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  • UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARAN

    Faculdade de Cincias Biolgicas e da Sade

    Curso de Medicina Veterinria

    LETCIA ARAJO FERNANDES

    MUCOCELE SALIVAR EM CO MACHO REVISO DE LITERATURA E

    RELATO DE CASO

    CURITIBA

    2016

  • LETCIA ARAJO FERNANDES

    MUCOCELE SALIVAR EM CO MACHO REVISO DE LITERATURA E

    RELATO DE CASO

    Relatrio de estgio curricular apresentado ao curso de Medicina Veterinria da Faculdade de Cincias Biolgicas e da Sade da Universidade Tuiuti do Paran, como requisito parcial para obteno do ttulo de mdica veterinria. Orientador: Prof; AdjMilton Mikio Morishin Filho.

    CURITIBA 2016

  • Reitor

    Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

    Pr-Reitora Promoo Humana

    Prof. Ana Margarida de Leo Taborda

    Pr-Reitor

    Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos

    Pr-Reitora Acadmica

    Prof. Carmen Luiza da Silva

    Pr-Reitor de Planejamento

    Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos

    Diretor de Graduao

    Prof. Joo Henrique Faryniuk

    Secretrio Geral

    Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz

    Coordenador do Curso de Medicina Veterinria

    Prof. Welington Hartmann

    Supervisora de Estgio Curricular

    Prof. Elza Maria Galvo Ciffoni Arns

    Campus Barigui

    Rua Sydnei A Rangel Santos, 238

    CEP: 82010-330 Curitiba PR

    Fone: (41) 3331-7958

  • TERMO DE APROVAO

    Letcia Arajo Fernandes

    MUCOCELE SALIVAR EM MACHO Canis lupus failiaris REVISO DE

    LITERATURA E RELATO DE CASO

    Este trabalho de Concluso de Curso foi julgado e aprovado para obteno do ttulo de Mdico Veterinrio no Curso de Medicina Veterinria da Universidade Tuiuti do

    Paran.

    Curitiba, ____ de _______ de 2016.

    BANCA EXAMINADORA

    __________________________________________

    __________________________________________

    __________________________________________

    Prof. AdjMilton Mikio Morishin Filho

  • AGRADECIMENTOS

    Meus sinceros agradecimentos a todos que de alguma forma colaboraram

    para que a concluso deste trabalho fosse possvel. Agradeo minha famlia, em

    especial a minha me Ana que sempre fez o seu melhor por mim, o professor

    orientador Msc Milton Mikio Morishin Filho, pelo apoio e incentivo, a Universidade

    Tuiuti do Paran e aos meus professores que contriburam para a minha formao

    profissional.

  • APRESENTAO

    Este trabalho de Concluso de Curso, apresentado ao curso de medicina

    veterinria da Faculdade de Cincias Biolgicas e da Sade, da Universidade Tuiuti

    do Paran, como requisito parcial para a obteno do ttulo de mdica veterinria,

    composto pelo relatrio de estgio, onde so descritas as atividades realizadas

    durante o perodo de 1 de agosto a 21 de outubrode 2016, na CVE - PUC/PR,

    localizada no municpio de Curitiba, local de cumprimento do estgio curricular.

    Foram acompanhados e auxiliados 233 procedimentos cirrgicos no perodo, sendo

    que na especialidade de oncologia houveram mais casos cirrgicos. Foi descrito 1

    caso de mucocele salivar em um co macho, abordando primeiramente o

    atendimento clnico do paciente e posteriormente o tratamento definitivo que foi o

    cirrgico.

  • RESUMO

    O presente trabalho foi desenvolvido com a finalidade de relatar o estgio curricular realizado de 1 de agosto a 21 de outubro de 2016, em uma clnica veterinria escola no municpio de Curitiba/PR. Foi descrito 1 relato de caso de mucocele salivar em um co macho. A Mucocele salivar (sialocele, cisto salivar) uma coleo de saliva secretada por uma glndula ou ducto salivar lesionado que envolvida por tecido de granulao. As causas de mucoceles salivares raramente so identificadas, mas histricos de trauma brusco, corpos estranhos e siallitos podem sugerir a etiologia da doena (FOSSUM, 2014). O diagnstico da doena baseia-se no histrico do animal e no aumento de volume na regio afetada, com consistncia macia e ausncia de dor. A drenagem do liquido do local acometido, compatvel com a saliva sugerem a mucocele. No relato de caso deste trabalho o animal foi diagnosticado com mucocele salivar clinicamente em um primeiro momento e aps foi realizada a sialoadenectomia mandibular e sublingual monostomtica bilateral, sendo este o tratamento definitivo, aps o material foi encaminhado para histopatolgico e no houveram alteraes dignas de nota. Palavras-chave: Glndulas salivares, rnula, sialoadenectomia, sialoadenocentese

  • LISTA DE ABREVIATURAS

    bpm Batimentos por minuto

    BID Bis in die (a cada 12 horas)

    C - Grau Celsius

    CVE Clnica veterinria escola

    H Hora

    IM Intramuscular

    IV Intravenoso

    kg Kilograma

    ml Mililitro

    mg Miligrama

    mrm Movimentos respiratrios por minuto

    MPA Medicao pranestsica

    MVR Mdico veterinrio residente

    N - Nmero

    ND Normodipsia

    NQ Normoquesia

    NR Normorexia

    NU Normoria

    pH Potencial hidrognionico

    PUCPR Pontifcia Universidade Catlica do Paran

    PR - Paran

    OSH - Ovariosalpingohisterectomia

    SID Semel in die(a cada 24 horas)

    TID Ter in die(a cada 08 horas)

    TPC Tempo de preenchimento capilar

    VO Via oral

    % - Por cento

  • LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1 Tcnica utilizada para resseco das glndulas mandibular e sublingual. Mostrando a veia jugular, a glndula mandibular (rea pontilhada) e o local de inciso (rea tracejada) (a); Prolapso da glndula mandibular aps inciso de sua cpsula (b); Disseco da glndula sublingual profundamente ao msculo digstrico (c); Glndula sublingual afastada e ligada (d) ...........................................

