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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE UFF ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROPOSTA DE APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE LEAN STARTUP PARA A ANÁLISE DE VENDAS DE CERVEJAS ARTESANAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO VANESSA DOS PASSOS CORRÊA ORIENTADOR DO TRABALHO GILSON BRITO ALVES LIMA NITERÓI JULHO / 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE – UFF

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

PROPOSTA DE APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE LEAN

STARTUP PARA A ANÁLISE DE VENDAS DE CERVEJAS

ARTESANAIS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

VANESSA DOS PASSOS CORRÊA

ORIENTADOR DO TRABALHO

GILSON BRITO ALVES LIMA

NITERÓI

JULHO / 2018

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VANESSA DOS PASSOS CORRÊA

PROPOSTA DE APLICAÇÃO DOS CONCEITOS DE LEAN STARTUP

PARA A ANÁLISE DE VENDAS DE CERVEJAS ARTESANAIS NO ESTADO

DO RIO DE JANEIRO.

Projeto final apresentado ao curso de

Graduação em Engenharia de Produção da

Universidade Federal Fluminense, como

requisito parcial para a aquisição do Grau

de Engenheiro de Produção.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________________________

Prof. GILSON BRITO ALVES LIMA – Orientador

UFF

___________________________________________________________________________

Prof. RUBEN HUAMANCHUMO GUTIERREZ

UFF

___________________________________________________________________________

Profª. NÍSSIA CARVALHO ROSA BERGIANTE

UFF

Niterói, RJ

2018

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus por todas as oportunidades e bênçãos concedidas. À

minha mãe, que me acompanhou durante toda a caminhada e esteve ao meu lado em todos os

momentos, bons e ruins, torcendo, apoiando, confortando e, o mais importante, dando o

exemplo. Ao meu pai, que me ensinou o caminho da disciplina, mostrando os desafios do

mundo e me ensinando a enfrentá-los com garra e determinação. Ao meu irmão, que me

orgulha e me inspira todos os dias, e faz meus dias mais felizes. À minha família, agradeço

por permanecerem sempre unidos, acreditando em mim e nos meus sonhos, fazendo de mim

uma pessoa melhor. Ao meu namorado, por ser meu parceiro, meu confidente, meu ombro

amigo, e por ter me dado forças mesmo nos momentos mais difíceis. Ao meu orientador

Gilson, que acreditou em mim e me ensinou o valor do aprendizado através da paixão e

dedicação ao trabalho. À Universidade Federal Fluminense que me ensinou a remar e nunca

desistir, mostrando que o conhecimento é uma ferramenta poderosa que nos abre caminhos

que as vezes nem nós mesmos sabíamos que existiam. À todos os professores que me

ajudaram nessa trajetória e contribuíram para o meu crescimento. Ao meu estágio, que me

ensinou que sonhar grande e sonhar pequeno dá o mesmo trabalho. E, por fim, agradeço a

todos que de alguma forma ajudaram e colaboraram para que a realização deste trabalho fosse

possível.

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RESUMO

O mercado de cerveja artesanal ganhou força na revolução tecnológica e no processo de

diversificação da alimentação a partir da década de 90. A migração de cervejas convencionais,

que buscam apenas o volume de consumo, para as cervejas especiais, que trazem outras

sensações de aroma, gosto e textura, ocasionou o surgimento de novas cervejarias no Brasil,

principalmente na região Sudeste. Dessa forma, faz-se especialmente importante uma

metodologia de gestão que estimule a inovação e auxilie no desenvolvimento desse novo

produto. Dado esse cenário, o presente estudo tem como objetivo a aplicação de conceitos de

Lean Startup para a análise de vendas de cervejas artesanais no estado do Rio de Janeiro. Os

dados foram obtidos através de um questionário estruturado publicado na internet e a amostra

utilizada no estudo são 226 consumidores de cerveja artesanal, moradores do estado do Rio de

Janeiro e maiores de 18 anos. Realizou-se a aplicação da metodologia Lean Startup através de

um passo a passo estruturado do Ciclo de Feedback: Construir-Medir-Aprender. O resultado

do estudo é útil para qualquer empreendedor que deseja lançar uma nova cerveja artesanal. A

metodologia possibilitou a avaliação não só de valores absolutos da amostra, mas também, de

cada grupo de cliente que entrou em contato com o produto, além de contribuir para o

entendimento das ações de vendas do mercado de cervejas artesanais e para a eliminação

daquelas que não geram valor ao cliente. Concluiu-se que, mesmo inovando em um mercado

novo e de plena expansão, é possível otimizar recursos financeiros através da metodologia

Lean Startup. Essa metodologia reduz o risco de um novo empreendimento, ajudando os

empreendedores a lançarem produtos que os clientes realmente querem, mais rapidamente e

com menor custo que a abordagem tradicional.

Palavras-chave: lean startup, cervejas artesanais, ciclo de feedback, inovação, vendas

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ABSTRACT

The craft beers market gained power in technological revolution and in food diversificantion

process since 1990s. The migration of conventional beers which seek only the amount of

consumption, to craft beers which brings other sensations of taste and texture, resulted the

emergence of new breweries in Brazil, mainly in the southeast region. In this way, is it

especially important a management methodology which encourages the innovation and helps

in the development of this new product. Given this scenario, the present work aims the

aplication of Lean Startup concept for crafts beers sales analysis in the state of Rio de Janeiro.

The data were collected through a structured quesionnaire published on the internet.

Participated in the survey 226 consumers of craft beers, residentes of the state of Rio de

Janeiro and over eighteen years old. Lean Startup Methodology aplication were carried out

thought a structured step by step Feedback Loop: Build-Measure-Learn. The result is useful

for any entrepreneurs who wish to create a new craft beer. The methodology analyzes not

only absolute values, but also, each customer group that came in contact with the product also

contributed for the understanding of sales actions and elimination of sales actions that not add

value in customers opinion. It was concluded thar even in a growing new marketing, it is

possible optimize financial resources through the lean startup methodology. This

methodology reduce the risk of a new business, helping entrepreneurs to create products that

the costumers really want, faster and cheaper than traditional approach.

Key words: lean startup, craft beers, feedback loop, innovation, sales

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 10

1.1 O PROBLEMA ............................................................................................................................... 10

1.2 QUESTÕES DA PESQUISA .......................................................................................................... 11

1.3 DELIMITAÇÃO DO PROJETO .................................................................................................... 11

1.4 OBJETIVOS ................................................................................................................................... 12

1.4.1 Objetivo Principal .................................................................................................................... 12

1.4.2 Objetivos Secundários .............................................................................................................. 12

1.5 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO ...................................................................................................... 12

1.6 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO .................................................................................................... 13

2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................... 15

2.1 O MERCADO DE CERVEJAS ARTESANAIS BRASILEIRO .................................................... 15

2.2 A METODOLOGIA LEAN STARTUP ........................................................................................... 17

2.2.1 Origem ...................................................................................................................................... 17

2.2.1.1 Lean Manufacturing .......................................................................................................... 17

2.2.1.2 Metodologias Ágeis ........................................................................................................... 18

2.2.1.3 Desenvolvimento de Clientes ............................................................................................ 19

2.2.2 A Lean Startup .......................................................................................................................... 19

2.2.2.1 Ciclo de Feedback: Construir-Medir-Aprender ................................................................. 21

3 METODOLOGIA ............................................................................................................................ 27

3.1 OBTENÇÃO DE DADOS .............................................................................................................. 28

3.1.1 População e Amostra ................................................................................................................ 28

3.1.2 Coleta de Dados ....................................................................................................................... 28

3.2 ANÁLISE DE DADOS ................................................................................................................... 30

4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA ............................................................................................ 33

4.1 ETAPA1: CONSTRUIR ................................................................................................................. 33

4.2 ETAPA 2: MEDIR .......................................................................................................................... 38

4.3 ETAPA 3: APRENDER .................................................................................................................. 51

5 CONCLUSÕES ................................................................................................................................ 56

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 59

APÊNDICE A- Questionário ................................................................................................................ 63

APÊNDICE B – Dados Secundários ..................................................................................................... 68

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Número de Cervejarias no Brasil. ................................................................... 16

Figura 2 - Ciclo de Feedback: Construir-Medir-Apreder .................................................. 22

Figura 3 - Passo a Passo da Metodologia Lean Startup. .................................................... 31

Figura 4 – Hipóteses de Valor: Cerveja Colorado ............................................................ 37

Figura 5 – Hipóteses de Crescimento: Cerveja Colorado .................................................. 37

Figura 6– Frequência dos Coortes na Amostra ................................................................ 40

Figura 7– Análise de Coorte: variável sexo ..................................................................... 40

Figura 8 - Análise de Coorte: variável idade ................................................................... 41

Figura 9 - Análise de Coorte: variável cidade .................................................................. 42

Figura 10– Análise de Coorte: variável gasto médio mensal ............................................. 43

Figura 11 - Diagrama de Pareto: frequência nota 5 .......................................................... 45

Figura 12 – Diagrama de Pareto: frequência canal de entrada ........................................... 47

Figura 13 - Diagrama de Pareto: frequência canal de preferência ...................................... 48

Figura 14 – Relação de Causa e Efeito: hipóteses validadas .............................................. 50

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1- Lean Startup e suas ferramentas ...................................................................... 24

Tabela 2– Dados Secundários ........................................................................................ 29

Tabela 3– Exemplo de “Ato de Fé” ................................................................................ 34

Tabela 4– Hipóteses de Valor e de Crescimento. ............................................................. 35

Tabela 5 - MVP ........................................................................................................... 36

Tabela 6 – Coortes ....................................................................................................... 39

Tabela 7- Frequência de Nota 5 .................................................................................... 45

Tabela 8 - Canal de Entrada .......................................................................................... 46

Tabela 9 - Canal de Preferência ..................................................................................... 46

Tabela 10- Pivô de Segmento de Clientes ....................................................................... 53

Tabela 11-Pivô de Necessidade do Cliente ...................................................................... 54

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1 INTRODUÇÃO

1.1 O PROBLEMA

A revolução da cerveja artesanal ocasionou a migração de cervejas convencionais, que

buscam apenas o volume de consumo, para as cervejas especiais, que trazem outras sensações

de aroma, gosto e textura. A tendência de diversificação da alimentação é mundial, assim

como o retorno aos produtos locais após uma onda de produção em massa nos anos 1990 e

início da década dos 2000. Desta junção de tendências globais, emerge a força do mercado de

cervejas artesanais brasileiras (BRESSIANI, 2017).

Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2017)

mostram que foram registradas 148 novas cervejarias em 2016, totalizando 522 cervejarias no

Brasil. A maior parte destas cervejarias ainda está localizada no eixo Sul-Sudeste, com mais

de 90% de concentração de mercado, mas há movimento em todos os estados brasileiros.

Segundo Rogers (2011), o crescimento do empreendedorismo está associado à

revolução tecnológica nos Estados Unidos. O avanço da tecnologia permitiu que as empresas

criem mais, aprendendo com mais rapidez, e esse conhecimento, por sua vez, pode ser

incorporado em mais experiências com menos gastos (THOMKE, 2001).

No entanto, um estudo de Shikhar Ghosh (2012) da Harvard Business School mostra

que 75% dos empreendimentos lançados não vingam. Como tentativa de aumentar a taxa de

sucesso de novos negócios, Ries (2011) publicou o livro “The Lean Startup”, lançado nos

Estados Unidos em setembro de 2011 e no Brasil em 2012 . Segundo Blank (2013), a Lean

Startup é uma importante força que vem se mostrando capaz de tornar menos arriscado o

processo de criar uma startup ou inovar em uma grande empresa.

