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UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO FRANCIANY CRISTINY VENÂNCIO DUGONSKI Pesquisa e Desenvolvimento Verde e Ecoinovação de Cosméticos: Um estudo de caso em uma empresa nacional CURITIBA 2020

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UNIVERSIDADE POSITIVO

BUSINESS SCHOOL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

FRANCIANY CRISTINY VENÂNCIO DUGONSKI

Pesquisa e Desenvolvimento Verde e Ecoinovação de Cosméticos: Um estudo de caso em uma empresa nacional

CURITIBA

2020

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FRANCIANY CRISTINY VENÂNCIO DUGONSKI

Pesquisa e Desenvolvimento Verde e Ecoinovação de Cosméticos: Um estudo de caso em uma empresa nacional

CURITIBA

2020

Projeto de Dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Positivo como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Administração. Orientador: Prof. Dr. Cleonir Tumelero.

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Positivo - Curitiba – PR

Elaborado pela Bibliotecária Priscila Fernandes de Assis (CRB-9/1852)

D867 Dugonski, Franciany Cristiny Venâncio.

Pesquisa e desenvolvimento verde e ecoinovação de cosméticos: um estudo de caso em uma empresa nacional / Franciany Cristiny Venâncio Dugonski. ― Curitiba : Universidade Positivo, 2020. 121 f. : il.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Positivo, Programa de Pós-graduação em Administração, 2020.

Orientador: Prof. Dr. Cleonir Tumelero.

1. Administração. 2. Cosméticos - indústria. 3. Inovações tecnológicas. 4. Ecologia industrial. II. I. Tumelero, Cleonir. II. Título.

CDU 616.314(043.2)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, a São José e a todos os Santos por iluminarem o meu

caminho e me abençoarem durante essa trajetória.

À minha família, em especial a minha mãe Fátima de Cássia, a minha irmã

Francielly Dugonski, ao meu noivo Ricardo Takeda e ao meu pequeno companheiro

Azuki, pela compreensão e apoio incondicional. Ao meu pai Alceu Dugonski (in

memorian) por estar sempre cuidando de nós.

Aos professores por todo ensinamento e por me direcionarem nessa jornada,

aos coordenadores Danielle Denes dos Santos e Fabio Vizeu por todo apoio, em

especial ao meu orientador Cleonir Tumelero, por me conduzir com segurança e

paciência em toda a trajetória do mestrado, demonstrando o real sentido de se fazer

pesquisa.

À Universidade Positivo, pela oportunidade de estudar e apoio sempre

concedido. Em especial à professora Adriana Pelizzari.

À empresa pesquisada, em especial a diretora e a todos os seus

colaboradores, pelos dados, tempo cedido para as entrevistas e conhecimento

compartilhado, sem os quais a pesquisa não seria possível.

À Viviane Ongaro e Susana Fávaro pelas dicas, compartilhamento de

conhecimento e tempo concedido para a leitura do projeto.

Á todas as pessoas, que de alguma forma participaram da construção deste

projeto e por algum motivo não foram citadas, o meu eterno agradecimento.

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RESUMO

Este estudo investigou como as ecoinovações são pesquisadas, desenvolvidas e implementadas por uma empresa de cosméticos, a partir da lente da Teoria Evolucionária da Inovação. Observou-se que algumas áreas tiveram como interesse a ecoinovação na indústria de cosméticos, porém existe uma lacuna na literatura no âmbito da administração O método de pesquisa utilizado foi o estudo de caso em profundidade. A técnica de análise de dados foi de análise de conteúdo, com apoio do software ATLAS.ti. A unidade de análise foi uma empresa de cosméticos de Curitiba, reconhecida por suas medidas ecoinovadoras. Os resultados do estudo demonstram que, em produtos ecoinovadores, a empresa pesquisada atende a requisitos de decomposição de materiais, uso de materiais naturais (química verde), redução de resíduos, simplificação da construção, simplificação da embalagem e bioinspiração para o design. Em processos ecoinovadores, a empresa atende a requisitos de prevenção da contaminação, cumprimento da legislação, redução do uso de materiais, reciclagem e reuso.. A empresa realiza pesquisa e desenvolvimento (P&D) Verde a partir das etapas de ideação, pesquisa, prototipagem, testes e certificação e registro do produto, e resolve desafios de P&D Verde de cosméticos por meio da biomimética, uma vez que biomimetiza características de proteção das plantas, da textura da pele humana e da proteção da argila para a criação de produtos ecoinovadores. No processo de implementação se conclui que as principais barreiras são de mercado, de matéria-prima, governamentais e relacionadas aos fatores internos da empresa; ao passo que os principais facilitadores são a inovação tecnológica, comunicação, legislação, gestão ambiental e mercado. O estudo sugere que o P&D Verde difere da tradicional na medida em que adota o ecodesign em todas as etapas e realiza a repetição de etapas, até que os requisitos sustentáveis sejam alcançados. Embora a biomimetização seja utilizada pela empresa para apoio ao desenvolvimento de ecoinovações, observou-se que seu desenvolvimento ocorre sem sistemática, que possivelmente limita o potencial de replicação da experiência da natureza. É possível afirmar que as barreiras e os facilitadores da implementação de ecoinovações são dinâmicos, em que, dada uma situação, uma barreira poderá ser um facilitador e vice-versa Estudos futuros poderão investigar políticas de apoio a ecoinovações, processos de adoção sistemática da biomimética para a P&D, e a relação entre a adoção da P&D Verde e o cumprimento de requisitos de ecoinovação tecnológica no setor de cosméticos.

Palavras-chave: Biomimética; Cosméticos; Implementação de Ecoinovação; Ecoinovação Tecnológica; P&D Verde

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ABSTRACT

The present study investigated how research, development and implementation of eco-innovations are conducted by a cosmetic company through the lens of the Evolutionary Theory of Innovation. It was observed that some academic areas are interested in this theme, but there was a gap in the literature within the management field. The research method was an in-depth case study with content analysis supported by the ATLAS.ti software. The unit of analysis was a cosmetics company from Curitiba, Paraná state, Brazil, recognized nationwide for its eco-innovative measures. The results demonstrate that, in eco-innovative products, the company meets the requirements of material decomposition, use of natural materials (green chemistry), waste reduction, simplification of construction, simplification of packaging and bioinspiration for design. In eco-innovative processes, requirements are met for preventing contamination, complying with legislation, reducing the use of materials, recycling and reuse. The company conducts green research and development from the stages of ideation, research, prototyping, tests and certification and product registration, and solves its challenges by biomimetizing plant protection characteristics, human skin texture and clay protection for the creation of eco-innovative products. The main barriers identified for the implementation process are market, raw material, governmental and internal factors, while the main facilitators are technological innovation, communication, legislation, environmental management and the market. The study suggests that Green R&D differs from the traditional one mainly by the adoption of ecodesign in all stages and by the repetition of stages until sustainable requirements are reached. Although biomimicry is used by the company to support the development of eco-innovations, it was observed that its development occurs unsystematically, which possibly limits the potential for replicating the experience of nature. It is possible to affirm that the barriers and facilitators of the implementation of eco-innovations are dynamic as, in a given situation, a barrier may behave as a facilitator and vice-versa. It is suggested that future studies could investigate policies to support eco-innovations, processes for adoption of a systematic biomimetics on R&D, and the relationship between the adoption of Green R&D and the fulfillment of technological eco-innovation requirements in the cosmetics sector. Keywords: Biomimicry; Cosmetics; Implementation of Eco-innovation; Technological Eco-innovation; Green R&D

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Lista de Figuras

Figura 1 – Quantidade de publicações pelos três maiores journals no quesito

publicações do tema ................................................................................................. 16

Figura 2 – Etapas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) ........................................ 36

Figura 3 - Etapas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) Verde............................... 36

Figura 4 – Etapas do desenvolvimento de projetos baseados em biomimética ........ 38

Figura 5 - Facilitadores de ecoinovação, segundo Rennings (2000) ........................ 44

Figura 6 - Facilitadores de ecoinovação, segundo Horbach (2012). ......................... 45

Figura 7 - Resultados dos consumidores brasileiros entrevistados pela Union for

Ethical Biotrade ......................................................................................................... 51

Figura 8 – Modelo conceitual do estudo .................................................................... 55

Figura 9 - Protocolo adotado para a pesquisa........................................................... 58

Figura 10 – Rede P&D Verde .................................................................................... 64

Figura 11 - Rede Biomimética ................................................................................... 72

Figura 12 – Cromatografia da Laranja Doce ............................................................. 74

Figura 13 - Árvore Mulateiro ...................................................................................... 76

Figura 14 – Rede Barreiras da Ecoinovação ............................................................. 78

Figura 15 – Rede Facilitadores de Ecoinovação ....................................................... 87

Figura 16 – Saboneteira – Projeto Re-Use................................................................ 89

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Definição de ecoinovação ........................................................................ 26

Tabela 2 - Categorização das empresas de acordo as suas preocupações com a

sustentabilidade de suas ações ................................................................................ 29

Tabela 3 - Indicadores de ecoinovação ..................................................................... 34

Tabela 4 – Barreiras de ecoinovação ........................................................................ 41

Tabela 5 – Clusters de empresas de acordo as formas de atuação em relação às

barreiras de ecoinovação .......................................................................................... 41

Tabela 6 - Definição teórica e operacional das categorias analíticas ....................... 55

Tabela 7 – Etapas segundo o protocolo de Bardin (1977; 2004) .............................. 63

Tabela 8 – Barreiras e Facilitadores de Ecoinovação ............................................... 98

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

1.1 CONTEXTO DO PROBLEMA DE PESQUISA ................................................... 9

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................ 12

1.3 OBJETIVOS DO ESTUDO ............................................................................... 15

1.4 JUSTIFICATIVA TEÓRICA E PRÁTICA .......................................................... 15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 20

2.1 TEORIA EVOLUCIONÁRIA DA INOVAÇÃO.................................................... 20

2.2 ECOINOVAÇÃO ............................................................................................. 23

2.3 PESQUISA E DESENVOLVIMENTO VERDE ................................................. 35

2.4 BARREIRAS DA ECOINOVAÇÃO ................................................................... 39

2.5 FACILITADORES DA ECOINOVAÇÃO ........................................................... 43

3 METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................................... 55

3.1 MODELO TEÓRICO E CATEGORIAS ANALÍTICAS DA PESQUISA ............. 55

3.2 ENFOQUE E NATUREZA DA PESQUISA ...................................................... 56

3.3 MÉTODO DA PESQUISA ................................................................................ 57

3.4 UNIDADE DE ANÁLISE .................................................................................. 58

3.5 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE DE ANÁLISE............................................... 59

3.6 TÉCNICA DE COLETA DOS DADOS .............................................................. 60

3.7 TÉCNICA DE TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS ................................ 62

3.8 ASPECTOS ÉTICOS ....................................................................................... 63

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................... 64

4.1 OBJETIVO 1 - Descrever as etapas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)

Verde de ecoinovações tecnológicas ..................................................................... 64

4.2. OBJETIVO 2 - Descrever os desafios da pesquisa e desenvolvimento (P&D)

Verde de cosméticos resolvidos a partir de biomimética ....................................... 72

4.3. OBJETIVO 3 - Identificar as barreiras e os facilitadores da implementação de

ecoinovações em uma empresa fabricante de cosméticos .................................... 77

5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 99

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 103

APÊNDICE I – Matriz de amarração da pesquisa ................................................ 117

APÊNDICE II – Roteiro de entrevista ................................................................... 118

APÊNDICE III- Termo de consentimento livre esclarecido .................................. 121

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1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo, serão apresentados o contexto do problema de pesquisa, o

problema de pesquisa, a pergunta de pesquisa, os objetivos gerais e específicos, e a

justificativa teórica e prática do presente estudo.

1.1 CONTEXTO DO PROBLEMA DE PESQUISA

A situação em que o Planeta se encontra - com problemas associados às

mudanças climáticas, eventos extremos, aquecimento global, desmatamento e a

extinção de espécies - demanda conscientização da sociedade e das empresas. O

aumento populacional, os hábitos de consumo desenfreados, a poluição, e a

pressão sobre os recursos naturais estão comprometendo a biocapacidade do

Planeta (Lacy & Ruteqvist, 2016). O ano de 2018 foi o que marcou a chamada

“sobrecarga da Terra”, em que a demanda anual por recursos naturais superou a

capacidade de regeneração do Planeta (Lin et al., 2018).

O exposto sugere considerar a necessidade de aumento da consciência sobre

o consumo. Nas empresas, observa-se a necessidade de inovar em formas de

produção, com maior atenção ao ciclo do produto e formas de serviço, além da

modificação na atuação organizacional. A degradação ambiental gera a necessidade

de as empresas atuarem de forma sustentável, buscando respeitar o ecossistema

(Detanico, Teixeira ¨& Silva, 2010; Dugonski & Tumelero, 2020; Krajnc & Glavic,

2003).

Ações tomadas em busca de atender às demandas da sociedade, almejando

não prejudicar as gerações futuras, formam o conceito de sustentabilidade (WECD,

1987). A sustentabilidade pode ser compreendida como o ato de se ter ciência dos

efeitos que as empresas exercem, na sociedade e no meio ambiente, em

decorrência da sua atuação (Bernal, Edgar & Burnes, 2018).

O termo sustentabilidade ganhou notoriedade a partir do relatório de

Brundtland, desenvolvido pelo World Commission on Environment and Development

em 1987 (Krotscheck & Narodoslawsky, 1996). No Relatório, a sustentabilidade é

amplamente discutida como uma solução para os problemas ambientais, sociais e

econômicos das nações (WCED, 1987). Em 1992, as discussões sobre

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sustentabilidade foram fortalecidas a partir da Rio 92 - conferência gerenciada pela

Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de discutir formas de

minimizar os impactos ambientais e mudanças climáticas - que deu origem à Agenda

21.

A Agenda 21 permitiu que fossem firmados compromissos entre os países

participantes da Rio 92, em busca de minimizar a perda da biodiversidade;

mudanças climáticas; questões sociais como a fome e a miséria extrema; e a

reversão do consumo excessivo; e a poluição geradas principalmente em países

desenvolvidos (EIO, 2013), sejam por ações governamentais ou pelas ações da

própria sociedade. Mais tarde, as discussões geradas na Rio 92 deram origem aos

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), que são 17 planos de ação em

busca da transformação do mundo. Esses objetivos são a erradicação da miséria,

considerado o maior desafio; a preservação do meio ambiente; a busca da paz;

parcerias e meios de implementação dos Objetivos, em vista da solidariedade entre

países, para um mundo melhor (Centro de Informação das Nações Unidas para o

Brasil, 2015).

Considerar os impactos ambientais como resultado de suas ações tem sido

um desafio constante para as organizações (Frone & Frone, 2017). As empresas

mais tradicionais necessitam adaptar suas produções para atenderem à

necessidade de mercado, desenvolver produtos com menor impacto ambiental,

decisão essa que pode gerar vantagem competitiva para a empresa frente ao

mercado. E as empresas de médio e pequeno porte tem a dificuldade do

investimento inicial, que principalmente para ecoinovações necessita de maiores

valores (Barbieri, 2004; Kemp, 2011).

Conforme destacam Severo, Guimarães, Dorion & Nodari, (2015); empresas

preferem pagar por taxas para a emissão de gases poluentes ao invés de investirem

em medidas sustentáveis, ignorando o potencial econômico de uma produção mais

limpa. Em consequência, há falta de atenção nas políticas de inovação para

aspectos ambientais (Andersen & Foxon, 2009), pelas incertezas dos gestores em

relação aos benefícios gerados para a organização pela inovação com enfoque

ambiental (Porter & Van der Linde, 1995), e pelo fato das empresas, em decorrência

de suas preocupações econômicas, ignorarem os resultados ambientais e sociais de

suas ações (Peng & Liu, 2016).

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A partir dos desafios ambientais apresentados, entende-se que não apenas

as medidas políticas e tecnológicas precisam de maior preocupação com as

questões ambientais, mas todas as inovações precisam ter esse quesito como foco

(Leach et al. 2012). Existe uma solução emergente importante que viabiliza

estratégias empresariais sustentáveis e possui relação direta com as dimensões da

sustentabilidade (Econômico, Social e Ambiental), a ecoinovação (Jesus Pacheco et

al. 2017).

Considera-se que a inovação é um fator relevante para a implementação de

estratégias para o desenvolvimento sustentável (Rennings, 2000), já a ecoinovação

é a apropriação, fusão, produção, processo, serviço, ou gestão que causam menos

impacto ambiental se comparado às alternativas similares; e que sejam inéditos ao

meio onde serão inseridos (Kemp & Pearson, 2007); possibilitam a redução dos

impactos ambientais em decorrência da utilização consciente dos recursos naturais

(Kemp & Pearson, 2007; Sala & Castellani, 2011). Menezes, Maçaneiro e Cunha

(2017) destacam que a ecoinovação é um fator que induz ao desenvolvimento

sustentável e auxilia na mudança dos paradigmas das empresas. Entende-se por

desenvolvimento sustentável o desenvolvimento que satisfaz as necessidades da

sociedade atual, sem comprometer as necessidades das gerações futuras

(Organização das Nações Unidas, 2011).

Dessa forma, a situação atual do Planeta demonstra que as empresas

precisam mudar suas estratégias tecnológicas. A mudança tecnológica é o princípio

fundamental da Teoria Evolucionária da Inovação (TEI), que orienta o presente

estudo. A escolha da TEI como abordagem teórica se deu pelo fato de que, como na

abordagem neoclássica, a TEI aborda as complexidades que determina a

implementação de inovações (Rennings, 2000). A teoria sustenta o princípio de que

a empresa precisa mudar para acompanhar a realidade do planeta e na

circunstância atual. Tais inovações podem ocorrer de forma mais rápida ou mais

lenta de acordo às exigências dos produtos e serviços, considerando as

características da organização. A evolução ocorre em decorrência da necessidade,

em que sobrevivem aqueles que se adequam às necessidades do mercado,

mostrando-se competitivos frente à concorrência (Nelson & Winter, 1977). Tal

abordagem, em que o mercado é altamente competitivo, e que a empresa precisa

estar preparada para mudar suas estratégias, confirmam que a teoria continua

aplicável à fronteira da pesquisa atual.

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1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

O conceito de ecoinovação tem sido aplicado em alguns setores como na

engenharia química (Freitas, Bueno, Perez & Castro, 2008; Patel, Somani, Bajaj &

Jasra, 2006; Rohr, 2002); engenharia civil (Semeraro, Aretano & Pomes, 2018);

engenharia de alimentos (Dammak, Neves, Isoda, Sayadi & Nakajima, 2016; Miyuka,

Mbifile, Zhang, Zheng & Chen, 2018; Tang et al., 2018); engenharia de produção

(Chen et al., 2013); e eletroeletrônicos (Cheng & Shiu, 2012, Tumelero, Sbragia &

Evans, 2019, Wong, 2013).

Alguns setores econômicos e temas de pesquisa relacionados à ecoinovação

ainda não receberam atenção científica e representam uma oportunidade para

investigação, como ocorre com a administração. Maçaneiro (2012) reforçou a

necessidade de estudos futuros que analisem as aplicações de ecoinovações

adotadas por empresas de diferentes ramos, além dos impactos gerados pelas

estratégias ecoinovadoras no desempenho social, ambiental e econômico dessas

empresas.

Considerando o destaque de Maçaneiro (2012), observa-se que o setor de

cosméticos está presente na sociedade desde as civilizações antigas, onde no Egito

Antigo já se utilizavam de corantes para os lábios, uma espécie de batom e óleos

como perfume. Utilizado para o bem-estar do ser humano, a sociedade usa os

cosméticos para a higiene pessoal e para o cultivo da autoestima, pode-se ser

considerado um elemento importante e presente no dia a dia da sociedade. O

cenário atual, no entanto, impõe a empresas de cosméticos o desafio de continuar a

produzir mesmo com a escassez dos recursos naturais (Sahota, 2013). Vilha (2009)

afirma que se considerar o âmbito brasileiro, o setor que mais implementa ações

com foco sustentável são a de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Outro fator

relevante é que, conforme destaca Sahota (20130, nesse âmbito as pequenas e

médias empresas são as impulsionadoras de inovação e criatividade para o setor.

Dessa forma, supõe-se que as empresas de cosméticos de pequeno e médio porte

pertencem a um setor que precisa de atenção científica.

O setor brasileiro de cosméticos está em terceiro lugar no quesito inovação,

abaixo apenas da China e dos Estados Unidos; apresentou uma taxa de

crescimento 1,5% no primeiro semestre de 2019, que o coloca como um dos setores

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que mais cresceu no país (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal,

Perfumaria e Cosméticos- ABIHPEC, 2019). O investimento médio é de cerca de

trezentos milhões de reais ao ano em alta tecnologia e inovação (SEBRAE, 2008), e

no ano de 2011 o setor de cosméticos apresentou o faturamento de R$27,3 bilhões,

um aumento de R$22 bilhões se comparado ao faturamento do ano de 1996

(Ladeira, Santini & Araujo, 2015)

A alta do crescimento do setor de cosméticos tem ocasionado crescentes

problemas ambientais relacionados à produção, como a poluição das águas e a

bioacumulação, que consiste no acúmulo de moléculas de origem sintética (Morais &

Angelis, 2012; Secchi, Castellani, Collina, Mirabella & Sala, 2016). Apesar de ser

poluente em decorrência do uso de embalagens, de recursos não renováveis e a

emissão de efluentes líquidos, o setor de cosméticos tem procurado melhorar sua

produção, seja por iniciativas próprias, em decorrência da legislação, ou em busca

de melhoria dos seus produtos frente aos seus concorrentes (Secchi et al., 2016).

Algumas certificações buscam apoiar essas iniciativas, como a Leaping

Bunny, que certifica empresas e fornecedores que não fazem testes em animais.

Existem as International Organization for Standardization - ISO que têm como

objetivo serem ferramentas práticas para o desenvolvimento sustentável (Sahota,

2013). Conforme apontam Peng &Liu (2016), as certificações são utilizadas pelas

empresas como forma de manutenção dos clientes, pois apresentam suas ideias,

principalmente para os consumidores mais exigentes, que têm engajamento com

preocupações ambientais e sociais. Dessa forma, o relatório de sustentabilidade é

aplicado como mecanismo para demonstrar ações praticadas pela empresa, e se

comunicar com os seus consumidores.

Com base nos os relatórios institucionais publicados por empresas produtoras

de cosméticos, como Natura (2017) e Boticário (2013), é possível identificar a

aplicação da ISO 14001, que demonstra a preocupação ambiental dessas

empresas. A forma como essas iniciativas são apresentadas nos relatórios não

mostram de forma clara as dificuldades de implementação passadas pelas

empresas, assim como os facilitadores que os levaram a implementar medidas

sustentáveis.

García-Granero, Piedra-Muñoz e Galdeano-Gomez, (2018) recomendam que

sejam feitos estudos de caso para a verificação do que as empresas vêm

implementando como ecoinovações. Enquanto Rennings (1999) aponta a

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necessidade de estudos que façam uma verificação de experiências de

ecoinovações de sucesso, os facilitadores para a implementação de medidas

ecoinovadoras e os fatores no processo de inovação que os fizeram ser uma medida

bem-sucedida.

Shrivastava (1995) sugere, como estudos futuros, a implementação de

tecnologias ambientais como estratégia para as empresas. O estágio de

implementação das medidas ecoinovadoras pode ser entendido como desafio às

empresas, pois exige um planejamento detalhado, informações, habilidades,

conhecimentos específicos que não são pertencentes ao conhecimento tradicional

(Marchi, 2012), e o investimento que possui um retorno de longo prazo (Serviço

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE, 2017).

Conforme destacam Roscoe, Cousins & Lamming (2016), as empresas que

querem implementar inovações sustentáveis, não sabem como essas tecnologias

são encontradas, as barreiras enfrentadas na etapa e os facilitadores que estimulam

a implementação. pois a literatura não costuma apresentar esses elementos de

forma detalhada. Nesse contexto, as etapas de pesquisa e desenvolvimento (P&D)

são elementos importantes, é onde normalmente ocorre a ideação, as simulações, a

prototipagem, os testes, a venda do produto ou adoção do processo. P&D Verde é

importante, pois, conforme destacado por Sun, Bi & Yin (2020). é uma importante

ferramenta para que a inovação verde ocorra sem maiores prejuízos.

Os setores de P&D costumam ser os setores chaves para a implementação

de inovações, pois são setores que influenciam o processo de inovação tecnológica

das empresas (Vilha & Cecotte, 2018). Quando as questões ambientais são

colocadas como meta das organizações, necessita-se de investimento em P&D

Verde, modelo esse que é constituído das etapas de verificação do mercado

potencial, pesquisa, exploração da produção, projeto, testes específicos, projeto

secundário, produção, mercado e serviço (Sun, Bi & Yin, 2020). Outro elemento

importante é a biomimética, observando que a indústria tem buscado aprimorar seus

produtos para manter-se competitiva frente ao mercado, é um método para

apresentar soluções às necessidades atuais, que se baseia nas soluções da

natureza (Kohsaka, Fujihira & Uchiyama, 2019), o que Tamayo & Vargas (2019)

denominam como ciência da vida, em suas formas de produção e respeitando o seu

tempo, para que exista harmonia entre indústria e meio ambiente (Stosic, Milutinovic,

Zakic & Zivkovic, 2016). Dessa forma, é possível trabalhar em simultâneo soluções

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para alcançar a funcionalidade, estética e resultados econômicos (Detanico, Teixeira

& da Silva, 2010; Vilha & Cecotte, 2018). Contudo, pouco se fala da maneira como

as empresas aplicam tal ferramenta.

Nesse contexto, percebe-se a oportunidade de responder a seguinte questão

de pesquisa: "Como ecoinovações tecnológicas são implementadas em uma

empresa de cosméticos?"

1.3 OBJETIVOS DO ESTUDO

O objetivo geral do presente estudo é identificar como ecoinovações

tecnológicas são implementadas em uma empresa de cosméticos.

Os objetivos específicos deste estudo são:

I) Descrever as etapas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) Verde de

ecoinovações tecnológicas em uma empresa de cosméticos.

II) Descrever os desafios da pesquisa e desenvolvimento (P&D) Verde de

cosméticos resolvidos a partir de biomimética em uma empresa de cosméticos..

III) Identificar as barreiras e os facilitadores da implementação de

ecoinovações em uma empresa de cosméticos.

1.4 JUSTIFICATIVA TEÓRICA E PRÁTICA

Para verificação do que tem se falado no meio científico sobre o tema foram

feitas duas pesquisas, cruzando os termos "eco-innovation" OR "clean innovation"

OR "clean technology" OR "green innovation" OR "green technology" OR

"environmental innovation" AND "Green R&D" AND *cosmetic. Os termos

ecoinovação, cosméticos e P&D se justificam por serem fundamentos do estudo, o

asterisco foi utilizado como símbolo de truncagem para o termo “cosméticos”, para

que conceitos como “ecosméticos” (Fernández, 2019) também fossem encontrados

na busca. “Clean Innovation”, “Green Innovation”, “Green Technology” e

“Environmental Innovation” foram selecionados como sinônimos para ecoinovação.

Page 16: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

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Todos os termos foram separados por linhas e foram acompanhados pelos

operadores booleanos “AND” quando palavras-chaves e “OR” quando sinônimos.

A busca gerou 4.628 resultados, dessa forma se optou por filtrar apenas por

artigos publicados nos últimos cinco anos completos, de 2015 a 2019; observando

que a partir do ano de 2016 ocorreu o maior crescimento de publicações de artigos,

que resultou em 2.209 artigos. Para uma maior delimitação outro requisito utilizado

foram os artigos publicados nos três revistas de alto impacto para a área,

classificados em decorrência da quantidade de artigos que trabalham ecoinovação e

pela classificação junto a CAPES, dessa forma tivemos 401 estudos, divididos por

revistas cientificas da seguinte forma (Figura 1):

Figura 1 – Quantidade de publicações pelos três maiores journals no quesito publicações do tema

Fonte: extraído de pesquisa na base Web Of Science em 14/05/2020.

O Journal of Cleaner Production resultou em 219 (54%) dos estudos; o

Journal Sustainability apresentou 123 (31%); e o Business Strategy and the

Environment teve 59 (15%) estudos. O Journal of Cleaner Production e o Business

Strategy and the Environment foram classificados com extrato A1 pela CAPES em

2016 por meio da Qualis, que é o sistema brasileiro de avaliação de periódicos,

baseado em como os docentes da área estão publicando e os resultados de suas

pesquisas. Na área de administração pública de empresas, ciências contábeis e

turismo os Journals foram avaliados como os melhores periódicos da área. O

Journal Sustainability, não teve seu resultado disponível, porém, seus artigos

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17

possuem um total de 820 citações, que, quando distribuídos entre os 123 estudos

resultam na média de sete citações por artigo e tem uma média de 136,67 citações

por ano. Desses resultados, os artigos tiveram os seus resumos lidos e aqueles

considerados mais relevantes foram utilizados como base para o estudo.

