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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PPGTA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA DE ALIMENTOS NÍVEL MESTRADO ACADÊMICO FRANCIELE LEILA GIOPATO VIELL OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE AMIDO DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) MODIFICADO COM ÁCIDO TARTÁRICO DISSERTAÇÃO CAMPO MOURÃO 2015

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PPGTA – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA DE

ALIMENTOS

NÍVEL MESTRADO ACADÊMICO

FRANCIELE LEILA GIOPATO VIELL

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE AMIDO DE MANDIOCA (Manihot

esculenta Crantz) MODIFICADO COM ÁCIDO TARTÁRICO

DISSERTAÇÃO

CAMPO MOURÃO

2015

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FRANCIELE LEILA GIOPATO VIELL

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE AMIDO DE MANDIOCA

(Manihot esculenta Crantz) MODIFICADO COM ÁCIDO TARTÁRICO

Dissertação apresentada ao programa de Pós

Graduação em Tecnologia de Alimentos da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná,

como parte dos requisitos para obtenção do

título de mestre em Tecnologia de Alimentos.

CAMPO MOURÃO

2015

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Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de

Alimentos

TERMO DE APROVAÇÃO

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE AMIDO DE MANDIOCA (Manihot esculenta

Crantz) MODIFICADO COM ÁCIDO TARTÁRICO

Por:

FRANCIELE LEILA GIOPATO VIELL

Essa dissertação foi apresentada às 14 horas, do dia 04 de maio de 2015, como

requisito para obtenção do título de Mestre em Tecnologia de Alimentos, Linha de Pesquisa

Processos Tecnológicos na Indústria de Alimentos, Programa de Pós-Graduação em

Tecnologia de Alimentos, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A candidata foi

arguida pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo assinados. Após

deliberação, a Banca Examinadora considerou o trabalho aprovado.

____________________________________________________________

Prof. Dr. Manuel Salvador Vicente Plata Oviedo (orientador)

____________________________________________________________

Prof. Dra. Marianne Ayumi Shirai

____________________________________________________________

Profa. Dra. Mônica Regina da Silva Scapim

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Dedico este trabalho à minha família, meus pais

Valdir e Elizabet, minhas irmãs, Gisele e Bruna

e em especial ao meu marido Eduardo pelo

amor e compreensão em todos os momentos da

minha vida!

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço imensamente a Deus por me proporcionar a oportunidade de

realizar mais uma etapa do meu sonho e por me amparar em todos os momentos difíceis me

dando forças para superar as dificuldades e me protegendo de todos os perigos enfrentados.

Agradeço a toda minha família, em especial meus pais Valdir e Elizabet, minhas

irmãs, Gisele e Bruna e ao meu marido Eduardo por todo incentivo, apoio, paciência,

compreensão e principalmente pelo amor dedicado a mim.

Ao Prof. Dr. Manuel Salvador Vicente Plata Oviedo pela orientação, confiança,

incentivo e pelos conhecimentos transmitidos a mim.

Agradeço a todos os professores do Programa de Pós Graduação em Tecnologia de

Alimentos, em especial ao Prof. Dr. Evandro Bona pelo apoio nas análises estatísticas e à

Profa. Dra. Marianne Shirai pelas palavras de incentivo e apoio.

Aos funcionários do Departamento de Tecnologia de Alimentos pelo auxilio durante o

desenvolvimento do trabalho.

Agradeço às minhas amigas Solange Fávaro, Francieli Cassia Simão Alves, Giseli

Cristina Pante e Vanessa Rodrigues por me aturarem na alegria e na tristeza - vocês são muito

especiais para mim! E aos amigos que tive a felicidade de conquistar durante o curso, Mariana

Oliveira, Larissa Rocha, Dayane Santos, Jorge Leonardo Sanchez, Ana Paula Molina e

Vanessa Fonseca por compartilharem os desabafos, pelo apoio e principalmente pela amizade.

Agradeço imensamente as alunas Jacqueline Florio Almeida e Daiane Pereira pelo

apoio nas análises.

À Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES) e à Fundação

Araucária pelo auxílio financeiro.

Aos membros da banca pela disposição e participação. E a todos que de alguma forma

contribuíram para a realização deste trabalho.

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RESUMO

As modificações químicas do amido nativo causam alterações estruturais na molécula do

polímero afetando suas propriedades físico-químicas o que os torna aptos para vários usos

industriais. O ácido tartárico é um ácido orgânico dicarboxílico que pode modificar

quimicamente a estrutura do amido e tem uso permitido em alimentos. Neste estudo, o amido

de mandioca foi modificado com ácido tartárico e o efeito da concentração do ácido (4,5 - 8,0

g.100g-1

) e do pH da reação (5,0 - 8,0) sobre as propriedades do amido foram avaliados

utilizando um planejamento experimental 22 centrado na face. As propriedades físico-

químicas, funcionais e propriedades da pasta foram determinadas. Também foram avaliados

os espectros no infravermelho com transformada de Fourier (FT-IR) e a morfologia dos

grânulos por microscopia eletrônica de varredura (MEV). A modificação reduziu a

viscosidade intrínseca e o teor de amilose à medida que se aumentou a concentração do ácido

e diminuiu o pH. Em pH 5,0, observou-se maior percentual de tartarato mono éster e maior

inchamento e solubilidade dos amidos. Em pH 6,5 e 8,0 a modificação causou a redução do

inchamento e solubilidade, o aumento da resistência ao congelamento-descongelamento e

houve melhoria nas propriedades de pasta (maior resistência térmica e mecânica). O FTIR

confirmou qualitativamente a esterificação do amido pelo aparecimento de bandas associadas

a grupos ésteres nos ensaios realizados em pH 5,0. A modificação não causou alterações

evidentes na morfologia externa dos grânulos de amido como observado por MEV. Conclui-

se que o efeito da concentração do ácido sobre as propriedades do amido foi menor que o

efeito do pH onde menores valores de pH favorecem a reação de esterificação do amido e

valores de pH mais elevados favoreceram o intercruzamento.

Palavras chave: Modificação de amido, superfície de resposta, ácidos orgânicos,

intercruzamento, esterificação.

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ABSTRACT

The chemical modification of native starch cause structural changes in the polymer molecule

affecting their physic-chemical properties which make them suitable for various industrial

uses. Tartaric acid is an organic dicarboxylic acid which can chemically modify the starch

structure and its use is allowed in foods. In this study, the tapioca starch was modified with

tartaric acid and the effect of acid concentration (4.5 to 8.0 g.100g-1

) and the reaction pH (5.0

to 8.0) on the properties starch were evaluated using a 22 face-centered central composite

design. The physico-chemical properties, functional, and pasting properties were determined.

The infrared spectra Fourier transform (FT-IR) and the morphology of granules by scanning

electron microscopy (SEM) was also evaluated. The modification reduced the intrinsic

viscosity and the amylose contents with the increase of the acid concentration and decrease of

pH. At pH 5.0, there was a higher percentage of mono tartarate ester and higher swelling and

solubility of starches were observed. At pH 6.5 and 8.0, the modification caused a reduction

in the swelling and solubility, increased resistance to freeze-thaw and improvement in the

pasting properties (increased thermal and mechanical resistance). FT-IR confirmed

qualitatively the esterification of starch by the appearance of bands attached to ester groups in

the tests performed at pH 5.0. The modification did not cause obvious changes in the external

morphology of the starch granules as observed by MEV. It was possible to conclude that the

effect of acid concentration on the properties of the starch was less than the effect of pH

where lower pH values favor the esterification of starch and higher pH values favor the cross-

linked.

Keywords: Starch modification, response surface, organic acids, cross-linked, esterification.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Estruturas químicas da amilose e amilopectina ........................................................ 15

Figura 2. Representação esquemática do grânulo de amido mostrando a estrutura das

moléculas (amilose e amilopectina) formando regiões amorfas e cristalinas .......................... 16

Figura 3. Estrutura química do ácido tartárico ......................................................................... 19

Figura 4. Reação do amido nativo com ácido tartárico ............................................................ 20

Figura 5. Curva de contorno para a viscosidade intrínseca do amido modificado com ácido

tartárico em função da concentração de ácido e do pH. ........................................................... 28

Figura 6. Curva de contorno para o teor de amilose do amido modificado com ácido tartárico

em função da concentração de ácido e do pH. ......................................................................... 30

Figura 7. Curva de contorno para o percentual de tartarato mono éster do amido modificado

com ácido tartárico em função da concentração de ácido e do pH........................................... 31

Figura 8. Poder de inchamento (A) e solubilidade (B) dos amidos em diferentes temperaturas.

.................................................................................................................................................. 32

Figura 9. Estabilidade ao congelamento-descongelamento dos géis de amido de mandioca

nativo e modificado com ácido tartárico. ................................................................................. 34

Figura 10. Perfis de viscosidade do amido nativo e modificados com ácido tartárico............. 37

Figura 11. Curva de contorno para Va45 do amido modificado com ácido tartárico em função

da concentração de ácido e do pH. ........................................................................................... 39

Figura 12. Curva de contorno para o setback do amido modificado com ácido tartárico em

função da concentração de ácido e do pH. ............................................................................... 40

Figura 13. Espectros no FT-IR do amido nativo e amidos modificados. ................................. 42

Figura 14. Micrografia dos grânulos de amido de mandioca nativo e modificados obtidos por

microscopia eletrônica de varredura (MEV) aumento de 1500x. ............................................. 44

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Níveis reais e codificados das variáveis estudadas no planejamento. ...................... 21

Tabela 2. Matriz de ensaio para o planejamento experimental com valores codificados e reais

(entre parênteses). ..................................................................................................................... 21

Tabela 3. Viscosidade intrínseca, teor de amilose e percentual de tartarato mono éster do

amido de mandioca nativo e modificado com ácido tartárico. ................................................. 27

Tabela 4. Propriedades de pasta do amido de mandioca nativo e modificado com ácido

tartárico. .................................................................................................................................... 36

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BD – Breakdown

CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada

FT-IR – Fourier Transform Infrared Spectroscopy

GS – Grau de Substituição

HCl – Ácido Clorídrico

ISO – International Organization for Standardization

MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura

NaOH – Hidróxido de Sódio

R2

ajustado – Coeficiente de determinação ajustado

SB – Setback

TMFS – Trimetafosfato de Sódio

Tp – Temperatura de formação de pasta

TPFS – Tripolifosfato de Sódio

UB – Unidades Brabender

Va45 – Viscosidade após 45 minutos a 95 °C

Vf – Viscosidade no final do período de resfriamento

Vm – Viscosidade máxima

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 12 2. OBJETIVO ........................................................................................................................... 14