No evento HSM realizado no Brasil, Ries (2012) afirma ter feito, com o lean, uma

interessante descoberta: empreendedorismo e inovação não se opõe à gestão, eles se

complementam. Apesar da Lean Startup ser mais abordada entre os empreendedores, Breuer

(2013) mostra que é possível a sua aplicação dentro de empresas previamente estabelecidas

visando o desenvolvimento de novos produtos e serviços.

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Associando o crescimento do mercado de cervejas artesanais às grandes taxas de

insucesso de novos empreendimentos, uma metodologia que torne menos arriscado o processo

de inovar torna-se um diferencial para a sobrevivência das organizações no cenário

competitivo atual. Desta forma, o problema a ser abordado é a necessidade de uma

metodologia de gestão que auxilie no desenvolvimento e na venda de produtos inovadores no

mercado de cervejas artesanais.

1.2 QUESTÕES DA PESQUISA

Tendo em vista a formulação da situação problema, a principal questão a ser

respondida na presente pesquisa é:

❏ Que contribuições a metodologia Lean Startup pode gerar para a análise de vendas de

cervejas artesanais a fim de tornar menos arriscado o processo de inovar?

Associadas a esta questão principal, outras questões secundárias englobam-se neste

tema. Essas questões são:

❏ Como essas contribuições podem, de fato, ser aplicáveis ao contexto da empresa?

❏ Quais são os pontos negativos e positivos dos conceitos de Lean Startup analisados?

1.3 DELIMITAÇÃO DO PROJETO

A base de dados obtida delimitará uma análise mais detalhada do comportamento de

consumidores de cervejas artesanais, moradores do estado do Rio de Janeiro e maiores de 18

anos. Sendo assim, o problema de pesquisa estudado tem como pano de fundo os

consumidores de cervejas artesanais do estado do Rio de Janeiro, não sendo levado em

consideração quaisquer dados fora deste território.

Por fim, a metodologia Lean Startup é uma prática nova utilizada nos últimos 6 anos.

Com isso, a revisão bibliográfica a ser utilizada no presente projeto provém de uma análise

mais detalhada do trabalho de autores que deram origem à metodologia.

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1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Principal

Considerando a formulação da situação problema e a questão de projeto apresentado, o

objetivo principal do projeto é a proposta de aplicação de conceitos de Lean Startup para a

análise de vendas de cervejas artesanais no estado do Rio de Janeiro.

1.4.2 Objetivos Secundários

Para atingir o objetivo principal, serão propostos os seguintes objetivos secundários:

❏ Entender o cenário do mercado de cervejas artesanais e sua relação com o problema de

pesquisa;

❏ Montar uma estrutura teórica sobre Lean Startup;

❏ Aplicar os conceitos e ferramental levantados ao problema de pesquisa;

❏ Apontar possíveis soluções para a problemática levantada.

1.5 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO

Atualmente, uma metodologia de gestão que estimule a inovação e o dinamismo é de

extrema importância para que as organizações se mantenham sustentáveis a longo prazo. Este

fator funciona como um grande diferencial competitivo visando uma melhor adaptação da

empresa ao mercado emergente.

Christensen (1997) diz que as boas empresas falham, muitas vezes, porque seus

gerentes não sabem ao certo qual inovação devem ignorar e em qual inovação devem investir.

Com esta afirmação, é possível concluir que o sucesso no desenvolvimento de uma nova ideia

ou produto tem relação com a capacidade de gestores em gerir essas mudanças dentro das

organizações.

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Segundo Ries (2012), a metodologia Lean Startup auxilia as empresas a economizar e

desenvolver produtos e serviços de forma mais eficiente. A importância do conceito é

combinar as ideias de marketing, tecnologia e gestão de forma a transformar uma

metodologia, originalmente pensada para startups, em um método coeso e aplicável a

qualquer empreendimento (BLANK, 2013).

Em relação ao mercado estudado, o processo de produção e venda das cervejas

artesanais desperta grande interesse do ponto de vista da engenharia de produção. As cervejas

artesanais vêm conquistando cada vez mais os consumidores. Muitos bares reservam espaços

específicos para este tipo de cerveja e para quem gosta de apreciar novos e exclusivos sabores

da bebida. A engenharia de produção pode auxiliar na projeção dessas atividades no processo

produtivo, viabilizando estratégias produtivas, planejando a produção, produzindo e

distribuindo produtos que a sociedade valoriza.

Dada a importância da literatura sobre o tema Lean Startup, sobretudo em um mercado

de plena expansão como o das cervejas artesanais, este projeto contribui com a difusão desta

temática relevante para a engenharia de produção.

Do ponto de vista organizacional, tem-se a visível necessidade de aplicação de uma

nova metodologia que promova gestão e inovação através de conceitos lógicos que reduzem o

risco de insucesso. Este trabalho pode justificar-se, também, ao demonstrar como a

metodologia Lean Startup pode gerar ótimos resultados ao ambiente de trabalho e aos seus

processos produtivos.

1.6 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

O projeto será desenvolvido em cinco capítulos. O primeiro capítulo apresenta os

elementos introdutórios do tema de estudo. Além da formulação da situação problema, foram

descritos os objetivos a serem alcançados e questões a serem respondidas no decorrer do

estudo.

O segundo capítulo apresenta a base referencial e teórica do estudo. Estudos anteriores,

livros e artigos referentes ao mercado de cervejas artesanais e ao tema Lean Startup e suas

diferentes ferramentas.

O terceiro capítulo apresenta a metodologia científica adotada para o desenvolvimento

do estudo. A coleta de dados e a análise desses dados são definidas bem como a estrutura

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proposta para a implementação dos conceitos da metodologia.

O capítulo 4 traz a aplicação da metodologia previamente detalhada, na qual os dados

coletados são analisados. Por fim, é apresentada a conclusão no capítulo 5, com a

apresentação dos resultados obtidos a partir das análises realizadas.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

A pesquisa bibliográfica é o passo inicial para a construção da revisão bibliográfica e

tem como intuito auxiliar em um maior conhecimento do tema proposto. A pesquisa inicia-se

com a definição de palavras chave do estudo. As palavras chave selecionadas para este estudo

são: lean startup, cervejas artesanais, ciclo de feedback, inovação.

Após a definição das palavras chave, define-se as bases de dados a serem consultadas.

As bases de dados utilizadas para consulta foram retiradas do Portal de Periódicos CAPES

que engloba Scielo e Google acadêmico. A partir da definição das palavras chave e das bases

de dados consultadas, é possível a realização de um levantamento da quantidade de

referências informadas por cada palavra chave e base de dados.

2.1 O MERCADO DE CERVEJAS ARTESANAIS BRASILEIRO

De acordo com uma pesquisa feita pela empresa alemã Bath-Haas Group (2012), o

Brasil é o terceiro maior produtor mundial de cerveja ficando atrás apenas da China e Estados

Unidos. Esse fato torna o setor cervejeiro um dos mais relevantes para a economia brasileira.

Dados da CervBrasil (2017), mostram que o setor emprega ao longo da cadeia produtiva mais

de 2,7 milhões de pessoas e é responsável por 1,6% do PIB e 14% da indústria de

transformação nacional.

O consumo de cerveja per capta no Brasil é em torno de 62 litros por ano, ocupando a

15a posição no ranking mundial, segundo levantamento feito com 40 países (SOBRAL,

2012). Segundo Fusco (2011), enquanto o segmento das cervejas populares, dominadas por

marcas como Brahma, Skol e Schin, aumenta a 7% ao ano, as microcervejarias responsáveis

pela produção artesanal crescem 14%.

Segundo Paranhos (2017), as cervejas artesanais são cervejas produzidas com foco na

variedade de cores, aromas e gostos, utilizando técnicas e receitas tradicionais. Trevisan

(2017) enfatiza que o surgimento das cervejas artesanais tornou a tarefa de escolher uma

cerveja mais complexa. Antigamente, existia apenas a opção de cerveja tipo Pilsen. Hoje,

temos como opção cerveja IPA, Stout, Ale, Blond Ale, Imperial, Stout, entre outras.

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O crescimento notável das cervejas artesanais no Brasil gerou mais de US$ 700

milhões em vendas no ano de 2014 (ANTUNES, 2015) e apresentou uma expansão média

anual de 36% entre 2011 e 2014 (BOUÇAS, 2015). Devido a esse crescimento, em 2015 as

cervejas artesanais já representavam 1% das vendas totais de cerveja no País, fatia que pode

dobrar até 2020 (MALTA; BOUCAS, 2015).

O progresso das cervejas artesanais nos últimos anos ocasionou o aumento no

número de cervejarias existentes no Brasil. De acordo com Marcusso e Muller (2018),

somente em 2017 foram concedidos 91 novos registros de estabelecimentos produtores de

cerveja. Na última década, o número de cervejarias registradas cresceu numa razão de seis

vezes, desde 2007, conforme demonstra a figura 1.

Figura 1 - Número de Cervejarias no Brasil.

Fonte: MAPA (2017)

Dentro desse panorama, o Rio de Janeiro se destaca como o estado com o maior

crescimento no número de pequenas cervejarias: 138% entre os anos de 2013 e 2015

(ZOBARAN; ROSA, 2015), ocupando em 2017 a quarta posição no ranking nacional com 47

cervejarias, segundo dados do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Além disso, o estado do Rio de Janeiro é famoso por ser sede do mais importante evento

internacional de cerveja artesanal, o Mondial de la Bière, no qual o número de marcas

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fluminenses viu sua participação registrar aumento de 585% entre os anos de 2013 e 20i15

(ZOBARAN, 2015).

Fato é que o mercado de cervejas artesanais vem se consolidando, e tem uma fatia de

mercado garantida, pois a intenção desses tipos de estabelecimentos não é concorrer

diretamente com as líderes do mercado que conseguem trabalhar com preços muito mais

baixos, mas sim, atingir um tipo de consumidor diferente, que se importa com características

sensoriais específicas da cerveja: cor, sabor, aromas, teor alcoólico, amargor, sabor residual,

etc. (KALNIN, 1999).

2.2 A METODOLOGIA LEAN STARTUP

2.2.1 Origem

2.2.1.1 Lean Manufacturing

O termo Lean, utilizado pela metodologia Lean Startup, surgiu originalmente no livro

“A máquina que mudou o mundo” de (WOMACK; JONES; ROOS, 1992). O livro compila os

resultados de estudos feitos pelo Massachusetts Institute of Technology e revela as vantagens

de qualidade, produtividade, desenvolvimento de produtos que a filosofia oferece

(PACHECO, 2014).

Apesar da amplitude de suas ideias, sabe-se que o lean é como um antídoto ao

desperdício e procura acelerar os processos, eliminando aquilo que não cria valor dentro do

fluxo. Tudo que não cria valor ao cliente é desperdício. Assim, o primeiro desafio é enxergar

quais etapas de um processo são realmente necessárias e, com isso, buscar soluções para os

problemas que levam a tais desperdícios – (“Lean Institute Brasil”, [s.d.])

Segundo Womack e Jones (1996), o pensamento enxuto pode ser definido através de

um processo de cinco etapas:

● identificar o cliente e especificar o valor

● identificar o mapa de fluxo de valor

● criar o fluxo através da eliminação de perdas

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● puxar o sistema a partir do cliente

● buscar a perfeição

A difusão do pensamento enxuto como uma cultura a se seguir tornou possível a

replicação dos conceitos de Lean Manufacturing, para praticamente qualquer tipo de

segmento. Atualmente, o termo Lean pode ser visto, não só na metodologia Lean Startup, mas

em diversas aplicações como Lean Healthcare, Lean Construction e Lean Accounting.

2.2.1.2 Metodologias Ágeis

A concepção do que viria a ser o Lean Startup utiliza as premissas e conceitos das

metodologias ágeis (BLANK, 2013). Ries (2012), o criador da Lean Startup, afirma ter tido

experiência com esses modelos durante sua carreira nas organizações em que trabalhou e

agrega essa abordagem para criar seu modelo de desenvolvimento de produtos em startups.

