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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO EFEITO DO ANABOLIZANTE DECANOATO DE NANDROLONA NA PROLIFERAÇÃO, ADESÃO E DIFERENCIAÇÃO DE OSTEOBLASTOS. TATIANA DIAS DA SILVA São Paulo, SP 2010

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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA REABILITAÇÃO

EFEITO DO ANABOLIZANTE DECANOATO DE NANDROLONA NA

PROLIFERAÇÃO, ADESÃO E DIFERENCIAÇÃO DE OSTEOBLASTOS.

TATIANA DIAS DA SILVA

São Paulo, SP

2010

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TATIANA DIAS DA SILVA

EFEITO DO ANABOLIZANTE DECANOATO DE NANDROLONA NA PROLIFERAÇÃO, ADESÃO E DIFERENCIAÇÃO DE OSTEOBLASTOS.

Dissertação apresentada

à Universidade Nove de

Julho, para obtenção do

título de Mestre em

Ciências da Reabilitação.

. Orientadora: Profa. Dra. Kristianne Porta Santos Fernandes

Co-orientadora: Profa. Dra. Raquel Agnelli Mesquita Ferrari

São Paulo, SP 2010

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FICHA CATALOGRAFICA

Silva, Tatiana Dias. Efeito do anabolizante decanoato de nandrolona na proliferação, adesão e diferenciação de os teoblastos. / Tatiana Dias Silva. 2010. 46 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Nove de Julho – UNINOVE - Ciências da Reabilitação, São Paulo, 2010. Orientador (a): Profa. Kristianne Porta Santos Fernandes. 1. Osteoblastos. 2. Nandrolona. 3. Proliferação. 4. Adesão. 5. Diferenciação. 6. Fosfatase alcalina.

CDU 615.8

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu pai Pedro, que proporcionou minha formação

acadêmica e sempre me incentivou para que continuasse estudando e

correndo atrás dos meus sonhos. Meus sinceros e eternos agradecimentos,

pois sem você nada disso seria possível.

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AGRADECIMENTOS

Várias pessoas contribuíram para esse trabalho. A todas elas deixo aqui meus

sinceros agradecimentos.

À minha amada mãe Maria Madalena Dias por todo amor, carinho e palavras

de encorajamento.

Ao meu marido Eduardo Schalch por sempre acreditar em mim e nunca me

deixar desistir, pela sua paciência, amor, carinho e compreensão nos dias

difíceis.

A minha querida irmã Pollyana Dias da Silva pelo carinho, incentivo e ombro

amigo tantas vezes, pela hospedagem nos dias de rodízio, muito obrigada por

tudo.

Ao meu filho-irmão Ayres Augusto da Silva pelo seu bom humor sempre, e

sua alegria de viver que espantavam a ainda espantam qualquer mau humor,

obrigada por existir na minha vida e fazer meus dias mais felizes.

À minha irmã do coração Bianca Fréo pela amizade sincera, pelo incentivo nos

momentos difíceis, pela disposição em me ajudar sempre, muito obrigada.

À minha orientadora Profa. Dra. Kristianne Porta Santos Fernandes, que

sempre esteve presente em todas as etapas da minha vida profissional e a

quem devo minha trajetória até aqui, sempre foi e será um exemplo pra mim de

competência e capacidade.

À minha co-orientadora e amiga Profa. Dra. Raquel Agnelli Mesquita-Ferrari, agradeço por toda paciência comigo e dedicação a este trabalho.

À Profa. Dra. Sandra Kallil Bussadori pelas críticas construtivas e suas

correções sempre pertinentes que contribuíram muito para esse trabalho.

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À Profa. Dra. Márcia Martins Marques pela doação das células OSTEO I que

propiciaram este estudo.

A todos os professores do programa de Mestrado em Ciências da

Reabilitação que de uma maneira ou outra contribuíram para este trabalho com

seus ensinamentos.

A todos os alunos de iniciação científica, especialmente a Nádhia Helena Costa Souza que me ensinou muito e colaborou de maneira fundamental para

a realização de todos os experimentos.

A todos os funcionários da Uninove, principalmente à Tábata Oliveira que

muito nos auxiliou nas atividades laboratoriais.

A técnica do Centerlab Sandra Hiromi Haramoto meus sinceros

agradecimentos.

Ao meu amigo e colega de mestrado Gustavo Tralli Nogueira por todo

companheirismo, cumplicidade e amizade.

Finalmente a Deus por sua intercessão em minha vida.

