universidade federal fluminense instituto de ciências ...£o... · “sociologia (em movimento”...

26
Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências Humanas e Filosofia Coordenação do curso de Graduação em Ciências Sociais (Licenciatura) Gustavo Gomez Caldeira Barbosa As abordagens referentes ao conceito de “cidadania” nos livros didáticos de sociologia para o ensino médio. Niterói 2016

Upload: others

Post on 26-Oct-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

Universidade Federal Fluminense

Instituto de Ciências Humanas e Filosofia

Coordenação do curso de Graduação em Ciências Sociais

(Licenciatura)

Gustavo Gomez Caldeira Barbosa

As abordagens referentes ao conceito de “cidadania” nos livros

didáticos de sociologia para o ensino médio.

Niterói

2016

Page 2: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

Universidade Federal Fluminense

Instituto de Ciências Humanas e Filosofia

Coordenação do curso de Graduação em Ciências Sociais

(Licenciatura)

Gustavo Gomez Caldeira Barbosa

As abordagens referentes ao conceito de “cidadania” nos livros

didáticos de sociologia para o ensino médio.

Artigo monográfico apresentado à Coordenação do curso

de Licenciatura em Ciências Sociais da Universidade

Federal Fluminense como requisito para a obtenção de

grau em Licenciatura em Ciências Sociais.

Orientadora: Profª. Drª. Elisabete Cruvello

Niterói

2016

Page 3: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

Universidade Federal Fluminense

Instituto de Ciências Humanas e Filosofia

Coordenação do curso de Graduação em Ciências Sociais

(Licenciatura)

Gustavo Gomez Caldeira Barbosa

As abordagens referentes ao conceito de “cidadania” nos livros

didáticos de sociologia para o ensino médio.

BANCA EXAMINADORA

....................................................................................

Profa. Dra Elisabete Cristina Cruvello da Silveira

(Orientadora)

Departamento de Sociologia

Universidade Federal Fluminense

...............................................................................

Profa. Ma. Wilma Lucia Rodrigues Pessoa

Departamento de Sociologia

Universidade Federal Fluminense

............................................................................

Profa. Dra. Rosana da Câmara Teixeira

Faculdade de educação (FEUFF)

Universidade Federal Fluminense

Niterói

2016

Page 4: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

RESUMO

O artigo busca compreender as abordagens referentes ao conceito de cidadania,

amplamente enfatizado pelo PCN, em dois livros didático de sociologia para o ensino

médio: “Sociologia para Jovens do Século XII” (OLIVEIRA; COSTA, 2013) e

“Sociologia em Movimento” (SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de

recursos empregados no tratamento da referida questão à luz da transposição didática,

investigando a utilização da linguagem textual e as linhas teóricas mencionadas.

Palavras-chave: livro didático, transposição didática, cidadania, ensino de sociologia,

PCNs

Page 5: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

Sumário

INTRODUÇÃO............................................................................................................................ 6

A RELEVÂNCIA DO LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO DE MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA ...................... 7

O PNLD DE SOCIOLOGIA .......................................................................................................... 12

A SOCIOLOGIA SEGUNDO OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO MÉIDO

............................................................................................................................................... 14

ANÁLSE DO LIVRO SOCIOLOGIA EM MOVIMENTO ................................................................... 16

ANÁLISE DO LIVRO SOCIOLOGIA PARA JOVENS DO SÉCULO XXI ............................................... 20

INFERÊNCIAS SOBRE A COMPARAÇÃO ENTRE OS LIVROS ........................................................ 23

CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 24

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 26

Page 6: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

6

INTRODUÇÃO

No artigo em questão procuro discutir as abordagens referentes ao conceito de

cidadania nos livros didáticos de sociologia para o ensino médio, uma vez que os

PCN’s1 enfatizam a importância do conhecimento sociológico na construção de um

caráter cidadão. Neste sentido, as questões norteadoras são: Como os livros

selecionados enfocam e respondem os propósitos dos PCNs no que diz respeito à

preparação da cidadania? Como os livros tratam os conteúdos relacionados à cidadania

possibilitando o processo de transposição didática?

Com base na pesquisa realizada, inferiu-se que os PCNs apresentam uma visão

abrangente de cidadania, podendo contemplar: relevância do relativismo; valorização da

diversidade e da tolerância; importância da noção de política e a necessidade de seu

aprofundamento. Essas representações do conceito de cidadania detalham parcialmente

o sentido desse conceito. Por outro lado os capítulos dos livros didáticos analisados

definem teoricamente o conceito de cidadania, sendo que uma das obras espelha com

clareza exemplos do conceito em tela. Além disso, o capítulo do livro que articula teoria

e exemplos empíricos torna-se mais fértil ao processo de transposição didática.

Visando o recorte empírico, foram escolhidas duas obras aprovadas pelo

Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) em 2015: Sociologia para Jovens do

Século XXI 2 publicado em 2013, pela Editora Imperial Novo Milênio; Sociologia em

Movimento3 publicado em 2013, pela Editora Moderna. Os capítulos escolhidos sobre a

temática da cidadania foram: Capítulo 7 – “Democracia, cidadania e direitos humanos”

da “Sociologia em Movimento” e Capítulo 13 – “’É de papel ou é pra valer?’ Cidadania

e direitos no mundo e no Brasil contemporâneo” livro “Sociologia para jovens do

Século XXI”. Por um lado, esses capítulos selecionados serviram para ilustrar o

conceito de cidadania nos PCNs, além de analisar o modo como os autores fizeram a

transposição didática do conceito científico para o saber escolar, ou seja: que linguagem

os autores adotaram para estabelecer uma conexão com o leitor do ensino médio ou da

Educação de Jovens e Adultos (EJA).

1 Parâmetros Curriculares Nacionais 2 Autores: Luiz Fernando de Oliveira e Ricardo Cesar Rocha da Costa 3 Autores: Afrânio Silva, Bruno Loureiro, Cássia Miranda, Fátima Ferreira, João Aguiar, Lier Ferreira,

Marcela Serrano, Marcelo Araújo, Marcelo Costa, Martha Nogueira, Otair Oliveira, Paula Menezes,

Raphael Corrêa, Ricardo Ruiz, Rodrigo Pain, Rogério Lima, Tatiana Bukowitz, Thiago Esteves, Vinícius

Pires,

Page 7: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

7

As referências teóricas empregadas relacionadas à transposição didática dizem

respeito às contribuições Chevallard, Leite e Almeida. A possibilidade do livro didático

se constituir um instrumento para o processo de transposição, argumentos dos analistas

Meksenkas, Silva, e Dias e Abreu, sustentaram minha discussão. Analisando cada livro

separadamente em um primeiro momento e, comparativamente, em uma segunda etapa,

destaco os diferentes recursos empregados no tratamento da referida questão à luz da

transposição didática, investigando a utilização de linguagem textual, exemplos, e linhas

teóricas.

