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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Marcelo Sandri Rodrigues ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS CURITIBA 2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Marcelo Sandri Rodrigues

ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

CURITIBA

2012

ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

CURITIBA

2012

Marcelo Sandri Rodrigues

ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel. Orientador: Prof. Afonso Henrique Prezoto Castelano.

CURITIBA

2012

TERMO DE APROVAÇÃO

Marcelo Sandri Rodrigues

ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do titulo de Bacharel em Direito em no curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, ___ de______________ de 2012.

____________________________________

Professor Dr. Eduardo de Oliveira Leite Coordenador do Núcleo de Monografias

____________________________________

Orientador: Professor Dr. Afonso Henrique Prezoto Castelano Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito

____________________________________ Membro da Banca Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito

____________________________________ Membro da Banca Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Direito

Dedico este trabalho a todos os meus familiares e amigos que sempre me impulsionaram a vencer cada lance da vida, me deram entusiasmo nas horas difíceis e vibraram com a minha alegria.

AGRADECIMENTO

Agradeço primeiramente a Deus que me deu coragem e serenidade para

enfrentar os momentos turbulentos; aos meus pais por toda dedicação e amor,

transmitindo força e entusiasmo; aos meus irmãos; demais familiares e amigos que

sempre me apoiaram nas decisões; e, finalmente, ao meu professor orientador Dr.

Afonso Henrique Prezoto Castelano pelas orientações dadas no desenvolvimento do

presente trabalho.

RESUMO

O presente trabalho versa sobre as Organizações Criminosas no âmbito nacional, o tema destaca os principais aspectos das organizações criminosas como a origem do crime organizado no Brasil, seu conceito, aspectos criminológicos, abordando ainda a sua forma de atuação, as características da sua estrutura organizacional bem como o “modus operandi” em um conjunto geral. Por fim, examinou-se o sistema normativo tratando dos meios de investigação adotadas pelo ordenamento jurídico brasileiro, como a ação controlada e a infiltração de agentes nas Organizações Criminosas. Sendo observada a importância do combate ao crime organizado assim como o combate à impunidade e procura pela paz social. Palavras-chave: Crime Organizado; Características do Crime Organizado; Ação Controlada; Infiltração de Agentes.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8

2 HISTÓRICO ............................................................................................................. 9

2.1 ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO CRIME ORGANIZADO ............................ 9

2.2 CONCEITO DE CRIME ORGANIZADO .............................................................. 11

2.3 CRIME ORGANIZADO NO BRASIL .................................................................... 13

3 CARACTERÍSTICAS DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS, LAVAGEM DE

DINHEIRO, ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ....................................................... 18

3.1 CARACTERíSTICAS DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS ............................. 18

3.2 LAVAGEM DE DINHEIRO ................................................................................... 19

3.3 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ..................................................................... 21

4 OBTENÇÃO DA PROVA PARA A APURAÇÃO DO CRIME ORGANIZADO ...... 23

4.1 AÇÃO CONTROLADA ........................................................................................ 23

4.2 INFILTRAÇÃO DE AGENTES ............................................................................. 25

4.3 INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS ............................. 26

4.4 QUEBRA DO SIGILO FISCAL, BANCÁRIO E FINANCEIRO ............................. 29

5 COMBATE AO CRIME ORGANIZADO ................................................................. 31

5.1 A IMPORTÂNCIA DO INQUÉRITO POLICIAL NO COMBATE AO CRIME

ORGANIZADO .......................................................................................................... 31

5.2 A NECESSIDADE DE FORTALECIMENTO DA POLÍCIA JUDICIÁRIA.............. 32

6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 35

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 37

8

1 INTRODUÇÃO

Atualmente o Crime Organizado é um dos maiores problemas no mundo

globalizado, embora não se trate de um fenômeno recente é de fato um grande

inimigo do Estado Democrático de direito, em decorrência da alta influência que as

Organizações Criminosas exercem sobre a sociedade como um todo.

Crime Organizado esta previsto na legislação especial penal, esse tema nos

permite, conhecer melhor aspectos específicos de Leis especiais, como a Lei de

Interceptação de Comunicações Telefônicas Lei nº 9296/96, a Lei de Lavagem de

Dinheiro nº 9613/98 dentre outras, bem como nos permite fazer uma analise geral do

sistema penal e processual penal.

No Brasil o tema é regulado pela Lei nº 9.034/95, a referida legislação define

e regula os meios investigatórios praticados por organizações criminosas de

qualquer tipo, que por sua vez poderá ser definida com maior propriedade na

convenção de Palermo, que foi ratificada pelo Brasil por meio do Decreto nº.

5.015/2004, quando passou a fazer parte do ordenamento jurídico brasileiro.

Neste contexto, o presente trabalho foi elaborado de uma forma objetiva,

dividido em títulos e subtítulos, para descrever sobre as Organizações Criminosas

desde seu histórico, passando pelas características das organizações criminosas, as

organizações no âmbito nacional brasileiro, os meios de obtenção de provas para a

persecução criminal, e ao final a importância do combate ao Crime Organizado.

9

2 HISTÓRICO

2.1 ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DO CRIME ORGANIZADO

A mais famosa das organizações criminosas é a Máfia Italiana, Na idade

Média, em um cenário de exploração dos camponeses por sues senhores feudais,

surgiu no sul da Itália, através de um grupo de trabalhadores que se uniu visando a

reforma agraria e a melhoria da qualidade de vida.

Segundo Araújo da Silva:

Na Itália, a organização conhecida modernamente como Máfia teve início como movimento de resistência contra o rei de Nápoles, que em 1812 baixou um decreto que abalou a secular estrutura agraria da Sicília, reduzindo os privilégios feudais e limitando os poderes dos príncipes, que contrataram uomini d’ onore para proteger as investidas contra a região, os quais passaram a constituir associações secretas denominadas máfias.

1

No entanto, ainda, segundo Silva:

A origem da criminalidade organizada não é de fácil identificação, em razão das variações de comportamentos em diversos países, as quais persistem até os dias atuais. Não obstante essa dificuldade, a raiz histórica é traço comum de algumas organizações. Essas associações tiveram início no século XVI com movimentos de proteção contra arbitrariedades praticadas pelos poderosos e pelo Estado em relação a pessoas que geralmente residiam em localidades rurais, menos desenvolvidas e desamparadas de assistência dos serviços públicos. A mais antiga delas são a Tríades Chinesas, que tiveram origem no ano de 1644, como movimento popular para expulsar os invasores do império Ming.2

1 SILVA, Eduardo Araujo. Crime Organizado: procedimento probatório. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

p. 04. 2 Ibid., p. 03.

