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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA ATUAÇÃO EM EQUIPES MULTIDISCIPLINARES NA ÁREA DA SAÚDE TALITHA BONINI FERREIRA SÃO PAULO 2017

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA ATUAÇÃO

EM EQUIPES MULTIDISCIPLINARES NA ÁREA DA SAÚDE

TALITHA BONINI FERREIRA

SÃO PAULO

2017

UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

MESTRADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA ATUAÇÃO

EM EQUIPES MULTIDISCIPLINARES NA ÁREA DA SAÚDE

TALITHA BONINI FERREIRA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Stricto Sensu em Educação Física da

Universidade São Judas Tadeu como requisito parcial

para a obtenção do Título de Mestre. Orientadora:

Prof.ª. Drª. Maria Luiza de Jesus Miranda.

SÃO PAULO

2017

Ferreira, Talitha Bonini

F383f A formação do profissional de educação física para atuação em equipes

multidisciplinares na área da saúde / Talitha Bonini Ferreira. - São Paulo,

2017.

60 f. : il. ; 30 cm.

Orientadora: Maria Luiza de Jesus Miranda.

Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo,

2017.

1. Educação física. 2. Formação profissional. 3. Saúde. I. Miranda, Luiza

de Jesus. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação

Stricto Sensu em Educação Física. III. Título

CDD 22 – 796.01922

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca

da Universidade São Judas Tadeu Bibliotecária: Cláudia Silva Salviano Moreira - CRB 8/9237

SUMÁRIO

RESUMO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 07

2. REVISÃO DE LITERATURA....................................................................... 12

2.1 O que é Profissão............................................................................................. 12

2.2 A Formação do Profissional de Educação Física para o campo da

saúde.................................................................................................................

15

2.3 Equipes Multiprofissionais............................................................................... 21

3. MÉTODO ........................................................................................................ 28

3.1 Análise da entrevista......................................................................................... 29

3.2 Resultados e Discussão.................................................................................... 30

3.2.1 Categoria: Formação para Saúde...................................................................... 31

3.2.2 Categoria:Atuação............................................................................................ 38

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 44

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 49

APÊNDICE 1............................................................................................................... 54

APÊNDICE 2............................................................................................................... 56

ANEXO1...................................................................................................................... 57

LISTA DE QUADROS

Quadro nº Página

1. Categorização dos códigos relacionados à Formação

para Saúde. 31

2. Categorização dos códigos relacionados à Atuação

profissional

38

RESUMO

O objetivo desse trabalho foi discutir, do ponto de vista de professores especialistas no

tema, a formação dos Profissionais de Educação Física (PEF) para atuar em equipe

multidisciplinar em Saúde, . Este estudo tem caráter qualitativo, do tipo descritivo

exploratório. Foram realizadas entrevistas com quatro docentes vinculados à área de Saúde

de cursos de graduação em Educação Física. Para analisar as respostas dos docentes, as

entrevistas foram transcritas e codificadas. Os códigos foram agrupados por semelhança e

originaram duas categorias, “formação para saúde” e “atuação”, bem como subcategorias.

Esse método auxiliou a análise e interpretação das respostas, sendo possível verificar que,

na visão dos docentes, houve um avanço no discurso da saúde pública na Educação Física,

porém não o suficiente.. Ainda há um distanciamento entre a demanda do mercado de

trabalho e o que é ensinado na graduação. Para os docentes entrevistados, seria interessante

que fosse repensado o conteúdo que de fato é necessário haver nos currículos da graduação

em EF, com mais possibilidades e/ou opções para os graduandos seguirem carreira. A

demanda do mercado de trabalho, com o currículo mínimo e todas as possibilidades de

atuação, seria bem mais atrativo. Outro fator importante citado é a escassez de estudos da

educação física voltados para o âmbito da saúde, pois se houvesse mais estudos poderia

auxiliar de forma mais abrangente na atuação dos profissionais no trabalho multidisciplinar,

seriam propostas melhores formas de avaliação e os PEF teriam mais conteúdo sobre o

assunto.

Palavras-chave: educação física, formação profissional, saúde, equipes multidisciplinares.

ABSTRACT

The objective of the Project was to discuss the upbringing of Physical Education

professionals (PEF) to act in a multidisciplinary team in health, from the point of view of

teachers and professionals of this area. This research is qualitative, exploratory and

descriptive. Interviews with four teachers linked to the health area of Physical Education

undergraduate course were conducted. To analyze the teachers’ answers, the interviews

were transcribed and coded. The codes were grouped by similarity and generated two

categories, “training for health” and “practice”, as well as subcategories. This method

helped the analysis and the interpretation of the answers. Through then, it was possible to

verify that, according to the teachers´ view, there was a progress on the public health

discourse at Physical Education, however it is not enough. There is still a distance between

the demands of the labor market and what is taught at the undergraduation course . For

teachers, the fact that the Physical Education undergraduation course curricula are not

standardized and do not have a higher internship supply in multidisciplinary team, hamper

the PEF training for this market, even with the student’s engagedness in this field of

knowledge. Another important fact mentioned is the small number of studies of Physical

Education aimed to the health area, because if there were more studies it could help in an

extensive way on co-operation of professionals at multidisciplinary work, there would be

better proposals of assessment and the PEF would have more content about the subject.

Keywords: physical education, professional training, health, multidisciplinary

teams.

7

1. INTRODUÇÃO

O interesse pela área da pesquisa ocorreu quando estava no segundo ano da

graduação em Educação Física, em que iniciei um projeto de pesquisa para o Regime de

Iniciação Científica (RIC), da Universidade São Judas Tadeu, no qual procurei verificar

questionamentos pessoais voltados para a Promoção da Saúde. Conforme fui pesquisando

sobre o profissional de Educação Física inserido na Promoção da Saúde e terminando meu

projeto de Iniciação Científica, encontrei outros questionamentos na mesma linha de

pesquisa. Foi quando desenvolvi, juntamente com a colega Mariana Dantas Cipolotti, o

Trabalho de Conclusão de Curso com o tema sobre a inserção dos profissionais de

Educação Física no NASF (Núcleo de Apoio à Saúde da Família), que é um assunto pouco

estudado e falado. No mestrado, continuei a pesquisar no âmbito da Saúde, buscando

ampliar a discussão sobre a formação e atuação do profissional de Educação Física (PEF)

em equipes multidisciplinares na saúde, o que foi tema dessa dissertação.

No Brasil, no início dos anos 90, já havia uma experiência na criação de serviços

voltados para a Atenção Básica em Saúde e foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS),

considerado um importante avanço para a saúde pública (SOUSA; LOCH, 2011). Também

foi criado o Programa de Saúde da Família que, posteriormente, em 1994, foi denominado

Estratégia de Saúde da Família (ESF), fortalecendo as ações do SUS ao reorganizar a

assistência e a municipalização dos serviços da saúde, atribuindo à Atenção Primária à

Saúde (APS) um papel nessa organização do sistema de saúde.

A APS é definida como uma atenção essencial à saúde e está baseada em

pesquisas, métodos acessíveis e todos os recursos necessários, para que se possa cuidar da

saúde e em todos os estágios envolvidos (CACCIA-BRAVA, MATTOS e ROCHA, 2013).

Em 1994, houve uma crise do modelo assistencial, por conta de altos custos e pouco

retorno. Com isso, é implantada a ESF, criando laços de compromisso e

corresponsabilidade entre profissionais de saúde e a população e, dessa forma, o objeto de

atenção passa a ser o núcleo familiar.

Com importante ampliação da ESF, em 2008 foi criado o Núcleo de Apoio à Saúde

da Família (NASF), incorporando profissões que até então não estavam inseridas nas

Unidades Básicas de Saúde (UBS). O NASF surge com a finalidade de aumentar as ações

da ESF através de sua atuação integrada com as equipes de saúde e todas as redes de

8

serviços, propondo estratégias de promoção e prevenção da saúde, sendo a prática de

atividade física uma das ações importantes nesse processo. Com isso, o PEF tem o seu

papel a desempenhar nesse âmbito (SOUSA; LOCH, 2011).

Quando questionada sobre o que é saúde, certamente cada pessoa tem um

pensamento e uma resposta diferente, o mais comum é relacionarem-na apenas com

ausência de patologias. Quando começamos a procurar conceituações de saúde,

descobrimos que não é algo que se possa delimitar com especificidade, ou seja, não há uma

conceituação exata e, dessa maneira, podem ser encontradas diferentes definições.

Em 1949 a Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou a saúde como sendo

um completo bem-estar físico, mental e social, não consistindo apenas em ausência de

enfermidades, em que o eixo se desloca para o bem estar dos indivíduos e sociedade

(ALMEIDA FILHO & PAIM, 2013). Definição essa também utilizada por Farinatti e

Ferreira (2006) e Czeresnia (2003).

Como existem várias conceituações sobre a saúde e é uma discussão extensa,

adotamos apenas a conceituação da OMS que outros autores corroboram.

Sabendo que vários fatores influenciam a saúde, o que se poderia fazer para

minimizar os riscos de uma doença seria a conscientização da sociedade no que diz respeito

aos aspectos que envolvem a saúde do ser humano. Sendo assim, é fundamental que os

indivíduos e os profissionais da saúde saibam o que é a prevenção de doenças e a promoção

da saúde, para poderem realizar suas tarefas de acordo com o significado e necessidades

envolvidas nesses âmbitos.

A prevenção de doenças é conceituada como chegar antes de, preparar, uma forma

de intervenção orientada em que se evita o aparecimento de doenças, em que se pode

reduzir incidências e prevalências na população (FERREIRA, 1986).

Já a promoção da saúde tem um significado mais amplo, havendo uma abrangente

definição que envolve uma escolha e se refere às medidas que não se dirigem a

determinadas doenças ou desordens. A visão que predomina é a de orientar as pessoas para

que possam obter boas condições de bem-estar (CZERESNIA, 2003).

A partir das conceituações podemos perceber uma similaridade e interligação entre

elas. Desse modo identifica-se que há vários fatores influenciando a saúde e que podem

estar relacionados com a condição de vida das pessoas, tais como: o local de moradia, o que

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consomem, onde trabalham, com quem convivem, entre outras coisas. Esses fatores são

determinantes para a saúde dos indivíduos, influenciando de forma positiva ou negativa.

Sabendo disso, há uma necessidade de, no mínimo, uma conscientização da sociedade

sobre os aspectos envolvidos na saúde do ser humano e ações de prevenção de doenças e

promoção da saúde. Para que isso ocorra, é importante que os profissionais envolvidos

nessa tarefa saibam o seu significado, para que possam agir nas ocasiões necessárias.

Com base nessas informações, entramos na discussão sobre quais profissionais

estão envolvidos nessa área e que possam dar suas contribuições para que esses pontos

importantes na saúde sejam observados. Dentre os diversos profissionais envolvidos e

influentes na saúde, o PEF é um dos que se destacam na discussão, pois esse profissional

foi efetivamente inserido na Atenção Básica, quando o NASF foi criado (ANDRADE et al.,

2014). Ele pode desenvolver atividades que não estão relacionadas apenas com o sentido de

prevenir enfermidades, mas também contribuir com orientações, incentivos, instruções,

apoio para as práticas saudáveis, processo de aprendizagem, monitoramento e avaliações de

desenvolvimentos, manutenção de condições de saúde, utilizando-se dos serviços de saúde

que são disponibilizados, desenvolvendo a consciência crítica da população, de modo a

fazer com que tomem suas decisões de forma individual e/ou coletiva, aprimorando o status

de saúde e melhoria do meio ambiente (FARIA JUNIOR, 1991).

Algumas pessoas podem se questionar sobre a atuação do PEF na saúde, pois o que

se popularizou sobre sua atuação envolve a orientação de atividades físicas em academias,

escolas, clubes, atendimentos individualizados, entre outros. Mas o que muitas pessoas, ou

até mesmo alguns profissionais não sabem, é que sua atuação na área da saúde é

regulamentada, pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), Resolução nº218 de 1997.

É possível perceber que, mesmo a Educação Física sendo uma profissão ligada à

saúde e havendo suporte através de regulamentação, ainda há um pouco de falta de

conhecimento dos profissionais e dos estudantes de Educação Física em relação à sua

atuação em equipes multidisciplinares na saúde.

Em termos curriculares, debates sempre ocorreram e, com a aprovação do Parecer

nº215/87, junto com a Resolução nº 03/87, foi normatizada a reestruturação dos cursos de

graduação plena em Educação Física, em que o novo atributo incluído foi um mínimo de

duração e de conteúdo. A organização de seus conteúdos passa a ser de acordo com os

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campos de conhecimentos, dessa forma havendo núcleos de disciplinas de formação geral e

de aprofundamentos. No núcleo de conhecimentos gerais, seriam consideradas áreas de

conhecimentos Filosóficos, do Ser humano e da Sociedade (conhecimento Humanísticos) e

conhecimento Técnico.

