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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS CURITIBA - SEDE CENTRAL DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE DESENHO INDUSTRIAL CURSO DE TECNOLOGIA EM DESIGN EM GRÁFICO WALINE PIPER Design Editorial de Livro de Receitas para pessoas com intolerância a o glúten TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Curitiba 2017

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CAMPUS CURITIBA - SEDE CENTRAL

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE DESENHO INDUSTRIAL

CURSO DE TECNOLOGIA EM DESIGN EM GRÁFICO

WALINE PIPER

Design Editorial de Livro de Receitas para pessoas com intolerância ao

glúten

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Curitiba

2017

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WALINE PIPER

Design Editorial de Livro de Receitas para pessoas com intolerância ao

glúten

Trabalho de Conclusão de Curso de

graduação, apresentado à disciplina de

Trabalho de Conclusão de Curso, do Curso

Superior de Tecnologia em Design Gráfico

do Departamento Acadêmico de Desenho

Industrial – DADIN – da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR,

como requisito parcial para obtenção do

título de Tecnólogo.

Orientadora: Profa. Dra. Eunice Liu

CURITIBA

2017

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TERMO DE APROVAÇÃO

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 033

DESIGN EDITORIAL DE LIVRO DE RECEITAS PARA PESSOAS COMINTOLERÂNCIA A GLÚTEN

por

Waline Piper – 1362666

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no dia 27 de novembro de 2017 comorequisito parcial para a obtenção do título de TECNÓLOGO EM DESIGN GRÁFICO,do Curso Superior de Tecnologia em Design Gráfico, do Departamento Acadêmicode Desenho Industrial, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A aluna foiarguida pela Banca Examinadora composta pelos professores abaixo, que apósdeliberação, consideraram o trabalho aprovado.

Banca Examinadora: Profa. Dominique Leite Adam (MSc.)AvaliadoraDADIN – UTFPR

Profa. Waleska Chagas Sieczkowski Pacheco (MSc.)ConvidadaDADIN – UTFPR

Profa. Eunice Liu (Dra.)Orientadora DADIN – UTFPR

Prof. André de Souza Lucca (Dr.)Professor Responsável pelo TCC DADIN – UTFPR

“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”.

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁPR

Ministério da EducaçãoUniversidade Tecnológica Federal do ParanáCâmpus CuritibaDiretoria de Graduação e Educação ProfissionalDepartamento Acadêmico de Desenho Industrial

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer e dedicar esse livro à minha família que sempre foi a base de

tudo. Aos meus amigos do intercâmbio que foram a minha família quando eu precisei.

A minha professora orientadora que me ajudou a executar esse projeto. E

principalmente a todos os professores e colegas de classe que preencheram seis anos

da minha vida.

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RESUMO

PIPER, Waline. Design editorial de livro de receitas para pessoas com

intolerância a glúten. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso - Curso Superior de

Tecnologia em Design Gráfico, da Universidade Federal do Paraná.

Este trabalho apresenta a fundamentação teórica e metodologia escolhida para

a criação do livro “Não contém glúten, mas é gostoso”, com o propósito de levar

receitas sem a presença do glúten a esse grupo de pessoas que não pode ou escolheu

não ingerir mais essa proteína. Utiliza-se, para o projeto, os princípios do design

editorial com o objetivo de diagramar o livro e levar a informação ao leitor da forma

mais inteligível possível. Estima-se que 1% da população mundial apresenta

intolerância ao glúten, e a dieta livre de glúten, por toda a vida, constitui o único

tratamento disponível até o momento. Abordou-se todas as principais áreas na

concepção do livro de receitas, como: fotografia, ilustração, diagramação para a

geração de alternativas de peças gráficos.

Palavras chave: Intolerância a glúten. Sem glúten. Livro de Receitas. Design

Editorial. Design Gráfico.

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ABSTRACT

PIPER, Waline. Design editorial de livro de receitas para pessoas com

intolerância a glúten. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso - Curso Superior de

Tecnologia em Design Gráfico, da Universidade Federal do Paraná.

This work presents the theoretical basis and methodology chosen for the development

of the book "It does not contain gluten, but it is delicious", with the purpose of taking

recipes without gluten to the group of people who cannot or did choose not to ingest

this protein. For the project, the principles of editorial design are used to design and

delivering the information to the reader in the most intelligible possible way. It is

estimated that 1% of the world population is gluten intolerant, and the gluten-free long

life diet is the only treatment available until today. It was approached all the main areas

in the design of the cookbook, such as: photography, illustration, diagramming for the

generation of alternative graphic products.

Key words: Gluten intolerance. Without gluten. Cookbook. Editorial design. Graphic

design.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – Tabela de utilização da folha para impressão 66x96 cm.

FIGURA 2 – Tipos de margens.

FIGURA 3 – Livro medieval com grades simétricas e texto justificado.

FIGURA 4 – Papiro Egípcio.

FIGURA 5 – Exemplo de caso bem-sucedido de redução de tipografia.

FIGURA 6 – Imagem publicada em rede social por Priscilla Pruetter.

FIGURA 7 – Abertura do livro Cozinheiro Nacional.

FIGURA 8 – Capa e contracapa livro de receitas Panelinha.

FIGURA 9 – Receitas livro Panelinha.

FIGURA 10 – Receitas livro Panelinha 2.

FIGURA 11 – Abertura de capítulo do livro Panelinha.

FIGURA 12 – Capa e contracapa livro de receitas Recife.

FIGURA 13 – Folha de rosto livro Recife.

FIGURA 14 – Receitas livro Recife.

FIGURA 15 – Capa e contracapa livro de receitas Aperitivos.

FIGURA 16 – Receitas livro Aperitivos.

FIGURA 17 – Capa e contracapa livro de receitas Cocina Peruana.

FIGURA 18 – Folha de rosto livro de receitas Cocina Peruana.

FIGURA 19 – Abertura de capítulo Cocina Peruana.

FIGURA 20 – Receitas Cocina Peruana.

FIGURA 21 – Capa e contracapa livro Cozinheiro Nacional.

FIGURA 22 – Descrição de utensílios e receitas do livro Cozinheiro Nacional.

FIGURA 23 – Livros de receitas sem glúten encontrados na Livrarias Curitiba 1.

FIGURA 24 – Livros de receitas sem glúten encontrados na Livrarias Curitiba 2.

FIGURA 25 – Sessão de livros de gastronomia Livrarias Cultura.

FIGURA 26 – Livros de receitas sem glúten encontrados na Livrarias Cultura.

FIGURA 27 – Formato escolhido para o livro.

FIGURA 28 – Gráfico aproveitamento de papel.

FIGURA 29 – Primeira sessão de fotos realizada para o livro.

FIGURA 30 – Segunda sessão de fotos realizada para o livro.

FIGURA 31 – Foto escolhida antes x depois.

FIGURA 32 – Fotos escolhidas.

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FIGURA 33 – Bastidores fotografia.

FIGURA 34 – Teste de tipografia para títulos.

FIGURA 35 – Teste de tipografia para textos.

FIGURA 36 – Tipografias utilizadas durante a geração de alternativas.

FIGURA 37 – Novo levantamento de tipografia.

FIGURA 38 – Tipografias escolhidas para o livro.

FIGURA 39 – Testes em fase inicia de diagramação.

FIGURA 40 – Geração de alternativas para Dicas.

FIGURA 41 – Versão final Dicas.

FIGURA 42 – Geração de alternativas Sumário.

FIGURA 43 – Versão final Sumário

FIGURA 44 – Geração de alternativas Abertura de Capítulo 1.

FIGURA 45 – Geração de alternativas Abertura de Capítulo 2.

FIGURA 46 – Versão final Abertura de Capítulo.

FIGURA 47 – Geração de alternativas Receitas.

FIGURA 48 – Grid para receitas.

FIGURA 49 – Alternativa para receita.

FIGURA 50 – Versão final receitas.

FIGURA 51 – Opção de capa.

FIGURA 52 – Opção de capa 2.

FIGURA 53 – Opção de capa 3.

FIGURA 54 – Versão final capa.

FIGURA 55 – Ilustrações.

FIGURA 56 – Opção de paleta de cor 1.

FIGURA 57 – Combinação de cores.

FIGURA 58 – Paleta de cor escolhida.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Quadro síntese: análise de similares.

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LISTA DE SIGLAS

ADG - Associação dos Designers Gráficos

FENACELBRA - Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil

SNEL – Sindicato Nacional dos Editores de Livros

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10

1.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................... 10

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 10

1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 10

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......................................................... 11

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 13

2.1 DESIGN EDITORIAL ........................................................................................ 13

2.1.1 Formato ...................................................................................................... 13

2.1.2 Diagramação, grid e layout ......................................................................... 16

2.1.4 Tipografia e legibilidade .............................................................................. 19

2.2 FOTOGRAFIA GASTRONÔMICA .................................................................... 21

2.3 ILUSTRAÇÃO .................................................................................................. 24

2.4 INTOLERÂNCIA AO GLÚTEN ......................................................................... 25

2.4.1 Conceito ..................................................................................................... 25

2.4.2 Causas e consequências ........................................................................... 25

3 PESQUISA DE CAMPO ......................................................................................... 27

3.1 ANÁLISE DE SIMILARES ................................................................................ 28

3.1.1 Panelinha: Receitas que funcionam - Rita Lobo ......................................... 28

3.1.2 Recife, Guia prático, histórico e sentimental da cozinha de Tradição - Bruno Albertim ............................................................................................................... 32

3.1.3 Aperitivos - La fonte .................................................................................... 37

3.1.4 Cocina Peruana - Wust Ediciones ............................................................. 39

3.1.5 Cozinheiro Nacional – Livraria e Editora Garnier....................................... 42

3.1.6 Quadro Síntese .......................................................................................... 44

3.2 ANÁLISE MERCADOLÓGICA ......................................................................... 47

3.2.1 Livrarias Curitiba - Rua XV ......................................................................... 47

3.2.1 Livrarias Cultura - Shopping Curitiba .......................................................... 49

4 PROJETO GRÁFICO ............................................................................................. 51

4.1 BRIEFING ........................................................................................................ 51

4.2 DEFINIÇÕES ................................................................................................... 52

4.3 LEVANTAMENTO DE RECEITAS ................................................................... 52

4.4 FORMATO ....................................................................................................... 53

4.5 FOTOGRAFIA .................................................................................................. 54

4.6 TIPOGRAFIA E LEGIBILIDADE ....................................................................... 59

4.7 LAYOUT E DIAGRAMAÇÃO ............................................................................ 61

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4.7.1 Dicas .......................................................................................................... 62

4.7.2 Sumário ...................................................................................................... 64

4.7.3 Abertura de capítulos ................................................................................. 66

4.7.4 Receitas ..................................................................................................... 68

4.8 CAPA................................................................................................................ 73

4.9 ILUSTRAÇÃO .................................................................................................. 76

4.10 CORES ........................................................................................................... 77

4.11 PRODUÇÃO GRÁFICA .................................................................................. 78

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 80

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 82

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1. INTRODUÇÃO

Com o crescente número de pessoas que possuem intolerância a certos

alimentos ou que até mesmo preferem não os consumir por estilo de vida, viu-se a

necessidade de criar receitas que substituam os ingredientes que causam essa

intolerância ou alergia por outros. A dieta restritiva escolhida para o livro de receitas é

direcionada a pessoas que possuem intolerância ao glúten.

Logo, por se tratar de um assunto que muitos desconhecem ou conhecem sem

profundidade, e após uma breve pesquisa mercadológica que foi realizada para esse

trabalho, que se encontra nas próximas páginas, foi possível ver que há uma

quantidade muito pequena de livros dedicados ao tema, sendo assim trata-se de uma

área que pode ser muito explorada pelo campo do Design Editorial.