Por meio das pesquisas, observou-se que a indústria química possui um

grande enfoque em empresas de cosméticos em busca do desenvolvimento de

novas formas de produção, tendo como referência a natureza, que auxiliem na

saúde da pele e tenham um menor impacto ambiental (Matos et al., 2019; Vella,

Cautela & Laratta, 2019). Foram também identificadas pesquisas que tiveram como

propósito estudar o desenvolvimento sustentável em empresas de cosméticos

(Baghel & Parthasarathy, 2019; Traversier, Gaslondes, Milesi, Michel & Delannay,

2018).

Para ter uma compreensão mais aprofundada do que tem sido pesquisado

sobre ecoinovação nas empresas de cosméticos, uma busca complementar foi

realizada na base Scopus, porém sem resultado.

Dessa forma, focando nos resultados da Web Of Science, foram encontrados

poucos estudos que apresentassem ecoinovações em empresas de cosméticos sob

o ponto de vista da administração. Os estudos que estavam mais próximos ao tema,

mesmo não utilizando o termo ecoinovação foram as pesquisa de Philippe, Didillon e

Gilbert (2012) que estuda a química verde e o ciclo de vida dos produtos da

empresa L’Oreal;a pesquisa de Borges e Herreros (2011), com enfoque na Natura,

que verifica as implementações de medidas sustentáveis na produção de

cosméticos e as vantagens competitivas frente ao mercado por tais ações; e o

estudo de Baghel e Parthasarathy (2019), que apresenta a transição do capital

cultura, fatores como educação, estilo de vestuário e intelecto, vinculados à cultura

da inovação e se transformam em um capital simbólico, representado pelo discurso

sustentável que tende a se tornar um capital econômico. O enfoque do estudo são

os cosméticos Ayurveda e a legitimidade adquirida pelos empresários ao colocar as

inovações no mercado.

A pesquisa de Secchi, Castellani, Collina, Mirabella e Sala (2016), denomina

as inovações ambientais como ecoinovações, o estudo possui como objetivo

analisar a ecoinovação por intermédio do ciclo de vida do produto.

Observando os resultados obtidos, foi possível verificar que as pesquisas

estão voltadas principalmente para a produção das empresas de cosméticos

Page 18: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

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considerando o desenvolvimento sustentável (Fleaca, Fleaca & Maiduc, 2017;

Morganti, 2016; Rothe, 2018). Estudos como o de Erimia e Paris (2017) e Carrillo-

Hormaza e Osorio (2017) possuem um panorama sobre a legislação para o

desenvolvimento de produtos de cosméticos que tenham preocupações com o meio

ambiente.

Por meio da leitura das referências dos artigos, foi identificado o livro de

Sahota (2013), que descreve as preocupações ambientais pelos agentes de

empresas de cosméticos de forma holística, passando do cuidado com a produção,

considerando a legislação e indo até o consumidor final, um estudo de escopo mais

abrangente.

Gunarathne (2019), destacou que facilitadores e barreiras são importantes

elementos para a medição de ecoinovação, e servem para auxiliar a identificar os

benefícios ambientais e sociais gerados sua implementação, avaliam a capacidade

de gerar competitividade frente ao mercado. A literatura sobre as barreiras de

ecoinovação se encontra em estágio incipiente (Marin, Marzucchi e Zoboli, 2015;

Pinget, Bocquet & Mothe, 2015), e deve-se considerar que a ecoinovação possui

barreiras específicas que necessitam de maior atenção, pois auxiliam na elaboração

de políticas e ações que estimulem a implementação de ecoinovação (Marin et al.,

2015).

Diante do exposto, pode-se assumir que a ecoinovação em uma empresa de

cosméticos possui relevância teórica, e necessita de estudos com o propósito de

observar a P&D Verde até o processo de implementação, por meio das barreiras e

facilitadores de ecoinovação. Considera-se que a etapa da implementação é uma

das mais difíceis para a empresa em decorrência da necessidade de adaptação. A

ecoinovação se apresenta como uma oportunidade em países subdesenvolvidos

(Horbach, 2014), como o Brasil.

Observou-se que a cidade de Curitiba foi nomeada para ser monitorada no

desenvolvimento de medidas em prol das ODS, pela Organização para a

Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE (Prefeitura Municipal de

Curitiba, 2019). Segundo a FIEPR (2013), Curitiba é o polo brasileiro do mercado de

cosméticos sustentáveis, superando São Paulo e Manaus, apresentando-se assim

um ambiente propício para este estudo.

A justificativa prática deste estudo é trazer conhecimento das etapas de

Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) Verde para a implementação de ecoinovações

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tecnológicas para a empresa de cosméticos. Busca-se entender principalmente de

que forma os desafios de pesquisa e desenvolvimento verde (P&D) foram resolvidos

por meio da utilização de biomimética. Encontrar as barreiras e facilitadores

encontrados na etapa de implementação. Com a possibilidade de replicar o modelo

de sucesso.

Cabe, dentro deste presente estudo, a possibilidade de demonstrar frente à

empresa onde suas medidas ecoinovadora estão centralizadas, levando em

consideração, inclusive, com a possibilidade da empresa se auto denominar como

ecoinovadora.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica é iniciada com a Teoria Evolucionária da Inovação;

prosseguindo para a ecoinovação; apresentando a Pesquisa e Desenvolvimento

(P&D) Verde; e no final, são apresentados os indicadores e facilitadores de

ecoinovação.

2.1 TEORIA EVOLUCIONÁRIA DA INOVAÇÃO

A evolução é um processo de mudança ao longo do tempo e espaço. Essa

alteração é caracterizada pela sua descendência. As ciências biológicas enfatizam

que a evolução é a maneira de como a herança genética é passada entre os

indivíduos por gerações; para Darwin, a descendência com mutação é o resultado

dessa evolução. A coevolução é um elemento importante nesse processo, pois

demonstra como diferentes espécies podem interagir ao ponto de adaptarem suas

características, tanto no ambiente biótico quanto físico. Esses indivíduos costumam

apresentar uma propensão para as mudanças necessárias e quando ocorrem

mudanças, as adaptações são expressas em seu fenótipo. Os indivíduos que melhor

se adaptam a essas mudanças sobrevivem (Gual & Norgaard, 2010).

Assim como o indivíduo se adapta às necessidades, empresas e setores

também passam por esse processo de mudança. Inicialmente, com a revolução

industrial, as empresas precisaram se adaptar em decorrência das grandes

produções. Modificou-se a demanda de habilidades necessárias aos gestores e

equipe para garantir a manutenção da qualidade: para reduzir e evitar o desperdício

de recursos e atrasos; manter a qualidade da mão-de-obra, para que a empresa se

manter competitiva frente aos concorrentes (Tigre, 2005). No contexto atual do

mundo, com pressões de mercado, concorrência e implementação de novas

tecnologias, faz-se a necessidade de adaptação, uma atitude de sobrevivência, pois

apenas uma econômica em constante crescimento, produtiva e em transformação

consegue atender às expectativas atuais de mercado (Chandler, 1992).

Essas mudanças, como as advindas das novas tecnologias, criam nas

empresas a necessidade da resiliência, que consiste na capacidade de recuperação

do estado econômico, que a literatura nomeia como resiliência adaptativa, para

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adaptar-se ao meio em que está inserido, leva-se em consideração as necessidades

atuais e modifica sua forma de atuação (Tonts, Plummer & Argent, 2014). Um

elemento com grande efeito nesse estágio é o feedback, pois quanto mais rápido e

claro o indivíduo ou organização tem esse elemento, maior a tendência de melhorar

sua atuação no mercado e sua rotina, pois com base no princípio da continuidade

Behavioral, entendeu-se que a repetição estimula a memória, a ponto de prevenir

possíveis situações adversas (Nelson, 2002).

Entre os teóricos que estudaram a evolução das organizações e mudanças

técnicas, Nelson e Winter (1997) se destacam pelo tratamento dado a Teoria

Evolucionária da Inovação. Os pesquisadores fazem menção à importância das

práticas, rotinas e aos conhecimentos como elementos afetados pelas mudanças

tecnológicas. Faz-se necessária a habilidade em inovação e estar em estado de

aprendizado contínuo (Galvão, 2014), em que, o aperfeiçoamento ocorre por meio

da prática, onde a empresa, que é regularmente exposta a diferentes situações,

desenvolve a habilidade de se adaptar às necessidades (Nelson & Winter, 2002).

Tigre (2005) destaca que o primeiro pesquisador a resgatar os princípios de

Schumpeter, e colocar o progresso técnico como variável chave para o processo de

evolução fora Freeman, mas que Nelson e Winter apoiaram, junto aos princípios de

Schumpeter, os princípios de Simon e da ideia de evolução advinda da biologia.

Galvão (2014) destaca que a abordagem evolucionária está relacionada à

abordagem sistêmica, pois a inovação é influenciada pelo sistema nacional de

inovação, pelas organizações e agências governamentais, que por sua vez afetam

as mudanças econômicas, a relação com o mercado, as demandas dos

consumidores, e consequentemente as formas de produção e desenvolvimento das

empresas. Tigre (2019) destaca que a inovação é influenciada por fatores internos e

externos, nas quais fontes internas estão vinculadas ao desenvolvimento de

produtos e processos, que incluem atividades como melhorias incrementais e

pesquisa e desenvolvimento (P&D); enquanto que as fontes externas estão

vinculadas a aquisição de novos conhecimentos, através de consultorias e

aquisições de licenças e maquinários que possibilitem novas formas de produção.

Um fator externo a ser destacado é o vínculo entre diferentes empresas, pois para

acompanhar a aceleração e complexidade tecnológica, faz-se necessário reunir a

capacidade tecnológica das empresas.

Page 22: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

22

Nelson e Winter (2002) apontam que as mudanças no sistema

socioeconômico impõem que as empresas se adaptem para resolver esses

problemas, que até dado momento eram desconhecidos. Os autores apresentam

esse dinamismo da economia utilizando como exemplo o fato de algumas empresas

do mesmo ramo se sobressaírem em relação aos seus concorrentes, situação que

dificilmente aconteceria caso a economia fosse estática, pois caso fossem, as

formas de consumo seriam estáveis, e não haveria competividade, pois uma vez

entendida a necessidade do consumidor, não haveria necessidade em inovar. Tigre

(1998) aponta que em um contexto de flutuação das necessidades de mercado e de

diferentes capacidades, quatro fatores são fundamentais:

1. Aprendizagem e rotina: consiste no processo de experimentação que, pela

repetição, pode ser aperfeiçoado, e torna as atividades mais ágeis e

eficientes.

2. Path Dependency: consiste na defesa de que a evolução das empresas

não acontece de forma aleatória, mas sim que as oportunidades são

apresentadas no decorrer da evolução. Destaca-se que atualmente, as

empresas mudam suas trajetórias unicamente por fatores tecnológicos ou

econômicos.

3. Ambiente e seleção: por meio do princípio da pluralidade de ambiente de

seleção, entende-se a existência na pluralidade de estrutura de mercado e

trajetórias tecnológicas, configurações essas que permitem a empresa em

se manter competitiva frente ao mercado.

4. Competência central: conjunto de competências tecnológicas particulares

que trazem a singularidade para a empresa. Ainda assim, para se manter

em constante evolução, faz-se necessário transformar competências

secundárias em central.

Entende-se que, em decorrência da evolução tecnológica, foi possível o

desenvolvimento de produtos e serviços mais avançados. Possibilidade essa que no

passado era limitada, uma vez que os profissionais tinham que lidar com recursos

mais escassos (Tigre, 2019). Para Tigre, a tecnologia da informação permitiu a

inovação de forma acelerada, por meio de processos como a utilização de

simulações para o desenvolvimento de produtos, que permitiu melhores resultados

em menor tempo (1998). Mas a aceleração afeta também o ciclo de vida do produto

e diminuindo o tempo para se tornar obsoleto. Essa sinergia gerada por tecnologias

Page 23: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

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disruptivas faz com que o mundo mude, e em consequência, mudam-se as

necessidades do planeta, e faz-se indispensáveis adaptações por parte das

empresas no afinco de dar continuidade às suas atividades, e continuar competitivo

frente à concorrência.

O processo de aceleração das mudanças e a necessidade de inovação

constante se distância da visão fordista, visão essa que está centralizada na divisão

do trabalho, na especialização do funcionário em sua atividade e na divisão entre

concepção, execução e controle. Faz-se necessário que a empresa se torne flexível,

adotando novas formas de produção em decorrência da demanda volátil e dos

curtos ciclos de vida dos produtos. Nota-se maior autonomia entre funcionários e

setores, além do compartilhamento nas atividades de concepção de ideias, ações

essas não aderentes ao pensamento fordista (Tigre, 1998).

Freeman (1994) destacou a importância do monitoramento constante das

mudanças tecnológicas e de mercado, chamando-o de “visão estratégica”. Tal ação

leva a resultados como a vantagem competitiva, pois, observando as mudanças no

mundo, nas necessidades de mercado e nas mudanças tecnológicas, a empresa

que se adaptar mais rápido e eficientemente, estará à frente de seus concorrentes.

A abordagem evolutiva é, de forma recorrente, aplicada a pesquisas dispostas

a estudar a maneira como o comportamento inovador é determinante para o

sucesso de organizações em um contexto altamente competitivo, por meio da

coevolução da tecnologia e da adaptação da estrutura das empresas (Nelson &

Winter, 2002). Em um ambiente onde a economia muda ao longo do tempo, a

organização e os indivíduos que a compõem aprendem a cada nova situação (Tigre,

2005). Optou-se pela utilização da Teoria Evolucionária da Inovação como a lente

teórica do presente estudo, tendo como foco as premissas de que o mundo muda, e

em decorrência disso, as empresas se adaptam em busca da sobrevivência.

2.2 ECOINOVAÇÃO

A necessidade de adaptação às imposições do mercado se faz necessária

para que as empresas se mantenham competitivas. A Teoria Evolucionária da

Inovação (TEI) busca acompanhar a realidade do planeta, em seu período e campo

de atuação e mostram que as instituições tendem a inovar (Nelson &Winter, 1977),

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teoria derivada da Teoria Evolucionista, recorrente em estudos com enfoque em

inovações radicais (Menezes et al., 2017).

Utilizando o conceito de Schumpeter (1982), inovação é uma novidade no

ambiente em que está inserido. Deve-se considerar que a inovação pode

considerada novidade para a empresa em que está sendo implementada, mas pode

ser visto como rotina para outras instituições. Uma mesma inovação pode ser vista

de diferentes formas quando apresentadas em contextos diferentes (Carrillo-

hermosilla & Könnölä, 2010).

Esse processo de inovação inclui toda cadeia de produção até o cliente final e

pode ocorrer de quatro formas: produto, serviço, mercado ou produção. Schumpeter

(1982) indica também que é o empreendedor quem faz o mercado, os consumidores

são direcionados a consumirem o que o empreendedor oferece ao mercado. Não

podemos afirmar que tal posicionamento hoje em dia tem validade, pois entende-se

que os consumidores possuem forte influência no caminho escolhido pelas

empresas, principalmente por intermédio da pressão de mercado (Díaz-Garcia,

Gonzalez-Moreno & Sanz-Martinez, 2015; Kesidou & Demirel, 2012).

Porém, inovações convencionais, quando não possuem enfoque sustentável,

podem trazer problemas ambientais e consumo excessivo de energia medida que o

seu consumo aumenta têm efeitos diretos no meio ambiente (Grubb & Ulph, 2012).

Considerando as empresas de cosméticos os malefícios gerados com a produção e

o consumo desenfreado, recebem atenção, pois os impactos ambientais geram a

perda de biodiversidade, elemento impulsionador para o desenvolvimento de

inovações pelas empresas de cosméticos. Uma vez que o ser humano tem

conhecimento apenas de 10% das espécies, entende-se que a descoberta dos 90%

das espécies ainda desconhecidos traria ainda mais inovações para o mercado

(Sahota, 2013). Contudo, isso se torna improvável com os resultados da degradação

ambiental, sendo importante a adoção de medidas pela consciência pela

manutenção da diversidade biológica e valores ecológicos (Brasil, 2000)

Dessa forma, percebe-se a necessidade de novos princípios para uma

produção consciente das empresas (Stosic, Milutinovic, Zakic,& Zivkovic, 2016). e

também dos consumidores que podem atuar como agentes transformadores por

meio dos seus hábitos de consumo (Jaca, Prieto-Sandoval, Psomas & Ormazabal,

2018), fator que Rennings (2000) denominou como Inovação Social, que em resumo

é a alteração dos hábitos de consumo e estilo de vida do consumidor. Observando

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os hábitos de consumo, estudos destacam que se têm consumido muito além da

capacidade do Planeta, chegando a 1,5 acima da capacidade de regeneração (Lacy,

Ruteqvist, 2016). Nesse cenário, vê-se oportunidade e necessidade de

implementações de inovações economicamente competitivas e que tenham menor

impacto ambiental (Miedzinski et al., 2016).

Essa inovação voltada à produção consciente, denominada ecoinovação,

ganhou destaque com o estudo “Driving Eco-Innovation” de Fussler e James (1996),

nele, os autores trabalham o conceito por intermédio de três pilares, denominadas

estabilidades. A estabilidade ecológica, vinculada à proteção e manutenção

ambiental; a estabilidade de recursos, trabalhando princípios vinculados a

acessibilidade dos recursos naturais, assim como a utilização de forma consciente e

estabilidade socioeconômica, voltadas à sociedade, igualdade e preservação da

vida. Fussler e James (1996) afirmam que é considerada uma inovação ecoeficiente

aquela que gera uma redução de 25% no impacto que normalmente é causado

pelas ações das empresas.

A Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento - OECD

(2009) entende por ecoinovação uma inovação que de forma intencional ou não,

apresenta uma redução nos impactos ambientais, indo além dos processos,

produtos, marketing e organização, mas também atendendo a uma transformação

nas estruturas sociais e institucionais. Kemp e Pearson (2007) compartilham de tal

afirmação, os autores apresentam a ecoinovação como uma novidade para a

organização em que é aplicada, e que pode ocorrer como forma de produção,

incorporação e aproveitamento, seja do produto, serviço ou forma de gestão,

buscando reduções nos impactos negativos ao meio ambiente. As ecoinovações

andam em simultâneo ao ciclo de vida do produto, baseado nos princípios de

reduzir, reutilizar e reciclar - 3R’s (Liu, 2012; Secchi et al., 2016).

Por meio das ecoinovações, se enfatiza a necessidade de reciclabilidade e

reutilização dos produtos, além da redução do desperdício dos recursos de

produção. Princípios capazes de gerar novos modelos de negócio, empregos e

possibilitar crescimento econômico (Koellner, Suh & Weber, 2007). Uma produção

baseada nos 3Rs tem como resultado a eficiência na aplicação dos recursos,

evitando o desperdício e gerando economia, tornando as empresas mais

competitivas frente ao mercado (Kiefer, Del Rio González & Carrillo-Hermosilla,

2019; Porter & Van der Linde, 1995).

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Por outro lado, o objetivo dessas medidas vai além do desenvolvimento do

produto e/ou serviço, o planejamento ocorre sob os aspectos de todo o ciclo, indo do

momento da idealização, passando pelo descarte e reciclagem do produto

(Tumelero, 2017). Logo para Andersen e Foxon (2009) dizem que, ecoinovação é

entendida como ações que reduzem os impactos ambientais e criam valor no

mercado, por meio de produtos e processos desenvolvidos com tecnologias limpas.

Apontamentos esses trazem as definições sobre o que são ecoinovações podem ser

cronologicamente organizadas como demonstrado abaixo:

Tabela 1 - Definição de ecoinovação

Autor/ Ano Definição de ecoinovação

Fussler e James (1996)

A ecoinovação é o processo ou produto que agrega valor ao cliente final, além de diminuir os impactos ambientais.

Rennings (2000)

Ecoinovações são ações de diferentes atores como: empresas, políticos, sindicatos, associações, igrejas, e residências. Por meio das quais são desenvolvidos novos comportamentos, processos e produtos, que auxiliam na redução dos resultados negativos ao meio ambiente.

Kemp e Pearson

(2007)

“Ecoinovação é a produção, assimilação ou exploração de um produto, processo de produção, serviço ou gerenciamento ou método de negócios que é novo para a organização (desenvolvendo ou adotando) e que resulta, ao longo de seu ciclo de vida, na redução de riscos ambientais, poluição e outros resultados do uso de recursos (incluindo uso de energia) em comparação com as alternativas” (p. 7).

Andersen e Foxon (2009)

Define a ecoinovação considerando a perspectiva da dinâmica industrial, ou seja, define como inovações capazes de atrair rendas “verdes” no mercado.

OECD (2009)

Apresenta a ecoinovação como uma inovação com preocupações ambientais, e que pode ocorrer tanto de forma intencional, quanto não intencional. É o mesmo que inovação tradicional, porém, que tem como resultado a redução dos impactos ambientais e que tem potencial para ir além do ambiente organizacional, podendo inovar arranjos sociais mais amplos, como por exemplo, afetando as normas socioculturais e as estruturas institucionais.

Carrillo-Hermosilla, Del Río e Könnölä

(2010)

Ecoinovação é considerada uma ferramenta importante para todo o ciclo de vida do produto. E que pode auxiliar na renovação de todo o sistema da inovação, considerando os aspectos ambientais, sociais e econômicos.

EIO (2013)

A ecoinovação é definida como um novo modelo de negócio, ou novo produto, ou novas formas de serviço, ou mudanças organizacionais, ou ações de marketing com a proposta de melhorias por intermédio de novas tecnologias, reduzindo a utilização de recursos naturais e, também os efeitos negativos ao meio ambiente.

Horbach (2014)

As ecoinovações conduzem a menores impactos ambientais ou a uma redução do uso de energia, é assim importante para a proteção do clima. Ajudando a reparar os efeitos ambientais negativos derivados das atividades econômicas.

Freire (2018)

As ecoinovações são mudanças sociotécnicas, que acontecem considerando as pressões dos fatores sociais e ambientais e a percepção de controle pelos tomadores de decisão sobre os requisitos e as oportunidades, fatores que servem

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Autor/ Ano Definição de ecoinovação

de estímulo para se envolver nas perspectivas da ecoinovação.

Fonte: Elaborado com base em Maçaneiro (2012).

Como se pode perceber por meio das definições, considerando

características como o ciclo de vida do produto (Carrillo-Hermosilla, Del Río &

Könnölä, 2010; Kemp & Pearson, 2007), o envolvimento de vários atores no

desenvolvimento da ecoinovação (Rennings, 2000) e a geração de possíveis

alterações nas normas socioculturais (OECD, 2009) e transformações sociotécnicas

(Freire, 2018), um elemento está contido em todas as definições o desenvolvimento

ambiental por intermédio do uso eficiente dos recursos naturais (García-Granero et

al., 2018). Carrillo-Hermosilla et al. (2010), destacam ainda que a preocupação

ambiental é a motivação inicial para tal implementação, mas que o fator social é

afetado como consequência.

Outro impulsionador destacado é a manutenção da vida, preocupa-se com o

meio ambiente para que as gerações futuras possam utilizar recursos naturais e ter

qualidade de vida (Pacheco et al., 2017). Porém, Horbach (2014) vai em desacordo

com tal afirmação: o autor destaca que a ecoinovação pode ser adotada tendo como

motivação os fatores econômicos, como o aumento das quotas de mercado ou

redução de custos e os fatores ambientais são afetados como consequência da

motivação inicial. Por outro lado, Menezes et al. (2017) andam em paralelo as duas

abordagens, destacam que a ecoinovação deriva da união das preocupações

ambientais com a inovação tecnológica, que está conectada a preocupações

econômicas, por meio das pressões de mercado.

Considera-se o fator econômico, as medidas ecoinovadoras têm uma

aplicabilidade positiva para as organizações, uma vez que as tornam mais

competitivas frente ao mercado (Shrivastava, 1995). Dessa forma, nota-se a

necessidade de preocupação com os impactos ambientais por empresas que

tenham uma grande extração desses recursos, para que não afetem negativamente

as gerações futuras e a qualidade de vida dessas pessoas, porém não esquecendo

desenvolvimento econômico da instituição.

Embora Wagner (2008) tenha defendido que o tamanho da empresa não seja

um fator relevante para a implementação de ecoinovação, Carrillo-Hermosilla et al.

(2010) afirmam que para pequenas empresas a implementação de ecoinovações

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auxilia na redução de custos para a produção de produtos, fator denominado como

ecoeficiência, que é a ação de fazer mais com menos recursos. A ecoeficiência é um

fator importante para empresas em estágio inicial, essa adoção serve para reduzir

custos e atender a um novo público, pois a empresa adere a um rótulo verde, fatores

que quando alinhados servem como estratégia competitiva para a empresa (Kesidou

& Demirel, 2012; Grubb & Ulph, 2002).

Porém, a ecoinovação não acontece de apenas uma única forma, conforme

EIO (2013) destaca a ecoinovação pode ser de seis tipos diferentes: Ecoinovações

organizacionais, de processo, produto, marketing, social e de sistemas. As

ecoinovações organizacionais são novas maneiras de fazer gestão, incluindo

projetos de formação, programas de ecodesign e medidas que buscam resultados

ecoinovadores. Ecoinovações de processos atuam diretamente na produção,

buscando reduzir os impactos ambientais, otimizando a utilização de recursos

naturais e recuperação das produções que se encontram em estágio do pós-uso

(EIO, 2013), ação que ocorre por meio de novas tecnologias que visem à redução ou

erradicação dos efeitos negativos ao meio ambiente (Wong, 2013) e que tenham

como efeito colateral da ecoeficiência a redução dos custos de produção (Carrillo-

Hermosilla et al., 2010; Menezes et al., 2017; Sahota, 2013; Tumelero, 2017).

A ecoinovação de produto busca desenvolver mercadorias por intermédio do

planejamento do ciclo de vida do produto, em melhorar os já existentes para que

esses gerem menor quantidade de resíduos, e que na melhor das possibilidades,

não produzam resíduos ao meio ambiente, tendo maior durabilidade e permitindo a

reparação, apoiando o reuso e reciclabilidade (Cheng & Shiu, 2012), ou seja, são

produtos que tem como objetivo a redução ou eliminação dos impactos ambientais

quando comparados a produtos convencionais ou concorrentes (Wong, 2013), o

processo produtivo é, portanto rastreável desde a colheita até o descarte dos

clientes (Sahota, 2013).

A ecoinovação de Marketing, como o próprio nome diz, é voltado ao

marketing da empresa, tem como propósito a utilização de ecodesign em suas

embalagens, rótulos, aromas e características do produto. É por intermédio dessa

estratégia que os produtos e por consequência as empresas, se tornam mais

atrativas ao consumidor. A ecoinovação social considera as necessidades e opiniões

do consumidor para o desenvolvimento dos produtos e incentiva mudanças nas

formas de consumo. A ecoinovação de sistemas que engloba uma visão macro, pois

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tem resultado em vários atores envolvidos, ou seja, tem influência sobre todas as

ecoinovações mencionadas anteriormente. (Tumelero, 2017).

No âmbito da administração, ecoinovação é entendida como a inovação em

todas as suas formas, ou seja, abrange o produto, processo, marketing e também a

organização, com seus métodos de gestão que permitam um benefício ambiental, ou

menor impacto negativo ao meio ambiente (Jesus, Antunes, Santos & Mendonça,

2018).

Essa inovação voltada ao desenvolvimento sustentável ainda pode ocorrer de

duas maneiras distintas, disruptiva ou incremental. A inovação disruptiva introduz

uma série de recursos, desempenho e atributos diferentes aos que eram existentes

até aquele momento. Enquanto que a inovação incremental é trabalhada sob de um

conceito de produto ou serviço já existente, mas que adiciona uma nova

característica (Corsi & Minin, 2014).

A maior parte das inovações com visão sustentável está focada na inovação

incremental ou evolutiva, como exemplo produtos reciclados, utilização de materiais

orgânicos na produção ou ainda tintas à base de água. Dentre os modelos de

sucesso se podem destacar os cosméticos da empresa inglesa Body Shop, o

amaciante concentrado da Lenor e a gasolina reformulada da ARCO (Pujari, 2006).

Com base nos exemplos apresentados, considera-se que o setor brasileiro de

cosméticos é significativamente inovador, uma vez que está em terceiro lugar abaixo

apenas da China e dos Estados Unidos (Associação Brasileira da Indústria de

Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos- ABIHPEC, 2019). Porém, nem todas as

empresas aplicam da mesma maneira, pode-se notar diferentes níveis da busca por

essa inovação e suas implementações. Dessa forma, Sahota (2013) destaca a

implementação de inovações com enfoque ambiental pode ocorrer de seis formas

distintas (Tabela 2).