Com o descrito acima, podemos perceber que a organização curricular na Educação

Física tem um número mínimo de disciplinas obrigatórias, com benefício de um currículo

mais flexível para articular disciplinas que sejam necessárias em função da demanda da

sociedade, peculiaridades regionais, interesse e necessidades da comunidade. Essa

flexibilidade é assegurada pela nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (Lei

nº 9394/96).

Essa autonomia é preservada na atualidade, com cada IES construindo seu projeto

pedagógico, incluindo disciplinas necessárias concomitantemente com as necessidades do

mercado de trabalho e da sociedade, porém, mantendo as obrigatoriedades existentes. Isso

auxilia na diversidade do mercado de trabalho que está em constante expansão. As

Diretrizes asseguram que as IES tenham autonomia institucional; estabelecendo articulação

entre ensino, pesquisa e extensão; sendo graduação a formação inicial e oferecendo

formação continuada; com uma ética pessoal e profissional; levando o individuo a ter ações

críticas, investigativas e reconstrutivas do conhecimento; realizando uma construção e

gestão coletiva do projeto pedagógico com a abordagem interdisciplinar do conhecimento e

a indissociabilidade da teoria-prática, fazendo com que haja uma articulação entre os

conhecimentos de formação ampliada e específica (BRASIL, 2004; BRUGNEROTTO,

2008).

Cada IES tem a sua forma de organizar o curso de graduação em Educação Física,

dessa maneira, os projetos pedagógicos nem sempre são semelhantes entre si, dificultando

um pouco que os ingressantes saibam o que esperar do curso de graduação. Alguns creem

que é uniforme, mas cada IES tem uma forma de ver as necessidades e de como aproveitá-

las para encaminhar os alunos.

Provavelmente, a falta de informação do que esperar da graduação em Educação

Física, em quais âmbitos e locais o egresso pode ou não atuar, pode causar uma indecisão

para o estudante. Há desconhecimento da possível atuação no setor da saúde e/ou em

equipes multidisciplinares da saúde.

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Essa circunstância pode ser vislumbrada em um estudo realizado por Cipolotti e

Ferreira (2013), no qual foi possível perceber que, dos sujeitos entrevistados, a maior parte

não sabia da existência de equipes multidisciplinares em saúde, muito menos que o PEF

pode e deve estar inserido nessas equipes. Dessa maneira, sua inserção fica reduzida nesse

campo. Ou seja, os poucos profissionais que procuram essa área, o fazem por acaso, por

terem ouvido falar em algum lugar, isso quando não ficam sabendo na hora do processo

seletivo, que é a sua forma de entrada.

Isso é um problema, pois se os futuros profissionais, ou já graduados em Educação

Física, não possuem esse conhecimento necessário, há uma falha em algum lugar. Uma

hipótese para esse fato é a de que há uma possível falta de informações sobre o assunto na

formação acadêmica. Essa ideia foi, também, corroborada pelo estudo de Cipolotti e

Ferreira (2013), em que se percebeu uma provável falta de informação a respeito de saúde

pública, equipes multidisciplinares, entre outras, durante a graduação de alguns dos sujeitos

entrevistados. Estes alegaram que durante a graduação não tiveram informações e

discussões voltadas para o trabalho multidisciplinar na saúde..

Com isso, questiona-se se na graduação esse assunto é debatido, ou se as grades

curriculares dos cursos de Educação Física incluem disciplinas que abordam e/ou

contribuem com informações a respeito da inserção do PEF na área da saúde ou até mesmo

em equipes multidisciplinares.

Para o graduando, uma forma de conhecer um pouco sobre o curso se dá através da

grade curricular, que contém as disciplinas que compõem o currículo. Nesse caso, pode-se

ter uma ideia dos caminhos a serem seguidos na carreira profissional, as áreas em que se

pode trabalhar, entre outros.

Segundo a Resolução CNE/CES nº7 de 2004, a Educação Física tem como objetivo

em seu estudo focar no movimento humano de diferentes formas, visando à promoção,

proteção e reabilitação da saúde, além de outras funções relacionadas às práticas corporais

envolvendo diferentes atividades.

Considerando as informações supracitadas, pode-se perceber que há campo de

atuação para o PEF no setor da Saúde. Entretanto, há estudos que levantaram a

possibilidade de haver poucas informações necessárias para os PEF se inserirem ou se

12

interessarem pelas equipes multidisciplinares (FERREIRA et al., 2016; ANJOS E

DUARTE, 2009).

Analisando o contexto acima, questiona-se se a formação do PEF é construída de

maneira adequada para a atuação na área da saúde, se o conhecimento oferecido seria

suficiente para sua atuação nas equipes multidisciplinares em saúde.

O presente estudo contribuirá para a ampliação do conhecimento nesse tema,

proporcionando uma oportunidade de reflexão sobre a formação dos profissionais da

Educação Física com relação à atuação em equipes multidisciplinares na saúde, uma área

de trabalho tão importante quanto as outras que recebem os PEF.

Diante disso, o objetivo desse trabalho foi discutir a formação dos PEF para atuar

em equipe multidisciplinar em Saúde, do ponto de vista de professores especialistas no

tema.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 O que é profissão?

Com a sociedade em constante avanço, as pessoas apresentam uma tendência de se

importarem com a forma de seu sustento, dessa maneira, almejam uma profissão que se

adeque a seus objetivos, necessidades e habilidades. Por conta disso, um tópico que está

em foco, é a profissão. Mas o que é profissão?

No século XX, houve crescimento acentuado da força de trabalho, sendo que desde

1900 há uma queda dos trabalhadores agrícolas e depois crescimento e estabilização de

trabalhadores fabris e, também, crescimento na proporção de trabalhadores de vendas,

escritório e administração. Os trabalhadores fabris e especializados permaneceram

estáveis ao longo do século (FREIDSON, 1998).

Segundo Meghnagi (1999), a economia, a cultura e o fator social, estão gerando

novas profissões, em que paralelamente geram modificações em profissões já existentes,

consequentemente, novas contratações de trabalho humano estão sendo necessárias. A

opção tem sido por atividades de controle, manutenção, projeção e gestão, em que é

aberto um espaço para o processo de terceirização do trabalho.

Segundo Freire et al., (2002), no senso comum a profissão é qualquer atividade em

que há remuneração para se obter uma forma de sustento. Para Freidson (1998), não há

um consenso na literatura para se referir ou significar a palavra “profissão”, ou quais

13

ocupações engloba. As definições americanas se referem à profissão como tipo de

trabalho ou força de trabalho que as pessoas realizam para ganharem a vida, se

sustentarem.

Freire et al., (2002), apresentam em seu artigo autores que trouxeram requisitos

para caracterização de profissão, que seria uma intervenção útil com acepção social, com

avaliações e renovações das intervenções de pesquisa, uma auto-organização, ética e com

altruísmo. Não sendo considerada apenas como atividades realizadas somente para

sustento, mas que tenham caráter intelectual, que façam o profissional ter um

procedimento de avaliação e tomada de decisão. Isso diferencia profissão de ocupação.

Morford (1972) relatou, com base nas falas de outros autores, que a ocupação é

uma antítese da profissão, baseada em atividades habituais que, através de tentativas e

erros do individuo vai se modificando, sendo um passatempo, no qual a teoria e a análise

são ignoradas e os conselhos são mais relevantes que as instruções.

Após realizar uma revisão, Freidson (1998) destacou que o conhecimento é

decisivo para o profissionalismo, em que dois aspectos são necessários: o primeiro é o

conhecimento especial e o segundo, a competência especial. Essas condições são

atingidas por aqueles que estão em busca de uma preparação profissional da educação

superior e ao conhecimento absorvido que está por trás dela quando a estudamos, sendo

um pré-requisito para que se tenha uma colocação mais específica no mercado de

trabalho. Dessa forma, é evidente que não é satisfatório apenas obter o diploma, mas

sim, ter um conhecimento e uma competência específica para praticar a profissão.

O fato de se obter um diploma não significa que o indivíduo possui o conhecimento

necessário para sua atuação. O conhecimento e a organização são subsídios primordiais

para a profissão, pois dessa maneira, há uma inovação na forma de se intervir na área, em

que a pesquisa, a reflexão, a teorização e a capacidade de autocontrole são elementos que

permitem a caracterização de um profissional e, com isso, popiciam a realização com

sucesso das tarefas com seus clientes (FREIDSON, 1998).

Na graduação é muito importante que o aluno aprenda a verificar se os objetivos,

os conteúdos e as estratégias são adequadas e condizem com suas necessidades. Com isso

há um compromisso do graduando com a profissão, que é construído no ambiente

acadêmico juntamente com outros profissionais formados e em formação, para que

14

tenham conhecimento necessário para seguir em sua profissão e conseguir também criar

uma identidade profissional (FREIRE et al., 2002).

O conhecimento adquirido durante a formação profissional é importante, porque

está sendo construída uma base cognitiva através de fatos, informações contidas em

pesquisas e fundamentações teóricas advindas de produções acadêmicas. Essa base

cognitiva será importante, pois capacitará o indivíduo que está em formação para que, ao

se inserir no mercado de trabalho, tenha capacidades e competências adequadas para

enfrentamento de situações, tomadas de decisões e atitudes condizentes para o que for

preciso em sua atuação na profissão.

Segundo Meghnagi (1999), uma atividade ou profissão não são suficientes para

darem conta de um trabalho, se a autonomia não for considerada. A competência é um

misto de habilidades técnicas, conhecimentos de caráter geral, capacidades especificas,

tarefas que de modo geral que não são predefinidas e nem captadas através de uma

classificação profissional, dificilmente será adquirida somente sob processos

educacionais. Por conta disso, o estudo sobre a competência é algo que parece impossível

se não for categorizado, pois assim desenvolve-se uma capacidade de descrição e não de

prescrição em relação aos fenômenos de variáveis sociológicas e psicológicas de

determinadas atividades. Dessa maneira, para que o profissional exerça seu papel de

forma correta, são necessárias algumas dimensões e não somente a base cognitiva, como

já citada antes. Essas três dimensões são: a expertise, o credencialismo e a autonomia.

O profissional especialista não possui apenas a característica de ganhar a vida com

seu trabalho, mas sim, de ter uma competência superior, uma expertise para realização de

um trabalho profissional. Algumas tarefas podem ser executadas por praticamente todo

mundo, pelo fato de que basicamente todas as pessoas possuem uma competência

convencional, como por exemplo, abrir uma porta, acender uma luz. Existem também

tarefas que só podem ser realizadas a posteriori de um treinamento, experiência ou ambos e

quem os realiza são os verdadeiros especialistas, com competência e conhecimentos

necessários, dessa forma, dando o verdadeiro significado para a expertise (FREIDSON,

1998).

Diante do explicitado, é necessário que a expertise seja institucionalizada de

alguma forma. Em uma sociedade mais complexa, é preciso que haja uma comprovação das

15

especialidades necessárias sem precisar de testemunhos, testes entre outros. É necessário

que o indivíduo tenha um comprovante de sua especialidade. Com isso, não podemos

separar a expertise do credencialismo. Existem muitos saberes que são necessários e nem

todos conseguem ser especialistas, dessa forma o credencialismo é uma alternativa que

demonstra uma organização, na qual os sistemas de treinamento são estruturados, apesar de

não atestarem o desempenho do indivíduo, pode ser usado como fator excludente em uma

vaga de emprego. O conhecimento e a competência envolvidos nisso, acarreta na não

autorização de leigos interferirem no trabalho mais específico, em que esse credenciado

tem o saber necessário, do que deve ou não ser feito, com as especialidades nele

compreendidas havendo a autonomia para tomada de decisões necessárias (FREIDSON,

1998).

A profissão não é apenas uma atividade que o indivíduo realiza na sociedade para

se sustentar, é algo em que se especializa, em que compreende as necessidades do trabalho

que está sendo feito, utilizando-se das três dimensões já citadas. Levando em consideração

a especificidade de cada profissão, de cada atividade realizada, se faz necessário aproximar

a questão da profissão, para a formação específica no campo da saúde e do profissional de

Educação Física envolvido nela.

2.2 A Formação do profissional de Educação Física para o campo da Saúde

O termo Educação Física é utilizado para significar uma disciplina curricular,

profissão/ curso que prepara o indivíduo para a profissão e área de conhecimento.

Segundo Souza Neto et al., (2004), o período de 1824 e 1931 foi marcado pelo

desenvolvimento de exercícios físicos entre os colonos alemães, em que a prática desses

exercícios estava relacionada com a preparação física, defesa pessoal, esportes ligados ao

âmbito militar. As primeiras tentativas de formação profissional de forma sistematizada

surgiram nesse período.