As Metodologias Ágeis são compostas por diversos modelos de desenvolvimento de

softwares que buscaram criar práticas e conceitos que se adaptassem ao cenário imprevisível

que é a concepção de um novo software, contrariando padrões tradicionais julgados como

muito burocráticos e engessados (Abbas, Gravell e Wills, 2008).

Segundo Highsmith e Cockburn (2001), as abordagens tradicionais acreditavam que,

com a devida reflexão e trabalho, era possível antecipar todos os requisitos de um projeto de

software na sua etapa de planejamento, eliminando a possibilidade de mudanças no

andamento de projeto. No entanto esse modelo mostrou-se insuficiente devido às graves

variações externas, impossíveis de serem controladas. Foi observado que a melhor maneira de

lidar com a imprevisibilidade era criar um sistema que reduzisse os custos de retrabalho, ao

invés de buscar eliminá-lo, e que também garantisse a qualidade e rapidez de entrega para o

cliente.

Os modelos ágeis são adaptativos, sendo receptivos a novas mudanças no projeto;

iterativos e incrementais, dividindo o desenvolvimento de software em iterações que são

testadas, avaliadas e melhoradas, incrementando gradualmente funcionalidades ao produto

final; e com grande orientação nas pessoas, caracterizando o trabalho em equipe como

fundamental para o sucesso do software e incentivando a comunicação face-to-face com o

time e o consumidor, que deve estar envolvido de perto para alimentar o desenvolvimento do

produto com feedbacks que ajudam a nortear o trabalho da equipe (Abbas, Gravell e Wills,

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2008). Estes valores se encontram categorizados no “Manifesto Ágil” escrito em 2001 e que

serve como guia aos praticantes das metodologias ágeis (Cohen et al., 2004).

2.2.1.3 Desenvolvimento de Clientes

Apesar da notável a influência do Lean Manufacturing e das Metodologias Ágeis no

desenvolvimento da metodolodia Lean Startup, Blank (2013) e Ries (2012) afirmam que o

conceito de Desenvolvimento de Clientes foi de fato onde originou-se a Lean Startup.

Segundo Blank (2007), o Desenvolvimento de Clientes ou Customer Development

trata-se de um conceito que visa o processo de aprendizado e descoberta do cliente e serve

para responder alguns problemas comuns no lançamento de novos produtos como: onde está o

mercado; quem são os consumidores; como montar o time certo; e como escalar as vendas.

Ainda na visão de Blank (2007), a maioria das empresas atuais, para introduzir novos

produtos, utiliza metodologias com foco nos processos internos da empresa, enquanto o input

dos clientes é visto como um checkpoint, e não um direcionador. Para o autor, as

metodologias atuais não oferecem previsão e orientação sobre o comportamento do

consumidor, por isso precisamos construir um novo processo. A saída está em ouvir mais os

potenciais clientes, indo a campo e investigando suas necessidades e as características dos

mercados antes de se comprometer com um caminho e especificações detalhadas do produto,

daí seu lema “Get Out of the Building ” (BLANK; DORF, 2012).

Blank (2007) também destaca que o desenvolvimento de clientes tem uma limitação

importante: não é aplicável a mercados nos quais os clientes são garantidos como, por

exemplo, em biotecnologia, saúde e energia. Ele é importante para ajudar a entender os

comportamentos relacionados à adoção do produto e, caso essas questões não sejam

consideradas críticas para um lançamento, a aplicação da metodologia é considerada uma

perda de tempo.

2.2.2 A Lean Startup

Blank (2013) relata que, por volta de 2003, começou a divulgar o conceito de

desenvolvimento de clientes e, em 2004, ao investir em uma empresa fundada por Eric Ries e

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Will Harvey, impôs a condição de que eles participassem de uma turma de seu curso. O autor

afirma que, rapidamente, Ries percebeu que o modelo de desenvolvimento ágil deveria ser

substituído.

Ries (2012) enxergou similaridades nas disciplinas que estavam surgindo no

empreendedorismo, principalmente no desenvolvimento ágil e no desenvolvimento de clientes

com o modelo Toyota de Produção, o Lean Manufacturing. Diante desse contexto Ries (2011)

publicou o livro “The Lean Startup”. O livro agrupa uma série de ferramentas existentes,

utilizando uma linguagem simples e acessível para os empreendedores.

A metodologia Lean Startup é baseada na ideia de que se deve falhar rápido e valorizar

o aprendizado contínuo. Ela favorece a experimentação em detrimento ao planejamento

elaborado, feedback do cliente em relação à intuição e design interativo sobre design

tradicional (RIES, 2012; BREUER, 2013).

Blank e Dorf (2012), Blank (2013), Ries (2012) e Breuer (2013) argumentam que

empresas estabelecidas executam um modelo de negócios, enquanto startups procuram por

uma. A partir dessa abordagem, surge a definição de Lean Startup: uma organização

temporária projetada para procurar um modelo de negócios repetível e escalável. Blank

(2013) concorda com Shane e Venkataraman (2000) e Venkataraman et al. (2012) ao afirmar

que as escolas de negócios, ao perceberem a diferença mencionada acima, passaram a

entender que novos negócios precisam de suas próprias ferramentas.

Gruber (2007) preconiza que o planejamento de empresas novas é caracterizado por

uma grande taxa de suposições, diferentemente das empresas já estabelecidas, que podem

basear seu planejamento em resultados passados, tendências históricas e outras informações

que reduzem as incertezas. Sendo assim, em sua metodologia, Ries (2012) propõe o teste das

suposições mencionadas por Gruber (2007) como forma de diminuir o risco na atividade.

Segundo Blank (2013), além da alta taxa de fracasso, outros cinco fatores restringem o

crescimento de startups:

• o alto custo para conseguir o primeiro cliente ou desenvolver o produto errado;

• ciclos longos para desenvolvimento de tecnologias;

• reduzido número de pessoas interessadas em trabalhar ou abrir uma startup;

• a estrutura da indústria, em que um pequeno número de empresas investia

grandes somas em poucas empresas para ter uma chance de retornos significantes;

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• concentração de experiência na criação de startups em poucos centros,

principalmente nos EUA.

Conforme defende Bank (2013), a abordagem Enxuta reduz as duas primeiras

restrições, ajudando os empreendedores a lançarem produtos que os clientes realmente

querem, mais rapidamente e com menor custo que a abordagem tradicional, e minimiza a

terceira restrição como consequência da diminuição do risco na atividade.

Blank (2013) defende que as práticas da Lean Startup são aplicáveis não só em novos

negócios, mas em qualquer situação onde é necessário o desenvolvimento de um modelo de

negócio inovador. Visto que, para as grandes empresas assegurarem sua sobrevivência e

crescimento elas devem continuar inovando, os conceitos de Lean Statup também são

aplicáveis a elas.

2.2.2.1 Ciclo de Feedback: Construir-Medir-Aprender

Blank (2013) afirma que, para fazer o desenvolvimento do produto de forma

incremental, as empresas devem construir rapidamente um produto mínimo viável e buscar

feedback dos clientes. De acordo com os feedbacks recebidos, as hipóteses devem ser

alteradas. Pequenas mudanças são denominadas “interações”, enquanto as grandes, que

mudam a direção do negócio, são chamadas de “pivotagens”.

Segundo Ries (2012), a melhor forma de visualizar a dinâmica dessas atividades que

envolvem a metodologia Lean Startup, é através do Ciclo de Feedback: Construir-Medir-

Aprender, representado pela Figura 2, abaixo.

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Figura 2 - Ciclo de Feedback: Construir-Medir-Aprender.

Fonte: RIES (2012)

(1) Etapa Construir

Segundo Blank (2013), a etapa Construir é onde se constrói as hipóteses que serão

testadas através de um Produto Mínimo Viável também chamado de MVP. No lugar de

meses de planejamento e pesquisa, os empreendedores devem aceitar que no início só

possuem uma série de hipóteses não testadas. Baker e Nelson (2005) afirmam que o

dinamismo e a incerteza do contexto exige que o empreendedor continuamente repense a

estratégia adotada e a estrutura da organização.

Ries (2012) explica que o MVP é uma espécie de protótipo oferecido aos clientes para

a obtenção de feedbacks utilizando o mínimo possível de recursos. Protótipo é um esboço, um

teste, um piloto do que pretende-se colocar no mercado. A transição do protótipo para o MVP

é quando é testado não apenas o produto/serviço, mas também sua viabilidade comercial

(RIES, 2012). A lição do MVP é que qualquer trabalho adicional além do que foi requerido

para iniciar a aprendizagem é desperdício.

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(2) Etapa Medir

Ries (2012) afirma que a segunda etapa, chamada Medir, serve para observar o

desempenho do produto na interação. Nessa etapa, as empresas devem utilizar a abordagem

de “sair do prédio”, também denominada “desenvolvimento de clientes” para testar as

hipóteses através do MVP. Deve-se procurar possíveis usuários, compradores e parceiros para

obter feedback sobre todos os elementos do modelo de negócios, funcionalidades do produto,

precificação, canais de distribuição e estratégias para aquisição de clientes.

Blank (2013) afirma que muitos empreendedores se preocupam em manter o segredo

de seus negócios, para que ninguém roube sua grande ideia. A abordagem Enxuta rompe com

essa lógica ao mostrar que o feedback dos clientes é mais importante do que guardar segredo.

Um dos principais argumentos em sua defesa é o de que, se a ideia for tão frágil e atraente,

existe uma grande chance de ser copiada logo depois do lançamento.

As ferramentas utilizadas para realizar essa análise são a análise de coorte e as métricas

acionáveis. Essas ferramentas utilizam os resultados encontrados no MVP para definir o

estado do produto no momento, servindo de referência para apontar o que deve ser feito para

que haja melhoras e auxiliar na tomada de decisão da etapa seguinte. A análise de coorte e as

métricas acionáveis serão detalhadas nas páginas seguintes, junto às outras ferramentas de

Lean Startup.

(3) Etapa Aprender

A Etapa Aprender é uma etapa fundamental para o processo de desenvolvimento do

produto, pois é o momento em que, através dos resultados observados com a interação,

consegue-se mostrar empiricamente se as propostas de valor foram aceitas e bem recebidas

pelos clientes ou se apontam para direções diferentes da ideia inicial. Nessa etapa é onde a

startup decide se deve “pivotar” ou se irá perseverar com sua concepção de produto (RIES,

2012).

Independente da escolha, o aprendizado obtido com a experiência é fundamental para o

andamento da organização, pois é a maneira com que ela consegue enxergar e eliminar o

desperdício do seu trabalho. Quando todas as hipóteses forem validadas o produto estará

pronto para o mercado e os consumidores estarão dispostos a pagar pelo valor oferecido

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(Blank e Dorf, 2012).

A Tabela 1 – Lean Startup e suas ferramentas, abaixo exemplifica algumas

importantes ferramentas para cada etapa aqui expostas.

Tabela 1- Lean Startup e suas ferramentas.

Fonte: Adaptado de (RIES, 2012)

A seguir serão apresentadas cada uma das ferramentas com base em Ries (2012).

(a) “Ato de Fé”

O “ato de fé” é o nome dado por Ries (2012) para os elementos mais arriscados do

plano. Um ato de fé são suposições básicas sobre o mercado e sobre o consumidor de um

novo produto. Essa ferramenta é importante pois ajuda o empreendedor a traduzir a sua visão

inicial em forma de um argumento por analogia: "A tecnologia X foi utilizada para conquistar

o mercado Y por causa do atributo Z. Temos uma nova tecnologia X2, que nos permitirá

conquistar o mercado Y2 porque também temos o atributo Z”. Essa analogia é chamada de

“ato de fé” pela metodologia Lean Startup.

