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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Curso de Medicina Veterinária JÉSSICA DO ROCIO RIBAS MACHADO SUBSTITUIÇÃO DA ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL EM CÃES RELATO DE CASO CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Curso de Medicina Veterinária

JÉSSICA DO ROCIO RIBAS MACHADO

SUBSTITUIÇÃO DA ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL EM CÃES – RELATO DE

CASO

CURITIBA

2016

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JÉSSICA DO ROCIO RIBAS MACHADO

SUBSTITUIÇÃO DA ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL EM CÃES – RELATO DE

CASO

Relatório de estágio curricular e Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico(a) Veterinário(a).

Professor Orientador: Prof. MSc. Milton Mikio Morishin Filho

CURITIBA

2016

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Reitor

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró-Reitora Promoção Humana

Prof. Ana Margarida de Leão Taborda

Pró-Reitor

Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró-Reitora Acadêmica

Prof. Carmen Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento

Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos

Diretor de Graduação

Prof. João Henrique Faryniuk

Secretário Geral

Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz

Coordenador do Curso de Medicina Veterinária

Prof. Welington Hartmann

Supervisora de Estágio Curricular

Prof. Elza Maria Galvão Ciffoni Arns

Campus Barigui

Rua Sydnei A Rangel Santos, 238

CEP: 82010-330 – Curitiba – PR

Fone: (41) 3331-7958

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TERMO DE APROVAÇÃO

JÉSSICA DO ROCIO RIBAS MACHADO

SUBSTITUIÇÃO DA ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL EM CÃES – RELATO DE

CASO

Este trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título de Médico Veterinário no Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do

Paraná.

Curitiba, ____ de _______ de 2016.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Prof. MSc. Milton Mikio Morishin Filho

__________________________________________

Prof. Rogério Luizari Guedes

__________________________________________

Prof. Vinicius Ferreira Caron

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AGRADECIMENTOS

Agradeço principalmente a Deus que me guiou e me ajudou nas horas mais

difíceis dessa jornada, que por muitas vezes me fez pensar que não conseguiria

chegar até aqui, mas agora estou realizando um sonho.

Agradeço a minha família, em especial aos meus pais Simone e João Mario, por

tornarem esse meu sonho em realidade, por todo apoio e por sempre acreditarem no

meu potencial.

Agradeço ao meu namorado, Angelo, por sempre estar ao meu lado em todos os

momentos e me apoiando.

Agradeço as minhas amigas Kelli, Rafaella, Mariana e Ana Carolina, por sempre

estarem presentes em todos os momentos de felicidades e dificuldades.

Agradeço todos os professores da Universidade Tuiuti do Paraná, em especial

professor Milton Morishin, por toda a paciência e ser um grande exemplo para mim.

Aos residentes da Clínica Escola de Medicina Veterinária –UTP, por dividirem seus

conhecimentos e por estarem sempre dispostos a ajudar.

Aos residentes do Hospital Veterinário - Unesp e ao professor Bruno Minto, pelos

ensinamentos e paciência.

Agradeço todos os médicos veterinários do Centro de Especialidades Veterinárias

– CIEV, em especial Alexandre Schmaedecke e Silvia, por me oferecerem

oportunidades e por dividirem seus conhecimentos.

À todos os animais, que são o grande propósito de todo o esforço e dedicação,

mas principalmente às minhas companheiras teca e tuca.

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Dedico este trabalho aos meus pais que fizeram

o possível e o impossível para que este sonho

se tornasse realidade. Aos meus amigos e namorado.

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“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as

grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível”.

Charles Chaplin

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APRESENTAÇÃO

Este trabalho de conclusão de curso, apresentado ao curso de Medicina

Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Tuiuti

do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Médico Veterinário, é

composto pelo relatório de estágio, onde são descritas as atividades realizadas

durante o período de 25 de julho a 31 de agosto de 2016, no hospital veterinário –

UNESP/JABOTICABAL, localizada no estado de São Paulo/Jaboticabal, rua Via de

Acesso Prof. Donato Castelane, e no período 05 de setembro a 07 de outubro de

2016, no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias (CIEV), localizada na

cidade de Curitiba/PR, rua André Zaneti, 144 - Vista Alegre, e relata um caso de

substituição da articulação coxofemoral em cães.

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Resumo

O presente trabalho foi desenvolvido com finalidade de relatar dois estágios

curriculares supervisionados, o primeiro na área de clínica médica e cirúrgica de

pequenos animais no Hospital Veterinário da Universidade Estadual Paulista “Júlio de

Mesquita Filho”, onde foram atendidos 47 casos, incluindo consultas, cirurgias e

retornos, as cirurgias acompanhadas foram do sistema digestório, locomotor

respiratório inferior, tegumentar e urinário. O segundo, estágio curricular no Hospital

Veterinário Centro Integrado de Especialidades Veterinárias, onde foram atendidos 74

casos, incluindo consultas específicas como ortopedia e oncologia, as cirurgias

acompanhadas foram do sistema digestório, locomotor, nervoso, ocular, reprodutor,

tegumentar e urinário, também foi acompanhado exames de imagem (ultrassom e

radiografia) e exames quimioterápicos na área de oncologia, totalizando 34

procedimentos. Também faz parte desse trabalho um relato de caso sobre

substituição da articulação coxofemoral em cães com revisão bibliográfica. A displasia

coxofemoral (DCF) consiste em um crescimento anormal da articulação do quadril,

tendo a opção de tratamento conservativo, mas quando ineficaz é indicado tratamento

cirúrgico, contendo inúmeras técnicas para a DCF, a substituição total do quadril é a

cirurgia que mais traz benefícios para o paciente, resultando em recuperação total do

membro sem sinais de dor.

Palavras-chave: displasia coxofemoral, estágios, substituição total do quadril.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1

Imagem do local de espera e da recepção do Hospital

Veterinário da Unesp - Jaboticabal -

SP/2016.............................................................................

Pág. 20

Figura 2

Imagem da sala de fluidoterapia e retornos da Unesp-

Jaboticabal/SP/2016.........................................................

Pág. 20

Figura 3 Imagem de dois ambulatórios cirúrgicos da Unesp-

Jaboticabal/SP/2016........................................................

Pág. 21

Figura 4 Imagem de duas salas cirúrgicas da Unesp-

Jaboticabal/SP/2016.........................................................

Pág. 21

Figura 5

Imagem da sala de pré e pós-operatório da Unesp-

Jaboticabal/SP/2016.........................................................

Pág. 22

Figura 6 Imagem da sala de fisioterapia do CIEV-

Curitiba/PR/2016...............................................................

Pág. 27

Figura 7 Imagem da fachada e recepção do CIEV-

Curitiba/PR/2016...............................................................

Pág. 28

Figura 8 Imagem da sala de oncologia do CIEV-

Curitiba/PR/2016...............................................................

Pág. 28

Figura 9

Imagem de dois consultórios para consultas gerais do

CIEV-Curitiba/PR/2016.....................................................

Pág. 29

Figura 10

Imagem da sala de pré e pós-operatório do CIEV-

Curitiba/PR/2016...............................................................

Pág. 29

Figura 11

Imagem dos dois centros cirúrgicos, um de ortopedia e

tecidos moles e outro de oncologia e oftalmologia do

CIEV/Curitiba/PR/2016......................................................

Pág. 30

Figura 12 Imagem da sala de radiografia e ultrassonografia do

CIEV/Curitiba/PR/2016......................................................

Pág. 30

Figura 13 Imagem das salas para cursos teóricos e práticos do

CIEV-Curitiba/PR/2016...................................................

Pág. 31

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Figura 14

Imagem anatômica das principais estruturas ósseas

envolvidas na articulação coxofemoral..............................

Pág. 36

Figura 15 Imagem da anatomia da articulação coxofemoral.............. Pág. 36

Figura 16 Posicionamento padrão para o exame radiográfico para

diagnóstico de displasia coxofemoral................................