1.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral é criar e desenvolver o projeto editorial de um livro de receitas

direcionado a pessoas com dieta restritiva ao glúten.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Definir receitas possíveis para serem colocadas no livro;

● Preparar as receitas mantendo registro fotográfico delas;

● Tratar imagens e criar uma sequência harmônica para colocá-las no livro;

● Utilizar recursos gráficos e de design para desenvolver o projeto gráfico.

1.3 JUSTIFICATIVA

A ideia principal é trabalhar com o livro físico, no entanto, é de

conhecimento comum que a tecnologia tem diminuído a publicação de suportes

impressos que antes eram mais utilizados, um deles é o livro. Em uma pesquisa

realizada pela SNEL (2016), revelou-se que 37% das editoras já brasileiras já

produzem e comercializam livros digitais.

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Porém, a razão pela qual foi escolhido trabalhar com o livro físico, é porque

este pode ser tratado como objeto de desejo, direcionado ao público que ainda

consome livros físicos de receitas. Sem contar que sua durabilidade é significativa

quando é lhe dado o devido cuidado, podendo ser algo que irá passar de geração a

geração.

Criar um livro de receitas, colocará em prática os ensinamentos aprendidos no

decorrer do curso na área de design editorial e também de fotografia uma vez que

todas as imagens utilizadas serão tiradas durante e após o preparo da receita

aumentando assim a comunicabilidade do livro, uma vez que um livro com fotos traz

uma riqueza maior de detalhes ao leitor.

Outra grande motivação é a empatia por pessoas que sofrem esse tipo de

intolerância já que a maior parte delas se contentam em comer sempre os mesmos

alimentos por falta de opções ou conhecimento.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O procedimento metodológico baseia-se na ideia de seguir etapas de um

processo que deu certo e repeti-lo para a criação de algo novo. Porém Fuentes cita

“Cada designer terá que buscar sua própria metodologia para estabelecer a natureza

de um design [...]” (FUENTES, 2006, p.30). Baseado no que Fuentes cita, o processo

será realizado em quatro partes sem seguir uma metodologia específica e sim

buscando a sua própria de acordo com as necessidades da criação do livro. As quatro

partes serão:

PROBLEMA → REFERENCIAL TEÓRICO → PESQUISA DE CAMPO →

PROJETO GRÁFICO → PRODUÇÃO → VALIDAÇÃO → IMPLEMENTAÇÃO

A primeira etapa é identificar o problema, que neste trabalho é a falta de livros

de receitas sem glúten. Logos após é criado referencial teórico onde são abordadas

as diversas temáticas de acordo com diversos autores e seus estudos e opiniões,

nessa etapa será criada a fundamentação das partes que regem o projeto. Já a

pesquisa de campo é voltada tanto para trazer referências através da análise de

similares e estatísticas através pesquisas mercadológicas.

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O projeto gráfico é quando tudo o que foi pesquisado e analisado colocado em

prática criando o arquivo que será enviado para a produção. Após esse estágio ele

passa pela validação de profissionais que ressaltam defeitos e qualidades a fim de

quando o projeto for implementado esteja na sua melhor forma.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 DESIGN EDITORIAL

O Design Editorial é uma área do Design Gráfico relacionada à edição de livros,

periódicos (jornais, revistas semanais), quadrinhos e similares. Ambrose e Harris

(2009) definem o livro como “um meio de organizar várias informações em uma

embalagem. Seja compilando títulos relacionados, aplicando uma ordem sequencial

ou combinando informações aleatórias, os livros tornam-se a soma das suas partes”

(AMBROSE, Gavin; HARRIS, Paul, 2009, p.11).

Um livro de receitas nada mais é que a compilação de receitas direcionadas à

um público alvo podendo ou não ser acompanhada de fotografias e imagens

ilustrativas. Segundo Haslam (2007), toda a linguagem escolhida pelo designer causa

impacto ao leitor seja ela verbal ou não verbal. Ele também cita que o designer “busca

reposicionar emocionalmente o leitor por meio da cor, marcação e simbolismo. O leitor

capta a posição emocional que permeia o design, enquanto absorve o conteúdo”

(HASLAM, 2007, p. 26)

Esse processo de entrega de informação não é meramente acidental e sim

resultado de um pensamento analítico, como ressalta Haslam (2007) em seu livro O

livro e o Designer II: como criar e produzir livros. Esse pensamento analítico é

resultado de uma busca para encontrar um padrão para classificar os vários

elementos, podendo assim agrupá-los, ordená-los e entregar ao leitor o conteúdo em

uma sequência ou hierarquia. “Quando um texto passa por essa forma de análise, o

designer reforça visualmente a estrutura editorial através do sequenciamento e da

hierarquização. (HASLAM, 2007, p.25)

Para isso acontecer é necessário que todas as partes do livro que serão

somadas venham a encaixar harmoniosamente. É necessário criar cada parte

pensando como um todo e não apenas como peças em separado.

2.1.1 Formato

A definição encontrada no Glossário de termos e verbetes utilizados em design

gráfico define o formato como: “altura e largura (indicados geralmente por suas

medidas em centímetros) ” (ADG, 2012, p. 49). Um termo de significado tão simples,

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mas que carrega grande responsabilidade, pois no projeto gráfico editorial é

fundamental que a escolha do formato seja realizada levando em consideração o

destino final do livro. O formato do mesmo servirá de base para o desenvolvimento

das etapas do projeto.

Ambrose e Harris (2009) acreditam que o formato em geral acaba sendo

ignorado por dois motivos, sua natureza utilitária e a grande quantidade de formatos

padrões, o que faz a importância do formato quase passar despercebida por alguns

designers. Sendo que o formato é o ponto em que oferece o contato físico com o

usuário afetando a maneira de receber a informação. Para o formato dos livros

ressaltam “O formato serve para diferentes funções, desde ser confortável para

segurar na mão até apropriado para apoiar em um leitoril.

Considerações a respeito do formato do livro incluem a natureza e a quantidade de informações apresentadas, o tempo de vida esperado do produto e, naturalmente, o público alvo e o custo. Isso afeta as escolhas como o tipo de papel, tamanho, e acabamento de impressão. Por exemplo, elementos gráficos coloridos precisam de papéis sofisticados para reproduzir uma boa imagem; já para assegurar uma vida longa, serão necessários material de alta qualidade, encadernação resistente e capa dura. (AMBROSE, HARRIS, 2009 p.11)

Haslam (2007) destaca que designers tendem a se render a convicções

pessoais para tomarem decisões sobre proporção e formato. Logo a melhor maneira

de escolher um formato para o livro é conhecer as diversas abordagens que existem

em relação a ele, como formatos padrões, aproveitamento de papel entre outros.

Os formatos padrões assim como o aproveitamento de papel, vieram como

uma forma de repensar o desperdício. Dougherty (2011) aborda em seu livro O Design

Gráfico Sustentável que durante um projeto “Uma forma de medir a ecoeficiência da

impressão é comparar o tamanho do desperdício com o tamanho de material impresso

utilizável. (DOUGHERTY, 2011, p.94)” Por isso diversas gráficas já disponibilizam

tabelas como a figura 1 ou ferramentas de cálculo da área imprimível.

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Figura 1 - Tabela de utilização da folha para impressão 66x96 cm.

Fonte: Roberto Marchesoni, 2010.

Como é possível ver na figura 1, há diversos formatos padrões dentro do

aproveitamento de papel. Essa tabela está se referindo no caso ao papel com 66

centímetros de altura e 96 centímetros de largura um dos papeis mais utilizados para

a produção em grande escala, pelo processo offset.

Ainda sobre o aproveitamento de papel, Dougherty (2011) fala:

“Projetar uma folha de impressão é uma maneira fácil dos os

designers gráficos obterem o máximo de uma tiragem [assim

como perguntar ao seu fornecedor gráfico sobre a viabilidade

técnica e econômica do que você está pensando em fazer. Isso

nos permite antever os problemas e usar a criatividade antes

que seja tarde. Isso também força os designers a entender o

processo de produção que é essencial se esperamos tornar

esse processo eficiente”

(DOUGHERTY, 2011, p.95)

Logo o formato escolhido para o livro que será projetado deve levar em

consideração, além do seu aspecto físico final, também a consciência de um design

que aproveita o máximo da área de impressão de um papel.

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2.1.2 Diagramação, grid e layout

A diagramação e layout de um livro são basicamente como a informação é

apresentada ao leitor. Haslam (2007) compara “O formato do livro define as

proporções externas das páginas; a grade determina suas divisões internas; o layout

estabelece a posição a ser ocupada pelos elementos” (HASLAM, 2007, p.42). O

processo de diagramação define devidamente o lugar que todos os elementos que

compõem o material devem ocupar.

É através da diagramação por exemplo que se pode criar a hierarquização de

informação, em que aquilo que é importante ou deve ser visto primeiro é representado

com mais destaque, enquanto aquilo que deve receber menos atenção é apresentado

com menos ênfase, como já falado anteriormente que é o que Haslam (2009) chama

de pensamento analítico. Fuentes fala que:

“O layout deve causar impacto, ser convincente e detalhado à

perfeição, mas não prometer mais do que a produção industrial

poderá realizar. Deve permitir a sua manipulação por pessoas

não acostumadas a ele e especialmente deve explicar-se por si

só” (FUENTES, 2006, p. 56).

Um layout pode apresentar inúmeros elementos diferentes, como texto,

imagens, ilustrações, tabelas, entre outros. Para um livro de receitas devido aos livros

já existentes seguirem em sua maioria um padrão de hierarquia e organização há uma

certa expectativa do que deve ser encontrado no layout, como será possível de ver na

análise de semelhantes. Elementos como: título em destaque, uma lista de

ingredientes e o modo de preparo, que pode vir ou não divido em passos são alguns

dos exemplos do que podem ser esperados de um livro de receitas. Logo é possível

prever espera como o conteúdo do livro estará disposto.

O Layout e Diagramação serão dois itens essenciais no livro que será

desenvolvido pois eles serão responsáveis de criar junto aos outros elementos a

identidade visual desse livro, levando ao leitor a informação de maneira fácil e com

boa leiturabilidade.

Um dos principais elementos da diagramação, o grid tem sua definição de,

segundo o ADG (2012) como: “Trama ou malha modular que serve como base para a

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construção de diagramas. Pode ser aplicado em relação à construção de um desenho

como também em relação a uma diagramação”. (ADG, 2012, p.55)

Haslam (2007) por outro lado usa a palavra “grade” para o mesmo termo, que

por sua vez seria uma tradução literal da língua inglesa para a portuguesa. Ele diz que

uso de grades na diagramação partem da premissa que tal coerência visual causada

pelo seu uso permite que o leitor se concentre no conteúdo e consiga navegar pelo

objeto sem grandes dificuldades.

Existem inúmeros sistemas de grades, por exemplo os mais básicos que

apenas ditam os elementos como margens, disposição da mancha gráfica e uso de

colunas. Enquanto algumas mais complexas determinam a linha base que servirá de

assentamento para as palavras, o formato das imagens, posição dos títulos, números

de páginas, notas de rodapé, entre outros. Na figura 2, é possível ver as linhas que

formam a grade determinando assim onde ficará a mancha gráfica e o conteúdo. A

primeira página aberta apresenta margens simétricas, então a margem superior (a)

assim como a margem inferior (a) apresentam a mesma medida por isso levam a

mesma letra para descrever, assim como as margens esquerda e direita (b). A

segunda página aberta por sua vez tem em cada margem tem um valor diferente para

(a) (b) (c) e (d) sendo considerada assimétrica.

Figura 2: Tipos de margens.

Fonte: O livro e o design II. HASLAM, Andrew. 2007.