O presente artigo estrutura-se em cinco tópicos articulados. No primeiro avalio

as possibilidades de utilização do livro didático enquanto uma ferramenta de auxílio na

prática pedagógica, fazendo uso das teorias elaboradas por diversos autores dedicados

ao assunto, complementando com a introdução ao conceito de transposição didática. No

segundo discorro sobre o PNLD de Sociologia, comentando os critérios utilizados na

avaliação das obras, dentre outros dados apresentados pelo Guia do Livro Didático

(BRASIL, 2014). No terceiro apresento a concepção de cidadania adotada pelo PCN

que sublinha a importância do ensino da sociologia na formação da cidadania do

educando, finalidade amplamente frisada pelo documento. No quarto, examino os

capítulos das obras mencionadas, nas quais procuro compreender comparativamente o

tratamento dado às representações de cidadania dos autores. Por fim, nas considerações

preliminares elaboro uma síntese dos achados da pesquisa, além de tecer reflexões sobre

o processo de transposição didática nos livros de sociologia para o ensino médio e no

PCNs.

A RELEVÂNCIA DO LIVRO DIDÁTICO NO PROCESSO DE MEDIAÇÃO

PEDAGÓGICA

O emprego do livro didático como ferramenta de mediação na prática

pedagógica suscita, no âmbito acadêmico, questionamentos de diversas ordens, desde o

contexto de produção do material até o momento da sua utilização em sala de aula. São

questões pertinentes, na medida em que evidenciam a realidade sobre a qual se insere

aplicação do mesmo enquanto um recurso de auxílio ao trabalho docente.

Primeiramente, saliento o fato de que a produção de um livro procura atender a

variados requisitos, sendo estes de cunho burocrático, ideológico e didático. Ao citar o

aspecto burocrático, refiro-me à obrigatoriedade de contemplação de tais obras à

Page 8: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

8

legislação vigente e às diretrizes educacionais, a LDB4 e o DCNEM5, além das

formalidades imposta pelo edital referente ao programa de difusão desses materiais, o

PNLD. Nas palavras de Dias e Abreu (2005 apud COAN, 2006, p. 109), podemos

entender os livros didáticos como:

produções culturais, resultados concretos de disputas sociais relacionadas

com decisões e ações curriculares. Podemos afirmar [...] que esses materiais

constituem um currículo escrito, o qual nos proporciona um testemunho, uma

fonte documental, bem como um dos melhores roteiros oficiais para a

estrutura institucionalizada da escolarização [...] (p. 08).

Em suma, a adequação da obra às normas de confecção resulta na elaboração de

um produto ideologicamente subordinado aos preceitos e diretrizes curriculares.

Entretanto, na visão de autores como Meksenas (1998 apud COAN, 2006), o

caráter ideológico do livro didático não inviabiliza a sua utilização enquanto um recurso

pedagógico, tendo em visto as diferentes possibilidades de apropriação do conteúdo

transmitido e a forma a ser trabalhada. Para o autor,

num primeiro momento, o livro pode servir à reprodução do capital nos

planos da produção da ideologia. Entretanto, por possuir a peculiaridade de

mediar a transmissão/construção de conhecimentos, pode ser questionado ou

mesmo consumido de forma divergente. Nessa situação, o consumo pode

gerar contra-ideologia. O momento do consumo do livro didático não garante

a reprodução; pode gerar o seu contrário (Meksenas, 1998, p. 56 apud COEN,

2006, p.116 ).

Portanto, Meksenas propõe uma reflexão a respeito do livro didático,

preconizando a importância de uma postura crítica e estimulante por parte do docente

no uso deste recurso, na medida em que ele “veicula conhecimentos voltados para

situações de ensino escolar, seja no nível da reprodução ou do questionamento do social

[...] capaz de propiciar a multiplicidade de usos deste material” (1998, p.56 apud

COAN, 2006, p. 116).

No entanto, além de pensar o livro didático a partir de suas supostas

competências, penso que seja de grande importância considerar os relatos referentes ao

seu uso no cotidiano escolar, na medida em que eles explicitam os diversos cenários aos

quais se encontra inserido.

4 Lei de Diretrizes e Bases da Educação 5 Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio

Page 9: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

9

Tendo em vista este objetivo, faço uso do artigo6 desenvolvido por Silva (2015),

no qual aborda a questão da utilização do livro didático em sala de aula ao analisar uma

entrevista realizada com dois professores de sociologia, Douglas e Evandro7, atuantes

na rede pública de ensino do estado do Rio de Janeiro. No decorrer do trabalho, o autor

destaca questões pertinentes acerca do tema, trazendo à tona diferentes perspectivas,

tanto dos professores quanto dos alunos.

Ao iniciar a entrevista, Silva (2015) questiona os professores a respeito da forma

como procuram trabalhar o livro didático, obtendo respostas distintas. Diferente de

Evandro, que assume possuir uma relação próxima com o material, Douglas afirma

fazer o uso apenas em situações específicas em razão do livro utilizado não ser o de sua

preferência.

Na resposta do professor Douglas (que afirmou anteriormente ter cinco anos

de magistério) diz usar quando gostaria de passar exercícios, ou como ele

mesmo afirma, “geralmente dentro de alguma atividade”. Afirma que, “como

a escolha é coletiva”, às vezes essa escolha não contempla as suas

expectativas em relação ao objeto livro didático e que, por tais motivos, não

faz uso constante. Observo que, para ele, o uso do livro didático gira em

torno de uma situação específica, mais do que uma obrigação institucional ou de uma obrigação do próprio coletivo de professores de uma instituição.

Mesmos que ele faça parte de um grupo de professores, e que ele mesmo

opine sobre a escolha do “livro tipo ideal”, isso não está implícito o seu uso,

nem por parte do professor, nem tampouco por parte dos alunos (Silva, 2015,

p. 11)

Na fala em questão, atentamos para a possibilidade da ocorrência de uma

situação de caráter inoportuno ao docente. Na medida em que a escolha do livro

didático perpassa pela decisão coletiva dos docentes envolvidos com a matéria na

escola, torna-se real a probabilidade da obra escolhida não atender às expectativas de

um determinado professor, o que pode resultar no constrangimento de sua prática

pedagógica.

Retornando ao artigo, destaco uma consideração, realizada pelos dois

professores, acerca da dificuldade em fazer uso do livro didático de forma rotineira em

sala de aula devido à resistência dos próprios alunos em utilizá-lo. Sob a justificativa de

que o seu transporte acarretaria em mais um peso a carregar, o livro de sociologia acaba

sendo preterido determinados momentos.