10

Silva relata que:

Em alguns países do oriente Médio e em parte do continente africano, o crescimento de movimentos islâmicos extremados ocasionou o aparecimento de diversas organizações criminosas terroristas nas últimas décadas, com finalidades distintas que variam desde a luta pela criação de Estados Islâmicos independentes (Turquia Argelia, Sri lanka e Egito), até a indiscriminada rejeição da influencia ocidental e da interferência dos Estados unidos da América no mundo islâmico.

3

Prossegue o referido autor:

Na Rússia, a organização criminosa mais tradicional e misteriosa (Vor v zakone) iniciou suas atividades na última década do século XIX, ainda na época czarista, nos campos da Sibéria, dedicando-se à prática de diversos crimes (extorsão, tráfico de mulheres, corrupção, desvio de dinheiro público, roubos).

4

Nos estados unidos da América, a criminalidade organizada nasceu no final

da década de 20, em razão da proibição irrestrita da comercialização do álcool, o

que determinou a dedicação de alguns grupos (gangs), de forma organizada e

estável, ao contrabando de bebida, mediante corrupção das autoridades e

chantagens a empresários. O controle da atividade ilícita determinou disputas pelo

controle desse comércio clandestino, ensejado lutas violentas entre os rivais.5

Silva descreve que:

Na América do Sul, o cultivo e a exploração da coca remontam ao século XVI, época em que os colonizadores espanhóis monopolizavam o seu comercio em regiões do peru e da Bolívia, utilizando-se para tanto da mão-de-obra indígena. Posteriormente, agricultores locais dominaram o cultivo da planta e sua transformação em pasta base para o refinamento da cocaína, expandindo suas atividades para a Colômbia. A comercialização ilegal dessa substancia excitante para os Estados Unidos da América e para a Europa passou a ser comandada por diversos grupos organizados da região, que deram origem aos poderosos e violentos cateis do narcotráfico, sediados principalmente nas cidades colombianas de Cali e Medellín, os quais hoje também se dedicam ao cultivo e à comercialização do ópio,

3 SILVA, 2009, p. 06.

4 Ibid., p. 07.

5 Ibid., p. 07.

11

atualmente, calcula-se que metade da economia nacional desse país, direta e indiretamente, seja gerenciada por narcotraficantes.

6

Sendo assim, conclui-se que, definir uma única origem do crime organizado

seria uma definição imprecisa, sabe-se, portanto, que teve diversas origens em

diversos países, cada uma com suas peculiaridades.

2.2 CONCEITO DE CRIME ORGANIZADO

Em análise às diversas obras que tratam do assunto, percebe-se que todas

encontram dificuldade em determinar um conceito, por ausência de elementos legais

a fim de amoldar-se ao que poderia ser de fato uma organização criminosa, no

entanto a doutrina aponta as informações tendendo conceituar o ilícito penal.

Segundo Mingardi, organização criminosa é:

Grupo de pessoas voltadas para atividades ilícitas e clandestinas que possui uma hierarquia própria e capaz de planejamento empresarial, que compreende a divisão do trabalho e o planejamento de lucros. Suas atividades se baseiam no uso da violência e da intimidação, tendo como fonte de lucros a venda de mercadorias ou serviços ilícitos, no que é protegido por setores do Estado. Tem como características distintas de qualquer outro grupo criminoso um sistema de clientela, a imposição da Lei do Silencio aos membros ou pessoas próximas e o controle pela força de determinada porção de território.

7

O Decreto nº 5015 de 12 de março de 2004, oriundo da Convenção das

Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, adotada em nova York,

em 15 de novembro de 2000. Conhecida também como convenção de Palermo;

6 SILVA, 2009, op. cit., p. 08.

7 MINGARDI, Guaracy. O Estado e o crime organizado. São Paulo: IBCCrim, 1998, p. 82.

12

trouce, segundo a doutrina e jurisprudência uma conceituação mais aproximada do

que é uma Organização Criminosa.

Para efeitos da presente Convenção, entende-se por Crime Organizado em

seu artigo 2º do Decreto nº 5.015/04

a) „grupo criminoso‟ – grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuado concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves, (...) com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um beneficio, econômico ou outro beneficio material; b) „grupo estruturado‟ – grupo formado de maneira não fortuita para a prática imediata de uma infração, ainda que os seus membros não tenham funções formalmente definidas, que não haja continuidade na sua composição e que não disponha de uma estrutura elaborada.

8

Nesse sentindo segue trechos de decisão do STJ sobre o tema:

Identificação de uma Organização criminosa, nos moldes do art. 1º da Lei n. 9.034/95, com redação dada pela Lei n10.217/01, com a tipificação do artigo 288 do CP e Decreto Legislativo 231/03, que ratificou a Convenção de Palermo.

9

Ainda no mesmo sentido:

Capitulação da conduta no inc, VII do art.1º da Lei n. 9034/95, que não requer nenhum crime antecedente especifico para efeito da configuração do crime de lavagem de dinheiro, bastando que seja praticado por organização criminosa, sendo esta disciplinada no art. 1º da Lei n. 9,034/95, com redação pela Lei n. 10.217/2001, c/c. Decreto Legislativo n. 231, de 29 de maio de 2003, que ratificou a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, promulgada pelo decreto n. 5.015, de 12 de março de 2004.

10

8 BRASIL. Convenção das Nações Unidas, contra o crime Organizado Transnacional. Ratificada pelo

DECRETO nº 5.015, de março de 2004. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 12 de março de 2004. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/ d5015.htm>. Acesso em: 13 fev. 2012. 9 STJ, Relatora Ministra Eliana Calmon, Ap. 440-RO, J. 6-6-2007, Corte Especial.

10 STJ, HC 777771, Relatora Ministra Laurita Vaz, 5ª Turma, j. 30-5-2008.

13

Segundo Mendroni:

Não se pode definir organização criminosa através de conceitos estritos ou mesmo de exemplos de condutas criminosas (...), isso porque não se pode engessar este conceito, restringindo-o a esta ou àquela infração penal, pois elas, as organizações criminosas, detêm incrível poder variante.

