ensinamentos agricultura natural

36
AGRICULTURA NATURAL 1

Upload: debora-valente-dos-santos

Post on 20-Oct-2015

60 views

Category:

Documents


4 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ensinamentos Agricultura Natural

AG RICUL T URA NAT URAL

1

Page 2: Ensinamentos Agricultura Natural

2

Page 3: Ensinamentos Agricultura Natural

Introdução

Em geral as pessoas não conseguem aceitar minha tese sobre a Agricultura Natural15, ficando pasmadas com ela, pois acham que é uma visão completamente diferente das teorias existentes. Mas a verdade é que, não só os produtos agrícolas, mas o próprio homem se encontra intoxicado pelos adubos.

Muitos depositam confiança nesta tese por ser minha. Apesar disso, no início colocam-na em prática meio temerosos, como mostram todos os relatórios. Porém, antes, da colheita, ocorre uma surpreendente mudança na plantação conseguindo excelentes resultados, que superam todas as expectativas.

É desnecessário afirmar que “mais vale um fato que cem teorias”. Creio que, em conseqüência dessa importante desco-berta, não apenas ocorrerá uma grande revolução na agricultura japonesa, como também poderá haver, um dia, uma revolução na agricultura em escala mundial. Sendo assim, esta grande salvação da humanidade será uma boa-nova sem precedentes; para a nossa Igreja, entretanto, cujo objetivo é a construção do Paraíso Terrestre, não passará de algo mais do que óbvio.

(Cap. II - “Minha Visão” — 1º de julho de 1949)

15 - Existe o seguinte artigo na Revista “Chijô-Tengoku” nº 17, editada em 15.10.50: “Até o presente, o método de cultivo defendido por Meishu-Sama foi chamado de Cultivo sem Adubo por não fazer uso de adubos químicos nem de excremento humano. Entretanto, como fazemos uso em grande quantidade de composto natural, esse nome era inadequado. Como essencialmente respeitamos a força da Natureza, o mais conveniente seria utilizar o "Natural" da Produção Natural e, com a ordem recebida de Meishu-Sama, passamos a denominá-lo de Agricultura Natural.”

3

Page 4: Ensinamentos Agricultura Natural

Agricultura Natural

Para explicar o que é a Agricultura Natural, vou partir do seu princípio básico. Em primeiro lugar, o que vem a ser o solo? Sem dúvida, é uma obra do Criador e serve para a cultura de cereais e verduras, importantíssimos para a manutenção da vida humana. Por conseguinte, sua natureza é mística, impossível de ser decifrada pela ciência da matéria atual.

A agricultura até hoje, sem saber, acabou tomando o caminho errado e, como conseqüência, menosprezou a força do solo, chegando à conclusão de que, para se obterem melhores resultados, deveria fazer uso de meios artificiais como estercos, adubos químicos, etc. Dessa maneira, a natureza do solo foi pouco a pouco se degradando, sofrendo transformações, e a sua força original produtiva acabou por se debilitar completamente. Contudo, o homem não percebe isso e acredita que a causa das más colheitas é a falta de adubos. Assim, utiliza-os em maior quantidade, o que reduz ainda mais a força do solo. Atualmente o solo japonês está tão pobre, que todos os agricultores lamen-tam o fato.

Vou mostrar como são temíveis os adubos artificiais:I- Na atualidade o maior problema, talvez, seja o aparecimento de pragas. Sem pesquisar as causas dessa ocorrência, concentra-se todo o empenho no sentido de exterminá-las. Mas é provavel-mente por não conseguirem descobrir a causa das pragas que os agricultores se empenham na sua eliminação fazendo o melhor que podem. Na verdade, elas surgem dos adubos, e o aumento das espécies de pragas é decorrente do aumento dos tipos de adubos. Os agricultores desconhecem, também, que os pesti-cidas, ainda que consigam eliminá-las, infiltram-se no solo, causando-lhe prejuízos e tornando-se a causa do aparecimento de novas pragas.

II- Absorvendo os adubos, as plantas enfraquecem bastante e tornam-se facilmente quebradiças ante a ação dos ventos e das águas. Como ocorre a queda das flores, os frutos são em menor quantidade. Além disso, pelo fato de as plantas alcançarem maior altura e suas folhas serem maiores, os frutos acabam ficando na sombra, o que, no caso do arroz, do trigo, da soja, etc., faz com que a casca seja mais grossa e os grãos sejam menores.

III- A amônia contida no estrume e o sulfato de amônia e outros adubos químicos são venenos violentos que, absorvidos pelas plantas, acabam sendo absorvidos também pelo homem cons-tantemente, através do estômago; mesmo que seja em quan-tidades ínfimas, não se pode dizer, no entanto, que eles não façam mal à saúde. A própria Medicina tem afirmado que, se suspendessem por dois ou três anos a utilização de esterco como adubo, o problema de lombrigas e outros parasitas deixaria de existir. Também nesse aspecto verificamos o fabuloso resultado da Agricultura Natural.

IV- Ultimamente, o preço dos adubos tem aumentado muito, de modo que a despesa que se tem com eles quase empata com a receita oriunda da venda da colheita, este é o cálculo sem nenhum artifício, o que acaba forçando o agricultor a vendê-la no mercado paralelo.

V- O trabalho que se tem com a compra e a aplicação de adubos e inseticidas é excessivo.

VI- Os produtos obtidos através da Agricultura Natural são muito mais saborosos e apresentam melhor crescimento, sendo maiores que os produtos obtidos com adubos e em quantidade também maior.

Com o que acabamos de expor, creio que os leitores puderam compreender como são temíveis os tóxicos dos adubos e a vantagem do cultivo que não os utiliza. Não seria exagero afirmar que se trata de uma revolução jamais vista na agricultura japonesa.

4

Page 5: Ensinamentos Agricultura Natural

Vou, agora, mostrar em que consiste o método e os resultados que obtive através da minha própria experiência e dos relatos feitos por pessoas que já experimentaram esse tipo de cultivo. Antes, porém, gostaríamos de perguntar: quantos japoneses conhecem realmente o sabor das verduras? Diríamos que pouquíssimos. Isso porque quase não há verduras em que não tenham sido utilizados adubos químicos e esterco. Absorvendo esses elementos, os produtos acabam perdendo o sabor atribuído pelo Criador. Se, ao invés disso, fizermos com que absorvam os nutrientes da própria terra, eles manifestarão seu sabor natural e, portanto, terão muito mais sabor. Como aumentou a minha felicidade de viver após conhecer o sabor das verduras cultivadas sem adubos! Além das despesas com adubos e fertilizantes que se poupa, fica-se livre do desconforto causado por mau cheiro e do perigo da transmissão de parasitas, as pragas diminuem bem e o sabor e a quantidade dos produtos aumentam. Enfim, matam-se sete coelhos numa só cajadada.

Não posso ficar calado diante de problema tão grave. Gostaria de comunicar esta boa-nova o mais rápido possível a todos e compartilhar dos seus benefícios.

Qual é a propriedade do solo? Ele é constituído pela união de três elementos fundamentais — terra, água e fogo — os quais formam uma força tríplice. Evidentemente, a força básica responsável pelo crescimento das plantas é o elemento terra; os elementos água e fogo são forças auxiliares. A qualidade do solo é um fator importantíssimo, pois representa a força primordial para o bom ou mau resultado da colheita. Portanto, a condição principal para obtermos boas colheitas é a melhoria da qualidade do solo. Quanto melhor for o elemento terra, melhores serão os resultados.

O método para fertilizar o solo consiste em fortalecer sua energia. Para isso, é necessário, primeiramente, torná-lo puro e limpo, pois, quanto mais puro o solo, maior é a sua força para o desenvolvimento das plantas. Acontece, porém, que até hoje a agricultura veio considerando bom enxarcar o solo com substâncias extremamente impuras, ao contrário do que foi exposto acima, donde se pode concluir o quanto ela está errada. Para explicar esse erro, usarei a antítese, o que, penso eu, ajudará a compreensão dos leitores.

Desde a antigüidade os adubos são considerados como elementos indispensáveis ao plantio, mas a verdade é que quanto mais agricultores os aplicam, mais eles vão matando o solo. Com a adubagem, conseguem-se bons resultados temporaria-mente; pouco a pouco, no entanto, o solo vai ficando intoxi-cado, tornando necessário o uso de mais adubos, para a obten-ção de boas colheitas. Assim, quanto maior for a quantidade de adubos, mais contrários são os resultados.

Quando a colheita do arroz começa a declinar, os rizicultores acrescentam-lhe terra tirada de outros locais. Com isso, a colheita melhora durante algum tempo, o que os leva a um raciocínio errado, interpretando que, com o cultivo ano após ano, a plantação absorve os nutrientes do solo, causando o seu empobrecimento. Não percebem, entretanto, que isso ocorreu devido à utilização ininterrupta de adubos. Como nas terras novas a força vital é mais intensa, pode-se obter bons resultados. Deixando de lado as teorias, vou explicar, na prática, as vantagens da Agricultura Natural.

Em primeiro lugar, uma das características desse tipo de cultivo é a menor estatura das plantas. No cultivo com adubos, elas crescem mais e têm folhas maiores; tratando-se de plantas leguminosas, como dissemos antes, isso faz com que os frutos fiquem à sombra e não tenham bom crescimento. Ocorre, também, a queda das flores, trazendo como conseqüência a menor quantidade de frutos. No caso da soja, quando não se utilizam adubos consegue-se o dobro da colheita, e nenhum grão se apresenta bichado; além disso, deixam todos admirados pelo seu sabor incomparável. Evidentemente, as ervilhas e favas também são incoparáveis apresentado cascas bem macias.