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RESUMO

A osteoporose é um importante problema de saúde pública no mundo

todo. Assim, estudar fatores que possam influenciar a regeneração óssea é de

fundamental importância na prevenção e recuperação clínica de pacientes

idosos. Como os esteroides anabolizantes vêm sendo indicados nestes

quadros, o objetivo desse trabalho foi avaliar in vitro o efeito do anabolizante

esteróide decanoato de nandrolona nas concentrações de 5, 10, 25 e 50μM

sobre a proliferação, adesão e diferenciação de osteoblastos (linhagem

OSTEO-1). Para a análise da proliferação celular, foram realizadas curvas de

crescimento após 24, 48 e 72 horas de cultivo utilizando o método MTT. A

avaliação do efeito do anabolizante sobre a adesão celular foi realizada pelo

mesmo método após 20, 40 e 60 minutos do plaqueamento. Já a avaliação da

diferenciação celular foi realizada por meio da mensuração da concentração da

enzima fosfatase alcalina em lisados de culturas celulares, utilizando um kit

comercial específico, após 72 horas de cultivo. Culturas não tratadas serviram

como controle. Para cada condição experimental, foram realizados 3

experimentos em quadruplicata e os resultados foram submetidos à análise

estatística, utilizando ANOVA/Tukey (p ≤ 0,05). Os resultados demonstraram

que após 72 horas de cultivo, houve diminuição estatisticamente significante na

proliferação de osteoblastos tratados com nandrolona 50μM, porém este

mesmo grupo demonstrou um aumento estatisticamente significante na

diferenciação celular em comparação ao grupo controle. Já com relação à

adesão celular, houve aumento estatisticamente significante nos grupos que

receberam anabolizante na concentração de 25μM após 40 e 60 minutos de

incubação. Embora o tratamento com anabolizante na dosagem de 50μM tenha

demonstrado favorecer a diferenciação dos osteoblastos, esta mesma

dosagem não aumentou a adesão celular. Assim, há necessidade de continuar

avaliando o efeito do decanoato de nandrolona no tecido ósseo, utilizando

modelos in vitro e in vivo a fim de estabelecer a adequação de seu uso e de

sua dosagem na prevenção e tratamento da osteoporose.

Palavras chave: Osteoblastos; Nandrolona; Proliferação celular; Adesão

celular; Diferenciação celular; Fosfatase alcalina.

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ABSTRACT

Osteoporosis is an important public health problem worldwide. The study

of factors that may influence bone regeneration is of fundamental importance in

the prevention of osteoporosis and clinical rehabilitation of elderly patients.

Because anabolic steroids have been indicated for the treatment of such cases,

the objective of this study was to evaluate the in vitro effects of the anabolic

steroid nandrolone decanoate at concentrations of 5, 10, 25, and 50 μM on the

proliferation, adhesion and differentiation of osteoblasts (osteo-1 cell line). For

the analysis of cell proliferation, growth curves were obtained after 24, 48 and

72 hours of culture using the MTT method. This same method was used to

evaluate the effects of the anabolic steroid on cell adhesion 20, 40 and 60

minutes after plating. However, cell differentiation was evaluated by measuring

alkaline phosphatase enzyme concentration in lysed cells after 72 hours of

culture, using a specific commercial kit. Untreated cultures were used as

controls. For each experimental condition, 3 experiments were performed in

quadruplicate. Experimental data were statistically analyzed using analysis of

variance (ANOVA) followed by Tukey’s post-hoc multiple comparison test (p ≤

0.05). The results showed that there was a significant decrease in the

proliferation of osteoblasts treated with 50 μM nandrolone decanoate after 72

hours of culture; however, cell differentiation increased significantly in this group

compared with the control group. Also, a significant increase in cell adhesion

was found in the groups treated with 25 μM nandrolone decanoate after 40 and

60 minutes of incubation. It was observed that the treatment with anabolic

steroid at a concentration of 50 μM increased osteoblast differentiation, but not

cell differentiation. Therefore, further studies on the effects of nandrolone

decanoate on bone tissue using in vivo and in vitro models are necessary to

determine its appropriate use and dosage in the prevention and treatment of

osteoporosis.

Keywords: Osteoblasts; Nandrolone; Cell proliferation; Cell adhesion; Cell

differentiation; Alkaline phosphatase.

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SUMÁRIO 1. CONTEXTUALIZAÇÃO...............................................................................13

2. ESTUDO.......................................................................................................17 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................33

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................37 ANEXO I: Protocolo de submissão de artigo para publicação Revista Brasileira de Fisioterapia................................................................................47 ANEXO II: Artigo Publicado na Revista Fisioterapia Brasil.........................48 ANEXO III: Artigo Publicado na Revista Lasers and Medical Science.......49

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Proliferação celular mensurada pelo método MTT como densidade

óptica (DO), das culturas de células OSTEO-1 do grupo controle e dos grupos

experimentais tratados com diferentes concentrações do anabolizante

decanoato de nandrolona (5, 10, 25 e 50μM) após períodos de incubação de

24, 48 e 72 horas...............................................................................................22

Figura 2. Adesão celular mensurada como absorbância (método MTT) das

culturas de células OSTEO-I tratadas com anabolizante decanoato de

nandrolona nas concentrações 5, 10, 25 e 50μM após 40 e 60 minutos de

incubação...........................................................................................................23

Figura 3. Diferenciação celular mensurada por meio da dosagem da atividade

da fosfatase alcalina das culturas de células OSTEO-I tratadas com

anabolizante decanoato de nandrolona nas concentrações 5, 10, 25 e 50μM

após 72 horas de incubação..............................................................................24

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANOVA - Análise de variância