(b) Hipótese de Valor

ETAPA FERRAMENTAS

Ato de Fé

Hipótese de Valor

Hipótese de Crescimento

Análise de Coorte

Métricas Acionáveis

APRENDER Catálogo de Pivôs

CONSTRUIR

MEDIR

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As hipóteses são as suposições mais importantes a ser feita na metodologia. A partir

delas será possível construir o produto e medir sua eficiência no mercado. As hipóteses são

formuladas de acordo com a percepção do empreendedor em relação ao Elas decompõem o

“ato de fé” em duas partes: Hipóteses de Valor e Hipóteses de Crescimento.

As Hipóteses de Valor possuem foco no produto e são formuladas para testar se o

produto ou serviço de fato fornece valor aos clientes no momento em que o estão utilizando.

Elas irão identificar os atributos essenciais do produto que agrega valor ao cliente.

(c) Hipótese de Crescimento

As Hipóteses de Crescimento possuem foco no serviço e são formuladas para testar

como determinar como o produto será introduzido no mercado e como se difundirão,

garantindo que as vendas aumentem a curto e a longo prazo.

(d) Análise de Coorte

Na Análise de Coorte, em vez de considerarmos totais acumulados ou quantidades

brutas, tais como receita total e quantidade total de clientes, consideramos o desempenho de

cada grupo de clientes que entra em contato com o produto independentemente. Cada grupo é

denominado coorte. Relatórios baseados em coortes convertem ações complexas em relatórios

baseados em pessoas. A análise exibe não só números gerais, mas o comportamento de cada

pessoa que consumiu o produto.

Cabe ressaltar que, a análise de coorte já é um método de análise conhecido e muito

utilizado na medicina. Segundo o Instituto de Estudos de Saúde Coletiva (IESC), estudos de

coorte são estudos observacionais onde os indivíduos são classificados ou selecionados

segundo o status de exposição para avaliar a incidência de uma doença.

(e) Métricas Acionáveis

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Para um relatório ser considerado acionável, deve demonstrar uma relação de causa e

efeito claros. Quando a causa e efeito são entendidos com clareza, a equipe é mais capaz de

aprender a partir de suas ações. Caso contrário, é uma “métrica de vaidade” — cujo objetivo é

enfeitar a imagem do negócio, mas que, na verdade, não reflete com precisão os principais

fatores que mensuram o êxito da empresa.

A relação de causa e efeito irá buscar correlação entre os dados obtidos e não sua

causalidade. Segundo Soares (2017), a correlação, isto é, a ligação entre dois eventos, não

implica necessariamente uma relação de causalidade, ou seja, que um dos eventos tenha

causado a ocorrência do outro. Dois eventos que possuam uma relação da causalidade deverão

apresentar também uma correlação. O que constitui a falácia é o salto imediato para a

conclusão de causalidade, sem que esta seja devidamente demonstrada.

(f) Catálogo de Pivôs

Um pivô é um tipo específico de mudança estruturada, projetado para testar uma nova

hipótese fundamental a respeito do produto e do modelo de negócios. De acordo com a

metodologia proposta por Ries (2012), existem dez tipos de pivôs. São eles:

• Zoom-In: transformar o que antes era apenas uma parte do seu produto ou serviço

em todo o seu produto ou serviço.

• Zoom-Out: é o movimento contrário do primeiro item, ou seja, transformar todo o seu

produto em uma funcionalidade ou parte de algo novo que irá suprir a necessidade do

mercado

• Segmento de Clientes: trata-se de adaptar o seu produto ao público-alvo correto.

• Necessidade do Cliente: adaptar seu produto às reais necessidades dos clientes.

• Plataforma: mudar o seu serviço de plataforma — o que antes foi pensado como um

site, por exemplo, pode funcionar melhor como um aplicativo para dispositivos

móveis.

• Arquitetura de negócio: é fazer com que o que era pensado como um negócio B2B,

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ou seja, para empresas, seja agora voltado para o consumidor final e vice-versa.

• Captura de valor: modificar o seu sistema de captação de renda ou de monetização do

seu negócio.

• Motor de Crescimento: buscar alternativas para a divulgação do seu produto — às

vezes, um produto que foi visto como algo viral, que irá gerar divulgação espontânea

através dos consumidores, precisa de outro método de marketing, como propagandas.

• Canal: é a mudança de logística de entrega do seu produto.

• Technology pivot: buscar uma nova tecnologia que irá tornar o seu negócio mais

competitivo.

3 METODOLOGIA

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3.1 OBTENÇÃO DE DADOS

3.1.1 População e Amostra

Doxsey e De Riz (2003) afirmam que é essencial a determinação da principal fonte de

informações a serem coletadas. Independente do âmbito ou da unidade da análise, é necessária

a identificação dos sujeitos da pesquisa. A fim de realizar essa identificação, as definições de

população e amostra são exploradas.

De acordo com Triola (2005), população é um conjunto de dados de todas as

observações possíveis, sejam elas concebíveis ou hipotéticas. Já amostra, é um conjunto de

dados de apenas uma parte dessas observações. A partir destes conceitos, a população

considerada neste estudo são todos os consumidores de cerveja artesanal do estado do Rio de

janeiro e a amostra utilizada são os 226 respondentes que aceitaram participar do estudo,

todos consumidores de cerveja artesanal, moradores do Rio de Janeiro e maiores de 18 anos.

3.1.2 Coleta de Dados

O processo de coleta de dados inicia-se após a identificação da população e da

amostra. De acordo com Tannenbaum (1998), dados são as matérias-primas das informações

estatísticas;para obter-se boas informações estatísticas, necessita-se de bons dados. Gergardt

(2009) afirma que durante a etapa de coleta de dados há operações em que o modelo de

análise é confrontado aos dados coletados. Para que o estudo possa ser iniciado, são

necessários dados relacionados à venda de cervejas artesanais no estado do Rio de Janeiro. As

informações necessárias para o desenvolvimento desse estudo foram obtidas pela coleta de

dados primários e secundários.

Segundo Mattar (2005, p. 159), dados primários são coletados com o objetivo de

atender às necessidades específicas da pesquisa em andamento. Os dados primários

necessários para a realização do estudo foram obtidos a partir de um questionário estruturado,

publicado na internet e construído na ferramenta Google Forms. O objetivo do questionário

foi gerar informações que viabilizem a análise do desempenho das vendas de cervejas

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artesanais no estado do Rio de Janeiro. Para a sua estruturação, foram utilizados dados

secundários.

Ainda segundo Mattar (2005), dados secundários são aqueles que já foram coletados,

tabulados, ordenados e, às vezes, até analisados e que estão catalogados à disposição dos

interessados. De modo a gerar insumos para a construção do questionário, foram coletados

dados secundários que contribuíssem para o mapeamento das ações de vendas de cervejas

artesanais no estado do Rio de Janeiro. Os dados foram obtidos através de artigos

selecionados no Portal de Periódicos da CAPES.

Foram no total 7 artigos selecionados que permitiram coletar informações das ações de

vendas em questão. O conteúdo extraído desses artigos estão descritos no capítulo 4 (página

31) em forma de hipóteses de valor e crescimento e foram utilizados na estruturação do

questionário. A tabela 2 abaixo apresenta os artigos onde foram obtidos os dados secundários

para o estudo. Os objetivos e resultados dos artigos estão detalhados no APÊNDICE B.

Tabela 2– Dados Secundários.

Fonte: Adaptado de (MATOS, 2011; FERREIRA et al., 2011; BARBOSA, 2013; COSTA, 2015;

MINASSE et al., 2016; GOIA, 2016)

O resultado dos dados secundários obtidos estão expressos no questionário estruturado

Artigo Autores Ano

Cerveja:panoramadomercado,produçãoartesanal,eavaliaçãodeaceitaçãoepreferência

RicardoAugustoGraselMatos 2011

InovaçãonafabricaçãodecervejasespeciaisnaregiãodeBeloHorizonte

RubensHermógenesFerreira;MariaCelesteReisLoboVasconcelos;ValériaMariaMartinsJudice;JorgeTadeu

deRamosNeves

2011

Abuscapeloencantamento:aexperiênciadeconsumo

associadaàcervejaartesanalAmandadeMenezesBarbosa 2013

AbebidadeNinkasiemterrastupiniquins:Omercadoda

cervejaeoTurismoCervejeironoBrasilEwertonReubensCoelho-Costa 2015

TurismoCervejeironoEstadodeSãoPaulo:análisee

caracterizaçãodocenárioatual

MariaHenriquetaS.G.GimmenesMinasse;Maxwellde

OliveiraLyra;RegianePiatodosSantos2016

“Bebamenos,bebamelhor”:umestudodasubculturade

consumodecervejaartesanaleosentimentodedevoçãodoconsumidor

EduardoSalgueiroKoch 2016

CervejaArtesanalCarioca:AFabricaçãodeumaCultura MarisolRodriguezGoia;RenatoLagoPereiraChaves 2016

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está presente no APÊNDICE A, composto por 23 questões fechadas. Para conseguir a base de

dados pela internet, publicou-se o questionário em grupos do Whatsapp e do Facebook, duas

plataformas populares entre os usuários da internet. O questionário difundiu-se através dessas

plataformas, sendo convidados a responder a pesquisa mais de 1.000 moradores do estado do

Rio de Janeiro, consumidores de cervejas artesanais e maiores de 18 anos. Obteve-se uma

taxa de resposta de 23% e todas foram consideradas válidas, correspondendo a um total de

226 respostas. O questionário ficou disponível para respostas durante 12 dias, do dia 3 de

Maio de 2018 ao dia 14 de Maio de 2018.

3.2 ANÁLISE DE DADOS

A partir coleta de dados, inicia-se a utilização de conceitos de Lean Startup para a

solução do problema proposto. Entende-se por método uma forma lógica de pensamento, um

caminho (VERGARA, 2011). Por tanto, em busca de se entender o encadeamento de ideias

utilizado, será descrito a seguir pela Figura 3 – Passo a Passo da Metodologia Lean Startup o

esforço de pesquisa empreendido no capítulo 4 do estudo.

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Figura 3 - Passo a Passo da Metodologia Lean Startup.

Fonte: Adaptado de (EISENMANN, 2012)

O Fluxograma acima descreve o Ciclo de Feedback: Construir-Medir-Aprender,

proposto pela metodologia Lean Startup e composto por três fases. Ao longo do estudo, essas

fases serão chamadas de etapas e cada subdivisão dessas etapas será chamada de passo a);

passo b); e passo c), respectivamente. Além disso, em cada passo serão aplicadas suas

respectivas ferramentas propostas nas etapas 1, 2 e 3.

A caixa ˜Transformar a visão em hipóteses” cabe uma explanação mais ampla, pois

nela os dados secundários são analisados e posteriormente utilizados de insumo para a

obtenção dos dados primários. Nessa caixa, os dados secundários obtidos através da leitura

dos artigos foram transferidos manualmente para planilhas em Excel; analisados;

transformados em hipóteses; e posteriormente, utilizados na elaboração do questionário.

Início

Defin

i

r umavisão

Transformaravisãoemhipóteses

FazerumMVP

Fazeranálisedecoorte

PivotarouPersis r

ValidarHipóteses

Analisarapar rdemétricasacionáveis

A

A

Fim

EtapaConstruir

EtapaMedir

EtapaAprender

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Após a utilização dos dados secundários, foi possível obter os dados primários do

estudo. A análise e manipulação desses dados foi feita em todas as caixas da Etapa Medir.

Para essa análise foram utilizadas tanto ferramentas e conceitos de Lean Startup como o

software Microsoft Excel que fornecem meio mais rápidos de utilizar ferramentas estatísticas

e fazer análises no estudo.

