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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS O PROJETO CARPOTECA INTERATIVA COMO PROPOSTA DE RECURSO DIDÁTICO PARA ENSINO DA BOTÂNICA BIANCA ABUD SÃO PAULO 2016

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  • UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

    CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

    CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

    O PROJETO CARPOTECA INTERATIVA COMO PROPOSTA DE RECURSO

    DIDÁTICO PARA ENSINO DA BOTÂNICA

    BIANCA ABUD

    SÃO PAULO

    2016

  • BIANCA ABUD

    PROJETO CARPOTECA INTERATIVA COMO PROPOSTA DE RECURSO

    DIDÁTICO PARA ENSINO DA BOTÂNICA

    Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

    à Universidade Presbiteriana Mackenzie como

    requisito obrigatório para a obtenção do grau

    de Licenciada em Ciências Biológicas.

    Orientador: Prof. Dr. Leandro Tavares Azevedo Vieira

    SÃO PAULO

    2016

  • Agradecimentos

    Gostaria de agradecer à instituição da Universidade Presbiteriana

    Mackenzie por proporcionar o espaço e disponibilidade para a construção do

    conhecimento que busquei em minha graduação.

    Agradeço também à todo o corpo docente do curso de Ciências

    Biológicas, por me mostrarem as possibilidades desta área de estudo. Dentre as

    pessoas que participaram da minha formação na Licenciatura, gostaria de

    agradecer principalmente à Magda por me mostrar a beleza da docência. E

    também ao meu orientador, Leandro, que me deu abertura para criar este projeto

    e proporcionar uma relação amigável. Agradeço aos participantes da banca,

    Adriano e Ricardo, por aceitarem participar desta etapa importante de minha

    formação.

    Agradeço aos meus pais, Vivian e William, que sempre me apoiaram e me

    guiaram. Aos meus irmãos William, Filipe e Gabriela que trouxeram alegria aos

    meus dias. Ao meu companheiro Santiago que me ajudou a criar e fazer esta

    ideia dar certo. Aos meus amigos Leticia Gonzalez e Henrik Hartington que me

    apoiaram e me fizeram seguir em frente sempre.

    Aos meus colegas de graduação Mariana Terreri, Henrique Paraizo,

    Guilherme Vergara, Ivan Batista, Paulo Laurence e Luiza Mineli que fizeram os

    meus dias serem mais fáceis. À Beatriz Viegas que, mesmo longe, me apoiou

    também. À Mariana Brito e Natalia Pineda que me ajudaram a organizar e

    escrever este trabalho.

  • ”Neste caso, por que teimas em dizer que ela existe, Simplesmente porque é

    impossível que não exista uma ilha desconhecida” – José Saramago, O Conto

    da Ilha Desconhecida.

  • Resumo

    O presente trabalho visita algumas abordagens de ensino que

    apresentam atualmente complicações durante o processo de ensino-

    aprendizagem, como a forte relação dos conteúdos e a forma como são

    trabalhados aos exames de vestibular. Nesse sentido, o construtivismo surge

    como opção de referência para a atuação do professor em sala de aula e sua

    relação com os estudantes, e deles com o conteúdo trabalhado de modo que o

    conhecimento seja construído de forma processual e contextualizada. Os

    conteúdos de botânica trabalhados na escola básica apresentam algumas

    dificuldades para professores e estudantes. As coleções biológicas são uma

    opção de recurso didático para realizar abordagens diferentes dos conteúdos

    botânicos. Nessa perspectiva foi criado o Projeto Carpoteca Interativa com o

    intuito de aproximar os estudantes e professores da diversidade morfológica dos

    frutos e sementes para que apreciem o estudo da botânica contextualizado.

    Palavras-chave: processo de ensino-aprendizagem; ensino de botânica;

    coleção biológica; carpoteca, recurso didático.

  • Abstract

    This study visit some educational approaches that currently have complications

    during the process of teaching and learning , like the strong relationship between

    the content and the college entrance exams. In this sense, constructivism

    appears as one reference option for teacher performance in the classroom and

    its relationship with the students, and with them the contents worked so that

    knowledge is constructed in a procedural and contextualized way. The way that

    the botanical content is worked in primary school cause difficulties for teachers

    and students. Biological collections are a teaching resource option to perform

    different approaches to the botanical content. In this perspective it was created

    the Project of an Interactive fruit and seed collection with the aim of bringing

    students and teachers the morphological diversity of fruits and seeds for them to

    enjoy the study of contextualized botany.

    Key-words: Learning and teaching process; botany education; biological

    collection; “carpoteca”; fuit and seed collection; didactic resources.

  • Lista de Imagens

    Figura 1. Site Species Link para consulta de espécies vegetais. Fonte:

    reflora.jbrj.gov.br/reflora/herbarioVirtual/ConsultaPublicoHVUC/ConsultaPublicoHVUC.

    do ................................................................................................................................................ 23

    Figura 2. Site Reflora para consulta de espécies vegetais. Fonte:

    www.splink.org.br/index?lang=pt ........................................................................................... 24

    Figura 3. Sugestão de recipiente para armazenamento dos objetos da coleção da

    Carpoteca Interativa ................................................................................................................. 26

    Figura 4. Exemplo da proposta de atividade realizada com a Carpoteca Interativa.. .. 27

    Figura 5. Visita de estudantes ao Herbário Uenf. Fonte:

    http://www.uenf.br/portal/index.php/br/escola-publica-visita-uenf.html ............................ 29

    Figura 6. Exposição de pesquisas realizadas pelo Herbário Uenf ao público. Fonte:

    http://uenf.br/cbb/herbario/fotos/exposicao-herbario-uenf-em-sao-francisco-de-

    itabapoana/ ................................................................................................................................ 30

    Figura 7. Carpoteca da UMAPAZ ......................................................................................... 32

  • Sumário

    1. Introdução .......................................................................................................................... 9

    2. Referencial Teórico ........................................................................................................ 10

    21. Educação ....................................................................................................................... 10

    2.2 Questões sobre o ensino-aprendizagem da botânica ....................................... 17

    2.3 Carpoteca e outras coleções didáticas .................................................................. 18

    3. Material e métodos ......................................................................................................... 19

    4. Resultados ....................................................................................................................... 20

    4.1 O projeto da Carpoteca Interativa ........................................................................... 20

    4.2 Herbário Uenf – RJ ...................................................................................................... 29

    4.3 Herbário do Colégio Estadual Deputado Arnaldo Faivro Busato – PR ......... 30

    4.4 Carpoteca da UMAPAZ - SP ...................................................................................... 31

    5. Discussão ......................................................................................................................... 34

    6. Considerações finais ..................................................................................................... 37

    Referências Bibliográficas ................................................................................................... 39

    APÊNDICE A – Sugestão de ficha para coleta ............................................................... 42

    APÊNDICE B – Sugestão de ficha para organização das pesquisas ....................... 43

    APÊNDICE C – Sugestão de ficha de avaliação ............................................................. 44

  • 9

    1. Introdução

    Durante a graduação, ao vivenciar os estágios obrigatórios da licenciatura

    somado às discussões que tivemos em sala de aula durante o curso, pude

    perceber algumas deficiências do ensino no Brasil, tanto pelas questões de

    políticas públicas quanto das questões econômicas e culturais. Além disso, fiz

    alguns trabalhos e participei de discussões em sala de aula que enfatizavam

    sobre o ensino da botânica e o desinteresse por este da parte dos professores e

    dos estudantes. É claro que há exceções e dizer que ninguém se interessa pela

    botânica é uma generalização que, como todas, é perigosa. Porém, pude sim

    perceber que há esse desinteresse pelo estudo da botânica no ensino básico.

