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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E TURISMO CURSO DE TURISMO DEPARTAMENTO DE TURISMO RAQUEL LENZIARDI MEIOS DE HOSPEDAGEM E RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA: PERCEPÇÃO DE PREÇO- VALOR Um estudo experimental Niterói, Junho de 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E TURISMO

CURSO DE TURISMO DEPARTAMENTO DE TURISMO

RAQUEL LENZIARDI

MEIOS DE HOSPEDAGEM E RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA:

PERCEPÇÃO DE PREÇO- VALOR

Um estudo experimental

Niterói, Junho de 2009

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RAQUEL LENZIARDI

MEIOS DE HOSPEDAGEM E RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA:

PERCEPÇÃO DE PREÇO- VALOR

UM ESTUDO EXPERIMENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

ao curso de graduação em Turismo da

Universidade Federal Fluminense como

requisito de avaliação para obtenção do grau

de Bacharel em Turismo.

Prof. Verônica Feder Mayer, Dsc - Orientadora

Niterói, Junho de 2009

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3

L575 Lenziardi, Raquel

Meios de Hospedagem e Responsabilidade Social e Corpo-

rativa: percepção e preço-valor – um estudo experimental /

Raquel Lenziardi -- Niterói, RJ: UFF, 2009.

117f.

Monografia (Graduação em Turismo) – Universidade

Federal Fluminense, 2009.

Orientador: Verônica Feder Mayer, D.Sc

1.Meios de Hospedagem 2.Responsabilidade social Cor-

porativa I.Título.

CDD. 338.4891

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MEIOS DE HOSPEDAGEM E RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA:

PERCEPÇÃO DE PREÇO- VALOR

UM ESTUDO EXPERIMENTAL

Por

RAQUEL LENZIARDI

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Turismo como requisito de avaliação final para obtenção do grau de Bacharel em Turismo pela Universidade Federal Fluminense.

Banca Examinadora

____________________________________________________________

Verônica Feder Mayer, D.Sc. – Orientadora – Universidade Federal Fluminense

_____________________________________________________________

Daniela Abrantes Ferreira, D.Sc. – Universidade Federal do Rio de Janeiro

____________________________________________________________

Erly Maria de Carvalho e Silva – Universidade Federal Fluminense

Niterói, Junho de 2009

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AGRADECIMENTOS

À professora Verônica Mayer por todo apoio e incentivo em grande parte da minha jornada acadêmica e essencial para que esse projeto tenha se concluído conforme o esperado. Aos professores do curso de Turismo da UFF, em especial à professora Erly Maria de Carvalho e Silva, por toda sua paciência e dedicação, que foram de grande ajuda para a construção desse projeto e por sua participação na banca examinadora, assim como suas recomendações de melhoria. À professora Sandra Mariano e aos amigos do projeto de pesquisa pelo apoio e incentivo, em especial Simony, Vera e Renata; e Noely, pela paciência e consideração em me ajudar a revisar todo esse projeto. A todas as pessoas que se disponibilizaram a responder o questionário de pesquisa e participar do pré-teste. A professora Daniela Abrantes Ferreira por ter gentilmente aceitado participar da banca examinadora e por suas excelentes sugestões e recomendações. A Suzanne, Aline e Edmar, amigos de toda a graduação, que não só me ajudaram em diversos momentos como foram fundamentais para que eu permanecesse e concluísse o curso. A minha família, em especial, meu pai, mãe e irmão, pois sem eles certamente eu não chegaria até aqui. Ao meu namorado Bruno, que me acompanhou em todos esses anos de graduação, em uma convivência quase que diária, por seus conselhos, paciência e apoio. Aos meus amigos de sempre Ana Carolina Lattanzi, Carla, Thais, Thiago e Thiago Jacques por fazerem parte da minha vida em todos os momentos e trazerem sempre momentos alegres.

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RESUMO Este estudo investigou a influência da RSC no processo de escolha de um meio de hospedagem. De forma específica, buscou-se verificar se a RSC influenciaria de forma positiva o benefício e valor percebido pelo cliente e se esse consumidor estaria disposto a se hospedar em um meio de hospedagem que investia em RSC, mas que cobrava uma diária 10% mais alta do que a concorrência. Além disso, investigou-se se esse adicional no preço cobrado foi considerado justo e se esse julgamento influenciou a sua decisão de compra. Para isso, foram analisados dois tipos de meios de hospedagem, com diferentes faixas de preços: hotéis de luxo (preços mais altos) e pousadas (preços mais baixos) e foi ainda verificado se houve diferença entre os resultados desses dois meios de hospedagem. O método de estudo aplicado foi experimental, operacionalizado por cenários de pesquisa, com uma amostra de 121 respondentes. Os resultados obtidos indicaram que os consumidores pesquisados perceberam benefício e valor adicional da oferta dos meios de hospedagem que investiam em RSC, que estavam dispostos a se hospedar nessas empresas e que o diferencial de preço cobrado foi considerado como justo. Além disso, não houve diferença entre os resultados do meio de hospedagem mais caro para o mais barato. Palavras-chave: Meios de hospedagem. RSC. Benefício percebido. Valor percebido. Intenção de compra. Justiça em preços.

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ABSTRACT This study investigated the impact of Corporate Social Responsibility (CSR) in consumer´s behavior and chooses in lodge industry. Specifically, it has investigated if CSR have a positive influence on the perceive benefit and value in a firm’s offer and if customers was available to lodge in companies that invests in CSR, but charges prices 10% higher than their competitors. Thus, this study examines if this extra price was considerate as fair and if this judge had influenced buyer´s decision. In this study, was also analyzed two different lodge´s type: a luxury hotel (a more expensive one) and an inn (a more cheaper one). So, it was examined if the responses vary in each type of lodge. The methodology of this study was experimental, using research scenarios and this sample was composed by 121 people. Their results pointed that the sample´s consumers perceived benefit and value of lodge that invested in CSR; the sample was available to lodge in this firms and the extra price charged was considerate as fair. Furthermore, there wasn´t any difference in more expensive or cheaper lodge´s results. Key-words: Lodge. CSR. Perceived benefit. Perceived value. Availability of buy. Prices fairness.

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LISTA DE SIGLAS

CEDECA Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves

de Roussan

EMBRATUR Instituto Brasileiro de Turismo

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

INFRAERO Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária

IVA Instituto de Valo Ambiental

OMT Organização Mundial de Turismo

RSC Responsabilidade Social Corporativa

SISTUR Sistema de Turismo

UFF Universidade Federal Fluminense

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Resultado de um item da pesquisa “Descobrindo o Consumidor

Consciente: Uma nova visão da realidade brasileira” ............................................... 32

Tabela 2: Diferença de preços dos hotéis de luxo no cenário de pesquisa ............... 58

Tabela 3: Diferença de preços das pousadas no cenário de pesquisa ..................... 58

Tabela 4: Itens da escala de mensuração da percepção de justiça dos preços ....... 62

Tabela 5: Grau de correlação entre as variáveis e carga fatorial .............................. 66

Tabela 6: Significância da carga fatorial baseada no tamanho da amostra .............. 66

Tabela 7: Teste de KMO e Bartlett's - análise fatorial ............................................... 76

Tabela 8: Variância total explicada ............................................................................ 76

Tabela 9: Resultados da análise fatorial ................................................................... 78

Tabela 10: Coeficiente alfa de Cronbach .................................................................. 80

Tabela 11: Teste de normalidade das variáveis - Kolmogorov-Smirnov ................... 81

Tabela 12: Análise descritiva das variáveis de verificação ........................................ 82

Tabela 13: Análise descritiva das variáveis de verificação nos diferentes cenários .. 82

Tabela 14: Teste de Mann-Whitney U - Sexo............................................................ 84

Tabela 15: Teste de Mann-Whitney U - Faixa Etária ................................................. 84

Tabela 16: Teste de Mann-Whitney U - distribuição de renda .................................. 84

Tabela 17: Teste de Mann-Whitney U - escolaridade ............................................... 84

Tabela 18: Resultados do teste de Kruskal Wallis .................................................... 85

Tabela 19: Resultado ANOVA – benefício e valor percebido .................................... 86

Tabela 20: Resultado ANOVA – disposição em pagar .............................................. 86

Tabela 21: Resultado ANOVA – justiça em preços ................................................... 86

Tabela 22: Post hoc test de Bonferroni – Benefício e valor percebido ...................... 88

Tabela 23: Post hoc test de Bonferroni – Disposição em pagar ................................ 89

Tabela 24: Post hoc test de Bonferroni – Justiça dos preços .................................... 90

Tabela 25: Resultado descritivo por grupos – Benefício e valor percebido ............... 91

Tabela 26: Resultado descritivo por grupos – Disposição em pagar ......................... 91

Tabela 27: Post Resultado descritivo por grupos – justiça em preços ...................... 92

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Modelo do SISTUR .................................................................................... 18

Figura 2: Modelo do Subsistema de Produção.......................................................... 18

Figura 3: Tipos de Meios de Hospedagem ................................................................ 19

Figura 4: Categoria dos Meios de Hospedagem ....................................................... 21

Figura 5: Ações de RSC realizadas por grandes e pequenos empreendimentos

hoteleiros. .................................................................................................................. 29

Figura 6: Fatores que determinam o comportamento do turista ................................ 35

Figura 7: Fatores que influenciam o comportamento do consumidor de turismo

(fatores do entorno e pessoais) ................................................................................. 36

Figura 8: Hierarquia das necessidades de Maslow ................................................... 40

Figura 9: Quadro-Resumo de Pesquisas sobre Responsabilidade Social Corporativa

e Comportamento do Consumidor ............................................................................ 41

Figura 10: Síntese dos Conceitos de Valor Analisados ............................................. 44

Figura 11: Modelo de valor percebido ....................................................................... 46

Figura 12: Modelo de percepção de preço e valor .................................................... 47

Figura 13: Experimento fatorial 2x2 ........................................................................... 52

Figura 14: Sites onde os cenários de pesquisa foram disponibilizados .................... 54

Figura 15: Distribuição da amostra da pesquisa ....................................................... 73

Figura 16: Gráfico dos dados demográficos da amostra (sexo) ................................ 74

Figura 17: Gráfico dos dados demográficos da amostra (faixa etária) ...................... 74

Figura 18: Gráfico dos dados demográficos da amostra (renda familiar) .................. 75

Figura 19: Gráfico dos dados demográficos da amostra (escolaridade) ................... 75

Figura 20: Gráfico Scree Plot .................................................................................... 77

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 13

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 17

2.1 MEIOS DE HOSPEDAGEM ........................................................................................... 17

2.1.1 Hotéis de Luxo e Pousadas ........................................................................................ 21

2.1.2 Preços nos Meios de Hospedagem ............................................................................. 22

2.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA (RSC) ............................................... 24

2.2.1 Histórico da Responsabilidade Social Corporativa ...................................................... 27

2.2.2 RSC e o Turismo ........................................................................................................ 29

2.2.3 RSC e o Comportamento do Consumidor ................................................................... 31

2.2.4 RSC e o Turista .......................................................................................................... 34

2.2.5 RSC e Preços ............................................................................................................. 38

2.3 VALOR PERCEBIDO – BENEFÍCIOS X SACRIFÍCIOS ................................................. 44

2.3.1 Valor Percebido e Justiça Percebida dos Preços ........................................................ 48

3 METODOLOGIA ............................................................................................................... 51

3.1 O MÉTODO ................................................................................................................... 51

3.2 INSTRUMENTO DE PESQUISA .................................................................................... 53

3.2.1 Método de Descrição do Cenário de Pesquisa ........................................................... 55

3.2.1.1 Meios de Hospedagem ............................................................................................ 55