A partir da década de 1930, correspondente à Era Vargas, inicia-se uma discussão

sobre a formação profissional em Educação Física. A partir deste período ocorreram

algumas conquistas para a formação mais concisa na área da Educação Física, sendo que,

em 1931, é criado o primeiro curso de Educação Física da Escola de Educação Física do

16

Estado de São Paulo, mas que só entrou em funcionamento em 1943. A formação era

dividida em Institutos de ginásticas e o Professor de Educação Física, havendo um núcleo

de disciplinas básicas e específicas em função da área de atuação profissional pretendida

(SOUZA NETO et al., 2004).

Outro acontecimento importante foi a Constituição de 1937, que tornou a Educação

Física disciplina obrigatória nas escolas primárias, normais e secundárias (SOUZA NETO

et al., 2004; FERREIRA et al., 2013). Com essa obrigatoriedade da Educação Física nas

escolas, surgem outras pesquisas relacionadas à profissão, como por exemplo, que haja um

currículo mínimo e um núcleo de disciplinas que venha garantir a formação cultural e

profissional adequada.

Em 1939, com o decreto-lei n.1212 acontece a criação da Escola Nacional de

Educação Física e Desportos, em que diretrizes para a formação profissional são

estabelecidas. Desse modo, são organizados processos para as regulamentações que irão

contribuir para o campo da Educação Física para leigos e não leigos. A partir de 1941, para

o professor de Educação Física exercer sua função nos estabelecimentos oficiais de ensino

superior, começou a ser obrigatória a apresentação do diploma de licenciado.

Em 1945, o decreto-lei n.8270 é criado, modificando aspectos do decreto-lei

n.1212, configurando os cursos de forma mais própria. Nessa fase, o curso de Educação

Física reestrutura o que precisa ser estudado (SOUZA NETO et al., 2004). Se comparado o

decreto-lei n.8270 com os dias atuais, pode-se perceber que os cursos de antigamente são

como cursos de especializações nos dias de hoje.

No período de 1945 a 1968, a formação do professor de Educação Física ganha

uma atenção maior, o que se pode perceber na LDB (Lei de Diretrizes e Bases), que passou

a exigir um currículo mínimo, havendo um núcleo de matérias que garantisse a formação

cultural e profissional adequada. Foi exigido que um percentual de um oitavo da carga

horária do curso fosse para a formação pedagógica, fortalecendo assim a formação do

professor (SOUZA NETO et al., 2004).

Em 1968 é realizada uma Reforma Universitária que propõe um modelo de

Universidade científica, que possuí um foco para a pesquisa, e de pós-graduação. Com isso

é recomendado um novo currículo. Argumentos foram apresentados para fundamentar a

necessidade de (re) pensar os cursos de licenciatura, em função de novas demandas do

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mercado de trabalho. Foi visto que cursos que eram paralelos aos de professores de

Educação Física e técnicos desportivos, na prática não estavam atendendo de forma eficaz,

com isso acabava sendo permitido que ex-atletas ocupassem lugar dos professores que

possuíam conhecimento de nível superior (SOUZA NETO et al., 2004).

Segundo Ferreira et al. (2013), na década de 1980, após muitos debates na área,

ocorreu a promulgação do parecer CFE n.215/87 e da Resolução 03/87. Nesses documentos

há uma padronização para a formação em Educação Física, criando-se o Bacharelado, há o

reconhecimento de uma nova estrutura curricular com distribuição em duas grandes áreas, a

formação geral (humanística e tecnicista) e o aprofundamento de conhecimentos. Acaba

havendo um aumento na carga horária de 1.800 horas para 2.880 e a duração de quatro

anos, tanto para o Bacharelado quanto para a Licenciatura. Contudo, após a promulgação da

resolução, foram geradas mais discussões.

Em 1996, Lei de Diretrizes de Base (LDB) é promulgada, estabelecendo assim as

leis e as diretrizes que são bases para o curso e em 1998, a Educação Física passa de

ocupação para profissão, sendo criados os Conselhos Federais e os Conselhos regionais

(FERREIRA et al., 2013 ; SOUZA NETO et al., 2004).

Com a Resolução 7/2004, que constitui as Diretrizes Curriculares Nacionais

(DCN), se estabelecem orientações para o curso de graduação em Educação Física, como:

princípios, condições e procedimentos para os futuros profissionais de Educação Física,

pois o objeto de estudo está relacionado ao movimento humano, sendo aplicado de

diferentes formas e em diversos ambientes. Na formação devemos ter um olhar generalista,

humanista, sempre fundamentado na ciência, porém com uma conduta ética. Devemos ter

também um olhar crítico para a sociedade e suas necessidades e atitudes em relação à

saúde. A resolução supracitada nos traz princípios em que o projeto pedagógico dos cursos

de Educação Física das Instituições de Ensino Superior (IES) deve estar pautado. Com isso,

alguns cursos de Educação Física no Brasil são reformulados para, assim, atenderem à

demanda necessária (FERREIRA et al., 2013; BENITES et al. 2008).

Na formação do profissional o estágio é algo muito importante, sendo uma etapa na

qual o graduando tem a possibilidade de estar próximo à realidade de sua profissão, de

adquirir uma experiência que apenas com as aulas não seria possível. A Resolução 7/2004,

as DCN, estabelece que o graduando cumpra quatrocentas horas de estágio curricular

18

supervisionado por um profissional habilitado e qualificado, a partir da segunda metade do

curso, devendo ser vivenciado em diferentes contextos. É muito comum que os estudantes

cumpram esse estágio obrigatório supervisionado em clubes esportivos, academias, escolas,

poucos são os que conseguem fazê-lo no setor da saúde pública, uma UBS ou uma

residência em saúde. Sabe-se que para o setor da saúde, nas equipes multidisciplinares,

seria muito importante a participação do futuro profissional. Para que isso ocorra é

necessário existir um professor responsável supervisionando o estágio na UBS ou no

NASF, algo que acaba sendo quase inviável devido à baixa procura do PEF por esse setor.

Dessa forma, com a oficialização da profissão e do curso de Educação Física e suas

funções distintas, com a divisão em Bacharel e/ou licenciatura, com diferentes campos de

atuação, ficou estabelecido que não é permitido ao profissional licenciado atuar em equipes

multidisciplinares como o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), entre outras.

Contudo, podemos considerar que tanto o Bacharel como o Licenciado seriam beneficiados

com o conhecimento envolvido na Saúde Pública e/ou coletiva (COSTA et al.,2012).

Com a divisão da formação em Bacharelado e Licenciatura, algumas IES oferecem

as duas formações em Educação Física, enquanto outras, apenas uma. Sabe-se da

dificuldade de oferta do Bacharelado em todos os municípios e, com isso, algumas vezes

em um determinado município só existe a possibilidade da Licenciatura, o que reforçaria a

necessidade de haver discussão relacionada à saúde nesses cursos.

Em um estudo realizado por Andrade et al., (2014) foi possível perceber que em

2011 o número de cursos de Educação Física era de 1030, sendo 635 de Licenciatura e 395

de Bacharelado. Desses, 71% eram Licenciatura em IES privadas. Em estudo realizado por

Santos e Benedetti (2012), observou-se que os PEF atuando em NASF tinham sido

graduados em instituições privadas, cerca de 55,1%, sendo que a maior parte era da região

Sudeste. Esses estudos demonstram alguns aspectos complementares que reforçam o

argumento acima.

A educação e a saúde são saberes destinados ao desenvolvimento humano, em que

há uma interligação que se refere ao nível de atenção à saúde, que estão relacionados à

obtenção de conhecimento pelos profissionais de saúde de forma contínua. Esses

profissionais se utilizam de um ciclo de ensinar e de aprender. As atividades em questão

são para o desenvolvimento de capacidades coletivas e/ou individuais, em que a evolução

19

da qualidade de vida e saúde é vista como as atividades de educação permanente

(PEREIRA; LAGES, 2003).

Segundo Chiesa et al., (2007), as DCN afirmam a necessidade e o dever que as IES

têm de formar profissionais de saúde com o foco de atividades no SUS, havendo a

exigência de adequar a formação para as necessidades de saúde da população. Essa

preocupação com a formação é muito importante para o avanço dos profissionais da saúde,

porém de uma forma geral, a formação inicial em saúde não prepara completamente o

profissional para atuar no campo da promoção da saúde, ou no SUS. Por conta do enfoque

predominantemente ainda ser biologicista, centrado no campo médico e descentralizado das

práticas em saúde, para se conseguir uma formação profissional aproximada na saúde, será

necessário que o paradigma conteudista seja superado, que as ações da educação estejam

pautadas no desenvolvimento humano, em que existe a transformação da realidade, sendo

integrantes dos direitos fundamentais das pessoas (PEREIRA; LASGES, 2003).

Há um desafio a ser superado, o de formar generalistas, em que há uma

necessidade de ampliar as questões de saúde-doença, ser humano e sociedade e educação,

práticas em saúde, questões essas mais centralizadas em processos do trabalho em saúde.

Um processo de formação que disponha não apenas as destrezas técnicas, mas

desenvolva questões de suas potencialidades que estejam ao redor do profissional em

questões mais objetivas e técnicas e de seu meio social também, formando assim um

profissional que esteja estimulado a trabalhar a partir dos eixos da promoção da saúde e não

apenas pelo pensamento biologicista (CHIESA et al., 2007; PEREIRA, LAGES, 2003).

Para que esse profissional consiga trabalhar de forma voltada mais para a

promoção da saúde, é necessário que sua metodologia esteja envolvida com os sujeitos que

estão no processo-aprendizagem, que sejam aplicadas situações reais para que haja uma

contribuição de sua atuação mais concisa, crítica e participativa desse futuro profissional,

voltada para intervenção, em que estimulam sua participação com a população (CHIESA,

2007).

Seguindo esse pensamento, em que a promoção da saúde pode possibilitar que, de

forma individual e/ou coletiva, se aumente o controle dos determinantes (saúde, emprego,

renda, educação, cultura, lazer, hábitos de vida, entre outros), a intervenção de um

profissional da saúde é efetivo. Nesse contexto é de responsabilidade do Estado reduzir as

20

diferenças e assegurar igualdade de promover oportunidades para que todos os indivíduos

desenvolvam um melhor controle sobre o viver, adoecer e morrer.

Segundo Haddad et al., (2009), na política recente de saúde, vêm sendo

introduzidas modalidades diferenciadas de prestações de serviços, sendo assim implantados

novos modelos de assistências. Temos como exemplo o que está representado pela

Estratégia da Saúde da Família (ESF), que representa uma importante extensão de mercado

de trabalho, em que é necessário profissional capacitado para trabalhar em equipes desse

tipo, equipes multiprofissionais.

Quando os alunos iniciam a graduação em Educação Física, é muito comum que

se interessem e foquem na inserção em clubes, academias, na Educação Física escolar, pois

foram as experiências que ao longo do tempo mais tiveram contato e, possivelmente

experiências positivas, o que auxilia no interesse em trabalhar nesses setores. Já no âmbito

da saúde pública, a experiência pode não ter sido positiva e nem ao menos sabem do

trabalho do PEF na Atenção Básica, dificultando seu interesse em trabalho multidisciplinar

na Saúde pública. No Brasil, a Saúde Pública preconiza desafios para que haja um

direcionamento na formação dos profissionais no setor da Saúde. Dessa forma, não é um

desafio somente para a Educação Física, mas sim para todas as áreas da Saúde (ANDRADE

et al., 2014).

Diante do exposto acima, vemos o quanto é importante um profissional qualificado

para atuar de forma individual e/ou coletiva na sociedade. Vemos a necessidade de tratar da

promoção da saúde em um contexto amplo, verificando as situações diversas e

contextualizadas e, não apenas de forma biologicista e, sim, como um todo. O quanto é

importante a graduação abordar esses assuntos com os seus alunos e futuros profissionais,

para notarem a importância de sua atuação futura na saúde através do SUS. Há vários

setores em Saúde em que o PEF pode se inserir: esse profissional pode atuar em empresas

(planos de saúde ou empresas com programas de qualidade de vida, em que se preocupam

com o bem-estar dos funcionários), escolas, hospitais, equipes multidisciplinares e no SUS.

O foco da discussão nessa dissertação é a equipe multidisciplinar no setor da saúde no SUS.

21

2.3 Equipes Multiprofissionais

A discussão sobre a saúde não é recente e o tema tem sido muito debatido em

várias conferências voltadas para esse âmbito, constituindo discussões sobre o tema e suas

necessidades. Em 1990 foi criado o Sistema Único de Saúde (SUS), que é um grande

progresso na questão de saúde pública e visa um atendimento universal, para todos,

incluindo tratamentos de doenças de forma gratuita, preocupando-se, também, com

questões de promoção, prevenção da saúde e reabilitação (SOUZA E LOCH, 2011).

