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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
O PROJETO CARPOTECA INTERATIVA COMO PROPOSTA DE RECURSO
DIDÁTICO PARA ENSINO DA BOTÂNICA
BIANCA ABUD
SÃO PAULO
2016
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BIANCA ABUD
PROJETO CARPOTECA INTERATIVA COMO PROPOSTA DE RECURSO
DIDÁTICO PARA ENSINO DA BOTÂNICA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Universidade Presbiteriana Mackenzie como
requisito obrigatório para a obtenção do grau
de Licenciada em Ciências Biológicas.
Orientador: Prof. Dr. Leandro Tavares Azevedo Vieira
SÃO PAULO
2016
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Agradecimentos
Gostaria de agradecer à instituição da Universidade Presbiteriana
Mackenzie por proporcionar o espaço e disponibilidade para a construção do
conhecimento que busquei em minha graduação.
Agradeço também à todo o corpo docente do curso de Ciências
Biológicas, por me mostrarem as possibilidades desta área de estudo. Dentre as
pessoas que participaram da minha formação na Licenciatura, gostaria de
agradecer principalmente à Magda por me mostrar a beleza da docência. E
também ao meu orientador, Leandro, que me deu abertura para criar este projeto
e proporcionar uma relação amigável. Agradeço aos participantes da banca,
Adriano e Ricardo, por aceitarem participar desta etapa importante de minha
formação.
Agradeço aos meus pais, Vivian e William, que sempre me apoiaram e me
guiaram. Aos meus irmãos William, Filipe e Gabriela que trouxeram alegria aos
meus dias. Ao meu companheiro Santiago que me ajudou a criar e fazer esta
ideia dar certo. Aos meus amigos Leticia Gonzalez e Henrik Hartington que me
apoiaram e me fizeram seguir em frente sempre.
Aos meus colegas de graduação Mariana Terreri, Henrique Paraizo,
Guilherme Vergara, Ivan Batista, Paulo Laurence e Luiza Mineli que fizeram os
meus dias serem mais fáceis. À Beatriz Viegas que, mesmo longe, me apoiou
também. À Mariana Brito e Natalia Pineda que me ajudaram a organizar e
escrever este trabalho.
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”Neste caso, por que teimas em dizer que ela existe, Simplesmente porque é
impossível que não exista uma ilha desconhecida” – José Saramago, O Conto
da Ilha Desconhecida.
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Resumo
O presente trabalho visita algumas abordagens de ensino que
apresentam atualmente complicações durante o processo de ensino-
aprendizagem, como a forte relação dos conteúdos e a forma como são
trabalhados aos exames de vestibular. Nesse sentido, o construtivismo surge
como opção de referência para a atuação do professor em sala de aula e sua
relação com os estudantes, e deles com o conteúdo trabalhado de modo que o
conhecimento seja construído de forma processual e contextualizada. Os
conteúdos de botânica trabalhados na escola básica apresentam algumas
dificuldades para professores e estudantes. As coleções biológicas são uma
opção de recurso didático para realizar abordagens diferentes dos conteúdos
botânicos. Nessa perspectiva foi criado o Projeto Carpoteca Interativa com o
intuito de aproximar os estudantes e professores da diversidade morfológica dos
frutos e sementes para que apreciem o estudo da botânica contextualizado.
Palavras-chave: processo de ensino-aprendizagem; ensino de botânica;
coleção biológica; carpoteca, recurso didático.
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Abstract
This study visit some educational approaches that currently have complications
during the process of teaching and learning , like the strong relationship between
the content and the college entrance exams. In this sense, constructivism
appears as one reference option for teacher performance in the classroom and
its relationship with the students, and with them the contents worked so that
knowledge is constructed in a procedural and contextualized way. The way that
the botanical content is worked in primary school cause difficulties for teachers
and students. Biological collections are a teaching resource option to perform
different approaches to the botanical content. In this perspective it was created
the Project of an Interactive fruit and seed collection with the aim of bringing
students and teachers the morphological diversity of fruits and seeds for them to
enjoy the study of contextualized botany.
Key-words: Learning and teaching process; botany education; biological
collection; “carpoteca”; fuit and seed collection; didactic resources.
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Lista de Imagens
Figura 1. Site Species Link para consulta de espécies vegetais. Fonte:
reflora.jbrj.gov.br/reflora/herbarioVirtual/ConsultaPublicoHVUC/ConsultaPublicoHVUC.
do ................................................................................................................................................ 23
Figura 2. Site Reflora para consulta de espécies vegetais. Fonte:
www.splink.org.br/index?lang=pt ........................................................................................... 24
Figura 3. Sugestão de recipiente para armazenamento dos objetos da coleção da
Carpoteca Interativa ................................................................................................................. 26
Figura 4. Exemplo da proposta de atividade realizada com a Carpoteca Interativa.. .. 27
Figura 5. Visita de estudantes ao Herbário Uenf. Fonte:
http://www.uenf.br/portal/index.php/br/escola-publica-visita-uenf.html ............................ 29
Figura 6. Exposição de pesquisas realizadas pelo Herbário Uenf ao público. Fonte:
http://uenf.br/cbb/herbario/fotos/exposicao-herbario-uenf-em-sao-francisco-de-
itabapoana/ ................................................................................................................................ 30
Figura 7. Carpoteca da UMAPAZ ......................................................................................... 32
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Sumário
1. Introdução .......................................................................................................................... 9
2. Referencial Teórico ........................................................................................................ 10
21. Educação ....................................................................................................................... 10
2.2 Questões sobre o ensino-aprendizagem da botânica ....................................... 17
2.3 Carpoteca e outras coleções didáticas .................................................................. 18
3. Material e métodos ......................................................................................................... 19
4. Resultados ....................................................................................................................... 20
4.1 O projeto da Carpoteca Interativa ........................................................................... 20
4.2 Herbário Uenf – RJ ...................................................................................................... 29
4.3 Herbário do Colégio Estadual Deputado Arnaldo Faivro Busato – PR ......... 30
4.4 Carpoteca da UMAPAZ - SP ...................................................................................... 31
5. Discussão ......................................................................................................................... 34
6. Considerações finais ..................................................................................................... 37
Referências Bibliográficas ................................................................................................... 39
APÊNDICE A – Sugestão de ficha para coleta ............................................................... 42
APÊNDICE B – Sugestão de ficha para organização das pesquisas ....................... 43
APÊNDICE C – Sugestão de ficha de avaliação ............................................................. 44
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1. Introdução
Durante a graduação, ao vivenciar os estágios obrigatórios da licenciatura
somado às discussões que tivemos em sala de aula durante o curso, pude
perceber algumas deficiências do ensino no Brasil, tanto pelas questões de
políticas públicas quanto das questões econômicas e culturais. Além disso, fiz
alguns trabalhos e participei de discussões em sala de aula que enfatizavam
sobre o ensino da botânica e o desinteresse por este da parte dos professores e
dos estudantes. É claro que há exceções e dizer que ninguém se interessa pela
botânica é uma generalização que, como todas, é perigosa. Porém, pude sim
perceber que há esse desinteresse pelo estudo da botânica no ensino básico.
Seja pela questão dos nomes complicados, ou pela falta de contextualização
desse assunto com os outros temas estudados na biologia, o ensino da botânica
é considerado uma abordagem de difícil execução e contextualização.
