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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ CURSO SUPERIOR EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS CÂMPUS DOIS VIZINHOS LARA SUSAN MARCOS RESGATE E VALORIZAÇÃO DO CONHECIMENTO POPULAR DAS BENZEDEIRAS: UM GUIA FOTOGRÁFICO DE PLANTAS MEDICINAIS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DOIS VIZINHOS PR 2018

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CURSO SUPERIOR EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

CÂMPUS DOIS VIZINHOS

LARA SUSAN MARCOS

RESGATE E VALORIZAÇÃO DO CONHECIMENTO POPULAR DAS

BENZEDEIRAS: UM GUIA FOTOGRÁFICO DE PLANTAS MEDICINAIS

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

DOIS VIZINHOS – PR

2018

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LARA SUSAN MARCOS

RESGATE E VALORIZAÇÃO DO CONHECIMENTO POPULAR DAS

BENZEDEIRAS: UM GUIA FOTOGRÁFICO DE PLANTAS MEDICINAIS

Trabalho de Conclusão do Curso Superior em Ciências Biológicas – Licenciatura, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Dois Vizinhos, apesentado como requisito parcial para obtenção do título de bióloga licenciada. Orientadora: Profa. Dra. Mara Luciane Kovalski Coorientadora: Profa. Dra. Daniela A. Estevan

DOIS VIZINHOS – PR

2018

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TERMO DE APROVAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso no __

Resgate e valorização do conhecimento popular das benzedeiras: um guia fotográfico de

plantas medicinas

por

Lara Susan Marcos

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado às 14 horas do dia 22 de Novembro de

2018, como requisito parcial para obtenção do título de Biólogo (Curso Superior em Ciências

Biológicas – Licenciatura, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Dois

Vizinhos). O candidato foi arguido pela banca examinadora composta pelos membros abaixo

assinados. Após deliberação, a banca examinadora considerou o trabalho aprovado.

Profª. Drª. Daniela Aparecida Estevan

Doutora em Agronomia

Mara Luciane Kovalski

orientadora

UTFPR – Dois Vizinhos

Prof. Dr. Celso Eduardo Pereira Ramos

Doutorado em Agronomia

Profª. Drª. Marciele Felippi

Coordenadora do Curso de Ciências

Biológicas - UTFPR – Dois Vizinhos

“A Folha de Aprovação assinada encontra-se na Coordenação do Curso”.

Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Câmpus Dois Vizinhos

Coordenação do Curso Ciências Biológicas

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“We are making photographs to understand what our lives mean to us” (Ralph Hattersley).

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Agradecimentos

O Universo nos proporciona vivenciar situações e experiências no tempo exato de

nossas vidas, onde estamos preparados para vivê-las.

Gratidão...

À pessoa mais humana que o Universo me apresentou nesse ciclo, que além das

orientações acadêmicas também me ajudou espiritualmente em momentos difíceis.

Compreensível, amável e dedicada em cada atividade que realiza, professora Mara,

tu és de grande inspiração, contagia todos ao seu redor com o amor que tem pela

profissão.

À minha coorientadora Daniela, que carrega consigo um conhecimento grandioso

sobre as plantas. Grata por ser paciente e estar sempre disponível para me auxiliar

na identificação das mesmas.

Ao Professor Celso e a professora Cláudia, pela atenção, contribuições e

considerações nesse trabalho.

Aos meus amigos Fábio e Emiliana, por suportarem minhas reclamações e

oscilações de humor durante o desenvolvimento da pesquisa, e principalmente, por

me apoiarem e incentivarem para que eu pudesse concluí-la. Com vocês a

Universidade ficou mais suportável, graças aos momentos de alegria

compartilhados. Amo vocês.

À minha companheira Frida que tolerou os momentos de solidão e os dias sem

passeio no parque, mas que nunca saiu do meu colo nas madrugadas escrevendo

esse trabalho.

Aos meus pais, Paulo e Priscilla, que compartilham do mesmo sonho que eu e se

orgulham muito desse momento em minha vida. Dedico esse trabalho a vocês, que

me apoiam nas escolhas, torcem pelo meu sucesso e compreendem os momentos

que me fiz ausente. Amo muito vocês.

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Aos amigos, colegas e familiares que cruzaram meu caminho durante esse

processo, e que compreenderam minha ausência temporária.

E principalmente, às mulheres incríveis que permitiram que essa pesquisa fosse tão

significativa: as benzedeiras, que se disponibilizaram e dedicaram seu tempo ao

resgate e preservação de suas próprias histórias, como também do conhecimento

científico das plantas.

Gratidão!

“The happinnes is only real when shared” (Into the Wild)

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RESUMO

SUSAN-MARCOS, Lara. Resgate e valorização do conhecimento popular das benzedeiras: um guia fotográfico de plantas medicinas. 2018. 98 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas – Licenciatura), Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Dois Vizinhos, 2018.

O objetivo central da presente pesquisa foi resgatar o conhecimento sobre o uso das

plantas medicinais das benzedeiras do município de Dois Vizinhos, Paraná, e

elaborar um guia fotográfico de plantas medicinais para auxiliar a população da

identificação visual das plantas para fins medicinais. Desta forma, relacionar os

saberes popular e científico. A pesquisa foi realizada com três benzedeiras, de 51,

64 e 84 anos, todas católicas, localizadas por meio de recomendações da população

local. Neste trabalho foram realizadas entrevistas com questões semiestruturadas,

questionando-as sobre sua vida, sobre a benzição e a relação com as plantas

medicinais, como o nome popular, uso e aplicação. Também foi realizada a coleta

do material botânico para depositar no herbário da Universidade Tecnológica

Federal do Paraná, campus Dois Vizinhos para auxiliar na identificação taxonômica

das mesmas, e foi feito o registro fotográfico para elaboração do guia. Os resultados

apontam a identificação de 55 espécies de plantas, distribuídas em 24 famílias

botânicas, sendo as mais frequentes as famílias Asteraceae, Myrtaceae e

Lamiaceae, consecutivamente. Isso indica que as mesmas são muito

representativas para fins medicinais, em virtude de seus princípios ativos. Chama a

atenção o número de espécies nativas em relação as exóticas, onde as últimas se

apresentam em 48% de todo o material, fator que pode estar relacionado com os

processos migratórios e manejo da vegetação pela comunidade. Em relação a parte

da planta mais utilizada, destacam-se as folhas, seguido dos ramos, talvez isso

esteja relacionado pelo fato de as mesmas estarem disponíveis durante o ano todo e

também pelo fácil manejo. Quanto ao preparo das plantas, a forma mais frequente é

nas garrafadas, que consiste em uma mistura de diferentes ervas de acordo com o

tipo de enfermidade a ser tratada. Depois da garrafada vem a decocção, que é a

fervura da planta para depois ingerir. As indicações foram distribuídas em 11 grupos

de acordo com os sistemas do corpo humano e aplicações mais específicas.

Destacam-se o sistema digestivo, com o número de enfermidades medicadas

através de plantas, depois o sistema imunológico, cardiovascular e nervoso, com o

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mesmo número de menções. Pode-se concluir que os resultados foram muito

significativos e satisfatórios, apresentando dados do conhecimento tradicional e

realizando o resgate científico dos mesmos.

Palavras-chave: Conhecimento Tradicional. Benzição. Etnobotânica. Fotografia.

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ABSTRACT

SUSAN-MARCOS, Lara. Rescue and valorization of the popular knowledge of healers: a photograph guide of medicinal plants. 2018. 98 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas – Licenciatura), Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Dois Vizinhos, 2018.

The objective of this research was to evaluate the use of medicinal plants of the

municipality of Dois Vizinhos, Paraná, as well as to preserve the intangible cultural

heritage of Brazil. Along with this, build a guide of medicinal plants to help the visual

identification of plants for medicinal purposes, in this way, rescue the popular and

scientific knowledge. The research was fulfilled with three healers, of 51, 64 and 84

years old, all catholics, located at the choice of the local population, in which semi-

structured interviews were conducted, questioning them about their life, about the

benzation and the relation with medicinal plants, such as the popular name, use and

application. Also, fulfilled the collect of botanical material to deposit in the herbarium

of the Federal University of Technology of Paraná, Dois Vizinhos campus, and to

assist in the taxonomic identification of the same, and photographic record for the

preparation of the guide. The results indicate the identification of 55 species of

plants, distributed in 24 botanical families, being the most frequent the families

Asteraceae, Myrtaceae and Lamiaceae, consecutively. This indicates that they are

very representative for medicinal purposes, because of their active principles.

It draws attention to the number of native species in relation to exotic species, where

the latter occur in 48% of all material, a factor that may be related to community

migratory and management processes by the community. In relation to the most

used part of the plant, the leaves stand out, followed by the branches. Perhaps this is

related to the fact that they are available all year and also because they are easy for

management. As for the preparation of the plants, the most frequent form is in the

bottles, which consists of a mixture of different herbs according to the type of disease

to be treated. After the bottle comes the decoction, which is the boil of the plant to

then ingest. The indications were distributed in 11 groups according to human body

systems and more specific applications. The most important are the digestive

system, with more number of diseases by medicinal plants, then the immune system,

cardiovascular and nervous, with the same number of mentions. It can be concluded

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that the results were very significant and satisfactory, presenting data of the

traditional knowledge and realizing the scientific rescue of the same ones.

