hipoadrenocorticismo em cÃes - relato de...

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ MAURICIO RIBEIRO DE ALMEIDA HIPOADRENOCORTICISMO EM CÃES - RELATO DE CASO CURITIBA 2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

MAURICIO RIBEIRO DE ALMEIDA

HIPOADRENOCORTICISMO EM CÃES - RELATO DE CASO

CURITIBA

2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

MAURICIO RIBEIRO DE ALMEIDA

HIPOADRENOCORTICISMO EM CÃES - RELATO DE CASO

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de

Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná

como requisito parcial para a obtenção do grau de

Médico Veterinário.

Orientador Acadêmico: Prof. Vinicius Ferreira Caron

Orientador Profissional: Med. Vet. Aldalice Rodrigues

Jabonski

CURITIBA

2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

REITOR

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO

Carlos Eduardo Rangel Santos

PRÓ-REITORA ACADÊMICA

Prof. Dra. Carmen Luiza da Silva

DIRETOR DE GRADUAÇÃO

Prof. Dr. João Henrique Faryniuk

COORDENADOR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Prof. Dr. Welington Hartmann

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TERMO DE APROVAÇÃO

MAURICIO RIBEIRO DE ALMEIDA

HIPOADRENOCORTICISMO EM CÃES - RELATO DE CASO

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção

do título de Médico (a) Veterinário (a) pela Comissão Examinadora do Curso de

Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

Comissão Examinadora:

Presidente: ______________________________________________________ Prof. Vinicius Ferreira Caron

Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Medicina Veterinária

______________________________________________________

Prof. Dr. Welington Hartmann Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Medicina Veterinária

______________________________________________________

Prof. Dra. Silvana Krychak Furtado Universidade Tuiuti do Paraná Curso de Medicina Veterinária

Curitiba, 30 de junho de 2016

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DEDICATÓRIA

A todas as pessoas que dedicam suas vidas a salvar, melhorar e trazer dignidade

aos animais. A estes seres humanos especiais, que, com engajamento,

determinação e fé, nunca perdem a esperança em melhorar a qualidade de vida

destes seres, que, pela vulnerabilidade total que os circunda, e a realidade que

muitas vezes os oprime, merecem alcançar a dignidade. Aos os médicos

veterinários, que muitas vezes, diante da impotência em salvar uma vida, resignam-

se e, apesar de consternados, encontram forças para seguir com sua missão.

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AGRADECIMENTOS

Á todos os professores, em especial aos meus orientadores a médica veterinária

Aldalice Rodrigues Jabonski e ao professor Vinicius Ferreira Caron, profissionais

que admiro e me espelho, buscando um dia chegar ao patamar de integridade e

sabedoria em que se encontram. Á Deus, meu exemplo maior de acolhimento

incondicional, de respeito integral às diferenças e de justiça. À minha mulher Josiany

Alves Sprada, por me fazer acreditar que tudo é possível. Aos meus pais, Luís

Carlos Saldanha de Almeida e Gilda Ribeiro de Almeida, que primaram pela minha

formação intelectual e, nunca deixaram de estar junto comigo, me apoiando,

incentivando e torcendo para que tudo desse certo... Sempre!

“Antes de ter amado um animal, parte da nossa alma permanece desacordada”.

Anatole France

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RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo descrever as atividades

realizadas durante o estágio obrigatório, colocando os conhecimentos teóricos e

práticos adquiridos durante a graduação com a prática profissional. Foi realizado no

período de 15 de fevereiro à 29 de abril de 2016, na Clínica Veterinária Arca de Noé,

Curitiba – PR, na área de clínica médica de pequenos animais. Durante o curso de

Medicina Veterinária me identifiquei com a área de clínica de pequenos animais, o

que me levou a realizar o estágio na Clínica Veterinária Arca de Noé, um lugar que

objetiva de zelar a saúde dos animais e o bem estar dos animais de companhia. A

deficiência na função da glândula adrenal leva a produção uma falha de hormônios

mineralocorticóides e/ou glicorticóides. A hipofunção adrenocortical geralmente se

deve à destruição dos córtices adrenais, referidos como insuficiência adrenocortical

primária, chamada de doença de Addison, ou à secreção hipofisária deficiente do

hormônio adrenorticotrópico passando a ser uma insuficiência segundária

(ETTINGER, 1998). A maioria dos cães a cometidos tem idade entre 2 e 7 anos,

embora a doença tenha sido relatada em cães de 2 meses a 14 anos de idade

(WERNER L.,1983). O Hipoadrenocorticismo primário é uma doença que não tem

idade, sexo ou raça específica, apesar de ser mais comum em fêmeas esterilizadas.

Os seus sinais clínicos são inespecífico e insidiosos, manifestando-se sobretudo a

nível digestório. Como tal, o seu diagnóstico é desafiante, tendo de se descartar

outras doenças, cujo quadro sintomatológico é semelhante, tal como a insuficiência

renal. O diagnóstico definitivo é realizado com o teste de estimulação de ACTH.

Palavras-chave: Canino, Adrenal, Hipoadrenocorticismo.

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SUMMARY

This course conclusion work aims to describe the activities performed during the

compulsory stage, putting the theoretical and practical knowledge acquired during

undergraduate studies with professional practice. It was conducted from February 15

to April 29, 2016, in Clinical Veterinary Ark of Noah, Curitiba - PR, in the area of

clinical medicine of small animals during the first half of 2016. During the course of

Veterinary Medicine identified with the clinical area of small animals, which led to

perform internship at Veterinary Clinic Noah's Ark, a place with the idea of ensuring

animal health and welfare of companion animals. The deficiency in the adrenal gland

function leads to adrenal production to lack mineralocorticoid and / or glucocorticoids

hormones. The adrenocortical hypofunction usually due to destruction of the adrenal

cortices, referred to as primary adrenocortical insufficiency, called Addison's disease,

or deficient secretion of pituitary hormone adrenorticotrópico going to be a failure

secondary materials (ETTINGER, STEPHEN J, p 1569). In this disease no specific

age, gender or breed is predisposed, however neutered females are more commoly

affected.The clinical signs are nonspecific and insidious, manifesting themselves

particularly in the gasto-intestinal tract. Because of this, the diagnosis is challenging,

requiring the discard of other diseases, whose clinical signs is similar, such as renal

failure. The definitive diagnosis is to perform the ACTH stimulation test

(INSUFICIÊNCIA ADRENAL EM CÃES, MsM, 2013).

