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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Gisele Daltoé PLANEJAMENTO DE IMPLANTES: UMA COMPARAÇÃO ENTRE IMAGENS RADIOGRÁFICAS CONVENCIONAIS E TOMOGRAFIAS COMPUTADORIZADAS CURITIBA 2009

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Gisele Daltoé

PLANEJAMENTO DE IMPLANTES: UMA COMPARAÇÃO ENTRE

IMAGENS RADIOGRÁFICAS CONVENCIONAIS E TOMOGRAFIAS

COMPUTADORIZADAS

CURITIBA

2009

PLANEJAMENTO DE IMPLANTES: UMA COMPARAÇÃO ENTRE

IMAGENS RADIOGRÁFICAS CONVENCIONAIS E TOMOGRAFIAS

COMPUTADORIZADAS

Curitiba

2009

Gisele Daltoé

PLANEJAMENTO DE IMPLANTES: UMA COMPARAÇÃO ENTRE

IMAGENS RADIOGRÁFICAS CONVENCIONAIS E TOMOGRAFIAS

COMPUTADORIZADAS

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia. Orientadora: Profa. Paula de Moura.

CURITIBA

2009

TERMO DE APROVAÇÃO

Gisele Daltoé

PLANEJAMENTO DE IMPLANTES: UMA COMPARAÇÃO ENTRE

IMAGENS RADIOGRÁFICAS CONVENCIONAIS E TOMOGRAFIAS

COMPUTADORIZADAS

Esta monografia foi julgada e aprovada pela banca examinadora para a obtenção do grau de Especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, 12 de Janeiro de 2009.

Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia Universidade Tuiuti do Paraná

_________________________________________ Profa. Paula de Moura

_________________________________________ Profa. Me. Ana Cláudia Galvão de Aguiar Koubik

_________________________________________ Profa. Me. Lígia Aracema Borsato

DEDICATÓRIA

A Deus meu protetor, que está fazendo de minha vida uma sucessão de

grandes vitórias, fazendo-me alcançar cada um dos meus objetivos por mais difíceis

e inatingíveis que possam parecer. Agradeço a Ele, que sempre escolheu a hora

certa, o momento certo, o caminho correto para minha vida. Obrigada, meu Deus,

por tudo e por concluir, com sucesso, mais uma etapa de minha vida profissional.

Aos meus queridos pais, Guilherme Moisés Daltoé e Maria Zilda da Silva

Daltoé, pelo amor, carinho e por sempre me carregarem em suas orações. A eles,

que sempre estiveram comigo em todos os momentos, incentivando-me e apoiando-

me a ultrapassar mais esta etapa, obrigada por tudo. Eu os amo muito!

Ao meu irmão, Joelson Adriano Daltoé, meu maior exemplo profissional,

minha eterna gratidão por toda a confiança que depositou em mim, contribuindo de

forma tão efetiva no meu crescimento profissional. Jamais me esquecerei de todos

os seus ensinamentos e incentivos. Meu muito obrigada por tudo aquilo que você

tem me proporcionado. Mano, eu te amo!

À minha irmã, Gilmara Daltoé, pelo carinho, amizade e por estar sempre

presente nos momentos importantes da minha vida, torcendo pelo meu sucesso.

Amo você!

À minha cunhada, Julie Daltoé, que sempre esteve ao meu lado em todas as

situações, incentivando-me a seguir em frente sempre, por maior que fossem as

dificuldades. Meus sinceros agradecimentos.

AGRADECIMENTOS

À professora orientadora Paula de Moura, em primeiro lugar, a manifestação

de minha admiração e respeito, pela sua renomada competência e reconhecida

capacidade profissional. A sua orientação não se restringiu apenas à parte

profissional, mas, com muito carinho, passou-me sábios conselhos de vida. Sua

amizade, compreensão me trouxeram muita segurança e confiança. Por tudo, o meu

reconhecimento e a minha gratidão pela oportunidade de ser sua aprendiz.

As professoras Ana Cláudia Galvão de Aguiar Koubik e Lígia Aracema

Borsato, também componentes desta banca examinadora, a vocês, confio o meu

trabalho, fruto de muito estudo, dedicação e esforço. Assim meu agradecimento todo

especial, pela amizade, apoio e pelos ensinamentos transmitidos em seus exemplos

de professores e, acima de tudo, de seres humanos. Meu muito obrigada.

À minha amiga Ana Carolina. Quem me dera se eu pudesse colocar todo o

meu sentimento sobre esta amizade em poucas linhas, mas isso seria impossível,

pois, nestes quinze meses, foi muito mais que uma simples amiga. Não há palavras

para agradecer tantos favores, ajudas, incentivo, carinho incondicional e convivência

amiga. Os fortes laços de amizade que criamos permanecerão vivos em nossas

vidas

Aos colegas de pós-graduação, Alessandra, Dênio, Flávia, Giovanni, José

Paulo, Luciano, Murilo e Regina, pelos preciosos momentos de convivência, pelos

sorrisos e pela amizade fraterna. Meu agradecimento e alegres lembranças.

“Não sei ainda que espécie de raio é o X.

Mas sei que vai operar milagres”.

Wilhelm Conrad Röentgen

RESUMO

Os implantes osseointegrados tem sido cada vez mais utilizados na reabilitação oral de pacientes edêntulos totais ou parciais. No entanto, para obtenção de resultados satisfatórios, é imprescindível uma avaliação pré-operatória criteriosa do remanescente ósseo, processo para o qual o exame radiográfico é um exame auxiliar de fundamental importância, auxiliando desde o planejamento pré-operatório para colocação de implantes até sua proservação. Vários métodos de imagem vêm sendo utilizados com este propósito, mas, apesar de existirem métodos mais modernos de diagnóstico por imagem, a radiografia panorâmica tem sido um dos principais métodos de diagnóstico. Sendo assim, o presente trabalho tem por objetivo realizar um estudo comparativo entre as radiografias convencionais e as tomografias computadorizadas, a fim de elucidar qual modalidade de exame é mais confiável dentro do custo-benefício e risco-benefício, no planejamento de implantes osseointegrados. Desta forma, conclui-se que, dentre os métodos de diagnóstico por imagem existentes, deve-se indicar aquele que proporcione a melhor análise da forma e qualidade óssea, bem como a relação com estruturas anatômicas nobres. Por este motivo, a incorporação das imagens digitais em 3D tem sido uma condição natural, e espera-se que este tipo de exame seja mais recomendado na prática clínica. Palavras-chave: implantodontia; radiografia panorâmica; tomografia cone beam.

ABSTRACT

The osseointegrated implants has been more and more used in the oral rehabilitation of total or partial edentulous patients. However, for satisfactory results attainment, a craterous pre-operative evaluation of the remainder bone is essential, process for which the radiographic examination is an auxiliary examination of fundamental importance, assisting since the preoperative planning for implants placement until its proservation. Several image methods have been used with this purpose, but, in spite of existing more modern methods of image diagnosis, the panoramic x-ray has been one of the main diagnosis methods. This way, the present work has as aim to accomplish a comparative study between the conventional x-rays and the computerized tomography, in order to elucidate which modality of examination is more trustworthy inside of the cost-benefit and risk-benefit contest, in the planning of osseointegrated implants. In such a way, it is concluded that, among the existing diagnosis methods for image, the one that provides the best form and bone quality analysis, as well as the relation with noble anatomical structures must be indicated. For this reason, the incorporation of digital images in 3D has been a natural condition, and it is expected this type of examination to be more recommended in the practical clinic. Word-key: implantology; panoramic x-ray; cone beam tomography.

SUMÁRIO

RESUMO..................................................................................................................... I

ABSTRACT.............................................................................................................. II

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 11

OBJETIVOS ............................................................................................................ 14

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................... 15

2.1 PLANEJAMENTO RADIOGRÁFICO EM IMPLANTODONTIA .......................... 15

2.1.1 Conseqüências do edentulismo nos maxilares.............................................. 16

2.1.2 Estruturas a serem avaliadas por meio dos exames radiográficos ............... 17

2.1.3 Características da imagem ideal ................................................................... 19

2.1.4 Critérios de seleção dos exames radiográficos ............................................. 20

2.2 EXAMES RADIOGRÁFICOS UTILIZADOS EM IMPLANTODONTIA................ 21

2.2.1 Radiografias convencionais................ ............................................................ 22

2.2.2 Tomografias computadorizadas .......................... .......................................... 26

2.3 ESTUDOS CLÍNICOS COMPARATIVOS ......................................................... 31

2.4 INDICAÇÕES DOS EXAMES RADIOGRÁFICOS................ ............................. 45

3 DISCUSSÃO ........................................................................................................ 50

4 CONCLUSÃO ...................................................................................................... 53

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 55

11

1 INTRODUÇÃO

Atualmente, pode-se observar uma parcela bastante grande da população

com necessidade de restabelecimento de sua função mastigatória, que, durante

muitos anos, contavam com próteses fixas e removíveis como um meio de promover

este restabelecimento. Após a descoberta do professor Per-Ingvar Branemark, na

década de 1960, de que o titânio inserido em tecido ósseo se tornava

permanentemente integrado a ele, surgiu uma nova era na Odontologia, relacionada

à reabilitação oral (CHILVARQUER, 2000). Por este motivo, a restauração dos

maxilares edêntulos total ou parcial, por meio das próteses sobre implantes

osseointegrados, tem se tornado um procedimento relativamente freqüente na

Odontologia (MOLIM JUNIOR; CARREIRA, 1997).

Vários sistemas de implantes foram desenvolvidos e, acompanhando este

processo evolutivo, os métodos de diagnóstico por imagem também desenvolveram

novas técnicas para propiciar ao Implantodontista toda a informação necessária para

um correto planejamento cirúrgico, bem como aumentar as perspectivas de sucesso.

As dimensões do local a ser inserido um implante, a quantidade e a qualidade do

osso disponível, a ausência de patologias ósseas, a inclinação do processo alveolar

remanescente são fundamentais para o cirurgião, sendo que altura, espessura e

relação espacial com estruturas anatômicas nobres têm de ser avaliadas com

mensurações as mais próximas do real, para o sucesso do procedimento cirúrgico

(FREDERIKSEN; TEX, 1995, IWAKI; IWAKI FILHO, 2005).

Em Implantodontia, uma das fases mais importantes é o planejamento pré-

operatório. Neste, para evitar falhas no plano de tratamento, devem ser usados

todos os recursos tecnológicos disponíveis, como por exemplo: anamnese, exame

12

físico, análise de modelos, exames laboratoriais e radiográficos (PRADO; ARITA;

PANELLA, 1999).