ALP - atividade de fosfatase alcalina

AR - receptor para andrógeno

BMD - densidade mineral do osso

DHEA hormônio esteróide dehidroepiandrosterona

DHT hormônio esteróide 5a-diidrotestosterona

DMEM - Meio Eagle Modificado por Dulbecco

DO - densidade óptica

DV – desvio padrão

MC3T3 linhagem celular de pré osteoblastos derivados de ratos

FNR - receptor de fibronectina

HOB - funções metabólicas dos osteoblastos

IGF-I - insulina tipo I

MAP - proteína motogênica ativada

MTT - (3-[4,5-Dimethylthiazol-2yl]-2,5-diphenyltetrazolium bromide; Thiazolyl

blue

OSTEO-1 Linhagem celular de osteoblastos derivados da calvária de ratos

PBS - Phosphate-buffered saline (solução salina tamponada com fosfato

SFB – Soro fetal bovino

TGF-b2 - fator transformador de crescimento beta 2.

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1. CONTEXTUALIZAÇÃO

A osteoporose é um problema de saúde mundial. Os pacientes mais

atingidos por esta condição são os idosos e neste grupo, em especial as

mulheres de baixo peso corpóreo1-3.

A etiologia da osteoporose em mulheres está associada à redução da

massa muscular e do nível de hormônios ligados a formação óssea, como os

derivados andrógenos, o fator de crescimento semelhante à insulina tipo I (IGF-

I) e o hormônio de crescimento3-10.

As fraturas geradas pelo enfraquecimento dos ossos trazem quadros de

alta morbidade e mortalidade principalmente para as idosas1-3. Os homens têm

risco de fraturas de apenas 15% enquanto as mulheres 40%, assim os homens

estão mais protegidos da osteoporose e de fraturas relacionadas. Portanto a

compreensão da fisiologia do esqueleto masculino pode levar a novos

tratamentos e à prevenção desta doença11.

Os andrógenos e os estrógenos circulam nos gênero feminino e

masculino, em níveis diferentes e influenciam a modelagem do esqueleto de

maneira distinta12,13.

Os estrógenos agem para manter a massa óssea adulta

predominantemente por meio da inibição da reabsorção pelos osteoclastos, ou

seja, protegem o esqueleto de uma maior perda13.

Já os andrógenos parecem ter a função de manter a massa óssea em

adultos e de influenciar o crescimento e a modelagem do esqueleto. Suas

ações podem também ser parcialmente mediadas por um receptor estrogênico

após a sua conversão para estrógeno por meio da ação da enzima

aromatase14-17.

Existem especulações de que os efeitos dos andrógenos sobre o

esqueleto sejam advindos do aumento da massa muscular que sabidamente

gera aumento na densidade óssea18-22.

Terapias de reposição hormonal tanto com estrógeno quanto com

andrógeno natural (como a dihidrotestosterona) ou sintético (como o decanoato

de nandrolona) tem se mostrado eficazes nos quadros de perda óssea

principalmente por modularem o metabolismo e a sobrevivência de

osteoblastos e osteoclastos20,23-30.

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Ação dos andrógenos sobre os osteoblastos

O mecanismo de ação dos andrógenos sobre as células ósseas ainda

não está totalmente caracterizado16,26,31-34.

Por um lado, existem evidências que indicam que os andrógenos atuam

diretamente sobre os osteoblastos, estimulando seu crescimento e

diferenciação e inibindo sua apoptose4-6,8,26,31-44. Já outros estudos relatam que

a terapia com andrógenos não altera ou até inibe as funções dos

osteoblastos45-51.

De modo geral, tem sido observado que o efeito dos andrógenos sobre

as células ósseas in vitro depende da dose e do tempo de tratamento21,31,42,52.

Esta dualidade na resposta provavelmente está associada aos

receptores celulares e a afinidade dos receptores ao tipo de andrógeno

envolvido, de maneira que cada tipo celular apresenta uma concentração

mínima abaixo da qual as células tornam-se não responsivas8,31,45,47-49,52.

Mesmo diferentes linhagens do mesmo tipo celular podem exibir níveis

de receptores variados, respondendo aos andrógenos de maneira ou em

velocidade diferenciada e esta variação pode estar ligada ao nível de

diferenciação25,31,50.

Receptores celulares para andrógenos (AR) A presença dos receptores para andrógeno (AR) já foi demonstrada em

culturas de células osteoblatos humanos de ambos os gêneros35,53,54, em

células de osteossarcoma humano55 e em diferentes linhagens de

osteoblatos25,50,56,57.

Os esteróides sexuais atuam nos osteoblastos por meio de interações

diretas com os seus receptores celulares ou indiretamente por meio da

formação de complexos entre os receptores e outros reguladores de

transcrição20,27-29,58-61.

Os andrógenos são capazes de aumentar a expressão de AR em

culturas de osteoblastos45,47-49,52. Além da maior expressão dos receptores, os

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andrógenos também geram maior estabilidade de sua ligação aumentando

assim a capacidade dos osteoblastos responderem aos seus efeitos31,48,52,62.

Ação dos andrógenos sobre a adesão dos osteoblastos

A adesão das células ósseas a matriz extracelular é um requisito

fundamental para o seu desenvolvimento, diferenciação, função e

sobrevivência63-66.