Iniciei o estágio obrigatório do bacharelado na UMAPAZ (Universidade
Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz), uma subdivisão da Secretaria do
Verde e do Meio Ambiente, da Prefeitura de São Paulo. Lá, atuo na Aventura
Ambiental, um programa de educação ambiental que visa sensibilizar os
participantes por meio de uma visita monitorada no Parque do Ibirapuera, com
atividades interativas que contam sobre a história do parque e as relações entre
os animais e plantas que estão lá. Ao receber os visitantes, mostramos uma
carpoteca, algumas exsicatas, o canto de algumas aves que vivem no parque e,
somente depois disso, saímos para a aventura no parque.
Durante as visitas pude perceber que, ao interagir com a carpoteca, as
crianças só queriam saber “o que é isso”, “qual que é esse? ” e as monitoras
falam de qual planta é aquela semente e eles já perguntam da próxima sem
querer saber onde ela fica, quem come a semente, por que ela é daquele jeito
etc. Achei triste um espaço com objetos tão interessantes que não é explorado
afundo. E então me veio a ideia de elaborar um jeito de usar a carpoteca para
incentivar e fazer com que os professores e estudantes apreciem o estudo da
botânica e consigam fazer as relações com a ecologia, de forma que a botânica
não fique descontextualizada na natureza e faça sentido no dia-a-dia das
pessoas que têm contato com este material.
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Portanto, o presente trabalho visa apresentar a proposta da criação de uma
carpoteca interativa dentro do ambiente escolar. De modo que seja utilizada
como um recurso didático, e não somente como coleção biológica, incentivando
os estudantes e professores a apreciarem o estudo da botânica e não deixar de
contextualizá-lo com as questões do meio ambiente e ecologia. Deste modo, o
professor e os estudantes poderão se familiarizar com a carpoteca, planejar e
construir uma, para que o ensino deste tema seja mais interessante e não
tradicional.
O trabalho a seguir irá apresentar questões sobre o ensino, o desinteresse
pela botânica, a relação de professores e alunos diante de um material didático
não-tradicional, a exposição de uma opção de carpoteca interativa e a
comparação deste modelo criado, com outras coleções biológicas também
interativas.
2. Referencial Teórico
21. Educação
O sistema educacional brasileiro, segundo a Lei de Diretrizes e Bases,
prepara o estudante para se desenvolver intelectualmente, profissionalmente e
socialmente. A primeira etapa é a educação infantil. O ensino fundamental I e II,
objetiva que a criança e adolescente tenham uma formação básica de cidadão.
No ensino médio, o adolescente consolida e aprofunda os conhecimentos do
ensino fundamental. Para ingressar no ensino superior, é necessário a
aprovação do estudante no vestibular (BRASIL, 1996).
Os vestibulares cobram conhecimentos teóricos e de memorização,
fazendo com que os estudantes tenham que se adaptar a esse “modo de
apender” e, consequentemente, os professores se limitam a ensinar “o que cai
no vestibular”. Os cursinhos representam este fenômeno da educação brasileira,
com métodos de ensino e estudo que fazem os alunos decorarem o conteúdo,
sem questionamentos críticos sobre o que se aprende (CORDEIRO, 2009).
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Pensando o ensino de ciências nessa perspectiva dos vestibulares, é
comum que os estudantes pensem na ciência como algo interessante, porém
desnecessário. Ou mesmo o contrário, é necessário saber para passar no
vestibular, porém desinteressante. Entretanto, o ensino das ciências pode se
apresentar mais abrangente do que parece. Segundo Krasilshik e Marandino
(2004) o estudo das ciências envolve habilidades e competências que preparam
o estudante para participar da cultura científica, expressar julgamentos críticos
sobre os temas científicos, elaborar argumentos com base em conhecimentos
científicos, atuar socialmente em assuntos relativos à ciência e, por fim, resolver
assuntos relativos ao dia-a-dia.
Por trás da discussão sobre como o professor discute o conteúdo com
seus estudantes, está a discussão sobre o que é ensinado. Carvalho (2004)
considera que há três tipos de conteúdos que são tratados em sala de aula, os
conceituais, os procedimentais e os atitudinais. Os conteúdos conceituais são
aqueles que se considera como “matéria estudada”, específico de cada
disciplina. Os conteúdos procedimentais dizem respeito a todo e qualquer tipo
de técnica envolvida na realização de um trabalho que os estudantes participam
(confecção de textos, desenhos, maquetes...). E, por último, os conteúdos
atitudinais dizem respeito aos valores aprendidos a partir do que foi discutido
com o professor e os outros estudantes.
Para que o estudante desenvolva tais competências é necessário um
ambiente que propicie estas reflexões. Dentro da sala de aula, o professor pode
proporcionar tais pensamentos. De acordo com Freire (2011) a educação
bancária é aquela em que o professor deposita os conhecimentos nos alunos
em forma de narrativa e estes devem memorizar as informações, o que acaba
distanciando o educador do educando e este do conteúdo que está sendo
discutido em sala. Em contraste há a educação libertadora em que ocorre um
diálogo entre o educador e o educando, aproximando-os, e promovendo o
conhecimento a partir da reflexão. É por meio da educação libertadora que o
professor permite que seus estudantes reflitam sobre o que está sendo discutido,
tornando possível, assim, o desenvolvimento das competências comentadas por
Krasilshik e Marandino (2004). Desta forma pode-se ver o papel do professor e
o aluno de diferentes perspectivas a partir do que se conceitua como educação.
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O modo como os professores e estudantes concebem seu trabalho em
sala de aula pode representar o que acreditam como ensino, aprendizagem e a
educação em geral. Segundo Mizukami (1986) existem 5 abordagens que
podem explicar o comportamento dos estudantes e professores em sala de aula.
Cada abordagem pode ser relacionada também com modelos pedagógicos
(atuação do professor em sala) e epistemológicos (origem do conhecimento) de
Becker (1994). Na abordagem tradicional a ideia de ensino está vinculada à
reprodução do estudante de acordo com o que o professor disse e fez em sala
de aula. Desse modo há a transmissão de conhecimentos, em que o professor
deve passar o maior número de informações possíveis no menor tempo para
seus estudantes. Essa abordagem é semelhante à pedagogia diretiva e
epistemologia empirista de Becker (1994) em que o aluno é uma tábula rasa e o
professor deposita seus conhecimentos nela, já que o conhecimento está no
objeto e deve ser descoberto por um sujeito. Essa ideia é semelhante também à
educação bancária de Freire (2011), com a ideia de depósito de conhecimento
em alguém que não os possui.
Em Mizukami (1986) a abordagem comportamentalista se baseia nos
estudos de Burrhus Frederic Skinner em que o comportamento e, portanto,
aprendizado dos estudantes é controlado pelo professor por condicionantes e
reforçadores arbitrários, ou seja, por meio de incentivos e punições. Na
abordagem humanista, o ensino é centrado na pessoa. Dessa forma, o professor
não impõe nada ao estudante, somente atua como facilitador de informações
sobre assuntos que os próprios estudantes buscam interesse. Essas duas
abordagens se assemelham à pedagogia diretiva diretiva de Becker (1994), que
considera que o conhecimento é inato e o professor deve somente despertar isso
em seus estudantes.