Tabela 2 - Categorização das empresas de acordo as suas preocupações com a sustentabilidade de suas ações

Tipo Características

Red Marketer Não possuem preocupações com o fator sustentabilidade em suas produções, geralmente buscam produção em quantidade e com o menor custo.

Green Panderer

Demonstram conhecimento e interesse pelas questões ambientais apenas na medida em que são pressionados pelo mercado e consumidores, porém esse não faz parte dos seus objetivos.

Green Fazem uso do mínimo necessário para serem apresentadas como empresas verdes.

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Tipo Características

Buffeteer Geralmente aderindo a ações de reciclagem, economia da água e energia por serem consideradas medidas de mais fácil implementação.

Light Green Marketer

Costumam investir tempo e recursos com o compromisso sustentável. Porém, não costumam utilizar produtos naturais ou orgânicos.

Natural Green Marketer

Fazem uso de produtos naturais e orgânicos em suas produções, utilizando todo o recurso necessário para ser uma empresa verde. Porém, os princípios não são encontrados na organização como um todo.

Deep Green Marketer

São empresas que estão na vanguarda da inovação, estão dispostos a todas as medidas necessárias para a melhora das suas produções no sentido sustentável.

Fonte: Sahota, 2013, p. 246-252.

Dessa forma, pode-se notar que o princípio das ecoinovações pode ser

aplicado em diferentes porcentagens e apresentar diferentes indicadores, uma

possível hipótese é que empresas que buscam a aplicação de ecoinovações com

maior profundidade possuem gestores e valores internos que permitam tal

implementação.

Mensurar a ecoinovação, apesar de ser uma tarefa árdua, é de fundamental

importância para vários aspectos das empresas, como para a tomada de decisões,

para verificar tendências de atividades ecoinovadoras desenvolvidas pelo mercado,

para destacar os benefícios ambientais gerados pelas medidas ecoinovadoras

aplicados pelas empresas, e apresentar os benefícios aos stakeholders e clientes

(Maçaneiro & Cunha, 2010). Gunarathne (2019) indica que os problemas para a

mensuração de ecoinovação estão relacionados com a identificação do que compõe

uma ecoinovação, portanto se torna difícil a mensuração do desempenho e a

determinação do período do tempo de implementação para a partir deste período se

verificar os indicadores de desempenho.

A ecoinovação pode ser classificada de seis formas diferentes: Ecoinovação

de processo, de produto, organizacional, de marketing, social e de sistema (EIO,

2013). Cada tipo de ecoinovação é classificado de acordo as suas particularidades e

é constituída de indicadores distintos.

No que diz respeito à ecoinovação de processo, é a redução do uso de

recursos naturais, a denominada “mochilas ecológicas” como fator em destaque, a

substituição de materiais nocivos como substâncias consideradas tóxicas para a

produção e afetando diretamente ao consumo (EIO, 2013). A reutilização de

matéria-prima, reciclagem de resíduos, água e outros materiais, reduzindo o

Page 31: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

31

desperdício. Além disso, a aquisição de maquinários, softwares, patentes e licenças

para a produção que tenham como resultado menor impacto ambiental (García-

Granero et al., 2018), trata-se inclusive a geração e emissão de poluição, para a

minimização da poluição gerada na produção por meio das denominadas

tecnologias de end-of-pipe (Marzucchi & Montresor, 2017).

As adaptações nos processos podem ocorrer de duas maneiras reativo ou

proativo, sendo reativo as ações de correção para um problema já gerado pela

produção e proativo, ações preventivas para evitar a poluição (Menezes et al.,

2017). Em outras palavras, a ecoinovação de processo é entendida como a ação

feita pela empresa em prol do meio ambiente, ao utilizar alternativas mais

sustentáveis em suas produções e planejando maneiras para ampliar o tempo de

vida útil do produto (Kiefer, Carrillo-Hermosilla, Del Río & Callealta Barroso, 2017) e

gerar menor quantidade de poluição no decorrer do processo, ações que são

sustentadas por meio de normas e controle do comportamento interno (Freire, 2018;

Hazarika & Zhang, 2019) e que necessitam de colaboradores com habilidades

específicas para executar as ecoinovações (Marzucchi & Montresor, 2017).

A ecoinovação de produto consiste na projeção de produtos que utilizem

menor quantidade de recursos naturais em seu desenvolvimento, produtos com

maior durabilidade por meio de medidas de recuperação, como reparos, a

remanufatura ou a reciclagem (EIO, 2013; García-Granero et al., 2018).

A embalagem está diretamente vinculada ao produto, pois é através desse

invólucro que o consumidor tem acesso ao produto e como o produto é transportado.

Sahota (2013) destaca que as embalagens têm sido uma preocupação para as

empresas, pois estão vinculadas a causa da morte da vida marinha e, portanto,

causa da perda de biodiversidade.

Observa-se que as empresas de cosméticos utilizam três tipos de

embalagem: a primária que é a que envolve o produto, a secundária que envolve a

embalagem primária e por fim e embalagem terciária que permite o manuseio e

transporte de produtos em quantidade. A utilização da grande quantidade de

embalagens se justifica tanto como uma forma de segurança do produto contra a

contaminação, quanto como uma forma de marketing considerando a importância

dos elementos gráficos nos produtos cosméticos, o que resulta em grandes

quantidades de descartes um resíduo em potencial (Sahota, 2013)

Page 32: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

32

Em busca de melhorar esse cenário, as empresas têm utilizado,

principalmente, o método 3R’s, anteriormente citado, que geram opções como o uso

de opções como o plástico reciclado e as embalagens reutilizáveis. O alto preço do

petróleo colabora para essas adaptações, pois pressiona as empresas a buscarem

por novos materiais para o desenvolvimento da embalagem, que normalmente são

geradas por fontes renováveis, algumas dessas adaptações têm como inspiração a

natureza, suas estruturas biológicas e suas funções, a ciência que traz os

conhecimentos adquiridos com a natureza para a prática, conhecida como

biomimética (Sahota, 2013).

Kemp e Pearson (2007) juntamente à ecoinovação de produto destacam a

ecoinovação de serviço, que são serviços oferecidos aos clientes que façam menos

uso de recursos e que busquem reduzir o impacto ambiental, como por exemplo, o

uso compartilhado de carros para a redução da emissão de CO2 (EIO, 2013; Kemp

& Pearson, 2007). Outra característica importante é que a ecoinovação de serviço e

de produto em decorrência da alta influência dos clientes tende a apresentar

produtos e serviços mais personalizados e convenientes ao mercado (Kiefer et al.,

2017).

A ecoinovação organizacional acontece por meio de elementos internos da

empresa, Wong (2013) destaca que um dos elementos mais importantes no

ambiente organizacional é a troca de informações entre diversos atores, para que

ocorram melhorias no processo e no produto, o que o autor nomeia como cadeia de

valor. Embora uma ação seja novidade para uma instituição, a mesma ação pode

ser comum para outra (Carrillo-Hermosilla et al., 2010), dessa forma se permite a

troca de informações e experiências, ocasionando melhorias e identificando

inovações para o mercado. Outros indicadores de ecoinovação dentro da

organização são a gestão do consumo de energia, transporte de resíduos e dos

objetivos ambientais, por meio de auditorias ambientais para garantirem que as

medidas estão tendo as proporções desejadas (Pacheco, et al., 2017; García-

Granero et al. 2018). Os funcionários são os primeiros afetados pelas ecoinovações,

portanto, é necessário que entendam e colaborem com os objetivos, pois caso os

funcionários não estejam de acordo com os propósitos, possivelmente a empresa

não alcance os seus clientes como desejável (Sahota, 2013).

A ecoinovação de marketing está voltada a comercialização do produto ou

serviço, é por intermédio do marketing que se busca alcançar o cliente em potencial,

Page 33: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

33

seja pelo preço, rotulagens que identifiquem o produto como verde, e/ou a utilização

de ecodesign (EIO, 2013), que é o processo de construir o produto pensando nos

materiais que serão utilizados, sua durabilidade, desmontagem e reciclagem no

estágio de pós-uso (Luttropp & Lagerstedt, 2006). A empresa por meio do marketing

tem como missão comunicar os seus objetivos para os seus clientes, influenciando

inclusive as formas de consumo. As marcas de cosméticos tendem por meio do

marketing, a se mostrarem tipicamente atraentes e sedutoras, elementos que estão

normalmente vinculados ao um estilo de vida e status, fatores que são

representados por seus componentes gráficos. Por esse motivo o design é um

elemento representativo no marketing da empresa, assim como a sustentabilidade

que auxilia acrescentando valor à marca (Sahota. 2013).

A ecoinovação social, como o nome sugere, tem como enfoque a sociedade.

Consideram-se os usuários por meio da observação de suas necessidades, formas

de consumo e estilos de vida, que são desenvolvidas as inovações. EIO (2013)

destaca que as empresas em busca de reduzirem os custos em produções de baixa

aceitação do mercado, têm levado a sério opiniões dos clientes ao ponto de terem

suas inovações priorizadas conforme sugestões dos usuários, ou seja, a

ecoinovação social está vinculada aos novos padrões de consumo (Sánchez-

Medina, Corbett & Toledo-López, 2011; Pacheco et al., 2016). Outro fator relevante

na ecoinovação social é a geração de empregos (Scarpellini, Aranda-Usón, Marco-

Fondevila, Aranda-Usón & Llera-Sastresa, 2016). Pois, conforme já mencionado, por

intermédio da utilização reduzida de recursos e de medidas políticas de apoio a

ecoinovação, os processos se tornam mais econômicos, facilitando a implementação

por pequenas e médias empresas, que consequentemente geram novos postos de

trabalho.

Dessa forma, o aspecto social, outra característica importante nas empresas

de cosméticos é o vínculo com a imagem física, principalmente a feminina, pois

algumas medidas como a publicidade que reconheça a beleza natural e estimulem

as mulheres a se sentirem bem com elas mesmas é uma importante contribuição

social (Sahota, 2013).

A ecoinovação de sistema, que são inovações em diversos fatores que unidas

transformam um sistema. São inovações que advém principalmente do design

(Tumelero, 2017) e que abrangem cadeias de valor e suprimentos em sua

completude (Jesus, Antunes, Santos & Mendonça, 2019). Eco-Innovation

Page 34: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

34

Observatory - EIO (2013) apresenta como exemplo as cidades verdes, que

modificam desde as casas, passando pelo transporte público e também pelas

formas de consumo da sociedade. Em outras palavras, é a união de inovações que

juntas melhoram ou criam novos sistemas, com novas funções e tem como resultado

menor impacto ambiental.

Por meio das características mencionadas de cada tipo de ecoinovação é

possível classificar os indicadores (Tabela 3).

Tabela 3 - Indicadores de ecoinovação

Tipo de ecoinovação Indicadores

Ecoinovação de processo Contaminação Legislação Redução Reutilização Energia

Ecoinovação de produto Embalagens Construção Reciclagem Decomposição Materiais Resíduos Eficiência Bioinspiração

Ecoinovação organizacional Gestão Tendências Equipes Informações Projetos Experiências

Ecoinovação de marketing Rótulos Verdes Ecodesign Exposição Promoção Preço

Ecoinovação social Formas de Consumo Geração de empregos internos e externos Direitos Humanos Sociedade Responsabilidade sobre o produto

Ecoinovação de sistema Fatores ambientais sociais e econômicos Novos sistemas

Fonte: Adaptado de Tumelero (2017) e Tumelero et al. (2019)

Por intermédio dos indicadores de desempenho, é possível identificar se uma

empresa pode ser considerada ecoinovadora, medir seu nível de inovação

Page 35: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

35

ambiental, verificar os esforços para satisfazer os requisitos ambientais, além de

comparar os níveis de desempenho entre países, setores e empresas (García-

Granero et al., 2018). Porém, conforme afirma Kiefer (2017) os indicadores da

existência de ecoinovações vão além dos resultados ambientais, portanto a

ecoinovação pode ser percebida pelas mudanças na oferta, na estrutura da

empresa, na cadeia de fornecimento e no nível de envolvimento e interação com

outras partes interessadas pertencentes ao mercado.

A ecoinovação, assim como a inovação, é desenvolvida por meio de etapas

científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras, comerciais e inclui

investimento em conhecimento por meio da pesquisa. Essas etapas de pesquisa e

desenvolvimento são componentes para as atividades e inovação (OECD, 2006)

conforme estudaremos a seguir.

2.3 PESQUISA E DESENVOLVIMENTO VERDE

Conforme Lee e Min (2015), a ecoinovação está diretamente vinculada ao

investimento das empresas em pesquisa e desenvolvimento (P&D), que consiste em

trabalhos feitos de forma sistemática, em busca da ampliação do conhecimento para

antever novas aplicações (Manual, 2013; OCDE, 2006).

A P&D é

elaborada em etapas. Primeiro, ela começa pela Ideação, que gera pesquisa. Tais

ideias podem vir dos colaboradores, concorrentes ou do próprio mercado. A

segunda etapa, que é a pesquisa, se faz sequência pelo desenvolvimento formado

pela terceira etapa, a de simulação, que ganhou notoriedade com a tecnologia da

informação em decorrência da possibilidade de melhores resultados em menor

tempo (Tigre, 1998). Depois se faz a quarta etapa, a prototipagem, que segundo a

OECD (2006) é a etapa mais importante do desenvolvimento, pois o protótipo é um

modelo que inclui todas as características do novo produto ou processo. E por meio

desse, se dá início à quinta etapa, que são os testes. Período em que o protótipo é

colocado à prova pelos seus usuários, e assim, consequentemente, são

apresentadas possíveis melhorias para que o produto ou processo atenda às

necessidades de mercado da melhor forma possível. Nota-se que esse momento

marca o fim da etapa de desenvolvimento e inicia a etapa de inovação, quando o

Page 36: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

36

produto ou processo vai para a etapa de venda. De maneira gráfica, as etapas da

P&D podem seguir o fluxo apresentado na Figura 2, abaixo.

Figura 2 – Etapas de pesquisa e desenvolvimento (P&D)

Fonte: OECD (2006) e Tumelero (2017)

As empresas estão se adaptando ao contexto atual, da escassez dos

recursos naturais e das novas demandas de mercado. Em decorrência disso, P&D

com enfoque ambiental vem ganhado importância estratégica, o que Lee e Min

(2015) chamam de P&D Verde. Chen, Wang & Zhou (2019) destacam que a

literatura não costuma diferenciar a P&D tradicional da P&D Verde, as distinguindo

unicamente pelo fato da P&D Verde ter como objetivo inovações verdes. Sun et al.,

(2020) demonstram que as etapas de P&D Verde são semelhantes à P&D

tradicional, contudo, os projetos costumam ser testados com maior frequência, uma

possível justificativa é a incerteza da aceitação do mercado à inovação verde.

Conforme demonstrado por meio da Figura 3, a seguir:

Figura 3 - Etapas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) Verde

Fonte: Sun, Bi e Yin (2020).

É importante observar as etapas de P&D (Figura 3), principalmente em se

tratando de inovação verde. A implementação da inovação, quando está

efetivamente sendo utilizada nas operações da empresa, ocorre apenas após a

aceitação do mercado (OECD, 2006). Nesta etapa estão inseridas as maiores

dificuldades, pois constituem em mudanças significativas na organização em

Ideação Pesquisa Simulação Prototipa-

gem Testes Venda

Mercado Potencial

Pesquisa Exploração

de Produção

Projeto Testes

Específi-cos

Projeto Secundári

o Produção Mercado Serviço

Pesquisa Desenvolvimento

Pesquisa Desenvolvimento

Page 37: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

37

decorrência de suas necessidades, como novas informações técnicas, maquinário

específico e maiores custos.

As atividades de P&D voltadas à ecoinovação podem ser consideradas

atividades de P&D Verde, e se concentram principalmente na busca para melhoria

na utilização dos recursos naturais e na capacidade de empresa em reduzir os

impactos ao meio ambiente. Empresas que focam em P&D Verde, tendo como

objetivo as ecoinovações, buscam a melhoria na produtividade e na eficiência, por

meio da redução dos impactos ambientais e, consequentemente, da redução dos

custos de produção. Dá-se também a empresa um diferencial frente à concorrência

(Lee & Min, 2015). Conforme já mencionado, ecoinovações costumam gerar retorno

financeiro às empresas em longo prazo (SEBRAE, 2017). E, as ecoinovações são,

por natureza, incertas, pois nascem da mudança das necessidades do mundo

externo, que inevitavelmente, acaba afetando as empresas internamente (Sun et al.,

2020).

Observando tais dificuldades, entende-se que é improvável que as empresas

suportem todos os custos da implementação de inovações ecológicas, o que

representa uma barreira e gera a subutilização dos recursos naturais e das

capacidades verdes de inovação (Lee & Min, 2015). A P&D Verde, em particular, é

mais encontrada em mercado com alta obsolescência de produto e com maior

incerteza tecnológica (Stucki & Woerter, 2019). Os problemas da tecnologia verde

em conjunto com a baixa capacidade de desenvolvimento verde e os custos de

desenvolvimento são um risco principalmente para a etapa de desenvolvimento da

P&D Verde (Sun et al., 2020). Dessa forma, precisa-se de estímulos para que as

empresas se interessem por P&D verde como um mercado aberto e políticas de

apoio (Stucki & Woerter, 2019).

As incertezas servem também como estímulo, conforme destacam Stucki e

Woerter (2019). Fatores como o ambiente altamente competitivo e a demanda

incerta e flutuante de demanda tecnológica, levam as empresas a investirem em

P&D Verde. Pois, o ambiente inconstante leva as empresas a adotarem tecnologias

alternativas como um diferencial, e por consequência aumentar a competitividade

frente aos concorrentes, ações que são possíveis por meio da acumulação de

conhecimento em prol do meio ambiente. Essa acumulação de conhecimento, pode

se originar em diversas fontes, como a cooperação em P&D com outras empresas

(Tumelero, Sbragia, & Evans, 2019), clientes (Hazarika & Zhang, 2019), ou até

Page 38: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

38

mesmo a partir da inspiração na natureza, ação essa conhecida como biomimética

(Sahota, 2013).

A biomimética serve como método para o desenvolvimento da criatividade

para a criação de novos produtos, principalmente em se tratando de produtos

inovadores e competitivos (Detanico, Teixeira & da Silva, 2010), partindo do

pressuposto que a natureza vem inovando há 3,8 bilhões de anos de forma continua

e evolutiva (Tamayo & Vargas, 2019). É uma área que estuda os princípios criativos

da natureza. E, por meio dessa inspiração, criar soluções para os problemas

ambientais e para as necessidades humanas (Vilha & Cecotte, 2018). Detanico,

Teixeira e Silva (2010) dão enfoque que o objetivo da biomimética e ir além de imitar

a natureza, mas que é importante aprender com ela, a produzir de acordo a

natureza, respeitando a sua forma de gerar alimentos, insumos e energia. Conforme

destaca Vilha & Cecotte (2018), o desenvolvimento de projetos que tenham como

inspiração a biomimética é constituída de cinco etapas, conforme demonstrado

abaixo (Figura 4):

Figura 4 – Etapas do desenvolvimento de projetos baseados em biomimética

Fonte: Vilha & Cecotte (2018).

Na fase de identificação, são observados aonde a empresa quer chegar com

o projeto e qual o seu público alvo. A partir disso, na biologização, observa-se como

a natureza lida com situações semelhantes. Após esse levantamento de ações de

natureza, se observa o que melhor atende à necessidade do projeto, enquanto que

na quarta etapa, o foco é a execução, ou seja, de qual forma a empresa poderá

replicar o modelo da natureza. Por fim, revisa-se a medida e se verifica os possíveis

aperfeiçoamentos no projeto que não se utilizam da biomimética.

As ideias de inovações podem ser geradas de diversas fontes. Dessa forma,

outro aspecto importante é a cooperação em P&D, que além de melhorar o

desempenho ambiental melhora o desempenho econômico da empresa. O modelo

de cooperação tem como objetivo a maximização do lucro das empresas envolvidas,

Identificação do Projeto

Biologização

Soluções com base nos

modelos da natureza

Desenvolvi-mento das soluções

Revisão das soluções

Desenvolvimento

Page 39: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

39

por meio do lucro total da cadeia. É um modelo estimulado pelas lideranças, ou seja,

para que ocorra um maior enfoque em P&D Verde é necessário que as lideranças

tenham esse enfoque como um dos principais objetivos da empresa para assim

estimularem o mercado. Dessa forma se faz necessário que as empresas divulguem

suas medidas para disseminarem suas tecnologias e fazerem novos mercados

sustentáveis (Chen, Wang & Zhou, 2019).

Por meio da P&D Verde é possível à implementação de inovações verdes,

pelas quais se faz possível à conciliação entre o desenvolvimento econômico e a

proteção ambiental em conjunto. Ou seja, para o desenvolvimento econômico

sustentável, se faz necessário que a conservação e proteção ambiental estejam

incorporadas à inovação tecnológica. Observando a partir da teoria evolucionária da

inovação, a P&D Verde e a inovação verde estão relacionadas com a sobrevivência

e ao desenvolvimento das empresas, além de permitirem uma melhoria na qualidade

dos produtos e competitividade frente à concorrência (Sun et al., 2020). Fatores

esses que estimulam e facilitam a implementação de ecoinovações. Contudo em

decorrência do objetivo sustentável e por ser uma novidade no mercado a

implementação de ecoinovações é cercada por barreiras. Barreiras e Facilitadores

esses que serão trabalhados no próximo subtópico.

2.4 BARREIRAS DA ECOINOVAÇÃO

Tendo como base a TEI, em decorrência da situação atual do Planeta, as

empresas necessitam se adaptar para sobreviver por meio de novos processos e

criação de produtos verdes (Cai & Li, 2018), como forma de resposta as mudanças

internas e externas está a ecoinovação. Porém a implementação de ecoinovação é

um processo que geralmente vem acompanhado de barreiras, por exemplo, os

custos, pressões da concorrência, regulamentações do setor, falta de informações

técnicas, limitação de conhecimento, restrições legais e de mercado, além de

questões relacionadas ao ambiente interno como a atitude do funcionário, lideranças

que não veem a medida como importante, a má comunicação, o apego às práticas

do passado e a incerteza sobre os resultados possíveis. Necessita-se de

adaptações que vão desde medidas organizacionais até alterações radicais no

processo e desenvolvimento dos produtos verdes. Medidas essas que não tem

sucesso garantido, ou seja, tais inovações possuem potencial de oportunidade, mas

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40

implicam em custos e riscos (Porter & Van der Linde, 1995; Wong, 2013). Limitando

assim, a possibilidade de implementação de ecoinovações radicais (Hazarika &

Zhang, 2019).

Posto isto, estudar essas barreiras principalmente na realidade de países

subdesenvolvidos se faz necessário, pois a realidade normalmente apresentada pela

comunidade científica é a de implementação de ecoinovação em países

desenvolvidos (Jabbour et al., 2018), o que leva a possibilidade de diferentes

barreiras em decorrência de um diferente ecossistema.

As barreiras são descritas e diferenciadas pela literatura como barreiras

internas ou externas. As barreiras internas estão vinculadas ao ambiente

organizacional como a capacidade técnica da equipe, as prioridades das lideranças,

recursos financeiros disponíveis e capacidades dinâmicas, que são entendidos como

a habilidade da empresa de mudar ou adaptar seus recursos e competências.

Enquanto que, as barreiras externas podem ser representadas pela cadeia de

abastecimento que estão vinculadas aos fornecedores, falta de apoio governamental

por meio de incentivos fiscais e o todo o ecossistema, constituído pela comunidade

local, populações indígenas e a biodiversidade (Jabbour et al. 2018; Kiefer et al.,

2019). Cai e Li (2018) destacam que as barreiras externas podem ocorrer de três

formas distintas. As pressões coercivas que englobam as políticas e

regulamentação, a pressão normativa que ocorre como forma de satisfazer a

vontade de mercado como de clientes e fornecedores e, por fim, a pressão mimética

que ocorre em decorrência da pressão de concorrência, ou seja, medidas são

tomadas para tornar a empresa concorrente frente ao mercado.

Polzin, von Flotow e Klerkx (2016) afirmam que as barreiras tendem a ser

distintas de acordo a pesquisa e desenvolvimento do produto, podendo assim

ocorrer por fatores tecnológicos, regulatórios, pela falta de cooperação e pela

ausência de conhecimento técnico e tecnológico. Os financiadores também são

importantes nesse processo, pois a divulgação e o comércio dessas tecnologias

limpas dependem de um aporte financeiro inicial. Contudo, em decorrência da

natureza incerta das ecoinovações, a possibilidade de aporte financeiro,

principalmente aporte financeiro privado, é mais restrita do que o investimento em

inovações tradicionais. Polzin et al. (2016) destacam também como barreiras o fato

da gestão não considerar a sustentabilidade uma prioridade, além da ausência de

Page 41: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

41

recursos para a implementação, problemas de infraestrutura, redes de marketing e a

incerteza regulatória.

A ausência de medidas políticas que estimulem a implementação de

ecoinovações, como a falta determinação de impostos ambientais, licenças de

poluição, falta de subsídios para empresas que tenham redução na emissão de

gases poluentes, falta de subsídios para a adoção de tecnologias limpas ou

ausência imposição de padrões específicos de normas ambientais, tem como

resultado uma subutilização das ecoinovações, ou seja, a ecoinovação não

demonstra os possíveis resultados em plenitude, mas sim apenas parte do potencial

em decorrência do baixo investimento (Marin et al., 2015).

Marin et al. (2015) e Pinget et al. (2015) classificaram as barreiras em três

categorias, barreiras de custo, barreira de conhecimento e barreira de mercado,

conforme é demonstrado na tabela 4.

Tabela 4 – Barreiras de ecoinovação

Barreira de Custo Barreiras de Conhecimento Barreira de Mercado

Insuficiência interna para financiamento dos projetos de

ecoinovação

Falta de pessoal qualificado e capacidade tecnológica

Demanda incerta

Financiamento externo Falta de informação externa sobre tecnologia e trabalho

Falta de incentivo para reduzir o uso de materiais

Retorno incerto Falta de parceiros de negócio adequado

Falta de incentivos para reduzir o uso de energia

Acesso limitado a subsídios e incentivos financeiros

Falta de colaboração com organizações de pesquisa

Dominação do mercado por insiders

Falta de apoio governamental por meio de incentivos fiscais

Lock-ins tecnológicos

Fonte: Marin, Marzuchi e Zoboli (2015) e Pinget, Bocquet e Mothe (2015).

Nos dados apresentados pelos autores, foi possível perceber que as barreiras

de ecoinovação são distintas entre si. Os autores destacam que os critérios, setor e

localização geográfica, não determinam quais barreiras serão enfrentadas pela

empresa. Dessa forma, dividem as empresas de acordo a forma que lidam com as

barreiras de ecoinovação, essas características de atuação em comum servem para

a categorização em clusters, conforme é demonstrado na tabela 5.

Tabela 5 – Clusters de empresas de acordo as formas de atuação em relação às barreiras de ecoinovação

Cluster Características

Barreiras Reveladas

Empresas que reconhecem todas as barreiras para a implementação de ecoinovação, porém enxergam a ecoinovação como uma prioridade, o que as leva a investirem em sua implementação.

Barreiras Empresas influenciadas pelas incertezas geradas pelas barreiras, o que levou

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42

Cluster Características

Dissuadidas as empresas a investirem menores valores e a terem um menor vínculo com iniciativas de ecoinovações.

Custo Dissuadido Empresas que reconhecessem que a ecoinovação possa trazer benefícios como uma maior vantagem competitiva, porém destacam que o benefício não é vantajoso quando comparado aos altos investimentos iniciais, o que costuma levar a não continuidade do projeto.

Mercado Dissuadido

Essas empresas são tem como principal barreira o mercado, pois embora entendam o potencial da ecoinovação, falta mercado ou a empresa possui limitação na capacidade de se apropriar as oportunidades oferecidas.

Não-ecoinovadores Essas empresas embora frequentemente apresentem menor quantidade de barreiras se comparado aos outros clusters, suas iniciativas ecoinovadores tendem a não persistirem em decorrência de considerarem as preocupações ambientais pouco relevantes, ou seja, está vinculado aos valores internos da empresa.

Campeões Verdes São empresas que enfrentam tanto as empresas de custos quanto de mercado, porém entendem os benefícios gerados pela ecoinovação, tanto no quesito redução da utilização dos recursos naturais, quanto no posicionamento de mercado. São empresas que possuem capacidade para tais implementações e buscam contribuir para uma produção mais ecológica.