As células ósseas humanas estão ancoradas na matriz orgânica do osso

por meio de receptores que fazem parte da superfamília das integrinas. Os

receptores tipo integrina são glicoproteínas de superfície que possuem uma

cadeia α ligada de maneira não covalente a uma cadeia β67.

Dentre as várias subunidades da integrina, a α-5 e a β-1 são as mais

comuns nas células ósseas e constituem o receptor para fibronectina (FNR)68.

Os FNR humanos interagem de maneira abundante com as proteínas da matriz

óssea, em especial com a fibronectina e o colágeno I67-69.

Os andrógenos exibem parte de seus efeitos positivos sobre o

metabolismo ósseo por meio do estímulo a expressão do gene TGFβ2 41. Já foi

demonstrado que fatores de crescimento da família TGFβ levam a um aumento

da expressão gênica de fibronectina e de receptores de proteínas de

adesão64,70,71, aumentando assim a capacidade de adesão dos osteoblastos à

matriz extracelular.

Ação dos andrógenos sobre a diferenciação dos osteoblastos

A fosfatases alcalinas são reconhecidas como marcadores que refletem

a diferenciação dos osteoblastos4. Estas enzimas são glicoproteínas de

superfície que hidrolizam uma variedade de ésteres monofosfatados. Elas

agem no processo de mineralização óssea por meio de vários mecanismos:

aumentando a concentração local de fosfato inorgânico; destruindo inibidores

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de crescimento de cristais; agindo como transportadoras de fosfato; ou ainda

atuando como proteínas ligadoras de cálcio72.

Definir o papel dos androgênios na diferenciação osteoblástica tem sido

difícil31-34,36.

A descrição dos efeitos dos andrógenos neste processo inclui relatos de

estímulo5,6,8,41,64,73-78; inibição46,79 e ainda ausência de efeito42,50,52.

O derivado andrógeno decanoato de nandrolona tem sido utilizado na

terapia de reposição hormonal visando a prevenção dos quadros de

osteoporose, porém poucos estudos avaliam seu papel sobre o metabolismo

ósseo em nível celular. Este estudo visa contribuir para esclarecer esta lacuna

no conhecimento sobre a ação deste fármaco em células ósseas.

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2. ESTUDO Artigo submetido para publicação na Revista Brasileira de Fisioterapia

EFEITO DO ANABOLIZANTE DECANOATO DE NANDROLONA NA

PROLIFERAÇÃO, ADESÃO E DIFERENCIAÇÃO DE OSTEOBLASTOS

TRATADOS COM ANABOLIZANTE

TATIANA DIAS DA SILVA1, RAQUEL AGNELLI MESQUITA FERRARI2,

NADHIA HELENA COSTA SOUZA3, ÉRICKA CONSTANTINOV PIEDADE3,

SANDRA KALIL BUSSADORI2, KRISTIANNE PORTA SANTOS FERNANDES2

1 Aluna do Curso de Mestrado, Departamento de Ciências da Reabilitação,

Universidade Nove de Julho / São Paulo / SP / Brasil

2 Doutor, Professor Integral, Curso de Mestrado em Ciências da Reabilitação,

Universidade Nove de Julho / São Paulo / SP / Brasil

3 Graduando, Curso de Fisioterapia, Universidade Nove de Julho / São Paulo /

SP / Brasil

Autor correspondente: Kristianne Porta Santos Fernandes

Av. Francisco Matarazzo, 612, Água Branca, São Paulo, SP, CEP. 05001-100.

Phone: (11) 3665-9325, fax: (11) 3365-9301, e-mail:

[email protected]

Título para as páginas do artigo: PROLIFERAÇÃO, ADESÃO E

DIFERENCIAÇÃO DE OSTEOBLASTOS TRATADOS COM ANABOLIZANTE.

Título em inglês: PROLIFERATION, ADHESION AND DIFFERENTIATION OF

OSTEOBLASTS treated with steroid

Palavras chave: osteoblastos, nandrolona, proliferação, adesão, diferenciação,

fosfatase alcalina

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Keywords: osteoblasts, nandrolone, cell proliferation, adhesion, differentiation,

alkaline phosphatase

Resumo:

Estudar fatores que possam influenciar a regeneração óssea é de

fundamental importância na recuperação clínica de pacientes que sofreram

traumatismos e perdas ósseas. Vários recursos terapêuticos e medicamentos

têm sido estudados e utilizados no tratamento destas condições, porém existe

necessidade do estabelecimento de protocolos que determinem dosagens e

regime de duração bem como, avaliem seus efeitos em nível celular. Sendo

assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito do anabolizante decanoato

de nandrolona sobre a proliferação, adesão e diferenciação de osteoblastos

(linhagem OSTEO-1). Para a análise da proliferação celular, realizamos curvas

de crescimento após 24, 48 e 72 horas de cultivo, utilizando o método MTT. A

avaliação da adesão celular foi realizada pelo mesmo método após 20, 40 e 60

minutos do plaqueamento. A diferenciação celular foi avaliada por meio da

dosagem da enzima fosfatase alcalina em lisados das culturas utilizando um kit

comercial específico, após 72 horas de cultivo. Culturas não tratadas serviram

de controle. Os osteoblastos foram cultivados na presença do anabolizante nas

concentrações de 5, 10, 25 e 50μM. Para cada condição experimental, foram

realizados 3 experimentos em quadruplicata e os resultados foram submetidos

à análise estatística, utilizando ANOVA/Tukey (p ≤ 0,05). Os resultados

demonstraram que após 72 horas de cultivo, houve diminuição estatisticamente

significante na proliferação de osteoblastos tratados com nandrolona 50μM.