    24

  • LISTA DE QUADROS

    QUADRO 1 Procedimentos realizados durante o estgioCVE PUCPR Curitiba/2016 ..............................................................................

    23

    QUADRO 2 Procedimentos realizados no centro cirrgico por

    especialidade cve PUCPR; Curitiba/2016 ...............................

    24

    QUADRO 3 Diviso dos pacientes atendidos no CVE PUCPR Curitiba/2016 por espcie e gnero sexual ................................

    26

  • SUMRIO

    1 INTRODUO........................................................................................... 11

    2 DESCRIO DO LOCAL DE ESTGIO................................................... 12

    2.1 Estrutura fsica e funcionamento................................................................ 12

    3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.............................................................. 15

    4 DESCRIO DA CASUSTICA ACOMPANHADA................................... 17

    5 REVISO DE LITERATURA MUCOCELE SALIVAR............................... 20

    5.1 Anatomia da glndula salivar .................................................................... 20

    5.2 Etiologia...................................................................................................... 21

    5.3 Diagnstico................................................................................................. 22

    5.4 Tratamento................................................................................................. 23

    6 RELATO DE CASO................................................................................... 25

    6.1 Mucocele salivar em co macho................................................................ 25

    6.1.1 Histrico e anamnese................................................................................ 25

    6.1.2 Exame fsico............................................................................................... 25

    6.1.3 Exames complementares........................................................................... 25

    6.1.4 Tratamento................................................................................................. 25

    7 TRATAMENTO CIRRGICO..................................................................... 27

    7.1 Preparo do paciente................................................................................... 27

    7.1.2 Descrio da tcnica cirrgica................................................................... 27

    7.1.3 Ps-operatrio............................................................................................ 28

    8 DISCUSSO.............................................................................................. 30

    9 CONCLUSO............................................................................................ 32

    REFERNCIAS.......................................................................................... 33

  • 11

    1 INTRODUO

    O estgio curricular uma disciplina realizada no ltimo semestre do curso

    de graduao, sendo um item obrigatrio para a concluso. Todo o conhecimento

    terico adquirido durante a formao, o acadmico coloca em prtica durante o

    estgio curricular, agregando conhecimentos e melhorando a sua habilidade prtica

    para que obtenha sucesso em sua vida profissional.

    um momento para desenvolver relacionamento interpessoal, pois estar

    em contato com mdicos veterinrios, proprietrios, estagirios e colaboradores do

    local, esse relacionamento tambm auxilia na formao profissional.

    O estgio foi realizado entre os dias 01 de agosto a 21 de outubro de 2016,

    totalizando 420 horas, na rea de clnica cirrgica de pequenos animais, na CVE,

    pertencente a PUC/PR, sob a superviso do professor Dr. Jorge Luiz Costa Castro.

    Este trabalho de concluso de curso tem como finalidade a apresentao do

    relatrio de estgio curricular obrigatrio, bem como o relato de um caso de

    mucocele salivar em um co macho.

  • 12

    2 DESCRIO DO LOCAL DO ESTGIO

    O local de estgio nomeado Clnica Veterinria Escola PUCPR (CVE-

    PUCPR), pertencente Pontifcia Universidade Catlica do Paran, localizada na

    cidade de Curitiba, Paran.

    A CVE-PUCPR oferece atendimentos a toda comunidade,

    disponibilizando atendimentos nas especialidades de alergologia, cardiologia,

    dermatologia, endocrinologia, nefrologia, neurologia, odontologia, oftalmologia e

    oncologia, alm de atendimento emergencial, procedimentos anestsicos e

    cirrgicos, servio de diagnstico por imagem e laboratorial.

    Os atendimentos clnicos, procedimentos anestsicos, procedimentos

    cirrgicos, diagnstico por imagem e diagnstico laboratorial so realizados pelos 12

    MRV, sendo eles entre nvel um e dois nas reas de clnica mdica, anestesiologia,

    clnica cirrgica, diagnstico por imagem e patologia clnica, sendo que algumas

    consultas so destinadas ao atendimento pelos professores especialistas das reas

    em dias de aula dos alunos da universidade.

    2.1 Estrutura fsica e funcionamento

    Na recepo, os proprietrios so recepcionados no balco onde realizam

    o cadastro, agendam procedimentos e retornos clnicos e cirrgicos e tambm

    aguardam nesta mesma sala na rea de espera serem chamados pelos MVR

    responsveis ou estagirios para os devidos setores de atendimento.

    A clnica conta com trs ambulatrios para atendimento clnico e um para

    atendimento clnico cirrgico e consultas pr-anestsicas, sendo este ltimo

    chamado de ambulatrio.

