universidade sÃo judas tadeu usjt programa de pÓs ... · figura 4 - carta solar de manaus fonte -...

117
UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM ARQUITETURA E URBANISMO EDEYN MICHELE TENEDINI PLATAFORMA BIM E A PERSPECTIVA DE UMA ARQUITETURA SUSTENTÁVEL: O CASO DO EDIFÍCIO DO BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO (BID) EM MANAUS SÃO PAULO - SP 2019

Upload: others

Post on 28-Oct-2020

9 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU – USJT

PROGRAMA DE PÓS – GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

MESTRADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

EDEYN MICHELE TENEDINI

PLATAFORMA BIM E A PERSPECTIVA DE UMA ARQUITETURA

SUSTENTÁVEL: O CASO DO EDIFÍCIO DO BANCO

INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO (BID) EM MANAUS

SÃO PAULO - SP

2019

Page 2: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

EDEYN MICHELE TENEDINI

PLATAFORMA BIM E A PERSPECTIVA DE UMA ARQUITETURA

SUSTENTÁVEL:O CASO DO EDIFÍCIO DO BANCO

INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO (BID) EM MANAUS

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade São Judas Tadeu, para a obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Área de concentração: Arquitetura e Cidade.

Linha de Pesquisa: Projeto, produção e representação.

Grupo de pesquisa CNPQ: Arquitetura: abordagens alternativas e transdisciplinares.

Orientador: Prof. Dr. Luís Octavio de Faria e Silva.

SÃO PAULO - SP

2019

Page 3: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

Agradecimentos

Agradeço ao Grupo Alexander Justi por ceder um projeto para servir de exemplo em estudo de caso, pela atenção e todos os materiais disponibilizados; a Quali-a por enviar vídeos e imagens do processo sustentável; a Profª Dra. Regina Ruschel pelas valiosas dicas; a todos os pesquisadores que contribuíram com minha dissertação; e a você, Rê, que me ajudou a tornar mais uma vez um sonho possível.

Page 4: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

RESUMO

Nas últimas décadas a sociedade, o governo e o mercado vêm se

preocupando com o desenvolvimento sustentável do planeta. Nesse contexto, a

construção civil se destaca como um setor de grande importância nos aspectos que

envolvem esse desenvolvimento sustentável, principalmente, por gerar grandes

impactos ambientais negativos. Dessa forma, o projeto de edificações sustentáveis

se tornou relevante para os empreendedores desse setor, sendo um fator

determinante para o mercado. O presente trabalho expõe a importância e a

necessidade de se definir indicadores, padrões e normas como uma forma de

mensurar o desempenho das ações sustentáveis implementadas em um

empreendimento. O instrumento que está sendo utilizado é a Certificação Ambiental

das edificações, que através da definição de critérios, seguindo estratégias e

regulamentos, identificam e apontam objetivamente os resultados obtidos a partir

das ações implantadas, quantificando a eficiência da edificação. Com base nessas

diretrizes definidas pelas certificações e através de simulações com softwares BIM

será demonstrado como é possível auferir o nível de sustentabilidade de uma

edificação. O BIM será apresentado como uma solução capaz de realizar a

avaliação e o monitoramento do desempenho das edificações, sendo uma

importante ferramenta para o gerenciamento das informações no desenvolvimento

de projetos sustentáveis. O estudo será realizado através da análise do projeto do

Edifício do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, desenvolvido pelo

Grupo Justi, que utilizou a plataforma BIM em seu projeto e, seguindo os requisitos,

parâmetros e critérios definidos, alcançou a Etiqueta PBE Edifica de eficiência

energética nível A e a Certificação AQUA. Através desse estudo verificou-se que a

utilização do BIM pode auxiliar significativamente na obtenção de certificações,

otimizando tempo e recursos, apesar de terem sido identificadas dificuldades sobre

a implantação e utilização do BIM pelos escritórios de arquitetura.

Palavras-Chaves: BIM, Sustentabilidade, Simulação Computadores, Etiqueta.

Page 5: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

ABSTRACT

In the last decades the society, government and the market has been worrying

about the sustainable development of the planet. In this context, construction stands

out as a sector of great importance in the aspects that involve this sustainable

development, mainly for generating large negative environmental impacts. In this

way, the project of sustainable buildings became relevant for the entrepreneurs of

this sector, being a determining factor for the market. The present work exposes the

importance and necessity of defining indicators, standards and norms as a way of

measuring the performance of the sustainable actions implemented in an enterprise.

The instrument that is being used is the Environmental Certification of buildings,

which through the definition of criteria, following strategies and regulations, identify

and objectively identify the results obtained from the implemented actions,

quantifying the efficiency of the building. Based on these guidelines defined by the

certifications and through simulations with BIM software will be demonstrated how it

is possible to obtain the level of sustainability of a building. BIM will be presented as

a solution capable of performing the evaluation and monitoring of the performance of

the buildings, being an important tool for information management in the

development of sustainable projects. The study will be carried out by analyzing the

project of the Inter-American Development Bank (BID) Building, developed by the

Justi Group, which used the BIM platform in its project and, following the

requirements, parameters and criteria defined, level A and AQUA Certification.

Through this study it was verified that the use of BIM can significantly help in

obtaining certifications, optimizing time and resources, although difficulties have been

identified regarding the deployment and use of BIM by architecture offices.

KeyWords: BIM, Sustainability, Computer Simulation, Label.

Page 6: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Ciclo de Processo de projeto na plataforma BIM...................................... 45

Figura 2 - Carta bioclimática apresentando ..........................................................

Erro! Indicador não definido.8

Figura3 - Zona bioclimática 8....................................................................................58

Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID............................................

622

Figura 5 – O Retangulo, área destinada a sede do BID, com as cartas solares sem

considerar elemento de sombreamento. Fonte - Relatório BID.................................

633

Figura 6 - Estudo do ângulo de sombreamento solar por meio de cartas solares. O

Retangulo a indicação da área do terreno. Fonte – Relatório BID........................... 633

Figura 7 - Estudo de proteção de fachadas. Fonte - Relatório BID..........................

644

Figura 8 – brises. Fonte - Relatório BID....................................................................

655

Figura 9 - Perspectiva modelo 3D Rhino - DIVA. Fonte - Relatório BID...................

688

Figura 10 - Modelo tridimensional, DesignBuilder. Fonte - Relatório BID.................

699

Figura 11 - Simbologia etiqueta PBE Edifica. Fonte - Relatório BID........................ 71

Figura 12 - Webprescritivo - Labeee UFSC.............................................................. 72

Figura 13 - Estruturas Revit.......................................................................................

Erro! Indicador não definido.

Figura 14 – Modelo Federado ..................................................................................

Erro! Indicador não definido.4

Page 7: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

Figura 15 - Resultado final BID................................................................................114

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

2D - Duas dimensões - bidimensional

3D - Três dimensões – tridimensional

4D – Quatro dimensões

5D – Cinco Dimensões

6D – Seis Dimensões

7D – Sete Dimensões

ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

AEC – Arquitetura, Engenharia e Construção Civil

ASBEA – Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura

BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento

BIM - Building Information Modeling

BN BIM – Biblioteca Nacional - BIM

BPA - Building Performance Analysis

CAD - Computer Aided Design ou Projeto Auxiliado por Computador

CAU/BR – Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil

CBIC – Câmara Brasileira da Indústria da Construção

Page 8: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

CNUMAD - Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o

Desenvolvimento

COTE - Comitê do Meio Ambiente

DNIT - Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

ENCE - Etiqueta Nacional de Conservação de Energia

ENIC – Encontro Nacional da Industria da Construção

HQE - Haute Qualité Environnmentale ou Alta Qualidade Ambiental

HVAC - Heating, ventilation, and air conditioning

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IE – TRIPLE - Institute of Electrical and Electronics Engineers

IFC - Industry Foundation Classes.

INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia

ISO – Organização Nacional de Normatização

LABEEE - Laboratório de Eficiência Energética em Edificações

LaBIM – PR – Laboratório BIM do Paraná

LEED - Leadership in Energy and Environmental Design

LEED-CS - Projetos da envoltória e parte central do edifício;

LEED-NC - Novas construções novas e grandes projetos de renovação;

LEED-CI – Edifícios comerciais e projetos de interiores;

LEED-Schools – Projetos de Escolas

LEED Healthcare – Unidades de Saúde;

LEED EB_OM – Operação e Manutenção de Edifícios Existentes;

LEED for Homes – para Residências;

LEED-Retail NC e CI – para Lojas de Varejo;

Page 9: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

LEED-NB – Para Desenvolvimento de Bairros.

MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exteriror

MOU – Memorandum of Undertanding

NZEB - Nearly Zero Energy Buildings ou Energia Zero Fonte Líquida

OIA - Organismo de Inspeção Acreditado

PBE Edifica – Programa Brasileiro de Etiquetagem nas Edificações

PIB – Produto Interno Bruto

POC – Percentual de Horas em Conforto

PROCEL EDIFICA - Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações

RAC-C – Regulamento de Avaliação da Conformidade do Nível de Eficiência

Energética de Edifícios Comerciais

RAC–R - Regulamento de Avaliação da Conformidade do Nível de Eficiência

Energética de Edificações Residenciais.

RTQ-C – Regulamento Técnico de Qualidade para o Nível de Eficiência Energética

de Edifícios Comerciais de Serviços e Públicos

RTQ-R - Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética

de Edificações Residenciais.

SEIL – Secretária de Estado de Infraestrutura e Logística

USGBC - United States Green Building Council

Page 10: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 9

2. SUSTENTABILIDADE ................................................................................... 12

2.1. HISTÓRICO E CONCEITOS .................................................................. 12

2.2. ARQUITETURA SUSTENTÁVEL ........................................................... 16

2.3. PROJETO DE EDIFÍCIOS SUSTENTÁVEIS .......................................... 19

2.4. ETIQUETAGEM E CERTIFICAÇÃO ...................................................... 22

2.4.1. Etiqueta Nacional de Conservação de Energia – ENCE ................ 23

2.4.2. AQUA – Alta Qualidade Ambiental ................................................ 24

2.4.3. LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) – E.U.A 25

2.5. O USO DO BIM EM PROJETOS SUSTENTÁVEIS ............................... 27

3. A PLATAFORMA BIM - “BUILDING INFORMATION MODELING” ............. 30

3.1 HISTÓRICO E CONCEITOS SOBRE BIM .......................................................... 30

3.2 MODELAGEM PARAMÉTRICA ........................................................... 33

3.3. O PROCESSO COLABORATIVO E A INTEROPERABILIDADE .......... 34

3.4. A COMPATIBILIZAÇÃO E A GESTÃO DA INFORMAÇÃO................... 38

3.5. EVOLUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DA PLATAFORMA BIM ................. 40

3.6. COMO O BIM É CONSTITUÍDO – AS DIMENSÕES DO MODELO ...... 41

3.7. O BIM E O CICLO DE VIDA DAS EDIFICAÇÕES ................................. 43

3.8. EXEMPLOS DE SOFTWARES ............................................................. 45

3.9 OS PROBLEMAS DA IMPLEMENTAÇÃO DO BIM ............................................. 49

3.10 - O CENÁRIO DO BIM NO BRASIL ...................................................... 51

Page 11: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

4. ESTUDO DE CASO - BID .............................................................................. 55

4.1. ESTUDO DE SUSTENTABILIDADE... ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

4.1.1. Caracterização climática de Manaus ............................................ 57

4.1.2. Diretrizes de sustentabilidade ....................................................... 59

4.1.3. – Avaliação bioclimática urbana ................................................... 60

4.1.4. – Estudo para proteções solares .................................................. 61

4.1.5. Avaliação de iluminação natural ................................................... 66

4.1.6. – Avaliação de conforto térmico. ................................................... 68

4.1.7. – Avaliação preliminar em relação ao método. ............................. 69

4.2 INTERCÂMBIO DE INFORMAÇÕES ENTRE AS DISCIPLINAS .............................. 72

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………………74

REFERÊNCIAS…………………………………………………………………... 77

ANEXOS Pranchas BID………………..…….……………………………………84

Page 12: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

9

1. INTRODUÇÃO

O cenário atual da Arquitetura no Brasil demonstra um grande crescimento

desta área e uma valorização enorme no desenvolvimento de projetos para a

construção civil. De acordo com o Anuário de Arquitetura e Urbanismo 2018,

elaborado pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil CAU/BR, no último

ano, foi constatado que a Arquitetura conseguiu retomar o seu crescimento. Foram

realizadas 1,4 milhão de atividades, entre elas, a atividade de Execução de Obras foi

uma das que mais cresceu, sendo registradas 6% mais atividades que o que foi

realizado em 2016.

Outrossim, segundo os dados do IBGE, a construção civil é um dos setores

econômicos mais relevantes do país, contribuindo com até 6,5% de participação no

PIB (IBGE) e 8,5% dos empregos (IBGE). Segundo o mesmo instituto, é responsável

também por grandes impactos ambientais, como a geração de resíduos sólidos,

consumo de recursos naturais e emissão de gases do efeito estufa. Ainda é comum

a adoção de técnicas e processos manuais que geram grande quantidade de

resíduos (160 kg/m², segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),

intenso retrabalho, queda na produtividade e consequente perda de competitividade.

Dessa forma, além de ter que atender a grande demanda gerada pelo

crescimento do setor, a arquitetura e construção civil enfrentam o desafio da busca

de novas práticas visando o desenvolvimento sustentável. Conforme publicado por

Gerson Castanho, em seu artigo Inovação e sustentabilidade na construção civil!

(AECWEB, 2018), o segmento da construção civil é um dos que mais geram impacto

ambiental, com isso a ideia da inovação aliada à sustentabilidade é um processo

urgente e irreversível. Conclui-se que, com a aplicação de práticas inovadoras, a

melhoria do produto, a qualificação profissional, a redução de custos, o aumento de

resultados e a maior satisfação dos clientes são significativos.

Apesar dessa inovação, a adoção de novas práticas e processos

modernos traz uma certa complexidade aos projetos e exige novos procedimentos

que viabilizem uma gestão integrada e um trabalho compartilhado entre os

profissionais envolvidos nestes projetos. Para que se consiga uma diminuição

Page 13: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

10

desses problemas é necessário melhorar a comunicação entre especialistas, assim

como o compartilhamento de informação (SANTOS; FERREIRA, 2008).

Diante da dessa situação atual, surgem, como possíveis soluções, novas

tecnologias capazes de trazer ganhos em todas as etapas do ciclo de vida de um

empreendimento. O presente trabalho tem como hipótese que a utilização da

Plataforma BIM é uma solução que, por meio de inovações, traz vários benefícios

para a coordenação dos processos e para o gerenciamento das informações no

desenvolvimento de projetos sustentáveis.

Nesse sentido, inicialmente foi realizada uma revisão bibliográfica

pesquisando-se sobre o histórico e os conceitos de sustentabilidade e suas

aplicações no desenvolvimento de projetos sustentáveis; assim como temas

relativos aos conceitos, características e funcionalidades da Plataforma BIM e sua

utilização no mercado nacional e internacional. Posteriormente foi realizada uma

pesquisa junto aos profissionais de arquitetura no Brasil com a finalidade de se

identificar um Empreendimento defendido como energeticamente eficiente que

tivesse sido projetado, desenvolvido e executado utilizando-se das propriedades,

princípios e funcionalidades da Plataforma BIM e os conceitos de projetos

sustentáveis. A partir daí, foi selecionado o Edifício do Banco Internacional de

Desenvolvimento – BID, localizado na cidade de Manaus-AM, que atendeu os

requisitos desejados para a realização da pesquisa em tela. Por fim, para se cumprir

o que foi proposto no presente trabalho, será demonstrado que o uso da Plataforma

BIM auxilia os profissionais envolvidos, clientes e investidores na tomada de

decisões desde a criação do projeto até a execução e gestão do edifício com o

cunho da sustentabilidade.

Esta dissertação contém a introdução, que descreve os problemas e questões

a serem tratados no cenário atual da arquitetura - da aplicação de uma tecnologia

como hipótese de solução para esses problemas; os objetivos e a metodologia

empregada na realização dessa pesquisa, e possui mais três capítulos.

O Capítulo 1 apresenta os históricos e conceitos da sustentabilidade, discorre

sobre a Arquitetura Sustentável e seus projetos, a utilização da Plataforma BIM no

desenvolvimento sustentáveis e descreve o sistema de certificação ambiental para

edificações.

Page 14: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

11

O Capítulo 2 trata da pesquisa bibliográfica sobre histórico, conceitos,

fundamentos, constituição e exemplos da Plataforma BIM, enquanto o Capítulo 3

apresenta o estudo de projeto energeticamente eficiente desenvolvido com a

utilização da Plataforma BIM, o Banco Interamericano de Desenvolvimento BID, que

seguiu as diretrizes da Etiqueta PBE Edifica e o selo AQUA.

Por fim são apresentadas as considerações finais sobre a pesquisa realizada,

assim como as principais conclusões alcançadas.

Page 15: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

12

2. SUSTENTABILIDADE

2.1 HISTÓRICO E CONCEITOS

Em sua longa peregrinação pelo planeta, o homem, que apenas compunha o

equilíbrio ecológico e os elementos da natureza, com o seu modo de vida focado

apenas em sua subsistência, não representava perigo algum para o ambiente que

vivia, e a natureza facilmente recompunha as áreas por ele utilizadas. Com o passar

do tempo, porém, ele tornou-se mais organizado, adquirindo uma maior capacidade

de pensar, e alterar o meio no qual vivia. Passou a construir agrupamentos cujas

necessidades deviam ser supridas, e então, surgiram aldeias, vilas, cidades e com

elas a necessidade crescente de consumir e alterar o meio ao seu redor. E assim,

pouco a pouco, o equilíbrio ambiental cedeu seu lugar ao quadro de desarmonia que

encontramos hoje.

Até o início dos anos 1960, a sociedade em geral ainda não se preocupava

diretamente com a sustentabilidade, surgindo apenas ações isoladas que não se

convertiam em respostas efetivas. A partir daquela década começam a surgir, por

parte da população, ações envolvendo questões de sustentabilidade levando a

algumas mudanças favoráveis. Simultaneamente a comunidade internacional

começou a se movimentar e discutir sobre essa realidade de desequilíbrio,

intensificando as discussões sobre a sustentabilidade até a década seguinte,

culminando com a conferência sobre o meio ambiente em Estocolmo no ano de

1972, que tratou do direito das gerações futuras e atual em usufruir criteriosamente

os recursos naturais visando evitar sua extinção, e onde foram discutidas as ações

dos países ricos com relação ao consumo desregulado e dos países pobres com

relação ao seu crescimento populacional, dentro da realidade ambiental.

Sachs (1986) publica, na década de 1980, uma importante obra sobre o tema

considerando a sustentabilidade um conceito dinâmico que apresenta cinco

dimensões:

- Sustentabilidade social — maior equidade na distribuição de renda e bens;

- Sustentabilidade econômica — redução dos abismos norte/sul, por meio de um

fluxo permanente de investimentos públicos e privados;

Page 16: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

13

- Sustentabilidade ecológica — qualidade do meio ambiente e preservação das

fontes de recursos energéticos e naturais;

-Sustentabilidade espacial — melhor distribuição territorial dos assentamentos

humanos;

- Sustentabilidade cultural — evitar conflitos culturais.

Naquele momento, falava-se muito em sustentabilidade, mas as pessoas

relacionavam esta palavra apenas à emissão de gases nocivos à atmosfera,

acreditando que este fosse o único problema para a qualidade de vida da população.

Ocorre que esta percepção é equivocada, apesar de este ser um dos principais

problemas. Na realidade existe uma questão mais abrangente que é o

desenvolvimento sem nenhuma consciência por parte do homem, que não respeita

os limites e está apenas preocupado com suas necessidades, ambições e metas,

criando impactos negativos para o meio ambiente.

Promover o desenvolvimento sustentável passou a ser uma grande

preocupação e importante fonte de discussões em todo o mundo. É importante

destacar que desenvolvimento sustentável não se restringe apenas a uma ação,

como reduzir as emissões de gases. O termo desenvolvimento sustentável abrange

um conceito mais amplo, determinando requisitos de utilização dos recursos

existentes visando atender as necessidades das pessoas. Segundo Brundtland

(1987) este termo surgiu no relatório da Organização das Nações Unidas que definiu

o desenvolvimento sustentável como o desenvolvimento que "satisfaz as

necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras

satisfazerem as suas próprias necessidades".