Outro aspecto digno de observação é a não-ocorrência de nenhum fracasso. Muitas vezes ouço lamentos de um leigo que resolveu plantar batatas e colheu-as em pequena quantidade e tamanho reduzido ou que não conseguiu nada. Nesses casos, ele não percebe que isso resultou do uso excessivo de adubos. Interpretando os resultados de maneira errada, ou seja, atri-buindo o fracasso à pouca utilização de adubos, passa a usá-los em maior quantidade, o que faz piorar ainda mais a situação. Quando indagados a respeito, os especialistas e os orientadores, que não percebem a verdadeira causa do problema, respondem de maneira totalmente desconcertante, como por

5

Page 6: Ensinamentos Agricultura Natural

exemplo: “A causa está nas sementes, que, ou não eram boas ou foram semeadas fora da época apropriada”, ou “O problema foi causado pela acidez do solo”.

As batatas plantadas sem adubos, no entanto, são muito brancas e cremosas, possuem bastante aroma e agradam logo ao primeiro contato com o paladar, de tão saborosas; a princípio, pensa-se que são de alguma espécie diferente. O mesmo acon-tece com o inhame e a batata-doce. Esta última deve ser plantada em canteiros altos e em fileiras, entre as quais deve haver uma boa distância, de modo que a planta receba bastante sol. Assim, conseguir-se-ão batatas enormes e deliciosas, capazes de impressionar qualquer pessoa. Aliás, parece-me que os próprios agricultores não constumam adicionar muitos adubos ao solo quando se trata de batata-doce.

Agora tecerei considerações a respeito do milho. Seu cultivo sem adubos tem apresentado ótimos resultados, que merece um destaque especial. No início, por um ou dois anos, a colheita pode não satisfazer as expectativas, visto que as sementes ainda contêm as toxinas dos adubos, o que ocorre com todos os tipos de sementes, mas no terceiro ano os resultados já começam a ficar evidentes. Sem toxinas no solo nem nas sementes, o milho cresce com o caule bastante forte, e suas folhas apresentam um verde vivo. Caso cresça num local onde não falta água nem sol, apresenta espigas longas, com os grãos tão bem dispostos que não há espaços vazios entre eles; logo na primeira mordida se percebe que são macios e doces, apresentando um sabor inesquecível.

Quanto aos nabos, são branquinhos, grossos, consistentes, macios e doces, o que os torna muito saborosos. A aspereza ou o aspecto poroso dos nabos são decorrentes das toxinas dos adubos. Aliás, as verduras produzidas sem adubos apresentam boa coloração, maciez e um aroma que abre o apetite, sem nenhuma praga. Evidentemente, são higiênicas, por não utilizar estercos.

O que eu também gostaria de recomendar é o cultivo de berinjelas. Elas apresentam excelente coloração e aroma, casca macia e abrem realmente o apetite. Em minha casa ninguém consegue mais comer berinjelas produzidas com adubos.

Tratando-se do plantio de arroz, mistura-se palha picada ao solo alagado, que, assim, se aquece, pois a palha absorve o calor. Ainda há outro detalhe já bastante conhecido: a água fria das montanhas prejudica a plantação. Por isso, deve-se fazer as valetas o mais rasas e longas possível, a fim de aquecer a água. Não se deve, também, fazer lagos no trecho intermediário, pois nestes, devido à profundidade, a água não esquenta de forma adequada.

No caso do pepino, melão, melancia, abóbora, etc., obtém-se resultados como jamais haviam sido conseguidos. Quanto ao arroz e ao trigo, têm estatura baixa e apresentam excelente quantidade e qualidade. O arroz, sobretudo, tem brilho e consis-tência especiais, além de magnífico paladar, sendo sempre classificado como arroz de categoria especial.

Eis, portanto, uma pequena síntese das vantagens da Agricultura Natural. Não poderia haver melhor boa-nova, prin-cipalmente para quem tem horta caseira como se vê em profusão hoje em dia. O manuseio de esterco não só é insuportável para os amadores, com também traz o inconveniente das indesejáveis larvas de parasitas acabarem se hospedando na pessoa. Até agora, por desconhecimento desses fatos, trabalhava-se muito e no fim se obtinha maus resultados. No meu caso, apenas semeio as verduras e não tenho maiores trabalhos a não ser, de vez em quando, remover o mato que começa a crescer, e obtenho excelentes verduras. Não há nada tão grantificante.

Como eu já disse, não há necessidade de adubos químicos nem de estrume, mas é preciso usar compostos naturais em larga escala. O mais importante, em qualquer cultivo, é ter cuidado para que as pontas dos pêlos radiculares, que é a extremidade da raiz cresçam livremente; para isso, deve-se evitar o endure-cimento do solo. O composto natural deve estar meio decom-posto apenas, pois, se o estiver totalmente, acaba endurecendo com facilidade. Aquele que é feito somente com capim decompõe-se rapidamente; o de folhas de árvores, devido às fibras e nervuras, que são duras, deve-se deixar por longo tempo, até sua suficiente decomposição. A razão disso é que as pontas das raízes têm o seu crescimento prejudicado pelas fibras das folhas utilizadas nos compostos orgânicos. Ultimamente tem-se dito que é bom arejar a raiz das plantas, mas isso não tem sentido, pois se é um solo que deixa passar o ar, nele se processa o bom desenvolvimento das raízes. Na verdade, o ar nada tem a ver com isso.

6

Page 7: Ensinamentos Agricultura Natural

Outro ponto importante é o aquecimento do solo. No caso das verduras comuns, basta fazer uma camada de composto natural com mais ou menos 30 centímetros, formando o leito numa profundidade aproximadamente igual. Tratando-se de nabo, cenoura ou outros vegetais em que se visa as raízes, a profundidade deve ser compatível com o comprimento da raiz de cada planta. O composto à base de capim deve ser bem misturado com a terra, utilizando-se o composto à base de folhas de árvores para formar o leito abaixo do solo, como já foi explicado. Essa é a forma ideal.

Ultimamente fala-se muito em solo ácido, mas a sua causa está nos adubos. Portanto, o problema desaparece quando se deixa de usá-los.

É muito comum evitar-se o uso do mesmo solo para cultu-ras repetitivas. Entretanto, eu tenho obtido ótimos resultados através delas16. E os resultados têm melhorado a cada ano. Pode parecer milagre, mas há uma boa razão para isso. Como tenho afirmado, para vivificar o solo e ativar sua força, quanto mais se repetir a mesma cultura, mais o solo vai se adaptando à essa cultura naturalmente e de modo adequado.

Quanto às pragas, com a eliminação dos adubos seu número poderá não chegar a zero, mas reduz-se a uma fração do atual. Os próprios agricultores afirmam que o excesso de adubos aumenta as pragas.

Com relação ao fumo para charuto, utiliza-se o que é considerado o melhor, aqueles produzidos em Manila e Havana, eles não apresentam folhas bichadas e têm excelente aroma; certa vez eu ouvi um especialista no assunto dizer que isso se deve a não utilização dos adubos na sua produção. A inexistência de insetos em folhas do mato e o excelente aroma das ervas cam-pestres como murugem e salsas na primavera são decorrentes da ausência de adubos.

Há um aspecto que deve ser observado: quando se introduz a Agricultura Natural num local já tratado com adubos, não se obtêm bons resultados durante um ou dois anos, porque a terra está intoxicada. É como um beberrão que deixa de beber abruptamente e por algum tempo fica meio atordoado. O mesmo problema acontece com os fumantes inveterados quando, de repente, suspendem o fumo, perdem o vigor; ou quando os viciados em morfina ou cocaína ficam sem estes entorpecentes não conseguem suportar a sua falta. Deve-se, portanto, ter paciência por dois ou três anos; após esse período com a diminuição gradativa das toxinas de adubos no solo e nas sementes, o solo começará a manifestar sua força.

Com as considerações que acabamos de tecer sobre a Agricultura Natural, os leitores deverão ter compreendido o quanto a agricultura contemporânea está errada. Evidentemente, o novo método não tem nenhuma ligação com a fé, bastando apenas utilizar-se dos compostos naturais para se obter resultados revolucionários. Deve-se, contudo, reconhecer que, somando-se a esse procedimento a purificação do solo através da Luz de Deus, consegue-se resultados ainda melhores.

(Cap. II - “Minha Visão” — 1º de julho de 1949)

A Vitória da Agricultura Natural

A Força do Solo

O Princípio da Agricultura Natural

16 - Além do solo, vários fatores influenciam os resultados das culturas repetitivas; por isso, para a sua prática, torna-se necessário um bom planejamento.

7

Page 8: Ensinamentos Agricultura Natural

O princípio básico da Agricultura Natural consiste em fazer manifestar a força do solo. Até agora o homem desconhecia a verdadeira natureza do solo, ou melhor, não lhe era dado conhecê-la. Tal desconhecimento levou-o a adotar o uso de adubos e acabou por se tornar totalmente dependente deles, como se essa prática fosse uma espécie de superstição.