Haslam (2007) aborda os diferentes tipos de grades e explica cada uma delas,

como por exemplo as grades simétricas (figura 3) ou assimétricas:

As grades simétricas, as favoritas dos escribas medievais

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reforçam a simetria natural do livro. A página esquerda do manuscrito era uma imagem espelhada da página direita. As páginas assimétricas, como o próprio nome indica, não possuem linha de simetria em relação a área do texto.

(HASLAM, 2007, p.42)

Figura 3: Livro medieval com grades simétricas e texto justificado.

Fonte: O livro e o design II. HASLAM, Andrew. 2007.

Porém não há nenhuma regra que exija a obrigatoriedade do grid em um livro.

Muitos livros são criados sem grid e isso pode ser até mesmo um diferencial.

Dependendo da proposta do livro, não fazer o uso do grid faz total sentido. Haslam

(2007) fala por exemplo de livros ilustrados, que uma vez com o tamanho e formato

do livro é decidido as ilustrações são criadas dentro desses parâmetros. Por isso é

sempre bom levantar a finalidade do livro antes de definir o grid.

O livro que será projetado deve apresentar uma boa leiturabilidade, uma vez

que as informações devem ser encontradas de maneira rápida caso o usuário esteja

preparando uma das receitas. Sua mancha gráfica e layout além de agradável aos

olhos deve ser um elemento de destaque.

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2.1.4 Tipografia e legibilidade

A tipografia de um livro deve ser escolhida com cuidado levando em

consideração a sua legibilidade. Além de ser coerente com o projeto ela deve ser de

fácil leitura e reprodução. Mas tipografia não possui apenas a função de conter a

informação, ela também é um elemento ativo do layout. Seu uso pode causar muito

mais impacto quando pensando como discurso tipográfico. Fuentes (2005), fala sobre

a tipografia e suas funções:

“A tipografia cumpre funções claramente diferenciadoras entre os diversos componentes textuais. Ela não trata igualmente um título e um texto, e neles marca a diferença e estabelece jogos visuais, estáticos e informativos. Tipo tamanho, cor, opções dentro de uma família, o uso de maiúscula e minúscula, entreletra, entrelinha, sangria, etc. são variáveis que marcam as ênfases que as modulações correspondentes ao valor semântico e de composição das palavras.” (FUENTES, 2007 p.72)

No entanto a legibilidade, depende de uma série de fatores como a própria

tipografia, o seu tamanho e alinhamento. Haslam (2007) sobre tipografias diz “É

importante que o leitor se sinta seguro em qualquer que seja o sistema de disposição

usado, uma vez que esse arranjo é o que permite que ele avance suavemente na

leitura do texto. ” (HASLAM, 2007, p.71).

Um dos elementos que influenciam na legibilidade segundo Haslam (2007) é a

profundidade da coluna, a profundidade linear ou o número de linhas. O número de

linha assim como a sua largura influencia na experiência do leitor, colunas longas de

texto contínuo devem adicionar o entrelinhamento, pois ajuda a tornar a leitura mais

agradável assim como o comprimento da linha.

Outro elemento que também influencia na legibilidade é o alinhamento pois ele

define a facilidade com que o leitor irá encontrar a próxima linha. Os tipos de

alinhamento mais conhecidos são: Alinhado à esquerda, alinhado à direita,

centralizado e justificado. Entre eles Haslam (2007) traz destaque ao alinhamento

justificado, por se tratar da principal abordagem em livros desde 1455 e deriva-se das

antigas colunas encontradas nos papiros egípcios. Na figura 4 é possível ver que o

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texto está dividido em duas colunas e o texto está distribuído o mais uniforme possível,

além de usar cores diferenciadas para os textos.

Figura 4: Papiro Egípcio.

Fonte: O Etnobotâncio, 2014.

No livro Formato, Ambrose e Harris (2009) trazem um exemplo de problemas

com a tipografia e formato que foi bem solucionado (imagem 5).

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Figura 5: Exemplo de caso bem-sucedido de redução de tipografia.

Fonte: Formato. AMBROSE, HARRIS. 2009.

Os livros apresentados no case foram criados dentro dos formatos de 7 e 12

polegadas, tamanhos de discos de vinil, uma vez que o livro trazia tem como seu tema

assuntos para DJ’s. Para manter a coerência e do projeto gráfico em ambos os livros

eles trabalharam com redução de 71% do formato grande para o formato menor,

mantendo assim as mesmas características de layout e diagramação para os dois

livros.

As tipografias escolhidas para o livro que será desenvolvido além de levar a

informação também serão elementos ativos do design, trazendo assim, atitude e

personalidade ao livro.

2.2 FOTOGRAFIA GASTRONÔMICA

A fotografia que surgiu no século XIX tem um grande papel da sociedade atual

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e também no design. Fuentes (2007) relaciona a fotografia com o design gráfico

dizendo que “a fotografia traz ao projeto de design a possibilidade de comunicar a

informação de forma detalhada” (FUENTES, 2007, p.85) uma classificação parecida

foi dada também por Barthes (1984) que afirma que:

“Como a fotografia é contingência pura e só pode ser isso (é

sempre alguma coisa apresentada) – Ao contrário do texto que,

pela ação repentina de uma única palavra, pode fazer uma frase

passar da descrição à reflexão – ela fornece o próprio material

do saber.”

(BARTHES, 1984, p.49)

A fotografia gastronômica tem em sua função, trazer muito mais do que

informação, ela também precisa aguçar os sentidos de quem está vendo-a. Em sua

dissertação, Jacob (2006) diz que quando um indivíduo está observando uma imagem

de um prato “Dependendo da qualidade da foto, esse prato pode ter até cheiro, de tão

apetitoso” (JACOB, 2006, p. 28)

Um livro pode vir ou não acompanhado de fotografias, como ainda vamos ver

nesse trabalho, por exemplo, os livros mais antigos vinham acompanhados de

ilustrações. Mas aos poucos a fotografia foi ganhando espaço e se tornou um item

quase essencial em livros culinários.

Um exemplo de como a fotografia pode impactar o leitor, é o caso da Maestrina

Priscilla Prueter que em sua página no facebook em abril de 2017 compartilhou uma

sua foto comparando a fotografia do livro de receitas com o prato preparado por ela

mesma. Priscila não é cozinheira profissional nem fotógrafa, mas foi influenciada a

realizar a receita usando um recipiente similar ao utilizado da foto e também a mesma

disposição dos alimentos como é possível observar na figura 6:

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Figura 6: Imagem publicada em rede social por Priscilla Prueter.

Fonte: Facebook. PRUETER, Priscilla. 2017

Criar uma foto gastronômica nem sempre é fácil. A fotografia profissional

gastronômica sempre foi vista como um desafio pelos fotógrafos em geral pois ela

espera incitar os sentidos da pessoa que está apreciando. Hick e Schultz (1994)

definem que a fotografia pode ser abordada de duas maneiras: Fotografias impecáveis

“fazer com que os alimentos pareçam sobrenaturalmente perfeitos” e fotografias

irregulares “tipo de prato que parece que pode ser feito por elas”.

Jacob também fala dos truques utilizados para alcançar essas fotos perfeitas:

“Para fotografar um prato são empregados truques para que ele

fique perfeito esteticamente, como, por exemplo, gesso em

cremes brancos do tipo chantili. Eles ficam duros em cima de

um bolo, para que a sua foto seja uma imagem de sonho,

impossível de reproduzir. Há ainda outras possibilidades para

deixar a comida perfeita, como jogos de luzes e retoques digitais

– e que tornam quase impossível sua transformação, de símbolo

da perfeição tecnológica na mídia papel em realidade

tridimensional e palpável.”

(JACOB, 2006, p.29)

As imagens capturadas para o livro não utilizarão truques e sim se manterão o

mais fiel possível a realidade apresentada pelo aspecto do prato final. Sendo o tipo de

foto que não busca por perfeição e sim por simplicidade.

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2.3 ILUSTRAÇÃO

Nos livros de receitas, as ilustrações, antes da chegada da fotografia, eram o

melhor meio de exemplificar como uma receita deveria ser preparada e qual o aspecto

dela quando finalizada. É possível ver na figura 7, como exemplo, o livro Cozinheiro

Nacional que foi publicado no Rio de Janeiro entre os anos de 1860 e 1870, como a

ilustração agregava valor ao livro. Nele é possível encontrar ilustrações até mesmo de

utensílios domésticos.

Figura 7: Abertura do livro Cozinheiro Nacional.

Fonte: Cozinheiro Nacional. Rio de Janeiro. Entre 1860 e 1870.

Fuentes cita (2006) que uma das características da ilustração é a visão pessoal

do autor, em que a ilustração pode partir dele mesmo ou pode ser feita por um

ilustrador, mas sempre apresentando a visão pessoal ou a interpretação,

complementando um determinado texto ou publicação.

Uma das características da ilustração é sua versatilidade, uma vez que pode

ser criada com diversas técnicas e diversos materiais como: lápis, carvão, aquarela,

giz de cera, entre outros materiais. No entanto a ilustração nem sempre é necessária,

uma vez que muitos autores preferem o uso da imaginação ao invés de influenciar o

leitor. Fuentes (2006) ainda ressalta que a ilustração em si não se trata de design

gráfico e sim apenas ilustração ou arte, ela só passa a ser design gráfico quando está

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inserida em um contexto gráfico acompanhada de outros elementos. Se o autor está

recorrendo a imagens é importante que as mesmas estejam cumprindo as diretrizes

da comunicação e deve-se levar em conta os outros elementos gráficos. “Portanto,

deve haver uma relação harmônica entre a ilustração e o projeto de design que há

contém” (FUENTES, 2006, p.84).

A ilustração no livro a ser desenvolvido terá como principal função a decoração,

ou seja, será um elemento de suporte sem responsabilidade informacional.

2.4 INTOLERÂNCIA AO GLÚTEN

2.4.1 Conceito

A palavra intolerância tem diversos significados, mas quando se fala de

intolerância ao glúten essa palavra significa ‘incapacidade de digerir’. O glúten por sua

vez se trata de uma proteína encontrada no trigo, centeio, aveia, cevada e no

subproduto da cevada que é o malte. Apesar de ser considerada uma doença nova,

segundo o Guia Orientador Para Celíacos (2010) há relatos da doença que datam o

ano 200 da era cristã. Também descreve a primeira pesquisa realizada que resultou

no diagnóstico da doença:

“Por volta de 1950, um pediatra holandês chamado

Willem-Karel Dicke relacionou a Doença Celíaca com a

ingestão do glúten, observando que durante a Segunda

Guerra Mundial, quando o pão esteve escasso na

Europa, os casos de DC diminuíram. Três anos depois

ele conseguiu comprovar sua teoria, deixando claro o

papel do glúten no surgimento da doença.”

(FENACELBRA, 2010, p.9)

2.4.2 Causas e consequências

Já em 2013 o Conselho Nacional de Saúde estimava que 1% da população

mundial apresentava intolerância ao glúten, já no Brasil, estimava-se que dois milhões

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de brasileiros viviam com esse tipo de intolerância. Para esse grupo de pessoas,

coisas comuns como comer pão francês da padaria ou até mesmo usar hidratante

corporal pode comprometer a saúde a ponto de precisar ser internado no hospital.

Essa intolerância se manifesta ainda na infância, porém grande parte dos intolerantes

só descobrem na vida adulta.

A dieta livre de glúten, por toda a vida, constitui o único tratamento disponível

até o momento. Segundo a FENACELBRA - Federação Nacional das Associações de

Celíacos do Brasil (2010) “Esta intolerância é para a vida toda e acontece,

principalmente porque o glúten danifica o intestino delgado e com isso prejudica a

absorção dos nutrientes dos alimentos. ” O que pode desencadear outras doenças

por causa da falta de nutrientes necessários.