O exame radiográfico, assim, torna-se um importante meio auxiliar do

cirurgião dentista na fase inicial de planejamento, bem como no trans e pós-

operatórios, servindo também como base de controle protético (PRADO; ARITA;

PANELLA, 1999).

No entanto, a análise radiográfica para a Implantodontia tem sido variável.

Alguns casos são planejados somente com o auxílio de radiografias intrabucais e

extrabucais, outros com tomografias convencionais e computadorizadas. A indicação

do método radiográfico é baseada na quantidade de implantes necessários, dose de

radiação para o paciente, confiabilidade do exame e, principalmente, no binômio

custo-benefício, o exame considerado ideal é aquele que atende a todos estes

quesitos (IWAKI; IWAKI FILHO 2005).

Mas, apesar das radiografias periapicais e panorâmicas geralmente serem

utilizadas para uma avaliação inicial em Implantodontia, suas imagens apresentam

distorções e ampliações, inerentes ao processo de formação da imagem e, além

disso, oferecem apenas uma representação bidimensional do osso em questão, não

permitindo, desta forma, uma avaliação da espessura do rebordo alveolar. Diante

destas dificuldades ou limitações na obtenção de informações para o diagnóstico

com o uso de radiografias convencionais, as imagens tridimensionais começaram a

atrair grande interesse dos Implantodontistas. Assim, com o advento da tomografia

computadorizada e mais recentemente com a tomografia volumétrica de feixe

cônico, especialmente desenvolvido para a região craniofaciais, é possível obter

imagens milimétricas nos três planos do espaço e a sua reconstrução em 3D,

proporcionando uma noção de volume e profundidade (IWAKI; IWAKI FILHO, 2005).

13

Desta forma, este trabalho objetiva realizar uma revisão da literatura na área

em questão, envolvendo os métodos de diagnóstico por imagens disponíveis

atualmente para o planejamento em Implantodontia, a fim de se elucidarem as

dúvidas a respeito de qual método é o mais indicado para o planejamento de

implantes, dentro do custo-benefício e risco-benefício.

14

OBJETIVOS

Realizar um estudo comparativo entre as radiografias convencionais e as

tomografias computadorizadas, a fim de elucidar qual modalidade de exame é mais

confiável dentro do custo-benefício e risco-benefício, no planejamento de implantes

osseointegrados.

15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 PLANEJAMENTO RADIOGRÁFICO EM IMPLANTODONTIA

Atualmente, a Implantodontia como ciência tem sido considerada um

tratamento previsível e com altos índices de sucesso, entretanto o êxito do

prognóstico da Implantodontia oral e da própria reabilitação oral é conseqüência de

um planejamento minucioso, sendo o diagnóstico por imagens uma das etapas mais

importantes (FREDERIKSEN; TEX, 1995).

Segundo Hobo; Ichida; Garcia (1997), as informações iniciais colhidas do

paciente no planejamento em Implantodontia devem incluir a história médica e

odontológica do paciente, estudo radiográfico, modelos de estudo e fotografias,

todos essenciais no plano de tratamento. Assim, com base nestes dados e num

minucioso exame clínico, pode ser proposto um plano de tratamento detalhado,

incluindo localizações e direções dos implantes. Através do exame radiográfico,

pode-se visualizar a anatomia dos ossos maxilares e as anormalidades dos tecidos

ósseos, o que é de fundamental importância para evitar problemas potenciais no

pós-operatório.

Para Molim Junior; Carreira (1997), a observação de estruturas anatômicas e

a avaliação do formato do rebordo alveolar residual são de extrema relevância para

um bom planejamento e execução de implantes, portanto exames radiográficos

convencionais ou tomografias computadorizadas fazem-se necessários, além de

exames laboratoriais, enceramento de diagnóstico e confecção de guias cirúrgicas.

Já no passado, a reabilitação por meio de implantes dentários era baseado

somente nas diretrizes clínicas, mas devido à informação clínica ser ineficiente,

16

muitas vezes, e inerentemente defeituosa, o cirurgião foi forçado a tomar decisões

cirúrgicas sem diretrizes restauradoras detalhadas, comprometendo a localização do

implante e a posição axial. Fato que, freqüentemente, levava a uma posição dental

final incompatível com a fixação do implante, acarretando a insatisfação do paciente,

devido a uma prótese definitiva sem forma e função adequada (ROSENFELD;

MECALL, 2003).

2.1.1 Conseqüências do edentulismo nos maxilares

Sabe-se que a perda de dentes traz consigo algumas conseqüências como

insuficiência mastigatória, disfagia moderada, desordens de articulação e fonética,

perda de suporte facial com comprometimento estético e atrofias ósseas alveolares

e do osso basal dos maxilares que levam a uma mudança de largura e altura. Esta

mudança, por sua vez, influencia no posicionamento do implante devido à falta de

tecido ósseo suficiente e à proximidade de estruturas anatômicas que dificultam a

sua colocação. Um exemplo é a perda de dentes na região posterior da maxila, o

que favorece a reabsorção do osso alveolar remanescente, geralmente fino e de

baixa qualidade, além do mais, com o avanço da idade, o seio maxilar pneumatiza e

o seu volume aumenta a expensas do osso alveolar remanescente, fazendo com

que, muitas vezes, a espessura de osso remanescente nesta região seja de apenas

1mm. Já na mandíbula, o processo de perda da altura óssea que se segue à perda

dos dentes também pode deixar muito pouco osso residual acima do canal da

mandíbula, principalmente se o paciente usa próteses removíveis, que, por falta de

manutenção, geralmente se tornam instáveis, acelerando, ainda mais, o processo de

reabsorção. Contudo, o seio maxilar e as fossas nasais podem apresentar pequenas

complicações quando invadidos por implantes, geralmente as patologias no seio

17

maxilar resultantes da colocação de implantes podem ser relativamente fáceis de se

contornar, o que não evita, necessariamente, problemas mais sérios, pois, na

tentativa de colocar implantes mais longos na mandíbula, o feixe vásculo-nervoso

alveolar inferior é lesado, lesões estas que podem ser irreversíveis mesmo

removendo-se o implante (MOLIM JUNIOR; CARREIRA, 1997).

Ellies; Hawker (1993 citado por MOLIM JUNIOR; CARREIRA, 1997),

sugerem que as complicações de alteração de sensação ocorrem em 35 a 40% dos

casos de colocação de implantes na mandíbula e que, para 10 a 15% destes casos

não há resolução.

Para Tallgren (1969 citado por ROSENFELD; MECALL, 2003), a maior

redução do rebordo residual ocorre no início do período de cicatrização pós-

exodontia, um período entre 6 meses e 2 anos.

Estudos clínicos e cefalométricos realizados por Tallgren (1972), Carlsson;

Bergman; Hedegard (1967) (citados por ROSENFELD; MECALL, 2003),

demonstraram que a porção anterior do processo alveolar maxilar diminui 85mm2, ou

23% nos primeiros 6 meses e um adicional de 32mm2, ou 11% em 5 anos. Já para

mandíbula, Tallgren (1969 citados por ROSENFELD; MECALL, 2003) relataram que

o padrão de reabsorção do rebordo residual da mandíbula ocorre no topo da crista

localizada mais para lingual e, posteriormente, segue em direção vestibular.

2.1.2 Estruturas a serem avaliadas por meio dos exames radiográficos

Para a realização de uma reabilitação oral utilizando-se de implantes, os

exames radiográficos têm objetivos de visualização, orientação, avaliação do status

da fisiologia dos tecidos, avaliação pós-operatória e, finalmente, documentação,

18

onde se devem realizar radiografias pré-operatórias, radiografias de controle antes

da conexão dos abutments e, finalmente, controles sistemáticos pós-instalação dos

aparelhos protéticos (CHILVARQUER, 2000).

Nas radiografias pré-operatórias, são realizadas mensurações do local a ser

inserido o implante, a quantidade e a qualidade do osso disponível, a ausência de

patologias ósseas e a inclinação do processo alveolar remanescente, além da altura,

espessura e relação espacial com estruturas anatômicas nobres. Na mandíbula, é

preciso identificar a orientação do forame mentoniano, do canal mandibular e de

possíveis acidentes anatômicos, como a continuação do canal mandibular para a

região anterior, na maxila, seio maxilar e fossa nasal. Já as radiografias pós-

operatórias têm finalidade de diagnosticar lesões patológicas com sinais e sintomas

clínicos para, depois da instalação dos implantes, determinar o ajuste entre o cilindro

e o abutment, determinar o perfeito ajuste entre o abutment e a coroa após a

instalação da prótese, avaliar e detectar a presença de fraturas, avaliar o osso

circunvizinho ao cilindro e suas variáveis ao longo tempo, avaliar a interface osso-

cilindro, que poderá indicar a falha da osseointegração e, finalmente, diagnosticar a

possibilidade de lesões ósseas circunvizinhas que possam interferir na longevidade

dos cilindros e suas respectivas reabilitações protéticas (CHILVARQUER, 2000,

OLIVEIRA, 2000, COSTA et al., 2004, IWAKI; IWAKI FILHO, 2005, ROMEO;

GHISOLF, 2007).

Na avaliação pré-operatória para a cirurgia de implante, é necessária uma

atenção especial para algumas estruturas anatômicas. Na mandíbula, as estruturas

mais importantes são: o contorno do osso alveolar e a localização do nervo alveolar

inferior e, na maxila, o cirurgião é limitado pela precisão do tamanho e contorno do

processo alveolar, pela localização de ambas corticais ósseas e estruturas

19

anatômicas como o canal incisivo, cavidade nasal e seio maxilar (RODRIGUES;

VITRAL, 2007).

2.1.3 Características da imagem ideal

Existem diversas modalidades de imagens à disposição do Implantodontista

no planejamento pré-operatório, porém a combinação de técnicas radiográficas,

normalmente se faz necessário, para um correto planejamento, pois, infelizmente,

nenhuma das modalidades existentes pode ser considerada ideal para avaliação

pré-operatória dos implantes osseointegrados. A modalidade de imagem ideal

deveria proporcionar imagens transversais do arco dentário, permitindo a

visualização das duas tábuas ósseas e das inclinações do osso alveolar, e ainda,

permitir uma avaliação da relação entre as estruturas anatômicas e o sítio receptor

do implante, permitindo a realização de medições com exatidão, bem como

possibilitar uma avaliação da qualidade óssea, tudo isso numa boa relação custo-

benefício (FREDERIKSEN; TEX, 1995).