    Seja pela questão dos nomes complicados, ou pela falta de contextualização

    desse assunto com os outros temas estudados na biologia, o ensino da botânica

    é considerado uma abordagem de difícil execução e contextualização.

    Iniciei o estágio obrigatório do bacharelado na UMAPAZ (Universidade

    Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz), uma subdivisão da Secretaria do

    Verde e do Meio Ambiente, da Prefeitura de São Paulo. Lá, atuo na Aventura

    Ambiental, um programa de educação ambiental que visa sensibilizar os

    participantes por meio de uma visita monitorada no Parque do Ibirapuera, com

    atividades interativas que contam sobre a história do parque e as relações entre

    os animais e plantas que estão lá. Ao receber os visitantes, mostramos uma

    carpoteca, algumas exsicatas, o canto de algumas aves que vivem no parque e,

    somente depois disso, saímos para a aventura no parque.

    Durante as visitas pude perceber que, ao interagir com a carpoteca, as

    crianças só queriam saber “o que é isso”, “qual que é esse? ” e as monitoras

    falam de qual planta é aquela semente e eles já perguntam da próxima sem

    querer saber onde ela fica, quem come a semente, por que ela é daquele jeito

    etc. Achei triste um espaço com objetos tão interessantes que não é explorado

    afundo. E então me veio a ideia de elaborar um jeito de usar a carpoteca para

    incentivar e fazer com que os professores e estudantes apreciem o estudo da

    botânica e consigam fazer as relações com a ecologia, de forma que a botânica

    não fique descontextualizada na natureza e faça sentido no dia-a-dia das

    pessoas que têm contato com este material.

  • 10

    Portanto, o presente trabalho visa apresentar a proposta da criação de uma

    carpoteca interativa dentro do ambiente escolar. De modo que seja utilizada

    como um recurso didático, e não somente como coleção biológica, incentivando

    os estudantes e professores a apreciarem o estudo da botânica e não deixar de

    contextualizá-lo com as questões do meio ambiente e ecologia. Deste modo, o

    professor e os estudantes poderão se familiarizar com a carpoteca, planejar e

    construir uma, para que o ensino deste tema seja mais interessante e não

    tradicional.

    O trabalho a seguir irá apresentar questões sobre o ensino, o desinteresse

    pela botânica, a relação de professores e alunos diante de um material didático

    não-tradicional, a exposição de uma opção de carpoteca interativa e a

    comparação deste modelo criado, com outras coleções biológicas também

    interativas.

    2. Referencial Teórico

    21. Educação

    O sistema educacional brasileiro, segundo a Lei de Diretrizes e Bases,

    prepara o estudante para se desenvolver intelectualmente, profissionalmente e

    socialmente. A primeira etapa é a educação infantil. O ensino fundamental I e II,

    objetiva que a criança e adolescente tenham uma formação básica de cidadão.

    No ensino médio, o adolescente consolida e aprofunda os conhecimentos do

    ensino fundamental. Para ingressar no ensino superior, é necessário a

    aprovação do estudante no vestibular (BRASIL, 1996).

    Os vestibulares cobram conhecimentos teóricos e de memorização,

    fazendo com que os estudantes tenham que se adaptar a esse “modo de

    apender” e, consequentemente, os professores se limitam a ensinar “o que cai

    no vestibular”. Os cursinhos representam este fenômeno da educação brasileira,

    com métodos de ensino e estudo que fazem os alunos decorarem o conteúdo,

    sem questionamentos críticos sobre o que se aprende (CORDEIRO, 2009).

  • 11

    Pensando o ensino de ciências nessa perspectiva dos vestibulares, é

    comum que os estudantes pensem na ciência como algo interessante, porém

    desnecessário. Ou mesmo o contrário, é necessário saber para passar no

    vestibular, porém desinteressante. Entretanto, o ensino das ciências pode se

    apresentar mais abrangente do que parece. Segundo Krasilshik e Marandino

    (2004) o estudo das ciências envolve habilidades e competências que preparam

    o estudante para participar da cultura científica, expressar julgamentos críticos

    sobre os temas científicos, elaborar argumentos com base em conhecimentos

    científicos, atuar socialmente em assuntos relativos à ciência e, por fim, resolver

    assuntos relativos ao dia-a-dia.

    Por trás da discussão sobre como o professor discute o conteúdo com

    seus estudantes, está a discussão sobre o que é ensinado. Carvalho (2004)

    considera que há três tipos de conteúdos que são tratados em sala de aula, os

    conceituais, os procedimentais e os atitudinais. Os conteúdos conceituais são

    aqueles que se considera como “matéria estudada”, específico de cada

    disciplina. Os conteúdos procedimentais dizem respeito a todo e qualquer tipo

    de técnica envolvida na realização de um trabalho que os estudantes participam

    (confecção de textos, desenhos, maquetes...). E, por último, os conteúdos

    atitudinais dizem respeito aos valores aprendidos a partir do que foi discutido

    com o professor e os outros estudantes.

    Para que o estudante desenvolva tais competências é necessário um

    ambiente que propicie estas reflexões. Dentro da sala de aula, o professor pode

    proporcionar tais pensamentos. De acordo com Freire (2011) a educação

    bancária é aquela em que o professor deposita os conhecimentos nos alunos

    em forma de narrativa e estes devem memorizar as informações, o que acaba

    distanciando o educador do educando e este do conteúdo que está sendo

    discutido em sala. Em contraste há a educação libertadora em que ocorre um

    diálogo entre o educador e o educando, aproximando-os, e promovendo o

    conhecimento a partir da reflexão. É por meio da educação libertadora que o

    professor permite que seus estudantes reflitam sobre o que está sendo discutido,

    tornando possível, assim, o desenvolvimento das competências comentadas por

    Krasilshik e Marandino (2004). Desta forma pode-se ver o papel do professor e

    o aluno de diferentes perspectivas a partir do que se conceitua como educação.

  • 12

    O modo como os professores e estudantes concebem seu trabalho em

    sala de aula pode representar o que acreditam como ensino, aprendizagem e a

    educação em geral. Segundo Mizukami (1986) existem 5 abordagens que

    podem explicar o comportamento dos estudantes e professores em sala de aula.

    Cada abordagem pode ser relacionada também com modelos pedagógicos

    (atuação do professor em sala) e epistemológicos (origem do conhecimento) de

    Becker (1994). Na abordagem tradicional a ideia de ensino está vinculada à

    reprodução do estudante de acordo com o que o professor disse e fez em sala

    de aula. Desse modo há a transmissão de conhecimentos, em que o professor

    deve passar o maior número de informações possíveis no menor tempo para

    seus estudantes. Essa abordagem é semelhante à pedagogia diretiva e

    epistemologia empirista de Becker (1994) em que o aluno é uma tábula rasa e o

    professor deposita seus conhecimentos nela, já que o conhecimento está no

    objeto e deve ser descoberto por um sujeito. Essa ideia é semelhante também à

    educação bancária de Freire (2011), com a ideia de depósito de conhecimento

    em alguém que não os possui.

    Em Mizukami (1986) a abordagem comportamentalista se baseia nos

    estudos de Burrhus Frederic Skinner em que o comportamento e, portanto,

    aprendizado dos estudantes é controlado pelo professor por condicionantes e

    reforçadores arbitrários, ou seja, por meio de incentivos e punições. Na

    abordagem humanista, o ensino é centrado na pessoa. Dessa forma, o professor

    não impõe nada ao estudante, somente atua como facilitador de informações

    sobre assuntos que os próprios estudantes buscam interesse. Essas duas

    abordagens se assemelham à pedagogia diretiva diretiva de Becker (1994), que

    considera que o conhecimento é inato e o professor deve somente despertar isso

    em seus estudantes.