Pág.39

Figura 17

Implantes cimentados para cães. (A) Haste femoral, (B)

Cabeça Femoral e (C) Cálice.............................................

Pág. 43

Figura 18

Implantes não cimentados para a cães. (A) Haste cabeça

femoral, (B) Cabeça femoral modular, (C) Cálice

acetabular..........................................................................

Pág. 44

Figura 19

Imagem do paciente submetido ao procedimento

cirúrgico.............................................................................

Pág. 46

Figura 20 Imagem das radiográficas da articulação coxofemoral, de

cão, macho, 5 anos de idade, border coliie; evidenciando

DCF, severa incongruência em articulação coxofemoral

bilateralmente e remodelamento das cabeças femorais

bilateralmente (SETA AMARELA) ....................................

Pág. 47

Figura 21 Imagem do planejamento cirúrgico (templante

sobreposto), primeira foto mostra o tamanho da haste

femoral (# 7), e a segunda foto o tamanho da cúpula

acetabular (24 mm) ...........................................................

Pág. 48

Figura 22 (A) Posicionalmente do paciente em decúbito lateral sob

um suporte. (B) Posicionado campo cirúrgico adesivo, e

uma incisão na pele craniolateral centralizado na

articução do quadril. (C) Exposição da cabeça femoral.

(D) Ostectomia da cabeça femoral. (E) e (F) Acetábulo é

escavado para receber a cúpula de polietileno. (G)

Encaixe do componente acetabular. (H), (I) e (J)

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Perfuração e fresagem em ângulo neutro de anteversão.

(K) Insere-se a haste femoral por pressão. (L) Inserção

teste da prótese. (M) Troca de teste pela cabeça

definitiva............................................................................

Pág.50

Figura 23

Radiografias da articulação coxofemoral do pós-

operatório, com prótese do membro esquerdo, mostrando

a posição e a angulação correta da cúpula e haste

femoral. (A) e (B) posicionamento ventrodorsal, e (C)

posicionamento latero-lateral............................................

Pág.52

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1

Distribuição de cirurgias acompanhadas durante o

estágio no Hospital -Unesp/Jaboticabal/2016, de acordo

com a área afetada a espécie

animal...........................................................................

Pág.25

Quadro 2 Distribuição de procedimentos cirúrgicos

acompanhados durante o estágio no

CIEV/Curitiba/2016, de acordo com a área afetada e a

espécie...........................................................................

Pág.33

Quadro 3 Classificação da articulação normal e displasia

coxofemoral.....................................................................

Pág.40

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Distribuição entre espécies dos 47 casos atendidos no

Hospital-Unesp/Jaboticabal/2016...................................

Pág. 23

Gráfico 2 Distribuição de casos acompanhados durante o estágio

no Hospital-Unesp/Jaboticabal/2016..............................

Pág. 24

Gráfico 3 Distribuição de cirurgias acompanhadas durante o

estágio no Hospital-Unesp/Jaboticabal/2016, de acordo

com a área afetada.........................................................

Pág. 24

Gráfico 4 Distribuição de consultas novas acompanhadas

durante o estágio no Hospital-Unesp/Jaboticabal/2016,

de acordo com a área afetada........................................

Pág. 25

Gráfico 5 Distribuição entre espécies dos 74 casos atendidos no

CIEV/Curitiba/2016.........................................................

Pág. 32

Gráfico 6 Distribuição de casos acompanhados durante o estágio

no CIEV/Curitiba/2016....................................................

Pág. 32

Gráfico 7 Distribuição de cirurgias acompanhadas durante o

estágio no CIEV/Curitiba/2016, de acordo com a área

afetada...........................................................................

Pág. 33

Gráfico 8 Distribuição de consultas acompanhadas durante o

estágio no CIEV/Curitiba/2016, de acordo com a área

afetada............................................................................

Pág. 34

Gráfico 9 Quantidade de procedimentos acompanhados durante

o estágio no CIEV/Curitiba/2016, divididos quanto a

espécie animal................................................................

Pág. 34

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

UNESP: Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho”

CIEV: Centro Integrado de Especialidades Veterinárias

HV-UNESP: Hospital Veterinário da Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita

Filho”

HV-CIEV: Hospital Veterinário Centro Integrado de Especialidade Veterinárias

RG: Registro

DCF: Displasia Coxofemoral

DAD: Doença Articular Degenerativa

SPJ: Sinfiodese Púbica Juvenil

OPT: Osteotomia Pélvica Tripla

STQ: Substituição Total do Quadril

PennHIP: Programa de Melhoramento Pélvico da Universidade da Pensilvânia

BID: A cada 12 horas

SID: A cada 24 horas

mg: miligramas

kg: quilogramas

et al.: e colaboradores

mm: Milímetro

#: Cerquilha

µg: Micrograma

ALT: Alanina Aminotransferase

FA: Fosfatase Alcalina

IV: Intravenoso

EPIs: Equipamentos de Proteção Individual

PMMA: Polimetilmetacrilato

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 17

2 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO ............................................................. 18

2.1 DESCRIÇÕES DO HV-UNESP ........................................................................... 18

2.1.1 Atividades desenvolvidas no HV-UNESP ..................................................... 22

2.2 DESCRIÇÕES DO CIEV ..................................................................................... 26

2.2.1 Atividades desenvolvidas no CIEV ............................................................... 31

4 SUBSTITUIÇÃO TOTAL DO QUADRIL ................................................................ 35

4.1 REVISÃO DE LITERATURA – DISPLASIA COXOFEMORAL .......................... 35

4.1.1 Anatomia da Articulação Coxofemoral......................................................... 35

4.1.2 Fisiopatologia ................................................................................................. 37

4.1.3 Manifestações Clínicas e Exame Físico ....................................................... 37

4.1.4 Diagnóstico ..................................................................................................... 37

4.1.5 Tratamento Conservativo .............................................................................. 40

4.1.6 Tratamento Cirúrgico ..................................................................................... 41

4.1.6.1 Sinfiodese Púbica Juvenil (SPJ) ................................................................ 41

4.1.6.2 Osteotomia Pélvica Tripla (OPT) ................................................................ 41

4.1.6.3 Denervação .................................................................................................. 41

4.1.6.4 Excisão da Cabeça e do Colo do Fêmur ................................................... 42

4.1.6.5 Substituição Total do Quadril (STQ) .......................................................... 42

4.2 RELATO DE CASO CLÍNICO ............................................................................. 46

4.2.1 Descrição Cirúrgica........................................................................................ 48

4.2.2 Pós-operatório ................................................................................................ 53

4.3 DISCUSSÃO ....................................................................................................... 55

5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 57

6 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 58

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17

1 INTRODUÇÃO

A importância do estágio curricular é inserir o acadêmico na rotina veterinária,

assim, ganhando novos conhecimentos e colocando em prática os conhecimentos

adquiridos durante a graduação.

Este relatório tem como objetivo descrever as atividades realizadas durante o

estágio curricular, realizado em dois locais. O primeiro foi na Universidade Estadual

Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), no período de 25 de julho a 31 de agosto

no ano de 2016, sendo supervisionada pelos residentes de clínica médica cirúrgica de

pequenos animais, sob orientação do professor Bruno Watanabe Minto, totalizando

224 horas. O segundo local foi no Centro Integrado de Especialidade Veterinárias

(CIEV), no período de 05 de setembro a 07 de outubro de 2016, sendo supervisionada

e orientada pelo profissional Alexandre Schmaedecke, totalizando 192 horas. Com

416 horas de atividade no total.

Neste relatório são descritos o local do estágio, atividades desenvolvidas,

casuística, além do relato de um caso clínico atendido neste período.

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18

2 LOCAL DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO

2.1 DESCRIÇÕES DO HV-UNESP

O estágio foi realizado na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita

Filho” (UNESP), localizada na cidade de Jaboticabal/SP, rua Via de Acesso Prof.

Donato Castelane.