Houve aumento estatisticamente significante na adesão celular nos grupos que

receberam anabolizante na concentração de 25μM após 40 e 60 minutos de

incubação. Quanto a diferenciação celular houve aumento estatisticamente

significante entre o grupo que recebeu anabolizante 50μM e o grupo controle.

Como a diferenciação e o aumento na adesão celular são etapas importantes

no reparo ósseo, o aumento observado nestes processos pela presença do

anabolizante pode indicar que este derivado esteróide pode exercer um papel

importante neste processo. Porém há necessidade de continuar avaliando o

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efeito deste medicamento em estudos in vitro e in vivo a fim de estabelecer os

melhores parâmetros para obter bioestimulação em reparos ósseos.

Introdução

De modo geral, o estado dos hormônios sexuais reflete o estado da

massa óssea, de tal forma que uma deficiência hormonal reconhecidamente

leva a uma perda óssea progressiva1-6.

De fato, as concentrações de testosterona livre correlacionam-se com a

densidade mineral do osso (BMD) em homens idosos, entretanto os níveis de

testosterona também são correspondentes a massa e à força muscular7.

O tratamento com testosterona também é efetivo em diminuir a perda

óssea que ocorre no envelhecimento, mas somente em homens que ainda

exibem baixos níveis de testosterona8-9. Inversamente, homens que estão

passando por privação androgênica, para tratamento de câncer de próstata

exibem densidade óssea diminuída10 e um aumento de casos de fraturas

ósseas11.

Em modelos animais de simulação de hipogonadismo foi observado um

efeito benéfico da terapia com andrógenos no compartimento trabecular com

aumento da massa óssea. Entretanto, este relativo aumento na massa óssea

estava correlacionado à supressão da reabsorção, com diferenças na micro-

arquitetura que demonstravam um aumento no trabeculado ósseo, mas não na

espessura óssea12.

Existem também relatos que ligam o efeito dos andrógenos ao aumento

da massa óssea cortical gerado pela expansão da espessura do periósteo13-14.

Recentemente foi mostrado que as conseqüências da ação dos

androgênios são específicas para cada compartimento ósseo; assim, os efeitos

anabólicos são exibidos exclusivamente na superfície do periósteo, porém em

osteoblastos maduros, os andrógenos inibem a osteogênese com efeitos

negativos sobre a qualidade da matriz e a resistência óssea. Assim, um

aumento da sinalização andrógena dirigida para o osso pode resultar em

diminuição do turnover ósseo e inibição da formação óssea pelos osteoblastos

diferenciados. Estes resultados indicam que a ação direta dos androgenos

sobre os osteoblastos maduros pode não ser anabólica. Este fato também gera

preocupações sobre o abuso no uso de anabolizantes no esqueleto em

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desenvolvimento ou no tratamento de alta dose em adultos hormonalmente

sadios6,15.

Similarmente, os estudos in vitro também têm exibido dificuldade em

definir adequadamente o papel dos andrógenos.

O objetivo deste trabalho foi analisar a efeito do anabolizante decanoato

de nandrolona (derivado da testosterona) sobre a proliferação de osteoblastos,

já que estas células são fundamentais no processo de reparação óssea e o

sucesso de qualquer tratamento reabilitador depende da sua adesão,

diferenciação e proliferação.

Material e Métodos

Cultura Celular

As células utilizadas foram osteoblastos da linhagem OSTEO-1

cultivadas em meio Eagle modificado por Dulbecco (DMEM, Cultilab,

Campinas, SP, Brasil) suplementado com 10% de soro fetal bovino (SFB,

Cultilab) e 1% de solução antibiótica-antimicótica (Cultilab), sempre a 37°C em

um ambiente úmido e a 5% CO2. As células foram mantidas em estado de

subconfluência e repicadas a cada 2 ou 3 dias.

Experimentos

Antes dos experimentos, todas as culturas foram examinadas e a sua

viabilidade foi confirmada pelo método de exclusão do azul de trypan. Após a

contagem celular, as células foram cultivados na presença do anabolizante

decanoato de nandrolona (Deca Durabolin® Organon, São Paulo, SP, Brasil)

nas concentrações de 5, 10, 25 e 50μM. As células do grupo controle não

foram tratadas com anabolizante (D’Ascenzo et al 2007).

Avaliação da proliferação celular (método MTT)

As células dos diferentes grupos experimentais foram distribuídas (104

células/poço) em placas de 96 poços e incubadas em um ambiente úmido com

5% de CO2 por 24, 48 e 72 horas.