11

Parece, portanto, que Convenção acertadamente não teve a intenção de

determinar de forma estrita o que é crime organizado, justamente para facilitar a

aplicação bem como a persecução quando se trata de atividades semelhantes

elencadas por ela. Assim o conceito de crime organizado poderá ser determinado

pelo que dispõe o artigo 2º do Decreto nº 5.015/04.

2.3 CRIME ORGANIZADO NO BRASIL

Existem ideias distintas quanto à origem do crime organizado no Brasil, no

que tange à forma de criação e a época.

É possível identificar como antecedente da criminalidade organizada o movimento conhecido como cangaço, que atuou no sertão nordestino entre o final do século XLV e o começo do Século XX, tendo como origens as condutas dos jagunços e dos grandes fazendeiros e a atuação do coronelismo, resultante da própria historia de colonização da região pelos portugueses.

12

Todavia, a prática contravencional do denominado “jogo do bicho”, iniciada

no liminar do século XX, é identificada como a primeira infração penal organizada no

11

MENDRONI, Marcelo Batlouni. Aspectos gerais e mecanismos legais. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. p. 18. 12

SILVA, 2009, p. 08-09.

14

Brasil. A origem dessa contravenção penal é atribuída ao Barão de Drumond, que

teria criado o inocente jogo de azar para arrecadar dinheiro com a finalidade de

salvar os animais do jardim Zoológico do estado do Rio de Janeiro. A ideia foi

posteriormente popularizada e patrocinada por grupos organizados, que passaram a

monopolizar o jogo, mediante corrupção de policiais e políticos.13

Existe outra hipótese que explica a origem do Crime Organizado no Brasil.

Acreditam autores sobre o tema que, o crime organizado no Brasil teve origem após

o golpe militar de 1964, uma vez que cidadãos que se opunham ao regime foram

condenados e presos, no entanto foram colocados juntamente com presos comuns.

Segundo Santos: “o resultado desta convivência teria sido o aprendizado dos presos

comum de táticas de guerrilhas, forma de organização hierárquica de comando e

clandestinidade, repassando pelos presos políticos”.14

Afirma Santos que:

diante de tais conhecimento os presos comuns passaram a realizar seus atos criminosos salvaguardados pelo planejamento o que garantia o sucesso do ato ilícito. Logo, foi esse, o importante aprendizado obtido por diversos setores de crimes nas prisões brasileiras nas décadas de 70 e 80 do século passado.

15

No entanto, nem todos os autores sobre o tema defendem esse

posicionamento quanto à intenção de os presos políticos transmitirem tais

conhecimentos de guerrilha aos presos comuns.

Segundo Carvalho, afirma que durante a convivência entre presos comuns e

presos políticos não houve intenção de ensinar guerrilha aos bandidos. Segundo o

13

SILVA, 2009, op. cit., p. 09. 14

SANTOS, Pedro Sergio dos. Direito Processual Penal & a insuficiência Metodológica: a alternativa da mecânica quântica. Curitiba: Juruá, 2004. Disponível em: <https://www2.mp.pa.gov.br/sistemas/ gcsubsites/upload/60/O%20Crime%20Organizado%20e%20as%20pris%C3%83%C2%B5es%20no%20Brasil%281%29.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2012. 15

Ibid.

15

autor, a transmissão desses conhecimentos se deu de maneira involuntária, como

resultado espontâneo do convívio eventual nas cadeias. Afirma que houve sim uma

intenção firme de ensinar ou mesmo iniciar os presos comuns nos ensinamentos

próprios dos movimentos de oposição ao regime vigente a partir do golpe de 64. Isso

teria ocorrido principalmente no Presídio da Ilha Grande onde foi efetuada uma

tentativa de enquadrar os criminosos comuns na luta política.16

Ante as discordâncias, o fato é que nas décadas de 70 e 80 houve um

enorme crescimento na criminalidade, principalmente assaltos a bancos e carros

fortes.

De outro enfoque, existem autores que acreditam que na realidade, a origem

das Organizações Criminosas tiveram origens nas favelas do Rio de Janeiro ante a

ausência do Estado nas comunidades que cresciam em larga escala sem a mínima

estrutura básica.

Segundo Haroldo dos Anjos, a primeira favela carioca nasceu num trecho do

morro ou serra da Providencia, quando soldados que haviam tomado parte na

Campanha de Canudos se instalaram em barracos que lembravam as instalações

dos jagunços da Bahia, num morro que se chamava favela.17

Haroldo dos Anjos prossegue relatando que o Crime Organizado nasce do

processo de exclusão social isso porque, se “de fato tivesse surgido dentro de

prisões, nos anos setenta com a fusão de presos comuns com os presos políticos a

prisão de seus lideres, provavelmente teria fraturado sua expansão”.18

16

CARVALHO, Olavo de. As Esquerdas e o Crime Organizado. Disponível em: <http://www.olavode carvalho.org/textos.htm>. Acesso em: 27 mar. 2012. 17

ANJOS, J. Haroldo dos. As raízes do Crime Organizado. Florianópolis: IBRADD, 2002. 18

Ibid.

16

Sabe-se que atualmente são reconhecidas algumas Organizações

Criminosas no Brasil, invariavelmente de origem, sejam das favelas cariocas ou

paulistas bem como dos presídios de ambos os estados.

Segundo Porto:

Originalmente o Primeiro Comando da Capital (PCC) era o nome de um time de futebol que disputava o campeonato interno do presidio de Taubaté, na época estabelecimento apelidado pelos detentos de “piranhao” ou “masmorra” por ser considerado o mais severo do sistema. O primeiro Comando da Capital manteve-se ao longo dos anos com a mesma estrutura, basicamente piramidal, contando em seu topo com os chamados “fundadores”.

19

Ainda quanto ao Comando Vermelho, Porto ressalta que “o Comando

Vermelho nasceu no Rio de Janeiro em meados de 1980, inspirado nas

organizações de esquerda da luta armada, inclusive nas táticas de guerrilha urbana

e rigidez de comando”.20

O instituto penal Cândido Mendes, na Ilha Grande, localizado no litoral sul do Estado do rio de Janeiro, conhecido como “Caldeirão do Diabo”, em uma referencia ao presidio de Caiena, na Ilha do Diabo, Guiana francesa, foi ambiente propício para a proliferação desta facção criminosa.