6 Artigo Monográfico apresentado à Coordenação do Curso de em Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para a obtenção do grau em Licenciatura. (2015) 7 Professores provenientes da Escola Técnica Estadual Henrique Lage, situada no município de Niterói-RJ.

Page 10: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

10

Douglas afirma: “Eles reclamam muito de que se eles (os alunos) levassem

todos os livros didáticos eles teriam que levar muito peso”. É uma fala

bastante trivial, porém demonstra uma preocupação que é recorrente, tanto

dos professores quanto dos estudantes (mais dos estudantes do que por parte

do corpo docente). Evandro também fala desse problema da obrigatoriedade

do uso e que nesse sentido pode criar mais transtornos do que auxiliá-los.

Segundo ele: “[...] que, aliás, é uma desculpa recorrente, “Há, não trouxe o livro porque eu tinha não sei quantas disciplinas e a bolsa fica pesada” (Silva,

2015, p.12).

Em um momento posterior, Evandro afirma que o valor conferido ao livro está

condicionado ao contexto no qual ele é introduzido. Refere-se, propriamente, ao local

em que o material está a ser utilizado e as quais expectativas o seu uso pretende

satisfazer. Ideia esta que se encontra implícita em seu discurso a respeito da diferença

de relevância atribuída ao livro didático em espaços escolares distintos.

“Quando você está na escola privada e você paga pelo livro, os pais cobram

inclusive dos profissionais da educação que usem o máximo possível que o

livro possa oferecer. [...] No caso da rede pública, falta ao aluno que ele

respeite a existência do livro didático, ele perceber a importância dele, não só

como recurso público que está sendo empregado, mas como algo importante

na formação dele. O livro didático é um apoio que ele tem naquela disciplina

e muitas vezes ele negligência esse uso. Parece que vem no bojo daquela

história de que o que é público não é de ninguém, não bom”. ( Silva, 2015, p.17)

Por fim, ressalto o trecho do artigo em que os professores relatam a suas

experiências com o uso do livro didático enquanto instrumento de mediação

pedagógica. Em seus discursos, é possível perceber o desapontamento com sua

utilização, o que acaba por demandar um maior esforço para suprir os equívocos

didáticos apresentados no material8.

Enquanto Douglas se restringe a caracteriza-lo como “limitado” (SILVA, 2015,

p.14), Evandro é enfático ao apontar as deficiências na exibição de textos claramente

inadequados à compreensão do aluno, o que requer a sua constante participação

enquanto “tradutor” da linguagem sociológica:

“[...] Basicamente no texto do Tomazi, tirando alguns textos complementares,

o texto dele é todo quente. Cada parágrafo tem um conhecimento que precisa

ser destrinchado, para ser trabalhado junto com o aluno. É preciso, muitas

vezes, voltar para trabalhar um conceito prévio, um pré-requisito daquele

texto” (Silva, 2015, p.14)

8 “Sociologia para o Ensino Médio”, de autoria de Dácio Tomazi.

Page 11: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

11

Na fala acima fica explicita a imperícia da obra no ato da transposição didática,

na medida em que esta apresenta uma linguagem acentuadamente científica. Segundo

Almeida (2007), ao discutir o conceito da transposição didática à luz de seu teórico mais

proeminente, afirma:

Para Chevallard, portanto, há, sim, diferenças entre aquilo que se elabora nos

espaços puramente científicos e aquilo que é desenvolvido nos ambientes

estritamente educativos. Não se trata de diferenças conceituais, mas de

diferenças “textuais”, pois elas estão no campo semântico e léxico e, por isso,

precisam ser consideradas, porque as transposições as levarão em conta por

demais (Almeida, 2007, p.10)

Em linhas gerais, podemos definir o exercício da transposição didática enquanto

a capacidade de transformação do saber “científico”, elaborado no âmbito acadêmico,

em saber “ensinável”, passível de discernimento pelo aluno. Assim define Yves

Chevallard sobre tal conceito:

“Um conteúdo de saber que tenha sido definido como saber a ensinar, sofre, a

partir de então, um conjunto de transformações adaptativas que irão torná-lo

apto a ocupar um lugar entre os objetos de ensino. O ‘trabalho’ que faz de um

objeto de saber a ensinar, um objeto de ensino, é chamado de transposição

didática.” (Chevallard, 1991, p.39 apud Leite, 2007, p.43)

Logo, refere-se à adequação do conhecimento científico à realidade escolar.

Processo este que depende da mediação do professor, capacitado pelo conhecimento do

“saber ensinar”, ou de outros materiais que possibilitem esta adaptação, tal como o livro

didático.

A assimilação do saber pelo estudante requer a perícia do docente em aproximar

o conteúdo a ser ensinado da realidade na qual o educando está inserido. Trata-se da

“relação de contradição antigo/novo”, da qual Leite (2007) se propõe a explicar:

Essa contradição antigo/novo a que se refere Chevallard explica-se pela

necessidade de os objetos de ensino remeterem-se àquilo que já é conhecido

pelo aluno, ao mesmo tempo que devem aparecer como novidade – afinal, é o

novo, é o não sabido que justifica a relação didática. Porém, se o aluno não

puder realizar algum tipo de reconhecimento ou identificação com os saberes

que já domina, o estranhamento pode ocorrer em tais proporções que

inviabilize o aprendizado. O objeto de ensino, então, tem o papel de “objeto

transacional entre passado e futuro” (LEITE, 2007, pg 54)

Page 12: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

12

Em outras palavras, a transposição exige a contextualização do conteúdo

ensinado, oferecendo ao aluno a “chave de acesso” (ALMEIDA, 2007, pg. 39) à

complexidade do conhecimento.

Desta forma, Almeida (2007) procura sequenciar a seis etapas que compõem o

processo de transposição didática:

[...] primeiro, é imprescindível resgatar o que os alunos já sabem sobre o assunto; segundo, é importante ouvir todo o saber trazido para se fazer uma

síntese dele; terceiro, é preciso que o professor crie uma motivação ou um

“gancho” capaz de unir os comentários àquilo que se pretende introduzir no

ambiente. A quarta etapa já é apresentar o conteúdo proposto. Numa quinta

etapa, é o momento de o professor observar os rostos, buscando indícios de

possíveis não-entendimentos da questão. A sexta etapa tem de ser a “tiração”

de duvidas que impedem a entrada ou o acesso do aluno àquele novo

universo (ALMEIDA, 2007, pg. 35)

Sendo assim, a despeito das potencialidades teóricas atribuídas ao livro didático,

a sua plena utilização enquanto um recurso de auxílio à prática pedagógica demanda a

superação determinados impasses.