3.2.1.2 RSC ......................................................................................................................... 56

3.2.1.3 Pré- teste ................................................................................................................. 57

3.3 VERIFICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA E DA VARIÁVEL INDEPENDENTE

............................................................................................................................................ 58

3.3.1 Verificação do cenário de pesquisa............................................................................. 59

3.3.2 Verificação da Variável Independente (RSC) .............................................................. 59

3.4 MEDIÇÃO DAS VARIÁVEIS DEPENDENTES ............................................................... 60

3.4.1 Valor Percebido .......................................................................................................... 60

3.4.2 Benefício Percebido .................................................................................................... 61

3.4.3 Intenção de Compra ................................................................................................... 61

3.4.4 Justiça Percebida do Preço......................................................................................... 62

3.5 AMOSTRA ..................................................................................................................... 63

3.6 TRATAMENTO DOS DADOS ........................................................................................ 64

3.6.1 Avaliação das Escalas de Pesquisa ............................................................................ 64

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3.6.2 Verificação da Normalidade das Variáveis .................................................................. 67

3.6.3 Teste de possíveis covariantes ................................................................................... 68

3.6.4 Tratamento experimental ............................................................................................ 69

3.6.5 Outras Análises ........................................................................................................... 71

3.7 Limitações da Pesquisa ................................................................................................. 71

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................................................... 73

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA DA PESQUISA ..................................................... 73

4.2 AVALIAÇÃO E AGRUPAMENTO DAS ESCALAS ........................................................ 75

4.3 VERIFICAÇÃO DA NORMALIDADE DA AMOSTRA ..................................................... 80

4.4 VERIFICAÇÃO DA VARIÁVEL RSC E DA COMPREENSÃO DO CENÁRIO ................. 81

4.5 RESULTADO DA VERIFICAÇÃO DE POSSÍVEIS COVARIANTES ............................. 83

4.6 TRATAMENTO EXPERIMENTAL ............................................................................. 84

5 CONCLUSÕES ............................................................................................................ 94

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 98

APÊNDICE A – Mensagem para solicitação de participação na coleta de dados .............. 106

APÊNDICE B - Mensagem de apresentação do cenário de pesquisa (inserida em todas as

primeiras páginas dos sites) .............................................................................................. 106

APÊNDICE C – Páginas do site - cenário do grupo de controle (hotel de luxo) ................. 106

APÊNDICE D – Páginas do site – variável RSC – grupo experimental (hotel de luxo) ....... 108

APÊNDICE E – Páginas do site - cenário do grupo de controle (pousada) ........................ 109

APÊNDICE F – Páginas do site – variável RSC – grupo experimental (pousada) .............. 111

Página 5 ............................................................................................................................ 111

APÊNDICE G – Exemplo de questionário sem RSC insinuada .......................................... 112

APÊNDICE H – Exemplo de questionário com RSC insinuada .......................................... 113

APÊNDICE I – Perguntas demográficas sobre os respondentes ....................................... 114

APÊNDICE J – Lista de principais produtos e serviços oferecidos por hotéis de luxo para a

descrição do cenário .......................................................................................................... 115

APÊNDICE K - Lista de principais produtos e serviços oferecidos por pousadas para a

descrição do cenário .......................................................................................................... 116

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1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o desenvolvimento do turismo têm sido crescente e sua

importância destacada. No mundo todo, o número de chegadas de turistas

aumentou em 206,7 milhões entre 2003 e 2007. Na França, país que mais recebe

turistas no mundo, a quantidade de turistas aumentou em 6,9 milhões entre 2003 e

2007. Já no Brasil, o número de entradas aumentou em 4,1 milhões em 2003 e 5,0

milhões em 2007 (MINISTÉRIO DO TURISMO, 2008).

Apesar da pouca quantidade do número de chegada de turistas no Brasil em

comparação ao mundo e a França, o turismo gerou no país uma receita cambial de

2,5 bilhões de dólares em 2003 e 5,0 bilhões de dólares em 2007 (MINISTÉRIO DO

TURISMO, 2008).

Além disso, de acordo com o relatório do Ministério do Turismo (2008):

“Estatísticas Básicas do Turismo – Brasil 2003 a 2007”, o número de empresas

cadastradas no Ministério do Turismo também cresceu no país, com exceção da

categoria flats, apart-hotéis e condohotéis, a saber:

- Agências de viagens – aumento de 30,10%;

- Meios de hospedagem – aumento de 20,75%

- Flats, apart-hotéis e condohotéis – decréscimo de 1,71%;

- Parques temáticos – aumento de 30,10%;

- Agências de viagens – aumento de 48,78%;

- Transportadoras turísticas – aumento de 28,08%;

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- Organizadoras de eventos (congressos, convenções e congêneres) - aumento de

33,52%;

- Organizadoras de feiras, exposições e congêneres - aumento de 258,62%;

- Prestadoras de serviços especializados para organização de eventos - aumento de

136,78%.

Com todo esse crescimento é natural que a competição entre as empresas

turísticas seja cada vez maior. Assim, para conseguir evoluir e se manter de forma

competitiva neste contexto, é necessário que essas organizações possuam

características diferenciais, que as destaquem das demais e conquistem o

consumidor.

Concomitantemente ao intenso crescimento do turismo e a conseqüente

competição entre suas empresas, estão os impactos negativos que são causados no

ambiente no qual o turismo se insere. Esses impactos ocorrem porque o fenômeno

turístico acarreta uma interação espontânea entre diferentes pessoas e lugares, em

toda a sua amplitude (cultural, econômica, social, ambiental).

Nesse contexto, o comportamento do turista também vem se modificando.

Sua forma de consumo vem se alterando de um consumidor de massa para um

consumidor mais responsável, que procura uma nova experiência e que respeita o

ambiente e os moradores locais (FRANTZ; PEREIRA, 2006). Com isso, é cada vez

mais comum a exigência desse consumidor pelas práticas de Responsabilidade

Social Corporativa (RSC).

A RSC representa uma série de atitudes empresariais que, além do objetivo

de gerar lucro, visam contribuir com o desenvolvimento econômico, social e

ambiental do local onde se inserem (INSTITUTO ETHOS, 2003; ASHLEY et al.,

2005). Este tema possui grande relevância no contexto atual e tem sido bastante

discutido, tanto no meio acadêmico quanto no corporativo. Além disso, muitas

empresas têm usado o tema como uma importante estratégia competitiva (SERPA,

2005).

No turismo este conceito é adequado, já que um de seus maiores desafios é

atuar de forma sustentável. De acordo com a World Conservartion Union (IUCN,

2001) apud Organização Mundial do Turismo (OMT, 2001, p. 245) o turismo

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sustentável é “o processo que permite o desenvolvimento sem degradar ou esgotar

os recursos que tornam possíveis o mesmo desenvolvimento”.

Entretanto, há um paradoxo nesta relação. Muitas vezes, para que uma

empresa invista em RSC, é necessário que ela aumente seu preço a fim de pagar

custos extras inerentes a essa ação. Todavia, essa atitude pode não ser bem vista

pelo consumidor (MOHR ; WEBB, 2005). Essa estrutura de custos diferenciada pode

até mesmo ameaçar a permanência da empresa no mercado, já que os seus preços

se tornariam maiores do que o dos seus concorrentes (SERPA, 2005).

A literatura sobre a RSC indicou muitas vezes que o consumidor percebe um

benefício adicional na aquisição de produtos associados à RSC (SERPA, 2005;

MOHR ; WEBB, 2005; SEN ; BHATTACHARYA ; KORSCHUN, 2006). Mas será que

o consumidor pagaria um preço mais alto por esse benefício?

Para responder a esse questionamento, o objetivo principal deste trabalho é

avaliar como o turista se comporta em um processo de compra no qual o meio de

hospedagem que investe em RSC pratica um preço mais alto do que a concorrência.

São avaliados dois tipos distintos de meio de hospedagem - hotéis de luxo,

representando uma faixa alta de preço; e pousadas, representando uma faixa mais

baixa de preço.

O estudo tem como objetivos específicos: investigar se os turistas possuem

uma percepção de benefício e valor adicionais dos meios de hospedagem que

investem em RSC e se eles estão dispostos a se hospedar nessas empresas se os

preços forem mais altos. Além disso, analisa-se se a diferença de preço é

considerada justa pelo consumidor e se essas variáveis se alteram do meio de

hospedagem mais barato (pousada) para o mais caro (hotel de luxo).

A pesquisa é quantitativa, experimental, operacionalizada por meio de

cenários e questionários de pesquisa. O objetivo deste método é verificar se a RSC

possui efeito nas variáveis dependentes: disponibilidade em pagar, benefício

percebido, valor percebido e percepção de justiça do preço. A amostra da pesquisa

é não probabilística por conveniência, composta por 121 pessoas.

A relevância principal desse estudo é a análise da RSC sob o ponto de vista

do consumidor – turista – e a sua relação simultânea com as reais necessidades

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empresariais. Apesar da quantidade de trabalhos sobre RSC e da importância do

tema, no turismo muito pouco foi estudado sob esta ótica.

Além disso, o estudo analisa uma importante variável das decisões

gerenciais: o preço. Em função do desafio para os administradores, que é precificar,

o preço se torna uma valiosa variável para o marketing, já que é a única que traz

receita direta enquanto as outras (produto, praça e promoção) implicam em gastos

(MONROE, 2005).

Conseqüentemente, este trabalho se configura como um indicador adicional

aos gestores de turismo, especificamente dos meios de hospedagem, para a

importância do investimento em RSC. Deste modo, esses empresários poderão

avaliar se é possível compensar os eventuais custos desse investimento com um

relativo aumento nos preços.

O conteúdo deste trabalho é desenvolvido em cinco capítulos. O primeiro

capítulo introduz o tema da pesquisa, assim como seus objetivos, método,

relevância e delimitações. O segundo capítulo apresenta uma revisão teórica sobre

os temas tratados e o terceiro capítulo aborda a metodologia e as ferramentas

utilizadas para o tratamento dos dados. O quarto capítulo apresenta os resultados

obtidos na pesquisa e o quinto capítulo expõe às considerações finais.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura deste estudo está dividida em três seções. A primeira

seção se inicia com uma revisão sobre os meios de hospedagem, sua importância e

a diferença entre duas variáveis desse estudo: hotel de luxo e pousada em relação

as suas características gerais e de preço.

A segunda seção se inicia com a conceituação e com o contexto histórico da

RSC. Posteriormente são apresentados efeitos da RSC no comportamento do

consumidor atual e do turista, sua inserção no contexto turístico e os principais

resultados de estudos empíricos sobre o impacto da RSC nas reações do

consumidor ao preço.

A terceira seção apresenta o modelo de valor percebido e estudos científicos

que mostram a relação entre valor percebido, RSC, justiça percebida dos preços e

disposição do consumidor em pagar por determinado produto ou serviço.

2.1 MEIOS DE HOSPEDAGEM

De acordo com o Sistema de Turismo (SISTUR), modelo de referência

elaborado por Beni (2000), o turismo é composto por três grandes conjuntos -

conjunto da organização estrutural, conjunto das relações ambientais e conjunto das

ações operacionais - e respectivamente por subconjuntos, denominados

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subsistemas – superestrutura, infra-estrutura, ecológico, social, econômico, cultural,

produção, mercado, consumo e distribuição – que funcionam de forma integrada

(BENI, 2000) (Figura 1).

Figura 1: Modelo do SISTUR Fonte: Beni (2000, p. 50)

Os meios de hospedagem ou alojamentos estão inseridos no conjunto das

ações operacionais, no subsistema de produção (figura 2) e correspondem aos

empreendimentos mais importantes desse subsistema. Isso porque, com poucas

exceções, é o local que acomoda as pessoas em sua viagem, ação esta

imprescindível para o bom funcionamento do turismo em um determinado destino

(GAZONI, 2005).