No começo, por melhor que eu explicasse sobre o processo da Agricultura Natural, as pessoas não me davam ouvidos e acabavam em gargalhadas. Pouco a pouco, porém, minhas explicações foram sendo aceitas e, ultimamente, de ano para ano tem aumentado o número de praticantes do novo método, e em termos de colheitas, em toda parte, vêm dando prodigiosos resultados. Entretanto, ainda está restrito à esfera dos fiéis de nossa Igreja, mas em várias regiões já está aparecendo um número considerável de simpatizantes e praticantes da Agricul-tura Natural, número este que tende a aumentar rapidamente. Com isso se pode imaginar que não está tão longe o dia em que a veremos praticada em todo o território japonês. Em síntese, a divulgação do nosso método de agricultura poderá ser definida como “movimento de destruição da superstição dos adubos”.

Na Agricultura Natural não há nenhum uso de adubo, seja de origem animal ou química, pois é um cultivo que utiliza apenas compostos naturais. As folhas e capins secos formam-se naturalmente, ao passo que os adubos químicos e mesmo o estrume de cavalo ou galinha, assim como os resíduos de peixe, cinza de madeira, etc., não caem do céu, nem brotam da terra: são transportados pelo homem. Portanto, não é preciso dizer que são antinaturais.

Nada poderia existir no Universo sem os benefícios da Grande Natureza, ou seja, nada nasceria nem se desenvolveria sem os três elementos básicos: o fogo, a água e a terra. Em termos científicos, esses elementos correspondem, respectiva-mente, ao oxigênio, ao hidrogênio e ao nitrogênio. Todos os produtos agrícolas existentes são gerados por eles. Dessa forma, Deus fez com que possam ser produzidas todas as espécies de cereais e verduras que constituem a alimentação do homem. Seguindo essa lógica, tudo será perfeitamente compreensível. Seria absurdo que Deus tivesse criado o homem e não providen-ciasse os alimentos que lhe possibilitariam a vida. Logo, se determinado país não consegue produzir os alimentos necessá-rios à sua população é porque, em algum ponto, ele não está de acordo com as leis da Natureza criada por Deus. Enquanto não se aperceberem disso, não se poderá sequer imaginar uma solução para o problema da escassez de alimentos.

A Agricultura Natural proposta por mim tem como base o princípio citado. O atual estado de empobrecimento e a fadiga dos agricultores japoneses serão solucionados sem dificuldade com a adoção desse método. Deus deseja corrigir, com Sua benevolência e compaixão, a penosa situação em que eles se encontram, e por isso está se dignando a revelar e fazer propagar o princípio da Agricultura Natural, através de mim, para todo o mundo. Urge, portanto, que os agricultores despertem o mais rápido possível e adotem esse novo método agrícola. Só assim eles poderão ser verdadeiramente salvos.

Conforme dissemos, se os três elementos básicos — fogo, água e terra — são forças motrizes para fazer desenvolver os produtos agrícolas, bastará, que estes sejam plantados numa terra pura, expostos ao sol e suficientemente abastecidos com água, para se obter um grande êxito, jamais visto até hoje. Não se sabe desde quando, mas o homem passou a cometer um enor-me equívoco ao usar adubos, por desconhecer completamente a natureza do solo.

Efeitos Contrários Provocados pelos Adubos

No início, a utilização de adubos traz bons resultados, mas, se essa prática continuar por muito tempo, gradativamente come-çarão a surgir efeitos contrários. Isto é, as plantas vão perdendo sua função inerente de absorver os nutrientes do solo mudando gradativamente as suas características, tendo que absorver os adubos como nutrientes. Se fizermos uma comparação com os toxicômanos, poderão compreender melhor. Quando alguém começa a fazer uso de drogas durante certo período, sente uma sensação muito agradável ou seu cérebro se torna mais lúcido. Por não conseguir

8

Page 9: Ensinamentos Agricultura Natural

esquecer esse prazer, pouco a pouco a pessoa cai num vício profundo, do qual é difícil se livrar. Quando o efeito da droga cessa, ela fica em estado de letargia ou sente dores violentas. Sendo a situação intolerável, ingere-a novamen-te, embora saiba o mal que isso lhe faz, e chega até a roubar para poder obtê-la. Exemplos como estes são notícias constantes dos jornais, pelo qual se percebe quão terrível ela é. Aplicando essa teoria à agricultura, podemos dizer que, hoje, todos os solos cultiváveis do Japão estão sob os efeitos de tóxicos e, por isso, gravemente enfermos. Todavia, tendo-se tornado cegos adeptos dos adubos, os agricultores não conseguem se libertar deles. Alguns, ao ouvirem minhas explicações, esperançosos, resol-vem suspendê-los, iniciando o cultivo natural. No entanto, como nos primeiros meses os resultados são insatisfatórios, a maioria conclui, precipitadamente, que o mais certo é a prática habitual e acaba por desistir da mudança.

O nosso método de cultivo está baseado na fé, e por isso muitos o praticam sem duvidar do que eu digo. Assim fazendo, chegam a compreender com facilidade o verdadeiro valor da Agricultura Natural.

Descreverei agora a seqüência dos fatos que ocorrem com a mudança da agricultura tradicional para a natural. No caso do arroz, ao transplantar a muda para o arrozal alagado, durante algum tempo a coloração das folhas não é boa, e os talos são fi-nos, seu visual é bem inferior ao de outros arrozais, dando ense-jo à zombaria por parte dos agricultores das vizinhaças, o que leva o plantador a vacilar, questionando se está no caminho cer-to. Cheio de preocupação e intranqüilidade, ele começa a fazer prece a Deus. Entretanto, passados dois ou três meses, os pés de arroz começam a apresentar mais vigor, melhorando tanto na época do florescimento, que o agricultor se sente um pouco ali-viado. Finalmente, por ocasião da colheita, estão com o cresci-mento normal, ou acima dele deixando o agricultor tranqüilo. Ao se proceder à colheita, a quantidade do arroz sempre ultrapassa as previsões; além disso ele é de boa qualidade, com brilho, ade-rência e sabor agradabilíssimo. Geralmente é um produto de pri-meira ou segunda classe, podendo-se dizer que dificilmente apa-recem tipos abaixo desse nível de classificação. E mais ainda: seu peso varia de 5 a 10% acima do peso do arroz cultivado com adubos, e, o que é realmente interessante, devido à sua consis-tência ele não se reduz com o cozimento, antes duplica ou triplica seu volume. Sustenta tanto que, mesmo comendo 30% menos, a pessoa se sente plenamente satisfeita. Logo, há uma grande vantagem do ponto de vista econômico.

Se todos os japoneses comessem arroz cultivado pelo método da Agricultura Natural, teríamos um resultado igual ao que se obteria se a produção fosse aumentada em 30%, tornando-se desnecessária a importação, mesmo com a quantida-de de arroz que se produz atualmente. E como isso seria esplên-dido para a economia nacional!

A Superstição dos Adubos

Esclareçamos melhor o assunto tratado anteriormente. Durante dois ou três meses, a plantação aparesenta um aspecto inferior, porque restam tóxicos no solo e nas sementes, mesmo que sejam só resíduos. Com o passar dos dias, eles vão sendo eliminados e o solo e a plantação tendem a melhorar, restauran-do-se a sua capacidade natural. Isso me parece perfeitamente compreensível até para os agricultores, pois eles sabem que, após uma troca de água ou uma chuva muito forte, mesmo os arrozais alagados de pior qualidade melhoram um pouco. Em verdade, isso ocorre porque os tóxicos dos adubos que eram em grande quantidade foram lavados e diminuíram.

Quando o crescimento dos produtos agrícolas não é bom, costuma-se acrescentar terra ao solo. Se eles melhoram, os agricultores supõem que o solo estava pobre devido a contínuas plantações que absorveram seus nutrientes. Isso é errado, pois o enfraquecimento do solo é causado pelos tóxicos de adubos utilizados ano após ano. Assim, percebe-se facilmente que os agricultores se deixaram dominar pela superstição dos adubos.

Os Efeitos do uso de Compostos Naturais

9

Page 10: Ensinamentos Agricultura Natural

Vejamos, agora, como se deve proceder na Agricultura Natural. Quando se trata do cultivo de arroz em terreno alagado, corta-se a palha em pedaços bem pequenos, os quais serão misturados ao solo, para aquecê-lo. No caso do cultivo em terra firme, misturar-se-ão folhas e capins secos, apodrecidos até que suas nervuras fiquem macias. A razão disso é que, quando o solo está endurecido, o desenvolvimento das raízes fica dificul-tado, porque as pontas encontram resistência. Recentemente, falou-se muito que é bom o ar ir até as raízes, mas na verdade, não significa que o ar seja bom para a raiz, apenas, se ele chega até elas, é porque o solo não está endurecido. No caso de produtos cujas raízes não se aprofundam muito no solo, o ideal seria misturar, a este, compostos de folhas e capins; para os produtos de raízes profundas, deve-se preparar um leito composto de folhas de árvores a mais ou menos 35cm de profundidade. Isso servirá para aquecer a terra. A profundidade deve variar de acordo com o tipo de raízes, formando o leito na proporção adequada.

Geralmente as pessoas pensam que nos compostos naturais existem elementos fertilizantes, mas isso não corresponde à realidade. O papel desempenhado por eles é o de aquecer e não deixar que o solo endureça. No caso de ressecamento do solo junto às raízes, deve-se colocar os compostos naturais numa espessura apropriada, pois isso conserva a umidade do solo. São esses os três benefícios dos compostos naturais.