Keywords: Traditional Knowledge. Blessing. Ethnobotany. Photography.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11

2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 13

2.1 AS PLANTAS MEDICINAIS NO BRASIL ............................................................ 13

2.2 RESGATE HISTÓRICO ...................................................................................... 14

2.3 BENZEDEIRAS E REZADEIRAS E O CONHECIMENTO TRADICIONAL ......... 15

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 17

3.1 ABORDAGEM DA PESQUISA ............................................................................ 17

3.1.1 Uma abordagem Etnoecológica ....................................................................... 18

3.1.2 A fotografia como método de pesquisa ............................................................ 19

3.2 LOCAL DA PESQUISA ....................................................................................... 19

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ....................................................... 20

3.3.1 Entrevista ......................................................................................................... 20

3.3.2 Diário de Campo .............................................................................................. 21

3.3.3 Câmera Fotográfica .......................................................................................... 22

3.4 ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................... 23

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 24

4.1 PARTE I – A VIDA DAS BENZEDEIRAS ........................................................... 24

4.2 PARTE II – SOBRE A BENZIÇÃO ...................................................................... 26

4.3 PARTE III – AS PLANTAS MEDICINAIS E SUA RELAÇÃO COM A BENZIÇÃO

.................................................................................................................................. 29

4.4 DO CONHECIMENTO POPULAR AO CIENTÍFICO .......................................... 37

4.5 O GUIA FOTOGRÁFICO DE PLANTAS MEDICINAIS........................................ 43

CONCLUSÕES ......................................................................................................... 44

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 46

APÊNDICE A – Entrevista ....................................................................................... 53

APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ........................... 54

APÊNDICE C – Guia Fotográfico de Plantas Medicinais......................................55

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1 INTRODUÇÃO

A Etnobotânica trata do estudo das inter-relações entre o ser humano e as

plantas, tanto a sua história como sua aplicação nos dias atuais (FORD, 1981).

Apesar de ser um termo recente, em prática é muito antiga (FONSECA-CRUEL;

PEREIRA, 2009), pois muitas plantas que são utilizadas hoje, já eram empregadas

por povos antigos, que conheciam profundamente as propriedades terapêuticas das

mesmas.

No Brasil, o conhecimento das plantas medicinais está entrelaçado em

diferentes culturas das mais diversas origens, entre elas, as três principais que são a

europeia, a indígena e a africana. Sendo que, a última conseguiu manter viva as

suas tradições religiosas, dando origem a cultos afrodescendentes, que conseguiu

preservar melhor suas práticas (DUNIAU, 2003).

Muitos conflitos ocorreram ao longo da história, principalmente entre a

Ciência e o conhecimento tradicional de benzedeiras, curandeiros, pajés, erveiros e

entre outros (DUNIAU, 2003). Parte desse conflito está relacionado com a

associação das plantas à religião, onde muitas benzedeiras eram perseguidas pela

igreja católica, por serem consideradas como bruxas (BOING; STANCIK, 2013).

Entretanto, a sabedoria tradicional está se perdendo lentamente em virtude

da imposição de hábitos culturais de origem estrangeira, como também do avanço

da medicina moderna, fazendo com que parte da memória cultural do Brasil se perca

no tempo (ALMEIDA, 2003).

Qual a importância de preservar o conhecimento tradicional das plantas

medicinais no Brasil? Com base na atual situação bem como seu histórico, a

presente pesquisa teve como objetivo principal resgatar e preservar o conhecimento

das benzedeiras do sudoeste do Paraná, uma vez que, essas fazem parte do

patrimônio cultural imaterial do Brasil, e realizam suas práticas de cura associadas a

religião. Paralelo a esta atividade, também ocorreu a identificação científica das

plantas, de fundamental importância para as pesquisas em Etnobotânica, com a

identificação correta das espécies utilizadas pelas mesmas. A mesma foi aplicada no

estado do Paraná especificamente na cidade de Dois Vizinhos, com uma história e

cultura ricas. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevistas pessoais com as

benzedeiras e fotografias para registro das espécies utilizadas em seus rituais de

benzição.

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Após o desenvolvimento da pesquisa, foi elaborado um Guia Fotográfico de

Plantas Medicinais, que carrega consigo um peso histórico dessa cultura no Brasil e

dos conhecimentos das benzedeiras sobre as plantas medicinais, eternizando-os

para que mais uma parte da história cultural do Brasil não se perca.

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13

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 AS PLANTAS MEDICINAIS NO BRASIL

O Brasil é o país que habita a maior biodiversidade do planeta, juntamente

com grande diversidade étnica e cultural, sendo assim, mantém um rico

conhecimento tradicional sobre as plantas medicinais (BRASIL, 2006). Na história da

humanidade, a utilização de plantas medicinais para fins terapêuticos sempre esteve

entre as práticas populares ao longo de gerações (BADKE et al., 2012), e estende-

se até os dias atuais.

As plantas são de fundamental importância, uma vez que, dependemos

delas há milhares de anos. Estas eram utilizadas em diferentes culturas e ainda

buscam recursos da natureza para sua melhoria de vida. Desde então, o homem

vem tomando conhecimento das propriedades das plantas medicinais, utilizando-as

de diversas formas. Em algumas culturas, as plantas eram e são até hoje,

consideradas como mágicas (KOVALSKI, 2011).

Com os avanços tecnológicos, foi possível produzir diversos medicamentos

para tratar doenças. Estes foram inseridos gradualmente no cotidiano das pessoas

(BADKE et al., 2012), e a partir do século XIX, a utilização das plantas medicinais

teve uma queda considerável (CUNHA, 2007).

Hoje, a medicina moderna está incluída na maior parte do mundo (BRASIL,

2006). Entretanto, observa-se que a medicina natural voltou a ganhar destaque no

Brasil em virtude da cultura tradicional indígena; do conhecimento trazido pelos

escravos e imigrantes; do valor elevado de medicamentos de origem industrial e até

mesmo pelos próprios recursos naturais que o país oferece (SANTANA, 2014). A

Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que nos países em

desenvolvimento, grande parte da população depende da medicina tradicional para

sua atenção primária, levando em consideração que 80% utiliza práticas tradicionais

nos seus cuidados básicos de saúde e 85% destes, utilizam plantas ou preparações

destas (BRASIL, 2006). A utilização das plantas medicinais, é, muitas vezes, uma

alternativa econômica para as famílias, e junto a isso, tem-se a valorização dos

conhecimentos já existentes (KOVALSKI, 2011).

A humanidade está reavaliando sua forma de vida, dando espaço à

utilização da medicina natural, mais uma vez, pois a mesma apresenta menos

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contraindicações e efeitos colaterais e melhor eficácia, quando comparados com

tratamentos sintéticos (SANTANA, 2014). Com o desenvolvimento da fitoterapia, no

dia 22 de junho de 2006 foi criada no Brasil a Política Nacional de Plantas

Medicinais e Fitoterápicos, com o objetivo de manter o acesso seguro e utilização

correta das mesmas. Entre suas premissas estão o respeito com a segurança e

eficácia da saúde pública; diversidades e particularidades de cada região bem como

as ambientais, culturais e tradicionais, conciliando o desenvolvimento com a

conservação ambiental. Além disso, deve haver respeito com as diferentes culturas

brasileiras de forma a reconhecer o uso tradicional das plantas medicinais (BRASIL,

2006).

A Medicina Popular acredita que a saúde do homem está relacionada com

seu próprio equilíbrio, e com o de suas relações familiares e sociais. Quando

desequilibrados, podem resultar na doença do indivíduo. Para a cura, é necessário

reestabelecer o equilíbrio entre esses fatores: Homem, família e sociedade. Já a

Medicina Moderna, pode ser que não seja capaz de exercer essa função, uma vez

que, ela atua na manifestação da doença, e não na origem da mesma (QUEIROZ;

PUNTEL, 1997).

2.2 RESGATE HISTÓRICO

Desde a Pré-história, no período paleolítico, o homem já dependia das

plantas. A utilização mais antiga que se tem registro foi encontrada em um túmulo do

Neolítico, no qual estavam vestígios de um homem envolto por plantas aromáticas,

que foram identificadas pelos grãos de pólen ali presentes. As plantas aromáticas

eram essencialmente utilizadas em rituais sagrados, em virtude do odor que exalam,

pois estavam relacionadas com a purificação. Essa era uma forma de pedir proteção

aos Deuses, bem como as plantas de odor desagradável serviam para repelir os

Deuses maléficos (CUNHA, 2007). Com aproximadamente 40.000 anos, os

aborígenes australianos já reconheciam as propriedades aromáticas das plantas,

aquelas ricas em cineol, óleos essenciais, como os eucaliptos e melaleucas

(CUNHA, 2007). Com o mesmo objetivo da purificação, eram utilizadas plantas como

o sândalo, a casca de canela, raízes de cálamo, cedro do Líbano, todas essas

essencialmente aromáticas (CUNHA, 2007). Se formos analisar a etimologia da

palavra perfume, a mesma surgiu do latim per, que significa a origem da fumaça, e,

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15

fumare, que é fumaça (DIAS; SILVA, 1996), enquanto que Nery (2016) encontrou

um outro significado: através da fumaça.

Nas civilizações do Oriente, as plantas medicinais tiveram grande

importância. Ainda hoje a China utiliza como forma de tratamento, apresentando

bons resultados. Outra terapia foi baseada nas forças Yin e Yang. Nesta, é

necessário haver o equilíbrio entre elas, relacionado com o equilíbrio do homem.

Esse é um estado de saúde, e quando desequilibradas essas forças, uma

predomina sobre outra e tem-se a doença. Na dinastia, outro sistema foi

incorporado, a que trata dos elementos da terra, sendo ao todo cinco: Terra, água,

fogo, metal e madeira. Diversas plantas eram utilizadas, onde suas propriedades se

empregavam a algum elemento. A Índia é um continente rico em plantas aromáticas,

como exemplo o manjerico que cresce espontaneamente e é considerado sagrado.

O Egito também apresenta grande relevância nas plantas medicinais (CUNHA,

2007).

Rangel e Bragança (2009) afirmam que, ao longo das civilizações, sempre

houve uma relação entre as mulheres e as plantas medicinas. Queiroz e Puntel

(1997) também afirmam que, a medicina caseira sempre foi mais difundida entre as

mulheres mais velhas da família. No Brasil, começam a surgir as chamadas

benzedeiras e rezadeiras, a partir do século XVII, que utilizam as plantas medicinas

como forma de cura e amuletos para proteção (OLIVEIRA, 1985).