Figura 2: Modelo do Subsistema de Produção Fonte: Beni (2000, p.192)

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A OMT define os meios de hospedagem como: “o sistema comercial de bens

materiais e inatingíveis dispostos para satisfazer às necessidades básicas de

descanso e alimentação dos usuários fora de seu domicilio” (OMT, 2001, p. 79).

Sendo assim, a função básica dos empreendimentos hoteleiros, que os diferem de

outros tipos de negócios, é o serviço de alojamento (MEDLIK ; INGRAM, 2002).

Apesar disso, os meios de hospedagem também costumam oferecer uma série de

serviços complementares, como por exemplo, a alimentação (OMT, 2001).

A importância dos meios de hospedagem no sistema de turismo não se limita

a acomodar pessoas fora de seu lar. Segundo Medlik e Ingram (2002) outros papéis

podem ser desempenhados por esses empreendimentos, como:

- Abrigar grandes reuniões de negócios;

- Ser uma importante fonte de obtenção de moeda estrangeira (contribui com a

balança de pagamento em seus países);

- Empregar um grande número de pessoas;

- Consumir uma série de produtos de outras indústrias (mobílias, alimentação, bens

de consumo);

- Ser, em muitos casos, um atrativo a mais para os turistas.

A quantidade e complexidade dos serviços oferecidos pelos meios de

hospedagem dependem diretamente do seu tipo e no caso dos hotéis, da categoria.

De acordo com a Deliberação Normativa n. 387 de 1998 os tipos básicos de meios

de hospedagem podem ser definidos conforme ilustra a figura 3:

Tipos Definição

Hotel Meio de hospedagem do tipo convencional e mais comum localizado em

perímetro urbano. Tem como clientela especial a mista, com executivos e turistas,

predominando ora uns, ora outros. É edificado em vários pavimentos, com partido

arquitetônico vertical. A infra-estrutura volta-se para serviços de hospedagem e,

dependendo da categoria, revela alguma infra-estrutura para lazer e negócios.

Hotel Histórico Meio de hospedagem instalado, total ou parcialmente, em edificação de valor

histórico ou de significado regional ou local reconhecido pelo Poder Público e que,

em razão disso, está normalmente sujeito a restrições da natureza arquitetônica e

construtiva, localizados em prédios, locais ou cidades históricas, tanto no meio

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Tipos Definição

urbano e rural. A edificação onde é estruturado, portanto, é prédio tombado pelo

IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) ou de significado

histórico ou valor regional reconhecido. A clientela deste tipo de empreendimento

é uma clientela mista com executivos e turistas e com predominância variável de

uns e outros. Sua infra-estrutura, normalmente, está restrita à hospedagem.

Hotel de Lazer Meio de hospedagem normalmente localizado em áreas rurais ou locais turísticos

fora do centro urbano, com áreas não edificadas amplas, em pavimento único com

partido arquitetônico horizontal. Tem como clientela preferencial os turistas em

viagens de recreação e lazer. Seu aspecto arquitetônico e construtivo, áreas,

instalações, equipamentos e serviços são destinados a recreação e ao

entretenimento.

Pousada Meio de hospedagem localizado em locais turísticos normalmente fora do centro

urbano. É edificado predominantemente, com partido arquitetônico horizontal e

possui aspectos arquitetônicos e construtivos, instalações, equipamentos e

serviços mais simplificados, normalmente limitados ao necessário à hospedagem

do turista para aproveitamento do atrativo turístico junto ao qual o estabelecimento

se situa. Predominantemente construído em partido arquitetônico horizontal,

destina-se preferencialmente a turistas em viagens de recreação e lazer. Sua

infra-estrutura volta-se predominantemente para a hospedagem.

Figura 3: Tipos de Meios de Hospedagem Fonte: Elaboração própria a partir da EMBRATUR, Deliberação Normativa n. 387 (1998, p. 50)

Além disso, existem outros tipos de classificação, mais mercadológicas e não

oficiais dos meios de hospedagem:

- Localização (hotéis de cidade, praia, montanha) (ANDRADE ; BRITO ; JORGE,

2002 apud WANDERLEY 2004, p.35);

- Mercado que atua (hotéis para executivos, lazer ou saúde) (DUARTE, 1999);

- Capital social (empresa individual, sociedade por cotas limitadas, sociedade

anônima ou sociedade em conta de participação) (DUARTE, 1999);

- Porte (pequeno, médio, grande) (DUARTE, 1999).

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2.1.1 Hotéis de Luxo e Pousadas

O hotel, especificamente categorizado como de luxo, possui variadas

denominações, como 5 estrelas, categoria A, Luxo, de acordo com cada país

(UZEDA ; SECUNDINO, 1985). No Brasil, de acordo com o regulamento do sistema

oficial de classificação de meios de hospedagem, da deliberação normativa n. 429

de 2002, a categoria máxima de um hotel é denominada como “super luxo”, como

mostra a figura 4.

Categoria Símbolo

Super Luxo SL

Luxo

Superior

Turístico

Econômico

Simples

Figura 4: Categoria dos Meios de Hospedagem Fonte: Ministério do Turismo, Deliberação normativa n. 429 (2002, p.3)

De acordo com alguns autores (UZEDA ; SECUNDINO, 1985; ANDRADE,

2002) além de todos os requisitos básicos que um hotel deve oferecer, um hotel de

luxo é aquele que possui um padrão distinto, para uma clientela bem selecionada,

tanto no modo de tratamento dos clientes, quanto na sua estrutura e serviços

oferecidos.

Esses hotéis devem possuir imponência na sua arquitetura, decoração,

mobiliário e estilo e ter uma estrutura apta a comportar cabeleireiros, restaurantes

luxuosos, centro de convenções, boate, lojas, joalherias, casas de câmbio, agências

de viagens, área de lazer, heliporto, correio, bares, piscinas, quartos bem mobiliados

e atapetados, tudo na mais rigorosa conservação de limpeza.

Além disso, devem oferecer diversos serviços como: guias de turismo, baby

sitter e um excelente serviço de atendimento aos hóspedes, como por exemplo,

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tratá-los pelo nome, recebê-los com um balde contendo o seu espumante preferido

(se ele já tiver se hospedado antes), ou flores para senhoras.

Já a pousada, além da caracterização obtida na Deliberação Normativa n. 387

de 1998, se distingue por ser um meio de hospedagem considerado de pequeno

porte, pelo restrito número de funcionários, o tipo de propriedade, que na maioria

das vezes é familiar, estrutura organizacional enxuta e serviços e estrutura simples

(CARMO ; JESUS, 2007; TEIXEIRA, 2004).

Esse empreendimento, que foi originado da tradição européia de hospedar

viajantes em trânsito, possui um relacionamento intimista e acolhedor e uma

atmosfera aconchegante. Normalmente, nesse meio de hospedagem, o hóspede se

sente em casa. Além disso, ele tem um relacionamento direto com o proprietário: é

atendido e convive pessoalmente com ele em algumas situações, como no café da

manhã e em ambientes sociais (sala, ambiente externo) (CHON ; SPARROWE,

2003).

Além de ser mais acolhedor e possuir processos mais rápidos e menos

complexos - não tem filas no check-in e check-out como em grandes hotéis, por

exemplo - (CHON ; SPARROWE, 2003) outra vantagem da pousada é o seu preço

que é muito mais acessível do que de um hotel de grande porte.

2.1.2 Preços nos Meios de Hospedagem

No turismo é comum que o preço acabe se tornando um importante fator de

escolha. Segundo Lemos (2004), o setor turístico é altamente sensível aos preços,

uma vez que se trata de um bem de consumo, de certa forma, supérfluo, por não

fazer parte das necessidades básicas dos indivíduos como a alimentação,

educação, saúde, transporte.

Normalmente, todas as ações de consumo de um produto turístico são bem

planejadas e pensadas, pois dificilmente alguém decide viajar impulsivamente. A

escolha de um produto turístico é um equilíbrio entre aquilo que o turista deseja e

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aquilo que o turista pode pagar, principalmente no Brasil, onde a renda da maioria

da população é limitada (LEMOS, 2004).

Entretanto, em alguns casos, preços mais altos podem ser atrativos no

turismo, já que é comum que algumas pessoas viagem por status (LEMOS, 2004).

Sendo assim, o preço acaba sendo visto como um tangibilizador da qualidade

(KOTLER, 2000).

A política de preços na hotelaria, embora muito semelhante ao do turismo de

forma geral, possui algumas peculiaridades. Alguns fatores são determinantes para

que os preços cobrados sejam definidos por um meio de hospedagem:

sazonalidade, tipo de acomodação, localização, acordos e padrão (WEISE ;

CARIONI, 2006; TEIXEIRA, 2004).

Os preços em meios de hospedagem são cobrados como “diárias”. De

acordo com o regulamento geral dos meios de hospedagem, a diária compreende o

preço de hospedagem correspondente à utilização da unidade habitacional e dos

serviços incluídos, observados os horários fixados para entrada (check-in) e saída

(check-out) (CALDAS, 2005).

Em função da sazonalidade do fenômeno turístico, os preços dessas

empresas variam de acordo com a época do ano e dias da semana. Na alta

temporada (no Brasil, por exemplo, de dezembro a março, mais junho e julho),

quando a taxa de ocupação é maior, os preços atingem seu ponto máximo. O

mesmo acontece nos finais de semanas e feriados, independente da época

(TEIXEIRA, 2004).

O contrário ocorre nos meses de baixa e média temporada, em que a

ocupação é menor. Nestes casos, é comum que os hotéis dêem descontos

especiais para diminuir os efeitos negativos da sazonalidade (TEIXEIRA, 2004). A

taxa média de ocupação ideal para que um hotel prospere é acima de 80%,

entretanto poucos hotéis atingem esse patamar. Além disso, taxas médias abaixo de

20% são perigosas para o futuro do hotel (WEISE ; CARIONI, 2006).

Também há diferença de preços de acordo com o tipo de acomodação. Há

um preço para o quarto tipo single (para uma pessoa), duplo (para duas pessoas ou

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casal), triplo e quádruplo (TEIXEIRA, 2004). Quanto mais pessoas se hospedarem

na acomodação, maior o preço de sua diária, entretanto menor o valor por pessoa.

Em função dos altos custos fixos dos meios de hospedagem, são realizados

acordos entre estes e as operadoras turísticas. O custo fixo de um hotel é aquele

que existe independentemente da sua taxa de ocupação - impostos, aluguel

(CASTELLI, 2003 apud CALDAS, 2005, p.62). Como as operadoras possuem um

grande número de clientes, que garantem uma alta taxa de ocupação, pagam por

preços menores.

Por fim, outras variáveis que influem nos preços de meios de hospedagem

são a localização e o padrão. Quanto melhor for a localização do hotel, melhor será

o seu padrão e conseqüentemente maior o seu preço. O aumento do padrão do

hotel está diretamente ligado à qualidade dos serviços oferecidos, da localização,

dos consumidores alvos e do preparo dos funcionários no atendimento (WEISE ;

CARIONI, 2006).

No presente estudo definiu-se que o meio de hospedagem que representa

uma alta faixa de preço é o hotel de luxo e o que representa uma baixa faixa de

preço é a pousada. Essa diferença de preços entre eles existe por fatores como as

suas diferenças de estrutura física, localização e serviços, conforme explicitado nas

seções anteriores.

2.2 RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA (RSC)

Nos últimos anos, as empresas têm passado por um período de transição no

qual o seu maior desafio deixa de ser simplesmente gerar lucros e passa a ser

desenvolver práticas de desenvolvimento sustentável e responsável (LEMOS, 2006).