    A primeira abordagem ao paciente feita pela equipe de clnica mdica.

    Os casos em que a abordagem cirrgica necessria so encaminhados para

    consulta pr-cirrgica, onde o MVR junto com os estagirios de clnica cirrgica

    fazem a avaliao do animal e do continuidade ao caso.

    O local conta tambm com um ambulatrio para triagem, para

    atendimentos sem horrio marcado, se for emergncia o paciente encaminhado

  • 13

    para estabilizao ou procedimento cirrgico, se for urgncia ser atendido o mais

    breve possvel para no trazer maiores riscos a vida do animal. Se for apenas uma

    consulta de rotina, ou alguma doena que no oferea risco eminente de morte para

    o paciente o tutor agendar uma consulta para comparecer com dia e hora

    agendados. Alm destes, a clnica equipada com uma sala prpria para

    atendimentos emergenciais.

    As salas de internamento so divididas em internamento geral,

    internamento de felinos, sala de nutrio (onde so preparados os alimentos dos

    animais internados) e isolamento de animais com suspeita de doenas

    infectocontagiosas.

    O internamento ps-operatrio o local para onde se destinam os

    animais que passam por procedimentos cirrgicos e l permanecem at a alta

    cirrgica. Sendo assim, os pacientes de cirurgia so separados dos pacientes em

    internamento clnico geral. Neste internamento tambm permanecem todos os

    pacientes com complicaes ps-operatrias que necessitam de internamento,

    sendo que todos os procedimentos como curativos, medicaes e monitoraes

    constantes so realizados neste local. Os itens de utilidade veterinria e medicaes

    se encontram no dispensrio de itens veterinrios. As coletas de sangue so

    realizadas na sala especfica para este procedimento.

    Quanto ao setor de diagnstico por imagem, a CVE possui uma sala para

    realizao de exames e laudos ultrassonogrficos, onde tambm so realizados

    ecocardiodoppler, bipsia guiada e cistocentese guiadas por ultrassom.

    A clnica conta tambm com setor de quimioterapia. O setor de

    laboratrios conta com laboratrio de microbiologia, laboratrio de patologia clnica e

    laboratrio de anatomopatologia.

    A clnica possui uma sala de odontologia, sendo isolada do centro

    cirrgico devido ao nvel de contaminao.

    A sala de pr-operatrio dividida em duas salas, sendo que a primeira

    utilizada para realizao de exame fsico, medicao pr-anestsica e tricotomia. A

    segunda sala destinada a realizao do acesso venoso e em seguida o animal

    transferido para o centro cirrgico.

    Os vestirios so divididos em masculino e feminino. O centro cirrgico

    possui sala de esterilizao, sala de armazenamento de materiais esterilizados,

    expurgo, pia de paramentao e uma sala de ps-operatrio imediato, onde os

  • 14

    animais que passam por procedimentos cirrgicos so monitorados constantemente

    at a estabilizao para aps serem encaminhados para a sala de ps-operatrio.

    Por fim, a clnica possui dois centros cirrgicos onde ocorrem cirurgias

    simultaneamente.

    Alm destes, a clnica possui outros setores como espao para lavagem de

    gaiolas, trs auxiliares de limpeza, sala dos professores, hall dos alunos, sala de

    residentes, sala de colaboradores, central de resduos, central de gases medicinais e

    sala de aula onde acontecem seminrios, palestras, discusso de casos clnicos,

    reunies e atividades dos grupos de estudo.

  • 15

    3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

    Durante o perodo de estgio curricular, compreendido entre 01 de agosto

    de 2016 21 de outubro de 2016, o aluno acompanhou a rotina na rea de clnica

    cirrgica de pequenos animais juntamente com trs professores e trs residentes de

    clnica cirrgica sendo dois mdicos veterinrios residentes nvel dois, e um mdico

    veterinrio residente nvel um.

    As atividades eram divididas entre dois grupos de estagirios seguindo

    uma escala diria. No primeiro dia o grupo 1 auxiliava no centro cirrgico e no dia

    seguinte este mesmo grupo acompanhava as consultas ambulatoriais e era

    responsvel pelos cuidados no ps-operatrio, intercalando com o grupo 2. Os

    mdicos veterinrios residentes tambm seguiam uma escala intercalando entre si

    as atividades dentro do centro cirrgico e rotina ambulatorial.

    O estagirio tinha vrias responsabilidades como consultas cirrgicas,

    consultas de retorno cirrgico, triagem dos pacientes, realizar anamnese, exame

    clnico, confeccionar curativos e retirada de pontos, preencher fichas de

    atendimento, realizar tricotomia da rea cirrgica, realizar acesso venoso,

    instrumentar no centro cirrgico, auxiliar o cirurgio e/ ou apenas observar o

    procedimento, prestar assistncia ao paciente pr e ps cirrgico mantendo-os

    aquecidos, monitorao constante dos parmetros clnicos e mantendo o ambiente

    limpo, evitando infeces secundrias no paciente.

    Alm destas atividades o estagirio tambm pode acompanhar e auxiliar

    em exames de otoscopia, ultrassonografia, endoscopia, rinoscopia, coletas de

    sangue, procedimentos odontolgicos. As principais atividades realizadas pelo

    estagirio durante o estgio curricular em clnica cirrgica de pequenos animais est

    descrita no quadro 1.