    Baseada nos estudos de Jean Piaget, a abordagem cognitivista

    comentada por Mizukami (1986) entende que a aprendizagem se dá a partir da

    exploração, ou seja, estudante junto com o professor fazem uma análise de uma

    situação problema. Nessa abordagem, o ensino é considerado como um

    processo, uma construção contínua. A última abordagem comentada na obra de

    Mizukami (1986) é baseada nas obras de Paulo Freire e chamada de sócio-

    cultural, pois se baseia no contexto em que os estudantes estão inseridos. Dessa

  • 13

    forma, os estudantes podem interagir e dialogar para mudar o mundo. Em Becker

    (1994) pode-se ver uma ideia semelhante na pedagogia relacional, que se baseia

    na interação. Nela, é considerado que ocorre a construção de um conhecimento

    a partir do trabalho conjunto do professor, estudante e o conhecimento.

    É importante ressaltar que o professor não segue estritamente uma

    determinada abordagem, sua atuação em sala de aula pode ser classificada

    como mesclas de cada uma. Apesar disso, em todas elas há um fato a ser

    considerado: para que o aprendizado ocorra é preciso que o estudante tenha

    interesse. Dessa forma Pozo e Crezpo (2009) afirmam que um dos papeis do

    professor em sala de aula é fomentar o interesse de seus estudantes para o

    conhecimento científico. O estudante deve ser motivado de alguma forma a

    pesquisar mais sobre determinado assunto, que aqui no caso, é a ciência.

    Pode-se encontrar algumas dificuldades nas abordagens e pedagogias

    descritas acima, como o distanciamento do professor em relação a seus

    estudantes e deste em relação ao conteúdo. Peralva e Sposito (1994) realizaram

    uma entrevista com o sociólogo François Dubet que revelou sua impressão sobre

    os programas escolares e defende que eles são feitos para estudantes que não

    existem e que os professores são obrigados a dar aula para um aluno teórico,

    que não existe. De acordo com Rosa (2003) uma opção presente nos dias de

    hoje é o construtivismo. Esta referência de abordagem e epistemologia se insere

    na tendência interacionista e considera que o estudante possui conhecimentos

    prévios e, ao se deparar com uma situação-problema, desconstrói esse

    conhecimento e o reconstrói com a mistura das novas ideias com as que já

    possuía.

    No construtivismo, o professor tem papel de mediador da construção de

    conhecimento do seu estudante. A existência de concepções espontâneas é

    explorada por Carvalho (1998). Este autor comenta que os estudantes possuem

    algumas concepções prévias de alguns conhecimentos tratados em aula. A partir

    disso, o professor deve explorar esses conhecimentos e mediar a reflexão do

    aluno diante dos conteúdos.

    A reflexão feita pelo estudante sobre os conhecimentos já construídos e

    os que lhes são disponibilizados ocorre por meio dos chamados esquemas de

  • 14

    conhecimentos. Estes são representações que uma pessoa tem, sobre um

    determinado assunto, em um determinado momento. Isso significa que o

    conhecimento é gerado de maneira contínua e que pode abrir relações para

    novos conhecimentos que, eventualmente, serão modificados também (MAURI,

    1996). O mesmo pode ser feito pelo professor, refletindo sobre sua atuação,

    sobre o que sabe e sobre o conceito que tem de aprendizagem.

    A modificação dos conhecimentos ocorre por uma atribuição de

    significado do assunto que é estudado. Os significados são atribuídos de forma

    diferente para cada pessoa, já que são a interpretação da realidade que ela tem,

    de um determinado assunto e em um determinado momento. Além disso, os

    significados não são finitos, partem dos conhecimentos prévios, que podem abrir

    relações para novas aprendizagens e também relações para novos significados

    e assim sucessivamente (MAURI, 1996).

    O professor pode interferir neste processo de atribuição de significado

    como um facilitador da aprendizagem. O docente pode utilizar de algumas

    estratégias para aproximar a discussão do conteúdo com o estudante,

    indagando-o com questões reflexivas sobre o assunto (CARVALHO, 1998).

    Algumas das questões reflexivas que podem ser feitas pelo professor podem ser

    relacionadas à contextualização daquele assunto que está sendo trabalhado.

    A contextualização, no Brasil, foi marcada por um movimento na década

    de 1970 chamado de CTSA (ciência-tecnologia-sociedade-ambiente) com o

    propósito de promover a contextualização no ensino de ciências com uma

    perspectiva crítica. Segundo as diretrizes que esse movimento carrega, a

    contextualização se dá ao tratar de um conteúdo escolar relacionando-o com os

    quatro pontos principais de seu ideal (a ciência, a tecnologia, a sociedade e o

    ambiente). Essas relações podem garantir a melhoria no entendimento e

    compreensão dos alunos sobre os temas escolares, e a posterior formação de

    um pensamento crítico acerca dos conteúdos escolares e os temas da realidade

    (SANTOS, 2007).

    Este enfoque CTSA foi inserido nos documentos nacionais como a LDB

    (lei de Diretrizes e Bases) e os PCNEMs (Parâmetros Curriculares Nacionais

    para o Ensino Médio) como metas para o progresso da educação (PINHEIRO et

  • 15

    al., 2007). Essa inserção foi importante para que estes assuntos fossem

    explicitados como necessários para a formação dos jovens brasileiros.

    Considerando que os documentos nacionais declaram os CTSA como

    importantes para a educação e que podem ser capazes de promover a

    contextualização, é importante levá-los em conta no momento do processo de

    ensino-aprendizagem, bem como a dedicação do professor ao fazer o

    planejamento de aula (que será essencial para fazer as relações de

    contextualização necessárias). De acordo com Mauri (1996) para que os

    professores trabalhem os conteúdos das disciplinas com um determinado

    enfoque, é preciso que os professores dominem aquele assunto e aquele tipo de

    abordagem. O mesmo ocorre com a contextualização no sentido de que o

    professor deve compreender o que é a contextualização para poder trabalhá-la

    na íntegra.

    Segundo Kato e Kawasaki (2011) pode-se notar que os professores têm

    concepções diferentes sobre o que é de fato a contextualização, mas isso não

    significa que alguma delas esteja correta ou errada. Estes pesquisadores

    classificam as opiniões dos professores em três categorias: a primeira categoria

    relaciona contextualização somente com o cotidiano do aluno; a segunda

    categoria classifica contextualização como a relação das diferentes disciplinas

    escolares; e a terceira categoria classifica a contextualização como a

    apresentação dos contextos histórico, social e cultural ao tratar de um

    determinado conteúdo.

    Visto que os professores possuem concepções diferentes do que é

    contextualização, é interessante considerar que o professor pode ter alguma ou

    várias destas visões sobre a contextualização.

    Tendo em vista que os fatores mencionados acima (aspectos históricos,

    sociais, culturais, tecnológicos, ambientais, relação com outros conteúdos da

    mesma disciplina, relação com outras disciplinas e relação com o cotidiano do

    aluno) podem ser agrupados e, assim, promover uma contextualização dos

    conteúdos tratados em sala. Segundo Peralva e Sposito (1994) a experiência do

    sociólogo como professor concluiu que é preciso manter os estudantes

    interessados o tempo inteiro, do contrário sua atenção é perdida e assim também

  • 16

    ocorre com o andamento da aula. A contextualização pode ser um meio de

    manter os estudantes interessados na aula.