Com isso, o conceito de Responsabilidade Social Corporativa (RSC) tem sido

bastante discutido no meio acadêmico e empresarial.

Ao se estudar o tema, observa-se que o seu conceito ainda está em

construção e que o próprio termo parece estar em processo de definição. Há

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diversas denominações encontradas como: Responsabilidade Social Empresarial,

somente Responsabilidade Social, Cidadania Corporativa, Gestão Social, Gestão

Responsável, além de outros inúmeros termos em inglês. (QUELHAS ; ALLEDI,

2006).

Assim como as suas definições e termos, as suas formas de abordagens, que

são inúmeras, também se confundem (BARBERO ; BRITTO, 2004). Isso porque a

literatura sobre a RSC apresenta diferentes dimensões: ambiental, tecnológica,

econômica, social, política (LEMOS, 2006), além da ética e cultural (ASHLEY et al.,

2005); e pode abordar um vasto leque de temas: bem estar dos trabalhadores,

responsabilidade com os produtos, impactos no meio ambiente (CARROL, 1979

apud BARBERO ; BRITTO, 2004, p.7).

Entretanto, ao longo da história duas visões sobre a RSC se destacaram: a

visão econômica clássica de Friedman, que define a empresa socialmente

responsável como aquela que tem como principal objetivo gerar lucro e atender aos

interesses dos seus acionistas, tudo isso de acordo com a Lei; e a visão sócio-

econômica, mais ampla, que define que a RSC deve promover o bem-estar social

(FERRELL et al., 2001 apud SERPA, 2005, p.6). Essa última visão pode abordar

vários tipos de dimensões e temas.

Ao analisar a literatura existente sobre RSC observa-se que a visão-

econômica clássica, independentemente do tema e dimensões estudados, é a que

tem predominado nos últimos anos (CREYER ; ROSS, 1997; AUGER et al., 2003;

MOHR ; WEBB, 2005; SERPA, 2005; SEN ; BHATTACHARYA ; KORSCHUN, 2006;

MANAKTOLA ; JAUHARI, 2007; SERPA ; FOURNEAU, 2007).

Uma pesquisa qualitativa realizada por Serpa e Fourneau (2007) constatou

que a maioria dos entrevistados considerava que os beneficiários da RSC eram os

clientes, funcionários e comunidade em geral. Os investidores e acionistas

(principais beneficiários da visão econômica clássica), praticamente não apareceram

nos depoimentos analisados.

O presente estudo também analisa a RSC sob o ponto de vista da visão

sócio-econômica. Em seguida, encontram-se algumas definições de RSC de acordo

com essa visão.

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Para o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social (2009),

organização sem fins lucrativos, que objetiva auxiliar as empresas a gerirem seus

negócios de acordo com os princípios de RSC:

Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais.

Em uma definição mais completa, proposta por Ashley (2000) apud Côrrea e

Medeiros (2000, p.4), a RSC:

Trata-se do compromisso contínuo nos negócios pelo comportamento ético que contribua para o desenvolvimento econômico, social e ambiental, pressupondo a realização de decisões empresariais que sejam resultado da reflexão sobre seus impactos sobre a qualidade de vida atual e futura de todos que sejam afetados pela operação da empresa.

De acordo com David Pirred1 apud Lemos (2006, p.13) tem-se que:

A RSC está intrinsecamente relacionada com o compromisso da empresa de que suas ações se traduzam em benefícios econômicos, sociais e ambientais para comunidades onde atuam, além da maximização da sua performance e do fornecimento de produtos e serviços de qualidade aos consumidores. As desigualdades e questões ambientais do mundo atual, e a constatação de que o Estado, sozinho, não será capaz de resolver as questões decorrentes trazem um novo desafio às organizações, que tem um novo papel no estabelecimento de novas relações entre consumidores, ONGs, governos e comunidades. A RSC requer que a empresa tenha conhecimento do ambiente político-social onde atua, bem como uma participação ativa no esforço de contribuir para um mundo melhor.

1 Presidente da Shell Brasil S/A

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2.2.1 Histórico da Responsabilidade Social Corporativa2

O grande número de teorias sobre RSC, ora divergentes ora complementares,

dificulta a sua definição e contextualização histórica conforme estabelecem Barbero

e Britto (2004). Assim, de forma didática, os autores dividem o histórico da RSC em

cinco momentos principais: (1) Idade Média (2) Idade Moderna (3) Idade

Contemporânea (4) Globalização da Economia (5) Período Recente (de 1990 até

hoje).

O primeiro momento se refere à Idade Média, onde se inicia o nascimento do

comércio. Nesta época, a atividade econômica não tinha como finalidade o lucro e

todo o excedente de capital era entregue à Igreja Católica. Nesta fase as empresas

não tinham direitos, somente deveres com a Igreja.

O segundo momento se refere à Idade Moderna. Nesta fase, o lucro e o

enriquecimento passavam a ser legítimos, mas com forte intervenção do Estado. As

empresas, nesta época, não realizavam ações de RSC e o enriquecimento

legitimizava qualquer ação, como por exemplo, a exploração dos povos da América.

O terceiro momento, da Idade Contemporânea, foi marcado pelo Liberalismo

econômico e pela livre iniciativa das empresas. Nesta fase, o foco da RSC era

enriquecer seus proprietários e acionistas, desde que a favor da lei. Além disso, os

valores sociais dessa época consideram que o indivíduo era o centro das atividades

econômicas, mas que devia zelar pelas pessoas desfavorecidas sócio e

economicamente. Assim, era um dever dos empresários auxiliarem individualmente

os menos afortunados.

A Revolução Industrial, que ocorreu nesta fase, foi um marco para a RSC, já

que a nova configuração das empresas impactava a sociedade como um todo. Foi

um momento no qual começavam a ser discutida condições de trabalho, êxodo rural

e desestabilização da estrutura social.

Foi nessa época que ocorreu o caso “Dodge versus Ford”, em que Henry Ford

(acionista majoritário) foi contra os interesses dos outros acionistas e decidiu

2 O conteúdo desenvolvido nesta seção fundamenta-se primordialmente no estabelecido por Barbero

; Brito (2004).

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distribuir parte os dividendos a causas sociais, como aumento dos salários. O caso

foi a julgamento e a Suprema Corte ficou a favor dos demais acionistas, alegando

que as empresas existiam para beneficiar seus acionistas (ASHLEY et al., 2005).

O quarto momento ficou marcado pela depressão econômica de 1929, no

qual os ideais do liberalismo econômico se enfraqueceram. Nesse momento as

empresas e o governo começaram a perceber que a busca unicamente pelo lucro

não era uma garantia de sucesso de seus negócios.

Esses fatos somados ao crescimento da economia após a II Guerra Mundial

(1945-60) começaram a impulsionar o estudo de novas facetas para os negócios e

assim a RSC ganhou força. Ações como - a preocupação das empresas na

adequação ao ambiente externo (competitividade, sociedade, governos); pressões

do movimento ambientalista dos anos 70, em função da crise do petróleo de 1973; o

surgimento nas relações internacionais e na esfera do Terceiro Setor; a

preocupação com o Desenvolvimento Sustentável; e a conferência das Nações

Unidas de Estocolmo em 1972 - marcaram essa época.

O quinto momento marcou a era da Globalização, com o fim da Guerra Fria e

abertura dos mercados. Esta foi a fase em que a RSC ganhou maior importância, já

que houve uma intensificação da preocupação do papel das empresas sobre temas

como: “segurança de produtos, honestidade nas campanhas publicitárias, proteção

ambiental, trato com minorias, trabalho com portadores de necessidades especiais

etc.” (BARBERO ; BRITTO, 2004, p. 6).

Este período foi marcado por duas fases distintas: época do crescimento da

economia mundial na década de 1990 e do “Neoliberalismo”; e o período atual, onde

os pressupostos liberais foram rediscutidos diante da queda nos índices econômicos

e sociais. Na primeira destas fases a RSC se fixou no mundo dos negócios e não

era vista somente como filantropia; já na segunda fase “a RSC ganha um caráter

internacional, embora procure enfatizar a atuação local” (UNCTAD, 1999 apud

BARBERO ; BRITTO, 2004, p. 7)

Já na segunda fase, a atual, as empresas (especialmente as multinacionais)

são vistas como o centro do desenvolvimento econômico e ganham uma grande

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carga de valores RSC, devendo ter o compromisso de se preocupar com os

problemas mundiais.

2.2.2 RSC e o Turismo

No Turismo, a análise e aplicações da RSC também crescem, em razão dos

inúmeros estudos realizados nos últimos anos sobre o turismo sustentável e a

relação da influência do fenômeno turístico na economia, sociedade, meio ambiente

e cultura de cada destino. Com isso, é evidente que todas as empresas que

compõem o sistema turístico, têm que contribuir de alguma forma para causar

menos impactos negativos.

No caso dos meios de hospedagem, muitos hoje já investem em RSC visando

produzir um turismo sustentável, atrair e satisfazer seus clientes. Segundo

reportagem da revista Guia 4 Rodas (2007), as principais ações de RSC dos meios

de hospedagem é a economia de energia, ao investir em sistemas alternativos,

como os sistemas de captação de energia solar.

Na figura 5 podem se visualizar de forma resumida algumas ações de RSC

realizadas por grandes e pequenos empreendimentos hoteleiros.

Empresa Localização e Porte

Tipo de RSC Ações

Sol Meliá Hotels & Resorts

Mundial. Grande porte.

Área social Combate a violência sexual contra crianças e adolescentes, feito em parceria com a CEDECA (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan). O auxílio também é obtido por meio da sensibilização dos colaboradores e clientes da empresa.

Resort Breezers Costa do Sauípe, operado pelo grupo SuperClubs

Mata de São João, na Bahia. Grande porte.

Área social Redução da pobreza através de empregos na região, de investimentos em programas de treinamento, projetos educacionais, cursos de capacitação e apoio às atividades locais.

Resort Starfish, também operado pelo SuperClubs.

Barra dos Coqueiros, no Sergipe. Grande porte.

Área social Geração de empregos na região, com vagas como: agentes de cozinha e de hospedagem, confeiteiros, cozinheiros, monitores e coordenadores de entretenimento, oficiais de manutenção, supervisores de área.

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Empresa Localização e Porte

Tipo de RSC Ações

Vitória Hotel Campinas

Campinas. Grande Porte.

Área ambiental

Ações que visam o bem-estar dos hóspedes, comprovado pelo certificado do Selo IVA (Instituto de Valo Ambiental), recebido recentemente. Este Selo avalia a qualidade de vida e bem-estar que a empresa pode proporcionar aos seus ocupantes.

Economia de energia elétrica (luzes temporizadas, ar-condicionado menos poluente e mais econômico, a presença de luz natural em diversos ambientes).

Economia de água (uso de torneiras econômicas).

Hotel Villa Rossa

São Roque – São Paulo. Grande porte.

Área ambiental

Atuação na preservação ambiental em parceria com a Fundação S.O.S. Mata Atlântica (plantação de mudas de árvores nativas em diferentes regiões).

Sensibilização dos hóspedes sobre a preservação na natureza.

Pousada Ronco do Bugio

Piedade – SP. Pequeno porte.

Área ambiental

Economia de energia e aproveitamento de água, com a utilização de uma turbina movida por uma queda d água.

Pousada Uacari

Amazonas. Pequeno Porte.

Área ambiental e social.

Sua construção foi realizada com cuidados para afetar minimamente a paisagem local.

Benefícios econômicos a população do entorno.

Pousada Villa Alegra

Tiradentes (MG). Pequeno Porte.

Área ambiental e social.