  • 16

    Quadro 1 Procedimentos realizados durante o estgio CVE PUCPR;

    Curitiba/2016

    PROCEDIMENTOS N DE PROCEDIMENTOS

    Acesso venoso 40

    Auxilio em cirurgias 100

    Coleta de sangue 30

    Consulta 55

    Curativo 50

    Reconsulta 40

    Triagem 25

    Total: 340

    FONTE: PUCPR, 2016.

  • 17

    4. DESCRIO E CASUSTICA ACOMPANHADA

    Os animais primeiramente passam por atendimento na clnica mdica, e se

    necessrio, so encaminhados para procedimentos cirrgicos.

    Por ms, so realizados muitos procedimentos cirrgicos em vrias

    especialidades, os pacientes que passaram pelo centro cirrgico foram divididos por

    procedimento e especialidade, sendo na rea de oncologia que ocorreram mais

    procedimentos realizados (quadro02). No quadro 3 os pacientes atendidos foram

    divididos por espcie e gnero.

    Quadro 2 Procedimentos realizados no centro cirrgico do CVE PUCPR

    Curitiba/2016 por especialidade

    ESPECIALIDADE/ SISTEMA PROCEDIMENTO REALIZADO N DE

    PROCEDIMENTOS

    CIRURGIA GERAL

    Herniorrafia perineal

    Herniorrafia inguinal

    Herniorrafia umbilical

    Herniorrafia diafragmtica

    Lobectomia heptica parcial

    Laparotomia exploratria

    Sntese de ferida

    6

    4

    2

    1

    1

    5

    3

    ONCOLOGIA

    Criocirurgia

    Exrese de tumor vaginal

    Mastectomia

    Nodulectomia

    Exrese de tumor cutneo

    Bipsia de tumor cutneo

    Cirurgia reconstrutiva

    Hemimandibulectomia

    8

    3

    25

    10

    8

    4

    10

    1

    OFTALMOLOGIA Sepultamento da glndula 3

    plpebra

    Enucleao

    Correo de entrpio

    4

    1

    5

  • 18

    OTORRINOLARINGOLOGIA Tcnica de zeep

    Correo de hematoma aural

    Ablao total do conduto

    auditivo

    2

    2

    3

    ODONTOLOGIA Profilaxia + exodontia dentria

    Profilaxia dentria

    20

    10

    ORTOPEDIA

    Amputao de membro

    Amputao de dgito

    Bipsia ssea

    Colocefalectomia femoral

    Correo de luxao de patela

    Osteossntese de rdio e ulna

    Ostessntese de mandbula

    Reparao de ruptura de

    ligamento cruzado cranial

    2

    2

    2

    3

    5

    3

    1

    4

    SISTEMA REPRODUTOR DA

    FMEA

    OSH

    Ovariosalpingohisterectomia

    teraputica

    Cesrea

    10

    18

    3

    SISTEMA REPRODUTOR DO

    MACHO

    Orquiectomia eletiva

    Orquiectomia teraputica

    Penectomia

    15

    4

    2

    SISTEMA RESPIRATRIO Correo de estenose nasal

    Lobectomia parcial pulmonar

    Correo de prolongamento de

    palato

    2

    1

    1

    SISTEMA

    GASTROINTESTINAL

    Esofagotomia

    Gastrotomia

    Enterotomia

    enterectomia

    1

    2

    2

    1

  • 19

    SISTEMA GENITOURINRIO Uretrostomia

    Nefrectomia

    Cistotomia

    Cistostomia

    1

    2

    2

    3

    SISTEMA HEMOLINFTICO Esplenectomia 3

    TOTAL: 233

    FONTE: PUCPR, 2016.

    Quadro 3 Diviso dos pacientes atendidos no CVE PUCPR Curitiba/2016por

    espcie e gnero sexual

    ESPCIE MACHO FMEA N DE ANIMAIS

    CO 44 164 208

    GATO 10 15 25

    TOTAL: 54 179 233

    FONTE: PUCPR, 2016.

  • 20

    5 REVISO DE LITERATURA MUCOCELE SALIVAR

    Mucocele salivar (sialocele, cisto salivar) uma coleo de saliva secretada

    por uma glndula ou ducto salivar lesionado que envolvida por tecido de

    granulao. As causas de mucoceles salivares raramente so identificadas, mas

    histricos de trauma brusco, corpos estranhos e siallitos podem sugerir a etiologia

    da doena (FOSSUM, 2014).

    5.1 Anatomia da glndula salivar

    Os ces apresentam quatro pares de glndulas salivares maiores, e outras

    diversas glndulas chamadas de glndulas menores. As glndulas maiores esto

    localizadas bilaterais na regio da cabea, sendo elas partida, zigomtica,

    mandibular e sublingual monostomtica e polistomtica. J as menores so

    chamadas de lingual, labial, bucal e palatina, e se encontram em grande quantidade

    na cavidade oral. As glndulas maiores possuem seus ductos que desembocam na

    boca (KONIG, 2004).

    A glndula partida possui forma triangular e est situada prximo ao

    conduto auditivo nos ces. A zigomtica, tambm chamada de orbitria tem formato

    irregular, localiza-se prximo ao arco zigomtico e relaciona-se ao msculo

    masseter. A glndula mandibular ovide e encontra-se prxima ao osso hiide e

    parcialmente recoberta pela glndula partida. A ramificao do nervo facial corre na

    superfcie dorsocranial da glndula (ROZA, CORRA & GIOSO, 2013).