2.3 BENZEDEIRAS, REZADEIRAS E O CONHECIMENTO TRADICIONAL

O surgimento das benzedeiras tornou-se uma nova fonte de pesquisa em

Etnobotânica no Brasil a partir do século XVII (MACIEL; NETO, 2006). As mulheres

benzedeiras apresentam aquela imagem de mulher casada, com filhos, família de

baixa renda e que possui um conhecimento da medicina natural, principalmente

ervas e raízes, conhecida como uma cientista popular, na qual mistura sua

sabedoria da cura das plantas com o misticismo. São sempre muito religiosas, na

maioria dos casos católicas (OLIVEIRA, 1985). Podemos encontrar benzedores em

diferentes regiões do país (RANGEL; BRAGANÇA, 2009), e podem ser conhecidos

também como rezadeiros e curandeiros (SANTOS, 2009).

Dentro da Medicina Popular, encontram-se outras duas subdivisões: a

medicina caseira, na qual são utilizadas as ervas medicinais, e a religiosa, prática

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16

comum entre benzedeiras. Essas medicinas não concorrem entre si, e sim, atuam

como complementares, onde a religiosa contribui com o bom funcionamento da

caseira (QUEIROZ; PUNTEL, 1997). Maciel & Neto (2006) afirmam que os

benzedeiros realizam a ligação entre o homem e o que é sagrado, e são diversas as

situações que fazem com que o homem procure a medicina natural para tratar suas

enfermidades, desde a ordem médica à filosófica.

Além dos avós, tios, e outros familiares, são os benzedeiros, raizeiros,

xamãs, que mantiveram no Brasil a cultura do uso medicinal das plantas durante

séculos. Sabe-se que em algumas regiões do país, essa é a única forma para tratar

doenças e enfermidades da população (MACIEL; NETO, 2006).

Na pesquisa feita por Maciel e Neto (2006) com benzedeiras de Juruena, no

Mato Grosso, há relato das mesmas que não cobram por suas benzições, uma vez

que, o processo pode não gerar efeito. Esse dom que elas carregam foi concedido

de graça, e não deve ser cobrado. No trabalho de Cândido (1987) há relatos

parecidos, onde os rezadeiros de Bofete, São Paulo, também não cobravam pelos

seus serviços, mas, em ambos os casos, benzedeiras e rezadeiros aceitam

pequenas doações das pessoas, que o fazem “de coração”.

Santos (2009) e Nascimento e Ayala, (2013) abordam em seus trabalhos

com rezadeiras, o conceito de Patrimônio Imaterial, definido pela Unesco como:

“Entende-se por “património cultural imaterial” as práticas, representações, expressões, conhecimentos e competências – bem como os instrumentos, objectos, artefactos e espaços culturais que lhes estão associados – que as comunidades, grupos e, eventualmente, indivíduos reconhecem como fazendo parte do seu património cultural. Este património cultural imaterial, transmitido de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função do seu meio envolvente, da sua interacção com a natureza e da sua história, e confere-lhes um sentido de identidade e de continuidade, contribuindo assim para promover o respeito da diversidade cultural e a criatividade humana” (UNESCO, 2003, p.03).

A partir da década de 80 no Brasil, é que os bens culturais imateriais

começam a ganhar destaque. O Estado torna-se responsável em reconhecer a

diversidade cultural aqui existente, pois a mesma contribui para a cidadania das

populações que fazem parte dessa cultura (SANTOS, 2009).

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3 METODOLOGIA

3.1 A ABORDAGEM DA PESQUISA

Muitos pesquisadores, principalmente os de Ciências Sociais encontravam

muita dificuldade ao tentar explicar o comportamento humano em termos

quantificáveis. Quando se trata da frequência em que algo acontece, ou da

quantidade de pessoas que apresentam determinado comportamento, métodos

quantitativos são apropriados. Já os métodos qualitativos buscam ampliar e

aprofundar a compreensão de certas coisas no mundo social, sendo necessário

explorá-las (HANCOCK; OCKLEFORD; WINDRIDGE, 2007).

A pesquisa qualitativa é emocionante e gratificante, pois nos envolve em

momentos importantes da vida das pessoas. Por meio dessa, pode-se explorar uma

ampla dimensão do mundo social, do cotidiano e da imaginação de nosso público-

alvo, utilizando de metodologias que visam riqueza, profundidade, contexto,

complexidade e multidimensionalidade nos dados. Ela pode produzir generalidades

bem fundamentadas de acordo com o contexto (MASON, 2002). Uma pesquisa

qualitativa baseia-se na comunicação com o outro, com o objetivo de coletar

histórias, narrativas e descrições de suas experiências (MORSE, 2005).

Oliveira (2008) apresenta dois conceitos para pesquisa quantitativa e

qualitativa: Positivismo, para a primeira, e interpretacionismo para a segunda. O

positivismo estuda o homem através de dados amostrais, focando o comportamento

humano por meio de variáveis dependentes e independentes. Já o

interpretacionismo aponta que o homem é diferente de objetos, logo, necessita de

observações, entrevistas, relatos de vida. Deve-se considerar essas diferenças.

Macedo; Galeffi e Pimentel (2009) trazem o seguinte pensamento acerca do

qualitativo e quantitativo:

Para que se possa tratar da natureza efetiva do conhecimento humano não é possível escapar de si mesmo. Eis o impasse da luta titânica, portanto ainda mítica, entre uma dita ciência dura e uma chamada ciência mole, valendo o “duro” como consistente e objetivo, e o “mole” como inconsistente e errático ou subjetivo. Contudo, é útil sempre lembrar que somente uma ciência maleável pode atravessar a rigidez da mente calculadora condicionada que fundamenta a pretensão atomista de reduzir tudo ao cálculo e à mensuração operacional e controladora (MACEDO; GALEFFI;

PIMENTEL,2009, p. 21).

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Marzano, Vegliante e Angelis (2015), informam que o campo da pesquisa

educacional se situa em lados opostos: modelos quantitativos e qualitativos. Mas há

pesquisas que visam a integração e mixagem das mesmas, de forma a lidar melhor

com a complexidade das pesquisas educacionais. Esse modelo é complementar e

integra as duas categorias (qualitativo e quantitativo), criando uma terceira categoria

metodológica. A presente pesquisa apresenta um cunho metodológico

qualiquantitativo, que, como o próprio nome já diz, trata-se de uma junção das duas

abordagens, na qual faz uso de recursos, e técnicas estatísticas, mas também

considera a interpretação dos fenômenos e atribui significado aos dados (FILLOS et

al, 2012). Pesquisas com métodos mistos estão se expandido em resposta à

necessidade de tornar as análises mais claras e compreensíveis (CRESWELL,

2007).

3.1.1 Uma abordagem Etnoecológica

Para coleta de informações foi realizada uma abordagem etnoecológica, na

qual ocorreu um levantamento de informações para análise do conhecimento que o

público-alvo possui acerca do uso dos recursos naturais que ali existem (NODA,

2000; CONKLIN, 1954; TOLEDO, 1992). A etnoecologia possui uma abordagem

interdisciplinar, partindo de uma perspectiva local e atingindo as relações dinâmicas

do homem com o ambiente em que vivem (RUIZ-MELLÉN et al., 2012).

Atualmente, muitos estudos em etnoecologia possuem como foco o estudo

do “Conhecimento Ecológico Tradicional”, utilizando de uma abordagem holística,

que inclui uma análise de como esse conhecimento é gerado bem como sua história

(RUIZ-MELLÉN et al., 2012). Trata-se também de um patrimônio cultural, onde o

conhecimento é uma manifestação estratégica humana para se adaptar e

transformar um habitat, como produto de sua própria co-evolução, associando a

cultura e a natureza (BERKES; COLDING; FOLKE, 2000). A etnoecologia explora as

diversas formas que comunidades representam os sistemas ecológicos por meio do

conhecimento local, bem como suas crenças e práticas (TOLEDO, 1992).

Pesquisas etnoecológicas indicam que, em um nível mundial, a distribuição

da diversidade cultural coincide com a diversidade biológica (HARMON, 1996).

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3.1.2 A fotografia como método de pesquisa

Bauer e Gaskell (2010) informam sobre três grandes enfoques da utilização

de imagens, sendo uma delas, o fato de vivermos em um mundo com grandes

influências dos meios de comunicação, no qual, resultados de pesquisas dependem,

na maioria das vezes de elementos visuais, logo, esses desempenham papel

importante na vida social, política e econômica, e não podem ser ignorados.

A fotografia deve ser fundamentada em um contexto interativo onde as

mesmas adquirem significados, e vê-las torna-se uma atividade social (SCHWARTZ,

1989). Tittoni et al. (2010, p. 59) nos dizem que “a discussão sobre a relação intensa

entre a fotografia e a verdade mostra a inscrição da fotografia no contexto da

modernidade como um recurso técnico capaz de evidenciar a realidade e como

forma de comprovação de sua existência”.

A fotografia histórica nos apresenta que, os jardins tiveram um papel

importante na mesma, onde, os primeiros registros fotográficos eram de plantas. O

fundador da fotografia moderna, William Henry Fox Ralbot, registrou espécimes de

seu jardim botânico, em 1934, quando inventou o precursor da tecnologia utilizada

em quase todas as fotografias dos séculos XIX e XX. Em 1844 lançou seu primeiro

livro de “desenhos fotogênicos”, intitulado “The Pencil of Nature” (KOCOL, 2010).

Logo, observa-se a relação histórica das plantas medicinais e a fotografia.

Desta forma, pretendeu-se registrar as plantas medicinais com o intuito de facilitar a

identificação a campo por parte da população em geral, com material visual e não

apenas descritivo.

3.2 O LOCAL DA PESQUISA

O Munícipio de Dois Vizinhos está localizado na mesorregião geográfica do

Sudoeste do Paraná (Figura 1), no 3º planalto, sendo possível observar fragmentos

de sua vegetação nativa com clima subtropical e mesotérmico (pluvial temperado). O

mesmo está localizado dentro da bacia sedimentar do Paraná caracterizando-se

pela presença de basalto decorrente do derramamento de lava de vulcão fissural na

era mesozoica (PORTAL DOIS VIZINHOS, 2018).