Baseada nos estudos de Jean Piaget, a abordagem cognitivista
comentada por Mizukami (1986) entende que a aprendizagem se dá a partir da
exploração, ou seja, estudante junto com o professor fazem uma análise de uma
situação problema. Nessa abordagem, o ensino é considerado como um
processo, uma construção contínua. A última abordagem comentada na obra de
Mizukami (1986) é baseada nas obras de Paulo Freire e chamada de sócio-
cultural, pois se baseia no contexto em que os estudantes estão inseridos. Dessa
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forma, os estudantes podem interagir e dialogar para mudar o mundo. Em Becker
(1994) pode-se ver uma ideia semelhante na pedagogia relacional, que se baseia
na interação. Nela, é considerado que ocorre a construção de um conhecimento
a partir do trabalho conjunto do professor, estudante e o conhecimento.
É importante ressaltar que o professor não segue estritamente uma
determinada abordagem, sua atuação em sala de aula pode ser classificada
como mesclas de cada uma. Apesar disso, em todas elas há um fato a ser
considerado: para que o aprendizado ocorra é preciso que o estudante tenha
interesse. Dessa forma Pozo e Crezpo (2009) afirmam que um dos papeis do
professor em sala de aula é fomentar o interesse de seus estudantes para o
conhecimento científico. O estudante deve ser motivado de alguma forma a
pesquisar mais sobre determinado assunto, que aqui no caso, é a ciência.
Pode-se encontrar algumas dificuldades nas abordagens e pedagogias
descritas acima, como o distanciamento do professor em relação a seus
estudantes e deste em relação ao conteúdo. Peralva e Sposito (1994) realizaram
uma entrevista com o sociólogo François Dubet que revelou sua impressão sobre
os programas escolares e defende que eles são feitos para estudantes que não
existem e que os professores são obrigados a dar aula para um aluno teórico,
que não existe. De acordo com Rosa (2003) uma opção presente nos dias de
hoje é o construtivismo. Esta referência de abordagem e epistemologia se insere
na tendência interacionista e considera que o estudante possui conhecimentos
prévios e, ao se deparar com uma situação-problema, desconstrói esse
conhecimento e o reconstrói com a mistura das novas ideias com as que já
possuía.
No construtivismo, o professor tem papel de mediador da construção de
conhecimento do seu estudante. A existência de concepções espontâneas é
explorada por Carvalho (1998). Este autor comenta que os estudantes possuem
algumas concepções prévias de alguns conhecimentos tratados em aula. A partir
disso, o professor deve explorar esses conhecimentos e mediar a reflexão do
aluno diante dos conteúdos.
A reflexão feita pelo estudante sobre os conhecimentos já construídos e
os que lhes são disponibilizados ocorre por meio dos chamados esquemas de
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conhecimentos. Estes são representações que uma pessoa tem, sobre um
determinado assunto, em um determinado momento. Isso significa que o
conhecimento é gerado de maneira contínua e que pode abrir relações para
novos conhecimentos que, eventualmente, serão modificados também (MAURI,
1996). O mesmo pode ser feito pelo professor, refletindo sobre sua atuação,
sobre o que sabe e sobre o conceito que tem de aprendizagem.
A modificação dos conhecimentos ocorre por uma atribuição de
significado do assunto que é estudado. Os significados são atribuídos de forma
diferente para cada pessoa, já que são a interpretação da realidade que ela tem,
de um determinado assunto e em um determinado momento. Além disso, os
significados não são finitos, partem dos conhecimentos prévios, que podem abrir
relações para novas aprendizagens e também relações para novos significados
e assim sucessivamente (MAURI, 1996).
O professor pode interferir neste processo de atribuição de significado
como um facilitador da aprendizagem. O docente pode utilizar de algumas
estratégias para aproximar a discussão do conteúdo com o estudante,
indagando-o com questões reflexivas sobre o assunto (CARVALHO, 1998).
Algumas das questões reflexivas que podem ser feitas pelo professor podem ser
relacionadas à contextualização daquele assunto que está sendo trabalhado.
A contextualização, no Brasil, foi marcada por um movimento na década
de 1970 chamado de CTSA (ciência-tecnologia-sociedade-ambiente) com o
propósito de promover a contextualização no ensino de ciências com uma
perspectiva crítica. Segundo as diretrizes que esse movimento carrega, a
contextualização se dá ao tratar de um conteúdo escolar relacionando-o com os
quatro pontos principais de seu ideal (a ciência, a tecnologia, a sociedade e o
ambiente). Essas relações podem garantir a melhoria no entendimento e
compreensão dos alunos sobre os temas escolares, e a posterior formação de
um pensamento crítico acerca dos conteúdos escolares e os temas da realidade
(SANTOS, 2007).
Este enfoque CTSA foi inserido nos documentos nacionais como a LDB
(lei de Diretrizes e Bases) e os PCNEMs (Parâmetros Curriculares Nacionais
para o Ensino Médio) como metas para o progresso da educação (PINHEIRO et
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al., 2007). Essa inserção foi importante para que estes assuntos fossem
explicitados como necessários para a formação dos jovens brasileiros.
Considerando que os documentos nacionais declaram os CTSA como
importantes para a educação e que podem ser capazes de promover a
contextualização, é importante levá-los em conta no momento do processo de
ensino-aprendizagem, bem como a dedicação do professor ao fazer o
planejamento de aula (que será essencial para fazer as relações de
contextualização necessárias). De acordo com Mauri (1996) para que os
professores trabalhem os conteúdos das disciplinas com um determinado
enfoque, é preciso que os professores dominem aquele assunto e aquele tipo de
abordagem. O mesmo ocorre com a contextualização no sentido de que o
professor deve compreender o que é a contextualização para poder trabalhá-la
na íntegra.
Segundo Kato e Kawasaki (2011) pode-se notar que os professores têm
concepções diferentes sobre o que é de fato a contextualização, mas isso não
significa que alguma delas esteja correta ou errada. Estes pesquisadores
classificam as opiniões dos professores em três categorias: a primeira categoria
relaciona contextualização somente com o cotidiano do aluno; a segunda
categoria classifica contextualização como a relação das diferentes disciplinas
escolares; e a terceira categoria classifica a contextualização como a
apresentação dos contextos histórico, social e cultural ao tratar de um
determinado conteúdo.
Visto que os professores possuem concepções diferentes do que é
contextualização, é interessante considerar que o professor pode ter alguma ou
várias destas visões sobre a contextualização.
Tendo em vista que os fatores mencionados acima (aspectos históricos,
sociais, culturais, tecnológicos, ambientais, relação com outros conteúdos da
mesma disciplina, relação com outras disciplinas e relação com o cotidiano do
aluno) podem ser agrupados e, assim, promover uma contextualização dos
conteúdos tratados em sala. Segundo Peralva e Sposito (1994) a experiência do
sociólogo como professor concluiu que é preciso manter os estudantes
interessados o tempo inteiro, do contrário sua atenção é perdida e assim também
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ocorre com o andamento da aula. A contextualização pode ser um meio de
manter os estudantes interessados na aula.