Fonte: Marin, Marzuchi e Zoboli (2015)

Os autores sugerem que as empresas com resultados positivos na adoção de

ecoinovação são os clusters denominados “Barreiras Reveladas” e os “Campeões

Verdes”, pois reconhecem suas barreiras, mas isso não desestimula que a empresa

invista em medidas ecoinovadoras, em decorrência de verem as medidas como

prioridade. O resultado é ainda mais positivo quando a empresa adota ecoinovações

tecnológicas, que são ecoinovações de produto, em conjunto com ecoinovação de

processo. Os clusters “Custo Dissuadido” e “Mercado Dissuadido” investem, e

possuem barreiras em intensidade média. Enquanto que, os clusters com pior

desempenho ao adotar medidas ecoinovadora, foram os “Barreiras Dissuadidas” e

os “Não-ecoinovadores”, tais clusters têm em comum um baixo comprometimento

com os objetivos das medidas ecoinovadoras e, portanto, tendem a investirem em

menor proporção, resultando em baixa propensão à adotarem ecoinovações.

Cai e Li (2018) destacam que as empresas com maior potencial de

desenvolvimento e implementação de ecoinovações costumam fazer amplo uso das

suas redes internas e externas de conhecimento, aprendendo assim, novas formas

para aprimorar suas produções e produtos, e consequentemente são empresas que

possuem maior tendência ao sucesso na implementação da ecoinovação e melhores

resultados.

Conforme salienta Pinget et al. (2015), não é a quantidade de barreiras que

determina que uma empresa adotará ecoinovações, pois as barreiras servem

inclusive como um estimulo para a adaptação e inovação da empresa. Portanto,

Page 43: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

43

outros fatores devem ser considerados, como o tamanho da empresa, que a deixa

mais ou menos suscetível a implementação de ecoinovações, onde empresas de

médio porte tendem a adotar em maior grau ecoinovações se comparadas as

empresas de pequeno porte, enquanto que, empresas de grande porte possuem

maior facilidade por terem também maior quantidade de recursos disponíveis. E que,

apesar da sociedade estar se apresentando mais preocupada com questões

ambientais, os consumidores ainda não se mostram receptíveis ao preço mais

elevado por produtos com preocupações ambientais, elemento esse que afeta

principalmente as pequenas e médias empresas pela restrição de recursos

financeiros disponíveis.

2.5 FACILITADORES DA ECOINOVAÇÃO

Apesar das dificuldades de implementação de ecoinovação nas empresas em

decorrência da necessidade de altos investimentos iniciais, existe uma série de

facilitadores que estimulam as empresas a aplicarem tais medidas (Kammerer,

2009) e contribuem para ter como resultado o sucesso da empresa por meio da

inovação (Pacheco et al., 2017). Rennings (2000) trabalha esses facilitadores por

meio de duas entradas, o desenvolvimento tecnológico (technology push) e o fator

regulatório (regulatory push). A tecnologia tem como enfoque a Pesquisa e

Desenvolvimento para uma produção diversificada e de qualidade, enquanto que, o

regulamento é apresentado por meio das políticas ambientais e normas técnicas.

Conforme é destacado pelo autor, tais facilitadores servem como impulsionadores

para a implementação de ecoinovações, que tem como resultado a demanda

mercadológica (market pull), novas demandas de consumo, preferências por

produtos ecológicos, ações de mercado, imagem da empresa diferenciada por suas

ações e elementos de atração de mercado. Como se pode notar por meio da figura

5:

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44

Figura 5 - Facilitadores de ecoinovação, segundo Rennings (2000) 1

Fonte: Rennings, 2000, p. 326 (Adaptado e traduzido pelo autor).

Como se pode perceber, um fator importante no modelo de Rennings (2000)

é que apresenta a relação impulsionadora entre fatores, ou seja, é por meio dos

impulsos iniciais que se faz possível a implementação de ecoinovação, que gera

novas demandas mercadológicas. Contudo, no modelo, o autor não trabalha

algumas características internas da empresa, uma vez que, como já mencionado

anteriormente, esse é um fator relevante para que tal implementação ocorra, pois

exigem um planejamento detalhado, conhecimentos específicos e o investimento

financeiro (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE,

2017). Tais decisões são tomadas pela gestão da empresa com foco nos objetivos

da organização.

De forma complementar se tem o modelo de Horback (2012), que classifica

os facilitadores de ecoinovação em quatro categorias: a tecnologia, o mercado, o

regulamento e os fatores específicos da empresa. Conforme se destaca na figura 6:

1 Rennings (2000) e Horbach (2012) denominam os elementos como determinantes de ecoinovação, contudo,

preferiu-se para o presente estudo substituir o termo para facilitadores, uma vez que são elementos que facilitam

a implementação de ecoinovações.

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45

Figura 6 - Facilitadores de ecoinovação, segundo Horbach (2012).

Fonte: Horbach, 2012, p. 113. (adaptado e traduzido pelo autor).

Os facilitadores apresentados na figura 6 podem ser entendidos da seguinte

forma: A regulação como forma de pressão sob a imagem da empresa, o que a

induz buscar pela implementação de produções mais limpas para atender a

regulação imposta à empresa (Khanna, Deltas & Harrington, 2009; Porter & Van der

Linde, 1995). Frondel et al. (2007) destaca a importância da regulação com as

medidas políticas, uma vez que, dependendo da localização da empresa, essa terá

maior ou menor tendência de implementar ecoinovações, servindo como um indutor

às atividades. O autor considera este um dos fatores principais que apoiam tais

iniciativas, portanto, entende-se que quanto mais rigorosas forem as normas

ambientais do país, mais suscetível à empresa estará à implementação de

ecoinovações. As regulações direcionam principalmente para as empresas menos

inovadoras e são mais encontradas em países desenvolvidos do que

subdesenvolvidos (Kesidou & Demirel, 2012).

Levando em consideração as empresas de cosméticos no Brasil, até o ano de

2016 não se possuía uma legislação sobre as suas produções, sobretudo, no que se

trata sobre cosméticos orgânicos, dessa forma, muitas empresas utilizavam desse

fator para comercializarem produtos com baixo teor de matérias-primas naturais

orgânicas. Dessa forma, foi aprovado o projeto de lei que deu a Anvisa

responsabilidade por credenciar os produtos cosméticos de acordo aos ingredientes

Ecoinovação

Tecnologia

Mercado

Regulamento

Fatores específicos

da empresa

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46

da composição, tendo como um dos requisitos de que a matéria-prima seja originada

de agricultura sustentável, ou seja, que sua produção não prejudique o ecossistema

local e que não sejam testados em animais, conforme a Lei dos Orgânicos, Lei

10.831/03. (Câmara dos Deputados, 2018). Outra certificação importante é a da

Associação de Certificação Instituto Biodinâmico (IBD), maior da América Latina de

produtos naturais, certifica produções feitas com matérias-primas orgânicas e

naturais e produtos biodegradáveis, possibilitando a transparência no processo de

produção, e orienta o consumidor na hora de sua escolha (IBD, 2019),

demonstrando assim a importância das regulamentações, legislações e

certificações.

Para o IBD (2010), os cosméticos verdes podem ser separados em três

categorias, os cosméticos naturais, cosméticos naturais com porção orgânica e

orgânicos, de acordo a sua composição e formulação da matéria-prima. A

certificação observa também a clareza nos rótulos e se a empresa faz testes em

animais.

Com relação ao facilitador mercado, pode-se dizer que as implementações de

inovações voltadas à redução dos impactos ambientais geram vantagem

competitiva, porém, tal preocupação de forma isolada não gera tal vantagem, assim,

faz-se necessário trazer benefícios ao cliente para gerar interesse pelo produto,

como por intermédio de benefícios extras proporcionados pelo produto ou valores

inferiores apresentados pelos produtos convencionais (Kammerer, 2009; Wong,

2013). Dentro da categoria de mercado, o fator cliente é sugerido também como

ponto inicial para tais implementações, pois é pelo propósito de atender a

necessidade do cliente que a empresa visa aplicar medidas ecoinovadoras. Tais

medidas a partir de suas implementações podem ter como consequência a redução

nos custos das produções (Kesidou & Demirel, 2012).

Do facilitador tecnologia, um fator mencionado é a econometria, que é

desenvolvimento da capacidade tecnológica, pois quanto maior for esse avanço,

mais aderente a medidas de ecoinovação será a empresa (Horbach 2008). Uma

hipótese sob esse aspecto, diz respeito à gestão ambiental, que quando unida à

preocupação com a pesquisa e desenvolvimento (P&D), gera na empresa a

capacidade de se adaptar mais facilmente as necessidades do mercado em

decorrência de seu potencial tecnológico, alterando suas produções e produtos em

decorrência das preocupações ambientais advindas da gestão (Khanna, Deltas &

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47

Harrington, 2009). Menezes et al. (2017) destacam que, principalmente, as

ecoinovações de processo e de produto dependem do desenvolvimento tecnológico.

A tecnologia é importante também por ser a etapa inicial para o desenvolvimento do

produto (Rennings, 2000). Frondel, Horbach e Rennings (2007) destacam como

facilitador os fatores específicos da empresa e seu ambiente interno, pois uma

gestão com foco ambiental instiga seus funcionários à aplicação de medidas com

um enfoque sustentável.

Horbach (2014) relaciona que os fatores facilitadores de ecoinovação são

relevantes também para as inovações tradicionais, como a capacidade tecnológica

da empresa e a demanda do consumidor. O ator aponta também que os fatores

regulação e redução de custos na produção causados pela eficiência no uso de

recursos naturais e energia tem maior relevância para decisão de investimento em

ecoinovações do que em inovações tradicionais.

Observa-se as particularidades da ecoinovação, as medidas políticas são

consideradas importantes para que a introdução de ecoinovações (Marchi, 2012;

Rennings, 2000). As medidas políticas são constituídas de políticas ambientais e

políticas de inovação, pois as políticas de ecoinovação necessitam da união desses

fatores (Rennings, 2000). Em se tratando de regulamento, fazem parte as normas

(normas nacionais e internacionais, organizações e acordos comerciais) e a

legislação do setor (Wong, 2013, Freire, 2018). Esses são elementos considerados

importantes para que a empresa entenda a relevância das medidas ecoinovadoras

ao ponto de implementá-las (Marin, Marzuchi e Zoboli, 2015).

Porter e Van der Linde (1995) destacam que a regulamentação auxilia na

sensibilização da empresa para a importância da implementação de medidas com

enfoque ambiental, reduz as incertezas dos gestores em relação à inovação e,

embora a adequação às regulamentações mais rigorosas tenham maiores custos às

empresa, ela também permite resultados positivos, como maior vantagem

competitiva, inclusive quando a empresa passa a atuar também em países

estrangeiros. Dessa forma, uma vez que a políticas apoiem à comercialização e ao

desenvolvimento de tecnologias com enfoque ambiental, estimula-se a ampliação de

desenvolvimento de tecnologias verdes (OECD, 2009). Ação necessária

principalmente em um contexto onde o problema da externalidade da ecoinovação

se faz presente, conceito esse que destaca que o retorno social da ecoinovação é

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48

maior do que o retorno privado e tornando as empresas apreensivas em relação à

implementação de ecoinovações (Hazarika & Zhang, 2019).

No Brasil, por meio da Constituição Federativa do Brasil de 1988, se

destacava que todos tinham direito a um meio ambiente equilibrado, assim como era

dever do coletivo preservar e defender ao meio ambiente. O Decreto nº 99.274, de 6

de junho de 1990, foi desenvolvido para destacar critérios para o licenciamento de

atividades que gerassem poluição, a Resolução nº237, de 22 de dezembro de 1997,

serviu para informar aos empreendimentos que estavam sujeitos aos licenciamentos

ambientais (Ministério do Meio Ambiente, n.d.).

O protocolo de Nagoia influenciou na legislação brasileira. Protocolo esse que

busca tratar os direitos sobre a utilização dos recursos naturais, a pesquisa e

desenvolvimento (P&D) para a elaboração de composições bioquímicas, a

exploração comercial e a divisão dos recursos gerados para o produtor e a região ao

qual pertence o recurso utilizado, além de limitar o acesso aos recursos naturais.

Pode se notar que existem outras legislações que apoiam ecoinovações

O protocolo de Nagoia tem como objetivo uma legislação mais transparente

para os setores que utilizam de fontes naturais, como o de cosméticos (Ministério do

Meio Ambiente, 2013; Sahota, 2013), a legislação que apoia essas medidas é a lei

Nº 13.123, de 20 de maio de 2015, que busca regularizar o acesso ao material

genético do Brasil e sua comercialização.

A convenção sobre o comércio internacional das espécies de fauna e flora

selvagens em perigo de extinção (CITES) busca controlar o comércio exterior de

espécies em extinção, assim como parte dessas espécies, insumos e produtos

elaborados com essas espécies.

Para que a preocupação e prevenção aos impactos ambientes ocorram de

forma sistemática; as empresas se baseiam em licenças e certificados (Ministério do

Meio Ambiente, n.d; Sahota, 2013). Sahota (2013), inclusive, destaca que o setor de

cosméticos reconhece que os controles da legislação auxiliam na utilização e no

comércio sustentável dos recursos naturais e dos produtos, e que os países que

tendem a permitir a existência de comerciantes que não apresentam preocupações

ambientais em seus valores, geralmente são países que não possuem leis e valores

nas práticas sustentáveis, dando assim, pouco incentivo para as implementações de

medidas com enfoque sustentável. Situação que, conforme Savaget e Carvalho

(2016) apontam, é regularmente encontrada em países subdesenvolvidos e em

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49

desenvolvimento como o Brasil, principalmente pelo fato de oferecerem menos

subsídios e financiamentos de apoio as ecoinovações, e em decorrência das

incertezas sobre a eficiência adquirida pela administração com enfoque ambiental

(Sánchez-Medina et al., 2011).

Andersen e Foxon (2009) mencionam que a função das políticas de

ecoinovações seriam cobrar altas taxas pela emissão de carbono, apoiar P&D, e por

intermédio de preços, estimular o desenvolvimento e implementação de tecnologias

limpas pelas empresas. Aldieri, Carlucci, Vinci e Yigitcanlar (2019) destacam que

unicamente os subsídios cedidos para o desenvolvimento de inovações limpas não

trarão os resultados esperados, sendo importante a implementação de combinações

de medidas políticas que apoiam o crescimento econômico sustentável, além de ter

uma estratégia para estimular a cooperação solidária. Andersen e Foxon (2009)

observam que um problema das políticas com enfoque ambiental é que poucos

tratam de novas formas de produção ou de consumo, trabalhando poucos aspectos,

como a redução no consumo de energia, deixando uma lacuna a ser trabalhada.

Porter & Van der Linde (1995) destacam que a inovação ambiental baseada

na regulamentação, além de trazer benefícios ao meio ambiente, desenvolve

processos mais econômicos por meio do monitoramento e manutenção, são

eficientes no consumo dos recursos naturais em decorrência da reutilização e

reciclagem, melhor utilização dos subprodutos, menor consumo de energia durante

o processo de produção, além de resultarem em produtos de melhor qualidade, mais

seguros e com menor custo, beneficiando ao cliente, a empresa e o ambiente em

que ela está inserida. Utilizando como base a United States Environmental

Protection Agency (EPA), agência que possui como responsabilidade a garantia à

saúde da sociedade e do meio ambiente nos Estados Unidos, Porter e Van der

Linde (1995) destacam que a importância desse modelo de agência é a divulgação

dos benefícios gerados pela inovação, suas compensações e consequências,

criando um intercâmbio de boas práticas entre setores, empresas e a aprendizagem

de novas tecnologias. Os autores mencionam que a regulamentação, quando

incentiva tal implementação e divulgam seus benefícios, estimulam o mercado, que

incentiva a introdução de novas tecnologias. Portanto, observando as características

do regulamento e das medidas políticas, se identifica uma atuação em nível macro,

uma vez que afeta a diversos atores.

Page 50: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

50

O mercado é um facilitador relevante, considerando que, como aponta

Savaget e Carvalho (2016), a ação de criar um modelo de negócio é o fator que

mais estimula os empreendedores a implementarem ecoinovações. Outro fator

importante pertencente ao mercado é o consumidor, pois no momento do

desenvolvimento de uma ecoinovação em busca de prever a aceitação do produto

ou serviço, faz-se necessário considerar as opiniões e sugestões de clientes que

geram lucro para a empresa (Hazarika & Zhang, 2019; Kiefer et al., 2017; Liao,

2018; Pujari, 2006). Essa ação auxilia na redução dos riscos da introdução da

inovação no mercado, riscos encontrados principalmente em ecoinovações (Cai & Li,

2018) e na melhoria do produto final (Marchi, 2012). Considerar a opinião dos

clientes geram resultados significativos, e o desenvolvimento de produtos com a

participação de clientes, o que Kiefer et al. (2017) chama de codesenvolvimento,

gera a sensação de pertencimento ao consumidor e leva a um aumento na

aceitação do produto.

Kiefer et al. (2017) afirmam que as medidas ecoinovadoras surgem à medida

que as empresas buscam atender as necessidades do seu público-alvo, alterando

até mesmo o seu modelo de negócio em busca de atender para a conveniência dos

clientes. A demanda e as preferências dos consumidores têm importância

significativa na introdução de ecoinovações (Marzucchi & Montresor, 2017).

Demonstrando tal importância da opinião do cliente. Carrillo-Hermosilla et al. (2010)

destacam a necessidade de um profissional de marketing direcionado apenas para

capturar as necessidades dos usuários já nas primeiras fases do desenvolvimento

do produto ou serviço.

Na pesquisa desenvolvida pela Union for Ethical Biotrade (2018) foi

identificado que 72% dos brasileiros entrevistados afirmaram que as empresas têm

papel moral com os resultados obtidos por suas atuações na sociedade, no indivíduo

e na biodiversidade. Além disso, os entrevistados destacaram a atenção dada aos

ingredientes descritos na embalagem dos produtos como fator relevante, conforme a

estatística apresentada abaixo (Figura 7):

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51

Figura 7 - Resultados dos consumidores brasileiros entrevistados pela Union for Ethical Biotrade

Fonte: Union for Ethical Biotrade (2018) – (Adaptado e traduzido pelo autor)

Com base na estatística apresentada, supõe-se que o consumidor brasileiro

se preocupa e está atento às ações das empresas e aos resultados gerados por elas

na sociedade e ao meio ambiente, tendo assim maior consciência ao consumir.

Assim como a preocupação com os ingredientes da composição dos produtos se dá

pelo fato dos consumidores entenderem que os produtos aplicados quando

compostos de ingredientes sintéticos fazem mal, dessa forma procuram por

empresas verdes; o setor de cosméticos em relação aos outros setores está mais

suscetível às preocupações com as composições dos seus produtos por parte dos

consumidores, pois o fator saúde é o direcionador principal para o consumo de

produtos verdes (Sahota, 2013). Conforme é destacado por Chen et al. (2013),

esses clientes que apresentam interesse por produtos verdes, apresentam maior

disposição para pagarem por produtos com maiores valores. Esses grupos criam

nichos de mercado com potencial para novos modelos de negócio que atendam às

suas necessidades, sendo assim, entende-se ser um ambiente mais aderente à

implementação de ecoinovações.

Outra característica importante do mercado é a cadeia de inovação, que se

forma por intermédio da colaboração entre a empresa, universidades, intrassetoriais,

cooperação entre diferentes setores, transferência de tecnologia e promoção dos

resultados de pesquisas feitas (Wong, 2013). Além da cooperação entre

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52

concorrentes, fator importante para moldar padrões e orientar o desenvolvimento da

empresa.

Há a cooperação com as Organizações não-governamentais (ONG’s) que

através da pressão motivam a mudança nas formas de produção (Zubeltzu-Jaka,

Erauskin-Tolosa & Heras-Saizarbitoria, 2018) e com os reguladores, pois essa

proximidade permite a empresa se preparar para as adaptações necessárias com

antecedência (Savaget & Carvalho, 2016). Além disso, permitem que a própria

empresa possa influenciar as políticas ambientais, os fornecedores também são

atores importantes, pois facilitam o desenvolvimento da inovação (Kiefer et al.,

2017). Ou seja, para o crescimento da implementação de ecoinovações um fator

relevante é a divulgação das informações de boas práticas, que podem ser

aplicadas por outros setores (Horbach, 2014; Wong, 2013) e a cooperação entre

diferentes atores que unem forças em prol da implementação da ecoinovação.

Dentro da categoria mercado, outro ator importante é o concorrente, uma vez

que o contexto competitivo estimula o engajamento pela proteção ambiental, por

meio da quantidade de concorrentes e suas aglomerações no mercado (Freire,

2018; Tumelero, 2017), pois a partir do momento que uma concorrente apresenta

um novo produto ou certificação ainda não adquirida pela empresa, essa será

pressionada a se adaptar para se manter competitiva o mercado (Peng & Liu, 2016).

Portanto, uma característica relevante para o desenvolvimento de ecoinovações é a

localização, pois uma região que tenha maiores preocupações com o meio ambiente

encoraja as empresas a desenvolverem ecoinovações e uma demanda por produtos

verdes com um menor impacto ambiental (Horbach, 2014). Dessa forma é

importante que a empresa esteja atenta à possibilidade de criação de nicho de

mercado, tendo como base as necessidades da população (Menezes et al., 2017).

O facilitador tecnologia pode ser classificado de três formas distintas, a de

caráter reativo que serve para minimizar o resultado já gerado, por exemplo, a

redução da contaminação do solo, de caráter preventivo que busca eliminar todo

possível resultado negativo ao meio ambiente e tecnologias end-of-pipe, que tem

como propósito tratar as causas das emissões durante o processo de produção

(Pacheco et al., 2017). A tecnologia tem seu desenvolvimento vinculado ao P&D, e

também pela troca de informações entre agentes internos e externos para a criação

de tecnologias limpas (Andersen & Foxon, 2009), o número de patentes, que

juntamente com a P&D são considerados fatores de produtividade, pois são formas

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de gerar novos conhecimentos em grande quantidade, fator denominado como

transbordamento de conhecimento (Aldieri et al., 2019).

Horbach (2014) destaca a importância das universidades no desenvolvimento

de tecnologias, principalmente para campos muito recentes na ecoinovação, como

as energias renováveis e a eletromobilidade, que ficam dependentes de fontes

externas de informações e desenvolvimento de pesquisas básicas por ser um campo

dinâmico e que, portanto, necessita da atualização constante dos conhecimentos. O

fator tecnologia não está unicamente vinculado ao fato de ter novas soluções

técnicas, mas encontrar novas aplicações para tecnologias já existentes (Stosic,

Milutinovic, Zakic & Zivkovic, 2016). Outros aspectos importantes dos facilitadores

tecnológicos são a disponibilidade de mão de obra qualificada, capital de risco

(Tumelero, 2017) e os fornecedores que auxiliam na eficiência da ecoinovação e

complementam a base tecnológica da produção (Marchi, 2012), fatores importantes

para que o desenvolvimento da tecnologia se faça possível. Observando tais

características, podemos entender que as tecnologias se encontram no mesmo nível

do mercado, pois não necessariamente seus resultados tem efeito sobre toda a

sociedade, mas também não é limitado ao ambiente interno da empresa o

desenvolvimento e implementação da facilitadora tecnologia.

A implementação de ecoinovações depende, também, de fatores internos da

empresa, como uma gestão visionária, com preocupações gerenciais e com enfoque

ambiental da organização (Hazarika & Zhang, 2019; Horbach, 2007), além de

valores éticos da organização (Savaget & Carvalho, 2016) melhoria nos processos

que tem como objetivo a redução dos custos de produção (Carrillo-Hermosilla, Del

Río & Könnölä, 2010) e uma gestão de qualidade (Sánchez-Medina, Corbett &

Toledo-López, 2011). Ou seja, a adoção de medidas ecoinovadoras têm elementos

internos que determinam a sua aplicação e consequências como a ruptura com o

processo de gestão anterior, pois tem efeito direto sobre os processos de produção,

distribuição e formação dos colaboradores da empresa (Kiefer et al., 2017). O fator

compartilhamento de informações e ideias também está presente nas empresas,

pois é dessa forma que se promove uma inovação com enfoque ecológico. Portanto,

conforme destaca Wong (2013), é importante que os gestores estimulem tal ação

entre os colaboradores.

Outros elementos internos importantes são os atributos da empresa como a

identidade da organização (Hazarika & Zhang, 2019), o setor de atuação, tamanho

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da empresa, quantidade de funcionários, rentabilidade, vendas e os impactos

ambientais advindos de sua atuação (Tumelero, 2017). Sahota (2013) destaca que a

certificação da Ethical Biotrade é uma forma de reconhecer as empresas que

estabelecem parcerias com produtores locais e que busquem desenvolver uma

gestão com o objetivo da otimização dos recursos naturais, ampliação da

capacidade técnica de seus colaboradores e parcerias comerciais.

Os fatores internos possuem influência também em outros facilitadores, pois

conforme destacam Cai e Li (2018), empresas com uma cultura de inovação e

sustentabilidade, tendem a fazer melhor uso do transbordamento do conhecimento

adquirido pelo ecossistema em que estão inseridos, da capacidade técnica de sua

equipe e da tecnologia.

De acordo com os dados apresentados, pressupõem-se que os facilitadores

são fatores que se inter-relacionam para realizar e divulgar ecoinovações (Dugonski,

Tumelero, 2020; Savaget & Carvalho, 2015). Hazarika e Zhang (2019) destacam que

a motivação que leva a implementação de ecoinovações, além de criar uma relação

positiva entre regulamentação ambiental e responsabilidade social das empresas,

estimula a colaboração entre concorrentes a auxilia na resistência aos riscos

comuns ao mercado. Maçaneiro, Cunha e Balbinot (2013) destacam que fatores

como a regulamentação, incentivo fiscais, efeitos de reputação para a marca, apoio

pela alta gestão, conhecimento tecnológico e formalizações ambientais são

facilitadores considerados fundamentais para o sucesso das ecoinovações.

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3 METODOLOGIA DE PESQUISA

O objetivo do presente capítulo é apresentar o enfoque da pesquisa, assim

como o método e a estratégia de coleta e análise dos dados.

3.1 MODELO TEÓRICO E CATEGORIAS ANALÍTICAS DA PESQUISA

A lente teórica utilizada foi a teoria evolucionária da inovação (TEI), a qual

sustenta que o aperfeiçoamento tecnológico ocorre por meio da prática, onde a

empresa que é exposta regularmente a diferentes situações, desenvolve a

habilidade de se adaptar às necessidades expostas pelo meio em que está inserida

(Nelson & Winter, 2002), para se manter ativa frente a concorrência. Dessa forma

temos o modelo teórico apresentado na figura 8.

Figura 8 – Modelo conceitual do estudo

Fonte: Adaptado de Andrade (2020)

Considerando o modelo conceitual apresentado, as categorias analíticas

foram definidas da seguinte forma (Tabela 6):

Tabela 6 - Definição teórica e operacional das categorias analíticas

Categorias analíticas

Definição Teórica Definição Operacional

Ecoinovação O conceito base para ecoinovação utilizado foi o defendido por Kemp e

Constatado por meio dos indicadores de ecoinovação de

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Categorias analíticas

Definição Teórica Definição Operacional

Pearson (2007), que identificam a ecoinovação como produção, assimilação ou exploração, sob um produto, processo, serviço, gerenciamento, que é novo para a organização em que será implementado e que têm como resultado a redução dos impactos ambientais se comparado às formas tradicionais.

processo e de produto (Tabela 3). Considerando que o enfoque são as ecoinovações tecnológicas. Tais indicadores foram buscados nas respostas dos entrevistados e nos dados secundários.

P&D Verde São atividades de Pesquisa e Desenvolvimento que se concentram principalmente na busca para melhoria na utilização dos recursos naturais e na capacidade de empresa em reduzir os impactos ao meio ambiente (Lee & Min, 2015).

Constatado por meio das etapas para pesquisa e desenvolvimento da empresa, suas motivações e os objetivos para o desenvolvimento da inovação. Tais etapas foram buscadas nas respostas dos entrevistados e nos dados secundários.

Barreiras Enquanto que as barreiras são elementos que dificultam a implementação de ecoinovações. Para as barreiras de implementação de ecoinovação foi utilizado por base os estudos de Marin, Marzuchi e Zoboli (2015) e Pinget, Bocquet e Mothe (2015), que classificam essa barreiras como barreira de custo, barreiras de conhecimento e barreira de mercado (Tab. 6).

Constatado por meio dos elementos que constituem as barreiras de custo, conhecimento e de mercado (Tabela 4). Tais elementos foram buscados no conteúdo das entrevistas e nos dados secundários.