No Guia Orientador para Celíacos, livro digital disponibilizado pela

FENACELBRA (2010), é possível encontrar os sintomas da doença que podem ser

apresentar de forma clássica com diarreias crônicas, dor de barriga, inchaço,

desnutrição, atraso no crescimento entre outros. Ou de forma atípica:

“Osteoporose, hipoplasia do esmalte dentário (manchas

no dente), dor nas juntas ou inflamação nas juntas

(artrite), intestino preso, ciclo menstrual irregular,

esterilidade, abortos de repetição, problemas

neurológicos como ataxia (anda como se fosse uma

pessoa bêbada); epilepsia, que pode estar associada

com calcificação no cérebro; neuropatia periférica,

doença muscular, problemas psiquiátricos, como

depressão e esquizofrenia, autismo, aftas (úlceras na

boca que se repetem frequentemente).

(FENACELBRA, 2010, p.9)

Quando uma pessoa é diagnosticada com esse tipo de intolerância é

necessária uma mudança radical nos hábitos alimentares. Ainda mais porque grande

parte dos estabelecimentos que servem comida não estão preparados para receber

pessoas com esse tipo de restrição. Porém para alimentos industrializados a Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige a inscrição “contém glúten” ou “não

contém glúten” segundo a Lei Federal 10.674/2003.

Já existem alguns poucos lugares que servem comidas atendendo as dietas

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restritivas, mas por se tratarem de uma minoria os preços ainda são altos se

comparados com os que servem alimentos normais. A escassez de lugares vendendo

tais refeições também implica que a pessoa precise preparar seus alimentos com mais

frequência do que os comprar prontos.

3 PESQUISA DE CAMPO

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Para um melhor entendimento dos materiais editoriais já disponíveis no

mercado tanto para intolerantes ao glúten como para o público geral a pesquisa de

campo ajuda a entender o espaço que os livros de receita ocupam e como eles são

projetados. Esses dados serão obtidos a partir da análise de similares e análise

mercadológica.

3.1 ANÁLISE DE SIMILARES

A análise de similares tem como objetivo comparar livros de receitas já

existentes destacando seus pontos positivos e negativos. Assim é possível executar

um projeto sem cometer os mesmos erros cometidos pelos anteriores.

Para essa análise foram observados cinco livros de receitas com públicos alvos

distintos, uma vez que em nesse número já seria possível identificar diferentes tipos

de linguagem. Neles foram analisados aspectos simbólicos e plásticos referente ao

projeto gráfico como: formato, material, impressão, acabamento, diagramação,

elementos gráficos, fotografia entre outros.

3.1.1 Panelinha: Receitas que funcionam - Rita Lobo

O primeiro livro a ser analisado é o Panelinha: Receitas que funcionam da

autora Rita Lobo (2012). Ele é voltado à um público que busca receitas práticas para

serem utilizadas no dia a dia. Publicado em 2012 pela Editora Senac São Paulo pode

ser considerado um livro oponente se destacando entre os demais por causa de seu

tamanho, uma vez que o seu formato é 31x23,8 centímetros com encadernação de

capa dura e também pode ser considerado pesado, sendo difícil de segurar com uma

mão só. Sua autora tem grande reconhecimento nacional, nos anos 2000 criou o

“Panelinha” primeiro blog de receitas testadas e com fotografias. Já publicou outros

livros e também tem seu programa de televisão chamado “Cozinha Prática com Rita

Lobo”.

Com exatamente 400 páginas impressas em couchê brilhante 4x4 cores em

impressão offeset, o livro traz diversas receitas divididas em quatro categorias. Além

das receitas no início do livro é possível encontrar dicas com listinhas úteis para a

cozinha e alguns conselhos práticos para cozinheiros. Além da fotografia dos

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alimentos, Rita aparece preparando receitas em algumas delas. As categorias são

divididas por cores que estão presente na borda das páginas.

Figura 8: Capa e contracapa livro de receitas Panelinha.

Fonte: Da autora, 2017.

O tom amarelo forte predomina tanto na capa como na contracapa como

mostra a Figura 8, são utilizados pelo menos três tipos de tipografias diferentes para

descrever cada uma das informações. A tipografia utilizada para escrever o nome da

autora é manuscrita (a), enquanto a tipografia utilizada para escrever o título do livro

é serifada e parece desgastada (b). A ilustração de um garfo é o elemento de

destaque (c), na cor verde com bolinhas brancas. Outras ilustrações menores de

alimentos em tom turquesa cercam o garfo, enquanto ilustrações quase no mesmo

tom da capa ocupam o resto do espaço.

A contracapa traz 5 imagens intercaladas com a resenha do livro (d). Duas das

imagens trazem Rita mostrando o processo de preparação. Enquanto as outras três

imagens trazem receitas já finalizadas. Ainda como elemento de ilustração há um rolo

de abrir massa com a sobreposição de listras.

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Não há um padrão específico na apresentação das receitas algumas são

acompanhadas de fotos (e) e outras não, o grid (f) varia de receita para receita, as

vezes em uma coluna, às vezes em duas, dispostas de forma variada. Quanto a

escrita, para os títulos (g) é utilizada a mesma tipografia manuscrita que foi usada

para escrever o nome da autora na capa, para as descrições é utilizada uma fonte

sem serifa (h) (ver imagens 9 e 10).

Figura 9: Receitas livro Panelinha.

Fonte: Da autora, 2017.

As fotografias variam tanto de tamanho, estando apresentadas em tamanho

grande (ocupando toda a página), médias, pequenas e também no estilo colagem

(várias fotos em uma mesma página). Quanto o estilo das fotografias, ela é

apresentada em close, ângulos próximos e em ângulo aberto mostrando o prato inteiro

com tom descontraído. As cores das fotografias são mais frias.

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Figura 10: Receitas livro Panelinha 2.

Fonte: Da autora, 2017.

A abertura dos capítulos é apresentada com a cor que será usada na borda

das páginas daquele mesmo capítulo, já a tipografia é a mesma utilizada para os

títulos. As receitas, no entanto, são apresentadas com um layout bem limpo, deixando

grandes áreas de respiro em branco. A paleta de cores é bem variada, em sua

predominância em tons claros e fortes (ver imagem 11).

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Figura 11: Abertura de capítulo livro Panelinha.

Fonte: Da autora, 2017.

É possível concluir que esse livro tem um projeto gráfico de fácil navegação.

Os títulos podem ser encontrados facilmente assim como as receitas. As fotografias

com tom descontraído influenciam o leitor a pensar que ele mesmo pode executar

aquela receita. A variada e alegre paleta de cores faz com que a ideia de cozinhar

seja associada a algo divertido. O layout deixando os grandes espaços em branco,

faz com que o livro seja menos otimizado o que resulta em um grande número de

páginas, porém proporcionando respiro para elas. O tamanho e peso do livro podem

ser levados em consideração, uma vez que você precisa de um espaço considerável

para armazená-lo e também das duas mãos livres para transportá-lo quando aberto.

3.1.2 Recife, Guia prático, histórico e sentimental da cozinha de Tradição - Bruno

Albertim

O segundo livro a ser analisado é o Recife, Guia prático, histórico e sentimental

da cozinha de Tradição de autoria de Bruno Albertim (2008). Ele não se trata de

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apenas um livro de receitas uma vez que tem caráter informativo trazendo um pouco

da história de Recife1 e dicas de onde comer na cidade. Seu formato é 14x21,1

centímetros com encadernação em brochura e capa semirrígida em papel due design

300gr. Tem como público alvo pessoas que estão na cidade e apreciam os sabores

oferecidos.

O livro contém 162 páginas impressas em papel off-set 90gr. O objetivo é

apresentado através de um prefácio, seguido por um sumário para onde descreve a

organização do livro. Começa com uma apresentação histórica de Recife* assim como

os alimentos mais consumidos e depois parte para as receitas. Antecipando com um

breve relato porque aquela receita foi escolhida para ser colocada no livro.

Figura 12: Capa e contracapa livro de receitas Recife.

Fonte: Da autora, 2017.

A capa apresenta um fundo de azulejos (a) em cerâmica no tom de azul e

amarelo como é possível observar na Figura 10, algo muito comum de ser encontrada

1 Cidade Brasileira Localizada no Nordeste do País.

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em Recife, podendo até ser considerado uma característica muito lembrada da cidade.

Em cima desse padrão de azulejos há um prato com suas bordas ilustradas em tom

azul, como o do fundo, dentro desse prato (b) está o título do livro com uma ilustração

de uma silhueta de Recife. O nome está escrito em uma tipografia (c) não serifada

enquanto o título está com uma tipografia caligráfica.

Na contracapa tem a imagem de uma receita, com a frase “O sabor do Recife

te quer”. Esta que ocupa quase totalmente a página, deixando apenas um espaço na

parte inferior para a aplicação das logos patrocinadoras (d). Por se tratar de um livro

para fins comerciais também está presente o código de barras (e).

A folha de rosto (figura 13) novamente uma traz uma imagem de azulejos:

Figura 13: Folha de rosto livro Recife.

Fonte: Da autora, 2017.

Para a introdução o grid utilizado é de uma coluna em cada página e justificado

(f). Para a apresentação das receitas não há um grid (g), ele é disposto aleatoriamente

junto às fotos. A tipografia escolhida para o título (h) é manuscrita em sua maioria em

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preto e algumas vezes em marrom ou vermelho e para a tipografia do texto (i) é

utilizada uma fonte sem serifa.

As fotografias são apresentadas em diversas maneiras como é possível

observar na Figura 14, às vezes ocupando as duas páginas, às vezes uma ou através

colagem de várias fotos ocupando uma mesma página. Além das fotografias de

alimentos, também há outras de Recife e dos lugares de onde algumas das receitas

originaram. Em sua grande maioria as fotografias apresentam tons quentes e quando

há o uso de colagem, bordas pretas são utilizadas para delimitar a imagens (figura

14).

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Figura 14: Receitas livro Recife.

Fonte: Da autora, 2017.

Pode-se concluir que o livro apresenta um caráter simples, uma vez que tenta

transmitir o espírito da cidade de recife. Na parte de apresentação do livro quase não

há margem o que pode dificultar a leitura da mesma. Já as fotografias em colagem e

sobrepostas requerem tempo e atenção para conseguir absorver os detalhes em cada

uma delas. No entanto o livro pode ser considerado uma boa lembrança de viagem,

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principalmente pela sua riqueza de informações.

3.1.3 Aperitivos - La fonte

O livro Aperitivos publicado pela editora La Fonte pertence à uma série

intitulada “100% Prazer” (2009). O seu público principal são pessoas interessadas

aperitivos, que são pequenas porções de alimentos preparados para serem

consumidos antes da refeição principal ou entreter convidados enquanto a refeição

principal não é servida. Seu formato é de 18,5x19 em encadernação tipo brochura e

capa semirrígida em papel tipo tríplex.

Figura 15: Capa e contracapa livro de receitas Aperitivos.

Fonte: Da autora, 2017.

Com 96 páginas impressas no couchê brilhante o livro traz receitas separadas

em 7 categorias. Sua capa como é possível observar na Figura 15 traz 4 (a) imagens

de receitas que serão abordadas no livro, as quatro imagens têm o mesmo tamanho

e destaque. Temos o título (b) em cor marrom com aplicação de verniz localizado e

tipografia sem serifa. A logo da editora (c) está em conjunto com o nome da série (d).

Na contracapa há novamente o título (b) do livro e a série (d) ao qual ele pertence,

seguido de uma pequena foto no formato circular (e) e a descrição do conteúdo do

livro (f). Ainda na parte inferior há a logo da editora, o site e também o código de barras

(g).