    A glndula sublingual monostomtica est em contato com a mandibular

    rostralmente a mesma, e ambas possuem contato ntimo em suas bordas

    rostroventrais, enquanto que a polistomtica consiste em vrios lbulos conectados

    e encontra-se abaixo da mucosa oral (WIGGS & LOBPRISE, 1997).

    As glndulas salivares so responsveis pela produo de saliva, a qual tem

    papel de iniciar a digesto enzimtica dos alimentos na cavidade oral no momento

    da mastigao, alm de regular o pH dos alimentos, umidificar, amaciar e formar o

    bolo alimentar tornando-o mais fcil a sua digesto (COLVILLE, 2010).

  • 21

    5.2 Etiologia

    A mucocele salivar, tambm chamada de sialocele consiste em acmulo de

    saliva no tecido subcutneo e causada por obstruo e/ou lacerao do ducto

    salivar ou lacerao das glndulas salivares. A causa pode ser de origem

    traumtica, siallitos ou corpo estranho, sendo trauma por briga a causa mais

    comum. Porm, muitas vezes a causa idioptica, no tendo conhecimento da

    origem (HEDLUND, 2007), e correspondem a cerca de 9% das afeces das

    glndulas salivares (ROZA, CORRA & GIOSSO, 2013).

    Os ces so mais acometidos em relao aos gatos (RAHAL et al., 2003), e

    a incidncia maior em ces machos no castrados (WILLARD, 2006). Andrade et

    al., (2011) relata que a incidncia de afeces das glndulas salivares em ces de

    0,3%. No existe predisposio racial, qualquer animal pode desenvolver a

    mucocele, porm a afeco tem sido relatada em ces das raas poodle, pastor

    alemo e dachshund (DUNNING, 2007; PIGNONI et al., 2009).

    Os siallitos consistem em estruturas mineralizadas que se formam nas

    glndulas salivares ou em seus ductos, constitudos por minerais, muco, bactrias e

    clulas epiteliais (MATSUMOTO et al., 2005; PIGNONI et al., 2009). Segundo

    Dunning (2007), a formao de siallitos rara em ces.

    Existem diferentes tipos de mucoceles, dependendo do local de acmulo de

    saliva. A mucocele cervical caracteriza-se por acmulo de saliva na regio

    intermandibular, na parte cranial da regio cervical. Tem como principal sinal clnico

    aumento de volume nesta regio com um aumento progressivo regular em regio

    cervical, podendo ser uni ou bilateral, no aderido e sim flutuante e flcido, com

    superfcie lisa e sem dor a palpao e inflamao. Inicialmente pode haver presena

    de inflamao e conseqentemente hipertermia (WILLARD, 2006; PEREIRA &

    MALM, 2011).

    J a mucocele sublingual, tambm conhecida como rnula, consiste no

    acmulo de contedo no tecido sublingual.Dificuldade na preenso de alimentos,

    movimentos anormais da lngua, presena de hemorragias e hematomas orais

    tambm esto associados mucocele sublingual (VISNIESKI, 2013).

    A mucocele zigomtica, caracterizada por aumento de volume na regio

    ventral ao globo ocular, podendo ocorrer como consequncia a afeco protruso da

    glndula terceira plpebra, exoftalmia e estrabismo divergente (COSTA et al., 2013).

  • 22

    Na mucocele farngea, ocorre o acmulo de saliva na regio da faringe

    podendo levar a obstruo das vias areas, neste caso o animal apresentar

    dispnia, sendo necessrio instituir terapia de emergncia (HEDLUND, 2007).

    5.3 Diagnstico

    Quando no possvel identificar o lado de origem da mucocele, coloca-se o

    animal em decbito dorsal e a saliva tende a regredir para o lado de origem, ou no

    trans-operatrio pode-se posicionar o animal em decbito lateral e realizar uma

    pequena inciso em estocada na mucocele, e inspecionar digitalmente para

    identificao do lado acometido (HEDLUND, 2007).

    O diagnstico baseado no histrico, anamnese, exame fsico e exames

    complementares, como, exame radiogrfico, ultrassonografia, sialografia e anlise

    do contedo puncionado (WILLARD, 2006). Quando realizado a sialoadenocentese

    o contedo pode apresentar liquido mucoso, viscoso, com colorao amarela

    sanguinolento sendo compatvel com saliva (HEDLUND, 2007).

    As alteraes laboratoriais so raras e ocasionalmente os animais podem

    apresentar leucocitose e neutrofilia devido inflamao aguda (DIAS et al., 2013). A

    hipoalbuminemia est relacionada disfuno heptica, m absoro, m nutrio

    ou perda protica (LOPES & BIONDO, 2009).

    A radiografia e ultrassonografia so indicadas em casos de sialolitase ou

    neoplasia, podendo ser utilizadas para diagnstico diferencial (KEALY &

    MCALLISTER, 2005). A sialografia consiste em radiografia contrastada aps injetar

    0,5 a 1,5 ml de contraste radiopaco no ducto da glndula salivar, podendo indicar

    qual lado foi acometido, porm este exame de difcil execuo, no sendo comum

    na rotina clnica (JAEDER et al., 2013).