Keywords: Canine Adrenal, hypoadrenocorticism.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Casuística de acordo com os 252 casos acompanhados durante o

período de estágio na Clínica Arca de Noé................................................................20

TABELA 2 – Sintomas de disfunção adrenocortical no cão.......................................33

TABELA 3 – Resultado do exame laboratorial de hemograma e bioquímico do

paciente Pascha, realizado pelo laboratório veterinário Pet Labor, no dia 03 de

março de 2016............................................................................................................40

TABELA 4 – Resultado do exame de cortisol após estimulação por ACTH –

Radioimunoensaio (duas dosagens), realizado pelo laboratório Bionostic no dia 09

de março de 2016.......................................................................................................41

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Fachada da Clínica Veterinária Arca de Noé.........................................14

FIGURA 2 - Consultórios Veterinários da Clínica Veterinária Arca de Noé...............15

FIGURA 3 - Sala de espera da Clínica Veterinária Arca de Noé...............................15

FIGURA 4 - Centro cirúrgico da Clínica Veterinária Arca de Noé..............................16

FIGURA 5 - Unidade de diagnóstico por imagem da Clínica Veterinária Arca de

Noé.............................................................................................................................16

FIGURA 6 – Capela da Clínica Veterinária Arca de Noé...........................................17

FIGURA 7 - Canis para internamentos da Clínica Veterinária Arca de Noé..............17

FIGURA 8 - Sala de internamento da Clínica Veterinária Arca de Noé.....................18

FIGURA 9 - Glândula adrenal em cães……………………………………….......……..25

FIGURA 10 - Glândula adrenal o córtex e a medula..................................................26

FIGURA 11 - Paciente Pascha...................................................................................39

FIGURA 12 - O Paciente canino após alta clínica .....................................................42

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – Distribuição entre as espécies canina e felinos dos 252 casos

acompanhados no período de estágio na Clínica Veterinária Arca de

Noé.............................................................................................................................19

GRÁFICO 2 – Distribuição entre machos e fêmeas,caninos e felinos dos 252 casos

acompanhados no período de estágio na Clínica Veterinária Arca de Noé...............19

GRÁFICO 3 – Distribuição por afecções dos 252 casos acompanhados no

período de estágio na Clínica Veterinária Arca de Noé.............................................20

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO........................................................................................................13

2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO................................................................14

2.1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS........................................................................18

3 HIPOADRENOCORTICISMO.................................................................................23

3.1 BASE HISTÓRICA...............................................................................................23

3.2 CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS E MICROSCÓPICAS................................24

3.3 FISIOLOGIA DAS GLÂNDULAS..........................................................................26

3.4 GLÂNDULA ADRENAL........................................................................................27

3.5 CÓRTEX ADRENAL.............................................................................................28

3.5.1 Mineralcorticóides..............................................................................................28

3.5.2 Glicocorticóides.................................................................................................29

3.6 MEDULA ADRENAL.............................................................................................30

3.7 ETIOLOGIA..........................................................................................................30

3.7.1 Adrenocortical primária (Doença de Addison)...................................................31

3.7.2 Adrenocortical Secundário................................................................................32

3.8 ANAMNESE E EXAME FÍSICO...........................................................................32

3.9 ACHADOS LABORATORIAIS..............................................................................34

3.9.1 Hemograma.......................................................................................................34

3.9.2 Bioquímicas Eletrolíticas..................................................................................34

3.9.3 Radiográficos e Ultra som.................................................................................35

3.9.4 Eletrocardiografia..............................................................................................35

3.10 MÉTODO DE DIAGNÓSTICOS.........................................................................36

3.11 Hipoadrenocortismo Agudo................................................................................37

3.11.1 Hipoadrenocortismo Crônica ou subaguda.....................................................38

4 RELATO DE CASO................................................................................................39

4.1 TRATAMENTO.....................................................................................................41

4.2 DISCUSÃO...........................................................................................................42

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................43

REFERÊNCIAS..........................................................................................................44

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1 INTRODUÇÃO

Neste trabalho serão descritas as atividades desenvolvidas durante o estágio

curricular realizado na Clínica Arca de Noé, na área de clínica médica de pequenos

animais, durante o período de 15 de fevereiro a 29 de abril de 2016, tendo como

orientador acadêmico o Professor Vinicius Ferreira Caron e como orientadora

profissional a médica veterinária Aldalice Rodrigues Jabonski, totalizando 440 horas.

O local de estágio foi escolhido, por ter uma estrutura e profissionais

capacitados, e colocando em prática os ensinamentos adquiridos ao longo do curso.

A afecção escolhida como relato de caso, o hipoadrenocorticismo, não é uma

doença comum, porém quando não tratada causará problemas metabólicos podendo

levar a morte do animal, sendo assim, despertou o interesse em aprofundar e

conhecer sua importância suas manifestações clínicas e tratamento.

Haverá ainda descrição do local de estágio, das atividades desenvolvidas e

da casuística acompanhada e revisão sobre Hipoadrenocorticismo em cães.

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2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

A Clínica Veterinária Arca de Noé, está localizada na rua General Mário

Tourinho, 1278, bairro Campina do Siqueira, Curitiba – PR, sendo o horário de

atendimento das 08:00 às 19:00 horas, atendimento normal, e das 19:00 às 08:00

horas considerado plantão de segunda à sábado e domingo plantão o dia todo,

tendo o funcionamento 24 horas por dia.

A clínica Arca de Noé conta com dois mil metros quadrados de área, com

estacionamento para 47 carros (Figura 1), uma recepção, 6 consultórios veterinários

(Figura 2), 2 sala de espera (Figura 3), centro cirúrgico completo (Figura 4), uma

unidade de diagnóstico por imagem (radiologia e ultra-sonografia) (Figura 5), sala de

odontologia, laboratório de análise clínicas, frota de quatro veículos, brinquedoteca,

capela (Figura 6), pet shop amplo, 78 canis para internamento (Figura 7), sala de

isolamento para os animais com doenças contagiosas, serviço de banho e tosa

especializado, sala de internamento (Figura 8) e conta com uma equipe de 52

funcionários sendo 14 veterinários.

FIGURA 1 - Fachada da Clínica Veterinária Arca de Noé

Fonte: Clínica Veterinária Arca de Noé

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FIGURA 2 - Consultórios Veterinários da Clínica Veterinária Arca de Noé

Fonte: Clínica Veterinária Arca de Noé

FIGURA 3 – Sala de espera da Clínica Veterinária Arca de Noé

Fonte: Clínica Arca de Noé

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FIGURA 4 Centro cirúrgico da Clínica Veterinária Arca de Noé

Fonte: Clínica Veterinária Arca de Noé

FIGURA 5 - Unidade de diagnóstico por imagem da Clínica Veterinária Arca de Noé

Fonte: O autor

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FIGURA 6 – Capela da Clínica Veterinária Arca de Noé

Fonte: Clínica Arca de Noé

FIGURA 7 - Canis para internamentos da Clínica Veterinária Arca de Noé

Fonte: O autor

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FIGURA 8 - Sala de internamento da Clínica Veterinária Arca de Noé

Fonte: O autor

2.1. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

O estágio obrigatório, foi realizado no período de 15 de fevereiro à 29 de abril

de 2016, de segunda-feira à sexta-feira das 09:00 à 12:00 das 13:00 à 18:00 horas,

tendo uma jornada de 8 horas diárias.

A maior parte do estágio foi na sala de internamento, auxiliando nas

medicações dos internados, acompanhamento de coletas de sangue para exames,

consultas , endoscopia, eletrocardiograma, radiografia e ultra-sonografia, raspado de

pele.

Durante os casos de emergência, auxiliava também na fluidoterapia,

oxigenoterapia, coleta de material para exame laboratorial ou qualquer outra

atividade determinada pelo médico veterinário responsável. Após estabilização do

paciente, monitorava ao longo do dia, repassando as informações do estado do

paciente ao médico veterinário.

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No decorrer do estágio, a casuística acompanhada nos diferentes sistemas foi

de 252, caninos e felinos atendidos que e estão listados nos gráficos 1,2,3, sendo o

gráfico 1 quantidades de caninos e felinos, gráfico 2 está separados por sexo e no

gráfico 3 as afecções.

Gráfico 1 – Distribuição entre as espécies canina e felinos dos 252 casos

acompanhada no período de estágio na Clínica Arca de Noé.