    Nessa perspectiva, os professores utilizam alguns recursos materiais para

    auxiliar sua atuação em sala de aula, de forma que deixem mais claro o conteúdo

    que será discutido e melhorem a interação entre os estudantes e deles com o

    professor. Os recursos didáticos podem ser qualquer objeto utilizado em sala de

    aula (ou mesmo fora dela) para auxiliar a didática do professor e o processo de

    ensino-aprendizagem (SOUZA, 2007).

    Entretanto, nem todos os recursos didáticos são efetivos por conta de sua

    estrutura material ou pelo seu uso. É preciso que o recurso desperte a

    curiosidade do estudante, que o faça explorar e construir o conhecimento

    interagindo com o objeto. Nem todos os recursos didáticos permitem isso. E

    acontece também do modo como o professor orienta que os estudantes

    explorem tal recurso não os permita chegar à essa interação e à construção do

    conhecimento (ARAÚJO, 2014; SOUZA, 2007).

    É importante que o estudante desenvolva sua autonomia para que

    consiga construir e tirar suas conclusões, mesmo que momentâneas, do

    assunto/objeto explorado (CARVALHO, 1998). Esta autonomia pode ser

    alcançada de modo que o professor permita que o estudante interaja com o

    objeto de estudo, ou mesmo com o recurso didático. Sendo assim, nas aulas

    práticas os estudantes desenvolvem o senso crítico e criativo por meio da

    experimentação e observação e durante as aulas teóricas eles desenvolvem

    significados próprios, necessários para a construção do conhecimento de modo

    gradativo (KRASILSHIK, 2004). Bizzo (2009) afirma também que as aulas

    práticas atuam como motivadoras do processo de ensino-aprendizagem,

    fazendo o estudante se interessar mais pelo assunto discutido.

    Dentre as interações entre professor-estudante-conhecimento, há entre o

    professor e o estudante uma relação importante e essencial para que o processo

    de ensino-aprendizagem ocorra, independentemente do modo como isso ocorra.

    Segundo Silva (2010) o contrato didático atua como mediador dessa relação,

    delimitando quais são os direitos e deveres dos educandos e educadores. Esse

  • 17

    contrato pode ser observado de maneira implícita ou explícita, como e quando o

    professor impõe suas regras ou quando os alunos as discutem.

    2.2 Questões sobre o ensino-aprendizagem da botânica

    Muito se tem visto sobre as dificuldades do ensino-aprendizagem da

    botânica no Brasil. A pesquisa de Machado e Amaral (2014) indicou que muitos

    estudantes de ensino superior se lembram da botânica estudada no Ensino

    Médio somente como um plano de fundo porque não era contextualizada e não

    havia aulas práticas. Os estudantes têm vagas lembranças sobre os grupos

    taxonômicos e a fotossíntese, mas sem aprofundamento nos temas e

    compreensão contextualizada. Ainda assim Fagundes e Gonzalez (2013)

    indicaram que, apesar de muitas pesquisas e projetos feitos para aprimorar o

    ensino da botânica, há ainda a dificuldade de aplicação destes recursos. Deste

    modo, ainda é presente esta dificuldade.

    Investigado mais afundo, de acordo com Rockenbach et al. (2012) o

    desinteresse por esta área ocorre por conta do modo com as aulas de botânica

    são ministradas. Há sempre muito conteúdo a ser discutido, baseada somente

    no livro didático e caracterizada pela falta de dinâmicas interativas. A presença

    dos nomes complicados é também um fator que influencia no desinteresse pelo

    estudo da botânica. Segundo Santos (2009) muitos estudantes e mesmo

    professores veem a taxonomia somente como memorização de nomes

    complicados e de forma não contextualizada.

    Complementando estas ideias, outros autores como Menezes et al. (2008)

    indicaram que algumas dessas dificuldades provém do desinteresse pela

    botânica por conta do distanciamento das plantas com os seres humanos. Estes

    autores consideram que a falta de observação do meio natural e também a falta

    de interação entre seres humanos e plantas são as causas práticas desse

    desinteresse.

    Silva (2003) comenta sobre as contribuições de ensinar botânica de forma

    contextualizada. A autora aponta que essa contextualização pode englobar a

    relação homem-natureza, as relações entre os organismos vegetais e entre

  • 18

    estes e os organismos de outros reinos, valorização do cultivo vegetal, questões

    relacionadas à sustentabilidade, questões culturais e sociais (a etnobotânica, por

    exemplo), criar senso crítico a partir do que a ciência tem publicado na área,

    além de aprenderem os métodos práticos para o estudo a área e dar

    oportunidade aos estudantes para que expressem sua criatividade.

    2.3 Carpoteca e outras coleções didáticas

    Uma coleção biológica é um acervo constituído por exemplares (ou parte

    deles) de organismos fósseis e/ ou atuais, organizados e identificados. Estes

    repositórios auxiliam nas pesquisas e desenvolvimento científico de modo que

    propiciam o acesso a informações sobre a diversidade e riqueza de espécies de

    uma determinada região, bem como a descrição de novas espécies. Tais dados

    são importantes para o desenvolvimento científico e conservação do meio

    ambiente (SIBBR, 2016).

    Dentre as coleções biológicas de organismos vegetais, os herbários

    costumam apresentar exsicatas (exemplares ressecados de ramos de árvores),

    carpotecas (exemplares de frutos e sementes) e xilotecas (exemplares de

    madeiras)

    As carpotecas são definidas como coleções biológicas cientificamente

    identificadas e organizadas que armazenam frutos e sementes. É uma extensão

    do acervo de herbários, e complementa as pesquisas científicas realizadas nas

    áreas de identificação de espécies, interações ecológicas, entre outros. Têm o

    propósito também de contribuir com informações para que se elabore estratégias

    de conservação e manejo (PLANTARUM, 2016).

    As coleções biológicas podem também ser utilizadas como recursos

    didáticos. É comum que estes espaços recebam grupos de escolas e

    universidades em que desejam complementar com recursos táticos e visuais o

    que é estudado em sala de aula. Deste modo é apresentado os visitantes os

    objetos da coleção para ilustrar o que se estuda, a forma como os objetos são

    conservados e a importância das coleções (NASCIMENTO et al., 2015).

  • 19

    O presente trabalho tem como objetivo a proposta da criação de uma

    carpoteca dentro do ambiente escolar, de forma que contribua para o processo

    de ensino-aprendizagem de forma interativa. O projeto será analisado, seguindo

    o objetivo estabelecido, de acordo com algumas coleções biológicas usadas

    como recursos didáticos por escolas de ensino básico.

    3. Material e métodos

    A criação do projeto se deu a partir das referências da literatura sobre o

    processo de ensino-aprendizagem, levando em conta as interações entre

    professor-estudante de acordo com o interacionismo, com a utilização de um

    recurso didático eficiente e que contribua para o aprendizado da botânica.

    O projeto da Carpoteca Interativa foi dividido em duas partes: a criação

    em si da carpoteca, que será feita pelos estudantes com o auxílio do professor;

    e a exposição e apresentação da mesma com as respectivas atividades pelos

    estudantes para o público, em uma feira de ciências. Será proposta a discussão

    do projeto em uma aula de ciências com estudantes do 8° ano do Ensino

    Fundamental. O mesmo será produzido durante as aulas e terá duração de 3

    meses.