Segundo Batista; Batista Júnior; Fronza (1999), um sistema de imagens deve

possuir as seguintes características: permitir a visualização de cortes de secção-

transversal e a obtenção de informações precisas das dimensões verticais e

horizontais de estruturas internas; promover uma distorção mínima da imagem, para

permitir medições precisas com um erro médio previsível ou inexistente; evidenciar a

densidade do trabeculado ósseo e espessura das corticais ósseas; relacionar os

cortes em secção-transversal da mandíbula e maxila; apresentar meios simples de

identificar a localização exata de cada imagem se secção transversal; e expor os

pacientes a pequenas doses de radiação.

20

Guedes et al. (2004), relatam que a técnica de imagem ideal para

Implantodontia deve permitir visibilidade de cortes de secção transversal e obtenção

de informações precisas da dimensão verticais e horizontais de estruturas internas,

promover uma mínima ampliação, fornecendo mensurações precisas com uma

escala métrica com proporção de 1:1 em relação ao tamanho real da estrutura,

evidenciar a densidade do trabeculado ósseo e espessura das corticais, relacionar

cortes em secções anatômicas transversais da maxila e mandíbula, apresentar

meios simples de identificar a localização exata de cada imagem de secção

transversal, expor o paciente a pequenas doses de radiação, além de fácil acesso e

baixo custo.

2.1.4 Critérios de seleção dos exames radiográficos

A decisão de qual técnica radiográfica deverá ser utilizada no planejamento

pré-cirúrgico baseia-se na avaliação clínica do paciente, nas regiões e no número de

locais propostos para os implantes. O custo do procedimento e a dose de radiação

também são fatores que devem ser considerados, mas não deve ser determinante

na escolha da técnica de imagem, a influência de ambos os fatores, custo e dose,

deverá ser comparada com o benefício do valor da informação (CARMO et al.,

2003).

Conforme Costa et al. (2004), as técnicas radiográficas indicadas na

Implantodontia relacionam-se aos diferentes tempos operatórios.

Para Iwaki; Iwaki Filho (2005), a indicação do método radiográfico é baseada

na quantidade de implantes necessários, dose de radiação para o paciente,

21

confiabilidade do exame e no binômio custo-benefício, sendo considerado o exame

ideal aquele que atende a todos estes quesitos.

Bernades (2006), a decisão do tipo de radiografia a ser utilizada no

planejamento em Implantodontia deve consistir em risco mínimo de exposição para o

paciente, e o seu benefício de auxílio clínico deve superar os custos.

Segundo Scarfe; Farman; Sukovic (2006), a Academia Americana de

Radiologia Oral e Maxilofacial (AAROM) enfatiza que um tratamento com implantes

bem sucedido requer a obtenção de adequada informação sobre as estruturas da

região bucal e, para a aquisição dessas informações, geralmente demanda algum

tipo de imagem, que pode variar desde simples imagens bidimensionais, como

radiografias panorâmicas, até imagens mais complexas em múltiplos planos,

dependendo do caso e da experiência do cirurgião.

Mas antes da solicitação de qualquer exame radiográfico, alguns princípios

devem ser respeitados, como: saber o que se está procurando, ter conhecimento da

técnica que melhor visualizará o tecido a ser observado, ser pouco invasivo, expor o

paciente à mínima radiação possível, evitar gastos desnecessários e iniciar o estudo

sempre pela técnica mais simples (RODRIGUES; VITRAL, 2007).

2.2 EXAMES RADIOGRÁFICOS UTILIZADOS EM IMPLANTODONTIA

O exame radiográfico é um importante meio auxiliar do cirurgião-dentista na

fase inicial de planejamento, bem como no trans e pós-operatório, servindo também

como base no controle protético (PRADO; ARITA; PANELLA, 1999).

A análise radiográfica para a Implantodontia tem sido variável, alguns casos

são planejados somente com auxílio de radiografias intrabucais e extrabucais, outros

com tomografias convencionais e computadorizadas (IWAKI; IWAKI FILHO, 2005).

22

Atualmente, os métodos amplamente utilizados no planejamento pré-

operatório de implantes são a radiografia panorâmica e a tomografia

computadorizada (COMANDULLI et al., 2005). Mas, apesar de existirem métodos

mais modernos de diagnóstico por imagem, a radiografia panorâmica tem sido um

dos métodos mais empregados na Odontologia, sendo a Implantodontia uma das

especialidades que mais a utiliza. Provavelmente isso se deve à baixa dose de

radiação, facilidade de execução da técnica e ampla área que abrange uma única

radiografia. (IWAKI; IWAKI FILHO, 2005).

Segundo Bernades (2006), dentre os tipos de exames radiográficos mais

utilizados no planejamento em Implantodontia, têm-se: radiografias periapicais,

oclusais, panorâmicas, tomografia convencional, tomografia computadorizada e

cefalométricas.

2.2.1 Radiografias convencionais

O exame periapical pode ser utilizado para uma avaliação inicial do paciente,

pela técnica do paralelismo, que fornece uma imagem mais isomorfa e isométrica,

ou seja, com mínimo grau de distorção. Os autores Coelho; Gallon; Fedeli Júnior

(1997), Guedes; Faria (1999), Shetty; Benson (2000), Tyndall; Books (2000) (citados

por GUEDES et al., 2004), comentam sobre o uso do exame periapical pela técnica

do paralelismo para avaliação de áreas receptoras de implantes. Os autores

descrevem que esta técnica possui imagem com alta resolução do trabeculado

ósseo e com mínima distorção da imagem, além de baixo custo, baixa dose de

radiação e fácil aceitação pelo paciente, porém possui desvantagens como: área de

imagem limitada, não fornecimento de informação no sentido vestíbulo-lingual,

23

potencial de distorção da imagem, além da possibilidade de movimentação e

limitação pela profundidade do assoalho bucal.

Para Costa; Giannakopoulos (2003), as mensurações realizadas sobre a

imagem das radiografias periapicais deverão ser somente sugestivas, e não

conclusivas, uma vez que apresentam distorções nas imagens das estruturas

examinadas. Mas, por outro lado, este tipo de radiografia é muito utilizada no pós-

operatório, quando é possível analisar o sucesso da osseointegração, o paralelismo

e localização do implante e a conexão e ocorrência de reabsorção óssea

(BERNADES, 2006).

O exame oclusal utilizado, inicialmente, com intuito de realizar uma avaliação

vestíbulo-lingual em áreas edêntulas da mandíbula, induz a um erro, pois, devido à

sobreposição da base da mandíbula sobre o rebordo, a imagem irá revelar a maior

espessura do arco mandibular, quando, na verdade, a morfologia do osso alveolar é

irregular, mascarando a verdadeira espessura disponível na área de interesse.

Sendo assim, a forma ou a arquitetura do osso, em três dimensões, não é aparente

no filme oclusal e, por isso, não apresentam indicações bem definidas em

Implantodontia (COSTA; GIANNAKOPOULOS, 2003, GUEDES et al., 2004), embora

permita a visualização de estruturas essenciais como canal palatino, canal

mandibular, seio maxilar, fossa nasal, sua localização espacial em relação ao

implante é perdida (BERNADES, 2006).

No entanto, a radiografia panorâmica com traçado para implante é o exame

radiográfico mais utilizado na fase pré-operatória, pois este exame permite ao

profissional comparar estruturas contralaterais, observar múltiplos locais para

inserção de implante, identificam todas as estruturas anatômicas e suas relações

com o rebordo alveolar remanescente, verificar a presença ou ausência de dentes e

24

implantes nas arcadas, bem como patologias ósseas onde a área de uma radiografia

periapical é insuficiente. Além destes aspectos, o processo é de baixo custo, grande

disponibilidade no mercado, simplicidade e rapidez na realização do exame

(GUEDES et al., 2004). Mas há de se ressaltar que a técnica possui algumas

limitações como não fornecer nenhuma informação no sentido vestíbulo-lingual ou

inclinação do rebordo ósseo, pois, por ser uma imagem bidimensional, possui

imagem magnificada com graus de distorções variáveis em cada região do arco do

paciente (COSTA; GIANNAKOPOULOS, 2003, GUEDES et al., 2004). De acordo

com o aparelho radiográfico, em média de 25%, é de fundamental importância para

o planejamento e sucesso do implante, que, nas medições realizadas, sejam

diminuídas 1 a 2mm (BERNADES, 2006).

Kalil (1998 citado por GUEDES et al., 2004) preconiza o uso da radiografia

panorâmica com o desenho das estruturas anatômicas em papel fino e transparente

sobre a radiografia, fornecendo um parâmetro esquemático preliminar das distâncias

dos acidentes anatômicos principais em relação às áreas receptoras de implante.

Estas medidas tornam-se mais precisas se a radiografia for feita em aparelhos com

ampliação vertical constante de 25% , levando a uma avaliação mais próxima do real

quanto à altura óssea remanescente para a área de implantação em relação às

estruturas anatômicas.

Para Guedes et al. (2004), a tomografia convencional linear é uma técnica

radiográfica indicada para pacientes que desejam colocar até cinco implantes e

também para pacientes edêntulos. Trata-se de uma das técnicas principais para

avaliação pré-operatória, pois fornece imagens seccionadas da região de interesse

com boa definição e mínimo de superposição, alto contraste entre estruturas

anatômicas, observação das dimensões no sentido vestíbulo-lingual e a dimensão

25

vertical da crista óssea e estruturas anatômicas nobres, possuindo magnificação

uniforme e mensurações precisas. De outra maneira, esta tomografia também

apresenta limitações como o custo moderado do exame, que pode ser elevado para

mais de cinco regiões, podendo ultrapassar o custo de um exame de tomografia

computadorizada, disponibilidade limitada, técnica sensível a erros, espessa camada

de corte, não determinação da qualidade óssea, muito tempo gasto para realização

do exame em um número elevado de locais a serem radiografados, necessidade de

treinamento para interpretação das imagens, além da dificuldade de posicionamento

do arco para se ajustar a cada camada de corte precisamente.

As radiografias cefalométricas são utilizadas na Implantodontia em casos

específicos para avaliação do perfil ântero-posterior da mandíbula na região de

sínfise mentoniana e para conformação dos maxilares, além de mostrar a geometria

do alvéolo na região anterior e a relação da lâmina lingual com a anatomia

esquelética do paciente. Nesta, determina-se, também, a geometria espacial do local

onde será colocado o implante com estruturas anatômicas, como: assoalho da

cavidade nasal, recesso anterior do seio maxilar e canal naso-palatino. Este tipo de

radiografia oferece uma boa informação quanto à espessura da cortical óssea, a

quantidade e qualidade de osso compacto na linha mediana, com menor distorção

que a radiografia panorâmica (BERNADES, 2006, ROMEO, 2007).