Segundo Ibañez e Albuquerque (2013), o SUS é definido pela Lei 8088 (Lei

Orgânica da Saúde), em que as ações e os serviços oferecidos são de órgãos públicos,

federais, estaduais e municipais, sendo dessa forma administrados por fundações de poder

público. Porém, se seus serviços forem escassos, pode haver uma cobertura assistencial

através de atendimento privado. Isso ocorrerá de forma complementar e se o

estabelecimento obtiver um contrato e ou convênio, de forma que serão analisadas as

normas, princípios éticos, regulamentações para as condições de funcionamento para com o

SUS.

Portanto, pode se observar que o SUS não se compõe apenas de serviços públicos,

mas também um trabalho conjunto de órgãos privados. Esse sistema assume e aplica os

princípios da universalidade, sendo um ideário a ser alcançado, com ações e serviços de

forma ampliada e que derruba as barreiras, tornando-o mais acessível para toda a

população. Dessa forma, o princípio da igualdade também entra em questão, em que há

uma necessidade de possibilidades de tratamentos de formas igualitárias, sem haver

distinções, pois todos têm direito ao bem-estar. Já a integralidade vem com ações com foco

na promoção de saúde e prevenção dos riscos. Ou seja, é uma característica de atenção

integral. Dispondo assim de serviços capacitados e necessários para a promoção da saúde

(TEIXEIRA et al., 2014).

O art. 4º da Lei Orgânica da Saúde (LOS) articula que o SUS tem suas ações e

serviços prestados por “órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da

administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público”, sendo que a

iniciativa privada também pode participar do SUS de forma complementar. Essas ações e

serviços devem ser organizados de forma regionalizada e hierarquizada em seus níveis de

22

complexidade (LOS, ART. 8º, 1990), sendo exercida pelo Ministério da Saúde, Secretaria

de Saúde dos Estados e Distrito Federal e Secretaria de Saúde dos Municípios (LOS, ART.

9º, 1990). O SUS apresenta três formas de assistência: a Atenção Primária, a Atenção

Secundária e a Atenção Terciária. A Atenção Primária, ou Atenção Básica, é a porta de

entrada do SUS e o centro de comunicação com toda a rede de saúde, caracterizando-se por

ações de saúde, de forma individual e coletiva, abrangendo a promoção e a proteção da

saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012). A Atenção Secundária, ou de Média

Complexidade, “compreende serviços médicos especializados, de apoio diagnóstico e

terapêutico e atendimento de urgência e emergência” (ERDMANN et al., 2013, pág. 3). Já

a Atenção Terciária, ou de Alta Complexidade, apresenta serviços ambulatoriais e

hospitalares especializados de alta complexidade e custo, garantindo acesso a exames e

serviços de maior complexidade, por exemplo, terapia renal e quimioterapia (FEITOSA,

2012).

O SUS é uma iniciativa governamental que mudou todos os parâmetros

relacionados à saúde pública, trocando a reabilitação pelo trabalho fundamentado na

integralidade da população (FLORINDO, 2009), sendo “uma das principais conquistas da

sociedade brasileira” (SANTOS, 2012, pág. 31).

Em 1994 ocorre a implantação do programa de Saúde da Família, que atualmente é

conhecido por Estratégia de Saúde da Família (ESF). Um programa criado para fortalecer

as ações do SUS, com o objetivo de reorganização da assistência da saúde (SOUZA E

LOCH, 2011). Com isso, muda-se o foco de intervenção, tornando-se uma política pública

interpessoal e não mais intrapessoal, abrangendo a família como “uma unidade de

intervenção” (NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010, pág. 2). A ESF é um modelo

assistencial da Atenção Básica que desenvolve um trabalho com equipes multiprofissionais

no setor da saúde, que realizam ações de saúde a partir do conhecimento da realidade e

necessidade dos locais da população. Esse modelo busca a aproximação da unidade de

saúde com as famílias, promovendo um acesso aos serviços, possibilitando vínculos entre a

equipe e a população que se utiliza dessas equipes, causando maior impacto na situação da

saúde local (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2013).

Essas equipes são capacitadas para fazer buscas nas comunidades, visitas em

domicílio ou atendimentos nos próprios ambulatórios com casos diagnosticados, fornecer

23

remédios (ALVES, 2005). Cada equipe é composta por, no mínimo, um médico generalista,

um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde. Quando a

ESF é ampliada conta-se com um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico

em higiene dental. O limite aconselhado de cuidado para cada equipe é de 1.500 famílias ou

4.500 pessoas, sendo 3.000 a média recomendada. É aconselhado que o número de pessoas

atendidas por equipe considere o grau de vulnerabilidade das famílias envolvidas. Quanto

maior o grau de vulnerabilidade, menor será o número de pessoas cuidadas por equipe

(ANJOS e DUARTE, 2009; BRASIL 2012).

Em 2008 é criado o Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), composto por

diversos profissionais da saúde, formando assim uma equipe multiprofissional. O NASF foi

criado para ampliar o trabalho da ESF por meio de sua atuação integrada com as equipes

multiprofissionais de toda a rede de serviços a partir da Atenção Básica. Segundo a portaria

154/08 do MS, foi necessário elaborar um projeto no qual fossem desenvolvidas ações por

uma equipe multidisciplinar, para que houvesse uma adesão e implementação dos Núcleos,

ocorrendo assim uma potencialização da rede de serviços em saúde (FLORINDO, 2009;

SAMPAIO et al., 2012).

O NASF propõe estratégias de promoção e prevenção da saúde, sendo a prática de

atividade física uma das ações importantes nesse processo e, com isso, o profissional de

educação física tem um papel a desempenhar nesse âmbito (SOUSA; LOCH, 2011).

O NASF é um trabalho em que um dos parâmetros de funcionamento é baseado no

apoio matricial, em que se “objetiva assegurar retaguarda especializada a equipes e

profissionais encarregados da atenção a problemas de saúde... Depende da construção

compartilhada de diretrizes clínicas e sanitárias entre os componentes de uma equipe... que

oferecem apoio matricial” (CAMPOS; DOMITTI, 2007, pág. 1). Pode-se perceber que o

apoio matricial é realizado por diferentes profissionais de diversas áreas e saberes, que

dessa maneira formam uma equipe multiprofissional, que atua em conjunto a partir do

mesmo objetivo. Essa atuação do NASF é realizada em parceria com os profissionais da

ESF e a Secretaria de Saúde dos Municípios e do Distrito Federal é quem cuida da parte

administrativa e de gestão do NASF.

Foi determinado pelo artigo 3º da Portaria 154/08 do MS, que o NASF fosse

dividido em duas modalidades, NASF 1 e NASF 2, esse último, só poderia ser implantado

24

em municípios com densidade populacional abaixo de 10 habitantes por quilômetro

quadrado de acordo com os dados obtidos do IBGE, de 2007 (BRASIL, 2008).

O Ministério da Saúde, em 2010, criou através da portaria nº 2843, o NASF 3, em

que seu principal objetivo é a a “atenção integral para usuários de crack, álcool e outras

drogas... para Municípios com porte populacional menor que 20.000 habitantes” (BRASIL,

2010).

Segundo a Portaria 154, o NASF 1 é composto por, no mínimo, cinco profissionais

de nível superior e de ocupações não-coincidentes: Médico Acupunturista, Assistente

Social, Profissional da Educação Física, Farmacêutico, Fisioterapeuta, Fonoaudiólogo,

Médico Ginecologista, Médico Homeopata, Nutricionista, Médico Pediatra, Psicólogo,

Médico Psiquiatra e Terapeuta Ocupacional. Já o NASF 2 é composto por, no mínimo, três

profissionais de nível superior de ocupações não-coincidentes: Assistente Social,

Profissional da Educação Física, Farmacêutico, Fisioterapeuta, Fonoaudiólogo,

Nutricionista, Psicólogo e Terapeuta Ocupacional. Nota-se que no NASF 2 não há a

inserção de médicos. A Portaria 154/08 não justifica a não inserção dessa classe trabalhista.

O NASF 3 tem a possibilidade de ter em seu quadro de profissionais os mesmos sugeridos

para o NASF 1 e 2, estando incluso então, o PEF (BRASIL, 2010).

O NASF, assim como toda equipe de trabalho apresenta uma regulamentação de

horário de serviço prestado. A carga horária para os integrantes do NASF 1 deve ser de, no

mínimo, 20 horas, e no máximo, 80 horas semanais. Os integrantes do NASF 2 e 3 devem

cumprir uma carga horária mínima de 20 horas e máxima de 40 horas semanais. Para os

profissionais médicos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais essa carga horária pode ser

dividida por dois profissionais registrados da mesma área.

Os incisos II e IV do artigo 3º da Portaria nº 3124/GM do MS de 28 de dezembro

de 2012, trazem a forma de vinculação das equipes NASF 1 e 2, tendo assim os

profissionais do NASF 1 realizando suas atividades vinculados a, no mínimo, cinco equipes

de Saúde da Família e no máximo nove, com uma ressalva para os NASF que atuam com

menos de 100.000 habitantes na Região Norte do país: atuar com no mínimo quatro equipes

de Saúde da Família. Os profissionais do NASF 2 devem atuar em conjunto com, no

mínimo três e, no máximo, quatro equipes de Saúde da Família. A Portaria nº 2843/GM do

25

MS, de 20 de setembro de 2010, traz em seu terceiro item do anexo que o número mínimo

de vinculação seja quatro e, o máximo, sete equipes da Saúde da Família (BRASIL 2010;

BRASIL 2012).

Por ser uma equipe multidisciplinar no setor da saúde, que realiza várias ações

voltadas à população, existem ações de responsabilidade geral que devem ser tomadas por

todos os profissionais do NASF e da ESF e as ações específicas para cada área de

intervenção (BRASIL, 2008), no caso deste trabalho, a área da Educação Física. No mesmo

documento anteriormente citado encontram-se de forma mais específica as ações que

devem ser tomadas pelo profissional de educação física.

De acordo com a portaria nº 154/ GM, os profissionais do NASF têm ações de

responsabilidade geral que, juntamente com os profissionais da ESF, realizam ações de

identificação das comunidades para decidirem quais intervenções devem realizar nessa

população. Por ser um programa com características de atenção básica, após essa pesquisa,

os profissionais atuam de forma planejada, intervindo na comunidade com atividades que

os conscientizem em relação à sua saúde, através de cartazes, atividade física, intervenção

médica, terapia entre outros.

Já as ações do PEF, estão associadas com as práticas corporais e buscam propiciar

uma melhoria na qualidade de vida da população, reduzindo os agravos para a saúde

decorrentes de doenças não transmissíveis, favorecendo assim o não uso de medicamentos

e o suporte social. Dessa forma podemos ver que o NASF tem um grande papel no

desenvolvimento de ações coletivas de promoção e prevenção de eventualidades que

possam ocorrer (BRASIL, 2008).

É importante ter diversos profissionais envolvidos nessas equipes mas, em um

estudo do tipo documental realizado por Almeida e Jesus (2011) que relata a inserção do

PEF no NASF do Rio de Janeiro, verificou-se que de 46 equipes analisadas, apenas 12

optaram por ter o PEF compondo sua equipe. Dentre os profissionais que mais são

incluídos estão fisioterapeutas e nutricionistas, demonstrando que a função principal do

NASF é a reabilitação e não a prevenção, como dito no documento norteador. No próprio

26

estudo os autores ressaltam a importância de implantação de disciplinas sobre saúde

coletiva e pública nos cursos de Educação Física.

No estudo mais amplo realizado por Santos e Benedetti (2012), em que o objetivo

foi caracterizar a implantação do NASF e analisar a inserção do PEF no Brasil, as variáveis

analisadas foram a população coberta pela SF (Saúde de Família), número de profissionais,

equipes de SF e do NASF, selecionadas em 2010. Nessa data havia 1.377 equipes do NASF

credenciadas em todo Brasil, foi possível notar que a implantação não ocorreu na maior

parte dos municípios. No município de São Paulo, foram credenciados 51 equipes do NASF

até janeiro de 2011. A região Sudeste foi a que obteve mais equipes implantadas, sendo

assim, a expansão do NASF está abaixo do seu potencial. Foi possível perceber no estudo,

que de todas as profissões do NASF, há cinco mais recrutadas, sendo elas: Fisioterapia,

Nutrição, Psicologia, Serviço Social e Educação Física, sendo que a Educação Física é a

quinta mais recrutada, o que é um avanço para a área e está inserida em 49,2% das equipes

do NASF. As autoras compreenderam que há uma necessidade de uma consolidação do

NASF e a integração do PEF na rede de assistência em saúde.

Bonfim, Costa e Monteiro (2012), realizaram um levantamento bibliográfico, que

envolveu a descrição de atividades realizadas por grupos de Atenção Primária à Saúde que

têm parcerias com a Secretaria Municipal de Saúde e os NASF. Em 16 trabalhos

selecionados, foi visto que havia diferentes programas de Atividade Física e em apenas três

não eram utilizados os serviços do PEF. A pesquisa aponta a não adequação dos serviços

prestados em relação às diretrizes estabelecidas pelo MS, por serem programas não

influenciados diretamente pelo NASF. Os autores sugeriram parcerias com IES públicas,

para que houvesse um monitoramento correto das atividades prestadas.