Gráfico 2 – Distribuição entre machos e fêmeas,caninos e felinos dos 252

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Gráfico 3 – Distribuição por afecções dos 252 casos acompanhados no período de

estágio na Clínica Arca de Noé.

Tabela 1 – Casuística de acordo com os 252 casos acompanhados durante o

período de estágio na Clínica Arca de Noé.

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AFECÇÕES NUMERO DE CASOS

CUTÂNEAS

Dermatite Dermatite alérgica a picada de pulga Sarna sarcóptica Dermatite úmida aguda Otohematoma Otite bacteriana Fístula

1 3 1 1 2 1 2

CARDIOVASCULARES

Cardiomiopatia Insuficiência cardíaca congestiva

5 2

GENITOURINÁRIAS

Consulta eletiva à castração Doença renal crônica Piometra Cálculo vesical urinário Cistite Doença de trato urinário Insuficiência renal aguda

2 4 8 4 2 1

20

ENDÓCRINAS

Diabetes melitus Hipoadrenocorticismo Hipotireoidismo

8 1 2

INFECCIOSAS

Cinomose Hemoparasitose Parvovirose Erlichiose Tumor Venéreo Transmissível Peritonite infecciosa felina

4 1 9 1 3 1

NEUROLÓGICAS

Neuropatia a esclarecer Epilepsia

4 6

NEOPLÁSICAS

Carcinoma mamário Linfoma Tumor à esclarecer

3 2 6

RESPIRATÓRIAS

Broncopneumonia Bronquite Colapso de traquéia Pneumonia Rinotraqueíte

1 2 1 3 3

DIGESTÓRIAS DIGESTÓRIAS

Mega esôfago Corpo estranho linear Estomatite Gastroenterite Hemorrágica Vômito a esclarecer Diarréia a esclarecer Gastrite Pancreatite Fecaloma Giárdia

2 6 2

15 5 3 4 5 1 1

OCULARES

Catarata Ceratoconjuntivite seca Ulcera de córnea

2 3 2

ORTOPÉDICAS

Displasia coxo femoral Ampultação de membro anterior Osteossíntese mandibular Lesão de coluna

3 1 2 1

HEMATOPOIÉTICOS Transfusão sanguínea Anemia a esclarecer

6 3

Atropelamento Lesões Intoxicação alimentar Exame preventivo

6 13 9

16

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OUTROS / DIVERSOS

Miíase Choque Hérnia umbilical Anemia Extração de espinho do ouriço

9 1 4 3 4

TOTAL 252

3 HIPOADRENOCORTICISMO

Hipoadrenocorticismo é uma endrócrinopatia caracterizada pela deficiente

secreção de glicocorticosteróides e/ou mineralocorticosteróides pelo córtex da

glândula adrenal. Hipoadrenocorticismo espontâneo é incomum e cães e raros em

gatos (STEPHEN, 2013).

Os sinais clínicos são bastante inespecíficos, incluindo fraqueza, letargia,

vômitos e diarréia. Geralmente se apresenta como uma condição progressiva que

pode vir a causar problemas circulatórios e de insuficiência renal. Os efeitos da

doença também podem ser mimetizados após a interrupção súbita de uma droga

corticosteróide exógena utilizada por um longo período (THOMAS, 2010).

A predisposição por idade a maioria é jovem ou de meia-idade, porém a idade

pode variar de seis meses a dez anos. Qualquer raça pode ser afetada, mas Great

Dane, Portuguese Water Dog, Rottweiler, Poodle padrão, West Highand White

Terrier e Wheaton Terrier parecem mais predispostas ao desenvolvimento de

hipoadrenocorticismo primário de ocorrência natural. Nenhuma predileção racial foi

relatada em gatos. Em relação ao sexo as fêmeas são mais sujeitas ao

hipoadrenocorticismo primário de ocorrência natural. Nenhuma predileção sexual foi

relatada em gatos (STEPHEN J., 2013).

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3.1 BASE HISTÓRICA

A primeira descrição anatômica das glândulas supra-renais (adrenais) foi feita

por Eustachius em 1563. A importância funcional destas glândulas foi demonstrada

inicialmente por Addison em 1855 (GETTY, ROBERT, 1986).

Embora Addison suspeitasse que estes órgãos eram essenciais à vida, não

foi antes de 1925 que a importância das adrenais tornou-se aceita de modo geral.

Em 1942, Thorn e colaboradores descreveram o uso do corticosteróide cristalino

sintético acetato de desoxicorticosterona,o qual, em função de sua atividade

glicocorticóide extremamente fraca, nem sempre foi eficaz. Na década de 1950, o

cortisol foi isolado do sangue e indentificado como um dos principais produtos dos

córtices adrenais nos humanos e nos cães. Nesse ponto, os mecanismo fisiológicos

e de controle fundamentais dos córtices adrenais estavam finalmente entendidos, a

insuficiência adrenal foi classificada em doença primária e secundária e os três tipos

principais de hormônios adrenais, glicocorticóides, mineralocorticóides e

androgênios, foram identificados. Curiosamente, os primeiros casos de

hipoadrenocorticismo canino foram relatados pouco depois de os princípios da

doença terem sido compreendidos (HADLOW WJ, 1953). O hipoadrenocorticismo

nos gatos é raro, sendo o primeiro caso foi relatado em 1983 ( JOHNESSEE J.S.,

1983).

3.2 CARACTERÍSTICAS ANATÔMICAS E MICROSCÓPICAS

As glândulas adrenais são craniomediais ao rim do mesmo lado e também

retroperitoneais. A glândula adrenal esquerda se encontra em uma camada de

tecido conjutivo solto entre a aorta e o rim esquerdo. A glândula adrenal direita se

encontra em uma camada de tecido conjuntivo entre a veia cava caudal e o rim

direito (Figura 9). A cápsula da glândula adrenal direita pode ser contínua com a

túnica externa da veia cava caudal. A artéria frenicoabdominal se encontra presente

sobre a superfície dorsal da glândula adrenal. A veia frenicoabdominal segue sobre

a superfície ventral das glândulas adrenais (I. BOJRAB, M. JOSEPH. I., 1996).

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FIGURA 9 - Glândula adrenal em cães

Fonte: http://www.fcav.unesp.br/, adaptado o autor

A glândula adrenal esquerda é ligeiramente caudal à glândula direita, o

tamanho delas depende da raça. Em cães, o tamanho médio é de 22 mm de

comprimento, 10 mm de largura e 4 mm de espessura (STEPHEN J., 2013).

A glândula adrenal é bastante vascularizada por ramos das artérias renal,

renal acessória, frênica, abdominal cranial, frênico-abdominal e lombar. A drenagem

venosa é feita pelas veias adrenais direita e esquerda e frênico-abdominal

(STEPHEN J., 2013).

As adrenais estão situadas no espaço retroperitoneal. A adrenal esquerda é

maior e está posicionada perto da borda cranial do rim esquerdo, adrenal direita,

Glândula

adrenal

esquerda

Veia cava

caudal

Artéria

frenicoabdominal

Glândula adrenal

direita

Veia cava caudal

Rim

direito Rim

esquerdo

Glândula

adrenal

esquerda

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perto do hilo do rim correspondente. Cada adrenal consiste em duas partes distintas,

a medular adrenal e o córtex adrenal, os quais diferem na função endócrina e na

origem embriológica. O córtex compõe cerca de 75% da massa da adrenal e pode

ser dividido em três zonas morfologicamente identificadas: a zona reticular mais

interna, a zona fasciculada e a zona glomerulosa mais externa. A zona fasciculada,

que é camada mais espessa,e a zona reticular são compostas de células na última é

muito mais frouxo. As células da zona reticular e da zona fasciculada produzem

glicocorticóides e androgênios. A zona glomerulosa não possui estrutura bem

definida, e suas pequenas células espalhadas pela parte inferior da cápsula

produzem mineralocorticóides (FIGURA 10) (HULLINGER RL., 1993).