Facilitadores Os facilitadores são conceituados como elementos que estimulam as empresas a aplicarem as medidas ecoinovadoras (Kammerer, 2009). Para a identificação foram utilizados os estudos dos autores Rennings (2000) e Horbach (2012). Dessa forma, se classificam como facilitadores os seguintes elementos: Políticas e regulamentos, mercado e tecnologia e fatores específicos da empresa (Fig. 5).

Constatado por meio dos elementos que constituem os facilitadores classificados como: regulamento, tecnologia, mercado e fatores específicos da empresa (Figura 5). Tais elementos foram buscados no conteúdo das entrevistas e nos dados secundários.

Fonte: Desenvolvido pelo autor.

3.2 ENFOQUE E NATUREZA DA PESQUISA

O enfoque da pesquisa é qualitativo (Bardin, 1977, 2004; Flick, 2013), que

busca entender em profundidade a aplicação do conceito de ecoinovação, pois trata-

se de um tema recente que tem ganhado força principalmente nos últimos anos

(Pacheco, 2017). Em decorrência disso a pesquisa será de natureza

predominantemente descritiva, com nuances exploratórias, pois conforme destacam

Sampieri, Collado e Lucio (2013), o estudo descritivo busca descrever e analisar

feitos e situações, sem que ocorram intervenções. Enquanto que estudos

exploratórios buscam trabalhar temáticas recentes, para assim torna-los mais

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familiares ao meio científico, estudos estes que geralmente servem de base para

estudos mais completos.

O estudo se baseou na indicação de Maçaneiro (2012) que afirma que o

método qualitativo, quando aplicado ao tema de ecoinovação, pressupõe-se que

permite maior proximidade entre o pesquisador e o objeto de estudo. Como o foco

da pesquisa é a explicação, o método aparentemente é o que melhor atendia ao

objetivo, assim como ao fato de não termos controle sobre o fenômeno estudado

(Donaire, 1997; Flick, 2013).

3.3 MÉTODO DA PESQUISA

Para a escolha do método considerou-se o destaque que Carrillo-Hermosilla

et al. (2010) deu ao Estudo de Caso, afirmando que esse seria um dos melhores

métodos para coletar detalhes sobre ecoinovação, principalmente os detalhes que

passam despercebidas pelas pesquisas quantitativas. Portanto, o método escolhido

foi o Estudo de Caso, que conforme Yin (2001) conceitua é o estudo do fenômeno,

dentro do ambiente inserido. Utilizando como referência várias fontes de evidências.

Buscou-se entender o fenômeno que é a ecoinovação, no ambiente em que está

inserido, ou seja, na empresa de cosméticos, tendo como pano de fundo a cidade de

Curitiba em decorrência da importância da Capital na implementação dos Objetivos

do Desenvolvimento Sustentável, conforme já mencionado anteriormente, e porque

o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de cosméticos verdes e o Paraná é onde

está centralizada a maior parte das empresas (FIEPR, 2013).

O protocolo para o desenvolvimento da pesquisa utilizado como referência foi

o de Sampieri et al. (2013) o qual é estruturado na figura 9.

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Figura 9 - Protocolo adotado para a pesquisa

Fonte: Sampieri, Collado e Lucio (2013, p. 34). Adaptação que ocorreu em decorrência do termo variável que foi substituído por unidades de análise pelo enfoque da pesquisa.

O protocolo foi utilizado para que a pesquisa tivesse maior linearidade em seu

desenvolvimento e não se distanciar do objetivo que foi o de estudar as

ecoinovações tecnológicas e a implementação de tais medidas em uma empresa de

cosméticos. O protocolo foi aplicado também para demonstrar as necessidades de

escolhas a serem feitas como, por exemplo, a forma que os dados seriam coletados

e analisados, além de servir de apoio a manutenção do cronograma.

3.4 UNIDADE DE ANÁLISE

A unidade de análise definida para o Estudo de Caso foi a empresa. Para a

escolha da empresa um conjunto de critérios foi estabelecido. Em especial, foi

avaliada a singularidade da empresa enquanto objeto de estudo, para se testar uma

teoria específica, conforme destaca Yin (2001). Um conjunto de critérios específicos

foi definido para a escolha da unidade de análise, a saber:

I. Apresentar, no mínimo, três indicadores de ecoinovação de produto e três

indicadores de ecoinovação de processo, para ser considerada ecoinovadora;

II. Realizar P&D Verde;

III. Aplicar a biomimética para desenvolver ecoinovações;

IV. Desenvolver ações em prol das ODS;

V. Ser uma empresa de pequeno/médio porte,

VI. Ser uma empresa referência em práticas sustentáveis em seu setor de

atuação.

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3.5 APRESENTAÇÃO DA UNIDADE DE ANÁLISE

A empresa escolhida foi a primeira loja brasileira de produtos orgânicos

rastreáveis, inaugurada em 2008 na cidade de Curitiba. A Capital foi escolhida pela

presidente da empresa, em decorrência do reconhecimento por suas inovações e

pelo enfoque sustentável.

Criada para comercialização de produtos livres de substâncias que

causassem danos a saúde ou ao meio ambiente. A empresa foi pioneira neste ramo

de cosméticos que têm como princípio a sustentabilidade. Referência em cosméticos

naturais e orgânicos e vêm ganhando espaço tanto em território brasileiro e também

no exterior. Atualmente possui quatro loja, sendo duas franquias. Constituida por

uma média de 20 funcionários, sendo assim, considerada uma empresa de

pequeno/ médio porte, a organização não possui um setor para Pesquisa &

Desenvolvimento, porém, todos os funcionários buscam melhoria continua e trazem

novas ideias para a empresa.

A empresa possui enfoque nos objetivos do desenvolvimento sustentável, o

que pode ser observado por meio de projetos, como ao buscar formas de extrair

como a tangerina verde como forma de apoio do produtor, maneira de apoiar o

objetivo de fome zero e agricultura sustentável, além dos objetivos de vida na água e

vida terrestre, pois suas medidas têm como meta dar qualidade e evitar a

degradação do ambiente dessas espécies

Em decorrência de ser uma empresa de cosméticos verdes, seus

colaboradores costumam observar a natureza em sua forma natural, para utilizar

como referência no processo de ideação de novos projetos que causem menor dano

ao meio ambiente e tragam maiores benefícios ao produto final Tais aspectos fazem

com que a empresa apresente alguns indicadores de ecoinovação, como por

exemplo, uma preocupação com a reciclagem e decomposição dos seus produtos,

além de buscar reduzir a quantidade de resíduos gerados e, a eficiência de suas

matérias-primas e embalagens.

Page 60: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

60

3.6 TÉCNICA DE COLETA DOS DADOS

A técnica de coleta de dados foi a entrevista semiestruturada, onde foram

coletados os dados primários, que envolvem a aplicação de um roteiro de entrevista

(Apêndice II) O roteiro foi desenvolvido por meio de blocos, o primeiro bloco trabalha

questões sobre P&D, o segundo trabalha as barreiras e o último bloco os

facilitadores de ecoinovação: Constituído de questões fechadas e abertas, que

permitam ao entrevistado discorrer sobre o tema, fator que auxilia na coleta de

dados uma vez que o entrevistado se encontra em um ambiente sob o qual não se

tem controle total (Yin, 2001). Para a elaboração do roteiro de entrevista foram

seguidos os seguintes passos:

I – Revisão teórica e identificação de roteiros existentes na literatura e

elaboração da Matriz de Amarração de Pesquisa (Apêndice I).

II – Validação acadêmica com integrantes do grupo de pesquisa da área de

Inovação e Empreendedorismo do PPGA – Programa de Pós-Graduação de

Administração – da Universidade Positivo.

III – Validação por profissionais do mercado.

IV – Pré-teste, para verificar se as perguntas estão estruturadas de forma a

gerar a melhor compreensão dos entrevistados, reduzindo a possibilidade de

dúvidas (Malhotra, 2011).

No estudo em questão foram feitos dois pré-testes com colaboradores da

organização de estudo, foram escolhidos duas pessoas de diferentes equipes para

que fossem coletados pontos de vistas distintos. Ambos foram feitos via

videoconferência, através de chamadas pelo software zoom formato que igualmente

foram feitas as entrevistas.

Nos pré-testes foi utilizado uma apresentação em formato de slides que

continham as perguntas e os conceitos-chaves do estudo para auxiliar na

compreensão dos entrevistados. Por meio dos comentários dos entrevistados foi

possível verificar se as perguntas eram compreendidas e se estavam claras, além de

demonstrar a melhor maneira de orientar o entrevistado, tendo em vista que foi

utilizado um roteiro auxiliar para as perguntas. Ressalta-se que não ocorreram

sugestões de ajustes quanto ao instrumento de coleta de dados, mesmo assim, foi

possível identificar ajustes necessários na condução da entrevista.

Page 61: UNIVERSIDADE POSITIVO BUSINESS SCHOOL PROGRAMA DE …

61

Ao total foram feitas sete entrevistas utilizando o total de sete horas, 12

minutos e 45 segundos, resultando na duração média de 01 hora, 01 minuto e 49

segundos cada, com colaboradores de diferentes setores, sendo eles: financeiro,

comercial, marketing, produção e diretoria. Houve a saturação dos dados coletados

determinado pela a convergência de informação entre os entrevistados (Flick, 2013).

Buscou-se aplicar o preceito de Yin (2001) que destaca a importante característica

do pesquisador que se faz necessária, o ato de saber ouvir, capturar os dados

informados pelo entrevistado, sem direcionar com base nas respostas que se deseja

ouvir.

Entre as formas de entrevistas semiestruturadas apresentadas por Flick

(2004), a que melhor atendeu ao objetivo do estudo foi a entrevista centralizada no

problema, que é a entrevista que busca coletar os dados do conhecimento do

entrevistado sobre o tema trabalhado no estudo. Para se alcançar o objetivo fez-se

necessário o apoio de questões sobre o assunto, que o entrevistado pode

apresentar os seus conhecimentos inerentes (Flick, 2004). Para o seu

desenvolvimento o olhar do pesquisador teve que estar focado no problema e nos

objetivos. Flick (2004)

Os dados coletados nas entrevistas foram confrontados com os materiais

teóricos de base, por intermédio da técnica de análise de conteúdo, uma forma de

trabalhar o conteúdo de forma direta sobre a comunicação e os dados advindos dela

(Bardin, 1977; 2004).

Os dados secundários foram coletados por outras fontes não sendo as de

própria autoria (Godoy, 1995). Os documentos que fizeram parte dessa categoria

foram os disponibilizados pela empresa, como os relatórios de insumos proibidos

para a empresa e de impacto ambiental – Eureciclo, além de notícias de websites e

documentos públicos para a triangulação dos dados. A análise dos dados

secundários foi feita por meio de análise de conteúdo, o corpus textual constituído

por dados coletados de websites e relatório, foram lidos e tabulados conforme

pertinência ao presente estudo (Bardin, 1977; 2004; Saunders, Lewis & Thornhill,

2009).

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62

3.7 TÉCNICA DE TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

A técnica de tratamento e análise dos dados foi a Análise de Conteúdo, que

consiste em uma técnica de investigação, e tem como objetivo análise de forma

objetiva e sistemática. É qualitativa no sentido de presença ou ausência de

determinadas características no conteúdo, e com aspectos quantitativos quando se

trata da contagem de frequência com que surgem certas características da

comunicação (Bardin,1977, 2004).

Todas as entrevistas foram gravadas em forma de vídeo e áudio, ação

recomendada por Flick (2004), tomando o cuidado de pedir a autorização dos

entrevistados para que fosse possível uma transcrição com maior detalhamento do

conteúdo. Com a tarefa executada, os dados das gravações de vídeo e voz foram

transcritos em um arquivo em formato texto organizado para facilitar o acesso aos

dados para a análise do conteúdo. O objetivo do tratamento dos dados foi facilitar a

compreensão do que foi coletado e estruturar para auxiliar na análise.

Para apoio ao tratamento dos dados, foi utilizado o software ATLAS.ti, que

possui a função de codificação que permite agrupar dados que possuem

semelhanças, esses dados são conteúdo de um texto (Flick, 2009) que podem

constituir uma família, essa família são grupos semelhantes, como por exemplo, a

separação de dados provindos de homens ou de mulheres, sendo o quesito homem

uma família e mulher outra família. Esse agrupamento por sua vez, auxilia a análise

do conteúdo, permite um detalhamento e analise que dificilmente seria atingida por

meio de uma leitura simples. O ATLAS.ti supre a necessidade de manipular dados

manualmente por meio dos recortes, utilização de post-its, tesoura e cola para a

integração das unidades. Por meio da utilização do software é possível manipular os

dados, agrupar e desagrupar as unidades de acordo a necessidade do pesquisador,

facilitando assim a análise.

Posteriormente ao tratamento dos dados, o conteúdo foi confrontado com a

literatura, seguindo a instrução de Franco (2008), que destaca o conteúdo coletado

por meio de uma entrevista necessariamente precisa ser comparado com teorias,

caso contrário é de pouco valor do ponto de vista científico. Os dados coletados nas

entrevistas foram verificados com base nas pesquisas científicas encontradas na

literatura. Os dados foram analisados utilizando a análise qualitativa de conteúdo, as

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63

entrevistas já transcritas tiveram os seus dados organizados em categorias, essa

ordem serve para auxiliar na compreensão da estrutura do que foi coletado (Bardin,

1977; 2004), ou seja, o que o entrevistado quis dizer com determinada informação e

o que isso significa para o pesquisador.

Assim, para analisar os dados foi utilizado o protocolo sugerido por Bardin

(1977; 2004) destacado abaixo (Tabela 7):

Tabela 7 – Etapas segundo o protocolo de Bardin (1977; 2004)

Etapa Atividade

1° Pré-análise: Etapa em que o pesquisador faz uma leitura, denominada como flutuante. Faz-se uma rápida leitura apenas para se familiarizar com o material.

2° Exploração do material: Após a leitura flutuante, a pesquisadora fez a seleção dos materiais que fizeram parte do corpus textual. Foi seguido a regra da exaustividade e da homogeneidade, onde os documentos selecionados deveriam tratar do mesmo tema para possível comparação e serem pertinentes, os documentos deveriam ser relevantes ao tema.

3° Tratamento dos resultados em estado bruto

Por meio da criação de categorias, que auxiliam a capturar a essência da mensagem e a contagem de frequência.

4° Interpretação desses resultados

Nessa etapa o pesquisador colocou em destaque as informações fornecidas pelo conteúdo dos dados.

A proposta de aplicar tal protocolo ocorre como tentativa de apresentar a

informação no seu contexto real, evitando afastar do que o entrevistado buscou

informar. Pois conforme Franco (2007) destaca, esse é um dos objetivos da análise

e interpretação de conteúdo, por esse motivo é constituído por processos.

3.8 ASPECTOS ÉTICOS

Os aspectos éticos da pesquisa dizem respeito às possíveis consequências

do estudo. Embora o problema de pesquisa não possa incluir conceitos morais ou

éticos, a suspensão desta pesquisa em decorrência das suas consequências é um

fator observado e determinado pelo pesquisador (Sampieri, 2013)

Para o desenvolvimento da pesquisa, o projeto foi apresentado à empresa

para que seja autorizada a sua execução. Como forma de sigilo e de precaução,

para a coleta de dados foi solicitado autorização para a empresa Para isso foi

utilizado o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Apêndice III), no documento

constam os contatos do pesquisador para que os responsáveis pela organização

entrem em contato caso tenha a necessidade. De forma complementar, as

autorizações foram também gravadas nas entrevistas.

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4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados do estudo, com base nos

dados coletados nas entrevistas e nos dados secundários. Serão resgatados os

objetivos específicos da pesquisa e apresentadas as redes resultantes dos dados

coletados.

4.1 OBJETIVO 1 - Descrever as etapas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)

Verde de ecoinovações tecnológicas

O primeiro objetivo desta pesquisa foi “Descrever as etapas de Pesquisa e

Desenvolvimento (P&D) Verde de ecoinovações tecnológicas em uma empresa

fabricante de cosméticos”. Este objetivo permitiu descrever como as ecoinovações

são idealizadas, pesquisadas e desenvolvidas.

Conforme destacado por Lee e Min (2015), a P&D verde são atividades feitas

de forma sistemática com um propósito ambiental. A rede P&D Verde está

relacionada com seis códigos com um total de 31 citações. Tais atividades ocorrem

por meio de etapas que se inter-relacionam, conforme a resultante dos dados

coletados apresentada em Rede na Figura abaixo:

Figura 10 – Rede P&D Verde

Fonte: Dados da pesquisa.

As inovações da empresa pesquisada têm como característica o enfoque

sustentável, trabalhando o tripé econômico, social e ambiental. O enfoque ambiental

é observado pelos seus produtos, sua preocupação com o descarte e ações em prol

ao meio ambiente, como o plantio de árvores, o respeito pela sazonalidade da

matéria-prima e o investimento em insumos naturais e orgânicos que ao serem

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descartados, geram menor impacto ambiental se comparados aos produtos

tradicionais.

O enfoque social é observado na preocupação que a empresa tem com a

dignidade dos agricultores e a educação de seus filhos. A empresa monitora seus

produtores parceiros exigindo contrapartidas: a ausência de mão de obra escrava,

ausência de trabalho infantil e que todos os filhos dos produtores em idade escolar

estejam frequentando a escola. Tal posicionamento é reforçado pela certificação,

pois se os certificadores identificarem nos fornecedores alguma dessas

irregularidades, a empresa perde a certificação. Conforme destacado pelo

entrevistado 5:

“[...] na questão humana, o produtor se ele tiver filho pequeno ele tem que comprovar que os filhos estão estudando, não pode ter trabalho escravo. No escopo da certificação tem todas essas exigências que garantem que a gente mantenha uma sustentabilidade, um conceito de qualidade de vida [...].” (Entrevistado 5)

Uma característica a ser destacada é que a empresa investigada não se limita

em um único projeto a ser executado por vez, logo, vários projetos podem ser

realizados ao mesmo tempo. Por exemplo, enquanto a empresa atende clientes e

realiza vendas, mantém novos projetos, busca por fornecedores e melhorias em

suas produções, além de fazer a pesquisa e o desenvolvimento de ecoinovações

sem ter um setor específico para isso. A empresa busca envolver todos os setores e

colaboradores para a criação de novos produtos e processos, considerando

importantes opiniões e informações de todos os funcionários durante as etapas de

pesquisa e desenvolvimento.

A ação de inovar para a empresa estudada é iniciada pela etapa de ideação,

que consiste no ato de ter ideias para novos produtos ou processos. A fonte dessas

ideias pode ter diferentes origens como, por exemplo, a demanda de mercado.

No decorrer das entrevistas, foi possível observar a pressão do mercado e o

aumento da demanda dos consumidores a produtos que utilizam menos matéria-

prima e que utilizam menos embalagens prejudiciais ao meio ambiente. Trazendo

assim necessidades de inovação por parte da organização para que as demandas

sejam atendidas. Conforme se pode observar na citação abaixo:

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“[...] o mercado está mudando também, o mercado está exigindo bem menos o uso de plástico, menos... enfim, menos embalagens é um pouco dos dois lados, a gente quer melhorar, mas a gente também é empurrado para os clientes para melhorar [...]”. (Entrevistado 1).

No caso de Curitiba, a empresa estudada destacou que a pressão sobre

cosméticos sustentáveis é ainda maior pelo exigente público-alvo residente na

cidade e, principalmente, pela sua tradição como a capital ecológica. Conforme foi

destacado pelo entrevistado 5, ao mencionar o motivo pelo qual escolheu Curitiba

para fundar sua organização, mesmo sendo natural de Manaus, que é uma capital

cercada de riquezas naturais, destacou que a capital paranaense é reconhecida por

ser um polo brasileiro de cosméticos verdes. Dessa forma, em concordância com o

estudo da FIEPR (2013), que menciona Curitiba como polo brasileiro do mercado de

cosméticos sustentáveis, apontou ainda que a capital é pioneira quando o assunto

são inovações, sobretudo, as inovações com um enfoque sustentável.

“[...] Então, eu queria fazer bem feito e até porque o conceito sustentável é mais em Curitiba, do que acredite, mais do que Manaus, então a gente tem muito forte. Você falou que Curitiba é a capital do cosmético natural e de fato é, não só do natural, Curitiba ela sempre está na frente de inovações, de pioneirismo [...]” (Entrevistado 5)

Assim, observou-se que o enfoque sustentável tem exigido adaptação da

empresa pesquisada para atender a demanda de mercado.

No decorrer das entrevistas, encontrou-se reforçado que produtos com

enfoque ambiental têm o desenvolvimento baseado principalmente na demanda de

mercado. Os consumidores demandam que a empresa se adapte e demonstre suas

ações por meio de certificações e divulgações. As redes sociais acabam sendo a

ferramenta que facilita que essas informações sejam coletadas pela empresa, pois,

por meio delas os clientes demonstram suas opiniões em relação aos produtos, dão

feedbacks e até mesmo novas ideias, demonstrando assim um mercado em

potencial, conforme destacado pelo Entrevistado 3:

“[...] a gente recebe muito feedback das pessoas que utilizam nosso produto, sendo assim, a gente procura se adequar. Muitas vezes vem pelo feedback dos clientes finais, isso é uma das coisas que incentiva muito a empresa a estar sempre procurando uma inovação [...] (Entrevistado 3)

A empresa investigada, em busca de certificação, também costuma se basear

no que é solicitado como requisito pelos certificadores para a criação de seus

produtos: utilizando a matéria-prima mais pura e natural quando possível, evitando a

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utilização de químicas, mantendo assim, a essência do seu insumo. A empresa

entende que tais ações servem como o diferencial dos seus produtos, chegando até

mesmo a ser a forma de comprovar a qualidade de suas produções, assim, a

empresa acaba trabalhando suas criações junto aos certificadores. Algumas dessas

ideias de produtos vêm, inclusive, das exigências dos certificadores.

Outras motivações para inovar, além da demanda de mercado e da própria

certificação, é a pressão da concorrência. No caso da empresa estudada, como

exemplo, o crescimento do mercado de maquiagens sustentáveis e o surgimento de

concorrentes serviram como estimulo para o investimento na produção de

cosméticos, e assim, manter-se competitiva frente ao mercado. Como destacado

pelo entrevistado 3:

“[...] A linha de maquiagem foi uma linha que despertou muito interesse por conta de concorrência sim. [...] Então a gente viu, a gente sentiu que as outras empresas foram para esse lado de maquiagem e a gente não quis ficar atrás e isso facilitou a gente a criar a linha de maquiagem [...]. (Entrevistado 3).

A próxima etapa é a pesquisa. Em busca de formas para o desenvolvimento

de suas ideações, a empresa adquire novos conhecimentos. Nos dados coletados,

foi possível perceber que a pesquisa utilizada pela empresa estudada é a pesquisa

aplicada. Conforme Thiollent (2009) destaca, pesquisa aplicada foca em um

problema do cotidiano e busca formas de resolução. Um exemplo dessa pesquisa

aplicada pela empresa foi o desenvolvimento do sabonete antisséptico no período

de pandemia de Coronavírus. A empresa, assim como suas concorrentes, procurou

desenvolver produtos por meio de pesquisa com o propósito de evitar contaminação

pelo Sars-CoV-2.

Outro exemplo foi a pesquisa sobre o plantio e formas de extração do óleo de

tangerina verde, cuja utilização surgiu como sugestão do SEBRAE. Foram

necessárias pesquisas para que a empresa conseguisse utilizar o óleo essencial e

pesquisas em laboratório sobre os aspectos físico-químicos do insumo para

entender a melhor forma de aplicação. Abaixo se pode observar o relato dos

colaboradores sobre os dois exemplos:

[...] agora quando entrou à pandemia a gente queria ter um sabonete que fosse antisséptico, e ai a gente reformulou um sabonete que tinha que é o sabonete de copaíba e inserimos várias outras coisas que aumentavam a capacidade antisséptica e antiviral dele [...].” (Entrevistado 1).

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“[...] a diretora encabeçou o projeto com eles para a extração de óleos essenciais (tangerina verde)... vai fazer quase dois anos que ela vinha acompanhando a produção deles. Então passa toda a parte técnica, daí entram alguns laboratórios locais também, que entram custeando as análises para a gente né? Análise físico-químicas do produto [...].” (Entrevistado 2)

A etapa de pesquisa ocorre em simultâneo à prototipagem. A matéria-prima

é uma grande influência para o desenvolvimento do produto, logo, faz-se necessário

levar em consideração: Se o produtor atende às certificações que segue

normatizações quanto à forma de plantação; se a matéria-prima resultante possui

propriedades consideradas naturais e orgânicas; se o fornecedor atende às

necessidades da empresa quanto aos quesitos de quantidade e disponibilidade dos

insumos. Para a exploração aprofundada da produção, é feito uma prototipagem do

produto para verificação dos aspectos da qualidade da matéria-prima e das

características do produto.

Na etapa de prototipagem, são coletadas informações de todos os setores da

empresa envolvidos e dos fornecedores. Assim, analisa-se a viabilidade da

produção e a possível necessidade de alterações no projeto. A prototipagem

também ocorre para aperfeiçoar a utilização dos recursos, pois é possível verificar

se os ativos selecionados podem ser usados para outros produtos e se o novo

produto pode ter mais de uma utilidade, conforme destacado nos trechos abaixo:

“[...] vai ter que entrar na parte que vai buscar os insumos adequados, ver se o fornecedor consegue manter uma recorrência no atendimento para gente. E ai, depois disso entra o desenvolvimento do produto propriamente dito, e ai começam as coletas de materiais. Daí a gente começa a fazer os protótipos [...].” (Entrevistado 2) “[...] Nós procuramos ativos que supram a necessidade do mercado, mas que ao mesmo tempo, consiga ser muito versátil. A gente procura fazer produtos que sejam muito versáteis [...].” (Entrevistado 6)

Caso o produto não atenda às necessidades da empresa e dos certificadores,

o projeto é encaminhado para a etapa de adaptação. Para as adaptações, questões

como matéria-prima, disponibilidade dos insumos, otimização dos insumos e

aspectos físicos do produto como textura e viscosidade são levados em

consideração. As adaptações são alterações para certificar o produto e para atender

às necessidades do mercado.

Observa-se que as etapas não ocorrem de forma isolada. Todo o processo de

pesquisa e desenvolvimento ocorre de forma cíclica, seguindo para uma nova etapa

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69

de acordo à necessidade do projeto Do ponto de vista da Teoria Evolucionária da

Inovação, essa inovação se baseia em feedbacks constantes (Nelson & Winter,

2002), que permitem alcançar e atender às necessidades atuais. Para isso, a P&D

da empresa pesquisada interage de forma dinâmica com todos os seus

departamentos, incluindo marketing e produção, uma realidade tipicamente

encontrada em empresas de médio e pequeno porte que, pela necessidade, atuam

de forma dinâmica e matricial e são, portanto, menos departamentais, conforme

descrição seguinte.

“Primeiro a gente idealiza o produto, depois a gente vai buscar as matérias-primas para compor a composição do produto e daí está envolvido P&D, está envolvido a diretoria como farmacêutica, eu também me envolvo muito na produção. E ai a gente vai construindo com marketing, com P&D e

farmacêuticos, são essas etapas.” (Entrevistado 5)

“[...] faz, testa pequenininho, corrige, faz, testa... Claro, né? Não de forma irresponsável, mas é normal ter algum ajuste assim né? A gente faz uma fórmula, lança e daí começa o feedback dos clientes e a gente fala: Poxa, eu acho que esse rímel não está com a fixação que a gente queria, vamos desenvolver uma fórmula nova, e ai começa testes em paralelo pra isso. Então a gente vive estudando [...].” (Entrevistado 1)

Os produtos, como maquiagem, que podem ter reações adversas como

alergia ou problema quanto sua textura e adesão na pele, passam pela etapa de

testes específicos. Nesta etapa, a empresa pesquisada produz amostras para

verificar sua aderência no mercado, assim, buscam-se opiniões diferentes de

pessoas distintas para expandir o alcance do produto. São feitos testes, utilizando

como referência, o ponto de vista dos colaboradores, dos influenciadores digitais –

conhecidos como digital influencers – e de alguns clientes que utilizam a marca há

mais tempo. Uma vez que são produtos de cuidado pessoal, faz-se a necessidade

de testes específicos, como os testes dermatológicos além dos testes da própria

empresa, que são utilizados dados de órgãos de pesquisa. Porém, como é afirmado

no decorrer das entrevistas, o conceito verde impede que tais testes sejam

realizados em animais, portanto, os testes feitos são em laboratório, tais como:

testes clínicos, análises físico-químicas, análise de estabilidade do produto, análise

microbiológica e análise de estabilidade da fórmula e apenas após as devidas

verificações os produtos são disponibilizados para a verificação da aceitação de

mercado, demonstrando assim o cuidado da empresa com os seus consumidores.