Em uma revisão sistemática realizada por Rodrigues et al., (2013), foi visto que as

atividades realizadas pelos PEF em nove diferentes grupos de Atenção Primária à Saúde

são condizentes com os documentos norteadores do NASF. Também pode ser visto como o

profissional é contratado: a maioria tem contratos temporários, pouco são os concursados.

Os autores perceberam que alguns cursos de bacharelado abordam a questão da saúde

pública. Já os cursos de licenciatura se mostram defasados nesse aspecto. O que pode ser

explicado em relação ao bacharel estar diretamente ligado a diferentes aspectos, como o da

27

promoção da saúde, trabalho multiprofissional, diferentemente da licenciatura, que está

mais pautada no âmbito escolar.

Santos (2012), através de entrevistas realizadas, nos mostra que os municípios com

menor aporte populacional, são os que mais aderem às atividades exercidas pelo NASF.

Menciona também sobre a desigualdade de implantação dos Núcleos pelo Brasil, o perfil do

PEF contratado pelos NASF e a crescente procura dos gestores por essa classe trabalhista.

Em uma abordagem mais específica sobre as ações do PEF dentro do NASF, Couto

et al., (2012) objetivaram estabelecer uma relação entre o bullying e a intervenção do PEF,

aprimorando as ações desse profissional diante desse fenômeno. De acordo com suas

funções específicas, encontram-se divulgação de informações sobre esse problema,

atividades realizadas com grupos que sofrem a agressão, atividades que envolvam os

familiares, entre outras. Para que essa ação ocorra, os autores sugerem uma troca de diálogo

intersetorial, que seria o apoio matricial que ocorre na maioria das equipes, ou que deveria

acontecer.

Pedrosa e Leal (2012) realizaram uma pesquisa no município de Porto Velho que

focou na visão de outros profissionais, buscando através de entrevistas semiestruturadas, a

visão de médicos e enfermeiros da ESF, sobre a inserção do PEF nas equipes do NASF.

Porém os entrevistados não sabiam explicar o que é o NASF, qual a Portaria que regulariza

o Núcleo e suas ações e tampouco como funciona o trabalho do NASF. Os entrevistadores

então explicaram sobre o NASF e a função do PEF. Os enfermeiros entrevistados

demonstraram um interesse sobre o assunto, em se aprofundar, concordaram que o trabalho

em conjunto NASF/ESF é mais eficiente e que o PEF tem grande importância nesse grupo.

Já em relação aos médicos entrevistados, pode-se perceber um desconforto por estarem

recebendo uma informação desconhecida para eles. O debate foi realizado apenas com a

explicação dos entrevistadores, dessa forma o assunto não foi aprofundado. Os médicos

afirmaram a importância do PEF no NASF. Quando questionados sobre o campo de

atuação, o grupo de enfermeiros respondeu que o PEF poderia atuar para ajudar no bem-

estar, saúde física e mental, já os médicos se referiram à área de reabilitação de pacientes

com doenças crônico degenerativas. As entrevistas nos mostram, dessa maneira, o

desconhecimento dos profissionais em relação ao NASF.

28

A partir das informações obtidas em outros trabalhos realizados, podemos perceber

um desconhecimento por parte de diversos profissionais da saúde e que nem todas as

equipes de saúde estão pautadas em um único documento norteador (portarias) para

alcançar os objetivos das equipes multiprofissionais. Dessa forma, é possível constatar que

há diferentes formas de atuação nas equipes multiprofissionais, falta de informações para a

população, para os profissionais e futuros profissionais da saúde de forma geral. Mas é

questionável se o problema maior sobre a falta de informação está apenas focado na

formação inicial (graduação) ou se temos outras falhas, como por exemplo, ter uma maior

necessidade de investimento público nesse setor, para haver uma integração do PEF na

saúde.

3. MÉTODO

Esse estudo tem caráter qualitativo do tipo descritivo exploratório, conforme

apontam Marconi e Lakatos (2010), em que se buscou discutir qual a formação necessária

para atuação em equipes multidisciplinares de saúde.

Os entrevistados foram selecionados através de indicações de outros professores e

da identificação de docentes pertencentes a grupos de estudos com foco na Saúde Pública,

obtida através de levantamento no CNPq. O primeiro contato se deu com uma docente

pertencente a um grupo de estudos da área da saúde, após isso foi contatado outro docente,

que já era conhecido pela pesquisadora e os outros foram indicações dos que já haviam sido

entrevistados. Dessa maneira, a amostra foi composta por quatro docentes com aderência à

área de saúde de cursos de Educação Física de IES públicas e privadas, sendo duas

mulheres e dois homens, com idades acima de 40 anos, todos do município de São Paulo.

Alguns desses profissionais além de ministrarem disciplinas com a temática da saúde,

também possuem vínculos com grupos de estudos sobre a saúde. Nenhum desses docentes

entrevistados tiveram contato com disciplinas que tratassem do assunto de Saúde Pública na

formação inicial.

Os critérios de inclusão para participação da entrevista foram: docentes que

estivessem vinculados a cursos de ensino superior em Educação Física, com temáticas de

disciplinas voltadas de alguma maneira para a saúde pública, coletiva ou alguma outra

29

disciplina que envolvesse essas questões. Indivíduos de ambos os gêneros e sem idade

mínima pré-estabelecida.

O caráter de participação na pesquisa foi voluntário. Foram esclarecidos os

objetivos e procedimentos a serem adotados na pesquisa, os indivíduos tiveram a opção de

não participar, não existindo nenhuma penalidade para aqueles que optassem pela não

participação, fato que não ocorreu, pois todos os convidados aceitaram participar e

assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice 1). O

presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade São Judas Tadeu,

parecer nº 919.492.

As informações foram obtidas através de entrevista semiestruturada, em que o

investigador usa um roteiro de perguntas (Apêndice 2), que permite flexibilidade nos

questionamentos a serem feitos e permite formular perguntas de esclarecimento ao longo da

entrevista (MATTOS, 2005).

3.1 . Análise da entrevista

As entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas na íntegra. Após as

transcrições, as gravações foram arquivadas e permanecerão assim pelo período de cinco

anos. Para análise dos relatos, inicialmente utilizou-se o procedimento de codificação

proposto por Saldaña (2009). Segundo o autor, o código na pesquisa qualitativa, na maioria

das vezes, é uma palavra ou frase curta, ou seja, pode ser um resumo dos dados e não

apenas uma redução deles. Os dados que levam a esses códigos podem ser: entrevistas,

pesquisa de observação, vídeos, fotografias, jornais, entre outros. A codificação pode

ocorrer em um primeiro ciclo e posteriormente segundo, terceiro ou até mais ciclos.

Os códigos formam uma base que induz a pensar nas explicações do texto. É

vantajoso fazer algumas notas sobre cada código que foi criado. Segundo a literatura, essas

notas são importantes para ver a evolução que houve no pensamento do pesquisador e no

raciocínio que está envolvido nos dados. É algo desafiador para o pesquisador,

principalmente se for um iniciante na análise por código, pois envolve perceber partes do

texto e codificá-los para representar de forma analítica e não apenas descritiva. É necessário

ler o texto cuidadosamente e estabelecer o tema (CRESWELL, 2007; GIBBS, 2009).

30

Para Gibbs (2009), a descrição é proveitosa para a análise dos dados de entrevistas,

já que podemos listar e comparar o que os entrevistados dizem a respeito do tema na

entrevista.

Seguindo no processo de análise das informações obtidas nas entrevistas, os

códigos foram reunidos por aproximação dando origem a categorias relacionadas às

perguntas da entrevista.

A interpretação dos dados, segundo a literatura, é a essência da pesquisa, pois traz

revelações e contextualizações necessárias para discutir o assunto que está em estudo.

Quando falamos de interpretar dados de uma entrevista, o objetivo é analisar os fatos

através de experiências (FLICK, 2004). Dessa forma foi possível extrair das falas dos

entrevistados, informações que permitem responder aos questionamentos da pesquisa,

podendo ou não corroborar informações já vistas em documentos analisados.

3.2 Resultados e Discussão

Posteriormente ao processo de codificação das entrevistas, como indica Saldaña

(2009), os códigos foram agrupados por semelhanças e, consequentemente, deram origem a

duas categorias: Formação para a Saúde e Atuação. Cada categoria apresentou cinco

subcategorias nas quais podemos observar de maneira mais direta as respostas dos

entrevistados. Essa categorização está disponível nos Quadros 1 e 2 e detalhada a seguir.

3.2.1 Categoria: FORMAÇÃO PARA SAÚDE

Analisando o Quadro 1 abaixo, sobre a Formação para Saúde, foi possível observar

mais detalhadamente a opinião dos entrevistados quando questionados como eles avaliavam

a formação do PEF para atuar na área da saúde.

31

Subcategorias

Avaliação

Positiva Avaliação Negativa Evolução Retrocesso

Preparação/

Necessidades

Viés

generalista

Imagem prejudicada Ganho para área

Defasagem de

informações

Necessidade de

aprofundamento

Houve

melhora

Atividades chatas Qualificar o que

avançou

Diálogo

insuficiente para

demanda Explorar atendimento

Progressão

PEF submisso ao

médico

Preocupação com

intervenção

Tendências de

mercado

Incentivar trabalho

em equipe

Preocupação

com a saúde

Formação sem

perspectiva na saúde

Evolução sem pensar

holisticamente

Não discute Saúde

Necessidade de

interação com a

prática

Formação inadequada/

insuficiente

Tendência de melhor

formação pra saúde

Não sabe se houve

evolução

Melhorar ideia do

trabalho em equipe

Universidade

preocupada com

produção

Início de disciplinas de

saúde

Ideia higienista

ultrapassada

Necessidade de

estágio e residência

Falta de padronização

curricular

Existência de pós-

graduação

Saúde como

sinônimo de

doença

Necessidade de

preparar o PEF

Lacuna da formação x

prática

Responsabilidade da

Eq.Multidisciplinar

Discurso

hegemônico

mantém

Necessidade de mais

estudos

Universidade

ultrapassada

Necessidade de boa

avaliação

Formação

tradicionalista

Necessidade de

problematização

Estrutura e estágio

defasados Incentivar alunos

Discutir prevenção

Quadro1- Categorização dos códigos relacionados à Formação para Saúde

Os relatos dos entrevistados levaram a duas direções, uma positiva e a outra

negativa. Na positiva obtivemos poucas informações, apenas que a formação para saúde

está melhorando, que está havendo preocupação nas IES para minimamente tratar de

conteúdos relacionados à saúde com os graduandos, como podemos observar na frase de

um dos entrevistados abaixo:

32

“Eu entendo que melhorou bastante, em 2000, eu lembro que alguns cursos

começaram a trabalhar com disciplinas voltadas para a área da saúde, AF e saúde,

embora tratassem muito mais da doença do que pensando num sentido mais amplo, uma

definição mais ampla de saúde, mas já foi um começo” Docente 4.

Essa informação pode ser observada, também, em um estudo que apresenta

algumas reflexões acerca da formação profissional e do trabalho em saúde, realizado por

Freitas et al., (2013), em que as autoras afirmam já ter mudanças visíveis, porque as

políticas públicas de saúde têm uma grande importância na forma de agir e de pensar em

saúde, isso tanto na formação quanto na atuação. Outro artigo que tem como objetivo

problematizar o debate sobre a educação, principalmente a formação profissional em saúde,

os autores Mello, Moysés e Moysés (2010) trazem como uma justificativa para que

aconteça esse avanço na área da saúde, o envolvimento das Universidades nos projetos

voltados para a Promoção da Saúde, pois há uma valorização institucional, pública,

regional e até mesmo nacional. Isso traz melhorias na qualidade de vida das pessoas que

passam por esses trabalhos ofertados pelas instituições e/ou formados por elas.

Já na avaliação com direção negativa, os subitens que se destacam são o da

formação inadequada, a lacuna entre a formação e a prática profissional, a falta de uma

padronização curricular, que são exemplificados nos trechos a seguir:

“Eu acho que há varias formações, como a gente não tem um currículo padrão

pra todos os cursos de Educação Física no país, tem as orientações, né... para o que se

organiza em torno, principalmente, do bacharelado de EF”. Docente 3

“Eu entendo, mais uma vez, dentro de uma lógica de projeto, lógica de sociedade

importante, mas se esse indivíduo não se insere, é sinal que tem um espaço entre a

formação e a aplicação”. Docente 2

Uma forma de justificar o que foi dito pelos docentes é que a Educação Física

como graduação plena teve e ainda passa por muitas discussões. Em 1969, o Parecer CFE

nº894/1969 e a Resolução CFE nº 69/1969 consolidaram um currículo mínimo juntamente

com o tempo de duração e a composição do curso de ensino superior. Nesse currículo, foi

determinado que houvesse uma estrutura mínima a ser seguida, na qual, eram obrigatórios

três núcleo de formação: i) básica (cunho biológico), ii) profissional (parte técnica) e iii)

pedagógica, como já era estabelecido no Parecer CFE nº672/1969. Esse currículo visava à

33

formação do PEF tanto na licenciatura plena, quanto técnico desportivo (com o acréscimo

de duas disciplinas desportivas, o indivíduo se habilitava nessa função).