Com uma área de 418 km², a cidade possui recentes 57 anos de história,

com uma população estimada de 40.234 habitantes em 2018, sendo a população

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determinada no último censo, de 36.179 habitantes, em 2010 (IBGE, 2017). O

município ainda apresenta duas instituições de nível superior: a Universidade

Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e a União de Ensino do Sudoeste do

Paraná (UNISEP). A economia local tem destaque nos setores de agroindústrias,

suínos, aves e comércios em geral (PORTAL DOIS VIZINHOS, 2018)

Em virtude dos relatos de muitas benzedeiras na cidade, é que foi escolhido

o Município de Dois Vizinhos para resgatar o conhecimento de plantas medicinais

utilizadas por benzedeiras, com o objetivo de valorizar a cultura local.

Figura 1 – Mapa da região Sudoeste do Paraná e Município de Dois Vizinhos.

Fonte: Portal Dois Vizinhos.

3.3 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

É fundamental trabalhar com rigor para assegurar que os resultados da

pesquisa sejam confiáveis. É necessário utilizar-se de bons métodos e instrumentos

para produzir novos conhecimentos (LAVILLE; DIONNE, 1999). Para esta pesquisa

foram utilizados: diário de campo, entrevistas e câmera fotográfica.

3.3.1 Entrevista

Entrevistas são as técnicas principais para coleta de dados, onde há uma

conversa pessoal entre o pesquisador e o entrevistado, seguindo uma metodologia

para obter as informações desejadas sobre o assunto (CERVO; BERVIAN, 2002).

Sobre entrevistas, Laville e Dionne (1999) afirmam que aumenta sensivelmente a

taxa de resposta, pois é mais fácil dizer não a alguém do que jogar no lixo o

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questionário realizado, como também exige menos esforço de quem está

entrevistando. Como informa Oliveira (2011):

“O autor apresenta ainda algumas vantagens na utilização da técnica de entrevista, tais como maior abrangência, eficiência na obtenção dos dados, classificação e quantificação. Além disso, se comparada com os questionários, a pesquisa não restringe aspectos culturais do entrevistado, possui maior número de respostas, oferece maior flexibilidade e possibilita que o entrevistador capte outros tipos de comunicação não verbal” (OLIVEIRA, 2011, p. 35).

Com base nessa abrangência deste instrumento, a entrevista foi utilizada

como a principal fonte de coleta de informações sobre a história das benzedeiras e

as plantas medicinais, desde a parte da planta utilizada, a quantidade, as aplicações

e a importância das mesmas.

Trata-se de uma entrevista semiestruturada, onde foram realizadas

perguntas orais por parte da pesquisadora tais como: Quando iniciou a benzição?

Outros familiares já mantinham essa prática? Qual a importância da benzição para a

sua vida? Após realizar esse resgate histórico, a pesquisador conduziu a conversa

para as plantas medicinais, anotando todas as informações sobre cada uma das

plantas. Caso haja necessidade, na entrevista semiestruturada o pesquisador pode

inserir uma pergunta não prevista, dependendo da resposta da benzedeira, ou para

complementar alguma outra (OLIVEIRA, 2008). Associado a entrevista, todas foram

gravadas, com a utilização de um celular.

Por meio de indicações da população local, foram entrevistadas três

benzedeiras do município de Dois Vizinhos,

3.3.2 Diário de campo

O Diário de Campo trata-se de um registro pessoal do pesquisador, de seus

eventos diários, observações como também pensamentos e questionamentos

(PATTERSON, 2005). Zaccarelli e Godoy (2010) apontam características que

compõe um diário de campo, sendo elas a regularidade dos registros, ou seja, deve

haver uma sequência de anotações durante um certo período de tempo; um objeto

pessoal, feito por um indivíduo conhecido; contemporaneidade, na qual os registros

são feitos no momento da atividade, ou próximo da mesma; e por último ser de fato

um registro, onde os apontamentos são o que o pesquisador realmente considerou

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como importante, apontado os eventos, as atividades, observações, sentimentos,

impressões e interações.

As anotações no Diário de Campo para a presente pesquisa foram

realizadas a partir do momento em que o pesquisador chegou ao local da pesquisa

até sua saída, ou seja, quando o mesmo chegou até a propriedade da benzedeira e

deixou a mesma.

3.3.3 Câmera fotográfica

Para elaboração do “Guia Fotográfico de Plantas Medicinais”, foram

realizadas fotos de total autoria da pesquisadora, com registro de todas as partes

das plantas que as benzedeiras possuem em sua residência ou utilizam para suas

benzições. A câmera utilizada trata-se de uma Canon EOS Rebel, T2i, patrimônio da

pesquisadora.

3.4 ANÁLISE DOS DADOS

Como citado por Campos (2004), acerca de um momento fundamental da

pesquisa que é a análise dos dados:

Normalmente quando o pesquisador iniciante termina a etapa de coleta de dados, geralmente uma fase exaustiva, que se não realizada adequadamente pode comprometer toda a pesquisa, poderá ter a falsa sensação que o trabalho está para terminar, ou poderá pensar: agora falta pouco! Ledo engano. Talvez a fase de analisar os dados, na execução de uma pesquisa científica, seja um dos momentos mais nevrálgicos e a escolha do método ou da técnica para a sua realização necessite do pesquisador muita atenção e cuidado. (CAMPOS, 2004, p.611).

Dentro da análise de dados da pesquisa qualitativa, tem-se a Análise de

Discurso e Análise de Conteúdo, que, de acordo com Caregnato e Mutti (2006), a

primeira pode ser interpretada tanto qualitativa quanto quantitativamente. Já a

análise de conteúdo possui somente uma interpretação qualitativa. Como a presente

pesquisa tem um cunho qualiquantitativo, foi utilizada a análise de discurso, que,

como informa Orlandi (2001), não se trata da língua ou gramática, mas sim do

discurso, do homem falando. É uma análise que prioriza o sentido e não o conteúdo

de um texto (CAREGNATO; MUTTI, 2006).

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Como a pesquisa foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas, ou

seja, que podem ou não sofrer alterações durante o processo, a observação das

mesmas foi por meio da análise de discurso, visando a valorização da fala de cada

benzedeira, uma vez que, o objetivo geral da presente pesquisa foi o resgate e

valorização desse conhecimento tão importante para elas, bem como para toda a

humanidade.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 PARTE I – A VIDA DAS BENZEDEIRAS

Com as entrevistas, foi possível conhecer muito sobre a vida e o

conhecimento das benzedeiras e suas relações com as plantas medicinas,

fundamental para o resgate histórico do patrimônio cultural imaterial do Brasil, bem

como do conhecimento científico. Foram entrevistadas três benzedeiras do

município de Dois Vizinhos-PR, recomendadas pela população local.

A primeira parte da entrevista estava voltada para a vida pessoal das

benzedeiras, como sua idade, em qual momento de sua vida começou a benzer e

quem foi que lhe ensinou, se há outras benzedeiras na família e qual a religião

associada aos benzimentos.

De acordo com a tabela 1, observa-se que as idades são 51, 64 e 84 anos,

e que a benzedeira I foi quem começou mais jovem os seus hábitos de benzer, e

segundo o relato, despertou interesse ao acompanhar seu falecido pai nos

procedimentos, e que atualmente, ela é a única na família que perpetua o ato de

benzer. A benzedeira II, mais idosa das entrevistadas, foi quem começou mais tarde,

aprendendo com sua mãe, assim como suas outras três irmãs, que também

benzem, mas não residem no mesmo município. Já a benzedeira III, aprendeu as

práticas com suas tias e outros benzedores, que faziam questão de ensiná-la, como

relatou a seguir:

“Eu comecei recebe o dom das pessoa, porque isso ai vem pelo

dom, não adianta passa um benzimento pra você, que você não vai

te o dom”. (sic) (benzedeira III)

Ela também enfatizou que, não é qualquer pessoa que pode torna-se uma

benzedeira, mas somente aquelas que tem o dom de curar, e quando ela sente que

alguém tem esse dom, incentiva a pessoa a seguir esse caminho. Oliveira e Trovão

(2009) afirmam que o conhecimento das rezas é passado do mais velho para o mais

jovem que possui habilidades para benzer. Outro relato interessante da benzedeira

III, foi quando ela precisou de um benzedeiro:

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“Fui lá ele me disse pra mim, ó, teu sexto sentido trabalha e você

pode tirar a dor de quarquer pessoa. Você tem o dom e você pode.”

(sic) (benzedeira III)

“Todas as pessoas que me passaram os benzimento logo foram”.

(sic) (benzedeira III).

Ela afirmou que essas pessoas sentiam que estava na hora de partir, então

buscavam alguém para passar seus ensinamentos. E aqueles que ofereceram, mas

ela não foi receber, permanecem na terra. Relatou também que alguns tios, tias e

sua mãe realizavam benzimentos, mas atualmente ela é a única na família.

A fonte de conhecimento sobre as rezas e benzimentos é particular de cada

uma, mas todas vieram de seus familiares mais velhos ou do interesse em aprender

ao observar.

Tabela 1 – Dados gerais das benzedeiras entrevistadas no Município de Dois Vizinhos, PR.

Idade Quando

começou Com quem aprendeu

Familiares que benzem

Religião

Benzedeira I 51 anos 12-15 anos Pai Não Católica

Benzedeira II 84 anos 45 anos Mãe Três irmãs Católica

Benzedeira III 64 anos 44 anos Tias Não Católica

Fonte: do autor.

Outro questionamento foi em relação a religião, onde as três entrevistadas

afirmaram ser católicas, no qual a simbologia fazia-se muito presente, com santos,

crucifixos e livros de orações, como citados nas entrevistas. Esse dado coincide com

outras pesquisas realizadas com benzedeiros e benzedeiras, como de Ávila (2012),

Beltrão-Júnior e Neves (2013) e Boing e Stancik (2013).

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4.2 PARTE II – SOBRE A BENZIÇÃO

A segunda parte da entrevista foi voltada para o ato de benzer, enfatizando a

importância do mesmo para a vida das benzedeiras, questionando-as se qualquer

pessoa pode se benzer, se há algum custo, se é cobrado, e quais os benzimentos

mais procurados pela população.