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Figura 16: Receitas livro Aperitivos.

Fonte: Da autora, 2017.

As categorias das receitas são divididas por cores e a apresentação das

receitas são iguais para todas, a única diferença são as fotografias que podem ocupar

a página inteira ou apenas aparecer na mesma página da receita. As receitas são

sempre apresentadas da mesma maneira, com colunas, sendo que na primeira há um

pequeno retângulo (h) da cor da categoria informando a quantidade que a receita

rende o tempo de preparo como é possível observar na Figura 16. Logo abaixo desse

retângulo na mesma coluna, com o texto centralizado fica a lista de ingredientes (i).

Na segunda coluna o título em destaque é seguido pelo modo de preparo (j) que por

sua vez é dividido por etapas devidamente sinalizadas com indicadores circulares.

O livro apresenta um grid bem consistente uma vez que o mesmo estilo para a

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apresentação das receitas é reproduzido em todas elas. Toda a tipografia do livro é

sem serifa, apesar de se tratar de diferentes fontes para cada coluna. As fotografias

são apresentadas de duas maneiras, com fundo branco (k) e em composição (l). Pela

qualidade é possível ver que todas elas foram produzidas em estúdio.

Pode-se concluir que o livro foi diagramado com excelência, o formato foi bem

aproveitado, portanto não há excesso de informação nem de espaços em branco. As

fotografias parecem apetitosas, porém não é o tipo de receita que você acredita que

pode reproduzir com facilidade. A disposição dos elementos faz com que o layout

funcione muito bem, sendo um livro de fácil navegação.

3.1.4 Cocina Peruana - Wust Ediciones

O quarto livro a ser analisado tem como título “Cocina Peruana: Nuestro sabor

para el mundo” (2010). É um livro escrito em espanhol e publicado pela Wust

Ediciones. Tem como principal objetivo propagar a cozinha peruana para o resto do

mundo e o público alvo são pessoas interessadas em receitas peruanas.

O livro tem o formato 25,5x22,5 centímetros, com encadernação em capa dura

e uma luva reproduzindo a capa em couchê finalizado com laminação fosca. Em sua

folha de rosto traz a imagem do milho preto, alimento comum no Peru, mas

desconhecido por outros países, aplicado em papel texturizado. O conteúdo do livro é

dividido em: apresentação da cozinha peruana, os principais produtos e as receitas

que por sua vez também estão divididas em categorias de acordo com o estágio da

refeição ao qual ela pertence.

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Figura 17: Capa e contracapa livro de receitas Cocina Peruana.

Fonte: Da autora, 2017.

O livro tem 131 páginas impressas em couchê. Sua capa traz a fotografia de

um prato em um fundo claro como é possível observar na Figura 17. O título é escrito

em letra serifada na cor vermelha, com todas as letras em caixa alta. O subtítulo usa

a mesma tipografia todo em caixa baixa e na cor verde. A contracapa nada mais é que

a versão espelhada da capa com a escrita em inglês.

Figura 18: Folha de rosto livro Cocina Peruana.

Fonte: Da autora, 2017.

O grid varia de acordo com a informação que está sendo apresentada. No

começo do livro consta a parte informativa, o texto está dividido em duas colunas.

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Para os ingredientes também são usadas duas colunas, porém intercaladas com

imagens. As receitas possuem o título na parte superior da página (a), acompanhado

de um ícone, seguido por um primeiro parágrafo explicando o que é o prato em

espanhol (b) e inglês (c) e na parte inferior duas colunas uma para os ingredientes (d)

e outra para a preparação (e).

Figura 19: Receitas livro Cocina Peruana.

Fonte: Da autora, 2017.

Cada receita é acompanhada da fotografia do prato final como é possível

observar na Figura 20, ela ocupa uma página inteira do lado esquerdo (f) enquanto a

receita se encontra do lado direito. Além da fotografia principal, há uma redução da

mesma apresentada na borda da página (g). Cada categoria tem uma cor específica

e essa cor é utilizada para diferenciar o texto em inglês do espanhol.

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Figura 20: receitas livro Cocina Peruana.

Fonte: Da autora, 2017.

As fotografias são preparadas em estúdio e utilizam elementos de composição

diferentes entre elas. Com exceção de algumas que trazem uma composição

impecável, a maioria delas parecem fáceis e apetitosas. A tipografia do livro, tanto

para títulos quanto para conteúdo são todas sem serifa.

Em conclusão trata-se de um livro que em parte foi bem executado, a fotografia

e uso de cores é absolutamente lindo, porém o grid e disposição de elementos deixa

muito a desejar pois traz uma sensação de bagunça que não combina com a

linguagem do livro. Algumas fotografias em miniatura são inseridas no meio do texto

ou de tamanhos que não valorizam a fotografia. Um dos maiores pontos positivos é

que se trata de um livro bilíngue, o que faz com que seu público alvo seja bem maior.

3.1.5 Cozinheiro Nacional – Livraria e Editora Garnier

Para o quinto e último livro será levado em consideração apenas aspectos de

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43

layout e composição, uma vez o que livro será analisado a partir de uma versão

digitalizada pela Brasiliana Digital, dificulta prover informações do seu aspecto físico.

Esse livro já foi citado neste trabalho por suas ilustrações e será analisado para

exemplificar a abordagem dos livros de colunaria que hoje são considerados

clássicos.

O livro que foi lançado entre 1860 e 1870, apresenta uma capa simples com

apenas o título (a) com uma espécie de borda quadrada e o nome da Livraria Garnier

no Rio de Janeiro (b) responsável pela publicação do livro. O aspecto da capa é bem

simples, usando um tom de marrom chapado e a escrita em preto. Na contra capa há

apenas logo (c) da Editora Livraria Garnier. Seu público alvo são pessoas

interessadas na cozinha brasileira e europeia.

Figura 21: Capa e contracapa livro Cozinheiro Nacional.

Fonte: Da autora, 2017.

O livro começa com um prólogo, logo após temos dicas básicas de utensílios

que vem acompanhadas de ilustrações (d) provavelmente executadas com nanquim.

As ilustrações são de uso recorrente em todo o livro, com principal objetivo de

demonstrar o modo de execução de alguma receita. A tipografia escolhida é serifada

e o texto é justificado (e) com exceção de certos momentos onde ele sofre

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intervenções de ilustrações (f). A linguagem é robusta e as receitas são descrita de

maneiras rápidas em poucas linhas (g). Não há no livro o que estamos acostumados

a ver, ingredientes detalhando suas quantias de um lado e modo de preparo do outro.

Figura 22: Descrição de utensílios e receitas do livro Cozinheiro Nacional.

Fonte: Da autora, 2017.

Ou contrário dos outros livros o sumário encontra-se no final do livro e todas as

receitas são inumeradas. Para a abertura do capítulo primeiro aborda-se o tema do

capítulo para depois dar início as receitas.

Há muitos indícios que fazem o livro ser identificado como antigo, o fato de não

haver imagens, ser um livro totalmente preto e branco, o acabamento rústico, entre

outros fatores fazem com que o livro seja reconhecido como feito antes da era dos

computadores. No entanto é um livro que apresenta uma diagramação simples, porém

impecável, com ilustrações muito bem executadas e trata-se de um livro fácil de

navegar. Apesar de ser antigo têm grande valor agregado pelas quantidades de

receitas abordadas e que podem ser executadas até hoje.

3.1.6 Quadro Síntese

Através da análise de similares foi possível concluir que cada projeto apresenta

um editorial único e feito sob medida para cada livro. Também foi possível fazer um

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levantamento de dados das principais características de cada livro.

Livro Panelinha: Receitas que funcionam

Recife, Guia prático, histórico e sentimental da cozinha de Tradição

Aperitivos Cocina Peruana

Cozinheiro Nacional

Ano 2012 2008 2009 2010 1860-1870

Número de páginas

400 163 96 132 498

Formato 31x23,8 14x21,1 18,5x19 25,5x22,5 -

Capa Dura Flexível Flexível Dura

Impressão 4x4 em couchê

4x4 em Off-set 90gr

4x4 em couchê

4x4 em couchê

1x1

Público Alvo Pessoas que buscam receitas práticas.

Viajantes que amaram a comida e cultura de Recife ou querem sugestões.

Interessados em aperitivos.

Interesse em comidas típicas do Peru

pessoas com interesse na cozinha brasileira e europeia.

Tipografia Tipografias caligráficas e serifadas para a capa e títulos, e moderna para o corpo do texto.

Tipografias caligráficas para títulos e modernas para corpo do texto.

Apenas tipografias modernas e sem serifa apresentadas no modo regular e em negrito.

Tipografias clássicas serifadas para títulos e não serifada e moderna para conteúdo.

Uma única tipografia

Diagramação

Número e posição de colunas dispostas de maneiras diferentes

Número e posição de colunas variam de página para página.

Duas colunas: uma menor para ingredientes e informações

Número e posição de colunas varia das primeiras páginas

Uma Coluna justificada.

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em cada página

e outra para modo de preparo.

informativa para as páginas de receitas.

Fotografia Utilizada de forma diversa é possível encontrar fotos que ocupam páginas inteiras, colagens e fotos recortadas em meio a escrita, seus ângulos variam muito também.

Apresentada de diversas maneiras é possível encontrar imagens que ocupam páginas inteiras, múltiplas em uma mesma página, além de alimentos também a fotos da cidades, todas com ângulos diferentes.

Todas as fotos são apresentadas ocupando uma página inteira com um ângulo frontal e próximo do prato fotografado.

Apesar de haver variações todas as fotos ocupam uma página inteira e são duplicadas em um pequeno quadrado na página ao lado de tamanho menor. Em sua grande parte utilizam o ângulo frontal.

Não há fotografia nesse livro.

Divisórias Definem a cor que será usada no capítulo, ocupando duas páginas são inteiras da mesma cor e todas trazem uma frase.

Não há divisórias.

Não há divisórias.

Há uma construção geométrica de formas e imagens junto com o nome do capítulo e as receitas que você pode encontrar.

Não há divisórias.

Tabela 1 – Quadro síntese: analise de similares. Fonte: Da Autora, 2017.

A análise de similares será uma referência para o livro desenvolvido, é através

dela se torna-se possível ver através da experiência do usuário pontos positivos e que

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valem a pena ser utilizados novamente. A análise também promove referencias para

diferentes áreas do livro, seja tipografia, seja fotografia ou acabamentos. Com essas

informações é possível extrair o melhor de cada livro e reproduzir.

3.2 ANÁLISE MERCADOLÓGICA

A análise mercadológica foi realizada apenas no âmbito físico, pensando que

o público alvo que adquire esse tipo de livro teria como princípio ir até uma livraria e

analisar o livro antes de comprá-lo, tal experiência torna-se mais restritiva no âmbito

de compras digitais. Para isso acontecer foram visitadas duas livrarias na cidade de

Curitiba. O principal objetivo dessa análise mercadológica é ressaltar a quantidade de

livros disponíveis para pessoas com intolerância ao glúten em comparação com os

livros disponíveis para o público geral, reforçando a necessidade de novos livros para

o mercado.

3.2.1 Livrarias Curitiba - Rua XV

A Livrarias Curitiba localizada na rua XV no centro de Curitiba, faz parte de uma

rede que possui 21 lojas espalhadas pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio

Grande do Sul. A loja específica onde foi realizada a pesquisa pode ser considerada

de grande porte. Possui um amplo e diversificado acervo, incluindo livros de

gastronomia.

Com o intuito de encontrar produtos similares verificou-se que entre

aproximadamente 300 livros de culinária apenas 4 traziam receitas sem glúten sendo

eles publicados entre os anos 2014 e 2016:

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Figura 23 - Livros de receitas sem glúten encontrados na Livrarias Curitiba 1.