21.

Porto ressalta ainda que:

o estabelecimento, construído para abrigar 540 presos, em 1979, contava com 1.284 homens. O resultado óbvio: a convivência entre militantes de esquerda e criminosos, enfrentando um sistema penal desumano, acabou gerando o comando vermelho.

22

19

PORTO Roberto. Crime Organizado e o sistema prisional. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2008, p. 71. 20

Ibid., p. 86. 21

Ibid., p. 86. 22

Ibid., p. 87.

17

Segundo Gomes, o que não se pode negar é que:

o crime organizado constitui uma realidade no mínimo preocupante. Não tão preocupante, talvez, como a violência institucionalizada (pública) ou generalizada e desorganizada (privada) que estamos assistindo e que faz parte da chamada criminalidade de massa (...).

23

Pode-se considerar também como organização criminosa as milícias ilegais,

que atuam principalmente na cidade do Rio de Janeiro, neste sentido:

As milícias existem no Rio de janeiro desde a década de 70, controlando algumas favelas da cidade. Um dos primeiros casos conhecidos é o da favela de Rio das Pedras, na região de Jacarepaguá, onde comerciantes locais se organizavam para pagar policiais para que não permitissem que a comunidade fosse tomada por traficantes ou outros tipos de criminosos. No inicio do século XXI, estes grupos Parápoliciais começaram a competir áreas controladas pelas facções do trafico de drogas. Em dezembro de 2006, segundo relatos, as milícias controlavam 92 das mais de 1000 favelas cariocas.

24

As milícias consistem em grupos militares e paramilitares, formados por

policiais e ex-policiais civis e militares, bombeiros, vigilantes, agentes penitenciários

entre outros integrantes, a grande parte dos integrantes das milícias são moradores

das comunidades, que cobram taxas dos morados por uma suposta proteção e

repressão ao tráfico de drogas.

23

GOMES, Luiz Flávio Gomes; CERVINI, Raul. Crime Organizado: enfoques criminológicos (Lei nº 9.034/95) e político-criminal. 2. ed., rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. p. 84-85. 24

Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Mil%C3%ADcia_%28Rio_de_Janeiro%29> Acesso em: 27 mar. 2012.

18

3 CARACTERÍSTICAS DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS, LAVAGEM DE

DINHEIRO, ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

3.1 CARACTERÍSTICAS DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS

Existem diversas organizações criminosas atualmente, cada uma se amolda

conforme as características do local onde atua, tais como as condições políticas,

territoriais, econômicas, etc.

Segundo Mendroni “Organização Criminosa (...), pode ser concebida como

um organismo ou empresa, cujo objetivo seja a prática de crimes de qualquer

natureza”.25 Ou seja, as Organizações Criminosas atuam, em diversos ramos, dentre

eles; o Tráfico de entorpecentes, extorsões, corrupção, ameaças, exploração de

jogos de azar, receptação em grande escala, roubo, furo, homicídios entre outros.

Além de atuarem nas formas acima citado, uma característica atual das

Organizações Criminosas nos dias de hoje, se mostra nas denominadas milícias que

agem clandestinamente, sobre tudo em favelas das grandes capitais brasileiras,

exercendo ilicitamente atividades que competem ao Estado exercer.

Como observa Mendroni:

É forma de atuação clara nos dias de hoje aquela da organização criminosa que substitui o Estado em qualquer das suas funções inerentes, porque não funcionam ou funcionam mal. A ausência ou má prestação de um serviço público acarreta a criação de um „Estado paralelo‟ que passa a executar e controlar aqueles serviços.

26

25

MENDRONI, op. cit., p. 20. 26

Ibid., p. 21.

19

Analisando as Organizações Criminosas, verifica-se que de um modo geral,

elas agem basicamente em três formas, dividida em escalas, 1) são os crimes

principais; 2) crimes secundários ou de suporte e por fim; 3) lavagem de Dinheiro,

que será abordado em um subcapitulo próprio.

Os crimes principais consistem principalmente, em tráfico de entorpecentes,

extorsões, corrupção e concussão, ameaças, contrabando e descaminho,

exploração de jogos de azar, falsificação de mercadorias, corrupção em grande

escala, trafico de armas entre outros. Esses crimes, segundo especialistas,

correspondem ao proveito de grande monta para as organizações criminosas,

portanto passam as ser as modalidades de crimes mais rentáveis.

Quanto aos crimes secundários, que consistem em ameaças, falsificação de

dinheiro, fraudes contábeis e financeiras, trafica de influencia entre outros. Segundo

Mendroni “crimes ditos secundários, servem para dar necessário “suporte” às

atividades criminosas principais. Auxiliam o sucesso daqueles crimes, ao mesmo

tempo em que favorecem a perpetuação da organização”.27

3.2 LAVAGEM DE DINHEIRO

É uma expressão que se refere a práticas econômico-financeiras que têm

por finalidade dissimular ou esconder a origem ilícita de determinados ativos

financeiros ou bens patrimoniais, de forma a que tais ativos aparentem uma origem

27

MENDRONI, op. cit., p. 25.

20

lícita ou a que, pelo menos, a origem ilícita seja difícil de demonstrar ou provar. É

dar fachada de dignidade a dinheiro de origem ilegal.28

A origem da chamada lavagem de dinheiro tem inicio no ano de 1928 em

Chicago EUA, quando um famoso mafioso Al Capone, comprou uma rede de

lavanderias com o fim de tornar seus lucros provenientes de atividades ilícitas em

dinheiro licito. No entanto o termo somente se popularizou na década de 70 quando

um jornal britânico publicou uma matéria a respeito de corrupção nas eleições Norte

Americanas.

No Brasil, existe Lei que disciplina sobre a lavagem de dinheiro, Lei nº

9.613/98, oportunidade em que criou o Conselho de Controle de Atividades

Financeiras (COAF).

Segundo Mendroni “Esta Lei, é bom que se diga, é proveniente de uma

incansável série de reuniões e estudos realizados por vários países participantes,

integrantes das Nações unidas, originados na cidade de Viena”.29

A necessidade de se criar uma Lei onde os mecanismos foram discutidos

internacionalmente decorre de uma lógica simples, posto que, uma das formas de se

“lavar” o dinheiro proveniente de atividades ilícitas é remetendo os lucros ao exterior.

