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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DE SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE ELAINY DA SILVA CAMILO LOIOLA IMPACTO DA RESILIÊNCIA E DA AUTOEFICÁCIA SOBRE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM São Bernardo do Campo 2015

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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

FACULDADE DE SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE

ELAINY DA SILVA CAMILO LOIOLA

IMPACTO DA RESILIÊNCIA E DA AUTOEFICÁCIA SOBRE BURNOUT EM

PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

São Bernardo do Campo

2015

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ELAINY DA SILVA CAMILO LOIOLA

IMPACTO DA RESILIÊNCIA E DA AUTOEFICÁCIA SOBRE BURNOUT EM

PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, como requisito parcial à obtenção de título de Mestre em Psicologia da Saúde. Área de concentração: Processos Psicossociais. Orientadora: Profa. Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins

São Bernardo do Campo

2015

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3

FICHA CATALOGRÁFICA

L834i

Loiola, Elainy da Silva Camilo

Impacto da resiliência e da autoeficácia sobre Burnout em

profissionais de enfermagem / Elainy da Silva Camilo Loiola.

2015.

110 f.

Dissertação (Mestrado em Psicologia da Saúde) --Faculdade

da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, São

Bernardo do Campo, 2015.

Orientação de: Maria do Carmo Fernandes Martins.

1. Saúde do trabalhador 2. Resiliência 3. Autoeficácia

4. Burnout 5. Psicologia da saúde I. Título

CDD

157.9

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A dissertação de mestrado sob o título: ―Impacto da resiliência e da autoeficácia sobre burnout em profissionais de enfermagem‖, elaborada por Elainy da Silva Camilo Loiola foi apresentada e aprovada em 27 de março de 2015, perante banca examinadora composta por Profa. Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins (Presidente/Universidade Metodista de São Paulo), Profa. Dra. Silvia Marcia Russi de Domênico (Universidade Presbiteriana Mackenzie), Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno (Universidade Metodista de São Paulo).

___________________________________________________

Profa. Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins

Orientadora e Presidente da Banca Examinadora

___________________________________________________

Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação

Programa: Programa de pós-graduação stricto sensu

Área de Concentração: Psicologia da Saúde

Linha de Pesquisa: Processos Psicossociais

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5

DEDICATÓRIA

Ao meu esposo Tiago de O. Loiola, pelo

estímulo, apoio, paciência, amor e cumplicidade,

principalmente durante esse processo, dedico-lhe

essa conquista como forma de minha gratidão.

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AGRADECIMENTOS

Sou grata aos meus pais, pelo incentivo, cuidado e dedicação para que eu

conseguisse alcançar os meus objetivos. Vocês sempre me apoiaram e nesta etapa

da minha vida não foi diferente. Amo vocês!

Aos meus sogros, Fátima e Osvaldo, por todo o acolhimento e amparo, pelas

orações que, de alguma forma, ajudaram. Agradeço por fazerem sentir-me tão

especial, com palavras de conforto e carinho. Vocês são um suporte essencial em

minha vida.

Aos meus familiares (tios, primos, sobrinhos), que me cercam com amor e

carinho, principalmente, Leônidas, Gislane, Netho, Márcia, Ariane, Nathália,

Gabriela, Iarley, Yasmin e Miguel que conseguem extrair o melhor que eu tenho de

ternura e resignação.

Aos professores do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Saúde da

Universidade Metodista de São Paulo, pelos ensinamentos, conselhos,

compreensão e paciência.

À minha orientadora Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins, que durante

dois anos me guiou com muita presteza, calma e dedicação, tornando-se uma

referência e exemplo de profissional para mim.

Aos meus alunos que disponibilizaram o seu tempo para me ajudar com a

coleta dos dados. Sem vocês esse processo teria sido mais difícil.

Aos colegas do mestrado, especialmente, Haiana Alves e Josiane Cintra, pela

amizade e companheirismo. Nossos momentos de estudos e descontração nas

madrugadas afora foram eficazes nos cumprimentos dos prazos.

Enfim, aos profissionais de enfermagem que participaram deste estudo. Muito

obrigada pela colaboração.

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Um dia, quando olhares para trás, verás

que os dias mais belos foram aqueles em

que lutastes.

Sigmund Freud

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RESUMO

O presente estudo buscou investigar o impacto da resiliência e da autoeficácia sobre

o burnout em profissionais de enfermagem. O constructo resiliência no contexto do

trabalho refere-se a capacidade de adaptação de forma positiva frente às

adversidades que ocorrem no ambiente laboral. A autoeficácia no trabalho

representa a percepção do indivíduo sobre as suas próprias competências na

execução de tarefas. Já o burnout é compreendido como uma síndrome específica

do meio laboral como consequência da cronificação do estresse ocupacional,

apresentando três dimensões: a exaustão, o cinismo (despersonalização) e a baixa

realização profissional. A amostra da pesquisa foi composta por 82 trabalhadores da

área de enfermagem que trabalham em Unidades de Pronto Atendimento – UPA’s

localizadas no estado do Acre. A maior parte dos participantes é do sexo feminino

(78%), com idade média de 31 anos (DP=6,8). Para a mensuração das variáveis

foram utilizadas a Escala de Resiliência no Trabalho, a Escala de Autoeficácia no

Trabalho e a Escala de Caracterização do Burnout, e para coletar os dados

sociodemográficos foi aplicado um questionário de autorresposta construído para

este estudo. Os dados foram submetidos a análises exploratórias e descritivas,

análise de variância (ANOVA), análise de correlação de Pearson e regressão linear

múltipla padrão. Os resultados indicaram que os profissionais de enfermagem

apresentaram níveis médios de resiliência, autoeficácia e dos componentes

exaustão e baixa realização profissional do burnout; e, por sua vez, baixo nível de

despersonalização. Constatou-se também correlação entre autoeficácia com dois

dos três fatores do burnout: exaustão emocional e decepção no trabalho. Os

achados ainda revelaram que resiliência e autoeficácia conjuntamente predizem

significativamente ambos os fatores de burnout, exaustão e decepção. No entanto, a

variável responsável por esta explicação foi autoeficácia no trabalho, pois apenas

ela foi estatisticamente significante para explicar os dois componentes do burnout

relatados. Conclui-se que os profissionais que apresentam maior autoeficácia são os

que menos sucumbem ao burnout, essa síndrome tão devastadora que ataca de

maneira impiedosa os profissionais que lidam no atendimento às pessoas.

Palavras-chave: Saúde do trabalhador. Resiliência. Autoeficácia. Burnout. Psicologia da saúde.

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ABSTRACT

This study has sought to investigate the impact of resilience and self-efficacy on

burnout in the nursing professionals. The resilience construct in the work’s context

refers to the form adaptation ability positive before the drawbacks happening in the

working environment. Self-efficacy at work represents the individual’s perception

about his own competencies at performing tasks. The Burnout, on the other hand, is

understood as a specific syndrome of the working environment as a consequence of

occupational stress chronification, and presenting three dimensions: exhaustion,

cynicism (depersonalization), and poor professional fulfillment. The sample to the

research was made up by 82 nursing area workers from the Prompt-Service Units –

UPA’s located in the state of Acre. Most participants are female in sex (78%), 31

years old on average (DP=6.8). In order to measure the variables, the Resilience-at-

Work, Self-Efficacy, and Burnout Characterization Scale were used, and for collecting

the social-demographic data, a self-response quiz was used, which had been

designed for this study. The data went through exploratory and descriptive analyses,

variance analysis (ANOVA), Pesarson correlation analysis, and standard multiple

linear regressions. Findings indicated that the nursing professionals presented

average levels of resilience, self-efficacy and of the exhaustion and poor professional

fulfillment of the burnout; and, in turn, low depersonalization level. Relationship was

also found between self-efficacy at work and burnout, for the results suggested that

there is correlation between self-efficacy and two out of the three burnout factors:

emotional exhaustion and work let-down. Findings also revealed that resilience and

self-efficacy, jointly, significantly predict towards the two burnout factors mentioned

above. However, the variable responsible for such explanation was self-efficacy at

work since it was the only one statistically significant to explain both reported burnout

components. It is concluded that the professionals presenting higher resilience and

self-efficacy levels are the ones being the least afflicted by burnout, such a

devastating syndrome mercilessly attacking the professionals working to serve the

people.

Keywords: Worker’s health. Resilience. Self-efficacy. Burnout. Health Psychology.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Número de estudos localizados por ano e por base pesquisada......... 19

Tabela 2 – Descrição dos participantes (n = 82)..................................................... 58

Tabela 3 – Características das escalas utilizadas no estudo................................. 60

Tabela 4 – Fidedignidade das escalas................................................................... 68

Tabela 5 – Estatística descritivas das variáveis..................................................... 69

Tabela 6 – Quartis das respostas dos participantes.............................................. 70

Tabela 7 - Coeficientes de correlação (r de Pearson) entre as variáveis do

estudo........................................................................................................ 75

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Reciprocidade Triádica na Teoria Social Cognitiva de

Bandura.......................................................................................................... 37

Figura 2 - Modelo Hipotético de Estudo.................................................................... 53

Figura 3 – Modelo do Resultado Obtido................................................................... 79

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...............................................................................................13

2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS........................................................................19

2.1 RESILIÊNCIA................................................................................................. 21

2.1.1 Resiliência no trabalho................................................................................... 29

2.1.2 Instrumentos validados para aferir a resiliência............................................. 32

2.2 AUTOEFICÁCIA............................................................................................. 36

2.2.1 Instrumentos validados para medir autoeficácia............................................ 40

2.3 BURNOUT...................................................................................................... 43

2.3.1 Burnout em profissionais de enfermagem...................................................... 46

2.3.2 Instrumentos validados para medir burnout................................................... 49

3 PROBLEMA DE PESQUISA, OBJETIVOS, VARIÁVEIS E HIPÓTESES.... 52

3.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................ 52

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................... 52

4 DEFINIÇÕES DAS VARIÁVEIS DO ESTUDO.............................................. 54

5 MÉTODO........................................................................................................ 57

5.1 TIPO DE ESTUDO......................................................................................... 57

5.2 PARTICIPANTES........................................................................................... 57

5.3 LOCAL DE COLETA...................................................................................... 59

5.4 INSTRUMENTOS........................................................................................... 59

5.5 PROCEDIMENTOS........................................................................................ 61

5.5.1 De coleta........................................................................................................ 61

5.5.2 De análise...................................................................................................... 62

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................... 63

6.1 ANÁLISES PRELIMINARES E LIMPEZA DO BANDO DE DADOS.............. 63

6.1.1 Dados ausentes............................................................................................. 63

6.1.2 Normalidade das distribuições dos dados...................................................... 64

6.1.3 Outliers............................................................................................................. 64

6.2 PRESSUPOSTOS DA ANÁLISE DE REGRESSÃO...................................... 64

6.2.1 Tamanho da amostra....................................................................................... 65

6.2.2 Honestidade das correlações........................................................................... 65

6.2.3 Singularidade e multicolinearidade entre as Vis............................................... 65

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6.2.4 Normalidade, linearidade, independência de resíduos, valores extremos e

homoscedasticidade................................................................................................ 66

6.3 FIDEDIGNIDADE DAS ESCALAS................................................................ 68

6.4 ESTATÍSTICA DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS............................................ 69

6.5 CORRELAÇÕES ENTRE AS VARIÁVEIS.................................................... 74

6.6 AS REGRESSÕES: RESULTADOS DO TESTE DO MODELO................... 77

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 80

7.1 CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS.......................................................................... 81

7.2 CONTRIBUIÇÕES METODOLÓGICAS............................................................ 82

7.3 CONTRIBUIÇÕES PRÁTICAS.......................................................................... 82

7.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO............................................................................... 82

7.5 AGENDA DE PESQUISA................................................................................... 83

REFERÊNCIAS............................................................................................. 85

ANEXOS........................................................................................................ 99

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1 INTRODUÇÃO

As transformações das organizações no que diz respeito à estruturação e

gerenciamento dos seus processos são claramente perceptíveis. A partir do modelo

taylorista e fordista, há uma mudança na organização do trabalho, passando a exigir

do trabalhador alto desempenho e o cumprimento rigoroso de uma carga horária,

muitas vezes excessiva, sob condições de trabalho nem sempre favoráveis,

frequentemente em detrimento de sua saúde. A globalização da economia e das

inovações tecnológicas trouxeram transformações e provocaram insegurança no

trabalhador, refletindo diretamente em sua saúde mental (MONTEIRO, 2010).

Atualmente, o sistema de informação e globalização tem tomado conta do

ambiente organizacional, acarretando mudanças no comportamento empresarial,

que abandona o modelo taylorista/fordista para dar lugar ao capital intelectual do

trabalhador, ou seja, sai da fase operacional e passa a ser estratégica. A visibilidade

dessas mudanças reflete-se na manifestação de novas formas de trabalho, as quais

demandam crescente qualificação dos trabalhadores e um perfil adaptável, que,

apesar das adversidades, consiga desenvolver-se, sem sofrer danos físicos ou

psíquicos (ONÇA, 2011). Essa exigência afeta os profissionais de diferentes áreas e,

neste estudo, serão focados os profissionais de saúde, mais especificamente os

profissionais de enfermagem, já que esta pesquisa se insere em um programa de

psicologia da saúde.

A enfermagem, como prática social, não ficou isenta às transformações

introduzidas no mundo do trabalho. Resultados do estudo de Moraes (2001) revelam

que há maior exaustão em técnicos de saúde do que nos que trabalham em cargos

administrativos na mesma instituição.

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No contexto de Unidades de Pronto Atendimento, os profissionais também

vivenciam as mais diversas formas de complexidade organizacional, lidam com a

―indefinição do papel profissional, a sobrecarga de trabalho, a pequena autonomia e

autoridade na tomada de decisões‖ (KEBIAN; FURTADO; PAULINO, 2010, p. 52).

Além disso, precisam gerir os resultados do exercício das suas funções no paradoxo

saúde/doença, deparando-se com situações que mobilizam o emocional, por vezes

de uma forma bastante intensa, o que pode dificultar seu trabalho, gerando confusão

diante dos aspectos técnicos, acarretando-lhes um grau considerável de sofrimento

pessoal (LABATE; CASSORLA, 1999). Para essas autoras, também podem ocorrer

processos de identificações patológicas com o sofrimento do paciente ou com sua

doença, tornando o trabalho do profissional de saúde ―insalubre‖ emocionalmente.

Esses enredamentos podem ter relação com situações de ruptura com as questões

positivas advindas do ambiente de trabalho por parte do trabalhador de

enfermagem, com todas as decorrências que ocorrem de tais complicações,

podendo ocasionar, dentre outros quadros patológicos, também o burnout, que é

uma variável deste estudo.

Tamayo e Tróccolli (2009) afirmam que desde o início dos anos de 1970 os

estudos sobre a síndrome do burnout têm desvendado possíveis consequências no

ao indivíduo, dentre eles: aspectos de distúrbios individuais como depressão,

queixas psicossomáticas, problemas de saúde, uso de drogas; atitudes inadequadas

como insatisfação no trabalho, falta de comprometimento organizacional, intenção

de abandonar o trabalho; e problemas no trabalho, como absenteísmo e licença

médica, alta rotatividade, baixo desempenho e má qualidade dos serviços.

Benevides-Pereira (2010) apresenta vários aspectos que podem tornar o

trabalho do profissional de enfermagem uma atividade de ocupação vulnerável ao

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burnout, tais como o conflito e a ambiguidade de papéis, a falta de participação nas

decisões, os plantões, as longas jornadas de trabalho, o rodízio de horários, o

número insuficiente de pessoal, os recursos escassos, a sobrecarga de trabalho.

Acrescenta-se a esses problemas a falta de treinamento para lidar com novas

tecnologias, o excesso de horas extras, o clima tenso de trabalho, a falta de apoio

e/ou suporte social, a falta de reconhecimento profissional, pressão por maior

produtividade, um ambiente de trabalho propício a riscos químicos, biológicos,

físicos e psicossociais (GRAU et al., 2005; ARROGANTE, 2014). Além disso, esses

profissionais ainda enfrentam turnos rotativos que dificultam a convivência social e

familiar, lidam com a dificuldade em conciliar o trabalho com atividades

extraprofissionais, com conflitos entre os valores pessoais e laborais, atenção

constante e próxima com o paciente, contato constante com o sofrimento, com a dor

e, muitas vezes, com a morte, enfrentando a complexidade de alguns

procedimentos, além de lidarem com a responsabilidade, muitas vezes implicando

manutenção à vida de outrem (BENEVIDES-PEREIRA, 2010).

Burnout é um termo antigo que veio do jargão inglês burn-out, referente àquilo

que deixou de funcionar por absoluta falta de energia. Para Maslach, Schaufeli e

Leiter (2001), burnout é uma resposta prolongada ao estresse laboral crônico e a

exaustão, sendo a última, a principal característica e manifestação mais evidente

dessa síndrome.