Preocupação com o meio ambiente - só utiliza madeira de eucaliptos de áreas de reflorestamento em suas caldeiras.

Reaproveitamento de água da chuva para molhar o jardim e limpar a piscina.

Investimento em educação ambiental.

Valorização do artesanato local e o folclore.

Pousada Chão de Serra

Serra do Cipó (MG). Pequeno Porte.

Área ambiental.

Economia de energia com a instalação de lâmpadas fluorescentes.

Pousada Arraial Velho

Tiradentes (MG). Pequeno Porte.

Área ambiental.

Reciclagem de sobras da pousada.

Doação de lixo orgânico para que ele seja transformado em ração para gado, cavalos e porcos.

Entrega do lixo inorgânico para reciclagem.

Rede Accor Mundial. Grande porte.

Área ambiental e social.

1º lugar do ranking das 20 empresas brasileiras com as melhores práticas de sustentabilidade do ano de 2007 pela Revista EXAME.

Várias campanhas ao redor do mundo como: Sonho de Criança, Campanha do Agasalho, Jovem Cidadão, Projeto Ecologia, Campanha Papai Noel.

Figura 5: Ações de RSC realizadas por grandes e pequenos empreendimentos hoteleiros. Fonte: Elaboração própria a partir de Lucania, (2008); Guia 4 Rodas (2007); Meu Mundo Sustentável (2008); Accor Brasil (2008)

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Apesar da dificuldade em se mensurar a quantidade total de empresas

turísticas e de meios de hospedagem que investem em RSC, pode-se observar que

a participação das mesmas ainda é muito pequena, principalmente entre as micros e

pequenas empresas.

Das 1381 empresas associadas ao Instituto Ethos, em 2008, menos de 10

são empresas de turismo. Das 47 empresas que participaram do balanço social 3 de

2007 somente uma era turística: a estatal Infraero. Nos últimos cinco anos menos de

10 empresas de Turismo participaram do balanço social, entre elas a Infraero,

Localiza e Tam.

2.2.3 RSC e o Comportamento do Consumidor

Como existe uma crescente preocupação dos consumidores em cobrar ações

de RSC das empresas, muitas delas estão visualizando esses investimentos como

uma importante vantagem competitiva (SERPA, 2005). Uma empresa que age de

maneira antiética ou que impacta negativamente o meio ambiente e/ou a população

local acaba sendo mal vista pelos seus stakeholders 4 o que pode prejudicar o seu

negócio (CREYER ; ROSS, 1997).

Apesar dos consumidores de países desenvolvidos serem mais ativos em

premiar e punir empresas, os brasileiros vêm mudando o seu comportamento nos

últimos anos, se destacando na América latina como um consumidor consciente. O

nosso consumidor já considera que as empresas não devem se restringir a pagar

impostos e gerar empregos, mas também ir além do que a lei determina e auxiliar na

melhoria da sociedade como um todo (Tabela 1) (INSTITUTO ETHOS, 2006).

3 Demonstrativo numérico sobre as atividades sociais da empresa realizada pelo Instituto Brasileiro

de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) (LOUETTE, 2008)

4 Todos os envolvidos com a empresa de alguma forma (funcionários, acionistas, clientes), no sentido

mais geral do termo (ASHLEY et al, 2005)

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Tabela 1: Resultado de um item da pesquisa “Descobrindo o Consumidor Consciente: Uma nova visão da realidade brasileira”

As pessoas têm diferentes opiniões quanto ao papel que as grandes empresas devem ter na sociedade. Do seu ponto de vista, grandes empresas deveriam...

Base: total da amostra (1000) 2000% 2001% 2002% 2004 %

Concentrar-se em gerar lucro, pagando impostos e gerando empregos cumprindo todas as leis.

41 31 34 35

Fazer tudo isso de forma a estabelecer padrões éticos mais elevados, indo além do que é determinado pela lei, ajudando ativamente a construir uma sociedade melhor para todos.

35 35 39 44

Ter um padrão de comportamento entre estes dois diferentes pontos de vista.

19 31 22 20

Fonte: Instituto Ethos (2004, p.88)

Em uma pesquisa qualitativa realizada por Serpa e Fourneau (2007), que

objetivava ampliar os conhecimentos sobre as reações dos consumidores a respeito

da RSC, constatou-se que parte dos entrevistados considerava que a RSC fazia

parte das obrigações das empresas. Além disso, para esses consumidores, fornecer

informações sobre os seus produtos e falar a verdade para o cliente eram

consideradas ações de RSC. Isso em decorrência da recente conscientização sobre

os direitos do consumidor no Brasil (SERPA ; FOURNEAU, 2007).

No entanto, outra parte dos entrevistados considerava que também era um

papel da RSC ajudar a resolver problemas sócio-econômicos do país. Essa

consideração provavelmente ocorreu porque o Brasil é um país com grande

desigualdade social, então é comum que os consumidores esperem que parte dos

lucros das empresas tenha como finalidade amenizar esses problemas (SERPA ;

FOURNEAU, 2007).

A pesquisa intitulada: “Descobrindo o Consumidor Consciente: Uma nova

visão da realidade brasileira”, realizada pelo Instituto ETHOS em 2003, foi muito

importante para nortear mais especificamente o perfil do consumidor brasileiro em

relação à RSC. Essa pesquisa foi feita com uma amostra bem variada, em nove

regiões metropolitanas e duas capitais, com homens e mulheres pertencentes a

todas as classes sociais, com a faixa etária entre 18 e 74 anos. Os respondentes

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foram divididos em quatro grupos denominados como: indiferentes, iniciantes,

comprometidos e conscientes.

De acordo com 94% da amostra, as empresas deveriam se preocupar mais

com o meio ambiente, 46% se estimulavam em comprar de empresas que contratam

deficientes físicos, 30% se estimulavam em comprar de empresas que apóiam

campanhas contra o trabalho infantil e 10% se estimulavam em comprar de

empresas que participam de projetos de conservação de áreas públicas.

Além disso, grande parte dos respondentes afirma que pagariam mais por

empresas que realizam projetos em favor do meio ambiente (72%), destinam parte

do lucro a obras sociais (71%), combatem o trabalho infantil (70%) e que o lixo que

gera é totalmente reciclável (67%).

Também, os respondentes afirmaram que pagariam de 5% a 10% a mais no

valor do produto/serviço, para empresas que realizam projetos em favor do meio

ambiente (30%), às que destinam parte do lucro a obras sociais (32%), às que

combatem o trabalho infantil (32%) e as que o lixo que gera é totalmente reciclável

(31%).

Em outra pesquisa, também do Instituto Ethos, intitulada “Responsabilidade

Social nas Empresas: Percepção do Consumidor Brasileiro” realizada entre 2006 e

2007, 77% dos brasileiros têm interesse em saber como as empresas tentam ser

socialmente responsáveis e uma larga maioria (dois em cada três entrevistados)

possuía uma visão positiva quanto à contribuição das grandes empresas para a

melhoria de nossa sociedade.

Dos respondentes, 76% atribuíram à empresa responsabilidade por ajudar a

resolver problemas sociais, tais como criminalidade, pobreza e baixa educação;

ajudar a reduzir a distância entre ricos e pobres; apoiar políticas e leis favoráveis à

maioria da população; e reduzir violações de direitos humanos no mundo. A

educação foi vista pela maioria como o principal tema que as empresas poderiam

contribuir.

No campo experimental, uma pesquisa realizada por Serpa (2005) com 264

pessoas, operacionalizada por cenários de pesquisa, examinou a influência da RSC

na percepção de benefício, valor e intenção de compra dos consumidores em um

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contexto em que a empresa socialmente responsável praticava um preço mais alto

do que a concorrência.

Nessa pesquisa constatou-se que os consumidores pesquisados perceberam

um benefício adicional e conseqüentemente maior valor na compra de um produto

vendido por uma empresa que investia em RSC. Além disso, esses consumidores se

consideraram estar dispostos a pagar 10% mais caro no produto vendido por ela.

Outro experimento realizado por Sen; Bhattacharya; Korschun (2006) apontou

que um alto grau de conhecimento de uma ação de RSC, realizado por uma

empresa podia trazer influências positivas aos seus stakeholders. Nessa pesquisa,

manipulou-se uma situação real de ação e divulgação da RSC (doação de uma

empresa a uma Universidade Pública, que foi amplamente divulgada nessa

Universidade e na sua comunidade em geral) e as percepções de seus verdadeiros

stakeholders (alunos da Universidade, que poderiam consumir, procurar emprego e

investir nessa empresa).

Os resultados mostraram que apesar da alta divulgação, somente 17% dos

entrevistados estavam cientes da doação. Entretanto, havia uma diferença

significativa na percepção e atitudes dos stakeholders entrevistados que tinham

conhecimento da ação de RSC, com os que não tinham. A maioria dos cientes tinha

uma relação mais positiva com a empresa (comportamentos, atitudes e

identificação), além de estarem mais dispostos a comprar (procurar emprego;

investir) nela.

2.2.4 RSC e o Turista

Mencionar consumidor de turismo ou turista é o mesmo que se referir a um

público que também consome uma série de outros bens e serviços. Entretanto, as

peculiaridades do Turismo tornam esse tipo de cliente especial. Sendo assim, é

indispensável que se estude as motivações desse mercado de forma específica.

Primeiramente, é importante que se defina o conceito de turista. Segundo a

OMT (2001), a demanda turística pode ser dividida em viajantes e visitantes; e entre

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turistas e excursionistas. Dentro desse conglomerado heterogêneo, há um grande

número de pessoas que se deslocam por motivos diferentes.

Os viajantes seriam “qualquer pessoa que viaje entre dois ou mais países ou

entre duas ou mais localidades em seu país de residência atual” (OMT, 2001, p.40).

Isto é, qualquer pessoa que se desloque de sua residência. Neste grupo encontram-

se pessoas que se deslocam a turismo (visitantes) ou por outras motivações

(imigrantes, nômades, refugiados, diplomáticos).

Dentro do grupo dos visitantes (pessoas que viajam a turismo), têm-se dois

grupos diferentes: os turistas ou excursionistas. Os turistas são aqueles que

pernoitam no local visitado, já os excursionistas são aqueles que visitam um destino

sem dormir nele, somente por um dia. Este estudo irá se referir somente ao turista,

já que estamos abordando os meios de hospedagem, ou seja, envolve turismo e

pernoite (OMT, 2001).

De acordo com a OMT (2001), vários são os fatores que delineiam o

comportamento do turista, conforme ilustra a figura 6.

Grupo de fatores determinantes

Subgrupos de fatores determinantes ou exemplos (Fatores aleatórios, relativos aos sistemas de comercialização e de produção)

Fatores econômicos Nível de renda disponível

Nível de preços

Política fiscal e controle de gastos em turismo

Financiamento

Tipos de Câmbio

Fatores relativos às unidades demandantes

Motivação

Condicionantes sócio-culturais

Formas e estilos de vida

Tempo de lazer

Costume de épocas

Crenças ideológicas, religiosas ou políticas

Fatores políticos

Fatores demográficos

Fatores aleatórios Guerras e Catástrofes

Situação política e risco de instabilidade

Fatores relativos aos sistemas de comercialização

Publicidade investida

Tecnologias

Conhecimento e implantação do produto

Força e presença do canal distribuidor

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Grupo de fatores determinantes

Subgrupos de fatores determinantes ou exemplos (Fatores aleatórios, relativos aos sistemas de comercialização e de produção)

Fatores relativos aos sistemas de produção

Qualidade técnica

Imagem

Meios de transporte a disposição

Segurança pública Figura 6: Fatores que determinam o comportamento do turista Fonte: Elaboração própria a partir de OMT (2001)

Segundo Sole, Pla e Campubrí (2002), o comportamento do consumidor,

assim como o de turismo, é influenciado por dois tipos de fatores: fatores do entorno

e pessoais; e os fatores de marketing. Os primeiros são aqueles que exercem

influência na opinião do consumidor e afetam sua decisão de compra, como os

fatores culturais, sociais, psicológicos (figura 7).