Testes esses que são aplicados em produtos com apelo à renovação estética

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corporal como, por exemplo, os produtos com proteção solar e testes com as

amostras que são aplicadas em seres humanos, destacado na citação abaixo:

“Existem alguns órgãos de pesquisa, então, normalmente a gente utiliza esses órgãos de pesquisa para verificar essa aceitação de comunicação visual, de aceitação do produto até quando vai fazer os testes dermatológicos também. [Os] dermatologistas usam [o produto], então a gente utiliza [os dados], eles [nos] dão esses dados, então a gente utiliza eles também [os dados] para colocar [o produto] no mercado [...]” (Entrevistado 6) “Nós já temos um impeditivo, que é norma, não é nem impeditivo por ser o nosso conceito. É o de não ter testes em animais, os testes em laboratórios que é [feito em] basicamente produtos com apelo de renovação, [por exemplo] proteção solar, né? Esse tem que ter um teste clínico [...]” (Entrevistado 5)

Com os testes, a empresa tem os dados necessários para eventuais

adaptações do projeto. A partir disso, inicia-se a produção e inserção do produto no

mercado. Caso o projeto se mostre inviável, não se dá continuidade ao

desenvolvimento, evitando assim, custos desnecessários. Um exemplo mencionado

foi o balm labial, uma pomada utilizada para a proteção e hidratação dos lábios: Tal

pomada passou a ser desenvolvida com e sem cor, baseando-se nos feedbacks dos

consumidores que sugeriram a adaptação da fórmula. Produto esse que hoje

apresenta grande aceitação do mercado.

Enquanto os testes ocorrem, a empresa busca a certificação e o registro do

produto pela Anvisa. Observando que o seu propósito é atender a uma regulação e

que o produto seja certificado, a empresa pesquisada considera a certificadora como

norteadora dos desenvolvimentos dos produtos, destacando o fator certificação

como algo natural da empresa. Conforme citações abaixo:

“[...] fez, desenvolveu, chegou o produto, um produto bom, daí vai para o registro da ANVISA, daí dando tudo certo vem o número de registro, a gente atualiza a embalagem com o número de registro e manda rodar [...]” (Entrevistado 1). “[...] Porque assim, a gente funcionando junto com a certificadora, fazendo produtos onde se encaixava no tipo de produto já certificado, ele meio que seria um produto mais puro possível, o mais natural possível, meio que seria sem um processo químico forte, que fosse um produto que fosse realmente natural, então a gente procurou se adequar, no começo a gente se adequou à certificadora, daí a partir disso está naturalizado na empresa” (Entrevistado 6)

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Contudo, caso a empresa não consiga certificar o produto, faz-se necessária

a verificação dos fatores que não permitiram adquirir a certificação e, assim, retornar

à etapa de testes e adaptação do produto.

Vale ressaltar que nos produtos ecoinovadores pesquisados e desenvolvidos

pela empresa, tendo como base o estudo de Tumelero et al. (2019), foi possível

identificar indicadores de ecoinovação de produto (Tabela 3), como a decomposição

de materiais; uso de materiais naturais (química verde); redução de resíduos;

simplificação da construção; simplificação da embalagem e bioinspiração para o

design. Em “uso de materiais naturais”, a empresa utiliza unicamente insumos

naturais e orgânicos nos produtos, evitando geração de resíduos de químicas

poluentes como, por exemplo: o alumínio, o triclosan e o parabeno, comumente

encontrados em desodorantes (Dados secundários da pesquisa). Tais elementos

são bioacumulativos, e são responsáveis por doenças como o câncer, conforme

destacado nos dados secundários da pesquisa. A empresa pesquisada comercializa

desodorantes que não utilizam esses materiais. Em “bioinspiração para o design”

dos produtos, busca-se os benefícios das plantas e evita a utilização de química

tradicional para manter as características naturais da matéria-prima.

Em processos ecoinovadores, a empresa atende aos requisitos: De

prevenção da contaminação; cumprimento da legislação; redução de materiais;

reciclagem e reuso. Em “redução de materiais”, busca-se utilizar os mesmos

insumos para produtos distintos e reduzir a quantidade de embalagens dos

produtos, evitando desperdício, como o exemplo dos shampoos sólidos que

dispensam o uso de embalagens plásticas. Por meio do projeto Re-Use, também se

incentiva a reciclagem de embalagens e sacolas plásticas descartadas para o

desenvolvimento de saboneteiras.

Do ponto de vista de P&D Verde, o presente estudo traz uma perspectiva

quanto à influência do fornecedor para a pesquisa e o desenvolvimento do produto.

Uma vez que, o fornecedor está inserido no processo desde a etapa de

prototipagem e tem o poder de descontinuar um projeto caso este se mostre

inviável, elemento ainda incipiente em estudos anteriores. Foi observado também

uma proposta de criação de valor pela empresa, utilizando-se da cocriação, em que

o cliente participa ativamente das criações da empresa por meio de sugestões, tal

engajamento é uma maneira de alavancar recursos externos para gerar eficiência

interna, conforme destacado por Taghizadeh, Jayaraman, Ismail & Rahman (2016).

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72

4.2. OBJETIVO 2 - Descrever os desafios da pesquisa e desenvolvimento (P&D)

Verde de cosméticos resolvidos a partir de biomimética

O segundo objetivo deste estudo foi “Descrever os desafios da pesquisa e

desenvolvimento (P&D) Verde de cosméticos resolvidos a partir de biomimética”. Os

cosméticos, quando naturais, podem ser benéficos, tanto pela disponibilidade de

matéria-prima tanto pela sua relação com o meio ambiente. Sendo assim, muitos

processos de ideação ou desenvolvimento de novos produtos encontram na

natureza a resposta de como será a criação de ecoinovações.

A rede da Figura 11, apresentada abaixo, é composta por três códigos com

um total de 6 citações e demonstra como a empresa pesquisada se baseia na

natureza e utiliza a biomimética para o desenvolvimento de seus produtos,

encontrando na natureza uma fonte de resposta para a resolução de desafios de

ecoinovação. A Rede 11 destaca três produtos que foram desenvolvidos a partir da

observação da experiência da natureza, de plantas, da pele humana e da terra.

Figura 11 - Rede Biomimética

Fonte: Dados da pesquisa.

O posicionamento da empresa em relação à sustentabilidade é demonstrado,

inclusive, em sua logo, na qual é constituída por um globo com uma gota de água no

centro, uma tentativa clara de deixar visível aos consumidores quais são seus

valores e objetivos, conforme menciona o entrevistado 2:

“[...] Se você olhar a nossa logo, a logo ela é um globo, certo? Se você olhar o centro dela ela forma uma gota (de água). Então, é justamente isso que se baseia, um pouco dos nossos pilares né? O globo que representa o mundo, representa a biodiversidade e representa a natureza para a gente. E a gota ali como centro mesmo, como concentração, como insumo, como pureza. Então, ela tem essa forma ovalada e interligada, entre a logo ali, justamente por isso [...]” (Entrevistado 2).

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Muito do conhecimento da empresa pesquisada é baseado em suas

experiências próprias e na inspiração da utilização de insumos da natureza pelos

povos indígenas, para cura ou mesmo para a beleza. Pode-se observar que tais

conhecimentos vão ao encontro da Teoria Evolucionária da Inovação, em que o

conhecimento adquirido por gerações passadas é repassado e adaptado às

gerações futuras. Uma forma de resolução de problemas é por meio do

biomimetismo, que consiste em não só extrair os recursos da natureza, mas

aprender com ela, evoluindo assim nas formas de cultivo de plantas, na geração de

energia, na cura de doenças e também dos modelos de negócios, o que corrobora

com as afirmações de Detanico, Teixeira e da Silva (2010).

No caso da empresa pesquisada, a proprietária e também diretora nasceu na

cidade de Manaus e carrega consigo conhecimentos adquiridos em sua região

como, por exemplo, o hábito de se evitar remédios químicos, com o emprego de

medicina alternativa por meios de chás e óleos. Esse conhecimento permitiu

entender os benefícios provindos da natureza e com base nisso, desenvolver

produtos ecoinovadores.

Na rede da Figura 11, destaca-se que a empresa pesquisada se inspira na

natureza de três formas: a primeira, baseada nas plantas, com suas essências

naturais e com elas, os benefícios para a saúde e bem-estar; a segunda, baseada

na biomimetização da pele humana, para reproduzir a cor e textura naturais,

mantendo a pureza dos insumos e assim evitando a utilização de química em seus

produtos para tratar a pele; já a terceira, baseada nos recursos da terra, sua

estrutura e benefícios naturais.

Conforme já mencionado, a empresa pesquisada costuma ter como

inspiração para o processo de ideação a própria matéria-prima, a exemplo das

plantas, e busca aplicar os benefícios delas em seu produto.

O entrevistado 2 descreveu aspectos referentes à observação da natureza

para o desenvolvimento dos produtos. Destacou que todo benefício coletado da

natureza como matéria-prima, antes de ser insumo, é também um mecanismo de

defesa e uma característica da planta. Esse mecanismo de defesa pode ser em

decorrência de pragas, ervas daninhas, ou mesmo características próprias do solo.

Tais plantas, com essa ação de proteção, podem ser utilizadas como repelentes e

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são encontradas em basicamente todos os óleos essenciais. Como se pode

observar no relato abaixo:

“[...] a planta antes dela oferecer um princípio ativo, primeiro ela oferece um princípio de defesa para ela. Então quando a planta tem, por exemplo, o potencial repelente... potencial cicatrizante... potencial regenerador. Claro que assim, o universo, o mundo, é um mundo de sobrevivência. Então antes de você oferecer pro outro, você tem que ter pra você certo?” (Entrevistado 2)

Assim, tendo como base o ambiente em que a planta está inserida, as

características compostas são também conhecidas como quimiotipos. Quimiotipos

são características físico-químicas da planta em decorrência da localização do seu

plantio ou crescimento natural, conforme destacado por Julião, Tavares, Lage &

Leitão (2003). A forma de plantio acaba influenciando os benefícios gerados pela

planta, pois o ambiente tem características próprias. Por exemplo, se o terreno for

mais seco, ou tiver maior quantidade de predadores, faz com que a planta se adapte

ao ambiente e, portanto, tenha propriedades distintas.

Os quimiotipos são analisados pela cromatografia, que consiste em um

processo para a separação e análise dos componentes que formam essa planta.

Tais componentes possuem benefícios próprios que vão determinar sua identidade

química, conforme destacado por Lanças (2009), e também, a melhor aplicação para

elas. É possível observar, por meio da Figura 12, a cromatografia do óleo essencial

de laranja doce, utilizado pela empresa pesquisada para o desenvolvimento de

produtos como shampoos, cremes hidratantes e até mesmo o próprio óleo essencial

para uso terapêutico.

Figura 12 – Cromatografia da Laranja Doce

Fonte: Dados secundários da pesquisa.

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A empresa pesquisada aplica essa técnica para o desenvolvimento de óleos

essenciais, contemplando que os óleos das plantas possuem funções terapêuticas e

potencializam a qualidade de vida. Os óleos podem ser extraídos da raiz, caule,

semente, flor e fruto da planta. Em decorrência da sua composição natural, os óleos

possuem alta afinidade com a pele, apresentando rápida absorção.

Um exemplo da aplicação do mecanismo de defesa da planta em um produto

está no desenvolvimento do repelente e hidratante corporal de andiroba. O óleo

essencial da árvore de origem amazônica foi retirado e mimetizado ao produto, de

forma a reproduzir sua propriedade de proteção, estimulada pelo seu ambiente

natural.

As características do ativo natural acabam sendo um tratamento para a pele

em toda a sua extensão, inclusive, a pele humana pode ser referência para o

desenvolvimento dos produtos como, por exemplo, na imitação da cor e textura

naturais da pele, evitando aspecto artificial. Esse elemento é comumente utilizado

para o desenvolvimento de cosméticos. A indústria o chama de ato de biomimetizar,

quando o produto é aderente à pele e demonstra afinidade e naturalidade com os

aspectos naturais, sendo tal produto semelhante à pele humana. Conforme descrito

pelo entrevistado 2:

“Então a gente tem essa biomimetização, essa aproximação da realidade,

essa afinidade com a pele por conta disso, porque tudo acaba sendo o tratamento” (Entrevistado 2).

A aplicação da biomimética está na observação da natureza e a sua forma de

atuação para o desenvolvimento de produtos. Essa interação também ocorreu no

desenvolvimento da linha de produtos Maria da Selva, baseada na árvore Mulateiro

(Figura 13).

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Figura 13 - Árvore Mulateiro

Fonte: Gideão Paisagismo (2020).

Conforme destacado pela empresa pesquisada, a árvore contém fenóis com

grande capacidade antioxidante e regenerativa, que evita o envelhecimento das

células. A empresa criou uma linha constituída por shampoos, condicionadores e

tônicos capilares; e de produtos voltados à pele, como o sérum facial, hidratante

facial e principalmente, o esfoliante facial, que reproduz a ação de retirar as

impurezas da pele e estimular sua regeneração, de forma semelhante ao que ocorre

com a árvore, que se regenera após a descamação. Conforme se pode observar na

descrição abaixo:

“A gente tem uma linha, linha Maria da Selva, o nome da linha, a base dela é de uma árvore chamada Mulateiro, Mulateiro da Várzea o nome, o Mulateiro, ele é uma árvore da Amazônia que uma vez no ano o caule se descasca e ele se regenera sozinho, é conhecido como a árvore da juventude nas índias, com as índias, então ele se regenera e faz todo esse processo sozinho. Então é uma linha com alto poder de regeneração, rejuvenescimento [...]” (Entrevistado 6).

A fala do Entrevistado 6 corrobora com os apontamentos científicos

apresentados por Santos, Ribeiro-Oliveira e Carvalho (2016), que destacam que o

Mulateiro é conhecido como árvore da juventude em decorrência de descascar

anualmente, deixando à vista uma nova textura mais lisa e com o aspecto

envernizado. Esta espécie de árvore é encontrada na Amazônia e é regularmente

aplicada no desenvolvimento de cosméticos como um cicatrizante e rejuvenescedor

natural.

Outra experiência de mimetização da natureza é a Terra, com o exemplo da

argila. A argila apresenta estabilidade, firmeza e plasticidade, estável em diversas

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condições climáticas e geoquímicas. Observando essas características, a empresa

descobriu o potencial da argila, que age como uma camada protetora de pele,

evitando que a poluição seja absorvida e proporcionando purificação. Essa camada

criada pela argila permite a remoção de partículas de poluição acumuladas ao longo

do dia, e também serve como camada protetora da pele quando essa está exposta

ao sol. Dessa forma, a empresa desenvolveu um protetor solar com base, também

conhecido como “BBCream”, uma forma física de proteção solar que ocorre por meio

de uma camada protetora. A empresa utilizou ainda a referência das diferentes

cores da argila para fazer a pigmentação do produto.

Esses produtos demonstram o princípio da biomimética de aprendizagem

que, conforme destaca Royer (2013), consiste em aprender com a natureza e a

melhor forma de fazer a extração das matérias-primas. Respeitam-se assim os

períodos de produção de cada insumo, mesmo que com isso ocorra sazonalidade na

produção e distribuição de determinados produtos. Com base nos exemplos

mencionados no presente capítulo, foi possível perceber que a empresa pesquisada

utiliza a natureza como fonte de inspiração para resolver problemas de P&D.

O presente estudo buscou corroborar com os estudos sobre biomimética,

temática em estágio ainda incipiente. A literatura, ao tratar de biomimética aplicada

para a resolução de problemas no desenvolvimento de cosméticos, apresenta como

solução as plantas e características fisiológicas da pele como, por exemplo, no

estudo de DellAcqua e Schweikert (2012). Contudo, pouco se fala dos elementos

naturais provindos da terra e do solo como inspiração para o desenvolvimento de

cosméticos, como, por exemplo, o uso da argila como protetor natural dos raios

solares. Dessa forma, este estudo acrescenta novos conhecimentos para essas

soluções baseadas nas condições da terra e para o desenvolvimento de projetos

ecoinovadores que utilizam a biomimética.

4.3. OBJETIVO 3 - Identificar as barreiras e os facilitadores da implementação de

ecoinovações em uma empresa fabricante de cosméticos

O terceiro objetivo deste estudo foi “Identificar as barreiras e os facilitadores

da implementação de ecoinovações em uma empresa fabricante de cosméticos”.

Conforme especificado no Manual de Oslo (2006), a inovação ocorre a partir da sua

implementação. A implementação de ecoinovações que possuem o objetivo do

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desenvolvimento sustentável apresentam barreiras e facilitadores específicos, que

foram investigados neste estudo.

Por meio da Figura 14 é apresentada a rede de barreiras da ecoinovação. A

Rede foi composta por 4 códigos com um total de 102 citações. Tendo como base

os dados coletados nas entrevistas, é possível perceber a relação entre os

diferentes tipos de barreiras, que interferem diretamente na implementação de

ecoinovações em diferentes níveis, podendo envolver agentes externos ou

unicamente a própria organização. Foram constatados quatro grupos de barreiras:

de mercado, de matéria-prima, governamentais e fatores internos da empresa;

conforme será tratado adiante.

Figura 14 – Rede Barreiras da Ecoinovação

Fonte: Dados da pesquisa.

No decorrer das entrevistas, foi observado que as ecoinovações têm ganhado

espaço no mercado em decorrência da demanda dos consumidores. Porém, ainda

existem barreiras de mercado como, por exemplo, a concorrência por empresas

tradicionais. A tradição do mercado faz com que consumidores escolham produtos

de empresas que estão mais tempo no mercado.

Outra questão é o tamanho dos lotes produzidos, pois, empresas de grande

porte produzem em maior quantidade, conseguindo assim custos mais baixos para

os insumos, que afetam diretamente no valor do produto final. Isso dificulta a

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empresa pesquisada em manter seus preços competitivos, se comparado a

empresas tradicionais. Conforme mencionado pelos entrevistados 2 e 4:

“[...] eu acho que infelizmente a gente está num dilema em quem paga mais leva, sabe? Então são empresas muito grandes de cosméticos, dermocosméticos famosas e conhecidas internacionalmente conseguem bancar o mercado [...]” (Entrevistado 2) “[...] como os produtos tradicionais e as grandes empresas conseguem ter um custo bem menor, porque os produtos naturais, como eu mencionei, a gente depende mundo dos produtos locais, e as produções locais nem sempre são baratas porque eles têm um plantio reduzido, né? O processo de extração deles é diferenciado, então também acaba acarretando no valor do produto final. Em muitos casos a gente não consegue competir hoje com os produtos comuns, de rede normal [...]” (Entrevistado 4).

Esta dominação por empresas tradicionais no ramo acaba afetando inclusive

a produção. Observou-se que as empresas tradicionais também estão adotando o

posicionamento em defesa ao meio ambiente e oferecem ao mercado produtos com

menor impacto ambiental. Empresas tradicionais têm se adaptado para conseguir

atender a esse público utilizando como referência certificações como o Ecocert, e

utilizando como estratégia, a ampliação da divulgação de suas medidas

sustentáveis. Contudo, uma vez que essas empresas adotam medidas mais

sustentáveis, a empresa pesquisada tem, como consequência, a perda de seus

fornecedores, inviabilizando assim as suas produções.

Outra barreira relacionada aos fornecedores se diz respeito à sazonalidade da

produção. Dessa forma, o insumo fornecido para a empresa pesquisada falta ou tem

estoque inconstante, afetando diretamente a disponibilidade do produto no mercado.

Foi identificado ainda que alguns fornecedores, em busca de lucro rápido,

ofereceram à empresa matérias-primas adulteradas, determinando a necessidade

de maior atenção por parte da empresa em relação à matéria-prima, conforme se

pode observar nas citações abaixo:

”[...] muitas vezes, quando a gente vai procurar um fornecedor, ou a gente fecha parceria com um agricultor, um dos nossos entraves de relação é que a gente consegue o ativo por um determinado período, ele estabiliza na cadeia produtiva para a gente, a gente consegue manter um, dois, três, quatro lotes. Daí um ano depois do lançamento do produto, o item começa a faltar, e a gente já tem todo um posicionamento de mercado, todo um trabalho feito por trás, o pessoal buscando aquilo e aí um ano depois, quando a gente chega num ápice da referência do mercado, quando o produto já está estabilizado em prateleira, daí ele começa a faltar. Isso é uma das coisas que mais impacta para a gente [...]” (Entrevistado 2). “[...] as principais (barreiras) assim são produtores, produtores de confiança, digamos assim, porque existem produtores nossos de confiança, mas, por

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exemplo, choveu, alagou a plantação, a gente tem que procurar uma alternativa. A gente tem uma linha de produtores, mas tem produtor que diz: ‘ah isso é puro!’. E daí a gente vai fazer o teste e não é [...].” (Entrevistado 6)

A ausência de fornecedores acaba ocorrendo também em decorrência da

forma de produção da empresa investigada. Uma vez que, os insumos naturais e

orgânicos são perecíveis, não podem ser estocados por longos períodos. As

empresas necessitam de pequenos lotes com rápida saída para que não ocorra

desperdício de matéria-prima e custos de armazenagem. Os grandes lotes são

também uma barreira, devido à perecibilidade dos produtos orgânicos que, pela

ausência da utilização de química, têm como validade média dois anos, período

curto para o escoamento de toda produção. Porém, os fornecedores costumam ter

uma quantidade mínima para venda, dificultando assim o acesso à matéria-prima em

lotes menores.

Ainda observando a matéria-prima, um elemento importante para a empresa é

a importação. Em busca de determinadas propriedades dos insumos decorrentes

do seu local de plantio, faz-se necessário a importação de insumos para alcançar o

quimiotipos desejados. Porém, a importação impõe a compra de quantidade mínima

de insumos para que a operação, especialmente o transporte, seja viável ao

fornecedor, afetando a aquisição de matéria-prima pela empresa pesquisada. A

quantidade mínima afeta a compra dos insumos, embalagens e os processos

produtivos em pequenas quantidades.

“[...] muitas vezes o nosso limitante é a quantidade mínima [...] a gente quer desenvolver uma coisa que vai ser muito legal pra gente, mas a quantidade mínima é 50 mil, é 20 mil, daí o valor não tem fluxo de caixa para fazer esse aporte e muitas vezes a gente precisa fazer uma escolha que não é o ideal, por uma questão de aporte e, além disso, de fluxo de caixa. Mesmo que tivesse dinheiro, tem uma outra questão, que é o porte da empresa, que é o tempo pra girar o produto [...].” (Entrevistado 1) “[...] A validade também pode ser uma barreira dos produtos orgânicos, hoje a grande maioria são dois anos de validade só, então a gente tem que fazer nosso comercial estar muito ligado com a nossa produção, porque a gente não pode ter estoque né? Então são produtos com essa validade, tem produto com até um ano de validade, então a gente tem que vender nesse meio tempo. E a gente sabe que o nosso cliente ele é assim muito crítico ele vai ver a validade a fabricação, então a gente tem que vender em menos de um ano esse produto que vai ter a validade de dois anos, né? E os produtos que tem validade de um ano, a gente tem que vender em três meses para a pessoa se sentir confortável em comprar [...] (Entrevistado 3)

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Observando o quesito importação, a oscilação do dólar também é uma forma

de barreira para a implementação de ecoinovações. No caso da empresa

pesquisada, que importa parte dos seus insumos, a inconstância do valor do dólar

dificulta o acesso à matéria-prima. Pois existe dificuldade em repassar os custos

derivados da oscilação cambial para o cliente, dessa forma, a empresa acaba

absorvendo os custos adicionais. Tal circunstância acaba afetando diretamente na

lucratividade da empresa e dificulta o planejamento orçamentário para a produção,

conforme destacado pelo entrevistado 6:

“[...] (barreiras) nos impostos e na oscilação do dólar, porque o cliente não pode pagar pela oscilação do dólar, a gente tem que arcar. Por exemplo, a lavanda, a lavanda original ela é francesa, mas ela é comprada a preço do dólar, com o dólar muito alto o preço do produto teria que subir, mas a gente não pode fazer isso, a gente não pode passar para o cliente uma fragilidade econômica do país que afeta a empresa, a gente tem que encontrar uma forma de conseguir segurar isso para ter um menor impacto possível, porque a gente não pode oscilar em preço, como o dólar oscila [...]” (Entrevistado 6) .

Além dos fatores externos já mencionados, as barreiras são compostas

também por fatores internos da empresa. Uma barreira interna é o

autofinanciamento, que afeta estratégias da empresa como, por exemplo, no

marketing organizacional. A empresa pesquisada, em decorrência da sua limitação

econômico-financeira, não consegue fazer grandes divulgações por meio da

comunicação em massa, dificultando o alcance do mercado em larga escala. Ao

contrário das empresas tradicionais, que costumam ser de grande porte, e investem

mais em marketing e propaganda de massa, conforme destacado pelo entrevistado

1:

“Olha, o mercado está mudando, eu tenho a impressão que está mudando. Mas sim, né? Porque por mais que a [empresa] exista há 12 anos e tinha nascido em Curitiba, ainda tem muita gente em Curitiba que não conhece [...].. Exatamente porque a gente não tem o aporte para estar em um veículo de massa, porque a [empresa] não está na Globo, né? No intervalo, não tá lá né? No outdoor pela cidade, essas coisas de comunicação em massa [...]”. (Entrevistado 1)

No caso da empresa pesquisada, ela optou por utilizar unicamente o seu

investimento próprio, como estratégia para manter seus valores e missão. Porém, o

autofinanciamento acaba limitando o investimento em projetos ecoinovadores.

Dessa forma, ao adotar uma produção própria, sem a utilização de empresas

terceirizadas para a produção de seus produtos, a empresa percebeu essa

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limitação, tendo que fazer financiamentos para conseguir iniciar suas atividades.

Destaca-se assim, a insuficiência de fluxo de caixa para financiamento dos projetos

de ecoinovação.

O baixo orçamento para projetos de ecoinovação acaba determinando que os

projetos sejam feitos por pequenas equipes, levando a sobrecarga de atividades

para desenvolver as ecoinovações e determinar o maquinário de produção e os

insumos. O exposto pode limitar as possíveis melhorias na produção, como projetos

que utilizam energia renovável e água da chuva, que já foram mapeados pela

empresa, mas que não foram colocados em prática devido à falta de recursos

financeiros, conforme destacado pelos entrevistados 3 e 4:

“Quando você falou de energia, é claro que a gente poderia estar falando de energia solar já também né? Mas são investimentos altos, a gente já tem projeto e são projetos feitos para isso, a gente não quer estacionar, até porque a gente sabe que a gente consome uma energia que poderia ser a outra, que poderia ser a solar [...]” (Entrevistado 3). “[...] Então, em relação a maquinário tem muitas coisas que podem melhorar sim, mas o investimento é muito alto e a gente não está em busca disso, no momento” (Entrevistado 4).

Nos dados coletados pelas entrevistas, foi possível identificar também uma

barreira de qualificação técnica, observado na dificuldade de se encontrar

profissionais que tenham experiência no desenvolvimento de produtos naturais e

orgânicos. Embora existam profissionais qualificados e com ampla formação, há

dificuldade de se encontrar profissionais com interesse em orgânicos (química

verde), e quando identificado, normalmente possui pouca experiência profissional.

Umas das possíveis justificativas é o fato de os cosméticos com enfoque sustentável

serem ainda novidade no mercado brasileiro, conforme citação abaixo:

“Muitos farmacêuticos, o mercado está cheio de profissionais excelentes que trabalham com a produção de cosméticos, mas eles não trabalham com cosméticos orgânicos [...] então um profissional que queira fazer isso é muito difícil, que queira, não só queira, mas que saiba, porque ele tem que ter conhecimento de ativos naturais e é um mercado muito novo [...].” (Entrevistado 6)

Produtos naturais e orgânicos necessitam de cuidados especiais em

decorrência das suas características, por exemplo, tendem a evaporarem mais

rápido e a ausência do plástico acelera o processo de evaporação. Portanto, a

retirada do plástico resultará em menor durabilidade e ocorrerá alteração das

propriedades dos produtos. A empresa pesquisada também se preocupa em não

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gerar resíduos, no processo de produção tem como uma de suas maiores

preocupações as embalagens, evitando materiais que não possam ser reciclados e

utilizando insumos naturais que, em caso de descarte nos esgotos, não produza

resíduos tóxicos.