2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 14 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 14

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 15 3.1 AMIDO ........................................................................................................................... 15 3.2 MODIFICAÇÃO DO AMIDO ....................................................................................... 17

3.2.1 Intercruzamento ....................................................................................................... 17

3.2.2 Esterificação ............................................................................................................ 18

3.3 APLICAÇÃO DE ÁCIDOS ORGÂNICOS NA MODIFICAÇÃO DO AMIDO ......... 18 3.3.1 Ácido tartárico ......................................................................................................... 19

4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 21 4.1 MATERIAL ................................................................................................................... 21 4.2 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL ......................................................................... 21

4.3 MODIFICAÇÃO DO AMIDO COM ÁCIDO TARTÁRICO ....................................... 22 4.4 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DOS AMIDOS .............................................. 22

4.4.1 Viscosidade intrínseca ............................................................................................. 22 4.4.2 Teor de amilose ....................................................................................................... 22

4.4.3 Teor de tartarato mono éster .................................................................................... 23

4.5 PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS AMIDOS ....................................................... 24 4.5.1 Solubilidade e poder de inchamento ........................................................................ 24 4.5.2 Estabilidade ao congelamento e descongelamento .................................................. 24

4.6 PROPRIEDADES DE PASTA ...................................................................................... 25 4.7 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE

FOURIER (FT-IR) ............................................................................................................... 25 4.8 MORFOLOGIA DOS GRÂNULOS DE AMIDO ......................................................... 25 4.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................................. 26

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 27 5.1 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DOS AMIDOS .............................................. 27

5.1.1 Viscosidade intrínseca ............................................................................................. 27

5.1.2 Teor de amilose ....................................................................................................... 28

5.1.3 Teor de tartarato mono éster .................................................................................... 30

5.2 PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS AMIDOS ....................................................... 31 5.2.1 Poder de inchamento e Solubilidade ....................................................................... 31

5.2.2 Estabilidade ao congelamento-descongelamento .................................................... 34 5.3 PROPRIEDADES DE PASTA ...................................................................................... 35 5.4 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE

FOURIER (FT-IR) ............................................................................................................... 41 5.5 MORFOLOGIA DOS GRÂNULOS DE AMIDO ......................................................... 43

6. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 45 7. REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 46 ANEXOS .................................................................................................................................. 55

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1. INTRODUÇÃO

O amido é um polímero renovável que pode ser obtido a partir de várias fontes

botânicas (ZHANG et al., 2010) e é composto basicamente por dois polímeros de D-

glicopiranose, a amilose e a amilopectina (DONA et al., 2010). No entanto, o amido nativo

possui algumas limitações como baixa resistência térmica e mecânica (WONGSAGONSUP et

al., 2014) e elevada tendência à retrogradação que restringem sua utilização em produtos

alimentícios (SINGH; KAUR; MCCARTHY, 2007).

Modificações químicas causam alterações estruturais na molécula do polímero

afetando suas propriedades físico-químicas o que os torna aptos para vários usos industriais.

O intercruzamento e a esterificação são exemplos de modificações químicas importantes

aplicadas a amidos. O intercruzamento proporciona ao amido principalmente estabilidade em

meio ácido e resistência à degradação térmica e mecânica, enquanto a esterificação

proporciona estabilidade contra a retrogradação (SINGH; KAUR; MCCARTHY, 2007).

Estudos recentes tem demonstrado que os ácidos orgânicos podem modificar

quimicamente as propriedades do amido nativo (XIE; LIU, 2004; BARCZYNSKA et al.,

2012; JOCHYM et al., 2012; CHIN; PANG; LIM, 2012). O uso de ácidos tais como cítrico

(REDDY; YANG, 2010; OLIVATO et al., 2012a; OLIVATO et al., 2012

b; MENZEL et al.,

2013), málico (YUN; NA; YOON, 2006; OLIVATO et al., 2012a) e tartárico (YUN; NA;

YOON, 2006; YUN; YOON, 2010; OLIVATO et al., 2012a; OLIVATO et al., 2013) também

têm sido investigado em filmes a base de amido como compatibilizante, a fim de promover a

esterificação e/ou o intercruzamento entre os polímeros.

Ácidos orgânicos são encontrados naturalmente na natureza ou podem ser produzidos

em grande escala, principalmente por processos biotecnológicos (MAJZOOBI; BEPARVA,

2014). O ácido tartárico, um ácido orgânico muito utilizado na indústria de alimentos na

preparação e preservação de alimentos (TEACĂ; BODÎRLĂU; SPIRIDON, 2013), por ser um

ácido dicarboxílico pode promover a esterificação do amido pela substituição das hidroxilas

livres da molécula de amido por grupos carboxílicos do ácido (CHIN; PANG; LIM, 2012) e

estes novos grupos (ésteres) representam pontos reativos potenciais para as reações de

intercruzamento (OLIVATO et al., 2012a).

De acordo com Kaur et al. (2012), a modificação do amido é um processo contínuo,

pois há inúmeras possibilidades e um enorme mercado para as novas propriedades funcionais

e de valor agregado resultantes dessas modificações. Entretanto, segundo os autores, os

desafios envolvidos na modificação do amido envolvem uma modificação segura ao

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consumidor e que não agrida o meio ambiente. E em contraste com outros reagentes químicos

utilizados na modificação do amido, como por exemplo, o óxido de propileno, o ácido

tartárico é considerado seguro, uma vez que não deixa resíduos tóxicos e está incluído como

aditivo em muitos produtos alimentares.

Como relatado anteriormente, muitas pesquisas avaliaram a utilização do ácido

tartárico em filmes a base de amido (YUN; YOON, 2010; OLIVATO et al., 2012a;

OLIVATO et al., 2013), no entanto, poucos estudos foram realizados para avaliar a aplicação

deste ácido na modificação química do amido.

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2. OBJETIVO

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo do trabalho foi modificar o amido de mandioca com ácido tartárico e

avaliar o efeito da modificação sobre suas propriedades.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Modificar quimicamente o amido de mandioca promovendo a esterificação e/ou o

intercruzamento do amido de mandioca utilizando ácido tartárico;

Avaliar as propriedades físico-químicas, funcionais, propriedades de pasta e a

morfologia do amido modificado.

Avaliar o efeito da concentração de ácido e do pH da reação sobre a viscosidade

intrínseca, teor de amilose, conteúdo de tartarato mono éster e propriedades de pasta

do amido, utilizando planejamento experimental;

Investigar as melhores condições para a modificação do amido e estabelecer modelos

matemáticos que correlacione as respostas obtidas com as variáveis significativas

empregando a metodologia de superfície de resposta.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 AMIDO

O amido é um polissacarídeo enzimaticamente produzido pelas plantas como fonte de

energia, sendo armazenado nas células de sementes, raízes e tubérculos na forma de grânulos

(CEREDA; FRANCO, 2001). Os grânulos são partículas semicristalinas que apresenta

tamanho (0,1 a 200 µm) e forma (redondo, oval, poliédrico) que varia com a origem botânica

(BEMILLER, WHISTLER, 2009).

Independente da fonte botânica, o grânulo de amido é quimicamente composto por

dois polímeros de D-glicopiranose, a amilose e a amilopectina (Figura 1) (DONA et al.,

2010). A amilose, essencialmente linear, é formada por unidades de α-D-glicopiranosil

ligadas em α-(1,4), com poucas ligações α-(1,6) (<0,5%) nos pontos de ramificação

(BULÉON et al., 1998). Por possuir uma conformação helicoidal a amilose pode interagir

com o iodo para formar o complexo de inclusão, que tem uma cor azulada característica

(ZHU, 2014). A amilopectina é formada por cadeias de α-D-glicopiranose unidas em α-(1,4),

sendo altamente ramificada, com 5-6 % das ligações em α-(1,6) (BULÉON et al., 1998).

Figura 1. Estruturas químicas da amilose e amilopectina

Fonte: Modificado de Chin, Pang e Lim (2012).

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Os grânulos de amido nativo são parcialmente cristalinos, onde as cadeias da amilose e

os pontos de ramificação da amilopectina dão origem às regiões amorfas, e a amilopectina,

organizada em dupla hélice, representa o principal componente da região cristalina (Figura 2)

(BLAZEK; GILBERT, 2011). A cristalinidade do amido pode ser medida através de difração

de raios-X, que conforme a fonte botânica exibem modelos de difração característicos do tipo

A, B ou C. Estes modelos refletem a diferença no empacotamento da amilopectina na forma

de dupla hélice, principalmente (COSTA, 2010). A cristalinidade do tipo A ocorre na maioria

dos cereais (milho, trigo e arroz) e a cristalinidade do tipo B é típica de tubérculos, como a

batata, e amidos de cereais ricos em amilose (BEMILLER, WHISTLER, 2009). A estrutura

do tipo C, que é uma mistura dos padrões A e B, é característica dos amidos de leguminosas

como ervilha e feijão (THOMAS; ATWELL, 1997; BULÉON et al., 1998).

Figura 2. Representação esquemática do grânulo de amido mostrando a estrutura das moléculas (amilose

e amilopectina) formando regiões amorfas e cristalinas

Fonte: Modificado de Vandeputte e Delcour (2004).

A mandioca é uma das principais fontes mundiais de produção industrial de amido

(DAVIS et al., 2003). Ela é uma das culturas alimentares mais importantes e o Brasil é um

dos maiores produtores mundiais ocupando o quarto lugar, ficando atrás apenas da Nigéria,

Indonésia e Tailândia (CONAB, 2013). Como descrito em Olomo e Ajibola (2003) o

conteúdo de amido na raiz de mandioca pode atingir até 80% do peso seco da raiz.

Em 2013, a produção nacional de amido de mandioca nativo foi de, aproximadamente,

474 mil toneladas, sendo o estado de Paraná o maior produtor, com 333,36 mil toneladas,

representando mais de 70% do total nacional (CEPEA, 2014). Pesquisas do Centro de

Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) indicam que em 2013 os maiores

consumidores de amido de mandioca foram os atacadistas (24,3%), seguido das indústrias de

massas, biscoitos e panificação (21,3%) e frigoríficos (16,7%) (CEPEA, 2014).