Figura 10 - Glândula adrenal o córtex e a medula

Fonte: http://www.fcav.unesp.br/

3.3 FISIOLOGIA DAS GLÂNDULAS

Todas as células secretam material em seu meio circulante, seja para formar

uma barreira protetora ao redor da célula ou para se comunicar com outras células.

As células que secretam substâncias similares são freqüentemente reunidas para

formar glândulas. As células especializadas que compõem uma glândula agem

como uma unidade, secretando e algumas vezes excretando material dentro do

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corpo ou na superfície corporal. Todo animal tem um grande número de glândulas

diferentes, que variam em estrutura e função. As secreções glandulares são

sintetizadas por células que formam a parte secretora da glândula, e são liberadas

pela glândula em resposta a estímulos apropriados. A natureza e o volume da

secreção e a forma dos estímulos variam muito entre as diferentes glândulas

(RANDALL,DAVID, 1997).

As secreções envolvidas na comunicação entre as células podem ser

classificadas pela distância na qual elas têm efeito:

Secreção autócrina refere-se a uma substância secretada que afeta a própria

célula secretora. Um exemplo é a norepinefrina na liberada das terminações

nervosas adrenérgicas, que inibe a liberação excessiva de norepinefrina

daquele nervo.

Secreção parácrina refere-se a uma substância que tem efeito nas células

vizinhas. Por exemplo, durante a resposta inflamatória, a vasodilatação

localizada é induzida principalmente pela histamina liberada pelos mastócitos

na área lesada do tecido.

Secreção endócrina refere-se a uma substância que é liberada na corrente

sanguínea e atua num tecido alvo distante.

Secreção exócrina refere-se a uma substância que é liberada na superfície de

um animal, incluindo a superfície do intestino e outras estruturas

internalizadas (RANADALL, DAVID, 1997).

3.4 GLÂNDULA ADRENAL

Com a possível exceção das secreções hipofisárias, as secreções das

adrenais são as mais diversas em seus efeitos. Nos mamíferos, as adrenais são,

embriológica, morfológica e funcionalmente separáveis em dois órgãos distintos: o

córtex adrenal e a medula adrenal. Os hormônios corticais são esteróides e exercem

seus efeitos primários sobre o metabolismo de carboidratos e eletrólitos, enquanto

que aqueles secretados pela medula são aminas com efeitos semelhantes àqueles

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dos neurotransmissores simpáticos pós-ganglionares. Ambas as partes da glândula

parecem ser importantes na adaptação do animal às influências ambientais

adversas (DUKES, 1993).

3.5 CÓRTEX ADRENAL

O córtex adrenal tem origem na crista urogenital, em comum com os órgãos

urinários e genitais, assim, sua origem é mesodérmica. A medula adrenal tem

origem na crista neural, e portanto sua origem é ectodérmica. Uma córtex adrenal

funcional é essencial para a vida, enquanto a medula adrenal, não. (JONES, 2000).

O córtex adrenal está dividido em três zonas, que são responsáveis pela secreção

de hormônios diferentes. A zona glomerulosa externa se compõe de grupos de

células com pequena quantidade de citoplasma e núcleos escuros centrais. Essas

células secretam mineralocorticóides. A zona fasiculada se compõe de cordões de

células maiores com um citoplasma mais abundante e repleto de lipídeos, o que dá

à célula um aspecto vacuolado. Essa zona é principalmente responsável pela

secreção de glicorticóides. A zona reticular interna se compõe de agregados de

células que não possuem vacúolos citoplasmáticos. Nessas células, são secretados

os andrógenos (JONES, 2000).

3.5.1 Mineralcorticóides

A aldosterona é controlada primariamente pelo sistema renina-angiostensina.

Uma redução no volume do fluido extracelular leva a um aumento na secreção da

renina, a qual, por sua vez, estimula a síntese da angiotensina II, resultando na

produção aumentada da aldosterna. Outro importante estímulo direto para o débito

de aldosterona é o aumento de concentração do potássio plasmático. O sódio

plasmático estimula a produção da aldosterona apenas quando a concentração é

extremamente baixa. Da mesma forma, o ACTH (adrenocorticotrópico) desempenha

um papel menor no controle da secreção da aldosterona, embora possa eliciar

aumento transitório. Os efeitos principais da aldosterona são na manutenção das

concentrações normais de sódio e de potássio e do volume do fluido-extracelular. Os

tecidos alvo típico são os rins (primariamente os ductos coletores), o cólon e as

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glândulas salivares, nos quais o sódio fica retido na troca pelo potássio e pelo

hidrogênio (ETTINGER, STEPHEN J, 2008).

A sua deficiência resulta na perda de sódio, de cloreto e acúmulo da água e

no acúmulo de potássio e de hidrogênio. Assim a hipovolemia estimula a liberação

de ACTH que aumenta a hiponatremia. O débito cardíaco diminui, resultando na

baixa perfusão tissular e a taxa de filtração glomerular, o que leva a azotemia pré-

renal. Densidade urinária diminuída devido a hipovolemia e incapacidade de

concentração urinária. Pode ocorrer acidose metabólica. Ocorre a hipocalemia em

conseqüência a fraqueza muscular generalizada e ainda fibrilação ventricular e

parada cardíaca podem ocorrer eventualmente (ETTINGER, 2008).

3.5.2 Glicocorticóides

Glicocorticóides dos quais cortisol é o hormônio principal, favorecem a

gliconeogêneses, os glicocorticóides elevam o nível da glicose sangüínea e

aumentam o glicogênio no fígado. Essas substâncias inibem a ação da insulina,

promovem a gliconeogênese hepática, e aumentam o catabolismo das proteínas e

gorduras. Os glicocorticóides também têm ação antiinflamatória, e levam a um

aumento no número de neutrófilos circulantes, redução dos eosinófilos circulantes,

diminuição nos linfócitos T circulantes e nos tecidos; e inibição da ativação da

permeabilidade vascular na inflamação. Cortisol é liberado pela ação do ACTH

hipofisário. Andrógenos da zona reticular são produzidos tanto no macho como na

fêmea. Sua função é idêntica aos andrógenos produzidos nos testículo (JONES,

2000).

Independente da etiologia, a deficiência de glicocorticóide leva a letargia, à

fraqueza, a uma tolerância reduzida ao estresse e uma variedade de sintomas

gastrintestinais, como anorexia, vômito, diarréia e dor abdominal. A perda de peso e

a hipoglicemia do jejum também podem ocorrer. Os indivíduos com deficiência

glicocorticóide possuem uma taxa de filtração glomerular reduzida e são incapazes

de secretar carga hídrica, provavelmente devido à secreção aumentada do hormônio

antidiurético. A compensação vascular da hipovolemia fica prejudicada e é possível

colapso vascular (GANONG WF, 1997).