O hospital veterinário – UNESP, oferece serviços para animais de companhia,

animais silvestres e animais de fazenda. O horário de atendimento ocorre das 08h:00

a 18h:00. O hospital atende cães e gatos oferecendo serviços na área de

anestesiologia, clínica cirúrgica, clínica médica, diagnóstico por imagem, contando

com ultrassonografia e radiologia, oncologia, oftalmologia, e obstetrícia. Também

presta serviços de patologia veterinária, onde essa especialidade recebe exames de

todas as áreas presentes do hospital. O atendimento é apenas realizado com consulta

marcada e quando o responsável apresenta a carteira com RG do paciente, exceto

aquelas com caráter de emergência, que são pronto atendidas.

HV- UNESP de pequenos animais, conta com uma recepção e um local de

espera (figura 1), inicia atendimento às 07h:30; um consultório para retornos e

fluidoterapia, contendo quatro mesas e materiais de uso geral (figura 2); nove

consultórios para atendimento, sendo três apenas para atendimento clínico geral, três

para atendimentos cirúrgicos (figura 3), um para atendimento de nefrologia, um para

atendimento oftálmico e um para atendimento de oncologia; uma sala para

especialidade de nutrição, contendo um computador para as residentes receberem o

encaminhamento do paciente, porém as consultas são realizadas nos consultórios de

cirurgia ou clínico geral.

Os ambulatórios da clínica cirúrgica são equipados apenas com materiais de

consumo geral, como por exemplo, materiais de antissepsia, algodão, luvas e

mordaças, além de uma mesa para atendimento ao proprietário, computador com

acesso à internet e uma mesa de procedimentos; uma sala para emergência contendo

uma mesa, um monitor multiparamétrico e também materiais de uso

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geral; dois centros cirúrgicos (figura 4) cada um contendo uma mesa, estes dois

centros, possuem monitores multiparamétricos para a monitoração do paciente sob

anestesia total intravenosa, anestesia inalatória e ventilação controlada; um centro

cirúrgico para especialidade de oftalmologia; uma sala pré-operatório e pós operatório,

composta por duas mesas (figura 5); seis salas de internamento, cada sala contendo

10 gaiolas, sendo três para clínica médica e três para clínica cirúrgica, porém, apenas

são utilizados para animais que estão participando de projetos para o mestrado.

Uma sala com datashow e um computador, para realização de reuniões sobre

os casos de cada semana e palestras realizadas pelos residentes e estagiários; uma

sala para ultrassonografia; uma sala para radiologia, sendo radiologia digital; uma

farmácia e um laboratório de patologia clínica.

Todo paciente que realizava algum exame de imagem, laboratorial, ou até

mesmo quando precisava ser encaminhado para outra especialidade do hospital,

deviam ser direcionados pelo sistema.

A equipe de cirurgia é composta por 5 médicos veterinários residentes; 4

residentes de anestesiologia; dois enfermeiros que auxiliam os estagiários e uma

auxiliar do centro cirúrgico, possuindo a função da organização dos materiais e

tricotomia dos animais submetidos ao procedimento cirúrgico.

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20

Figura 1 - Imagem do local de espera e da recepção do Hospital Veterinário da Unesp-

Jaboticabal/SP/2016.

Figura 2 - Imagem da sala de fluidoterapia e retornos da Unesp-Jaboticabal/SP/2016.

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21

Figura 3 – Imagem de dois ambulatórios cirúrgicos da Unesp-Jaboticabal/SP/2016.

Figura 4 – Imagem de duas salas cirúrgicas da Unesp-Jaboticabal/SP/2016.

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22

Figura 5 - Imagem da sala de pré e pós-operatório da Unesp-Jaboticabal/SP/2016.

2.1.1 Atividades desenvolvidas no HV-UNESP

O estagiário era escalado em um grupo (A ou B), para exercer funções

específicas, uma semana acompanhava a rotina no centro cirúrgico e outra semana

acompanhava a rotina nos ambulatórios da área de cirurgia.

No primeiro dia de estágio, era estabelecido um rodízio entre os estagiários, se

caso um paciente necessitasse ficar sob medicamentos intravenosos em hora de

almoço e também um rodízio para auxiliar nas cirurgias.

Na semana de ambulatório os estagiários auxiliavam nas consultas, exames

físicos, e a colheita de sangue sempre era realizada quando havia uma nova consulta.

As consultas e retornos eram somente voltadas para área de cirurgia. Era possível

também acompanhar os exames de ultrassonografia, radiologia, exame

citopatológico, limpeza de feridas, proceder acesso venoso, administrar

medicamentos, realizar sondagem uretral e enema.

Na semana de centro cirúrgico, já com o rodízio definido, os estagiários que

não auxiliariam nas cirurgias, ficavam concentrados na sala do pré e pós- operatório,

realizavam um questionário para o proprietário, avaliação de exame físico e procediam

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23

o acesso venoso, sob orientação do residente de anestesiologia responsável, também

auxiliavam na recuperação do paciente no pós-operatório, no centro cirúrgico

realizavam tricotomia, sutura em bolsa de tabaco em região perianal, sonda uretral de

forma asséptica, evitando contaminação no ato cirúrgico e antissepsia pré operatória.

E os outros estagiários ficavam responsáveis por instrumentar e auxiliar na

cirurgia. Se caso um paciente necessitasse ficar sob um serviço de internamento, era

realizado encaminhamento para clínicas particulares, pois o hospital não oferece este

serviço.

Qualquer material como cateter, agulha, gaze, atadura, sonda, entre outros, ou

medicamentos necessários devem ser retirados na farmácia pelo estagiário, junto com

a pasta de identificação do animal que fará o uso do material ou medicação, para que

o sistema processe automaticamente os gastos de cada paciente. Compressas, panos

de campo e caixas de instrumentais são retirados na esterilização sem custo adicional

de uso.

Durante o período de estágio foram acompanhados 47 casos, sendo 18

procedimentos cirúrgicos, 21 atendimentos novos e 8 retornos.

Gráfico 1- Distribuição entre espécies dos 47 casos atendidos no Hospital-Veterinário

da Unesp/Jaboticabal/2016.

93%

7%

Canino

Felino

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Gráfico 2- Distribuição de casos acompanhados durante o estágio no Hospital-

Veterinário da Unesp/Jaboticabal/2016, totalizando 47 casos.

Gráfico 3 - Distribuição de cirurgias acompanhadas durante o estágio no Hospital-

Unesp/Jaboticabal/2016, de acordo com a área afetada, totalizando 18 cirurgias.

38%

45%

17%

Procedimentos cirúrgicos

Consultas novas

Retornos

33%

11%11%

6%

39%

Sistema Tegumentar

Sistema Urinário

Sistema Digestório

Sistema RespiratórioInferior

Sistema Locomotor

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Quadro 1 - Distribuição de cirurgias acompanhadas durante o estágio no Hospital-

Unesp/Jaboticabal/2016, de acordo com a área afetada e a espécie animal.

Área afetada/Procedimento realizado Caninos Felinos Total

Sistema Tegumentar 4 2 6

Excisão de nódulo em região de escápula 2 2

Excisão de nódulo em região cervical 1 1

Criocirurgia em região de orelha 2 2

Excisão de tumor em região labial 1 1

Sistema Urinário 2 0 2

Cistorrafia 1 1

Cistotomia 1 1

Sistema Digestório 2 0 2

Enterotomia 1 1

Herniorrafia perineal 1 1

Sistema Respiratório Inferior 0 1 1

Herniorrafia diafragmática 1 1

Sistema Locomotor 7 0 7

Sutura fabelo tibial 3 3

Osteossíntese raio e ulna 1 1

Colocefalectomia 1 1 Osteossíntese do ílio 1 1

Sutura íliofemoral 1 1

Gráfico 4 – Distribuição de consultas novas acompanhadas durante o estágio no

Hospital-Unesp/Jaboticabal/2016, de acordo com a área afetada, totalizando 20

consultas.