Fonte: Da Autora, 2017.

Dois dos livros não traziam apenas de receitas sem glúten, como é possível ler

na capa do livro da esquerda na Figura 23, trata-se de um diário escrito por Alana Rox

(2016) em que ela compartilha receitas veganas como principal foco, porém que

também não apresentam glúten. Já no livro da direita, além das receitas serem sem

glúten, também são vegetarianas e de baixo carboidrato.

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Figura 24 - Livros de receitas sem glúten encontrados na Livrarias Curitiba 2.

Fonte: Da Autora, 2017.

Já os outros dois, Sabor sem glúten e Culinária de todas as cores: 200 Receitas

de comidinhas sem glúten como é possível observar na Figura 24, trazem receitas

exclusivamente sem glúten e nenhuma outra restrição. O livro Culinária de todas as

cores faz parte de uma série de livros que trazem 200 receitas com vários temas

diferenciados.

Os livros não possuem um lugar específico nem estavam agrupados, cada um

estava disposto em um lugar diferente, dividindo espaço com livros de culinária, mas

também, sobre vinhos, cervejas e bebidas no geral.

3.2.1 Livrarias Cultura - Shopping Curitiba

A Livraria Cultura, localizada no Shopping Curitiba no centro da cidade foi o

segundo local onde foi realizada pesquisa. Diferente da Livraria Curitiba, a sessão de

livros de gastronomia é ambientada tendo uma cozinha completa como decoração,

com fogão, pia e micro-ondas, ver Figura 25.

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Figura 25 - Sessão de livros de gastronomia Livrarias Cultura.

Fonte: Da Autora, 2017.

Apesar da organização da Livraria Cultura ser melhor que a da Curitiba, não

havia uma sessão específica para dietas restritivas também e os livros estavam

espalhados. No entanto os livros de culinária estão dispostos em seções diferentes

dos livros de bebidas por exemplo, ver Figura 26.

Figura 26 - Livros de receitas sem glúten encontrados na Livrarias Cultura.

Fonte: Da Autora, 2017.

Dentre os livros encontrados na cultura, apenas um deles difere dos

encontrados na Curitiba. O livro se chama Cozinhando em Família, escrito pela Natália

Werutsky, direcionado a iniciantes na cozinha, publicado em setembro de 2016.

Reforçando a falta de opções para os compradores de livros sem glúten.

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4 PROJETO GRÁFICO

4.1 BRIEFING

Com finalidade de criar o projeto gráfico, algumas diretrizes precisavam ser

estabelecidas para que o objetivo do livro pudesse ser cumprido. Essas considerações

são de extrema importância para o projeto uma vez que podem ser consideradas a

base dele. Entre as diretrizes estão as seguintes:

a) Projeto gráfico para um livro com receitas livres de glúten.

b) O projeto não faz parte de nenhuma coleção de livros, trata-se de um

volume único que contém receitas variadas.

c) Seu público alvo são pessoas que não podem ingerir glúten por questões

de saúde, mas também por aquelas que buscam um novo estilo de vida

excluindo o glúten do seu cardápio. Uma vez que no dia a dia é difícil

encontrar alimentos prontos e é necessário preparar previamente para

sempre ter um lanchinho no bolso.

d) O perfil do público são pessoas que já saíram da primeira idade e são

capazes de preparar uma refeição sozinho, não há distinção de sexo ou

idade, sua faixa etária incluiria de adolescentes a idosos.

e) Todas as receitas inseridas no livro têm que ser testadas, preparadas e

fotografadas.

f) O livro deve ser mais atrativo, apresentando um bom projeto gráfico que os

disponíveis no comércio, podendo assim no futuro destacar-se mais que os

outros através do design.

Utilizando, repertório, análise de similares e conceitos do design abordados na

fundamentação, foi possível criar um projeto gráfico que tinha em sua composição

todos os itens citados acima. Sempre levando em consideração qual linguagem

combina mais para abordar temas gastronômicos e como o design possibilita isso. O

projeto começou através da experimentação com as diferentes áreas do livro, e aos

poucos foi sendo modelado, porém sempre com diversas coisas acontecendo em

paralelo. Trabalhar em áreas diferentes ao mesmo tempo, possibilitou que a cada

momento fosse possível questionar a qualidade em separado e também e conjunto.

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4.2 DEFINIÇÕES

No início do projeto tudo era apenas um conjunto de ideias, uma das primeiras

definições foram o número de receitas a serem trabalhadas, que no caso seriam 15,

um número possível de trabalhar dentro do cronograma estipulado, uma vez que todas

as receitas deveriam estar acompanhadas de foto e trabalhar com um número maior

talvez impossibilitasse de seguir o prazo.

Essas receitas seriam trabalhadas em cinco temas que não estavam definidos

e dentro deles teriam 3 pratos: 1 aperitivo, 1 prato principal e 1 sobremesa, por

exemplo, “Noite Italiana”, e dentro desse tema as três receitas seriam inspiradas na

Itália. Porém, pensando na experiência do usuário, seria melhor apresentá-las apenas

dentro de três categorias (aperitivos, prato principal, sobremesa) e não em temas

fechados estimulando assim mais combinações das receitas entre si.

Além das receitas divididas nas categorias entrada, prato principal e sobremesa

o livro também traz uma seção de dicas para o dia a dia.

A decisão de trabalhar com fotos de autoria própria e não usar banco de

imagens, veio da necessidade de passar veracidade no livro. E principalmente

oferecer fotos de pratos que os leitores acreditassem serem capazes de reproduzir.

Após essas definições foi possível trabalhar com maior profundidade as áreas citadas

a seguir nas próximas páginas.

A escolha do nome do livro se deu a partir da frase obrigatória em todos os

rótulos de embalagens “Não Contém Glúten”. No entanto, como o livro apresenta uma

proposta diferenciada dos outros disponíveis no mercado, que trazem receitas de

baixa caloria, veganas ou sem carboidrato, esse traz receitas de dia a dia e saborosas,

para pessoas que não podem consumir glúten, mas não querem abrir mão do prazer

de consumir comidas gostosas. Por isso foi adicionada a frase, “mas é gostoso”,

ficando assim o nome completo: “Não contém glúten mas é gostoso”.

4.3 LEVANTAMENTO DE RECEITAS

O conteúdo para a parte de “dicas” foi retirado em sua grande maioria do livro

Guia Orientador para Celíacos, produzido e disponibilizado pela FENACELBRA

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(2010). O livro trata-se de um guia, como o próprio nome já diz, para celíacos. Ele traz

todas as informações da doença, como surge, causas e consequências, e também

qual deve ser o posicionamento de uma pessoa que sofre de intolerância ao glúten.

Outra parte das informações foram obtidas através do convívio com pessoas que

sofrem da doença e como elas lidam com ela.

As receitas foram escolhidas a partir de alimentos consumidos no dia a dia e

que poderiam ter seus ingredientes substituídos por ingredientes sem glúten, então

essas receitas foram listadas, o ingrediente que continha glúten excluído e através de

experimentações culinárias de teste e acerto ou relatos de outras receitas, usando

ingredientes sem glúten, foi criada uma nova receita.

Uma das escolhas do livro foi escrever as receitas em primeira pessoa,

explicando assim com riqueza de detalhes como prepará-la. E também trazer uma

dica junto a cada uma delas.

4.4 FORMATO

O formato escolhido foi o de 20 centímetros de altura por 44 centímetros de

largura, para a página aberta. Para a página fechada, ficou 20 centímetros de altura

para 22 de largura. Um formato médio o que possibilita a sua produção em pequena

e grande escala com facilidade.

Figura 27 - Formato escolhido para o livro.

Fonte: Da Autora, 2017.

O formato foi escolhido por três fatores, facilidade de manipulação (mesmo a

página aberta sendo de um formato grande, foi possível fazer testes de impressão em

gráficas digitais), análise de similares (durante a análise, verificou-se que o livro

Aperitivos tinha o formato que mais chamou atenção, editado para poucas receitas,

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seu formato além de valorizar as fotografias também fez um bom uso do espaço

disponível) e o aproveitamento de papel (levando em consideração a página aberta,

sangria e cruz de corte, seria possível imprimir 6 páginas em cada folha de papel

66x96). Como é possível de observar na figura 28, onde a parte impressa está

representada por amarelo e a sangria e cruz de corte por vermelho. A folha 96x66

está usada quase em sua totalidade.

Figura 28 - Aproveitamento de papel.

Fonte: Da Autora, 2017.

4.5 FOTOGRAFIA

Uma das principais diretrizes do projeto era que, todas as fotos disponíveis no

livro seriam de autoria própria, ou seja, não seriam fotos de terceiros nem retiradas de

bancos de imagem. Porém a falta de experiência com a câmera e nunca ter trabalhado

com fotos gastronômicas, fez o projeto todo ser mais trabalhoso que o esperado. As

fotos demoraram o triplo do tempo que estavam programadas no cronograma.

Realizou-se uma primeira sessão de fotos com uma das receitas do livro: o bolo

de mandioca. As fotos foram tiradas em uma mesa coberta por uma toalha bege e

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uma luz auxiliar. Foram tiradas aproximadamente 250 fotos, entre elas várias

tentativas de fundos diferentes e até mesmo composição com outros elementos, como

xícara, pires e pedaços isolados do bolo. Apesar do resultado das fotos ter sido bom,

a partir desse primeiro teste foi possível retratar uma série de itens que poderiam ser

melhorados. O bolo, por se tratar de uma peça inteira grande e achatada, não dava

muitas opções de ângulos e variedade de fotos, e o seu preparo havia sido realizado

em um multiprocessador deixando a mandioca uniforme e pouco convidativa. Como é

possível ver na figura 29, vários ângulos foram testados. As últimas três fotos já

apresentavam tratamento para uma melhor visualização do resultado.

Figura 29 - Primeira sessão de fotos realizada para o livro.

Fonte: Da Autora, 2017.

Porém nenhuma delas estava boa o suficiente para ser utilizada no livro e a

partir das pontuações dessa sessão foi possível criar um uma nova sessão da mesma

receita com um novo conceito. Pensado na unidade do livro, as fotos foram refeitas

apenas com a composição do próprio alimento, sem adicionais, pois seria difícil criar

um cenário novo para cada receita. O bolo ao invés de ser apenas uma unidade

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grande foi reduzido à várias pequenas unidades usando formas menores, para trazer

mais dinâmica para as fotografias. Ao invés da mesa, foi usado um balcão de cor

branca e um papel de cor rosa para o fundo. Os resultados foram melhores que os

anteriores, no entanto a iluminação continuou sendo um dos maiores problemas.

Figura 30 - Segunda sessão de fotos realizada para o livro.

Fonte: Da Autora, 2017.

A partir da segunda sessão e de mais pesquisas sobre fotografias

gastronômicas, viu-se a necessidade de usar um tripé para a produção das fotos, uma

vez que traz mais nitidez. Com a ajuda do tripé foi possível explorar mais os ângulos,

e após assistir inúmeros vídeos onde a câmera era utilizada com o ângulo superior à

pessoa que estava preparando, verificou-se que tal vista permite uma maior riqueza

de detalhes. Sendo assim, ficou pré-estabelecido que para a linguagem fotográfica do

livro seriam imagens fotografadas com o ângulo superior e também que as fotos

deveriam ser tiradas apenas com luz natural. O fundo que pode ser encontrado em

todas as fotos trata-se de uma tampa de caixa de madeira compensada.

Para produzir as fotos foi necessário:

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Uma Câmera Canon DSLR, com lente 18-55 mm

Um tripé

Luz natural do dia

Um fundo específico, no caso a tampa de madeira compensada.