Conforme Kebian, Furtado e Paulino (2010), os enfermeiros, técnicos e

auxiliares de enfermagem são identificados como profissionais de maior incidência

afetados pela síndrome de burnout, uma vez que mantêm contato direto com

pacientes e familiares, sendo expostos constantemente a situações estressantes.

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Diversas são as exterioridades do trabalho de enfermagem que podem tornar

essa atividade uma ocupação sujeita ao burnout. Por essa razão, cabe verificar

quais características desses profissionais auxiliam para minimizar os sofrimentos

gerados a partir dessa síndrome, buscando constatar como algumas características

pessoais, por exemplo, diferentes níveis de resiliência e autoeficácia, influenciam o

desenvolvimento do burnout em trabalhadores da enfermagem. É importante

verificar ainda se e o quanto esses níveis de resiliência e autoeficácia no trabalho

colaboram para que eles não apresentem a falta de realização profissional, a

despersonalização das pessoas com as quais lidam e a exaustão e ausência de

energia, que são características da síndrome de burnout proporcionada pelo

ambiente organizacional.

Resiliência é uma palavra de origem latina (resiliens) que significa ―pular de

volta‖ (KLEIN; NICHOLLS; THOMALLA, 2003). Sua utilização deriva da física, área

na qual se refere à propriedade de alguns materiais para retornar ao seu estado

original depois de sofrerem deformação provocada por algum tipo de estresse como

temperatura ou força. Yunes (2003) afirma que um dos precursores do termo

resiliência foi Thomas Young (1807), descrevendo um experimento sobre tensão e

compressão de barras e buscando relacionar a força que era aplicada num corpo e a

deformação que essa força produzia.

Conforme Martins et al. (2012), a psicologia e a psiquiatria vêm estudando

resiliência há mais de 40 anos. Portanto, na psicologia, a resiliência é um termo

relativamente novo; poucos pesquisadores estudaram sobre esse fenômeno. Além

disso, sua conceituação na área não é tão precisa como nas ciências exatas. Poletto

e Koller (2011, p. 22) afirmam que isso acontece ―considerando a multiplicidade e a

complexidade de fatores e variáveis levadas em conta no estudo de fenômenos

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humanos‖. Um dos precursores do estudo da resiliência na psicologia foi o psiquiatra

Michael Rutter, que a define como um ―fenômeno em que se supera o estresse e as

adversidades‖ (1999, p. 119).

A outra variável foco deste estudo é a autoeficácia, a qual teve como

precursor Bandura (1977), que a conceituou como a percepção do sujeito em

relação à sua capacidade no desenvolvimento de uma tarefa, sendo que suas

crenças a respeito de suas aptidões para produzir determinados resultados têm

influência sobre acontecimentos que afetam sua vida. A percepção de autoeficácia é

modificada ao longo da vida e cada fase apresenta demandas que fazem com que

os indivíduos tenham de lidar com novas situações, avaliando e reavaliando

constantemente suas crenças de eficácia. Para tanto, os indivíduos possuem um

aparelho interno, o qual lhes permite ter domínio sobre as suas ações e

pensamentos, sendo esse sistema essencial para que atinjam suas metas e

executem com sucesso as tarefas as quais se propuseram (BANDURA, 1994).

Em função de poucos estudos encontrados na ciência psicológica, em sua

área organizacional, que investiguem relações sobre as três variáveis anteriormente

descritas, torna-se relevante a realização deste estudo, que pretende acrescentar

conhecimentos sobre a relação entre esses fenômenos. Por isso, o presente

trabalho tem por objetivo verificar o impacto da resiliência e da autoeficácia sobre o

burnout em trabalhadores de enfermagem.

O texto constituirá dos seguintes conteúdos e está assim organizado: na

seção 2, é apresentada uma revisão da literatura dos principais fundamentos

teóricos das variáveis resiliência, autoeficácia e burnout.

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Na terceira seção, são expostos o problema de pesquisa, os objetivos geral e

específico, as variáveis e as hipóteses; seguindo pela quarta seção, que apresenta

as definições das variáveis do estudo.

A seção 5 apresenta o método: participantes da pesquisa, instrumentos

utilizados e procedimentos adotados.

A seção 6 aborda os resultados e discussão e a seção 7 expõe as

considerações finais. Seguirão as referências e os anexos.

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2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS

A pesquisa da revisão bibliográfica foi realizada a partir do acesso às

seguintes bases de dados: PsycArticles e PsycINFO (APA), MEDLINE Complete

(EBSCO), SpringerLink, SPORTDiscus with Full Text (EBSCO), Academic Search

Premier – ASP (EBSCO), Annual Reviews, Oxford Journals (Oxford University

Press), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e ScienceDirect (Elsevier);

realizou-se busca na Biblioteca Virtual em Saúde – Psicologia (BVS-PSI),

investigação nos Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PEPSIC) e pesquisas em

livros. Para a pesquisa nas bases de dados, foram utilizadas as palavras-chave

resiliência, resiliência no trabalho, resiliência, resiliencia en el trabajo, resilience,

resilience at work, resiliency; autoeficácia, autoeficácia, auto eficácia, self efficacy,

self efficacy at work; burnout, Occupational Stress e estresse no trabalho no período

de 2008 a 2013.

Com a realização do levantamento bibliográfico, notou-se que há poucas

pesquisas que relacionam duas variáveis do estudo e não foram encontrados

estudos relacionando as três variáveis pesquisadas no presente trabalho. A Tabela 1

apresenta o número de estudos localizados por ano e por base pesquisada.

A escassez de publicações relacionando as variáveis em questão reforça a

importância científica da realização deste estudo.

Tabela 1 – Número de estudos localizados por ano e por base pesquisada

BASE DA DADOS TERMO NUMERO DE PUBLICAÇÕES

PERÍODO

PsycInfo; PsycArticles (APA)

Resilience 2244

2008 a 2013

Resiliency 369

Resilience at work

0

Resiliencia 40

Resiliencia en el trabajo

0

self efficacy 3108

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21

self efficacy at work

0

Burnout 1502

Occupational Stress

243

MEDLINE Complete (EBSCO); SpringerLink

Resilience 3748

2008 a 2013

Resiliency 421

Resilience at work

70

Resiliencia 18

Resiliencia en el trabajo

0

self efficacy 0

self efficacy at work

0

Burnout 0

Occupational Stress

0

Academic Search Premier - ASP (EBSCO)

Resilience 46

2008 a 2013

Resiliency 23

Resilience at work

0

Resiliencia 1

Resiliencia en el trabajo

0

self efficacy 88

self efficacy at work

0

Burnout 32

Occupational Stress

26

Annual Reviews, Oxford Journals (Oxford University Press)

Resilience 6

2008 a 2013

Resiliency 0

Resilience at work

0

Resiliencia 0

Resiliencia en el trabajo

0

self efficacy 0

self efficacy at work

0

Burnout 0

Occupational Stress

0

Scientific Eletronic Library Online (SciELO)

Resilience 18

2008 a 2013

Resiliency 0

Resilience at work

0

Resiliencia 0

Resiliencia en el trabajo

0

self efficacy 0

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22

self efficacy at work

0

Burnout 0

Occupational Stress

0

ScienceDirect (Elsevier)

Resilience 189

2008 a 2013

Resiliency 15

Resilience at work

0

Resiliencia 0

Resiliencia en el trabajo

0

self efficacy 233

self efficacy at work

0

Burnout 90

Occupational Stress

9

Fonte: Elaborada pela autora

Assim, apresentar-se-á na seção 2.1 a origem, o histórico e o conceito de

resiliência e o desenvolvimento do estudo sobre a referida variável; a seção 2.1.2

versará sobre a resiliência no trabalho; a seção 2.1.3 apresentará os instrumentos

validados para aferir a resiliência e resiliência no trabalho.

A seção 2.2 abordará o histórico de autoeficácia; a 2.2.1 dará sequência com

os instrumentos de mensuração de autoeficácia.

Na seção seguinte, 2.3, tratar-se-á sobre a origem, o histórico e o conceito de

burnout; na seção 2.3.1, será abordado burnout em profissionais de enfermagem; e

na seção 2.3.2, serão analisadas as medidas para verificação de burnout.

2.1 RESILIÊNCIA

A palavra resiliência origina-se do latim resiliens, que significa ―pular de volta‖

(KLEIN; NICHOLLS; THOMALLA, 2003), e deriva da física, onde se refere ao

atributo de alguns materiais que retornam ao seu estado original após sofrerem

deformação provocada por algum estresse, como temperatura ou a força.

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O estudo sobre resiliência tem como um de seus precursores Thomas Young

(1807), que descreveu um experimento sobre tensão e compressão de barras,

buscando relacionar a força que era aplicada num corpo e a deformação que essa

força produzia. Assim, resiliência foi denominada como a capacidade de um material

absorver energia ou carga sem sofrer deformação permanente (YUNES, 2003).

Estudiosos das ciências humanas conceituam a resiliência como a

capacidade que o indivíduo ou grupo apresentam de desenvolver-se positivamente,

mesmo passando por adversidades. Oliveira et al. (2008, p. 9) dizem que a

resiliência aparece ―como um constructo que aponta para um novo modelo de se

compreender o desenvolvimento humano pela dimensão da saúde e não da

doença‖.

Na psicologia, a resiliência é um termo de utilização relativamente recente;

poucos pesquisadores estudaram esse fenômeno. Além disso, sua conceituação

nessa área não é tão precisa como nas ciências exatas. Poletto e Koller (2011)

afirmam que isso acontece ―considerando a multiplicidade e a complexidade de

fatores e variáveis levadas em conta no estudo de fenômenos humanos‖ (p. 22). As

mesmas autoras ainda asseguram que o conceito de resiliência foi principiado na

psicologia pela utilização dos termos invencibilidade ou invulnerabilidade, tornando-

se precursores da definição do termo resiliência.

Outros autores, como Luthar, Ciccheti e Becker (2000), também relatam que o

termo resiliência era compreendido como sinônimo de invulnerabilidade.

De acordo com Werner e Smith (1982,1992), usava-se a palavra

invulnerabilidade para descrever crianças que, apesar de passarem por adversidade

e estresse psicológico, apresentavam saúde emocional, sendo o psiquiatra J.

Anthony o primeiro a utilizar este termo. Segundo Werner e Smith (1992, p. 4):

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24

Em 1974, o psiquiatra infantil Anthony introduziu o termo invulnerabilidade na literatura da psicopatologia do desenvolvimento para descrever crianças, que, apesar de prolongados períodos de adversidades e estresse psicológico, apresentavam saúde emocional e alta competência.

Para Poletto, Wagner e Koller (2006), invulnerabilidade é uma característica

inerente, não sujeita a mudanças, que permite ao indivíduo não sofrer danos ao

passar por uma situação estressora.

Martins et al. (2012) explicam que os estudos que focavam a resiliência como

sinônimo de invulnerabilidade ou como uma característica inata ao indivíduo e fixa

sustentaram-se na concepção física, reproduzindo a resiliência em seus primórdios,

a qual trouxe influências na maneira de pensar o construto no campo psicológico.

Conforme Martienau (1999), pesquisas atuais ainda baseiam-se na versão

inicial de resiliência como invulnerabilidade. No entanto, com a evolução dos estudos

superou-se a época em que resiliência era vista como um fenômeno cujo sinônimo

era invulnerabilidade (ANTHONY, 1974). Atualmente, há um consenso de que a

compreensão do termo invulnerabilidade é diferente do conceito de resiliência

(RUTTER, 1993; LUTHAR; CICCHETI; BECKER, 2000; ZIMMERMAN;

ARUNKUMAR, 1994; CIMBALISTA, 2007; ALMEDOM et al., 2010).

Um dos precursores do estudo da resiliência na Psicologia, Michael Rutter

(1970), diferencia invulnerabilidade de resiliência, afirmando que a primeira constitui-

se por uma obstinação absoluta contra estresse, em que as adversidades não

afetariam a vida do indivíduo. Já a resiliência demonstra a capacidade de superar o

estresse e as adversidades, mas não significa que o sujeito não apresente algum

sofrimento, mesmo superando tais adversidades. O mesmo autor definiu resiliência

como um ―fenômeno em que se supera o estresse e as adversidades‖ (1999, p.

119).

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25

Para Zimmerman e Arunkumar (1994, p. 4), a resiliência é uma ―habilidade de

superar adversidades, o que não significa que o indivíduo saia da crise ileso, como

implica o termo invulnerabilidade‖. Nessa concepção, Yunes (2001) assegura que

resiliência não se confunde com invulnerabilidade, porque se trata de um fenômeno

que procura explicar os processos de superação de adversidades e não de

resistência absoluta. Cimbalista (2007) também concorda que a invulnerabilidade é

uma resistência absoluta à adversidade e já a resiliência é a habilidade de o

indivíduo superar as dificuldades.

Luthar, Ciccheti e Becker (2000) dizem que é uma falha conceber resiliência

como invulnerabilidade, pois implica que a evasão de risco é absoluta e imutável.

Segundo tais autores, resiliência é um processo dinâmico que engloba adaptação

positiva dentro do contexto de adversidade significativa.

Resiliência é compreendida de diferentes formas, tornando-a um conceito

multifacetado. Alguns autores abordam a resiliência como traço pessoal. Outros

pesquisados explicam resiliência como uma qualidade caracterizada pela

flexibilidade e versatilidade. Na primeira forma de compreensão, entende-se

resiliência como um traço (atributo individual); na segunda, como algo que decorre

da interação com o ambiente (ANTONY; COHLER, 1987; FLACH, 1991; GARMEZY,

1989; MUNIST et al., 1998; WERNER; SMITH, 1989; WOLIN; WOLIN, 1993).

Resiliência estudada enquanto um traço de personalidade refere-se a

características permanentes, que são estáveis na vida do indivíduo, permitindo-lhe

passar por adversidades sem que seja afetado por elas.

Conforme Martineau (1999), há um consenso entre diversos autores de que

os principais traços vistos como características fixas da resiliência são a

sociabilidade, a criatividade na resolução de problemas e um senso de autonomia e

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de proposta. Com o passar do tempo, a resiliência estudada como um traço pessoal

foi perdendo espaço entre os estudiosos. Atualmente, são poucos os pesquisadores

que sustentam a ideia da resiliência como um traço. Busca-se explicar essa variável

como um processo dinâmico, em que o ambiente e indivíduo interagem de forma

recíproca, de forma a adaptar-se, apesar das adversidades (LUTHAR; CICCHETTI;

BECKER, 2000; WALLER, 2001; BARLACH; LIMONGI-FRANÇA; MALVEZZI, 2008).

Nessa perspectiva, a resiliência é definida por Waller (2001, p. 7) como ―um produto,

multideterminado e sempre multável, de forças que interagem em determinado

contexto sistêmico‖.

Rutter (1987) e Cyrulnik (2001) também acreditam que resiliência não é um

traço de personalidade pertencente a alguns indivíduos. Para eles, a resiliência é

uma característica em constante desenvolvimento que não pode ser vista como um

atributo fixo. O primeiro autor afirma que a resiliência é uma ―variação individual em

resposta ao risco e os mesmos eventos estressores podem ser vividos de maneira

diferente por diferentes pessoas‖ (1987, p. 317).

Luthar, Cicchetti e Becker (2000) acreditam que estudar a resiliência como

atributo pessoal pode demonstrar que não há o que fazer diante das adversidades,

sendo que o processo dinâmico que caracteriza a resiliência implica na interação

com adversidades.

É perceptível que, ao longo do tempo, o conceito de resiliência vem

evoluindo, saindo da classificação de traço da personalidade para um estado

psicológico. Passou-se, também, a considerar o desenvolvimento da resiliência,

gerando a reflexão que tal processo pode ser aprendido, buscando desenvolver

habilidades para o indivíduo superar as adversidades, o que não era possível ao ser

concebida com um traço da personalidade.

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Para Luthar e Brown (2007) e Rutter (2013), o principal objetivo da pesquisa

em resiliência é alcançar resultados que demonstrem os elementos cruciais de

intervenções eficazes para maximizar as oportunidades de vida e desenvolvimento

da saúde.

Confirmando esse enfoque, Luthar e Brown (2007) e Rutter (2013) concordam

com Luthar, Cicchechi e Becker (2000, p. 543) quando definem resiliência como um

―processo dinâmico de adaptação positiva em contexto de significativa adversidade‖.

Os mesmos autores acreditam que estudar a resiliência como um traço pode sugerir

que não há o que fazer diante das adversidades, limitando a concepção de

resiliência.

A resiliência estudada como processo agrega em seu conceito três

componentes: a noção de adversidade e/ou risco; a adaptação positiva; e a

dinâmica entre os mecanismos emocionais, cognitivos e socioculturais que têm

influência no desenvolvimento humano (INFANTE, 2005).