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3.2 MODIFICAÇÃO DO AMIDO

O amido é amplamente utilizado na indústria alimentícia, entretanto as condições de

processamento dos alimentos como temperatura elevada, baixo pH e pressão restringem sua

utilização na forma nativa. De acordo com Zhu (2014) a modificação do amido nativo é uma

alternativa para superar estas limitações, diversificando sua estrutura e funcionalidade para

atender a diversas aplicações.

A estrutura do amido nativo pode ser modificada por métodos físicos, químicos,

enzimáticos ou por meios genéticos (DIAS et al., 2011; BENINCA et al., 2013). A

modificação química, largamente utilizada, geralmente envolve a oxidação, eterificação,

esterificação ou intercruzamento dos grupos hidroxilas disponíveis nas unidades α-D-

glicopiranosil do polímero (CHIU; SOLAREK, 2009).

3.2.1 Intercruzamento

A reticulação ou intercruzamento interliga as moléculas de amido por meio de ligação

covalente, aumentando seu peso molecular e melhorando suas propriedades mecânicas

(DASTIDAR; NETRAVALI, 2012). Esta modificação é geralmente realizada por tratamento

de amidos com reagentes capazes de formar ligações éter ou éster entre os grupos destas

moléculas (MANOI; RIZVI, 2010) em localizações aleatórias nos grânulos

(WONGSAGONSUP et al., 2014). Os reagentes podem ser qualquer produto químico

contendo dois ou mais grupos funcionais capazes de reagir com, pelo menos, dois dos grupos

hidroxila da molécula de amido promovendo uma ligação desses grupos (LUO et al., 2009;

OLSSON et al., 2013). Fatores importantes na reação como tempo e temperatura de reação,

composição química e concentração do reagente e pH devem ser considerados (GARCIA et

al., 2009).

Muitos agentes de reticulação estão autorizados para fins alimentares tais como

trimetafosfato de sódio (TMFS), tripolifosfato de sódio (TPFS), oxicloreto de fósforo e uma

mistura de ácido adípico e de anidrido acético (WONGSAGONSUP et al., 2014), sendo os

dois primeiros os mais utilizados. O intercruzamento proporciona ao amido maior estabilidade

contra a acidez, a degradação térmica e ao cisalhamento (SINGH; KAUR; MCCARTHY,

2007). E segundo Chiu e Solarek (2009) o intercruzamento ainda reforça a ligação entre as

cadeias de amido, restringindo o inchaço, a solubilidade dos grânulos e a mobilidade das

moléculas de polímero.

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3.2.2 Esterificação

A esterificação é um método muito utilizado para introduzir diferentes grupos laterais

na molécula de amido (GENG et al., 2010) alterando suas propriedades térmicas e mecânicas

(TEACĂ; BODÎRLĂU; SPIRIDON, 2013). Em função do nível destes grupos laterais

introduzidas na molécula, o amido esterificado é classificado em baixo e alto grau de

substituição (GS). Segundo Yadav et al. (2007) o GS é definido como o número de grupos

hidroxila substituída por unidade D-glucopiranosil do polímero de amido. Uma vez que cada

unidade de D-glicose possui três grupos hidroxila reativa, o valor máximo possível do GS é

três.

A esterificação do amido pode ocorrer com anidrido acético, acetato de vinila,

anidrido adípico e anidrido octenilsuccínico (SINGH; KAUR; MCCARTHY, 2007). De

acordo com Singh, Kaur e Mccarthy (2007) as principais características do amido esterificado

são baixa temperatura de gelatinização, maior resistência à retrogradação e claridade de pasta

mais elevada.

3.3 APLICAÇÃO DE ÁCIDOS ORGÂNICOS NA MODIFICAÇÃO DO AMIDO

Os ácidos orgânicos, incluindo lático, malônico, málico, acético, cítrico e tartárico são

encontrados naturalmente na natureza ou podem ser produzidos em grande escala,

principalmente por métodos biotecnológicos. Uma das aplicações mais importantes dos

ácidos orgânicos é na indústria alimentícia onde são adicionados como regulador de acidez,

agentes antimicrobiano ou aromatizante (MAJZOOBI; BEPARVA, 2014).

Estudos tem demostrado que ácidos orgânicos podem ser utilizados para modificar

quimicamente as propriedades funcionais do amido. O ácido cítrico, encontrado amplamente

em frutas cítricas (GHANBARZADEH; ALMASI; ENTEZAMI, 2011), tem sido utilizado em

filmes à base de amido para promover ligações cruzadas (reticulação) entre as cadeias do

amido e melhorar suas propriedades mecânicas (REDDY; YANG, 2010;

GHANBARZADEH; ALMASI; ENTEZAMI, 2011; MENZEL et al., 2013; OLSSON et al.,

2013; OLSSON et al., 2013b). Segundo Xie e Liu (2004) amidos de milho impregnados com

ácido cítrico (40%) com o pH regulado em 3,5 e umidade entre 5 a 10% quando aquecido a

temperaturas de 120-150 °C por 3-9 horas resultaram em amidos intercruzados com elevados

teores de amido resistente e resistentes a degradação mecânica e térmica.

A utilização de ácido málico como compatibilizante em filmes a base de amido

também tem sido investigada (OLIVATO et al., 2012a). Dastidar e Netravali (2012)

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estudaram a esterificação e reticulação do amido de milho e batata utilizando o ácido

malônico.

3.3.1 Ácido tartárico

O ácido tartárico (Figura 3) é um ácido orgânico dicarboxílico (MANI-LÓPEZ;

GARCÍA; LÓPEZ-MALO, 2012) que faz parte da composição de frutas como banana e

tamarindo (CHIN; PANG; LIM, 2012) e é o principal ácido das uvas e vinhos (MORENO,

PEINADO, 2012), onde sua concentração pode variar de 2 a 5 gramas por litro (SILVA;

ALVARES-RIBEIRO, 2002). É um dos ácidos orgânicos mais importantes e tem sido

amplamente aplicado na indústria a de alimentos (ZHANG; WANG; GAO, 2011) na

preparação e preservação de alimentos (TEACĂ; BODÎRLĂU; SPIRIDON, 2013).

Figura 3. Estrutura química do ácido tartárico

Fonte: YUN, NA e YOON, (2006).

Recentemente, a utilização do ácido tartárico tem sido investigada por diversos autores

na produção de filmes a base de amido a fim de melhorar a interação entre as fases

poliméricas e produzir filmes com melhores propriedades mecânicas (YUN; YOON, 2010;

OLIVATO et al., 2012a; OLIVATO et al., 2013). Yun e Yoon (2010) mostraram que a adição

de ácido tartárico melhorou as propriedades mecânicas de filmes produzidos à base de amido

e poli (álcool vinílico). Olivato et al. (2012) e Olivato et al. (2013) concluíram que a adição de

ácido tartárico contribuiu para a melhoria das propriedades mecânicas de filmes de amido/poli

(adipato co-tereftalato de butileno) por promover ligações cruzadas entre as cadeias

poliméricas.

Além disso, Jochym et al (2012) e Barczynska et al. (2012) utilizaram o ácido tartárico

(40%) na modificação de amido de batata e obtiveram dextrina ácida resistente a digestão

enzimática. Teacă, Bodîrlău e Spiridon (2013) estudaram a aplicação micropartículas de

amido modificado com ácido tartárico em filmes a base de amido contendo celulose, glicerol

e obtiveram filmes com melhores propriedades mecânicas. Chin, Pang e Lim (2012)

obtiveram nanopartículas de amido de sagu (Metroxylon sagu) esterificadas com ácido

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tartárico utilizando dimetilsulfóxido como solvente e 2-dimetilamina piridina como

catalizador.

Por ser um ácido dicarboxílico, o ácido tartárico pode promover a esterificação e/ou

reticulação do amido. A esterificação pode ocorrer por meio da substituição dos grupos

hidroxila livres da molécula de amido por grupos carboxílicos do ácido (CHIN; PANG; LIM,

2012), estes novos grupos representam pontos reativos potenciais para as reações de

reticulação (Figura 4) (OLIVATO et al., 2012a).

Figura 4. Reação do amido nativo com ácido tartárico

Fonte: Modificado de Chin, Pang e Lim (2012).

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 MATERIAL

O amido de mandioca, safra 2014, utilizado foi doado pela Pinduca Alimentos, Paraná,

Brasil. O ácido tartárico-L (Vetec, 99,0% de pureza), hidróxido de sódio (Vetec, 99,0% de

pureza) e ácido clorídrico (Isofar, 36,5%) foram utilizados para a modificação química do

amido.

4.2 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL

Para avaliar o efeito da concentração do ácido tartárico e do pH da reação sobre as

propriedades do amido de mandioca foi utilizado um planejamento fatorial 22

centrado na face

com 2 ensaios no ponto central. As variáveis avaliadas foram concentração de ácido tartárico

(X1) e pH da reação (X2) em dois níveis de variação. Os níveis reais e codificados das

variáveis estudadas no planejamento estão apresentados na Tabela 1. A Tabela 2 apresenta a

matriz de ensaios, onde, todos os ensaios do planejamento foram realizados aleatoriamente.

As respostas avaliadas, ou seja, as variáveis dependentes foram viscosidade intrínseca, teor de

amilose, percentual de tartarato mono éster e ainda, viscosidade da pasta após 45 minutos de

aquecimento a 95 °C e Setback (propriedades de pasta).

Tabela 1. Níveis reais e codificados das variáveis estudadas no planejamento.

VARIÁVEIS Níveis reais e codificados

-1 0 1

X1 Ca 4,5 6,25 8,0

X2 pHb

5,0 6,5 8,0 a Concentração de ácido tartárico (g de ácido por 100 g de amido nativo, b.s.)

b pH da reação de modificação

Tabela 2. Matriz de ensaio para o planejamento experimental com valores codificados e reais (entre

parênteses).

ENSAIO ORDEM

ALEATÓRIA C

a (X1) pH

b (X2)

1 8 -1 (4,5) -1 (5,0)

2 10 -1 (4,5) 1 (8,0)

3 9 1 (8,0) -1 (5,0)

4 7 1 (8,0) 1 (8,0)

5 6 -1 (4,5) 0 (6,5)

6 5 1 (8,0) 0 (6,5)

7 2 0 (6,25) -1 (5,0)

8 4 0 (6,25) 1 (8,0)

9 3 0 (6,25) 0 (6,5)

10 1 0 (6,25) 0 (6,5) a Concentração de ácido tartárico (g de ácido por 100g de amido nativo, b.s.)

b pH da reação de modificação

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O planejamento experimental centrado na face foi escolhido devido a limitação da

faixa de pH (variável X2) observada durante experimentos preliminares. Em pH menor que

5,0 o amido modificado apresenta características distintas aos outros amidos, impedindo a

avaliação dos efeitos das variáveis sobre as propriedades de pasta do amido.