Observando isso, a empresa optou pelo uso de embalagens de plástico

biodegradável como forma de minimizar o impacto ambiental. Porém, tal escolha

não atinge o resultado esperado, pois a compostagem desse material necessita ser

feita por máquinas específicas, em forma de compostagem industrial. Não podendo

essa reciclagem ser feita pelos próprios consumidores, a possibilidade do descarte

ser feito em lixões e aterros sanitários faz com que não exista a garantia do descarte

limpo, mesmo que o produto seja biodegradável, gerando resíduo nocivo ao meio

ambiente. Tal dificuldade se mostra uma oportunidade da aplicação de novos

conhecimentos sobre outras tecnologias de embalagens para a empresa

pesquisada.

Pode-se observar, também, a falta de cooperação tecnológica como

barreiras da implementação de ecoinovação para a empresa, pois, em situações

como na substituição do plástico nas embalagens, que poderia ter sido resolvida

com a cooperação tecnológica com universidades ou institutos de ciência e

tecnologia, ou parceiros da cadeia de valor. A cooperação tecnológica também

poderia auxiliar a resolução de outros problemas de ecoinovação, como a

substituição do plástico-bolha. Embora o plástico-bolha seja eficaz no quesito

proteção do produto, e que se descartado de forma correta, não gera resíduo,

costuma ser descartados de forma incorreta, não sendo feito a sua devida

reciclagem. Sendo assim, a empresa buscou alternativas, principalmente as que

permitissem a compostagem feita pelo próprio cliente. Porém, as soluções, ou não

atendiam as necessidades básicas como a proteção do produto, ou custam valores

inacessíveis à organização, não encontrando a solução desejada.

Conforme já mencionado, uma possível solução para as necessidades em

decorrência da falta de conhecimentos tecnológicos, ou mesmo para o

desenvolvimento de tecnologias para a produção, seria o trabalho em conjunto com

organizações de pesquisa. Porém, conforme os entrevistados destacaram, essa

cooperação é basicamente inexistente, pois são poucos os órgãos que demonstram

interesse no desenvolvimento de pesquisas com a empresa, conforme se pode

observar nas citações seguintes:

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“[...] por exemplo, eu não posso utilizar nanotecnologia, a nanotecnologia ela é muito presente em cosméticos para misturar, para mistura de produtos, mistura de ativos, para potencializar alguns ativos, para potencializar efeitos e a gente não pode utilizar nanotecnologia, porque a nanotecnologia ela tem um processo químico no meio, então a gente não pode utilizar por conta da certificação, então a gente precisa muito mais da tecnologia e a gente tem muito menos desse tipo de tecnologia [...].”(Entrevistado 6). “[...] Um terceiro fator [barreira], não acho que seja uma dificuldade para todo mundo, mais um fator que eu deixaria de alerta, são as próprias pesquisas científicas [...].” (Entrevistado 2).

Essa ausência de pesquisas leva a falta de conhecimento por parte da

empresa e dos fornecedores, acarretando na falta de informação externa de

tecnologia em produtos e processos; limitando as formas de produção; as

possibilidades de ecoinovação; a escolha dos insumos; as embalagens utilizadas; e

até mesmo o plantio da matéria-prima.

A falta de colaboração com organizações de pesquisa tem como

consequência a limitação da inovação em processos produtivos da empresa, pois,

por meio de pesquisa seria possível adquirir novos conhecimento para tornar a

produção menos manual, mais ágil, reduzindo ou gerando nenhum impacto negativo

ao meio ambiente.

Foi identificado, também, barreira nos custos e certificações, relacionada

aos fatores internos da empresa. Pois, se fazem necessários altos investimentos

para que a empresa consiga as certificações de seus produtos e alcançar um

diferencial frente aos concorrentes. Percebe-se que a certificação é de tal

importância que a empresa pesquisada pensa em como certificar um produto

quando este ainda está em processo de ideação, pois, conforme os entrevistados

destacaram, os produtos devem se originar já certificados.

A forma de cobrança das certificações também é uma barreira, pois, quanto

maior o faturamento anual, maior será o preço base para a certificação, conforme se

pode observar nas citações seguintes:

“[...] [Para adquirir a certificação] Primeiro, além de todos os processos que você tem que cumprir junto com a ANVISA, ter a autorização de funcionamento, que é a AF, que é um documento super difícil da gente conseguir sem passar por vários critérios de análise, daí você tem que passar pela auditoria do órgão certificador, tem a auditoria de validação e tem que comprovar toda a documentação.” (Entrevistado 2). “É caro, é caro. Pra gente hoje é complicado porque é com base no faturamento do ano anterior que eles cobram a próxima certificação. Como

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a empresa vem crescente todo ano, todo ano é um crescimento muito grande de valor, e hoje a gente certifica a nossa distribuição, nossa loja e a nossa produção. Então são três certificações que a gente precisa, lá na indústria, na nossa distribuição e na loja” (Entrevistado 3)

A alta carga tributária também representa uma barreira de custo para a

empresa, principalmente na escolha dos insumos, pois, o valor da matéria-prima

acaba influenciando o valor final do produto e, consequentemente, nas vendas.

Dessa forma, foi destacado que em algumas ocasiões, em busca de manter o preço

acessível, a empresa optou por mudar a matéria-prima base do produto.

Outra barreira identificada foi a barreira governamental, que desestimula a

empresa pesquisada e ocorre principalmente em países em desenvolvimento como

o Brasil, em razão da ausência de uma legislação para cosméticos 100% orgânicos.

Embora a empresa busque insumos orgânicos e certificações que comprovem a

qualidade dos produtos, ainda assim, não pode denominar seus produtos como

orgânicos, uma vez que, não existe uma lei brasileira que estimule a certificação de

cosméticos orgânicos.

Observando o Brasil, a empresa pesquisada destacou que falta estímulo para

as pequenas e médias empresas. Além da limitação do tamanho da empresa, foi

destacado que os tributos são barreiras para a implementação de ecoinovações pela

empresa e seus fornecedores, em razão da ausência de incentivo fiscal para

inovações com enfoque ambiental. Foi relatado ainda, que tal posicionamento do

país leva estrangeiros a terem maior interesse pelos recursos naturais do país, se

comparados aos próprios brasileiros, conforme citação abaixo:

“[...] cosmético natural-orgânico, em 2007, 2008/2008 só existiam duas empresas brasileiras, que só exportavam. Tinham comércio interno, não tinha comércio nacional [...].” (Entrevistado 5) “[...] a gente não começou produzindo, a gente começou vendendo produtos de outras marcas era como se a gente fosse uma multimarca, que vendia produtos desse mesmo segmento, mas que fossem de marcas que fabricavam no Brasil, mas só vendiam fora, só exportavam, era fabricado no Brasil, exportava, daí a gente tinha que importar de volta para conseguir vender aqui [...].” (Entrevistado 6)

Há também, a barreira do acesso limitado a subsídios e financiamento para

a criação e implementação de ecoinovações. Elemento esse que afeta a empresa e

seus fornecedores de insumos, que são agricultores, que têm dificuldades com o

investimento nas plantações. Como causa, foi apontada a falta de interesse por

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parte do governo em relação a inovações com um enfoque sustentável, destacando

que, o governo possui interesse no lucro rápido para geração de impostos, e,

portanto, ainda não apoia medidas ecoinovadoras que necessitam de altos

investimentos e tendem a dar retornos em longo prazo. O governo não apoia,

portanto, linhas de financiamento verde em bancos públicos privados, e não geram

subsídios via fundos perdidos que favoreçam iniciativas ecoinovadoras, conforme

citações sequentes.

“Então eu acho que o governo ele é limitado a outros setores, dentro da economia, ele não está ali nessa parte do vegano, do orgânico, do bem-estar e da saúde. Ele está visando mesmo, o lucro, a tecnologia, o desenvolvimento rápido é isso que o governo quer. [...] eu acho que falta muito ainda pro governo apoiar uma ideia original e tão pra frente que é essa dos produtos orgânicos” (Entrevistado 7). “[...] a gente conversa com o pessoal da Emater e como a gente tem muito contato com o produtor, a gente sente muito bem a dificuldade, o investimento para plantar, enfim. É tudo muito, muito limitado, né? Então, falta, eu sinto falta sim desse apoio do governo para a agricultura, principalmente a agricultura orgânica [...]”. (Entrevistado 5)

Conforme destacado por Pinget, Bocquet & Mothe, (2015), a temática

“barreiras de ecoinovação” ainda está em estágio incipiente na literatura. Dessa

forma, o presente estudo acrescenta achados à temática, apresentando as barreiras

de ecoinovação em um país em desenvolvimento, buscando assim comprovar a

afirmação de Kesidou & Demirel (2012), que destacam que ecoinovações são mais

facilmente implementadas em países desenvolvidos em decorrência do apoio

governamental, aspecto que foi verificado e comprovado no decorrer das

entrevistas.

Os facilitadores, ao contrário das barreiras, são elementos que estimulam e

facilitam as empresas a implementarem ecoinovações. Conforme é possível

identificar na Rede 15, esses facilitadores foram classificados como os de mercado,

comunicação, gestão ambiental, legislação e inovação tecnológica, categorias que

tiveram um total de 160 citações.

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Figura 15 – Rede Facilitadores de Ecoinovação

Fonte: Dados da pesquisa.

Na empresa de cosméticos investigada, inicialmente se observaram os

facilitadores de mercado. Nos dados coletados foi possível perceber a pressão de

mercado, em que os consumidores estão exigindo que as empresas utilizem menos

plástico, menos embalagens e produzam produtos menos nocivos. É possível notar

um perfil de consumidor mais consciente e exigente, que busca entender o que está

consumindo e que também busca bem-estar. Essa mudança de comportamento do

consumidor pode ser justificada pelo número crescente de doenças, que se supõe

ter origem no uso de química em excesso. Inclusive, no período de pandemia

mundial enfrentado no ano de 2020, a empresa pesquisada notou o crescimento de

consumidores preocupados com a saúde e cuidado pessoais, buscando produtos de

origem natural e/ou orgânica.

No decorrer da entrevista, foi possível perceber que os consumidores dão

feedbacks constantes sobre os produtos da empresa, e chegam até a exigir algumas

alterações nas formulações e dar sugestões para possíveis produtos, o que leva a

empresa a sempre inovar para atender a essas necessidades, conforme é

destacado pelos entrevistados 3 e 4:

“A gente vive ai com diversas doenças que vem a partir de muita química, câncer, muitos tipos de câncer estão ligados à absorção de química pela pele, a pele absorve muita coisa ruim, então a gente vê hoje muitos clientes que já tiveram câncer, que procuram esses produtos orgânicos e dão um

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feedback muito positivo, pessoas com alergias e muita gente com alergia a desodorante principalmente, a gente atende muita gente com alergia, atores dessas doenças que foram provocadas por antigos produtos comuns, que existem até hoje no mercado, então foram nossos facilitadores para nós entrarmos nesse nicho de mercado para realmente fazer o bem-estar [...]” (Entrevistado 3) “[...] se a gente não tivesse os questionamentos e o interesse do consumidor final, nem sempre a empresa ia estar sempre buscando melhorias, né? Então, muitos clientes nossos são muito preocupados com meio ambiente, com reciclagem se dá para compostar, ou não, aquela embalagem. Então, eles mesmos influenciam a gente a ir atrás de melhorias, atrás de fornecedores novos, novas tecnologias, para melhorar sempre os nossos produtos.” (Entrevistado 4)

Contudo, a pressão não ocorre unicamente pelos consumidores, nota-se uma

pressão por parte dos fornecedores e concorrentes. Nesse cenário, até mesmo

empresas tradicionais têm se adaptado para tentar atender às novas demandas,

pois estão vislumbrando essas novas exigências, o que demanda ainda mais

atenção para empresas que se posicionam como ecoinovadoras. Inclusive, percebe-

se que a empresa, em decorrência do seu posicionamento, tem ganhado destaque

no mercado, recebendo até mesmo propostas de possíveis sócios e investidores.

Um exemplo sobre a influência da pressão de mercado foi o desenvolvimento

da linha de maquiagem da empresa estudada. Inicialmente, a empresa tinha como

enfoque shampoos, óleos essenciais e cremes faciais. Porém, observando os seus

concorrentes, a empresa entendeu a necessidade de começar a produzir

maquiagem, conforme se pode observar no relato do entrevistado 3:

“[...] um pouco é influência de mercado sim, como todas as outras empresas. O mercado está sempre mudando, então a gente precisa mudar junto né? Ninguém fica parado. É uma mudança necessária tanto no mundo orgânico, quanto no mundo sintético [...].” (Entrevistado 3) “[...] eles [os concorrentes] estão caminhando para o lado do orgânico porque viram que orgânico, entre aspas, eles viram que está crescendo muito e o cliente né e o consumidor está vendo a importância de consumir produtos sustentáveis, produto orgânico, produto natura. Pode ver que nas grandes empresas, até a própria aqui de Curitiba do Paraná, as grandes né, já estão indo para essa linha mais sustentável né? Então a gente vê que já ouve interesse com a nossa própria empresa de adquirir, então a gente sabe que está havendo essa necessidade né? De eles irem por outro caminho, um caminho mais sustentável, um caminho do produto mais natural, porque o cliente está, cada vez está mais, atento a isso.” (Entrevistado 3).

Essa demanda dos consumidores, juntamente com a demanda de

fornecedores e a concorrência, auxilia na formação da rede de inovação. No caso

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de Curitiba, em decorrência de a Capital ser símbolo do pioneirismo em cosméticos

verdes e no quesito inovação, leva à criação de um ecossistema de inovação verde,

por meio de redes de inovação.

A empresa pesquisada coopera com empresas parceiras para fazer a devida

reciclagem de suas embalagens. Inclusive, por meio da reciclagem de suas

embalagens, foi desenvolvido o projeto das saboneteiras, o nomeado projeto Re-

Use. Esse projeto consiste no estímulo do descarte correto pelos consumidores, em

que a empresa oferece um desconto de 10% no preço do produto a cada três

embalagens devolvidas. Essas embalagens, por sua vez, vão para uma empresa

parceira que faz a reciclagem das mesmas e das sacolas plásticas verdes,

justificando, assim, a coloração das saboneteiras.

Figura 16 – Saboneteira – Projeto Re-Use

Fonte: Dados secundários

A diretora da empresa estudada, por ter nascido e trabalhado na região norte

do país, tem vários parceiros para o desenvolvimento dos seus produtos. Essa rede

de parceiros aumenta a partir da cooperação no desenvolvimento de projetos

paralelos, como o projeto Fito, da Fiocruz, para plantação de ervas medicinais em

regiões que antes eram utilizadas para o plantio de tabaco e soja. Por meio dessas

redes de inovação, a empresa consegue parceiros para o desenvolvimento dos seus

produtos.

A empresa possui vínculos, também, com órgãos como o Ministério da

Agricultura e Pecuária - MAPA; o Instituto de Tecnologia do Paraná - Tecpar; a

Associação de Certificação Instituto Biodinâmico - IBD; a usina Itaipu; além dos

pequenos agricultores, como os da cidade de São Pedro da Aldeia, para a extração

de pimenta. Também possui uma rede de inovação com cooperativas e com o

SEBRAE-PR, esse, inclusive, apontado como o principal parceiro da empresa

pesquisada. O último lançamento da empresa, o óleo de tangerina verde, surgiu de

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uma sugestão do SEBRAE-PR, ao perceber que os produtores da cidade de Cerro

Azul perdiam parte dos seus insumos. O SEBRAE-PR, então, solicitou à empresa

um projeto de reaproveitamento das tangerinas, que estimulou o desenvolvimento

do óleo de tangerina verde.

Essa rede de inovação busca, também, apoiar o pequeno produtor, para que

consiga crescer e não ter a sua produção subvalorizada. Dessa forma, a empresa

pesquisada implementou um projeto em que os produtores recebem 50% do lucro

das vendas, para incentivá-los na manutenção das produções, conforme citações

abaixo:

“[...] a gente lançou um óleo essencial junto com uma cooperativa. Cerca de oito meses de muito trabalho, convencer o produtor que está cansado de ser enganado. E hoje o que que a gente conseguiu? a gente conseguiu que o produtor ele ganhasse na ponta da venda, não é só aqui com a cooperativa, todo óleo que eu vender eu vou passar, vou repassar uma parte desse lucro, aliás, uma parte não, 50% do lucro com eles, porque a matéria-prima foi toda construída em conjunto [...].” (Entrevistado 5) “[...] [a diretora da empresa] ela tem uma veia assim de sustentabilidade e projetos rurais muito fortes. Então, como ela trabalhava no MAPA, que é o Ministério da Agricultura, em Brasília, então ela acaba tendo muitos contatos pra regionais. Trabalhou com população ribeirinha em Manaus, então trabalharam muito a questão do extrativismo. Ela acaba tendo uma ligação forte com esses produtores locais e acaba fazendo um networking rico [...].” (Entrevistado 2) .

Observou-se que a empresa está atenta a demandas sustentáveis e busca se

posicionar de acordo a essas demandas, para manter a imagem da empresa.

Portanto, a demanda do consumidor também está atrelada à imagem da empresa

que, em decorrência do seu enfoque ambiental, busca ter boa imagem no mercado,

demonstrando que suas produções prezam pelo meio ambiente e pelo bem-estar da

sociedade. Mostrando assim, um dos seus principais diferenciais frente à

concorrência, conforme destacado pelo entrevistado 1:

“Olha, pesa muito a imagem pública da empresa, tem algumas coisas que a inovação quando a empresa se propõe a ser vegana, orgânica, é um público muito mais exigente. Então se a gente vê que aquilo tá impactando como o público vê a empresa, se recomenda ou se não compra mais, é algo que: Tá a gente vai reduzir a margem de lucro, mas vamos mudar isso daqui, precisa ser mudado. [...].” (Entrevistado 1)

Outro facilitador é a exportação. O Brasil é reconhecido no exterior por suas

riquezas naturais, sobretudo, em decorrência da floresta Amazônica, foi destacado

nas entrevistas que existe uma ampla procura no exterior por produtos naturais e

orgânicos, destacando que a Europa já é um mercado estabelecido. Por esse

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motivo, empresas brasileiras de produtos naturais e orgânicos vendem unicamente

no exterior em decorrência da alta procura e da valorização do produto brasileiro.

Conforme o entrevistado 3 destaca nas citações abaixo:

“[...] Um facilitador é a própria Amazônia né? A gente tem uma gama, a gente tem parceiros do norte do país que são produtos que se vendem sozinhos, são matérias primas que basta colocar num produto e já se vende, por falar de Amazônia, pode ser um facilitador. A gente tem a maior floresta do mundo aqui no nosso pais [...]” (Entrevistado 3) “[...] eu vejo muita gente de fora que é muito interessada nos produtos assim, por essa questão de como a gente já trata a natureza, né? Então a gente tem clientes finais, um exemplo de cliente da Suíça que ele compra o nosso condicionador de copaíba ele fez até uma música para a nossa linha de Copaíba, então eles são apaixonados mesmo, então eu não sinto muito isso daqui, claro que existe. Mas eu sinto que quando a pessoa é de fora e é apresentada aos nossos produtos, existe um brilho de olho muito maior” (Entrevistado 3).

Outro facilitador é a comunicação da empresa, tanto no ambiente externo,

com o vínculo com os seus consumidores, quanto no ambiente interno, em

decorrência da facilidade de comunicação dentro da empresa, entre seus

colaboradores.

A empresa busca estar em constante comunicação com os seus

consumidores. Em busca de coletar a opinião do consumidor, a cada compra

efetuada, o cliente recebe um questionário que abrange questões sobre a entrega,

atendimento e qualidade dos produtos. Por meio dessas respostas a empresa busca

melhorar os aspectos destacados pelos clientes. Em algumas situações a diretoria

entra em contato com o cliente para entender o seu posicionamento e assim

melhorar suas produções. Conforme se pode observar nas citações seguintes.

“[...] Hoje, as redes sociais no geral são o nosso grande campo de coleta e o como eu te disse, o cliente é muito participativo, ele gosta de ter a história dele junto com a gente [...].Tanto que quando a gente explica para o cliente porque o produto está indisponível, ou porque ele teve uma alteração de formulação, ele acaba sendo muito compreensível, então ele levanta a bandeira junto com a gente.” (Entrevistado 2) “[...] E tem cliente que liga para nós e fala: ‘Nossa, muito obrigado’ e agradece, dá dicas e fica buscando a gente, daí dá aquele ânimo de aprender para passar para a pessoa. E eu acho que da parte de produção, é o conhecimento da nossa equipe que tem sobre o material né? A gente tem um pessoal qualificado mesmo na nossa indústria, são todos muito bem estimulados, porque estão sempre querendo um pouco mais, um pouco mais, um pouco mais e ali a amizade entre o pessoal é muito legal, o pessoal se dá super bem [...].” (Entrevistado 7)

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A comunicação com os consumidores é facilitada pelas redes sociais. Por

meio delas, é possível ter um contato direto com o cliente, entendendo seus

questionamentos, insatisfações e o que estimula o seu consumo. É relevante

perceber, por exemplo, que na dificuldade de obtenção de matéria-prima devido à

sazonalidade, tal situação é explicada e exposta como limitante da natureza, o

próprio cliente acaba apoiando a empresa, situação essa que pode ser explicada

pela comunicação constante com o cliente, e dá a sensação de pertencimento.

Assim, a comunicação é uma ferramenta estratégica para as ecoinovações da

empresa.

A comunicação é um facilitador também para processos internos. A empresa

pesquisada trabalha com quatro setores principais, sendo eles: financeiro, comercial,

marketing e produção; usa-se como estratégia trabalhar com os setores conectados.

Por exemplo, para o desenvolvimento de projetos, todos os setores são ouvidos e

apresentam suas sugestões, trabalhando em conjunto continuamente.

Conforme destacado pelo entrevistado 3, foi possível perceber que o tamanho

e a forma de trabalho entre departamentos permitem que a comunicação ocorra de

forma instantânea e, dessa forma, a solução também seja mais ágil. Assim, o

envolvimento de todos os setores no processo de pesquisa e desenvolvimento

permite que cada colaborador possa demonstrar as dificuldades dos seus setores e

possíveis melhorias, conforme citação abaixo:

“[...] Desde a parte da compra com o comercial como ele vai se comunicar com o cliente, a nossa indústria aceita ou não aceita; Esse fornecedor se ele realmente é um fornecedor que tá dentro dos padrões que o IBD exige. [...] Porque não adianta a gente investir num fornecedor que a gente sabe que não tem capacidade ou potencial ainda, né? Então realmente, essa conversa entre setores estimula muito essa ecoinovação.” (Entrevistado 3)

A diretoria da empresa apoia essa forma de atuação e está sempre envolvida

com projetos externos com preocupações ambientais e sociais, como é o caso do

projeto Fito já mencionado, que buscou melhorar a qualidade de vida dos

agricultores, assim como fazer produções naturais que tivessem menor impacto

ambiental. Foi destacado que a diretoria reserva parte do faturamento para

reinvestimento em projetos com preocupações sustentáveis, além de ser

participativa nas atividades da empresa.

Destaca-se a importância do facilitador gestão ambiental, que considera a

sustentabilidade como propósito, mesmo em situações em que o retorno financeiro

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ocorrerá em longo prazo. A gestão ambiental estimula os colaboradores a terem

foco e a procurarem inovar de forma sustentável, uma vez que estas preocupações

fazem parte do seu dia a dia, conforme demonstrado pelos entrevistados 6 e 7:

“[...] O fato dele [produto] não ter silicone, não ter parabeno, não ter derivados do petróleo, não ter corante, fragrância sintética, os esfoliantes não terem as esferas plásticas, tudo isso já faz parte do processo natural da empresa, é uma coisa assim que a gente nem pensa mais, porque está tão automático no processo de fabricação e produção do produto, que são itens que a gente nem leva em consideração a se colocar, ou tentar colocar. A gente já não leva mais isso em consideração [...].” (Entrevistado 6) “[...] Ela também é um grande incentivo [a diretora], ela acorda cedo, cedo, cedo e é todo dia, ela vai todo dia, a gente vê isso, está ali, está lutando. É por nós que ela lutando também, não é só por ela, se fosse só por ela, ela voltava para onde estava antes e estava se mantendo. Mas não estaria crescendo, estaria acomodada [...].” (Entrevistado 7)

A ação da organização em prol dos objetivos sustentáveis está conectada aos

princípios e a missão da empresa. O entrevistado 1 destacou, inclusive, que as

preocupações ambientais são intrínsecas às ações da empresa, como um DNA. A

empresa desenvolve inovações com enfoque ambiental de forma natural, pois essa

seria a única possibilidade de atuação diante de seus valores. Percebe-se que os

colaboradores veem a empresa dessa forma e buscam agir da mesma maneira,

gerando, assim, maior engajamento dos colaboradores, fator que é estimulado,

principalmente pela gestão ambiental.

Os colaboradores da empresa pesquisada demonstraram ao longo das

entrevistas terem consciência dos impactos ambientais gerados por cosméticos e

buscam alternativas para evitar que a ação da empresa seja prejudicial para o bem-

estar da sociedade, destacando que o slogan da empresa “Beleza Saudável” diz

respeito à beleza que está atenta ao que o corpo está absorvendo, e como ele é

influenciado pelo meio em que está inserido. Portanto, vale mencionar a consciência

dos impactos ambientais advindos da atuação da empresa como uma forma de

engajamento, conforme destacado pelo entrevistado 6:

“[...] A gente não quer causar algum problema principalmente na natureza, a gente não quer causa algum problema que vá afetar futuramente a gente, então a gente precisa ter o máximo de responsabilidade tanto no corte, quanto na produção do produto, para que gere menos resíduo, para que a gente consiga passar isso para o cliente. Eu não consigo nem falar direito, porque é tão conceitual já nosso, é tão enraizado que é um processo tão natural, que para falar a gente procura muito [...]” (Entrevistado 6)

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Um dos meios utilizados como forma de comprovação dos objetivos e

princípios da empresa são as certificações. As certificações têm se mostrado como

forma de registro para demonstrar a qualidade do produto natural e orgânico,

servindo como selo de qualidade. As certificações emergem da regulamentação,

que, por sua vez, monitora as ações da organização e padroniza o setor.

As certificações e as regulamentações servem como facilitadores ao

delimitarem as trajetórias a serem seguidas pela organização. A empresa

pesquisada utiliza a referência europeia de certificação por meio da Cosmos; e da

Ecocert, que foi a primeira certificadora a trabalhar com produtos naturais e

orgânicos (Cosmos, 2019). A empresa utiliza como referência também a

certificadora mundial Demeter, marca que preza pela qualidade da matéria-prima e

pela interação entre qualidade de vida e consumo consciente, e que é constituída

por membros de diferentes localidades (Demeter, 2019). Além deles, a empresa

utiliza o IBD, reconhecido como a maior certificadora da América Latina (IBD, s.d).

Como destacado pelo IBD (2014), para alcançar a certificação, a empresa

necessita atender a uma série de critérios, como: estar de acordo à legislação

nacional vigente (conforme destacado pelo SEBRAE (2012); a empresa precisa

possuir um espaço, instalações e equipamentos que permitam exercer as atividades;

atender as normas do ministério do trabalho; ter um sistema de garantia de

qualidade; comprovar as condições de higiene pessoal, dos materiais e das áreas

comuns; ter um manual de boas práticas e um setor de recursos humanos

capacitado), os produtos precisam ser formulados com insumos naturais e

orgânicos, mantendo o máximo possível das características naturais da matéria-

prima; evitar danos ao meio ambiente, tanto na etapa de produção como no descarte

final; não testar produtos em animais; não causar malefícios aos seres humanos; e,

ter uma rotulagem clara (IBD, 2014).

A rotulagem também é regulamentada, e não permite que as empresas

descrevam que os produtos funcionam como remédio. Dessa forma, a linguagem

precisa ser clara e explícita em relação aos benefícios dos produtos e de suas

composições.

Essas diretrizes tornam as ações das organizações mais confiáveis,

observando que as empresas devem atender a uma série de exigências que

garantam maior confiança na etapa de produção, conforme mencionado pelo

entrevistado 3:

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“[...] Então hoje o IBD que é esse instituto que é o nosso principal parceiro, então ele, com contato mensal ou a cada 15 dias a gente tem contato com eles, principalmente por causa dessa auditoria, então ele vai até... como por exemplo, de um lançamento que a gente teve de um óleo de tangerina, [...] então vão acompanhar todo o processo e a questão de funcionário, a questão com legislação com funcionário, legislação com meio ambiente. Em compensação, agora, a partir desse produto, eles estão indo desde o início da produção, até o cliente final [...].” (Entrevistado 3)

As certificadoras acompanham o ciclo dos produtos desde sua produção até o

cliente final. Verificam os insumos, as plantações, qualidade da produção - se foi

orgânica ou se possui agrotóxico -; acompanham os processos de produção; e,

chegando ao cliente, observam como o produto chega ao consumidor e qual é seu

nível de satisfação. Esse tipo de análise acaba auxiliando a empresa em melhorias,

e em saber se posicionar no desenvolvimento dos seus produtos.