Dessa forma, a atual definição do conceito de resiliência toma dimensões a

partir de procedimentos que explicam a superação de adversidades; talvez por isso

Yunes (2003) sugere que esse conceito trata de fenômenos indicativos de padrões

de vida saudável. Resiliência é um conceito integrante da Psicologia Positiva,

movimento iniciado por Seligman e Csikszentmihalyi (2000), que busca compreender

os processos que proporcionam o desenvolvimento psicológico positivo no indivíduo.

Resiliência está focada nos aspectos sadios; em seu estudo, busca-se o

entendimento do que leva alguns indivíduos a se adaptarem após o enfrentamento

de situações adversas. Nesse sentido, Poletto e Koller (2011) afirmam que a

resiliência está centrada nas situações que permitem estudos sobre aspectos

positivos e o desenvolvimento sadio do sujeito.

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Outros pesquisadores que contribuíram para com a definição do conceito de

resiliência foram Masten e Garmezy (1985), afirmando que resiliência é a

capacidade para a adaptação bem-sucedida apesar de circunstâncias desafiadoras

e ameaçadoras. O conceito de resiliência envolve o fortalecimento e a construção de

competências nas pessoas, procurando compreender o fato de que é possível

superar as adversidades.

Bonanno (2004) definiu resiliência como a capacidade de manter o

funcionamento físico e psicológico relativamente estável após experimentar um

evento isolado e altamente perturbador como a morte de um parente próximo ou

uma situação de violência.

Grotberg (2001), nessa mesma concepção, considera resiliência como a

capacidade humana de obter êxito diante das adversidades e, além disso, ser

fortalecido e transformado positivamente por essa situação. Essa autora acredita

que a resiliência ―permite que uma pessoa, um grupo ou uma comunidade, previna,

minimize e supere os efeitos nocivos das adversidades‖ (GROTBERG, 1995, p. 7).

Wald, Taylor, Asmundson et al. (2006), citados por Herrman et al. (2011),

também referem-se à resiliência como uma capacidade para manter ou recuperar a

saúde mental a partir do enfrentamento de alguma adversidade.

Outros pesquisadores como Luthar (2002); Connor e Davidson (2003); Yunes

(2011); Martins (2012); Brown e Westaway (2011); e Wright et al. (2013) têm

estudado resiliência como uma capacidade de adaptação positiva frente às

adversidades. Esses autores pesquisam os aspectos positivos gerados a partir da

resiliência para o bom desenvolvimento humano, entendendo-a como um conceito

dinâmico e relativo.

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Alguns estudiosos como Bandeira et al. (1996); Rutter (1993); Lindströn

(2001); Masten (2001); Connor e Davidson (2003) esclarecem que a resiliência pode

ocorrer em determinado momento da vida do sujeito e em outro momento pode não

ocorrer, evidenciando que não é viável afirmar que o indivíduo é ou não resiliente,

mas que apresenta características da resiliência em determinado período de sua

vida. Nesse sentido, pesquisadores como Masten (2001); Luthar, Cicchetti e Becker

(2000); e Masten e Narayan (2012) discutem esse construto como processo

dinâmico, multidimensional ou ecossistêmico.

Masten (2001) acrescenta que a resiliência é uma capacidade que vem de um

processo dinâmico e evolutivo e pode variar conforme as circunstâncias, o gênero, o

contexto e a etapa de vida, na qual a expressão ocorre de múltiplas formas e em

diferentes culturas.

Por sua vez, Waller (2001, p. 290), mais um representante desse enfoque,

define resiliência como ―um resultado, multideterminado e sempre mutável, de forças

que interagem em determinado contexto ecossistêmico‖ (p. 290).

Para Job (2003), a resiliência pode ser aprendida, tornando-se relevante a

avaliação de resiliência para que mecanismos de proteção e fomentação sejam

criados a fim de preparar os indivíduos para o enfrentamento de adversidades.

No Brasil, as pesquisas sobre resiliência são escassas e limitadas. O

significado do termo ainda é desconhecido para a maioria da população (POLLETO;

KOLLER, 2011). Yunes deu início à divulgação do termo resiliência no Brasil

(YUNES, 2001, 2011; YUNES; SZYMANSKI, 2001, 2005), publicando artigos que

expõem a origem desse termo, sendo referência para outros autores brasileiros.

Junqueira e Deslandes (2003) também estudaram resiliência, concluindo que o seu

conceito apresenta fatores dicotômicos entre adaptação/superação, inato/adquirido,

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permanente/circunstancial, porém tem em comum a singularidade das relações de

promoção de saúde. Mais recentemente, Martins (2010) afirma que a resiliência

protege o indivíduo de possíveis desestruturações diante de adversidades e

esclarece o desenvolvimento normal nestas situações adversas, nas quais outros

perdiam a estrutura.

A resiliência também é um termo utilizado nas organizações de trabalho,

denominando-se como resiliência no trabalho (LUTHANS, 2002; LUTHANS;

YOUSSEF; AVOLIO, 2007; LUTHANS; YOUSSEF, 2004; BARLACH; LIMONGI-

FRANÇA; MALVAREZZI, 2008; CIMBALISTA, 2007; RAUSCHENBACH et al., 2012).

Tratar-se-á do referido termo na próxima seção.

2.1.1 Resiliência no trabalho

O trabalho representa diferentes significados para cada pessoa e é uma

atividade essencial para o desenvolvimento psicossocial do indivíduo (PORTO;

TAMAYO, 2008; MURCHO; JESUS, 2014). É uma fonte de satisfação das

necessidades humanas, pois através dele é possível ter autonomia financeira,

aquisição de identidade com uma profissão, aumentar o leque de contatos sociais,

gerando, dessa forma, prazer ao indivíduo e tornando-se uma importante instância

para a produção e reprodução da subjetividade humana. Sendo assim, o trabalho

exerce grandes influências na satisfação, produtividade e na saúde dos

trabalhadores (BORGES; YAMAMOTO, 2014; ROBBINS et al., 2010; JOB, 2003,

CLOT, 2006).

Além de benefícios, o trabalho pode acarretar, também, sofrimento e

adoecimento ao trabalhador (DEJOURS, 1992). Pode-se citar como eventos

negativos e estressores no ambiente organizacional as responsabilidades e

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pressões ocasionadas por elas (DOLLARD; BAKKER, 2010; HALL; DOLLARD;

COWARD, 2010), a falta de tempo para lazer, de apoio dos pares e dos superiores

(IDRIS; DOLLARD; YULITA, 2014), pouca liberdade para a exercer a criatividade,

falta de autonomia nas atividades (MORGESON et al., 2010), assédio moral, receio

de perder o emprego, dentre outros (CAMELO; ANGERAMI, 2008; CAMPOS;

DAVID, 2011; FERNANDES et al., 2011). Esses fatos, quando presentes nos

ambientes organizacionais, além de não gerarem proteção e promoção à saúde e

qualidade de vida, são os que mais representam os fatores de riscos, que

ocasionam o sofrimento e adoecimento no trabalhador (COOPER; MARSHALL,

1976; RAYNER; HOEL, 1997; JOHNSON et al., 2009).

Segundo Dejours (1994), o trabalho é uma fonte de prazer e de sofrimento. E

por isso é importante compreender como as pessoas agem ao se depararem com

situações negativas e estressoras e até mesmo o que fazem antes desse processo.

Muitas pessoas conseguem evitar o sofrimento e a doença apesar de todos

os fatores negativos a que estão sujeitas no ambiente de trabalho, tornando-se

flexíveis a essa dinâmica (JOB, 2003). Tal flexibilidade, que é uma característica da

resiliência, é uma das competências requeridas pelas dinâmicas trabalhistas atuais,

que apresentam as mais diversas situações e fatores de riscos psíquico e

fisiológicos (JOB, 2003; BARLACH; LIMONGE-FRANÇA; MALVEZZI, 2008).

Resiliência no trabalho é explicada como a capacidade de o trabalhador ser

forte sob condições de grandes tensões e mudanças no ambiente do trabalho,

sendo capaz de reagir, evitando comportamentos inadequados e de voltar a um

estado estável, após o evento estressor (HORNE, 1997; COUTU, 2002; BHAMRA;

DANI; BURNARD, 2011).

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Um pesquisador que tem colaborado para o desenvolvimento do construto de

resiliência no trabalho é Luthans (2002), que se apropriou do conceito, trazendo-o

para o bojo do capital psicológico. A Teoria do Capital Psicológico refere-se a

capacidades psicológicas positivas que apresentam influência sobre o desempenho

da pessoa, dentre elas a capacidade de autoeficácia, a esperança, o otimismo e a

resiliência (LUTHANS; YOUSSEF, 2004). Luthans, Youssef e Avolio (2007) afirmam

que resiliência pode ser desenvolvida e melhorada continuamente, o que possibilita

o desenvolvimento da aprendizagem, a mudança e o gerenciamento no trabalho,

através de programas de treinamento ou autodesenvolvimento.

Diante disso, é possível apreender que a resiliência estará presente quando o

indivíduo estabelecer condições favoráveis para o enfrentamento das circunstâncias

estressoras, embora passe por inúmeras dificuldades expostas no ambiente de

trabalho. Com esse pensamento, Waller (2001) indica que o processo da resiliência

se dá em função da existência da adversidade, quando o enfrentamento da situação

adversa possibilita o crescimento psicológico do indivíduo, promovendo benefícios à

sua saúde.

Além dessas características, Coutu (2002) diz que a pessoa ou a organização

resiliente apresentam os seguintes atributos: firme aceitação da realidade; a crença

profunda, em geral apoiada por valores fortemente sustentados, de que a vida é

significativa e habilidade de improvisação.

Destarte, o termo resiliência no trabalho refere-se à existência ou à

construção de recursos adaptativos, que busca preservar a relação saudável entre o

indivíduo e seu trabalho em um ambiente permeado por inúmeras formas de

rupturas, havendo a possibilidade da adaptação às mudanças antes de torna-se

imperativa, em que as situações vivenciadas no passado que lograram êxitos podem

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33

colaborar no fortalecimento e na competência da pessoa para lidar com

adversidades futuras (BARLACH; LIMONGE-FRANÇA; MALVEZZI, 2008; BROWN,

1997; RICHARDSON, 2002; GARMEZY, 1993; RUTTER, 1993; CASTLEDEN;

MCKEE; MURRAY; LEONARDI, 2011).

2.1.2 Instrumentos validados para aferir resiliência

Os instrumentos de avaliação psicológica para avaliar a característica que se

propõem a medir devem ser válidos e fidedignos para que se possa garantir a

confiabilidade da avaliação.

Diferentes métodos que são utilizados para entender a resiliência psicológica

se mostram úteis para compreender as estruturas psicológicas que estão

conectadas aos seus resultados cognitivos e fisiológicos (PALUDO; KOLLER, 2006).

Os instrumentos psicológicos estão dentro desses métodos, sendo fundamentais

para se ter resultados quantitativos referente às variáveis.

Pesce e cols. (2005) e Muñoz (2007) ressaltam que, ante a evolução de

novas tendências de prevenção e promoção de saúde, observou-se um crescente

interesse pelo constructo resiliência e, consequentemente, a expansão de medidas

dessa variável.

As pesquisas das escalas para medir resiliência foram feitas nas seguintes

bases de dados: PsycArticles e PsycINFO (APA), Scientific Eletronic Library Online

(SciELO), inserindo os termos: resiliência, resilience, resiliency, resiliencia,

resiliência no trabalho, resilience at work, resiliency at work e resiliencia en el

trabajo.

Em texto de 2013, Martins et al. publicaram uma revisão teórica sobre o

conceito de resiliência, onde apresentaram diversas escalas para medir resiliência,

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em ordem cronológica: Escala Disposicional de resiliência, de Baretone et al. (1989);

Escala Disposicional de resiliência, de Baretone (1991); Resilience Scale – RS, de

Wagnild e Young (1993); Escala Disposicional de resiliência, de Baretone (1995,

2007); ER 89, de Block e Kremer (1996); Ego resiliente, de Klohnen (1996); Escala

de atitudes resilientes (RAS), de Biscoe e Harris (1999); Perfil de atitudes e

habilidades resilientes, de Hurtes e Allen (2001); Inventário de Fatores Protetores de

Baruth_BPFI, de Baruth e Carroll (2002); Connor – Davidson Resilience Scale – CD-

RISC, de Connor e Davidson (2003); Resilience Scale for Adults, de Friborg,

Hjemdal, Rosenvinge, e Martinussem (2003); Adolescent Resilience Scale – ARS de

Oshio, Kaneko, Nagamine e Nakaya, (2003); Escala de resiliência para adultos

(ERA), de Friborg et al. (2003); Juventude Resiliente: Avaliação dos Pontos fortes do

Desenvolvimento, de Donnon, Hammond e Charles (2003) e Donnon e Hammond

(2007); Escala Breve de Enfrentamento Resiliente (BRCS), de Sinclair e Wallston

(2004); Escala de resiliência orientada para resultados, de Harland et al. (2005);

Escala de Resiliência, de Pesce et al. (2005, adaptada de Wagnild e Young, 1993);

Escala CD-RISC-10, forma reduzida da Connor – Davidson Resilience Scale – CD-

RISC, de Campbell-Sills e Stein (2007); Califórnia Saudável – Kids Survey – A

Escala de Resiliência do Inquérito ao Estudante, de Sun e Stewart (2007); Escala

breve de resiliência, de Smith et al. (2008); Medida de Resiliência da Criança e da

Juventude, de Ungar et al. (2008); Resiliência Psicológica, de Windle, Markland e

Woods (2008); Escala de Resiliência, de Batista e Oliveira (2008), original de

Wagnild e Young (1993); Escala de Avaliação de Resiliência (EAR), que foi

construída e validada no Brasil por Martins, Siqueira e Emílio (2011); e a Escala de

Resiliência de Connor-Davidson (Cd-Risc-10), validada para brasileiros por Lopes e

Martins (2011).

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A Resilience Scale – RS, de Wagnild e Young (1993), possui 25 itens em

escala Likert de sete pontos (variando entre discordo totalmente e concordo

totalmente), distribuídos entre os fatores competência e aceitação de si mesmo e da

vida. A referida escala foi validada no Brasil por Pesce et al. (2005) e por Oliveira e

Batista (2008). O estudo de Pesce et al. (2005) manteve os 25 itens da escala inicial,

com os fatores: resoluções de ações e valores; independência e determinação;

autoconfiança e capacidade de adaptação a situações. Já as autoras Oliveira e

Batista (2008) se propuseram a validar a escala para utilização em ambiente

organizacional. Partiram da versão da primeira validação, contendo apenas um fator,

com 15 itens e confiabilidade satisfatória (alfa de Cronbach = 0,90) e boa variância.

A Connor–Davidson Resilience Scale – CD-RISC, de Connor e Davidson

(2003), possui 25 itens, distribuídos em cinco fatores, sendo eles: competência

pessoal; confiança nos próprios instintos e tolerância à adversidade; aceitação

positiva de mudanças; controle e espiritualidade, apresentando boa confiabilidade

(alfa de Cronbach = 0,89) e análises de teste-reteste (coeficiente de correlação =

0,87). Estudo de validade confirmatória realizada por Campbell-Sills e Stein (2007)

identificou uma estrutura unifatorial de 10 itens, que recebe o nome de CD-RISC-10.

Essa forma foi validada para o Brasil por Lopes e Martins (2011), que confirmaram a

estrutura de um único fator, demonstrando alfa de Cronbach de 0,82.

As escalas que aferem a resiliência especificamente por idade e/ou fase da

vida são: a Resilience Scale for Adults, de Friborg et al., (2003), que apresenta 37

itens, reunidos em cinco fatores, entre eles a competência pessoal, competência

social, coerência familiar, suporte social e estrutura pessoal, com alfa 0,89; a

Adolescent Resilience Scale – ARS de Oshio, Kaneko, Nagamine e Nakaya (2003).

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Em 2010, Martins, Siqueira e Emílio construíram e validaram a Escala de

Avaliação de Resiliência (EAR). Esse instrumento tem 23 itens, distribuídos em cinco

fatores, sendo eles: aceitação positiva de mudanças, espiritualidade, resignação,

competência pessoal, persistência diante de dificuldades, com alfas superiores a

0,85.

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2.2 AUTOEFICÁCIA

O ser humano tem a capacidade de aprendizagem e interação com o meio, o

qual mobiliza novos estágios do aprendizado. Assim, mais um constructo de

relevante importância é a autoeficácia, que retrata a confiança do indivíduo sobre as

suas próprias competências.

A autoeficácia é um constructo de autoria de Bandura (1977), que a

conceituou como a crença do indivíduo sobre as suas próprias capacidades. Em seu

estudo, o referido autor objetivava adquirir uma compreensão mais profunda da

natureza e do funcionamento do sistema de crenças de pacientes fóbicos que, ao se

livrarem das fobias, alteraram suas crenças em sua eficácia para exercer o controle

sobre suas vidas de modo geral (BANDURA, 2008). Ele observou que, quanto mais

as crenças de eficácia foram elevadas, maior foi o desempenho de enfrentamento da

fobia (BANDURA; LOCKE 2003). Esses autores afirmam que, entre os mecanismos

de ação humana, as crenças de autoeficácia são as mais centrais e intensas.