    A proposta do presente projeto foi analisada com o uso de outras três

    coleções biológicas aplicandas no ensino: o herbário Uenf do Rio de Janeiro –

    RJ (NASCIMENTO et al., 2015), a coleção biológica criada no Colégio Estadual

    Deputado Arnaldo Faivro Busato, do município de Pinhais – PR (FAGUNDES e

    GONZALEZ, 2008) e a carpoteca utilizada no programa de Educação Ambiental

    da UMAPAZ em São Paulo - SP.

    Tais coleções foram selecionadas por estarem relacionadas com o processo

    de ensino-aprendizagem. Cada uma possui leves diferenças na relação com

    estudantes que participam delas ou as visitam, de modo que se possa averiguar

    as questões relacionadas ao processo de ensino-aprendizagem em cada uma.

    As três coleções selecionadas serão comparadas com o presente projeto de

    Carpoteca Interativa de acordo com os seguintes pontos:

    Objetivo da coleção;

  • 20

    Público visitante;

    Espaço físico;

    Atuação do(s) professor(es)/monitor(es);

    Atuação dos estudantes;

    Atividade(s) realizada(s);

    Objetivo da(s) atividade(s) realizada(s);

    Conteúdo discutido (conceituais, procedimentais e atitudinais e de que

    forma são apresentados).

    A seleção dos critérios de avaliação e análise das coleções se deu

    levando em consideração o referencial teórico deste trabalho. Deste modo, os

    critérios escolhidos podem representar o modo como ocorre o processo de

    ensino-aprendizagem nestes ambientes de forma que incentive o estudo e

    apreciação da Botânica.

    4. Resultados

    4.1 O projeto da Carpoteca Interativa

    A seguir será descrito o projeto da criação da Carpoteca Interativa, de

    acordo com a proposta do presente trabalho. O principal objetivo deste projeto é

    promover o conhecimento sobre os diferentes morfotipos de frutos e sementes

    bem com sua identificação para incentivar o estudo e apreciação a botânica.

    Como objetivos secundários, tem-se a compreensão do desenvolvimento do

    fruto e semente, a relação dos frutos e sementes com a reprodução dos

    organismos vegetais, relacionar os frutos com as síndromes de dispersão e

    polinização e compreender a importância dessa relação para o funcionamento

    dos sistemas ecológicos.

    Durante as aulas, o professor discutirá com os estudantes assuntos

    relacionados à carpoteca como: a importância da classificação biológica e das

    coleções biológicas, as ações dos seres humanos e a importância do

    conhecimento e conservação da diversidade biológica, as relações existentes

  • 21

    entre os organismos vegetais e organismos de outros reinos e as síndromes de

    dispersão e polinização.

    - A criação da carpoteca

    A coleta

    O professor ficará responsável por obter a autorização para a coleta de

    material biológico, mediante um projeto previamente elaborado. A autorização

    será atendida pela prefeitura do município em que a escola estiver situada.

    Desse modo, ele e seus estudantes poderão realizar a coleta respeitando a

    legislação que prevê a preservação ambiental. Em sala, o professor irá trabalhar

    com os estudantes a importância da coleta e identificação de espécies de

    árvores, para que o projeto seja contextualizado.

    Os estudantes e o professor irão coletar os materiais biológicos em uma

    praça ou parque que se localiza perto da escola (ou na própria escola, se houver

    disponibilidade). Para a saída a campo, os estudantes se dividirão em grupos

    (de 4 a 5 pessoas) e o professor ficará supervisionando o andamento do trabalho

    dos grupos, bem como prestando auxílio aos que necessitarem de alguma ajuda.

    Previamente o professor irá disponibilizar as orientações para a organização da

    coleta e dos grupos em sala de aula.

    Na coleta, os estudantes e o professor utilizarão sacolas plásticas (para

    armazenar o material), tesouras de poda, lápis e folha para anotação, prancheta

    (para facilitar a anotação), álcool 70% (para conservar os frutos; este será

    carregado e utilizado somente pelo professor, para medidas de segurança),

    recipientes de vidro ou de plástico (para depositar os frutos no álcool), etiquetas

    e fitas adesivas para marcar os indivíduos coletados e fita métrica. Será indicado

    também o uso de sapato fechado e repelente.

    Os estudantes anotarão em campo as seguintes observações sobre o

    material coletado: tamanho do fruto/semente medido com fita métrica ou régua,

    cor, cheiro e, se conseguirem observar qual árvore é a originária do indivíduo,

    coletar algum ramo da árvore, anotar informações sobre o tamanho e demais

    curiosidades pertinentes. Cada material deverá ser identificado com a fita

  • 22

    adesiva conforme a identificação no papel, tendo como orientação o manual

    “Técnicas de coletas, herborização e inventário florístico de arbóreas” (COTA,

    2016). Em apêndice segue a sugestão de ficha que deve ser preenchida em

    campo (APENDICE A). Além disso, um estudante de cada grupo ficará

    responsável por tirar fotografias de todos os materiais coletados.

    A coleta poderá ser feita em mais de um dia, se não houver material

    suficiente. Após a coleta, todo o material será levado ao laboratório da escola

    (ou em algum local que possa ser armazenado). Os ramos coletados e frutos

    devem ser devidamente secados para evitar contaminação e eventual

    apodrecimento. Esse processo pode ser realizado em estufas ou, dependendo

    da disponibilidade dos recursos, somente expondo os materiais coletados ao sol

    (COTA, 2016).

    Neste momento, é sugerido que o professor trabalhe com os estudantes

    algumas questões como a importância do processo de secagem do material

    recolhido, bem como as possíveis aplicações do mesmo para que o processo

    seja justificado.

    Os passos seguintes são sugestões, já que durante o processo de

    desenvolvimento da atividade poderão surgir diferentes ideias que podem ser

    aplicadas também.

    Identificação e pesquisa

    Os materiais coletados (ramos, sementes e frutos) em campo serão

    identificados em família e, se for possível, em nível de espécie, em sala de aula

    pelos estudantes com o auxílio do professor por meio de chaves de identificação,

    internet em sites como a Species Link, o Projeto Reflora (Figuras 1 e 2) e

    conhecimentos prévios dos estudantes e do professor. Nesses sites a busca

    pode ser mediada por filtros como o táxon da espécie que se procura e outros

    detalhes morfológicos da mesma. A identificação deverá ser feita de maneira

    organizada em uma tabela (APÊNDICE B). As fotografias tiradas em campo

    devem ser anexadas aos respectivos indivíduos identificados na tabela.

  • 23

    Figura 1. Site Species Link para consulta de espécies vegetais. Fonte: www.splink.org.br/index?lang=pt

  • 24

    Figura 2. Site Reflora para consulta de espécies vegetais. Fonte: reflora.jbrj.gov.br/reflora/herbarioVirtual/ConsultaPublicoHVUC/ConsultaPublicoHVUC.do

  • 25

    Nesta etapa, é sugerido que o professor trabalhe novamente com os

    estudantes as questões sobre a importância da identificação de materiais

    biológicos e como isso é organizado em bancos de dados ao redor do mundo.

    Após a identificação, os estudantes e o professor farão pesquisas sobre

    as relações ecológicas dos indivíduos coletados, assim como será comentado

    em sala de aula, como a forma de polinização/dispersão, herbivoria, hábitat,

    fatores relacionados ao desenvolvimento e reprodução daquele determinado

    organismo vegetal. Essas informações deverão ser adicionadas na tabela. Há a

    sugestão de quadro para a organização dos dados (APÊNDICE B).