O Relatório de Brundtland1, enumera uma série de medidas que devem ser

adotadas pelos países visando promover o desenvolvimento sustentável, entre elas

pode-se citar o estabelecimento de limites para o crescimento populacional; a

garantia de recursos básicos (água, alimentos, energia) a longo prazo; a

preservação da biodiversidade e dos ecossistemas; a redução do consumo de

energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas

renováveis; o aumento da produção industrial nos países não-industrializados com

1 Também conhecida como World Commission on Environment Development (WCED) em menção à

Gro Harlen Brundtland, coordenadora dos trabalhos e então primeira ministra da Noruega. Esta comissão elaborou o documento denominado “Our Common Future”, o qual tem servido de guia para a teoria e prática do desenvolvimento sustentável).

Page 17: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

14

base em tecnologias ecologicamente adaptadas; o controle da urbanização

desordenada e integração entre campo e cidades menores; o atendimento das

necessidades básicas (saúde, escola, moradia).

No início dos anos 1990, em 1994, John Elkington criou o termo “triple botton

line”, que seria a definição da sustentabilidade em três esferas, a sustentabilidade

ambiental, econômica e social (LIBRELOTTO, 2005), ou seja, o desenvolvimento

sustentável deve considerar a sustentabilidade ambiental, econômica e sociopolítica.

Ressaltando que a questão ambiental engloba tudo que nos cerca (água, ar, solo,

florestas e oceanos). Portanto, as sustentabilidades econômica e sociopolítica só

fazem sentido se a sustentabilidade ambiental for alcançada.

Nessa mesma década aconteceu a Conferência das Nações Unidas para o

Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), também chamada de Rio-92 ou

Eco-92. Considerada uma das principais e maiores conferências sobre questões

ambientais, pretendia promover o conceito do desenvolvimento sustentável. A Rio

92 contou com a presença maciça de Chefes de Estado, fator que atribuiu muita

importância a essa reunião.

Como resultado da Rio-92, tem-se o documento da Agenda 21, com 2500

recomendações de estratégias de conservação do ambiente e metas de exploração

sustentável dos recursos naturais que não impeçam o desenvolvimento de nenhum

país. Esse documento tem como vertente principal a viabilização da formação de um

plano de ação e um planejamento participativo global, nacional e local, que

possibilite o início de um ciclo de desenvolvimento satisfatório e equilibrado.

Em 1997, na Conferência de Kyoto, foi assinado o Protocolo de Kyoto, um

tratado internacional que tinha como objetivo fazer como que os países

industrializados se comprometessem a reduzir a emissão de gás carbônico em 5%

até 2012. Este protocolo também pretendia reformar os setores de energia e

transportes, promover o uso de fontes energéticas renováveis, entre outras metas.

Apesar dos diversos conceitos, a busca por uma concretização prática do

desenvolvimento tem sido demonstrada por vários documentos, propostas,

declarações e metas elaborados por diferentes países.

Diante desse cenário, em 2005, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento

Social definiu três principais áreas que influenciam diretamente o desenvolvimento

sustentável. Ficou estabelecido que são sobre essas áreas que se deve pautar as

soluções para os principais desafios que vem surgindo atualmente.

Page 18: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

15

O Desenvolvimento Econômico, pode ser considerado a área com maior

número de desafios, uma vez que se refere a incentivar as organizações a se

envolver com as questões sustentáveis, se enquadrar em suas exigências legais e

ainda fazer com que a sociedade em geral faça a sua parte, reduzindo o consumo

desordenado de recursos. O desenvolvimento econômico será plenamente

alcançado quando se puder satisfazer as necessidades e desejos da população sem

reduzir a qualidade de vida ou aumentar os custos.

Outra área considerada como um dos pilares da sustentabilidade é o

Desenvolvimento Social, a qual possui inúmeras questões. É imprescindível que

aconteça a conscientização das pessoas com relação à legislação contra atividades

negativas para o meio ambiente por parte das organizações, com intuito de garantir

a saúde e bem-estar das pessoas. Além disso é importante oferecer acesso a

recursos básicos sem comprometer a qualidade de vida, focando na construção de

casas mais sustentáveis com a utilização de materiais menos nocivos. Outra

questão seria a educação, incentivando as pessoas a se envolverem com a

sustentabilidade ambiental, e orientando sobre os perigos de não agir de forma

sustentável.

A terceira área pilar é a ambiental, e pode ser considerada a principal

preocupação para se alcançar os objetivos de um desenvolvimento sustentável. A

Proteção ambiental deve definir como proteger os ecossistemas e os recursos

disponíveis, assim como estudar os fatores que prejudicam o meio ambiente.

É muito importante reconhecer também que a tecnologia é a responsável

para promover avanços para o futuro e o desenvolvimento dessa tecnologia é

imprescindível para a sustentabilidade. Aliado a isso deve haver uma mudança de

paradigma, tanto social quanto econômico, no sentido de preservar o meio ambiente

contra potenciais danos que poderão ocorrer.

A conservação do meio ambiente deve fazer parte da política de

desenvolvimento do país, mas é importante destacar que ela não pode ser

responsabilidade de apenas um grupo, ou segmento da sociedade. O meio ambiente

deve ser uma preocupação de todos. Toda a sociedade deve estar constantemente

preocupada com os perigos das atitudes mais corriqueiras que são tomadas junto ao

meio ambiente. A implementação de uma mentalidade sustentável consiste em atos

e ações simples, como quando se vai a um supermercado, no uso racional de água

Page 19: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

16

nas residências, a manipulação adequada do lixo e projetos arquitetônicos

eficientes.

Ao se aplicar o conceito de desenvolvimento sustentável à construção,

constata-se que é necessário se utilizar de sistemas ou ferramentas que possibilitam

analisar e avaliar a alteração, aproveitamento e consumo de recursos naturais de

todos os processos de construção que intervêm no ciclo de vida de uma

determinada construção (obras de edificação, obras civis e infraestruturas, …).

Observa-se que, no caso de construção de edifícios, existe uma capacidade

significativa de se alterar o ambiente natural, sendo extremamente importante

realizar o controle de todos os processos de desenvolvimento para que eles causem

o menor impacto ao meio ambiente, buscando uma maior conscientização por parte

da sociedade com relação a utilização dos recursos disponíveis (ZIGURAT, 2015).

Diante do acima exposto, constata-se que o desenvolvimento sustentável

passa por várias questões, sendo que sempre se deve alinhar para a preservação

do meio ambiente. Ocorre que, mesmo com as diversas advertências de grupos

ambientalistas, a população mundial só começou a tomar consciência do real

problema com as graves alterações climáticas que vem ocorrendo no mundo.

Dentro deste contexto, a implantação da sustentabilidade na construção civil

está se tornando uma necessidade imediata e é um passo importante. Na maioria

dos casos, esta implantação é iniciada pelo arquiteto responsável pela criação do

projeto. Em razão da sua formação acadêmica, o arquiteto tem como premissa um

olhar global sobre as diversas atividades que envolvem a construção de uma

edificação (ASBEA, 2012).

2.2 ARQUITETURA SUSTENTÁVEL

É de conhecimento geral que a Construção Civil é uma área de grande

importância na economia brasileira, sendo responsável pela geração de inúmeros

empregos. Em contrapartida, ela é também responsável pelo elevado consumo de

recursos naturais, enorme geração de resíduos e desperdícios diversos, causando

um imensurável impacto ambiental negativo.

Segundo Lamchipadi et al. (2012) a construção civil utiliza até 60% dos

materiais brutos extraídos da terra. Ressaltando ainda que grande parte das

Page 20: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

17

atividades realizadas na construção geram resíduos, em decorrência do seu

tamanho e da ineficiência de alguns de seus processos, sendo que, estes resíduos

equivalem a 40% de todo o resíduo sólido gerado no mundo, de acordo com Wong e

Zhou (2015). Além disso, segundo Graf et al. (2012), os edifícios gastam mais de

50% da energia consumida em países mais desenvolvidos.

Dessa forma, constata-se a necessidade prática de construções mais

preocupadas com o meio ambiente, levando os profissionais da área de Arquitetura,

Engenharia e Construção a considerarem o impacto ambiental das edificações

projetadas.

Por este motivo, a Construção Civil está sempre envolvida nas discussões

sobre desenvolvimento sustentável, principalmente, no que diz respeito a diminuição

desses impactos negativos gerados por esta atividade.

Dentro da indústria da Construção Civil, a Arquitetura é uma disciplina que

está sempre interessada em trazer soluções inteligentes e práticas visando atender

as necessidades dos clientes, investidores, usuários e da sociedade em geral. No

âmbito da engenharia, Arquitetura e Construção a definição de “sustentabilidade”

nem sempre foi prioridade na elaboração dos projetos e construções, porém, devido

a essas questões ambientais, sociais e econômicas, nos dias atuais, este conceito

vem sendo utilizado com grande destaque como referencial de projetos.

O trabalho do arquiteto é fundamental para um projeto sustentável, é baseado

nele que as premissas da sustentabilidade são implementadas. É evidente que a

complexidade das soluções adotadas para os projetos sustentáveis aumentou nos

últimos anos, mas, esses projetos ainda devem seguir as premissas do tripé da

sustentabilidade ambiental, social e econômica (ASBEA, 2012).

A arquitetura que desenvolve empreendimentos dentro do conceito de

sustentabilidade está comprometida, inicialmente, em projetar espaços saudáveis,

confortáveis, economicamente viáveis e sensíveis às necessidades sociais. Ao

aplicar as premissas da sustentabilidade no ato de projetar é necessário que se

extrapole o edifício a ser construído. Neste conceito deve-se realizar estudos sobre

o entorno, o bairro e a cidade.

Segundo o Guia de Sustentabilidade na Arquitetura (ASBEA, 2012) o

desenvolvimento de um projeto dentro do conceito de arquitetura sustentável deve

seguir diretrizes de projeto que englobam aspectos urbanos, paisagem e mobilidade;

acessibilidade e desenho universal; segurança; uso de materiais renováveis; destino

Page 21: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

18

correto dos resíduos; águas e efluentes; energia (eficiência energética); conforto

térmico, visual, acústico e olfativo; salubridade; operação e manutenção e o ciclo de

vida do edifício.

Resta claro que, para se desenvolver projetos inteiramente sustentáveis, que

atendam a todos os requisitos e diretrizes necessários, são exigidas análises e

processos. O Desenho Bidimensional Assistido por Computador (CAD – 2D),

ferramenta tradicional e amplamente utilizada pelos profissionais da área,

geralmente não é capaz de executar nas etapas iniciais do projetos estas análises,

pois demandam uma grande quantidade de informação que não estão disponíveis

nesta tecnologia.

Segundo Azhar et al. (2011, p. 217-224):

“isto traz ineficiência ao processo, pois leva a utilização de métodos de tentativa e erro na projeção do desempenho ambiental e causam retrabalho devido a necessidade de alterações posteriores para se alcançar os requisitos de eficiência.”

A construção de edificações sustentáveis exige a implementação de novas

técnicas e ferramentas para a análise dos edifícios, avaliando a edificação como um

todo e buscando uma visão melhor sobre o seu desempenho geral; a utilização de

novos materiais e soluções técnicas modernas; a integração de novos agentes e de

incorporadores, projetistas e construtoras; o desenvolvimento de competências e

disseminação do conhecimento sobre construção sustentável por profissionais

envolvidos; determinação de novos processos, tais como certificação ambiental e

controle da qualidade (PAULA; UECHI; MELHADO, 2013).

Os agentes envolvidos devem ter competência para tomar decisões corretas

em seus projetos, com a colaboração de todos os interessados. E é dentro deste

cenário que a Modelagem da Informação da Construção (BIM) entra como opção,

uma vez que, segundo Azhar et al. (2011), proporciona que informações de diversas

disciplinas sejam compartilhadas num modelo único, promovendo a incorporação de

ações sustentáveis durante todo o processo de realização do projeto.

Page 22: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

19

2.3. PROJETO DE EDIFÍCIOS SUSTENTÁVEIS

Como já foi descrito no presente documento, a Sustentabilidade tem um

conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos,

sociais, culturais e ambientais da sociedade humana.

O diálogo e a preocupação sobre sustentabilidade e construções verdes

ganharam força no início da década de 90 com a criação do Comitê do Meio

Ambiente (COTE) e a Formação do Conselho de Construção Verde dos EUA

(USGBC), uma organização sem fins lucrativos, formada em 1993, que surgiu com a

intenção de definir e promover práticas de construção sustentável. Surge assim uma

grande melhoria da forma como as construções são pensadas, ao invés de se falar

apenas em verde e utilizar materiais recicláveis, fala-se na sustentabilidade que

abrange todo o ciclo de vida do produto. Considera-se a extração de matéria-prima,

localização, clima, processo de fabricação, durabilidade, reaproveitamento, levando-

se em conta uma maior variedade de impactos do que apenas aqueles que

sobrecarregam o ambiente natural. A melhor definição sobre Designer Sustentável

seria a da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, também

conhecida como a Comissão Brundtland em 1987.

Na prática atual, muitos modelos digitais de construção não contêm

informações suficientes para a construção de análise e avaliação de desempenho.

Como acontece com os modelos e desenhos físicos tradicionais, avaliando o

desempenho do edifício com base na representação gráfica das soluções

convencionais, o qual requer uma grande intervenção humana e interpretação, o que

torna as análises muito dispendiosas e demorada. Por outro lado, o modelo digital

de construção paramétrico Revit representa um edifício como um banco de dados

integrado de informação coordenada. Este modelo também representa graficamente

o design e um protótipo virtual. Assim grande parte dos dados necessários para

apoiar o design sustentável é capturado naturalmente à medida que o projeto se

desenvolve.

É possível utilizar-se diversos termos ou definições para identificar um edifício

sustentável entre os diferentes critérios existentes para essa definição, destaca-se

os

Page 23: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

20

seguintes: edifícios eficientes, eco construções, edifícios verdes, edifícios low

carbon, edifícios ecológicos e edifícios bioclimáticos. O cumprimento dos critérios

que definem cada tipo de edifício não implica que se trata de um edifício sustentável,

mas pode ser interpretado, em maior ou menor grau, como edifícios que contribuem

para o desenvolvimento sustentável (ZIGURAT, 2015).

No processo de desenvolvimento é de fundamental importância que se

consiga minimizar o consumo de recursos, maximizar a reutilização dos recursos,

proteger o ambiente natural, criar um ambiente saudável e não tóxico, utilizar

recursos renováveis e recicláveis, fomentar a qualidade ao criar o ambiente

construído; e para que possamos usufruir de tais benefícios é preciso que a

sociedade no geral se adéque a esse novo cenário, com a utilização da tecnologia

BIM, desde o cliente ao empreiteiro. Cada um deve perceber todos os benefícios

advindo desse processo, e que além de um avanço na sustentabilidade, o BIM traz

consigo benefícios em várias outras áreas. É sabido, contudo, que um dos desafios

que será apresentado durante esse processo será conseguir com que os

profissionais envolvidos tenham facilidade no acesso à tecnologia a ser utilizada,

assim como o devido conhecimento das ferramentas necessárias.

Tendo em vista que os edifícios são projetados para pessoas, e essas

pessoas estão tentando realizar uma tarefa - seja criando uma família, trabalhando

em um escritório ou produzindo um produto, o prédio precisa manter as pessoas

confortáveis, eficientes, saudáveis e seguras à medida que definem suas tarefas.

O design sustentável busca criar edifícios que mantenham as pessoas

confortáveis, minimizando os impactos ambientais negativos. A título de exemplo

cita-se o conforto térmico de um edifício. Manter o conforto térmico de uma pessoa

significa garantir que eles não sintam muito calor ou muito frio. Isso significa manter

a temperatura, umidade, fluxo de ar e fontes radiantes dentro de um alcance

aceitável.

Criar condições confortáveis é um dos maiores usos da energia em edifícios,

e também é crítico para a felicidade e a produtividade de seus usuários. Muitas

vezes, fatores como fluxo de ar e temperatura radiante são ignorados em um

projeto, levando a um maior consumo de energia e a insatisfação de ocupação. Para

manter as pessoas à vontade, termicamente é necessário fornecer um equilíbrio de

temperatura, umidade, temperatura radiante e velocidade do ar.

Page 24: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

21

Algumas maneiras de manter as pessoas confortáveis são usar o calor do sol

para aquecê-los, usar ventiladores de vento ou de teto para mover o ar quando está

muito quente e manter as superfícies envolventes a temperatura correta com um

bom isolamento. Os equipamentos HVAC, como caldeiras, ventiladores e trocadores

de calor podem temperar a temperatura e a umidade do ar, mas as temperaturas da

superfície e o ar em movimento devem ser considerados também. Os edifícios usam

energia, materiais, água e terra para criar o ambiente certo para seus ocupantes.

Todos esses recursos custam dinheiro - e todos têm um impacto ambiental. O uso

de materiais mais sustentáveis, o uso de menos material e o uso de materiais nas

construções corretas podem melhorar os impactos ambientais da construção de

edifícios, vida e fim de vida.

A análise de energia de construção leva em consideração as

interdependências do edifício como um sistema inteiro, por isso é uma maneira

particularmente útil se "manter a pontuação" à medida que se trabalha para reduzir o

uso de energia no edifício. Outros estudos de desempenho, como iluminação natural

e radiação solar, podem ajudar a melhorar os aspectos do projeto. Estes estudos

são mais eficazes quando realizados em conjunto com a análise de energética.

Um objetivo cada vez mais popular para a construção ecológica é alcançar o

fator Nearly Zero Energy Buildings - NZEB 2(Energia Zero Fonte Líquida) – quando o

prédio é eficiente em energia e gera energia suficiente no local para igualar suas

necessidades energéticas. Os edifícios de energia zero são altamente eficientes em

termos de energia que usarão, ao longo de um ano, tecnologias renováveis para

produzir a energia que consomem da rede.

A chave para a concepção de edifícios de energia líquida zero é, em primeiro

lugar, reduzir a demanda de energia tanto quanto possível e depois escolher boas

fontes de energia. Um exemplo seria: Reduzir as cargas de energia, otimizar o

design para estratégias passivas, otimizar o design de sistemas ativos, recuperar

energia, gerar energia no local, comprar compensações de energia.

O processo de construção foi refinado ao longo de milhares de anos. Embora

o processo de cada projeto seja ligeiramente diferente, os projetos geralmente

2 Prédios quase sem energia (NZEBs) têm desempenho energético muito alto. A baixa quantidade de

energia que esses edifícios exigem vem principalmente de fontes renováveis. < https://ec.europa.eu/energy/en/topics/energy-efficiency/buildings/nearly-zero-energy-buildings>

Page 25: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

22

progridem ao longo de fases estabelecidas. É importante conhecer o tipo certo e o

nível de informação necessário em cada fase para adicionar o maior valor. No setor

de construção, o processo de design é descrito pelas fases de pré-design, design

conceitual, desenvolvimento de design e design final. O processo do ciclo de vida do

edifício é descrito pelas fases de projeto, construção e operação de construção. É

importante que se realize uma análise do local que inclua minimamente a

investigação de radiação solar, padrões de vento, presença e condição das

estruturas existentes, inventando a vegetação existente e documentando quaisquer

desafios acústicos que existam.

Ações importantes que devem ser analisadas nestes estudos são: Investigar

quais estratégias de design sustentável seriam aplicáveis tanto à localização

geográfica como à zona climática do projeto. Fazer uso da ferramenta de clima e a

paleta 20303. Estabelecer tabelas de medição que devem ser utilizadas ao longo da

duração do projeto para confirmar que os objetivos de projeto sustentável estão

sendo contabilizados.

As ferramentas de modelação paramétrica tridimensional passaram a

incorporar motores de cálculo que permitem executar simulações energéticas

preliminares, assim a equipe de arquitetura, tem uma intervenção direta e de forma

integrada no workflows das análises energéticas, enquanto o método CAD

geralmente impossibilita análises energéticas nas fases iniciais do projeto, estas,

tipicamente são realizadas depois dos projetos de arquitetura estarem prontos o que

resulta numa ineficácia no processo de alteração com consequências econômicas.