25%

55%

20%

Sistema Tegumentar

Sistema Locomotor

Sistema Nervoso

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2.2 DESCRIÇÕES DO CIEV

O estágio foi realizado no Centro Integrado de Especialidades Veterinárias

(CIEV), localizada na cidade de Curitiba/PR, rua André Zaneti, 144 - Vista Alegre. O

CIEV, oferece serviços para animais de companhia, por 24 horas. Presta serviços para

especialidades de anestesiologia, diagnóstico por imagem incluindo radiografia e

ultrassonografia, ecografia cardiológica, fisioterapia, ortopedia, oncologia,

oftalmologia, odontologia, patologia clínica e tecidos moles. O atendimento é apenas

realizado com consulta marcada exceto aquelas com caráter de emergência, que são

pronto atendidas.

O CIEV, conta com uma recepção 24h, o primeiro andar é composto por uma

recepção (figura 6), encontra-se uma balança digital para que os animais sejam

pesados cada vez que forem atendidos; uma sala específica para oncologia, contendo

nove gaiolas, um microscópico para avaliação do exame de citopatológico, uma mesa

para realização de exames quimioterápicos, uma capela e EPIs necessários para

exames quimioterápicos (figura 7).

Um laboratório de patologia clínica, realizando os exames internos e externos;

um consultório para consultas gerais (figura 8), contendo uma mesa; um vestiário;

uma sala para pré e pós operatório, contendo 4 gaiolas, uma mesa para

procedimentos (figura 9); dois centros cirúrgicos, sendo um para ortopedia e tecidos

moles, o segundo para oncologia e oftalmologia, cada um contendo uma mesa (figura

10), estes dois centros, possuem monitores multiparamétricos para a monitoração do

paciente sob anestesia; uma sala de procedimento de odontologia; uma sala de

estoque de medicamentos das anestesistas.

O segundo andar possui uma sala de espera; uma sala de radiologia digital,

com um ambiente específico para revelação automática, avaliação das imagens e

emissão de laudos; uma sala de ultrassonografia, contendo uma mesa e um aparelho

de ultrassom (figura 11), além dos exames, também se realizam cistocentese e

biópsias ecoguiadas; três consultórios para consultas gerais, cada consultório

contendo uma mesa; um consultório para oftalmologia, contendo uma mesa; um

consultório para cardiologia contendo uma mesa e um ecodoppler e um internamento.

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O terceiro andar, possui duas amplas salas para cursos teóricos e práticos

(figura 12), também possui subsolo composto por uma sala de fisioterapia, contendo

2 mesas e aparelhos específicos (figura 13).

Todos consultórios são equipados com materiais de consumo geral, como por

exemplo, materiais de antissepsia, algodão, gaze, luvas e mordaças, além de uma

mesa para atendimento ao proprietário e computador com acesso à internet.

A equipe de cirurgia é composta por 5 cirurgiões, sendo um ortopedista, um

oncologista, um cirurgião para tecidos moles e dois oftalmologistas, e duas

anestesistas.

Figura 6 - Imagem da fachada e recepção do CIEV-Curitiba/PR/2016.

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Figura 7 – Imagem da sala de oncologia do CIEV-Curitiba/PR/2016.

Figura 8 – Imagem de dois consultórios para consultas gerais do CIEV-

Curitiba/PR/2016.

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Figura 9 – Imagem da sala de pré e pós-operatório do CIEV-Curitiba/PR/2016.

Figura 10 – Imagem dos dois centros cirúrgicos, um de ortopedia e tecidos moles e

outro de oncologia e oftalmologia do CIEV/Curitiba/PR/2016.

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30

Figura 11 – Imagem da sala de radiografia e ultrassonografia do

CIEV/Curitiba/PR/2016.

Figura 12 – Imagem das salas para cursos teóricos e práticos do CIEV-

Curitiba/PR/2016.

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Figura 13 – Imagem da sala de fisioterapia do CIEV-Curitiba/PR/2016.

2.2.1 Atividades desenvolvidas no CIEV

O estagiário foi escalado para acompanhar as especialidades de ortopedia,

oncologia, neurologia, radiologia e ultrassonografia, assim, treinando os olhos para

auxiliar no diagnóstico dos pacientes.

O estagiário acompanhava consultas e retornos das especialidades de

oncologia e ortopedia. Em ortopedia e neurologia auxiliava e acompanhava as

cirurgias.

Na área de oncologia, acompanhava as cirurgias realizadas, era fornecido

luvas de procedimentos descartáveis para auxílio nas quimioterapias, também

auxiliava na colheita de sangue e contenção dos animais.

Em diagnóstico por imagem, contando com radiologia e ultrassonografia,

acompanhava os exames realizados, auxiliando na contenção dos pacientes.

Ao termino da cirurgia o paciente era internado na sala de pós operatório, até

receber alta médica, mas se necessitasse de cuidados específicos era encaminhado

para o internamento do hospital.

Durante o período de estágio foram acompanhados 74 casos, sendo 21

atendimentos novos, 28 retornos e 25 procedimentos cirúrgicos.

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Gráfico 5 – Distribuição entre espécies dos 74 casos atendidos no

CIEV/Curitiba/2016.

Gráfico 6- Distribuição de casos acompanhados durante o estágio no

CIEV/Curitiba/2016, totalizando 74 casos.

92%

8%

Canino

Felino

34%

28%

38%

Procedimentos cirúrgicos

Consultas novas

Retornos

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Gráfico 7- Distribuição de cirurgias acompanhadas durante o estágio no

CIEV/Curitiba/2016, de acordo com a área afetada, totalizando 25 cirurgias.

Quadro 2 – Distribuição de procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o

estágio no CIEV/Curitiba/2016, de acordo com a área afetada e a espécie.

Área afetada/Procedimento realizado Caninos Felinos Total Sistema Tegumentar 3 1 4 Eletroquimioterapia 1 1 Esplenectomia 2 2 Nodulectomia em região inguinal 1 1 Sistema Digestório 1 0 1 Endoscopia (úlcera gástrica) 1 1 Sistema Reprodutor 10 0 10 Orquiectomia 2 2 Penectomia 1 1 Mastectomia 5 5 Ovariosalpingohisterectomia 2 2 Sistema Locomotor 6 0 6 Osteossíntese de rádio e ulna 1 1 Osteotomia do nivelamento do platô tibial 2 2 Denervação bilateral 1 1 Prótese da articulação coxofemoral 1 1 Osteossíntese fíbula e tíbia 1 1 Sistema Nervoso 1 0 1 Hemilaminectomia 1 1 Sistema Óptico 1 0 1 Extrusão da cartilagem 1 1 Sistema Urinário 1 0 1 Cistotomia + Uretrostomia 1 1 Sistema Respiratório 1 0 1

35%

3%

19%

31%

3%

3%3% 3%

Sistema Tegumentar

Sistema Urinário

Sistema Locomotor

Sistema Reprodutor

Sistema Nervoso

Sistema Óptico

Sistema Digestório

Sistema Respiratório

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Lobectomia lado direito 1 1

Gráfico 8 – Distribuição de consultas acompanhadas durante o estágio no

CIEV/Curitiba/2016, de acordo com a área afetada, totalizando 20 consultas.

Gráfico 9 – Quantidade de procedimentos acompanhados durante o estágio no

CIEV/Curitiba/2016, divididos quanto a espécie animal, totalizando 34 procedimentos.

30%

15%

5%

50%Sistema Locomotor

Sistema Nervoso

Sistema Urinário

Sistema Tegumentar

0 2 4 6 8 10 12 14 16

RADIOGRAFIA

ULTRASSONOGRAFIA

QUIMIOTERAPIA

Felino Canino

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4 SUBSTITUIÇÃO TOTAL DO QUADRIL

4.1 REVISÃO DE LITERATURA – DISPLASIA COXOFEMORAL

A displasia coxofemoral (DCF) consiste no desenvolvimento anormal da

articulação do quadril. Conforme o animal cresce, os tecidos moles não se

desenvolvem na mesma velocidade que as estruturas ósseas, assim, desenvolvendo

a perda da congruência entre a cabeça do fêmur e o acetábulo, gerando frouxidão de

tecidos moles e instabilidade local, além de doença articular degenerativa (DAD)

(ROCHA et al. 2013).