Ao longo do texto, pontuei diversos fatores comprometedores ao material.

Dentre eles, cito o seu condicionamento político-ideológico, a sua baixa receptividade

pelo discente a possibilidade de sua inépcia ao não contemplar os interesses do

professor.

É, sobretudo, importante ressaltar que a elucidação de tais aspectos nos permite,

também, avaliar as possibilidades atinentes ao livro no processo de transposição

didático do ensino sociológico.

O PNLD DE SOCIOLOGIA

O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) tem como função a

distribuição das coleções de livros didáticos aos alunos do ensino básico. Uma política

educacional, atualmente sob a responsabilidade do Fundo Nacional de Desenvolvimento

da Educação (FNDE), voltada ao subsídio da produção e fornecimento de materiais

didáticos para as escolas públicas do país.

Executado em ciclos trienais alternados, o PNLD, atualmente, contempla grande

parte das disciplinas curriculares do ensino médio, incluindo a Sociologia, incorporada

ao programa no ano de 2012. A seleção das obras pelo PNLD deve respeitar uma série

Page 13: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

13

de procedimentos, desde a publicação do edital de inscrição dos livros, posteriormente

avaliados segundo critérios gerais e específicos a cada disciplina, até a divulgação do

Guia do Livro Didático, destinado à apresentação dos materiais didáticos aprovados.

No PNLD 2015, edição na qual participaram as duas obras examinadas no

presente artigo, foram determinado os seguintes critérios de avaliação: (1) Critérios de

legislação; (2) Critérios teóricos conceituais; (3) Critérios didático-pedagógicos; (4)

Critérios de avaliação de imagens; (5) Critérios de editoração e aspectos visuais; (6)

Manual do Professor (BRASIL, 2014).

Uma questão a ser destacada refere-se à composição da equipe avaliadora,

formada, majoritariamente, por acadêmicos dedicados ao estudo da prática de ensino e

metodologia, junto a uma parcela de professores de sociologia atuantes no ensino

básico. Ressalto, também, o respeito à pluralidade regional na organização da equipe, na

medida em que se buscou a constituição de um grupo formado por profissionais

oriundos de diversas áreas do país.

Outro critério importante para a escolha foi a regionalidade, sendo assim,

buscou-se compor uma equipe representativa das diversas regiões do Brasil,

assegurando uma variedade de olhares sobre o livro didático, tendo em vista a diversidade sócio cultural da escola nessas diversas regiões do país.

(BRASIL, 2014, pag.8)

Na edição em questão, a Sociologia completou a sua segunda participação no

programa, avançando em seu processo de consolidação enquanto disciplina. Com base

nas informações contidas no Guia do Livro Didático (BRASIL, 2014), constata-se um

significativo aumento de obras aprovadas em comparação à edição anterior do PNLD,

em 2012, com o aumento de dois para seis livros selecionados.

Dentre os autores, encontram-se docentes provenientes dos dois níveis de

ensino, superior e médio, um aspecto celebrado na medida em que procuram encorajar a

participação de profissionais envolvidos diretamente com o ensino sociológico a nível

escolar: “Ressaltamos, também, que é fundamental o surgimento dos professores de

ensino médio como autores. São profissionais diretamente envolvidos com o ensino de

sociologia e conhecem as propostas pedagógicas através das experiências práticas.”

(BRASIL, 2014, pg.11)

O documento, entretanto, faz ressalvas com relação à existência de desafios a

serem enfrentados na produção dos materiais didáticos, tal como a dificuldade de

Page 14: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

14

mediação na transposição do conhecimento científico para o ambiente escolar,

submetendo-se ao risco de simplificação de teorias e conceitos.

Contudo, cumpre apontar os desafios que ainda persistem, sobretudo se

considerarmos que a Sociologia ainda se encontra em fase de consolidação

como disciplina escolar [...] Um desses obstáculos refere-se à simplificação

de teorias e conceitos. Sabemos que é uma meta em todos os níveis de ensino conseguir explicar conceitos complexos de forma compreensível, sem trair

seu significado profundo. É um desafio da comunicação científica e da

disseminação da ciência para públicos leigos. (BRASIL, 2014, pg.12)

Por fim, é destacada a responsabilidade sobre a produção de um conteúdo

interdisciplinar, capaz de contemplar igualmente a Antropologia e a Ciência Política, as

outras vertentes das Ciências Sociais. Logo, a estruturação do conteúdo no livro

didático deve ser exposta planejadamente, apresentando as temáticas referentes às

Ciências Sociais de forma equânime.

A SOCIOLOGIA SEGUNDO OS PARÂMETROS CURRICULARES

NACIONAIS PARA O ENSINO MÉIDO

A instituição dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino médio (em

1999, deu prosseguimento ao movimento de reformas no sistema educacional brasileiro,

que teve início em 1996 com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDBEN)9.

Elaborados pelo Ministério da Educação, os PCN’s pretendiam difundir

diretrizes na intenção de propiciar a formação de uma matriz curricular básica a cada

disciplina do Ensino Médio. Embora sua adoção não seja obrigatória, em razão de não

possuir “força de lei”, as orientações publicadas respaldaram a produção de materiais

didáticos, tal como observa Nascimento (2006, pg.10), o que revela o seu nível de

influência no âmbito educacional.

Na parte IV do documento, “Ciências Humanas e suas tecnologias”, são

apresentados os conhecimentos de Sociologia, Antropologia e Política, referentes à área

das Ciências Sociais. O texto encontra-se dividido em três segmentos: Por que ensinar

9 Lei 9.394/96

Page 15: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

15

Ciências Sociais; O que e como ensinar em Ciências Sociais; Competências e

habilidades a serem desenvolvidas em Sociologia, Antropologia e Política.

No primeiro segmento, “Por que ensinar Ciências Sociais”, é colocado, enquanto

objetivo, “introduzir o aluno nas principais questões conceituas e metodológicas das

disciplinas de Sociologia, Antropologia e Política” (BRASIL, 1999, p.36). Questões

essas que se originaram das transformações sociais, políticas e econômicas ocorridas

durante os séculos XVIII e XIX, e que fundamentaram o surgimento da Sociologia

enquanto disciplina acadêmica.