O processo básico de lavagem de dinheiro funciona em três etapas:

A primeira delas é a Colocação – é o envio do dinheiro através de várias transações financeiras para mudar seu formato e dificultar o rastreamento. A ocultação pode ser feita através de várias transferências de um banco para outro; transferências eletrônicas entre várias contas de pessoas diferentes em países diversos. Posteriormente tem-se a Ocultação – é o envio do dinheiro através de várias transações financeiras para mudar seu formato e dificultar o rastreamento. A ocultação pode ser feita através de várias transferências de um banco para outro; transferências eletrônicas entre várias contas de pessoas diferentes em países diversos; realização de depósitos e saques a fim de alterar os saldos das contas.

28

Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Lavagem_de_dinheiro> Acesso em: 28 mar. 2012. 29

MENDRONI, op. cit., p. 132.

21

A terceira etapa consiste em na Integração – o dinheiro é reincorporado ao sistema econômico de forma legítima - parece que é proveniente de uma transação legal. Isto pode ser feito através de uma transferência bancária para a conta de uma empresa local na qual o criminoso "investe" em troca de participação nos lucros; da venda de um iate comprado durante a fase de ocultação; ou da compra de uma chave de fenda de US$ 10 milhões de uma empresa da qual o criminoso seja proprietário.

30

Nem todas as Organizações Criminosas atuam dessa forma para lavagem

de dinheiro. Essa modalidade acima exposta é facilmente utilizada por grandes

Organizações, normalmente os integrantes ou pelo menos o chefe, são pessoas

muitas vezes capacitadas intelectualmente.

Outrora as “pequenas” organizações, normalmente atuante em comunidades

pobres, “lavam” seus lucros, frequentemente em pequenos comércios na própria

comunidade, alcançando o mesmo resultado.

Conclui-se que, as organizações criminosas atuem conforme as

necessidades territoriais, políticas etc., percebe-se que as características de todas

elas são basicamente as mesmas, inclusive as modalidades de crime praticadas por

elas.

3.3 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

As organizações criminosas se estruturam basicamente em quatro níveis de

hierarquia piramidal: chefes, subchefes, gerentes e os “aviões”.

Conforme classifica e explica Mendroni,

30

Disponível em: <http://empresasefinancas.hsw.uol.com.br/lavagem-de-dinheiro.htm> Acesso em: 28 mar. 2012.

22

Chefes: pessoa que ocupam cargos públicos importantes, que possuem muito dinheiro, posição social privilegiada por qualquer razão etc., o chefe situa-se n posição suprema da organização e subchefes logo abaixo e no mesmo nível; mas, adotando um „sistema presidencialista‟, apenas um comandará. Os subchefes existem, basicamente, para transmitir as ordens da chefia para os gerentes e tomar decisões na sua eventual ausência. Gerentes: pessoa de confiança do chefe, com capacidade de comando, a quem aqueles delegam algum poder. Recebem as ordens da cúpula e as repassam aos „aviões‟. „Aviões‟: pessoas com algumas qualificações (por vezes especializadas) para as funções de execução a serem desempenhadas.

31

A forma hierárquico-piramidal tem origem na Itália, uma vez que as famílias

mafiosas utilizavam-se dessa organização, tendo como o patriarca o chefe supremo.

Sabe-se que a organização criminosa, tem regras próprias de atuação, um

proposito previamente definido e um caráter alterável no tempo e no espaço e um

esquema criminoso articulado, dotado de profissionalização e estrutura aparelhada.

Cada membro da organização tem sua tarefa, o que demonstra a existência

da especialização de funções, há uma divisão clara de atribuições, em geral uma

pessoa fica responsável pela contabilidade da organização criminosa, outra por

repassar as determinações do comando aos demais integrantes do grupo e assim

por diante.

31

MENDRONI, op. cit., p. 34-35.

23

4 OBTENÇÃO DA PROVA PARA A APURAÇÃO DO CRIME ORGANIZADO

4.1 AÇÃO CONTROLADA

Consiste no retardamento e na espera do melhor momento para a atuação

policial repressiva contra os criminosos integrantes da organização. Nos termos da

Lei nº 9.034/95 – que dispõe sobre a utilização de meios operacionais para a

prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas -, artigo 2º,

inc. II “consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por

acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do

ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações”.32

A prática tem mostrado que muitas vezes é estrategicamente mais vantajoso

evitar a prisão, num primeiro momento, de integrantes menos influentes de uma

organização criminosa, para monitorar suas ações e possibilitar a prisão de um

número maior de integrantes ou mesmo a obtenção de prova em relação a seus

superiores na hierarquia da associação, que dificilmente se expõe em práticas

delituosas.33

A Lei nº 9.034/95 não exige prévia autorização judicial para a adoção da

ação controlada, mas tão-somente dois requisitos (1) a existência de um crime em

desenvolvimento praticado por organização criminosa ou a ela vinculado, (2) a

observação e acompanhamento dos atos praticados pelos investigados até o

32

MENDRONI, op. cit., p. 140. 33

SILVA, 2009, op. cit., p. 80-81.

24

momento mais adequado para a formação da prova e a colheita de informações (art.

2º, inc. II).34

A Lei nº 11.343/06, contrariamente, prevê que a adoção do instituto deverá

ser precedida de autorização judicial, após oitiva do representante do Ministério

Público (art. 53, caput). Outrossim, exige como requisito “sejam conhecidos o

itinerário provável e a identificação dos agentes do delito ou de colaboradores” (art.

53, parágrafo único).35

Trata-se, portanto de uma modalidade de investigação muito eficaz, seja

efetuando a prisão dos indivíduos na forma de flagrante retardado ou através de

mandado de prisão expedido pela autoridade competente, o resultado sem duvida

será mais eficiente, uma vez que resultará na prisão dos membros que efetivamente

gerenciam e conduzem a Organização Criminosa.