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3.6 MEDULA ADRENAL

A medula adrenal,porção interna da glândula, desenvolve-se a partir de tecido

nervoso, assemelhando-se microscopicamente a este tipo de tecido. Suas células

secretoras de hormônios são neurônios modificados que secretam seus produtos

diretamente na corrente sanguínea (COLVILLE, 2010). Os hormônios da medula

adrenal pertencem à classe química amina e são conhecidos como epinefrina

(adrenalina) e norapinefrina (noradrenalina). Estes são referidos como

catecolaminas e originam-se do aminoácido tirosina. A epinefrina é secretada

somente pela medula adrenal, mas a narepinefrina também é secretada pelos

neurônios simpáticos pós-ganglionares. A medula adrenal secreta mais epinefrina do

noreprinefrina. A inativação das catecolaminas é rápida – a meia-vida da epinefrina

é de cerca de 20 a 40 segundos (REECE, 2008).

A secreção hormonal pela medula adrenal é controlada pela porção simpática

do sistema nervoso autônomo, o sistema de controle contra riscos. Quando o animal

se sente ameaçado, seu sistema simpático entra em ação, produzindo o que é

denominado reação de luta ou fuga, preparando o organismo para atividade física

intensa. Os efeitos da estimulação do sistema nervoso simpático no organismo

incluem o aumento da freqüência e do débito cardíaco, aumento da pressão

arterial,dilatação das vias aéreas nos pulmões e diminuição do peristaltismo

gastrointestinal. Estes efeitos são produzidos, em parte, pela estimulação direta do

nervo simpático nos tecidos alvo e em parte pela adrenalina e norepinefrina

liberadas na corrente sanguínea pela medula adrenal. Os hormônios medulares da

adrenal circulam pela corrente sanguínea produzindo em todo o organismo o efeito

da reação luta ou fuga. Após o fim da ameaça, o organismo demora um tempo para

se acalmar novamente e restabelecer o seu estado normal. Este tempo é devido à

presença da adrenalina e noradrenalina remanescentes na corrente sanguínea e o

tempo que demoram a ser metabolizadas e retiradas de circulação (COLVILLE,

THOMAS P. 2010).

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3.7 ETIOLOGIA

O prejuízo da função adrenal leva à deficiente de mineralocorticóides e/ou

glicocoritcóide . A hipofunção adrenocortical geralmente se deve à destruição dos

córtices adrenais, referidos como insuficiência adrenocortical primária (doença de

Addison), ou à secreção hipofisária deficiente do hormônio adrenocorticotrópico

ACTH, referido como insuficiência adrenocortical secundária (ETTTINGER, 2008).

3.7.1 Adrenocortical primária (Doença de Addison)

Os sinais clínicos da insuficiência adrenocortical não ocorrem até que cerca

de 90% do córtex adrenal não esteja funcional (ETTINGER, 2008).

Esse distúrbio, atualmente reconhecido como entidade clínica e patológica de

ocorrência espontânea em cães adultos jovens, caracteriza-se por uma significativa

atrofia de todas as três zonas do córtex adrenal. Isso leva a uma redução da

secreção de todas as três categorias de hormônios corticais, e aos achados clínicos.

A lesão caracteriza-se por uma redução significativa no tamanho do córtex, que em

alguns casos pode estar quase completamente ausente. Podem estar presentes

pequenos focos de necrose e focos de linfócitos e plasmócitos. A medula adrenal

não é afetada. A causa do hipoadrenocorticismo idiopático canino não é conhecida,

embora tenha sido sugerida uma destruição imunemediada do córtex adrenal.

Na doença de Addison, gradualmente vai se instalando uma fraqueza, com

uma ação cardíaca débil, baixa pressão sangüínea, diminuição do volume

sangüíneo (em decorrência da excessiva secreção de sódio e cloreto, e

conseqüente perda de líquido), hiponatremia, hipocalemia, freqüente hipoglicemia

(em decorrência do comprometimento da gliconeogênese) e choque. Ocorrem

desarranjos gastrintestinais graves, inclusive vômito. Uma sintoma presente

regularmente é um aumento significativo na pigmentação da pele. Acredita-se que

isso se deva a um excesso de hormônio estimulador dos melanócitos da produção

hipófise que ocorre reciprocamente a uma diminuição de um hormônio

adrenocortical inibitório. As lesões causadas pela doença de Addison em outros

órgãos representam os efeitos da insuficiência adrenal sobre outras estruturas e

funções. Fica evidente um hiperplasia compensatória dos corticotrofos na hipófise.

Tanto a tiroide como o coração estão frequentemente pequenos e atrofiados, com

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áreas de fibras atróficas ou moribundas no miocárdio. Com freqüência, o tecido

linfóide está muito aumentado na tiróide e nos órgãos linfóides (JONES, 2000).

3.7.2 ADRENOCORTICAL SECUNDÁRIO

A deficiência adrenocortical secundária de ocorrência natural se deve pela

falta de hormônio adrenocorticóides podendo ser direta ou devida à secreção

reduzida de hormônios liberados da corticotropina. As lesões destrutivas na hipófise

ou no hipotálamo em geral estão associadas com neoplasia, inflamação ou trauma,

levando predominantemente a deficiências hormonais hipofisárias múltiplas. A

insuficiência adrenocortical secundária iatrogênica atribuível à corticoterapia por

longo prazo é muito mais comum do que a doença de ocorrência natural.

Dependendo da dose, da preparação, da duração do tratamento e da sensibilidade

individual, a supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenocortical pode persitir por

semanas ou meses após a interrupção dos corticóides. Ocorre supressão

semelhante a longo prazo nos cães e gatos tratados com progestina (SELMAN PJ,

1994). Os animais que recebem tratamentos por um determinado tempo não

desenvolve sinais após a interrupção da terapia. Caso o animal apresentar uma

situação de estresse e não possuir reserva adrenal suficiente pode ter problemas

clínicos (ETTINGER, 2008).

Pesquisa realizada em caninos tratados com acetato de triamcinolo e

dexametasona, através de aplicações auriculares diárias (1mg), durante 21 dias

demonstrou acentuada depressão do eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal,

caracterizada pela diminuição do nível sérico de cortisol pré e pós – ACTH. De

acordo com as colheitas realizadas no 7 e 14 dia após a interrupção dos esteróides,

alguns animais permaneciam com inadequada liberação de cortisol em resposta ao

ACTH exógeno (MORIELLO et al., 1988).

3.8 ANAMNESE E EXAME FÍSICO

O Hipoadrenocorticismo apresenta alguns sinais clínicos compatíveis com

outros distúrbios, como doenças gastrientestinais, renais, neuromusculares

primárias. A gravidade da doença varia acentuadamente. Os cães inicialmente

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apresentam os sinais e depois melhora, isto se deve pela lenta deterioração da

córtex adrenal, que são capazes de suprir as demandas normais, mas não às

necessidades de estresse. A maioria dos cães com hipoadrenocorticismo apresenta

problemas progressivos crônicos, os quais podem ter estado presente por até um

ano. Alguns cães na crise adrenal aguda, quando submetidos a uma anamnese

cuidadosa identifica-se que os sinais clínicos do hipoadrenocorticismo estavam

presentes de dias a meses antes no início agudo da doença (KINTZER PP, 1997).