Posteriormente, é comentada a eminência dos autores Karl Marx, Max Weber e

Emile Durkheim, citados como “os três grandes paradigmas fundantes do campo de

conhecimento sociológico” (BRASIL, 1999, p. 36), considerando suas reflexões acerca

das questões sociais e os parâmetros teóricos e metodológicos concebidos pelos

mesmos. Desta forma, é preconizada a leitura dos clássicos na tentativa de:

[...] promover uma reflexão em torno da permanência dessas questões até

hoje, inclusive avaliando a operacionalidade dos conceitos e categorias

utilizados por cada um desses autores, no que se refere à compreensão da

complexidade do mundo atual.(BRASIL, 1999, p.36)

O documento passa, então, a frisar a importância do ensino sociológico na

problematização dos fenômenos sociais, o que nos possibilita entender as indagações

referentes à relação entre o indivíduo e sociedade e os seus desdobramentos, tais como

as questões relacionadas à manutenção e transformação da ordem social (BRASIL,

1999, p.36).

Na passagem seguinte é feita uma alusão à LDBEN (1996), aonde se define,

enquanto finalidade da educação no ensino médio, a “preparação para a cidadania”,

processo no qual os ensinamentos sociológicos exercem um importante papel, segundo

o PCN:

Assim, pela via do conhecimento sociológico sistematizado, o educando

poderá construir uma postura mais reflexiva e crítica diante da complexidade

do mundo moderno. Ao compreender melhor a dinâmica da sociedade em

que vive, poderá perceber-se como elemento ativo, dotado de força política e

capacidade de transformar e, até mesmo, viabilizar, através do exercício

pleno de sua cidadania, mudanças estruturais que apontem para um modelo

de sociedade mais justo e solidário (BRASIL, 1999, p.37)

Page 16: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

16

No segundo segmento, “O que e como ensinar em Ciências Sociais”, são

apresentados alguns conceitos considerados fundamentais para o ensino da Sociologia

no Ensino Médio.

Dentre os diversos ressaltados, destaco o conceito de “diversidade”, com o qual

se sugere trabalhar a ideia de tolerância e relativização, noções consideradas “caminhos

de construção e consolidação da cidadania plena” (BRASIL, 1999, p.40).

Mais a frente é comentada a importância do debate acerca da noção de política e

a necessidade de seu aprofundamento, na medida em que a sua suplantação “seria

contrariar a lógica da cidadania, que supõe a participação nos diversos espaços da

sociedade” (BRASIL, 1999 p.41).

Ainda contemplando a temática da política, é salienta-se a relevância do estudo

atinente aos movimentos sociais e a sua relação com a construção da ideia de cidadania:

Cabe ressaltar a importância dos movimentos sociais no processo

deconstrução da cidadania, em função do seu papel, cada vez mais

expressivo, de interlocução com o poder público, desde o movimento

operário até os chamados “novos movimentos sociais” (ecológico, pacifista,

feminista etc) (BRASI, 1999. p.42).

No terceiro, e último, segmento, intitulado “Competências e habilidades a serem

desenvolvidas em Sociologia, Antropologia e Política”, são apresentadas aptidões a

serem desenvolvidas pelo aluno no processo de aprendizagem do ensino sociológico.

Na seção “Contextualização sócio-cultural” é enfatiza a importância da

viabilização da cidadania plena.

Construir a identidade social e política, de modo a viabilizar o exercício da

cidadania plena, no contexto do Estado de Direito, atuando para que haja,

efetivamente, uma reciprocidade de direitos e deveres entre o poder público e

o cidadão e também entre os diferentes grupos (BRASIL, 1999, p.43)

ANÁLSE DO LIVRO SOCIOLOGIA EM MOVIMENTO

A obra “Sociologia em Movimento” se divide em seis unidades, cada qual

relativa a uma temática sociológica. As unidades, por sua vez, dividem-se em dois, ou

mais, capítulos, procurando abordar os temas em questão a partir de diferentes

perspectivas.

Page 17: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

17

A introdução dos capítulos é precedida pela apresentação de uma finalidade

pedagógica a ser cumprida, seguida pela exposição de uma “questão motivadora”, na

qual se pretende induzir o leitor à reflexão do conteúdo a ser trabalhado.

O conceito de cidadania é abordado categoricamente na terceira unidade,

intitulada “Relações de poder e movimentos sociais: a luta pelos direitos na sociedade

contemporânea”, na qual se inserem os seguintes capítulos: Capítulo 6- Poder, Política e

Estado; Capítulo 7- Democracia, cidadania e diretos humanos; Capítulo 8- Movimentos

Sociais.

Entretanto, ainda que a ideia de cidadania permeie toda a unidade, procuro

enfatizar a presente pesquisa no segmento do sétimo capítulo, na medida em que é nesta

parte aonde se realiza propriamente a análise acerca do referido conceito.

Intitulado “Democracia, cidadania e direitos humanos”, o capítulo define,

enquanto finalidade, propiciar o aluno à capacidade de “identificar de que forma o

desenvolvimento da democracia influenciou as mudanças na concepção de cidadania e

na institucionalização dos direitos humanos” (SILVA et all, 2013, p.165). Propósito este

que não se realiza, na medida em que o livro se dedica, majoritariamente, a discorrer

sobre as transformações da teoria democrática no decorrer da história, relegando a

análise da concepção de cidadania às partes finais.

Quando finalmente se lança a discutir a questão da cidadania, o autor, de início,

faz uso do sociólogo inglês Thomas Humphrey Marshall para discorrer sobre os direitos

do cidadão, explicando a concepção dos direitos civis, políticos e sociais.

Defini-se o direito civil enquanto: “garantia das liberdades individuais, tais como

a possibilidade de pensar e se expressar de maneira autônoma [...], garantia do ir e vir e

acesso à propriedade privada.” (SILVA et all, 2013, p. 176).

A meu ver, uma explicação limitada, em razão de não exemplificar, em uma

linguagem mais acessível, o entendimento acerca deste conceito. Afinal, a ideia de

liberdade individual se traduz em diversas garantias, tais como o direito à liberdade de

crença, à opção sexual, à igualdade jurídica e outros direitos mais.

Durante elucidação da noção de direitos políticos incorre-se no mesmo erro, na

medida em que se procura limitar a explicação a respeito do que seja “participação

política”, além de ser feito o uso de uma linguagem inadequada ao tipo de leitor para o

qual o presente material se destina:

O segundo estágio refere-se aos direitos políticos, entendidos na forma de

possibilidade de participação da sociedade civil nas diversas relações de

Page 18: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

18

poder presentes em uma sociedade, em especial a possibilidade de escolha de

representantes ou de se candidatar a qualquer tipo de cargo, assim como de se

manifestar em relação a possíveis transformações a serem realizadas. (SILVA

et all, 2013, p.176)

No comentário sobre os direitos sociais, a contextualização é feita

adequadamente, no uso de uma linguagem condizente ao propósito do livro.

Por fim, o terceiro estágio corresponde aos direitos sociais visto como

essenciais para a construção de uma vida digna a partir e padrões de bem-

estar socialmente estabelecidos, como educação, saúde, lazer e moradia.