Como se poderá perceber pelo que foi dito acima, o mais importante na Agricultura Natural é dar vigor ao solo. Isto é, conservá-lo sempre puro, não utilizando matérias impuras como os adubos. Dessa forma, já que não existem obstáculos, ele pode manifestar plenamente a sua capacidade original. É engra-çado que os agricultores falem em “deixar o solo descansar”. Trata-se, também, de um grande erro. Quanto mais cultivado, melhor será o solo. Em termos humanos, quanto mais se trabalha, mais saúde se tem; quanto mais se descansa, mais fraco se fica. Os agricultores, ao contrário, acreditam que, quanto mais se cultiva o solo, mais fraco ele vai ficando, devido ao consumo dos seus nutrientes por parte dos produtos agríco-las. Assim, procuram dar-lhe repouso, ou seja, suspendem as culturas repetitivas, mudando anualmente a área de plantio. Isto é uma tolice lamentável.

Cultura Repetitiva, Colheita Farta

No nosso método, recomenda-se o cultivo repetitivo. Uma prova disso é que estou cultivando milho, pelo sétimo ano consecutivo, em Gora-Hakone, numa terra em que há mistura de pequenas pedras. Apesar da má qualidade da terra, a colheita deste ano foi ainda melhor, com as espigas mais longas que o normal, e os grãos, juntinhos e enfileirados, são adocicados, macios e saborosos.

Por que é boa a cultura repetitiva? Existe uma capacidade inerente ao solo de se adaptar ao produto que é plantado. Compreenderemos isso muito bem se fizermos uma comparação com o ser humano. As pessoas que executam trabalhos braçais têm seus músculos desenvolvidos; quando se trata de atividade intelectual como a do escritor, é o cérebro que se desenvolve. Por essa mesma razão, quem muda constantemente de profissão ou de residência não obtém sucesso, o que nos leva a concluir o quanto os agricultores estiveram errados até hoje.

As Boas-Novas para a Sericultura

Finalizando, gostaria de dizer que, se criarmos o bicho-da-seda com folhas de amoreira cultivada sem adubos, ele não adoecerá, seus fios serão de muito boa qualidade, resistentes, brilhantes, e sem dúvida a produção aumentará. Tal prática no país todo ocasionaria uma grande evolução no mundo da sericultura e traria incalculáveis benefícios à economia do país.

(Esclarecimento sobre o Revolucionário Aumento da

10

Page 11: Ensinamentos Agricultura Natural

Produção pela Agricultura Natural — 05 de maio de 1953)

O Princípio da Agricultura Natural

Para que todos entendam realmente o princípio da Agricultura Natural, proponho-me a explicá-lo através da ciência do espírito — da qual tomei conhecimento por meio da Revelação Divina — pois é impossível fazê-lo através do pensamento que norteia a ciência da matéria. No início, talvez seja muito difícil compreender esse princípio; todavia, à medida que o lerem várias vezes e o saborearem bem, fatalmente irão compreender. Caso isso não aconteça, é porque a pessoa está muito presa às superstições da Ciência, então espero que se apercebam disso.

O que eu exponho é a Verdade Absoluta, como os próprios fatos comprovam. Como todos sabem, o método agrícola utilizado atualmente consiste na fusão do método primitivo com o método científico. Julga-se que houve um grande progresso, porém os resultados mostram exatamente o contrário, conforme podemos constatar pela grande diminuição da produção no ano passado. Os pés de arroz não tinham força suficiente para vencer as diversas calamidades que ocorreram, e essa foi a causa direta daquela diminuição. Mas qual a causa do enfraquecimento dos pés de arroz? Se eu disser que o fenômeno foi causado pelo tóxico chamado adubo, todos se surpeenderão, pois os agricultores, até agora, vieram acreditando cegamente que o adubo é algo imprescidível no cultivo agrícola. Devido a essa crença, ao pouco conhecimento dos agricultores e à cegueira da Ciência, não foi possível descobrir os malefícios dos adubos.

É inegável o valor da Ciência em relação a outras áreas; entretanto, no que se refere à agricultura, ela não tem nenhuma força, ou melhor, está muito equivocada, pois considera bom o método criado pelo homem, negligenciando o Poder da Natureza. Isso acontece porque ainda se desconhece a natureza do solo e o desempenho dos adubos. Há longos anos, o governo, os agricultores devotados e os cientistas vêm desen-volvendo um grande esforço conjunto, mas não se vê nenhum progresso ou melhoria. Diante de uma fraca produção como a do ano passado, podemos dizer que a Ciência não consegue fazer nada, sendo vencida pela Natureza sem oferecer nenhuma resistência. Assim, não há mais nenhum método que possa ser empregado, encontrando-se a agricultura japonesa realmente num beco-sem-saída. Mas devemos alegrar-nos, pois Deus ensinou-me o meio de sair dele — a Agricultura Natural. Afirmo que, além dessa, não existe outra maneira de salvar o Japão. Em que consiste esse método?

A base do problema é a falta de conhecimento em relação ao solo. A agricultura, até agora, tem negligenciado esse fator principal, dando maior importância ao adubo que é algo adi-cional. Pensem bem. Sem a terra, o que podem fazer as plantas, sejam elas quais forem? Um bom exemplo é o daquele soldado da base americana no Japão que, após a guerra, praticou o cultivo na água despertando grande interesse. Creio que muitos ainda devem estar lembrados disso. No início, os resultados foram excelentes, mas, pelo que tenho ouvido falar atualmente, eles foram decaíndo, e o método acabou sendo abandonado.

Do mesmo modo, até hoje os agricultores fizeram pouco caso do solo, chegando a acreditar que os adubos eram o alimento das plantações, cometendo um espantoso engano. O resultado é que o solo se tornou ácido, perdendo seu vigor original. Isso está muito bem comprovado pela grande dimi-nuição da safra no ano passado. Não percebendo seu erro, os agricultores gastam inutilmente elevadas somas em adubos, dispendendo árduo esforço. É uma grande tolice, pois se está produzindo a própria causa dos danos.

Empregarei agora o bisturi da ciência espiritual para explicar a natureza do solo. Antes, porém, é preciso conhecer seu significado original.

11

Page 12: Ensinamentos Agricultura Natural

Deus, Criador do Universo, assim que criou o homem criou o solo, a fim de que este produzisse alimentos suficientes para nutri-lo. Basta semear a terra que a semente germinará, e o caule, as folhas, as flores e os frutos se desenvolverão, proporcionando-nos fartas colheitas no outono. Assim, o solo, que produz alimentos, é um maravilhoso técnico, por isso o natural seria tratá-lo com muito carinho. Obviamente, como se trata do Poder da Natureza, seria na verdade, a tarefa da Ciência pesquisá-lo. Entretanto, ela cometeu um grande erro: confiou mais no poder humano.

Mas o que é o Poder da Natureza? É a incógnita surgida da fusão do Sol, da Lua e da Terra, ou seja, dos elementos fogo, água e solo. O centro da Terra, como todos sabem, é uma massa de fogo, a qual é a fonte geradora do calor do solo. A essência desse calor, infiltrando-se pela crosta terrestre, preenche o espaço até a estratosfera. Nessa essência também existem duas partes: a espiritual e a material. A material é conhecida pela Ciência com o nome de nitrogênio, mas a espiritual ainda não foi descoberta por ela. Paralelamente, a essência emanda do Sol é o elemento fogo, que do mesmo modo possui a parte espiritual e material; esta última é a luz e o calor, e a espiritual ainda não foi detectada pela Ciência. A essência emanada da Lua é o elemento água com a sua parte material constituída por todas as formas em que a água se apresenta; quanto à parte espiritual, ainda continua desconhecida. O produto da união desses três elementos espi-rituais ainda não detectados constitui a incógnita X através da qual todas as coisas existentes no Universo nascem e crescem. Essa incógnita X é semelhante ao nada, mas é a origem da força vital de todas as coisas. Conseqüentemente, o desenvolvimento dos produtos agrícolas também se deve a essa força. Por isso, podemos defini-lo como fertilizante infinito. Ao reconhecer essa verdade, e amar e respeitar o solo, a capacidade deste se fortifica de modo espantoso. A Agricultura Natural é, pois, o verdadeiro método agrícola. Não existe outro. Através da sua prática, o problema da agricultura será solucionado pelas raízes.

Sem dúvida as pessoas ficarão boquiabertas, mas existe outro fator importante. O homem, até agora, pensava que a von-tade-pensamento, como a razão e o sentimento, limitava-se aos seres animados, entretanto, eles existem também nos corpos inorgânicos. Obviamente, como o solo e as plantações estão nesse caso, respeitando e amando o solo sua capacidade natural se manifestará ao máximo. Para tanto, o importante é não sujá-lo, mas torná-lo ainda mais puro. Com isso, ele se sentirá alegre e, logicamente, se tornará mais ativo. A única diferença é que a vontade-pensamento, nos seres animados, é mais livre e móvel, ao passo que, o solo e as plantas são destituídos de liberdade e movimento. Assim, se pedirmos uma farta colheita com senti-mento de gratidão, nosso sentimento se transmitirá ao solo, que não deixará de nos corresponder. Por desconhecimento desse princípio, a Ciência comete uma grande falha, considerando que tudo aquilo que é invisível e impalpável não existe.