As benzedeiras I e III informaram que a importância da benzição está no ato

de fazer o bem para as pessoas, enquanto que a benzedeira II afirmou que a

importância está no dom recebido de sua mãe. Os relatos a seguir exemplificam:

“De pessoas que não caminhavam mais de doença, de câncer, que

tomaram meus remédio e se curaram. Eu me sinto muito feliz.” (sic)

(benzedeira III).

“A benzição e as ervas são poderosas, são poderosas, eu não sei te

explicar pra você se é minhas oração, porque muitas vezes farta as

erva e eu substituio uma pelas outras.” (sic) (benzedeira III).

“Sei lá, porque eu herdei da minha mãe, e eu, assim, eu lia muito no

tempo que os profetas, jesus mesmo, eles, eles faziam argum

milagre né, mas, através num davam remédio, através duma bençã,

duma benzição né, então, a gente foi então cada vez mais se

aperfeiçoando né”. (sic) (benzedeira II).

Quando foram questionadas sobre o público que atendem, não relataram

nenhuma restrição religiosa, étnica ou ideológica, e benzem quem precisar. A

benzedeira III ainda informou que pode adaptar a benzição de acordo com a religião

da pessoa. Em relação ao custo da benzição, nenhuma cobra em dinheiro

diretamente. A benzedeira I afirmou que:

”porque eu acho que isso é um dom que a gente recebe né, então

não tem como cobrar das pessoa faze o bem pra alguém, não tem

porque tá cobrando”.(sic) (benzedeira I)

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Também relatou não aceitar algo em troca, doações e dinheiro. Já a

benzedeira II também não cobra pelo benzimento, mas pelos chás sim, pois alguns

ela precisa comprar quando não estão disponíveis. Mas se algum paciente se

dispunha a doar algo, ela aceita. Já a benzedeira III relatou:

“Hoje é meu ganha pão eu não cobro nada pra ninguém, nada, não,

e nem pelo remédio, as pessoa eu falo assim, vocês me ajudem

conforme vocês quiserem. E dai um me ajuda menos outro me ajuda

mais e praticamente é meu ganha pão é disso, é meu sustento que

eu ganho hoje é isso.” (sic) (benzedeira III).

“Eu não cobro porque Deus, ele manda na própria oração que eu

rezo, me ajude que eu te ajudarei, e não levo prejuízo em nada. (sic)

(benzedeira III).

“Essas pessoa que fazem as coisa que cobram, que, eles não tão

fazendo o bem pra ninguém, eles tão negociando com Deus, eles

tão negociando com Deus. E eu me sacrifico a corre atrás dos

remédio, a corre atrás das coisas, a faze os remédio”. (sic)

(benzedeira III).

Maciel e Neto (2006) também encontraram ideias semelhantes nas

benzedeiras de Juruena, as quais afirmam não cobrar pelos seus benzimentos, pois

os mesmos podem não gerar o efeito da cura.

As benzedeiras foram questionadas sobre o que sentem quando estão

benzendo. A benzedeira I alegou sentir uma paz e que está ajudando a pessoa que

precisa dela. A benzedeira II falou não sentir nada, e que precisa apenas concentrar-

se como deve fazer também a pessoa que está sendo benzida. A benzedeira III

relatou:

“Sinto, sim, no momento que eu coloco a mão na tua cabeça, que eu

vejo que a pessoa precisa, eu coloca a mão na tua cabeça, o que

você tá sentindo, eu sinto em mim.” (sic) (benzedeira III).

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“Não vejo baraio, não vejo nada, é mentalmente, é mentalmente,

meu poder é mentalmente. As veiz hoje eu não posso te dizer nada,

hoje de noite eu faço a oração, e durante o sono, durante a noite, e

amanhã eu posso te dar uma resposta”. (sic) (benzedeira III)

A última pergunta foi em relação aos benzimentos mais procurados pela

população, entre eles estão: bicha, que trata-se de lombrigas em crianças;

quebranto, um cansaço provocado por má influência de outra pessoa; susto, que é

quando uma pessoa se assusta muito em sua vida, o medo fica preso dentro delas e

perturba-as; cobreiro, que são erupções na pele; erisipela, uma infecção na pele;

amarelão, doença causada por vermes que deixa a pessoa com aspecto amarelado,

e inveja, mais conhecido como mau-olhado. A benzedeira I ainda relatou que benze

o que está a seu alcance, o que sabe e estudou.

Durante a entrevista com a benzedeira III, apareceram duas pessoas

procurando por sua ajuda, uma pelas garrafadas e outra para benzer seus filhos. Ela

também relatou inúmeros casos milagrosos que conseguiu curar com suas orações

e chás e apresentou um livro de orações utilizado para benzer.

Beltrão-Júnior e Neves (2013) afirmam que o benzimento pode ser a única

alternativa para determinadas populações que acreditam nos bons resultados de tal

prática associada ao uso das plantas medicinais, e é em virtude dessas pessoas,

que as benzedeiras ainda perpetuam suas práticas, acreditando em quem as

procuram. As benzedeiras da presente pesquisa assemelham-se às da pesquisa de

Beltrão (1980), como cita:

[...] as benzedeiras são mulheres sábias, conselheiras, humildes e

carismáticas, que carregam consigo um conhecimento de várias gerações, e que sempre é usado a serviço do outro para o bem comum (BELTRÃO, 1980, p. 36).

Carisma, humildade e conhecimento muito bem apresentados durante as

entrevistas com as benzedeiras de Dois Vizinhos-PR, no qual o saber que possuem,

foi adquirido de seus familiares, de geração em geração, usando-o sempre para

fazer o bem à comunidade. Oliveira (1985) informa que as benzedeiras são

cientistas do conhecimento popular e possuem uma maneira muito particular de

curar, combinando a magia de seus rituais religiosos com o poder das plantas

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medicinais. Para muitos, elas são consideradas verdadeiras médicas, como afirma

Maciel e Neto (2006), pois em regiões limitadas e distantes, às vezes essa é a única

forma de tratar enfermidades das populações locais. Uma determinada comunidade

que possui grande conhecimento sobre o uso das plantas medicinais como

remédios, acaba ganhando destaque nas pesquisas etnobotânicas, como afirma

Pasa, Soares e Guarim-Neto (2005), e na presente pesquisa trabalho, as

benzedeiras carregam muita sabedoria acerca da medicina tradicional.

Para Amorozo (1996), o principal método de transmissão de conhecimentos

é via oral, no qual exige um contato prolongado entre membros mais velhos e jovens

da população. Afirmação essa, que se encaixa na perpetuação do conhecimento

medicinal e religioso entre as benzedeiras.

Tabela 2 – Dados gerais sobre os rituais de benzição das benzedeiras entrevistadas do Município de

Dois Vizinhos, PR

Importância Público Tem custo Benzimentos

Benzedeira I Fazer o bem Todos Não Bicha, quebranto, susto e erisipela

Benzedeira II Dom Todos Chás sim Cobreiro e erisipela

Benzedeira III Fazer o bem Todos Não Bicha, amarelão e inveja

Fonte: do autor.

4.3 PARTE III – AS PLANTAS MEDICINAIS E SUA RELAÇÃO COM A BENZIÇÃO

A terceira parte da entrevista estava voltada ao uso das plantas medicinais

pelas benzedeiras, foco principal dessa pesquisa. O primeiro questionamento estava

voltado a importância das plantas medicinais para a benzição. A benzedeira I

afirmou que são utilizadas para curar as doenças por meio dos chás. Também

afirmou que fez dois cursos quando estava na pastoral da criança, há muitos anos

atrás.

A mesma ainda afirmou que não prepara os chás, mas recomenda para

cada tipo de benzição. Também utiliza como apoio o livro “Saúde pelas plantas”, de

Eliza Biazzi, a mesma autora do livro utilizado pela benzedeira II, que, quando

questionada afirmou que as plantas medicinais têm poder, e é só saber utilizá-las

com os devidos limites. Ainda disse:

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“Porque eu passo aqueles que eu conheço, tem otros que agora a

fia pega na internete, aquela mais veia e escreve no zap e manda ali

e manda po meu digo, não, eu quero conhecer antes de comer,

antes de tomar, tem que estuda, eu disse, tenho meu livro ali.” (sic)

(benzedeira II).

Já a benzedeira II pontuou como importância, a utilização das plantas em

chás, e ainda mencionou a arruda, que tem o poder de defender contra o mal. Com

exceção da benzedeira I, as demais fornecem seus chás nas conhecidas garrafadas

ou xaropadas, que consiste numa mistura de diferentes ervas para tratar problemas

específicos. A benzedeira II utiliza como solvente a cachaça, e a III na água. Dentro

do ritual de benzição, a benzedeira II mencionou que a garrafada deve ser enterrada

por 24 horas, depois coloca o líquido em uma panela de ferro e joga um fósforo

dentro para queimar o álcool.

Na tabela 3 estão listadas todas as espécies citadas, de acordo com o nome

popular mencionado por elas. Nessa etapa, as benzedeiras foram questionadas

quanto a parte da planta que é utilizada, qual sua aplicação, ou seja, para que

enfermidade ela é recomendada e como é preparada. Ao todo, 55 plantas foram

citadas e descritas. Dentre as plantas citadas, as únicas que foram em comum entre

as benzedeiras são: cidreira, catinga de mulata, hortelã e poejo.

Tabela 3 – Listagem das plantas medicinais citadas pelas benzedeiras do município de Dois Vizinhos, de acordo com as entrevistas realizada, com a parte utilizada, aplicação, formas de uso e o número de citações entre as três entrevistadas.