Nessa perspectiva, os professores utilizam alguns recursos materiais para
auxiliar sua atuação em sala de aula, de forma que deixem mais claro o conteúdo
que será discutido e melhorem a interação entre os estudantes e deles com o
professor. Os recursos didáticos podem ser qualquer objeto utilizado em sala de
aula (ou mesmo fora dela) para auxiliar a didática do professor e o processo de
ensino-aprendizagem (SOUZA, 2007).
Entretanto, nem todos os recursos didáticos são efetivos por conta de sua
estrutura material ou pelo seu uso. É preciso que o recurso desperte a
curiosidade do estudante, que o faça explorar e construir o conhecimento
interagindo com o objeto. Nem todos os recursos didáticos permitem isso. E
acontece também do modo como o professor orienta que os estudantes
explorem tal recurso não os permita chegar à essa interação e à construção do
conhecimento (ARAÚJO, 2014; SOUZA, 2007).
É importante que o estudante desenvolva sua autonomia para que
consiga construir e tirar suas conclusões, mesmo que momentâneas, do
assunto/objeto explorado (CARVALHO, 1998). Esta autonomia pode ser
alcançada de modo que o professor permita que o estudante interaja com o
objeto de estudo, ou mesmo com o recurso didático. Sendo assim, nas aulas
práticas os estudantes desenvolvem o senso crítico e criativo por meio da
experimentação e observação e durante as aulas teóricas eles desenvolvem
significados próprios, necessários para a construção do conhecimento de modo
gradativo (KRASILSHIK, 2004). Bizzo (2009) afirma também que as aulas
práticas atuam como motivadoras do processo de ensino-aprendizagem,
fazendo o estudante se interessar mais pelo assunto discutido.
Dentre as interações entre professor-estudante-conhecimento, há entre o
professor e o estudante uma relação importante e essencial para que o processo
de ensino-aprendizagem ocorra, independentemente do modo como isso ocorra.
Segundo Silva (2010) o contrato didático atua como mediador dessa relação,
delimitando quais são os direitos e deveres dos educandos e educadores. Esse
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contrato pode ser observado de maneira implícita ou explícita, como e quando o
professor impõe suas regras ou quando os alunos as discutem.
2.2 Questões sobre o ensino-aprendizagem da botânica
Muito se tem visto sobre as dificuldades do ensino-aprendizagem da
botânica no Brasil. A pesquisa de Machado e Amaral (2014) indicou que muitos
estudantes de ensino superior se lembram da botânica estudada no Ensino
Médio somente como um plano de fundo porque não era contextualizada e não
havia aulas práticas. Os estudantes têm vagas lembranças sobre os grupos
taxonômicos e a fotossíntese, mas sem aprofundamento nos temas e
compreensão contextualizada. Ainda assim Fagundes e Gonzalez (2013)
indicaram que, apesar de muitas pesquisas e projetos feitos para aprimorar o
ensino da botânica, há ainda a dificuldade de aplicação destes recursos. Deste
modo, ainda é presente esta dificuldade.
Investigado mais afundo, de acordo com Rockenbach et al. (2012) o
desinteresse por esta área ocorre por conta do modo com as aulas de botânica
são ministradas. Há sempre muito conteúdo a ser discutido, baseada somente
no livro didático e caracterizada pela falta de dinâmicas interativas. A presença
dos nomes complicados é também um fator que influencia no desinteresse pelo
estudo da botânica. Segundo Santos (2009) muitos estudantes e mesmo
professores veem a taxonomia somente como memorização de nomes
complicados e de forma não contextualizada.
Complementando estas ideias, outros autores como Menezes et al. (2008)
indicaram que algumas dessas dificuldades provém do desinteresse pela
botânica por conta do distanciamento das plantas com os seres humanos. Estes
autores consideram que a falta de observação do meio natural e também a falta
de interação entre seres humanos e plantas são as causas práticas desse
desinteresse.
Silva (2003) comenta sobre as contribuições de ensinar botânica de forma
contextualizada. A autora aponta que essa contextualização pode englobar a
relação homem-natureza, as relações entre os organismos vegetais e entre
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estes e os organismos de outros reinos, valorização do cultivo vegetal, questões
relacionadas à sustentabilidade, questões culturais e sociais (a etnobotânica, por
exemplo), criar senso crítico a partir do que a ciência tem publicado na área,
além de aprenderem os métodos práticos para o estudo a área e dar
oportunidade aos estudantes para que expressem sua criatividade.
2.3 Carpoteca e outras coleções didáticas
Uma coleção biológica é um acervo constituído por exemplares (ou parte
deles) de organismos fósseis e/ ou atuais, organizados e identificados. Estes
repositórios auxiliam nas pesquisas e desenvolvimento científico de modo que
propiciam o acesso a informações sobre a diversidade e riqueza de espécies de
uma determinada região, bem como a descrição de novas espécies. Tais dados
são importantes para o desenvolvimento científico e conservação do meio
ambiente (SIBBR, 2016).
Dentre as coleções biológicas de organismos vegetais, os herbários
costumam apresentar exsicatas (exemplares ressecados de ramos de árvores),
carpotecas (exemplares de frutos e sementes) e xilotecas (exemplares de
madeiras)
As carpotecas são definidas como coleções biológicas cientificamente
identificadas e organizadas que armazenam frutos e sementes. É uma extensão
do acervo de herbários, e complementa as pesquisas científicas realizadas nas
áreas de identificação de espécies, interações ecológicas, entre outros. Têm o
propósito também de contribuir com informações para que se elabore estratégias
de conservação e manejo (PLANTARUM, 2016).
As coleções biológicas podem também ser utilizadas como recursos
didáticos. É comum que estes espaços recebam grupos de escolas e
universidades em que desejam complementar com recursos táticos e visuais o
que é estudado em sala de aula. Deste modo é apresentado os visitantes os
objetos da coleção para ilustrar o que se estuda, a forma como os objetos são
conservados e a importância das coleções (NASCIMENTO et al., 2015).
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O presente trabalho tem como objetivo a proposta da criação de uma
carpoteca dentro do ambiente escolar, de forma que contribua para o processo
de ensino-aprendizagem de forma interativa. O projeto será analisado, seguindo
o objetivo estabelecido, de acordo com algumas coleções biológicas usadas
como recursos didáticos por escolas de ensino básico.
3. Material e métodos
A criação do projeto se deu a partir das referências da literatura sobre o
processo de ensino-aprendizagem, levando em conta as interações entre
professor-estudante de acordo com o interacionismo, com a utilização de um
recurso didático eficiente e que contribua para o aprendizado da botânica.
O projeto da Carpoteca Interativa foi dividido em duas partes: a criação
em si da carpoteca, que será feita pelos estudantes com o auxílio do professor;
e a exposição e apresentação da mesma com as respectivas atividades pelos
estudantes para o público, em uma feira de ciências. Será proposta a discussão
do projeto em uma aula de ciências com estudantes do 8° ano do Ensino
Fundamental. O mesmo será produzido durante as aulas e terá duração de 3
meses.
A proposta do presente projeto foi analisada com o uso de outras três
coleções biológicas aplicandas no ensino: o herbário Uenf do Rio de Janeiro –
RJ (NASCIMENTO et al., 2015), a coleção biológica criada no Colégio Estadual
Deputado Arnaldo Faivro Busato, do município de Pinhais – PR (FAGUNDES e
GONZALEZ, 2008) e a carpoteca utilizada no programa de Educação Ambiental
da UMAPAZ em São Paulo - SP.