O histórico e os sinais clínicos variam com a idade do paciente. Os pacientes

jovens com frouxidão do quadril e pacientes adultos com osteoartrite (FOSSUM,

2015). Qualquer raça de cão pode ser afetada, sendo mais comum nos animais de

grande porte e com um crescimento acelerado (FRIES, 1995; MORGAN, 2000, et al).

Ambos os sexos são atingidos, sendo diagnosticada tanto em machos quanto em

fêmeas, é importante quando se consideram os fatores genéticos envolvidos

(DASSLER, 2003).

Atualmente a DCF é a desordem musculoesquelética não traumática mais comum

em cães, podendo representar 30% do total de casos ortopédicos (LAFOUND et al.

2002; SOUZA et al. 2011; SMITH et al. 2011).

4.1.1 Anatomia da Articulação Coxofemoral

O osso do quadril é o maior dos ossos planos. Ele consiste essencialmente em

três partes, o ílio, o ísquio e o púbis, que se unem para formar o acetábulo (figura 14).

O acetábulo é uma depressão semiesférica cuja a maior parte fica em contato com a

cabeça do fêmur. A fossa acetabular é rugosa, sem cartilagem e é ali onde se insere

o ligamento (figura 15) (COLLADO, 2016).

O fêmur é formado por cabeça e colo. A cabeça, eminência articular

semiesférica, encaixa-se com o acetábulo mantendo-se ligada pelo ligamento

redondo. O ligamento redondo é um segmento fibroso, curto e forte que se estende

entre a cabeça do fêmur até a fossa acetabular (COLLADO, 2016).

A cápsula articular rodeia totalmente a articulação e se estende desde o colo

do fêmur até a borda acetabular. O liquido sinovial é produzido pela cápsula articular

(COLLADO, 2016).

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Figura 14- Imagem anatômica das principais estruturas ósseas envolvidas na

articulação coxofemoral

Fonte: (http://www.jornaltradicao.com.br/site/content/colunistas/index.php?post=147)

Figura 15 – Imagem da anatomia da articulação coxofemoral.

Fonte: (https://www.doghealth.com/arthritis-and-lameness/hip-dysplasia-in-dogs)

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4.1.2 Fisiopatologia

A patogênese é multifatorial, tanto os fatores hereditários quanto os ambientais,

possuem um papel importante no desenvolvimento da anormalidade do osso e dos

tecidos moles, alguns autores descrevem os fatores hereditários como determinantes

primários (MORGAN,2000; SCHULZ,2007; ARNBJERG,1999). Além disso, a

alimentação em excesso pode maximizar a probabilidade de desenvolvimento da

doença em indivíduos geneticamente susceptíveis (TODHUNTER; LUST, 2002).

4.1.3 Manifestações Clínicas e Exame Físico

Os sinais clínicos da DCF variam amplamente, podendo apresentar

claudicação unilateral ou bilateral, dorso arqueado, peso corporal deslocado em

direção aos membros anteriores, com rotação lateral desses membros e andar

bamboleante (BRASS, 1989).

Os sinais clínicos mais frequentes nos pacientes jovens incluem a dificuldade

em se levantar, intolerância a exercícios e claudicação intermitente ou contínua

(MORGAN, 2000; SCHULZ, 2007; DASSLER, 2003). Conforme os animais se

desenvolvem, podem apresentar sinais adicionais, que podem ser atribuídos a dor na

articulação do quadril.

As alterações observadas em cães idosos são diferentes devido a doença

articular degenerativa e a dor. Incluem dor durante a extensão da articulação, redução

da amplitude de movimento e atrofia da musculatura, uma crepitação pode ser mais

acentuada durante a manipulação articular (MORGAN, 2000; SCHULZ, 2007).

4.1.4 Diagnóstico

O diagnóstico deve ser baseado na anamnese, histórico clínico, sinais clínicos,

exame ortopédico e radiográfico (BETTINI et al. 2007).

Durante a anamnese deve ser questionado o tipo de ambiente que o animal

habita, se apresenta dificuldade em se levantar, intolerância ao exercício, claudicação,

crepitação ao movimento, dor, atrofia da musculatura pélvica e hipertrofia da

musculatura torácica (OHLERTH et al. 2001).

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O exame ortopédico tem a finalidade em detectar a presença ou ausência de

frouxidão na articulação. Assim, é necessário observar o formato da pelve do animal

(MORGAN, 1997).

O teste ortopédico de ortolani é comumente utilizado. Para ser realizado, o

paciente, sob contenção física ou química, deve ser posicionado em decúbito lateral

com o membro a ser avaliado para cima. Aplica-se uma força no fêmur no sentido

ventrodorsal fazendo com que a cabeça do fêmur saia parcialmente ou totalmente do

acetábulo. Em seguida é realizada a abdução do fêmur voltando à cabeça femoral

para a fossa acetabular, que ao sair da borda do acetábulo, é produzido som de estalo

que pode ser ouvido ou sentido pelas mãos do examinador, caracterizando o sinal de

Ortolani positivo (SOUZA & TUDURY, 2003).

Para o diagnóstico definitivo, as radiografias realizadas devem ser obtidas com o

paciente bem posicionado, sob anestesia geral proporcionando um relaxamento

muscular, de maneira que a cabeça e colo femorais, e o bordo acetabular possam ser

visualizados (BETTINI et al. 2007).

No exame radiográfico o animal é posicionado em decúbito dorsal, com os

membros pélvicos estendidos e os fêmures paralelos entre si e em relação à coluna

vertebral. Com os membros pélvicos estendidos simetricamente e rotacionados

medialmente, para centralizar as patelas sobre os sulcos trocleares, a partir daí obtêm

as imagens radiográficas no posicionamento ventrodorsal (figura 16) (SOMMER &

GRIECO, 1997).

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Figura 16 – Posicionamento padrão para o exame radiográfico para diagnóstico de

displasia coxofemoral.

Fonte:(http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

09352005000100004)

A interpretação radiográfica é feita avaliando a cobertura da cabeça femoral pelo

acetábulo e a congruência entre o acetábulo e a cabeça do fêmur. Um dos métodos

mais utilizados é o ângulo de Norberg, avaliando a frouxidão articular, subluxação

coxofemoral e configuração acetabular, tendo como principal influência para a

detecção e mensuração do ângulo a borda craniolateral acetabular sobre a cobertura

da cabeça femoral. Com a imagem já digitalizada são traçadas duas linhas. Uma une

as duas cabeças femorais pelo centro, e a outra une o centro da cabeça femoral

examinada com a borda craniolateral do acetábulo do mesmo lado. Se o ângulo

formado entre as linhas for inferior a 105° demonstra alteração entre a cabeça femoral

e o acetábulo, sendo sinal de subluxação ou luxação, o que pode caracterizar a DCF

(OHLERTH et al. 2001)

Segundo Sommer e Fratocchi (2016), os quadris são classificação em cinco

categorias, de acordo com as características encontradas (quadro 3).

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Quadro 3 – Classificação da articulação normal e displasia coxofemoral.

ARTICULAÇÃO

COXOFEMORAL

DESCRIÇÃO ÂNGULO DE NORBERG

Normal

A cabeça femoral e o acetábulo são

congruentes.

105º

Próximas da

normalidade

Quando a cabeça femoral e o

acetábulo são ligeiramente

incongruentes.

105º

DISPLASIA

COXOFEMORAL

DESCRIÇAO ÂNGULO DE NORBERG

Leve

Quando a cabeça femoral e o

acetábulo são incongruentes.