Figura 7: Fatores que influenciam o comportamento do consumidor de turismo (fatores do entorno e pessoais) Fonte: Traduzido pela autora de Sole, Pla e Campubrí (2002, p.56)

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Os fatores de marketing são todas as ações que visam oferecer um produto/

serviço a um mercado específico: fidelização dos clientes, relações públicas,

posicionamento dos produtos.

Especificamente no setor hoteleiro, segundo um estudo proposto por Castro

(2006), observa-se que as principais motivações dos clientes em uma hospedagem

são: o conforto do apartamento (32,29%), a qualidade dos equipamentos do

apartamento (27,60%), os serviços disponíveis (17,15%), o café da manhã (12,77%)

e o conforto do banheiro (10,19%).

Com tantas motivações e peculiaridades é difícil definir o comportamento do

turista de forma homogênea. Entretanto, ressalta-se atualmente um segmento de

mercado que está em evidência: um novo tipo de turista, mais consciente, que se

preocupa com os impactos de sua visita no destino turístico.

Durante a década de 80, as fronteiras do turismo de massa se expandiram a

ponto de preocupar antropólogos e outros cientistas sociais. O contato desenfreado

de um grande número de turistas com culturas que até então eram intocadas,

estimulou o nascimento de um “turista alternativo” (SERRANO et al., 2004).

O “turista alternativo” é “mais consciente, mais exigente, menos passivo e

mais preocupado com a qualidade das suas experiências durante a viagem”

(FRATUCCI, 2000, p.10). Neste tipo de turismo, “o turista deixa de ser o invasor, o

intruso, o estranho” (KNAFOU, 1996 apud FRATUCCI, 2000, p. 10) e passa a ser

alguém que troca informações culturais com o habitante local (FRATUCCI, 2000).

Esse tipo de turista se importa com o destino que visita, sua cultura,

comunidade e meio ambiente. Assim, é inequívoco que ele dê preferência a

empresas de turismo que tenham esse mesmo tipo de preocupação.

Uma pesquisa realizada por Manaktola e Jauhari (2007) buscou examinar a

influência da RSC (mais especificamente na área ambiental) no comportamento do

consumidor e sua intenção de pagar por essas práticas em meios de hospedagem,

na Índia.

O estudo, que utilizou métodos qualitativos e quantitativos, constatou que

esses consumidores estão conscientes sobre as práticas de RSC na Índia e

preferem se hospedar em empresas que fazem esse investimento. Entretanto, a

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maior parte desses entrevistados (52%) não está disposta a pagar por essas

práticas e considera que os meios de hospedagem devem arcar com esses custos.

Da amostra analisada somente 15% mostraram-se dispostos a pagar algo

pelas iniciativas ambientais. Desses sujeitos, 11% aceitariam pagar cerca de 25%

dos custos e 40% pagariam somente de 4% a 6% dos mesmos.

2.2.5 RSC e Preços

Muitas pesquisas sobre a RSC e comportamento do consumidor concordam

que o preço causa influência no processo de decisão de compra (SERPA, 2005;

MOHR; WEBB, 2005; AUGER et al, 2003; CREYER; ROSS, 1997) (Figura 9). Além

disso, de todos os artigos de pesquisa analisados (figura 9), mais da metade traz

contribuição a esse respeito.

É importante ressaltar, que investimentos em RSC podem originar custos

extras e que para se manterem competitivas, as empresas podem ter que repassar

esses custos extras aos seus preços. Com isso, um risco visualizado por essas

empresas é que esse aumento de preços possa trazer uma conseqüente queda nas

vendas, impossibilitando que se concorra com preços baixos (MOHR; WEBB, 2005).

Entretanto, muitas pesquisas na área concluíram que os consumidores estão

dispostos a pagar mais pelo produto/serviço de empresas que praticam alguma ação

de RSC (SERPA, 2005; MOHR; WEBB, 2005; CREYER; ROSS, 1997). Segundo o

experimento de Serpa (2005), os consumidores pesquisados se disponibilizariam a

pagar 10% mais caro no produto (calça jeans) de uma empresa que investia em

RSC.

Os atributos éticos, de forma mais específica, têm um forte impacto positivo

na intenção de compra do consumidor (AUGER et al, 2003; CREYER ; ROSS;

1997). De acordo com os resultados de Creyer e Ross (1997), os consumidores

pagariam mais caro por seus produtos, pois veem essa atitude como uma forma de

compensar o empenho da empresa em se manter ética. Em oposição, se estes

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consumidores tivessem que comprar em empresas antiéticas, somente o

comprariam por um preço mais baixo (forma de punição).

No campo experimental, Mohr e Webb (2005) realizaram um estudo em que

hipóteses foram testadas por meio de cenários de pesquisa. O experimento possuía

oito grupos experimentais e dois de controle. Nos grupos experimentais, os

respondentes se colocariam em uma situação aonde iriam a uma loja multimarca

para escolher um produto (tênis e meias).

Nesse processo de escolha o respondente escolheria pelo tênis e meia da

marca “A”, que tem reputação de fabricar produtos de qualidade. Esse produto

custaria mais (ou menos) do que os de outras marcas que ele pesquisou na loja.

Além disso, a empresa “A” possuía hábitos positivos (ou negativos) de RSC.

No cenário eram testados ações de RSC no âmbito filantrópico – se tinham

(ou não tinham) bons programas para compensar funcionários que trabalhavam em

causas sociais (como voluntários), costumavam doar (ou nunca doaram) seus

produtos – e no âmbito ambiental – poluíam mais (ou menos), usavam uma alta (ou

baixa) percentagem de produtos recicláveis, tinham bons (ou não tinha tinham)

programas de economia de energia e água.

O estudo concluiu que a RSC tinha efeito positivo tanto na avaliação da

empresa pelo consumidor quanto na sua intenção de compra, em ambos os

domínios (filantropia e meio ambiente). Nos cenários onde a ação positiva de RSC

era insinuada, os respondentes ficaram menos sensíveis ao alto preço, apesar da

RSC ter afetado mais a intenção de compra do que o preço.

O grupo de controle foi visto como tão positivo quanto o experimental, em que

ações positivas de RSC foram insinuadas. Isso porque, ou as pessoas não

pensavam na RSC quando respondiam ou porque deduziam que as empresas

adotavam essas práticas. Já no grupo experimental, que tinha ações negativas de

RSC, o impacto (neste caso negativo) foi mais forte do que nos outros grupos.

Apesar de muitos estudos apontarem que o consumidor está disposto a pagar

mais em empresas que investem em RSC, esta conclusão pode ser diferente no

Turismo. Isso por o Turismo ser um setor muito sensível aos preços, já que viajar

não faz parte de atitudes básicas do consumidor (LEMOS, 2004).

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Um exemplo disso é que o Turismo está entre as últimas necessidades

humanas (de estima e auto-realização) na pirâmide hierárquica propostas por

Maslow (KOTLER, 2006) (Figura 8).

Figura 8: Hierarquia das necessidades de Maslow Fonte: Maslow (1970) apud Kotler (2006, p.184)

De acordo com os resultados da pesquisa de Manaktola e Jauhari (2007), a

única analisada que relaciona os temas RSC, comportamento do consumidor,

preços e Turismo (figura 9), a maior parte desses entrevistados (52%) não está

disposto a pagar por ações de RSC em meios de hospedagem, considerando que

são as empresas que devem arcar com esses custos.

Entretanto, o estudo acima foi aplicado na Índia (a realidade no Brasil pode

ser diferente) e com algumas restrições na metodologia. Os autores consideraram

somente hotéis de grande porte, o que não representa de forma abrangente os

meios de hospedagem e realizou uma survey, perguntando diretamente aos

participantes se eles pagariam por essas práticas, o que pode influenciar as

respostas do consumidor.

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Assim, como esse tipo de estudo é escasso principalmente no Brasil, o

presente trabalho se torna ainda mais relevante, já que se configura como seu

objetivo analisar como se comporta o mercado turístico brasileiro em relação aos

preços e a RSC.

Para obter uma visão mais geral de estudos sobre a influência da RSC no

comportamento do consumidor nos últimos anos, foi construído um quadro (figura 9),

resumindo as publicações em ordem cronológica do período de 1997 a 2007.

Autor/ano Tema Estudo Principais Resultados

Creyer ; Ross

(1997)

RSC, Comportamento do Consumidor e preços

Survey realizada com uma amostra de 280 participantes, pioneiro em associar a RSC, comportamento do consumidor e preços. A pesquisa objetivava analisar o efeito de ações éticas ou antiéticas das empresas na percepção do consumidor e sua propensão em punir empresas.

Os resultados mostraram que atitudes éticas das empresas são fatores importantes a ser considerados em uma decisão de compra e que o comportamento ético das empresas é esperado pelos consumidores. Além disso, esses consumidores compensariam as empresas éticas pagando mais caro por seus produtos e se eles tivessem que comprar em empresas antiéticas, pelo menos teria que ser por um preço mais baixo (forma de punição).

Auger et al. (2003)

RSC, Comportamento do Consumidor e preços

Estudo experimental realizado com 1.253 que associava atributos de produtos (tênis e sabonete) com ações éticas das empresas que o comercializavam.

Os consumidores preferem comprar de empresas que tem atitudes vistas como éticas. As atitudes éticas mais valorizadas por essa amostra é o não uso de trabalho infantil e o não abuso de animais.

Instituto Ethos (2003)

RSC, Comportamento do Consumidor e preços

Grande survey, envolvendo uma amostra significativa da população brasileira, que visava analisar comportamentos e hábitos de consumo em relação à RSC.

Os consumidores brasileiros estão cada vez mais envolvidos com causas sociais e ecológicas e essas ações têm norteado seus hábitos de consumo, decisões de compra e até mesmo a escolha das empresas que devem consumir. Além disso, a maior parte da amostra afirmou que pagariam mais por produtos de empresas que investem em RSC.

Mohr ; Webb (2005)

RSC, Comportamento do Consumidor e

Estudo experimental, com 1.997 respondentes, onde

A RSC tem efeito positivo na avaliação da empresa pelo consumidor e na sua intenção de

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Autor/ano Tema Estudo Principais Resultados

preços cenários de pesquisa (escolha de compra de um tênis e meias) manipularam o efeito das seguintes variáveis: nível de RSC (positivo e negativo), preço (mais alto/baixo que da concorrência) e tipo de ação social (filantropia e meio ambiente) no comportamento do consumidor.

compra, em ambos os domínios (filantrópico e ambiental). A percepção negativa dos consumidores é mais forte (quando as empresas têm atitudes negativas de RSC) do que a percepção positiva (quando tem ações de RSC). A RSC afetou mais a intenção de compra do que o preço.

Serpa (2005)

RSC, Comportamento do Consumidor e preços

Pesquisa experimental, com hipóteses testadas por meio de cenários de pesquisa, que visava investigar a influência da RSC no benefício e valor percebido na oferta de uma empresa, e o julgamento de justiça do diferencial de preço cobrado por esta, maior que o da concorrência. Além disso, a pesquisa investigou se haveria algum diferencial nas reações de compra do consumidor, se a as ações sociais desenvolvidas pela empresa fosse de impacto direto em sua vida ou se fosse indireto.