Ao final dos diferentes períodos experimentais, a proliferação celular foi

avaliada por meio do ensaio MTT (3-(4,5-dimethylthiazol-2-yl)-2,5,-

diphenyltetrazolium bromide) (Sigma-Aldrich, St. Louis, MO, USA). Para tanto,

o MMT foi adicionado às culturas celulares numa concentração de 0.5 mg/mL e

as células foram incubadas num ambiente úmido,contendo 5% CO2 , a 37° por

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3 h. Depois deste período, 100 μL de isopropanol foi adicionado em cada poço

para dissolver os cristais formazan. A absorbância foi medida a 620 nm usando

um leitor de microplacas (Anthos2020, Anthos Labtec Instruments, Wals,

Austria). Os dados de densidade óptica (DO) medidos como absorbância

(correspondente à proliferação celular) foram obtidos em quadruplicata e estão

representados como médias ± valores de desvio padrão (DV).

Ensaio de adesão celular

A quantificação da adesão celular foi realizada de acordo com técnica

descrita previamente16-17 com algumas modificações. Após a contagem celular,

as células foram tratadas com anabolizante nas concentrações de 5, 10, 25 e

50μM. As células do grupo controle não receberam tratamento.

Alíquotas de 0.2 ml de suspensão celular foram semeadas em placas de

96 poços (5x104 células por poço). Após períodos de incubação de 20, 40 e 60

minutos em estufa de cultivo celular, as placas foram lavadas 3 vezes com PBS

(0,1 ml) para remoção das células não aderentes. A adesão celular foi

quantificada indiretamente pela técnica de MTT da mesma maneira descrita

anteriormente.

Todos os experimentos foram repetidos 3 vezes, de forma independente,

e os dados de densidade óptica (DO) medidos como absorbância

(correspondente à adesão celular) foram obtidos em quadruplicata e estão

representados como médias ± valores de desvio padrão (DV).

Ensaio de diferenciação celular (dosagem de fosfatase alcalina)

A determinação da concentração da fosfatase alcalina nos lisados

celulares indica a diferenciação de osteoblastos18. De forma a permitir esta

avaliação, após a contagem celular, os osteoblastos foram incubados em

placas de cultura de fundo chato com 24 poços (105 células por poço) e

mantidos em DMEM (10% de soro fetal bovino).

Os osteoblastos então receberam tratamento com anabolizante nas

concentrações de 5, 10, 25 e 50μM. As células do grupo controle não

receberam tratamento.

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22

Após períodos de incubação de 72 horas, as células foram lavadas com

PBS 1X e tratadas com tampão de lise (PBS 1x + 0,1% Triton X-100) por 10

minutos.

Os lisados foram então centrifugados a 8.000 rpm por 5 min a 2°C e os

sobrenadantes foram recolhidos e estocados a -80°C.

A concentração da enzima fosfatase alcalina foi determinada utilizando

kit comercial (Labteste, Belo Horizonte, MG, Brasil), as amostras foram

colocadas no leitor de absorbância de 405 nm (LabMax 240, Lagoa Santa,

Minas Gerais, Brasil) e processadas a 37ºC. Cada experimento foi repetidos 2

vezes de forma independente e cada amostra foi feita em duplicata.

Análise Estatística

As comparações entre os grupos foram realizadas usando análise de

variância (ANOVA) e o teste Tukey foi usado para determinar diferenças

significativas entre os grupos. Valores de p≤ 0.05 foram considerados

estatisticamente significantes. Os dados foram analisados usando o software

estatístico GraphPad Prism 4.0 (GraphPad Software, San Diego, CA, USA).

Resultados

Efeito do anabolizante decanoato de nandrolona na proliferação celular (5, 10,

25 e 50μM)

Não houve diferença estatisticamente significante entre a proliferação

celular (avaliada pelo método MTT) das culturas controle e das tratadas com o

anabolizante decanoato de nandrolona nas diferentes concentrações e tempos

experimentais, com exceção do período de incubação de 72h na concentração

de 50μM, onde foi observada uma diminuição estatisticamente significante na

proliferação celular entre osteoblastos tratados com anabolizante e as culturas

controle (figura 1).

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23

Figura 1: Proliferação celular mensurada pelo método MTT como densidade

óptica (DO), das culturas de células OSTEO-1 do grupo controle e dos grupos

experimentais tratados com diferentes concentrações do anabolizante

decanoato de nandrolona (5, 10, 25 e 50μM) após períodos de incubação de

24, 48 e 72 horas.

Efeito do anabolizante decanoato de nandrolona na adesão celular

Houve aumento estatisticamente significante com relação ao grupo

controle na adesão das células tratadas com anabolizante decanoato de

nandrolona na concentração de 25 μM após 40 e 60 minutos de incubação

(figura 2).

*

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24

Figura 2. Adesão celular mensurada como absorbância (método MTT) das

culturas de células OSTEO-I tratadas com anabolizante decanoato de

nandrolona nas concentrações 5, 10, 25 e 50μM. Houve aumento

estatisticamente significante na adesão celular (com relação aos respectivos

grupos controles) no grupo que recebeu anabolizante na concentração de 25

μM após 40 e 60 minutos de incubação.