Depois da linguagem fotográfica ter sido definida foi possível preparar o número

total de receitas com muito mais facilidade de documentação. Um exemplo é a figura

31 que está seguindo todas as diretrizes estabelecidas ao longo do projeto, a foto foi

tirada a partir do ângulo superior, com luz natural e no fundo escolhido para ser

característico de todas as fotos, a madeira compensada. Essa mesma foto encontra-

se no livro, ela já está enquadrada no formato final e passou por tratamento no

Photoshop.

Figura 31 - Fotos escolhida antes x depois.

Fonte: Da Autora, 2017.

Foi necessário muito afinco na produção das imagens para que elas

precisassem o mínimo de edição, sendo mais fiéis possíveis às suas cores. Porém

apesar de todos os esforços para conseguir fotos com qualidade, foram necessários

retoques no programa de edição de imagens Photoshop e lightroom2. Além das cores,

foram corrigidas as diferenças de iluminação, uma vez que usando a luz natural, sua

mudança acontece de um segundo para o outro. No mesmo programa foi possível

trabalhar o recorte, utilizando assim o melhor ângulo da foto.

No total, foram utilizadas 15 fotografias, uma para cada receita do livro:

2 Programas disponibilizados pela Adobe para a edição de fotos.

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Figura 32 - Fotos escolhidas.

Fonte: Da Autora, 2017.

Todas as receitas e fotografias foram preparadas e tiradas pela aluna que

desenvolveu esse trabalho. Como é possível ver na imagem 33 um pouco dos

bastidores.

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Figura 33 - Bastidores fotografia.

Fonte: Da Autora, 2017.

4.6 TIPOGRAFIA E LEGIBILIDADE

Para os primeiros testes foram separadas fontes que se destacavam entre

outras, seja pelo seu desenho, traçado, qualidade, entre outros motivos e reunidas em

um papel que foi impresso oferecendo uma melhor visualização (figura 34):

Figura 34 - Teste de tipografia para títulos.

Fonte: Da Autora, 2017.

Os testes foram realizados tanto para títulos, ver Figura 34, como para textos

corridos (figura 35). Com ambas impressas foi possível categorizar e classificar quais

seriam boas para o projeto e quais não seriam.

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Figura 35 - Testes de tipografia para textos.

Fonte: Da Autora, 2017.

No entanto, durante a geração de alternativas para a capa foi construída uma

composição tipográfica sem levar em consideração os estudos e sim, a junção das

tipografias que tiveram mais harmonia naquele momento em que foi criada a

composição devido ao contraste entre os seus traços e estilos:

Imagem 36 - Tipografias usadas durante a geração de alternativas.

Fonte: Da Autora, 2017.

A tipografia Back to Black, utilizada durante a geração de alternativa na

composição tipográfica da capa, para títulos e aberturas de capítulo. Seu estilo é

caligráfico e sua forma é arredondada o que traz uma sensação de conforto. Seus

caracteres trazem o perfeito equilíbrio de espessuras, sem causar problemas na

leitura. A segunda tipografia em potencial era a Cabin, utilizada para alguns títulos e

textos de maior extensão, como o preparo das receitas. Trata-se de uma fonte sem

serifa utilizada em sua versão regular em todas as suas aplicações. Uma fonte

uniforme, sem contraste entre os traços e moderna.

No entanto, como o livro ainda estava em fase de geração de alternativas foi

feito um novo estudo e o critério utilizado para ele foi reunir fontes que combinariam

com a direção que o trabalho estava tomando:

Back to blackA B C D E F G H I J K L M

N O P Q R S T U V X W Y Z

a b c d e f g h i j k l m

n o p q r s t u v x y z

CabinA B C D E F G H I J K L MN O P Q R S T U V X W Y Za b c d e f g h i j k l mn o p q r s t u v x y z

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Figura 37 - Novo levantamento de tipografias.

Fonte: Da Autora, 2017.

Por fim foram escolhidas as tipografias e:

Figura 38 - Tipografias escolhidas.

Fonte: Da Autora, 2017.

Para os títulos foi utilizou-se a Jack Story (tamanho 105), uma tipografia

manuscrita e irregular, que apresenta acabamentos arredondados e maiúsculas

alongadas, com uma textura que lembra uma canetinha e que foi escrito a mão.

Enquanto para os textos descritivos utilizou-se a Merriwather Sans (tamanho 10)

devido a sua família ser completa e permitir variações como negrito e itálico com

facilidade.

4.7 LAYOUT E DIAGRAMAÇÃO

Antes do formato ter sido decidido foram realizados testes com formatos,

diagramações e fotos da primeira sessão do bolo de mandioca, como um exercício de

experimentação. As escolhas apresentadas na figura 39 foram experimentações

criativas.

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Figura 39 - Teste em fase inicial de diagramação.

Fonte: Da Autora, 2017.

A primeira opção foi feita no mesmo formato do livro analisado Aperitivos e a

segunda em um formato mais vertical. A partir deles foi possível estabelecer pontos

negativos, como a cor escolhida: azul, por ser uma cor não indicada para alimentos,

os traços das ilustrações: estavam muito finos e sem personalidade. Assim

possibilitou-se buscar uma nova solução para a diagramação final.

Uma vez que ambos os testes foram impressos em tamanho original, também

foi possível verificar se o tamanho das fontes estava confortável à leitura e como as

cores trabalhavam em conjunto com a foto. O tamanho da fonte precisaria ser

aumentado e ficou definido que a cor azul escuro não estava combinando com o resto

do projeto uma vez que não é uma cor comumente relacionada a alimentos.

Dentro do livro houveram algumas diferenciações entre as páginas por isso

elas serão abordadas de formas individuais:

4.7.1 Dicas

Pensando no caráter informativo do livro, realizou-se um levantamento de

informações chamadas de “dicas” que estão localizadas nas primeiras páginas do

livro. Elas passaram modificações como é possível ver na figura 40, até sua versão

final.

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Figura 40 - Geração de alternativas das dicas.

Fonte: Da Autora, 2017.

A primeira opção a) depois de criada foi impressa e a partir dela foi possível

verificou-se que: a tipografia estava muito grande, as linhas muito alongadas e o

alinhamento a direita não ajudava na leitura, então foi criada uma segunda opção em

que o tamanho da fonte estava menor com o texto justificado e usando uma nova

tipografia para os títulos. Porém, como outras partes do livro também sofreram

mudanças a página de dicas precisou receber um novo layout para seguir a linguagem

definitiva do livro.

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Figura 41 – Versão final dicas.

Fonte: Da Autora, 2017.

Como é possível ver na figura 41 a numeração das dicas recebeu um destaque

maior para contrastar com o texto, que por sua vez foi colocado em colunas menores

afim de melhorar a leitura. E também foi adaptada a paleta de cores final.

4.7.2 Sumário

O sumário assim como as outras partes do livro também passou por mudanças

gradativas. Nas primeiras opções há algumas receitas acabaram que não sendo

utilizadas na versão final e sendo substituída por outras.

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Figura 42 - Geração de alternativas do sumário.

Fonte: Da Autora, 2017.

A primeira diagramação tem como opção as receitas divididas por categorias:

Aperitivos, pratos principais e sobremesa, e utilizou-se uma tipografia para a categoria

e outra para as receitas. Do lado esquerdo há algumas ilustrações de ingredientes.

Logo, a segunda diagramação seguia a mesma ideia da primeira, com a diferença que

foi escolhida uma nova tipografia para o título e cada categoria foi colocada dentro um

círculo e com os textos centralizados.

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Figura 43 – Versão final sumário.

Fonte: Da Autora, 2017.

O sumário definitivo escolhido (figura 43) para o livro traz as categorias escritas

de um tamanho muito maior que as receitas, ambas usam a mesma tipografia com as

categorias alinhadas à direita e as receitas alinhadas à esquerda. A ilustrações

passaram a ficar centralizadas e também estão dentro da linguagem de ‘giz’ escolhida

para as ilustrações.

4.7.3 Abertura de capítulos

O livro conta com três aberturas de capítulo, uma para cada categoria de

receitas:

Aperitivos

Pratos principais

Sobremesas

A ideia principal foi trabalhar com a cor que seria utilizada naquele capítulo

acompanhada de uma ilustração e o nome da categoria (imagem 44). Entre a primeira

e a segunda opção foi trocado o tipo de traço para as ilustrações e a tipografia utilizada

para escrever o nome do capítulo.

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Figura 44 – Geração de alternativas abertura de capítulo 1.

Fonte: Da Autora, 2017.

Porém pensando na unidade do livro assim como a identidade visual, a

abertura de capítulo passou novamente por alterações até a versão final (figura 45)

em que os títulos estão utilizando a tipografia escolhida assim como as cores estão

de acordo com a paleta escolhida final. Criou-se um padrão apenas com o nome das

sessões em repetição e com aplicação de um degradê.

Figura 45 – Geração de alternativas abertura de capítulo 2.

Fonte: Da Autora, 2017.

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Porém a proposta com o padrão das palavras em repetição foi substituída por

uma nova (figura 46). A proposta final traz um padrão criado com ilustrações de

ingredientes dispostos de maneira aleatória e o título do lado esquerdo. Ter essas

ilustrações cria uma conexão maior com a capa como também remete facilmente ao

fato do livro ser gastronômico.

Figura 46 – Abertura de capítulo Final.

Fonte: Da Autora, 2017.

4.7.4 Receitas

Diagramar a página de receitas foi o mais desafiador, por seu número de

páginas ser maior que todas as outras (dicas e sumário) e seu conteúdo diferenciado

de página para página. Então ficou pré-estabelecido por questões cronológicas

(entregar o trabalho dentro do prazo) que as receitas se apresentariam dentro de um

padrão e teriam lugares definidos para foto, título e corpo do texto.

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Figura 47 – Geração de alternativas receitas.

Fonte: Da Autora, 2017.

Essas páginas passaram por uma série de modificações levando em

consideração sempre a busca por um projeto gráfico bom e diferenciado. A primeira

opção a) foi criada com duas colunas a fim de separar os ingredientes do modo de

preparo, com uma tipografia sem serifa que foi impressa e analisada. Verificou-se que

a tipografia estava maior que o necessário e a diagramação não apresentava uma boa

solução gráfica. Logo, criou-se uma segunda opção b) onde foi corrigida parte dos

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pontos negativos que se apresentavam na primeira. A tipografia diminuiu de tamanho

no corpo do texto enquanto os títulos receberam uma nova, um círculo foi aplicado ao

redor do nome da receita e o mesmo seria repetido em todas as outras receitas.

A opção c) foi um divisor de águas para o projeto, apesar de ela apresentar

algumas falhas, foi a partir dela que o livro chegou ao layout final e criou-se uma

identidade visual. A ideia de do título sobrepor duas páginas ao mesmo tempo seria

um desafio de ser colocada em prática, uma vez que o livro será costurado e para as

páginas encaixarem perfeitamente seria muito difícil. A coluna única foi um ponto

positivo que foi levado em frente para a versão final, assim como a diferença de cor

entre o texto.

A partir dessa ideia foi possível estabelecer qual era o ponto forte dessa

diagramação: O contraste de tamanhos entre as letras do título (nome da receita) e o

corpo do texto (descrição da receita) e como seria possível aplicá-lo de maneira que

não prejudicasse no final. Então, através de experimentações, quebrou-se o título em

várias silabas para caber no espaço em branco entre a foto e o texto da receita.

Também decidiu-se que o título ficaria apenas em cima da parte branca, pois

desvalorizava a foto quando aplicado em cima dela e também porque menos

legibilidade.

Como é possível ver, a imagem da opção c) também já havia passado por

tratamento de cor, que se manteve na sua diagramação final. A escolha da fotografia

ocupar uma página inteira, veio através da análise de similares onde verificou-se que

os livros que tinham apenas uma foto que ocupava uma página inteira tinham um

visual muito mais limpo e agradável, primeiramente por seguir um padrão e também

por evitar excesso de informações que poderia acontecer no caso de múltiplas

imagens em uma mesma folha.