Os resultados obtidos mostraram que os consumidores respondentes percebiam um valor e benefício adicionais na oferta da empresa e que estavam dispostos a pagar 10% mais caro por seu produto, considerando justo esse diferencial de preço. Além disso, constatou-se que a ação social de impacto direto na vida do consumidor influenciou mais positivamente suas reações de compra do que as de impacto indireto.

Sen ; Bhattacharya ; Korschun (2006)

RSC e Comportamento do Consumidor

Experimento que analisou se uma ação real de filantropia de uma empresa (doação a uma Universidade Pública) afetava a percepção de alguns de seus

Os respondentes que estavam cientes da doação da empresa tinham uma relação mais positiva com ela (comportamentos, atitudes e identificação).A intenção de compra, de procura de empregos e de investimento na empresa também é maior no

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Autor/ano Tema Estudo Principais Resultados

stakeholders (consumidores, potenciais funcionários e possíveis investidores). Analisou também se esse conhecimento na ação de RSC poderia afetar a intenção de compra, de procura de emprego e de investimento por esses stakeholders.

grupo que estava ciente da sua ação de RSC.

Instituto ETHOS (2006-2007)

RSC e Comportamento do Consumidor

Grande survey, pertencente a um levantamento global, com uma amostra significativa da população brasileira. Objetiva monitorar as percepções e evoluções no comportamento dos consumidores brasileiros diante do tema RSC.

Os brasileiros têm interesse nas ações de RSC, mas ainda não tem um papel ativo em influenciar as empresas nesse sentido, embora saibam que tem esse poder. O Brasil valoriza os temas educação e treinamento como as principais contribuições de RSC das empresas.

Manaktola ; Jauhari (2007)

RSC e Comportamento do Consumidor em Turismo

O estudo realizou uma survey, com o objetivo de examinar o comportamento do consumidor e sua intenção de pagar por práticas verdes em meios de hospedagem na Índia. Para isso foi utilizado um questionário especificamente desenvolvido para esse fim.

O estudo constatou que esses consumidores estão conscientes sobre as práticas de RSC na Índia e preferem se hospedar em empresas que fazem esse investimento. Entretanto, a maior parte desses entrevistados (52%) não está disposto a pagar por essas práticas e considera que os meios de hospedagem devem arcar com esses custos.

Serpa ; Fourneau

(2007)

RSC e Comportamento do Consumidor

Pesquisa exploratória qualitativa, com entrevistas semi-estruturadas, que visava ampliar o conhecimento sobre as reações de

Alguns entrevistados consideram que a RSC faz parte das obrigações das empresas, sendo transparente com o consumidor e outros consideram que é ajudar a resolver problemas básicos do país. Os entrevistados

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Autor/ano Tema Estudo Principais Resultados

consumidores de classe média brasileiros sobre a RSC.

demonstraram ter pouco acesso a informações sobre RSC, principalmente por parte das empresas, que geralmente somente divulgam as ações que empreendem, mas não tem nenhuma atitude em educar sobre o tema.

Figura 9: Quadro-Resumo de Pesquisas sobre Responsabilidade Social Corporativa e Comportamento do Consumidor Fonte: Elaboração própria

2.3 VALOR PERCEBIDO – BENEFÍCIOS X SACRIFÍCIOS

Nos últimos anos, muitos estudos de marketing e comportamento do

consumidor têm utilizado o conceito valor percebido como objeto de estudo

(ZEITHAML, 1988; KHALIFA, 2004; SERPA, 2005, MAYER, 2006; MELLO ; LEÃO,

2008).

Em função da grande quantidade de trabalhos científicos sobre esse tema,

alguns autores começaram a realizar revisões críticas sobre o uso desse conceito na

literatura (KHALIFA, 2004; MELLO ; LEÃO, 2008). Concluiu-se que havia certo

conflito em seu uso, já que não existe um único conceito específico definido sobre

esse tema e o mesmo é complexo e subjetivo (KHALIFA, 2004; MELLO ; LEÃO,

2008).

Com isso, para melhor compreender o modelo utilizado neste trabalho é

necessário que se distingam três conceitos de valor muito utilizados no marketing:

valor do cliente, valor do cliente para a empresa e valor para o cliente (figura 10)

Conceito de Valor Definição mais utilizada Autores

Valor do cliente

Consumidores traduzem atributos de produtos em benefícios que estes produzem e que, em última instância, traduzam a orientação de seus valores pessoais.

Reynolds e Gutman (1988), Woodruff e Gardial (1996), Leão e Mello (2001; 2002).

Valor do cliente para a empresa

Total dos valores de consumo do cliente ao longo de sua vida de consumo em uma empresa.

Rust et al. (2001), Blattberg e Deighton (1996), Silva e Freitas

(2002).

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Conceito de Valor Definição mais utilizada Autores

Valor para o cliente Avaliação geral pelo consumidor da utilidade de um produto baseado em percepções do que é recebido e do que é dado.

Zeithaml (1988), Fornell, Jonhson, Anderson, Cha, & Bryant (1996), Holbrook (1999).

Figura 10: Síntese dos Conceitos de Valor Analisados Fonte: Mello ; Leão (2008, p.43).

Valor do cliente são os benefícios percebidos pelo cliente em relação aos

produtos/serviços de uma empresa, que são influenciados por seus aspectos

pessoais e sociais. O valor do cliente para empresa é o valor que o cliente tem para

uma organização, em relação a todo seu consumo ao longo de sua vida. Já o valor

para o cliente, que será o foco deste estudo, é a avaliação entre o custo e o

benefício que o cliente faz ao adquirir um produto/serviço (MELLO ; LEÃO; 2008).

Para evitar que o entendimento de seu conceito seja confuso, esse trabalho

se baseará no modelo teórico de valor percebido proposto por Zeithaml (1988), por

este ser um trabalho de referência nesse campo de estudo (MELLO ; LEÃO, 2008).

Alem disso, o trabalho também irá empregar conceitos definidos por Kotler (2000;

2006) sobre o tema. Cabe ressaltar que neste estudo será utilizado o termo “valor

percebido” para designar “valor para o cliente”.

Segundo Kotler (2006), para compreender o conceito de valor percebido é

necessário que previamente se entenda dois outros conceitos: valor e custo total

para o cliente. O valor total para o cliente corresponde a um conjunto de benefícios

econômicos funcionais e psicológicos que os clientes esperam receber ao comprar

um produto/serviço. Já o custo total para o cliente é o conjunto de custos que os

consumidores despendem ao adquirir algo de uma empresa – custos monetários,

tempo, energia física e psíquica (KOTLER, 2006).

Assim, o valor percebido é a diferença entre o valor e o custo total percebido

pelo cliente (KOTLER, 2000), isto é, a diferença do que o cliente obtém ao realizar

uma compra com aquilo que ele dá em troca pelas diferentes opções de

produtos/serviços (KOTLER, 2006).

O modelo de valor percebido também pode ser definido como: “a avaliação

global do consumidor da utilidade de um produto baseado na percepção do que é

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recebido e do que é dado” (ZEITHAML, 1988, p. 14). Podemos considerar que os

termos utilizados por Zeithaml (1988), “recebido e dado”, seja o benefício adicional

percebido na oferta da empresa (recebido) que compense o sacrifício monetário e

não-monetário desprendido no processo de compra (dado) (KOTLER, 2000;

ZEITHAML, 1988).

Os benefícios (valor) e sacrifícios (custos) percebidos pelo cliente podem

influenciar positiva ou negativamente a decisão de compra do consumidor (Figura

11).

Figura 11: Valor percebido Fonte: Dodds et al.; 1991; Zeithmal, 1988 apud Serpa (2005, p.28)

Segundo esse modelo, quando o benefício percebido é maior do que o

sacrifício percebido, o cliente percebe “valor” na oferta da empresa e isso acaba por

influenciar positivamente a sua intenção de compra (ZEITHAML,1988). Entretanto,

segundo Churchill (2000) apud Serpa (2005, p.29) esses benefícios e sacrifícios não

são calculados de forma precisa pelos consumidores.

Os benefícios percebidos pelo cliente podem ser cognitivos ou psicológicos.

Os benefícios cognitivos estão relacionados às crenças e julgamentos que os

indivíduos fazem sobre um produto/serviço (AAKER ; KUMAR ; DAY, 2007). Esse

tipo de benefícios mais comuns são a qualidade, como no proposto pelo modelo dos

determinantes da percepção de qualidade em serviços - Modelo SERVQUAL –

(ZEITHALM, PARASURAMAN, BERRY, 1990 apud BATESON, HOFFMAN, 2001,

p.370) e a satisfação do cliente (HOMBURG et al., 2005).

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Os benefícios psicológicos, que são mais abstratos, são todos aqueles

relacionados a sentimentos, como preferências e situações vivenciadas pelo cliente

(AAKER ; KUMAR ; DAY, 2007) ou ações como “fazer a coisa certa”, proposto no

trabalho de Serpa (2005) sobre RSC.

O sacrifício percebido pelo cliente pode estar relacionado a diversos fatores

como o tempo, energia física, custos psíquicos (KOTLER, 2006), dependência do

consumidor a um produto/serviço (MAYER, 2006), a importância do serviço na vida

do consumidor (MAYER, 2006) e o preço.

O preço é sem dúvida o sacrifício mais usual percebido pelo cliente. Ele pode

ser avaliado se referenciando a algum outro preço - preço passado, preço da

concorrência – (BOLTON et al., 2003), sendo influenciado pela sua satisfação

anterior com a empresa (HOMBURG et al., 2005) ou simplesmente pelo preço

percebido pelo cliente (MONROE, 2003).

Apesar de ser visto como um sinalizador de sacrifício, o preço, também pode

indicar a qualidade de um produto (ZEITHAML, 1988; MONROE, 2003) (Figura12).

Segundo Monroe (2003) estudos passados mostram que quando o cliente só tem a

informação do preço disponível, há uma relação direta entre a percepção do preço e

a qualidade. Nesses casos, os clientes costumam optar por produtos/serviços com

preços mais altos, já que inferem esses têm uma qualidade superior.

Figura 12: Modelo de percepção de preço e valor Fonte: Traduzido pela autora de Monroe (2003, p.161)

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O preço, quando visto somente como sacrifício, pode ser influenciado por dois

fatores principais: a relutância do cliente e a sua percepção de justiça. O primeiro se

refere ao fato de que pagar um preço pode ser visto como mais doloroso para um

tipo de produto/serviço do que para outro, mesmo se o valor for o mesmo. Por

exemplo, o sacrifício percebido por um cliente em pagar $50 por uma limpeza dental

não é a mesma de pagar $50 para ir a um show ou a assistir algum jogo (MONROE,

2003).

Já a percepção de justiça, significa que se o preço cobrado for considerado

por algum motivo como injusto pelo consumidor, a sua percepção de sacrifício

aumenta (HOMBURG et al., 2005; MONROE, 2003; SERPA, 2005; MAYER, 2006).

Esse conceito será melhor explicitado na próxima seção.

Esses conceitos norteiam o objetivo principal deste presente estudo, que é

investigar se o benefício percebido (neste caso a RSC) supera o sacrifício percebido

de um preço 10% maior que o da concorrência, ocasionando uma positiva decisão

de compra (intenção de se hospedar) em determinado meio de hospedagem. Além

disso, investiga-se se essa diferença de preço é considerada justa.

2.3.1 Valor Percebido e Justiça Percebida dos Preços

Segundo a teoria econômica quando o preço de um produto/serviço aumenta

a demanda conseqüentemente cai. Neste caso o preço é visto somente como um

sinalizador de sacrifício para o consumidor. Entretanto, estudos empíricos mostram

que o papel dos preços na percepção de valor é muito mais complexo (MONROE,

2003).