    A mucocele salivar cervical pode ser confundida com outras afeces que

    cursam com aumento de volume no mesmo local (WILLARD, 2006). As sialodenites,

    neoplasia salivar, glnglios linfticos csticos ou neoplsicos e abscesso cervical so

    diagnsticos diferenciais. Os cistos e as neoplasias podem ser diferenciados da

    mucocele salivar com exame histopatolgico, onde possvel diferenciar o

    revestimento epitelial presente nos cistos do tecido de granulao presente nas

    mucoceles salivares, ou identificar tecidos neoplsicos. Pode ser associada a

  • 23

    radiografia de trax para pesquisa de metstase, quando a suspeita for neoplasia

    (HEDLUND, 2007; PIGNONI et al., 2010).

    5.4 Tratamento

    Pode optar-se por tratamento conservativo, que consiste em drenagem do

    contedo e uso de antiinflamatrios no esteroidais, porm a ocorrncia de recidiva

    alta (FISCH et al., 2008). Dunning (2007) citou que o tratamento baseado apenas

    em drenagem no eficaz, pois dentro de 48 horas houve recidiva em 42% dos

    animais presentes em seu estudo.

    O tratamento definitivo consiste em resseco das glndulas e ductos

    acometidos, para resoluo total da afeco. Nos casos em que as glndulas

    partida e zigomtica so acometidas, opta-se por resseco cirrgica das mesmas,

    e em casos de mucocele sublingual, faz-se a marsupializao da mucocele, que

    consiste em suturar o tecido de granulao na mucosa sublingual para drenagem de

    contedo salivar. Recomenda-se resseco da glndula sublingual monostomtica e

    da mandibular no lado acometido, pois ambas compartilham o ducto salivar da

    glndula sublingual monostomtica. E se no for possvel a identificao do lado

    acometido recomendada a resseco das glndulas sublinguais monostomticas e

    mandibulares bilaterais (ROZA, CORRA & GIOSO, 2013).

    Conforme descrito por Dunning (2007) identifica-se a glndula mandibular,

    faz-se a inciso de pele sobre a mesma, a cpsula tambm incisada, expondo a

    glndula. Faz-se a ligadura dos vasos que a irrigam e continua-se a disseco no

    sentido rostral, afastando o msculo digstrico expondo a glndula sublingual

    monostomtica, ligando-a e incisando-a para total remoo. O tecido subcutneo

    aproximado com fio absorvvel multifilamentar e a pele suturada com fio

    inabsorvvel monofilamentar.

    Os cuidados ps-operatrios consistem em manter a higiene do curativo,

    principalmente em casos onde o dreno de penrose posicionado para drenagem de

    seroma, e remov-lo em um perodo de 24 a 72 horas. As complicaes no so

    comuns, e o prognstico considerado excelente quando as glndulas acometidas

    so removidas, porm os seromas, infeces e recidivas podem ocorrer (HEDLUND,

    2007).

  • 24

    Figura 1 Tcnica utilizada para resseco das glndulas mandibular e sublingual. Vista

    lateral, mostrando a veia jugular, a glndula mandibular (rea pontilhada) e o local de

    inciso (rea tracejada) (a); Prolapso da glndula mandibular aps inciso de sua cpsula

    (b); Disseco da glndula sublingual profundamente ao msculo digstrico (c); Glndula

    sublingual afastada e ligada (d).

    FONTE: DUNNING, 2007.

  • 25

    6 RELATO DE CASO

    6.1 Mucocele salivar em co macho

    6.1.1 Histrico e anamnese

    Paciente canino, macho, sem raa definida, ntegro, com oito anos de idade,

    pesando treze quilos.

    O paciente chegou Clnica Veterinria Escola PUCPR apresentando

    aumento de volume submandibular com evoluo de 30 dias aps briga com outros

    ces na rua. O co vivia solto com outros animais, pois se tratava de um animal

    errante, no era vacinado e nem vermifugado. O responsvel relatou que

    disponibilizava gua, rao e cuidados veterinrios para o animal, o mesmo tambm

    relatou no ter administrado medicaes aps o incidente.

    6.1.2 Exame fsico

    Ao exame fsico, o animal apresentou frequncia cardaca de 145 bpm,

    frequncia respiratria 35 mrm, temperatura retal 38,6C, TPC em 1 segundo, pulso

    normal, mucosas normocoradas, normohidratado e linfonodos no reativos. No foi

    possvel a palpao dos linfonodos submandibulares devido ao grande aumento de

    volume na regio submandibular, sendo esta a nica alterao no exame fsico

    geral.

    6.1.3 Exames complementares

    Foi realizado hemograma completo e bioqumica srica, como resultado

    ocorreu linfopenia e hipoalbuminemia respectivamente, sem demais alteraes.

    6.1.4 Tratamento

    Suspeitando-se de mucocele salivar, foi realizada uma puno na regio

    submandibular utilizando agulha hipodrmica 40x12 e seringa de 20 ml, onde

  • 26

    visualmente o contedo drenado mostrou-se compatvel com saliva. Neste primeiro

    momento foram drenados 350 ml de saliva. Aps trs dias o animal realizou o

    retorno para consulta cirrgica e foram drenados 320 ml de contedo. O animal foi

    ento encaminhado para sialoadenectomia mandibular e sublingual monostomtica

    bilateral, sendo este o tratamento definitivo.