(Jornal Eikô nº 245 — 27 de janeiro de 1954)

A Grande Revolução da Agricultura

Parte I

Há mais de dez anos descobri e venho propondo o método agrícola que, dispensando o uso dos adubos químicos e do estrume de origem animal e humana, apenas com o uso de adu-bos naturais, possibilita a obtenção de grandes colheitas. Naquela época, embora eu me esforçasse bastante, tentanto convencer os agricultores, ninguém queria me ouvir. Entretanto, tenho a convicção, desde o princípio, que o método natural de cultivo representa a Verdade Absoluta, assim, estou certo de

12

Page 13: Ensinamentos Agricultura Natural

que todos chegarão à mesma conclusão, compreendendo também que, se não se apoiarem nisso, não só os agricultores nunca poderão ser salvos, mas o próprio destino da nação ficará comprometido. É por esse motivo que venho insistindo no assunto até hoje.

Não sei se feliz ou infelizmente, a situação foi se tornando séria, exatamente como eu temia, e sinto uma necessidade cada vez maior de fazer os agricultores japoneses e o povo enten-derem a Agricultura Natural. Comecei, também, a enxergar uma luz de esperança no futuro da nossa agricultura, motivo que me leva a anunciá-la aqui, de maneira ampla, certo de que afinal chegou a hora.

O fato de eu ser um religioso favoreceu a implantação da Agricultura Natural, pois, não foram poucos os fiéis que, embora não compreendessem bem as minhas explicações, passaram a praticar esse método de cultivo podendo constatar seus resultados positivos num espaço de tempo relativamente curto. Pouco a pouco foi crescendo o número de simpatizantes, e chegou-se a um ponto de hoje chamar a atenção inclusive de agricultores fora da esfera da Igreja.

Explicarei agora, minuciosamente, o princípio básico da Agricultura Natural, método que permite a obtenção de grandes colheitas utilizando apenas compostos naturais. Abordarei, em primeiro lugar, as vantagens do método: não serão necessários gastos com adubos, o dano causado pelos insetos nocivos diminuirá a uma pequena porcentagem, ficarão reduzidos a menos da metade os prejuízos causados pelos ventos e pelas chuvas, reduzindo à metade também o desgaste da terra. Logo, é um método assombroso. Tudo isso refere-se ao arroz, mas aplica-se a qualquer tipo de produção agrícola. Resumindo, to-dos os produtos cultivados pela Agricultura Natural apresentarão maravilhosos resultados. No caso da batata-doce, por exemplo, obter-se-ão batatas enormes, de causar espanto; nas leguminosas os grãos serão grandes, e a quantidade maior; o nabo terá uma bela cor branca, textura fina, consistente e macia, e um excelente sabor; as verduras, não carcomidas pelos insetos, terão boa coloração, serão macias e de sabor esplêndido. Além dessas espécies, o milho, a melancia, a abóbora, enfim todos os cereais, legumes, verduras ou frutas, serão de ótima qualidade.

Merece especial destaque o maravilhoso sabor dos produtos da Agricultura Natural; quem experimentar seu arroz, trigo e verduras, é provável que nunca mais tenha vontade de comer os que são produzidos através do cultivo com adubos. Atualmente eu me alimento apenas com produtos naturais e, como felizmente os praticantes do método vêm aumentado cada vez mais, ganho-os em grande quantidade, a ponto de não poder consumir tudo.

Quanto às frutas, são de qualidade muito boa, tendo a sua safra aumentada após a suspensão do uso de adubos aritificiais; como a receita decorrente de sua venda também aumentou, todos os interessados estão agradecidos. Do mesmo modo, as flores são maiores, de coloração mais bonita e viva; usadas em vivificações florais como Ikebana, por exemplo, duram mais tempo, contentando ainda mais as pessoas.

Logo em seguida à adoção da Agricultura Natural, ocorre uma acentuada diminuição de insetos nocivos. Estes surgem dos adubos artificiais e por isso é óbvio que, se os agricultores deixarem de usar tais adubos, eles não se criarão mais. Hoje em dia, entretanto, na tentativa de exterminá-los, utilizam-se inten-samente os inseticidas e defensivos agrícolas, que, penetrando no solo, tornam-se a causa da proliferação dos insetos nocivos. Isso revela tal ignorância, que nos causa compaixão.

Nos últimos tempos, os produtos agrícolas sofrem grandes danos causados pelos ventos e pelas chuvas quase que todos os anos; na Agricultura Natural, tais prejuízos diminuirão muito, porque, deixando de absorver adubos artificiais, que os enfraquecem demasiadamente, os produtos resistirão melhor às intempéries.

Descobri que tanto os adubos de origem animal como os adubos químicos, ao serem absorvidos pelas plantas, tornam-se venenos e estes vêm a constituir alimento para os insetos nocivos, os quais passam a se multiplicar velozmente. Confor-me o tipo de adubo, a partir dele próprio proliferam microorga-nismos que começam a carcomer as plantas aumentando-os ainda mais. Se surgirem na raiz, carcomerão os pêlos radiculares acabando por enfraquecer o vegetal. Aí está a causa das folhas secas, caules quebradiços, queda das flores, frutos imaturos e atrofiamento

13

Page 14: Ensinamentos Agricultura Natural

das batatas. Inúmeros outros tipos de microorga-nismos podem proliferar nas diversas partes da planta, mas, se esta for saudável, terá força para eliminá-los. Entretanto, devido ao enfraquecimento causado pela aplicação de adubos, as plantas acabam sendo vencidas por eles.

A planta sem adubos é mais resistente aos ventos e às chuvas, não se prostrando com facilidade; ainda que caia, logo se reerguerá, ao passo que a cultivada com adubos permanecerá caída, ocasionando um prejuízo enorme. Poderão compreendê-lo bem se observarem as raízes. Nas plantas cultivadas sem adubos, os pêlos radiculares são muito mais numerosos e compridos, e a ramificação bem maior; portanto, o enraizamento é mais forte. Quer se trate de arroz, quer se trate de verduras, qualquer agricultor sabe que quanto menor é a estatura da planta e quanto mais curtas são as suas folhas, mais frutos ela dará. Em contrapartida, as plantas cultivadas com adubos são mais altas, têm folhas grandes, mas embora à primeira vista sejam magníficas, sua frutificação não é tão boa.

Correlatamente, no caso do bicho-da-seda, se o cultivarmos com amoreira sem adubos, ele será saudável, a qualidade da seda produzida terá mais resistência e brilho, e naturalmente em maior quantidade. Isso também se deve à não-proliferação de doenças.

Conforme vemos, todos os produtos cultivados pela Agricultura Natural são incomparavelmente vantajosos em relação aos que são cultivados com adubos.

O que se deve conhecer em primeiro lugar, é a capacidade específica do solo. Antes de mais nada, ele foi criado por Deus, Criador do Universo, a fim de produzir alimento suficiente para prover o homem e os animais. Por essa razão, a terra já se encontra fartamente fertilizada — podemos até dizer que toda ela é um agrupamento de adubos. Desconhecendo isso até hoje, os homens se enganaram ao pensar que os alimentos das plantas são os adubos. Baseados nessa crença, vieram aplicando adubos artificiais e, conseqüentemente, foram enfraquecendo a energia original do solo de forma desastrosa. Não é um equívoco espantoso?

Para que a produção agrícola aumente, deve-se fortalecer ao máximo a própria energia do solo. E como se poderá fazer isso? Misturando-lhe apenas os compostos naturais e nenhum elemen-to impuro, fazendo-o permanecer puro preservando-o o mais que puder. Assim serão obtidos ótimos resultados, mas, pela mentalidade que tem vigorado até hoje, jamais se conseguirá acreditar nisso.

Com base nas razões citadas, vemos que o princípio funda-mental da Agricultura Natural é o absoluto respeito à Natureza, que é uma grande mestra. Quando observamos o desenvolvi-mento e o crescimento de tudo que existe, compreendemos que não há nada que não dependa da força da Grande Natureza, isto é, do Sol, da Lua e da Terra, ou, em outras palavras, dos elementos fogo, água e terra. Sem dúvida isso ocorre também com as plantações, pois, se a terra for mantida pura e elas forem expostas ao sol e abastecidas fartamente de água, produzir-se-á mais do que o necessário para o sustento do ser humano. Vejam a superfície do solo das matas e atentem para a profusão de capins secos e folhas caídas que recobrem todo o solo em cada outono. Eles representam o trabalho da Natureza para fertilizar o solo, e ela nos ensina que devemos utilizá-los para tanto. Os agricultores acreditam haver elementos fertilizantes nesses compostos orgânicos mais isso não é verdade. A eficácia desses compostos consiste em aquecer a terra e não deixar que ela resseque e endureça; em síntese, fazer que a terra absorva água e calor e não fique dura.

Assim, para darmos “adubo natural” ao arroz, basta cortar a palha em pedaços pequeninos e misturá-los bem à terra. Esse é o processo natural. A palha é do próprio arroz e é eficaz para o aquecimento das raízes. A existência de bosques perto das hortas é bem significativa: devemos usar as folhas e capins secos para o cultivo de nossas verduras. O centro do globo terrestre é uma enorme massa de fogo da qual se irradia constantemente o calor, isto é, o espírito do solo. Aí está o nitrogênio — adubo a nós concedido por Deus — o qual após atravessar as camadas da terra, eleva-se a uma certa altitude da atmosfera e aí permanece, até que, com a chuva, desça para sua superfície e penetre no solo. Esse nitrogênio caído do céu é adubo natural e, sem dúvida, sua quantidade é a ideal, sem excesso nem falta.