4.3 MODIFICAÇÃO DO AMIDO COM ÁCIDO TARTÁRICO

Foi utilizada a metodologia de Xie e Liu (2004) com algumas modificações onde o

ácido cítrico foi substituído pelo ácido tartárico. O ácido tartárico (4,5 - 8,0 g.100g-1

de amido

nativo, conforme planejamento) foi dissolvido em 200 mL de água e o pH ajustado de acordo

com o planejamento experimental (5,0 - 8,0) com hidróxido de sódio (NaOH) 50% (m/v). A

solução foi misturada em 450 gramas de amido (b.s.) e a concentração de sólidos da mistura

foi regulada para 40% com adição de água destilada. Em seguida, a amostra foi condicionada

à temperatura ambiente por 6 horas para homogeneização. O amido foi colocado em estufa

com circulação de ar forçada a 50 °C para redução da umidade (≤ 5%) e em seguida moído

para homogeneização da granulometria. O amido seco e moído foi mantido por 6 horas na

estufa a 130 °C para a modificação. As amostras foram lavadas com água destilada (2 L) e o

pH regulado para 5,0. Os amidos lavados foram secos em estufa a 45 °C por 12 horas e

armazenados em recipientes plásticos herméticos.

4.4 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DOS AMIDOS

4.4.1 Viscosidade intrínseca

A determinação dos tempos de fluxos (segundos) do solvente NaOH 1,0 mol.L-1

e das

amostras dissolvidas (0,1 g.100 mL-1

) foi realizada utilizando um viscosímetro Cannon-

Fenske n. 50, mantido em banho térmico de água a 30 °C (Leach,1963). A viscosidade

intrínseca foi obtida por meio da Equação 1 de Solomon e Ciuta (1962). Onde, Ƞin

corresponde à viscosidade intrínseca (dL.g-1

), c a concentração da solução (g.dL-1

), Ƞsp a

viscosidade específica (dL.g-1

) e Ƞnr corresponde a viscosidade relativa (dL.g-1

).

(

) √ ( )

4.4.2 Teor de amilose

O teor de amilose foi determinado de acordo com método ISO 6647 (International

Organization for Standardization, 1987), usando como padrão de referência amido de

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mandioca de teor de amilose conhecido, anteriormente quantificado pelo próprio método.

Exatamente 100 mg de amido (b.s.) desengordurado (extração soxhlet com metanol 90% por

24 horas; Chrastil, 1987) foram transferidos para tubos de centrífuga e dispersos em 1 mL de

etanol 96% e 9 mL de NaOH 1 mol.L-1

. A dispersão foi aquecida em banho em ebulição por

10 minutos para gelatinização do amido. A solução foi resfriada e transferida

quantitativamente para um balão volumétrico de 100 mL, completando-se o volume com água

destilada. Uma alíquota de 1 mL da solução foi transferida para um balão volumétrico de 25

mL, e em seguida foram adicionados 0,25 mL de ácido acético 1 mol.L-1

e 0,5 mL de solução

de iodo 0,2% (0,2g Iodo /2,0 g Iodeto de potássio em 100 mL). O volume foi completado com

água destilada e após 20 minutos de repouso ao abrigo da luz a absorbância da solução foi

determinada a 620 nm. O mesmo procedimento foi utilizado para determinar a absorbância do

amido referência (18,432% de amilose). O teor de amilose foi determinado pela Equação 2 .

Onde, 18,243 refere-se ao teor de amilose do amido de mandioca referência, A1 é a

absorbância da solução de amido e A2 é a absorbância da solução do amido referência.

4.4.3 Teor de tartarato mono éster

Foi determinado pelo método de Smith (1967). Amostras de 30 g de amido foram

dispersas em 250 mL de solução de ácido clorídrico (HCl) 0,1 mol.L-1

e agitados por 30

minutos. As dispersões foram filtradas a vácuo e lavadas com água destilada até teste negativo

de íons cloreto com solução de nitrato de prata a 0,1% (m/v). Os amidos lavados foram secos

em estufa a 45 ˚C por 12 horas. Em seguida, 3 g (b. s.) do amido seco foram dispersos em 200

mL de água destilada. As dispersões foram colocadas em banho térmico fervente por 15

minutos para a gelatinização do amido. As dispersões foram resfriadas e tituladas com

solução padronizada de NaOH 0,1 mol.L-1

até pH 8,3. Foi realizado um teste branco ao

gelatinizar e titular amostra de amido nativo nas mesmas condições do amido modificado. O

teor de tartarato mono éster determinado pela Equação 3.

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Na equação, V1 corresponde ao volume de NaOH gasto na titulação da amostra, V2 ao

volume de NaOH gasto na titulação do branco, M a molaridade real da solução de NaoH e m

corresponde a massa, em gramas, de amostra (b.s.).

4.5 PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS AMIDOS

4.5.1 Solubilidade e poder de inchamento

O poder de inchamento e a solubilidade dos amidos foram determinados como descrito

por Leach, McCowen e Schoch (1959). Uma dispersão de amido foi preparada misturando 1,0

g de amido em 40 mL de água destilada em tubos de centrífuga, previamente tarados. A

dispersão foi agitada por 1 minuto em agitador de tubos e levada em banho térmico, com

agitação, por 30 minutos a temperaturas de 60, 70, 80 e 90 °C. Os tubos foram retirados do

banho, resfriados a temperatura ambiente e centrifugados por 10 minutos a 4677 G. O

sobrenadante foi seco em estufa a 105 °C por 24 horas, para determinação da massa de amido

solúvel (M1) e os tubos, contendo os grânulos de amido intumescidos foram pesados para

determinar a massa final intumescida (M2) e calcular o poder de inchamento dos grânulos de

amido. A solubilidade foi calculada pela relação da massa de amido solúvel e a massa inicial

de amido (Mi), em base seca (Equação 4). O poder de inchamento, expresso em g.100g-1

foi

obtido pela Equação 5.

4.5.2 Estabilidade ao congelamento e descongelamento

A estabilidade ao congelamento-descongelamento do amido foi medida usando o

método de Lee e Yoo (2011). Uma suspensão aquosa de amido (5 g.100 g-1

) foi aquecida a 95

°C com agitação constante durante 30 minutos e resfriada à temperatura ambiente. Em

seguida, 15 g do gel obtido foram transferidos para tubos de centrífuga que foram tampados

hermeticamente e submetidos sucessivos ciclos de congelamento e descongelamento

(congelamento a -18 °C por 24 horas e a descongelamento em banho térmico a 30 °C por 3

horas), seguido por centrifugação a 4677 G por 10 min. O sobrenadante eliminado a partir do

gel foi pesado para expressar a porcentagem de líquido separado por peso total da amostra no

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tubo, expresso em g.100g-1

. Neste estudo, quatro ciclos de congelamento-descongelamento

foram realizados.

4.6 PROPRIEDADES DE PASTA

As propriedades da pasta foram determinadas segundo a metodologia de Machado,

Araújo e Pereira (2010) utilizando um Viscoamilográfo Brabender modelo Viscograph-E

803302 do laboratório de controle de qualidade da empresa Pinduca Alimentos. As amostras

foram pesadas com base em 14% de umidade e misturadas em água destilada de forma a ter

suspensões com concentração de 6,5% (m/m). A temperatura inicial foi de 50 ºC. A solução

foi aquecida a uma taxa de 1,5 ºC por minuto, de 50 ºC até 95 ºC, permanecendo nessa

temperatura por 45 minutos, sendo em seguida resfriada até 40 ºC, sempre com agitação

constante, sendo utilizado cabeçote de 700 cm.gf de sensibilidade. Para avaliação das

propriedades do amido foram determinados os parâmetros de temperatura inicial da pasta

(Tp), viscosidade máxima (Vm), viscosidade após 45 minutos a 95 °C (Va45), viscosidade no

final do período de resfriamento (Vf), Breakdown (valor obtido pela diferença entre Vm e Va45)

e Setback (Vf - Va45).

4.7 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER

(FT-IR)

Os espectros dos amidos foram registados num espectrômetro de infravermelho com

transformada de Fourier (Shimadzu IR Affinity-1

) em um intervalo de comprimento de onda

de 4000-500 cm2. Antes do teste, as amostras foram mantidas a 105 °C por 48 horas para

remover a água umidade. Pastilhas de brometo de potássio (100 mg), padrão cromatográfico,

contendo 2 mg da amostra seca foram formatadas em uma prensa hidráulica manual aplicando

7 tonelada de força.

4.8 MORFOLOGIA DOS GRÂNULOS DE AMIDO

A morfologia dos grânulos de amido foi determinada em microscópio eletrônico de

varredura (Hitachi, TM 3000 Hitachi Tabletop Microscope, Tokyo) do laboratório de

alimentos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná campus de Ponta Grossa. O

potencial de aceleração foi de 5 kV e a observação foi feita em amostras de amidos

depositadas em uma fina camada sobre porta amostras de alumínio munidas de fita adesiva de

dupla face.

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4.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise estatística foi realizada utilizando o software STATISTICA 7.0 (Statsoft Inc.

2325 East 13th Street, Tulsa, OK, 74104, USA). Para avaliar o efeito das variáveis

independentes sobre as variáveis dependentes a metodologia de superfície de resposta foi

aplicada. A análise de variância foi utilizada a um nível de significância de 90% para avaliar a

adequação dos modelos que foram ajustados a partir da Equação 6.

(6)

Onde y é a resposta esperada, β0 é uma constante, β1, β2, β11 , β 22 e β 12 são os coeficientes da

regressão e X1 , X2, são os níveis de variáveis independentes.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DOS AMIDOS

Na Tabela 3 são mostrados os valores de viscosidade intrínseca, teor de amilose e

percentual de tartarato mono éster do amido nativo e dos amidos modificados com ácido

tartárico.

Tabela 3. Viscosidade intrínseca, teor de amilose e percentual de tartarato mono éster do amido de

mandioca nativo e modificado com ácido tartárico.