As ferramentas estatísticas e cada etapa do ciclo de feedback estão detalhados no

capítulo 2 no tópico 2.2.2.1 Ciclo de Feedback: Construir-Medir-Aprender. Para facilitar o

entendimento, a definição das etapas e de cada ferramentas foram reforçadas no capítulo 4 de

aplicação da metodologia. Os resultados foram analisados e foram levantadas propostas de

soluções relevantes para o mercado estudado.

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4 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA

Neste aspecto, tendo discutido a Lean Startup, é possível aplicar a metodologia no

estudo do mercado de cervejas artesanais no Estado do Rio de Janeiro. A proposta de

aplicação seguirá as 3 etapas da metodologia Lean Startup– Construir, Medir e Aprender,

conforme apresentado na tabela 1 do capítulo 2, página 19.

4.1 ETAPA1: CONSTRUIR

A primeira etapa do Ciclo Construir-Medir-Aprender é a Etapa Construir. Essa etapa é

responsável em transformar ideias em produtos. A eficiência da equipe ou da empresa é

determinada pela sua capacidade de idealizar, construir rapidamente um produto

minimamente viável, medir sua eficácia no mercado e aprender com essa experiência. A etapa

inicial que vai viabilizar a medição da eficácia do produto é a etapa construir.

A etapa construir é composta pelos 3 passos: a) Definir a visão, b) Transformar a visão

em hipóteses, c) Fazer o MVP. Para a elaboração dessa etapa, foram utilizados dados obtidos

em 7 artigos científicos brasileiros, publicados entre os anos de 2011 e 2016.

Passo a) Definir uma visão

A visão a ser estudada nesta pesquisa é a visão em torno das cervejas artesanais que

possuem variedade de cores, aromas e gostos e utiliza técnicas e receitas tradicionais na sua

fabricação. A cerveja artesanal vem transformando a indústria cervejeira, que está explorando

cada vez mais a produção customizada e em menor escala em oposição à produção em massa

de cervejas convencionais do tipo pilsen. Essa visão foi apresentada no capítulo 2 no tópico

2.2 O Mercado de Cervejas artesanais brasileiro, e será aqui resumida.

Definir uma visão

Transformar em hipóteses

Fazer um MVP

Análise de Coorte

ValidarHipóteses

MétricasAcionáveis

Pivotar ou persistir

CONSTRUIR MEDIR APRENDER

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Conforme visto anteriormente no capítulo 2, esse fenômeno de migração das grandes

cervejarias para as microcervejarias é recente no Brasil. Ele envolve mudanças econômicas,

ligadas a forma de produzir, distribuir e criar marcas e também mudanças culturais, ligadas ao

comportamento do consumidor. Essas mudanças culturais se devem ao alto grau de

empoderamento e experimentação que as cervejas artesanais proporcionam, criando um nicho

de admiradores altamente passionais e atuantes.

Apesar do volume de cervejas artesanais ainda serem pouco expressivos comparados

ao volume total de cerveja, ele vem crescendo de forma exponencial no Brasil. Esse fato

desperta interesse até das grandes cervejarias, que já vem adquirindo marcas artesanais com

curta trajetória porém de alto prestígio como a Baden Baden, Eisenbahn, Wäls e Colorado.

Essa visão em torno desse novo mercado de cervejas pode ser traduzido em um “ato de fé”.

“Ato de fé” são suposições básicas sobre o mercado e o consumidor desse novo produto. A

tabela 3 – “Ato de Fé” a seguir apresenta o ato de fé estabelecido para o estudo.

Tabela 3– Exemplo de “Ato de Fé”

Passo b) Transformar a Visão em Hipóteses

De acordo com a metodologia, para testar o ato de fé descrito no Passo 1, é preciso

criar hipóteses. Hipóteses são suposições que decompõe o ato de fé em duas partes: 1b)

hipótese de valor e 2b) hipótese de crescimento.

Definir uma visão

Transformar em hipóteses

Fazer um MVP

Análise de Coorte

ValidarHipóteses

MétricasAcionáveis

Pivotar ou persistir

CONSTRUIR MEDIR APRENDER

"Os consumidores brasileiros estão cada vez mais dispostos

e interessados a pagar pelas cervejas artesanais, o que acaba

por tomar “emprestado” uma parcela da fatia de mercado

conquistada pelas cervejas convencionais."

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1b) Hipóteses de valor: foco no produto. Elas irão identificar os atributos essenciais das

cervejas artesanais que agregam valor ao cliente.

2b) Hipóteses de crescimento: foco no serviço. Elas irão determinar como as cervejas

artesanais serão introduzidas no mercado e como se difundirão, garantindo que as vendas

aumentem a curto e a longo prazo.

Para definir ambas as hipóteses, foram coletados artigos científicos que mencionam

iniciativas feitas no mercado de cervejas artesanais. Os artigos foram selecionados no Portal

de Periódicos da CAPES e apresentados na tabela 4 do capítulo da metodologia. A tabela 4 a

seguir apresenta a proposição das hipóteses de valor e de crescimento desenvolvidas a partir

dos artigos.

Tabela 4 – Hipóteses de Valor e de Crescimento.

Fonte: Adaptado de (MATOS, 2011; FERREIRA et al., 2011; BARBOSA, 2013; COSTA, 2015;

MINASSE et al., 2016; GOIA, 2016)

Artigo Hipóteses de Valor Hipóteses de Crescimento

Cerveja: panorama do mercado,

produção artesanal, e avaliação

de aceitação e preferência

Sabor -

Adição de produtos regionais Mobilização descolada: uso das

redes sociais

Exclusividade da marca: ser única

e diferenciada

“Beer evangelismo”: disseminação

de uma ideia por meio de eventos

Rótulos chamativos

Uso de ingredientes exóticos

Preço

Recomendação de amigos e

influenciadores

Estação do ano

Teor Alcoólico

Fazer harmonizações com pratos e

gastronomia

Inovação na fabricação de

cervejas especiais na região de

Belo Horizonte

A bebida de Ninkasi em terras

tupiniquins:O mercado da cerveja

e o Turismo Cervejeiro no Brasil

-

“Beba menos, beba melhor”: um

estudo da subcultura de consumo

de cerveja artesanal e o

sentimento de devoção do

consumidor Copo ideal

Evento de degustação

Loja-conceito

Atendimento de sommeliers e

garçons treinados

Bares especializados

Propaganda boca a boca

Shoppers: compra em

supermercados

Cardápios especializados

Visitação ao local de fabricação

Cerveja Artesanal Carioca: A

Fabricação de uma Cultura

Associação de marca à atributos

locais: fenômeno de afirmação da

identidade local

A busca pelo encantamento: a

experiência de consumo

associada à cerveja artesanal

-

Turismo Cervejeiro no Estado de

São Paulo: análise e

caracterização do cenário atual

-

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Passo c): Fazer um MVP

Conforme descrito na metodologia, um produto mínimo viavável — MVP (do inglês,

Minimum Viable Product) — é um protótipo de um produto cujo objetivo é auxiliar a equipe a

coletar o máximo de aprendizado dos clientes em contato com o produto, com o menor

esforço possível. Em vez de elaborar um projeto complexo e de difícil implementação, a

empresa deve criar um produto que contenha os conceitos básicos do produto final imaginado

pelos empreendedores.

No presente estudo, o produto a ser testado é a cerveja artesanal no estado do Rio de

Janeiro. Conforme apresentado na página 14 do capítulo 2, as cervejas artesanais já são

produzidas e comercializadas em todo o Brasil, inclusive no estado do Rio de Janeiro. Sendo

assim, não cabe aqui desenvolver um novo produto. O MVP serão todas as cervejas artesanais

acessíveis aos moradores do Rio de Janeiro no ano de 2018. A tabela 5 abaixo apresenta e o

MPV estabelecido.

Tabela 5 - MVP

Para exemplificar o mercado existente, seguem nas figuras 4 e 5 a cerveja artesanal

Colorado e suas respectivas hipóteses de valor e de crescimento. A colorado é uma cerveja

brasileira, comercializada no Rio de Janeiro e premiada no World Beer Awards, uma das

principais competições internacionais no segmento.

Definir uma visão

Transformar em hipóteses

Fazer um MVP

Análise de Coorte

ValidarHipóteses

MétricasAcionáveis

Pivotar ou persistir

CONSTRUIR MEDIR APRENDER

O MVP é todo o mercado de cervejas

artesanais acessíveis aos moradores do Rio

de Janeiro no ano de 2018.

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37

Figura 4 – Hipóteses de Valor: Cerveja Colorado.

Fonte: Adaptado de (Cervejaria Colorado, 2018)

Figura 5 – Hipóteses de Crescimento: Cerveja Colorado.

Fonte: Adaptado de (Cervejaria Colorado, 2018)

HipótesesdeValor– CervejaColorado

TeorAlccólico

Sabor

Adiçãodeprodutosregionais

Harmonização

Mobilizaçãodescolada:usodasredessociais

HipótesesdeCrescimento– CervejaColorado

“Beerevangelismo”:disseminaçãodeumaideiapormeiodeeventos

Loja-Conceito CopoIdeal VisitaçãoaoLocaldeFabricação

Mobilizaçãodescolada:usodasredessociais

Estaçãodoano

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38

Como pode ser visto nas figuras 4 e 5, o exemplo de MVP descrito contém as

hipóteses retiradas dos artigos do Portal de Periódicos CAPES. Verificou-se, por exemplo,

que o teor alcoólico e adição de produtos regionais estão evidenciados no MVP e são

utilizados como forma de atributo do produto. Também foram destacadas algumas hipóteses

de crescimento, como uso de redes sociais e copo ideal, como ações de vendas importantes

para sua difusão e crescimento do produto no mercado.

Além disso, o exemplo de MVP detalhe melhor o significado de cada hipóteses. Um

exemplo é a hipótese de sabor, no MVP em questão é dado pelo amargor, doçura e aroma. Já

o copo ideal é um copo que possua a logo da marca e seja adequado ao tipo da cerveja.

4.2 ETAPA 2: MEDIR

A partir desse ponto já se tem o MVP e um bom entendimento sobre as hipóteses que se

deseja testar. Cabe então, medir a aceitação do mercado e a eficiência do produto. Visto que a

cerveja artesanal já é comercializada e vendida no estado do Rio de Janeiro, sua usabilidade e

aceitação no mercado já foram validadas. Sendo assim, a etapa tem como principal objetivo

medir a eficiência das ações de crescimento usadas pelas cervejas artesanais para conquistar

espaço no mercado de cervejas. Essas ações estão representadas pelas hipóteses de valor e

crescimento descritas na etapa 1, passo b - Transformar visão em hipóteses. A etapa

responsável por testar essas hipóteses é a etapa medir.

A etapa medir é composta pelos 2 passos: a) Análise de Coorte, b) Validar Hipóteses c)

Métricas Acionáveis. Para a elaboração dessa etapa, foram utilizados dados obtidos através de

um questionário, apresentado no Apêndice A.

Passo a) Análise de Coorte

Definir uma visão

Transformar em hipóteses

Fazer um MVP

Análise de Coorte

ValidarHipóteses

MétricasAcionáveis

Pivotar ou persistir

CONSTRUIR MEDIR APRENDER

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39

As métricas utilizadas na metodologia Lean Startup devem apontar oportunidades de

melhoria no produto. Normalmente elas não são absolutas e representam o comportamento do

usuário. Uma ferramenta muito utilizada para representar esse comportamento é a análise de

coorte. A análise de coorte não avalia os usuários individualmente, ela o separa em grupos, de

acordo com o padrão de comportamento do conjunto. Ao invés de considerar os totais

acumulados ou quantidades brutas, é considerado para a análise o desempenho de cada grupo

de clientes que entram em contato com o produto independentemente. Cada grupo é

denominado coorte. De acordo com a metodologia, relatórios baseados em coortes convertem

ações complexas em relatórios baseados em pessoas.