Tais coleções foram selecionadas por estarem relacionadas com o processo
de ensino-aprendizagem. Cada uma possui leves diferenças na relação com
estudantes que participam delas ou as visitam, de modo que se possa averiguar
as questões relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem em cada uma.
As três coleções selecionadas serão comparadas com o presente projeto de
Carpoteca Interativa de acordo com os seguintes pontos:
Objetivo da coleção;
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Público visitante;
Espaço físico;
Atuação do(s) professor(es)/monitor(es);
Atuação dos estudantes;
Atividade(s) realizada(s);
Objetivo da(s) atividade(s) realizada(s);
Conteúdo discutido (conceituais, procedimentais e atitudinais e de que
forma são apresentados).
A seleção dos critérios de avaliação e análise das coleções se deu
levando em consideração o referencial teórico deste trabalho. Deste modo, os
critérios escolhidos podem representar o modo como ocorre o processo de
ensino-aprendizagem nestes ambientes de forma que incentive o estudo e
apreciação da Botânica.
4. Resultados
4.1 O projeto da Carpoteca Interativa
A seguir será descrito o projeto da criação da Carpoteca Interativa, de
acordo com a proposta do presente trabalho. O principal objetivo deste projeto é
promover o conhecimento sobre os diferentes morfotipos de frutos e sementes
bem com sua identificação para incentivar o estudo e apreciação a botânica.
Como objetivos secundários, tem-se a compreensão do desenvolvimento do
fruto e semente, a relação dos frutos e sementes com a reprodução dos
organismos vegetais, relacionar os frutos com as síndromes de dispersão e
polinização e compreender a importância dessa relação para o funcionamento
dos sistemas ecológicos.
Durante as aulas, o professor discutirá com os estudantes assuntos
relacionados à carpoteca como: a importância da classificação biológica e das
coleções biológicas, as ações dos seres humanos e a importância do
conhecimento e conservação da diversidade biológica, as relações existentes
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entre os organismos vegetais e organismos de outros reinos e as síndromes de
dispersão e polinização.
- A criação da carpoteca
A coleta
O professor ficará responsável por obter a autorização para a coleta de
material biológico, mediante um projeto previamente elaborado. A autorização
será atendida pela prefeitura do município em que a escola estiver situada.
Desse modo, ele e seus estudantes poderão realizar a coleta respeitando a
legislação que prevê a preservação ambiental. Em sala, o professor irá trabalhar
com os estudantes a importância da coleta e identificação de espécies de
árvores, para que o projeto seja contextualizado.
Os estudantes e o professor irão coletar os materiais biológicos em uma
praça ou parque que se localiza perto da escola (ou na própria escola, se houver
disponibilidade). Para a saída a campo, os estudantes se dividirão em grupos
(de 4 a 5 pessoas) e o professor ficará supervisionando o andamento do trabalho
dos grupos, bem como prestando auxílio aos que necessitarem de alguma ajuda.
Previamente o professor irá disponibilizar as orientações para a organização da
coleta e dos grupos em sala de aula.
Na coleta, os estudantes e o professor utilizarão sacolas plásticas (para
armazenar o material), tesouras de poda, lápis e folha para anotação, prancheta
(para facilitar a anotação), álcool 70% (para conservar os frutos; este será
carregado e utilizado somente pelo professor, para medidas de segurança),
recipientes de vidro ou de plástico (para depositar os frutos no álcool), etiquetas
e fitas adesivas para marcar os indivíduos coletados e fita métrica. Será indicado
também o uso de sapato fechado e repelente.
Os estudantes anotarão em campo as seguintes observações sobre o
material coletado: tamanho do fruto/semente medido com fita métrica ou régua,
cor, cheiro e, se conseguirem observar qual árvore é a originária do indivíduo,
coletar algum ramo da árvore, anotar informações sobre o tamanho e demais
curiosidades pertinentes. Cada material deverá ser identificado com a fita
-
22
adesiva conforme a identificação no papel, tendo como orientação o manual
“Técnicas de coletas, herborização e inventário florístico de arbóreas” (COTA,
2016). Em apêndice segue a sugestão de ficha que deve ser preenchida em
campo (APENDICE A). Além disso, um estudante de cada grupo ficará
responsável por tirar fotografias de todos os materiais coletados.
A coleta poderá ser feita em mais de um dia, se não houver material
suficiente. Após a coleta, todo o material será levado ao laboratório da escola
(ou em algum local que possa ser armazenado). Os ramos coletados e frutos
devem ser devidamente secados para evitar contaminação e eventual
apodrecimento. Esse processo pode ser realizado em estufas ou, dependendo
da disponibilidade dos recursos, somente expondo os materiais coletados ao sol
(COTA, 2016).
Neste momento, é sugerido que o professor trabalhe com os estudantes
algumas questões como a importância do processo de secagem do material
recolhido, bem como as possíveis aplicações do mesmo para que o processo
seja justificado.
Os passos seguintes são sugestões, já que durante o processo de
desenvolvimento da atividade poderão surgir diferentes ideias que podem ser
aplicadas também.
Identificação e pesquisa
Os materiais coletados (ramos, sementes e frutos) em campo serão
identificados em família e, se for possível, em nível de espécie, em sala de aula
pelos estudantes com o auxílio do professor por meio de chaves de identificação,
internet em sites como a Species Link, o Projeto Reflora (Figuras 1 e 2) e
conhecimentos prévios dos estudantes e do professor. Nesses sites a busca
pode ser mediada por filtros como o táxon da espécie que se procura e outros
detalhes morfológicos da mesma. A identificação deverá ser feita de maneira
organizada em uma tabela (APÊNDICE B). As fotografias tiradas em campo
devem ser anexadas aos respectivos indivíduos identificados na tabela.
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Figura 1. Site Species Link para consulta de espécies vegetais. Fonte: www.splink.org.br/index?lang=pt
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Figura 2. Site Reflora para consulta de espécies vegetais. Fonte: reflora.jbrj.gov.br/reflora/herbarioVirtual/ConsultaPublicoHVUC/ConsultaPublicoHVUC.do
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Nesta etapa, é sugerido que o professor trabalhe novamente com os
estudantes as questões sobre a importância da identificação de materiais
biológicos e como isso é organizado em bancos de dados ao redor do mundo.
Após a identificação, os estudantes e o professor farão pesquisas sobre
as relações ecológicas dos indivíduos coletados, assim como será comentado
em sala de aula, como a forma de polinização/dispersão, herbivoria, hábitat,
fatores relacionados ao desenvolvimento e reprodução daquele determinado
organismo vegetal. Essas informações deverão ser adicionadas na tabela. Há a
sugestão de quadro para a organização dos dados (APÊNDICE B).
A montagem da carpoteca
Considerando o presente projeto de uma Carpoteca Interativa e usando
as referências da literatura relacionadas à educação, a estrutura física da mesma
será apresentada de maneira diferente das demais vistas nos herbários da
cidade. Como proposta, a carpoteca apresentada aqui terá certa mobilidade dos
compartimentos em que as espécies são armazenadas e também apresentará
as relações ecológicas que as sementes e frutos apresentam com o meio
ambiente e outros organismos.