2.4 ETIQUETAGEM E CERTIFICAÇÃO

Os sistemas de certificação ambiental para edificações, utilizados por muitos

países ao redor do mundo com o intuito de simplificar o processo de avaliação de

impactos, avaliam o consumo energético, eficiência hídrica, uso de materiais, entre

outros, “além disso, o uso de ferramentas de simulação computacional de

desempenho ambiental, nas várias fases do projeto, tem tido um papel crucial de

3 A paleta 2030 é uma plataforma on-line gratuita que coloca os princípios e as ações por trás de

ambientes construídos com carbono neutro e resiliente ao alcance de projetistas, planejadores, construtores e formuladores de políticas em todo o mundo. < http://2030palette.org/>

Page 26: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

23

acentuar as vantagens de soluções verdadeiramente integradas entre arquitetura e

engenharia” (GONÇALVES; BODE, 2015, p. 237)

Esses sistemas de certificação têm como finalidade promover as práticas de

construções sustentáveis; estabelecer padrões e criar estratégias para mensurar a

eficiência de uma edificação; atestar a responsabilidade dos empreendedores com

relação à sustentabilidade através de critérios objetivos pré-determinados e

evidenciar o atendimento a requisitos de desempenho estabelecidos em normas e

regulamentos técnicos.

Atualmente o Brasil se destaca na utilização de certificações verdes sendo

que as principais são: Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE), Alta

Qualidade Ambiental (AQUA) e Leadership in Energy and Environmental Design

(LEED)

2.4.1. Etiqueta Nacional de Conservação de Energia – ENCE

No Brasil, a Eletrobras desenvolveu um selo energético para edificações

dentro do programa Procel Edifica – Eficiência Energética em Edificações (PROCEL,

2011). Esse programa é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, em parceria

com o LABEEE (Laboratório de Eficiência Energética em Edificações).

A Instrução Normativa nº 02 de 04 de junho de 2014, publicada no Diário

Oficial da União, torna obrigatória a Etiquetagem para todos os prédios construídos

ou adaptados com recursos públicos federais, com área construída maior que

500m².

Para se obter esse selo, as edificações que pretendem ser enquadradas

como energeticamente eficientes devem atender os requisitos descritos nos

seguintes documentos:

- RTQ-C: Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de eficiência

energética de edifícios comerciais, de serviços e públicos;

- RTQ-R: Regulamento Técnico da Qualidade para o nível de eficiência

energética em edificações residenciais;

- RAC-C: Regulamento de Avaliação da Conformidade do nível de eficiência

energética de edifícios comerciais, de serviços e públicos;

- RAC-R: Regulamento de Avaliação da Conformidade do nível de eficiência

energética de edificações residenciais.

Page 27: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

24

Os tópicos abaixo relacionados também são abordados em Guias Procel

Edifica, fornecidos pela Eletrobrás. Estes guias em conjunto com os regulamentos

supracitados, orientam o desenvolvimento de projetos de edificações de alto

desempenho com enfoque em acústica arquitetônica; clima urbano; desempenho

térmico; equipamentos; ventilação natural; sustentabilidade.

Gonçalves e Bode (2015) afirmam que essas referências servem de base na

utilização das ferramentas de simulação que auxiliam na tomada de decisões

durante a fase de projeto de edificações mais sustentáveis.

Os regulamentos acima relacionados determinam que a classificação de

edifícios se dá através da análise da eficiência de três sistemas: envoltória,

iluminação e condicionamento de ar. As exigências são avaliadas por um laboratório

de inspeção designado ou pelo Inmetro. A Certificação das edificações acontece

tanto na fase de projeto, quanto após a construção do edifício – avaliação in loco.

Para se obter a certificação é necessário contratar um Organismo de Inspeção

Acreditado pelo Inmetro (OIA). O valor cobrado por esses organismos para realizar

esse trabalho varia de acordo com a área construída.

O PBE Edifica pretende informar o nível de eficiência energética das

edificações; reduzir o consumo de energia; aprimorar o conforto térmico; incentivar

inovações tecnológicas eficientes; garantir edificação energeticamente mais

eficiente.

2.4.2. AQUA – Alta Qualidade Ambiental

O processo AQUA, criado em abril de 2008, é uma certificação internacional

da construção sustentável desenvolvida a partir da certificação francesa Démarche

HQE (Haute Qualité Environnmentale ou Alta Qualidade Ambiental) e aplicada no

Brasil exclusivamente pela Fundação Vanzolini.

Para obtenção do certificado é necessário o controle total do projeto,

atendendo 14 critérios para edifícios. São eles:

Eco construção:

- Relação com o entorno;

- Escolha integrada de produtos, processos e sistemas construtivos;

- Canteiro de obras com baixo impacto ambiental

Page 28: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

25

Eco gestão:

- Da energia;

- Da água;

- De resíduos de uso e de operação;

- Manutenção com permanência do desempenho ambiental

Conforto:

- Térmico;

- Acústico;

- Visual;

- Olfativo

Saúde:

- Qualidade sanitária dos ambientes;

- Qualidade sanitária do ar;

- Qualidade sanitária da água

2.4.3. LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) – E.U.A

O United States Green Building Council (USGBC) foi criado com o intuito de

promover e fomentar práticas de construção sustentável. Uma vez que era preciso

viabilizar a ideia para a indústria, de maneira que tais práticas se tornassem

palpáveis e, acima de tudo mensuráveis, foi necessária a criação de um sistema.

Assim foi introduzida a classificação LEED (Leadership in Energy and Environmental

Design ou Liderança em Energia e Design Ambiental), como forma de estabelecer

estratégias e padrões para criar edifícios sustentáveis. Busca-se definir “edifícios

verdes” através do estabelecimento de um padrão comum, promover práticas de

projeto e de construção integrativas, estimular a concorrência verde, sensibilizar

consumidores para os benefícios de uma construção sustentável, reconhecer a

liderança ambiental na indústria da construção, propagar a visão sobre o

desempenho de um edifício ao longo do ciclo de vida, transformar o mercado da

construção.

O LEED foi desenvolvido nos Estados Unidos pela USGBC em 1993. É uma

organização não governamental com reconhecimento internacional com foco na

Page 29: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

26

sustentabilidade de edifícios, empreendimentos imobiliários e planejamento urbano.

Sua primeira versão é de janeiro de 1999, desde então o LEED, vem atualizando-se,

sendo que a última versão foi implantada em junho de 2013 (GBCBRASIL, 2010).

O LEED orienta e testa o comprometimento de uma edificação com os

princípios da sustentabilidade para construção civil antes, durante e depois de suas

obras.

No Brasil, a organização que coordena e valida o LEED, é o GBC Brasil,

criada em 2007, com sede na cidade de São Paulo. Para certificar o selo LEED a

documentação é encaminhada ao GBC Brasil, na plataforma LEED Online, referente

ao seu tipo de empreendimento, de acordo com as categorias:

LEED-CS - Projetos da envoltória e parte central do edifício;

LEED-NC - Novas construções, novos e grandes projetos de

renovação;

LEED-CI – Edifícios comerciais e projetos de interiores;

LEED-Schools – projetos de escolas;

LEED Healthcare – unidades de saúde;

LEED EB_OM – operação e manutenção de edifícios existentes;

LEED for Homes – para residências;

LEED-Retail NC e CI – para lojas de varejo;

LEED-NB – Para desenvolvimento de bairros.

A edificação encaminhada para certificação passa pelo processo de

avaliação. O método de avaliação se dá pela somatória de pontos atribuídos em

atendimentos dos requisitos. Os requisitos, num total de sete são os seguintes:

Espaço Sustentável;

Uso Racional da Água;

Energia e Atmosfera;

Materiais e Recursos;

Qualidade Ambiental Interna;

Inovação e Processo do Projeto;

Crédito Regionais.

O empreendimento para ser avaliado tem que atender a pré-requisitos

obrigatórios. Sem a obtenção de oito pré-requisitos os empreendimentos não podem

Page 30: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

27

dar prosseguimento na certificação. Os pontos são distribuídos de forma desigual

entre as categorias.

A pontuação máxima é de 110 pontos, sendo que, para receber a certificação

LEED, além dos pré-requisitos obrigatórios, é necessário obter pontuação superior a

40 pontos. A pontuação é que define os quatro tipos de níveis de selo a ser

conquistado:

Selo LEED – superior a 40 pontos

Selo LEED Silver – superior a 50 pontos

Selo LEED Gold – superior a 60 pontos

Selo LEED Platinum – superior a 80 pontos.

2.5 O USO DO BIM EM PROJETOS SUSTENTÁVEIS

A otimização do tempo nos trabalhos coorporativos executados por pessoas

de múltiplas disciplinas, de vários lugares do mundo, utilizando tecnologias

avançadas, visando a plena satisfação e conforto dos usuários, com custos baixos e

sem impactos ambientais, tem sido a grande busca do mercado mundial e todo meio

científico. Dentro deste contexto mundial é de grande relevância a realização de

estudos elaborados com a utilização de uma tecnologia moderna, no presente caso

a plataforma BIM, para se alcançar a interoperabilidade na realização de um projeto

inteiramente sustentável e eficiente, de forma ágil.

Desenvolver projetos sustentáveis exige a integração entre os profissionais

envolvidos. A tecnologia BIM permite que todos os agentes possam trabalhar em um

único modelo virtual. A implantação desta tecnologia promove a gestão integrada, o

controle e verificação das diretrizes e dos requisitos de sustentabilidade.

Utilizar a tecnologia BIM como facilitador no processo de produção de

edificações mais sustentáveis, principalmente nas etapas iniciais de projeto, traz

como uma das principais vantagens a obtenção de análises precisas em

conformidade com as características de cada objeto, o que auxilia na tomada

decisões complexas em qualquer das disciplinas envolvidas.

No núcleo do BIM a informação é armazenada no modelo. Todos esses

dados são armazenados e referenciados em um banco de dados que é parte

Page 31: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

28

integrante do modelo. O BIM usa um modelo central que pode ser estendido para

múltiplos propósitos, incluindo análise de desempenho. As informações neste

modelo podem ser: a geometria do projeto (formas, layout), as propriedades físicas

dos materiais (construções de paredes, propriedades térmicas, propriedades

visuais), o tipo de espaços no prédio. Outras entradas que podem ser parte do

modelo incluem a localização dos arquivos de construção e clima, que contêm

informações detalhadas sobre características ambientais como a temperatura, o

caminho do sol e padrões de vento. Usando essa informação, os mecanismos de

análise podem executar simulações em coisas como dimensionamento de HVAC,

uso de energia, uso de água, sombreamento e níveis de iluminação. Pode-se então

tomar melhores decisões, analisando e documentando o desempenho esperado do

projeto em elaboração.

A utilização de modelos matemáticos de fenômenos do mundo real, como o

BPA (Building Performance Analysis) e o BIM podem auxiliar na previsão do

desempenho e do custo de um projeto de construção durante o processo de design.

Uma das promessas emocionantes do BIM é que ele fornece aos usuários a

capacidade de analisar o desempenho do edifício no início do projeto, quando as

mudanças no design podem ser mais fáceis, menos dispendiosas e mais

impactantes. Com o BIM, é possível construir um modelo e visualizar esse modelo

de várias maneiras diferentes (planos de piso, elevações, horários), porque as

partes do modelo sabem onde estão localizadas em relação uma à outra e como

elas se parecem na seção. Uma mudança na definição de um objeto irá propagar

essa alteração em todas as visualizações desse objeto no modelo.

O uso de BIM no desenvolvimento de projetos sustentáveis promove a

otimização do uso de energia, água, solo e materiais; e o monitoramento,

acompanhamento e melhoramento do desempenho através de modelos inteligentes

tridimensionais. Outra vantagem é a antecipação de problemas, ineficiências e erros

muitas vezes percebidos apenas no canteiro de obras, que pode gerar a redução

nos custos da construção e no gasto de materiais, havendo ganho na qualidade das

obras e economia de recursos, favorecendo a sustentabilidade das edificações

(CARVALHO; SCHEER, 2015; LIU; MENG; TAM, 2015).

Justi (2008) também destaca como vantagens a maior rapidez na entrega do

projeto, custos menores, aumento na produtividade por causa da utilização de um

Page 32: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

29

único modelo, maior qualidade e, por tudo isso, mais oportunidades de negócios,

assim como menor retrabalho.

Segundo Dowsett e Harty (2013), Azhar, Farooqui e Brown (2009) e Marinho

(2014), a tecnologia BIM oferece as informações necessárias ao projeto sustentável

disponíveis de forma rotineira, como um subproduto do processo existente.

Todos os modelos gerados no BIM são aproximações da realidade.

Compreender como fazer o modelo de construção e aproximar este modelo da

realidade física pode contribuir para a criação de uma edificação com maior

desempenho.

A utilização da Tecnologia BIM no desenvolvimento de projetos sustentáveis

deve ser encarada como uma possibilidade de integrar os diversos profissionais da

AEC, com o intuito de facilitar o compartilhamento de informações entre eles através

de técnicas e ferramentas específicas para este fim, promovendo, desta forma, uma

descentralização na tomada de decisões, uma vez que cada um dos agentes

envolvidos pode atuar na sua área.

As ferramentas de análise e simulações de desempenho, presentes nos

softwares que trabalham com a tecnologia BIM podem trazer uma melhora

significativa na concepção da instalação e no consumo de energia durante o ciclo de

vida da edificação.

O importante é que essa tecnologia se torne uma ferramenta de utilização

rotineira dos profissionais da AEC visando disseminar, entre todos os envolvidos,

inclusive para o pequeno construtor, seus conceitos e funcionalidades, tornando-a

mais democrática. O BIM poderá ser aplicado a todo tipo de edificação, mesmo que

algumas delas não sejam avaliadas e certificadas, a facilitação da realização de

projetos e obras mais sustentáveis já contribuirá com a diminuição dos impactos

ambientais gerados pela construção dos empreendimentos.

Page 33: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

30

3. A PLATAFORMA BIM - “BUILDING INFORMATION MODELING”

3.1 HISTÓRICO E CONCEITOS SOBRE BIM

Há alguns anos os projetos, mesmo os mais complexos, eram executados

baseando-se em técnicas que proporcionavam a correta realização dos trabalhos,

porém eram pouco aprimoradas. Projetava-se sem um planejamento específico,

utilizando-se do conhecimento prático dos agentes da construção civil. Os desenhos,

feitos nas pranchetas, em escalas reduzidas, demandavam muito tempo, exigiam

dos profissionais grande habilidade e experiência, e eram os instrumentos utilizados

como representação do conceito que deveria ser executado, o que gerava maiores

dificuldades para a comunicação entre os envolvidos e menor agilidade na detecção

de problemas na execução.

Com o passar do tempo, começou-se a utilizar computadores para este

processo e então as pranchetas foram trocadas pelos softwares CAD (desenho

assistido por computador) que ofereceram avanços e vantagens para os projetos

das edificações, porém ainda havia grande probabilidade de se incorrer em erros na

execução dos projetos, causados principalmente, pela dificuldade na troca de

informações entre os entes envolvidos no desenvolvimento do empreendimento.

Os conceitos da plataforma BIM - “Building Information Modeling”, assim

como suas funcionalidades e significados são vistos atualmente, principalmente no

Brasil, como uma novidade para a área de Arquitetura, Engenharia e

Construção Civil (AEC), porém sua origem foi detectada no começo da década

de 1970 (EASTMAN et al., 2008) .

O primeiro registro dos conceitos utilizados na tecnologia conhecida

atualmente como BIM foi o modelo “Building Description System”, publicado nos

anos de 1970 por Charles Eastman, e que já apresentava a possibilidade

de atualização dos desenhos após alterações no objeto modelado, a criação

de vistas com definições variadas e o acesso a quantitativos precisos de um

modelo tridimensional único com base em informações constantes em um banco de

dados.

Nessa mesma década, em países tecnologicamente mais desenvolvidos no

setor da construção civil, surge a necessidade de se melhorar a tomada de

Page 34: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

31

decisões, na medida em que aumenta o volume das informações disponíveis e a

exigência do mercado com relação a novas disciplinas como, por

exemplo, segurança e sustentabilidade, entre outros (CAMPESTRINI, 2015).

Em meados dos anos 1980 esses conceitos passam a ser empregados em

conformidade com o que é utilizado atualmente e eram conhecidos, nos Estados

Unidos, como “Building Products Models”.

Ao se iniciar a década de 1990, passou-se a utilizar softwares que

disponibilizavam a elaboração de projetos em três dimensões, mas somente com o

emprego de objetos vetoriais, sem a utilização de informações relacionadas ao

projeto. Nessa época, os softwares de modelagem passaram a oferecer novas

funcionalidades, tais como, a possibilidade de se ter uma maior quantidade de

informações geradas no processo da modelagem. O desenvolvimento

de tecnologias que oferecem a integração de todas essas informações passou a

ser indispensável ao se projetar uma edificação única, para que todos

os setores envolvidos possam trabalhar de forma articulada durante o processo

(EASTMAN; TEICHOLZ; SACKS, 2011) .

Segundo Eastman (2011) o BIM seria “um modelo digital que representa um

produto, que, por sua vez, seria o resultado do fluxo de informações do

desenvolvimento do seu projeto”, ou seja, as informações ou parâmetros criados no

desenvolvimento do projeto deveriam representar o produto e como ele seria

executado na realidade (CBIC, 2017).

Com a chegada dos anos 2000, essas características, abordagens e

conceitos de modelagem passaram a ser conhecidas como BIM, e a terminologia

“Building Information Modeling”, passou a ser adotada entre os profissionais da já

mencionada área AEC.

Jernigan (2008) afirma que a sigla BIM foi popularizada a partir de 2002, e

envolve os conceitos de planejamento, projeto, construção, e gestão do mundo

construído, utilizando software em sistemas de hardware compatíveis.

Essa terminologia conhecida nos dias atuais deriva das características e dos

próprios conceitos que englobam todo o processo de desenvolvimento utilizado

nessa plataforma. Ao retirar o termo Models e utilizar o termo Modeling pretendeu-se

demonstrar a integração dinâmica entre todas as fases do desenvolvimento

do projeto, a ação de projetar, construir e gerenciar todo o processo, englobando as

etapas do ciclo das edificações (EASTMAN; TEICHOLZ; SACKS, 2011).

Page 35: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

32

Esta metodologia fomenta uma interoperabilidade entre as variadas

disciplinas participantes no processo e suas diferentes ferramentas, alcançando-se,

com ela, uma integração de todos os produtos gerados no projeto, nas várias etapas

do seu desenvolvimento, e promovendo a qualidade do produto final.

O termo Information, por sua vez, demonstra a característica mais expressiva

da tecnologia em estudo, que é a ligação existente entre o modelo e as informações,

que mostram efetivamente as várias propriedades dimensionais e materiais que

compõem o objeto modelado. Utilizando-se da parametrização dos objetos, atualiza-

se automaticamente os modelos e o banco de dados do projeto através da variação

dos parâmetros e regras definidas e alteradas pelo usuário. “Esta característica pode

ser considerada o divisor de águas entre os softwares de desenvolvimento

de projetos CAD e os da plataforma BIM”. (EASTMAN; TEICHOLZ; SACKS, 2011).

Com base nos fundamentos acima descritos, é possível definir o BIM como

uma metodologia que gerencia todo o ciclo de vida de um empreendimento a partir

da combinação de um conjunto de políticas, processos e tecnologias, utilizando-se

de plataformas digitais. O BIM possibilita a modelagem, o armazenamento e o

compartilhamento de informações a respeito de uma edificação, através da

utilização de novos softwares ou ferramentas dotadas de funcionalidades

específicas que oferecem maior eficácia e eficiência do desenvolvimento do projeto.

Resta claro que o BIM é uma tecnologia que vai além de simples modelagem,

representando um novo paradigma para o enriquecimento do desenvolvimento de

um projeto, agregando novas funcionalidades que auxiliam a completa integração de

todas as etapas do processo, promovendo o sincronismo entre os agentes e

disciplinas envolvidos, gerando um produto final com maior eficiência e qualidade.