ENSAIO Cb

pHc Viscosidade

intrínseca (dL.g-1

) Amilose (%)

Tartarato mono

éster (%)

ANa - - 2,44

± 0,005 20,56

± 0,031 -

1 4,5 5,0 1,91 ± 0,019 19,51

± 0,048 0,188 ± 0,007

2 4,5 8,0 2,30 ± 0,007 20,38 ± 0,018 0,082 ± 0,001

3 8,0 5,0 1,82 ± 0,007 19,15

± 0,031 0,192 ± 0,009

4 8,0 8,0 2,19 ± 0,004 19,86

± 0,031 0,082 ± 0,001

5 4,5 6,5 2,18 ± 0,002 20,16

± 0,018 0,083 ± 0,001

6 8,0 6,5 2,01 ± 0,004 19,51

± 0,036 0,082 ± 0,002

7 6,25 5,0 1,89 ± 0,038 19,24

± 0,036 0,185 ± 0,008

8 6,25 8,0 2,24 ± 0,008 20,29

± 0,031 0,083 ± 0,001

9 6,25 6,5 2,11 ± 0,005 20,14

±0,036 0,081 ± 0,000

10 6,25 6,5 2,12 ± 0,007 20,16

± 0,031 0,082 ± 0,000

a Amido de mandioca nativo.

b Concentração de ácido tartárico (g de ácido por 100g de amido nativo, b.s.).

c pH da reação de modificação.

5.1.1 Viscosidade intrínseca

A viscosidade intrínseca é essencialmente uma medida da fricção interna ou

resistência ao deslocamento de moléculas poliméricas em solução (LEACH, 1963). Por estar

intimamente relacionada ao peso molecular dos polímeros permite avaliar a influência do

processo de modificação sobre a degradação da molécula de amido (PIETRZYK et al., 2014).

O valor de viscosidade intrínseca do amido de mandioca nativo foi de 2,44 dL.g-1

.

Valores semelhantes foram encontrados por Plata-Oviedo e Camargo (1999) (2,57 dL.g-1

),

Rocha, Carneiro e Franco (2010) (2,44 dL.g-1

) e Zambrano e Camargo (2001) (2,57 dL.g-1

).

Como pode ser notado (Tabela 3), a viscosidade do amido reduziu após a modificação,

passando de 2,44 dL.g-1

(amido nativo) para 1,83 dL.g-1

(ensaio 3) e que ambas as variáveis

estudadas (concentração de ácido e pH) apresentaram efeitos significativos (p≤0,10) sobre

esta redução.

O modelo quadrático ajustado e codificado para viscosidade intrínseca em função das

variáveis estudadas foi definido pela Equação 7. O coeficiente de determinação ajustado

(R2

ajustado) foi de 0,9878 mostrando que o modelo foi capaz de explicar 98,78% da

variabilidade dos dados.

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(7)

A curva de contorno para a viscosidade intrínseca é apresentada na Figura 5. Nota-se

que o aumento da concentração do ácido e a diminuição do pH reduz gradativamente a

viscosidade intrínseca. Menores valores foram notados nos ensaios 1 (1,91 dL.g-1

), 3 (1,82

dL.g-1

) e 7 (1,89 dL.g-1

) realizados em pH 5,0 e valores mais elevados foram observados nos

ensaios 2 (2,30 dL.g-1

), 4 (2,19 dL.g-1

) e 8 (2,24 dL.g-1

) que foram realizados em pH 8,0. O

aumento da concentração de ácido tartárico de 4,5 g.100g-1

g para 8,0 g.100g-1

, reduziu 0,125

dL.g-1

da viscosidade enquanto a diminuição do pH (de 8,0 para 5,0) reduziu 0,374 dL.g

-1,

comprovando que o pH exibe maior influência sobre a viscosidade intrínseca.

> 2,3

< 2,2

< 2,1

< 2

< 1,9 4,5 6,25 8,0

C (g/100 g)

5,0

6,5

8,0

pH

Figura 5. Curva de contorno para a viscosidade intrínseca do amido modificado com ácido tartárico em

função da concentração de ácido e do pH.

A redução da viscosidade intrínseca após a modificação pode estar relacionada à

hidrólise das macromoléculas do amido causada pela ação do ácido tartárico, que reduz a

massa molecular do polímero. Outros autores também relataram a diminuição da viscosidade

intrínseca após a modificação de amidos com ácidos orgânicos (PLATA-OVIEDO;

CAMARGO, 1999; MAJZOOBI; BEPARVA, 2014) e minerais (BERTOLINI; MESTRES;

COLONA, 2000; ABDORREZA et al., 2012; ELHAM; ABDORREZA, 2014).

5.1.2 Teor de amilose

Como é mostrado na Tabela 3, o amido de mandioca nativo apresentou 20,56% de

amilose, resultado semelhante ao relatado por Franco et al. (2010) que encontraram 20,47%.

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Embora, normalmente o amido de mandioca contenha de 17-20% de amilose

(BREUNINGER; PIYACHOMKWAN; SRIROTH, 2009) este percentual pode variar 15,7 a

21,7% dependendo do genótipo da planta (ALVARADO et al., 2013).

A modificação química do amido promoveu uma redução do teor de amilose (Tabela

3) onde a concentração de ácido e o pH apresentaram efeitos significativos (p≤0,10). O

modelo quadrático codificado para o teor de amilose em função da concentração de ácido e do

pH foi definido pela Equação 8. O efeito quadrático da concentração do ácido (não

significativo, p≥0,10) por apresentar p igual a 0,13 foi considerado e mantido no modelo. O

R2

ajustado para o teor de amilose foi de 0,9146, mostrando que ouve bom ajuste do modelo.

(8)

O teor de amilose dos amidos modificados variou de 19,15% a 20,38% (ensaios 3 e 2).

Nota-se que a modificação em condições mais drásticas (ensaio 3) promoveu uma redução de

1,41% do teor de amilose em relação ao amido nativo. A curva de contorno do teor de

amilose em função das variáveis estudadas (Figura 6) mostra que de maneira análoga a

viscosidade intrínseca, o aumento da concentração do ácido e a diminuição do pH reduz a

amilose de forma gradativa e que o efeito do pH (0,872) é mais significativo do que o efeito

da concentração do ácido (0,511) (Equação 8).

A amilose é amplamente distribuída nas regiões amorfas dos grânulos de amido

(JENKINS; DONALD, 1995), e segundo Hoover (2001) estas regiões são mais susceptíveis a

hidrólise ácida do que as regiões cristalinas. Com o ataque ácido ocorrendo preferencialmente

nas regiões amorfas, as cadeias de amilose são hidrolisadas em tamanhos menores, isso

dificulta sua complexação com o iodo e resulta na diminuição do seu teor.

A diminuição do teor de amilose mediante o tratamento ácido também foi observada

por outros autores (WANG; TRUONG; WANG, 2003; SANDHU; SINGH; LIM, 2007) que

igualmente atribuíram esta redução à hidrólise da região amorfa do grânulo causada pelo

ácido. Singh et al. (2011) avaliando os efeitos da modificação do amido de sorgo com ácido

clorídrico observaram uma redução do teor de amilose com o aumento da concentração do

ácido.

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30

> 20,2

< 20

< 19,8

< 19,4

< 19 4,5 6,25 8,0

C (g/100 g)

5,0

6,5

8,0

pH

Figura 6. Curva de contorno para o teor de amilose do amido modificado com ácido tartárico em função

da concentração de ácido e do pH.

5.1.3 Teor de tartarato mono éster

O teor de tartarato mono éster, mostrado na Tabela 3, variou de 0,081 a 0,192%

(ensaios 9 e 3), indicando que houve esterificação do amido (reação mostrada na Figura 4). A

reação de esterificação ocorre entre as hidroxilas livres da molécula de amido e os grupos

carboxílicos do ácido tartárico formando tartaratos mono éster (CHIN; PANG; LIM, 2012).

O modelo quadrático ajustado para o teor de tartarato mono éster em função das

variáveis estudadas foi definido pela Equação 9. O Rajustado foi de 0,9982 sugerindo que o

modelo é adequado para avaliar o comportamento dos dados.

O teor de tartarato mono éster foi decorrente principalmente da redução do pH. Como

pode se observado na Figura 6, valores mais elevados foram encontrados nos ensaios

realizados em pH 5,0 (1, 3 e 7), independente da concentração do ácido. A redução do pH de

8,0 para 5,0 aumentou aproximadamente 0,106 % do teor de tartarato mono éster (Equação 9).

Esses dados indicam que a mono esterificação do amido é preferencialmente catalisada em

meio ácido do que em pH ligeiramente alcalino.

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31

> 0,18

< 0,16

< 0,14

< 0,1

< 0,08 4,5 6,25 8,0

C (g.100 g-1)

5,0

6,5

8,0

pH

Figura 7. Curva de contorno para o percentual de tartarato mono éster do amido modificado com ácido

tartárico em função da concentração de ácido e do pH.

A modificação do amido de milho em meio ácido e baixa umidade (1%

aproximadamente) com ácido cítrico têm sido relatada por Xie e Liu (2004) e Ma et al. (2008)

para a obtenção de amidos intercruzados. Portanto, em pH 5,0 não poder ser descartada a

possibilidade do ácido tartárico, um ácido dicarboxílico, formar ligação éster dupla

intercruzando o amido de mandioca.

5.2 PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS AMIDOS

5.2.1 Poder de inchamento e solubilidade

A Figura 8 mostra o poder de inchamento e a solubilidade dos amidos nativo e

modificados. Para todos os amidos, o poder de inchamento e a solubilidade aumentaram com

o aumento da temperatura. O poder de inchamento é uma medida da capacidade de hidratação

dos grânulos. Quando o grânulo de amido é aquecido em excesso de água, sua estrutura

cristalina é rompida, devido à quebra das ligações de hidrogênio, e as moléculas de água

interagem com as hidroxilas da amilose e da amilopectina. Essa interação causa o inchamento

irreversível dos grânulos e parcial solubilização (HOOVER, 2001). Quanto maior a

temperatura, maior mobilidade das moléculas dentro do grânulo e consequentemente maior

penetração de água, facilitando o inchamento.