O Parecer nº215/87 do Ministério da Educação e Desporto (BRASIL,1987),nos

traz informações de que as IES possuíam autonomia e flexibilidade para organizar seu

próprio currículo, havendo liberdade para ajustar o necessário, sob um olhar realista, às

particularidades regionais, levando em conta as características, necessidades e interesses do

âmbito escolar, tanto no plano docente quanto discente.

Betti e Betti (1996) realizaram um estudo em que caracterizaram os principais tipos

de modelos curriculares que são utilizados na formação do profissional em Educação

Física. Foram encontrados dois tipos de currículos, o tradicional- esportivo, em que o foco

é em disciplinas “práticas” e o de orientação técnico-científica. Nessas supostas práticas o

envolvimento baseia-se completamente nas habilidades técnicas e nas capacidades físicas.

Já o de orientação técnico- científica, a valorização está nas disciplinas teóricas, tais como

ciências humanas, filosofia, história, entre outros. Com isso o estudo propôs que um novo

modelo de currículo fosse utilizado, que se baseasse no ensino reflexivo. Analisando a fala

dos docentes e esse estudo, podemos perceber que, é justamente essa separação da prática,

no sentido de ir a campo e saber como é a realidade, e da teoria que ocorre até os dias de

hoje. Se o currículo reflexivo fosse colocado em prática por todas as IES, respeitando a

flexibilidade em ajustar o que é necessário em seu currículo, talvez esses problemas

apontados de que a realidade é díspar do que é tratado na graduação fossem menores ou

inexistentes.

Quando questionados como os docentes viam a evolução nos últimos anos,

obtivemos respostas de que houve evolução, porém, também foi possível perceber que há

um retrocesso ou uma estagnação na formação. O que chamou a atenção quando falamos de

evolução é que: está havendo um início de disciplinas de saúde, que é preciso qualificar o

que avançou, que há preocupação com intervenção do PEF na saúde, como descrito nos

trechos a seguir:

“E com o passar do tempo as instituições começaram a trabalhar também com

disciplinas de saúde pública mesmo, AF e saúde pública, entre outros nomes de

disciplinas, mas visando a saúde pública”. Docente 4

34

“Mas acho que a gente já conseguiu muitas coisas ... tem muita gente legal fazendo

coisas muito boas, escrevendo, lendo, falando de autores bem importantes que estão

abrindo caminhos, abrindo espaços... a gente agora tem que qualificar o que tá na rua. A

gente tem que o tempo todo estar atentos nesses profissionais que tão lá...”. Docente 1

“Então de 2003 para cá, a gente percebe políticas indutoras no campo de

formação de saúde, sistematizadas e definidas pelo MS e em parceria com o Ministério da

Educação, mas a proposição do campo da saúde, do MS, no sentido de chamar atenção

para todas as áreas da saúde pra reverem sua formação, sua grade curricular, os espaços

de atuação e intervenção. E daí começa a aparecer, ampliar os modos de conceber, de

pensar saúde, pensar as práticas de saúde de todos esses profissionais”. Docente 1

As falas acima trazem informações que se complementam com o que já foi visto no

artigo de Mello, Moysés e Moysés (2010), as Universidades têm a ganhar quando se

preocupam em trabalhar com a Promoção da Saúde, porém, isso depende muito das

políticas públicas que envolvem a saúde. Pois não é algo que é possível mudar

repentinamente e sem que haja mudança concomitante da formação e do trabalho, ou seja,

na realidade já há mudanças, atualmente alguns cursos tratam da saúde de alguma forma,

mas é algo que tem muito ainda a ser modificado e estudado.

No ensaio de Ceccim e Fuerwerker (2014), os autores buscam compreender e

interpretar as escolhas políticas da reforma sanitária ao campo da formação no SUS. As

informações que eles nos apresentam corroboram o que já foi explanado. Há uma relação

de compromisso e responsabilidade entre o SUS e as IES, em que são incluídas proposições

do governo, no qual há indicações de projetos. Algo que se faz necessário é transformar o

conceito e a prática que são orientados na formação e ser capaz de fazer com que o

profissional compreenda as ações da integralidade na prática em saúde. É necessário que a

sociedade aprenda a formular políticas públicas com significados na atenção, na formação

para saúde, que os gestores aprendam a assessorar e informar. A integralidade irá acontecer

se a graduação e a gestão pública tiverem o mesmo objetivo e se comprometam para que

haja mudança.

No Quadro 1, é possível perceber que os currículos estão voltados para as

tendências de mercado, que não se discute a saúde e seus princípios, que a estrutura e os

35

estágios são defasados e ultrapassados dentre outros. Essas informações, referentes à

subcategoria Retrocesso, são ilustradas por alguns trechos a seguir:

“Nós muitas vezes temos uma formação que é voltada para o mercado de

trabalho, única e exclusivamente voltado para algumas tendências do esporte, tendência

da AF e etc”. Docente 2

“... eu acredito que não esteja ocorrendo uma formação dirigida para o conceito

de saúde que se tem dentro dos órgãos que falam sobre saúde, OMS, MS, assim por

diante... acho que tem uma coisa complexa aí que eu não sei se os cursos têm resolvido

bem ... Eu não sei te dizer se os cursos trabalham bem, mas eu intuo que se não tiver no

PPP essa discussão , senão tiver nas ementas das disciplinas uma direção clara de que vai

se falar de saúde, que vai discutir o que é saúde ou não, nas mais diversas disciplinas eu

acho que a formação fica meio manca ”. Docente 3

“ ... eu vejo de maneira muito importante, se a construção na estrutura curricular

desse toda essa possibilidade de aplicação, inclusive no campo do estágio, que ele também

tivesse uma construção ao longo do curso, que ele tenha oportunidade de entendimento

dessa outra área, recente, diga-se de passagem, de atuação e que ele sim, se envolvesse

com o processo”. Docente 2

“... Acho que tem uma questão estrutural, um modo de como é que a universidade

hoje tá sendo conduzida, ela tá caduca, a universidade desse jeito, a sala de aula, acho que

ela tá caduca”. Docente 1

Como já foi elucidado anteriormente pelos autores Mello, Moysés e Moysés

(2010); Ceccim e Fuerwerker (2004), o fato de tratar sobre a saúde e promoção da saúde

nas IES depende da organização de seus currículos e também depende das questões de

políticas públicas. Além disso, Corrêa et al., (2016) refletiram sobre a composição dos

cursos de formação em Educação Física, observando o aumento na quantidade de cursos de

graduação.. Conforme foi aumentando a necessidade da sociedade por mais professores

formados, cresceu também a oferta de cursos de Educação Física e, não só isso, logo os

governantes iniciaram um processo de facilitar que um cidadão entre em um curso de nível

superior. Observando essa realidade que Corrêa et al., (2016) apresentam por meio das falas

dos docentes, a percepção de que há um descompasso da necessidade com a realidade, pois

ter uma oferta grande de cursos, uma demanda crescente, mas que não condiz com o que

36

realmente a sociedade precisa. Falci e Belisário (2013) realizaram um estudo no sentido de

analisar a formação para inserção na APS em Minas Gerais. Foi possível afirmar que a

inserção do PEF na área da APS é um novo caminho, há aspectos positivos, porém, é

necessário superar a falta de conhecimentos que ele não obteve durante a graduação, mas

que foi buscar na pós-graduação para poder atuar nessa área. Esse estudo reforça que é

necessário mais conteúdos que abordem a atuação em equipes multidisciplinares na

graduação, é uma demanda necessária na sociedade, mas que a graduação em Educação

Física ainda não acompanha.

Foi questionado aos docentes, se achavam que a formação era adequada. As

respostas obtidas estão categorizadas no subitem que trata da preparação e/ou necessidades

na formação do PEF no Quadro1. Foram citadas as necessidades de estágios e residências

em equipes multiprofissionais, de se ter mais estudos sobre o tema, ter uma boa forma de

avaliar o sistema, entre outros. Podemos verificar algumas das falas que se destacaram

abaixo:

“Eu acho que a gente tem que tirar os estudantes desde o primeiro ano da sala de

aula, levar para os serviços, levar para escola, levar pra sei lá, todas as áreas da EF... ter

experiência do que é trabalhar com diferentes populações, diferentes grupos, realidades,

diferentes cenários, trabalhar em equipe, trabalhar com outras áreas...”. Docente 1

“Uma equipe de saúde, por exemplo, mas eu entendo que algumas instituições já

conseguem falar do SUS, do profissional nas equipes do NASF, em saúde coletiva. Então a

preparação, a graduação, não é suficiente, ela não prepara, até porque nós não temos

sequer... eu não vejo as instituições fazendo parcerias com o SUS pra fazer estágio por

exemplo, não tem estágio, né?!”. Docente 4

“Que é uma discussão muito difícil, também em saúde pública, de falar em avaliar

resultado. Porque definir saúde é extremamente complexo, então como você avalia

resultado de algo que você não sabe muito bem a definição?”. Docente 4

Corroborando com a ideia dos docentes entrevistados de que o graduando precisa

estar mais perto da realidade de seu mercado de trabalho, Betti e Betti (1996), já sugeriam

em seu estudo que um novo currículo seja elaborado, no qual o conceito de “prática” seja

um pouco diferente do que todos conhecem, que ela passe a ser compreendida como uma

ação profissional, em que o estudante de Educação Física tenha contato com a realidade

37

desde o início de sua graduação, dessa forma adquirindo experiência e podendo observar

como é a realidade da área, com isso modificando a ideia de que prática está relacionada

com as habilidades básicas.

A necessidade do graduando estar mais próximo da realidade de trabalho, de

acompanhar o dia a dia de uma equipe multidisciplinar, por exemplo, além de ser

mencionada nas entrevistas realizadas, também é algo visto como necessário no estudo de

Ferreira et al., (2016), em que foram realizadas entrevistas com profissionais do NASF e

com quem nunca havia trabalhado nessa equipe, foi possível perceber que não havia

conhecimento sobre a existência de trabalho em equipes multiprofissionais ocasionando

uma defasagem na atuação. Mas isso também acontece pelo fato de que os estudantes não

têm contato com essas equipes na graduação, não realizando estágios nessa área.

No estudo de Freitas et al., (2013) foi citado que estudantes de Educação Física,

participaram de um projeto no PET-Saúde e são apontados a problematização e o

distanciamento entre a formação profissional e a atuação no SUS, em que os próprios

graduandos passam por isso. Ou seja, viram a realidade de perto e não apenas o que contam

nas aulas da graduação, porém, são poucos estudantes que têm essa possibilidade.

A realidade do estágio obrigatório supervisionado não esteve presente nas falas dos

entrevistados. É muito importante que os graduandos tenham contato com todas as áreas ao

longo da graduação, para assim identificar e saber qual área seguir, principalmente o

estágio ou residência em equipes multidisciplinares na saúde. Entretanto, o fato de que no

local de estágio é necessário a presença de um professor responsável dificulta sobremaneira

a oferta. Para as IES, disponibilizar um professor para acompanhar os estudantes na equipe

multidisciplinar é praticamente inviável. Essa logística poderia ser repensada pelos órgãos

responsáveis pelo estágio obrigatório e pelas IES para melhorar esse aspecto e a maior

oferta de estágio.

A lacuna retratada pelos estudos também se estende para a produção de

conhecimento, com escassez de investigações que estudam essa realidade, pois nas buscas

realizadas, são raros os estudos encontrados sobre esse tema, o que pode indicar que não há

uma preocupação com esse campo de atuação e /ou estudo.

38

3.2.2 Categoria ATUAÇÃO

Ao observarmos o Quadro 2 abaixo, que se refere às subcategorias relacionadas

à Atuação profissional, do ponto de vista dos docentes entrevistados sobre a atuação do

PEF nas equipes multidisciplinares, qual o interesse dos graduando nesse campo de atuação

e a opinião sobre a operacionalização e implantação das equipes.

Subcategorias

Interesse Equipes

multidisciplinares

Papel/presença

do PEF Saúde em geral Operacionalização

Alunos têm

interesse

Apoio matricial

Preparação

voltada para

escola

Saúde direcionada para

o indivíduo Concursos restritos

Probabilidade

de interesse

Lidar com diferenças

na Eq.Multi.