    A montagem da carpoteca

    Considerando o presente projeto de uma Carpoteca Interativa e usando

    as referências da literatura relacionadas à educação, a estrutura física da mesma

    será apresentada de maneira diferente das demais vistas nos herbários da

    cidade. Como proposta, a carpoteca apresentada aqui terá certa mobilidade dos

    compartimentos em que as espécies são armazenadas e também apresentará

    as relações ecológicas que as sementes e frutos apresentam com o meio

    ambiente e outros organismos.

    Após as pesquisas e organizados os dados, os estudantes se mobilizarão

    para reunir recipientes de vidro que possuam tampa, para armazenar os

    materiais. Antes de depositar os materiais coletados, os recipientes serão

    devidamente higienizadas (com álcool 70%) para evitar contaminação dos

    organismos biológicos coletados.

    Ao redor da tampa dos recipientes serão amarrados barbantes para que

    esses possam se conectar uns com os outros (Figura 3). Os recipientes de vidro

    podem ser armazenados em estantes no laboratório de ciências da escola ou

    em alguma outra dependência que seja adequada.

  • 26

    Figura 3. Sugestão de recipiente para armazenamento dos objetos da coleção da Carpoteca Interativa

    As atividades com a Carpoteca Interativa

    Será sugerido aos estudantes que façam uma atividade com a Carpoteca

    Interativa. Utilizando os dados das relações ecológicas, serão impressas

    imagens dos polinizadores/ dispersores e demais indivíduos participantes da

    fauna daquele meio. As imagens deverão ser coladas em pedaços de papelão e

    plastificadas. O papelão deve conter furos em suas laterais para que sejam

    amarrados os barbantes.

    A atividade proposta é que os participantes relacionem os materiais da

    carpoteca com as imagens dos outros organismos dos papelões, de forma que

    faça sentido. Após conectar os objetos por meio dos barbantes, é sugerido que

    o participante justifique a relação feita.

    Como exemplo, pode-se verificar a imagem a seguir (Figura 4) que mostra

    a possível relação de três espécies: os frutos do alecrim-de-campinas (Holocalyx

    balansae) são dispersados por morcegos (1) e servem de alimento para a anta

    (3). Além disso, ao florescer em outubro, é polinizado por abelhas (2) (GASPER

    et al., 2012).

  • 27

    Outro exemplo que pode ser utilizado como atividade é a possível relação

    de três espécies: as abelhas sem ferrão da família Meliponini polinizam as flores

    da Castanheira-do-Pará (Bertholletia excelsa). Assim como o fruto dessa

    espécie vegetal se relaciona com a cutia (Dasyprocta sp.) que se alimenta de

    suas sementes e as esconde em buracos cavados na terra. É comum que as

    cutias esqueçam onde esconderam as sementes e acabam atuando como

    dispersoras das Castanheiras-do-Pará (SANTOS e ABSY, 2010; LINHARES,

    2009.

    Figura 4. Exemplo da proposta de atividade realizada com a Carpoteca Interativa. As relações possíveis com o Alecrim de Campinas são: a dispersão das sementes por

    morcegos (1), a polinização por abelhas (2) e as sementes servem de alimento para a Anta (3).

    - Apresentação da carpoteca ao público

    A elaboração da carpoteca, bem como todas as pesquisas feitas serão

    apresentados em uma feira de ciências na escola. Os estudantes, com auxílio

    1

    3 2

  • 28

    do professor, irão montar um “stand” em que o público presente na feira de

    ciências possa entrar e participar da atividade com a carpoteca.

    Dentro do stand criado haverá uma mesa redonda com os materiais da

    Carpoteca Interativa dispostos sobre ela. Além disso, as pesquisas serão

    impressas e expostas nas paredes do stand. Os participantes serão incentivados

    a fazer as relações dos materiais biológicos com as imagens (amarrando os

    barbantes) e observar as pesquisas.

    A atuação dos estudantes será mediando a atividade com a carpoteca,

    bem como dando explicações sobre as pesquisas e respondendo à demais

    perguntas que os participantes façam. A atuação do professor será somente de

    orientar os alunos durante a apresentação do trabalho.

    - Sobre a avaliação

    Os estudantes serão motivados a realizarem uma auto avaliação

    mediante sua participação e envolvimento na coleta dos materiais, na

    identificação dos indivíduos, nas pesquisas, na construção da Carpoteca

    Interativa e na atuação durante a apresentação na feira de ciências. Como

    sugestão de avaliação, há uma ficha em apêndice (APENDICE C).

    Durante a coleta, identificação dos materiais e construção da Carpoteca,

    os estudantes realizarão suas avaliações nos seguintes pontos: colaboração

    com o trabalho e organização das informações.

    As pesquisas feitas pelos grupos serão apresentadas ao professor antes

    de serem expostas ao público na feira de ciências. Desse modo o professor pode

    orientar seus estudantes em questões sobre as informações, organização e

    layout das pesquisas. A avaliação destas será feita em duas etapas: uma

    primeira entrega das pesquisas feitas pelos estudantes; o professor irá corrigir e

    sugerir modificações e devolver os trabalhos aos estudantes; então os

    estudantes irão realizar as modificações sugeridas e outras que julgarem

    importantes e entregarão uma segunda vez ao professor. Desta última vez, o

    professor irá avaliar a qualidade das modificações feitas de acordo com o que

    foi sugerido da primeira vez.

  • 29

    Para a apresentação do projeto na feira de ciências, os estudantes serão

    orientados previamente e depois realizarão duas avaliações em pontos como:

    postura, linguagem, recepção do público, informações fornecidas, organização

    e cooperação do grupo.

    4.2 Herbário Uenf – RJ

    De acordo com Nascimento et al. (2015) esta coleção faz parte da Rede

    Fluminense de Herbários, no Rio de Janeiro. O espaço é frequentemente visitado

    o ano inteiro principalmente por escolas de ensino básico. Há também algumas

    visitas por grupos de estudantes e professores de cursos de ensino superior,

    com uma média anual de 248 visitas.

    Os monitores do local (bolsistas de extensão e da universidade aberta)

    realizam uma visita guiada pelo herbário e comentam com os visitantes sobre a

    importância da classificação biológica, a biodiversidade daquela região do Rio

    de Janeiro e como os herbários contribuem para a conservação da

    biodiversidade da região.

    Durante o percurso, os visitantes são apresentados a exsicatas, carpoteca

    e xiloteca (Figura 5), bem como os painéis que foram feitos a partir das pesquisas

    realizadas pelo herbário (Figura 6). Além disso, este herbário disponibiliza alguns

    cursos e palestras durante o ano todo.

    Figura 5. Visita de estudantes ao Herbário Uenf. Fonte: http://www.uenf.br/portal/index.php/br/escola-publica-visita-uenf.html

  • 30

    Figura 6. Exposição de pesquisas realizadas pelo Herbário Uenf ao público. Fonte: http://uenf.br/cbb/herbario/fotos/exposicao-herbario-uenf-em-sao-francisco-de-

    itabapoana/

    4.3 Herbário do Colégio Estadual Deputado Arnaldo Faivro Busato –

    PR

    A proposta foi aplicada e publicada por Fagundes e Gonzalez (2006). O

    herbário didático foi criado no Colégio Estadual Deputado Arnaldo Faivro Busato

    no município de pinhais – PR e ocorreu com estudantes do 2° do Ensino Médio.