Nesse sentido, é de extrema importância para o estudo compreender o comportamento

de cada grupo de consumidor de cervejas artesanais para identificar as oportunidades e,

posteriormente, converter esse comportamento em vendas. Para atingir esse objetivo, a

amostra foi dividia em coortes que representam quatro diferentes padrões de consumidores de

cervejas artesanais: Entrante, Explorador, Entusiasta e Especialista. Os perfis escolhidos

foram retirados do artigo de Koch (2016) e estão descritos na Tabela 6 abaixo. Em seguida,

Figura 6 mostra a frequência com que cada grupo apareceu na amostra.

Tabela 6– Coortes. Fonte: Adaptado de (KOCH, 2016)

Coortes Descrição

EntranteNamaiorpartedasvezesbebeacervejacomumeestácomeçandoadescobrir

novossaboresnacervejaartesanal

Explorador Jábebecervejaartesanaleexploraosdiversostipossemterumpreferido

EntusiastaSeidentificacomacervejaartesanaletemumgrandeinteressepeloprocessode

fabricaçãodacerveja,suahistóriaeadiferenciaçãoentreosestilos

EspecialistaÉoquemaisentendesobrecervejaartesanalesuasdistinçõeseélealacertos

estilosemarcas

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40

Figura 6– Frequência dos Coortes na Amostra

Para entender ainda mais o comportamento desses coortes, pediu-se o sexo, idade,

cidade e gasto médio mensal com cervejas artesanais de cada um dos respondentes. Desse

modo, após definidos os coortes e as demais variáveis que caracterizam a amostra, faz-se

necessário analisar o gráfico de coorte para entender a característica de cada grupo

separadamente. A primeira variável testada foi a variável sexo e pode ser observada na Figura

7 - Variável Sexo, abaixo.

Figura 7– Análise de Coorte: variável sexo

Do total de 226 respostas, 163 foram do sexo masculino e apenas 63 do sexo feminino.

Através da análise dos dados brutais pode-se observar que a maioria dos consumidores de

cervejas artesanais presentes na amostra são homens. Contudo, quando divididos em coortes,

é possível perceber um comportamento padrão entre mulheres e homens: a frequência

decresce conforme a mudança dos coortes.

75 6955

27

Entrante Explorador Entusiasta Especialista

Frequência

Coortes

29%

43%

29%

35%26%

19%15%

3%

Masculino Feminino

Frequência(%

)

Sexo

Entrante Explorador Entusiasta Especialista

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Apesar de o sexo masculino apresentar uma menor diferença de distribuição entre os

coortes, assim como as mulheres, existe um maior número de homens entrantes e

exploradores na amostra. A maioria das mulheres consideram-se entrantes, com 43% e a

minoria especialista, com apenas 3%. Já os homens, 29% se dizem entrantes e 15%

especialistas. Esse dado pode ser analisado pelo ponto de vista cultural já que se é esperado

que homem saiba mais de bebidas que a mulher e que as mulheres entraram nesse mercado

tardiamente em relação ao homem.

Em seguida, foi analisado o comportamento dos coortes em relação à variável idade. A

figura 8- Análise de Coorte: variável idade, ilustra tal análise.

Figura 8 - Análise de Coorte: variável idade

Quanto à variável idade, a amostra ficou bem distribuída em relação aos dados brutos:

61 respondentes com 18 a 24 anos; 68 com 25 a 35 anos; 43 com 35 a 46 anos; 54 com mais

de 46 anos de idade. Diferentemente da variável sexo, que foi observado um comportamento

padrão entre homens e mulheres, não foi possível encontrar um padrão entre as idades. O

consumo variou de acordo com cada idade independente, não havendo crescimento ou

decrescimento padrão entre elas.

Entre os jovens de 18 a 25 anos, a frequência cai conforme evolui o perfil de

consumo: 49% dos entrevistados que possuem de 18 a 24 anos consideram-se entrantes e

nenhum se diz especialista. Já os que possuem idade de 26 a 35 anos e idades de 36 a 45 anos

49% 18% 21%

44%

28%

35% 40%

20%

23%

31% 9%

30%

0%16%

30%6%

De18a24anos De25a35anos De36a45anos Maisde46anos

Frequência(%

)

Idade

Entrante Explorador Entusiasta Especialista

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são em sua maioria exploradores, com 35% e 40%, respectivamente. O grupo com mais de 46

anos são em sua maioria entrantes, com 44%. O grupo de idade que mais possuem

especialistas é o grupo de 36 a 45 anos e o que menos possui é o grupo de 18 a 25 anos.

Para entender como se comporta cada coorte em diferentes cidades do Rio de Janeiro,

pediu-se para os respondentes o local de moradia. Segue na Figura 9 abaixo a análise de

coorte da variável idade.

Figura 9 - Análise de Coorte: variável cidade

Em relação à cidade, vale ressaltar que ela possui uma limitação quanto ao nível de

detalhamento e zonas. A abertura das cidades em zonas e regiões demandaria uma

complexidade maior ao estudo e sua simplificação não atrapalha o objetivo inicial do estudo.

Quanto aos coortes, também não foi possível observar um padrão entre eles. Em dados gerais,

a maioria dos entrevistados são da cidade do Rio de Janeiro em um total de 160; 46 de

Niterói; apenas 4 de Petrópolis e 16 são de outras cidades. Foi observado que os moradores da

cidade do Rio de Janeiro e Niterói são em sua maioria entrantes, com 33% e 39%

respectivamente. Os moradores de Petrópolis, apesar de aparecerem em menor quantidade na

amostra, estão melhores distribuídos, sendo 25% entrante, 25% explorador, 25% entusiasta e

25% especialista. A cidade que mais possui especialistas é Petrópolis e a que menos possui é

Niterói.

Por fim, os entrevistados foram questionados sobre o gasto médio mensal com

33%

39%25% 25%

29%

33%

25%38%

24%

22%

25%

31%

14% 7%25%

6%

RiodeJaneiro Niterói Petrópolis Outra

Frequência(%

)

Cidade

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cervejas artesanais. O gasto médio mensal está diretamente ligado ao volume de vendas das

cervejas e por isso se torna imprescindível na análise. Na Figura 10 abaixo é possível observar

o resultado obtido.

Figura 10– Análise de Coorte: variável gasto médio mensal

Através dos dados brutos é possível constatar que a maioria da amostra, em um total

de 82, possui um gasto médio mensal com cervejas artesanais de 20 a 60 reais. Apenas 24

respondentes gastam mais de 240 reais mensais. Em relação aos coortes, observa-se um

padrão entre os perfis. Como já era de se esperar, a frequência dos entrantes decrescem com o

aumento do gasto e dos especialistas crescem com o aumento do gasto.

A maioria dos entrantes gastam menos de 20 reais mensais e nenhum gasta mais de

240 reais. A maioria dos especialistas gastam mais de 240 reais e nenhum gasta menos de 20

reais. A maioria dos exploradores gastam de 60 a 120 reais mensais com cervejas artesanais e

a maioria dos entusiastas gastam de 120 a 240 reais. Desse modo, pode-se observar que o

gasto médio mensal possui correlação com o padrão de consumo de cervejas artesanais.

Agora que o comportamento da amostra foi compreendido, serão priorizadas as

hipóteses de valor e de crescimento das cervejas artesanais de maior relevância para o cliente.

Em seguida, será analisado o desempenho de cada grupo em relação às hipóteses através de

métricas acionáveis, descritas no próximo passo da etapa medir.

Passo b) Validar Hipóteses

74%37%

15% 11%0%

13%

38%

54%

19%

8%

13%21% 24%

44%

38%

0% 5% 7%

26%54%

Menosde20reais de20a60reais de60a120reais de120a240reais Maisde240reais

Frequência(%

)

GastoMédioMensal

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Tendo medido a característica de cada grupo de consumidores de cervejas artesanais

do Rio de Janeiro, faz-se necessário testar se as hipóteses descritas no passo b da etapa 1

atendem às suas necessidades. Como visto na página 16 do capítulo 2, a metodologia Lean

Startup foi inspirada no movimento lean que tem como principal objetivo reduzir qualquer

forma de desperdício. Nesse sentido, as atividades que não atendem às suas necessidades

devem ser descartadas dando espaço à novas hipóteses e, aquelas consideradas importantes

para o cliente, devem ser validadas e aprimoradas.

Para tal análise, pediu-se que os respondentes dessem notas de 0 a 5 para cada uma

das hipóteses, 0 para as menos importantes e 5 para as mais importantes. De forma a permitir

que o princípio lean seja obedecido, foi considerada para o estudo apenas a frequência de nota

5, que é a nota considerada de maior importância pelo cliente. Em seguida, foi utilizado o

conceito de Pareto para a tomada de decisão sob quais hipóteses manter e quais descartar. A

tabela 7- Frequência de Nota 5 abaixo apresenta o resultado obtido.

Definir uma visão

Transformar em hipóteses

Fazer um MVP

Análise de Coorte

ValidarHipóteses

MétricasAcionáveis

Pivotar ou persistir

CONSTRUIR MEDIR APRENDER

Hipóteses de Valor e CrescimentoFrequência

nota 5Percentual

Percentual

Acumulado

1 Sabor 196 26% 26%

2 Recomendação de amigos e influenciadores 77 10% 36%

3 Preço 76 10% 46%

4 Cardápios especializados: com explicação dos estilos e sabores 56 7% 53%

5 Atendimento de sommeliers e garçons treinados 54 7% 60%

6 Copos e taças diferenciados 48 6% 66%

7 Harmonizações com pratos e gastronomia 45 6% 72%

8 Loja-conceito: ambientação característica 38 5% 77%

9 Visitação ao local de fabricação 34 4% 81%

10 Exclusividade da marca: ser única e diferenciada 29 4% 85%

11 Posição de destaque nos supermercados 26 3% 89%

12 Teor Alcoólico 25 3% 92%

13 Rótulos chamativos 21 3% 95%

14 Adição de ingredientes exóticos e produtos regionais 17 2% 97%

15 Estação do ano 16 2% 99%

16 Associação de marca à atributos locais 8 1% 100%

766 100%

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Tabela 7- Frequência de Nota 5

O critério de priorização das hipóteses foi feito através da quantidade de itens. Viu-se

que 60% da frequência de nota 5 dada pelo cliente estão concentrados em 30% dos itens, ou

seja, poucas hipóteses podem suprir a maioria de suas necessidades. Dessa forma, as hipóteses

validadas foram: sabor; recomendação de amigos e influenciadores; preço; cardápios

especializados; e atendimento de sommeliers e garçons treinados. A Figura 11 – Diagrama de

Pareto: frequência nota 5 mostra o gráfico de Pareto correspondente à Tabela 7 acima.

Figura 11 - Diagrama de Pareto: frequência nota 5

Além das 16 hipóteses listadas, foi notado que algumas hipóteses de crescimento

estavam diretamente ligadas à distribuição do produto nos diferentes canais de venda tais

196

77 76

56 54 48 45 38 34 29 26 25 21 17 168

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

0

40

80

120

160

200

240

Sabor

Recomendação

Preço

Cardápiosespecializados

Atendimento

Coposetaçasdiferenciados

Harmonizaçõescompratosegastronomia

Loja-conceito

Visitaçãoaolocaldefabricação

Exclusividadedamarca

Posiçãodedestaquenossupermercados

TeorAlcoólico

Rótuloschamavos

Adiçãodeingredientesexó

cos

Estaçãodoano

Associaçãodemarcaàatributoslocais

Frequêncianota5

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como supermercados, bares especializados e eventos. Sendo assim, verificou-se também os

canais de entrada e os canais de preferência mais frequentes.