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32

Figura 8. Poder de inchamento (A) e solubilidade (B) dos amidos em diferentes temperaturas. Ensaio 1:

4,5 g/100 g de ácido e pH 5,0; Ensaio 1: 4,5 g de ácido/100 g de amido e pH 5,0; Ensaio 2: 4,5 g de

ácido/100 g de amido e pH 8,0; Ensaio 3: 8,0 g de ácido/100 g de amido e pH 5,0; Ensaio 4: 8,0 g de

ácido/100 g de amido e pH 8,0; Ensaio 5: 4,5 g de ácido/100 g de amido e pH 6,5; Ensaio 6: 8,0 g de

ácido/100 g de amido e pH 6,5; Ensaio 7: 6,25 g de ácido/100 g de amido e pH 5,0; Ensaio 8: 6,25 g de

ácido/100 g de amido e pH 8,0; Ensaio 9: g de ácido/100 g de amido e pH 6,5; Ensaio 10: 6,25 g de

ácido/100 g de amido e pH 6,5.

O amido de mandioca nativo mostrou valores de 22,90 g.g-1

de inchamento e 16,63%

de solubilidade a 90 °C (Figura 8), valores superiores foram encontrados por Nwokocha et al.

(2009) à 95 °C (31,28 g.100g-1

e 18,89 % respectivamente). Os perfis de inchamento e de

solubilidade indicam a organização e as forças de ligação no interior do grânulo de amido,

onde menores valores sugerem maior organização intra-granular (NWOKOCHA et al., 2009).

A partir de 70 °C, a modificação alterou significativamente os perfis de inchamento e

solubilidade dos amidos.

60 70 80 90

5

10

15

20

25

Inch

amen

to (

g.1

00g

-1)

Temperatura (°C)

Nativo

Ensaio 1

Ensaio 2

Ensaio 3

Ensaio 4

Ensaio 5

Ensaio 6

Ensaio 7

Ensaio 8

Ensaio 9

Ensaio 10

60 70 80 90

0

5

10

15

20

Nativo

Ensaio 1

Ensaio 2

Ensaio 3

Ensaio 4

Ensaio 5

Ensaio 6

Ensaio 7

Ensaio 8

Ensaio 9

Ensaio 10

So

lub

ilid

ade

(%)

Temperatura (°C)

A

B

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33

O inchamento e a solubilidade aumentaram nos ensaios 1, 3 e 7, os quais foram

modificadas em pH 5,0 e apresentaram maior percentual de esterificação (Tabela 3). De

acordo com Singh, Kaur, McCarthy (2007), a esterificação aumenta o poder de inchamento e

a solubilidade do amido. Na modificação do amido com ácido tartárico, os grupos hidroxilas

da molécula de amido podem reagir com os grupos carboxilas do ácido formando mono éster,

o grupo carboxílico livre se ioniza em solução formando íons carboxilato (COO-),

aumentando a solubilidade do amido (CHIN; PANG; LIM, 2012).

O aumento da solubilidade após o tratamento ácido, também pode ser atribuído ao

aumento das frações de baixo peso molecular. O ácido pode atacar as regiões amorfas do

grânulo (JENKINS; DONALD, 1995) hidrolisando as moléculas do amido, formando

fragmentos menores de baixo peso molecular, que por serem menores são mais solúveis. Esta

hidrólise é evidenciada pelos menores valores de viscosidade intrínseca (1,91, 1,82 e 1,89

dL.g-1

, ensaios 1, 3 e 7 respectivamente) observadas neste estudo após a modificação ácida

(Tabela 3).

Os ensaios 2, 4, 5, 6, 8, 9 e 10 exibiram menor poder de inchamento e solubilidade a

partir de 70 °C (Figura 8). Suspeita-se que nestas amostras tenha ocorrido uma reação de

intercruzamento entre o ácido tartárico e as hidroxilas do amido. É bem conhecido que o

intercruzamento reforça a ligação entre as moléculas de amido, causando um aumento na

resistência dos grânulos ao inchaço e a diminuição da solubilidade (SINGH; KAUR;

MCCARTHY, 2007; LIU et al., 2014) uma vez que reduz a mobilidade das moléculas do

amido atenuando sua interação com água (SINGH; KAUR; MCCARTHY, 2007; CHIU;

SOLAREK, 2009).

Estes resultados estão de acordo com os obtidos por Wongsagonsup et al. (2014) que

ao intercruzarem o amido de mandioca com uma mistura de trimetafosfato de sódio (TMFS) e

tripolifosfato de sódio (TPFS) em diferentes concentrações (0,25% a 6,0% ) observaram uma

redução significativa do inchamento e da solubilidade com o aumento na concentração da

mistura TMFS/TPFS a partir de 1,5%. Os autores atribuíram essa redução ao fortalecimento

da estrutura granular do amido que limita o inchamento dos grânulos. Koo, Lee e Lee (2010)

também observaram uma redução do inchamento e da solubilidade no amido de milho

intercruzado com TMFS/TPFS. Luo et al. (2009) observaram uma redução significativa do

poder de inchamento após o intercruzamento de amido de batata ceroso com uma mistura de

anidrido acético e adípico. Também, Dastidar e Netravali (2012) relatam que a esterificação

dos amidos de batata e milho com ácido malônico (15-50% em relação ao amido), em reação

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34

catalisada com hipofosfito de sódio, diminuiu o poder de inchamento dos amidos que os

autores a relacionaram com o intercruzamento dos amidos.

5.2.2 Estabilidade ao congelamento-descongelamento

O resultado da estabilidade ao congelamento-descongelamento é mostrado na Figura

9. A taxa de perda de água (% de sinerese) foi relacionada com a Estabilidade ao

congelamento-descongelamento de amido, onde maior perda de água indica menor

estabilidade do gel de amido.

Figura 9. Estabilidade ao congelamento-descongelamento dos géis de amido de mandioca nativo e

modificado com ácido tartárico. Ensaio 1: 4,5 g de ácido/100 g de amido e pH 5,0; Ensaio 2: 4,5 g de

ácido/100 g de amido e pH 8,0; Ensaio 3: 8,0 g de ácido/100 g de amido e pH 5,0; Ensaio 4: 8,0 g de

ácido/100 g de amido e pH 8,0; Ensaio 5: 4,5 g de ácido/100 g de amido e pH 6,5; Ensaio 6: 8,0 g de

ácido/100 g de amido e pH 6,5; Ensaio 7: 6,25 g de ácido/100 g de amido e pH 5,0; Ensaio 8: 6,25 g de

ácido/100 g de amido e pH 8,0; Ensaio 9: g de ácido/100 g de amido e pH 6,5; Ensaio 10: 6,25 g de

ácido/100 g de amido e pH 6,5.

Todos os géis de amido apresentaram liberação de água após 24 horas (1° ciclo), o que

aumentou progressivamente com o armazenamento (Figura 9). No primeiro e segundo ciclo, o

amido nativo apresentou menor perda de água que os amidos modificados, entretanto, nota-se

que a partir do terceiro ciclo a liberação de água do amido nativo foi maior. No 4° ciclo de

congelamento-descongelamento o percentual de água liberada do amido nativo foi de 54,0%,

e após a modificação, o percentual de água liberada dos amidos variou de 40,1% a 49,6%

(ensaios 4 e 7, respectivamente), havendo uma redução de aproximadamente 14% (ensaio 4).

Os resultados mostram que ainda que os amidos modificados apresentassem maior

taxa de liberação de água nos primeiros ciclos, eles foram mais resistentes ao congelamento-

descongelamento quando comparados com o amido nativo. A liberação de água do gel de

1 2 3 4

25

30

35

40

45

50

55

Nativo

Ensaio 1

Ensaio 2

Ensaio 3

Ensaio 4

Ensaio 5

Ensaio 6

Ensaio 7

Ensaio 8

Ensaio 9

Ensaio 10

Sin

éres

e (g

.100g

-1)

Ciclos

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35

amido nativo teve um incremento aproximadamente 29% durante os sucessivos ciclos

enquanto o aumento da taxa de liberação de água dos amidos modificados o aumento variou

de 7,5 (ensaios 9 e 10) a 13,4% (ensaio 3).

A fragmentação das cadeias de amido durante o tratamento químico, evidenciada pela

redução da viscosidade intrínseca (Tabela 3), pode ter contribuído para o aumento da

liberação de água observada nos primeiros ciclos de congelamento-descongelamento.

Takizawa et al. (2004) caracterizaram amidos nativos e modificados com permanganato de

potássio e ácido láctico e encontraram maiores valores de liberação de água das pastas após

a modificação. Os autores atribuíram este aumento à despolimerização da molécula

promovida pela modificação.

A redução do percentual de sinerese observada após o 2° ciclo, principalmente nos

ensaios 4, 6, 8, 9 e 10, sugere que os amidos modificados tornaram-se mais resistentes aos

sucessivos ciclos de congelamento-descongelamento e consequentemente liberaram uma

menor quantidade de água, que pode ser consequência da esterificação e intercruzamento dos

amidos com o ácido tartárico. A introdução no amido do grupo tartarato, volumoso, carregado

negativamente e hidrofílico facilitaria a separação dos segmentos lineares das

macromoléculas do amido diminuindo a tendência a retrogradação. Por outro lado, a ligação

cruzada que interliga as moléculas do amido por meio de ligação covalente, fortalecendo o

grânulo (Dastidar & Netravali, 2012; Singh, Kaur, & Mccarthy, 2007) também pode

acontecer na modificação do amido com ácido tartárico por este ser um diácido carboxílico.

A modificação por intercruzamento já foi citada como um fator que contribui na

estabilidade de géis de amidos a sucessivos ciclos de congelamento-descongelamento. Liu et

al. (2014) também demonstraram que o amido intercruzado apresentou o melhor estabilidade

congelamento-descongelamento. Deetae et al. (2008) concluíram que o amido de arroz

(31,02% de amilose) intercruzado com trimetafosfato de sódio foi mais resistente aos ciclos

de congelamento-descongelamento (5) em relação ao amido nativo.

5.3 PROPRIEDADES DE PASTA

As propriedades de pasta do amido de mandioca nativo e modificado com ácido

tartárico são apresentadas na Tabela 4. As curvas de viscosidade, mostrados na Figura 10,

representam o comportamento do amido durante o aquecimento, que permite avaliar as

características da pasta formada, e o comportamento durante o resfriamento, que possibilita

avaliar sua tendência à retrogradação.

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Tabela 4. Propriedades de pasta do amido de mandioca nativo e modificado com ácido tartárico.