Os sintomas de disfunção adrenocortical nos cães estão listados no Quadro 2

Tabela 2 – Sintomas de disfunção adrenocortical no cão

Hipofunção Hiperfunção

Perda de peso

Depressão e letargia

Fadiga

Distúrbios gastrintestinais

Desidratação

Hiperpigmentação

Fraqueza muscular

Hipotensão

Hemoconcentração

Hipoglicemia moderada

Bradicardia

Dor abdominal

Pelame ralo e áspero

Epiderme delgada

Acúmulo de queratina na pele

Hiperpigmentação

Mineralização cutânea

Distribuição centrífuga da gordura

Hepatomegalia

Fraqueza muscular

Poliúria

Polidipsia

Linfopenia

Eosinopenia

Hiperglicemia moderada

Fonte: Dukes, 1996).

A insuficiência adrenocortical aguda ou em estágio terminal pode apresenta:

Fraqueza e depressão progredindo para o colapso.

Bradicardia e outras arritmias associadas a hipercalemia

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Choque causado por hipovolemia, tônus vascular fraco e redução do débito

cardíaco.

A insuficiência Adrenocortical subaguda ou crônica pode apresentar:

Anorexia, vômito e diarréia intermitentes.

Fraqueza muscular, letargia e depressão resultando de má-perfusão tecidual,

acidose metabólica e hipercalemia.

Resposta transitória dos sinais clínicos à administração de fluídos e/ou de

corticosteróides.

Exacerbações dos sinais clínicos associados ao estresse (BIRCHARD

SHERDING J., 1998).

3.9 ACHADOS LABORATORIAIS

3.9.1 HEMOGRAMA

No hipoadrenocorticismo 20% a 30% dos animais apresentam anemia

normocrômica, normocítica inicial de moderada a grave (PETERSON ME, 1993).

Anemia mais drástica, com volume globular menor do que 20, é observada em

associação com hemorragia gastrintestinal grave. Em muitos cães com hematócrito

normal baixo, a anemia pode ser aparente apenas após a reidratação. A anemia

com risco de vida pode exigir transfução de sangue. Anemia parece ser causada por

uma combinação da doença crônica com perda sanguínea gastrintestinal. Podem

ocorrer eosinofilia absoluta e linfocitose. (ETTINGER, 2008).

3.9.2 BIOQUÍMICAS E ELETROLÍTICAS

No hipoadrenocorticismo pode ocorrer hipercalemia, hiponatremia e

hipocloremia devido a deficiência de aldosterona, Com as concentrações de sódio e

de potássio são reguladas de forma independente por uma variedade de

mecanismos, essas mudanças eletrolíticas podem ocorrer sozinhas ou associadas.

A hipercalemia pode ocorrer quando o potássio é translocado do espaço intra

para o espaço extracelular, quando a excreção renal fica reduzida, nos casos de

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pesudo-hipercalemia ou, em casos raros, após ingestão aumentada. A translocação,

por sua vez, pode ocorrer no hipoadrenocorticismo, insuficiência renal reduzida, que

ocorre na acidose, na síndrome de lise tumoral aguda, na rabdomiólise ou na

perfusão após tromboembolismo. Entretanto, as causas mais importantes são

excreção renal reduzida, que ocorre no hipoadrenocorticismo, insuficiência renal

oligúria ou anúria, trauma ou ruptura do trato urinário inferior, obstrução uretral,

desidratação e ingestão reduzida de sódio (ETTINGER,2008).

O hipoadrenocorticismo iatrogênico causado por terapia com mitotano ou

cetoconazol geralmente associa-se a concentrações eletrolíticas séricas normais.

Pode apresentar uma azotemia devido a causas renais e pré-renais de cálcio. Pode

apresentar uma hipoglicemia a partir de uma redução de gliconeogenese e da

glicogenólise. A acidose metabólica pode apresentar em alguns casos.

A densidade urinária fica frequentemente a baixo de 1,030, a concentração

urinária resulta provavelmente de desgaste medular secundário ao desperdício de

sódio (BIRCHARD, 1998).

3.9.3 RADIOGRÁFICOS E ULTRA SOM DA GLÂNDULA ADRENAL

Os achados radiográficos nos casos de hipoadrenocorticismo podem

apresentar microcardia, veia cava caudal e a aorta descendente estreitas e

hipoperfusão dos campos pulmonares.

A ultra-sonografia pode apresentar redução significativa no comprimento e na

espessura das adrenais, se comparados aos cães saudáveis (ETTINGER, 2008).

3.9.4 ELETROCARDIOGRAFIA

As alterações de eletrocardiograma dependem primariamente do grau de

hipercalemia. O equilíbrio ácido-base e as concentrações séricas de sódio e de

cálcio também exercem um papel. Alargamento e achatamento da onda P e

aumento da duração do intervalo P_R. Pode ocorrer um aumento da amplitude da

onda T, redução da amplitude e prolongamento dos complexos QRS. Pode haver

uma bradicardia e os ritmo sinoventricular e parada atrial (ausência de ondas P)

(BIRCHAR SHERDING J, 1998).

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3.10 MÉTODO DE DIAGNÓSTICOS

O teste de estimulação do ACTH é o único meio de diagnosticar o

hipoadrenocorticismo, sendo que ele mede a espessura relativa do córtex adrenal.

O protocolo para avaliar o ACTH é:

Nos cães, obten-se uma amostra plasmática ou sérica para análise do cortisol

antes e 2 horas após injeção intramuscular de 2,2 U/kg de gel de ACTH.

Quando realizar uma injeção endovenosa de 0,25 mg de ACTH sintético

(Cortrosyn, Organon Pharmaceuticals, West Orange, NJ) desconsiderando o

peso do animal deve-se obter uma amostra da aplicação e 1 hora após a

injeção.

Nos gatos, obtenha uma amostra plasmática ou sérica para analise de cortisol

antes e 1 a 2 horas após administração EV de 0,125 mg de Cortrosyn.

Os cães e gatos com hipoadrenocorticismo demonstraram uma resposta

rápida ou ausente de cortisol após administração de ACTH (BIRCHAR, 1998).

No hipoadrenocorticismo primário, as concentrações basal e pós ACTH de

cortisol são geralmente < 1ug/dl (<30 nmol/l). No hipoadrenocorticismo secundário, a

resposta sérica de cortisol ao ACTH exógeno é grosseira, no entanto, as

concentrações pós-ACTH de cortisol são geralmente > 2,5 ug/dl (>79nmol/l).

Podem ocorrer elevações falsas das concentrações de cortisol após a

administração de prednisona, prednisolona, cortisona ou fludrocortisona, pois elas

reagem cruzadamente no radioimunoensaio com cortisol, neste caso devem-se

interromper essas drogas 24 a 48 horas antes desses teste.

A dexametasona e o pivalato de desoxicorticosterona não interferem no

ensaio de cortisol, no entanto, a dexametasona é um esteróide potente e suprimirá o

eixo hipófise-adrenal, podendo dar um resultado positivo falso ao teste de

estimulação com ACTH (BIRCHAR, 1998).

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3.11 HIPOADRENOCORTICISMO AGUDO

No hipoadrenocorticismo agudo, também chamado de addisoniana, é uma

situação de risco de vida e requer tratamento imediato. Enquanto aguarda os

resultados laboratoriais devem ser realizados as medidas terapêuticas.