Nome popular Parte

utilizada Aplicação

Forma de uso

Citações

Alabuta Raiz Recaída Garrafada 1

Alecrim Ramos Coração e dores Decocção ou cataplasma

2

Ameixa de inverno

Brotos ou folhas

Inflamação da garganta, tosse e gripe

Chá 2

Araticum Folhas Vermes Decocção 1

Arruda Ramos Ritual de benzição e recaída

Garrafada 2

Babosa Ramos Cicatrizante, queimadura, machucadura e cabelos

Cataplasma 2

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Bananeira Talo Cobreiro Cataplasma 1

Bardana Ramos Câncer e reumatismo Chá, cataplasma e pomada

2

Boldo do Chile

Folhas Estômago e fígado Macerado na água

2

Camomila Flores Para dormir Infusão 1

Canela Comercial Inúmeras aplicações Garrafada 1

Capota Fruto Diabetes, pressão alta e infecção na bexiga

Chá 1

Cerejeira Folhas Regula a pressão e colesterol

Garrafadas 1

Cidreira Folhas Febre, sono, calmante, imunidade e controla a pressão

Decocção 3

Cravo Comercial Inúmeras aplicações Garrafada 1

Confrei Folhas Pele Pomada 1

Catinga de mulata

Ramos ou cinco folhas

Infecção, recaída e reumatismo,

Decocção, garrafada, cataplasma e pomada

3

Erva de raposa

Ramos Infecção Infusão 1

Erva doce Comercial Inúmeras aplicações Garrafada 1

Espinheira Santa

Folhas Intestino e estômago Decocção 1

Figatil Folhas Fígado Maceradas na água

1

Funcho Ramos Gripe e mulheres que amamentam

Chá 1

Goiabeira Brotos ou folhas

Dor de barriga e disenteria Decocção 2

Guabiroba Folhas Regular a pressão e diabetes

Decocção 2

Guaco Folhas Tosse e pulmões Chá 2

Guanxuma Ramos Ritual de benzição Ritualística e religiosa

1

Hortelã Folhas Bicha em crianças Infusão 3

Infalivina Ramos Fígado Garrafada 1

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32

Jabuticaba Casca Disenteria Chá 1

Laranjeira Folhas Gripe, sono e calmante Decocção 2

Limoeiro Fruto ou folha

Pressão alta, amarelão e calmante

Suco e garrafada

2

Losna Ramos Estômago, fígado e câncer Decocção e garrafadas

2

Louro Folhas Estômago Garrafadas 2

Manjerona Folhas Cólicas de bebês, calmante e fortificante para os nervos

Infusão e garrafada

2

Maracujá Folhas Para dormir e calmante Decocção 1

Marcela Ramos Indigestão, dor de cabeça, colesterol e pressão

Decocção 1

Mastruz Folhas ou toda a planta

Infecções Decocção 1

Melissa Folhas - - 1

Noz moscada Comercial Inúmeras aplicações Macerada na garrafada

2

Paineira Caule Hérnia, rendido, estômago, íngua e umbigo

Ritualística e religiosa

1

Pata de vaca Folhas Rim e bexiga Decocção 1

Pau amargo Caule Rim Decocção 1

Penicilina Folhas Infecção Garrafada 1

Picão Raiz Anemia e amarelão Decocção (garrafadas)

2

Pissacã Raiz amarelão Garrafadas 1

Pitangueira Folhas Colesterol e regula a pressão

Garrafada 1

Poejo Ramos Cólica intestinal Infusão ou garrafada

3

Quebra pedra Ramos Rim Infusão 1

Sábia Folhas Pulmão Garrafada 1

Sabugueiro Flor Diabetes Chá 1

Salsa Raiz Bexiga e amarelão Decocção e garrafada

2

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33

Sálvia Folhas Tosse Garrafada 1

Santa Maria Folhas - Decocção 1

Tansagem Ramos Infecção Infusão 2

Urtigão Raiz Bexiga Decocção 1

Fonte: do autor.

O gráfico 1 apresenta as partes utilizadas da planta, e observa-se que a

mais frequente são as folhas, com 26 menções, seguida dos ramos com 14. A

benzedeira I afirma que a única planta realmente utilizada nos seus rituais de

benzição é a guanxuma. Um relato muito interessante feito pela benzedeira II, foi em

relação a paineira, que é utilizada no ritual de benzição: retira um pedaço da casca

da paineira, escreve o nome da pessoa, benze e espera cicatrizar. Se a casca

cicatrizar e crescer novamente, é que a pessoa foi curada.

O uso da folha como principal parte utilizada pelas benzedeiras também

aparece em outras pesquisas, como as de Santos e Guarim-Neto (2003); Silva et al.

(2008); Barbosa, Mesquita e Aguiar (2012); Vendruscolo, Rates e Mentz (2005);

Gomes, Portugal e Pinto (2017); Costa e Marinho (2016); Carvalho, Bonini e

Jimenez-Scabbia (2017); Oliveira e Neto (2012).

De acordo com Santos e Guarim-Neto (2003), esse dado pode estar

relacionado com a forma de cuidado das plantas pelas benzedeiras, uma vez que,

ao retirar as folhas a planta não será tão comprometida caso fossem retiradas as

raízes, como houve algumas citações. Assim, segundo Silva et al (2009), a planta

poderá ser utilizada outras vezes. Segundo as observações de Castellucci et al.

(2000), Pereira, Oliveira e Lemos (2004), Silva, Dreveck e Zeni (2009) e Oliveira e

Neto (2012), o uso frequente das folhas deve-se ao fato de as mesmas se

encontrarem disponíveis durante todo o ano e devido a sua fácil coleta.

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Gráfico 1 – Partes das plantas que são utilizadas pelas benzedeiras entrevistadas, de acordo com

suas citações durante as entrevistas.

Fonte: do autor.

O gráfico 2 apresenta as formas de uso de cada planta: decocção, no qual a

planta é fervida em água; infusão, quando a planta é emergida em água quente e

deixada por alguns minutos; chá, quando não houve especificação da forma de

preparo; garrafadas, na qual são misturadas várias ervas em água ou cachaça; suco

de frutas com água; cataplasma, onde a planta é colocada sobre o local desejado na

pessoa; pomada feita com alguma planta; macerada significa triturar a planta em

água; e ritual, quando a mesma não é ingerida ou aplicada na pele, mas sim,

utilizada no processo de benzer.

Os dados da presente pesquisa diferem dos resultados obtidos por Almeida

et al (2009), Leite e Marinho (2012), Amorozo (2002), Fuck et al. (2005), no qual a

principal forma de preparo das plantas medicinais é por meio de chás, utilizando a

infusão. Neste caso, a decocção é mais frequente seguido do uso das misturas de

chás fornecidas em garrafadas. Sobre o uso das plantas, as benzedeiras relatam:

“ferve porque tem chá que, eles são muito duro né, dai tem que

ferver pra solta”. (sic) (benzedeira I)

“A minha mãe já fazia isso, que não pode ferve, perde.” (sic)

(benzedeira II)

0

5

10

15

20

25

30

Núm

ero

de c

itações

Partes das plantas utilizadas pelas benzedeiras

Brotos Casca Caule Comercial Flores Folhas Fruto Raiz Ramos Tudo

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“Só ervas e água. Só naturalmente mesmo. Por que nem, o

amarelão eu uso 13 variedade de remédio pra faze pro amarelão”.

(sic) (benzedeira III).

A benzedeira I relatou sobre a coleta da marcela, que deve ser feita uma vez

ao ano, na sexta-feira santa, da igreja católica, na qual coleta e deixa secar durante

o ano, e utiliza quando necessário. A benzedeira II ainda citou algumas plantas, mas

não descreveu sobre sua aplicação: sábia, alfazema, boldo do chile, louro e outras

duas desconhecidas.

A benzedeira III exemplificou uma garrafada na qual ela usa 13 variedades

de chás, e na falta de uma planta, outra pode ser substituída, pois disse que

algumas são utilizadas para diversas enfermidades. Afirmou que se dedica muito

para conseguir as plantas certas, algumas ela coleta na vizinhança e outras ela

circula na região rural da cidade a procura. Também afirmou que não adianta fazer o

chá se não souber a quantidade certa a ser utilizada.

Gráfico 2 – Formas de uso das plantas medicinais utilizadas pelas benzedeiras do município de Dois

Vizinhos: decocção, infusão, chá, garrafada, suco, cataplasma, pomada, macerado ou ritualística.

Fonte: do autor.

No gráfico 3 estão representadas as aplicações das plantas medicinais

utilizadas pelas benzedeiras, divididas de acordo com os sistemas do corpo humano

0

5

10

15

20

25

mero

de c

itações

Formas de preparo das plantas medicinais

Cataplasma Chá Decocção Garrafada Infusão Macerado Pomada Ritual Suco

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ou enfermidades específicas. De acordo com as citações, foi possível dividir em 11

grupos: sistema urinário, quando as plantas são indicadas para tratamento da bexiga

ou rim; parasitas, em casos de vermes e amarelão; sistema nervoso, voltado para

tratar insônia, recaída e também plantas utilizadas como calmantes; sistema

muscular no caso de dores e reumatismo; sistema linfático para ínguas e inflamação

das amígdalas; sistema imunológico quando as enfermidades estão direcionadas a

infecções, gripes e febre; sistema esquelético para reumatismo; epiderme em casos

de infecções, cobreiro, machucadura e cicatrizantes; sistema digestório para tratar

fígado, intestino, disenteria e cólicas; sistema cardiovascular para problemas

relacionados ao coração, pressão arterial, colesterol e diabetes; e as plantas

voltadas para o tratamento e cura do câncer.

Gráfico 3 – Número de citações do uso das plantas medicinais de acordo com os sistemas e partes

do corpo e outras aplicações específicas.

Fonte: do autor

Observa-se que o sistema mais afetado por enfermidades é o digestório,

com 18 citações de tratamento do mesmo, seguido do nervoso, imunológico e

cardiovascular com o mesmo número de citações. Resultados semelhantes são

indicados no trabalho de Amorozo (2002), no qual o sistema mais tratado também é

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

Câncer

Cardiovascular

Digestório

Epiderme

Esquelético

Imunológico

Linfático

Muscular

Nervoso

Parasitas

Urinário

Diversas formas de uso das plantas medicinais

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o digestório, seguido do respiratório e urinário, e no de Leite e Marinho (2014), na

mesma sequência. Outras pesquisas semelhantes também apontam o sistema

digestivo como o mais frequente para o uso das plantas medicinais, como Galvani e

Barreneche (1994), Somavilla e Canto-Dorow (1996), Garlet e Irgang (2001), Pilla,

Amorozo e Furlan (2006), Giraldi e Hanazaki (2010).