PEF surpreende

positivamente

Sem atuação no SUS de

forma ampliada Problema de gestão

Remuneração

atrativa

Equipes

multidisciplinares

interessantes

PEF não sabe

mostrar seu valor

Olhar ampliado com as

pessoas

Precisa comprar ideia

do projeto

Eq.multi ajudam de

forma ampliada

E.F.

desconectada

Assumir posição

Lei auxilia na

conquista

Não sabem a forma de

trabalhar

PEF é importante

Visão ampliada das

necessidades na saúde

Inserção por força da

Lei

Comprometimento

dos envolvidos

Excelente

inserção

Inserção é reflexão do

PEF

Importância

Secundária

Descompasso na

legislação com

realidade

Inserção pode ser

traumática

Profissional ouve

o outro

PEF 5º mais

escolhido

Atende vários ao

mesmo tempo

Quadro 2- Categorização dos códigos relacionados à Atuação profissional.

Quando questionados se há interesse dos estudantes de Educação Física, para atuar

em equipes multidisciplinares, os docentes acreditam que sim, que há interesse nesse

39

mercado de trabalho. Segue abaixo trecho da fala de um dos docentes para ilustrar esse

aspecto:

“Por incrível que pareça, principalmente nas instituições, o pessoal achava que os

alunos não fossem se interessar, eu não fiz nenhum levantamento, então é muito da

observação mesmo de quando eu discuto sobre o assunto, mais de 20 a 30% se interessam,

principalmente quando falam em concurso para o NASF, muitos querem saber onde tem,

como é, como funciona, tem um pessoal que... eu vejo ai pelo menos uns 30% dos alunos

acabam se interessando. Então tem interesse, até maior do que eu esperava”. Docente 4

Freitas et al., (2013), citam estudos realizados com estudantes de Educação Física

que tiveram a oportunidade de participar do projeto de intervenção PET-Saúde, em que foi

possível ter contato com a realidade de uma equipe multidisciplinar, agregando

conhecimento, observando as necessidades e dificuldades encontradas. Os alunos puderam

ver de perto como é a realidade, coisa que não acontece com todos os que estão em

formação. Quando o graduando pode ter um contato com a realidade das equipes

multidisciplinares, auxilia para que haja interesse de atuar nesse mercado.

No estudo de Batista et al., (2005), em que o objetivo era discutir o enfoque

problematizador da formação profissional de saúde, partindo de uma descrição analítica da

formação de profissionais de saúde que cursam pós-graduação latu sensu desenvolvida em

uma IES em saúde, no período de 1998 a 2002. O curso de educação em saúde objetiva

preparar os profissionais para que desenvolvam projetos de pesquisa em que esteja

vinculada a prática educativa nos diferentes níveis de atuação em saúde, em que haja

formação e desenvolvimento de recursos humanos ou propostas junto à comunidade. Foi

possível que esses alunos do citado curso pós-graduação elaborassem projetos e os

aplicassem numa equipe multidisciplinar em que a própria IES propunha parceria, podendo

atender à comunidade. Esse contato foi possível porque os profissionais de alguma forma se

interessaram por essa área de trabalho e foram buscar informações fora da sua graduação,

realizando um curso de especialização, ou seja, interesse há, mesmo que pequeno, mas o

conhecimento é reduzido, é algo que se o graduando ou graduado se interessar de fato tem

que buscar informações fora da sua graduação.

Continuando a observação dos dados do Quadro 2, temos a subcategoria sobre

equipes multidisciplinares. Foi observado nas respostas dos entrevistados que o apoio

40

matricial é algo de destaque e importante para a equipe, que há um comprometimento dos

envolvidos, que nem sempre os PEF sabem como trabalhar, e que as equipes

multidisciplinares ajudam de forma ampliada. Os trechos a seguir retratam com mais

detalhes:

“Então... eu acho que o apoio matricial, que é a teoria que orienta os NASF’s, ele é

pouco estudado, pouco compreendido pelos PEF e mesmo pelos outros profissionais...

quando você começa a entender como funciona a lógica, você começa a perceber que

existe muito mais espaço pra cada um dos profissionais envolvidos... formar para uma

certa sensibilidade, pra que o profissional consiga perceber onde estão as brechas, pra que

ele consiga ir além daquilo que é digamos assim, protocolo de uma equipe...”. Docente 1

Essa informação na fala do docente corrobora o estudo feito por Ferreira et al., (2016),

em que o apoio matricial é algo fundamental nas equipes multidisciplinares, o qual é

realizado por profissionais de diversas áreas atuando de forma conjunta na equipe

multidisciplinar, algo que agrega valores das diferentes áreas de atuação.

Quando questionados sobre como eles avaliavam a presença do PEF nas equipes

multidisciplinares, obtivemos respostas distintas que, no Quadro 2, estão classificadas na

subcategoria “papel/presença do PEF”. Podemos ver que a preparação é voltada para a

escola, que o PEF surpreende positivamente, que é importante, mas não sabe mostrar seu

valor entre outros. Alguns trechos das entrevistas foram destacados e seguem abaixo para

exemplificar:

“...quem dá aula no ensino superior, na graduação, muitas vezes é aquele que prepara

para escola, não dá tanta ênfase nessa oportunidade que o profissional vai ter, que o

professor de EF vai ter de trabalhar conceitos ou mesmo de sensibilizar os alunos pra que

eles tenham autonomia no futuro pra ter comportamentos saudáveis”. Docente 4

“Mas pensando unicamente na participação do PEF nos programas de saúde da

família ... eu não trato a doença, eu educo a pessoa nas diferentes vertentes que envolvem a

nossa vida, até para que ele consiga a partir de suas próprias condições mudar ou enfim,

implementar o que já faz. Então na minha modesta opinião a participação desse individuo

é importante”. Docente2

“Mas do ponto de vista do ideal, acho que é uma excelente inserção, do ponto de vista

da estrutura teórica que pressupõe essa inserção”. Docente 3

41

Quando o docente 4 comenta sobre o professor de graduação preparar para o âmbito

escolar, isso pode ocorrer pelo fato de que há uma oferta maior de cursos de Licenciatura

em Educação Física do que para o Bacharelado. Isso pode ser elucidado na pesquisa

realizada por Corrêa et al., (2016), em que os autores verificaram o aumento de cursos de

graduação em Educação Física em IES públicas e privadas. A análise foi ate o ano de 2013,

em alguns períodos houve um maior crescimento em outros menos, porém, a oferta sempre

cresceu. Um dado interessante é que o curso de Licenciatura em Educação Física sempre

cresceu mais do que o Bacharelado, sendo uma explicação do porquê

os professores parecem preparar mais para a escola.

Pensando na atuação do PEF nas equipes multidisciplinares, Rodrigues et al.,

(2013) realizaram um estudo em que, através de uma revisão sistemática, foi analisado a

inserção e atuação do PEF na atenção básica à saúde. A atuação desse profissional se faz

importante, pois através das atividades ministradas por ele conseguem uma melhoria nas as

condições de bem-estar dos praticantes. O PEF além das atividades práticas consegue

ministrar palestras, conscientizar a população atendida sobre o benefício da prática de AF,

da melhora de seu completo bem-estar e não apenas falando que é bom para a saúde ,

explica o motivo, assim como foi citado pelos docentes.

Quando questionados sobre a opinião em relação à operacionalização e

implantação da inserção do PEF nas equipes multidisciplinares, os docentes apresentaram

opiniões distintas, trazendo problemas de gestão, como o descompasso da legislação com a

realidade, que a inserção do PEF é por força da Lei, a forma de inserção é restrita, através

de concurso. Esses tópicos podemos observar no Quadro 2. Abaixo seguem algumas

exemplificações através das falas dos docentes:

“A gestão, acho que é um problema, porque no Brasil a gestão da coisa pública,

ela é um problema, porque em geral as políticas públicas, elas são políticas que não são

do Estado e são de Governo, aí muda o Governo, muda a cara da política né?! E sempre

está no começo, para e volta”. Docente 3

“... Puramente uma questão legal, aliás, eu nem sei se cabe aqui responder, mas

eu entendo que a EF está muito próximo dentro da sua legitimidade, por uma questão legal

e não por reconhecimento efetivamente social, de uma maneira mais ampliada”.Docente 2

42

“... agora que na verdade começam os concursos mesmo. Porque a gente ficou ai

com concursos durante um período, mas muito restrito o número de vagas. A gente tem

uma crítica muito grande, aos contratos, aos concursos, a gente tem acompanhado um

pouco”. Docente1

Em relação à gestão pública, foi possível perceber no estudo de Freitas et al.,

(2013), já citado, que há problema de gestão pública no sentido do currículo, tem a

necessidade de modificações nos currículos das universidades, está na lei, porém, na

prática é totalmente diferente. A inserção do PEF é legitimada, na portaria 154/08 há as

ações que esse profissional deve cumprir nas equipes multidisciplinares, mas novamente,

nem sempre os profissionais estão cientes disso.

Com a análise das respostas, no processo de codificação e de categorização, uma

subcategoria foi elaborada e que não foi resultado de nenhuma pergunta específica, a

subcategoria da “saúde em geral”, como podemos observar no Quadro 2. Os entrevistados

se colocam a respeito de saúde em geral, indicando que não há uma atuação no SUS de

forma ampliada, que a saúde é direcionada para o indivíduo, assumir posição na saúde,

como pode ver nos trechos a seguir:

“... eu entendo que as pessoas falam em atuar com saúde, mas na verdade elas

ficam pensando em atuar com pessoas com uma determinada doença. Mas eu não vejo uma

amplitude da atuação do PEF em sistema público, em prevenção primária, em equipes

multidisciplinares...” Docente 2

“ ... acreditar na saúde pública é assumir uma posição política né?! Quando a

gente diz: eu quero que a atenção em saúde pública, ela seja muito eficiente, a gente vai

trabalhar pra formar pessoas pra lidarem com essa realidade de saúde pública ... elas

merecem uma atenção superior à saúde privada, ou que essa saúde seja para todos, enfim,

ela é muito ideológica”. Docente 3

Quando falamos de saúde em geral, não é simples, muito menos a atuação com a

saúde. É um campo de intervenção que está em ascensão especialmente nos serviços da

atenção básica, no contexto político temos como exemplo a Política Nacional de Promoção

da Saúde (PNPS), a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC),

os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) e o Programa Academia da Saúde. Esses

programas contemplam ações das atividades físicas e/ou práticas corporais, há um destaque

43

para a Medicina Tradicional Chinesa relacionando com a prática corporal, implementação e

formalização de participação de PEF nas equipes atuantes nas UBS e a contribuição para

promoção da saúde da população, respectivamente dos programas citados. Dessa forma há

uma visão para as ações da educação física no trabalho em saúde, podendo haver uma

maior articulação com o campo da atuação em saúde (FREITAS et al., 2013).

Tendo em vista o crescimento dos programas, pode haver uma ampliação do modo

de visão do profissional de uma área específica que pode compor uma equipe com outros

profissionais no trabalho multidisciplinar, em que podem realizar questionamentos entre si

e o usuário dos serviços públicos, mas não podem deixar os princípios do SUS, que são: a

universalidade garantindo o direito e acesso à saúde e as ações conjuntas que estão

envolvidas pelos serviços, a integralidade que tem o reconhecimento relacionado com o

processo saúde-doença, e os serviços ofertados pelo sistema de saúde, de forma que seja

assegurada a promoção da saúde, a proteção, a reabilitação, a equidade em que a prioridade

é para aquele que possui uma maior chance de adoecer ou vir a óbito, seja por questões de

desigualdade, socioeconômicas ou outras (FREITAS et al., 2013). O que acontece é que

mesmo a atuação para a saúde estar embasada na legislação, ter políticas públicas

envolvidas, o serviço prestado e a ideia que acaba sendo passada para os profissionais é que

lidamos apenas com a questão saúde-doença, para evitar transtornos maiores.

No estudo de Souza e Loch (2011), em que verificaram as características da

intervenção do PEF em uma equipe multidisciplinar, os autores indicam que a graduação de

Educação Física é generalista, o que acaba dificultando a aproximação com a saúde

pública. Também foi observado, nesse estudo, que a maioria dos profissionais

desenvolviam atividades com grupos específicos, em que poucos participavam. No estudo

de Rodrigues et al., (2013), também é visto a atuação do PEF de forma predominante, com

grupos específicos, como de idosos e pessoas portadoras de Doenças Crônicas Não

Transmissíveis (DCNT), havendo outras ações como palestras e utilização de cartilhas.

Esses estudos se aproximam das informações citadas pelos docentes, em que é possível

perceber por suas falas que o PEF tem capacidade de lidar com situações diversas, não

somente com a questão da doença, mas com a promoção da saúde e a prevenção das

doenças, de forma que o PEF consiga conscientizar, fornecer informações e não somente ir

à equipe e dar uma atividade para a população.