ENSAIO Cb pH

c Tp (°C) Vm (UB) Va45 (UB) Vf (UB) BD (UB) SB (UB)

ANa - - 64,0±0,0 626±1,00 194±3,00 541±5,50 433±1,00 347±2,50

1 4,5 5,0 63,7±0,0 298±0,50 153±2,50 295±2,50 140±3,00 142±0,00

2 4,5 8,0 63,6±0,1 369±1,50 231±2,50 518±2,00 138±1,00 288±0,50

3 8,0 5,0 63,8±0,0 309±1,00 175±0,50 341±0,50 135±0,50 166±1,00

4 8,0 8,0 63,7±0,0 389±1,50 245±0,50 545±0,50 144±2,00 300±0,00

5 4,5 6,5 63,7±0,1 370±1,00 233±0,50

508±4,00 138±1,50 276±3,50

6 8,0 6,5 63,2±0,0 392±1,50 240±0,50 555±4,00 152±1,00 316±3,50

7 6,25 5,0 63,6±0,1 318±0,50 188±0,00 368±6,00 130±0,50 183±3,00

8 6,25 8,0 63,7±0,1 394±2,50 251±1,50 558±6,00 143±1,00 310±2,00

9 6,25 6,5 63,2±0,0 401±2,50 255±3,50 576±9,00 142±3,00 327±1,50

10 6,25 6,5 63,3±0,1 397±0,50 251±2,00 570±6,00 141±2,50 319±4,00 a Amido de mandioca nativo.

b Concentração de ácido tartárico (g de ácido por 100g de amido nativo, b.s.).

c pH da reação de modificação.

Tp: Temperatura de formação de pasta; Vm: Viscosidade máxima; Va45: Viscosidade após 45 minutos à 95 °C;

Vf: Viscosidade no final do período de resfriamento; BD: Breakdown (Vm-Va45); Setback (Vf-Va45); UB:

unidades Brabender.

Uma pequena redução na Tp foi observada em todas as amostras modificadas. O

aquecimento do amido em excesso de água provoca o rompimento das ligações de hidrogênio

entre cadeias poliméricas, enfraquecendo o grânulo. À medida que a estrutura começa a

enfraquecer, as moléculas do amido, principalmente a amilose, começam a se solubilizar e

lixiviar a partir dos grânulos que se incham irreversivelmente causando o aumento da

viscosidade do meio (DAMODARAN; PARKIN; FENNEMA, 2007). A temperatura à qual o

amido começa a passar por estas alterações é definida como temperatura de formação de pasta

(Tp) (THOMAS; ATWELL, 1997).

A diminuição da temperatura de formação de pasta pode estar relacionada com a

hidrólise parcial do amido ocorrida durante o tratamento do amido com o ácido. Singh et al.

(2011) avaliando a influência do tratamento ácido (HCl 0,1, 0,5, e 1,0 M) nas propriedades

do amido de sorgo acetilado observaram uma redução da Tp com o aumento da concentração

do ácido, os autores também atribuíram essa redução à hidrólise das regiões amorfas que

produzem polímeros menores de baixo peso molecular que migram facilmente para o meio

aquoso.

A viscosidade máxima (Vm), decorrente de uma maioritária população de grânulos

inchados e intactos (THOMAS; ATWELL, 1997), também teve redução significativamente

após a modificação do amido com o ácido tartárico (Tabela 4), sendo mais acentuada nos

ensaios 1, 3 e 7 que também apresentaram menores valores de viscosidade intrínseca e teores

de amilose.

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37

Figura 10. Perfis de viscosidade do amido nativo e modificados com ácido tartárico. Ensaio 1: 4,5 g de ácido/100 g de amido e pH 5,0;

Ensaio 2: 4,5 g de ácido/100 g de amido e pH 8,0; Ensaio 3: 8,0 g de ácido/100 g de amido e pH 5,0; Ensaio 4: 8,0 g de ácido/100 g de amido

e pH 8,0; Ensaio 5: 4,5 g de ácido/100 g de amido e pH 6,5; Ensaio 6: 8,0 g de ácido/100 g de amido e pH 6,5; Ensaio 7: 6,25 g de ácido/100

g de amido e pH 5,0; Ensaio 8: 6,25 g de ácido/100 g de amido e pH 8,0; Ensaio 9: g de ácido/100 g de amido e pH 6,5; Ensaio 10: 6,25 g

de ácido/100 g de amido e pH 6,5.

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A queda da Vm poder ter várias causas, primeiramente, a hidrólise do amido causada

pelo ácido pode enfraquecer os grânulos de amido tornando-os mais sensíveis à agitação o

que reduz a viscosidade (GUNARATNE; CORKE, 2007). Vários autores, Abdorreza et al.

(2012), Singh et al. (2011) e Gunaratne e Corke (2007), investigando o efeito do ácido

(solução aquosa de HCl) nas propriedades de amidos de diferentes fontes constataram uma

redução da Vm com a modificação. Entretanto, alguns estudos relatam que a ligação entre as

cadeias de amido reforçadas pelo intercruzamento pode aumentar a resistência dos grânulos

de amido ao inchaço, o que também leva a uma menor Vm (JYOTHI; MOORTHY;

RAJASEKHARAN, 2006). Wongsagonsup et al. (2014) investigando as propriedades do

amido de mandioca intercruzado com uma mistura de TMFS/TPFS, observaram em

concentrações superiores a 1% uma redução da Vm. Um comportamento semelhante foi

observado por Luo et al. (2009) que ao modificarem o amido de batata ceroso com uma

mistura de ácido adípico e de anidrido acético também observaram uma queda na Vm após o

intercruzamento.

A viscosidade após 45 minutos de aquecimento a 95 °C (Va45), em relação ao amido

nativo, foi maior em todas as amostras, exceto em 1, 3 e 7 (Tabela 4). Estes resultados, aliados

ao menor poder de inchamento e solubilidade e maior resistência aos ciclos congelamento-

descongelamento observado nestas amostras (Figuras 8 e 9) reforçam a ideia de que houve o

intercruzamento das moléculas de amido após a modificação com ácido tartárico. A formação

de ligações cruzadas covalentes entre as cadeias do amido fortalece os grânulos inchados

contra quebra a alta temperatura e atrito mecânico, o que minimiza ou impede a perda de

viscosidade (STEPHEN; PHILLIPS; WILLIAMS, 2006).

A análise estatística mostrou que o efeito da concentração de ácido e o pH da reação

foram significativos (p≤0,10) e positivos sobre a Va45. O modelo quadrático codificado para

Va45 em função das variáveis estudadas foi definido pela Equação 10 (Rajustado=0,9836).

(10)

Observando a curva de contorno (Figura 11), é possível notar que há uma região

ótima, onde a Va45 é máxima, e que o pH exibe maior influência sobre esta resposta. A Va45 do

amido nativo foi de 194 unidades Brabender (UB), valores menores foram notados nos

ensaios 1 (153 UB), 3 (175 UB) e 7 (188 UB) realizados em pH 5,0. Valores mais elevados

foram observados nos ensaios 8 (251 UB), 9 (255 UB) que foram realizados em pH 8,0 e

6,25 respectivamente com 6,25 g de ácido/100 g amido nativo.

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39

Figura 11. Curva de contorno para Va45 do amido modificado com ácido tartárico em função da

concentração de ácido e do pH.

O Breakdown (BD) é uma medida da fragilidade dos grânulos de amido (LUO et al.,

2009) e corresponde à diferença entre a Vm e a Va45das pastas de amido. Após a modificação

do amido, o BD diminuiu, indicando maior resistência ao calor e ao atrito mecânico. A

redução do BD após o intercruzamento do amido também foi observada por outros autores

(LUO et al., 2009; WONGSAGONSUP et al., 2014). Utilizando epicloridrina (EPI), Jyothi,

Moorthy e Rajasekharan (2006), intercruzaram amido de mandioca e também constataram

que quanto maior o grau de intercruzamento menor o Breakdown.

Como relatado anteriormente, maiores valores de Va45 e consequentemente menor BD

sugerem um maior nível de intercruzamento do amido. Deste modo, as melhores condições

encontradas no presente trabalho, que favorecem o intercruzamento foram concentração de

reagente na faixa de 6,25 a 7,50 g de ácido/100 g de amido e o pH da reação superior a 6,5.

O Setback (SB) é um índice que mostra tendência à retrogradação de uma pasta de

amido (LUO et al., 2009), onde quanto maior o valor, maior tendência a retrogradação.

Quando uma suspensão gelatinizada de amido é resfriada à temperatura ambiente, as cadeias

de amilose e amilopectina começam a se reassociar formando uma estrutura mais ordenada e

esse processo é denominado retrogradação (BeMILLER; HUBER, 2010; PARKER; RING,

2001) e ocorre o aumento da viscosidade.

Como observado na Tabela 4, o SB reduziu após a modificação do amido

principalmente nos ensaios 1, 3 e 7. De maneira análoga a Va45, a concentração de reagente e

> 260

< 260

< 240

< 220

< 200

< 180

< 160 4,5 6,25 8,0

C (g/100 g)

5,0

6,5

8,0

pH

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40

o pH da reação apresentaram efeitos significativos (p≤0,10) sobre o SB e o modelo quadrático

codificado foi definido pela Equação 11. O R2

ajustado foi igual a 0,9885.

(11)

A curva de contorno obtida em função da concentração de ácido tartárico e do pH da

reação é mostrada na Figura 12, mostra que os menores valores de SB foram obtidos nos

ensaios realizados em pH 5,0 (ensaios 1, 3 e 7) independente da concentração do ácido e essa

menor tendência a retrogradação sugere que o amido foi esterificado pelo ácido tartárico.

Segundo Singh, Kaur e Mccarthy (2007) a introdução de grupos volumosos na molécula,

causado pela reação de esterificação, reduz a tendência a retrogradação do amido.

Figura 12. Curva de contorno para o Setback do amido modificado com ácido tartárico em função da

concentração de ácido e do pH.

Maiores valores de SB foram observados nos ensaios 2, 4, 5, 6, 8, 9 e 10 realizados em

pH superior a 6,5. Nota-se que estas amostras apresentaram maior resistência aos ciclos de

congelamento e descongelamento, ou seja, menor percentual de sinerese quando comparados

ao amido nativo (Figura 9) e ainda maior resistência térmica (Va45) (Tabela 4). Estes

resultados sugerem novamente que houve a reação de intercruzamento do amido com o ácido

tartárico. Resultados semelhantes foram observados por Liu, Ramsden e Corke (1999) que ao

avaliar as propriedades físico-químicas do amido de arroz normal intercruzado, apresentaram

maior resistência aos ciclos de congelamento e descongelamento e também maior tendência a

retrogradação (medida em Rapid Visco Analyser - RVA) em relação ao amido nativo. Jyothi,

> 320

< 320

< 280

< 240

< 200

< 160 4,5 6,25 8,0

C (g/100 g)

5,0

6,5

8,0

pH

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41

Moorthy e Rajasekharan (2006) mostraram que o amido intercruzado, por apresentar uma

estrutura mais ordenada na pasta de amido, apresenta uma retrogradação mais elevada. Luo et

al. (2009) e Wongsagonsup et al. (2014) também observaram um aumento no valor de SB

após o intercruzamento do amido.