4.4 DO CONHECIMENTO POPULAR AO CIENTÍFICO

Nesta etapa da pesquisa, todo o conhecimento popular resgatado das

benzedeiras I, II e III, foi transformado em científico, identificando o nome da planta

mencionada, sua família e origem: se nativa ou exótica no Brasil. Foi realizada a

coleta de exemplares de plantas disponíveis na residência das benzedeiras para

auxiliar na identificação taxonômica e também para ser depositado no herbário da

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Dois Vizinhos.

A tabela 4 apresenta os nomes científicos de cada planta citada na tabela 3

pelas benzedeiras. De acordo com o nome popular e as características

morfológicas, foram identificadas todas as plantas citadas, e algumas tratavam-se da

mesma espécie, porém com nomes populares distintos.

Infelizmente não foi possível identificar duas plantas citadas pelas

benzedeiras: Alabuta e Pissacã. Como essas não estavam disponíveis nas

residências das benzedeiras, não houve coleta de material e registro fotográfico para

auxiliar na identificação.

Tabela 4 – Listagem das plantas medicinais e seus respectivos nomes científicos, citadas pelas

benzedeiras entrevistadas do município de Dois Vizinhos, PR

Nome popular Nome científico Família Origem

*Alabuta - - -

Alecrim Rosmarinus officinalis L. Lamiaceae Exótica

Ameixa de Inverno

Eriobotrya japonica (Thunb.) Lindl.

Rosaceae Exótica

Araticum Annona sylvatica A. St.-Hill. Annonaceae Nativa

Arruda Ruta graveolens L. Rutaceae Exótica

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Babosa Aloe vera (L.) Burm. F. Xanthorrhoeaceae Exótica

Bananeira Musa paradisiacaLinn. Musaceae Exótica

Bardana Arctium minus (Hill) Bernh. Asteraceae Exótica

Boldo do Chile

Plectranthus ornatos Codd. Lamiaceae Exótica

Camomila Chamomilla recutita (L.)

Rauschert Asteraceae Exótica

Canela Cinnamomum zeylanicumBreyn. Lauraceae Exótica

Capota Campomanesia

guazumifolia (Camb.) Berg.

Myrtaceae Nativa

Cerejeira Eugenia involucrataL. Myrtaceae Nativa

Cidreira Cymbopogom citratus (DC.)

Stapf. Poaceae Exótica

Cravo Sygyzium aromaticum (L.)

Merril. & Perry Myrtaceae Exótica

Confrei Symphytumo fficinale Linn. Boraginaceae Exótica

Erva de mulata

Tanacetum vulgare L. Asteraceae Nativa

Erva de raposa

Leonurus sibiricus L. Lamiaceae Exótica

Erva doce Pimpinella anisum L. Apiaceae Exótica

Espinheira Santa

Maytenus ilicifolia (Schrad.) Planch

Celastraceae Nativa

Figatil Vernonanthura condensata

(Baker) H. Rob Asteraceae Nativa

Funcho Foeniculum vulgare Mill. Apiaceae Exótica

Goiabeira Psidium guajava L. Myrtaceae Nativa

Guabiroba Campomanesia xanthocarpa O.

Berg Myrtaceae Nativa

Guaco Mikania glomerataSpreng. Asteraceae Nativa

Guanxuma Sida rhombifolia L. Malvaceae Nativa

Hortelã Mentha X vilosa Huds. Lamiaceae Exótica

Infalivina Calea pinnatifida (R. Br.) Less. Asteraceae Nativa

Jabuticaba Myrciaria trunciflora O. Berg Myrtaceae Nativa

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Laranjeira Citrus aurantium L. Rutaceae Exótica

Limoeiro Citrus limonia Osbeck Rutaceae Exótica

Losna Artemisia absinthium L. Asteraceae Exótica

Louro Laurus nobilis L. Lauraceae Exótica

Manjerona Origanum majorana L. Lamiaceae Exótica

Maracujá Passiflora sp. Passifloraceae Nativa

Marcela Achyrocline satureioides (Lam.)

DC. Asteraceae Nativa

Mastruz Coronopus didymus (L.) Sm. Brassicaceae Nativa

Melissa Melissa officinalis L.

Lamiaceae Exótica

Noz moscada

Myristica fragrans Houtt. Myristicaceae Exótica

Paineira Ceiba speciose (A. St.-Hill.) Malvaceae Nativa

Pata de vaca

Bauhinia forficata Link

Fabaceae Nativa

Pau amargo Quassia amara L.

Simaroubaceae Nativa

Penicilina Alternanthera brasiliana (L.)

Kuntze Amaranthaceae Nativa

Picão Bidens pilosa L. Asteraceae Nativa

*Pissacã - - -

Pitangueira Eugenia uniflora Linn. Myrtaceae Nativa

Poejo Cunila microcephala Benth. Lamiaceae Nativa

Quebra pedra

Phyllanthus niruri L. Phyllantaceae Nativa

Sabugueiro Sambucus australis Cham. &

Schltdl. Adoxaceae Nativa

Salsa Petroselinum crispum (Mill.)

Fuss

Apiaceae Exótica

Sálvia/Sábia Salvia officinalis L. Lamiaceae Exótica

Santa Maria Chenopodium ambrosioides L. Amaranthaceae Nativa

Tansagem Plantagoto mentosa Lam.

Plantaginaceae Nativa

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40

Urtigão Urera bacifera (L.) Gaudich. Urticaceae Nativa

Fonte: do autor.

* Espécie não identificada pelo nome popular

O gráfico 4 apresenta as principais famílias identificadas e o número de

espécies em cada uma delas. Observa-se que a família Asteraceae é a mais

abundante, com 9 espécies de plantas encontradas, seguido da família Myrtaceae,

com 6 espécies. Esses dados corroboram com outras pesquisas, nas quais as

famílias Asteraceae e Lamiaceae são constantemente mencionadas em pesquisas

Etnobotânicas, especialmente na região Sul do Brasil, como as de Casagrande

(2009); Ávila (2012); Castellucci et al. (2000); Garlet e Irgang (2001); Marodin e

Baptista (2002); Moreira et al. (2002); Ritter et al. (2002); Medeiros, Fonseca e

Andreata (2004); Pereira, Oliveira e Lemos (2004); Fuck et al. (2005), Pilla, Amorozo

e Furlan (2006), Giraldi e Hanazaki (2010) e Brito e Senna-Valle (2011). De acordo

com Oliveira e Menini-Neto (2012), as famílias Asteraceae e Lamiaceae são

frequentes em virtude de sua característica cosmopolita com diversas espécies de

fácil adaptação ao meio. Lobler (2014) também comenta que as famílias

demonstram grande relevância medicinal, por fornecerem matéria prima rica em

metabólitos secundários.

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Gráfico 4 – Listagem das principais famílias de plantas medicinais citadas pelas benzedeiras

entrevistadas do município de Dois Vizinhos, PR.

Fonte: do autor.

Já o gráfico 5 apresenta o percentual de plantas nativas e exóticas, sendo as

nativas mais abundantes, com 27 espécies, e outras 25 exóticas. Chama a atenção

algumas espécies exóticas ocorrentes, mesmo diante de uma abundância de

nativas. Medeiros, Ladio e Albuquerque (2013) sugere que esse fenômeno pode

ocorrer como uma forma completar espaços deixados pelas espécies nativas, assim,

diversificando a seleção natural das plantas. Pode ser que também ocorra uma

dominância da exótica em relação a nativa, ao competir por espaço. Também deve

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

AMARANTHACEAE

APIACEAE

ASTERACEAE

LAMIACEAE

LAURACEAE

MALVACEAE

MYRTACEAE

RUTACEAE

Famílias das plantas medicinais

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42

ser considerada a ocorrência de processos migratórios que influenciam na

vegetação, assim como processos culturais, ecológicos e evolutivos que diferenciam

a relação do homem com a natureza. O mesmo autor ainda relata que, plantas

exóticas podem ser inseridas pela própria comunidade como uma forma adaptativa

para beneficiar suas práticas relacionadas ao uso das plantas medicinais, desta

forma, há uma variedade maior de espécies quando necessitarem tratar

determinadas enfermidades.

Gráfico 5 – Percentual de plantas nativas e exóticas mencionadas nas entrevistas com as

benzedeiras do município de Dois Vizinhos, PR.

Fonte: do autor.

4.5 O GUIA FOTOGRÁFICO DE PLANTAS MEDICINAIS

Como produto final desta pesquisa, foi elaborado um guia fotográfico das

plantas medicinais (apêndice C) disponíveis nas residências das benzedeiras

entrevistadas. Ao todo, foram registradas 39 diferentes plantas, identificadas pelo

nome popular, científico e a respectiva família botânica da mesma. Este guia foi

48%52%

Nativa Exótica

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elaborado com a intenção de resgatar e preservar o conhecimento de benzedeiras

do Município de Dois Vizinhos, Paraná, que fazem parte do Patrimônio Cultural

Imaterial do Brasil e que carregam consigo muita sabedoria. Desta forma, as

fotografias podem auxiliar na identificação a campo das plantas medicinais utilizadas

por elas, além de divulgar o riquíssimo conhecimento das benzedeiras locais.

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44

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Valorizar o conhecimento de determinadas populações enriquece o

patrimônio cultural imaterial do Brasil e perpetua as práticas e costumes da mesma,

evitando que sejam extintas. Assim ocorre com as benzedeiras e sua relação com

as plantas medicinais e as pesquisas em etnobotânica resgatam saberes sobre o

uso das plantas e preservam um conhecimento milenar, que vem sendo perdido ao

longo da história.