Os títulos apresentam quantidades de caracteres diferentes de uma receita

para a outra, assim como, o conteúdo das receitas. Por isso também ficou pré-

estabelecido que todos os títulos deveriam ser divididos em cinco linhas e o texto

descritivo deveria estar alinhado com o topo do título.

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Figura 48 – Grid para página de receitas.

Fonte: Da Autora, 2017.

Assim a partir desses parâmetros estabelecidos foi possível chegar a uma

solução de posicionamento de elementos na página (figura 49), no entanto corpo do

texto justificado estava dificultando a leitura e por isso foi alinhado à esquerda (figura

50).

Figura 49 – Alternativa para Receitas.

Fonte: Da Autora, 2017.

Para o título algumas das palavras precisaram ser quebradas, primeiro para

preencher as cinco linhas para manter a altura fixa enquanto e segundo teria

tamanhos variados criando uma dinâmica. O título está alinhado à direita, o corpo

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também. Ambos estão dentro da paleta de cores e tipográfica escolhido para a versão

final (ver imagem 50).

Figura 50 – Versão Final Receitas.

Fonte: Da Autora, 2017

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4.8 CAPA

Para a capa partiu-se do princípio que a primeira impressão do livro devia ser

de algo divertido e fácil, o tipo de livro que você vê e se sente capaz de reproduzir as

receitas e a capa precisaria transmitir isso. Primeiro foi realizado um esboço de uma

composição que seria aperfeiçoada no computador. Quando ele já estava finalizado

foi aplicado em cima de uma imagem de morangos.

Figura 51 - Desenvolvimento da capa.

Fonte: Da Autora, 2017.

Como a cor escolhida para a parte escrita estava ilegível por causa da cor

natural do morango foi aplicado um filtro para escurecer a foto, no entanto, o filtro

desvalorizou a imagem. A solução encontrada foi mudar a cor da escrita e mesmo

assim a imagem continuou necessitando de filtro para não interferir na legibilidade.

Também foram aplicadas ilustrações de vegetais nas bordas do livro, colocados de

maneira aleatória.

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Figura 52 - Opção de capa.

Fonte: Da Autora, 2017.

Após análise da peça pronta e impressa, foi possível ver que ela estava

trazendo um excesso de informação e como a imagem predominante era de

morangos, podia passar a ideia de ser apenas um livro de sobremesas e não um livro

de receitas diversificadas como ele estava propondo. Buscando por novas soluções

uma nova capa foi feita:

Figura 53 – Opção de capa 2.

Fonte: Da Autora, 2017.

Partindo da ideia da primeira capa e eliminando os pontos negativos essa

segunda opção (figura 53), trouxe as mesmas informações de maneira mais limpa. O

estilo das ilustrações mudou e foram adicionados mais ingredientes a fim de não tornar

repetitivos em excesso os outros ingredientes que já se encontravam na primeira

opção, a tipografia foi trocada e essa versão já trazia elementos como lombada e

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contracapa, e uma versão usando o fundo de madeira. Porém pensando na unidade

do livro a capa ainda destoava muito do miolo e novas opções foram criadas.

Figura 53 – Opção de capa 3.

Fonte: Da Autora, 2017.

Após uma tentativa de trabalhar com algo mais limpo, a madeira ganhou o

elemento de destaque da capa, como é possível ver na figura 53, foram criadas

diversas opções, sempre com o mesmo objetivo, deixar a madeira em destaque e foi

assim que foi criada a capa final. O título em preto com ilustrações e o texto de apoio

na cor branca e o fundo de madeira. As ilustrações com ‘risca de giz’ em branco

dispostas de maneira aleatória remetem a primeira capa. Um filtro laranja foi

adicionado para melhorar a legibilidade das informações assim como criar uma

conexão com o interior do livro que leva a cor em sua paleta.

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Figura 54 – Versão final capa.

Fonte: Da Autora, 2017.

Como a capa é o primeiro contato que a pessoa tem com o livro, foi muito

trabalhoso chegar a uma opção final, onde ao mesmo tempo, ela precisava ter

personalidade e conversar com o miolo do livro. Muitas opções foram criadas, até que

a versão definitiva fosse escolhida.

4.9 ILUSTRAÇÃO

A ilustração ganhou e perdeu espaço durante o projeto. É possível ver que ela

passou por uma mudança de traço, em um primeiro momento ela foi usada com um

traço mais limpo e que depois foi substituído por um traço mais irregular como a ‘risca

de giz’ que combinava mais com a proposta do projeto.

Figura 55 – ilustrações.

Fonte: Da Autora, 2017.

A textura de risca de giz foi escolhida para conversar com o resto dos

elementos do projeto uma vez que todos eles trazem a ideia de que cozinhar é fácil,

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então a escrita com giz remete a isso, como algo rápido de ser feito. Sua presença

reforça visualmente a proposta de o livro ser de receitas e estar relacionado a comida,

já que em sua maior parte as ilustrações são de ingredientes. É possível ver ela

presente na capa, abertura de capítulos e sumário.

4.10 CORES

As cores escolhidas para trabalhar durante toda a geração de alternativas

tiveram sua inspiração em um alimento: a melancia. Apesar de não estar presente em

nenhuma das receitas, durante uma busca de imagens para repertório, pareceu a

combinação interessante para um livro de receitas.

Figura 56 – Paleta de cores 1.

Fonte: Da Autora, 2017.

Porém, apesar de das cores escolhidas durante a geração de alternativas, um

levantamento e estudo de cores foi feito para analisar possíveis combinações cores

que tivessem mais harmonia com o projeto.

Figura 57 – Combinação de cores.

Fonte: Da Autora, 2017.

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Após esse estudo e aplicação de algumas cores foi possível concluir que dentro

do estudo havia uma opção que se integrava melhor ao projeto (ver figura devido a

suas cores combinarem com a cerâmica de algumas das louças utilizadas nas

fotografias:

Assim a cor 1 ficou definida para as entradas, a cor 2 para os pratos principais e a cor

3 para as sobremesas.

Figura 58 – Paleta de cores final.

Fonte: Da Autora, 2017.

Além dessas cores serem encontradas em diversos alimentos, o laranja

também é conhecido por abrir o apetite.

4.11 PRODUÇÃO GRÁFICA

A produção gráfica, é o que se pode chamar de último estágio antes de ter o

livro em suas mãos, é nela que o livro será impresso, dobrado, costurado e refilado

até que esteja perfeito para ser entregue ao consumidor final.

A ideia inicial do livro era trabalhar com uma capa dura como acabamento, no

entanto devido ao número reduzido de páginas a capa dura poderia causar um

contraste muito grande com o miolo do livro. A principal escolha seria trabalhar com

uma capa semi-flexível. Dentre os papeis indicados para a capa, o tríplex Duo Design

250g/m² apresentaria um ótimo resultado de impressão com um bom custo benefício.

No entanto, após a impressão das páginas, dobra e costura, verificou-se que o livro

tinha espessura suficiente para receber a capa dura que era desejada desde o começo

do projeto. Assim, decidiu-se escolher o livro teria sua capa de papelão com 2mm de

espessura revestido por couchê 150g/m².

Para o miolo do livro a princípio a impressão seria feita em couchê 150g/m²,

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isso porque além de ser um papel com um ótimo custo benefício, apresentaria um

acabamento liso e lustroso que valoriza muito a impressão da fotografia, um elemento

que compõe quase 50% do livro e por se tratar de um papel revestido, traria alta

durabilidade, principalmente por estar na cozinha e poder acidentalmente entrar em

contato com a água, outros líquidos e até mesmo alimentos.

Porém trabalhar com o couchê para a construção do protótipo e provavelmente

para a fabricação em grande escala, seria um problema uma vez que quando é

realizado dobra ou vinco nesse material ele quebra e perde parte do revestimento.

Pensando no que seria melhor para o livro o papel escolhido para a impressão do

miolo foi o Offset 150g/m², que apesar de não ter revestimento ainda se trata de um

papel fácil de encontrar e que traria um bom resultado na impressão.

Pensando na praticidade do manejo e também do assentamento na mesa, uma

vez que cozinhando, você pode ficar com as duas mãos ocupadas e precisar apoiar o

livro na mesa ou leitoril. A encadernação escolhida para o livro foi a costurada, que

permite uma flexibilidade maior de abertura que a encadernação com cola.

Como grande parte do projeto foi levando em consideração o mercado de livros

de receitas para pessoas celíacas, foi realizado uma ficha técnica que auxiliaria no

orçamento para a produção do livro:

LIVRO - Tiragem: 5.000

- Tipo de impressão: Offset

- Formato fechado: 22 cm x 20 cm

CAPA - Tamanho aberto: 46 cm x 20 cm

- Cores: 4x0

- Suporte: Cartão Triplex 300 g/m²

MIOLO - Páginas: 48

- Cores: 4x4

- Suporte: Couchê 150 mg/m²

ACABAMENTOS - Vincos e Refile

- Laminação fosca para capa

- Costura para o miolo

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Trabalhar com um projeto gráfico editorial como trabalho de conclusão de curso

era um desejo desde o primeiro semestre da faculdade, a culinária sempre foi uma

paixão e ter contato com diversas pessoas tanto com intolerância quanto alergia

certos alimentos, foram as principais motivações para esse projeto.

Porém, não esperava que o mesmo seria tão desafiador, foram muitos

elementos diferentes que formaram o projeto final, que levaram a momentos de

questionamento quanto a viabilidade do projeto dentro do prazo esperado.

A fotografia em si foi a área que mais levou tempo para ser desenvolvida,

devido a vários motivos: como falta de prática com a câmera, dificuldade de encontrar

a linguagem do livro e falta de equipamento de suporte. Sem contar que para

fotografar, todas as receitas precisavam ser preparadas individualmente o que

demandava planejamento, para utilizar a luz natural e também porque seu preparo

podia variar entre minutos e horas.

O design editorial foi outro desafio, foram necessárias muitas tentativas para

sair do comum e encontrar uma linguagem única e que pudesse ser reproduzida em

todas as páginas. A escolha de tipografia, cores, alinhamento, macha gráfica, não

foram escolhidas de primeira e sim através de muita experimentação. Assim como a

criação da capa, que precisava ser inovadora e ao mesmo tempo estar conectada ao

miolo do livro, foi necessário criar diversas opções experimentando elementos

diferentes até encontrar uma satisfatória.

No entanto esse projeto foi capaz de trabalhar diversas áreas do Design gráfico

que foram aprendidas ao longo do curso, entre elas a fotografia, ilustração, projeto

gráfico editorial, produção da imagem e teoria da cor. Criar a conexão entre todas

essas áreas precisou de muito tempo de estudo e análise. Muito das soluções

encontradas foram aprendidas no decorrer do curso, outras soluções foram

encontradas a partir de repertório pessoal, experiência e aprendizado.

Trabalhar com o projeto gráfico além de ser um trabalho de conclusão de curso

é também a oportunidade de publicar um livro, que muitos autores comparam como a

sensação de ter um filho, deixar sua marca e ser lembrado, ou seja uma grande

satisfação para os que o fazem.

O projeto concluiu todos os objetivos que havia proposto e espera-se que esse

trabalho seja de ajuda para outros alunos no âmbito acadêmico, assim como também

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esperasse que o livro produzido esteja à disposição da comunidade celíaca, ajudando

assim mais pessoas terem acesso a refeições gostosas sem a presença do glúten.

Apesar de todos os desafios, é gratificante concluir esse projeto e encerrar esta

etapa da vida acadêmica.

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