  • 27

    7 TRATAMENTO CIRRGICO

    7.1 Preparo do paciente

    O paciente permaneceu em jejum alimentar e hdrico durante 12 horas at o

    momento da cirurgia. Aps a realizao do exame fsico, foi aplicado como MPA

    metadona 0,3 mg/kg/IM, aps alguns minutos foi realizada a tricotomia na regio

    submandibular, cervical cranial e no membro torcico para acesso venoso e

    colocao de um cateter nmero 18 para infuso de fluidoterapia com ringer lactato

    na taxa de 5ml/kg/h.

    Como antibioticoterapia profiltica foi utilizado cefalotina 30mg/kg/IV. Em

    seguida, o paciente foi encaminhado para a sala de cirurgia e para induo foi

    utilizado midazolan 0,1mg/kg/IV associado ao propofol 4mg/kg/IV, e intubao com

    sonda traqueal nmero 6. A manuteno da anestesia foi realizada com isoflurano

    vaporizado ao efeito. O paciente foi posicionado primeiramente em decbito lateral

    esquerdo para abordagem das glndulas mandibular e sublingual direita, onde foram

    marcadas as veias maxilar e sublingual, em seguida foi realizada a devida

    antissepsia local primeiramente utilizando lcool 70% de forma no estril, e aps

    duas aplicaes de lcool iodado e duas de iodopovidine de forma estril.

    7.1.2 Descrio da tcnica cirrgica

    Primeiramente, foi utilizado uma agulha 40x12, seringa de 60 ml e uma cuba

    rim para drenagem de contedo submandibular, onde foram drenados 360 ml de

    saliva, e ento, foi realizada uma inciso na regio da glndula mandibular direita,

    que se situa na bifurcao da veia jugular externa direita.

    A glndula mandibular direita foi exposta, sua cpsula foi incisada e o tecido

    granular foi exposto. A glndula foi ento pinada com uma pina anatmica e

    afastada para facilitar a remoo. Foram pinados os vasos sanguneos que irrigam

    e drenam a glndula mandibular, ramos da artria e veia auricular, e ligados com fio

    absorvvel multifilamentoso poliglactina 910 n 0. A disseco seguiu no sentido

    rostral, afastando o msculo digstrico, expondo o ducto mandibular e a glndula

    sublingual monostomtica. A glndula foi ento afastada, pinada e ligada com fio

    absorvvel multifilamentoso poliglactina 910 n 0 e, por ltimo, incisada obtendo-se

  • 28

    sua total remoo. Foi posicionado um dreno de penrose na regio da mucocele,

    realizando um tnel subcutneo com auxlio de uma pina hemosttica halsted entre

    o local de inciso cirrgica e a parte ventral caudal a mandbula. Foi realizada a

    aproximao dos tecidos subcutneos com sutura interrompida Sultan utilizando fio

    absorvvel monofilamentoso poliglecaprone n 2-0. Por ltimo, foi realizada a

    dermorrafia com fio inabsorvvel monofilamentoso nylon n 2-0.

    O animal foi reposicionado na mesa cirrgica em decbito lateral direito para

    acesso as glndulas mandibular e sublingual esquerdas, onde foram marcadas as

    veias maxilar e sublingual, sendo dessa forma a resseco bilateral, pois no foi

    possvel a identificao de qual lado as glndulas mandibulares e sublinguais

    monostomticas estavam acometidas.

    Aps exrese, as glndulas foram encaminhadas para exame

    histopatolgico, posteriormente o resultado do exame ficou pronto, e no houve

    evidncias de anormalidades teciduais diante do exame histopatolgico.

    7.1.3 Ps cirrgico

    Ao trmino da cirurgia, foi realizada uma bandagem no compressiva na

    regio dos pontos de pele e dreno para absoro do contedo do dreno e manter a

    ferida limpa livre de contaminaes. Aps alta anestsica, o paciente foi

    encaminhado para casa com prescrio medicamentosa de tramadol (analgsico)

    4mg/kg, VO, TID durante 5 dias, amoxicilina com clavulanato de potssio

    (antibitico) 22mg/kg, VO, BID, durante 10 dias, dipirona 25mg/kg (analgsico) VO,

    TID, durante 5 dias, meloxicam 0,1mg/kg (anti-inflamatrio no esteroidal) VO, SID,

    durante 3 dias e omeprazol 1mg/kg (protetor gstrico) VO, BID, durante 10 dias. Foi

    recomendado que o responsvel mantivesse o animal em restrio de espao,

    trocada bandagem no compressiva uma vez ao dia e uso de colar elizabetano 24h

    por dia at a retirada de pontos.

    Aps 24 horas o animal retornou ao CVE para avaliao ps-operatria. O

    responsvel relatou que o animal estava em timo estado geral, em NR, ND, NU e

    NQ. O animal apresentava sobra de pele e seroma que estava sendo drenado pelo

    dreno de penrose, apresentando secreo serosanguinolenta no curativo. Os pontos

    estavam ntegros e secos.

  • 29

    No quarto dia de ps-operatrio, o animal retornou a CVE novamente para

    retirar o dreno. O seroma havia diminudo e a sobra de pele tambm devido

    retrao da mesma. Os pontos mantinham-se ntegros e secos. O paciente estava

    NR, ND, sem dificuldades e o responsvel estava satisfeito com a diminuio rpida

    do volume submandibular. Foi orientado continuar com o curativo dirio at a

    retirada de pontos para facilitar a remoo total do seroma.