Cabe ressaltar que o canal de entrada e o canal de preferência são complementares,

porém, distintos. O canal de entrada é o local onde o consumidor experimenta pela primeira

vez o produto. Logo, para conquistar novos clientes e garantir novos compradores, é

necessário que o produto esteja presente neste canal. No entanto, após esse primeiro contato,

o consumidor pode buscar novos canais de compra de acordo com a sua preferência e

comodidade. Portanto, produto o também deve estar disponível nesses locais, garantindo a

fidelidade do cliente. A tabela 8- Canal de Entrada mostra os canais de entradas mais

frequentes na amostra e a tabela 9- Canal de Preferência mostra os canais de preferência.

Tabela 8 - Canal de Entrada

Tabela 9 - Canal de Preferência

Para a priorização desses canais, foi utilizado o mesmo conceito de Pareto visto na

figura 11 acima. Viu-se que 71% da frequência do canal de entrada estão concentrados em

33% dos itens e 68% da frequência do canal de preferência estão concentrados em 33% dos

CanaIs de Entrada Frequência PercentualPercentual

Acumulado

1 Bares/ Restaurantes 88 39% 39%

2 Propaganda Boca a Boca 37 16% 55%

3 Eventos/ Festas 36 16% 71%

4 Eventos de Cervejas 29 13% 84%

5 Mercados 25 11% 95%

6 Redes sociais 7 3% 98%

7 Viagem 2 1% 99%

8 Curso 1 0% 100%

9 Não lembro 1 0% 100%

226 100%

Canais de Preferência Frequência PercentualPercentual

Acumulado

1 Em casa 89 39% 39%

2 Não tenho um lugar preferido 65 29% 68%

3 Bares Especializados 46 20% 88%

4 Eventos 20 9% 97%

5 Hamburguerias 5 2% 100%

6 Restaurantes sofisticados 1 0% 100%

226 100%

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itens. Sendo assim, as hipóteses validadas para o canal de entrada foram: bares e restaurantes;

boca a boca; e eventos/ festas. Em relação ao canal de preferência foram validadas as

seguintes hipóteses: em casa; não tenho um lugar preferido.

Vale ressaltar que o canal “em casa” pouco importa ser efetivamente em casa ou na

casa de amigos visto que o objetivo em ambas a situação os canais de compra são em

mercados. Além disso, como explicado anteriormente, os canais de entrada e preferencia são

complementares mas distintos. Por esse motivo, é justificável o consumidor preferir consumir

em casa mas não ter conhecido as cervejas artesanais pelo canal de entrada “mercados”. As

Figuras 12 e 13 abaixo mostram o gráfico de Pareto correspondente às tabelas 8 e 9 acima.

Figura 12 – Diagrama de Pareto: frequência canal de entrada

88

37 3629 25

7 2 1 10%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

0

40

80

120

Bares/Restaurantes

BocaaBoca

Eventos/Festas

EventosdeCervejas

Mercados

Redessociais

Viagem

Curso

Nãolembro

FrequênciaCanaldeEntrada

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Figura 13 - Diagrama de Pareto: frequência canal de preferência

Passo c) Métricas Acionáveis

Após definir as hipóteses validadas, faz-se crucial para o estudo analisar essas

hipóteses através de métricas acionáveis, caracterizadas pela busca de relação de causa e

efeito. Segundo a metodologia Lean Startup, para um relatório acionável ele deve demonstrar

relação de causa e efeito claros, contribuindo na tomada de decisão. Analisar dados através de

métricas acionáveis podem levar a decisões de negócios mais bem informadas uma vez que

utilizam informações que realmente são estratégicas para a empresa. As métricas acionáveis

se contrapõem às métricas de vaidade que expõem a imagem do negócio mas não medem com

precisão os principais fatores que levam ao êxito da empresa.

89

65

46

20

5 10%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

0

40

80

120

Emcasa

Nãotenhoumlugar

BaresEspecializados

Eventos

Hamburguerias

Restaurantessofis

cados

FrequênciaCanaldePreferência

Definir uma visão

Transformar em hipóteses

Fazer um MVP

Análise de Coorte

ValidarHipóteses

MétricasAcionáveis

Pivotar ou persistir

CONSTRUIR MEDIR APRENDER

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Cabe ressaltar que as métricas acionáveis no estudo em questão demostram apenas

correlação entre os eventos, não sendo necessariamente uma relação de causalidade, ou seja,

que um dos eventos tenha causado a ocorrência do outro. A correlação pode no entanto

indicar possíveis causas ou áreas para um estudo mais aprofundado porém para provar a

causalidade ela deve ser devidamente demonstrada.

Nesse sentido, para entender a relação de causa e efeito buscou-se o efeito de cada

grupo de cliente, definidos no passo a) Análise de Coorte, nas hipóteses validadas através do

conceito de Pareto. Essa relação vai contribuir para a identificação de oportunidades e

sugestão de investimentos apresentados na Etapa Aprender subsequente. A Figura 14 –

Relação de causa e feito ilustra tal análise.

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50

Figura 14 – Relação de Causa e Efeito: hipóteses validadas

RelaçãodeCausaeEfeito– HipótesesValidadas

23%16%

20%

56%

Entrante Explorador Entusiasta Especialista

Atendimento-Nota5

32%

14%25%

30%

Entrante Explorador Entusiasta Especialista

Cardápios-Nota5

83%86%

87%

100%

Entrante Explorador Entusiasta Especialista

Sabor-Nota5

36%

32%31%

37%

Entrante Explorador Entusiasta Especialista

Preço-Nota5

37%39%

29%

22%

Entrante Explorador Entusiasta Especialista

Recomendação-Nota5

37%26% 25%

12%

Entrante ExploradorEntusiastaEspecialista

CanaldePreferência-Emcasa

41%35%

19%

5%

Entrante ExploradorEntusiastaEspecialista

CanaldeEntrada-BocaaBoca

36%

42%

17%

6%

Entrante Explorador Entusiasta Especialista

CanaldeEntrada-Eventos/Festas

31%

30%

22%18%

Entrante Explorador Entusiasta Especialista

CanaldeEntrada-Bares/Restaurantes

32%

34%26%

8%

Entrante Explorador Entusiasta Especialista

Nãopossuiumlugarpreferido

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51

Como mostrado na Figura 14, a hipótese sabor possui um aumento de frequência da nota

5 conforme o perfil evolui, ou seja, os especialistas dão mais relevância ao sabor do que os

entrantes, exploradores e entusiastas. Esse efeito possui correlação com o tipo de coorte, já

que os entrantes são aqueles que ainda estão ingressando no mercado de cervejas artesanais e

por isso ainda não são tão críticos em relação ao sabor como os especialistas.

O mesmo aconteceu com a hipótese recomendação de amigos e influenciadores, os

entrantes e exploradores foram os que deram maior importância a recomendação, tendo

correlação positiva com o perfil. Os entrantes exploradores ainda não possuem uma opinião

formada em relação aos diversos sabores e estilos de cervejas, por esse motivo a variável

recomendação pode ser determinante para a decisão de qual cerveja experimentar.

Ainda analisando a hipótese recomendação, é possível observar uma relação com o

segundo canal de entrada mais frequente: propaganda boca a boca. Uma parte considerável de

entrantes experimentaram pela primeira vez as cervejas através de propaganda boca a boca,

mostrando que a opinião de amigos foi importante para esse primeiro contato.

Ao contrário das hipóteses acima, as hipóteses preço e cardápios especializados que

expliquem os estilos e sabores das cervejas, não demostraram uma correlação positiva entre

os coortes. Viu-se que os entrantes e especialistas, que são perfis extremos, são os coortes que

apresentaram maior frequência de nota 5 para essas hipóteses.

4.3 ETAPA 3: APRENDER

A etapa aprender é a última do ciclo Construir-Medir-Aprender e tem como objetivo

decidir entre pivotar ou persistir. Ao optar por persistir, a empresa assume que todas as

hipóteses foram confirmadas e que o produto está 100% adequado ao mercado, não havendo

necessidade de iniciar um novo ciclo. Já pivotar é assumir justamente o oposto: a empresa

precisa de ajustes e o produto deve ser novamente desenvolvido e aprimorado, iniciando um

novo ciclo Construir-Medir-Aprender.

Visto que estudo é de proposição teórica e que, de acordo com a metodologia, o ciclo

Construir-Medir-Aprender deve ser um processo de aprendizado contínuo, será considerado

para o presente estudo que o produto não está pronto e requer ajustes. Sendo assim, se

objetivou para essa etapa propor possibilidades de pivôs, ficando a critério das empresas

utilizar os insumos aqui fornecidos.

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A etapa aprender é composta por apenas 1 passo: a) Pivotar ou persistir. Para a

elaboração dessa etapa, foram utilizados os resultados obtidos na etapa 2.

Passo a) Pivotar ou persistir

Conforme definido acima, a etapa aprender ficará responsável por sugerir possíveis

ajustes nas cervejas artesanais através da escolha de pivôs. A etapa medir é determinante

nessa decisão pois não se pode ajustar aquilo que não foi medido. Os tipos de pivôs estão

descritos na página 26 do capítulo 2 e serão escolhidos aqueles que mais se adequam ao que

foi testado.

Como observado anteriormente, a etapa medir buscou entender o público-alvo das

cervejas artesanais através da análise de coorte e, após compreendido quem é esse público,

procurou avaliar se o produto atendia à sua real necessidade. Nesse sentido, os pivôs que mais

se adequam aos resultados obtidos são o pivô de segmento de clientes e o pivô de necessidade

do cliente.

O pivô de segmento de clientes visa adaptar o produto ao público alvo correto e

compromete-se a responder quais são os clientes de maior potencial de exploração do produto

e quais são os que possuem maior oportunidade para se tornar um cliente potencial. Para

responder tal questionamento, elaborou-se na tabela 10 abaixo uma sugestão de pivô de

segmento de clientes. A compreensão de quem seriam os clientes prioritários nesse contexto

foi obtida através dos resultados do passo a) Análise de Coorte da Etapa Medir.

Definir uma visão

Transformar em hipóteses

Fazer um MVP

Análise de Coorte

ValidarHipóteses

MétricasAcionáveis

Pivotar ou persistir

CONSTRUIR MEDIR APRENDER

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Tabela 10 – Pivô de Segmento de Clientes

Após analisada as características de cada coorte, concluiu-se que os especialistas são o

público alvo principal na amostra. Essa constatação pode ser justificada pela própria definição

do coorte: os especialistas são os que mais entendem de cerveja artesanal e suas distinções,

sendo leal a certos estilos e marcas. Tal resultado também é corroborado pela variável gasto

médio mensal. Notou-se que os especialistas possuem um gasto médio mensal maior

comparado aos outros perfis, ou seja, consomem um maior volume de cerveja que os demais

grupos. Sendo assim, em prol do incremento de vendas e maiores faturamentos, as empresas

devem investir nesse público.

A coluna 2 da tabela acima sugere uma opção de pivô visando o foco nos clientes

potenciais. Ela foi elaborada de acordo com a maior frequência de especialista em cada

variável na amostra, de forma independente. Desse modo, foi encontrado mais especialistas:

no sexo masculino do que no sexo feminino; nas idades de 36 a 45 anos; nos moradores de

Petrópolis; com gasto médio mensal de 240 reais.

Partindo da concepção de que os especialistas são mais rentáveis e que os entrantes

são os menos rentáveis, outro caminho que pode-se buscar é a fidelização dos entrantes para

que, em um certo período de tempo, tornem-se especialistas e, assim, virem clientes

potenciais. Nesse sentido, visando a sustentabilidade da empresa a longo prazo, a coluna 3 da

tabela 10 propõem segmento de clientes que possuem oportunidade de tornar clientes

potenciais: os entrantes. Verificou-se que as características mais frequentes dos entrantes, de

maneira independente, são: sexo feminino; de 18 a 24 anos; moradores de Niterói; com gasto

médio mensal de menos de 20 reais.