    Os estudantes foram instruídos a coletar os materiais em locais próximos

    a suas residências, mediante a uma autorização da Secretaria Municipal de

    Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura Municipal de Pinhais. Os estudantes

    foram divididos em grupos de trabalho, montaram exsicatas e exploraram o

    material com chaves dicotômicas. Após a montagem e identificação, o material

    foi direcionado ao acervo do laboratório de ciências.

    Após a atividade, os estudantes responderam a um questionário e as

    respostas foram analisadas de acordo com as referências da literatura utilizada

    pelos autores. Os resultados indicaram que os estudantes ao terem a

    experiência de utilizar uma chave dicotômica para identificação, sentiram

    dificuldades por conta dos nomes difíceis e complicados, mas apesar disso se

    sentiram mais próximos aos conteúdos botânicos com as aulas práticas.

  • 31

    4.4 Carpoteca da UMAPAZ - SP

    A carpoteca presente na sala de acolhimento do programa Aventura

    Ambiental da UMAPAZ é apresentada em uma estante de madeira, com 36

    compartimentos abertos. Cada compartimento possui uma ou duas espécies de

    frutos e sementes. Os compartimentos são nomeados com uma etiqueta

    indicando o nome popular da espécie que contém. Alguns compartimentos

    apresentam imagens das respectivas árvores e flores (Figura 7).

    Os materiais biológicos presentes nesta carpoteca foram retirados do próprio

    parque e ressecados. Alguns deles apresentam fungos.

    Os visitantes são convidados a explorar a carpoteca e, com o auxílio das

    monitoras, discutem sobre a espécie e como ocorre o desenvolvimento do

    organismo vegetal a partir daquele fruto/semente. Após o acolhimento na sala

    ambientada, os visitantes participam de uma visita monitorada no Parque do

    Ibirapuera e, lá, observam as árvores de algumas das espécies vistas na

    carpoteca.

  • 32

    Figura 7. Carpoteca da UMAPAZ

    Os resultados descritos acima foram organizados no Quadro 1 para fins de

    facilitar a análise dos mesmos. No quadro há informações sobre os oito tópicos

    (Objetivo da coleção, público, estrutura física, atuação do(s) professor(es)/

    monitor(es), atuação dos estudantes, atividades realizadas, objetivo das

    atividades realizadas e conteúdo trabalhado) que serão discutidos em cada uma

    das coleções de acordo com as referências teóricas presentes neste trabalho.

  • 33

    Quadro 1. Comparação dos resultados das coleções

  • 34

    5. Discussão

    Tratando-se das questões relacionadas ao processo de ensino-

    aprendizagem pode-se considerar que as coleções apresentam traços que foram

    influenciados pela filiação a abordagens do ensino tratados em Mizukami (1986)

    e Becker (1994). Além disso, os conteúdos conceituais, procedimentais e

    atitudinais (CARVALHO, 2004) podem ser trabalhados de forma contextualizada

    (SANTOS, 2007; KATO e KAWASAKI, 2011).

    No Herbário Uenf a atuação dos professores/ monitores e dos estudantes

    se assemelha à abordagem tradicional de Mizukami (1986) já que fornecem as

    informações de maneira expositiva e quando os estudantes fazem as perguntas,

    respondem com o que foi perguntado. Situações parecidas ocorrem também no

    modelo diretivo de Becker (1994), que se baseia no empirismo. Dessa forma, o

    conhecimento está no objeto que é estudado. Apesar disso, o Herbário Uenf tem

    atividades e discussões relacionadas à conservação da biodiversidade daquela

    região. Assim, pode-se considerar também que o conteúdo é contextualizado

    nas questões históricas, sociais e ambientais (SANTOS, 2007; KATO e

    KAWASAKI, 2011), já que trata da conservação da biodiversidade. Não foi

    observado o trabalho com os conteúdos procedimentais (CARVALHO, 2004), já

    que os estudantes e visitantes não realizam nenhuma técnica de organização ou

    identificação no herbário, porém a questão atitudinal é trabalhada ao se discutir

    a importância da preservação da biodiversidade.

    No Herbário do Colégio Estadual Deputado Arnaldo Faivro Busato pode-

    se observar algumas questões que se assemelham ao Herbário Uenf, mas

    alguns outros pontos são diferentes. É desejável que os estudantes participam

    da criação da coleção o que indica que têm participação ativa neste projeto. Essa

    participação dos estudantes é observada na abordagem cognitivista de

    Mizukami (1986) e também na pedagogia relacional de Becker (1994) já que o

    estudante explora o objeto e assim, constrói o conhecimento. Pode-se

    assemelhar essa prática ao que o construtivismo indica como ideal, já que é a

    partir da interação do estudante como objeto de estudo que surge a construção

    do conhecimento (ROSA, 2003). O conteúdo trabalhado engloba os

  • 35

    procedimentos realizados na construção do herbário e as questões de

    conservação do meio ambiente (CARVALHO, 2004). Pelo fato de os estudantes

    realizarem as técnicas de construção da coleção, pode-se considerar também

    que isso os aproxima do que ocorre na comunidade científica, estando dentro de

    um dos pontos indicado pelo movimento CTSA (SANTOS, 2007).

    Na carpoteca da UMAPAZ a atuação dos monitores e dos visitantes é

    semelhante ao que ocorre no Herbário Uenf, de modo que os objetos da

    carpoteca são apresentados de maneira expositiva e as perguntas são

    respondidas de maneira rápida. Essa prática pode ser comparada ao que

    Mizukami (1986) explica como abordagem tradicional, já que o conteúdo é

    apresentado de forma expositiva do professor, no caso do monitor, para o

    estudante, no caso os visitantes. Essa abordagem é comparada ao que Becker

    (1994) define como pedagogia diretiva que, por ser baseada no empirismo,

    considera que o objeto é o expositor do conhecimento e o papel do sujeito é

    explorar o objeto e retirar o conhecimento dele. Nesta coleção os conteúdos

    procedimentais também não são trabalhados já que a está pronta (CARVALHO,

    2004). A contextualização nesta coleção ocorre ao se trabalhar os assuntos da

    ciência e diversidade biológica (SANTOS, 2007).

    Já no Projeto Carpoteca Interativa proposto no presente trabalho, as

    questões de ensino-aprendizagem são comparadas ao que Mizukami (1986)

    define nas abordagens cognitivista e sócio-cultural, de modo que os

    conhecimentos prévios, ou concepções espontâneas de Carvalho (1998), são

    trabalhados de forma que o sujeito estudante construa seu conhecimento a partir

    da exploração do objeto e o relaciona com o mundo. Isso ocorre nas etapas de

    coleta do material biológico, identificação do mesmo e apresentação dele na

    Feira de Ciências de modo que os próprios estudantes pesquisam e constroem

    a carpoteca. O modelo pedagógico de Becker (1994) se baseia no interacionismo

    e isso pode ser observado na atuação em grupo para as pesquisas e

    apresentação na Feira de Ciências, em que os estudantes precisam da

    colaboração de uns com os outros para que o projeto ocorra de forma

    harmoniosa. A contextualização pode ser observada ao realizar a pesquisa e

    coleta dos materiais por se aproximar da realidade científica, ao seguirem os

    protocolos de coleta e identificação, e do meio ambiente, ao relacionarem as

  • 36

    espécies coletadas com outros organismos, presentes no movimento CTSA de

    contextualização (SANTOS, 2007).

