 09

24ª - 10/12/10 - - - vazia 5 m 13

40 A

- 22/04/10 04/08/10 2 18/05/11 prenha 1 m 13

53 A

- 01/02/11 - - - Lis0/vazia

3 m 05

56 A

- 28/09/10 23/11/10 1 06/09/11 prenha 8 m 10

60 B

3a 3 m - 30/07/10 13/05/11 pariu 1 m 16

65 A

- 25/02/11 - - - - 3 m 14

66 A

- 17/05/10 12/03/11-

08- 24/12/11-

prenha 1 a 14

68 A

- 07/02/11 28/02/11 1 12/12/11 Prenha 11

77 A

- 11/06/10 08/03/11 9 20/12/11 Clod 11 m 8

79 A

- 18/10/10 26/02/11 1 10/12/11 Prenha 7 m 06

87 A

- 06/06/10 19/07/10 2 02/05/11 Prenha 11 m 0

96 A

- 09/06/10 21/10/10 3 04/08/11 prenha 11 m 8

101 A

- 19/04/10 20/08/10 2 03/06/11 Prenha 9 m 10

201 A

- 14/08/10 30/10/10 3 13/08/11 Prenha 1 m 14

202 A

- 23/06/10 14/12/10 2 27/09/11 Prenha 11 m 7

207 A

- 09/04/11 - - - Vazia 1 m 16

627 A

- 03/12/10 07/04/11 3 19/01/12 Prenha 5 m 15

MALHADA

- 19/04/10 10/04/11 9 22/01/12 CLOD 1 a 1m

12

Total lote 2 24

CLOD- corpo lúteo ovário esquerdo

12 LEVANTAMENTO REBANHO DE CORTE NÚMERO NÚMERO NÚMERO

01 234 368(BP)

02 235 369

03 285 371

05(BP) 301 371

06(BP) 302(BP) 374(BP)

07(BP) 305 375

08(BP) 308 376

09(BP) 317 378(BP)

10 318(BP) 383

11 337(BP) 385

12(BP) 339 386

13 340(BP) 387(BP)

14 342(BP) 389(BP)

15 345 391

16 346(BP) 392

42(BP) 348 (BP) 399

71 350(BP) 401 ( BP)

88(BP) 351 402(BP)

125 353 403

126(BP) 355(BP) 404 (BP)

132(BP) 356 406(BP)

153(BP) 357 407

154(BP) 358(BP) 408

162(BP) 359 409

169(BP) 361(BP) 415

200 362 414(BP)

212 363 417

223(BP) 364(BP) 418

225 (BP) 366 421 (BP)

230 367(BP) 425(BP)