Esses direitos surgem em decorrência das reivindicações de diversos grupos

pelo aumento da qualidade de vida. É o momento em que os cidadãos lutam

por melhorias no sistema educacional e de saúde pública, pela criação de

áreas de lazer, pela seguridade social etc. (SILVA et all, 2013, p.176-177)

Ainda recorrendo a Marshall, o autor se designa a explicar o atual entendimento

do que seja ser um cidadão: “é aquele que exerce seus direitos civis, políticos e sociais

de forma efetiva” (SILVA et all, 2013, p 177). Em suma, uma definição rasa e

comprometida, haja vista os equívocos cometidos anteriormente, ao trabalhar a

concepção dos direitos de cidadania.

No entanto, é válida a ressalva referente à noção da variabilidade do conceito de

cidadania, explicando-o enquanto uma ideia que se encontra em constante

transformação ao longo do tempo: “Percebe-se que o conceito de cidadania está em

permanente construção, pois a humanidade está sempre em luta por mais direitos, maior

liberdade e melhores garantias individuais e coletivas” (SILVA et all, 2013, p.177).

Ao prosseguir no capítulo, discute-se a questão dos direitos humano a partir da

reprodução parcial do documento de Declaração Universal dos Direitos Humanos

(1948), aludindo ao seu contexto de criação e aos propósitos a serem alcançados com a

sua confecção. Os direitos humanos são definidos enquanto

[...] valores universais e inegociáveis, que visam o respeito mútuo em

detrimento dos privilégios restritos a determinados grupos, por isso não

devem ser pensados como benefícios particulares ou privilégios de grupos

elitizados [...] Uma das características básicas dos direitos humanos é o fato

de estabelecerem que a injustiça e a desigualdade são intoleráveis (SILVA et

all 2013, p.178)

O autor afirma que as conquistas relacionadas aos direitos humanos, e a

ampliação da concepção de cidadania, resultam dos processos históricos de luta, a partir

Page 19: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

19

de mobilizações populares direcionadas às variadas demandas, incluindo as

reivindicações oriundas de grupos minoritários:

Assim, as lutas por igualdade e liberdade ampliaram os direitos políticos e

abriram espaços de revindicação para a criação de direitos sociais, os direitos

das chamadas “minorias” – mulheres, idosos, negros, homossexuais, jovens,

crianças, índios – e o direito à segurança planetária, simbolizado pelas lutas ecológicas e contra as armas nucleares (SILVA et all, 2013, p.178)

Ao final do capítulo, o autor discorre sobre a questão da cidadania no país,

fazendo menção a dois notórios intelectuais brasileiros, respaldados por suas grandes

contribuições no debate sobre o tema. Primeiramente, são trabalhadas as ideias de José

Murilo de Carvalho, no qual se veicula a ideia de “estadania”:

[...] o historiador José Murilo de Carvalho desenvolveu a teoria de que

vivemos uma estadania, pois muitos de nossos direitos seriam resultantes de

uma “concessão” relativa do Estado, feita de “cima para baixo”, a uma

população muitas vezes desinteressada da “coisa pública”. Desta forma, os

direitos costumam ser vistos como concessões ou benefícios oferecidos pelos

grupos dominantes ao restante da população (SILVA et all, 2013, p, 179).

Posteriormente, busca-se discutir a noção de “cidadania regulada”, utilizada por

Wanderley Guilherme dos Santos, na qual são analisados os propósitos do Estado na

conferência de direitos à sociedade:

Já o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos utiliza o conceito de

“cidadania regulada” para identificar a concessão dos direitos por parte do

Estado como forma de mediar possíveis conflitos entre classes. Nesse caso, o Estado controlaria os grupos sociais a partir de práticas regulatórias, variando

entre aumento de participação (proporção de indivíduos que possuem acesso

aos direitos) e redução da liberalização (capacidade das instituições sociais de

garantir a consolidação dos direitos) (SILVA et all, 2013, p.180)

Na iminência da conclusão, discute-se a diferença entre “cidadania formal” e

“cidadania real” no Brasil. Conceitua-se “cidadania real” “enquanto aquela presente nas

leis, que é imprescindível para a liberdade e para as garantias individuais [...] ou seja,

garante a igualdade de todos perante a lei’ (SILVA, et all, 2013, pg. 180). Em relação à

“cidadania formal”, o autor diz ser “ aquela que do dia a dia [...], que não existe

igualdade entre os seres humanas e o que prevalece é a desigualdade em todos as

Page 20: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

20

dimensões da sociedade” (SILVA, et all, 2013, pg. 180). Uma comparação pertinente,

na media em que se procura discutir o contexto no país.

Em caráter suplementar, nas últimas páginas do capítulo, é apresentado um

trecho do livro “Cidadania no Brasil: o longo caminho” (2002), de autoria do autor José

Murilo de Carvalho. Intitulado “Cidadania no Brasil”, o texto comenta os problemas

sociais vivenciados pela classe pobre do país, traduzidos na ausência de diversos

direitos. Em outra página, são reproduzidos fragmentos de textos legislativos, tal como

a constituição, referentes a trechos que discorrem sobre direitos do cidadão.

ANÁLISE DO LIVRO SOCIOLOGIA PARA JOVENS DO SÉCULO XXI

O livro “Sociologia para Jovens do Século XXI” divide-se em três unidades,

dispondo, cada uma delas, a incumbência de abranger determinadas temáticas da

Sociologia através dos capítulos apresentados.

Considerando o objetivo do presente artigo, pretendo direcionar minha atenção

para a Unidade 2, “Trabalho, Política e Sociedade”, na qual se insere o capítulo 13,

intitulado “ 'É de papel ou é pra valer?' - Cidadania e direitos no mundo e no Brasil

contemporâneo”, aonde o autor se designa a trabalhar, especificamente, a temática da

cidadania, e os seus conceitos, à luz dos teóricos das Ciências Sociais.

O capitulo se inicia com a definição prévia do conceito de “cidadão”: “aquele

que está no gozo dos direitos civis e políticos de um estado” (OLIVEIRA e COSTA,

2013, p.194). Tendo em vista tal definição, o autor se dispõe a discorrer sobre a história

da cidadania, situando a origem do referido conceito na Grécia antiga, na qual

“cidadão” era o indivíduo contemplado pelo direito de cuidar de sua cidade-estado.

Desta forma, abre-se espaço para explicar o significado da posse de direitos nos

dias atuais:

Ter direitos significa ter a capacidade e autonomia para usufruir determinados benefícios legais garantidos pelo estado aos seus habitantes.