Nesse sentido:

CRIMINAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE ENTORPECENTES. PACIENTE PRESO EM FLAGRANTE. SITUAÇÃO DE FLAGRANTE IMPRÓPRIO. LIBERDADE PROVISÓRIA. ART. 44 DA LEI 11.343/07. VEDAÇÃO LEGAL. ORDEM DENEGADA. I. Hipótese na qual o paciente foi preso em decorrência de operação policial

com contornos de ação controlada (art. 2.º, inc. II da Lei n.º 9.034/98),

quando se encontrava em circunstância que evidenciava a ocorrência de flagrante delito, ainda que impróprio, mas absolutamente revestido de legalidade, eis que previsto no inc. III do art. 302 do Código de Processo Penal.

36

34

SILVA, 2009, op.cit., p. 84. 35

Ibid., p. 84. 36

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. HC-217400, 5ª Turma, São Paulo. Tráfico e associação para o tráfico de entorpecentes, Relator Ministro Gilson Dipp, 15 de dezembro de 2011. Disponível em: <http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21022868/habeas-corpus-hc-217400-sp-2011-0207153-9-stj>. Acesso em: 20 abr. 2012.

25

4.2 INFILTRAÇÃO DE AGENTES

A origem do instituto pode ser buscada no período do absolutismo francês,

sobretudo nos tempos de Luís XIV, no qual para reforçar o regime foi criado a figura

do “delator”, composta por cidadãos que descobriam na sociedade os inimigos

políticos, em troca de favores do príncipe. Nessa época, sua prática limitava-se a

espionar e levar os fatos ao conhecimento das autoridades, sem qualquer atividade

de provocação.37

A infiltração de agentes consiste numa técnica de investigação criminal ou de obtenção da prova, pela qual um agente do estado, mediante prévia autorização judicial, infiltra-se numa organização criminosa, simulando a condição de integrante, para obter informações a respeito de seu funcionamento.

38

No Brasil, após ser vetada pelo Presidente da República quando da edição

da Lei nº 9.034, de e de maio de 1995 (art. 2º, inc. I), a infiltração de agente foi

disciplinada pela Lei nº 10.217, de 12 de abril de 2001, que introduziu o inciso V ao

artigo 2º da Lei nº 9034/95:

Art. 2º Em qualquer fase da persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas: (...) V – infiltração por agente de polícia ou de inteligência, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes, mediante circunstanciada autorização judicial.

39

Na Lei de drogas vigente, também contempla dispositivo autorizando a

infiltração de agentes, vejamos a Lei nº 11.343/06, artigo 53 caput,

37

SILVA, 2009, op.cit., p. 75. 38

Ibid., p. 74. 39

Ibid., p. 76.

26

em qualquer fase da persecução criminal relativos aos crimes previstos neste Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios”; inciso “I – a infiltração por agentes de polícia, em tarefas de investigação, constituída pelos órgãos especializados pertinentes.

Tem-se que, a infiltração de agentes em Organismos Criminosos, como a

ação controlada, dentro do principio da razoabilidade, possa surtir efeitos

satisfatórios, tais medidas devem, no entanto, serem realizadas por divisões policiais

extremamente especializas, inclusive para não colocar em risco tanto a investigação,

como principalmente a integridade física do agente infiltrado.

Nesse sentido:

Da sentença também se extrai o grau de complexidade do grupo criminoso

em que estava inserido o paciente, tanto que, para o seu desmantelamento, fez-se necessária intensa investigação policial, levada a efeito por escutas

telefônicas judicialmente autorizadas e infiltração de agentes, o que

viabilizou a apreensão de elevada quantidade de droga, a saber, 89,3 kg

(oitenta e nove quilos e trezentos gramas) de maconha, de propriedade do

paciente.40

4.3 INTERCEPTAÇÃO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS

A Constituição da República, em consonância com a tutela do direito à

intimidade (art. 5º, inciso X), prevê como regra a inviolabilidade das comunicações

telefônicas, salvo por ordem judicial nas hipóteses e na forma prevista em lei, para

fins de investigação criminal ou processo judicial (art. 5º, inciso XII).

40

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. HC-190426, 6ª Turma, MS. Tráfico e Associação Para o Tráfico de Drogas. Elevada Quantidade de Entorpecente. Relator Ministro OG Fernandes, 04 de abril de 2011. Disponível em: <http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/18786525/habeas-corpus-hc-190426-ms-2010-0210639-0-stj> Acesso em: 20 abr. 2012.

27

Regulamentando seus termos, foi editada a Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996,

cujo artigo 1º prevê que

a interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para a prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nessa Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal sob segredo de justiça.

41

No entanto, segundo Araújo, existem dúvidas no plano prático quanto à

possibilidade de aceso aos registros das comunicações telefônicas – interceptação

telefônica – independente de ordem judicial. Uma interpretação do texto

constitucional (art. 5º, inciso XII) pode conduzir à conclusão de que como a vedação

não abrange o sigilo dos registros das comunicações telefônicas realizadas pelo

investigado - pois o legislador constituinte se referiu apenas às “comunicações

telefônicas”-, haveria a possibilidade de solicitação dessas informações pela

autoridade policial e pelo representante do Ministério Público, independente de

prévia autorização judicial.42

Dentre as formas de obter o conteúdo de conversas existe a chamada

“escuta ambiental”, conforme elucida Mendroni:

(...) escuta ambiental; através da qual se instalam microfones dotados de potentes amplificadores em locais previamente investigados e estrategicamente selecionados. Assim, viabiliza-se a escuta e/ou gravação de conversa entre pessoas suspeitas. Utiliza-se, por exemplo, a colocação de microfones em salas, repartições, mesas de restaurante, interior de veículos etc.

43

41

SILVA, 2009, op. cit., p. 85-86. 42

Ibid., p. 86. 43

MENDRONI, op. cit., p. 123.

28

Vale lembrar, que, para a admissibilidade das interceptações telefônicas

como meio de prova, devem elas serem realizadas conforme estabelece o artigo 2º

da Lei nº 9.296/96:

Art. 2º - Não será admitida a interceptação de comunicação telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses. Inciso I – não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal. Inciso II – a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; Inciso III – o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção.

Ou seja, caso não esteja contemplada a interceptação com ao menos uma

das condições previstas no referido artigo 2º da Lei, terão que ser imediatamente

declaradas nulas no processo, bem como as provas que dela derivarem, devendo

ser desentranhadas dos autos, conforme estabelece o artigo 157, caput e § 1º do

Código de Processo Penal.