Esta plataforma não é um produto, ela pode ser definida como um processo de

desenvolvimento de projetos que prevê a elaboração de um modelo virtual, fiel à

edificação, ou seja, um protótipo virtual, que contenha a totalidade das

informações sobre esse produto, desde características dos materiais empregados,

técnicas construtivas, características termoacústicas, manutenção, entre outras

informações relevantes. Enfim, é uma tecnologia baseada em softwares de banco de

dados que permitem processar uma grande quantidade e variedade de informações

para auxiliar na comunicação e na tomada de decisões dos especialistas que

trabalham no projeto, além de permitir uma apresentação de resultados mais

eficiente através de uma visualização amigável, em 3D.

Page 36: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

33

A partir das definições e características elencadas nos parágrafos acima

pode-se ressaltar a existência de três pilares na conceituação da Plataforma BIM:

Modelagem paramétrica, Interoperabilidade e Gestão da Informação.

3.2. MODELAGEM ORIENTADA A OBJETOS

A modelagem orientada a objetos utiliza o desenvolvimento de um modelo

onde cada objeto é definido individualmente pelos seus detalhes e, esses objetos

são organizados e classificados de acordo com a similaridade ao comportamento e

característica sendo definidos atributos fixos e variáveis aos objetos. Os atributos

são informações relativas às diversas características destes objetos. Os atributos

fixos são definidos a partir de propriedades como forma, custo, utilidade, entre

outras; os atributos variáveis são estabelecidos a partir de parâmetros e regras de

forma que os objetos possam ser automaticamente ajustados de acordo coma as

alterações do projeto efetuadas pelo usuário (EASTMAN et al., 2011). O grau de

precisão da modelagem paramétrica será determinado pela variedade e a

qualidade das regras e parâmetros estabelecidos (RUSCHEL et al., 2010).

“Em um desenho 3D de CAD tradicional cada aspecto do elemento deve ser editado manualmente e, no projeto criado num modelador paramétrico, a geometria se ajusta automaticamente dependendo do contexto e com alto grau de controle do usuário”. (EASTMAN; SACKS, 2011).

A diminuição dos erros de desenho e a facilidade nas modificações de projeto

são apontadas como maiores benefícios da utilização do BIM. A título de exemplo, é

possível citar os desenhos gerados instantaneamente a partir da geometria

modelada, tais como as plantas, cortes e elevações, e que podem ser modificados a

partir da alteração das regras paramétricas.

Ocorre que, Jernigan (2008) afirma que o BIM não é perfeito, uma vez que

essa inserção de informações pelo usuário pode acarretar a ocorrência de erros, e

quanto maior a necessidade dessa interferência humana, maior a possibilidade de

inconsistências. O mesmo autor relata a importância de minimizar a entrada dos

Page 37: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

34

dados para que se consiga capturar o conhecimento com rapidez e reduzir os erros

na inserção das informações.

A modelagem orientada a objetos permite também que cada objeto, insumo e

material sejam dimensionados e quantificados de forma automática pelo próprio

software. Essa característica, além de tornar o trabalho dos orçamentistas mais ágil,

possibilitará a obtenção de estimativas de custo mais próximas à realidade e com

menor margem de erros, reduzindo prejuízos e aumentando o lucro do projeto.

Ruschel et al. (2010) afirma que, na modelagem orientada a objetos, os

profissionais envolvidos inserem suas informações através de objetos além de

inserir regras para a ordenação das informações. As regras definem o

comportamento dos objetos, possibilitando que, ao se modificar alguma informação,

o usuário, tenha consciência do problema e que, a partir disso, conjuntos lógicos

sejam gerados. Estes conjuntos lógicos representam as prováveis soluções dos

problemas do projeto.

Segundo Eastman et al. (2011) para um objeto ser paramétrico ele deve

satisfazer algumas condições tais como ser constituído por dados e regras

associados; não deve possuir inconsistências; seus parâmetros e seus componentes

devem ser definidos em diferentes níveis; não pode ser definido ou alterado fora das

especificações e requisitos de tamanho, fabricação ou qualquer outra regra proposta

e deve ter a capacidade de conectar, receber e exportar um conjunto de atributos,

tais como componentes estruturais, dados sobre acústica e energia, para outras

aplicações e modelos.

3.3 O PROCESSO COLABORATIVO E A INTEROPERABILIDADE

O desenvolvimento do projeto de um empreendimento é uma atividade

extremamente complexa não só pelas suas peculiaridades e dimensão, mas

também pela diversidade de disciplinas e áreas direta e indiretamente envolvidas na

execução do projeto. Este processo refere-se a um único modelo, que é o produto a

ser desenvolvido, sendo trabalhado por vários profissionais ao mesmo tempo,

executando atividade complementares, gerando partes que comporão o

empreendimento. Diante dessa realidade constata-se a necessidade

de integração entre esses profissionais participantes do processo.

Page 38: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

35

A comunicação e a colaboração entre as diversas áreas envolvidas no

planejamento, projeto e execução do empreendimento devem ser valorizadas e

incentivadas para que o produto final apresente os resultados esperados, dentro dos

prazos definidos e com custos baixos.

A Plataforma BIM possibilita o desenvolvimento de um processo colaborativo,

integrado e com compartilhamento do conhecimento. É muito importante analisar e

definir a participação de cada profissional no processo de desenvolvimento, uma vez

que o empreendimento deve ser executado com uma atuação multidisciplinar, onde

os envolvidos tenham uma visão geral do modelo.

De acordo com Andrade & Ruschel (2009), a plataforma BIM, enquanto

processo de trabalho, envolve, sobretudo, a comunicação e a colaboração entre

diferentes profissionais e empresas ligadas à área de Arquitetura, Engenharia e

Construção (AEC); e um dos desafios mais relevantes no desenvolvimento de

sistemas que utilizam a plataforma BIM é o pouco entendimento destes profissionais

da AEC dessa tecnologia.

A partir do momento em que os participantes conseguem compartilhar

informações de forma eficaz, é possível desenvolver o projeto em uma única

plataforma, o que acarretará a diminuição das omissões e de erros decorrentes da

interpretação incorreta da informação, otimizando a construção do modelo à medida

que se alimenta o banco de dados.

“As ferramentas da plataforma BIM possibilitam a utilização de toda a informação em um modelo único e, atualmente, já surgem funcionalidades que promovem a unificação de vários projetos, e a verificação da compatibilidade de modelos, apontando inconsistências no projeto global”. (RUSCHEL et al., 2009)

Várias atividades são trabalhadas simultaneamente no planejamento e

diversas tarefes são executadas paralelamente na elaboração do projeto. Em

decorrência desse volume de trabalho é gerada uma enorme quantidade de

informações, sendo de extrema importância que estas informações sejam

acessíveis e de fácil compreensão para toda a equipe participante do

desenvolvimento, para isto é necessária uma tecnologia que ofereça a confiabilidade

e rapidez requerida, trabalhando estas informações com segurança.

Uma demanda muito relevante para o gerenciamento de projeto colaborativo

é a melhoria nessa comunicação entre as áreas envolvidas no processo, o que

Page 39: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

36

permite o compartilhamento da informação de forma organizada. A plataforma BIM

oferece soluções que possibilitam a disponibilização dessas informações aos

profissionais do projeto do empreendimento de forma adequada e confiável. Para

Wong & Fan (2013), é importante destacar o que se entende por uma forma

adequada de compartilhar as informações do projeto, cada equipe ou área terá

acesso às informações necessárias ao desenvolvimento do seu trabalho,

diminuindo a perda de dados e impossibilitando acessos a elementos não relevantes

àquela área e tornando todo esse conjunto de informações altamente confiáveis.

Por tudo o que foi exposto, constata-se que o processo colaborativo,

característica que pode facilmente ser implementada em uma ferramenta que utiliza

a plataforma BIM, se mostra essencial nos projetos desenvolvidos atualmente, ainda

mais porque algumas equipes que participam das atividades da construção de

um empreendimento nem sempre estão próximas umas das outras.

Para que a plataforma BIM atenda esta demanda descrita no presente item e

promova o trabalho em colaboração com a perfeição desejada é necessário que

haja a Interoperabilidade.

Segundo o Institute of Electrical and Electronics Engineers (I-E triplo)

interoperabilidade é definida como "a capacidade de dois ou mais sistemas ou

componentes trocarem informações e usarem as informações que foram trocadas.”,

ou seja, para que a informação seja compartilhada corretamente entre os

participantes é imprescindível a atuação da interoperabilidade dos sistemas

utilizados. De acordo com Eastman et al. (2011), a interoperabilidade pode ser

entendida como uma funcionalidade de identificar os dados necessários para serem

passados entre os aplicativos.

Andrade e Ruschel (2009) afirmam que é com a interoperabilidade que os

profissionais de todas as disciplinas envolvidas no processo conseguem acessar e

atualizar os dados do modelo único conforme o seu projeto específico, contribuindo

para o empreendimento global, de forma ágil e colaborativa. Sabe-se que cada

profissional em sua área trabalha com diferentes tipos de ferramentas, e os dados

gerados devem ser compartilhados, ou seja, é necessário que as ferramentas

identifiquem o tipo de arquivo gerado por outros programas, isto é alcançado com a

interoperabilidade que elimina o retrabalho de replicar dados de projeto que já

tenham sido gerados e facilita, de forma automatizada e sem obstáculos, o fluxo de

trabalho entre diferentes aplicativos, durante o processo de projeto.

Page 40: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

37

O que ocorre é que a troca de dados, ou de modelos, entre os

diferentes softwares utilizados atualmente, continua sendo um dos maiores desafios

da área de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) para alcançar a colaboração

totalmente integrada entre equipes de projetos. Existem inúmeros esforços para o

estabelecimento de padrões, protocolos e boas práticas em toda a área de AEC.

“A maioria das tarefas executadas pelos profissionais da AEC nos aplicativos

BIM se limita àquelas disponibilizadas internamente nos softwares utilizados, sendo

pouco comum o uso de arquivo visando à interoperabilidade.” (KIVINIEMI et al.,

2008).

Uma das soluções criadas para a identificação e a troca dos dados e

informações gerados pelos especialistas do projeto foi a utilização de um padrão

neutro, com formato aberto e comum a todos os softwares, o IFC4. Ele é

um protocolo de padrão internacional, certificado pela ISO (16739:2013), criado

especificamente para esta troca de arquivos entre ferramentas que utilizam a

plataforma BIM, evitando a perda de inúmeras informações, assim como facilitando

a incorporação dos dados dos especialistas ao modelo principal para viabilizar a

interoperabilidade e o trabalho colaborativo.

As especificações IFC foram desenvolvidas e estão em contínua evolução e

manutenção. De acordo com Khemlani (2004), o IFC foi criado utilizando uma

linguagem de modelagem de dados que é legível por máquinas e possui múltiplas

implementações, é um formato de arquivo orientado a objetos 3D, aberto, público e

padronizado, que pretende abranger cada aspecto do projeto dentro da área de

AEC.

“O IFC permite o compartilhamento de geometria, topologia, elementos estruturais, espaços, terreno, estrutura, sistemas, móveis, tempo, restrições, análise, pessoas, planos de trabalho, custos, dados externos, relacionamentos entre essas coisas e mais” (JERNINGAN, 2008).

A utilização do formato IFC promove uma melhora na comunicação,

incrementa a produtividade, diminui o prazo de entrega do projeto e agrega

4 O Industry Foudation Classes (IFC) é um padrão de protocolo internacional de trocas de dados. Um

modelo de dados baseado em objetos, não proprietário. (ANDRADE; RUSCHEL, 2009).

Page 41: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

38

qualidade a todas as etapas do desenvolvimento do projeto de uma edificação;

além de preservar as informações trocadas entre os participantes do processo. O

modelo IFC representa não apenas elementos de construção, tais como paredes,

janelas, portas, e outros, mas também elementos mais conceituais, tais como

organização, horários, custos da obra, entre outros. É essa grande variedade de

representações que possibilita a integração de diversas disciplinas da construção.

Ocorre que, segundo Kiviniemi et al.(2008), apenas um terço dos arquitetos

que usam o BIM empregam arquivos no formato IFC. Para Jerningan (2017) o IFC é

atualmente um ambiente de desenvolvimento complicado e muitos especialistas

acham que as dificuldades superam os benefícios.

A partir dos estudos da bibliografia selecionada a autora considera que o

desafio para a aplicação do modelo IFC, além de intensificar sua utilização entre os

profissionais da AEC, tem sido conseguir aliar a dinâmica do trabalho por

módulos com a estrutura rígida do modelo para assegurar a consistência dos dados

após a integração dos diversos módulos.

3.4 A COMPATIBILIZAÇÃO E A GESTÃO DA INFORMAÇÃO

Os projetos de Arquitetura, Engenharia e Construção Civil (AEC) que utilizam

a tecnologia tradicional, bidimensional, são desenvolvidos, nos dias atuais, de forma

fragmentada e segregada, apresentando diversos projetos complementares

realizados individualmente pelos vários especialistas que, geralmente, não se

comunicam entre si na elaboração do seu trabalho específico.

As atividades ligadas à área AEC envolvem uma variedade de profissionais,

trabalhando com um enorme volume de dados e informações; e contribuindo com

opiniões, produtos, conhecimentos e habilidades específicos. No decorrer

do processo, essas informações devem ser compartilhadas, interpretadas,

transformadas, corretamente utilizadas e bem preservadas, para que ocorra a

completa integração e correta definição de cada etapa do projeto e desenvolvimento

da edificação.

Diante de toda essa complexidade de atividades e diversidade de agentes é

necessário padronizar todos os tipos de dados, o que significa convertê-los para a

linguagem que pode ser devidamente compreendida na tarefa que está sendo

Page 42: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

39

executada. Entretanto, essa conversão pode gerar erros ou até

mesmo perdas, pois o processo de compatibilização da diversidade de dados não é

simples. Uma dificuldade é apresentada quando diferentes ações realizadas em um

mesmo modelo utilizam informações inconsistentes ou até mesmo dicotômicas,

gerando atrasos e custos maiores da obra. Por tudo o que foi exposto,

é imprescindível possuir um instrumento eficiente e correto de troca de informações

entre os agentes participantes do processo de construção da edificação, ou seja, um

banco de dados que gerencie com menor possibilidade de erros todas as

informações do modelo.

O modelo BIM pode ser considerado como um banco de dados, o que

significa dizer que este modelo necessita de gestão para estas informações e, desta

forma, o BIM é também um sistema de gestão das várias informações que estão

integradas no modelo. (WONG; FAN, 2013).

A compatibilização de todos os projetos complementares, gerando um modelo

único deve ser feita através da identificação de inconsistências, erros de

interpretação e omissões; e elaboração de soluções para a correção dos problemas

identificados pelos respectivos profissionais responsáveis, desta forma, as criações,

modificações e decisões do projeto são executadas e presenciadas por todos

profissionais envolvidos.

A Gestão de todas essas informações corresponde a avaliação dos impactos

das decisões tomadas, ou seja, dos conceitos criados na construção, uso e

operação do empreendimento. As informações geradas durante o desenvolvimento

do projeto são retroalimentadas no processo de criação, fazendo com que a

percepção do problema seja vista com maior clareza e facilitando possíveis

soluções. O BIM possibilita o rastreamento das informações de todas as etapas do

processo (WONG; FAN, 2013). Portanto, é possível responsabilizar cada setor

individualmente pelas decisões tomadas e pela qualidade geral do projeto. Diante

disso, também é possível alocar riscos diferentes entre os setores e da mesma

forma avaliá-los de maneira justa em relação ao serviço prestado.

Page 43: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

40

3.5 EVOLUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DA PLATAFORMA BIM

Desde o início do uso de computadores para projetos em softwares CAD

existe a necessidade de se representar os elementos e componentes da construção

de uma edificação de forma mais rigorosa e detalhada, a plataforma BIM surge

como uma evolução desses sistemas.

A mudança de tecnologia, com a utilização de novos conceitos, softwares

com interfaces diferentes, funcionalidades e visões inovadoras, requer uma quebra

de paradigmas. “O BIM é sobre ferramentas, processos e atitudes que impactam em

tudo no ambiente construído” (JERNIGAN, 2008).

É determinante para o sucesso da implementação de uma nova tecnologia

que a aplicação conceitual e prática de sua metodologia seja gradualmente

incorporada ao desenvolvimento de um projeto, visando a redução do impacto

negativo da transição tecnológica.

O processo de implementação da metodologia BIM é definido em três etapas

que demonstram a apropriação gradual da tecnologia no decorrer do

desenvolvimento de um projeto de construção civil, com todas suas disciplinas e

especialidades. Partindo-se de um projeto conhecido podem-se citar três momentos

principais que serão chamados de modelação, colaboração e integração.

Na primeira fase, a modelação, chamada por (TOBIN, 2008) de BIM 1.0,

ocorre a priorização da modelagem paramétrica, ou seja, os modelos 2D (CAD) são

substituídos pelo desenvolvimento de modelos 3D parametrizados, neste momento a

tecnologia é utilizada como ferramenta, no sentido que funciona como um

instrumento que viabiliza maior eficiência na coordenação e produção

de documentos técnicos e para adição de informações aos objetos. Nessa fase

apenas a área da arquitetura ou engenharia estão envolvidas para a criação do

projeto, ou seja, não há a interação entre as diversas disciplinas, que ainda

trabalham isoladamente. A despeito do dito acima, essa fase inicial já demonstra

vantagens quanto à agilidade de todo o processo do projeto, disponibilizando mais

tempo para os estudos e execução do projeto, uma vez que não há mais a

elaboração de desenhos de maneira manual (SUCCAR, 2008).

No segundo momento de implementação, chamado de BIM 2.0 por Tobin

(2008), começa-se a se trabalhar com a colaboração, a nova tecnologia é utilizada

Page 44: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

41

por outras disciplinas e profissionais envolvidos no processo de construção

do empreendimento, a interoperabilidade e a cooperação entre eles se tornam

cruciais ao processo de trabalho. Nessa fase, abre-se a possibilidade

de transferência de informação e o projeto se expande e passa a envolver além da

arquitetura; a estrutura, as instalações prediais. Ocorre a associação dos parâmetros

de tempo (4D), análises de eficiência energética, análise ambiental entre outros

softwares e os dados financeiros (5D). É nessa etapa que se enfatiza a integração, o

compartilhamento de um modelo único envolvendo as diversas disciplinas.

A última etapa da implementação da plataforma BIM, de acordo com Tobin

(2008) a integração, conhecida como BIM 3.0, exige dos profissionais já envolvidos

no projeto compartilhado e simultâneo um elevado grau de colaboração e

integração em tempo real. Nesse momento todos os agentes participantes do

processo são responsáveis por suas áreas específicas e as integram em um modelo

único de modo que as informações ou elementos inseridos por cada disciplina

geram ou acrescentam alterações instantâneas no projeto. Nesse nível de trabalho é

indispensável que a equipe multidisciplinar esteja coordenada, pois deste modo os

problemas e soluções seriam discutidos e implementados em tempo real, além de

serem compatibilizadas de modo a evitar perdas e retrabalhos. Nessa etapa os

profissionais trabalham com o conceito de interoperabilidade.

Depois de transcorridas todas as três etapas descritas acima, o

desenvolvimento do projeto atinge o nível de apresentação integrada entre as várias

disciplinas e profissionais de forma colaborativa, podendo oferecer aos clientes um

elevado grau de eficiência no resultado final. Segundo Andrade e Ruschel (2009),

essa eficiência pode ser comprovada, pois, quando existe uma boa

interoperabilidade, se elimina a necessidade de réplica de dados de entrada, que já

tenham sido gerados, e facilita, de forma automatizada e sem obstáculos, o fluxo de

trabalho entre diferentes aplicativos, durante o processo de projeto.

3.6 COMO O BIM É CONSTITUÍDO – AS DIMENSÕES DO MODELO

Como já apresentado nos capítulos anteriores, a plataforma BIM promove o

desenvolvimento integrado de um modelo único entre todas as áreas envolvidas;

Page 45: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

42

gerando uma documentação completa para avaliações técnicas e financeiras de

todo o empreendimento.