A fluidoterapia intravenosa é o componente mais importante do tratamento

inicial. Na crise a hipovolemia e o choque geralmente envolvem mais risco de vida

que a hipercalemia. O fluído de escolha é a solução salina a 0,9%. A administração

de Ringer lactato,quando não se sabe o resultado, da eficiência da glândula

adrenal,, pode ser usado sem problemas, pois ela contém apenas 4mEq/L de

potássio e ainda ocorre diluição do potássio sérico. A fluídoterapia resulta em

redução acentuada na concentração do potássio sérico, restauração da perfusão

renal e a correção da acidose. O monitoramento do débito urinário, especialmente

no início do tratamento, ajuda na detecção de possível insuficiência renal oligúria ou

anúria e para ajustar a velocidade de administração de fluido (ETTINGER, 1998). Na

fluídoterapia deve ser infundido rapidamente uma solução de NaCl a 0,9% 40 a 80

ml/kg/h,por via intravenosa, pelas primeiras 1 a 2 horas seguindo de redução

gradual da taxa para as exigências de manutenção, dependendo da resposta do

paciente (BIRCHAR., 1998).

O tratamento com corticóides é importante. As escolhas disponíveis são o

hemissuccinato de hidrocortisona ou o fostato de hidrocortisona, administrado por

via intravenosa na dosagem de 5 mg/kg como tratamento inicial e, em seguida, 1

mg/kg cada 6 horas. Para os animais em choque, uma dose mais alta (50mg/kg),

administrada por via intravenosa, pode ser necessária. A hidrocortisona possui

efeitos glico- e mineralocorticóides e, portanto, a terapia mineralocorticóide adicional

durante as primeiras 24 horas do tratamento geralmente não é necessária

(RIJNBERK A., 1996.). O succinato sódio de prednisolona ou quantidade

equivalente de dexametasona é uma escolha alternativa. O tratamento deve ser

repetido de 2 a 6 horas mais tarde, conforme a necessidade e, dependendo do

estado clínico do paciente, a prednisolona pode ser lentamente reduzida para a dose

de manutenção de cerca de 0,2 mg/kg/dia (ETTINGER, 1998).

O tratamento com mineralocorticóide para estabilizar os cães e gatos

geralmente são estabilizados com a fluido e corticóide da terapia intensiva.

Entretanto, no hipoadrenocorticismo primário, a administração de

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mineralocorticóides é necessária para a manutenção do equilíbrio eletrolítico.

Quando é usada a prednisolona que apresentaatividade mineralocorticóide

extremamente baixa ou a dexametasona que não possuem atividade

mineralocorticóide, pó pivaloto de desoxicorticosterona pode ser administrado por

via intramuscular na dosagem de 2,2 mg/kg cada 25 dias. Em alguns animais após a

estabilização pode ser administrados mineralocorticóides oral (ETTINGER., 1998).

A hipercalemia pode-ser tratada com sucesso geralmente somente com

fluidoterapia parenteral (solução de NaCl a 0,9%). No caso de hipercalemia severa

que causa bradiarritmias de risco de vida e parada atrial, considere uma terapia

agressiva, por exemplo, administração de bicarbonato de sódio ou sais de cálcio ou

insulina e dextrose intravenosa. Na acidose metabólica, considera-se uma terapia

com bicarbonato de sódio caso se encontre presente uma acidose severa (pH < 7,1).

Administre 25% de dose calculada intravenosa durante as primeiras 6 horas de

terapia se a concentração sérica de bicarbonato for < 12 mEq/l. A correção da

acidose o potássio extracelular retornando para interior das células, reduzindo

portanto a hipercalemia.

Deve-se tomar cuidado também com a hipotermia, corrigindo quando

necessário, e observar a hipoglicemia, administre dextrose a 50% (0,5 a 1,5 ml/kg,

intravenosa , lentamente) (SHERDING , 1998). Alguns estudos em animais

demonstraram que os corticóides, quando administrados às mães podem provocar

malformações fetais, pois os corticóides passam a barreira placentária

(pfizer.com.br/siteswww/g/files/g10016066/f/product_attachments/DepoMedrol_PS.p

df)

3.11.1 HIPOADRENOCORTICISMO CRÔNICA OU SUBAGUDA

O hipoadrenocorticismo secundário requer terapia com glicocorticóides, sendo

a sua dose diária aproximadamente 0,2 mg/kg de prednisona ou prednisolona é

suficiente na maioria dos cães, lembrando quando animal submentido ao um

estresse maior esta dose de ser aumentada. O hipoadrenocorticismo secundário

iatrogênico devido ao longo uso de glicorticóides deve-se retornar ao medicamento e

retirar aos poucos para que haja uma recuperação da função normal do eixo

hipotálamo-hipófise-adrenal, e testes de estimulação do ACTH podem ser usados

para uma nova avaliação (ETTINGER, 1998).

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4 RELATO DE CASO

Foi atendido, no dia 03 de março de 2016, na Clínica Veterinária Arca de Noé,

um animal da espécie canina, de nome Pascha, raça Maltês, com 4 anos e 3 meses

de idade e pesando 1,920 quilos.

Durante o atendimento o proprietário relatou que o cão tinha perdido peso,

estava apático, mostrava indisposição para exercícios físicos, anorexia e que vinha

tratando o animal com outro veterinário em Belo Horizonte mas como se mudou para

Curitiba procurou a clínica para a continuidade do tratamento.

No exame físico geral, constatou-se temperatura retal de 35,5 C, mucosas

hipocoradas, uma desidratação leve, TPC (tempo de preenchimento capilar) de 3,5

segundos, bradicardia, anorexia, hipoglicemia 32 mg, vomito, melena, letargia e

constatou-se alopecia na região lombo-sacral pelo seco e sem brilho (Figura 11).

(38o

FIGURA 11: Paciente Pacha

Após a anamnese e exames clínicos, solicitou-se exames complementares,

estes incluiram: hemograma completo e perfil bioquímico. Enquanto os resultados

dos exames não chegavam, realizou-se fluidoterapia, utilizando solução salina a

0,9% intravenoso e adicionado, um suporte vitamínico, glicose, omeprazol,

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ondasentrona e Ornitill, manteve ele aquecimento dentro de estufa. O paciente ficou

na clínica em observação do dia 03 ao dia 07 de março de 2016, solicitando o seu

retorno no dia 09 de março para novos exames.

O hemograma revelou, como se pode observar na tabela 3, anemia e

linfocitose.

Tabela 3 – Resultado do exame laboratorial de hemograma e bioquímico do

paciente Pascha, realizado pelo laboratório veterinário Pet Labor, no dia 03 de

março de 2016.

RESULTADOS VALOR DE REFERÊNCIA

ERITROGRAMA

Hemácias Hemoglobina Hematócrito V.C.M. H.C.M C.H.C.M

49.0 Milh/mm3 10.0 g/dl 33.0 % 67.3 fl 20.4 pg 30.3 g/dl

5.5 – 8.5 12.0 – 18.0 37.0 – 55.0 60.0 – 77.0 19.5 – 24.5 31.0 – 36.0

LEUCOGRAMA

Leucócitos Segmentados Linfócitos Monócitos Eosinófilos Bastonetes Basófilos Plaquetas Proteina Plasmática

9.900 /mm3 60% 33% 04% 03% 0 % 0 % 445.000 /mm3 5.6 g/dl

6.000 – 17.000 60 – 77 12 - 30 3 – 10 2 – 20 0 – 4 0 – 1 200.000 – 800.000 6,0 – 8,0

BIOQUÍMICO

ALT (TGP) Creatinina Fosfatase Alcalina Glicemia Uréia AST (TGO) Cálcio Total Fósforo Gama GT Sódio Potássio

43.8 UI/L 1.0 mg/dl 26.3 UI/L 31.3 mg/dl 60.7 mg/dl 50.6 UI/L 9.4 mg/dl 7.4 mg/dl 2.0 UI/L 120.0 mmol/L 7.3 mmol/L

10 a 88 0,5 a 1,5 20 a 156 60 a 120 15,0 a 59,0 10 a 43 9 a 11,3 2,5 a 6.65 1.0 – 16.4 140 a 154 3.7 – 5.8

Com os resultados dos exames clínicos, hemograma e bioquímico, levantou a

suspeita de hipoadrenocorticismo, e foi decidido pela dosagem baixa de sódio

(hiponatremia) (120 mmol/L) e potássio alto (hipercalemia) (7.3 mmol/L), obtendo-se

uma relação sódio/potássio de 16.43. O teste de estimulação com ACTH foi

realizado para a confirmação do diagnóstico, o qual acusou concentração plasmática

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de cortisol anormalmente reduzida pós ACTH, confirmando o diagnóstico conforme a

tabela 4.