No entanto, as radiografias extrabucais e intrabucais são exames de grande

valia para Odontologia, mas, apesar de seus benefícios, estes exames apresentam

grandes limitações, como a sobreposição de imagens e a necessidade de 30% a

50% de perda óssea para que a imagem de rarefação óssea comece a aparecer em

uma radiografia periapical (BUENO, 2007).

26

2.2.2 Tomografias Computadorizadas

Logo no início do desenvolvimento da Implantodontia, verificou-se que as

técnicas radiográficas convencionais (radiografia panorâmica, periapical, oclusal e

telerradiografia) não eram totalmente confiáveis para avaliação de áreas candidatas

à colocação de implantes (BATISTA; BATISTA JÚNIOR; FRONZA, 1999). Com isso,

a evolução da Imaginologia na Odontologia vem disponibilizando meios de

diagnósticos precisos, com grande confiabilidade e detalhamento de estruturas em

três dimensões. Exemplos disto são os exames tomográficos, que vêm sendo cada

vez mais, utilizados em todas as áreas da Odontologia, por permitir a reconstrução

de áreas anatômicas e a visualização em três dimensões, revelando informações

sobre tamanho, forma e textura óssea. Estes diagnósticos tornam-se, assim, um

importante instrumento de guia para a Implantodontia (CAPELOZZA FILHO;

FATTORI; MALTAGLIATI, 2005).

O último avanço tecnológico em diagnóstico por imagem é a representação

digital da anatomia do paciente, exatamente como ela se apresenta, tornando a

tomografia computadorizada o exame de escolha para análise de componentes

ósseos e estruturas dentárias. As novas gerações de scanners tomográficos

computadorizados fornecem uma visão completa das estruturas examinadas, em

três dimensões, com alta resolução e baixa radiação aos pacientes (CAPELOZZA

FILHO; FATTORI; MALTAGLIATI, 2005).

Atualmente, existem dois tipos de tomógrafos, os tomógrafos médicos,

designados como tomografia computadorizada tradicional e, mais recentemente, os

tomógrafos odontológicos, chamados de tomografia computadorizada de feixe

cônico. Os dois tipos de exames permitem a obtenção de imagens em cortes da

27

região dentomaxilofacial, no entanto a única característica em comum refere-se à

utilização da radiação-x. A tomografia médica convencional utiliza um feixe de raios-

X em forma de leque ou séries de cortes individuais para, finalmente, obter um

estudo tomográfico, já na tomografia computadorizada volumétrica, dedicada ao

complexo dentomaxilofacial, utiliza um feixe de raios-X em forma de cone, que

captura todas estruturas ósseas em um só volume do crânio, mandíbula e maxila.

Este tipo de tomografia, além de ser mais precisa, captura imagens da maxila e

mandíbula em uma única tomada, enquanto que o tomógrafo médico necessita de

duas tomadas para capturar a mandíbula e a maxila. O posicionamento da cabeça e

maxilares são indiferentes, porque, para cada paciente, a tomografia

computadorizada volumétrica captura todo “volume” de informação de imagens que

poderá ser reagrupado, com precisão de qualquer ângulo. Além do mais, a

tecnologia exclusiva do tomógrafo computadorizado volumétrico gera imagens claras

e precisas e apresenta redução significativa de artefatos metálicos, que é a distorção

da imagem provocada pela colisão violenta do feixe de raios-X com os anteparos

metálicos, que provoca limitações ao analisar estruturas ósseas próximas dos

objetos metálicos (restaurações metálicas ou implantes osseointegrados)

(TOMOGRAFIA, 2005, GARIB et al., 2007).

A tomografia computadorizada tradicional foi desenvolvida no início da

década de 70, pelo engenheiro inglês Hounsfield, juntamente com o físico norte-

americano Comark. O primeiro aparelho de tomografia computadorizada foi instalado

no Hospital Atkinson Morley, em Londres, onde acomodava somente a cabeça do

paciente e gastava 4,5 minutos para escanear uma fatia e mais 1,5 minutos para

reconstruir a imagem no computador. Hoje, graças aos 30 anos de evolução na

tecnologia desta área, que melhoraram o tempo de aquisição e qualidade das

28

imagens, assim como reduziram significativamente a dose de radiação, já é possível

acomodar o corpo todo no aparelho e realizar a secção em um segundo, ou menos.

Estes tomógrafos fornecem imagens muito mais nítidas e ricas em detalhes que as

radiografias convencionais, análises quantitativas com grande acurácia e precisão,

alta sensibilidade e especificidade, além da magnificação ser nula, ou seja, a

tomografia computadorizada reproduz o tamanho real do objeto escaneado. A

boa resolução da imagem deve-se ao grande poder de contraste da técnica, já que

pequenas diferenças na densidade tecidual podem ser percebidas e traduzidas em

5000 tons de cinza em cada pixel. Estes aparelhos reconhecem diferenças de

densidades de menos de 0,5%, enquanto as técnicas convencionais detectam

desigualdades mínimas de 10% (CEVIDANTENS et al. 2006, GARIB et al., 2007).

A tomografia computadorizada apresenta as vantagens de eliminar as

sobreposições, a magnífica resolução atribuída ao grande contraste da imagem e a

possibilidade de reconstruí-las nos planos axial, coronal, sagital e oblíquo, assim

como obter uma visão tridimensional da estrutura de interesse. Todavia, com todas

estas vantagens, este exame somente não é mais utilizado na rotina odontológica,

devido à dose de radiação e ao alto custo Indiscutivelmente a dose de radiação

recebida pelo paciente é muito superior às tomadas radiográficas convencionais

(GARIB et al., 2007).

Vale dizer que, apesar dos avanços tecnológicos, a tomografia

computadorizada médica não foi amplamente difundida na Odontologia, devido a

uma série de limitações, como: alta dose de radiação ao paciente; baixa resolução

para Odontologia; tamanho amplo do equipamento e a necessidade de uma sala

especial para realização do exame; alto custo do equipamento e,

conseqüentemente, do exame; limitação nos protocolos específicos para

29

Odontologia e dificuldade de comunicação entre médicos e cirurgiões-dentistas

(BUENO et al., 2007).

Devido a estas limitações, houve a necessidade de desenvolver uma

tomografia computadorizada destinada, especialmente, à área odontológica. Foi,

então, que, em 1997, o considerado pai da tomografia, cone bem, Arai e

colaboradores, no Japão, aprimoraram a tomografia cone beam, que, inicialmente,

foi utilizada de forma restrita na Medicina para a Odontologia, chamado de Ortho-CT.

Posteriormente, Mozzo e colaboradores italianos da Universidade de Verona, em

1998, foram os pioneiros a apresentarem os resultados preliminares de um “novo

aparelho de tomografia computadorizada volumétrica para imagens odontológicas,

baseado na técnica do feixe em forma de cone”, denominado como NewTom 9000, o

primeiro tomógrafo comercial, proporcionando uma menor dose de radiação

equivalente a 1/6 da liberada pela tomografia tradicional e maior qualidade na

imagem, com distinção de estruturas delicadas, como esmalte, dentina, cavidade

pulpar e cortical alveolar quando comparadas à tomografia médica. Porém, em 1999,

um grupo congregado de professores japoneses e filandeses de radiologia

odontológica apresentaram outro aparelho com tecnologia e recursos muito

semelhantes ao tomógrafo italiano, denominado Ortho-CT. Com o advento destes

aparelhos, especialmente indicado para a região dentomaxilofacial, a Odontologia

entra na era da imagem tridimensional, através de um tomógrafo pequeno, de menor

custo, com mínima distorção de imagens e dose de radiação significantemente

reduzida em comparação à tomografia computadorizada tradicional (GARIB et al.,

2007, BUENO et al., 2007).

No entanto, o advento da tomografia computadorizada de feixe cônico

representa o desenvolvimento de um tomógrafo relativamente pequeno e de menor

30

custo, especialmente indicado para a região dentomaxilofacial, que vem

promovendo imagens tridimensionais dos tecidos mineralizados maxilofaciais, com

uma menor dose de radiação e uma qualidade maior de imagem, mínima distorção e

menor do que a tomografia computadorizada tradicional, com distinção de estruturas

delicadas, como esmalte, dentina, cavidade pulpar e cortical alveolar (HASHIMOTO

et al., 2003, GARIB et al., 2007).

O tomográfo cone beam é compacto quando comparado aos tomógrafos

médicos, pois, a partir da imagem tomográfica em volume, obtida em apenas uma

sessão, é possível fazer reconstruções nos mais diversos planos, com auxílio do

software, proporcionando múltiplas imagens, como, por exemplo, o scout lateral e

frontal, imagens semelhantes às telerradiografias lateral e frontal, a reconstrução

oclusal, panorâmica, transaxial, coronal e ainda reconstruções em 3D. Assim, fica

possível realizar a identificação das estruturas anatômicas e inúmeras mensurações

em diversos planos, podendo ainda ser enviada para prototipagem, sendo já muito

utilizada para diversos fins na Odontologia, como, por exemplo, a identificação

topográfica de dentes impactados, cistos e processos inflamatórios e tumorais, a

investigação das estruturas ósseas da articulação têmporo-mandibular, além do

auxílio no planejamento da Implantodontia e do acompanhamento pré e pós-

cirúrgico (CAPELOZZA FILHO; FATTORI; MALTAGLIATI, 2005, GADÉLHA et al.,

2007, BUENO et al., 2007).

As principais vantagens da tomografia cone beam sobre a tomografia médica

são: aparelhos mais compactos, sem necessidade de uma estação de trabalho

específica; maior resolução, acarretando maior nitidez das imagens; possibilidade de

imagens somente da região de interesse; menor quantidade de artefatos metálicos;

menor tempo de exposição e menor dose de radiação, que equivale a,

31

aproximadamente, um levantamento periapical, de 4 a 15 panorâmicas, e apenas

1,3% a 6,4% da exposição de uma tomografia médica de face; imagens sem

distorções; e, na maioria dos aparelhos, o paciente é posicionado sentado e não

deitado, aumentando o conforto e aceitação do paciente, além de maior precisão

dos exames de ATM e seios maxilares por realizar o exame na posição vertical

(BUENO et al., 2007).