Após as pesquisas e organizados os dados, os estudantes se mobilizarão
para reunir recipientes de vidro que possuam tampa, para armazenar os
materiais. Antes de depositar os materiais coletados, os recipientes serão
devidamente higienizadas (com álcool 70%) para evitar contaminação dos
organismos biológicos coletados.
Ao redor da tampa dos recipientes serão amarrados barbantes para que
esses possam se conectar uns com os outros (Figura 3). Os recipientes de vidro
podem ser armazenados em estantes no laboratório de ciências da escola ou
em alguma outra dependência que seja adequada.
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26
Figura 3. Sugestão de recipiente para armazenamento dos objetos da coleção da Carpoteca Interativa
As atividades com a Carpoteca Interativa
Será sugerido aos estudantes que façam uma atividade com a Carpoteca
Interativa. Utilizando os dados das relações ecológicas, serão impressas
imagens dos polinizadores/ dispersores e demais indivíduos participantes da
fauna daquele meio. As imagens deverão ser coladas em pedaços de papelão e
plastificadas. O papelão deve conter furos em suas laterais para que sejam
amarrados os barbantes.
A atividade proposta é que os participantes relacionem os materiais da
carpoteca com as imagens dos outros organismos dos papelões, de forma que
faça sentido. Após conectar os objetos por meio dos barbantes, é sugerido que
o participante justifique a relação feita.
Como exemplo, pode-se verificar a imagem a seguir (Figura 4) que mostra
a possível relação de três espécies: os frutos do alecrim-de-campinas (Holocalyx
balansae) são dispersados por morcegos (1) e servem de alimento para a anta
(3). Além disso, ao florescer em outubro, é polinizado por abelhas (2) (GASPER
et al., 2012).
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Outro exemplo que pode ser utilizado como atividade é a possível relação
de três espécies: as abelhas sem ferrão da família Meliponini polinizam as flores
da Castanheira-do-Pará (Bertholletia excelsa). Assim como o fruto dessa
espécie vegetal se relaciona com a cutia (Dasyprocta sp.) que se alimenta de
suas sementes e as esconde em buracos cavados na terra. É comum que as
cutias esqueçam onde esconderam as sementes e acabam atuando como
dispersoras das Castanheiras-do-Pará (SANTOS e ABSY, 2010; LINHARES,
2009.
Figura 4. Exemplo da proposta de atividade realizada com a Carpoteca Interativa. As relações possíveis com o Alecrim de Campinas são: a dispersão das sementes por
morcegos (1), a polinização por abelhas (2) e as sementes servem de alimento para a Anta (3).
- Apresentação da carpoteca ao público
A elaboração da carpoteca, bem como todas as pesquisas feitas serão
apresentados em uma feira de ciências na escola. Os estudantes, com auxílio
1
3 2
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28
do professor, irão montar um “stand” em que o público presente na feira de
ciências possa entrar e participar da atividade com a carpoteca.
Dentro do stand criado haverá uma mesa redonda com os materiais da
Carpoteca Interativa dispostos sobre ela. Além disso, as pesquisas serão
impressas e expostas nas paredes do stand. Os participantes serão incentivados
a fazer as relações dos materiais biológicos com as imagens (amarrando os
barbantes) e observar as pesquisas.
A atuação dos estudantes será mediando a atividade com a carpoteca,
bem como dando explicações sobre as pesquisas e respondendo à demais
perguntas que os participantes façam. A atuação do professor será somente de
orientar os alunos durante a apresentação do trabalho.
- Sobre a avaliação
Os estudantes serão motivados a realizarem uma auto avaliação
mediante sua participação e envolvimento na coleta dos materiais, na
identificação dos indivíduos, nas pesquisas, na construção da Carpoteca
Interativa e na atuação durante a apresentação na feira de ciências. Como
sugestão de avaliação, há uma ficha em apêndice (APENDICE C).
Durante a coleta, identificação dos materiais e construção da Carpoteca,
os estudantes realizarão suas avaliações nos seguintes pontos: colaboração
com o trabalho e organização das informações.
As pesquisas feitas pelos grupos serão apresentadas ao professor antes
de serem expostas ao público na feira de ciências. Desse modo o professor pode
orientar seus estudantes em questões sobre as informações, organização e
layout das pesquisas. A avaliação destas será feita em duas etapas: uma
primeira entrega das pesquisas feitas pelos estudantes; o professor irá corrigir e
sugerir modificações e devolver os trabalhos aos estudantes; então os
estudantes irão realizar as modificações sugeridas e outras que julgarem
importantes e entregarão uma segunda vez ao professor. Desta última vez, o
professor irá avaliar a qualidade das modificações feitas de acordo com o que
foi sugerido da primeira vez.
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Para a apresentação do projeto na feira de ciências, os estudantes serão
orientados previamente e depois realizarão duas avaliações em pontos como:
postura, linguagem, recepção do público, informações fornecidas, organização
e cooperação do grupo.
4.2 Herbário Uenf – RJ
De acordo com Nascimento et al. (2015) esta coleção faz parte da Rede
Fluminense de Herbários, no Rio de Janeiro. O espaço é frequentemente visitado
o ano inteiro principalmente por escolas de ensino básico. Há também algumas
visitas por grupos de estudantes e professores de cursos de ensino superior,
com uma média anual de 248 visitas.
Os monitores do local (bolsistas de extensão e da universidade aberta)
realizam uma visita guiada pelo herbário e comentam com os visitantes sobre a
importância da classificação biológica, a biodiversidade daquela região do Rio
de Janeiro e como os herbários contribuem para a conservação da
biodiversidade da região.
Durante o percurso, os visitantes são apresentados a exsicatas, carpoteca
e xiloteca (Figura 5), bem como os painéis que foram feitos a partir das pesquisas
realizadas pelo herbário (Figura 6). Além disso, este herbário disponibiliza alguns
cursos e palestras durante o ano todo.
Figura 5. Visita de estudantes ao Herbário Uenf. Fonte: http://www.uenf.br/portal/index.php/br/escola-publica-visita-uenf.html
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Figura 6. Exposição de pesquisas realizadas pelo Herbário Uenf ao público. Fonte: http://uenf.br/cbb/herbario/fotos/exposicao-herbario-uenf-em-sao-francisco-de-
itabapoana/
4.3 Herbário do Colégio Estadual Deputado Arnaldo Faivro Busato –
PR
A proposta foi aplicada e publicada por Fagundes e Gonzalez (2006). O
herbário didático foi criado no Colégio Estadual Deputado Arnaldo Faivro Busato
no município de pinhais – PR e ocorreu com estudantes do 2° do Ensino Médio.
Os estudantes foram instruídos a coletar os materiais em locais próximos
a suas residências, mediante a uma autorização da Secretaria Municipal de
Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura Municipal de Pinhais. Os estudantes
foram divididos em grupos de trabalho, montaram exsicatas e exploraram o
material com chaves dicotômicas. Após a montagem e identificação, o material
foi direcionado ao acervo do laboratório de ciências.
Após a atividade, os estudantes responderam a um questionário e as
respostas foram analisadas de acordo com as referências da literatura utilizada
pelos autores. Os resultados indicaram que os estudantes ao terem a
experiência de utilizar uma chave dicotômica para identificação, sentiram
dificuldades por conta dos nomes difíceis e complicados, mas apesar disso se
sentiram mais próximos aos conteúdos botânicos com as aulas práticas.