Exemplos? Ser possuir de documentos, tais como certidão de nascimento,

carteira de identidade, titulo de eleitor e carteira de motorista...(OLIVEIRA e

COSTA, 2013, P.195)

Page 21: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

21

É, então, discutida a noção de “cidadania plena”, aonde se procura, mais uma

vez, contextualizar a explicação a partir de conhecimentos previamente adquiridos pelo

leitor:

A certidao de nascimento é um direito adquirido logo ao nascer […] A

carteira de motorista, porém somente pode ser obtida aos dezoitos anos. É

nesta idade que o indivíduo começa a adquirir o que chamamos de cidadania

plena, ou seja, a capacidade legal de responder pelos seus próprios atos diante das autoridades públicas (OLIVEIRA e COSTA, 2013, p.195)

No prosseguimento do capítulo, é retomada a análise histórica sobre o conceito

de cidadania, alcançando o período moderno, no qual se deflagra a Revolução Francesa.

Aborda-se o contexto político existente, o sucumbimento do Antigo Regime e a

ascensão da sociedade liberal, referenciada pela ideia de expansão dos direitos de

cidadania a todos os indivíduos. Passa-se a discutir a questão do direito à propriedade

privada e a formação de uma sociedade assentada na ideia de igualdade jurídica,

referindo-se ao momento de elaboração da Declaração Universal dos Direitos do

Homem e do Cidadão (1789), além de mencionar a presença dos filósofos iluministas

no debate, como John Locke, Rosseau, Montesquieau e Tocqueville.

Entretanto, o autor faz ressalvas com relação às verdadeiras

transformações resultantes da Revolução Francesa, aludindo ao processo de

empoderamento da burguesia e às modificações das relações de classe, culminando no

surgimento do capitalismo.

O que é que não estava sendo dito, infelizmente? Que a Revolução não era de

todos, mas sim que se tratava de uma revolução burguesa, na qual uma classe

social em ascensão […] já começava a adquirir também o poder político,

passando a governar a Nação francesa e, em consequência, ter mais direitos

que o restante do povo trabalhador... (OLIVEIRA e COSTA, 2013, pg.196)

Na seção seguinte, é discutida a teoria dos direitos, fazendo uso dos preceitos

elaborados por Thomas H. Marshall. Embasado no contexto de vigência do Estado de

Bem estar Social, na segunda metade do século XX, o pensador considera a Inglaterra

como exemplo, analisando o processo de ampliação da cidadania no país, resultado do

desenvolvimento do capitalista.

Primeiro, no século XVIII, teriam se constituído os direitos civis, revacinados

à liberdade individual e às relações de trabalho. Depois, no século XIX, a

cidadania passou a compreender os direitos políticos, ou seja, os

trabalhadores passaram a ter o direito de participar no exercício do poder

Page 22: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

22

político. […] no século XX, o Estado de Bem-estar inglês significou a

conquista dos direitos sociais, com os quais todos passam a ter acesso à

distribuição da riqueza produzida no país, através da elaboração de políticas

sociaias universais (OLIVEIRA e COSTA, 2013, pg 198)

Em contraposição às ideais de Marshall, é apresentada a Teoria das Gerações

dos Direitos Fundamentais, defendida por diversos intelectuais durante o século XXI,

tal como o renomado jurista Paulo Bonavides. Ao fazer a referida menção, o livro

destaca o debate teórico acerca do tema, ressaltando a diversificada produção acadêmica

referente à questão dos direitos e da cidadania.

Ao se inserir na discussão, o autor direciona críticas às ideias de Thomas

Marshall, questionando a prevalência do Estado de Bem estar Social, afirmando se tratar

apenas de uma situação conjuntural, em alusão ao surgimento do neoliberalismo

posteriormente. Acusa, também, os países centrais de assentarem sua pujança social e

econômica na exploração das nações do terceiro mundo. Faz uso das ideias de Karl

Marx ao questionar prevalência da cidadania no sistema capitalista, fundamentado na

lógica da exploração.

Karl Marx e Friederich Engles […] mostraram […] que o capitalismo era um

sistema baseado numa injustiça estrutural, já que ele era movido por uma

brutal exploração de obra dos trabalhadores. […], portando uma verdadeira

cidadania somente seria possível se o proletariado superasse o capitalismo,

atráves da revolução socialista. Mais adiante, no comunismo, o pleno exercício da cidadania seria estendido a todos os seres humanos (OLIVEIRA

e COSTA, 2013, pg 199).

Na segunda metade do capítulo, é trabalhada, especificamente, a questão da

cidadania na sociedade brasileira, observando a sua trajetória, desde o período de

independência até os dias atuais.

De início, o autor ressalta a inobservância da noção de cidadania durante pouco

mais de um século no Brasil, enfatizando o período da escravidão como momento

emblemático da ausência deste princípio. Procura desconstruir a ideia de mudança no

panorama social brasileiro com a introdução da República, destacando o poderio

político dos coronéis como um entrave à participação popular.

Apenas na Era Vargas (1930- 1945) passam a serem observados os primeiros

sinais de avanço da cidadania no país com a introdução de alguns direitos sociais, como

a aprovação da legislação trabalhista. Entretanto, o autor destaca as algumas

peculariadades atinentes à inserção de tais direitos no período, citando o notório

Page 23: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

23

cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, formulador do conceito de

“cidadania regulada”.

O cientista social Wanderley Guilherme dos Santos (1979) formulou o termo

cidadania regulada para se referir a esse período: somente tinham acesso aos

direitos sociais os trabalhadores urbanos vinculados a categorias

reconhecidas pelo Estado que controlava sindicatos, nomeando suas direções e garantido-lhe a sobrevivência econômica através de impostos obrigatórios.(

OLIVEIRA e COSTA, 2013, pg. 201)

Mais a frente, é ressaltada o processo de reconstituição da República em 1946,

no qual o Brasil entraria em um período democrático, sob a vigência constitucional

garantidora dos direitos políticos e civis, além dos já conquistados direitos sociais. Uma

fase que se estenderia por quase duas décadas, até a instauração do regime militar

(1964- 1985), momento marcado pela violação dos direitos do cidadão.

O autor enfatiza o processo de reabertura política durante a década de 80,

destacando a importância dos comícios realizados nas grandes cidades brasileiras: “Em

1984, comícios com mais de milhão de pessoas, como foi o caso do Rio de Janeiro e

São Paulo, exigiram o retorno das eleições diretas para a presidência da República. Foi

o movimento que ficou conhecido como ‘Diretas Já’” (OLIVEIRA e COSTA, 2013, pg.

203).

Por fim, é comentada a inserção do neoliberalismo no Brasil a partir da década

de 90, momento no qual se assiste a contração dos direitos sociais no país por meio da

flexibilização das leis trabalhistas e redução dos investimenos públicos, que se refletem

na precarização de setores essenciais ao cidadão, tal como a saúde e educação.