2.3 ESTUDOS CLÍNICOS COMPARATIVOS

Klinge et al. (1989 citado por OLIVEIRA et al., 2000) mediram a distância da

crista do rebordo ao teto do canal da mandíbula de secções macroscópicas e a

compararou com a distância observada em: radiografias periapicais, radiografias

panorâmicas, tomografia helicoidal e tomografia computadorizada. O resultado

mostrou que a tomografia computadorizada forneceu uma localização mais exata do

canal da mandíbula, seguida da radiografia periapical, embora fosse difícil a

colocação do filme exatamente paralelo à mandíbula, devido a muitos pacientes

apresentarem o soalho de boca alto, o que também dificulta o alcance do canal da

mandíbula.

Tal; Moses (1991 citado por FREDERIKSEN; TEX, 1995, FREI; BUSER;

DULA, 2004) compararam a precisão da tomografia computadorizada e da

radiografia panorâmica em relação à mensuração da distância vertical da crista

óssea alveolar até a borda superior do canal mandibular. No estudo, foram

examinados 17 pacientes que necessitavam de cirurgia para implantes na região de

segundo pré-molar e primeiro molar inferior, foram posicionadas esferas metálicas

sobre a crista alveolar das regiões. As radiografias panorâmicas foram realizadas

32

com as esferas posicionadas na cavidade bucal e as medidas no sentido vertical

foram realizadas baseadas na distorção das esferas metálicas. Para o exame de

tomografia computadorizada ,foi utilizado o aparelho Elite 2400 scanner. As medidas

foram executadas no sentido vertical, nas condições ideais de interpretação e com

auxílio de um paquímetro, sendo repetidas dez vezes em diferentes dias. Seus

resultados demonstraram que as duas técnicas apresentaram suficiente precisão,

apesar da tomografia computadorizada mostrar-se estatisticamente superior. Porém,

diferenças de menos de 1mm foram consideradas como clinicamente insignificantes,

não justificando, portanto, o uso rotineiro da tomografia computadorizada, que

deveria ser reservada para situações em que a colocação do implante lateralmente

ao canal mandibular fosse considerada.

Todd et al. (1993 citado por DANTAS 2002) avaliaram a interpretação

individual de um grupo qualificado para a colocação de implantes e comparou a

precisão de mensurações realizadas em imagens de tomografia linear com as de

tomografia computadorizada. Nesta comparação, o canal mandibular foi facilmente

identificado nas imagens de tomografia computadorizada, enquanto que a equipe

não foi capaz de identificá-lo em 8 das 22 imagens de tomografia linear. Além disso,

foram encontradas diferenças estatisticamente significativas nos traçados realizados

em tomografia linear, não só em relação às imagens de tomografia

computadorizada, mas também entre os membros do próprio grupo.

Segundo Sonick et al. (1994 citado por FREDERIKSEN; TEX 1995, FREI;

BUSER; DULA 2004), o planejamento pré-operatório para implantes é crucial para o

seu sucesso a longo prazo, sendo o exame radiográfico seu complemento essencial.

Ao considerar a colocação de implantes na região posterior da mandíbula,

realizaram uma comparação entre a radiografia periapical pela técnica do

33

paralelismo, radiografia panorâmica e tomografia computadorizada em medidas na

região posterior de mandíbulas. Para isto, foi confeccionada uma placa de acrílico

sobre a mandíbula, com um retângulo de guta-percha em sua superfície, realizadas

medidas diretamente na mandíbula e comparadas com as medidas das imagens

radiográficas e tomográficas. Os autores verificaram que a tomografia

computadorizada apresentou exatidão superior em relação às radiografias periapical

e panorâmica. Além da imagem da mandíbula em três dimensões, neste estudo,

demonstrou-se que a precisão da tomografia computadorizada está numa faixa de

0,5mm em mensurações diretas. Isto pode indicar sua seleção para o planejamento

de implantes na região posterior da mandíbula.

Frederiksen; Tex (1995) estudaram o diagnóstico por imagem na avaliação

pré-operatória de implantes, avaliando a importância das imagens radiográficas intra

e extraorais e tomográficas, e observaram que radiografias periapicais, utilizadas na

avaliação inicial dos pacientes, são as radiografias que fornecem o melhor detalhe

entre todas as técnicas, devido à proximidade do filme com as estruturas

anatômicas, podendo-se avaliar até a qualidade óssea. Todavia, vale dizer que a

falta de paralelismo durante a realização da técnica nas áreas edêntulas pode alterar

a dimensão vertical do osso, não avalia com precisão as estruturas anatômicas

criticas e não informa a dimensão vestíbulo-lingual. As radiografias oclusais são

capazes de demonstrar todo o processo alveolar dos arcos dentários, mas, devido à

sobreposição de estruturas da base da mandíbula, torna-se difícil obter informações

a respeito das dimensões vestíbulo-lingual ou horizontal do processo alveolar, por

isso não devem ser utilizadas. As radiografias cefalométricas informam a inclinação

da maxila e da mandíbula, suas dimensões verticais e vestíbulo-linguais na região

anterior. As radiografias panorâmicas têm sido extensamente utilizadas, pois

34

permitem a determinação da dimensão vertical dos maxilares, porém, por ter uma

visão bidimensional, não são capazes de fornecer informações vestíbulo-linguais e a

inclinação do processo alveolar, mas podem ser utilizadas para diagnóstico inicial do

paciente, pois demonstram a presença de patologias e promovem uma localização

espacial das estruturas anatômicas e seu envolvimento com processo alveolar. Os

autores descreveram também que a tomografia linear tem sido bastante utilizada em

pacientes que receberam implantes unitários ou múltiplos de um mesmo arco

dentário, pois produz imagens oblíquo-sagitais das arcadas com cortes tomográficos

com poucos milímetros de espessura e uma pequena ampliação da imagem. As

imagens tomográficas fornecem informações que as radiografias intra-orais e

panorâmicas não fornecem, como: altura, largura, inclinação do processo alveolar,

qualidade óssea e relação espacial com as estruturas anatômicas adjacentes ao

local do implante. A tomografia computadorizada utiliza softwares para reformatação

de imagens obtidas a partir de cortes realizados no plano axial, gerando novas

imagens em diferentes planos, sem sobreposição de estruturas, e produzindo

imagens seccionais de todo arco dentário em um menor tempo, quando comparado

com a tomografia convencional.

Shepard et al. (1995 citado por OLIVEIRA et al., 2000), ao comparar a

precisão das radiografias periapicais, radiografia panorâmica e tomografia

computadorizada, concluiram que a tomografia computadorizada tem menos de

0,2mm (1,8%) de erro, que a radiografia periapical produz uma discrepância de

1,9mm (14%) e que o filme panorâmico produz um erro de 3,0mm (23,4%). Sendo

assim, a quantidade óssea vertical, disponível para o implante, pode perfeitamente

ser avaliada, inicialmente, por uma radiografia periapical, que fornece boa nitidez e

35

pouca distorção, apesar do inconveniente encontrado em alguns pacientes, que é o

assoalho de boca alto e, dificultando a visualização do canal da mandíbula.

Prado; Arita; Panella (1999) realizaram um estudo com o objetivo de utilizar

uma técnica radiográfica comum, especificamente a elipsopantomografia, um meio

auxiliar na localização e na mensuração do canal mandibular e do forame

mentoniano, para o planejamento cirúrgico de implantes. A metodologia empregada

foi aplicada a 64 mandíbulas secas, as quais foram preparadas introduzindo-se fios

metálicos de 7mm de diâmetro e de 8 a 10cm de comprimento no canal da

mandíbula, a fim de servir como guia de contraste para a orientação das medidas

em relação ao próprio canal. Esferas de aço de 5mm de diâmetro foram fixadas com

cera rosa pela face lingual nas regiões de caninos, pré-molares e molares. A

radiografia panorâmica foi, então, executada no aparelho Panex EC da Morita (50

Kvp – 5 mA), os filmes foram processados e as radiografias avaliadas quanto à

qualidade da imagem obtida. As radiografias foram transferidas para papel vegetal, a

fim de facilitar sua leitura e, após a aplicação do fator de correção da ampliação da

imagem, foi obtida a medida considerada ideal para ser aplicada na segunda fase do

trabalho, que corresponde à perfuração das mandíbulas. Logo após, novas

radiografias panorâmicas foram feitas com os pinos metálicos posicionados. A

medida obtida, corrigida pela ampliação, apresentou, em relação ao canal da

mandíbula, margem de segurança clinicamente significante nas regiões de pré-molar

e molar. Ocorreu ampliação de 20% em 96,31% dos casos, e 40% dos pinos ficaram

sem determinação, sendo a região de canino a área de menor determinação, fato

este atribuído ao estreito fulcro na região anterior e ao posicionamento crítico. Os

autores citaram que, nesta região, o comprimento vertical não teria importância

direta em relação ao canal da mandíbula e ao forame mentual, não sendo errado

36

concluir que o resultado demonstrado na panorâmica é suficiente à determinação do

local para a colocação do implante. Também recomendam os autores a observação

de uma margem de segurança entre 1 e 2mm, mesmo nas regiões em que os

resultados autorizaram a colocação do implante. A margem de segurança vai

depender do grau de nitidez do acidente anatômico (canal da mandíbula e forame

mentual) e da ampliação obtida na leitura da imagem radiográfica das esferas

metálicas. Em casos de dúvida, os autores indicam a tomografia computadorizada,

podendo e devendo o cirurgião procurar fazer meios econômicos mais seguros, quer

pelo número de implantes a realizar, quer pelo tipo de osso ou pela quantidade

óssea a serem requisitadas, sempre respeitadas e observadas as estruturas da

região do ato cirúrgico.

Hagiwara; Koizumi; Igarashi (1999) realizaram uma pesquisa envolvendo a

tomografia computadorizada, o software interativo SIM/Plant e os Modelos

Estereolitográficos (SLMs), com o objetivo de descrever e estudar as características

dos métodos de diagnóstico para Implantodontia. Segundo os autores, o diagnóstico

por meio da tomografia computadorizada, antes do tratamento, aumenta

substancialmente a segurança do planejamento, e as informações provenientes

deste tipo de imagem podem ser utilizadas em programas interativos, tais como o

SIM/Plant. Este software, por sua vez, permite a simulação do procedimento

cirúrgico e dos implantes em posição num micro-computador, por meio de

reformatações multiplanares das imagens da tomografia computadorizada, que

fornece secções axiais, panorâmicas e transversais das áreas selecionadas,

possibilitando o estudo da morfologia e da qualidade óssea dos maxilares. Os

autores também estudaram o uso dos Modelos Estereolitográficos (protótipos), que

são reproduções da anatomia do paciente, fabricados em resina fotopolimerizável,

37

utilizando as informações obtidas da tomografia computadorizada. Estes modelos

reproduzem não somente a estrutura óssea que vai receber o implante, mas,

também, os espaços aéreos (canal da mandíbula e seios da face) e o tecido mole

envolvido. O experimento envolveu um caso clínico da aplicação do SIM/Plant e do

protótipo SLM para a colocação de seis implantes na região anterior da mandíbula

(entre os forames mentuais), em um paciente do gênero feminino de 57 anos.