Neste ponto, torna-se importante apresentar como o modelo é constituído

durante o seu desenvolvimento, pois desta forma pode-se descrever claramente

todos os conceitos utilizados pela plataforma BIM. Estudar as dimensões do modelo

BIM (3d, 4d, 5d, 6d e 7d) – concepção, visualização, quantificação, documentação e

colaboração – é uma forma bastante interessante de se demonstrar sua

constituição.

Inicialmente, as áreas de Arquitetura e Engenharia estão envolvidas com a

concepção propriamente dita, nesta etapa o fundamento importante que deve ser

priorizado é a modelagem paramétrica, quando são desenvolvidos os modelos 3D

parametrizados em substituição daqueles feitos em CAD (2D). Na plataforma BIM, o

processo construtivo é de extrema importância para se realizar a modelagem e esse

processo é automático. Deve-se destacar que na modelagem segue-se normas

paramétricas específicas, todas as vistas são atualizadas em tempo real,

promovendo uma consistência do modelo em todas as suas etapas, além de

produzir a informação visual de forma mais ágil. Essa informação visual melhora a

percepção do modelo como um todo durante todas as etapas do desenvolvimento,

construção e manutenção de uma edificação, aproximando-o do produto final, de

forma a facilitar a identificação de possíveis erros.

Nesse contexto, o fator tempo é considerado a quarta dimensão do BIM

(4D), ela pode ser definida como a capacidade de retratar o ciclo de vida da

construção, dividindo o modelo por etapas de execução do desenvolvimento, e

permitindo o acompanhamento da evolução da edificação em todo o processo. Essa

característica traz ainda como benefício para o setor da construção civil as

aplicações de planejamento dos processos produtivos (CARDOSO et al., 2013).

Com base nas informações geradas e nos resultados obtidos na utilização da

quarta dimensão, pode-se ainda obter mais uma funcionalidade que são os custos,

o que caracteriza a quinta dimensão (5D). Nessa dimensão é possível atribuir

valores aos elementos da edificação, contribuindo de forma ágil para a execução do

orçamento do edifício e possibilitando a realização de análises realistas sobre a

situação na qual o projeto se encontra. Essa funcionalidade consiste em se

quantificar de forma automática e com grande precisão todo o processo do projeto.

(CARDOSO et al., 2013).

Page 46: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

43

Essas duas dimensões, 4D e 5D, já apresentam grandes vantagens,

entretanto, o BIM possui ainda outras dimensões, que desempenham simulações e

cálculos, tais como, simulações de utilização energética, estudos de conforto

ambiental, a interoperabilidade, assim como logística de execução, operação e

manutenção da edificação (6D e 7D). Isso é possível pois o BIM possui uma

funcionalidade de documentação de informação que possibilita a obtenção de todos

os dados no momento de sua geração, armazenando-os e tornando-os acessíveis

quando necessário. O que facilita o acesso à informação sobre todos os

componentes da edificação (CARDOSO et al., 2013).

Deve-se ressaltar que essas dimensões tratam de informações como o

planejamento da execução, custo, orçamento e até a operação e manutenção

do modelo. Destaca-se que não se trata apenas de um projeto com visualizações

em 3 dimensões, mas sim de identificar inconsistências, prever erros de execução,

visualizar a obra em suas diversas etapas e encontrar interferências. Além das

funcionalidades de modelagem 3D, o BIM também usa grupos de dados para

determinar fatores como tempo, parâmetros financeiros e gerenciamento de

recursos; e ainda possibilita analisar questões ambientais relevantes em projetos de

arquitetura, como iluminação e fluxo de ar. Um fator diferenciado nessa tecnologia é

que todas essas dimensões podem ser processadas e analisadas em tempo real.

3.7 O BIM E O CICLO DE VIDA DAS EDIFICAÇÕES

“No ciclo de vida, os projetos adotam uma abordagem linear: planejar - projetar - documentar - construir - operar. Cada etapa apresenta uma equipe diferente de profissionais, que raramente se sobrepõem” (JERNIGAN, 2017).

Como já foi relatado no presente documento, o BIM é uma tecnologia que

possibilita o trabalho integrado das várias disciplinas da Arquitetura, Engenharia e

Construção (AEC), acompanhando todo o ciclo de vida das edificações, facilitando a

elaboração de estudos de viabilidade técnica e econômica, a visualização

volumétrica para efeitos de verificações preliminares, além de gerar a

documentação, gerenciar os projetos arquitetônicos e complementares, orçamento e

Page 47: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

44

acompanhamento de obras, auxiliando ainda as etapas após o término da obra, tais

como manutenção e reforma. Coelho e Novaes (2008) afirmam que:

“Os sistemas baseados na tecnologia BIM podem ser considerados uma nova evolução dos sistemas CAD, pois gerenciam a informação no ciclo de vida completo de um empreendimento de construção, através de um banco de informações inerentes a um projeto, integrado à modelagem em três dimensões”.

Partindo do pressuposto de se trabalhar em conjunto, surge como

consequência imediata a colaboração e a divulgação de boas ideias, vantagens que

se tornam importantes para o sucesso da construção da edificação e que implicam

em um aumento dos benefícios para todos os envolvidos. Dessa forma, pode-se

demonstrar que, quando se trabalha dessa maneira, as inconsistências e pontos de

conflitos no projeto são identificados com maior rapidez, reduzindo-se, por exemplo,

as pressões voltadas para as soluções de problemas específicos de uma única

etapa, em detrimento do projeto como um todo.

A partir da observação da figura abaixo (Figura 1) se pode visualizar de forma

clara e objetiva como é possível a implementação da plataforma BIM nas diversas

fases do ciclo de vida de uma edificação, quando todas as informações e

parâmetros são inseridos por todos os profissionais participantes do projeto em um

modelo único, promovendo a comunicação e a integração de todos os componentes

do processo.

Page 48: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

45

Figura 1: Ciclo de Processo de projeto na plataforma BIM

Fonte: https://www.coordenar.com.br/compartilhamento-e-troca-de-modelos-bim/

Utilizando-se o BIM é possível definir os parâmetros sobre o projeto e

elaborar todo o ciclo do processo com base neles. E isso é ideal para empresas ou

profissionais da área de construção civil que querem deixar as obras mais

sustentáveis, uma vez que basta definir e aplicar os principais conceitos de

sustentabilidade no decorrer do desenvolvimento e trabalhar com eles.

3.8 EXEMPLOS DE SOFTWARES

Os softwares que trabalham dentro da tecnologia BIM mais conhecidos são o

Autodesk Revit, o ArchiCAD (Graphisoft) e o Autodesk Naviswork. Todos eles

são softwares comerciais. É importante destacar o Autodesk Revit, uma vez

que ele é um dos poucos softwares dentro do BIM no qual se podem compartilhar

todos os arquivos entre vários usuários, pois ele é compatível com o formato IFC

e possibilita a interoperabilidade.

Page 49: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

46

REVIT:

Segundo Lima (2016) o nome REVIT da ferramenta vem das palavras em

Inglês “Revise Instantly”, que significam revise instantaneamente, ou seja, ao

modelar no Revit, as modificações de um objeto ocorrem de forma imediata em

todos os objetos semelhantes, de maneira simultânea e instantânea em todas as

vistas do projeto em que ele aparece, o que é exatamente a base do conceito da

modelagem paramétrica, característica da tecnologia BIM, descrita no presente

trabalho.

De acordo com Justi (2008), o Revit é uma plataforma que pode ser utilizada

em todas as fases do projeto, desde o design arquitetônico até a geração de

documentação, ele está segmentado em Revit Architecture, para o arquitetônico;

Revit Strucuture, para o estrutural e; Revit MEP, para as instalações prediais.

Lima (2016) afirma que com a utilização do Revit e, consequentemente de

todos os conceitos da tecnologia BIM, os arquitetos estão projetando uma

edificação em 3D de forma virtual, deixando para trás os desenhos apresentados em

2D. Essa nova forma de projetar edifícios oferece uma variedade de vantagens para

o desenvolvimento, abaixo relacionadas:

Visualizar a edificação de qualquer ponto.

Examinar e experimentar todos os ambientes da edificação.

Analisar a participação entre as diversas áreas envolvidas no

projeto.

Gerar relatórios quantitativos dos materiais necessários ao projeto.

Simular a execução do projeto e analisar os custos em cada uma

das fases.

Elaborar uma documentação vinculada ao edifício que seja fiel a

ele.

Para Lima (2016), o Revit Architecture tem sido bastante utilizado

pelos profissionais da área, por apresentar comandos semelhantes ao AutoCAD e

ainda por oferecer alguns recursos bem interessantes, tais como componentes

paramétricos; quantitativo de material; Revit Building Maker (ambiente de

Page 50: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

47

modelagem conceitual); vistas 3D e sombreamento instantâneo; verificação de

interferência; renderização integrada; opções para importação/exportação. O Revit,

como uma ferramenta que utiliza os conceitos da Tecnologia BIM, trabalha com um

modelo virtual; e este fato possibilita aos profissionais envolvidos no projeto a

utilização de informações reais para analisar conflitos e a simulação de várias

alternativas de modelagem, evitando erros e economizando material e tempo de

obra.

Os elementos construtivos utilizados no Revit na elaboração de um

projeto tridimensional, tais como paredes, lajes, vigas, esquadrias, forros, escadas,

telhados, entre outros, têm todas as características definidas em suas propriedades,

incluindo informações geométricas, comportamento em relação a outros elementos

construtivos e características do material a ser utilizado. Isto é o que já foi descrito

acima como Modelagem Paramétrica, uma característica importante da tecnologia

BIM, que garante a consistência do modelo e da documentação que é gerada a

partir dele.

NAVISWORKS:

O Navisworks é outro software que trabalha dentro da tecnologia BIM e tem

funcionalidades semelhantes aos descritos acima, porém dando mais prioridade

à gestão e simulação da obra. Esse software possui os seguintes recursos:

Detecção de conflitos e coordenação de modelo.

Agrega dados em um único modelo.

Simulação e animação, entre outros.

INSIGHT 360:

O Insight 360 é um software de análise de desempenho desenvolvido pela

Autodesk, com ele é possível que arquitetos e engenheiros projetem edifícios mais

eficientes em termos de energia com mecanismos de simulação avançados, e

construam dados de análise de desempenho integrados ao Revit (AUTODESK,

2019).

Page 51: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

48

Suas principais vantagens são;

Melhorar o desempenho de construção

Feedback em tempo real

Análise de iluminação natural

Estudo de sombreamento e radiação solar.

EnergyPlus ™:

O EnergyPlus é um programa de simulação de energia de todo o edifício que

engenheiros, arquitetos e pesquisadores usam para modelar, tanto o consumo de

energia para aquecimento, resfriamento, ventilação, iluminação e cargas de plug e

processo, como também para o uso da água em edifícios. Alguns recursos incluem:

Solução Integrada e simultânea

Solução baseada no equilíbrio de calor

Cálculo de iluminância e brilho

HVAC baseado em componentes, entre outras.

(ENERGYPLUS, 2019).

ENVI-met 4:

O ENVI-met 4, criado por Michael Bruse e equipe, é um sistema de

modelagem de microclima de alta resolução. Ele é baseado nas leis fundamentais

da dinâmica de fluidos e termodinâmica. Esse software gratuito oferece um modelo

microclimático tridimensional para simular as interações entre o solo, a superfície

(vegetação, área urbana) e atmosfera na microescala urbana (BRUSE; FLEER,

1998).

O modelo inclui a simulação de:

Fluir ao redor e entre edifícios

Troca de processos na superfície do solo e na construção de paredes

Impacto de vegetação do microclima local

Bioclimatologia

Dispersão de poluentes (ENVI-MET, 2019)

Page 52: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

49

TQS:

É um software para cálculo estrutural de concreto armado, concreto

protendido, alvenaria estrutural e estruturas pré-moldadas. A análise estrutural

realizada pelo TQS é baseada num modelo integrado (grelhas + pórticos espaciais)

que considera: ligações viga-pilar flexibilizadas, não-linearidade física (fissuração do

concreto), não-linearidade geométrica (GamaZ ou P-Delta), processo construtivo,

offsets-rígidos automáticos, modelos especiais para vigas de transição,

plastificações automáticas nos apoios, entre outros (TQS, 2019).

Cabe ressaltar que existem vários outros softwares BIM, os escolhidos acima

foram os softwares utilizados no desenvolvimento do edifício BID, objeto do estudo

de caso dessa dissertação.

3.9 OS PROBLEMAS DA IMPLEMENTAÇÃO DO BIM

A utilização do BIM no Brasil vem crescendo a olhos vistos, constata-se o

lançamento de uma variada gama de materiais sobre essa plataforma além de

realizações de diversos seminários sobre o tema, porém percebe-se que o conceito

de BIM como um processo não foi inteiramente assimilado pelos empreenderes da

área de construção civil, segundo Toledo (2017).

Toledo (2017) cita o desconhecimento de BIM como processo associado ao

fato da crença de que BIM é um software, a falta de treinamento dos consultores, a

ausência de planejamento estratégico, entre outros, como fatores determinantes

para o surgimento das maiores dificuldades da implantação da plataforma BIM em

escritórios de arquitetura.

A partir do momento que os fatores acima descritos aparecem, acarretam um

grave dano para as empresas uma vez que o BIM mal feito é muito pior que CAD

mal feito. A implantação do BIM demanda custos elevados em novo software, e

hardware mais potente, treinamentos e consultorias, além da diminuição na

produtividade por causa da mudança.

A Integração de uma nova tecnologia na rotina de trabalhos de uma empresa

é uma decisão de negócios; como qualquer outra decisão comercial, a empresa

Page 53: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

50

pode optar por fazê-lo ou não. Com o tempo, essa decisão poderá gerar benefícios

da tecnologia em evolução - ou não (JERNIGAN, 2008).

Um equívoco recorrente é a compra de software e treinamento antes de uma

etapa de diagnóstico e planejamento estratégico. Segundo Toledo, o planejamento,

tanto da implantação dos novos processos ligados ao BIM na empresa, quanto da

implementação do BIM num empreendimento específico é essencial.

Um outro fator que merece atenção é que, apesar do processo de

implementação de BIM ser muito bem definido, é primordial entender que o processo

de execução do BIM em si é único para cada empreendimento, assim como o de

implantação em cada empresa. (TOLEDO, 2017).

O Prof. Eduardo Toledo afirma que as variações nas respostas às perguntas

feitas no processo de implementação levam a diferentes processos BIM a serem

efetivamente executados. Ou seja, o que funciona para um empreendimento ou

empresa, provavelmente não vai funcionar para outro, uma vez que os processos

construtivos, a tipologia de empreendimentos, o porte, as parcerias e a experiência

são diferentes.

Outro aspecto que pode causar dificuldade para a implementação do BIM é

sua complexidade. Essa plataforma envolve, em potencial, todos os profissionais em

todas as fases do ciclo de vida da edificação – desde a viabilidade à demolição,

passando pelo projeto, planejamento, construção, operação e manutenção, o BIM é

um processo complexo e de larga extensão. A implantação “completa” do BIM

demanda anos de desenvolvimento e maturidade em cada estágio. (TOLEDO, 2017)

Toledo conclui em seu artigo “BIM bem feito”, que o Planejamento e

capacitação, com o trabalho de consultores especializados e experientes são

ingredientes essenciais para a implantação correta do BIM. (TOLEDO, 2017)

Segundo Jernigan (2008) a implementação do BIM em um escritório lucrativo

requer um nível de mudança de processo que alguns acham difícil de justificar. As

mudanças geralmente encontram obstáculos nos paradigmas das empresas e na

necessidade de capacitação de gerenciamento de projetos e escritórios.

Page 54: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

51

3.10 - O CENÁRIO DO BIM NO BRASIL

O uso do BIM no Brasil vem apresentando um crescimento considerável,

principalmente nos últimos cinco anos, o que tem provocado uma série de

discussões, acadêmicas e técnicas, dentro da cadeia produtiva que envolve,

principalmente, as áreas de Arquitetura, Engenharia e Construção Civil (AEC).

(RUSCHEL; ANDRADE; MORAIS, 2013)

É sabido que as Universidades, através de seus pesquisadores, são um local

determinante para o crescimento e difusão de uma nova tecnologia. Segundo

Ruschel at al (2013), existe uma certa preocupação entre os pesquisadores

brasileiros, com relação a melhor forma de se inserir o ensino do BIM nas grades

curriculares dos cursos de Arquitetura e Engenharia Civil, gerando uma série de

discussões nos escopos de eventos e reuniões dos acadêmicos dessa área. Porém,

já é possível se perceber um amadurecimento desse assunto em algumas

universidades que começam a experimentar a adoção do BIM em cursos da área de

AEC. (RUSCHEL; ANDRADE; MORAIS, 2013)

A partir da percepção das características e conceitos inovadores da

plataforma BIM, tanto os alunos, quanto alguns professores, isoladamente,

despertam um crescente interesse pelo aprendizado da plataforma BIM, dentro das

universidades brasileiras.

Por outro lado, dentro do setor público nacional, no início dos anos 2000, a

utilização do BIM era bastante tímida, uma vez que apenas a Engenharia do

Exército, adotava metodologia em 2006. Uma das primeiras ações relevantes de

incentivo a utilização do BIM pelo setor público no Brasil foi do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), em 2010, que contratou

uma empresa para desenvolver uma Biblioteca BIM voltada para a tipologia de

edificação do Programa do Governo Federal “Minha Casa, Minha Vida”. Também em

2010, foi realizada a primeira licitação que mencionava a utilização de soluções em

BIM para o projeto do Porto do Rio de Janeiro. Verifica-se ainda que, em 2014,

foram realizadas licitações, como as dos aeroportos regionais, sob a coordenação

do Banco do Brasil.

Page 55: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

52

Entretanto, conforme informações obtidas através do DNIT5, nos últimos cinco

anos, o Governo Federal também já começa a se mobilizar para promover a

utilização da plataforma BIM dentro de seus órgãos e autarquias e, para isso, no

final do ano de 2016, foi assinado com o Reino Unido um documento denominado

Memorandum Of Understanding – MOU, que cria a cooperação entre esses dois

países visando o desenvolvimento de uma estratégia para a implantação e difusão

do BIM no Brasil.

Uma das ações iniciais do governo foi a criação, através da publicação de um

decreto, em meados de 2017, do Comitê Estratégico de Implementação do Building

Information Modelling – CE- BIM, que é temporário e tem como finalidade

estabelecer uma estratégia que possibilite o alinhamento das ações e iniciativas do

setor público e do privado, e que possa impulsionar a utilização do BIM no país,

viabilizando as mudanças necessárias e garantindo um ambiente adequado para

seu uso.

Posteriormente, em maio de 2018, em Florianópolis, na abertura do 90º ENIC

Encontro Nacional da Indústria da Construção, evento anual promovido pela CBIC

(Câmara Brasileira da Indústria da Construção), foi assinado outro decreto que

instituiu o Programa BIM BR. Esse decreto criou o CG-BIM – COMITÊ GESTOR DO

BIM, de caráter permanente, que é liderado pelo Ministério da Indústria, Comércio

Exterior e Serviços - MDIC, e tem como principal função, garantir a implementação

da estratégia de adoção do BIM no Governo Federal, a que foi desenvolvida,

definida e documentada pelo CE-BIM.

A partir daí surgiu a Estratégia Nacional de Disseminação do BIM –

Estratégia BIM BR, cuja sistemática está descrita no documento “BIM BR –

Construção Inteligente”6 que pode ser encontrado no site Estratégia BIM BR. De

acordo com este documento o Governo Federal reconhece a crescente difusão do

BIM no país, assim como os resultados que representam alguns dos benefícios

esperados pela sua aplicação.

Da análise do documento acima descrito percebe-se que, na concepção do

governo brasileiro, que é um grande demandante de obras, uma das formas para a

5 Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, disponível em <http://www.dnit.gov.br/>.

6 Documento disponibilizado pelo governo brasileiro com informações e dados sobre os avanços do

BIM no Brasil <http://www.dnit.gov.br/planejamento-e-pesquisa/bim-no-dnit/bim-no-dnit-1/Livreto_Estratgia_BIM_BR_versositeMDIC_SEMlogomarca1.pdf>

Page 56: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

53

difusão do BIM no país, é propor atos normativos que estabeleçam parâmetros para

compras e as contratações públicas com uso do BIM, ou seja, é a utilização do seu

poder de compra para exigir que determinado empreendimento seja entregue com o

uso do BIM, estimulando toda a cadeia produtiva da área de construção civil a

começar utilizá-lo.