Esse constructo é o elemento central da Teoria Social Cognitiva (BANDURA,

1977), utilizada também para explicar condutas e processos psicológicos

específicos, dentre eles a autoeficácia. Bandura propôs a referida teoria como uma

análise teórica de um mecanismo psicológico referenciado no self.

A Teoria Social Cognitiva entende o comportamento humano mediante um

modelo de reciprocidade triádica, na qual a conduta, os fatores pessoais internos

(eventos cognitivos, afetivos e biológicos) e o ambiente externo agem entre si como

determinantes interativos e recíprocos (BANDURA, 1986), conforme Figura 1.

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Figura 1 – Reciprocidade triádica na Teoria Social Cognitiva de Bandura

Comportamento humano

Fatores pessoais Fatores ambientais

Fonte: Pajares e Olaz, 2008. In: Bandura et al., 2008.

Conforme Bandura (1977), nesse modelo o indivíduo interfere ativamente no

ambiente, isto é, cria, modifica, destrói e restaura o ambiente, sendo que tais

interferências afetam sua conduta e a natureza de sua vida futura. Assim, os

indivíduos não são passivos, moldados e orientados por acontecimentos externos e

investidas interiores, mas são ativos, de forma que podem direcionar suas ações

intencionalmente, com um apropriado grau de controle sobre seus pensamentos,

sentimentos e ações (BANDURA, 1986).

Nesse sentido, o autor ainda afirma:

As pessoas não são apenas hospedeiras e espectadoras de mecanismos internos regidos pelos eventos ambientais. Elas são agentes de experiências, ao invés de simplesmente serem sujeitas a elas. O sistema sensorial, motor e cerebral são ferramentas que as pessoas usam para realizarem as tarefas e os objetivos que conferem significado, direção e satisfação às suas vidas (BANDURA, 2008, p. 71).

A autoeficácia compõe a Teoria Social Cognitiva dando-lhe sentido e suporte,

já que as crenças de autoeficácia são capazes de intensificar os processos que

controlam a maneira como as pessoas utilizam seus conhecimentos e suas

capacidades (BANDURA, 1997).

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Em 1977, Bandura apresenta o termo autoeficácia como a crença que as

pessoas têm sobre a sua capacidade de execução de uma tarefa, abordando seus

principais aspectos.

Concernente à origem da autoeficácia percebida, evidenciam-se quatro fontes

principais de informação ou percepção da autoeficácia pelo próprio sujeito:

experiências de domínio, experiências vicárias, persuasões sociais e estados

somáticos e emocionais (BANDURA, 1982), que atuam como preditores das

expectativas de eficácia (ONÇA, 2011).

Assim, identificar de onde vem a percepção da autoeficácia leva a crer que

ela é desenvolvida, já que as influências exteriores e/ou interiores podem aumentá-

la ou atenuá-la.

Conforme Ribeiro (1995) e Salanova, Grau e Martínez (2006), as expectativas

de eficácia poderão, eventualmente, afetar a própria tentativa de enfrentar as

situações e a escolha dos locais de ação. Dessa forma, autoeficácia pode ser

definida como a confiança que se tem na própria competência para o exercício de

uma atividade, podendo ser afetada pelas interações do sujeito com o ambiente.

Martínez e Salanova (2006) salientam que indivíduos que possuem as mesmas

competências, porém com diferentes crenças, podem ter fracassos ou sucessos em

decorrência de suas crenças de eficácia.

Bandura e Locke (2003) relatam que o conceito de autoeficácia já foi

pesquisado em diferentes campos e áreas, tais como: trabalho (STAJKOVIC;

LUTHANS, 1998; RICHTER et al., 2012; TIMS; BAKKER; DERKS, 2014), no

funcionamento psicossocial em crianças e adolescentes (HOLDEN et al., 1990;

PURSSELL; WHILE, 2012; WRIGHT; WRIGHT; JENKINS-GUARNIERI, 2013), na

educação (MULTON; BROWN; LENT, 1991), promoção da saúde e prevenção de

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doenças (HOLDEN, 1991; DAVIS et al., 2014), clínica psicológica, realizações

esportivas (MORITZ et al., 2000; HIGGINS et al., 2014) nos níveis individual e grupal

– assinalando que:

Este vasto corpo de pesquisa engloba uma ampla metodologia e abordagens analíticas. Estas abordagens interindividuais de delineamentos experimentais comparam grupos de níveis diferenciais de eficácia percebida, também comparam projetos interindividuais em que os mesmos indivíduos são progressivamente estimulados para maior autoeficácia percebida e diversos modos de desenvolvimento de autoeficácia [...]. Além disso, variados domínios do funcionamento e impacto da autoeficácia em diferentes sistemas de resposta, abrangendo aspectos cognitivos, afetivos e expressões comportamentais (BANDURA; LOCKE, 2003 p. 87).

Martínez e Salanova (2006) acreditam que as crenças de eficácia são

desenvolvidas a partir das ponderações sobre as aptidões possuídas, isto é,

pessoas diferentes podem apresentar as mesmas capacidades, mas com diferentes

crenças, levando-as a obter sucesso ou fracasso em função dessas diferenças de

crenças (AZZI; POLYDORO, 2006).

Nesse sentido, Bandura (1994) afirma que autoeficácia aumenta a realização

humana e o bem-estar pessoal de diversas formas. Os indivíduos que percebem ter

a capacidade na realização de tarefas tendem a se aproximar das tarefas difíceis

como desafios que podem ser dominados e não como ameaças a serem evitadas.

Em contraponto, as pessoas que não têm certeza de suas capacidades,

sentem dificuldade na realização das tarefas difíceis, e as veem como ameaças

pessoais (BANDURA, 1994).

Dessa forma, a autoeficácia influencia no modo como as pessoas atuam

diante de desafios, nas suas escolhas, em seu esforço despendido e em sua

persistência na realização de atividades, trazendo consequências em seu

desempenho (BANDURA, 1982).

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Por isso, torna-se importante e necessário compreender a autoeficácia em

diferentes contextos, incluindo as organizações de trabalho. Na área organizacional,

estudos como os de Hill, Smith e Mann (1987); Stumpf, Brief e Hartman (1987);

Wood, Bandura, e Bailey (1990); Mitchell et al. (1994); Tims et al. (2011, 2014);

Xanthopoulou et al. (2008); Schmidt e Deshon (2010) demonstram que autoeficácia

está relacionada a uma série de fatores para o desempenho do trabalho, tais como:

a capacidade de adaptação à tecnologia avançada, ao desempenho gerencial, à

aquisição de habilidades.

Stajkovic e Luthans (1998) contribuíram com a definição de autoeficácia no

trabalho, indicando uma significativa correlação entre a autoeficácia geral e

desempenho no trabalho. Bandura e Locke (2003) concluíram que é necessário,

além de resiliência, o desenvolvimento de crenças de autoeficácia para lidar com as

adversidades em ambientes competitivos. Em sua pesquisa, Speier e Frese (1997)

descobriram que a autoeficácia no trabalhado tem relação positiva com a iniciativa

de autodesenvolvimento e criatividade para melhorar os processos de trabalho.

Dessa forma, o presente estudo também pretende tratar da autoeficácia no ambiente

de trabalho, buscando verificar seu papel, juntamente com a resiliência, como

preditora do burnout.

2.2.1 Instrumentos validados para a avaliação de autoeficácia

A pesquisa das escalas para mensurar autoeficária foram realizadas a partir

das bases dados da PsycArticles e PsycINFO (APA), Scientific Eletronic Library

Online (SciELO), através dos termos: autoeficácia, self efficacy, autoeficacia,

autoeficácia no trabalho, self efficacy at work e autoeficacia en el trabajo.

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Verificou-se a existência da Escala de Autoeficácia Geral Percebida de

Jerusalem e Schwarzer (1979), originalmente com 20 itens, desenvolvida em alemão

por Matthias Jerusalém e Ralf Schwarzer e reduzida para 10 itens por Schwarzer e

Jerusalém (1995) e também por Teixeira e Dias (2005), com índices de consistência

interna variando entre 0,75 a 0,91, apresentando 4 pontos, variando de 1 (não é

verdade) a 4 (sempre é verdade). Essa escala foi adaptada para 31 idiomas, dentre

eles, chinês, inglês, francês, espanhol, italiano, russo, japonês, português e outros.

A adaptação ao português foi validada por Nunes, Schwarzer e Jerusalem (1999)

constituída por 10 itens e suas respostas variam entre 1 (não é verdade) a 4 (sempre

é verdade).

Martins e Onça (2010) adaptaram a referida escala para a cultura brasileira,

mantendo os 10 itens, mostrando-se unifatorial.

Também existem escalas para mensurar autoeficácia específicas, a The

Secondary Trauma Self-Efficacy (STSE) de Cieslak Cols. (2013), avaliada em dois

estudos dirigidos à população indiretamente expostas a eventos traumáticos, através

do trabalho com clientes traumatizados. A escala é unidimensional, possui 7 itens,

distribuídos em 7 pontos, usada para avaliar a capacidade percebida para lidar com

as demandas desafiadoras resultantes do trabalho com clientes traumatizados e

capacidade percebida para lidar com os sintomas de estresse traumático

secundário.

A literatura brasileira possui instrumentos de avaliação para mensurar

autoeficácia de forma específica. Assim, a Escala de Autoeficácia para o Voleibol,

adaptada e validada para o Brasil por Carmo (2006) a partir da escala original

―Hockey Team Confidence Survey‖, construída por Feltz e Lirgg (1998), tem como

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objetivo avaliar a autoeficácia de jogadores de voleibol em momentos que precedem

o início da partida. Essa Escala possui Alfas entre 0,67 e 0,80.

Uma outra é a Escala de Autoeficácia na Formação Superior – AEFS de

Guerreiro, 2007; Guerreiro-Casanova e Polydoro, 2010. A escala contém 34 itens, os

quais são avaliados em uma escala formato likert de 10 pontos variando de 1 (pouco

capaz) a 10 (muito capaz), agrupados nas cinco dimensões: autoeficácia acadêmica,

autoeficácia na regulação da formação, autoeficácia na interação social, autoeficácia

em ações proativas e autoeficácia na gestão acadêmica.

Moraes (2006) criou uma Medida de Autoeficácia e Estratégias para Criar no

Trabalho, unifatorial, composta por 7 itens e alfa de 0,94.

Meneses e Abbad (2010) construíram e validaram uma escala para ser

aplicada em Situações de Treinamento, Desenvolvimento e Educação de Pessoas.

Essa escala possui dois fatores e 15 itens, com alfa 0,91.

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2.3 BURNOUT

O termo burnout foi extraído do jargão popular inglês burn-out, que significa o

que deixou de funcionar por total falta de energia (BENEVIDES-PEREIRA, 2010).

Carlin e Ruiz (2010) declaram que publicações sobre a Síndrome de burnout

começaram a ser desenvolvidas nos anos 1970, a partir de Freundenberger (1974).

Além de Freundenberger, outros estudiosos como Maslach, Schaufeli e Leiter (2001)

apresentam Maslach como uma pesquisadora pioneira do termo burnout, relatando

sua pesquisa sobre estresse emocional no trabalho realizada com uma ampla

quantidade de trabalhadores, expondo descobertas em que as estratégias de

enfrentamento do burnout teve implicações importantes para a identidade

profissional e o comportamento no trabalho.

Schaufeli e Ezmann (1998) afirmam que burnout é um termo que já tinha sido

utilizado anteriormente por Bradley, em 1969, usando o termo staff bur-out, aludindo

ao desgaste de trabalhadores assistenciais.

Conforme Maslach, Schaufeli e Leiter (2001), inicialmente burnout não era um

termo consensual, isto é, não havia definição padrão para esse conceito. Com o

passar do tempo, os pesquisadores apresentaram uma concordância subjacente

sobre três dimensões fundamentais da experiência de burnout: a exaustão, o

cinismo (despersonalização) e a baixa realização profissional (MALASH;

SCHAUFELI; LEITER, 2001).

A exaustão emocional é ―a principal característica do burnout e a

manifestação mais evidente desta síndrome‖ (MASLACH; SCHAUFELI; LEITER,

2001, p. 403). Essa dimensão é definida como uma sensação de esgotamento físico

e mental. Refere-se a sentimentos de exigências excessivas e à diminuição dos

recursos emocionais para lidar com a situação estressora (MASLACH et al., 2001).

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O cinismo ou despersonalização é entendido como uma tentativa de distanciamento

emocional em relação a alguns aspectos do trabalho. O profissional tende a

racionalizar o vínculo afetivo, desencadeando comportamentos apáticos, o que pode

acarretar o distanciamento cognitivo, desenvolvendo uma indiferença ou atitude

cínica quando estão exaustos e desanimados. Por último, a dimensão baixa

realização profissional diz respeito a sentimentos de incapacidade e uma falta de

realização e produtividade no trabalho e por um sentimento de fracasso, de baixa

motivação e insatisfação com as atividades laborais, tornando-se frequente o anseio

de demitir-se do trabalho (MASLACH et al., 2001).

De tal modo, há um consenso entre os pesquisadores (BYRNE, 1993;

MALLET; JURS; PRICE; SLENKER, 1991; MEIER, 1983, 1984; SILVERSTEIN,

1982, MASLACH et al., 2001; GARCIA et al., 2014; LINDWALL et al., 2014) de que o

burnout é uma síndrome específica do meio laboral e que esta é uma consequência

da cronificação do estresse ocupacional. Essa síndrome acarreta implicações

negativas nos níveis individual, profissional, familiar e social (BENEVIDES-

PEREIRA, 2002).

O burnout também tem sido associado a várias formas de ausência no

trabalho, como o absenteísmo e a intenção de abandonar o emprego. Para os que

permanecem trabalhando, essa síndrome leva a uma menor produtividade e eficácia

no trabalho e também está associada com a insatisfação no trabalho e a

organização reduzida (MALASH; SCHAUFELI; LEITER, 2001).

Benevides-Pereira (2010, p. 21) define burnout como ―uma metáfora para

significar aquilo ou aquele que chegou ao seu limite e, por falta, de energia, não tem

mais condições de desempenho físico ou mental‖.

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Maslach et al. (2001) separam as pesquisas sobre burnout em duas fases, a

pioneira, iniciando em 1974, e a empírica, começando em 1980. O objetivo da

primeira fase foi de articular o fenômeno de burnout, e a sua principal contribuição foi

descrever o fenômeno básico e dar-lhe um nome. Esses estudos eram realizados

com base na experiência de pessoas que trabalhavam em serviços de atendimento

às pessoas, e a maior parte das observações iniciais foi ―descritiva e de natureza

qualitativa, utilizando técnicas como entrevistas, estudos de caso e observações in

loco‖ (MASLACH et al., 2001, p. 400). Na década de 1980, o trabalho sobre burnout

deslocou-se para a pesquisa empírica mais sistemática e de natureza quantitativa,

utilizando questionário e ampliando instrumentos de avaliação do burnout. Assim

várias medidas diferentes foram desenvolvidas (MASLACH et al., 2001).

A fase empírica permaneceu, porém, com novas perspectivas. O conceito de

burnout foi desdobrado para outras profissões além das relacionadas ao serviço de

atendimento às pessoas e educacional. Além disso, as pesquisas sobre burnout

valeram-se de metodologia e ferramentas estatísticas mais sofisticadas, permitindo

estudar as relações complexas entre fatores organizacionais e os componentes do

burnout. E, por último, foi possível, através de estudos longitudinais, avaliar as

relações entre o ambiente de trabalho e pensamentos e sentimentos do indivíduo

em diferentes momentos, podendo avaliar o impacto das intervenções

organizacionais sobre os sintomas do burnout (MASLACH et al., 2001).

Na definição conceitual, burnout foi compreendido sob dois parâmetros,

clínico e psicossocial (MASLACH, 1978; GIL-MONTE e PEIRÓ, 1997, MASLACH et

al., 2001). Na perspectiva clínica, o foco está nos sintomas de burnout e sobre

questões de saúde mental. No ponto de vista psicossocial, o olhar encontra-se na

relação entre o trabalhador que dá assistência, o paciente que recebe os serviços e

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no contexto situacional das ocupações no trabalho, como um processo que se

desenvolve através das características de interação do ambiente de trabalho e a

ordem pessoal, com manifestações distintas em diferentes estágios (MASLACH et

al., 2001; CARLIN et al., 2010).

Outra diferença nesse constructo está em seu entendimento como um estado

ou como um processo (CARLIN et al., 2010). Compreender burnout como um estado

implica ter um conjunto de sentimentos e comportamentos normalmente associados

com o estresse, que pode representar um estereótipo ao sujeito, enquanto que

estudar o burnout como um processo, o comportamento é entendido como uma

resposta ao estresse no trabalho quando as estratégias de enfrentamento funcional

comumente utilizado pelo sujeito, atuando como uma variável mediadora da relação

e as consequências de estresse percebido, falharem. Assim, a síndrome é percebida

como um mecanismo particular de enfrentamento do estresse e de fases de

desenvolvimento (RODRIGUEZ-MARÍN, 1995; GIL-MONTE; PEIRÓ, 1997;

SHIROM; MELAMED, 2006).