1 S/ NUM(BP) 1 S/NUM(BP) 431

TOTAL VACAS ADULTAS 93

TOUROS 2

BEZERROS 46

TOTAL REBANHO 141

BP- bezerro ao pé

13 COMPARATIVO DE PESO DAS NOVILHAS

PESAGEM NOVILHAS

03/03/11 23/04/11 COMPARATIVO MÊS 03/04 KG NÚMERO PESO

PESO

01 420 440 +20

02 362 380 +18

03 450 442 -8

06 372 395 +13

07 - 507

8 500 495 -5

09 490 414 +24

11 370 385 +15

12 360 380 +20

13 450 480 +30

14 - 410

16 510 506 -4

18 480 500 +20

19 380 389 +9

21 - 470

22 400 410 +10

23 170 169 -1

25 300 323 +23

26 360 370 +10

27 210 207 -3

28 260 280 +20

29 390 387 -3

30 300 310 +10

31 340 355 +15

32 230 220 +10

33 110 1105 -5

34 210 230 +20

35 243 248 +5

36 170 199 +28

37 180 190 +10

38 160 165 +5

39 179 180 +1

40 180 185 +6

41 170 198 +18

42 140 156 +16

43 145 155 +10

44 108 -

45 172 162 -10

46 135 125 -10

47 150 139 -11

48 125 140 +15

49 105 98 -7

50 103 -

52 120 148 +28

53 115 130 +15

54 106 -

55 124 120 -4

56 108 -

57 220 223 -3

59 370

60 520 361 -9

62 - 130

61 - 126 -

63 - 107 -

64 - 100 -

65 - - -

S/N 82 -

14 PRODUÇÃO DE LEITE DOS ÚLTIMOS 3 MESES

VACA NUM. PROD. MARÇO

PROD. ABRIL

PROD. MAIO

10 b 12 13 13

20 a 11 21 16

22a 12 18 13

51 a 14 13 08

52 a 16 13 12

61 a - 22 25

64 a - - 13

70 a - 26 21

73 a - 18 22

92 a 8 - 24

111 a 16 16 11

121 a 17 19 20

122 a 13 16 12

123 a - - 20

133 a 20 20 14

138 a 18 18 20

543 bn - 23 22

546 bn - 24 16

585bn - 16 11

594 bn 12 13 11

613 bn 15 16 16

626 bn 12 16 13

634 bn 15 18 15

752 bn - - 21

04 b 13 8 9

05b 9 6 13

06 a 13 14 11

13 a - 11

15b 7 15 14

17 b 4 - 14

24 a 16 14 13

40 a -- - 13

53 a 9 9 05

56 a 15 9 10

60 b - - 16

65 a 11 15 14

66 a 18 18 14

68 a 11 11 11

77 a 9 9 08

79 a 11 10 06

87 a - 9 14

96 a 14 11 08

101 a 16 15 10

201ª 12 14 14

202ª 9 7 07

207 a - 18 16

627 bn 14 15 15

malhada 11 10 12

15 RESULTADOS DOS TESTES DE ALIZAROL E CMT

Lote 1 Lote 2

Num. CMT ALIZAROL Num. CMT ALIZAROL

10B Positivo

negativo 04B negativo positivo

20 A Positivo

negativo 05B negativo negativo

22 A Negativo

negativo 06 A positivo negativo

51 A Positivo

positivo 13 A positivo positivo

52 A Positivo

positivo 15 B negativo negativo

61 A Positivo

positivo 17 B negativo positivo

64 A Positivo

negativo 24 a positivo negativo

70 A Negativo

negativo 40 A positivo positivo

73 A Positivo

positivo 53 A positivo negativo

92 A Negativo

positivo 56 A positivo positivo

111 A

positivo negativo 60 B negativo positivo

121 A

positivo positivo 65 A positivo positivo

122 A

positivo negativo 66 A positivo negativo

123 A

negativo positivo 68 A positivo positivo

133 A

positivo positivo 77 A positivo negativo

138 A

positivo positivo 79 A negativo negativo

543 BN

positivo positivo 87 A positivo negativo

546 BN

positivo positivo 96 A positivo positivo

585 BN

positivo positivo 101 A positivo positivo

594 BN

positivo positivo 201 A positivo negativo

613 BN

positivo positivo 202 A positivo positivo

626 positivo positivo 207 A positivo negativo

BN

634 BN

positivo positivo 627 A positivo negativo

752 BN

negativo positivo MALHADA positivo negativo

CONCLUSÕES GERAIS

O estágio curricular proporcionou aprendizado constante no trabalho do dia-

dia à campo, oferecendo oportunidade de colocar em prática de forma conjunta a

teoria aprendida em sala de aula.

Favoreceu a vivencia de diversas experiências que testaram meus

conhecimentos e capacidade e reação e permitiu-me comparar as diferenças entre

a rotina e metodologia encontradas na faculdade e as encontradas a campo.

Além disso também aprimorou o relacionamento interpessoal, facilitando a

convivência com proprietários e prestadores de serviço,que exigem da parte do

profissional, cada qual, uma forma diferente de postura e comunicação.

Uma rotina intensa e focada na realidade do campo me mostrou maneiras

diferentes de conduzir situações e foi de extrema importância para meu

crescimento como futura profissional.