Inicialmente, a tomografia computadorizada foi tomada e o modelo SLM fabricado. O

SLM aumentou muito a efetividade da localização dos implantes e da manipulação

dos tecidos duro e mole, já que possui elasticidade apropriada e suficiente força de

elevação periostal, sendo muito útil no treinamento de cirurgiões iniciantes. Como

visto neste caso, o Sim/Plant indica, antecipadamente, a morfologia, dimensão e

qualidade óssea, podendo determinar o tamanho do implante a ser utilizado, bem

como seu número, posição e ângulo de inserção. Por fim, os autores concluíram que

os métodos analisados são especialmente importantes nos casos complexos, com

finalidade de se obterem informações as mais precisas possíveis. Além disso,

sugeriram que novos estudos fossem realizados, principalmente no que concerne ao

grau de precisão do sistema SIM/Plant, comparando suas informações aos casos in

vivo.

Montebelo Filho (2000 citado por GUEDES et al., 2004), propôs avaliar a

precisão de medidas de estruturas anatômicas em técnicas intra e extra-orais,

tomografia convencional e computadorizada, comparadas com anatomia

topográfica. As técnicas que mais se aproximam dos valores reais são: tomografia

computadorizada, tomografia linear, cefalométrica oblíqua, periapical pelo

paralelismo, seguido pela bissetriz, radiografia panorâmica e, finalizando, com a

tomografia linear dos aparelhos panorâmicos.

38

Oliveira et al. (2000) realizaram um estudo com o objetivo de verificar a

localização do canal da mandíbula no sentido vertical, para o qual foram utilizadas

40 hemimandíbulas secas, da disciplina de Anatomia da Faculdade de Odontologia

de São José dos Campos-UNESP. As hemimandíbulas pesquisadas apresentavam

a região do primeiro molar inferior edêntula, nas quais estavam presentes o segundo

pré-molar inferior e o segundo molar inferior (ou seus alvéolos). Após a realização

das radiografias periapicais pela técnica do paralelismo, foi demarcada a localização

do primeiro molar inferior a 1cm distalmente ao forame mentoniano, e, por meio de

um paquímetro, foram feitas as mensurações da distância da crista do rebordo

alveolar residual ao teto do canal da mandíbula. Os resultados deste estudo

mostraram que existe, em média, 14,7mm de osso entre o teto do canal da

mandíbula e a crista do rebordo alveolar residual, variando entre 12 e 18mm. Os

autores citaram que os exames radiográficos pré-operatórios na Implantodontia têm

como objetivo avaliar a qualidade e a quantidade do tecido ósseo, bem como

estabelecer a relação da região avaliada com estruturas anatômicas vizinhas, que,

na mandíbula, são principalmente o forame mentual e o canal da mandíbula. Os

exames radiográficos necessários para um correto planejamento são: o periapical

(técnica do paralelismo) e o panorâmico, sendo que o último apresenta a

desvantagem da distorção horizontal (50-70%) e vertical (10-32%). A tomografia

computadorizada é solicitada, geralmente, em caso de dúvida, pois tem capacidade

de determinar, com precisão, a quantidade de osso disponível.

Bou Serhal et al. (2001 citado por DANTAS, 2002) desenvolveram um estudo,

cujo objetivo foi comparar mensurações da distância entre a crista óssea alveolar e a

porção superior do forame mentoniano, em imagens de cortes transversais da

mandíbula (por tomografia convencional e tomografia computadorizada) e

39

radiografias panorâmicas. Para isso, foram realizados exames de radiografia

panorâmica e tomografia convencional espiral em 18 pacientes, com o aparelho

Cranex Tome (Orion Corporation Soredex), e exame de tomografia computadorizada

com o aparelho Somatom Plus S, com o software para reconstrução Dental CT. Foi

medida a distância da parte superior do rebordo alveolar à borda superior do forame

mentual nas imagens tomográficas e panorâmica, e estes valores foram comparados

com as mesmas medidas realizadas durante o procedimento cirúrgico. Os autores

recomendaram o uso de imagens transversais no planejamento pré-operatório de

implantes, uma vez que seu estudo comprovou que estas imagens, tanto as de

tomografia convencional quanto as de tomografia computadorizada, foram mais

precisas que a radiografia panorâmica para a mensuração proposta na metodologia.

Além disso, a superestimação encontrada na radiografia panorâmica poderia resultar

em sérias complicações cirúrgicas para os pacientes.

Ferreira; Vicente (2002 citado por ALBANI et al., 2003), ao compararem a

tomografia computadorizada com exames de raio-X convencionais, puderam

observar diagnósticos mais precisos e detalhados. Apesar de não excluirem outros

exames complementares, os autores consideram a tomografia uma importante

ferramenta de diagnóstico, por apresentar uma série de vantagens sobre as

radiografias convencionais, sendo a maior delas a eliminação da sobreposição da

imagem e preservação de detalhes dos tecidos moles.

Aguiar; Faria; Carvalho (2003) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar

as ampliações verticais produzidas nas radiografias panorâmicas, comparando-as

com as tomografias computadorizadas, utilizando o “Denta Scan”. Foram incluídos

33 pacientes com um total 47 sítios na maxila e 43 na mandíbula. As radiografias

panorâmicas foram realizadas no aparelho Ortophos-CD (Siemens), com uma

40

ampliação constante de 25%, e os exames de tomografia computadorizada foram

realizados nos aparelhos Sytec Synergy Plus (GE) e Sytec 2.000 I (GE), na

proporção de 1:1. As medidas de altura óssea foram definidas como a distância em

milímetros do rebordo alveolar às estruturas anatômicas, que devem ser

preservadas (seios maxilares, fossas nasais, canal da mandíbula e forame mental),

e, para efeito de comparação, as medidas obtidas nas radiografias panorâmicas

foram subtraídas de 25%. O estudo revelou que existem diferenças significativas

entre as medidas da radiografia panorâmica e da tomografia computadorizada. Na

maxila 68%, dos sítios foram subestimados nas radiografias panorâmicas em

relação às medidas da tomografia computadorizada, e 32% foram superestimadas,

com diferença entre estas de 0,44mm a 1,97mm. Na mandíbula, 74% dos sítios

foram subestimados e 26% superestimados, com uma diferença que variou de

0,04mm a 1,84mm. Sendo assim, os resultados do presente estudo reforçam a falta

de precisão da radiografia panorâmica quando da mensuração de altura óssea

disponível para planejamento de implantes. Tal característica é influenciada,

principalmente, pela pouca nitidez da imagem, problemas inerentes ao processo de

aquisição de imagens e por erros de posicionamento do paciente, problemas estes

que não ocorrem na tomografia computadorizada, pois as imagens reformatadas do

“Denta Scan” são mostradas em cortes de 1mm de espessura, sem superposição de

estruturas, além da qualidade de imagem ser superior e a posição da cabeça do

paciente ser checada através do topograma. Desta forma, só depois de confirmado o

perpendicularismo do palato duro na arcada superior e com a base da mandíbula na

arcada inferior é que a aquisição de imagens, através de cortes axiais, será

processada. Para este caso, os autores sugerem a combinação de técnicas

convencionais com métodos avançados de diagnósticos, como a tomografia

41

computadorizada, principalmente em casos onde a altura óssea disponível é

pequena, tornando necessária a utilização de exames mais precisos e mais

confiáveis.

Frei; Buser; Dula (2004) avaliaram a influência de imagens seccionais no

planejamento e tratamento de implantes na região posterior da mandíbula. Foram

avaliados 50 pacientes com necessidade de implantes na região posterior da

mandíbula, sendo estes submetidos à realização de radiografias panorâmicas e de

exame de tomografia convencional espiral com o aparelho Cranex Tome, utilizando

guias radiográficos nas regiões selecionadas, o que permitiu o cálculo da

magnificação das imagens. Mensurações da altura óssea foram realizadas nas

radiografias panorâmicas e nas imagens tomográficas, corrigindo-se a magnificação

das imagens, 1:1,27 para radiografia panorâmica e 1:1,52 para tomografia. As

medidas realizadas nas radiografias panorâmicas e tomografias foram comparadas

com as informações obtidas durante as cirurgias. Os autores encontraram

concordância no plano de tratamento antes e após a avaliação com a tomografia em

96,1% dos casos, porém, durante a cirurgia, em 16,9% dos implantes, foi necessário

alteração do diâmetro, sendo que, em nenhum dos casos, o comprimento foi

alterado. Conforme os dados do estudo, as radiografias panorâmicas produzidas

pelo Cranex Tome, associadas aos dados clínicos, são confiáveis para a seleção do

tamanho dos implantes e dos sítios de colocação destes. Já os tomogramas

transversais não são necessários para a avaliação do volume ósseo na região

pesquisada em casos padrões, além de envolverem também o perigo da super-

estimação (a altura óssea determinada nas tomografias foi aproximadamente 1mm

maior que nas radiografias panorâmicas). Entretanto, em casos complexos onde

42

maiores defeitos ósseos estão presentes, uma análise com imagens transversais é

prontamente recomendada.

Fortin et al. (2002) enfatizaram a importância dos guias (templates) na

Implantodontia, tanto na fase pré-operatória como durante o procedimento cirúrgico.