Entretanto, para que haja a devida adequação das empresas privadas da

área de AEC, assim como a apropriada estruturação de todo o setor público, a

exigência, pelo Governo Federal, da utilização do BIM, deve ser implementada em

etapas. Diante disso foi proposto, pela Estratégia BIM BR, um cronograma composto

de três fases. A primeira fase, a partir de janeiro de 2021, é focada em projetos de

arquitetura e de engenharia para construções novas, ampliações ou reabilitações,

quando consideradas de grande relevância para a disseminação do BIM. A segunda

fase, a partir de janeiro de 2024, deverá contemplar, além das atividades previstas

na primeira fase, algumas etapas que envolvem a obra, como o planejamento da

execução da obra, para construções novas, reformas, ampliações ou reabilitações,

quando consideradas de grande relevância. A terceira fase, a partir de janeiro de

2028, abrange todo o ciclo de vida da obra ao considerar atividades do pós-obra,

além das atividades já contempladas pelas fases anteriores. Nesta fase, o BIM será

aplicado, no mínimo, nas construções novas, reformas, ampliações ou reabilitações,

quando consideradas de média ou grande relevância, nos usos previstos na primeira

e na segunda fases e, além disso, nos serviços de gerenciamento e de manutenção

do empreendimento após sua conclusão.

Como parte da Estratégia Nacional de Disseminação do BIM no Brasil

(Estratégia BIM BR), o MDIC, em parceria com a Agência Brasileira de

Desenvolvimento Industrial (ABDI), lançou a Plataforma BIM BR 7 que será um portal

público em contínuo aperfeiçoamento que proverá recursos para a utilização do BIM

no Brasil, adaptando-se conforme as melhores práticas e necessidades correntes do

mercado.

Outra iniciativa do Poder Público, visando a disseminação e implantação do

BIM no Brasil é encontrada no âmbito estadual, mais precisamente pelo Governo do

7 Portal com conteúdo dinâmico que hospeda a Biblioteca Nacional BIM (BNBIM), cujo intuito é se

tornar um acervo das bibliotecas de objetos BIM no Brasil. Disponível em https://plataformabimbr.abdi.com.br/bimBr.

Page 57: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

54

Estado do Paraná, que incluiu em seu Plano de Metas 2015-2018, a utilização do

BIM, visando melhorar a qualidade dos projetos e obras públicas.

As primeiras iniciativas para a implantação da metodologia BIM, no estado do

Paraná, através da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (SEIL) ocorreu

em outubro de 2014, quando foi assinado um Termo de Cooperação Técnica com o

Governo de Santa Catarina, e foi realizado um primeiro contato com representantes

do Governo do Rio Grande do Sul, que permitiram, no início de 2015, a estruturação

da REDE BIM GOV SUL, visando a promoção de ações integradas de incentivo a

implantação do BIM na esfera pública estadual da região Sul.

A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (SEIL) do estado do

Paraná definiu então um conjunto de ações a serem desenvolvidas seguindo linhas

estratégicas elencadas no Plano de Fomento BIM, ainda em 2015. Dentre as ações

relacionadas naquele Plano, estão o fomento às soluções BIM para a área pública,

englobando a cadeia produtiva AEC; a estruturação de grupos de trabalho; e a

criação do Laboratório BIM do Paraná (LaBIM PR) que realiza pesquisas em BIM

com a finalidade de dar suporte técnico para a criação de diretrizes para contratação

e fiscalização de projetos e obras públicas em BIM no âmbito da SEIL.

De acordo com o caderno de especificações técnicas para contratação e

projetos em BIM elaborado pela Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística,

em 2018, a utilização do BIM é importante para melhoria da qualidade e da

governança de projetos e obras públicas.

As principais ações referentes às linhas estratégicas que compõem o Plano

de Fomento ao BIM, no estado do Paraná, estão disponíveis na aba

histórico/cronologia do Portal BIM Paraná8.

Atualmente, existem outros órgãos que também participaram dos debates e

dos trabalhos de desenvolvimento da estratégia Nacional para a adoção do BIM,

sendo alguns deles: Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU), Sebrae, ABDI,

Infraero, Ministério dos Transportes (DNIT e SAC), Ministério da Saúde, Ministério

do Planejamento e Banco Central.

Dentre os primeiros projetos pilotos identificados pela estratégia, foi definido o

Programa PROARTE do DNIT9. O compromisso mínimo assumido pelo DNIT requer

8 Disponível em <www.bim.pr.gov.br>

Page 58: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

55

que o órgão realize todas as adequações e capacitações necessárias para viabilizar

a contratação de projetos e especificações para o programa piloto (PROARTE), em

BIM, até o início do ano de 2021.

4. ESTUDO DE CASO - BID

A pesquisa visa retratar as características de um processo de projeto

realizado com suporte da metodologia e ferramental BIM considerando aspectos da

sustentabilidade. Desta forma, a pesquisa segundo seus objetivos é classificada

como descritiva e será realizada segundo os procedimentos de um estudo de caso.

Será adotado o delineamento proposto por Gil (2010) que preconiza as seguintes

etapas: definição das unidades-caso, seleção dos casos, elaboração do

protocolo, coleta de dados e análise e interpretação dos dados.

A definição das unidades-caso toma como ponto de partida projetos

arquitetônicos realizados no Brasil que consideraram a etiquetagem PBE Edifica e a

certificação AQUA intrínsecas à solução e fizeram uso de metodologia e ferramental

BIM. A seleção do caso foi realizada a partir do acompanhamento de ventos de

divulgação da tecnologia BIM e especialistas em certificação AQUA e PBE Edifica

sendo possível identificar o caso do Banco Interamericano de Desenvolvimento -

BID.

A descrição do caso foi realizada segundo o seguinte protocolo: entrevista

com o projetista, entrevista com os consultores das certificações realizadas,

relatórios de certificação e documentação de aprovação em municipal do projeto,

dados climáticos da região onde o projeto foi executado.

As entrevistas e os relatório foram utilizados para a compreensão do processo

de projeto e a identificação da utilização da metodologia e ferramental BIM. A leitura

dos relatórios permitiu a caracterização do processo de projeto identificando:

diretrizes de sustentabilidade adotadas, avaliações bioclimáticas urbanas, estudos

para proteção solares, avaliações de iluminação natural, avaliação de conforto

9 Disponível em <http://www.dnit.gov.br/planejamento-e-pesquisa/bim-no-dnit/bim-no-dnit-

1/estrategia-bim-br>

Page 59: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

56

térmico e confirmação das características de sustentabilidade apropriadas na

solução. As entrevistas permitiram a compreensão do intercâmbio de informações

entre as disciplinas.

A coleta dos dados foi realizada no período de 08/2017 a 11/2018, quando

foram realizadas as entrevistas com o projetista e consultores das certificações do

caso em estudo. Também neste período foi coletado o relatório BID. Por último,

foram cedidas as pranchas de aprovação do projeto apresentadas no Anexo do

presente trabalho.

A análise e interpretação do caso foi realizada confrontando a caracterização

do processo de projeto realizado e da metodologia BIM aplicada frente à base

conceitual apresentada na fundamentação.

4.1 A CARACTERIZAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE NO PROJETO BID

“A busca da construção de um modelo de desenvolvimento que possa ser considerado sustentável para a humanidade é um desafio enfrentado há algumas décadas. Essa procura, alicerçada numa visão crítica da organização da sociedade humana e impulsionada por diversos problemas de caráter ambiental e social, como o aquecimento global, a ocorrência de grandes desastres ecológicos, [...] tem trazido uma crescente conscientização das significativas interferências dos sistemas humanos sobre os sistemas naturais, com consequente desequilíbrio e possíveis impactos irreversíveis sobre os referidos sistemas.” (ROMÉRO; REIS, 2014, p. 18)

Esta busca de equilíbrio entre o que é socialmente desejável,

economicamente viável e ecologicamente sustentável é usualmente descrita em

função da chamada “triple bottom line”, que congrega as dimensões ambiental,

social, e econômica do desenvolvimento sustentável (SILVA, 2003).

Nesse sentido, de acordo com o Centro de Estudos em Sustentabilidade da

Fundação Getúlio Vargas (FEBRABAN, 2017), ao se pensar em um projeto de

edifícios sustentáveis não só o aspecto ambiental deve ser estudado, os aspectos

sociais e econômicos, e ainda segurança e saúde devem ser motivo de preocupação

para os projetistas. As certificações ambientais, tema tratado no capítulo 2 dessa

dissertação, determina e agrega os diversos aspectos da sustentabilidade nos

Page 60: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

57

edifícios. É importante que que os parâmetros e requisitos sejam corretamente

definidos para que uma edificação possua um bom desempenho.

Como um exemplo de projeto que foi defendido como pensado e projetado de

forma eficiente e sustentável foi utilizado, nesta dissertação, o caso do Banco

Interamericano de Desenvolvimento (BID), localizado na cidade de Manaus. O

prédio foi projetado pelo Grupo10 Alexander Justi, que tinha como um dos principais

objetivos desenvolver um projeto sustentável no qual os profissionais envolvidos

nesse trabalho pudessem realizar estudos de viabilidade com base nas diretrizes

apresentadas para se alcançar as melhores soluções de eficiência. Para isso foram

utilizados os requisitos exigidos para a etiquetagem PBE Edifica e para o Processo

AQUA de certificação, mesmo não sendo a certificação da edificação o objetivo final

do projeto em tela.

A aplicação desses requisitos determinados pelos sistemas de certificação

são uma forma de quantificar objetivamente a eficiência e o desempenho dos

edifícios, através de indicadores relacionados às questões relevantes do ambiente,

visando definir o nível de eficiência do projeto proposto.

Diante disso, o grupo Justi, incialmente, solicitou, para a empresa Quali-A11,

um Organismo de Inspeção de Eficiência Energética de Edifícios acreditada pelo

INMETRO, o relatório de sustentabilidade que considerou os requisitos e diretrizes

necessárias e as preocupações existentes para se alcançar a sustentabilidade do

projeto, e definiu as principais metas, focando-se sempre na busca pela economia

de energia, de água e o bem-estar dos usuários.

Com a definição dos objetivos e metas, passou-se a elaboração de um plano

para sua execução, esse plano foi então realizado em 7 (sete) grandes etapas.

Essas etapas foram relacionadas no material elaborado pela a empresa Quali-A, e

estão compiladas a seguir:

4.1.1 Caracterização climática de Manaus

“o tempo é um conjunto de todas as variáveis meteorológicas, em um dado momento, e que os elementos aparecem em combinação. Na sua obra o

10 Grupo Alexander Justi localizado em Brasília existente desde 1994, desenvolveu o projeto do BID

em Manaus e seu portifólio pode ser acessado através deste https://alexjusti.com/bidugpm/

11 Quali-A empresa prestadora da consultoria requerida pelo grupo AJ https://quali-a.com/

Page 61: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

58

propósito geral é o estudo das sensações do conforto humano na relação com a arquitetura. Os elementos que mais afetam o conforto são: temperatura, radiação e ventos, tratando de forma diferenciada os efeitos da umidade, tais como chuva, névoa, neve, geada e pressão de vapor.” (OLGYAY, 1963)

O estudo detalhado da região onde será construído um edifício que pretende

ser sustentável é de grande importância, visando utilizar essas caraterísticas locais

em benefício das soluções aplicadas ao projeto, assim como identificar regras e

recomendações já existentes para o local.

Uma possibilidade de obter esta eficiência na arquitetura é utilizar as

recomendações bioclimáticas para o local em que o edifício está inserido (OLGYAY,

1963).

Diante disso, nessa etapa foi realizado um estudo detalhado, das

características climáticas do município de Manaus, principalmente sobre as variáveis

que poderiam influenciar na definição das diretrizes12 a serem seguidas pelos

profissionais participantes do projeto. Foram analisados e considerados elementos

como o clima, a temperatura do ar, a humidade, a ventilação, a radiação do

município, a localização do edifício, buscando assim identificar as ações necessárias

para os projetistas.

Figura 2: Carta bioclimática apresentando Figura 3: Zona bioclimática 8 zonas bioclimáticas 8

Fonte: Relatório BID Fonte: Relatório - BID

12 “A definição das diretrizes de sustentabilidade foi feita buscando estabelecer para o projeto, desde

sua concepção, as premissas de economia de energia e água, redução da produção de resíduos nos canteiros de obras, redução de custos ao longo da vida útil do empreendimento e bem-estar do usuário.” (LAMBERTS: FOSSATI, 2008)

Page 62: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

59

O Município de Manaus está localizado na Zona Bioclimática 8. Segundo a

(ABNT, 2003) edificações localizadas nessa Zona Bioclimática devem seguir as

seguintes recomendações: Grandes aberturas para ventilação; sombrear aberturas

(uso de proteções solares; Paredes externas leves e refletoras (cores claras) e

Cobertura ventilada: leve e refletora (cores claras) (Relatório BID, pag.85).

Esses estudos climáticos realizados tinham ainda como objetivo fornecer

subsídios para determinar outros critérios e definições do projeto.

4.1.2. Diretrizes de sustentabilidade

Para se obter uma redução considerável dos impactos ambientais da

construção civil, assim como a maximização de seu potencial de criação de valor e

desenvolvimento social, deve ser realizada a implementação de políticas

consistentes e especificamente orientadas para o setor, através da definição de

diretrizes de sustentabilidade que norteiam as análises de desempenho do projeto.

Entre estas políticas, a adoção de sistemas de avaliação e classificação do

desempenho ambiental e da sustentabilidade de edifícios representa um papel

fundamental. (SILVA, 2003).

Após a realização dos estudos climáticos do local do edifício, foi então

possível a identificação das diretrizes de sustentabilidade a serem seguidas, essas

diretrizes foram definidas com base nos requisitos determinados para a etiqueta

PBE Edifica e para o processo AQUA. Dessa forma, foram consideradas como

principais diretrizes aqueles referentes ao entorno, a adaptabilidade e a escolha dos

produtos a serem utilizados, a gestão de água e de resíduos, assim como a parte de

manutenção e conservação e, de uma forma mais específica, aqueles referentes à

eficiência energética baseada na etiqueta PBE Edifica. Os projetistas receberam

essas diretrizes para iniciar seus estudos de projetos.

A etiqueta do PBE Edifica, ENCE (Etiqueta Nacional de Conservação de

Energia), é obtida a partir da avaliação de três sistemas (envoltória, sistema de

iluminação artificial e ar condicionado), que recebem etiqueta do nível de eficiência

que variam de A (mais eficiente) a E (menos eficiente). Além da avaliação dos três

sistemas, pode-se obter pontos extras com bonificações (uso racional de água,

cogeração de energia, entre outros).

Page 63: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

60

4.1.3. Avaliação bioclimática urbana

O principal motivo para se considerar o clima urbano é a criação de

ambientes construídos que interajam com a atmosfera gerando microclimas nos

quais as pessoas se sintam confortáveis (BROWN; GILLESPIE, 1995). O microclima

urbano é incrivelmente complexo e está sempre se modificando, tendo como

objetivo principal melhorar a qualidade ambiental das cidades. É preciso aprimorar

as condições que favoreçam o uso dos espaços públicos onde as pessoas circulam

a pé, de transporte público, ou por outros meios não motorizados de transporte

(GONÇALVES; BODE, 2015). É necessário desenvolver metodologias para a

análise quantitativa e integrada de atributos da forma urbana e do clima, em suas

várias escalas (ASSIS, 1997), baseadas em critérios de conforto ambiental e

eficiência energética e de materiais, de maneira a diminuir a pressão das áreas

urbanas sobre os recursos naturais e de sustentabilidade do ambiente construído

(GONÇALVES; BODE, 2015).

De acordo com Brown e Gillespie (1995) o projeto microclimático envolve uma

análise precisa de todos os elementos presentes no terreno estudado, como:

• Localização: posição geográfica, topografia, posição relacionada às massas

de água, forma urbana.

• Forma: orientação, volume, dimensão, proporção.

• Limites: limites verticais e horizontais.

• Características do material.

•Vegetação: espécies, idade, solo, oxigênio, água e recursos minerais

disponíveis, folhagem, cor, tipo (perenifólia ou sazonal).

• Medidas de campo de um dia típico do período estudado (temperatura do ar

e radiante, velocidade e direção do vento, radiação solar e umidade relativa).

• Hipótese de crescimento baseada em parâmetros do terreno.

Nesse contexto, Gonçalves e Bode (2015) afirmam que nos últimos anos, o

cenário do ambiente construído está mudando, pois já há recursos de modelagem

numérica que permitem estudos preditivos de clima urbano, como o software ENVI-

met, utilizado para os estudos bioclimáticos do projeto em questão. Esse software

oferece um modelo microclimático tridimensional para simular as interações entre o

Page 64: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

61

solo, a vegetação e a atmosfera na microescala urbana. Michael Bruse, seu criador,

cita que este programa é baseado em diversos projetos de investigação científica e

está, portanto, sob constante desenvolvimento, sua proposta baseia-se no

prognóstico das leis fundamentais da dinâmica de fluidos e da termodinâmica. O

modelo considera as características dos processos da macro para fornecer dados

da microescala, e o seu uso exige conhecimento de micrometeorologia, que não são

abordados na formação de arquitetos e urbanistas, o que torna o seu uso, bastante

complexo (GONÇALVES; BODE, 2015)

Ao se realizar o estudo do impacto do edifício no entorno próximo, com base

nas avaliações apresentadas, foi identificada a existência de um problema sério de

desconforto na área do estudo causado, principalmente, pela presença de grandes

estacionamentos e grandes áreas impermeabilizadas. Como resultado dessas

avaliações, chegou-se à conclusão de que o edifício em si, isoladamente, não seria

capaz de solucionar os problemas já existentes no entorno, por esse motivo foi

apresentada, como uma principal recomendação, a realização de um estudo de

reabilitação de todo o conjunto urbano.

4.1.4. Estudo para proteções solares

Como já constatado acima, o município de Manaus está inserido na Zona

Climática 8, que é uma região que apresenta temperaturas mais elevadas por boa

parte do ano e suas edificações recebem grande carga de radiação. Em função

dessas características, diante dessas condições foi recomendado para essa etapa, a

realização de estudos para as proteções solares.

Da análise da carta solar de Manaus (figura 4) é possível identificar as

fachadas com cores laranja e vermelho. As tonalidades em vermelho e laranja são

as altas temperaturas (radiação solar) nas fachadas, em horários, cuja

recomendação é o uso de proteção. Por esse motivo, nas horas do dia em que

ocorre essa situação, foi recomendado o uso de proteção solar. A definição e a

recomendação que determinam o uso dessa proteção solar é obtida a partir de

estudos climáticos e de fachadas realizados para cada orientação, como resultado

desses estudos foi indicado o tipo de brise-soleil horizontal com tamanho e ângulo

adequados para cada uma das orientações estudadas, foi sugerido ainda o uso de

Page 65: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

62

brise-soleil fixo uma vez que o referido estudo já determina qual é o melhr ângulo

para aquela orientação.

O brise-soleil é um dispositivo de controle de radiação solar que auxilia no

desempenho termo energético das edificações e pode ser projetado de variadas

formas. (LEITZKE et al., 2017).

Figura 4: Carta solar de Manaus

Fonte: relatório BID.

Page 66: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

63

Figura 5: O Retângulo é a área destinada a sede do BID, com as cartas solares sem

considerar elemento de sombreamento.

Fonte: Relatório BID.

Figura 6: Estudo do ângulo de sombreamento. O retângulo é a indicação da área do

terreno.

Fonte: Relatório BID.

Page 67: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

64

As figuras 5 e 6 ilustram o estudo climático realizado no software ENVI-met,

onde é possível visualizar o retângulo da projeção do edifício em estudo (BID),

assim como a projeção da carta solar de Manaus nas suas quatro fachadas.

Figura 7: Estudo de proteção de fachadas.

Fonte: Relatório BID.

O software Revit Archtecture foi utilizado para a realização do estudo de

fachada, ilustrado na figura acima (Figura 7), no qual pode-se identificar a orientação

das fachadas visando a melhor distribuição dos ambientes para o conforto de seus

usuários.