    Aps 14 dias do procedimento cirrgico o paciente voltou para retirada de

    pontos, o mesmo estava em timo estado geral, sem mais alteraes, em NR, ND,

    NU e NQ. O acmulo de seroma na regio submandibular estava totalmente

    ausente, a pele estava quase totalmente retrada e os pontos encontravam-se

    ntegros, com presena de ulcerao no lado esquerdo devido prurido local, sendo

    assim foi pescrito sulfadiazina de prata/BID/ via tpica por 10 dias. Ao final do 14

    dia foi alcanado o objetivo final da cirurgia, e o animal recebeu alta cirrgica.

  • 30

    8 DISCUSSO

    Quando no possvel identificar o lado de origem da mucocele, coloca-se o

    animal em decbito dorsal e a saliva tende a regredir para o lado de origem

    (HEDLUND, 2007). Neste caso no foi possvel, pois o volume de saliva era muito

    intenso, optou-se por fazer a exciso bilateral das glndulas mandibular e sublingual

    monostomtica.

    O paciente relatado apresentou mucocele cervical, sendo o aumento de

    volume nesta regio a queixa principal, com ausncia de dor, assim como citado na

    literatura, onde os animais apresentam-se geralmente com esse aumento

    progressivo regular, podendo ser uni ou bilateral, no aderido e sim flutuante e

    flcido, com superfcie lisa, sem dor a palpao e sem inflamao (WILLARD, 2006;

    PEREIRA & MALM, 2011).

    As alteraes laboratoriais so raras e ocasionalmente os animais podem

    apresentar leucocitose e neutrofilia devido inflamao aguda (DIAS et al., 2013).

    Neste caso, foram solicitados exames pr-operatrios hemograma completo e

    anlises bioqumicas.

    Foi observado linfopenia no exame bioqumico, os esterides podem levar a

    diminuio dos linfcitos por causarem a sua redistribuio, portanto a linfopenia

    pode estar associada ao estresse, devido liberao de cortisol endgeno em

    situaes que causam desconforto aos animais, como estar em um ambiente

    desconhecido, e devido ao estresse na conteno para coleta de material (SILVA et

    al., 2008). No caso do paciente, a linfopenia provavelmente ocorreu devido ao

    estresse, pois no havia uso de medicamentos esterides. Mas no pode-se

    descartar acometimento por alguma doena infecciosa, pois trata-se de um animal

    errante que no possui acompanhamento por um mdico veterinrio.

    A hipoalbuminemia est relacionada disfuno heptica, m absoro, m

    nutrio ou perda protica (LOPES & BIONDO, 2009). No caso do paciente relatado

    nesse caso clnico a hipoalbuminemia pode ser explicada pelo fato de se tratar de

    um animal de rua, pois provavelmente no possui uma alimentao balanceada.

    Devido as condies financeiras do responsvel optou-se por no realizar

    exames de imagem, pois com histrico de briga, exame fsico com aumento de

    volume na regio submandibular, ausncia de dor e puno do contedo compatvel

  • 31

    com saliva ao exame visual. Concluiu-se que tratava-se de mucocele salivar, e no

    neoplasia (LOPES & BIONDO, 2009). Posteriormente com resultado do exame

    histopatolgico pode-se concluir que tratava-se de mucocele salivar, pois no

    haviam alteraes histopatolgicas compatveis com neoplasia

    Dunning (2007) citou que o tratamento baseado apenas em drenagem no

    eficaz apresentando taxa de falha de at 42%. Foi possvel observar a falha do

    tratamento conservativo no presente relato pois dentro de 48 horas houve recidiva,

    mesmo aps mais 2 punes posteriores, no foi possvel evitar o procedimento

    cirrgico.

    Seromas, infeces e recidivas podem ocorrer (HEDLUND, 2007), assim

    como foi observado no caso relatado, porem em 14 dias j havia sido drenado e

    reabsorvido.

    Os cuidados ps-operatrios consistem basicamente em manter a higiene

    do curativo, principalmente em casos onde o dreno de penrose posicionado para

    drenagem de seroma, como no caso supracitado, e remov-lo em um perodo de 24

    a 72 horas (DUNNING, 2007).

  • 32

    9 CONCLUSO

    O estgio curricular foi de grande valia para a minha formao profissional,

    pude aprender na prtica tudo o que foi ministrado em aulas tericas.

    No caso relatado por se tratar de um co macho e inteiro, a predisposio

    para o acometimento da afeco est de acordo com a literatura, pois em histricos

    de briga com outros animais pode ocorrer leso das glndulas salivares atravs da

    mordedura em regio cervical principalmente.

    O diagnstico clnico preconizado, se realizado precocemente o

    prognstico excelente, como ocorreu neste relato de caso, a doena foi

    diagnosticada com acurcia e a exciso das glndulas sublinguais monostomticas

    e mandibulares bilateral foi realizada, no sendo prejudicial ao paciente pois as

    outras glndulas salivares continuaro a produzir saliva.

    O tratamento conservativo pode ser realizado,mas o tratamento definitivo o

    cirrgico, o qual foi institudo para o paciente citado neste trabalho.

  • 33

    REFERNCIAS

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