Quando devidamente autorizada, cumprido os requisitos legais é

plenamente possível a admissibilidade da escuta interceptada.

Nesse sentido:

I. Encontra-se devidamente fundamentada na garantia da ordem pública a segregação da paciente, apontada como chefe de requintada empresa criminosa, organizada e hierarquizada, somente desarticulada após minuciosa e prolongada investigação policial, que contou com interceptações telefônicas devidamente autorizadas.

44

No mesmo sentido:

RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE ENTORPECENTES. 816,7 KG DE PASTA-BASE DE

44

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. HC-226480, 5ª Turma. Tráfico ilícito de entorpecentes e associação para o tráfico. Prisão em flagrante. Relator Ministro Gilson Dipp, 27 de março de 2012. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?tipo_visualizacao=null&livre= intercepta%E7%E3o+telefonica&b=ACOR> Acesso em: 20 abr. 2012.

29

COCAÍNA. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. PROVAS EMPRESTADAS. POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DESDE QUE OBSERVADO O DEVIDO PROCESSO LEGAL. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE PREJUÍZO. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. STF. PENA-BASE DE 6 ANOS. ACIMA DO MÍNIMO. POSSIBILIDADE. ACÓRDÃO A QUO EM CONSONÂNCIA COM A JURISPRUDÊNCIA DESTE TRIBUNAL. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. STF. SÚMULAS 7 E 83/STJ. 2. No caso, as interceptações telefônicas - embora autorizadas por juiz de comarca diversa daquela na qual tramitou a presente ação penal - foram realizadas em obediência aos ditames legais e em feito criminal no qual se apuravam crimes de tráfico de drogas cometidos concomitantemente e em estrita vinculação com os apurados nos presentes autos.

45

A interceptação telefônica, trata-se portanto de uma ferramenta de extrema

eficácia frente as organizações criminosas que cada dia mais estão mais

sofisticadas.

4.4 QUEBRA DO SIGILO FISCAL, BANCÁRIO E FINANCEIRO

O artigo 2º, inciso III, da Lei nº 9.034/95 prevê como um dos meios de

obtenção da prova em relação às atividades desenvolvidas pelas organizações

criminosas o acesso a informações fiscais, bancárias e financeiras. Contudo, essa

medida não goza de exclusividade para a apuração da criminalidade organizada,

estendendo-se sua aplicação à apuração de outras infrações penais.

Art. 2º Em qualquer fase da persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação de provas: inciso III – acesso a dados, documentos e informações fiscais, bancarias, financeiras e eleitorais.

45

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. REsp 1235181, 6ª Turma. Associação para o tráfico de entorpecentes. Relator Ministro Sebastião Reis Júnior, 27 de março de 2012. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?tipo_visualizacao=null&livre=intercepta%E7%E3o+telefonica&b=ACOR> Acesso em: 20 abr.2012.

30

Nesse sentido:

PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. POSSÍVEIS CRIMES AUTÔNOMOS DE SONEGAÇÃO FISCAL, FALSIDADE IDEOLÓGICA E FORMAÇÃO DE QUADRILHA. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DOS FUNDAMENTOS DO DECISUM AGRAVADO. SÚMULA 182/STJ. RECURSO NÃO CONHECIDO.3. In casu, em que pese não haver nos autos informações acerca do lançamento definitivo do crédito tributário, a quebra de sigilo restou fundamentada, também, na presença de indícios de crimes autônomos de falsidade ideológica e de formação de quadrilha.

46

A quebra de sigilo fiscal, bancário e financeiro é uma assunto que gera

polêmica uma vez que a Constituição da República assegura em seu artigo 5º, X:

“São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,

assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua

violação”.

Segundo Mendroni,

Não é simples a tarefa de distinguir entre “intimidade” ou de “vida privada” (...). Mais como a Constituição os separou, utilizando ambos os termos, cabe-nos buscar as dessemelhanças. Pela lógica da Carta, “intimidade” seria aquilo que não caiba nos termos “vida privada”, “honra” e “imagem”, já que todos compõem um mesmo dispositivo. Seriam então, da intimidade, tudo o que corresponda à “vida íntima” de uma pessoa, incluindo as suas conversas reservadas, hábitos, vida sexual etc., e, dentro da vida privada, aquilo que faça ou deixe de fazer, só ou acompanhada, sob o teto de sua casa (asilo inviolável), principalmente, mas também, dentro ou no contexto de um imóvel. A “intimidade”, portanto, parece-nos, deve estar inserida no âmbito da “vida privada”, que é mais ampla e abrangente.

47

A quebra de sigilo é medida excepcional a ser deferida apenas nas

hipóteses previstas em lei, em razão da proteção da privacidade do cidadão, e

desde que a decisão esteja adequadamente fundamentada pelo critério da

proporcionalidade.

46

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. AgRg no RMS 28043, 5ª Turma. Agravo regimental no recurso ordinário em mandado de segurança. Relator Ministro Jorge Mussi, 15 de março de 2012. Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?tipo_visualizacao=null&livre= quebra+do+sigilo+fiscal&b=ACOR> Acesso em: 20 abr.2012. 47

MENDRONI, op. cit., p. 139-140.

31

5 COMBATE AO CRIME ORGANIZADO

5.1 A IMPORTÂNCIA DO INQUÉRITO POLICIAL NO COMBATE AO CRIME

ORGANIZADO

O Inquérito Policial é de suma importância para a persecução criminal, não

somente no que tange as investigações de Organizações Criminosas, mais de um

modo geral ao combate da criminalidade seja organizada ou não.

Segundo Messa e Carneiro “a complexidade com a qual os crimes são

atualmente praticados torna clara a importância de um procedimento investigatório

prévio, sem o qual o Ministério Público dificilmente possuirá condições de dar inicio à

ação penal”.48

Verifica-se que o Inquérito Policial é “peça” fundamental, para que a futura

ação pena esteja com o mínimo de lastro probatório para uma possível condenação,

em que pese somente as provas coletadas na fase embrionária por si só não

poderão ensejar a condenação. Nesse sentido descreve Paulo Henrique Carvalho:

Verifica-se, assim, que a expressão “mera peça” deveria ser excluída dos livros doutrinários, já que, como é cediço, todas as provas produzidas dentro desse importante procedimento investigativo, são, na maioria das vezes, apenas repetidas em Juízo. Segundo Magalhães Noronha, o inquérito reduz a Justiça quase à função de repetidor de seus atos. Analisando o principio da persuasão racional ou do livre convencimento, constata-se que o Juiz não pode condenar o réu com base exclusivamente nas provas produzidas no Inquérito, salientando-se que isso não é possível,

48

MESSA, Ana Flavia; CARNEIRO, José Reinaldo Guimarães. Crime Organizado. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 368.