Efeito do anabolizante decanoato de nandrolona na diferenciação celular

Houve aumento estatisticamente significante na concentração da enzima

fosfatase alcalina (com relação ao grupo controle) no grupo que recebeu

anabolizante na concentração de 50 μM após 72 horas de incubação (figura 3).

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25

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

controle nandro 5 nandro 10 nandro 25 nandro 50

Fosf

atas

e A

lcal

ina

(U/l)

*

*

Figura 3. Diferenciação celular mensurada por meio da dosagem da atividade

da fosfatase alcalina das culturas de células OSTEO-I tratadas com

anabolizante decanoato de nandrolona nas concentrações 5, 10, 25 e 50μM.

Houve aumento estatisticamente significante na concentração da enzima

fosfatase alcalina (com relação ao grupo controle) no grupo que recebeu

anabolizante na concentração de 50 μM após 72 horas de incubação.

Discussão

O conhecimento dos fatores que regulam o crescimento do tecido ósseo

e de sua contínua remodelação relacionada a eventos de formação e

reabsorção é fundamental para determinar a abordagem terapêutica ideal

frente a traumas e patologias neste tecido.

Uma das maneiras de adquirir este conhecimento é por meio do

isolamento das células do tecido ósseo em cultura, já que estas podem

também nesta condição, exibir respostas metabólicas tecido-específicas, bem

como realizar a biossíntese de componentes estruturais do osso19-22.

O uso de esteróides androgênicos, como a nandrolona, tem sido

indicado para se obter efeitos anabolizantes sobre os tecidos ósseo e

muscular23-25.

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26

No presente estudo, o tratamento com o esteróide decanoato de

nandrolona, um derivado da testosterona, não foi capaz de gerar um efeito

anabólico sobre a proliferação de osteoblastos nos períodos de 24, 48 e 72

horas, com exceção do tratamento com a concentração de 50μM, onde após

72 h de cultivo, houve uma diminuição estatisticamente significante na

proliferação celular entre osteoblastos tratados com anabolizante e as culturas

controle.

Por outro lado, nesta mesma concentração e período experimental pode-

se observar um aumento na concentração da enzima fosfatase alcalina, que

indicando que nestas culturas as células estavam sofrendo diferenciação

celular, justificando assim a diminuição de sua proliferação.

Os efeitos dos androgênios na diferenciação dos osteoblastos são

bastante controversos, desde estimulantes, efeito inibitório e nenhum efeito

sobre a fosfatase alcalina26-36.

Já com relação à proliferação celular, Kasperk30 et al. (1997) foram os

primeiros pesquisadores a descrever um aumento dose-dependente na

proliferação de osteoblastos (derivados de culturas primárias de calvária de

camundongos, de culturas primárias de osteoblastos humanos e de linhagem

de osteosarcoma) após tratamento com 5α-DHT (5a-Dihidrotestosterona), nas

concentrações 10-8 to 10-11 molar, sendo que os picos de estímulo à

proliferação celular puderam ser observados nas concentrações de 10-9 M.

Estudos subseqüentes demonstraram que culturas primárias e

transformadas de osteoblastos derivadas de diferentes espécies tratadas com

beta estradiol, dihidrotestosterona, testosterona e outros derivados andrógenos

exibem diferentes níveis de resposta proliferativa aos anabolizantes26,30-31,37-39.

Já outros estudos indicaram inibição na proliferação de osteoblastos

derivados de linhagens humanas de osteosarcoma e de osteoblastos fetais

após tratamento com 5α dihidrotestosterona27,32.

Vários autores acreditam que as diferenças de resposta dos

osteoblastos em ao tratamento com andrógenos estariam ligadas a afinidade

dos andrógenos aos seus respectivos receptores celulares ou ao nível destes

receptores nas células analisadas26,28,30-31,37-43.

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27

Mesmo diferentes linhagens do mesmo tipo celular podem exibir níveis

de receptores variados, respondendo aos andrógenos de maneira ou em

velocidade diferenciada27,40.

Já outros autores postulam que a modulação da resposta celular

também pode estar ligada a exposição prévia do doador a hormônios

esteróides e ao seu grau nutricional de vitamina D31,39,44.

Nossos resultados com relação à adesão celular demonstraram que

houve aumento na adesão celular (estatisticamente significante com relação ao

grupo controle) na adesão das células tratadas com anabolizante decanoato de

nandrolona na concentração de 25 μM após 40 e 60 minutos de incubação. A

adesão de células ósseas pela matriz extracelular é um requisito fundamental

para o desenvolvimento e função do osteoblasto. Receptores de adesão se

conectam a matriz extracelular com o citoesqueleto e transmitem a deformação

da matriz na célula45.

Outros derivados androgênicos já demonstraram ter a capacidade de

induzir o aumento da capacidade de adesão dos osteoblastos45-47.

Nossos resultados agregam ao conhecimento sobre o decanoato de

nandrolona, o fato de que seu uso pode promover aumento da adesão e da

diferenciação dos osteoblastos, contribuindo assim para o aumento da

densidade óssea e diminuição de sua reabsorção48-50.

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33

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O osso é o tecido conjuntivo responsável pelas funções de suporte e

proteção do organismo vertebrado conjuntivo cuja matriz extracelular é

mineralizada. Essa peculiaridade confere a esse tecido as propriedades ideais

para a realização das funções de suporte e proteção do organismo vertebrado.