Com o objetivo de atingir um alto índice de concordância entre o planejamento e a

real situação dos sítios para os implantes encontrada no trans-operatório,

propuseram os autores um estudo que analisou a precisão de um aparato mecânico,

numericamente controlado, destinado a transferir o planejamento pré-operatório

tridimensional por meio de guias cirúrgicos. Como método de diagnóstico

imaginológico, foi utilizada a tomografia computadorizada pela técnica do feixe

cônico (cone beam), realizada no NewTom 9000 (QR,Verona, Italy). No experimento,

foram utilizadas uma mandíbula e uma maxila secas e uma amostra plástica,

chamadas de master models (MM), onde foram inseridos tubos de titânio (target

tubes-TT) de 2 mm de diâmetro interno e 10mm, de comprimento orientados tais

como implantes. Um sistema guiado por imagens - Cad Implant (Praxin, Grenoble,

França) - foi incorporado ao estudo, sendo constituído por um software para a

colocação virtual de implantes e um sistema para mensuração do posicionamento,

que determina a orientação espacial e a posição da perfuração, para que, desta

forma, estas sejam transferidas por meio de guias ao campo operatório. No

protocolo Cad-Implant, este sistema de mensuração é representado por uma

máquina perfuradora, cuja configuração pode ser ajustada em 4 graus, destinada ao

registro da angulação e à perfuração do guia. O software utilizado neste protocolo

deve ser verdadeiramente tridimensional, já que alguns sistemas disponíveis no

mercado, tais como o DentaScan e o Simplant, são bidimensionais (2D ou 2,5D) e

não permitem o cálculo da orientação espacial do eixo planejado. Foi executada a

43

tomada tomográfica dos MMs, e os dados foram devidamente incorporados ao

software onde foi registrada a posição correta dos TTs (target tubes). Por meio de

transformações matemáticas inerentes ao sistema, os dados do software foram

precisamente transferidos para a máquina perfuradora, que, reproduzindo o

posicionamento dos TTs, realizou as perfurações dos guias cirúrgicos. A intenção do

procedimento seria que esta perfuração fizesse um trajeto linear por meio do guia,

penetrasse o TT inserido no MM, indo além deste, sem tocar as paredes laterais, o

que realmente ocorreu em todas as situações planejadas, ou seja, em cada sítio, o

perfurador de 1,8 mm penetrou os TTs de 2 mm de diâmetro interno sem nenhum

contato. Como resultado, a precisão obtida com o sistema como um todo (NewTom

9000 plus Cad Implan) foi idêntica para cada implante, em qualquer posição. Com

isso os dados resultados levaram os autores a concluir que o sistema de imagens

avaliado não apresenta distorções geométricas, e a imprecisão foi de, no máximo,

0,2mm na translação e 1,1 graus na rotação. O estudo demonstrou que um sistema

mecânico simples, acoplado às imagens fornecidas pelo tomógrafo do cone beam,

pode alcançar uma precisão sub-milimétrica tanto na definição da estratégia

operatória, como na transferência desta para a sala de cirurgia. O sistema também

possibilita a confecção da prótese antes da cirurgia para carga imediata, além de

reduzir os riscos de injúrias a estruturas anatômicas nobres. Os autores utilizaram

um cubo de 12 cm, contendo 36 aberturas e cilindros preenchidos por ar formando

216 pontos de mensuração, fabricado de polimetilmetracrilato, com exata geometria.

Irradiaram o cubo com o NewTom 9000 para a obtenção dos dados primários e

reconstrução do objeto, para que, posteriormente, os cilindros fossem segmentados

e mensurados. Para que fossem realizadas as medições, os autores consideraram

Pi os pontos de intersecção entre cilindros no objeto original, e Pi’ na imagem

44

fornecida pelo NewTom 9000. O valor médio de todas as distâncias Pi-Pi’ foi 0,13

mm com um desvio padrão de 0,09mm, sendo abaixo da diferença mínima relevante

definida pelo estudo como 0,5mm. Não foram encontrados desvios geométricos

significativos ou outras formas de distorção não-linear, tampouco ocorreu

concentração de valores piores em determinadas áreas do objeto, havendo

equilíbrio destes valores (entre 0,1-0,3mm) por toda a extensão reconstruída. Os

autores concluíram que o NewTom 9000 é capaz de produzir tomogramas

volumétricos cuja distorção geométrica encontra-se abaixo do poder de resolução

destas imagens, sendo insignificante. No entanto, alertaram para outros fatores

como resolução espacial, contraste linear, artefatos de objetos metálicos e softwares

para planejamento de implantes dentários, que não foram considerados pelo estudo.

Comandulli et al. (2005) realizaram um estudo, cujo objetivo era avaliar a

correlação entre a altura óssea medida em radiografias panorâmicas e tomografias

computadorizadas, para avaliação pré-operatória de implantes osseointegrados.

Para o estudo, foram selecionados 50 sítios a serem reabilitados com implantes na

região posterior de mandíbula em 25 pacientes, que realizaram previamente

radiografia panorâmica e tomografia computadorizada. Após a seleção de imagens

com correto posicionamento, contraste e densidade, um radiologista odontológico

realizou medições na região do forame mentual, a partir da borda superior do forame

até a crista óssea alveolar. O estudo apresentou resultados estatisticamente e

clinicamente significantes, pois a tomografia computadorizada apresentou valores

menores que os obtidos em radiografias panorâmicas, ou seja, a radiografia

panorâmica superestimou as alturas ósseas, com uma diferença de 1,6 a 1,7mm. Os

autores alertam para que os Implantodontistas que realizam planejamento pré-

operatório somente com radiografias panorâmicas, utilizem uma margem de

45

segurança de 2mm na região do forame mentual, após a compensação da

magnificação da imagem. Diversos estudos anteriores já demonstraram que a

tomografia computadorizada apresenta uma acurácia maior quando comparada com

medições realizadas em radiografias panorâmicas, como o estudo de Bolin et al

(1996 citado por COMANDULLI et al., 2005), que também comparou medições

realizadas em radiografias panorâmicas e tomografias computadorizadas, com

discrepâncias encontradas menores que 1mm, e o de Sonick; Abrahams; Faiella

(1991 citado por COMANDULLI et al., 2005), que encontraram uma discrepância

média de 3mm. Mas Dula et al. e Liang et al. (2001 citado por COMANDULLI et al.,

2005), demonstraram que a radiografia panorâmica é acurada nas medições

verticais quando o fator de magnificação das imagens é conhecido.

2.4 INDICAÇÕES DOS EXAMES RADIOGRÁFICOS

Conforme Abrahms (1993), Schawarz (1987), Lind; Peterson (1989) (citados

por BATISTA; BATISTA JÚNIOR; FRONZA, 1999), a utilização da tomografia

computadorizada está indicada: em regiões mandibulares posteriores que

apresentam insuficiente quantidade de osso acima do canal mandibular, ou onde o

canal mandibular não é visualizado; em áreas posteriores da maxila quando

radiografias convencionais mostram proximidade com os seios maxilares; em

regiões anteriores da maxila, quando múltiplos implantes são necessários; na

localização do canal incisivo, indicando ou não a colocação do implante

anteriormente a este; na localização do assoalho da cavidade nasal e dos seios

maxilares, permitindo a ancoragem “apical” dos implantes; na avaliação da dimensão

46

buco-lingual do rebordo alveolar, permitindo a seleção do comprimento e diâmetro

ideal dos implantes e angulação de implantação.

Miles; Van Dis (1993 citado por GUEDES et al., 2004), basearam-se na

seleção da imagem apropriada na Implantodontia. Dentre os exames pré-

operatórios, tem-se a radiografia periapical, oclusal e panorâmica, que auxiliam na

detecção da qualidade e quantidade óssea disponível e localização de estruturas

anatômicas, porém são contra-indicadas como únicos exames, pois podem levar a

erros. Neste caso, são indicadas outras técnicas, como a tomografia convencional,

computadorizada e computadorizada em 3-D.

Lee; Morgano (1994 citado por GUEDES et al., 2004) afirmam que a

radiografia panorâmica e periapical individual fornecem uma visão geral das

arcadas, porém com restrições de duas dimensões, sendo a tomografia

convencional a técnica de escolha mais freqüente, por ser um exame de baixo custo

e fácil acesso, contudo a orientação da arcada, algumas vezes, é imprecisa

causando distorção da imagem.

Para Hobo, (1997), as radiografias panorâmicas são confiáveis e úteis para

determinar a localização e a direção dos implantes, permitindo também a

visualização dos contornos morfológicos da maxila e da mandíbula, o

posicionamento do canal alveolar inferior e a posição do forame mentoniano, bem

como a parede lateral e inferior do seio maxilar e assoalho da cavidade nasal.

Oliveira et al. (2000), para um correto planejamento em Implantodontia,

afirma que são necessários, no mínimo, a radiografia periapical pela técnica do

paralelismo, para minimizar a distorção, e a radiografia panorâmica, sendo que esta

apresenta a desvantagem da distorção horizontal (50-70%) e vertical (10-32%). Já a

tomografia computadorizada é solicitada geralmente em casos de dúvida sobre as

47

estruturas anatômicas importantes, pois tem a capacidade de determinar, com

precisão, a quantidade de osso disponível, embora tenha um custo elevado.

Segundo Tyndall et al. (2000 citado por FREI; BUSER; DULA 2004), a

Academia Americana de Radiologia Oral e Maxilofacial (AAROM) recomenda a

utilização da radiografia panorâmica em todos os casos para a avaliação do local de

implante (desde espaços unitários até áreas totalmente edêntulas, áreas de trauma

significante e de enxertos), pois se trata de uma radiografia útil para avaliar se o

local do implante é adequado, por fornecer uma visão ampla da maxila e mandibula.

Mas, complementando o exame panorâmico, radiografias periapicais podem ser

realizadas em áreas isoladas, para se esclarecer algum ponto duvidoso. Além

destas técnicas radiográficas, o protocolo pré-operatório inclui imagens de corte

seccional, sendo a tomografia convencional recomendada para a maioria dos casos,

e a tomografia computadorizada indicada apenas para casos especiais ou pacientes

edêntulos, devido à sua alta dose de radiação e custo elevado.

Para Tyndall; Brook (2000 citados por COSTA; GIANNAKOPOULOS, 2003)

CARMO et al. (2003), Guedes et al. (2004), a tomografia computadorizada poderá

ser indicada em múltiplos locais em vários quadrantes (oito ou mais implantes),

ambos os maxilares em pacientes dentados ou múltiplos locais e em pacientes

edêntulos, em função da redução no tempo de exame. Porém, os autores chamam

a atenção para o fato de que as doses de radiação envolvidas são extremamente

maiores do que nas tomografias convencionais.

Tyndall; Brooks (2000 citado por GUEDES et al., 2004) afirmam que a

radiografia panorâmica, cefalométrica e intra-orais quando utilizadas isoladamente,

são inadequadas para avaliação óssea, por isso recomendam o uso de imagens

48

seccionais na região de interesse, podendo ser obtidas por meio da tomografia

convencional ou computadorizada.