Mas por que razão começaram a empregar adubos de nitrogênio? Por ocasião da Primeira Grande Guerra, devido à falta de alimentos e à necessidade de aumentar rapidamente sua produção, a Alemanha descobriu o meio de obter nitrogênio da atmosfera. Ao empregá-lo, conseguiu que a

14

Page 15: Ensinamentos Agricultura Natural

produção tivesse um aumento enorme. A partir de então foi difundido mundial-mente, mas a verdade é que se trata de algo passageiro, que não se prolongará por muito tempo. Fatalmente o excesso de nitro-gênio provocará o enfraquecimento do solo e acabará fazendo a produção diminuir. Entretanto, o homem ainda não compreen-deu esse mecanismo. Basta pensarmos que tudo isso é seme-lhante ao que ocorre com os toxicômanos.

Há um fato para o qual devo chamar atenção: embora se adote a Agricultura Natural, a quantidade de tóxicos ainda existentes no solo e nas sementes em conseqüência do cultivo tradicional, exercerá uma grande influência. Por exemplo: em alguns arrozais, a partir do primeiro ano ocorrerá um aumento de aproximadamente 10% na produção; em outros, no primeiro e no segundo ano haverá uma redução de 10 a 20%; finalmente, a partir do terceiro ano, atingirá um aumento de 10 a 20%, e daí em diante os resultados gradativamente alcançarão os índices esperados. Contudo, quando os resultados se apresentarem por demais ruins, é porque ainda restam tóxicos de adubos artificiais em grande quantidade; para amenizar a ação destes últimos é bom acrescentar ao solo, provisoriamente, novas terras.

Existe outro fator muito importante: uma vez que o arroz absorve adubos químicos como o sulfato de amônia, esse violento veneno é ingerido pelo homem diariamente mesmo em doses mínimas, de forma imperceptível, sendo óbvio que irá causar-lhe danos. Pode-se dizer que talvez seja essa uma das causas do aumento percentual das pessoas hoje acometidas por doenças.

A seguir, enumero, de forma rápida, as vantagens econômicas do cultivo natural:1 - Os gastos com adubos serão dispensados.2 - Os trabalhos diminuirão pela metade.3 - A safra aumentará enormemente.4 - Os produtos aumentarão de peso específico, não diminuirão de volume ao serem cozidos e terão um delicioso sabor.5 - O prejuízo causado pelos insetos nocivos diminuirá muito.6 - Problemas que preocupam o homem como o das larvas e parasitas intestinais desaparecerão por completo.

Através disso, poderão compreender como o nosso método de cultivo é uma enorme bênção que marca época. Com esta prática, o problema alimentar do Japão ficará solucionado, o que, além de tudo, irá motivar ou exercer boa influência sobre outros problemas — principalmente no que concerne à saúde do homem. Se essa técnica for amplamente difundida pelo nosso país, incrementar-se-á sua reconstrução, e não há a menor dúvida de que, um dia, ele chegará a ser visto, por todos os outros países, como uma nação de cultura elevada. Nesse sentido, desejo que o maior número possível de japoneses leiam esta publicação especial.

Por último, quero frisar que não tenho o mínimo propósito de divulgar nossa Igreja através do presente artigo, mesmo porque as pessoas alheias a ela poderão praticar a Agricultura Natural e alcançar bons resultados, conforme dissemos anteriormente.

15

Page 16: Ensinamentos Agricultura Natural

Parte II

Examinando os relatórios provindos de várias regiões sobre os resultados da Agricultura Natural no ano passado, constatei que alguns agricultores, infelizmente não puderam efetuar colheitas, por ser ainda muito cedo. Entretanto, como tenho dados suficientes, passo a relatar minhas impressões.

Visto que a Agricultura Natural, antes de tudo, dispensa os adubos, até agora considerados como a vida dos produtos agrícolas, todos os tipos de censura foram feitos pelos próprios familiares dos agricultores e por pessoas de suas aldeias, terminando por torná-la alvo de gozação e risos. Mas os praticantes do método suportaram tudo isso em silêncio e paciência e persistiram. Ao ler esses relatos, lágrimas de emoção me sobem aos olhos; sinto, também, um aperto no coração quando penso que, não fosse pela sua fé, eles nada teriam conseguido, pois, partindo de pessoas que descendem de longas gerações totalmente dominadas pela superstição dos adubos, essa oposição é por demais natural. Tudo isso me faz lembar as inúmeras descobertas e inventos que a História registrou, os quais ainda hoje prestam serviços à humanidade, e que foram alvos, sem nenhuma excessão, de mal-entendidos e opressões, até se conseguir o reconhecimento após grande e penoso esforço. Esse difícil procedimento não poderia deixar de nos comover.

Com base nisso, eu estava certo de que mesmo a Agricultura Natural encontraria, por algum tempo, oposição e dificuldades, mas também sabia que ela não tardaria a mostrar resultados surpreendentes, bastando ter paciência durante certo período. Como eu esperava, posso notar, através dos relatórios chegados às minhas mãos, que finalmente o cultivo sem adubos está despertando interesse em vários setores. No início, as circunstâncias eram muito desfavoráveis e, como os próprios agricultores não tinham muita confiança no novo método, foram poucos os que começaram a praticá-lo decididamente; a grande maioria começou a experimentá-lo como um teste, bastante desconfiados. Além do mais, como a terra e as semente ainda estavam impregnadas de grande quantidade de tóxicos, no primeiro ano as plantas apresentavam folhas amarelas e talos muito finos, de modo que os plantadores chegavam a achar que elas secariam. Segundo suas próprias informações, isso os deixava tão inseguros e impacientes, que só lhes restava orar a Deus por um milagre; entretanto, diante dos bons resultados na época das colheitas, eles ficaram mais tranqüilos. Só se recebe a coroa da vitória depois de ultrapassada essa fase difícil.

(Esclarecimento sobre o Revolucionário Aumento da

Produção pela Agricultura Natural — 05 de maio de 1953)

Danos causados pelas Pragas

São três as preocupações dos agricultores: o elevado preço dos adubos, os prejuízos causados pelas pragas e os danos decorrentes dos ventos e das chuvas. Como já expliquei, em capítulos anteriores, os malefícios dos adubos, passarei a falar agora sobre os danos causados pelas pragas.

É importante saber, de forma conclusiva, que a causa do surgimento das pragas está nos adubos. Aplicados ao solo, eles acabam tornando-o impuro, modificam suas características, fazem regredir sua capacidade e, ao mesmo tempo, deixam sujeiras como resíduos. É óbvio que todas as matérias sujas apodrecem. Aí aparecem larvas e bactérias. Se essa é a lei da matéria, nela se enquadram as plantas. O aparecimento de vermes nos depósitos de estercos comprova o que dizemos. As várias espécies de pragas originam-se dos diversos tipos de adubos. Dizem que ultimamente surgiram novas espécies, mas isso nada mais é que uma conseqüência do aparecimento

16

Page 17: Ensinamentos Agricultura Natural

de novos adubos. O fato é evidenciado pela afirmação dos agri-cultores de que existem muitos insetos nocivos em locais próximos aos depósitos de estercos.

Outro ponto importante é que, quando aparecem pragas, utilizam-se defensivos agrícolas para combatê-las, o que é extre-mamente prejudicial. Os inseticidas são venenos tão fortes que são capazes de matar os insetos; deste modo, quando se infiltram no solo, acabam contaminando-o e enfraquecendo-o ainda mais. Asim, o que nele for cultivado sofrerá os danos causados por mais esse veneno, além dos tóxicos dos adubos. O solo, da mesma forma que o homem, perde a resistência, e as pragas como que se aproveitando disso multiplicam-se com maior intensidade. É realmente um círculo vicioso. Nesse aspecto, inclusive, pode-se notar o quanto a agricultura tradicional está errada. Além do mais, alimentando-se do arroz que absorveu substâncias venenosas como o sulfato de amônia contido nos fertilizantes, o corpo humano sofre os seus efeitos; e é óbvio que isso faça mal à saúde, pois suja o sangue. No caso de alimentos básicos que se come diariamente, mesmo que a quantidade de veneno ingerido em cada refeição seja ínfima, ela vai se acumulando ao longo do tempo e torna-se a causa de doenças.

(Esclarecimentos sobre Agricultura Natural

— 15 de janeiro de 1951)

17

Page 18: Ensinamentos Agricultura Natural

Danos causados pelas Chuvas e Ventos

Os danos causados pelas chuvas e ventos tendem a aumentar de ano para ano, e tanto o governo como o povo estão bastante preocupados em se prevenir; mas, como essas obras preventivas são de altíssimo custo, no momento, adotam-se apenas soluções improvisadas. Todavia, alguma coisa deverá ser feita, já que os prejuízos se repetem a cada ano. Atualmente, não há outra alternativa a não ser procurar diminuí-los.

Com a nossa Agricultura Natural, entretanto, as raízes das plantas se tornam mais resistentes, a incidência de quebra dos caules comparada com a da agricultura tradicional é mínima, e quase não ocorre queda das flores nem apodrecimento dos caules após período de submersão. Mesmo quando as outras áreas de plantio são afetadas consideravelmente, as da Agricultu-ra Natural sofrem danos irrisórios, o que as pessoas acham muito estranho. Observando as extremidades das raízes, vemos que elas apresentam formações mais longas e em maior quanti-dade que as das plantações convencionais, proporcionando-lhes enorme resistência nessas ocasiões.