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31
4.4 Carpoteca da UMAPAZ - SP
A carpoteca presente na sala de acolhimento do programa Aventura
Ambiental da UMAPAZ é apresentada em uma estante de madeira, com 36
compartimentos abertos. Cada compartimento possui uma ou duas espécies de
frutos e sementes. Os compartimentos são nomeados com uma etiqueta
indicando o nome popular da espécie que contém. Alguns compartimentos
apresentam imagens das respectivas árvores e flores (Figura 7).
Os materiais biológicos presentes nesta carpoteca foram retirados do próprio
parque e ressecados. Alguns deles apresentam fungos.
Os visitantes são convidados a explorar a carpoteca e, com o auxílio das
monitoras, discutem sobre a espécie e como ocorre o desenvolvimento do
organismo vegetal a partir daquele fruto/semente. Após o acolhimento na sala
ambientada, os visitantes participam de uma visita monitorada no Parque do
Ibirapuera e, lá, observam as árvores de algumas das espécies vistas na
carpoteca.
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32
Figura 7. Carpoteca da UMAPAZ
Os resultados descritos acima foram organizados no Quadro 1 para fins de
facilitar a análise dos mesmos. No quadro há informações sobre os oito tópicos
(Objetivo da coleção, público, estrutura física, atuação do(s) professor(es)/
monitor(es), atuação dos estudantes, atividades realizadas, objetivo das
atividades realizadas e conteúdo trabalhado) que serão discutidos em cada uma
das coleções de acordo com as referências teóricas presentes neste trabalho.
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33
Quadro 1. Comparação dos resultados das coleções
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34
5. Discussão
Tratando-se das questões relacionadas ao processo de ensino-
aprendizagem pode-se considerar que as coleções apresentam traços que foram
influenciados pela filiação a abordagens do ensino tratados em Mizukami (1986)
e Becker (1994). Além disso, os conteúdos conceituais, procedimentais e
atitudinais (CARVALHO, 2004) podem ser trabalhados de forma contextualizada
(SANTOS, 2007; KATO e KAWASAKI, 2011).
No Herbário Uenf a atuação dos professores/ monitores e dos estudantes
se assemelha à abordagem tradicional de Mizukami (1986) já que fornecem as
informações de maneira expositiva e quando os estudantes fazem as perguntas,
respondem com o que foi perguntado. Situações parecidas ocorrem também no
modelo diretivo de Becker (1994), que se baseia no empirismo. Dessa forma, o
conhecimento está no objeto que é estudado. Apesar disso, o Herbário Uenf tem
atividades e discussões relacionadas à conservação da biodiversidade daquela
região. Assim, pode-se considerar também que o conteúdo é contextualizado
nas questões históricas, sociais e ambientais (SANTOS, 2007; KATO e
KAWASAKI, 2011), já que trata da conservação da biodiversidade. Não foi
observado o trabalho com os conteúdos procedimentais (CARVALHO, 2004), já
que os estudantes e visitantes não realizam nenhuma técnica de organização ou
identificação no herbário, porém a questão atitudinal é trabalhada ao se discutir
a importância da preservação da biodiversidade.
No Herbário do Colégio Estadual Deputado Arnaldo Faivro Busato pode-
se observar algumas questões que se assemelham ao Herbário Uenf, mas
alguns outros pontos são diferentes. É desejável que os estudantes participam
da criação da coleção o que indica que têm participação ativa neste projeto. Essa
participação dos estudantes é observada na abordagem cognitivista de
Mizukami (1986) e também na pedagogia relacional de Becker (1994) já que o
estudante explora o objeto e assim, constrói o conhecimento. Pode-se
assemelhar essa prática ao que o construtivismo indica como ideal, já que é a
partir da interação do estudante como objeto de estudo que surge a construção
do conhecimento (ROSA, 2003). O conteúdo trabalhado engloba os
-
35
procedimentos realizados na construção do herbário e as questões de
conservação do meio ambiente (CARVALHO, 2004). Pelo fato de os estudantes
realizarem as técnicas de construção da coleção, pode-se considerar também
que isso os aproxima do que ocorre na comunidade científica, estando dentro de
um dos pontos indicado pelo movimento CTSA (SANTOS, 2007).
Na carpoteca da UMAPAZ a atuação dos monitores e dos visitantes é
semelhante ao que ocorre no Herbário Uenf, de modo que os objetos da
carpoteca são apresentados de maneira expositiva e as perguntas são
respondidas de maneira rápida. Essa prática pode ser comparada ao que
Mizukami (1986) explica como abordagem tradicional, já que o conteúdo é
apresentado de forma expositiva do professor, no caso do monitor, para o
estudante, no caso os visitantes. Essa abordagem é comparada ao que Becker
(1994) define como pedagogia diretiva que, por ser baseada no empirismo,
considera que o objeto é o expositor do conhecimento e o papel do sujeito é
explorar o objeto e retirar o conhecimento dele. Nesta coleção os conteúdos
procedimentais também não são trabalhados já que a está pronta (CARVALHO,
2004). A contextualização nesta coleção ocorre ao se trabalhar os assuntos da
ciência e diversidade biológica (SANTOS, 2007).
Já no Projeto Carpoteca Interativa proposto no presente trabalho, as
questões de ensino-aprendizagem são comparadas ao que Mizukami (1986)
define nas abordagens cognitivista e sócio-cultural, de modo que os
conhecimentos prévios, ou concepções espontâneas de Carvalho (1998), são
trabalhados de forma que o sujeito estudante construa seu conhecimento a partir
da exploração do objeto e o relaciona com o mundo. Isso ocorre nas etapas de
coleta do material biológico, identificação do mesmo e apresentação dele na
Feira de Ciências de modo que os próprios estudantes pesquisam e constroem
a carpoteca. O modelo pedagógico de Becker (1994) se baseia no interacionismo
e isso pode ser observado na atuação em grupo para as pesquisas e
apresentação na Feira de Ciências, em que os estudantes precisam da
colaboração de uns com os outros para que o projeto ocorra de forma
harmoniosa. A contextualização pode ser observada ao realizar a pesquisa e
coleta dos materiais por se aproximar da realidade científica, ao seguirem os
protocolos de coleta e identificação, e do meio ambiente, ao relacionarem as
-
36
espécies coletadas com outros organismos, presentes no movimento CTSA de
contextualização (SANTOS, 2007).
De acordo com Souza (2007) e Araújo (2014) os recursos didáticos são
ferramentas materiais que os professores utilizam no processo de ensino-
aprendizagem para facilitar o entendimento dos estudantes sobre o conteúdo
trabalhado. Porém, nem todos os recursos têm essa efetividade. As coleções
biológicas, em todos os casos, foram utilizadas como recursos didáticos. A
coleção do herbário Uenf é utilizada somente para apresentar a organização
ideal dos materiais biológicos e para apresentar aos estudantes como se faz
pesquisa científica na área. O conhecimento agregado a isso é a aproximação
com a comunidade científica e a demonstração concreta do que é visto em sala
de aula, o que pode auxiliar no processo de ensino-aprendizagem no sentido de
que torna o conteúdo mais visual.