Segundo Chilvarquer, (2000), a radiografia panorâmica com traçado é eleita a

técnica pré-operatória para o planejamento de implantes osseointegráveis. No

exame dentre os reparos importantes a serem delineados na região mandibular,

estão canal mandibular; emergência do forame mentual e contorno de todo o

rebordo remanescente, incluindo os dentes remanescentes, na região da maxila,

contorno do assoalho das cavidades sinusais; cavidade piriforme; espinha nasal

anterior; palato duro e contorno do rebordo remanescente, incluindo os dentes

remanescentes. Além desta técnica, radiografias periapicais dos dentes

remanescentes pela técnica do paralelismo devem ser executadas para estabelecer

seu prognóstico. E após serem feitas as mensurações verticais na radiografia

panorâmica, cortes tomográficos axiais e laterais são realizados para corrigir as

possíveis distorções, já que permitem a visualização da terceira dimensão. Já a

técnica pós-operatória deve ser a radiografia periapical pelo paralelismo, o mais

ortorradial possível. Isto indica que se deve radiografar cada implante isoladamente,

após seis meses, um ano e até o terceiro ano da instalação, depois deste período, o

exame deve ser realizado de três em três anos.

Segundo Costa et al., Coutinho et al. (2001 citados por COSTA;

GIANNAKOPOULOS, 2003), a radiografia panorâmica se presta perfeitamente ao

controle pós-operatório nos casos de múltiplos implantes ou controle de enxertos

extensos, oferecendo uma idéia aproximada do estado do tecido ósseo.

Para Costa et al. (2004), as técnicas radiográficas indicadas na

Implantodontia relacionam-se aos diferentes tempos operatórios. Sendo assim, os

autores recomendaram, na avaliação pré-operatória, a técnica periapical do

49

paralelismo para análise subjetiva do tecido ósseo remanescente, podendo também

ser utilizada a panorâmica preferencialmente com a associação de guias

radiográficos. No entanto as tomografias convencional e computadorizada foram

consideradas os exames ideais para a avaliação pré-operatória, por viabilizarem a

escolha do implante com diâmetro adequado ao tecido ósseo disponível. Para a

avaliação trans-operatória e pós-operatória, a técnica periapical do paralelismo foi

indicada para a confirmação do local de acesso, limites anatômicos, posição final do

cilindro e a posterior osseointegração. Os autores também citaram que, do ponto de

vista radiobiológico, as tomografias, apesar de ideais para o planejamento em

Implantodontia, apresentam maiores riscos para o paciente em função da alta dose

de radiação absorvida pelos tecidos humanos, sendo a tomografia computadorizada

a técnica que emite as mais elevadas doses, fato este que denota a necessidade de

maiores cuidados quando da indicação deste exame Assim os autores recomendam

o uso de tomografia convencional para a instalação de até 7 implantes e, a partir de

8 implantes, a opção será a tomografia computadorizada em razão do tempo de

exame demandado para a sua utilização.

50

3 DISCUSSÃO

Assim como outras especialidades odontológicas, a Implantodontia vem

sofrendo um processo de massificação, atingindo várias camadas sociais. Neste

contexto, é indiscutível o papel dos exames radiográficos no planejamento em

Implantodontia, pois, sabendo-se da importância da correta localização de algumas

estruturas nobres, como canal da mandíbula e seio maxilar no planejamento de

implantes osseointegrados e das possíveis conseqüências das lesões traumáticas

ao nervo alveolar inferior, muitos autores têm direcionado suas pesquisas na busca

do método de diagnóstico que melhor localize estas estruturas.

É evidente a importância do exame radiográfico para o sucesso em

Implantodontia, pois não somente a qualidade e a quantidade óssea devem ser

analisadas no exame radiográfico pré-operatório, mas também a relação do sítio de

interesse com estruturas anatômicas nobres tais, como o canal da mandíbula e o

forame mentual (CHILVARQUER, 2000, OLIVEIRA, 2000, COSTA et a., 2004,

IWAKI, IWAKI FILHO, 2005, ROMEO; GHISOLF, 2007, RODRIGUES; VITRAL,

2007). Dentre as várias possibilidades, a modalidade de imagem ideal é aquela que,

dentre outras características, proporcionem imagens transversais do arco dentário

(FREDERIKSEN; TEX, 1995, BATISTA; BATISTA JÚNIOR; FRONZA, 1999,

GUEDES, 2004).

A técnica panorâmica já foi comparada com diversas técnicas radiográficas

convencionais e também com tomografia computadorizada, e, normalmente, os

resultados demonstraram uma inferioridade desta técnica em relação às demais, no

que diz respeito a distorções e ampliações (KLINGE et al., 1989 citado por

OLIVEIRA et al., 2000, SONICK et al., 1994 citados por FREDERIKSEN; TEX, 1995,

51

FREI; BUSER; DULA, 2004, SHEPARD et al., 1995 citado por OLIVEIRA et al.,

2000, MONTEBELO FILHO, 2000 citado por GUEDES et al., 2004, BOU SERHAL et

al., 2001 citado por DANTAS, 2002, AGUIAR; FARIA; CARVALHO, 2003,

COMANDULLI et al., 2005). Somente Prado; Arita; Panella (1999) concluíram que o

resultado demonstrado na panorâmica é suficiente à determinação do local para a

colocação do implante em relação ao canal da mandíbula e forame mentoniano. No

entanto, recomendaram a observação de uma margem de segurança entre 1 e 2

milímetros, mesmo nas regiões em que os resultados autorizariam a colocação do

implante. Mas Tal; Moses (1991) (citado por FREDERIKSEN; TEX, 1995, FREI;

BUSER; DULA, 2004) e Oliveira et al. (2000) afirmaram que a tomografia

computadorizada é solicitada, geralmente, em caso de dúvida, pois tem capacidade

de determinar com precisão a quantidade de osso disponível.

Conforme o estudo de Costa et al. (2004), as tomografias são os exames de

eleição em Implantodontia, recomendando-se a tomografia convencional para a

instalação de até 7 implantes e, a partir de 8 implantes, a opção será a tomografia

computadorizada, mas do ponto de vista radiobiológico, as tomografias, apesar de

ideais para o planejamento em Implantodontia, apresentam maiores riscos para o

paciente em função da alta dose de radiação absorvida pelos tecidos humanos. A

tomografia computadorizada a técnica que emite as mais elevadas doses, fato este

que denota a necessidade de maiores cuidados quando da indicação do exame.

Para os casos mais complexos, Hagiwara; Koizumi; Igarashi (1999) recomendaram a

utilização de outros recursos que, aliados à tomografia computadorizada, fornecem

maior previsibilidade às cirurgias, sendo eles: o software interativo SIM/Plant e os

Modelos Estereolitográficos (SLMs). Fortin et al. (2002) também direcionou seu

estudo para a tomografia computadorizada, analisando e recomendando a utilização

52

dos guias (“templates”) na Implantodontia, tanto na fase pré-operatória (exames

imaginológicos), como durante o procedimento cirúrgico. Seu estudo, que avaliou a

utilização dos guias radiográficos em Implantodontia, utilizaram como método

imaginológico a mais recente modalidade de tomografia computadorizada

desenvolvida especificamente para a Odontologia, a tomografia volumétrica ou de

feixe cônico. Este estudo demonstrou que um sistema mecânico simples acoplado

às imagens fornecidas pelo tomógrafo do cone beam pode alcançar uma precisão

sub-milimétrica, tanto na definição da estratégia operatória, como na transferência

desta para a sala de cirurgia. O sistema também possibilita a confecção da prótese

antes da cirurgia para carga imediata, além de reduzir os riscos de injúrias a

estruturas anatômicas nobres. Segundo Garib et al. (2007) e BUENO et al. (2007) a

tomografia computadorizada volumétrica proporciona uma menor dose de radiação,

equivalente a 1/6 da liberada pela tomografia tradicional e maior qualidade na

imagem, com distinção de estruturas delicadas, como esmalte, dentina, cavidade

pulpar e cortical alveolar, quando comparadas à tomografia médica.

53

4 CONCLUSÃO

A informatização dos procedimentos e serviços, o crescimento tecnológico e a

revolução do conhecimento por meio da velocidade da geração e aquisição da

informação fazem parte de uma realidade mundial a qual a Odontologia não poderia

ter ignorado. Os cirurgiões dentistas estão gradativamente incorporando em sua

rotina clínica as inovações tecnológicas que vêm surgindo, facilitando e otimizando

seus procedimentos, bem como aumentando a satisfação de seus clientes.

Como parte importante e fundamental do planejamento, os métodos de

diagnóstico por imagem têm acompanhado esta evolução, sendo que, atualmente,

vive-se a era da terceira dimensão. Tal fato não significa que os métodos

radiográficos convencionais (bidimensionais) estão se tornando obsoletos. Estes

continuam representando um importante meio auxiliar para o diagnóstico e

planejamento, desde que corretamente indicados. É consenso, entre diversos

autores citados, que, em casos simples e previsíveis de colocação de implantes, as

técnicas radiográficas convencionais são suficientes, além do custo reduzido e da

baixa dose de radiação que as acompanha. Vale dizer, ainda, que se deve levar

sempre em consideração o binômio custo-benefício, ou seja, nos casos em que o

exame prover informações para o diagnóstico, impossíveis ou difíceis de serem

adquiridas por meio dos exames radiográficos convencionais e que, ao mesmo

tempo, poderiam alterar significativamente o plano de tratamento e o risco-benefício,

pois o risco pode ser aceitável quando comparado ao número de informações.

Desta forma, a tomografia cone beam representa uma grande revolução

contemporânea da Odontologia, que, certamente, irá beneficiar inúmeros

diagnósticos e planejamentos, pois a partir da imagem em volume, obtida em

54

apenas uma sessão, é possível fazer reconstruções nos mais diversos planos, onde

pode ser identificada estruturas anatômicas e inúmeras mensurações, além de

proporcionar menor quantidade de artefatos metálicos, menor tempo de exposição e

dose de radiação que equivale a um levantamento periapical e, imagens com maior

nitidez em tamanho real.

A Implantodontia, como especialidade consagrada na Odontologia, está cada

vez mais sendo procurada pelos pacientes, que buscam nos implantes dentários a

possibilidade de restituírem função e estética, eliminando o desconforto

proporcionado na maioria dos casos pelas próteses fixas ou removíveis. Por este

motivo, existe a necessidade de que o diagnóstico e o planejamento sejam os mais

precisos e adequados possíveis, para que se possa suprir esta expectativa com que

o paciente chega ao consultório, dentro das possibilidades para cada caso. Desta

forma, conclui-se que, dentre os métodos de diagnóstico por imagem existentes,

deve-se indicar aquele que proporcione a melhor análise da forma e qualidade

óssea, bem como a relação com estruturas anatômicas nobres, tais como o canal da

mandíbula, evitando por conseguinte os desagradáveis acidentes decorrentes das

injúrias ao nervo alveolar inferior. Por este motivo, a incorporação das imagens

digitais em 3D tem sido uma condição natural, e espera-se que este tipo de exame

seja mais recomendado na prática clínica.

55

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