Desse modo, o tipo de ocupação é uma variável do trabalho que pode

proporcionar o desenvolvimento do burnout (OUMA; CHAPPELLE; SALINAS, 2011;

CHAPPELLE et al., 2013; PRINCE et al., 2009). Por isso, no próximo tópico

apresentar-se-á essa síndrome especificamente em profissionais de enfermagem.

2.3.1 Burnout em profissionais de enfermagem

As primeiras observações das manifestações de burnout foram feitas em

profissionais de enfermagem, professores, policiais e terapeutas, cujo caráter implica

em relacionamentos frequentes e diretos com pessoas que demandam cuidados

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e/ou ajuda (MASLACH, 1978; MASLACH; LEITER, 1997; MASLACH; SCHAUFELI;

LEITER, 2001).

Gil-Monte (2002) diz que essa síndrome está mais presente em profissionais

que estão expostos ao contato direto com o sofrimento e com a morte, com a falta

de autonomia e com a sobrecarga trabalhista. Todas essas características estão

presentes nas atividades dos profissionais de enfermagem, e, para Maslach et al.

(2001), dentro dos serviços humanos, as demandas emocionais do trabalho podem

esgotar a capacidade de um profissional de estar envolvido com as necessidades

dos pacientes. Freundenberger (1974) observou que a maioria desses profissionais,

quando expostos, em um período entre 1 a 3, aos cuidados com as pessoas que

precisam de ajuda, sofreu uma perda progressiva de energia, de motivação, falta de

interesse no trabalho até chegar à exaustão, juntamente com vários sintomas de

ansiedade e depressão (MINGOTE ADAN, 1998; MORENO; GONZÁLEZ;

GARROSA, 2001). O tipo de trabalho desses profissionais foi caracterizado por falta

de horário fixo, com um número muito elevado de horas para cumprir, com um

salário escasso e um contexto social exigente, normalmente tenso e que demanda

muita responsabilidade (LEITER, 1991). Para Freudenberger (1974), essas pessoas

se tornam menos sensíveis, pouco compreensivas e agressivas com os pacientes,

tratando-os com distanciamento e podem culpar o paciente pelos próprios problemas

que foram acometidos. Para descrever esse padrão de comportamento consistente,

Freudenberg (1974) cunhou a mesma palavra burnout, ou aquilo que ―está

queimado‖, ―consumido‖, ―apagado‖ (CARLIN; RUIZ, 2010).

Para García-Izquierdo (1991), o burnout é um problema característico das

profissões que exigem um relacionamento contínuo de apoio, pois esses

profissionais são, certamente, mais expostos a riscos psicoemocionais.

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Warren, Schafer, Crowley e Olivardia (2013) estudaram o burnout em

profissionais de saúde e identificaram a experiência da morte do paciente como um

preditor de exaustão emocional entre os médicos especializados no tratamento dos

transtornos alimentares.

Albaladejo et al. (2004) relatam que os profissionais que trabalham nos

serviços de emergência e em unidades de cuidados intensivos estão mais sujeitos

ao burnout, pois para a execução do trabalho é imperativo ter experiência clínica e

maturidade profissional a fim de tomar decisões difíceis que o trabalho requer.

No Brasil, alguns estudos abordaram a relação do burnout na enfermagem

com variáveis do trabalho e da organização. Benevides-Pereira (2002) realizou uma

pesquisa com 228 enfermeiros e auxiliares de enfermagem, lotados em três

hospitais da região norte do Paraná. Esse trabalho evidenciou pontuações mais

altas em exaustão emocional para o grupo que apresentava uma jornada semanal

de 44 horas dedicadas à enfermagem.

Portanto, é necessário considerar os aspectos do ambiente de trabalho, e

perceber se tais características sinalizam para o desenvolvimento do burnout.

Dantas (2003) afirma que as organizações saudáveis são aquelas que evitam o

aparecimento do burnout nos trabalhadores com o desenvolvimento de boas

estratégicas organizacionais.

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2.3.2 Instrumentos validados para a avaliação de burnout

Ao longo do tempo, as análises sobre burnout foram reforçadas por

ferramentas estatísticas e metodologias mais sofisticadas. As relações complexas

entre fatores organizacionais e os três componentes de burnout conduziram à

utilização de modelos estruturais de pesquisa. Essa forma de mensurar os dados

permite que os investigadores estudem a contribuição de muitas potencialidades e

influências para o desenvolvimento dessa síndrome (MASLACH et al., 2001).

Desse modo, foram desenvolvidos diversos instrumentos para mensurar o

burnout. Instrumentos indicados para mensurar essa síndrome em profissões de

forma específica e inventários para avaliar o burnout de forma genérica. Conforme

Benevides-Pereira (2008), ao utilizar instrumentos que se destinam a qualquer

categoria profissional, torna-se possível a comparação entre vários grupos

profissionais, como também observar o impacto da atividade desempenhada pelo

indivíduo. Porém, pode-se perder aspectos característicos de cada profissão.

A pesquisa das escalas para mensurar o burnout ocorreu a partir das bases

dados da PsycArticles e PsycINFO (APA), Scientific Eletronic Library Online

(SciELO) e investigação nos Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PEPSIC),

inserindo as palavras: burnout, Occupational Stress e estresse no trabalho.

Com isso, foram encontrados os seguintes instrumentos: o Maslach Burnout

Inventory (MBI), desenvolvido por Maslach e Jackson (1999). Conforme Gil-Monte e

Peiró (1997) e Tamayo e Tróccoli (2009), esse instrumento é o mais utilizado para

avaliar burnout, independentemente das características ocupacionais da amostra e

de sua origem. A escala possui 22 itens, distribuídos em três dimensões – 9

referentes à exaustão emocional, 5 relativos à despersonalização e 8 à realização

profissional, com escalas de respostas de cinco pontos, variando de 1 a 5, sendo 1 -

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nunca; 2 - raramente; 3 - algumas vezes; 4 - frequentemente e 5 - sempre. A

consistência das três dimensões do inventário é satisfatória, pois apresenta um alfa

de Cronbach, que vai desde 0,71 até 0,90, e os coeficientes de fidedignidade de

teste e reteste variam de 0,60 a 0,80 em períodos de até um mês (MASLACH;

JACKSON, 1981).

A escala de Caracterização do Burnout de Tamayo e Tróccoli (2009) foi

adaptada a partir do MBI de Maslach e Jackson (1999). A escala contém 35 itens,

distribuídos nos seguintes fatores: 12 itens de exaustão emocional (alfa=0,93), 10

itens de desumanização (alfa=0,84) e 13 itens de decepção no trabalho (alfa=0,90).

É respondida em uma escala de respostas de cinco pontos, variando de 1 (nunca) a

5 (sempre).

Gil-Monte e Peiró (1997) e Schaufeli e Enzmann (1998) apresentaram os

seguintes instrumentos de avaliação do burnout: o Staff Burnout Scale for Health

Professionals (SBS-HP) de Jones (1980), com 30 itens representando um único

fator, sendo que 20 avaliam o burnout e 10 referem-se a uma escala de sinceridade.

Apresentou valores de consistência interna de 0,83 a 0,93.

O Burnout Measure (BM), de Pines e Aronson (1988), é unifatorial, constituído

por 21 itens, respondido em uma escala de resposta de sete pontos, variando de

nunca até sempre. Os itens estão distribuídos em: escalas de Esgotamento Físico (7

itens), Esgotamento Emocional (7 itens) e Esgotamento Mental (7 itens). Esse

instrumento apresenta valores adequados de consistência interna (0,89 a 0,94).

Cabe ainda citar as escalas para avaliar a síndrome de burnout mencionadas

por Tamayo e Tróccoli (2009, p. 214): o Cuestionário de Burnout del Profesorado

(CBP) e o Cuestionário Breve de Burnout (CBB), construídos, respectivamente, por

Moreno-Jiménez, Oliver e Aragoneses (1993) e por Moreno-Jiménez, Rodriguez,

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Alvarez e Caballero (1997); o Copenhagen Burnout Inventory (CBI), desenvolvido

por Kristensen, Borritz, Villadsen e Christensen (2005); o Oldenburg Burnout

Inventory (OLBI), construído por Halsbesleben e Demerouti (2005); e o Shirom-

Melamed Burnout Measure (SMBM), desenvolvido por Shirom e Melamed (2006).

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53

3 PROBLEMA DE PESQUISA, OBJETIVOS, VARIÁVEIS E HIPÓTESES

Este estudo buscou responder o seguinte problema de pesquisa: resiliência e

autoeficácia impactam burnout em profissionais de enfermagem?

3.1 OBJETIVO GERAL

Esta dissertação tem como objetivo geral verificar se resiliência e autoeficácia

impactam sobre burnout em profissionais de enfermagem.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Para alcançar o objetivo geral, será necessário atingir os específicos que

estão descritos a seguir:

a) analisar e descrever os níveis de burnout dos trabalhadores;

b) analisar e descrever os níveis de resiliência dos participantes;

c) analisar e descrever os níveis da autoeficácia dos participantes;

d) analisar e descrever os índices de variância de burnout, resiliência e

autoeficácia;

e) analisar e descrever as relações entre burnout, resiliência e autoeficácia.

A resiliência e a autoeficácia levam as pessoas a estados psicológicos

positivos. A autoeficácia apresenta condições viáveis para o desenvolvimento de

uma percepção de capacidade para lidar com situações adversas, possibilitando o

entendimento desse termo como uma variável cognitiva com uma função

motivacional (SOUZA; SOUZA, 2004). Ao estudar a relação de autoeficácia com

burnout, Costa (2003) confirmou a hipótese de que a primeira é um preditor de

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burnout, por sua crescente evidência no fortalecimento das estratégias de

enfrentamento.

Somando-se isso com a definição de resiliência, segundo a qual, ao passar

por adversidades, o sujeito é capaz de recuperar-se positivamente, levanta-se as

hipóteses que a resiliência e autoeficácia impactam positivamente o burnout em

profissionais de enfermagem; que a resiliência e a autoeficácia impactam,

separadamente, o burnout em profissionais de enfermagem.

que fica assim redigidas:

H1: Resiliência e autoeficácia no trabalho predizem menor nível de burnout.

H2: Resiliência no trabalho prediz menor nível de burnout.

H3: Autoeficácia no trabalho prediz menor nível de burnout.

A partir dos objetivos e hipóteses indicados, foi elaborado o modelo teórico

que apresenta a resiliência e a autoeficácia como preditoras do burnout, conforme

exposto na figura 2.

Figura 2 – Modelo Hipotético de Estudo

Fonte: Elaborada pela autora.

Burnout

Resiliência

Autoeficácia

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55

4 DEFINIÇÕES DAS VARIÁVEIS DO ESTUDO

As variáveis podem ser definidas de duas formas – constitutiva e

operacionalmente. A forma constitutiva refere-se ao cerne da variável, que delimita o

seu conceito, identificando a peculiaridade do fenômeno (KERLINGER, 2013;

BISQUERRA; SARRIERA; MARTÍNEZ, 2004; PASQUALI, 1999). Já a definição do

tipo operacional, conforme Bisquerra, Sarriera e Martínez (2004), diz respeito ao

campo do que é observável, ou seja, consiste na descrição das operações a serem

realizadas para mensurar ou manipular uma variável. Desta forma, descrever-se-á a

definição conceitual de cada variável, objetivando a apresentação de forma clara

para colaborar na interpretação dos resultados.

Resiliência:

Definição constitutiva: capacidade de superação das adversidades, de obter

êxito diante das adversidades e, além disso, ser fortalecido e transformado

(LUTHAR; CICCHECHI; BECKER, 2000; GROTBERG, 2001; BONANNO, 2004) e

de reconhecer que as mudanças e as situações difíceis no trabalho podem

proporcionar oportunidades de desenvolvimento (MARTINS; SIQUEIRA; EMILIO,

2011).

Definição operacional: trata-se da média aritmética das respostas dos

participantes aos sete itens da Escala de Resiliência no Trabalho de Siqueira e

Martins (2010).

Autoeficácia no trabalho:

Definição constitutiva: percepção que as pessoas têm sobre a sua

capacidade de execução de uma tarefa (BANDURA, 1977).

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Definição operacional: refere-se ao resultado da média aritmética das

respostas dos respondentes aos itens que pertencem à Escala de Autoeficácia no

Trabalho de Martins e Siqueira (2010).

Burnout

Burnout é uma síndrome decorrente da cronificação do estresse laboral que

acarreta consequências negativas em todos os contextos da vida do trabalhador

(BENEVIDES-PEREIRA, 2002; BYRNE, 1993; MALLET; JURS; PRICE; SLENKER,

1991; MEIER, 1983, 1984; SILVERSTEIN, 1982, MASLACH et al., 2001; GARCIA et

al., 2014; LINDWALL et al., 2014). Três dimensões caracterizam o burnout: baixa

realização profissional, despersonalização e exaustação emocional, sendo a

principal delas a exaustão emocional. As definições constitutivas e operacionais de

percepção de burnout serão apresentadas a seguir, conforme suas dimensões.

Baixa realização profissional:

Definição constitutiva: sentimentos de incapacidade, de falta de realização e

de produtividade no trabalho, acompanhados por sentimento de fracasso, de baixa

motivação e de insatisfação com as atividades laborais, tornando-se frequente o

anseio de demitir-se do trabalho (MASLACH et al., 2001).

Definição operacional: trata-se da média aritmética das respostas dos

participantes aos 13 itens da subescala Decepção da Escala de Caracterização do

Burnout – ECB – de Tamayo e Tróccoli (2009).

Despersonalização:

Definição constitutiva: tentativa de distanciamento emocional em relação a

alguns aspectos do trabalho, de racionalização do vínculo afetivo com o cliente, o

que leva ao desencadeando de comportamentos apáticos e de distanciamento

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57

cognitivo no tratamento do cliente e ao desenvolvimento de indiferença ou de atitude

cínica quando o trabalhador está exausto e desanimado (MASLACH et al., 2001).

Definição operacional: trata-se da média aritmética das respostas dos

participantes aos 10 itens da subescala Desumanização da Escala de

Caracterização do Burnout – ECB – de Tamayo e Tróccoli (2009).

Exaustão emocional:

Definição constitutiva: esgotamento físico e mental; sentimentos de

exigências excessivas e de diminuição dos recursos emocionais para lidar com a

situação estressora (MASLACH et al., 2001).

Definição operacional: trata-se da média aritmética das respostas dos

participantes aos 12 itens da subescala Exaustão Emocional da Escala de

Caracterização do Burnout – ECB – de Tamayo e Tróccoli (2009).

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58

5 MÉTODO

5.1 TIPO DE ESTUDO

O estudo foi exploratório e correlacional, já que investiga relacionamentos

entre as variáveis (DANCEY; REIDY, 2013) e de corte transversal (KERLINGER,

2013) em que se buscou analisar a relação da resiliência no trabalho e autoeficácia

no trabalho sobre o burnout.

5.2 PARTICIPANTES

A pesquisa foi realizada com 82 profissionais de enfermagem que trabalham

em Unidades de Pronto Atendimento localizadas no Estado do Acre. O tamanho da

amostra foi calculado com base em Tabachnick e Fidell (2001) para medir preditores

por meio da análise de regressão linear. Conforme tal critério, o cálculo é feito pelo

número de variáveis independentes, através da fórmula: n ≥ 50 + 8X, sendo que X é

o número de variáveis independentes. No presente estudo, foram investigadas duas

variáveis independentes, resiliência no trabalho e autoeficácia no trabalho; sendo

assim, o número mínimo necessário para a realização das análises de regressão

linear múltipla padrão seria de 66 sujeitos.

A maior parte dos participantes é do sexo feminino (78%), com idade média

de 31 anos (DP=6,8). No que diz respeito ao estado civil, 47% disseram ser

solteiros; 31% casados e 22% responderam ter outro tipo de estado civil.

A escolaridade variou entre ensino médio completo até ensino superior

completo, sendo que 48% (f=39) dos participantes concluíram o nível médio e 30%

(f=24) têm o nível superior completo. Isso pode corresponder à realidade das

Unidades de Pronto Atendimento pesquisadas, já que a maior parte dos

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59

profissionais (55%) ocupa o cargo de técnico de enfermagem, o qual não exige uma

formação superior para sua atuação.

Um percentual de 43% dos participantes trabalha há menos de 1 (um) ano na

instituição. No que se refere à carga horária de trabalho, 40% (f=33), trabalham de

21 a 30 horas semanais e um total de 60% não têm outro emprego.

No que se refere ao fato de ter filhos ou não, 58% têm filhos e, desses, 57%

possuem entre 1 e 3 filhos. Perguntados se estudam, a maioria (52%) respondeu

que não. A Tabela 2 apresenta maiores detalhes sobre os participantes.