Estabelecendo analogia com o homem, as pessoas que comem apenas alimentos frescos e sem tóxicos são sadias. O mesmo acontece com as plantas, e isso não se limita ao trigo ou arroz. Segundo os agricultores, as plantas de baixa estatura e folhas pequenas são as que dão mais frutos e oferecem as melhores safras. É justamente o que ocorre na Agricultura Natural; pode-se ver, portanto, como ela é ideal. Além do mais, seus produtos apresentam excelente qualidade e sabor, reconhe-cidos por todos aqueles que já a experimentaram. A razão disso é que, quando se utilizam adubos, os nutrientes são absorvidos na maior parte pelas folhas, o que as faz crescer demasiadamen-te, afetando a frutificação. Acrescente-se que a quantidade de muda de arroz obtida na Agricultura Natural é bem maior; já se conseguiram até cento e cinqüenta mudas com uma só semente, resultando em cerca de quinze mil grãos — recorde admirável. Outra característica do arroz produzido por esse método é que a sua palha se apresenta bastante forte e fácil de ser trabalhada.

(Esclarecimento sobre Agricultura Natural

— 15 de janeiro de 1951)

Laranjas Produzidas há Quarenta Anos sem Adubos

Recentemente foram me presenteadas por um fiel as laranjas que há quarenta anos ele produz sem uso de adubos. Experi-mentei-as de imediato, ela apresentava um sabor agrada-bilíssimo, impossível de se expressar através de palavras. Eu nunca havia provado laranjas tão deliciosas. Aliás, sempre ganho dos fiéis frutas e verduras cultivadas sem adubos e realmente são mais gostosas do que o normal, entretanto, parece estar faltando qualquer coisa não podendo ser classificadas como cem por cento. Isso se deve à presença de tóxicos dos adubos no solo ou nas sementes, que levam de quatro a cinco anos para ficar livres deles. Só a partir daí é que os produtos adquirem o seu verdadeiro sabor.

Se aquelas laranjas fossem vendidas nas lojas, alcançariam enorme sucesso e nem se pode imaginar o quanto venderiam. Cheguei a pensar também que, se elas fossem exportadas, atingiriam cifras jamais vistas, refletindo-se de maneira bastante positiva na economia nacional.

18

Page 19: Ensinamentos Agricultura Natural

Ultimamente começaram a aparecer lojas que vendem “verduras puras”, isto é, plantadas sem o uso de estrume. É verdade que esse processo evita o aparecimento de larvas e parasitas, mas, como ainda são utilizados adubos químicos, naturalmente o gosto das verduras não é bom. Asseguro que, se os fiéis com experiência na agricultura produzirem verduras e frutas sem o uso de adubos, isso lhes proporcionaria uma ótima renda. E não é apenas questão de ganhar dinheiro: os resultados servirão também para divulgar o método, matando-se dois coelhos numa só cajadada. Que tal os senhores fiéis colocarem-no em prática o quanto antes?

(Jornal Eikô nº 133 — 05 de dezembro de 1951)

Sobre as Hortas Caseiras

Até o artigo anterior escrevi dirigindo-me aos especialistas. Passarei agora a escrever sobre as hortas de amadores, ou seja, sobre as hortas caseiras.

Mesmo nas hortas caseiras costuma-se usar grande quantidade de estrume. Trata-se de uma prática insuportável para quem não está habituado, pois, não só no momento da aplicação, mas durante dias seguidos, o odor penetra até nos aposentos, o que, além de ser desagradável, é anti-higiênico. Só de imaginar a presença desse cheiro durante as refeições, já sentimos náuseas. Se o uso de estrume trouxesse bons resul-tados, ainda valeria a pena, mas na realidade acontece o contrário. Certamente não existe maior tolice. Apesar de ser uma situação causada pelo desconhecimento das pessoas, fico espantado com tamanha ignorância.

A Agricultura Natural afasta a sujeira e maus odores; é um serviço limpo e higiênico, propiciando produtos de boa qualidade, excelente sabor e em grande quantidade. Além de não existir o perigo nem a preocupação com vermes e pragas, a cor das folhas e o formato dos caules são muito mais bonitos que os das plantas tratadas com adubos. Quando se começa a praticar a Agricultura Natural, o trabalho diário na lavoura torna-se agradável. Até então, antes de tudo, ele era penoso. Com o simples fato de pensar nos estrumes espalhados pelo solo, perde-se a vontade de andar sobre ele.

Diz-se que as batatas produzidas por amadores são escassas e pequeninas; no caso do tomate ou da berinjela, as flores caem muito; os nabos são de má qualidade; os pepinos secam, devido às pragas que atacam na raiz; as verduras apresentam-se com as folhas esburacadas, e poucas em bom estado. Tudo isso é cau-sado pelos adubos artificiais; todavia, pensando que a causa do problema é a falta de adubos, o amador coloca-os em maior quantidade, o que agrava ainda mais a situação. Sem saber a verdadeira causa, eles questionam os especialistas que não conseguem dar respostas satisfatórias, pois também são cativos da superstição dos adubos. Assim, não há como saber a quantidade de pessoas desorientadas existentes neste mundo. Entretanto, se vierem a conhecer a Agricultura Natural, elas se sentirão salvas! Seria como abandonar o Inferno e subir ao Paraíso.

(Esclarecimento sobre Agricultura Natural

— 15 de janeiro de 1951)

19

Page 20: Ensinamentos Agricultura Natural

A Grande Revolução da Agricultura

A Agricultura Natural Higiênica e Agradável nas Hortas Caseiras

No primeiro número da revista “Chijô Tengoku”, publiquei um minucioso artigo sobre a Agricultura Natural, dirigido aos agricultores profissionais; desta vez, enfocarei as hortas caseiras.

Como tenho publicado, na referida revista e no nosso jornal, os excelentes resultados obtidos pelos profissionais atra-vés desse novo método agrícola, acredito que os leitores tenham entendido, em parte, as suas vantagens. Posso afirmar que, no caso das hortas caseiras, feitas por amadores, a boa-nova da Agricultura Natural é uma grande alegria, como a luz que surge nas trevas. Nelas, até o presente, utilizava-se principalmente o estrume, cujo manuseio é insuportável sob vários aspectos, inclusive olfativo. Adotando-se o cultivo sem adubos, esse sofrimento desaparece, e o trabalho, por ser higiênico, torna-se agradável. Além disso, os resultados são bem melhores e o trabalho é menor, matando-se dois coelhos numa só cajadada. Vou enumerar as vantagens do método:1 - Sendo utilizados apenas compostos naturais, não há o mal-estar causado pelo uso do estrume, e o trabalho é menor.2 - As verduras obtidas são da melhor qualidade, e o seu sabor nem se compara ao das verduras tratadas com adubos.3 - O volume e a quantidade dos produtos são maiores.4 - O aparecimento de pragas reduz-se a uma pequena fração do que acontece no caso do emprego de adubos; portanto, não há necessidade de defensivos.5 - Não existe problema de transmissão de larvas e parasitas.

Muitas outras vantagens poderiam ser citadas; relacionei apenas as principais.Como nas hortas caseiras normalmente não se planta arroz nem trigo, mas quase sempre

verduras e legumes, vou explicar a experiência que tive com estes.As batatas são brancas, consistentes, têm um forte aroma, e até dão água na boca. O tamanho

reduzido e a pequena quan-tidade apontados pelos amadores são conseqüência dos adubos; sem estes, as batatas são maiores e em maior quantidade. Os pés de milho possuem caule grosso, folhas bem verdes, e logo à primeira vista se percebe que são maiores que o normal. Suas espigas são mais grossas e compridas, com os grãos bem juntos e enfileirados, macios e doces; todos ficam admirados com o seu paladar. Os nabos são brancos, consistentes, de textura fina e ótimo sabor, apresentando comprimento e grossura maiores que os nabos cultivados com adubos. A aspereza e porosidade de muitos nabos são provocados pelos adubos. As verduras como a acelga, o espinafre e o repolho têm excelente aroma, são volumosos, macios e apetitosos. No final do ano passado, um amador trouxeme três acelgas que pesavam 5,6kg cada uma. Eu nunca tinha visto acelga daquele tamanho. As leguminosas apresentam bons resultados, principalmente a soja, que é baixa, com folhas menores, mas colhe-se o dobro. As beringelas apresentam boa coloração, casca macia e forte aroma; não só pela estética como pelo paladar, ninguém que já as tenha provado tem disposição para comer as que são tratadas com adubos. A cebola, a cebolinha, o tomate, a abóbora e o pepino são de ótima qualidade; em especial a abóbora é muito consistente com sabor adocicado, inigualável. As batatas-doces são enormes; se demorarmos a arrancá-las, atingem proporções nunca vistas.

Quanto às árvores frutíferas, também produzem frutos muito saborosos, principalmente as frutas cítricas, o caqui, o pêssego, etc.

Explicarei agora o princípio e a utilização dos compostos naturais.O necessário para a Agricultura Natural são os compostos naturais, que podem ser de dois

tipos: o de capim e o de folhas de árvores. O primeiro é próprio para ser misturado à terra, e o segundo é indicado para fazer um leito abaixo do solo.