44

Algumas áreas podem ter uma dificuldade de comunicação com a outra, no sentido

de que alguns possuem uma ideia das ciências médicas associadas às técnicas com

medicamentos, cirurgias, técnicas que possam intervir de forma artificial no corpo

biológico, na forma de manifestação ou de enfrentar a doença. Desse modo, a saúde

coletiva desfaz esse modelo. Pois é chamada atenção para a necessidade, como por

exemplo, realização de pesquisas voltadas para a atenção primária da saúde, voltado para o

seu serviço, o atendimento oferecido para a população, uma educação em saúde, não apenas

de forma individualizada, mas algo para a população atendida, que vai em direção das

políticas públicas e sociais (CARVALHO, 2006). Mesmo que esteja na legislação ou

literatura, trabalhar com a saúde é algo muito mais amplo do que podemos observar, é

trabalhar com o indivíduo, com a comunidade como um todo. A saúde é algo maior que

simplesmente a ausência de doença ou prevenção.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quando essa pesquisa se iniciou, havia algumas indagações a serem respondidas. A

princípio, a hipótese era que simplesmente havia uma lacuna na formação dos profissionais

de educação física para se inserirem no trabalho em equipes multidisciplinares da saúde.

Porém, parece ser algo muito mais abrangente do que uma simples lacuna. A partir das

leituras realizadas e que originaram essa pesquisa, foi possível perceber que a área da

Educação Física não está conseguindo crescer junto com a sociedade e com a demanda

necessária para o mercado de trabalho.

A Educação Física como área de estudo e como profissão teve um grande

crescimento histórico e, após algum tempo como ocupação, pode se tornar legalmente uma

profissão. Uma profissão que tem diversas áreas de atuação e formas de trabalho, a partir

das formações de Bacharel e Licenciado, em que haveria uma maior contribuição se na

graduação em Educação Física, seja no Bacharelado ou na Licenciatura, fosse discutido

mais sobre as questões de saúde, e as formas de prevenção e promoção da saúde. Assunto

que pode ser discutido de diferentes formas. Se o professor ao longo de suas aulas de

educação física, dos diferentes âmbitos, tais como: escola, academia, clube, entre outros,

conseguir conscientizar seus alunos do que seria benéfico para sua saúde ou o que

consistiria em ser mais indicado para seu estilo de vida, já contribuiria para o trabalho

45

multidisciplinar. Talvez o professor não o faça, porque não tem embasamento necessário

para argumentar em suas aulas sobre esse tema.

A saúde na maior parte das situações está vinculada com doença, em uma vertente

mais individualista, uma relação médico-paciente, um ideal hospitalocêntrico, por exemplo,

um indivíduo que não se sente bem e procura um médico para investigar o que está

acontecendo, e é realizado o diagnóstico e então o tratamento é prescrito para o paciente. O

mesmo ocorre quando o PEF é procurado pelo seu aluno, principalmente nos casos que essa

procura se dá na UBS, o aluno está com alguma doença ou desconforto e a atividade física

irá lhe fazer bem, quando há uma melhora, param de realizar a prática. Isso não deveria

acontecer, quando as pessoas procuram a atividade física como forma de “tratamento”,

deveriam adotar a prática da atividade como estilo de vida e não como remédio.

Talvez se as temáticas da saúde, promoção e prevenção fossem assuntos mais

trabalhados durante a formação do PEF, esses profissionais poderiam contribuir para

transformar a realidade, e com isso conscientizar a população com relação à sua saúde.

Através do que foi possível perceber ao longo da pesquisa, a formação do profissional de

educação física não é completamente suficiente no que diz respeito à saúde e trabalhos

multidisciplinares.

O objetivo do trabalho foi discutir a formação do PEF para atuar em equipes

multidisciplinares da saúde, do ponto de vista de docentes. Diante disto, conforme as

entrevistas foram sendo realizadas, foi possível perceber a formação do profissional de

diferentes formas, pois o que foi visto na literatura, é que por exigências de legislação, as

IES têm um currículo mínimo para os cursos de graduação em Educação Física, com uma

determinada flexibilidade para poder colocar o que o mercado de trabalho solicita pela sua

demanda. Isso é o que encontramos na literatura, nos poucos estudos realizados.

Partindo do pressuposto do que foi encontrado durante as entrevistas, a educação

física como campo de intervenção fica muito debilitada, pois o profissional é formado para

suprir as necessidades de demanda da sociedade, principalmente no mercado do fitness.

Então, a preocupação com a formação não é para um contexto total da educação física e o

que ela é capaz. Houve um avanço, quanto à formação na educação física com um discurso

na saúde pública, mas ainda não é suficiente. O que poderia contribuir para isso seria a

avaliação das intervenções dos profissionais quando realizam o trabalho em uma equipe

46

multidisciplinar. Aspecto citado por um dos docentes apontou que a forma como ocorre a

avaliação do trabalho multidisciplinar é somente verificando se as equipes estão atendendo

à população. Se houvesse uma avaliação mais precisa de como está sendo a realidade do

trabalho realizado, a qualidade do serviço ofertado, se fossem realizados mais estudos nesse

campo, contribuiria para um serviço melhor e com mais divulgação. Dessa forma,

poderíamos ter uma maior procura tanto de profissionais para atuar nessas equipes quanto

da população por esse serviço oferecido.

Ao longo da pesquisa foi perceptível e confirmado que há escassez de estudos da

Educação Física voltada para o âmbito da saúde. Se houvesse mais estudos, o

conhecimento produzido poderia auxiliar na atuação dos profissionais no trabalho

multidisciplinar, facilitaria a obtenção de melhores formas de avaliação e, com isso, os PEF

teriam mais conteúdo sobre o assunto.

Como as questões políticas também se envolvem nesse contexto seria interessante

se houvesse uma reforma ou uma revisão nos decretos, fazendo com que as IES

repensassem no que de fato é necessário ter em seus currículos. Um currículo que

contivesse mais possibilidades e/ou opções para os graduandos poderem seguir a demanda

do mercado de trabalho, com o currículo mínimo e todas as possibilidades de atuação, seria

bem mais interessante do que apenas uniformizar os conteúdos a serem trabalhados nos

cursos de graduação em educação física, o que também foi citado pelos entrevistados. A

forma como é trabalhada a relação prática e teoria não é condizente com a realidade, pois

na teoria tudo é muito simples e funciona perfeitamente, mas quando o graduando tem a

possibilidade de viver a realidade de sua profissão e suas funções, é completamente

diferente. Como um dos entrevistados relatou: “a universidade está caduca, ultrapassada”,

justamente por não modificar o conhecimento transmitido para os alunos, por não preparar

os alunos para a realidade desde o início do curso. Os Estágios são realizados apenas no

final do curso, seria interessante se desde o início da graduação o aluno pudesse já ter um

contato com a realidade, ou no caso, com uma equipe multidisciplinar, tudo conduzido por

seus professores, articulando parcerias, nesse sentido trazendo benefícios para a instituição

de ensino, para os indivíduos que serão atendidos, para os alunos e até mesmo para os

professores responsáveis por essas práticas.

47

Se houvesse um maior contato dessa atuação em equipes multidisciplinares,

poderia despertar o interesse de atuação nesse âmbito por mais graduandos. Os docentes

entrevistados relataram que, de modo geral, há interesse de futuros profissionais atuarem

nas equipes, algo que atrai atenção desses alunos é que para serem contratados eles

participam de concursos e o salário é razoável.

Foi percebida uma divergência de opiniões com relação à inserção do PEF se dar

por força da Lei. A maioria dos docentes entrevistados acredita que o profissional tem

vontade de atuar nesse contexto, tem se interessado de fato em realizar um trabalho

multidisciplinar. Porém, houve quem opinou ser essa inserção exclusivamente por força da

Lei, porque para a gestão pública o PEF é da área da saúde e tem uma obrigatoriedade, por

conta disso, de estar inserido na equipe.

Diante disso, foi possível perceber que há falhas na preparação do PEF para atuar

em equipes multidisciplinares da saúde, não apenas pelo fato do profissional não ter o

conhecimento, ou da IES nem sempre disponibilizar o conhecimento necessário para essa

atuação. Mas, sim, por um conjunto de fatores relacionados à gestão pública na

regulamentação dos currículos das IES.

A partir do estudo realizado, foi possível perceber que há necessidade de realizar

mais pesquisas no âmbito da saúde pública envolvendo a educação física e o trabalho

multidisciplinar. É necessário, também, que sejam propostas avaliações melhores da

atuação desse profissional nas equipes multidisciplinares, que ocorra uma possível

reformulação nos currículos de graduação em Educação Física, para atender melhor à

demanda da atuação na área da saúde pública.

A pesquisa é de cunho qualitativo, realizada com número pequeno de docentes do

município de São Paulo, o que é um diferencial na pesquisa, pois geralmente as pesquisas

realizadas são feitas pela análise de documentos, ou apenas com os profissionais que estão

no ambiente de atuação e não diretamente na formação inicial, ou que acompanham esses

profissionais. No projeto inicial também seria realizada uma investigação nas grades

curriculares dos cursos de Educação Física no município de São Paulo. Entretanto, ao longo

do estudo verificamos que seria insuficiente analisar as grades curriculares apenas pelos

nomes das disciplinas, não teríamos todas as informações necessárias para saber se

realmente nas disciplinas ministradas nas IES tratam da saúde como um todo. Dessa

48

maneira, indicamos que futuros estudos relacionados ao trabalho multidisciplinar e um

aprofundamento das disciplinas ministradas na graduação nas IES devem ser realizados.

49

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54

Apêndice 1 – TCLE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Titulo da pesquisa: Formação e atuação do profissional de Educação Física em equipes

multidisciplinares na área da Saúde

Eu,______________________________, nascido (a) em ________________________,

portador (a) do RG nº_____________________ e email ______________________, abaixo

assinado, concordo em participar da presente pesquisa, sob responsabilidade da

pesquisadora.

Assinando este termo de consentimento estou ciente de que:

1. O objetivo do estudo é Analisar qual a preparação necessária para atuar em equipe

multidisciplinar em Saúde, do ponto de vista de professores especialistas no tema.

2. Participarei de uma entrevista semiestruturada, constituída de questões abertas para

que eu possa responder com tranquilidade, realizada em dia e horário estabelecido por

mim. Minhas respostas serão gravadas para posterior análise, mas a transcrição ficará

armazenada com a pesquisadora.

3. Não são esperados prejuízos físicos e emocionais para as pessoas participantes da

entrevista, nem, tampouco, gastos de ordem financeira. Entretanto, os pesquisadores não

podem garantir que não haja qualquer agravo aos participantes, pois há um risco mínimo

de ocorrer, por exemplo, algum constrangimento durante a entrevista, seja de ordem

emocional ou psicológica. Caso isso ocorra, serei encaminhado ao Centro de Psicologia

Aplicada da USJT.

4. Minha participação no estudo pode trazer benefícios diretos como o estabelecimento

de um espaço de discussão e reflexão entre mim e a pesquisadora, além da possibilidade

de que minha experiência como docente especializado no tema possa contribuir em

relação ao que é necessário para a formação dos profissionais de Educação Física para

atuarem em equipes multidisciplinares da saúde.

55

5. Estarei livre para interromper a qualquer momento minha participação na pesquisa,

sem que isso me cause nenhum prejuízo.

6. Todos os meus dados pessoais serão mantidos em sigilo e os resultados gerais obtidos

através do estudo serão utilizados apenas para alcançar os objetivos da pesquisa expostos

acima, incluindo sua publicação na literatura científica especializada.

7. Obtive todas as informações necessárias para poder decidir conscientemente sobre

minha participação na referida pesquisa.

8. Poderei contatar a pesquisadora Talitha Bonini Ferreira pelo respectivo telefone (11)

9 8743-6527, ou o Comitê de Ética em Pesquisa da USTJ para apresentar recursos ou

reclamações através do telefone (11) 2799-1944.

9. Este Termo de Consentimento e Livre Esclarecimentotem duas vias que devem ser

rubricadas, permanecendo uma via em meu poder e outra com o pesquisador

responsável.

São Paulo, ____ de ______________ de 2016

____________________________________________

Assinatura do Participante

__________________________________________

Assinatura do Pesquisador responsável

56

Apêndice 2- Roteiro de perguntas

1. Como você avalia a formação do Profissional de Educação Física para atuar na área

da saúde?

- Como você vê a evolução disso nos últimos anos?

2. Sobre a formação do PEF, você acha que é adequada?

- Se não, como você avalia que deveria ser?/ Se sim, você vê adequada, de maneira

geral, em todas as IES?

3. Há interesse de alunos para atuação nesse mercado?

4. Qual sua opinião sobre as equipes multidisciplinares da saúde?

- Como você avalia a presença do PEF nessas equipes?

- Qual sua opinião sobre a operacionalização/ implantação da inserção do PEF nas

equipes multidisciplinares em saúde?

5. A inserção do PEF é um interesse profissional ou por força da Lei?

57

Anexo 1- Parecer de aprovação CEP

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