Além disso, o osso também é responsável pelo equilíbrio da homeostasia

mineral80.

O tecido ósseo é constituído por uma matriz extracelular complexa e

estruturalmente sofisticada, composta por uma parte orgânica (25%), outra

inorgânica (70%) e água (5%). O componente inorgânico é quase todo

representado por hidroxiapatita, enquanto que a porção orgânica é constituída

por células e proteínas de matriz, incluindo colágeno tipo I (90%) e proteínas

não-colágenas. As células que compõem o tecido ósseo são divididas em três

grupos: osteoblastos (células proliferativas e produtoras de matriz orgânica);

osteócitos (células maduras, produtoras de matriz mineralizada que se situam

em cavidades no interior de lacunas e são terminalmente diferenciadas); e

osteoclastos (células gigantes, móveis, multinucleadas, cuja principal função é

reabsorver o tecido ósseo, participando assim, do processo de remodelação

deste tecido)81-84.

A deposição de matriz óssea pelas células de linhagem osteoblástica é

regulada por fatores extrínsecos, como os fatores de crescimento locais e

sistêmicos e forças físicas, e fatores intrínsecos, tais como fase do ciclo celular,

estagio de maturação e idade82.

O conhecimento básico dos fatores que regulam o crescimento do tecido

ósseo e, de sua contínua remodelação relacionado a eventos de formação e

reabsorção ligados a traumas e patologias, permite intervenções clínicas mais

racionais nestes processos.

Uma das maneiras de adquirir estes conhecimentos é por meio do

isolamento das células do tecido ósseo em cultura, as quais podem exibir

respostas metabólicas do tecido - específicas, bem como realizar a biossíntese

de componentes estruturais do osso85,86.

Estudos in vitro utilizando cultura de células têm sido muito usado devido

à facilidade de padronização da amostra, cujo controle de pH, temperatura,

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pressão osmótica, tensão de Co2 e O2 podem ser obtido de maneira precisa,

além das amostras serem totalmente homogêneas87,90.

Os osteoblastos in vitro, de forma semelhante aos osteoblastos in vivo,

atravessam três fases distintas no seu desenvolvimento: proliferação,

maturação e mineralização e expressam proteínas próprias do osso, além de

terem a capacidade de formar nódulos ósseos mineralizados84,88,89.

Porém, quando se trata de definir o papel dos esteroides sobre o tecido

ósseo, os estudos in vitro também apresentam grandes variações em seus

resultados.

Alguns estudos demonstraram que os andrógenos afetam

dramaticamente a proliferação e a maturação de células ósseas8,32,91, enquanto

outros não chegaram a resultados positivos45. Já foi descrito também que os

andrógenos são capazes de inibir diretamente a atividade de

osteoclastos20,27,28,91,92.

No presente estudo, o tratamento com o esteróide decanoato de

nandrolona, um derivado da testosterona, não foi capaz de gerar um efeito

anabólico sobre a proliferação de osteoblastos nos períodos de 24, 48 e 72

horas, e inclusive gerou diminuição da proliferação óssea na concentração de

50μM, após 72 h de cultivo. Porém,nesta mesma concentração e no mesmo

período experimental, encontrou-se um aumento na concentração de fosfatase

alcalina, o que indica que estas células estavam passando por um processo de

diferenciação celular, o que justifica a diminuição de sua proliferação.

Já com relação à adesão celular, nosso estudo demonstrou que houve

um aumento estatisticamente significante com relação ao grupo controle na

adesão das células tratadas com anabolizante decanoato de nandrolona na

concentração de 25 μM após 40 e 60 minutos de incubação, assim como em

outros relatos do uso de derivados androgênicos em culturas de

osteoblastos64,70,71.

A resposta celular aos andrógenos parece estar vinculada ao nível de

seus receptores celulares, de maneira que cada tipo celular apresenta uma

concentração mínima abaixo da qual as células tornam-se não responsivas a

estes hormônios31,45,47-49,52. Mesmo diferentes linhagens do mesmo tipo celular

podem exibir níveis de receptores variados, respondendo aos andrógenos de

maneira ou em velocidade diferenciada30,51.

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Além disso, a resposta celular aos andrógenos depende da espécie

animal, da localização esquelética dos osteoblastos e de seu estágio de

diferenciação26.

Considerando estas variáveis, parece claro que há necessidade de

ampliar este estudo com um intervalo maior de tempo e de concentrações e

ainda avaliar o papel deste derivado em nível molecular. Por outro lado, este

estudo descreve o papel do decanoato de nandrolona sobre a proliferação,

diferenciação e adesão de osteoblastos derivados da calvária de ratos,

agregando estas informações ao conhecimento sobre a ação dos andrógenos e

seus derivados sobre o tecido ósseo.

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ANEXO I: Protocolo de submissão de artigo para publicação Revista Brasileira de Fisioterapia

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ANEXO II: Artigo Publicado na Revista Fisioterapia Brasil

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ANEXO III: Artigo Publicado na Revista Lasers and Medical Science