100º

Moderada

A incongruência entre a cabeça femoral

e o acetábulo é evidente, com sinais de

subluxação.

95º

Grave

Há evidencia de achatamento da borda

acetabular cranial, deformação da

cabeça femoral ou outros sinais de

osteoartrose.

90º

O método de PennHIP é o mais indicado para condução de análises de

hereditariabilidade e precocidade diagnóstica (ADAMS et al., 1998; NOGUEIRA et al.,

2005). Neste método ele deve estar anestesiado e posicionado em decúbito dorsal

com os fêmures paralelamente entre si, perpendiculares ao plano da pelve com os

joelhos flexionados em um ângulo aproximado de 90º (NOGUEIRA et al., 2005).

PennHip consiste na mensuração do índice de distração, este valor é obtido

mensurando a distância do centro da cabeça femoral até o centro do acetábulo e

depois divide este valor pela distância do raio formado pela cabeça femoral (SMITH

et al.,1990; ALLAN et al., 2002).

4.1.5 Tratamento Conservativo

O tratamento clínico é baseado na utilização de analgésicos, anti-inflamatórios

não-esteroidais ou esteroidais, sulfato de condroitina e glucosamina, controle do peso,

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para reduzir o estresse mecânico sobre a articulação, fisioterapia, acupuntura e

manejo (evitar deixar o animal em piso liso) (ROCHA et al. 2013).

4.1.6 Tratamento Cirúrgico

Quando a terapia conservativa para displasia coxofemoral mostra-se ineficaz,

é indicado o tratamento cirúrgico. Existe várias técnicas cirúrgicas descritas

(MANLEY, 1998).

4.1.6.1 Sinfiodese Púbica Juvenil (SPJ)

É uma opção cirúrgica para animais jovens para se obter um efeito desejado, é

realizada ventroversão do acetábulo, para melhorar a cobertura da cabeça do fêmur

(OSMOND, 2006; TILLEY, SMITH, 2008). É feito fechamento precoce da sínfise

púbica através da necrose térmica (MCCARTHY, 2007). A vantagem é o baixo risco

de complicação, porém a grande desvantagem desta técnica é a faixa etária limitada

que é necessário para o procedimento ser eficaz.

4.1.6.2 Osteotomia Pélvica Tripla (OPT)

É indicada para cães jovens, para que os melhores resultados sejam obtidos,

pois nessa idade ainda permitem remodelamento ósseo. Assim, a seleção de animais

para a aplicação desta técnica deve seguir três critérios: idade, conformação do

acetábulo e cabeça femoral, e capacidade de estabilização da pelve após rotação

(MINTO et al. 2012).

Esta técnica reestabelece a congruência entre o acetábulo sobre a cabeça

femoral, possibilitando maior estabilidade articular (REGONATO et al. 2009). A

desvantagem desta técnica é faixa etária, a vantagem é a redução ou eliminação da

progressão de osteoartrite.

4.1.6.3 Denervação

A denervação acetabular, tem como principal objetivo eliminar as dores

apresentadas pelos cães clinicamente acometidos, melhorando a locomoção e a

qualidade de vida. É um procedimento cirúrgico que consiste na ressecção ou

remoção dos nervos ou ramos nervosos, seja de um órgão, articulação ou de qualquer

outra parte do organismo (CARMITZ, 1993). Com a intenção de aliviar a dor dos

pacientes e preservar a função do quadril (BUCK-GRAMCKO, 1997). A vantagem

desta técnica é a remoção da dor, assim, os pacientes tendo um rápido retorno as

atividades, porém não é uma técnica considerada curativa.

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4.1.6.4 Excisão da Cabeça e do Colo do Fêmur

Esta técnica, limita o contato ósseo entre a cabeça do fêmur e o acetábulo,

permitindo a formação de uma pseudoarticulação fibrosa. Considerado um

procedimento de salvamento, é recomendada nos casos de luxação recidivante

realizada logo após métodos fechados e abertos de tratamento (MANLEY, 1998). A

desvantagem é que a pseudoartrose fibrosa é uma articulação instável, portando a

previsão clínica no pós-operatório é imprevisível, e a vantagem é o alivia a dor, pois a

cabeça e o colo femorais são eliminados e não existe mais nenhum contato ósseo

entre o fêmur e a pelve, criando nessa “falha” um tecido cicatricial (OFF & MATIS,

2010).

4.1.6.5 Substituição Total do Quadril (STQ)

A substituição total do quadril é a técnica cirúrgica mais comumente utilizada

para o tratamento da displasia coxofemoral canina grave (IWATA et al., 2008). Se

refere à substituição das extremidades ósseas que compõem a articulação

coxofemoral, ou seja, a cabeça e colo femorais e a cavidade acetabular (OLMSTEAD

et al., 1983; MINTO et al., 2008).

A técnica tem como objetivo aliviar a dor e melhorar a qualidade de vida do

paciente, por meio da promoção do retorno da função articular. Com maior frequência

a STQ é realizada quando o tratamento clínico da osteoartrite do quadril não pode

mais manter a função do membro.

A presença de dermatite, otite, infecção do trato urinário, doença periosteal,

animais com afecções neurológicas ou ortopédicas concomitantes envolvendo os

membros pélvicos, neoplasias, coagulopatias, diabetes mellitus, síndrome de Cushing

e doenças imunossupressoras podem representar riscos para o paciente candidato à

artroplastia e, portanto devem ser cuidadosamente avaliados ou até mesmo sendo

uma contraindicação para STQ (LISKA, 2013).

A idade do paciente é um fator importante, sendo ideal a realização do

procedimento em cães esqueleticamente maduros, em decorrência do risco de soltura

da placa fisária acetabular, já que a cabeça femoral será removida (LISKA, 2013).

Esta técnica consiste no implante de cúpula acetabular de polietileno de alta

densidade e de componente femoral composto de cabeça e haste femoral de aço

inoxidável ou titânio (OLMSTEAD 1983; OLMSTEAD, 1995).

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Os modelos de implantes são divididos em modelos cimentados e não

cimentados. O cimento serve como uma argamassa entre o implante e o osso. O

cimento ósseo utilizado em procedimentos médicos é o polimetilmetacrilato (PMMA).

Os implantes cimentados mais recentes são modulares, que significa que possuem

partes permutáveis, permitindo que o cirurgião determine o tamanho da haste, o

comprimento do corpo, o diâmetro da cabeça e o tamanho do cálice, para que se

ajustem aos pacientes (figura 17) (FOSSUM, 2015).

Figura 17 – Implantes cimentados para cães. (A) Haste femoral, (B) Cabeça Femoral

e (C) Cálice acetabular de polietileno de alta densidade.

Fonte: FOSSUM, 2015.

As STQs não cimentadas são baseados na ideologia de fixação biológica e

osteointegração. Existem próteses não cimentadas cuja estabilidade inicial é

sustentada por parafusos e outras que utilizam o sistema de encaixe por pressão

(“press-fit”). Todos os cálices acetabulares para cães que não utilizam cimentos

possui uma estabilização inicial sendo atingida pela compressão do cálice com o

acetábulo, que foi preparado para possuir um diâmetro menor que a do cálice,

resultando em uma fricção bastante elevada entre o cálice e o osso depois que aquele

tiver sido comprimido para dentro do leito ósseo.

A estabilização a longo prazo é atingida pelo crescimento ósseo dentro do

invólucro do cálice. A maioria dos cálices para STQ em cães inclui um invólucro

metálico e um revestimento de polietileno. O componente femoral é estabilizada, por

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encaixe com pressão, rosqueamento no pescoço femoral ou por parafusos

monocorticais no córtex medial do fêmur (figura18) (FOSSUM, 2015).

Figura 18- Implantes não cimentados para a cães. (A) Haste cabeça femoral, (B)

Cabeça femoral modular, (C) Cálice acetabular.

Fonte: FOSSUM, 2015.