Todavia, para o desenvolvimento dessas ecoinovações, faz-se necessário o

facilitador inovação tecnológica, que consiste na inovação de processo e de

produto. Neste âmbito, percebe-se grande interesse da empresa pesquisada pela

eficiência de materiais. Quanto mais eficiente for o material, maior a economia da

produção em escala, por consequência, menor será a emissão de carbono ao meio

ambiente; na produção, haverá redução do consumo de água, otimizando a

produção, conforme destacado pelos entrevistados 5 e 6:

“[...] E quando a gente pensa em um desenvolvimento de um produto, a gente pensa em duas coisas, o minimalismo, que é o produto que ele vai servir para várias funções e economia de embalagem, normalmente uma linha ela tem as mesmas embalagens para economia na compra, para economia no carbono, para a gente não utilizar muita energia do carbono, no transporte e otimizar mesmo, a gente tenta otimizar o máximo [...].” (Entrevistado 5) “[...] Então, todo esse processo de desenvolvimento do produto, ele já tem enraizado nele toda essa preocupação de menos uso de água, menos gasto desnecessário de água, diminuição de uso de papel, diminuição de uso de energia, tudo isso a gente procura fazer para que tudo funcione” (Entrevistado 6).

A empresa tem como prioridade investir em bons materiais para a produção

de seus produtos, para que esses alcancem um desejado nível de qualidade. A

busca pela eficiência dos materiais vem da estratégia de se fazer mais com menos,

tenta-se utilizar do mesmo insumo para diversos produtos para que não ocorra

desperdício; que não se tenha a necessidade de diferentes transportes e mais

custos logísticos; para evitar mais emissão de carbono; produzindo assim, diferentes

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linhas de produtos em simultâneo; otimizando o maquinário nos períodos de

produção; evitando o desperdício e economizando energia.

Em busca de materiais mais eficientes, a empresa optou, também, por não

demandar de seus fornecedores embalagens personalizadas para o transporte de

seus produtos, pois, foi identificado que os fornecedores tinham que investir em

processos para personalizar uma produção. A empresa, então, optou por

embalagens genéricas, na qual os fornecedores podem produzir em maior escala e

gastar menos. Destaca-se, portanto, que a empresa investigada também estimula a

eficiência logística na sua cadeia de valor.

Para aumentar a sua eficiência logística gastar menos, a empresa pesquisada

tem buscado novas tecnologias para criação de embalagens. Foi destacado que, a

embalagem mais eficiente é a embalagem que, com menor custo, carrega o maior

número de produtos possíveis. Diminui-se o número de embalagens requeridas, e

por consequência, gera menos poluentes quando descartadas. Em relação às

embalagens primárias dos produtos, a empresa tem visto um potencial na

reutilização das embalagens para novos produtos, e tem buscado inserir no mercado

embalagens que permitam a compostagem, facilitando a utilização e o descarte

pelos consumidores.

As tecnologias de apoio para o desenvolvimento de inovações com enfoque

ambiental, que reduzem o desperdício, ou que permitem reutilizar materiais pós-

descarte, facilitam a implementação de ecoinovações, e estimulam a empresa a

investir em projetos ecoinovadores, vendo um possível retorno financeiro em longo

prazo. Por exemplo, o sistema adotado pela empresa pesquisada para unir a parte

de gestão com a parte de compras resultou na redução do desperdício do papel e

materiais de escritório; e a adoção de maquinário que permite produções

simultâneas, diminuindo custos. Conforme relatado pelos colaboradores 4 e 7.

“[...] Então, por exemplo, eu preciso da reposição de um sabonete, mas eu não vou solicitar só um, a gente produz cinco juntos, pra gente conseguir ter um aproveitamento de matéria-prima, do maquinário e dos funcionários. E aqui a mesma coisa, por exemplo, a gente vai fazer o uso de uma máquina a gente vê quais são os outros produtos, para a gente ter esse aproveitamento na nossa indústria para poder fazer tudo junto” [Entrevistado 4). “[...] O que estimula bastante é em uma parte um maquinário, que é um maquinário de ótima qualidade, um maquinário de ponta que a gente trabalha. Também, apesar do nosso pequeno espaço que a gente tem, as coisas são bem acomodadas, o pessoal fica confortável então. Eu acho que

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foi uma coisa bem planejada inicialmente, sabe? Isso facilitou muito o processo [...]” (Entrevistado 7)

O presente tópico buscou apresentar os facilitadores da implementação de

ecoinovações em uma empresa de cosméticos. Por meio deste, foi possível

perceber um facilitador partindo dos consumidores, principalmente pela pressão de

mercado, que leva até empresas tradicionais implementarem projetos

ecoinovadores. Tal aumento de demanda por inovações verdes auxilia na formação

de rede de inovação, que consiste em um ecossistema de apoio para o

desenvolvimento de ecoinovações. No caso da empresa pesquisada, verificou-se a

cooperação com empresas parceiras, órgãos públicos e com o pequeno produtor;

relacionamento esse que facilita a implementação de ecoinovações.

Os dados coletados reforçaram que o investimento em ecoinovação está

também conectado a imagem da empresa, demonstrando a necessidade de divulgar

a sua preocupação com a natureza e com o bem-estar da sociedade, convergindo

com o posicionamento de Pacheco et. al. (2017). Neste aspecto, um importante

facilitador são as certificações, que auxiliam na comprovação dos objetivos da

empresa para os seus consumidores, servindo como selo de qualidade. As

certificações emergem da regulamentação e cumprem a legislação, auxiliando na

trajetória a ser seguida pela empresa, tal aspecto é ainda novo na literatura, pois

pouco tem se falado sobre a importância da certificação como facilitadora para a

implementação de ecoinovações.

Foi destacada a importância de comunicação direta com o consumidor, de

forma a criar engajamento e com seus colaboradores, que auxiliam nos processos

internos e na resolução ágil de problemas. Em relação aos colaboradores, tal

posicionamento é estimulado pela gestão ambiental, que considera a

sustentabilidade como propósito, e incentiva seus colaboradores a inovarem de

forma sustentável.

Porém, para o desenvolvimento dessas ecoinovações, foi destacado a

necessidade de inovação tecnológica por meio da utilização da eficiência de

materiais e tecnologias de apoio, destacando que a produtividade pode ocorrer por

meio da otimização dos recursos e respeitando o tempo da natureza para a extração

dos insumos.

Observou-se também que para a empresa, mesmo que existam barreiras

relacionadas às políticas governamentais que dificultam a implementação de

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ecoinovações dentro do país, há facilitadores quando se pensa em exportação de

produtos. Países desenvolvidos como a Alemanha, por exemplo, são grandes

consumidores de produtos naturais e orgânicos, tornando esse mercado de

cosméticos verde no exterior acessível para a empresa pesquisada.

Em resumo, os achados classificam as barreiras e os facilitadores de

ecoinovação conforme tabela abaixo:

Tabela 8 – Barreiras e Facilitadores de Ecoinovação

Código Barreiras Código Facilitadores

Governamentais - Legislação - Subsídios e Financiamento

Legislação - Certificação - Regulamentação

Mercado - Concorrência

Mercado - Pressão de Mercado - Rede de Inovação - Imagem da empresa - Exportação

Matéria-Prima - Importação - Fornecedores

Inovação Tecnológica

- Tecnologia de apoio - Eficiência de Materiais

Fatores Internos da empresa

- Custos e Cartificação - Qualificação Técnica - Autofinanciamento - Cooperação tecnológica

Gestão Ambiental - Gestão Ambiental

Comunicação - Comunicação

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5. CONCLUSÕES

Neste capítulo são apresentadas as conclusões do presente estudo, à luz dos

objetivos geral e específicos e da pergunta de pesquisa. Também apresenta as

limitações do estudo e as sugestões de pesquisas futuras voltadas à ecoinovação na

indústria de cosméticos.

O objetivo geral deste estudo foi “Identificar como ecoinovações tecnológicas

são implementadas em uma empresa de cosméticos”, observando as barreiras e os

facilitadores da etapa de implementação. Para atender ao objetivo, foi realizado um

estudo de caso em profundidade em uma empresa curitibana reconhecida por suas

medidas ecoinovadoras e que tem sustentabilidade como estratégia principal para o

desenvolvimento dos seus produtos.

Os resultados demonstraram que a pesquisa e desenvolvimento verde são

constituídos pelas etapas de ideação, pesquisa, prototipagem, testes, indicações às

adaptações necessárias, e por fim, a certificação e registro do produto. Observou-se

que as etapas podem ocorrer de acordo à necessidade, podendo ser retomadas ou

seguidas de acordo à satisfação da empresa em relação aos resultados.

Conclui-se que, do ponto de vista de P&D Verde, a empresa pesquisada

segue etapas semelhantes à P&D tradicional, destacada pela OECD (2006). Dessa

forma, o estudo confirma a abordagem de Chen, Wang & Zhou (2019), ao

destacarem que o diferencial de P&D tradicional de P&D Verde é o enfoque

ambiental e o conceito sustentável (ecodesign) por trás de cada etapa.

Verificou-se também que a forma de pesquisa que se sobressai é a pesquisa

exploratória, ou seja, a empresa vai a campo verificar as possibilidades de produção.

Quanto a etapa final, de certificação e registro do produto como pertencente à P&D

Verde, é pouco explorada na literatura. O presente estudo identificou que, para a

empresa pesquisada, a etapa funciona de forma complementar aos testes, pois a

certificação é de tamanha importância que em casos quando o produto não é

certificado, o projeto retorna para a etapa de adaptação, alterando assim sua

produção final.

As etapas de P&D Verde ocorrem pelo processo de iteração, que consiste na

repetição de etapas até que o objetivo seja alcançado, respeitando o objetivo da

sustentabilidade; estando assim, de acordo ao apontado por Sun et al (2020), ao

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mencionar que a P&D Verde exige testes constantes para o alcance do resultado

esperado.

Quanto aos desafios da pesquisa e desenvolvimento (P&D) Verde de

cosméticos resolvidos a partir de biomimética, os achados demonstraram que a

empresa pesquisada utiliza-se dos benefícios das plantas pela análise dos seus

quimiotipos para desenvolver seus produtos. Usam os como inspiração na sua forma

natural, como por exemplo, o mulateiro. A árvore e sua descamação anual natural

serviram como uma referência para o desenvolvimento de novos produtos. Concluiu-

se, assim, que a empresa tem como referência a própria natureza para o

desenvolvimento dos seus produtos, evitando ao máximo a utilização de química

tradicional e buscando manter as características naturais do insumo.

O estudo confirma os achados de Detanico, Teixeira e Silva (2010), que a

empresa busca ir além de imitar a natureza, e tem como objetivo aprender com ela,

observando as características naturais dos insumos, as formas de produção da

natureza e em respeitar a sazonalidade da matéria-prima e suas singularidades.

A aplicação da biomimética pela empresa ocorre como um diferencial frente

aos concorrentes, destacando o seu respeito pelo meio ambiente e a busca pelo

bem-estar da sociedade. Como destaca Sun et al. (2020), sob a lente da Teoria

Evolucionária da Inovação, essa estratégia ocorre como forma de sobrevivência na

realidade atual do Planeta, em decorrência dos problemas ambientais e sociais.

Concluiu-se, também, que embora a empresa aplique biomimética em suas

produções, ela foi citada poucas vezes pelos colaboradores, demonstrando que tal

processo de resolver desafios a partir da biomimética ocorre de forma natural para a

empresa, não havendo um padrão para a replicação das experiências da natureza

para o desenvolvimento de ecoinovações. A ausência da sistemática pode limitar o

alcance de maiores benefícios do processo de biomimética, havendo espaço para

melhorias nas formas de produção da empresa.

Em razão do enfoque ambiental das ecoinovações serem uma temática nova

no mercado brasileiro, há uma série de barreiras quanto à implementação dessas

ecoinovações, classificadas como: de mercado, de matéria-prima, governamentais e

relacionadas a fatores internos da empresa.

A barreira de matéria-prima é a principal dificuldade na implementação de

ecoinovações em decorrência dos insumos utilizados serem de origem natural e/ou

orgânica, passando por testes específicos para a comprovação da sua qualidade. A

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empresa vivencia a dificuldade da manutenção do abastecimento do insumo, pois

existe a sazonalidade natural da matéria-prima, além da falta de fornecedores que

atendam a demanda. Situação que é agravado ainda mais quando empresas

tradicionais buscam adotar ecoinovações, pois por causa da concorrência, dificulta o

acesso aos insumos pela empresa pesquisada. Por terem grande porte e recursos,

empresas tradicionais obtêm insumos em grandes lotes e consequentemente por

valores mais baixos, e afeta negativamente a empresa pesquisada em manter os

valores dos produtos competitivos no mercado.

Quanto ao estímulo à ecoinovações, na empresa pesquisada não foi

identificado apoio governamental, nem financiamento e subsídios. Comprovando os

apontamentos de Marin et al., (2015), é possível concluir que, em países em

desenvolvimento como o Brasil, faltam incentivos governamentais para a aplicação

da ecoinovação. E, por optar em auto investimento, a empresa tem uma limitação

quanto às aplicações de inovações com enfoque ambiental, pois tais investimentos

necessitam de altos valores.

Devido à falta de cooperação tecnológica da empresa pesquisada, apresenta-

se uma oportunidade em potencial para a empresa trabalhar em conjunto com

organizações de pesquisa, para desenvolver ecoinovações, principalmente focado

em embalagens: desenvolvendo parcerias para novas tecnologias que não geram

resíduos poluentes e que diminua custos.

Destaca-se que o principal facilitador para a implementação de ecoinovações

na empresa estudada é a pressão de mercado. Os consumidores participam

ativamente do desenvolvimento dos produtos da empresa, cedendo feedbacks

constantes e se comunicam pelas redes sociais, canal de comunicação priorizada

pela empresa, pois criam proximidade e engajamento com seus clientes. Conclui-se

que tal engajamento funciona como uma proposta de criação de valor pela empresa,

A imagem de sustentável pela empresa é fator relevante para que exista

implementação de ecoinovações e serve como diferencial frente à concorrência. A

empresa pesquisada busca reforçar a sua imagem, seus objetivos e missão de

forma contínua, observado em suas notícias e redes sociais. Dessa forma, é

possível concluir que existe uma relação entre imagem e certificação, pois a

certificação serve como um selo de qualidade para os produtos da empresa e

reforça os seus valores. Apesar disso, pouco se fala sobre a importância da

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102

certificação de produtos ecoinovadores na literatura, principalmente a sua influência

para empresas que estão iniciando as suas atividades.

As barreiras e os facilitadores da implementação de ecoinovações são fatores

dinâmicos, o que pode ser barreira em uma circunstância pode ser um facilitador em

outra. A adoção de uma estratégia de inovação e de metodologias de planejamento

pela empresa podem minimizar barreiras e potencializar facilitadores.

Este estudo apresenta limitações predominantemente de ordem

metodológica. Pois o instrumento de coleta de dados, embora tenha sido construído

à luz de protocolos de elaboração, não foi validado previamente pela literatura. E se

tinha como propósito fazer a coleta de dados por meio de entrevistas presenciais, o

que não foi possível, pois a pesquisa foi desenvolvida durante o período de

pandemia

Estudos futuros poderão investigar políticas de apoio à ecoinovações de

cosméticos em países desenvolvidos e em desenvolvimento, como identificar

mecanismos de apoio de agentes público e privados, em forma de subsídios e

financiamento verde. Estudos também podem investigar processos de adoção

sistemática da biomimética para a P&D de cosméticos em outros países, empresas

e contextos. Por fim, estudos poderão investigar a relação entre a adoção da P&D

Verde e o cumprimento de requisitos de ecoinovação tecnológica no setor de

cosméticos.

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APÊNDICE I – Matriz de amarração da pesquisa

TITULO:

PERGUNTA DE

PESQUISA:

Objetivo Geral:

ObjetivoCategoria

Analítica

Sub-categoria

Analítica

Referência da

Sub-CategoriaQuestões

Abertura

Sua empresa desenvolve Ecoinovações em seus produtos e processos? O que poderia nos dizer a esse respeito? (ex.: não

desenvolve, desenvolve em outras empresas do grupo, trabalha em cooperação com institutos de pesquisa e universidades etc

etc)

Mercado potencial Como são acompanhadas os mercados em potencial?

Pesquisa Como são feitas as pesqiuisas pela empresa?

Exploração de

produção Como são analisadas as adaptações e recursos necessários para as inoveções propostas?

Projeto Como são desenvolvidos os projetos?

Testes específicos Quais são os testes específicos aplicados a inovação?

Projeto Secundário Como é verificada a viabilidade da inovação?

Produção Como são feitas as adaptações de produção?

Mercado Como são verificadas as opiniões do clientes referente as inovações?

Serviço Como são orientados os vendedores e revendedores para que a inovação cheguem as mãos dos clientes?

Identificação do

projeto Qual a motivação da empresa para adotarem modelos baseados na natureza?

Biologização Como são observadas as ações da natureza para resolução de problemas na empresa?

Soluções com base

no modelo da

natureza

Como são avaliadas as possibilidades advindas da natureza para a resoluão de barreiras de processo e de produto?

Desenvolvimento das

soluçõesComo são apllicadas as influências advindas da natureza para o desenvolvimento de processos e produtos?

Revisão das

soluçõesComo são avaliadas se essas ações influenciadas pela naturaza?

Barreira de CustoNa etapa da implementação a empresa teve dificuldades financeiras?

Na etapa de implementação dos projetos foram necessários investimentos externos?

Na etapa de implementação dos projetos existiu algum incentivo financiero por meio do governo?

Barreira de Mercado

Sua empresa realiza monitoramento de riscos e oportunidades tecnológicas em relação aos seus

concorrentes? Desde quando? Quais são as principais rotinas e ferramentas?

Como são consideradas as opiniões dos clientes no momento do desenvolvimento dos produtos?

Quais as barreiras enfrentadas da sua empresa em relação as indústrias tradicionais de cosméticos?

Barreira de

Conhecimento

Como ocorre o processo de recrutamento de mão de obra qualificada para o desenvolivmento do projeto?

Como foram adquiridos os maquinários para as produções?

Na implementação do processo a empresa contou com a colaboração de outras instituições? De que forma ocorreu?

Quais tipos de leis tiveram papel de incentivo ou de barreira para o carreira da empresa? (Identificar normas nacionais e

internacionais)

Quais são as certificações adquiridas pela empresa?

Como a regulamentação colaborou para a implementação de medidas com enfoque ambiental?

Qual a legislação específica da industria de cosméticos é utilizada como base para desenvolvimento dos seus produtos?

Quais os principais estímulos e obstáculos observados no mercado para o desenvolvimento dos seus produtos? .(oportunidade

tecnológica)

Como foi a receptividade dos consumidores em relação aos seus produtos? (Identificar demanda do consumidor)

Como ocorre a colaboração entre a empresa e as universidades? (Identificar cadeias de inovação e alianças entre atores externos

e internos)De que forma é percebida a colaboração entre indústrias e/ou entre empresas? (Identificar cadeias de inovação, alianças entre

atores externos e internos e acessibilidade ao conhecimento)

Como é percebido o contexto competitivo em que a empresa se encontra? (Identificar contexto competitivo)

Como são feitas as pesquisas para o desenvolvimento (P&D) de novas tecnologias para a criação de processos e produtos?

(Identificar cadeias de inovação, alianças entre atores externos e internos e acessibilidade ao conhecimento)

Quais dificuldades foram percebidas na implementação das novas tecnologias com enfoque ambiental? (Identificar mão de obra

qualificada e capital de risco)

Como ocorre o desenvolvimento das tecnologias para o desenvolvimentos de novas produções? (Identificar oportunidade

tecnológica)

Quais características internas foram observadas como indispensáveis para o desenvolvimento dos processos e produtos?

Na resposta identificar: Competências tecnológicas, habilidades da equipe e situação financeira)

Quais as habilidades identificadas como indispensáveis aos gestores para o desenvolvimentos dos projetos com enfoque

ambiental?

Quantos funcionários vocês possuem?

Como é incentivado pela empresa que os funcionários compartilhem ideias e sugestões para solução de problemas?

Como é percebida a viabilidade do investimento inicial em relação aos resultados financeiros atuais?

Sahota (2013) e

Vilha e Cecotte

(2018).

MATRIZ DE AMARRAÇÃO DA PESQUISA

PESQUISA E DESENVOLVIMENTO VERDE DE ECOINOVAÇÃO DE COSMÉTICOS

Como ecoinovações tecnológicas são pesquisadas, desenvolvidas e implementadas em uma empresa de cosméticos?

Descrever como as ecoinovações tecnológicas são pesquisadas, desenvolvidas e implementadas em uma empresa de cosméticos,

I. Descrever as etapas de

Pesquisa e

Desenvolvimento (P&D)

Verde de ecoinovações

tecnológicas em uma

empresa fabricante de

cosméticos.

Si, Bi e Yin, 2020

Pesquisa

Desenvolvimento

Marin, Marzuchi e

Zoboli (2015) e

Pinget, Bocquet e

Mothe (2015

Renning (2000),

Horbach (2014)

Regulamento

Mercado

Tecnologia

Fatores específicos

da empresa

III. Identificar as barreiras

e os facilitadores da

implementação de

ecoinovações em uma

empresa fabricante de

cosméticos.

II. Descrever os desafios

da pesquisa e

desenvolvimento (P&D)

Verde de cosméticos

resolvidos a partir de

biomimética.

Biomimética

Barreiras de

ecoinovação

Facilitadores

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APÊNDICE II – Roteiro de entrevista

Observação: iniciar a entrevista explicando o conceito de Ecoinovação Tecnológica. Ecoinovações tecnológicas são inovações de processo ou de produto que tenham como objetivo reduzir ou eliminar os malefícios gerados ao meio ambiente. BLOCO I – INICIAL Dados do entrevistado: Qual o seu nome? Setor em que trabalha na empresa? Qual a sua formação acadêmica? Há quanto tempo você é colaborador? Qual é o seu cargo? BLOCO II – P&D VERDE 1) Quais são as etapas de pesquisa e desenvolvimento de ecoinovações de produto da empresa? Conceito: P&D Verde - Atividades de pesquisa e desenvolvimento que visam a melhoria na utilização de recursos e capacidades internas para reduzir os impactos ambientai (Lee & Min, 2015). Roteiro auxiliar: - Analise de um Mercado potencial - Como a Pesquisa é feita - Exploração de produção - Projeto - Testes específicos - Projeto Secundário - Produção - Aplicação no Mercado - Serviço - Identificação do projeto

BIOMIMÉTICA 2) Como a biomimética é aplicada para o desenvolvimento de ecoinovações de produto? Conceito: Área que estuda os princípios criativos da natureza. E, por meio dessa inspiração, criar soluções para os problemas ambientais e necessidades humanas (Vilha & Cecotte, 2018) Roteiro auxiliar: - Biologização (influência da natureza) - Soluções com base no modelo da natureza - Desenvolvimento das soluções - Revisão das soluções BLOCO 2 – BARREIRAS DE ECOINOVAÇÃO 3) Quais são as barreiras para ecoinovações de produto? Conceito: Elementos que dificultam a implementação de ecoinovações (Wong, 2013). Roteiro auxiliar: BARREIRA DE CUSTO: - Insuficiência interna para financiamento dos projetos de ecoinovação - Financiamento externo - Retorno incerto - Acesso limitado a subsídios e incentivos financeiros

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- Falta de apoio governamental por meio de incentivos fiscais BARREIRAS DE MERCADO - Demanda incerta - Falta de incentivo para reduzir o uso de materiais - Falta de incentivos para reduzir o uso de energia - Dominação do mercado por insiders BARREIRA DE CONHECIMENTO - Falta de pessoal qualificado e capacidade tecnológica - Falta de informação externa sobre tecnologia e trabalho - Falta de parceiros de negócio adequado - Falta de colaboração com organizações de pesquisa - Lock-ins tecnológico 4) Quais são as barreiras para ecoinovações de processo? Conceito: Elementos que dificultam a implementação de ecoinovações (Wong, 2013). Roteiro auxiliar: BARREIRA DE CUSTO: - Insuficiência interna para financiamento dos projetos de ecoinovação - Financiamento externo - Retorno incerto - Acesso limitado a subsídios e incentivos financeiros - Falta de apoio governamental por meio de incentivos fiscais BARREIRAS DE MERCADO - Demanda incerta - Falta de incentivo para reduzir o uso de materiais - Falta de incentivos para reduzir o uso de energia - Dominação do mercado por insiders BARREIRA DE CONHECIMENTO - Falta de pessoal qualificado e capacidade tecnológica - Falta de informação externa sobre tecnologia e trabalho - Falta de parceiros de negócio adequado - Falta de colaboração com organizações de pesquisa - Lock-ins tecnológico BLOCO III– FACILITADORES DE ECOINOVAÇÃO 5) Quais são os facilitadores para ecoinovações de produto? Conceito: Fatores que estimulam as empresas a aplicarem medidas com enfoque ambiental (Kammerer, 2009). Roteiro auxiliar: REGULAMENTO - Normas nacionais e internacionais - Pressão regulamentar - Padronização e organização da indústria MERCADO - Oportunidade Tecnológica - Demanda do consumidor TECNOLOGIA - Cadeias de inovação, alianças entre atores externos e internos e acessibilidade ao conhecimento. - Contexto Competitivo - Mão de obra qualificada e capital de risco - Oportunidade Tecnológica FATORES ESPECÍFICOS DA EMPRESA -Capacidade e estrutura organizacional, gestão ambiental, rentabilidade, vendas e impactos ambientais da indústria.

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- Capacidade e estrutura organizacional, gestão ambiental. - Quantidade de funcionários e tamanho da indústria - Compartilhamento de informações - Capital de risco 6) Quais são os facilitadores para ecoinovações de processo? Conceito: Fatores que estimulam as empresas a aplicarem medidas com enfoque ambiental (Kammerer, 2009). Roteiro auxiliar: REGULAMENTO - Normas nacionais e internacionais - Pressão regulamentar - Padronização e organização da indústria MERCADO - Oportunidade Tecnológica - Demanda do consumidor TECNOLOGIA - Cadeias de inovação, alianças entre atores externos e internos e acessibilidade ao conhecimento. - Contexto Competitivo - Mão de obra qualificada e capital de risco - Oportunidade Tecnológica FATORES ESPECÍFICOS DA EMPRESA -Capacidade e estrutura organizacional, gestão ambiental, rentabilidade, vendas e impactos ambientais da indústria. - Capacidade e estrutura organizacional, gestão ambiental. - Quantidade de funcionários e tamanho da indústria - Compartilhamento de informações - Capital de risco

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APÊNDICE III- Termo de consentimento livre esclarecido

Declaro, por meio deste termo, que concordei em ser entrevistado(a) e/ou participar na pesquisa de

campo referente ao projeto/pesquisa intitulado PESQUISA E DESENVOLVIMENTO VERDE DE

ECOINOVAÇÃO DE COSMÉTICOS, desenvolvido por Franciany Cristiny Venâncio Dugonski. Fui

informado(a), ainda, de que a pesquisa é coordenada / orientada pelo professor Dr. Cleonir Tumelero,

a quem poderei contatar / consultar a qualquer momento que julgar necessário através do e-mail

[email protected].

Afirmo que aceitei participar voluntariamente da pesquisa, sem receber qualquer incentivo financeiro

ou ter qualquer ônus e com a finalidade exclusiva de colaborar para o sucesso da pesquisa. Fui

informado(a) dos objetivos estritamente acadêmicos do estudo, que, em linhas gerais são:

I) Descrever as etapas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) Verde de ecoinovações tecnológicas

em uma empresa fabricante de cosméticos.

II) Descrever os desafios da pesquisa e desenvolvimento (P&D) Verde de cosméticos resolvidos a

partir de biomimética.

III) Identificar as barreiras e os facilitadores da implementação de ecoinovações em uma empresa

fabricante de cosméticos.

Minha colaboração se fará por meio de entrevista semiestruturada que será gravada a partir da

assinatura desta autorização. O acesso e a análise dos dados coletados se farão apenas pelo

pesquisador e/ou seu(s) orientador(es) e coordenador(es).

Minha colaboração se fará de forma anônima, por meio de entrevista semiestruturada que será

gravada a partir da assinatura desta autorização. O acesso e a análise dos dados coletados se farão

apenas pelo pesquisador e/ou seu(s) orientador(es) e coordenador(es).

Atesto recebimento de uma cópia assinada deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Curitiba, ____ de _________________ de _____.

Assinatura do(a) participante: _______________________________

Assinatura do(a) pesquisador(a): _______________________________

Franciany Cristiny Venâncio Dugonski – UP1922272

Assinatura do(a) testemunha(a): _______________________________