Tabela 2 – Descrição dos participantes (n = 82) Dados de

identificação Variações Frequência Porcentagem Média Desvio

Padrão

Sexo Feminino Masculino

64 18

78% 22%

Idade 31 6,8 Estado civil Solteiro

Casado Outro

38 25 18

47% 31% 22%

Escolaridade Nível médio completo Superior completo

Especialização completa Mestrado completo

39 24 15 3

48% 30% 18% 4%

Cargo Técnico de enfermagem Enfermeiro

Coordenador Outro

45 29 3 5

55% 35% 4% 6%

Tempo de trabalho na instituição

Menos de 1 ano

35 43%

Carga horária semanal

Até 20 horas De 21 a 30 horas De 31 a 40 horas Mais de 41 horas

4 33 23 22

5% 40% 28% 27%

Outro emprego Não Sim

49 33

60% 40%

Filho Não Sim

34 48

41,5% 58,5%

Quantidade de filho

Nenhum 1 a 3 4 a 6

34 44 4

41,5% 54% 5%

Estuda Não Sim

43 39

52% 48%

Fonte: Elaborada pela autora.

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60

5.3 LOCAL DE COLETA

A coleta de dados foi realizada em Unidades de Pronto Atendimento – UPAs

localizadas no estado do Acre. As UPAs fazem parte da Política Nacional de

Urgência e Emergência, lançada pelo Ministério da Saúde em 2003, que estrutura e

organiza a rede de urgência e emergência no país, com o objetivo de integrar a

atenção às urgências. São unidades aptas para atender casos de média

complexidade considerados sérios, mas que não apresentam risco de morte. Tais

unidades funcionam 24 horas por dia, todos os dias da semana e objetivam resolver

grande parte das urgências e emergências.

5.4 INSTRUMENTOS

Na coleta de dados, foi utilizado um questionário de autopreenchimento

composto por medidas que aferiram as variáveis do estudo mencionadas, além de

questionário para levantamento de alguns dados sociodemográficos (Anexo C) dos

participantes necessários à sua caracterização e importantes a este estudo.

A Escala de Resiliência no Trabalho foi construída e validada por Siqueira e

Martins (2010). É composta por sete itens, constituída por um único fator fidedigno

(alpha de 0,80). O referido instrumento é respondido em uma escala de cinco

pontos, variando de 0 (nunca é verdade) a 4 (sempre é verdade). Quanto maiores os

resultados, maior é a resiliência do respondente.

A autoeficácia foi medida pela Escala de Autoeficácia no Trabalho, construída

e validada por Martins e Siqueira (2010), composta por 6 itens, unifatorial, com

índice de fidedignidade (alpha de Cronbach) de 0,84. As respostas são marcadas

em uma escala de quatro pontos, variando de 1 (nunca é verdade) a 4 (sempre é

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verdade). Quanto maiores os resultados, maiores os níveis de autoeficácia do

respondente.

Para mensurar burnout foi utilizada a Escala de Caracterização do Burnout –

ECB, adaptada por Tamayo e Tróccoli (2009) a partir do Maslach Inventory Burnout

de Maslach e Jackson (1999). É respondida em uma escala de respostas de cinco

pontos, variando de 1 (nunca) a 5 (sempre). A escala é constituída de 35 itens,

distribuídos em três fatores: 12 itens de Exaustão Emocional (alfa de Cronbach =

0,93; e.g. item: ―Meu trabalho me exige mais do que posso dar‖), 10 itens de

Desumanização (alfa = 0,85; e.g. item: ―Trato alguns pacientes com frieza‖) e 13

itens de Decepção (alfa = 0,91; e.g. item: ―Eu me sinto desiludido com meu

trabalho‖). Quanto mais alto os resultados, maiores os níveis de burnout dos

indivíduos. A tabela 3 apresenta as características das escalas utilizadas neste

estudo.

Os participantes informaram seus dados demográficos em um questionário de

autorresposta construído para este estudo no qual informaram: idade; sexo; estado

civil; escolaridade; se estudam atualmente; qual o cargo ocupam; há quanto tempo

trabalha na instituição; sem têm filho(s); qual a idade do(s) filho(s); se menor que 14

anos, com quem deixam os filhos no horário de trabalho.

Tabela 3 – Características das escalas utilizadas no estudo

Escalas Autor Fatores/número de itens

Alfa de Cronbach

Escala de Resiliência no Trabalho

Siqueira e Martins (2010)

7 itens 0,80

Escala de Autoeficácia no Trabalho

Martins e Siqueira (2010)

6 itens 0,84

Escala de Caracterização do

Burnout – ECB

Tamayo e Tróccoli (2009)

35 itens Exaustão

emocional/12 itens Desumanização/10

itens Decepção/13 itens

0,93

0,85

0,91

Fonte: Elaborada pela autora.

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62

5.5 PROCEDIMENTOS

5.5.1 De coleta

A coleta de dados ocorreu no ambiente de trabalho dos participantes. Assim,

antes de iniciar a coleta, foi necessário obter autorização da Gerência de Pesquisa

da Secretaria de Saúde do Estado do Acre – SESACRE. Mediante autorização

(Anexo D), foi estabelecido contato da pesquisadora com as coordenações das

Unidades de Pronto Atendimento, a fim de expor os objetivos do estudo e iniciar a

divulgação da pesquisa para os profissionais de enfermagem. Por motivo de as

UPAs apresentarem um fluxo grande de pacientes, os coordenadores sugeriram que

a coleta dos dados fosse feita no local de trabalho dos profissionais, pois não seria

possível tirá-los dos seus postos de trabalho. Portanto, a aplicação dos questionários

foi feita de forma individual.

Aos participantes também foram fornecidas uma carta explicando os objetivos

estritamente acadêmicos do estudo e a solicitação de sua participação nele, através

do preenchimento e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido –

TCLE (Anexo A).

O TCLE esclareceu todos os objetivos da pesquisa, trouxe as informações

acerca de possíveis riscos para a integridade física, emocional, social e financeira

dos sujeitos, assegurando-lhes total sigilo às respostas. Além disso, constava nele

que a pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Metodista de São Paulo (CEP-UMESP), conforme Anexo B.

O tempo de aplicação variou entre 30 a 40 minutos para o preenchimento dos

instrumentos de pesquisa mencionados, bem como o preenchimento de dados

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demográficos e do TCLE. Alguns profissionais recusaram participar da pesquisa,

justificando que tomaria muito do tempo dedicado ao seu trabalho.

5.5.2 De análise

Após a coleta, as respostas dos questionários formaram um banco de dados,

a partir do qual foi analisado por meio do software SPSS 21.0 (Statistical Package

for the Social Sciences) e submetido às seguintes análises estatísticas:

- Análises exploratórias, buscando avaliar o banco de dados, em relação a

variâncias e normalidade das distribuições das variáveis, dados ausentes ou

incongruentes com as escalas de medida;

- Análise descritiva da amostra para identificar as frequências, médias e desvios-

padrão, amplitudes de variação e percentis;

- Técnicas de comparação entre grupos, tais como Teste t e ANOVA; e

- Análise de fidedignidade das escalas, calculada por meio do alpha de Cronbach,

com intuito de avaliar a consistência interna e a estabilidade das escalas com a

amostra pesquisada. As análises estão identificadas e descritas no decorrer do

próximo capítulo.

- Análises de relacionamento entre as variáveis através da correlação bivariada de r

de Pearson, e regressão linear múltipla padrão, com vistas a testar o modelo

hipotetizado neste estudo (figura 2), sendo a variável dependente o burnout e as

variáveis independentes: a resiliência no trabalho e a autoeficácia no trabalho.

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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados e a discussão deste estudo serão apresentados segundo seus

objetivos específicos e geral, de modo a discutir seus alcances, a explicitar e

interpretar os achados, comparando-os e discutindo-os à luz da revisão teórica.

6.1 ANÁLISES PRELIMINARES E LIMPEZA DO BANCO DE DADOS

Para garantir a precisão dos dados, foi realizado um examinado para verificar

a presença de erros de digitação, no comando Frequencies do SPSS, em que se

indicou a frequência das respostas a todos os itens das escalas e em cada uma das

características sociodemográficas. Assim, percebeu-se que alguns valores mínimos

e máximos foram digitados duplamente, ou seja, ao invés de 1, 11 e ao invés de 2,

22. Voltou-se aos questionários em papel, verificaram-se as respostas originais e

corrigiram-se os valores no banco de dados. Novas verificações foram realizadas até

que o banco estivesse com os valores dentro dos limites das escalas de respostas.

6.1.1 Dados ausentes

Houve apenas 1,2% de respostas omissas em um item de uma das escalas.

Nos dados sociodemográficos houve 1,2% de omissões nas informações de

escolaridade, estado civil e emprego extra e 4,9% sobre idade.. Todas as respostas

missing foram tratadas pela deleção pairwise que remove da análise somente o valor

ausente e não o caso inteiro. Assim sendo, todos os casos disponíveis foram

incluídos nas análises.

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6.1.2 Normalidade das distribuições dos dados

A análise visual dos histogramas de distribuição das variáveis revelou curvas

que descreviam desenho semelhante à curva normal. Testes de Kolmogorov-

Smirnov revelaram resultados não significantes, apontando a distribuição normal de

todas as Vis e da VD.

6.1.3 Outliers

A presença de dados extremos foi examinada pela análise visual dos

histogramas, bem como pelo exame dos boxplots. No caso da VD, três casos que

apareceram fora do plot,: 0 18 (extremo baixo, o 33 e o 69 ) (extremos altos) foram

examinados um a um, mas mantidos na amostra, pois segundo Tabachnick e Fidell

(2001) ―você precisa decidir se os casos outliers são propriamente parte da

população que você pretende amostrar. Casos com valores extremos, que apesar

disso, estão aparentemente ligados com o resto dos casos são, mais provavelmente,

parte legítima da amostra‖ (p. 71). Ou seja, ―um outlier é um caso (ou muitos poucos

casos) que parece ser solto do resto da distribuição‖ (p. 68). Em função desta

observação, e por compreender que ambos os outliers eram parte legítima da

amostra, eles foram mantidos na amostra.

6.2 PRESSUPOSTOS DA ANÁLISE DE REGRESSÃO

O atendimento dos pressupostos da análise de regressão linear múltipla

padrão foram examinados de modo a assegurar que os erros tipo I e II não fossem

aumentados. Ao realizar as análises de regressão, foram solicitadas as opções:

estimativas, intervalos de confiança, modelo ajustado, correlações parciais e

semiparciais, e diagnóstico de colinearidade na opção estatísticas. Ainda nesta

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opção, na caixa resíduos, solicitou-se diagnósticos casewise e outliers fora de três

desvios-padrão. Decidiu-se seguir o padrão do programa SPSS para analises de

regressão e optar pela deleção de casos pairwise. Além disso, foram analisados os

plots (gráficos) dos resíduos e as distancias Mahalanobis. Seus resultados são

relatados a seguir.

6.2.1 Tamanho da amostra

Para garantir a correta e segura utilização da regressão múltipla, alguns

pressupostos estatísticos precisam ser verificados, como preconizam Tabachnick e

Fidell (2001) e Pallant (2007). Para isto, primeiramente o tamanho da amostra foi

calculado por meio da seguinte fórmula: N ≥ 50+8m, onde m corresponde ao número

de variáveis independentes. Este assunto foi tratado na secção Participantes.

6.2.2 Honestidade das correlações

Pode-se afirmar que as correlações entre as VIs são honestas (não

inflacionadas) porque nenhum item dos instrumentos está alocado em mais de um

fator. As correlações não são também deflacionadas, pois as escalas de respostas

dos instrumentos não eram dicotômicas nem muito restritas: os valores de resposta

possuíam, no máximo cinco valores por escala.

6.2.3 Singularidade e multicolinearidade entre as VIs

Não foi encontrada singularidade entre as variáveis independentes, pois não

havia correlações perfeitas entre elas (ou cujos valores fossem maiores do que

0,90). Também não foi encontrada multicolinearidade, já que não houve correlações

entre as VIs cujos valores estivessem entre 0,70 e 0,90 (Tabachnick e Fidell, 2001).

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Pallant (2007) destaca que outros indicadores de colinearidade são revelados pelos

índices de tolerância e pelo Fator de Inflação da Variância (VIF). O índice de

tolerância sugere quanto da variável critério não é explicado por outras variáveis

independentes do modelo. Valores menores do que 0,10 indicam a existência de

correlação múltipla alta com outras variáveis e sugerem a possibilidade de

multicolinearidade. Neste estudo os resultados apontaram índices de tolerância

maiores que 0,99, o que revela a não existência de colinearidade ou

multicolinearidade entre as variáveis. O VIF é o inverso do índice de tolerância, e é

obtido dividindo-se 1 pelo valor da tolerância. Valores maiores que 10 indicam

multicolinearidade. Os valores de VIF para este estudo não ultrapassam 1,01, o que

confirma a inexistência de multicolienaridade.

6.2.4 Normalidade, linearidade, independência de resíduos, valores extremos e

homoscedasticidade

Foram calculados os índices de kurtosis e skewness e examinados os

histogramas com sobreposição da curva normal das variáveis resiliência no trabalho,

autoeficácia no trabalho, decepção no trabalho, exaustão emocional e

desumanização. Além disso, a normalidade univariada das distribuições foi testada

pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Resultados não significantes revelaram a

normalidade das distribuições de todas as variáveis citadas.

Outra maneira de verificar normalidade, linearidade, independência de

resíduos, outliers (valores extremos) e homoscedasticidade da distribuição da VD é

a investigação dos gráficos (Plots) disponíveis na opção Explore das Estatísticas

Descritivas do SPSS. Os gráficos Normal P-P Plots descreveram linhas

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perpendiculares aproximadamente retas para as três VDs. Como afirma Pallant

(2007), isso sugere uma não violação do pressuposto de normalidade.

Os valores extremos (outliers) foram examinados primeiramente por meio dos

scatterplots dos resíduos. Havia um caso extremo que se destacava acima do valor

+3,3. sugerindo que havia valores extremos. Este fenômeno também pode ser

verificado através da observação das distâncias de Mahalanobis. Para identificar se

os casos são discrepantes é preciso determinar o valor crítico do qui-quadrado,

utilizando o número de variáveis independentes (neste estudo, duas) como graus de

liberdade (PALLANT, 2007). Tabachnick e Fidell (2001) sugerem um nível de

significância de 0,01; assim, o valor crítico para este estudo corresponde a 9,21. O

caso 28 apresentou um valor de Mahalanobis de 14,97 e foi retirado da amostra.

Outliers também podem ser detectados pela Tabela Casewise Diagnostics,

que revela casos com valores de resíduos padronizados maiores do que 3 ou

menores do que -3. Neste estudo um caso (74) possui valores que cumpre esta

condição em exaustão emocional (4,67). Mas, pela justificativa utilizada para manter

na amostra os outliers univariados como parte da amostra, decidiu-se manter

também este, ou seja, porque ele parece ser parte legítima da amostra (Tabachnick

e Fidell, 2001).

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6.3 FIDEDIGNIDADE DAS ESCALAS

As escalas foram testadas quanto às suas fidedignidades através do cálculo

do alfa de Cronbach, a fim de verificar se os valores da amostra eram satisfatórios

aos das pesquisas nas quais foram desenvolvidas. Conforme Hair et al. (2009) e

Maroco e Garcia-Marques (2006), o alfa de Cronbach é um indicador consistente

para a análise de confiabilidade de escalas. Hair et al. (2009) afirmam ainda que

uma escala é fidedigna quando seus coeficientes são iguais ou superiores a 0,70,

sendo que em pesquisas do tipo exploratória o limite pode ser igual a 0,60 sem que

haja prejuízo nos resultados. A Tabela 4 apresenta a fidedignidade dos instrumentos

desta pesquisa.

Tabela 4 – Fidedignidade das escalas

Escala Fator Alfa de Cronbach do estudo da

construção da escala

Alfa de Cronbach

deste estudo

Resiliência no Trabalho

(SIQUEIRA; MARTINS, 2010)

Unifatorial 0,80 0,81

Autoeficácia no Trabalho

(MARTINS; SIQUEIRA, 2010)

Unifatorial 0,84 0,79

Escala de Caracterização do Burnout –

ECB (TAMAYO; TRÓCCOLI, 2009)

Exaustão Emocional Desumanização

Decepção

0,93 0,84 0,90

0,93 0,84 0,68

Fonte: Elaborada pela autora

A Tabela 4 mostra que os valores dos alfas de Cronbach são satisfatórios,

variando entre 0,68 e 0,93. Em relação ao estudo original de validação das escalas,

percebe-se um pequeno aumento na confiabilidade da variável resiliência no

trabalho e um decréscimo de confiabilidade nos fatores desumanização e decepção

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da Escala de burnout, como também da variável autoeficácia no trabalho, que pode

ter ocorrido devido à homogeneidade da amostra deste estudo, que foi composto

somente por profissionais de enfermagem. De acordo com Pasquali (1997),

amostras homogêneas levam a uma menor probabilidade de variância, o que

determina uma menor consistência interna.