Tabela 4 – Resultado do exame de cortisol após estimulação por ACTH –

Radioimunoensaio (duas dosagens), realizado pelo laboratório Bionostic no dia 09

de março de 2016.

Resultado Valor de Referência

Cortisol Basal

Cortisol após estimulação (1 hora)

1,49 ng/ml

1,82 ng/ml

10,0 a 40,0

40,0 a 130,0

Hipoadrenocorticismo primário – As concentrações basal e pós ACTH de

cortisol são geralmente menor que 30 nmol/l, e hipoadrenocorticismo secundário a

resposta sérica de cortisol ao ACTH exógeno é grosseira, no entanto, as

concentrações pós ACTH de cortisol são geralmente maior que 79 nmol/l

(BIRCHARD, 1998).

4.1 TRATAMENTO

Como o resultado do exame, positivo para hipoadrenocorticismo, no dia 15 de

março, iniciou o tratamento.

Primeiro dia, recebeu solução fisiológica + predinisolona 0,44 mg = 1 ml Bid

No segundo dia foi alterado as medicações para predinisolona xarope 3

mg/ml 100 ml, na dose dê 1 ml a cada 12 horas uso contínuo.

O paciente teve boa resposta com uso do corticóide e recebeu alta no terceiro

dia. O paciente retornou para a cidade de Belo Horizonte dando continuidade com

outro médico veterinário.

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(FIGURA 12). Paciente canino após alta clínica.

4.2 – DISCUSSÃO

O paciente foi tratado inicialmente com fluidoterapia intravenosa, sendo o

fluído de escolha solução fisiológica (0,9%) para estabilizar o animal. O inicio rápido

da terapia é vital e o tratamento deve ser orientado para corrigir a hipotensão e

hipovolemia (FONTERRADA, 2001). Segundo (ETTINGER 2008), a administração

de solução de Ringer lactato, como pode ocorrer em caso sem diagnóstico claro,

geralmente não constitui problema, pois ela contém apenas 4mEq/L de potássio e

ainda ocorre diluição do potássio sérico. Na primeira hora foi aplicado 40 mL/kg/h,

ajustada de acordo com a resposta clínica do animal, após duas horas foi reduzida

para 5 mL/kg/h, junto a soro foi adicionado 0,4 ml de suporte vitamínico ¨Bionew¨,

protetor hepático 5 ml ¨Ornitil¨, ondasentrona 0,3 ml, omeprazol 0,14 mg e glicose

50% 2 ml. Como foi realizado um teste de glicemia na chegada do animal e o

resultado foi de hipoglicemia de 32 mg foi realizado bolus inicial, segundo (KLEIN,

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2010) a hipoglicemia deve ser tratada com bolus inicial de 0,5 a 1 mL/kg de solução

50% de dextrose por via endovenosa se sinais clínicos de hipoglicemia estiverem

presente, caso contrário, soluções de 2,5 a 5% podem ser utilizadas.

O paciente chegou, no dia 3 de março, as 9:00 horas sendo colocado no soro

as 10:00 horas permaneceu com o soro citado acima até as 19:00 horas, sendo

substituído por uma solução fisiológica (0,9%), no dia 4 de março foi administrado

via oral um suplemento vitamínico e fornecido água e ração em pasta, mas não

mostrou interesse pela comida. No dia 5 foi retirado do soro o apresentava bem e se

alimentava, sendo liberado no dia 7 de março Com o resultado do hemograma e

bioquímico, observou-se uma relação entre sódio e potássio indicando uma suspeita

de deficiência nas glândulas adrenais. No dia 09 de março realizou o exame de

cortisol após estimulação por ACTH, realizado pelo laboratório Bionostic o resultado

saiu no dia 15 de março, sendo positivo, iniciando o tratamento para

hipoadrenocorticismo. Segundo (KLEIN, 2010), o teste de ACTH deve ser feito antes

da administração de glicocorticóides, para que o resultado não sofram nenhum tipo

de interferência, por este motivo não foi aplicado glicocorticóides já que a suspeita

era de hipoadrenocorticismo. Hipoadrenocorticismo primário, as concentrações

basal e pós ACTH de cortisol são geralmente menor que 30 nmol/l, e

hipoadrenocorticismo secundário a resposta sérica de cortisol ao ACTH exógeno é

grosseira, no entanto, as concentrações pós ACTH de cortisol são geralmente maior

que 79 nmol/l (BIRCHARD, 1998), já ETTINGER diz que o teste de estimulação com

o ACTH não diferencia o hipoadrenocorticismo primário com o secundário.

Com o animal estabilizado iniciou o tratamento para hipoadrenocorticismo,

recebeu soro fisiológico + succinato de sódio de predinisolona 0,44 mg duas vezes

ao dia.Segundo (ETTINGER, 2008), tratamento com hidrocortisona possui efeitos

glico- e mineralocorticóides e, portanto, a terapia mineralocorticóides adicional não é

necessária, sendo o succinato de sódio de predinisolona ou a quantidade

equivalente da dexametasona uma escolha alternativa. Para um cão em choque, de

15 a 30 mg/kg de succinato sódio de predinisolona podem ser administrado por via

intravenosa ((PAPICH, 1996).

No segundo dia foi alterado as medicações para predinisolona xarope 3

mg/ml, na dose de 1 ml a cada 12 horas uso contínuo, segundo (ETTINGER, 2008),

a predinsona ou a prednisolona representa uma escolha ideal, por causa do baixo

custo e do fato de que os níveis sanguíneos são facilmente controlados. A dosagem

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recomendada é de aproximadamente 0,2 mg/kg/dia, embora um aumento de 2 a 10

vezes na dosagem seja necessário nos períodos estressantes, como esforço,

doença, trauma ou cirurgia. A falha em fornecer quantidades adequadas de

prednisona pode levar a persistência e piora de sinais como letargia, inapetência e

êmese (NELSON RW, 2006).

No terceiro dia de tratamento, o paciente teve uma boa resposta com o uso

de corticóide recebendo alta. O dono por mudança de cidade continua o tratamento

com outro médico veterinário.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o período de estágio curricular supervisionado, na Clínica Veterinária

Arca de Noé, pode-se aplicar os conhecimentos adquiridos durante o período de

graduação com a prática, colocando-se diretamente com a realidade do dia a dia do

médico veterinário. Da mesma maneira, o trabalho de conclusão de curso permite

maior aprofundamento na área científica, possibilitando assim maior experiência e

crescimento profissional.

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REFERÊNCIAS

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BIRCHAR, STEPHEN J., clínica de pequenos animais, São Paulo: Roca, 1998.