5.4 ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO COM TRANSFORMADA DE FOURIER

(FT-IR)

Os espectros de infravermelho do amido nativo e dos amidos modificados são

mostrados na Figura 13. No espectro do amido nativo, a ampla faixa localizada na região de

3450 cm-1

corresponde à vibração dos grupos hidroxilas O-H (DIOP et al., 2011). Os picos

encontrados na região de 2930 cm-1

e 1641 cm-1

são atribuídos à vibração de alongamento C-

H e à água (H2O) fortemente ligada no amido, respectivamente. O pico localizado em 1157

cm-1

refere-se à posição de alongamento de C-O-C. Os picos distinguidos em 1080 cm-1

e

1018 cm-1

referem-se à posição de alongamento da ligação C-O (DIOP et al., 2011; ZUO et

al., 2013). As bandas localizadas em 930 cm-1

e 763 cm-1

indicam que o polímero está

formado por unidades de α-D-glicopiranose (OVIEDO-PLATA, 1998).

Os padrões espectrais dos amidos modificados foram similares ao do amido nativo não

apresentando bandas de grupos funcionais adicionais, exceto nos ensaios 1, 3 e 7, onde a

modificação ocorreu em pH 5,0. Como mostrado na Figura 13, um pico na região de 1742 cm-

1 foi observado e esta banda de absorção é atribuída ao alongamento da carbonila do grupo

éster (C=O) (DIOP et al., 2011; TUPA et al., 2013; XU et al., 2004). O aumento da absorção

nesta região sugere que houve, ainda que sucinta, a esterificação do amido com o ácido

tartárico.

Chin, Pang e Lim (2012) observaram o aparecimento de um pico de absorção na

região de 1740 cm-1

após a modificação do amido de sagu com ácido tartárico, e sugeriram

que a modificação provocou a formação de ligações ésteres (C=O) pela reação de

esterificação entre a molécula de amido e o ácido tartárico. Os autores observaram ainda que a

intensidade da banda aumentou com o aumento do grau de substituição. Jochym et al. (2012)

ao modificarem o amido de batata com ácido tartárico para obter dextrina ácida resistente à

digestão enzimática notaram uma forte banda de absorção em 1746 cm-1

. Zuo et al. (2013)

modificaram amido de milho com anidrido maleico e confirmaram a esterificação ao

observaram o aparecimento de uma banda de absorção em 1720 cm-1

que os autores

atribuíram ao alongamento éster C=O.

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Figura 13. Espectros no FT-IR do amido nativo e amidos modificados. Ensaio 1: 4,5 g de ácido/100 g de

amido e pH 5,0; Ensaio 2: 4,5 g de ácido/100 g de amido e pH 8,0; Ensaio 3: 8,0 g de ácido/100 g de amido

e pH 5,0; Ensaio 4: 8,0 g de ácido/100 g de amido e pH 8,0; Ensaio 5: 4,5 g de ácido/100 g de amido e pH

6,5; Ensaio 6: 8,0 g de ácido/100 g de amido e pH 6,5; Ensaio 7: 6,25 g de ácido/100 g de amido e pH 5,0;

Ensaio 8: 6,25 g de ácido/100 g de amido e pH 8,0; Ensaio 9: g de ácido/100 g de amido e pH 6,5; Ensaio

10: 6,25 g de ácido/100 g de amido e pH 6,5.

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

Comprimento de onda (cm-1)

(%) T

1742

1742

1018

1080

1157

1641

2931

3400

Ensaio 2

Ensaio 3

Ensaio 1

Nativo

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

(%) T

Comprimento de onda (cm-1)

Ensaio 4

Ensaio 5

Ensaio 6

1742 Ensaio 7

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

(%) T

Comprimento de onda (cm-1)

Ensaio 8

Ensaio 9

Ensaio 10

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43

5.5 MORFOLOGIA DOS GRÂNULOS DE AMIDO

A Figura 14 mostra a morfologia dos grânulos de amido de mandioca antes e após a

modificação com o ácido tartárico. A observação microscópica mostrou que os grânulos

apresentam em sua maioria formato circular e alguns côncavo-convexos com superfície lisa, o

tamanho variou de 5 e 18 µm. Estas observações estão de acordo com dados da literatura

(BREUNINGER; PIYACHOMKWAN; SRIROTH, 2009).

A modificação do amido com ácido tartárico não causou alterações evidentes na

morfologia externa dos grânulos de amido, o que também foi observado por Singh et al.

(2011) após a hidrólise do amido de sorgo com ácido clorídrico (1,0 mol.L-1

) e por

Mbouguenga et al. (2012) e Sodhi e Singh (2005), após a acetilação do amido de mandioca e

arroz com anidrido acético, respectivamente.

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Figura 14. Micrografia dos grânulos de amido de mandioca nativo e modificados obtidos por microscopia

eletrônica de varredura (MEV) aumento de 1500x. Ensaio 1: 4,5 g de ácido/100 g de amido e pH 5,0;

Ensaio 2: 4,5 g de ácido/100 g de amido e pH 8,0; Ensaio 3: 8,0 g de ácido/100 g de amido e pH 5,0; Ensaio

4: 8,0 g de ácido/100 g de amido e pH 8,0; Ensaio 5: 4,5 g de ácido/100 g de amido e pH 6,5; Ensaio 6: 8,0 g

de ácido/100 g de amido e pH 6,5; Ensaio 7: 6,25 g de ácido/100 g de amido e pH 5,0; Ensaio 8: 6,25 g de

ácido/100 g de amido e pH 8,0; Ensaio 9: g de ácido/100 g de amido e pH 6,5; Ensaio 10: 6,25 g de

ácido/100 g de amido e pH 6,5.

Nativo Ensaio 1 Ensaio 2

Ensaio 3 Ensaio 4 Ensaio 5

Ensaio 6 Ensaio 7 Ensaio 8

Ensaio 10 Ensaio 9

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45

6. CONCLUSÃO

O ácido tartárico modificou significativamente a estrutura e as propriedades do amido

de mandioca. A modificação reduziu a viscosidade intrínseca e o teor de amilose em todos os

ensaios. Os amidos modificados em pH 5,0 apresentaram maior percentual de tartarato mono

éster, inchamento e solubilidade mais elevada e o FTIR confirmou a presença de uma banda

de absorção atribuída ao grupo éster. Os ensaios realizados em pH 6,5 e 8,0 apresentaram

menor inchamento e solubilidade, maior resistência ao congelamento-descongelamento e

maior resistência térmica e mecânica. A modificação do amido não causou alterações

evidentes na morfologia externa dos grânulos.

O planejamento experimental foi útil para avaliar a influência da concentração do

ácido e do pH da reação sobre as propriedades físico químicas e propriedades de pasta do

amido modificado onde ambas variáveis apresentaram efeitos significativos sobre as

propriedades avaliadas, entretanto o efeito do pH foi mais significativo. Menores valores de

pH favorecem a reação de esterificação do amido e valores de pH mais elevados favoreceram

o intercruzamento.

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ANEXOS

Tabela 1. ANOVA do modelo quadrático para predição da viscosidade intrínseca (dL.g-1

).

Fonte de

Variação SQ GL MQ F calculado F tabelado p-valor

Regressão 0,2393 3 0,0798 243,1583 4,7571 0,000001

Resíduo 0,0020 6 0,0003

Falta de ajuste 0,0020 5 0,0004 68,0351 230,1619 0,091641

Erro puro 0,0000 1 0,0000 Rajustado= 98,78%

Total 0,2412 9 -

SQ: soma dos quadrados; GL: graus de liberdade; MQ: quadrados médios.

Tabela 2. ANOVA do modelo quadrático para predição do teor de amilose (%)

Fonte de

Variação SQ GL MQ F calculado F tabelado p-valor

Regressão 1,7485 4 0,4371 25,0915 5,1922 0,001659

Resíduo 0,0871 5 0,0174

Falta de ajuste 0,0869 4 0,0217 133,6548 224,5832 0,064773

Erro puro 0,0002 1 0,0002 Rajustado= 91,46%

Total 1,8357 9 -

SQ: soma dos quadrados; GL: graus de liberdade; MQ: quadrados médios.

Tabela 3. ANOVA do modelo quadrático para predição de tartarato mono éster (%)

Fonte de

Variação SQ GL MQ F calculado F tabelado p-valor

Regressão 0,0237 2 0,0119 2566,3337 4,7374 0,000000

Resíduo 0,0000 7 0,0000

Falta de ajuste 0,0000 6 0,0000 54,3482 233,9860 0,103462

Erro puro 0,0000 1 0,0000 R

2 ajustado= 99,82%

Total 0,0237 9 -

SQ: soma dos quadrados; GL: graus de liberdade; MQ: quadrados médios.

Tabela 4. ANOVA do modelo quadrático para predição da viscosidade após 45 minutos de aquecimento à

95°C com agitação mecânica (Va45, UB)

Fonte de Variação SQ GL MQ F calculado F tabelado p-valor

Regressão 11837,7726 4 2959,4432 135,9696 5,1922 0,000028

Resíduo 108,8274 5 21,7655

Falta de ajuste 102,7024 4 25,6756 4,1919 224,5832 0,349181

Erro puro 6,1250 1 6,1250 Rajustado= 98,36 %

Total 11946,6000 9 -

SQ: soma dos quadrados; GL: graus de liberdade; MQ: quadrados médios.

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Tabela 5. ANOVA do modelo quadrático para predição do Setback (SB, UB)

Fonte de Variação SQ GL MQ F calculado F tabelado p-valor

Regressão 44421,2143 4 11105,3036 194,6348 5,1922 0,000011

Resíduo 285,2857 5 57,0571

Falta de ajuste 257,1607 4 64,2902 2,2859 224,5832 0,455498

Erro puro 28,1250 1 28,1250 Rajustado= 98,85 %

Total 44706,5000 9 -

SQ: soma dos quadrados; GL: graus de liberdade; MQ: quadrados médios.