O procedimento cirúrgico consiste em uma incisão craniolateral da articulação

do quadril e a cabeça femoral é osteotomizada com auxílio da serra oscilante,

deixando a maior parte da porção ventral do colo intacto. Moldes ou prótese femoral

são posicionadas acima do osso para assegurar o ângulo correto (PIERMATTEI,

1999).

O acetábulo então é escavado com uma cureta hemisférica para receber a

cúpula de polietileno, o canal femoral é alargado para o tamanho apropriado usando

perfuratriz e cureta afilada, que deve ser centralizada no canal e alinhada com o eixo

do osso para prevenir a penetração da cortical (PIERMATTEI, 1999).

Em casos de modelo cimentado, um espaço é necessário ao redor da prótese

para que o seja aplicado. Uma prótese teste com cabeça femoral fixa é inserida e

articulação coxofemoral é reduzida e testada para estabilidade, posicionamento dos

componentes, taxa de movimentação e frouxidão de translação ventral ou lateral. O

componente acetabular é cimentado em seu lugar, usando um posicionador para

assegurar a orientação adequada, assim como o componente femoral. O cimento

ósseo, em sua fase liquida, é introduzido dentro do canal femoral através de injeção,

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e a prótese, é aplicada dentro do canal com cuidado para impedir a anteversão

(PIERMATTEI, 1999).

Em casos de modelo não cimentado, com auxílio de uma serra oscilatória,

retira-se a cabeça e colo femorais com angulação baseada na do colo protético. Dupla

fresagem do acetábulo (sendo a primeira fresa subdimensionada e a segunda com o

tamanho adequado da cúpula selecionada) é realizada, criando-se um leito livre de

tecido cartilaginoso e fibroso. O encaixe do componente acetabular é feito por

pressão, utilizando-se um posicionador específico. O próximo passo é o preparo do

canal femoral, na qual se faz a perfuração e fresagem em ângulo neutro de anteversão

(DEYOUNG, DEYOUNG, ABERMAN, et al. 1992).

Como no sistema cimentado, o leito deve ser exatamente do tamanho do

componente, utilizam-se as brocas em sequência crescente de tamanho, testando a

inserção do componente femoral entre cada uma delas. Insere-se a haste femoral,

também por encaixe. Utilizando os modelos de cabeça femoral, testa-se o

comprimento do pescoço adequado para o animal em questão (DEYOUNG,

DEYOUNG, ABERMAN, et al. 1992).

Tal teste é feito por meio da redução articular e movimentação do membro, na

qual deve haver adequada amplitude de movimento sem frouxidão articular ou luxação

da prótese. Selecionado o tamanho do colo, coloca-se a cabeça femoral definitiva e

reduz-se a nova articulação (DEYOUNG, DEYOUNG, ABERMAN, et al. 1992).

Para finalizar, as articulações são reduzidas, a cápsula articular é fechada com

vários pontos de sutura separados simples, e os tecidos restantes são fechados por

camadas (PIERMATTEI, 1999).

O animal após o ato cirúrgico deve ser mantido em área fechada e com exercício

limitado. Começam a andar confortavelmente em duas semanas pós-cirurgia

(PIERMATTEI, 1999).

Segundo Piermattei; Flo, (1997), a função total do membro operado é

restabelecida ao redor de oito semanas do pós-operatório, sendo considerados

fatores como total sustentação de peso, e movimentação sem sinais de dor na

articulação coxofemoral.

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4.2 RELATO DE CASO CLÍNICO

Um cão, macho, da raça border collie, cinco anos de idade, pesando 27,7 kg,

(figura 19). Proprietário relata que aproximadamente um ano atrás, notou uma marcha

diferente e com dificuldade em se levantar, que com passar do tempo estava piorando.

Na consulta, os parâmetros como, frequência cardíaca, frequência respiratória,

pulso, coloração das mucosas e linfonodos encontravam-se dentro da normalidade,

quando iniciou o exame ortopédico foi observado dor durante extensão da articulação

coxofemoral.

Foi encaminhado para o exame radiográfico, observando-se severa incongruência

em articulação coxofemoral bilateralmente, arrasamento e esclerose acetabular

bilateralmente, osteófitos/enteseófitos em margem cranial do acetábulo

bilateralmente, remodelamento das cabeças femorais bilateralmente (achatamento e

irregularidade das superfícies das cabeças femorais; espessamento dos colos

femorais; colar de osteófitos e enteseófitos) (figura 20).

Figura 19 - Imagem do paciente canino submetido ao procedimento cirúrgico.

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Figura 20 – (A) e (B) Imagem das radiográfias da articulação coxofemoral, de cão,

macho, 5 anos de idade, border coliie; evidenciando DCF, severa incongruência em

articulação coxofemoral bilateralmente e remodelamento das cabeças femorais

bilateralmente (SETA AMARELA).

Chegando no diagnóstico definitivo de displasia coxofemoral (DCF) bilateral,

iniciou-se um tratamento conservativo com carprofeno na dose 2,2mg/kg SID, durante

2 meses, porém optou-se por modificar o AINEs devido a possibilidade de uma gastrite

medicamentosa, sendo então substituído pelo firocoxib na dose 5mg/kg, SID, durante

3 meses.

Segundo responsável pelo paciente houve uma resposta desejável nos

primeiros dias, porém depois começou a progredir a claudicação.Com a falha do

tratamento conservativo, foi recomendado tratamento cirúrgico, mostrando e

explicando as opções, como denervação, colocefalectomia e prótese da articulação

coxofemoral. O proprietário optou pela prótese do quadril, pois esta técnica possui

melhor taxa de sucesso em comparação as outras opções.

O procedimento cirúrgico foi realizado no CIEV. Realizou-se hemograma

completo, avaliação hepática (ALT e FA), renal (creatinina) e mensuração de

albumina, não sendo observado nada digno de nota.

Optou-se pelo modelo não cimentado. O planejamento cirúrgico é baseado no

grau de magnificação da imagem radiográfica, utilizando o molde de acetato

adequado para determinação prévia das dimensões dos componentes protéticos.

(A) (B)

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Definiu-se o tamanho da haste femoral # 7 e cúpula acetabular 24mm com o

objetivo que a haste femoral fique alinhada ao canal medular, entre a cabeça femoral

e do trancânter maior e o componente precisa preencher os contornos das margens

endosteais da metáfise e da diáfise.

Uma estimativa do tamanho da cúpula acetabular é avaliado pela espessura

óssea medial (figura 20).

Figura 21 - Imagem do planejamento cirúrgico (templante sobreposto), (A) O tamanho

da haste femoral (# 7), (B) tamanho da cúpula acetabular (24 mm).

Como medicação pré-anestésica utilizou-se metadona na dose 0,25mg/kg, por via

intramuscular. Foi realizado o acesso venoso cefálico para fluidoterapia (ringer com

lactato) e para aplicação de medicação anestésica. A indução foi feita com propofol

na dose 3mg/kg (IV), fentanil 2µg/kg (IV) e cetamina 1mg/kg (IV), em seringas

separadas, dose dependente, até permitir a intubação do paciente.

Durante o procedimento cirúrgico foi administrado (cefalotina 20mg/kg, IV a cada

2 horas), afim de evitar contaminações indesejáveis.

4.2.1 Descrição Cirúrgica

Na sala de pré-operatório foi realizado tricotomia da região da décima terceira

costela até um ponto acima da articulação tíbio-társica. Já no centro cirúrgico foi

posicionado o paciente em decúbito lateral sob um suporte para facilitar o

procedimento cirúrgico (figura 21-A), foi feito uma rigorosa pré-antissepsia, e em

seguida posicionado um campo cirúrgico adesivo (IOBAN®).

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Realizado uma incisão na pele em região craniolateral centralizado na articulação

do quadril, a partir do trocânter até o terço médio do fêmur (figura 21- B) A folha

superficial da fáscia lata foi incisada, músculo bíceps femoral foi afastado caudalmente

e o músculo tensor da fáscia lata cranialmente, para exposição do músculo glúteo

superficial, tenotomia parcial do glúteo profundo e exposição da cápsula articular.