A figura 8 demonstra os exemplos dos brises com aletas de 15 cm e 30

cm e ângulo de proteção 60°, definidos pelos estudos realizados e utilizados no

projeto do edifício em estudo, que foram detalhados com a utilização do software

Revit.

Page 68: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

65

Figura 8: brises

Para Zona Bioclimática 8, o dimensionamento das proteções solares e brise-

soleil fixo, se deu de modo a bloquear a radiação solar durante os períodos mais

quentes do ano (LEITZKE et al., 2017).

O relatório sobre o projeto em estudo apresenta uma comparação para a

utilização de cada tipo de brise-soleil, abaixo descrita:

Brises fixos em relação aos móveis:

Exclui a autonomia do usuário movimentar as aletas, diminuindo a

manutenção dos elementos devido ao mau uso.

Evita o desperdício da luz natural – evita que o usuário feche totalmente o

brise e que o mantenha assim por todo o dia, não utilizando a luz natural

disponível.

Vários artigos científicos comprovam que o desperdício de energia aumenta

conforme damos maior autonomia aos usuários, portanto, seria necessário

um trabalho ativo de educação dos usuários do edifício quanto ao uso de

brises móveis. Esta preocupação é eliminada com o uso de brises fixos.

Fonte: Relatório BID.

Page 69: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

66

Brises móveis em relação aos fixos:

Com brises fixos, haverá incidência da radiação solar direta no fim da tarde

na fachada Noroeste. No caso do brise móvel, o usuário pode fechá-lo

totalmente evitando a radiação solar direta nesses horários.

Com brises fixos, na fachada noroeste o campo de visão será diminuído,

devido a necessidade de proteção.

O brise móvel confere maior autonomia ao usuário. (relatório BID, p. 47).

Leitzke et al. (2017) afirma que a eficiência energética é medida e associada

com a busca pelo máximo nível de desempenho térmico e luminoso dos ambientes,

com o menor consumo de energia. Nesse sentido, o brise-soleil encaixa-se como

elemento arquitetônico que pode maximizar o nível de eficiência energética das

edificações.

4.1.5. Avaliação de iluminação natural

A forma mais simples de iluminação é a natural, obtida pela luz solar. Embora

possa estar disponível por uma quantidade razoável de horas durante o dia (12

horas, por exemplo), em boa parte do planeta também pode apresentar, em diversos

locais, características sazonais que talvez diminuam sensivelmente sua ocorrência

(ROMÉRO; REIS, 2012).

Outra etapa do projeto foi a avaliação de iluminação natural na qual foi

realizado um estudo com a utilização do software de simulação baseado na

certificação AQUA. Nesse estudo buscou-se principalmente o conforto do usuário e

a redução de gastos energéticos.

A avaliação de fator de luz diurna trouxe como resultado a constatação de

que 95% do escritório atende o fator solar de 1,2, o que significa dizer que

representa 1 ponto na certificação AQUA. A partir dessa avaliação foi possível

detectar ainda um elevado grau de ofuscamento nas fachadas, exatamente por

causa da elevada radiação existente em Manaus, foi verificado um excesso de

luminância acima de 2 mil luxes; diante disso foi apresentada como solução para

Page 70: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

67

este fator o uso dos brises horizontais e a especificação dos vidros eficientes13, que

minimiza esse excesso.

Outro aspecto também foi avaliado, nessa etapa, foi a autonomia de luz

natural, quando se verificou que, a configuração das fachadas propostas para o

edifício resultaria em um bom desempenho na parte de iluminação natural para

todos os ambientes. Segundo a Quali-A, esse bom desempenho é caracterizado

pelo tempo prolongado em que os ambientes permanecem recebendo níveis

satisfatório de iluminância, ou seja, o usuário vai conseguir trabalhar apenas com luz

natural por um período de tempo considerável e a estratégia de automação do

projeto luminotécnico vai aproveitar essa luz natural reduzindo o consumo de

energia elétrica.

“No contexto da eficiência energética nos edifícios, mais recentemente, a iluminação natural tem sido considerada uma forma de redução do uso de energia elétrica no provimento de iluminação” (ROMÉRO; REIS, 2012, p 38).

A avaliação de projetos por meio de programas de simulação computacional

se tornou uma etapa obrigatória no processo de projeto de edifícios associados com

algum tipo de regulamentação energética ou ambiental (GONÇALVES; BODE,

2015).

Para essa avaliação de iluminação natural foi utilizado o software de

simulação baseado na certificação (HQE-AQUA, 2015) que avaliou os seguintes

itens;

Item 10.1.1 - Dispor de acesso à luz do dia;

Item 10.1.2 - Dispor de acesso às vistas para o exterior;

Item 10.1.3 - Dispor de iluminação natural mínima;

Item 10.1.4 – Qualidade do tratamento da iluminação natural.

As avaliações do fator de luz diurna, Daylight Autonomy (DA), Useful Daylight

Illuminance (UDI) e o Annual Glare foram feitas por meio de simulação

computacional, no software DIVAfor-Rhino (Figura 9).

13 Os vidros eficientes melhoram o desempenho energético das edificações e colaboram com a

redução do uso de luz artificial, ao permitir a passagem de iluminação natural como o Low-E, Vidro Insulado entre outros.

Page 71: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

68

Figura 9: Perspectiva modelo 3D Rhino - DIVA.

Fonte: Relatório BID.

É consenso entre pesquisadores e agências governamentais de classificação

de desempenho atrelada a simulação, que o sistema de certificação é um dos

métodos mais eficientes para elevar o nível de desempenho, tanto do estoque

construído quanto de novas edificações (SILVA, 2003).

4.1.6. Avaliação de conforto térmico

Essa etapa tratou das análises realizada com relação ao conforto térmico

oferecido pelo projeto. Como já identificado em etapa anterior o clima extremo de

Manaus, com elevada temperatura, impossibilita que o projeto do edifício funcione

ou garanta o conforto térmico do usuário, dessa forma concluiu-se que é necessário

o uso de condicionamento de ar. Na avaliação de conforto térmico é fundamental

avaliar as trocas térmicas entre o meio interior e exterior, assim como a satisfação

dos usuários com as condições do ambiente (temperatura, radiação, umidade e

movimento do ar). Para isso, existem índices de conforto térmico que buscam definir

parâmetros para equacionar a satisfação humana frente às variáveis climáticas e

dos edifícios.

No Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética

de Edificações Comerciais, de Serviços e Públicas (RTQ-C/Procel/INMETRO) o

conforto térmico em ambientes de permanência prolongada ventilados naturalmente

é avaliado por meio da simulação computacional do Percentual de Horas Ocupadas

Page 72: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

69

em Conforto (POC). Este dado indica o período (percentual de horas), ao longo de

um ano típico, no qual os usuários da edificação irão estar em conforto térmico

apenas com a utilização de ventilação natural. (Relatório – BID, pag. 77)

A edificação em estudo foi modelada no programa DesignBuilder (Figura 10),

tendo como base as informações de projeto fornecidas pelo contratante (plantas

baixas, cortes, elevações e perspectivas). Além disso, foram utilizadas as

informações relativas aos materiais construtivos e características dos vidros a serem

utilizados na construção do edifício – dados fornecidos pelo contratante. (relatório –

BID, p. 79).

Figura 10: Modelo tridimensional, DesignBuilder.

Fonte - Relatório BID.

Como parte do estudo de conforto térmico recomendou-se o uso de

condicionamento de ar, em virtude de elevada temperatura de Manaus.

4.1.7. Avaliação preliminar em relação ao método.

Após a realização dos estudos acima descritos foi possível fazer uma

avaliação preliminar de todo o método, resultando nas considerações relacionadas

nesse item.

Como já mencionado anteriormente, na Etiqueta PBE Edifica são avaliados

três sistemas, são eles: envoltória, iluminação e condicionamento de ar; entre outras

estratégias extras que proporcionariam mais pontos ao projeto. Na etapa de

Page 73: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

70

avaliação preliminar do projeto foi verificado que ele teria grande potencial de ser

classificado com etiqueta A, principalmente por que foram seguidas as diretrizes

para zona climática 8 (oito) na sua envoltória, cabendo um destaque especial para o

baixo percentual de abertura nas fachadas que foram projetadas com uma

quantidade adequada de vidros, o que proporciona a redução do ganho térmico.

Atrelado a isso utilizou-se vidros eficientes com baixo fator solar e proteções

adequadas a orientação. Outrossim, a cobertura leve (feita com estrutura metálica) e

ventilada impede a transmissão de calor, ou seja, a carga térmica da cobertura

transferida para os ambientes internos somando-se ao fato de se utilizar cores claras

tanto na cobertura, quanto nas fachadas, acarretam uma maior reflexão desta

radiação.

No requisito de iluminação destaca-se o uso de sistemas leds a baixa

potência o que, numa avaliação preliminar, pode garantir uma etiqueta A para o

edifício. Outras estratégias utilizadas que demonstraram grande importância na

avaliação preliminar foram o aproveitamento da luz natural, o acionamento

independente de cada sistema para cada ambiente, e o fato de não existirem

grandes áreas iluminadas, uma vez que os circuitos foram bem distribuídos.

Ressalta-se que esses requisitos correspondem aos parâmetros exigidos pelo RTQ-

C.

Na parte de condicionamento de ar foram passadas diretrizes para que o

projeto alcance o nível A; enquanto que na parte das bonificações também foram

passadas diretrizes recomendando o uso racional de água, assim como o uso de

painéis fotovoltaicos que configuram estratégias que podem agregar uma pontuação

extra.

Com a realização das etapas propostas para a realização do plano de

execução, passou-se para os próximos passos do projeto, que consistiam em

realizar uma consultoria final dos projetos executivos, através da organização e

elaboração dos documentos específicos para emissão da etiqueta. Para isso é

necessário que o BID solicite essa emissão em um organismo acreditado pelo

INMETRO (OIA).

Nesse momento foi de grande importância o acompanhamento da obra para

que todas as propostas e recomendações estabelecidas no projeto executivo fossem

seguidas com precisão, para que não houvesse diminuição ou perda do

Page 74: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

71

desempenho do edifício para a etiqueta que estaria preste a ser alcançada (Figura

11).

A emissão da etiqueta (PBEEDIFICA, 2005) para um empreendimento traz

algumas vantagens, pode-se citar como a principal delas o reconhecimento da

redução do consumo de energia durante toda a vida útil do edifício, o que demonstra

um bom uso do dinheiro público, ajudando no crescimento econômico do país

através do controle de energia, e ainda promove a valorização do imóvel e um bom

exemplo ao mercado.

Figura 11: Simbologia etiqueta PBE Edifica.

Fonte - Relatório BID.

A empresa Quali-A utilizou a ferramenta webprescritivo14 (Figura 12) para o

cálculo da eficiência da envoltória, para isso devem ser extraídos dados do projeto

de arquitetura e calculados o indicador de consumo, através de uma equação de

acordo com a zona bioclimática.

14 O webprescritivo é uma Ferramenta de Avaliação de Eficiência Energética de Edificações

Comerciais pelo Método Prescritivo do RTQ-C. O objetivo dessa ferramenta não é obter uma etiqueta de conservação de energia, mas sim automatizar os procedimentos de avaliação da edificação conforme o RTQ-C. Para maiores detalhes, acesse o website do PBE EDIFICA ou baixe diretamente o RTQ-C. http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/webprescritivo/index.html

Page 75: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

72

Figura 12: Webprescritivo Fonte - Labeee UFSC.

Fonte – Labee - UFSC

4.2 A METODOLOGIA E TECNOLOGIA BIM APROVADA

“O “i” do BIM é informação. É aí que as oportunidades existem” (JERNIGAN, 2008)

O desenvolvimento do projeto do BID, foi um trabalho bastante complexo que

envolveu uma gama diversificada de profissionais atuando em várias disciplinas que

precisavam se comunicar eficientemente e compartilhar suas informações e seus

trabalhos com a maior rapidez e qualidade possível. Dentro desse contexto, pode-se

afirmar que o processo de trabalho colaborativo e multidisciplinar foi o grande

diferencial do projeto do BID.

Para Jernigan (2008) a prática arquitetônica integrada é guiada por princípios

de colaboração, troca de informações, riscos e recompensas compartilhados entre

as equipes multidisciplinares compostas pelas partes interessadas do projeto. Esse

trabalho integrado auxilia a tomada de decisão just-in-time, o uso de tecnologias

recentes e expande seu valor em todo o ciclo da vida da edificação.

Alexander Justi, em entrevista para a revista Estrutura Outubro de 2016,

afirma que “o grande diferencial do projeto BID, foi o trabalho colaborativo e

multidisciplinar, onde a tecnologia BIM foi elemento de união entre todos os

envolvidos, escritórios diferentes, em estados diferentes, as reuniões eram feitas por

videoconferência e mensagens de discussão de projeto através de aplicativos,

servidores de arquivos compartilhados na rede foram de grande ajuda no processo”.

Page 76: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

73

Justi ainda relata em sua entrevista que essa metodologia de trabalho

realizada com a tecnologia BIM, trouxe para a equipe, formada por mais de 20

profissionais, a possibilidade de que todos os profissionais envolvidos pudessem

externar suas opiniões, críticas e sugestões para chegar ao anteprojeto com um

modelo contendo soluções para quase todos os problemas que poderiam surgir

adiante.

A primeira ação tomada pela equipe, antes mesmo de se iniciar o trabalho, foi

a criação de um padrão de trabalho entre todos os escritórios, ação esta que, pela

sua importância, tomou uma boa parcela de tempo dos envolvidos. Foi realizada

então uma definição de metodologia de trabalho que contasse com controle de

nomenclatura de arquivos, diretórios e revisões. Foi definido também um documento

padrão de checklist de projetos, padrões de pranchas, carimbos e de impressão.

Dentro do padrão criado, foi organizado como o modelo federado15 iria ser feito e

controlado.

A vantagem do BIM é que todos os dados de construção são incorporados e

podem ser acessados durante todo o ciclo de vida da instalação. A partir desses

dados, os arquitetos podem simular o edifício em seu estado futuro, presente ou

proposto no contexto (JERNIGAN, 2008).

Durante toda a execução do trabalho as discussões conjuntas com as

engenharias faziam com que a arquitetura se adaptasse para atender a todas as

demandas, um processo que descentralizou a tomada de decisões, uma vez que

cada área poderia se responsabilizar por sua parte no projeto, retirando um pouco

de responsabilidade da arquitetura no que diz respeito às outras áreas.

O trabalho desenvolvido em cima de um modelo tridimensional federado

permitiu a visualização de todas as interferências, proporcionando aos profissionais

encontrar soluções rápidas e com a participação de todos. A interoperabilidade se

fez presente do início ao fim: a arquitetura trabalhando com Revit e as engenharias

de estruturas trabalhando com Revit (Figura 13), TQS e Strap. O processo de

compatibilização aconteceu através do Naviswork, por ele ser um software

multiplataforma, aceitando modelos 3D de diversos software diferentes.

15 O modelo federado é aquele que em determinados momentos aglutina para análise da

coordenação todos os modelos envolvidos.

Page 77: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

74

Figura 13: Estruturas Revit.

Fonte: Relatório BID.

Com o modelo federado sendo aglutinado em tempo real pela internet, as

interferências que eram encontradas pelo software eram discutidas e analisadas

para definição de uma solução imediata, não se perdendo tempo.

Page 78: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

75

Figura 14: O modelo Federado

Fonte: <https://www.coordenar.com.br/compartilhamento-e-troca-de-modelos-bim/>

De acordo com o relatado pelos participantes do projeto, outra vantagem do

uso dessa tecnologia constatada foi a velocidade alcançada na criação do projeto

executivo, visto que as definições de todos os projetos já tinham sido tomadas.

Com o projeto finalizado, a equipe passou a trabalhar em um modelo

federado (Figura 14) que concentrava todas as informações de todos os projetos em

um único local.

O próximo passo foi vincular o planejamento de obra executado em software

como o MS Project, Primavera e até mesmo no Excel.

Os softwares utilizados geraram os quantitativos, e a partir deles foi possível

parametrizar os elementos dos modelos para que pudessem receber esses códigos

e gerar as tabelas completas de orçamento, contabilizando recursos humanos,

impostos, entre outros.

“O resultado final com todas as disciplinas e não somente arquitetura e estrutura é impressionante, elevando a qualidade do projeto como um todo, pois as interferências são todas identificadas em projeto, sem que se transfiram problemas para a execução da obra.” Justi 2016.

Page 79: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

76

Com o projeto já finalizado e colocado em prática, todas as medidas foram

indicadas no relatório de sustentabilidade. Essas indicações constantes no

supracitado relatório, foram realizadas com base nos requisitos Envoltória,

Iluminação e Sistema de condicionamento de ar.

Abaixo estão relacionadas, de forma esquemática, as medidas indicadas no

relatório da Quali-A para cada requisito e critério especificados e detalhados no

RTQ-C, assim como os parâmetros exigidos para bonificações:

Envoltória

Baixo Percentual de Abertura nas Fachadas (redução da quantidade de

vidro melhora o desempenho termo energético, pois impede a entrada do

calor);

Uso de vidros eficientes (baixo fator solar);

Uso de proteções solares adequadas à orientação;

Cobertura Leve e Ventilada (Isolada do edifício): a grande quantidade de

calor recebido pela cobertura não é transmitida para os ambientes

internos, pois existe camada de ar ventilada;

Uso de cores claras nas fachadas e cobertura, que refletem a radiação e

não absorvem o calor.

Baixa transmitância na cobertura e fachadas.

Iluminação

O uso de sistemas LED (com baixa potência), garantindo a Etiqueta A

para iluminação;

Aproveitamento da Luz Natural (automação do acendimento das

luminárias próximas às janelas)

Acionamento de cada ambiente: apesar da automação, os usuários têm

controle da luz do ambiente, caso seja necessário;

Não existem grandes áreas iluminadas (maiores do que 250 m²) com o

mesmo circuito de acionamento.

Page 80: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

77

Sistema de condicionamento de ar

Garantir eficiência dos equipamentos do Sistema Central, conforme

tabelas do RTQ-C.

Atendimento às espessuras mínimas para isolamento de tubulações.

Bonificações

Uso Racional de água.

Fontes renováveis de energia: uso de painéis fotovoltaicos para tomadas e

lâmpadas.

Hoje BID possui etiqueta PBE- Edifica A e a Certificação AQUA. Ele foi o

primeiro e único projeto do Grupo Justi seguindo as diretrizes para uma certificação.

“O BID foi o primeiro e único projeto que fizemos com certificação, por questões de mercado mesmo, mas consideramos uma coisa muito importante, pois o mercado brasileiro ainda não está acostumado com certificações, principalmente os construtores, eles veem isso como um gasto, e daí eles não querem investir, eles não veem como um elemento de marketing como eu vi acontecendo aqui em Brasília com relação ao prédio, eles trabalharam um marketing forte sobre a sustentabilidade e tiveram um bom retorno, mas claro que teve toda a questão do investimento inicial por conta da construtora que teve que gastar mais no início, eu vejo mais por esse lado, as pessoas não estão acostumada com a sustentabilidade, principalmente com selo e certificações, não fazem ideia do que seja isso, o público consumidor não faz ideia do que seja isso, falta explicação, orientação falta ensinamento, quase que uma catequização, como fizemos com o Revit e a Tecnologia BIM durante todos esses anos”.

Transcrição depoimento Alexander Justi, 2018.

Page 81: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

78

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa, que teve como seu principal escopo demonstrar a

implementação e a aplicação da Plataforma BIM, com a perspectiva de uma

arquitetura sustentável, através do estudo do caso do Edifício do Banco

Interamericano de Desenvolvimento (BID), localizado na cidade de Manaus – AM,

trouxe com ela várias discussões acerca das vantagens, melhorias, obstáculos e

problemas que podem surgir no decorrer do desenvolvimento de projetos

sustentáveis utilizando-se de tecnologias inovadoras que trazem uma grande

mudança de paradigmas entre os participantes da Área de Engenharia, Arquitetura e

Construção Civil. Discussões referentes a importância da sustentabilidade no âmbito

da AEC e formas de se avaliar a efetiva adoção de critérios sustentáveis também

foram abordadas nessa dissertação.