32

não por se tratar de uma mera peça informativa, mas sim em virtude de não estar presente o contraditório.

49

Conforme observa Messa e Carneiro:

Durante o trâmite de um Inquérito Policial instaurado, por exemplo, para a apuração do crime de evasão de divisas – modalidade de crime contra o sistema financeiro nacional prevista no artigo 22 da Lei n. 7.492/86, que poderá, inclusive, significar efetiva fase de outro crime, a lavagem de dinheiro -, é comum nos depararmos com a necessidade de realização de interceptação telefônicas voltadas à cabal identificação dos envolvidos no esquema criminoso e, ainda, do modus operandi da organização criminosa.

50

Sendo assim, entende-se que o Inquérito Policial é uma forma de equilibrar o

poder de punir do estado em relação ao agente que cometeu o crime.

5.2 A NECESSIDADE DE FORTALECIMENTO DA POLÍCIA JUDICIÁRIA

Sabe-se que as polícias judiciárias da grande parte do território nacional

encontram-se em péssimo estado, com ressalva a Polícia Federal, que nos últimos

anos recebeu mais investimentos, o que acarretou em melhores salários dos

agentes, melhoria na instrução dos mesmos, oferecendo cursos de reciclagem

(operacional, jurídica, pericial inteligência), no entanto, ainda encontra carência, por

exemplo, no numero do efetivo que hoje conta com cerca de sete mil integrantes, um

numero muito pequeno tendo em vista a extensão territorial do Brasil.

49

CARVALHO, Paulo Henrique da Silva. A importância do inquérito. 2012. Disponível em: <http://www.advogado.adv.br/artigos/2006/paulohenriquedasilvacarvalho/aimportanciainquerito.htm>. Acesso em: 20 abr. 2012. 50

MESSA; CARNEIRO, op. cit., p. 369.

33

Segundo Messa e Carneiro:

O aparelhamento técnico e material (armamento e equipamentos modernos em geral) das forças policias, embora fundamental, não deve ser a única preocupação governamental. Faz-se necessária, e com urgência, a publicação de Leis aptas a permitirem que os policiais possam exercer suas funções com autonomia, segurança jurídica, celeridade e eficiência.

51

No mesmo entendimento, Gomes e Scliar apontam que:

A preocupação com a ausência de autonomia da Polícia Judiciária é justificável em função da crescente importância que a investigação criminal vem assumindo em nossa ordem jurídica, seja por conta de uma necessária mudança de postura a seu respeito, para considerá-la como uma garantia do cidadão contra imputações levianas ou açodadas em juízo, seja pelo papel mais ativo que tem sido desempenhado nos últimos tempos pelos órgãos policiais. Esta ausência enfraquece a Polícia Judiciária e a torna mais suscetível às injunções dos detentores do poder político, e considerando a natureza e a gravidade da atribuição que exerce, bem como os bens jurídicos sobre os quais recai a sua atuação, o efeito pode ser desastroso em um Estado Democrático de Direito.

52

Com o objetivo de solucionar problemas desta natureza no âmbito das

investigações conduzidas pela Policia Federal, o projeto de Lei n. 6.493/09 (lei

Orgânica da Policia Federal) expressamente estabelece, em seu artigo 18, poderes

que permitirão imprimir maior celeridade ao tramite do inquérito policial e, se

aprovado, acabará com discussões acerca de temas como a possibilidade de

requisição direta de dados cadastrais pela Autoridade Policial (respeitados os sigilos

previstos no artigo 5º, inciso X e XII da Constituição Federal).53

51

MESSA; CARNEIRO, op. cit., p. 372. 52

GOMES, Luiz Flávio; SCLIAR, Fábio Delegado deveria ter mesmas prerrogativas de juiz e promotor. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2008-out-28/delegado_deveria_mesmas_ prerrogativas_juiz> Acesso em: 20 abr.e 2012. 53

MESSA; CARNEIRO, op. cit., p. 374.

34

Portanto, o fortalecimento em um contexto geral, das polícias judiciarias seja

ela Federal ou dos estados, é de extrema importância para o combate ao Crime

Organizado.

35

6 CONCLUSÃO

Verificou-se no decorrer do presente trabalho que o fenômeno da

Criminalidade Organizada é de difícil conceituação por envolver diversos crimes, no

entanto, pode-se caracterizar Organização Criminosa, devido algumas

características que se destacam entre elas, como por exemplo, a estabilidade

permanente, uma hierarquia estrutural piramidal organizada com membros

exercendo cargos de chefia e comando, entre outras.

Atualmente no Brasil, existem manifestações de criminalidade Organizada,

algumas delas atreladas ao sistema penitenciário, que na grande maioria estão

abandonados pelo estado, facilitando a proliferação e o fortalecimento das

Organizações.

Não somente as organizações criminosas mais conhecidas como Comando

Vermelho, Primeiro Comando da Capital, existem organizações mais sofisticadas,

muitas vezes vinculadas ao próprio Estado ou pelo menos com ramificações

diretamente ligadas a membros que fazem parte da dos órgãos estatais, seja no

Legislativo, Judiciário ou Executivo.

Nesse contexto, passa a ser de suma importância que o estado se

aperfeiçoe priorizando o combate das Organizações Criminosas através de

mecanismos legais modernos, investindo nas Polícias Judiciarias que exercem papel

fundamental para a solução do problema que se agrava com o passar dos anos.

Desta forma, concluiu-se que o presente trabalho exerce relevância a

comunidade jurídica, sobretudo, aqueles que lidam com mais proximidade do Direito

Penal e Processual Penal, além de servir como fonte de pesquisas no meio

36

acadêmico, uma vez que procurou-se aliar diplomas legais e entendimentos

jurisprudenciais mais recentes relacionados ao combate à Criminalidade

Organizada.

37

REFERÊNCIAS

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38

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