Uma pinça para apreensão de osso é necessária para fixar o fêmur proximal e

permitir que ele seja rotacionado externamente para expor a cabeça e colo femoral. A

cápsula articular foi incisada, o ligamento da cabeça do fêmur e o ligamento transverso

foram seccionados para permitir a exposição da cabeça femoral (figura 21-C).

A cabeça femoral foi ostectomizada com auxílio serra oscilatória, deixando o

colo intacto (figura 21-D). O acetábulo é escavado até a parede medial, permitindo

visualizar a transição entre osso cortical e osso esponjoso para receber a cúpula de

polietileno (figura 21-E e F). Com o acetábulo preparado, o encaixe do componente

acetabular é feito por pressão, utilizando-se um posicionador específico (figura 21-G).

O próximo passo é o preparo do canal femoral, na qual se faz a perfuração e

fresagem em ângulo neutro de anteversão. Foi utilizado as brocas em sequência

crescente de tamanho e as fresas partindo do número 5 até o número 7 (figura 21-H,

I e J) Após a fresagem insere-se a haste femoral, também por pressão (figura 21-K).

Com o acetábulo e a haste preparados, a inserção teste da prótese é feita para se

assegurar de que ela se encaixe (figura 21-L), uma vez assegurada que não há

luxação é feita a troca de teste pela cabeça definitiva (figura 21-M).

Após, a cápsula articular e o músculo glúteo profundo são fechadas com pontos

de sutura separados simples, A musculatura foi reposicionada e a aproximação da

pele foi feita com grampos cirúrgicos.

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Figura 22 - (A) Posicionamento do paciente em decúbito lateral sob um suporte. (B)

Posicionado campo cirúrgico adesivo, e uma incisão na pele craniolateral centralizado

na articução do quadril. (C) Exposição da cabeça femoral. (D) Ostectomia da cabeça

femoral. (E) e (F) Acetábulo é escavado para receber a cúpula de polietileno. (G)

Encaixe do componente acetabular. (H), (I) e (J) Perfuração e fresagem em ângulo

neutro de anteversão. (K) Insere-se a haste femoral por pressão. (L) Inserção teste da

prótese. (M) Troca de teste pela cabeça definitiva.

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4.2.2 Pós-operatório

No pós-operatório imediato foi realizado radiografia do membro operado e

observou que a cúpula e a haste femoral apresentavam-se em posição e angulação

correta (figura 23). Foram prescritos, cefalexina (30mg/kg, BID, durante 10 dias),

carprofeno (2,2mg/kg, BID, durante 5 dias), dipirona (25mg/kg, BID, durante 10 dias)

e cloridrato de tramadol 4mg/kg, BID, durante 7 dias) via oral. Foi indicado um repouso

por um período mínimo de 4 semanas, sem exercícios excessivos para prevenir

complicações após a cirurgia. Com 16 dias de pós-operatório o paciente apresentava-

se bem, apoiando o membro operado, não apresentando sinal de dor, e voltando

gradativamente com a sua rotina normal. 4o

S

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Figura 23 - Radiografias da articulação coxofemoral do pós-operatório, com prótese

do membro esquerdo, mostrando a posição e a angulação correta da cúpula e haste

femoral. (A) e (B) posicionamento ventrodorsal, e (C) posicionamento latero-lateral.ça

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4.3 DISCUSSÃO

Segundo DASSLER, (2003) raças grandes e gigantes são as mais acometidas,

sendo os pastores alemães, são bernardos, bulldogs, boxers, malamutes do Alaska,

collies, old english sheepdogs, golden retrivers, labrador retrivers e rottweilers os mais

afetados. O paciente deste caso é da raça border collie, sendo uma das raças mais

predispostas citadas acima. Os sinais clínicos mais frequentes em cães jovens são

redução da atividade, dificuldade de se levantar após o descanso e claudicação

intermitente ou contínua (MORGAN et al., (2000); SCHULZ, (2007) e DASSLER,

(2003). O paciente deste caso era um cão adulto, apresentava dificuldade em se

levantar e claudicação contínua.

O diagnóstico para este caso foi realizado através de um conjunto composto de

exame ortopédico, sinais clínicos e o histórico do paciente. Com suspeita de displasia

coxofemoral, realizou-se radiografia da pelve sob sedação, fornecendo um

diagnóstico definitivo, confirmando com Piermattei e Flo (1997), que citaram, sendo o

exame radiográfico sob sedação essencial para o diagnóstico correto.

Segundo MANLEY (1998), quando a terapia conservativa para displasia

coxofemoral é ineficaz, é indicado o tratamento cirúrgico. Existe uma grande

variedade de técnicas cirúrgicas, entretanto nenhuma é considerada ideal. No

presente caso, a primeira opção foi o tratamento conservativo, mas não houve

melhora significativa, sendo realizado tratamento cirúrgico, optando-se pela

substituição total da articulação coxofemoral para retorno da função e alívio da dor.

O planejamento cirúrgico é baseado no grau de magnificação da imagem

radiográfica, utilizando um molde de acetato ou digital para proporcionar uma

estimativa dos componentes a serem inseridos (DEYOUNG, DEYOUNG, ABERMAN,

et al. 1992), no presente caso foi utilizado o molde de acetado e o tamanho definido

no planejamento cirúrgico da haste femoral # 7 e cúpula acetabular 24mm.

Cuidados com assepsia, preparação do paciente, cirurgiões experientes, e

velocidade na execução da cirurgia são requisitos necessários para diminuir possíveis

complicações com infecção (PIERMATTEI & FLO, 1997). No presente caso, além de

ter tomado todos os cuidados e cirurgiões experientes na realização do procedimento,

durante o transoperatório foi administrado cefalotina para minimizar ainda mais as

complicações, como citado por Nichols (1998).

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Para o acesso cirúrgico optou-se pela realização do craniolateral à articulação

coxofemoral, como descrito por Piermattei, (1999), associado a tenotomia parcial do

músculo glúteo profundo, permitindo uma melhor visualização e acesso da articulação

coxofemoral.

Existem modelos protéticos não-cimentados, cujos componentes apresentam

uma superfície porosa que permite a integração dos mesmos ao tecido ósseo.

Entretanto, as próteses cimentadas são as mais utilizadas na Medicina Veterinária

(OLMSTEAD, 1987; FRIES; REMEDIOS, 1995). Neste caso, o modelo utilizado foi

não cimentada, pois segundo a experiência do cirurgião responsável a prótese

cimentada estava apresentando complicações frequentes como fraturas iatrogênicas.

Segundo OLMSTEAD,(1995), é indicado realização de radiografia ventrodoral

e latero-lateral do pós operatório imediato, para avaliação do posicionamento dos

componentes protéticos acetabular e femoral. No presente caso foi realizado a

radiografia do membro operado, observando cúpula e haste femoral em posição e

angulação correta.

Foi recomendado que o paciente repousasse e evitasse exercícios excessivos

dentro de um período mínimo de 4 semanas, como citado por Olmestead, (1987) e

Preston (1999).

Com dezesseis dias de pós operatório, o paciente apresentava sustentação de

peso e sem sinais de dor na articulação coxofemoral, tendo uma resposta satisfatória

antes do tempo citado por PIERMATTEI & FLO (1997), pois comentam que a

recuperação da função do membro operado, ocorre aproximadamente em oito

semanas.

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5 CONCLUSÃO

A displasia coxofemoral é afecção articular que mais acomete cães de grande

porte, causando artrose e dor. O tratamento conservativo não traz resultados

satisfatórios a longo prazo. Sendo assim, a substituição total da articulação

coxofemoral demonstrou-se uma excelente opção de tratamento cirúrgico

proporcionando eliminação da dor, retorno da função do membro e principalmente

melhora da qualidade de vida do paciente em curto espaço de tempo de recuperação.

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