As benzedeiras demonstraram muito interesse em compartilhar seus

saberes, pois elas mesmas reconhecem que atualmente a medicina popular não é

tão valorizada, e que as práticas de benzição estão desaparecendo. Cada uma

possui uma fonte particular e distinta sobre o uso das plantas, e que foi passado de

geração em geração quase que sem deixar registros escritos.

Desta forma, a pesquisa apresentou dados satisfatórios, onde foi possível

verificar o conhecimento de três benzedeiras do município de Dois Vizinhos sobre o

uso das plantas medicinais em seus rituais de benzição. Por meio de entrevistas

semiestruturadas, com a coleta de material botânico e registro fotográfico dos

mesmos, as benzedeiras relataram nomes populares bem como as partes que são

utilizadas, de que forma preparam e qual a aplicação de cada planta mencionada.

Através das informações de conhecimento popular disponibilizadas, foram

identificadas 55 espécies de plantas distribuídas em 24 famílias botânicas, destas,

52% são nativas. Observou-se que a parte mais utilizada das plantas são as folhas,

preparadas mais frequentemente para as conhecidas garrafadas, que consiste uma

mistura de ervas em água ou cachaça. Sobre as aplicações, o sistema digestório se

destaca em número de citações de enfermidades, principalmente fígado e intestino.

Além disso, houve o registro fotográfico das plantas disponíveis nas

residências das benzedeiras. Por meio dos escritos com luz, expressam-se

sentimentos, eternos registros de cada uma dessas mulheres. Com as fotografias,

foi possível montar um guia fotográfico para auxiliar na identificação visual das

plantas, com o nome popular mencionado por elas, e a identificação científica de

família e espécie das mesmas.

É fundamental valorizar o conhecimento das benzedeiras, pois a presente

pesquisa mostrou dados muito satisfatórios e ricos com um público ainda pequeno.

As fotografias são fundamentais para ajudar na divulgação das plantas, de forma a

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incentivar o uso das mesmas, e também divulgar a importância dessas mulheres

para a sociedade. Já a coleta do material botânico é necessária para identificar as

espécies botânicas.

Assim, houve uma relação entre os saberes popular e científico, resgatando

e preservando o que vem sendo construído há anos por essa população, sem deixar

que o tempo apague parte da história de vida de cada uma dessas mulheres,

verdadeiras médicas tradicionais, que acabam sendo o único recurso para tratar

doenças em determinadas comunidades, principalmente as isoladas, e que acabam

fazendo isso por amor, dissipando o dom que acreditam ter recebido, sem exigir algo

em troca. Mulheres carregadas de história, de momentos difíceis e de luta, e que

mesmo assim, batalham para fazer o bem ao próximo, deixando um pouco delas em

cada um que cruza sua vida.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A

ENTREVISTA

A benzedeira

Nome:

Idade:

Família:

Sobre a benzição na vida das benzedeiras:

Com que idade a senhora começou a benzer?

Como a prática da benzição entrou em sua vida?

Qual a importância da mesma para a senhora?

Existem outras benzedeiras em sua família?

Qual a religião associada aos seus benzimentos?

Qualquer pessoa pode se benzer?

Quanto custa?

Quais os benzimentos mais procurados?

Quando a senhora benze, sente alguma coisa?

O conhecimento tradicional das plantas medicinais utilizadas pelas

benzedeiras:

Qual a importância das plantas medicinais na benzição?

Quais são as mais utilizadas?

Quais a senhora cultiva em sua residência?

Nomes populares?

Como coletar?

Qual parte é utilizada?

Como armazenar e conservar?

Como utilizá-la?

Qual a aplicação?

Cuidados e orientações?

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APÊNDICE B

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Declaro, por meio deste termo, que concordei em ser entrevistada e a participar na pesquisa de campo referente ao Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado “Guia Fotográfico de Plantas Medicinais: uma sabedoria ancestral” desenvolvido pela acadêmica do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Dois Vizinhos, Lara Susan Marcos, com endereço de e-mail para contato [email protected]. Fui informada, ainda, de que a pesquisa é orientada pela Professora Doutora Mara Luciane Kovalski, a quem poderei contatar a qualquer momento que julgar necessário através do e-mail [email protected], e coorientada pela Professora Doutora Daniela Aparecida Estevan.

Afirmo que aceitei participar por minha própria vontade, sem receber qualquer incentivo financeiro ou ter qualquer ônus e com a finalidade exclusiva de colaborar para o sucesso da pesquisa. Fui informada dos objetivos estritamente acadêmicos do estudo, que, em linhas gerais consiste no levantamento de plantas medicinais utilizadas por benzedeiras do Município de Dois Vizinhos, a fim de preservar o Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil e resgate científico das espécies de plantas.

Minha colaboração se fará de forma anônima, por meio de uma entrevista semiestruturada sobre a utilização das plantas para benzição, na qual a pesquisadora fará anotações em um diário de campo. Ao mesmo tempo, a entrevista será gravada utilizando um celular. Haverá o registro fotográfico das plantas em campo seguido da coleta de exemplares para depositar no herbário da UTFPR-DV. O acesso e a análise dos dados coletados se farão apenas pela pesquisadora e suas orientadoras.

Fui ainda informada de que posso me retirar dessa pesquisa a qualquer momento, sem prejuízo para meu acompanhamento ou sofrer quaisquer sanções ou constrangimentos.

Atesto recebimento de uma cópia assinada deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Dois Vizinhos, ________de __ de 2018.

Assinatura da participante:

Assinatura da pesquisadora:

Assinatura do(a)testemunha(a): _

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APÊNDICE C

GUIA FOTOGRÁFICO DE PLANTAS MEDICINAIS

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Guia Fotográfico de Plantas MedicinaisAs benzedeiras e o conhecimento popular

Lara Susan MarcosMara Luciane Kovalski

Daniela Aparecida Estevan

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ApresentaçãoExistem inúmeras maneiras de expressar o que sentimos. Uma delas, pode ser

por meio de fotografias, escritos com luz, que eternizam momentos e registram

detalhes. Este guia foi elaborado com a intenção de resgatar e preservar o

conhecimento de benzedeiras do Município de Dois Vizinhos, Paraná, que fazem

parte do Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil e que carregam consigo muita

sabedoria. Desta forma, as fotografias podem auxiliar na identificação a campo das

plantas medicinais utilizadas por elas.

O mesmo faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso da acadêmica de

Licenciatura em Ciências Biológicas Lara Susan Marcos, orientada pela Professora

Doutora Mara Luciane Kovalski e coorientada pela Professora Doutora Daniela

Aparecida Estevan, na Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Dois

Vizinhos.

Assim, esperamos que o presente material possa auxiliar a população a

identificar as plantas por meio de imagens, nome popular e científico, além de

divulgar o riquíssimo conhecimento das benzedeiras locais.

“We are making photographs to understand what our lives mean to us” (Ralph Hattersley).

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AlecrimRosmarinus officinalis L.

Família Lamiaceae

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Ameixa de invernoEriobotrya japonica (Thunb.) Lindl.

Família Rosaceae

Guia Fotográfico de Plantas Medicinais

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AraticumAnnona sylvatica A. St.-Hil.

Família Annonaceae

Guia Fotográfico de Plantas Medicinais

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ArrudaRuta graveolens L.

Família Rutaceae

Guia Fotográfico de Plantas Medicinais

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BabosaAloe vera (L.) Burm. f.

Família Xanthorrhoeaceae

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BananeiraMusa paradisiaca Linn.

Família Musaceae

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Boldo do ChilePlectranthus ornatos Codd.

Família Lamiaceae

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CamomilaChamomilla recutita (L.) Rauschert

Família Asteraceae

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CapotaCampomanesia guazumifolia (Camb.) Berg.

Família Myrtaceae

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Cidreira Cymbopogom citratus (DC.) Stapf.

Família Poaceae

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Erva de mulataTanacetum vulgare L.

Família Asteraceae

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Erva de raposaLeonurus sibiricus L.

Família Lamiaceae

Guia Fotográfico de Plantas Medicinais

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Espinheira santaMaytenus ilicifolia (Schrad.) Planch

Família Celastraceae

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FigatilVernonanthura condensata (Baker) H. Rob

Família Asteraceae

Guia Fotográfico de Plantas Medicinais

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GoiabeiraPsidium guajava L.

Família Myrtaceae

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GuacoMikania glomerata Spreng

Família Asteraceae

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GuanxumaSida rhombifolia L.

Família Malvaceae

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HortelãMentha X vilosa Huds.

Família Lamiaceae

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JabuticabeiraMyrciaria trunciflora O. Berg.

Família Myrtaceae

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LaranjeiraCitrus aurantium L.

Família Rutaceae

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LimãoCitrus limonia Osbeck

Família Rutaceae

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LosnaArtemisia absinthium L.

Família Asteraceae

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LouroLaurus nobilis L.

Família Lauraceae

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ManjeronaOriganum majorana L.

Família Lamiaceae

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MaracujáPassiflora sp.

Família Passifloraceae

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MastruzCoronopus didymus (L.) Sm.

Família Brassicaceae

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MelissaMelissa officinalis L.

Família Lamiaceae

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PaineiraCeiba speciosa (A. St.-Hill.)

Família Malvaceae

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Pata de vacaBauhinia forficata Link

Família Fabaceae

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Pau amargoQuassia amara L.

Família Simaroubaceae

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PenicilinaAlternanthera brasiliana (L.) Kuntze

Família Amaranthaceae

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PicãoBidens pilosa L.

Família Asteraceae

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PitangaEugenia uniflora Linn.

Família Myrtaceae

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PoejoCunila microcephala Benth

Família Lamiaceae

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Quebra pedraPhyllanthus niruri L.

Família Phyllantaceae

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SabugueiroSambucus australis Cham. & Schltdl.

Família Adoxaceae

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SalsaPetroselinum crispum (Mill.) Fuss

Família Apiaceae

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TansagemPlantago tomentosa Lam.

Família Plantaginaceae

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UrtigãoUrera bacifera (L.) Gaudich.

Família Urticaceae

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