“O uso eficiente de formas renováveis de energia é sempre citado como uma forma de promover um nível de desenvolvimento adequado sem exercer maiores pressões sobre o ecossistema.” (ROMÉRO e REIS, 2014, p. 6).

Foi apontado pelos estudos realizados que, em resposta ao aquecimento

global, os desafios da degradação ambiental e escassez de recursos da natureza,

nos últimos anos, os seres humanos vêm tentando construir cidades verdes com

baixa emissão de carbono, o que gera a preocupação com todo o ciclo de vida da

edificação, e faz com que os projetos de construção contemplem a conservação dos

recursos como água, energia e terra, protegendo assim o ambiente e reduzindo a

poluição. A partir desse cenário atual, essa pesquisa aponta que ao usar a

plataforma BIM, é possível reduzir o desperdício e melhorar significativamente a

qualidade da construção.

Um quesito também abordado nesse estudo foi o surgimento de ferramentas

(Certificações) para avaliar essas construções e garantir, através de critérios

objetivos, que o edifício alcançou o nível de qualidade pretendido.

Ficou demonstrado, nas análises realizadas, que o BIM pode ser útil na busca

pela sustentabilidade, pois permite a multidisciplinaridade de informações em um

único modelo rico em dados e representações digitais. Dele podem ser extraídos e

Page 82: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

79

analisados dados apropriados a vários usuários com necessidades específicas,

gerando informações que podem ser usadas na tomada de decisões visando a

melhoria do desempenho da edificação e sustentabilidade. Ele pode ser usado tanto

sozinho, quanto em combinação com outros programas para análises mais

completas. As facilidades de compartilhamento, comunicabilidade e integração

oferecidas por essa plataforma foram relacionadas e descritas visando esclarecer

como ela pode auxiliar no desenvolvimento desses projetos.

Durante as pesquisas, constatou-se que, apesar dos pontos positivos e do

potencial relacionamento entre BIM e sustentabilidade, o estudo de caso aponta que

ainda há limitações e incertezas devido a problemas de representação geométrica

inadequada, limitação de interoperabilidade, nível de detalhes do modelo, entre

outros. Verificou-se ainda que há necessidade de aperfeiçoamento metodológico e

operacional dos procedimentos, obrigando os agentes envolvidos a se preocuparem

com o desenvolvimento de plataformas mais robustas e sofisticadas. Por isto, e por

ainda estar em fase inicial de aplicação dentro do tema, a plataforma BIM ainda

pode apresentar um impacto limitado no processo de edificações sustentáveis.

Constatou-se ainda que existe uma grande resistência contra a realização de

projetos sustentáveis, por parte de investidores e construtores, devido ao elevado

custo inicial aliado ao pouco conhecimento da plataforma.

Na presente pesquisa, inicialmente, a autora encontrou dificuldade em

localizar, entre os escritórios de arquitetura brasileiros, um projeto defendido como

energeticamente eficiente, que tivesse sido desenvolvido e executado utilizando-se

das propriedades, princípios e funcionalidades da Plataforma BIM e os conceitos de

projetos sustentáveis.

Após a identificação do edifício do BID, desenvolvido pelo Grupo Just, que se

disponibilizou a fornecer todas as informações e materiais referentes ao projeto, a

autora solicitou as pranchas do edifício BID, anexadas a essa dissertação. Verificou-

se então que essas pranchas foram apresentadas em formato AutoCAD; esse fato,

gerou para a autora um questionamento, qual seja, o projeto foi pensado em

AutoCAD e posteriormente ficou decidido que seria desenvolvido em BIM ou isso foi

uma exigência da prefeitura de Manaus? Diante disso, outra questão pode ser

levantada por essa pesquisa: as prefeituras dos municípios de localização das

edificações, principalmente os menos desenvolvidos tecnologicamente, estariam

preparadas ou capacitadas para receberem projetos que não sejam impressos?

Page 83: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

80

Restou claro durante o estudo do caso, objeto dessa pesquisa, que o BIM e o

projeto sustentável ainda não estão sendo vislumbrados de forma totalmente

integrada, fazendo com que as soluções ideais para a construção de um

empreendimento completamente eficiente não sejam óbvias ou, até mesmo,

acessíveis. Deve-se reconhecer que ainda existe uma dificuldade perceptível, entre

os agentes da área AEC, ao se tentar incentivar um melhor design sustentável

através da comunicação e da gestão do conhecimento. As discussões apresentadas

nessa dissertação são um começo de todo o processo a ser desenvolvido para que

se possa criar um planeta mais saudável e mais habitável, buscando apontar qual o

melhor caminho para se alcançar esse objetivo e trabalhando para que todo o

ambiente construído seja efetivamente mais sustentável.

“Aqueles que estão pendurados para a antiga percepção da informação na

indústria da construção - como independente sistemas trocando informações usando

arquivos analógicos - estão perdendo a oportunidade do século”. (JERNINGAN, 2017)

Page 84: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

81

REFERÊNCIAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575:

edifícios habitacionais de até cinco pavimentos: desempenho. Rio de Janeiro 2008.

ADMINISTRATION, G. S. www.gsa.gov. GSA, 2007. Disponivel em:

<http://www.gsa.gov/bim>. Acesso em: 3 Outubro 2018.

AECWEB. AECweb, 1999. Disponivel em:

<https://www.aecweb.com.br/cont/a/inovacao-e-sustentabilidade-na-construcao-

civil_17354>. Acesso em: 3 Outubro 2018.

AECWEB. Portal AECweb, 2018. Disponivel em:

<https://www.aecweb.com.br/cont/a/inovacao-e-sustentabilidade-na-construcao-

civil_17354>. Acesso em: 4 Outubro 2018.

ANDRADE, M. L. V. X. D.; RUSCHEL, R. C. BIM: conceitos, cenários das pesquisas

publicadas no Brasil e tendências. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE QUALIDADE DO

PROJETO NO AMBIENTE CONSTRUIDO. São Carlos-, 2009. Anais ... São Carlos,

2009, p. 602 a 613.

ASBEA. Grupo de trabalho de Sustentabilidade AsBEA. Guia sustentabilidade na

arquitetura: diretrizes de escopo para projetistas e contratantes, São Paulo,

2012.

ASSIS, E. S. Bases teoricas para a aplicação da climatologia ao planejamento

urbano. In: ENCONTRO NACIONAL DE CONFORTO NO AMBIENTE

CONSTRUÍDO - FAUFBA, Salvador, 1997. Anais... Salvador, 1997, p.134-139.

AUTODESK. https://www.autodesk.com/products/insight/overview. AUTODESK,

2019. Disponivel em: <https://www.autodesk.com/products/insight/overview>.

Acesso em: 24 FEVEREIRO 2019.

Page 85: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

82

AZHAR, S. et al. Building information modeling for sustainable design and LEED

rating analysis. Automation in Construction, Auburn, AL, USA., v. 20, p. 217-224,

Julho 2011.

AZHAR, S.; FAROOQUI, R. U.; BROWN, J. ASC Annual International Conference.

BIM-based sustainability Analysis: An Evaluation of Building Performance

Analysis Software, Florida, 2009.

BROWN, R. D.; GILLESPIE, T. J. Microclimatic Landscape design: creating

thermal comfort and energy efficiency. Nova York: John Wiley & Sons, 1995.

BRUNDTLAND, G. H. Nosso Futuro Comum. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1987.

BRUSE, M. ENVI-met 3.1 Software, Alemanha, 2008. Disponivel em:

<https://www.envi-met.com/>. Acesso em: 7 Abril 2018.

BRUSE, M.; FLEER, H. Simulating surface-plant-air interactions inside urban

environments with a three dimensional numerical model. Environmental Modelling

& Software, v. 13, p. 373-384., 1998. ISSN 10.1016/S1364-8152(98)00042-5.

CAMPESTRINI. Entendendo o BIM, 2015. Disponivel em:

<http://www.entendendobim.com.br>. Acesso em: 22 Julho 2018.

CARDOSO, A. et al. Projeto FEUP, Universidade de Porto. BIM: o que é?, Porto,

2013.

CARVALHO, H. J. S. D.; SCHEER, S. VII Encontro de Tecnologia de Informação e

Comunicação na Construção - ANTAC. A utilização de modelos BIM na gestão de

resíduos de construção e demolição, Porto Alegre, 2015.

CAU. http://www.caubr.gov.br. CAU, 2018. Disponivel em:

<http://www.caubr.gov.br/wp-content/uploads/2018/06/Anu%C3%A1rio-2017-web-

baixa.pdf>. Acesso em: 4 Outubro 2018.

CBIC. Câmara Brasileira da Indústria da Construção. CBIC, 2017. Disponivel em:

<https://cbic.org.br/faca-o-download-da-coletanea-bim-no-site-da-cbic/>. Acesso em:

9 Fevereiro 2018.

CGCB. Canada Green Building Council. CAGBC - ORG. Disponivel em:

<www.cagbc.org.br>. Acesso em: 22 Maio 2018.

Page 86: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

83

COELHO, S. S.; NOVAES, C. C. Workshop Brasileiro Gestão do Processo de

Projetos na Construção de Edifícios - Anais AU-EESC-USP. Modelagem de

informação para construção BIM e ambientes colaborativos para gestão de projetos

na construção civil, São Carlos, Agosto 2008.

CRESPO, C. C.; RUSCHEL, R. C. Ferramentas BIM: um desafio para a melhoria no

ciclo de vida do projeto. In: III ENCONTRO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO

E COMUNICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO CIVIL. Porto Alegre, 2007. Anais..., Porto

Alegre, 2007.

DOWSETT, R. M.; HARTY, C. F. TSBE Centre, Univerity of Reading, ARCOM

Conference. Evaluating the benefits of BIM for Sustainable design: a review,

Reino Unido, 2013.

EASTMAN, C. et al. BIM Handbook: a guide to building information modeling for

owners, managers, designers, engineers and contractors. 1. ed. [S.l.]: Wiley, 2008.

EASTMAN, C.; TEICHOLZ, P.; SACKS, R. BIM Handbook: a guide to building

information modeling for owners, managers, designers, engineers and contractors.

São Paulo: Bookman, 2011.

ELKINGTON, J. Triple Botton Line: social, enviromental and financial., Reino Unido,

1994.

ENERGYPLUS. https://energyplus.net/ , 2019. Disponivel em:

<https://energyplus.net/ >. Acesso em: 20 Fevereiro 2019.

ENVI-MET. http://envi-met.info/doku.php?id=root:start , 2019. Disponivel em:

<http://envi-met.com>. Acesso em: 17 Fevereiro 2019.

FEBRABAN. http://www.gvces.com.br/edificacoes-sustentaveis-e-eficiencia-

energetica?locale=pt-br. www.gvces.com.br, 2017. Disponivel em:

<http://www.gvces.com.br/edificacoes-sustentaveis-e-eficiencia-

energetica?locale=pt-br>. Acesso em: 1 Março 2019.

GBCBRASIL. Green building Council Brasil. GBC BRASIL, 2010. Disponivel em:

<http://www.gbcbrasil.org.br/sobre-certificado.php>. Acesso em: 14 MAIO 2018.

Page 87: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

84

GOES, R. H. D. T. E. B. D. Compatibilização de projetos com a utilização de

ferramentas BIM. Mestrado Profissional - Instituto de Pesquisa Tecnológicas ,

São Paulo, 2011.

GONÇALVES, J. C. S.; BODE, K. Edifício Ambiental. São Paulo: Oficina de Textos,

2015.

GRAF, H. F. et al. Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído -

ANTAC. Estudo de viabilidade do uso de bim para mensurar impactos

ambientais de edificações por energia incorporada e CO² incorporado, Juiz de

Fora, 2012.

HQE-AQUA. Processo AQUA Construção Sustentável. Vanzolini, 2015. Disponivel

em: <https://vanzolini.org.br/aqua>. Acesso em: 14 Maio 2018.

IBGE. ibge.gov.br. Disponivel em: <https://www.ibge.gov.br/estatisticas-

novoportal/economicas/industria/9018-pesquisa-anual-da-industria-da-

construcao.html?=&t=o-que-e>. Acesso em: 7 Julho 2018.

JERNIGAN, F. BIG BIM - Little bim. [S.l.]: ISBN:0979569923, v. 2, 2008.

JERNIGAN, F. BIG-BIM 4.0: Ecosystems for a connected world. [S.l.]: ISBN

0985535954, 2017.

JUSTI, A. R. Implantação da Plataforma Revit nos escritórios Brasileiros. Gestão e

Tecnologia de Projetos, Rio de Janeiro, p. 140-152, 2008.

KHEMLANI, L. The IFC Building Model: A Look Under the Hood. AECbytes, [S.I.], 30 Mar. 2004. apud

<http://www.pcc.usp.br/files/text/publications/temp_lixo/bc7466dd436cdf1fb4556f4f3a

7b512f_sergio.leal_8dac58d154bc337780a9c3c3124d0d9259095_29WedWednesda

y3th24135AugustAug088312012152822000000PM.pdf> acesso em Dez 2018.

KIVINIEMI, A. et al. EraBuild Funding Organizations. Review of the Development

and Implementation of IFC compatible BIM, Dinamarca, 2008.

KRYGIEL, E.; NIES, B. Green BIM: successful sustainable design with building

information modeling. Indianapolis: Wiley Publishing, 2008.

Page 88: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

85

LACHIMPADI, S. K. et al. Institute for Environment and Development (LESTARI),

Department of Civil & Structural Engineering. Construction waste minimisation

comparing conventional and precast construction (Mixed System an IBS)

methods in high-rise buildings: A Malaysia case study, Malaysia, Novembro

2012. 96-103.

LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. R. Eficiência Energética na

Arquitetura. 3. ed. Rio de Janeiro: Eletrobras Procel, 1997.

LAMBERTS, R.; FOSSATI, M. Metodologia para Avaliação da Sustentabilidade de

Projetos de Edifícios: o caso de Escritório em Florianópolis. ENTAC - Geração de

Valor do Ambiente Construído, Fortaleza, 10 Outubro 2008.

LEITZKE, Rodrigo Karini et al. Avaliação de dispositivos de proteção solar fixos e

automatizados para edifício residencial. PARC Pesquisa em Arquitetura e

Construção, Campinas, SP, v. 8, n. 1, p. 59-72, mar. 2017. ISSN 1980-6809.

Disponívelem:<https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/parc/article/view/8649

657>. Acesso em: 09 set. 2017. doi:http://dx.doi.org/10.20396/parc.v8i1.8649657.

LIBRELOTTO, L. I. Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Modelo para

avaliação da sustentabilidade na construção civil nas dimensões econômica,

social e ambiental (ESA): aplicação no setor de edificações, Florianópolis, 2005.

LIMA, C. C. Autodesk Revit Architecture. São Paulo: Érica, 2016.

LIU, S.; MENG, X.; TAM, C. Building Information modeling based building design

optimization for sustainability. Energy and Buildings, v. 105, p. 139-153, Junho

2015.

MARINHO, A. J. C. Dissertação mestrado, Universidade de Minho. Aplicação do

Building Information Modeling na gestão de projetos de construção., 2014.

p.63.

MASS, B. H.; SCHEER, S.; TAVARES, S. F. O uso do BIM para o projeto

sustentável. ENTAC - Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente

Construído, São Paulo, Setembro 2016.

Page 89: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

86

MENEZES, G. L. B. B. D. Cadernos de Arquitetura e Urbanismo - PUC minas. Breve

histórico de implantação da plataforma BIM, Minas Gerais, 2011.

OLGYAY, V. Design With Climate Bioclimatic Approach to Architectural

Regionalism. Hungary: ASU Libraries, 1963.

PALETTE2030. Palette 2030 by Architecture 2030. A Resource of de design of

Low-Carbon and adaptable built environments worldwide. Disponivel em:

<2030palette.org>. Acesso em: 23 Julho 2018.

PAULA, N. D.; UECHI, M. E.; MELHADO, S. B. Novas demandas para as empresas

de projeto de edifícios. Ambiente Construido, Porto Alegre, v. 13, p. 137 - 159,

Setembro 2013.

PBEEDIFICA. Programa Braileiro de Etiquetagem. PBE Edifica, 2005. Disponivel

em: <http://www.pbeedifica.com.br>. Acesso em: 6 Setembro 2017.

PROCEL. Procel INFO. Centro Brasileiro de Informação de Eficiência

Energética, 1985. Disponivel em: <http://www.procelinfo.com.br>. Acesso em: 10

Maio 2018.

ROMÉRO, M. A.; REIS, L. B. Eficiência Energética em Edifícios. [S.l.]: Manole, v.

1, 2012.

RUSCHEL, R. C. et al. Qualidade no Projeto de Edifícios. In: ______ Building

Information Modeling para projetistas. São Carlos: RIMA , 2010.

RUSCHEL, R. C.; ANDRADE, M. L. X. D.; MORAIS, M. O ensino de BIM no Brasil:

onde estamos? Ambiente Construido, Porto Alegre, v. 13, n. 2, p. 151 - 165, Abril

2013. ISSN 1678-8621.

SACHS, I. Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir. São Paulo: Vértice, 1986.

SANTOS, E. T.; FERREIRA, R. C. Building Design Coordination: Comparing 2D

and 3D Methods. International Coference on information Technology in Construction.

Santiago Chile: Universidade de Talca. 2008. p. 166 - 175.

SHIH, N. J. A Study of 2D - and 3D - oriented architectural drawing production

methods. Automation in Construction, v. 5, n. 4, p. 273-283, Outubro 1996.

Page 90: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

87

SILVA, V. G. Escola Politécnica de São Paulo. Avaliação da Sustentabilidade de

Edifícios de Escritórios Brasileiros: Diretrizes e Base Metodológica, São Paulo,

2003.

SUCCAR, B. Univertity of Newcastle, NSW. The five components of BIM

performance measurement, Australia, 2008.

TOBIN, J. Proto - Building: To BIM is to Build. AECbytes, 2008. Disponivel em:

<http://www.aecbytes.com/buildingthefuture/2008/ProtoBuilding.html>. Acesso em:

14 Novembro 2017.

TOLEDO, E. BIM bem feito. Estrutura, São Paulo, v. 3, Abril 2017.

TQS. http://www.tqs.com.br/. http: //www.tqs.com.br/, 2019. Disponivel em:

<www.tqs.com.br>. Acesso em: 17 MARÇO 2019.

UFSC-LABEEE. LABEEE - UFSC. Webprescritivo. Disponivel em:

<http://www.labeee.ufsc.br/sites/default/files/webprescritivo/index.html>. Acesso em:

27 Outubro 2018.

WONG, J. K. W.; ZHOU, J. Automation in Construction. Enhancing environmental

sustainability over building life cycles through green BIM: a review, 2015. 156 a

165.

WONG, K. D.; FAN, Q. The Hong Kong Politechnic Univerity - Facilities. Building

Information Modeling (BIM) for sustainable design, Hong Kong, 2013. V.31 138-

157.

ZIGURAT. E- ZIGURAT. Engenheiros e Arquitetos o HUB dos profissionais do

setor AECO, 2015. Disponivel em: <www.e-zigurat.com/blog/pt-br/sustentabilidade-

e-desenvolvimento-sustentavel-da-construcao/>. Acesso em: 24 Outubro 2018.

Page 91: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

88

ANEXOS – PRANCHAS BID

Page 92: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

89

Page 93: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

90

Page 94: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

91

Page 95: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

92

Page 96: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

93

Page 97: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

94

Page 98: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

95

Page 99: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

96

Page 100: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

97

Page 101: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

98

Page 102: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

99

Page 103: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

100

Page 104: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

101

Page 105: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

102

Page 106: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

103

Page 107: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

104

Page 108: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

105

Page 109: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

106

Page 110: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

107

Page 111: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

108

Page 112: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

109

Page 113: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

110

Page 114: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

111

Page 115: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

112

Page 116: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

113

Page 117: UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU USJT PROGRAMA DE PÓS ... · Figura 4 - Carta solar de Manaus Fonte - relatório BID..... 622 Figura 5 ± O Retangulo, área ... Figura 14 ± Modelo

114

Figura 15: BID resultado final

Fonte – Relatório BID