Apesar dos alfas de Cronbach do fator decepção e da variável autoeficácia

apresentarem decréscimo, as variáveis ainda são qualificadas como fidedignas,

conforme recomendações de Hair et al. (2009), pois seus valores se mostraram

superiores a 0,60.

6.4 ESTATÍSTICA DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS

A Tabela 5 apresenta a descrição estatística das variáveis. Para isso, foram

calculadas as médias, os desvios padrão e os valores mínimos e máximos do(s)

fator(es) das escalas utilizadas.

Tabela 5 – Estatística descritiva das variáveis

Variável Fatores Média Desvio

padrão

Ponto médio

da escala

CV*

Resiliência 1,93 0,9 2 0,46

Autoeficácia 3,4 0,5 2,5 0,14

Burnout

Exaustão emocional

Desumanização

Decepção

2,6

1,6

2,2

0,9

0,6

0,5

2,5

2,5

2,5

0,34

0,36

0,22

Fonte: Elaborada pela autora.

*CV: Coeficiente de variação

Os coeficientes de variação indicam que houve muita variabilidade nas

respostas dos participantes, pois a maioria deles ultrapassa o índice de 0,15 (Levin,

1987). Assim, foram estimados os quartis para que se tivesse ideia da porcentagem

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de respondentes cujos valores das respostas se encontravam acima dos valores

determinados nos cálculos para os três quartis (Tabela 6).

Tabela 6 – Quartis das respostas dos participantes (ponto médio) (n=82)

AET RT EE Des. DT

Mediana 3,49 1,93 2,6 1,6 2,2

Percentis 25

50

75

3,29

3,50

3,70

1,25

2,00

2,57

1,89

2,67

3,33

1,20

1,40

1,72

1,92

2,11

2,48

Fonte: Elaborada pela autora AET: Autoeficácia no trabalho RT: Resiliência no trabalho EE: Exaustão emocional Des.: Desumanização DT: Decepção no trabalho

A tabela 6 revela os quartis das respostas dos participantes. Como se pode

observar, 50% dos participantes possuem valores de RT, superiores a 2, sendo a

moda de 2, correspondente ao ponto ―algumas vezes é verdade‖, numa escala de

cinco pontos. Portanto, os profissionais de enfermagem, participantes da pesquisa,

determinadas vezes, compreendem que conseguem enfrentar situações adversas no

ambiente de trabalho, apresentando características da resiliência. Esse resultado

vem ao encontro ao que explica Bandeira et al. (1996); Rutter (1993); Lindströn

(2001); Masten (2001); Connor e Davidson (2003) que a resiliência pode ocorrer em

determinado momento da vida do sujeito e em outro momento pode não ocorrer,

sugerindo que o indivíduo apresenta características da resiliência em determinado

período de sua vida e não frequentemente.

Os resultados evidenciam que os profissionais de enfermagem, em alguns

momentos, se adaptam positivamente em contexto de significativa adversidade,

como apontou Rutter (2013) quando define resiliência como um processo dinâmico

de adaptação positiva em situações de adversidade. Yunes (2003) sugere que a

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resiliência envolve fenômenos indicativos de padrões de vida saudável. Assim, pode-

se pontuar que metade dos participantes, ao perceber que conseguem lidar com as

dificuldades no ambiente laboral, tende a adquirir hábitos saudáveis que influenciam

positivamente em suas vidas profissionais. Além disso, Grotberg (2001), considera

que a resiliência capacita a pessoa em obter êxito diante das adversidades e ser

fortalecido e transformado positivamente por esta situação. Desta forma, é

concebível afirmar que uma parte dos participantes pondera ter habilidade para,

além de superar as adversidades, ficar mais fortes a partir dos eventos traumáticos.

Os resultados revelaram ainda, que 25% não possuem tantos recursos de

resiliência, apresentando respostas de valores iguais ou menores correspondente ao

item ―raramente é verdade‖, representando que raramente tais profissionais sentem-

se capazes de adaptar-se positivamente às adversidades. Isso significa que essas

pessoas, ao passar por momentos adversos no trabalho, tendem a não superá-los,

carregando consigo as consequências negativas do trauma sofrido. De acordo com

Arrogante (2014), a resiliência constitui uma característica fundamental para os

profissionais de enfermagem, pois além de melhorar a saúde mental dos mesmos,

também minimiza a possibilidade de desenvolverem a síndrome de burnout.

No que diz respeito à autoeficácia, a média encontrada foi de 3,4 (DP=0,5),

indicando o ponto três da escala de autoeficácia no trabalho (às vezes, é verdade).

Como o coeficiente de variação foi pequeno, não houve problemas em seguir com a

análise da média. Assim, os participantes, ocasionalmente, percebem-se capazes

para o desenvolvimento de suas tarefas no local de trabalho. Bandura (1997) afirma

que as pessoas com autoeficácia aprimoram os métodos e controlam a maneira

como elas usam seus conhecimentos e suas capacidades. Os profissionais de

enfermagem somente algumas vezes apresentam essa capacidade, que conforme o

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autor tem estreita relação com a melhor forma de organizar e realizar as tarefas

laborais. Bandura (1977) ainda garante que as crenças de autoeficácia colaboram

com o quanto as pessoas se dedicam na elaboração de uma atividade, quanto

tempo elas perseveram ao se depararem com tarefas mais difíceis e o quanto

resistem frente a uma situação adversa. Pelo sinal de ter a crença de autoeficácia,

mesmo que em determinados momentos, os participantes podem ter a facilidade de

administrar tarefas mais complexas como desafios que eles conseguirão dominar e

não como ameaças a serem evitadas, como propôs Bandura (1994).

Os fatores que compõem o burnout obtiveram média que variam de 1,6, na

dimensão desumanização (DP=0,6) a 2,6 na dimensão exaustão emocional

(DP=0,9). No fator desumanização, metade dos participantes tiveram médias fatorias

de até 1,40, o que indica que a média sofreu um impacto muito grande das

respostas de valores extremos. Assim, pode-se verificar na Tabela 6 que metade

dos respondentes tiveram médias fatoriais de até este valor. Isso significa que,

raramente, os participantes racionalizam o vínculo afetivo e sentem-se distantes

emocionalmente dos pacientes. Esse resultado corresponde ao que Maslach et al.

(2001) disseram a respeito do envolvimento do profissional com os pacientes,

quando relatam que atividades laborais que demandam cuidado com as pessoas,

como é as de enfermagem, existem demandas emocionais que podem esgotar a

capacidade dos trabalhadores de estar envolvidos com as necessidades do

paciente. Assim, ainda que em raros momentos, os técnicos de enfermagem e os

enfermeiros apresentam esse sentimento em relação aos pacientes das UPA’s, o

que pode ocorrer pela exposição por período prolongado ao sofrimento do outro e,

além disso, ter de cuidar da pessoa doente. Isso tem relação com o que

Freundenberger (1974) observou em sua pesquisa, que a maioria dos profissionais

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de enfermagem, quando expostos, em um período entre 1 a 3 anos, aos cuidados

com as pessoas que precisam de ajuda, sofreu uma perda progressiva de energia e

distanciamento emocional dos seus pacientes. Para este autor, essas pessoas

mostram ser insensíveis, pouco compreensivas e agressivas com os pacientes,

tratando-os com distanciamento, podendo até culpá-los pelos próprios problemas

pessoais.

Na dimensão exaustão emocional os participantes apresentaram média de

1,6 e DP=0,9. Mas como o coeficiente de variação foi muito amplo (0,34), foram

estimados os quartis. Assim, o primeiro quartil, reuniu pessoas com respostas de

valores até 1,89, o segundo de até, 2,67 e o terceiro de até 3,33. Isso significa que

50% dos respondentes tiveram médias fatorais de até 2,67 nesta dimensão. Os

participantes mostraram que algumas vezes sentem-se esgotados, física e

mentalmente, com o trabalho, apontado pela proximidade das respostas de metade

deles ao ponto três da escala de caracterização do burnout. Tal resultado sugere

que a metade dos ocupantes do cargo de técnico de enfermagem e enfermeiro

apresenta esgotamento físico e mental, tem sentimentos de exigências excessivas e

de diminuição dos recursos emocionais para lidar com a situação estressora. Para

Maslach; Schaufeli; Leiter (2001) e Tamayo; Tróccolli (2009) a exaustão emocional é

a manifestação mais evidente do burnout, pois isso pode refletir nas atitudes

inadequadas do profissional e problemas no ambiente de trabalho.

A dimensão decepção apresentou média 2,2 (DP=0,5), mas com coeficiente

de variação igualmente muito amplo (0,22). Estimados os quartis, percebeu-se que

metade dos participantes tiveram médias fatoriais de até 2,11, correspondendo ao

ponto 2 da escala. Isso significa que 50% dos participantes raramente apresentam

sentimentos de incapacidade, uma falta de realização e produtividade no trabalho,

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bem como de fracasso, de baixa motivação e insatisfação com as atividades

laborais.

Diante dos resultados das três dimensões do burnout, é importante frisar que

os técnicos de enfermagem e os enfermeiros apesar de, em alguns momentos,

apresentarem exaustão emocional, frequentemente não evitam o relacionamento

afetivo com os pacientes e raramente mostram-se decepcionados com seus

trabalhos, trazendo à tona mais uma vez a capacidade que apresentaram ter, de

lidar com acontecimentos estressores.

6.5 CORRELAÇÕES ENTRE AS VARIÁVEIS

As correlações foram calculadas por meio da fórmula de correlação bivariada

de Pearson, que é uma medida de relação entre as variáveis. Essa relação pode ser

positiva ou negativa, sendo que, para ser positiva, os valores altos de uma variável

precisam estar associados com valores também altos em outra variável ou valores

baixos de uma variável associar-se com valores baixos de outras variável. E, para

configurar-se relação negativa, os valores altos em uma variável precisam estar

associados com valores baixos na outra variável (EMILIO, 2011; DANCEY; REIDY,

2013; BISQUERRA et al., 2004).

A relação entre as variáveis ainda podem apresentar resultados quanto à

força, que varia entre -1 e +1 ou 0, que representa que não existe relação entre as

variáveis. Conforme Dancey e Reidy (2013), a força está assim classificada:

a) Perfeito (+1; -1);

b) Forte (+0,9; +0,8; +0,7; -0,9; -0,8, -0,7);

c) Moderado (+0,6; +0,5; +0,4; -0,6; -0,5; -0,4);

d) Fraco (+0,3; +0,2; +0,1; -0,3; -0,2; -0,1)

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e) Zero (0).

A Tabela 7 apresenta os coeficientes de correlações (r de Pearson) entre as

variáveis da pesquisa. A correlação foi interpretada com base em Bisquerra et al.

(2004), que pondera a correlação da seguinte forma: muito alta (r > 80); alta (r entre

60 e 80); moderada (r entre 40 e 60); baixa (r entre 20 e 40); correlação muito baixa

(r entre 0 e 0,20); perfeita (r=1); e nula (r=0).

Tabela 7 – Coeficientes de correlação (r de Pearson) entre as variáveis do estudo (n=82) RT AUT Burnout

EE

Burnout

DH

Burnout

DC

RT

AUT 0,12

Burnout

EE

-0,20 -0,46**

Burnout

DH

0,08 -0,12 0,25*

Burnout

DC

0,02 -0,32** 0,60** 0,42**

Fonte: Elaborada pela autora.

**p < 0,01; *p < 0,05

EE – Exaustão Emocional DH – Desumanização DC – Decepção

Conforme Tabela 7, nota-se que resiliência não se correlaciona com nenhuma

outra variável do estudo. Além disso, não serão comentadas aqui as correlações

entre os fatores de burnout, pois isto foi tratado na seção sobre os pressupostos da

regressão e aqui serão abordadas as relações entre VIs e VD.

Assim, os resultados da correlação de Pearson indicaram que há associação

negativa significativa moderada entre autoeficácia e exaustão emocional. Isso

sugere que os sujeitos que percebem a sua capacidade para o desenvolvimento de

uma tarefa em um determinado contexto, apresentam menor exaustão emocional.

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Deste modo, os participantes ao diminuírem suas crenças nas próprias habilidades

para executar suas tarefas, tendem a elevar os níveis de burnout, já que conforme

Maslach; Schaufeli; Leiter (2001) e Tamayo; Tróccolli (2009) a exaustão emocional é

principal evidência desta síndrome. Isso conduz ao achado de Souza (2003),

quando diz que as crenças de autoeficácia ajudam os trabalhadores a enfrentarem

os eventos estressores encontrados no dia-a-dia.

Percebe-se também correlação negativa significativa com intensidade baixa

entre autoeficácia e o fator decepção do burnout (r = -0,32, p < 0,01), implicando que

os indivíduos que reconhecem suas capacidades para o desenvolvimento de suas

tarefas têm menor propensão a se decepcionarem no trabalho, ou seja, os

profissionais de enfermagem que podem resolver problemas em seus trabalhos, que

cumprem com as obrigações, que tem criatividade para o cumprimento de seus

objetivos trabalho e que dominam os procedimentos novos que surgem em seu

trabalho apresentam menos sentimentos de incapacidade, de falta de realização e

de produtividade no trabalho. Estes resultados confirmam o que foi estudado por

Costa (2003) ao pesquisar a relação de autoeficácia com burnout, em que verificou

que autoeficácia é um preditor de burnout, por sua crescente evidência no

fortalecimento das estratégias de enfrentamento das situações que podem colaborar

com o sentimento de fracasso, de baixa motivação e de insatisfação com as

atividades laborais, características do fator decepção no trabalho da síndrome de

burnout.

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6.6 AS REGRESSÕES: RESULTADOS DO TESTE DO MODELO

A partir da análise das condições exigidas para realização de cálculos de

regressão, bem como dos resultados que dizem respeito à correlação entre as

variáveis de estudo, procedeu-se à análises de regressão múltiplas-padrão, visando

identificar a evidência do modelo hipotético, no qual se hipotetizou que burnout

(variável dependente) é explicado conjuntamente por autoeficácia e por resiliência

no trabalho. Para testar esta hipótese, foram testados 3 modelos, pois burnout

possui três fatores, cada um deles tendo entrado como uma VD em um dos modelos

de regressão, tendo ambas as VIs (resiliência no trabalho e autoeficácia) como

antecedentes. Os resultados são apresentados na Tabela 8.

Tabela 8 – Sumário dos modelos de regressão

Modelo R R² R² Erro

padrão da

estimativa

F GL

1 (VD:

Decepção)

0,33 0,11 0,09 0,45 4,99** 2

2 (VD:exaustao) 0,49 0,24 0,22 0,80 12,26** 2

3 (VD:

desumanização)

0,18 0,03 0,00 0,48 0,26 2

Fonte: Elaborada pela autora. a. Predictors: (Constant), ResTrab, AET ** p<0,01

Como se pode perceber, as VIs conjuntamente predisseram significantemente

dois dos fatores de burnout: decepção no trabalho e exaustão, confirmando

parcialmente a hipótese H1, pois o burnout possui três dimensões, e cumprindo com

o objetivo principal deste estudo, que buscou avaliar se a resiliência juntamente com

a autoeficácia impactam sobre o burnout. Barreira e Nakamura (2006) propõem que

estas variáveis, em conjunto, fazem com que o indivíduo supere as adversidades de

forma a trazer menos consequências negativas à sua saúde física e emocional. Ao

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analisarem-se os coeficientes Beta, percebe-se que a VI estatisticamente

responsável por esta explicação foi autoeficácia no trabalho, pois apenas ela foi

estatisticamente significante para explicar ambas as VDs. No caso de decepção,

autoeficácia no trabalho teve peso Beta de -0,34 (t=-3,15, p<0,01) e de exaustão,

teve peso Beta de -0,45 (t=4,53, p<0,01), significando que altos níveis de

autoeficácia no trabalho explicam baixos níveis de exaustão emocional e de

decepção no trabalho. Assim, profissionais de enfermagem que se consideram

competentes e preparados para desempenhar suas atividades laborais, que podem

resolver problemas em seus trabalhos, que cumprem com as obrigações de seus

trabalhos, que dominam a tecnologia e os procedimentos que utilizam para a

realização de seus trabalhos e que são criativos no trabalho são aqueles que menos

padecem de exaustão e menos sentem-se decepcionados no trabalho. São,

portanto, os que menos sucumbem ao burnout, esta síndrome tão devastadora que

ataca de maneira impiedosa os profissionais que lidam no atendimento a pessoas.

Benevides-Pereira (2010), Arrogante (2014), Tamayo (2012) confirmam isso ao

declararem que os profissionais de enfermagem precisam de atenção especial a

respeito do desenvolvimento do burnout, pois existem vários aspectos específicos

das atividades desses trabalhadores que tornam esta profissão vulnerável à essa

patologia e, ainda, que há maior evidência de burnout em profissionais que

trabalham em hospitais e escolas. Alguns estudos como os de Gil-Monte (2002),

Olza (1999) e Benevides-Pereira (2010) realizados com profissionais de

enfermagem, resultaram em altos níveis dos componentes de burnout nestes

profissionais.