No posfácio do capítulo é reproduzido o artigo “A Difícil Arte de Cidadão”, de

autoria de Antonio Castro Alves, no qual se discute a concepção de subjetividade nos

dias atuais e a forma como tal ideia afeta a prática efetiva da cidadania no espaço

público.

INFERÊNCIAS SOBRE A COMPARAÇÃO ENTRE OS LIVROS

Portanto, a partir das análises realizadas, percebemos diferentes formas de

abordagem acerca da noção de cidadania.

Page 24: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

24

Na obra “Sociologia do Século XXI” (2013), a ideia é trabalhada através de sua

análise histórica. Nesta perspectiva, o autor discute o conceito desde sua origem, na

antiguidade, perpassando pelo período moderno, chegando ao atual momento, sobre a

eminência do neoliberalismo.

De forma oportuna, ao discutir a trajetória histórica da cidadania, são inseridas a

contribuições teóricas de diversos autores acerca do tema, tais como as ideias de Karl

Marx, Thomas Marshall e Wanderley Guilherme dos Santos.

Ao longo de todo o capítulo é percebida a preocupação em apropriar as

informações transmitidas ao entendimento do leitor, fazendo uso de uma linguagem

adequada, sendo estes preceitos fundamentais no exercício da transposição didática.

Em suma, um tratamento abrangente e objetivo acerca do conceito de

“cidadania”, contextualizado em questões nacionais e globais.

No livro “Sociologia em Movimento” (2013), é constatado alguns equívocos no

tratamento do referido conceito.

O capítulo destinado a tal tarefa abrange a discussão teórica de forma

inadequada, privilegiando um amplo debate referente à temática da democracia, no qual

o conceito de cidadania é citado em poucos momentos, sem uma definição clara acerca

de sua acepção.

No momento em que se dispõe a abordar diretamente a ideia de cidadania, o

autor se limita a defini-la de forma básica, sem citar as conjunturas históricas que

fundamentaram o seu significado. Além disso, o vocabulário utilizado não contempla

os requisitos da transposição didática, comprometendo o entendimento da informação

transmitida.

É válido, no entanto, ressaltar a menção a autores como Wanderley Guilherme

dos Santos e José Murilo de Carvalho no debate sobre tema. Outro aspecto positivo

reside na apresentação dos textos suplementares, ao final do capítulo, nos quais é

analisada a ideia de cidadania a partir de trechos da legislação brasileira.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desta forma, a presente pesquisa procurou responder objetivamente ao

questionamento referente à capacidade do livro didático de sociologia em contemplar a

temática da cidadania, amplamente aludida pelo PCN, priorizando a análise sobre

Page 25: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

25

processo da transposição didática durante a transmissão do conteúdo. Em caráter

complementar, o artigo possibilitou compreender as potencialidades do livro didático na

mediação da prática pedagógica.

De antemão, a partir da contribuição de autores como Mekesenas, Silva, Dias e

Abreu, foi possível esclarecer sobre os impasses a serem enfrentados na utilização do

material em sala de aula, principalmente com relação à objeção do próprio aluno em

fazer uso do mesmo. Questões essas que demandarão do docente a competência no

aproveitamento do referido recurso.

No que concerne ao PCN, o foco da análise esteve direcionado a sua proposição

a respeito da importância do ensino sociológico na preparação da cidadania. Segundo o

documento, a constituição do caráter cidadão perpassaria, fundamentalmente, pelo

aprofundamento do discente em concepções relativas à questão política, conciliando o

estudo com o entendimento referente às noções de relativismo e diversidade.

Por outro lado, a partir da análise das obras selecionadas, ressaltamos a

priorização das questões políticas na abordagem relativa ao conceito de cidadania.

Abordagens distintas, na medida em que uma das obras, “Sociologia para Jovens do

Século XXI”, realiza precisamente a transposição didática durante a transmissão do

conteúdo, o que não ocorre no outro livro, “Sociologia em Movimento”, no qual são

observadas algumas limitações.

Page 26: Universidade Federal Fluminense Instituto de Ciências ...£o... · “Sociologia (em Movimento” SILVA, et all, 2013). Destaca-se a diversidades de recursos empregados no tratamento

26

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Geraldo Peçanha. Transposição didática: por onde começar. São Paulo:

Ed. Cortez, 2007

BRASIL, Guia de Livro Didáticos. PNLD 2015: Sociologia. Brasília: MEC, Secretaria

de Educação Básica, 2014

BRASIL, SEMTEC. Parâmetros curriculares nacionais para o ensino médio: Parte

IV. Brasília, MEC 1999

CHEVALLARD, Yves. La Transposicion Didactica: Del saber sabio al saber

enseñado.Argentina: La Penseé Sauvage,1991

COAN, Marival. A Sociologia no Ensino Médio, o material didático e a categoria

trabalho. Dissertação de Mestrado. UFSC, 2006

COSTA, Ricardo; OLIVEIRA, Luiz. Sociologia para Jovens do Século XXI. Rio de

Janeiro: Editora Imperial Novo Milênio, 2013

DIAS, Rosanne E.; ABREU, Rozana G. de, (2005). Discurso do mundo do trabalho

nos livros didáticos do ensino médio. In 28ª reunião anual da ANPED. GT 12, anais,

2005. Caxambu/MG.

LEITE, Miriam Soares. Recontextualização e transposição didática - Introdução à

leitura de Basil Bernstein e Yves Chevallard. Junqueira&Marin Editores, 2007.

MEKSENAS, Paulo . O uso do livro didático e a pedagogia da comunicação. In:

PENTEADO, H.D. (org.), Pedagogia da comunicação: teorias e práticas. São Paulo :

Cortez editora,1998

NASCIMENTO, Lidiane Rocha do. Análise da categoria trabalho em livros didáticos de

Sociologia. In: HANDFAS, Anita e MAÇAIRA, Julia Polessa (Org.). Dilemas e

perspectivas da sociologia na educação básica. Rio de Janeiro: FAPERJ, 2006.

NOLTE, Mariana. O conceito de cultura nos livros didáticos para Sociologia no

Ensino Médio: saberes escolares e transposição didática. Artigo (Licenciatura em

Ciências Sociais) SSE/ICHF/UFF, 2013.

SILVA, Afrânio et al. Sociologia em movimento. São Paulo: Moderna, 2013.

SILVA, Roberto B. Abordagens sobre os usos do livro didático com professores da

Escola Técnica Estadual Henrique Lage: análise de duas entrevistas. Artigo

(Licenciatura em Ciências Sociais) ICHF/UFF, 2015.