Variáveis Analisadas Clientes de Maior Potencial Oportunidades

Coorte Especialitas Entrantes

Sexo Maculino Feminino

Idade De 36 a 45 anos De 18 a 24 anos

Cidade Petrópolis Niterói

Gasto Médio Mensal Mais de 240 reais Menos de 20 reais

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Por fim, tendo terminado a proposta de pivô de segmento de clientes, faz-se

necessário analisar o pivô de necessidade do cliente. Esse pivô busca reposicionar o produto e

propõem-se a responder quais são as hipóteses validadas pelos clientes na qual vale a pena

investir maiores recursos e quais os coortes são mais impactados por ela, atribuindo um maior

valor. A validação dessas hipóteses foram obtidas através dos resultados do passo b) Validar

Hipóteses e do passo c) Métricas Acionáveis da etapa Medir. A tabela 11 – Pivô de

Necessidade do Cliente ilustra tal resultado.

Tabela 11 – Pivô de Necessidade do Cliente

A tabela acima apresenta as hipóteses de valor e crescimento das cervejas artesanais

mais relevantes para amostra. A relevância foi medida através da contagem de notas 5

recebidas por cada hipótese e, posteriormente, priorizadas através do conceito de Pareto.

Quando comprovada a importância, as hipóteses foram validadas e analisadas de forma a

entender os coortes que mais atribuem valor.

De acordo com a análise, pode-se concluir que, para atender às necessidades do

cliente, a cerveja artesanal deve apresentar: alto nível de sabor; vir acompanhada com

cardápios e atendimento de profissionais que entendam de cervejas; preço justo; e deve ser

Hipóteses Validadas Coortes Mais Impactados

Sabor Especialistas

Atendimento de sommeliers e garçons treinados Especialistas

Cosumo em Casa Entrantes

Preço Entrantes e Especialitas

Cardápios especializados: com explicação dos estilos e sabores Entrantes e Especialitas

Recomendação de amigos e influenciadores Entrantes e Exploradores

Canal de Entrada: Bares/ Restaurantes; Propaganda Boca a boca;

Eventos/Festas de AmigosEntrantes e Exploradores

Sem Lugar Preferido para o Consumo Entrantes e Exploradores

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recomendada por amigos e influenciadores. Além disso, para conquistar novos compradores,

a cerveja deve estar presente em bares e restaurantes; festas ou eventos de amigos; e ser

difundida através de propaganda boca a boca. Já para a fidelização do cliente, a cerveja

artesanal não pode faltar em supermercados, minimercados, lojas de conveniência ou em

qualquer lugar que permita um perco acessível para o consumo em casa. Viu-se também que

muitos não possuem um lugar preferido de consumo, não sendo necessário priorizar e investir

tantos recursos em um canal específico.

Além dos pivôs apresentados acima, existem outros pivôs interessantes que também se

aplicam ao mercado de cervejas artesanais como o Zoom-In, por exemplo. O Zoom-In poderia

escolher uma ou duas hipóteses do mercado e transformar no seu produto final. Um possível

pivô Zoom-In seria se tornar uma empresa prestadora de serviço para o mercado de cervejas

artesanais, sendo especializada, por exemplo, na hipótese “mobilização descolada: uso das

redes sociais para a difusão da cerveja” e os produtores de cervejas artesanais seriam os

clientes.

Outro pivô aplicável ao mercado estudo é o pivô de Motor de Crescimento. Buscar

novas alternativas para a divulgação do produto, como investir em propagandas no principal

canal de entrada que são os bares e restaurantes seria um pivô cabível para análise. Uma

possível propaganda seria promover degustação grátis de cervejas artesanais nesses locais de

maior contato do cliente com o produto.

Com os pivôs definidos e sugeridos este estudo pode ser dado por encerrado para os

fins acadêmicos que se propôs. Dado o contexto de uma empresa real, o próximo passo seria

aprimorar o produto e lança-lo novamente ao mercado, concentrando-se, agora, no público-

alvo desejado e nas reais necessidades dos clientes. É válido pontuar que um novo ciclo

Construir-Medir-Aprender pode ser iniciado sempre que as empresas desejarem descobrir um

novo caminho viável para o ajuste do produto. Mesmo após alçado o sucesso, é importante

que o negócio continue sendo otimizado e aperfeiçoado, de modo a manter a responsabilidade

empresarial, maximizando os resultados e medindo constantemente o progresso e os marcos

de planejamento. Dessa forma, é possível investir no que realmente traz retorno para a

empresa, seja do ponto de vista financeiro, seja do pessoal.

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5 CONCLUSÕES

Os objetivos propostos desse estudo eram: (1) entender o cenário do mercado de

cervejas artesanais e sua relação com o problema de pesquisa, (2) montar uma estrutura

teórica sobre Lean Startup (3) aplicar os conceitos e ferramental levantados ao problema de

pesquisa e (4) apontar possíveis soluções para a problemática suscitada.

A partir das definições do estudo, foi realizada uma revisão de literatura, de modo que

se cobrissem os temas anteriormente estudados e que houvesse um esclarecimento dos

principais pontos que a pesquisa poderia explorar. Além disso, foi realizada uma metodologia

a fim de descrever o passo a passo da aplicação da pesquisa.

O item (1) foi apresentado durante os capítulos 2 no tópico “2.1 O Mercado de

Cervejas Artesanais Brasileiro”. Este tópico descreveu a realidade atual de expansão do

mercado a partir da bibliografia utilizada na pesquisa.

O item (2) foi apresentado durante os capítulos 2 e 3. No capítulo 2, o item apareceu

no tópico “2.2 A Metodologia Lean Startup” no qual foram apresentadas as origens e

definições do conceito além de suas etapas e ferramentas. No capítulo 3, o item foi

apresentado no tópico “3.2 Análises de Dados” que contou com o passo a passo da aplicação

da Lean Startup.

A partir desta estruturação, foi possível a realização do item (3) no capítulo 4. O

capítulo 4 retratou a aplicação da metodologia. Além de utilizar os conceitos de Lean Startup

para a análise dos resultados, este capítulo foi responsável pelo item (5) com a proposta

soluções para o problema levantado.

Os resultados relacionados ao item (5) surgiram a partir do aprofundamento

bibliográfico e da aplicação da metodologia. A aplicação dos conceitos de Lean Startup

permitiu que a análise dos dados de vendas fosse feita de forma estruturada e racional,

apresentando resultados consistentes e satisfatórios para o mercado analisado. Isto comprova

que, mesmo inovando em um mercado novo e de plena expansão, é possível otimizar recursos

de modo a reduzir o risco de um novo empreendimento.

O ciclo de feedback: Construir-Medir-Aprender permitiu que o desenvolvimento do

produto fosse feito de forma interativa através de um produto mínimo viável reduzindo,

assim, a necessidade de grandes planejamentos e investimentos. Além disso, a metodologia

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apresentou ferramentas de análise que possibilitaram a avaliação não só de valores absolutos

da amostra, mas também, de cada grupo de cliente que entrou em contato com o produto. Esse

experimento contribuiu para o entendimento das ações de vendas do mercado de cervejas

artesanais e para a eliminação daquelas que não geram valor ao cliente.

No contexto empresarial, a Lean Startup possui potencial para ser empregada em

qualquer setor, área ou segmento de atuação visto que ela é abrangente e seu objetivo

principal é desenvolver um novo produto ou serviço. Muitas empresas analisam seus dados de

vendas simplesmente com bases em históricos ou gráficos de série. No entanto, ao começar

um novo empreendimento ou lançar um novo produto, tudo o que se tem são suposições. Para

compensar essa inexistência de dados, empreendedores recorrem a extensos planos de

negócio que, muitas vezes, não condizem com a realidade prática do mercado. Tal fato pode

gerar interpretações equivocadas e levar a tomada de decisões incorretas ou desnecessárias,

colocando em risco a saúde financeira da empresa. A Lean Startup busca reverter esse

cenário, propondo que a construção do produto seja feita junto ao cliente, através de

feedbacks constantes.

Ao comparar a metodologia Lean Startup com outras metodologias de gestão já

existentes no mercado, como por exemplo a Lean Seis Sigma, nota-se ainda uma limitação

evidente de autores e aplicações reais no Brasil. Esse fato pode ser justificado pela

metodologia ainda ser recente, tendo apenas seis anos desde a sua criação. Nos Estados

Unidos, onde os conceito de Lean Startup originaram-se, a metodologia é melhor difundida e

aceita.

Além disso, muitas ferramentas utilizadas por Ries (2012) já existiam e eram bem

difundidas no contexto empresarial, a grande descoberta do autor foi fazer uma releitura

desses ferramentas adaptando-as ao contexto de incerteza dos produtos inovadores. Um

exemplo disso é a proximidade do ciclo de feedback com o PDCA, um método iterativo de

gestão composto por quatro etapas. O ciclo de feedback pode ser visto como uma releitura do

PDCA porém Ries (2012) não o menciona como parte da metodologia. Outro conceito que

Ries (2012) utiliza porém não mencionada sua origem é a Análise de Coorte. O método de

coorte é uma ferramenta estatística bem conhecida e empregada na área da saúde e da

economia.

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Estes resultados e análises instigam a curiosidade de aprofundar os conhecimentos

sobre o tema e, ao mesmo tempo, orientam o reconhecimento da complexidade da Lean

Startup. Como sugestões para futuros trabalhos ficam: (1) análise sobre a utilização da Lean

Startup por empresas brasileiras e (2) implementação da metodolodia Lean Startup em uma

empresa de grande porte.

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APÊNDICE A- Questionário

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30/06/18 19)51O Consumo de Cervejas Ar tesanais no Rio de Janeiro

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21. Exclusividade da marca: ser única e diferenciada *

Marcar apenas uma oval.

0 1 2 3 4 5

Pouco importante Muito Importante

22. Visitação ao local de fabricação (ex: Fábrica da Bohemia) *

Marcar apenas uma oval.

0 1 2 3 4 5

Pouco importante Muito Importante

23. Recomendação de amigos e influenciadores *

Marcar apenas uma oval.

0 1 2 3 4 5

Pouco importante Muito Importante

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APÊNDICE B – Dados Secundários

i

Artigo

Autores

Ano

ObjetivodaPesquisa

Resultad

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anoramadom

ercado,

produçãoartesanal,eavaliação

deaceitaçãoepreferência

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equepossuigrandepotencialde

aprimoramen

toeexpansão.

“Beb

amen

os,beb

amelhor”:u

m

estudodasubculturade

consumodecervejaartesanale

osen

timen

todedevoçãodo

consumidor

EduardoSalgueiroKoch

2016

Iden

tificar,descrevereanalisarcomoo

sentimen

todedevoçãodoconsumidorse

manifestanasubculturadeconsumode

cervejaartesanal

Osen

timen

todedevoçãoestápresenteem

umsubgrupodasubcultura,intitulado

Paneleiros,poissãoosrepresentantesque

maisapresentamvaloresan

álogoscomo

objeto

CervejaArtesanalCarioca:A

FabricaçãodeumaCultura

MarisolRodriguezGoia;R

enatoLago

PereiraChaves

2016

Iden

tificaraçõesdecomunicaçãoe

posicionam

entodemarcasdecervejarias

artesanaisquereivindicam

umaiden

tidade

cariocaparaseusproduto

Foilocalizadoconjuntodesimbologiaspara

construiriden

tidadeslocaiseespecíficas,

comoumaform

adediferen

ciarascervejas

cariocasem

umm

ercadoglobal