    De acordo com Souza (2007) e Araújo (2014) os recursos didáticos são

    ferramentas materiais que os professores utilizam no processo de ensino-

    aprendizagem para facilitar o entendimento dos estudantes sobre o conteúdo

    trabalhado. Porém, nem todos os recursos têm essa efetividade. As coleções

    biológicas, em todos os casos, foram utilizadas como recursos didáticos. A

    coleção do herbário Uenf é utilizada somente para apresentar a organização

    ideal dos materiais biológicos e para apresentar aos estudantes como se faz

    pesquisa científica na área. O conhecimento agregado a isso é a aproximação

    com a comunidade científica e a demonstração concreta do que é visto em sala

    de aula, o que pode auxiliar no processo de ensino-aprendizagem no sentido de

    que torna o conteúdo mais visual.

    A coleção da UMAPAZ tem o intuito de apresentar aos visitantes a

    diversidade biológica do Parque do Ibirapuera mostrando que alguns grupos de

    vegetais apresentam frutos e sementes de modo que se possa identificar a

    espécie do organismo pelo formato e composição do fruto/semente. Neste caso,

    assim como o do Herbário Uenf, o recurso auxilia na compreensão de um modo

    mais visual e concreto do que é visto na escola.

    O Herbário do Colégio Estadual Deputado Arnaldo Faivro Busato, assim

    como o Projeto Carpoteca Interativa, utiliza-se do recurso da coleção biológica

    para facilitar a compreensão do conteúdo trabalhado em botânica no sentido de

    apresentar os organismos do modo como ocorrem na natureza e como a

    comunidade científica os identifica e classifica. Deste modo, os estudantes

    podem compreender o motivo de estudarem a classificação biológica e a

    importância das interações da natureza.

    A forma como o recurso didático e, neste caso as coleções, é trabalhado

    pode influenciar no melhor entendimento dos assuntos tratados no ensino de

    botânica. No caso da utilização do Herbário Uenf e da carpoteca da UMAPAZ

    como recursos didáticos, pode-se aferir que auxiliam na questão de ter o contato

    com o organismo e visualizá-lo, para que suas estruturas e dimensões sejam

    compreendidas e levadas em consideração ao estudar essas estruturas em sala

  • 37

    de aula. Desse modo, essas coleções podem auxiliar a compreensão da

    botânica no sentido de torná-la contextualizada, o que é explorado por Silva

    (2009) como uma dificuldade apontada no ensino da mesma. A contextualização

    dos conteúdos botânicos traz diversas contribuições para o entendimento do

    mesmo, podendo atrair o interesse dos estudantes (SILVA, 2003).

    Já o Projeto Carpoteca Interativa e o herbário do Colégio Estadual

    Deputado Arnaldo Faivro Busato possuem algumas outras contribuições além

    da contextualização. Essas coleções permitem que os estudantes tenham um

    contato por mais tempo com os objetos da coleção, já que foram projetos

    trabalhados pelos próprios estudantes. Dessa forma, o professor que auxilia o

    projeto tem a liberdade de trabalhar em sala de aula mais questões relacionadas

    à botânica, que podem contribuir para a melhor compreensão dos conteúdos

    (SILVA, 2003; MACHADO e AMARAL, 2014).

    O Projeto Carpoteca Interativa permite que o professor trabalhe alguns

    conteúdos de ecologia e utilização dos organismos vegetais pela espécie

    humana. Como defendido por autores como Machado e Amaral (2014), Silva

    (2003) e Menezes et al. (2008), o detalhamento e explicações destas relações

    aumentam o interesse do aluno pela botânica. Assim, o projeto tem a

    potencialidade de despertar o interesse no aluno, que segundo Pozo e Crespo

    (2009), é necessário para o aprendizado do conteúdo trabalhado.

    6. Considerações finais

    A partir da análise dos dados abordados no presente trabalho, são

    levantadas algumas questões, já que as informações das coleções biológicas

    consideradas foram retiradas de artigos publicados e não houve a observação

    no local.

    Sendo assim, algumas das informações do Herbário Uenf podem ser

    discutidas no sentido de que não é apresentado exatamente como ocorre essa

    exposição dos assuntos. É possível que algumas questões reflexivas sobre a

    importância da coleção biológica e preservação da biodiversidade sejam

  • 38

    trabalhadas também, o que mudaria toda a análise na questão do processo de

    ensino-aprendizagem.

    A Carpoteca da UMAPAZ é trabalhada de forma diferente para atender as

    demandas de cada grupo visitante. Deste modo os conteúdos conceituais e

    atitudinais podem variar, bem como o modo como eles são trabalhados.

    Nas três coleções que foram utilizadas como comparação pode-se

    considerar que o tempo de contato que os estudantes tiveram não é

    apresentado. O que torna mais difícil a atribuição das análises. Além disso, o

    propósito que leva os estudantes ao Herbário Uenf e à UMAPAZ é diferente,

    então a forma de interação com as coleções e a forma como o conteúdo é

    trabalhado pode mudar. Tal argumento é influenciado também pelo fato de as

    coleções do Herbário Uenf e da carpoeca da UMAPAZ serem coleções com

    intuito museológico, principalmente.

    Nas coleções apresentadas, apesar de faltar algumas informações,

    apresentam outras perspectivas, que foram essenciais para a construção da

    discussão e comparação. Desse modo, o presente trabalho apresenta como

    sugestão um Projeto de Carpoteca Interativa como alternativa de uso das

    coleções biológicas em um ambiente escolar. É possível que este projeto sofra

    algumas modificações durante a aplicação. Isso porque sofre influências dos

    recursos que a escola possui, da disponibilidade e disposição dos estudantes e

    do professor e podem ocorrer dificuldades na aplicação e modificar o curso do

    projeto.

    Apesar das dificuldades de aplicação do Projeto Carpoteca Interativa, o

    mesmo ainda pode ser utilizado como referência já que possui informações que

    podem ser utilizadas de maneiras diferentes ou aplicadas com outros conteúdos.

  • 39

    Referências Bibliográficas

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  • 42

    APÊNDICE A – Sugestão de ficha para coleta

    Local

    Nome

    Data Ficha de coleta - Projeto Carpoteca Interativa

    Itens Identificação Hábito Altura DAP Casca Follhas Flores Frutos Sementes Observações

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10

    Hábito árvore, arbusto, erva, liana (cipó, trepadeira), epífita Tipo de solo

    Casca protuberâncias, aparência, desprendimento

    Folhas tamanho, borda, venação, consistência, disposição ramos

    Flores tamanho, cor e formato das pétalas, odor

    Frutos tamanho, formato, carnosos, secos, odor, deiscentes, indeiscentes

    Sementes tamanho/formato, cor, odor,

  • 43

    APÊNDICE B – Sugestão de ficha para organização das pesquisas

    Sugestão de Ficha para Organização das Pesquisas

    Item 1 2 3 4 5

    Identificação

    Família

    Gênero

    Espécie

    Polinização/ Dispersão

    Herbirovia

    Habitat

    Desenvolvimento

    Reprodução

    Demais informações

  • 44

    APÊNDICE C – Sugestão de ficha de avaliação

    Ficha de Avaliação Individual - Projeto Carpoteca

    Nome:

    Sala:

    Coleta Critério

    Colaboração com o trabalho Insatisfatório I Não realizou a tarefa com êxito

    Organização das informações Satisfatório S A tarefa foi realizada dentro do esperado

    Bom B A tarefa foi bem realizada

    Identificação Excelente E A tarefa muito bem realizada

    Colaboração com o trabalho

    Organização das informações

    Pesquisas

    1ª entrega

    2ª entrega

    Construção da Carpoteca Interativa

    Colaboração com o trabalho

    Organização das informações

    Feira de Ciências

    Postura

    Linguagem

    Recepção do Público

    Informações Fornecidas

    Organização

    Cooperação