20

Page 21: Ensinamentos Agricultura Natural

A diferença entre a agricultura tradicional e a nossa, é que esta considera o solo como uma matéria profundamente misteriosa criada por Deus para o desenvolvimento de alimentos vegetais. Por conseguinte, ativar ao máximo a força do solo significa alcançar o objetivo original com que ele foi criado. Desconhecendo este princípio, os antigos passaram, não se sabe quando e baseados numa interpretação errônea, a usar adubos, prática cujo resultado é a diminuição da produtividade e a morte do solo. Na tentativa de cobrir esse enfraquecimento, utilizam-se adubos em quantidade cada vez maior, o que leva à intoxicação das plantas. Dizem que o solo japonês empobreceu, e isso pode ser atribuído aos adubos; os adubos químicos modernos, principalmente, aceleram o processo de empobrecimento do solo. Uma boa prova disso é que há uma melhora temporária quando lhe acrescentam terras de outros lugares, em virtude da queda de produção. Os agricultores interpretam que esta caiu porque os cultivos subseqüentes por longos anos esgotaram os nutrientes da terra. Acham, portanto, que as terras virgens conseguirão supri-la. Isso é um grave erro, pois na verdade o solo perdeu sua força devido à utilização de adubos e com o acréscimo de terra isenta de tóxicos, ele se recupera em parte.

Por outro lado, os compostos naturais têm por finalidade impedir o endurecimento do solo e também aquecê-lo. O fundamental, para ativar o crescimento das plantas, é promover o desenvolvimento da raiz, sendo que o primeiro passo nesse sentido consiste em não deixar o solo endurecer; daí a necessidade de se misturar bem, a ele, o composto natural. Para incentivar o crescimento dos pêlos radiculares, deve-se utilizar o composto natural à base de capim, pois as fibras deste são macias e não atrapalham o crescimento. As fibras das folhas de árvores, no entanto, são mais duras, e por isso não convém misturá-la ao solo. O melhor é utilizá-las para fazer um leito abaixo do solo, a fim de aquecê-lo. O ideal seria uma camada de uns 30 cm de terra misturada com composto à base de capim e, abaixo dela, um leito da mesma espessura, à base de folhas de árvores.

No caso de verduras, leguminosas, etc., o processo descri-to é conveniente, mas tratando-se de nabos, cenouras e simila-res, cujo objetivo é a raiz, deve-se dimensionar as camadas de maneira adequada, fazer montes de terra e plantá-los aí, para que suas raízes recebam bastante sol, pois assim o crescimento será excelente. Se a batata-doce, por exemplo, for plantada em montes de mais ou menos 60 cm, dispondo-se as mudas numa distância de 30 cm uma da outra, colher-se-ão batatas gigantes. Ouve-se dizer freqüentemente que o melhor é dispor os montes de terra em sentido norte-sul ou leste-oeste, de modo que as plantas recebam bastante energia solar, portanto, basta dispô-las observando as condições locais, levando em consideração a direção do vento. Quando este é muito forte, os caules se quebram; assim, é necessário plantar árvores em volta ou fazer cercas, a fim de diminuir a ação do vento.

Quanto mais limpo for mantido o solo, maior será a sua vitalidade. Portanto, a utilização de impurezas como o estrume traz resultados adversos. Devido ao desconhecimento desse fato, o trabalho não só tem sido infrutífero como contraprodu-cente.

Os americanos não comem verduras produzidas no Japão, pois temem a presença de parasitas. No caso da Agricultura Natural, essa preocupação desaparece. Trata-se realmente de uma fabulosa revolução da agricultura, constituindo uma grande boa-nova dirigida aos nossos irmãos.

(Jornal Eikô nº 3 — 30 de março de 1949)

21

Page 22: Ensinamentos Agricultura Natural

As Hortas Caseiras e a Agricultura Natural

Vou explicar, em linhas gerais, a grande boa-nova que representa a nossa Agricultura Natural, o cultivo sem adubos inclusive para as hortas caseiras.

É claro que nas hortas caseiras não se plantam cereais, como arroz e trigo, mas apenas legumes e verduras. Os adubos mais utilizados são: excremento humano, lixo, restos de peixes, cinzas de madeira, estrume de cavalo e de galinha, etc. Mas, dentre eles, o que mais se usa é o excremento humano. Para os amadores, inexperientes no cultivo da terra, o seu manuseio é extremamente penoso. Além disso, durante longo tempo a casa fica impregnada de mau cheiro, acabando com o prazer das refeições e o grande desconforto que as pessoas sentem é incomum. Se esse tipo de adubo garantisse bons resultados, ainda seria justificável, mas vou mostrar, através de dois ou três exemplos, como ele é nocivo.

Os amadores costumam queixar-se de que no caso do tomate ou da soja há muita queda de flores e, conseqüentemente, poucos frutos; quanto às batatas, consegue-se poucas ou quase nada. Além disso, os caules se quebram, as folhas secam e os danos causados pelas pragas constituem preocupações permanentes. Toda causa desses problemas é o estrume, fato que até agora se desconhecia. Para agravar a situação, se não são obtidos bons resultados, eles pensam que isso foi motivado pela falta de adubo e o aplicam em maior quantidade, o que produz efeitos ainda mais negativos. Sem alternativas, consultam especialistas no assunto, mas, como todos sabem, estes também estão cativos da superstição dos adubos, de modo que dão respostas completamente disparatadas, atribuindo o problema ao tipo de adubo utilizado, à quantidade inadequada, à época de aplicação, à acidez do solo, etc. Que erro espantoso!

A maior ajuda prestada pela Agricultura Natural, entretanto, não está unicamente na dispensa das fezes humanas, mas de qualquer outro adubo. Apesar de fazer uso somente de com-postos naturais, seus resultados são maravilhosos. Vou enu-merá-los:1. dispensa-se qualquer tipo de adubo, a começar pelo desagradável estrume;2. além de ser um método higiênico e confortável, desaparece o problema de doenças causadas por parasitas;3. o cultivo torna-se fácil, não havendo quebra de caules nem queda de flores;4. é um método econômico: desaparecendo as pragas, não há necessidade de gastar dinheiro com defendsivos e outros recursos;5. como a quantidade de produtos colhidos é maior, mesmo os locais pequenos são suficientes para o plantio;6. as verduras cultivadas sem adubo têm sabor inigualável e alto teor nutritivo.

Muitas outras razões ainda poderiam ser enumeradas. Conhecer realmente os resultados da Agricultura Natural e sentir a alegria infinitamente maior de viver o dia-a-dia, certamente é um privilégio das pessoas que já experimentaram o método. Antes de mais nada, é preciso praticá-lo. Nessa ocoasião, deve-se ter em mente que tanto o solo como as sementes estão bastante impregnadas de tóxicos dos adubos e, por isso, não se tem bons resultados durante certo tempo, até que tais substâncias sejam eliminadas. Entretanto, dependendo do tipo de verdura, há culturas que apresentam bons resultados desde o primeiro ano e no segundo e terceiro vão melhorando cada vez mais. Quando os tóxicos tiverem sido completamente eliminados, os resultados serão tais, que nenhuma pessoa deixará de ficar admirada.

(Jornal Kyusei nº 63 — 20 de maio de 1950)

22

Page 23: Ensinamentos Agricultura Natural

O Globo Terrestre Respira

Todos sabem que os seres humanos respiram. Na verdade, a respiração é inerente a todos os seres, até mesmo aos vegetais e aos minerais. Se eu disser que o globo terrestre também respira, muitos poderão achar estranho; todavia, com a explanação que farei a seguir, tenho certeza de que todos irão concordar.

O globo terrestre respira uma vez por ano. A expiração inicia-se na primavera e chega ao ponto culminante no verão. O ar que ele expira é quente, como no caso da respiração do homem, e isso se deve à dispersão do seu próprio calor. Na primavera essa dispersão é mais intensa, e tudo começa a crescer em direção ao céu; as folhas começam a brotar e até o homem se sente mais leve. Com a chegada do verão, as folhas tornam-se mais vigorosas e, atingindo o clímax da expiração, o globo terrestre começa e inspirar; daí as folhas principiam a cair. Tudo toma, então, um sentido decrescente, e o próprio homem se apresenta mais sossegado. O outro ponto culminante é o inverno. Essa é a imagem da Natureza.

O ar expirado pelo globo terrestre é a energia espiritual do solo, que a Ciência denomina nitrogênio; graças a ele as plantas se desenvolvem. O nitrogênio sobe constatemente às camadas mais altas da atmosfera e lá se acumula, retornando ao solo com as chuvas. Esse é o adubo da Natureza, à base de nitrogênio. Por essa razão, é um erro retirar o nitrogênio do ar e utilizá-lo como adubo. É certo que com a aplicação de adubo à base de nitrogênio consegue-se o aumento da produção, mas seu uso prolongado acarreta intoxicação e enfraquecimento do solo, pois a força vital deste diminui. Como é do conhecimento geral, o adubo à base de nitrogênio foi elaborado pela primeira vez na Alemanha, durante a Primeira Guerra Mundial. No caso de ser necessário aumentar a produção de alimentos devido à guerra, ele satisfaz o objetivo; entretanto, com o fim da guerra e o conseqüente retorno à normalidade, seu uso deve ser suspenso.

Outro aspecto importante é o que diz respeito às manchas solares, que desde a antiguidade têm servido de assunto para muitos debates. A verdade é que essas manchas representam a respiração do Sol. Dizem que elas aumentam de número de onze em onze anos, mas o seu aumento acontece quando a expiração chega ao ponto culminante. Com relação ao luar, considera-se que ele é o reflexo da luz do Sol, mas convém saber que o Sol arde também graças ao elemento água, proveniente da Lua. Esta possui um ciclo de vinte e oito dias, e isso também constitui o seu movimento de respiração.

(Colóquio sobre a Fé — 5 de setembro de 1948)

23