A coleção da UMAPAZ tem o intuito de apresentar aos visitantes a
diversidade biológica do Parque do Ibirapuera mostrando que alguns grupos de
vegetais apresentam frutos e sementes de modo que se possa identificar a
espécie do organismo pelo formato e composição do fruto/semente. Neste caso,
assim como o do Herbário Uenf, o recurso auxilia na compreensão de um modo
mais visual e concreto do que é visto na escola.
O Herbário do Colégio Estadual Deputado Arnaldo Faivro Busato, assim
como o Projeto Carpoteca Interativa, utiliza-se do recurso da coleção biológica
para facilitar a compreensão do conteúdo trabalhado em botânica no sentido de
apresentar os organismos do modo como ocorrem na natureza e como a
comunidade científica os identifica e classifica. Deste modo, os estudantes
podem compreender o motivo de estudarem a classificação biológica e a
importância das interações da natureza.
A forma como o recurso didático e, neste caso as coleções, é trabalhado
pode influenciar no melhor entendimento dos assuntos tratados no ensino de
botânica. No caso da utilização do Herbário Uenf e da carpoteca da UMAPAZ
como recursos didáticos, pode-se aferir que auxiliam na questão de ter o contato
com o organismo e visualizá-lo, para que suas estruturas e dimensões sejam
compreendidas e levadas em consideração ao estudar essas estruturas em sala
-
37
de aula. Desse modo, essas coleções podem auxiliar a compreensão da
botânica no sentido de torná-la contextualizada, o que é explorado por Silva
(2009) como uma dificuldade apontada no ensino da mesma. A contextualização
dos conteúdos botânicos traz diversas contribuições para o entendimento do
mesmo, podendo atrair o interesse dos estudantes (SILVA, 2003).
Já o Projeto Carpoteca Interativa e o herbário do Colégio Estadual
Deputado Arnaldo Faivro Busato possuem algumas outras contribuições além
da contextualização. Essas coleções permitem que os estudantes tenham um
contato por mais tempo com os objetos da coleção, já que foram projetos
trabalhados pelos próprios estudantes. Dessa forma, o professor que auxilia o
projeto tem a liberdade de trabalhar em sala de aula mais questões relacionadas
à botânica, que podem contribuir para a melhor compreensão dos conteúdos
(SILVA, 2003; MACHADO e AMARAL, 2014).
O Projeto Carpoteca Interativa permite que o professor trabalhe alguns
conteúdos de ecologia e utilização dos organismos vegetais pela espécie
humana. Como defendido por autores como Machado e Amaral (2014), Silva
(2003) e Menezes et al. (2008), o detalhamento e explicações destas relações
aumentam o interesse do aluno pela botânica. Assim, o projeto tem a
potencialidade de despertar o interesse no aluno, que segundo Pozo e Crespo
(2009), é necessário para o aprendizado do conteúdo trabalhado.
6. Considerações finais
A partir da análise dos dados abordados no presente trabalho, são
levantadas algumas questões, já que as informações das coleções biológicas
consideradas foram retiradas de artigos publicados e não houve a observação
no local.
Sendo assim, algumas das informações do Herbário Uenf podem ser
discutidas no sentido de que não é apresentado exatamente como ocorre essa
exposição dos assuntos. É possível que algumas questões reflexivas sobre a
importância da coleção biológica e preservação da biodiversidade sejam
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38
trabalhadas também, o que mudaria toda a análise na questão do processo de
ensino-aprendizagem.
A Carpoteca da UMAPAZ é trabalhada de forma diferente para atender as
demandas de cada grupo visitante. Deste modo os conteúdos conceituais e
atitudinais podem variar, bem como o modo como eles são trabalhados.
Nas três coleções que foram utilizadas como comparação pode-se
considerar que o tempo de contato que os estudantes tiveram não é
apresentado. O que torna mais difícil a atribuição das análises. Além disso, o
propósito que leva os estudantes ao Herbário Uenf e à UMAPAZ é diferente,
então a forma de interação com as coleções e a forma como o conteúdo é
trabalhado pode mudar. Tal argumento é influenciado também pelo fato de as
coleções do Herbário Uenf e da carpoeca da UMAPAZ serem coleções com
intuito museológico, principalmente.
Nas coleções apresentadas, apesar de faltar algumas informações,
apresentam outras perspectivas, que foram essenciais para a construção da
discussão e comparação. Desse modo, o presente trabalho apresenta como
sugestão um Projeto de Carpoteca Interativa como alternativa de uso das
coleções biológicas em um ambiente escolar. É possível que este projeto sofra
algumas modificações durante a aplicação. Isso porque sofre influências dos
recursos que a escola possui, da disponibilidade e disposição dos estudantes e
do professor e podem ocorrer dificuldades na aplicação e modificar o curso do
projeto.
Apesar das dificuldades de aplicação do Projeto Carpoteca Interativa, o
mesmo ainda pode ser utilizado como referência já que possui informações que
podem ser utilizadas de maneiras diferentes ou aplicadas com outros conteúdos.
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39
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SILVA, B. A. Contrato didático. In: MACHADO, S. D. A. Educação Matemática: uma (nova) introdução. São Paulo: Edpuc. 2010. P. 43-75.
SILVA, L. M. Contribuição às possibilidades de um ensino de botânica crítico e contextualizado, 2003. Tese (Doutorado). Universidade Federal do Paraná, Paraná, 2003.
SOUZA, S. E. O Uso de Recursos Didáticos no Ensino Escolar. I Encontro de Pesquisa em Educação, IV Jornada de Prática de Ensino, XIII Semana de Pedagogia da UEM: “Infâncias e Práticas Educativas”. Arq. Mudi, 2007.
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APÊNDICE A – Sugestão de ficha para coleta
Local
Nome
Data Ficha de coleta - Projeto Carpoteca Interativa
Itens Identificação Hábito Altura DAP Casca Follhas Flores Frutos Sementes Observações
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Hábito árvore, arbusto, erva, liana (cipó, trepadeira), epífita Tipo de solo
Casca protuberâncias, aparência, desprendimento
Folhas tamanho, borda, venação, consistência, disposição ramos
Flores tamanho, cor e formato das pétalas, odor
Frutos tamanho, formato, carnosos, secos, odor, deiscentes, indeiscentes
Sementes tamanho/formato, cor, odor,
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APÊNDICE B – Sugestão de ficha para organização das pesquisas
Sugestão de Ficha para Organização das Pesquisas
Item 1 2 3 4 5
Identificação
Família
Gênero
Espécie
Polinização/ Dispersão
Herbirovia
Habitat
Desenvolvimento
Reprodução
Demais informações
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APÊNDICE C – Sugestão de ficha de avaliação
Ficha de Avaliação Individual - Projeto Carpoteca
Nome:
Sala:
Coleta Critério
Colaboração com o trabalho Insatisfatório I Não realizou a tarefa com êxito
Organização das informações Satisfatório S A tarefa foi realizada dentro do esperado
Bom B A tarefa foi bem realizada
Identificação Excelente E A tarefa muito bem realizada
Colaboração com o trabalho
Organização das informações
Pesquisas
1ª entrega
2ª entrega
Construção da Carpoteca Interativa
Colaboração com o trabalho
Organização das informações
Feira de Ciências
Postura
Linguagem
Recepção do Público
Informações Fornecidas
Organização
Cooperação