Diante dos achados, evidencia-se a importância de se considerar o

desenvolvimento de autoeficácia dos profissionais de enfermagem, pois conforme

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Bandura (1982) essa variável pode ser desenvolvida através de experiências de

domínio, experiências vicárias, persuasões sociais e estados somáticos e

emocionais. Assim, com o desenvolvimento da autoeficácia por parte dos

profissionais, seria possível compreender menores níveis de burnout dentre os

participantes deste estudo, podendo resultar em menores índices de desgaste

emocional e decepção no trabalho, uma vez que este estudo comprova a

capacidade preditiva da autoeficácia sobre as duas dimensões do burnout citadas

acima.

A partir dos resultados pode-se assegurar o importante papel preditor da

autoeficácia sobre o burnout na amostra estudada, já que teve um impacto

significativo em duas dimensões da variável dependente. Dessa forma, o modelo

referente à obtenção desse resultado foi esquematizado como se pode observar na

Figura 3:

Figura 3: Modelo do resultado obtido

Elaborada pela autora.

Autoeficácia

Exaustão

emocional

Decepção no trabalho

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta dissertação teve a finalidade de verificar se conjuntamente resiliência e

autoeficácia predizem o burnout, buscando colaborar com a ampliação do

conhecimento a respeito dos constructos que podem ser aprendidos como estratégia

para o enfrentamento da síndrome de burnout. Considerou-se como definição de

resiliência no trabalho a capacidade de superar positivamente as adversidades

advindas do ambiente laboral (LUTHANS, 2002). Autoeficácia no trabalho foi

concebida como a percepção da capacidade na realização de uma tarefa

(BANDURA, 1994). Por fim, partiu-se da definição de burnout como uma síndrome

específica do meio laboral decorrente da cronificação do estresse (MASLACH et al.,

2001). Os resultados confirmaram a capacidade preditiva da autoeficácia sobre os

fatores exaustão emocional e decepção no trabalho de burnout. Deste modo,

verificou-se que a crença dos profissionais de enfermagem sobre suas próprias

capacidades na execução de suas tarefas atenua a possibilidade de

desenvolvimento do burnout, já que apresentou impacto sobre duas de suas três

dimensões.

No entanto, não confirmou-se a capacidade preditiva de resiliência no

trabalho sobre o burnout, corroborando que não ter capacidade de superar de forma

positiva as adversidades apresentadas no trabalho não implica em menor indicador

de burnout.

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7.1 CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS

A partir das pesquisas realizadas para a elaboração do referencial teórico,

percebeu-se que resiliência no contexto de trabalho é um constructo relativamente

novo, que está em constituição e ainda não há um consenso teórico entre os

pesquisadores dessa variável. Notou-se ainda, que a autoeficácia constitui uma

variável consistente e mantém uma solidez conceitual e operacional, este constructo

é o elemento central da Teoria Social Cognitiva de Bandura (1977). Apreendeu-se

também que o burnout é amplamente estudado e que os pesquisadores concordam

sobre as três dimensões fundamentais da experiência de burnout como sendo a

exaustão, o cinismo (despersonalização) e a baixa realização profissional.

Os resultados deste estudo revelaram associação entre crenças de

autoeficácia e burnout, conclusão que não havia sido localizada na literatura, o que

constitui uma contribuição desta investigação para a área. Bandura (1997) já

apontara que as crenças de autoeficácia são capazes de intensificar os processos

que controlam a maneira como as pessoas utilizam seus conhecimentos e suas

capacidades. Além disso, este estudo contribuiu com o acréscimo de conhecimento

sobre a relação entre as variáveis resiliência, autoeficácia e burnout, revelando que,

ao contrário do que se hipotetizou, resiliência no trabalho não protegeu os

participantes contra o burnout, conclusão também nova para área, pois nada

semelhante foi localizado na literatura revisada.

Outra contribuição remete à falta de estudos que correlacionam resiliência,

autoeficácia e burnout, uma vez que não foram encontradas, na literatura revisada,

pesquisas que investigassem relações sobre as três variáveis anteriormente citadas.

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7.2 CONTRIBUIÇÕES METODOLÓGICAS

A extensa forma de conceituar e a falta de consenso sobre os métodos de

estudo são fatores que interferem na falta de medições válidas das variáveis de

forma geral. Assim, resolveu-se mensurar todas as variáveis com instrumentos

válidos e fidedignos, que obtiveram bons índices de consistência para a amostra

deste estudo, o que contribuiu metodologicamente para a confirmação da qualidade

psicométrica dos instrumentos.

7.3 CONTRIBUIÇÕES PRÁTICAS

Este estudo não teve a pretensão de instituir projetos de ações práticas, pois

seus objetivos são estritamente acadêmicos. Entretanto, os resultados podem

colaborar para o desenvolvimento de métodos que estimulem as crenças de

autoeficácia nos trabalhadores de enfermagem, já que essas predizem menor índice

de exaustão emocional e decepção no trabalho. Bandura (1986, 1994) afirma que a

percepção de autoeficácia pode ser aprendida e modificada ao longo da vida. O

mesmo autor acrescentou ainda que os indivíduos são ativos, de forma que podem

direcionar suas ações intencionalmente, com um apropriado grau de controle sobre

seus pensamentos, sentimentos e ações.

7.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Apesar de esta pesquisa ter apresentado contribuições teórica, metodológica

e prática que poderão ser aproveitadas para futuros estudos e também por gestores

de Unidades de Pronto Atendimento, a mesma mostrou ainda algumas limitações.

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Primeiramente, o estudo foi limitado devido ao fato de a pesquisa ter sido

realizada somente na cidade de Rio Branco - AC, implicando no limite da

generalização dos resultados para todos os profissionais de enfermagem que

trabalham em Unidades de Pronto Atendimento.

Outro problema que se pode apontar neste estudo foi o tamanho de sua

amostra, que pode ser considerado pequeno, segundo alguns princípios estatísticos.

Por exemplo, ele pode ter limitado o poder do teste, definido por Hair et al. (2005)

como a probabilidade de uma relação significante ser encontrada por um teste

estatístico, quando ela realmente existir. O tamanho da amostra é um dos principais

aspectos que impactam o poder de qualquer teste estatístico. Se o poder for

calculado para este estudo, mesmo que se tenha garantido o tamanho da amostra

por outros métodos como a recomendação de Tabachnick e Fidell (2001), citada na

seção Método (que totalizava 82, o número exato de participantes deste estudo),

percebe-se que o poder da regressão linear padrão para este estudo (cálculo

realizado utilizando-se o G*Power, software gratuito disponível na internet), foi de

0,78 para um efeito de 0,15, (p<0,05, 4 preditores, F=2,49, gl numerador=4),

considerado pequeno.

7.5 AGENDA DE PESQUISA

Ponderando os resultados, as contribuições e limitações expostos,

recomenda-se uma agenda de pesquisa que contemplem as questões a seguir:

a) Estender o estudo nas Unidades de Pronto Atendimento de outras cidades e

Estados, investigando se resiliência e autoeficácia predizem níveis baixos de

burnout, favorecendo na ampliação da quantidade da amostra.

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b) Inserir outras variáveis de estudo para alargar a compreensão de fatores

preditores de burnout.

c) Pesquisar o modelo em diferentes classes profissionais a fim de averiguar se

ele explica o burnout em outras profissões.

Almeja-se que este estudo provoque interesse de pesquisadores e os incite a

compreender o comportamento dos profissionais de enfermagem que trabalham em

hospitais de pronto atendimento, principalmente no que se refere a situações que

promova a saúde física e mental, buscando investigar a dinâmica entre resiliência e

autoeficácia como fatores que podem diminuir o índice de desenvolvimento do

burnout.

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ANEXOS

ANEXO A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE

Você está sendo convidado a participar da pesquisa Impacto da resiliência e da

autoeficácia sobre burnout em profissionais de enfermagem, sob a responsabilidade da

pesquisadora Elainy da Silva Camilo Loiola.

Nesta pesquisa, pretende-se verificar se a resiliência e a autoeficácia impactam

sobre o burnout em profissionais de enfermagem de Unidades de Pronto Atendimento

localizados no Estado do Acre.

Burnout é uma síndrome específica do meio laboral em consequência da

cronificação do estresse ocupacional, acarretando implicações negativas nos níveis

individual, profissional, familiar e social. A resiliência é a capacidade de reagir de maneira

positiva a eventos negativos e a autoeficácia é a percepção do sujeito em relação à sua

capacidade no desenvolvimento de uma tarefa.

Para participar, você deverá responder ao questionário que contém instrumentos

para avaliar o burnout, sua resiliência, sua autoeficácia e informar alguns dados a seu

respeito. Para responder aos instrumentos, você assinalará suas respostas em escalas

numéricas que podem variar de 0 a 4 e de 1 a 5, conforme está explicado antes de cada

conjunto de perguntas. Você algumas vezes vai informar se concorda com as afirmações

descritas e outras, a frequência com que acontece com você o que está descrito nas frases.

Ao assinar este termo de consentimento (TCLE), você concorda em colaborar com a

pesquisa, ciente de que sua identidade será preservada, mesmo com a publicação dos

resultados da pesquisa. Esta publicação acontecerá em revistas científicas e apresentará

resultados do grupo de participantes como um TODO. Os riscos que a pesquisa apresenta

são mínimos. No máximo, pode acarretar incômodo causado pelo tempo despendido para

responder os instrumentos. No entanto, em caso de danos comprovados decorrentes da

pesquisa, você terá direito de solicitar indenização via justiça comum.

Além disso, você deverá assinalar, depois de sua assinatura, se permite a utilização

de suas respostas em estudos futuros, todos SEM identificação de sua identidade, sem que

precisemos consultá-lo para obter nova autorização. Sua decisão é totalmente voluntária,

não haverá nenhum benefício direto por participar desta pesquisa. Você estará apenas

colaborando para o aumento dos conhecimentos sobre os assuntos envolvidos.

Você é livre para se recusar a participar deste estudo ou para desistir dele a qualquer

momento, sem que isto lhe traga qualquer prejuízo pessoal. A sua decisão em participar ou

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não desta pesquisa não implicará em nenhuma discriminação ou represália por parte dos

pesquisadores nem da UPA, que não terá acesso às respostas de nenhum participante.

Se você concordar em participar, deve assinar este TCLE em duas vias, guardar uma

com você e depositar a outra na urna lacrada. Depois, você deve responder ao questionário

e colocá-lo em outra urna. Ambas estão em poder da pesquisadora. Somente a

pesquisadora terá acesso às urnas. Existe um Comitê de Ética em Pesquisa que fiscaliza o

cumprimento de tudo que está aqui esclarecido e a quem você recorrer em caso de

qualquer dúvida a respeito da pesquisa, no seguinte endereço e telefone: Av. Alfeu Tavares,

445, Ed. Capa, sala 419, fone:11-43665814, Rudge Ramos, SBC, SP.

Eu, Elainy da Silva Camilo Loiola, telefone (68) 99886987, pesquisadora responsável

pelo estudo, me comprometo a zelar pelo cumprimento de todos os esclarecimentos

prestados nesse documento.

Rio Branco, _____ de ______________de 2014.

____________________________________

Elainy da Silva Camilo Loiola

----------------------------------------------------------------------------------------------------------

Eu, ___________________________________________, documento de identidade

___________________, declaro ter recebido informações e esclarecimentos sobre o estudo

―Impacto da resiliência e da autoeficácia sobre burnout em profissionais de enfermagem‖, e

aceito participar dele, voluntariamente, ciente de todas as condições descritas no Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido que me foi entregue em anexo.

____________________________________________

Assinatura do Participante da pesquisa

Rio Branco, ____/____/2014.

Autorizo a utilização de minhas respostas em estudos futuros, todos SEM identificação de

minha identidade, sem necessidade de me consultar novamente sobre isto ou de assinar

nova autorização: ___ SIM ___ NÃO

Documento de identidade: ____________________

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ANEXO B – Parecer CEP – UMESP

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ANEXO C – Questionário de pesquisa

Escala de Resiliência no Trabalho

Abaixo, você encontrará uma série de frases relacionadas à capacidade humana de

superar as adversidades. Por favor, indique o quanto você concorda com as

seguintes declarações, assinalando à frente de cada uma o número correspondente

ao quanto elas se aplicam a sua vida, de acordo com a escala a seguir. Por

gentileza, procure responder a todas as questões com sinceridade. Muito obrigada

por sua colaboração.

0

Nunca

é verdade

1

Raramente

é verdade

2

Algumas

vezes é

verdade

3

Frequente-

mente

é verdade

4

Sempre

é verdade

1. Fico mais forte após enfrentar demissão no trabalho.

2. Fico mais forte após enfrentar mudanças no trabalho.

3. Fico mais forte após enfrentar desafios no trabalho.

4. Fico mais forte após enfrentar perdas no trabalho.

5. Fico mais forte após enfrentar dificuldades no trabalho.

6. Fico mais forte após enfrentar intrigas no trabalho.

7. Fico mais forte após enfrentar a inveja no trabalho.

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Escala de Autoeficácia no Trabalho

Este conjunto de frases fala sobre suas crenças sobre seu trabalho. Cada pessoa se

comporta de uma maneira diferente diante das situações de trabalho. Pensando nas

suas situações de trabalho, leia cada frase e responda na coluna da direita, com que

frequência a frase é verdadeira para você, utilizando a escala apresentada a seguir.

1

Nunca

é verdade

2

Quase nunca

é verdade

3

Às vezes

é verdade

4

Sempre

é verdade

1. Eu posso resolver problemas no meu trabalho.

2. Eu posso cumprir com as obrigações do meu trabalho.

3. Eu posso ser criativo para atingir meus objetivos no trabalho.

4. Eu posso dominar a tecnologia do meu trabalho.

5. Eu posso dominar os procedimentos novos que surgem no meu trabalho.

6. Eu posso ser criativo no meu trabalho.

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Escala de Caracterização de Burnout

Este questionário pretende conhecer como as pessoas se sentem no seu trabalho. A

seguir, você encontrará várias frases que representam possíveis situações do dia a

dia no trabalho. Sua tarefa consiste em ler cada frase cuidadosamente e dizer se ela

expressa ou não algo que ocorre com você no seu trabalho. Para responder,

escolha o ponto da escala a seguir, que melhor descreva a sua situação e escreva o

número sobre a linha que aparece à esquerda de cada frase.

1

Nunca

2

Raramente

3

Algumas

vezes

4

Frequentemente

5

Sempre

1. Eu me sinto desgastado com meu trabalho.

2. Eu me sinto sugado pelo meu trabalho.

3. Meu trabalho me faz sentir como se estivesse no limite das minhas

possibilidades.

4. Meu trabalho me exige mais do que posso dar.

5. Meu trabalho me faz sentir emocionalmente exausto.

6. Meu trabalho afeta negativamente minha saúde física.

7. Sinto-me esgotado ao final de um dia de trabalho.

8. Sinto que a carga emocional do meu trabalho é superior àquela que posso

suportar.

9. Acho que estou trabalhando demais no meu emprego.

10. Meu trabalho afeta negativamente meu bem-estar psicológico.

11. Sinto que meu trabalho está me destroçando.

12. Eu me sinto saturado com meu trabalho.

13. Trato algumas alguns pacientes com frieza.

14. Perco a paciência com alguns pacientes.

15. Fico de mau humor quando lido com alguns pacientes.

16. Enfureço-me com alguns pacientes.

17. Trato alguns pacientes com indiferença, quase de forma mecânica.

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18. Trato alguns pacientes com distanciamento.

19. Sinto que alguns pacientes são ―meus inimigos‖.

20. Sinto que desagrado alguns pacientes.

21. Trato alguns pacientes com cinismo.

22. Evito o trato com alguns pacientes.

23. Sinto-me emocionalmente vazio com meu trabalho.

24. Eu me sinto desiludido com meu trabalho.

25. Eu me sinto identificado com meu trabalho.

26. Acho que meu trabalho parece sem sentido.

27. Eu me sinto desanimado com meu trabalho.

28. Acho que as coisas que realizo no meu trabalho valem a pena.

29. Eu me sinto frustrado com meu trabalho.

30. Meu trabalho me faz sentir como se estivesse num beco sem saída.

31. Sinto-me desesperado com meu trabalho.

32. Eu me sinto inútil no meu trabalho.

33. Quando me levanto de manhã, sinto cansaço só de pensar que tenho que

encarar mais um dia de trabalho.

34. Eu me sinto cheio de energia para trabalhar.

35. Sinto-me infeliz com meu trabalho.

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ANEXO D – Gráfico da probabilidade normal dos resíduos padronizados da regressão

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ANEXO E – Gráfico de dispersão