Alguns fatores relacionados ao preço podem influenciar o processo de

decisão de compra, como a percepção de justiça dos preços. Se o consumidor

considerar que o preço de um produto/serviço é superior aos benefícios de adquiri-

los, ele pode perceber esse preço como injusto. Neste caso, o sacrifício percebido

do aumenta e conseqüentemente sua intenção de compra diminui (MONROE,

2003).

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Segundo Monroe (2003), o contrário também ocorre. Se o consumidor

considerar o preço como justo, sua percepção de sacrifício no processo de compra

diminui e conseqüentemente aumenta sua disposição de comprar.

Estudos sobre a percepção de justiça são fundamentais para compreender o

comportamento do consumidor em relação aos preços (KAHNEMAN et al., 1986).

Alguns trabalhos mostram que vários fatores podem influenciar a percepção de

justiça e injustiça dos preços:

- Quando o preço aumenta para trazer vantagens à empresa, ele é visto pelo

consumidor como injusto (MONROE, 2003; HOMBURG et al., 2005);

- Quando um grupo de clientes paga menos por um produto/serviço do que outro,

como por exemplo, descontos para clientes mais jovens ou para clientes mais

lucrativos, o preço é visto como injusto (MONROE, 2003);

- Quanto maior a dependência do consumidor em relação a um produto/serviço

(altos custos de mudanças e opções reduzidas) maior a percepção de injustiça em

uma situação de aumento de preços (MAYER, 2006). Sentimentos negativos como

raiva, retaliações contra a empresa e intenções de mudanças também ocorrem

neste contexto;

- Quanto maior é a relevância do produto/serviço para o consumidor, maior sua

percepção de injustiça em uma situação de aumento de preços (MAYER, 2006);

- O Princípio do Direito Dual de Kahneman et al. (1986), que reflete que as

percepções individuais de justiça são baseadas em padrões comunitários de justiça.

Segundo esse principio, os consumidores defendem a idéia de que a empresa tem

que defender seu lucro e aceitam um aumento de preços se perceberem que há

uma relação de equidade entre seu sacrifício e o da empresa. Por exemplo, os

consumidores consideram como justo o caso de um aumento de preços para

compensar um eventual aumento de custos;

- A percepção de justiça/injustiça de um aumento de preços depende do motivo para

o aumento. Motivações como aumento dos custos, manter/aumentar a qualidade,

evitar perdas e concorrência são vistas como justas. O aumento do lucro e

exploração da empresa são vistos como injustos (HOMBURG et al., 2005);

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- Quando os consumidores assumem que um preço é mais alto para aumentar o

lucro da empresa, esse preço é visto como injusto (BOLTON et al., 2003);

- Apesar dos consumidores aceitarem como mais justos aumentos de preços

justificados pelo aumento de custos, alguns custos não são percebidos pelo

consumidor (custos trabalhistas, por exemplo) e alguns custos são vistos como

injustos (promoção). Além disso, esses consumidores subestimam os efeitos da

inflação no preço (BONLTON et al., 2003);

- Os consumidores consideram justo pagar um valor mais alto nos produtos de

empresa que investem em RSC, principalmente se essas ações tiverem um impacto

direto na vida do consumidor (SERPA, 2005).

Segundo Monroe (2003) o julgamento dos preços pelo consumidor é

comparativo, ou seja, para julgar se um preço é aceitável ou justo o consumidor o

compara com algum ponto de referencia – preço pago anteriormente pelo produto,

expectativa de preços, preço dos concorrentes, preços passados (BONTON et al.,

2003).

Além disso, Monroe (2003) define que o processo de decisão de compra é

baseado na experiência do consumidor. Quando um cliente se depara com uma

diferença de preços, primeiro ele analisa se essa diferença é ou não significativa. Se

essa diferença não for significativa não haverá nenhuma mudança em seu

comportamento em relação ao preço.

Se a diferença for percebida como significante o preço será um sacrifício

percebido, que pode ser justo ou injusto (MONROE, 2003). Se os atributos do

produto/serviços forem similares, quanto maior a diferença de preços, maior e

percepção de injustiça (XIA; MONROE, 2005 apud SERPA, 2005, p.32). Neste caso,

benefícios adicionais que compensem esse sacrifício podem amenizar essa

percepção de injustiça (XIA et al., 2004 apud SERPA, 2005, p.32).

Este estudo investiga se a RSC seria esse benefício adicional e se os

consumidores perceberiam como justo o preço 10% maior de um meio de

hospedagem (hotel de luxo/pousada) que o da concorrência, sendo que todos os

atributos dessas empresas eram idênticos.

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3 METODOLOGIA

3.1 O MÉTODO

A metodologia utilizada neste estudo é experimental. A pesquisa experimental

é um método que visa observar uma relação de causa e efeito entre as variáveis

estudadas, denominadas variáveis independentes e dependentes (COOPER ;

SCHINDLER, 2003).

As variáveis dependentes são aquelas que podem ser mensuradas, medidas

ou monitoradas pelo pesquisador e que podem ser afetadas pela variável

independente. Já a variável independente é aquela que causa um efeito ou mudança

na variável dependente, por meio da manipulação do pesquisador (COOPER ;

SCHINDLER, 2003).

As variáveis independentes deste estudo são: meios de hospedagem e RSC

e as variáveis dependentes são: valor percebido, benefício percebido, intenção de

compra e justiça percebida do preço.

Como o objetivo principal deste trabalho é investigar se a RSC causa efeito

em algumas variáveis, o método experimental é o mais adequado. Além disso, a

metodologia experimental é muito utilizada em pesquisas sobre o comportamento do

consumidor e justiça dos preços (AUGER et al., 2003; BOLTON et al., 2003;

HOMBURG et al., 2005; MOHR ; WEBB, 2005; SERPA 2005; SEN ;

BHATTACHARYA ; KORSCHUN, 2006; MAYER, 2006).

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O estudo envolveu um experimento fatorial 2 (hotel de luxo; pousada) X 2

(com RSC; sem RSC), desenvolvido no contexto de uma decisão sobre meios de

hospedagem em uma viagem hipotética. Os quatro grupos foram divididos da

seguinte forma: dois grupos de controle (hotel de luxo e pousada, sem RSC

insinuada) e dois grupos experimentais (hotel de luxo e pousada, com RSC

insinuada), ou seja, nos cenários dos grupos experimentais há a informação sobre

RSC, que estará ausente no cenário dos grupos controle (figura 13).

O objetivo dessa divisão de grupos (controle e experimental) foi observar se

haveria diferença nos resultados do grupo de controle - que não menciona em

nenhum momento qualquer investimento em RSC empreendida pelo meio de

hospedagem – e nos resultados do grupo experimental – que menciona

investimentos em RSC.

Figura 13: Experimento fatorial 2x2 Fonte: Elaboração própria

Esse trabalho mensurou a percepção dos respondentes sobre cada variável

por meio de uma escala do tipo Likert de 7 pontos, com multipllos itens (seção

3.3.2). O uso de uma escala de multiplos itens é muito comum nas ciências sociais e

é utilizada para medir um único constructo por meio de vários itens (AAKER ;

KUMAR ; DAY, 2007).

Por sua vez, a escala Likert é um tipo de escala em que os respondentes

registram o seu grau de concordancia sobre afirmações que representam as

variáveis do estudo. Em cada item que representa a variável é atribuido um número

que reflete a direção da atitude do respondente àquela situação (RODRIGUES;

PAULO, 2007).

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Todos os itens das variáveis analisadas foram adaptados ou traduzidos de

publicações anteriores. Esses itens já foram testados em outras pesquisas

semelhantes e possuem alto grau de validade e confiabilidade. De acordo com

Netemeyer et al. (2003) apud Serpa (2005, p.52), se existem boas medidas na

literatura, não é necessário que se criem novas medidas, pois o seu

desenvolvimento traria altos custos, se tornando então desnecessárias.

3.2 INSTRUMENTO DE PESQUISA

No presente estudo as variáveis independentes foram operacionalizadas por

meio de cenários ou estímulos. A técnica de cenários é muito utilizada em

experimentos e em pesquisas sobre o comportamento do consumidor e percepção

de justiça em preços (AUGER et al. , 2003; BOLTON et al., 2003; HOMBURG et al.,

2005; MOHR ; WEBB, 2005; SERPA 2005; SEN ; BHATTACHARYA ; KORSCHUN,

2006; MAYER, 2006).

Conforme foi explicitado anteriormente, a pesquisa contou com quatro grupos

(dois de controle e dois experimentais) e para cada um deles foi descrito um cenário,

respondido por diferentes participantes (Apêndices: C; D; E; F).

A descrição dos cenários inseria o respondente no processo de escolha de

um meio de hospedagem, que seria utilizado por ele em uma viagem a um

importante destino turístico. Este meio de hospedagem teria que ser

obrigatoriamente um hotel de luxo/pousada.

Em seguida, todas as características oferecidas pelo meio de hospedagem

eram descritas. No final, era suposto que o participante tinha gostado igualmente de

quatro hotéis/pousadas que possuíam exatamente as mesmas características e

serviços: os hotéis/pousadas X, Y, Z e W. A única diferença era que o hotel/pousada

W cobrava uma diária 10% mais cara que os hotéis X, Y e Z (Apêndices: C; E):

- Hotel de luxo: hotéis X, Y e Z - US$ 550; hotel W US$ 605;

- Pousada: pousadas X, Y e Z - US$ 100; pousada W - US$ 110

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No grupo experimental, após a apresentação da diferença de preço do

hotel/pousada W, foi inserida a informação adicional sobre os atuais investimentos

desse meio de hospedagem em ações de RSC, como a melhoria do meio ambiente

e das condições de vida da população e de seus funcionários (Apêndices: D; F).

Essa informação foi descrita com o objetivo de estimular que o respondente

inferisse que o valor 10% maior da diária do hotel/pousada W ocorria pelos seus

novos investimentos em RSC. O valor de 10% foi utilizado como padrão por estar

dentro do patamar sugerido como razoável pela literatura para que o consumidor

perceba uma diferença de preço (HOMBURG et al., 2005).

O último passo em todos os cenários foi solicitar que o respondente

preenchesse um questionário no qual ele avaliava afirmações sobre a sua

percepção sobre as variáveis dependentes no hotel/pousada W, em uma escala

likert de 7 pontos e respondesse alguns dados demográficos (Apêndices: G; H, I).

Os cenários e os questionários de pesquisa foram hospedados na rede

mundial de computadores, em quatro diferentes sites, sendo um para cada cenário

de pesquisa, conforme figura 14. Cada site possuía diferentes páginas com a

descrição de cada cenário, com o auxilio de fotos e tabelas, para a melhor

compreensão dos respondentes.

O questionário aparecia no final da descrição do cenário e o próprio

participante o lia e respondia (questionário do tipo self report). Esse tipo de coleta de

dados traz bons resultados e, em alguns casos, proporciona uma redução de 30% a

40% dos custos na pesquisa (AAKER ; KUMAR ; DAY, 2007).

Cenário Site

Grupo de Controle – Hotel de Luxo www.uff.br/entretere/site1

Grupo de Controle – Pousada www.uff.br/entretere/site2

Grupo Experimental – Hotel de Luxo www.uff.br/entretere/site3

Grupo Experimental – Pousada www.uff.br/entretere/site4

Figura 14: Sites onde os cenários de pesquisa foram disponibilizados Fonte: Elaboração própria

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O site foi elaborado com a ajuda do software Publisher, do Microsoft Office e

todas as suas fotos foram retiradas da Internet. A formulação do questionário e a

coleta de dados da pesquisa foram realizadas com a ajuda da ferramenta online

Qualtrics.

3.2.1 Método de Descrição do Cenário de Pesquisa

Para descrever o cenário de pesquisa (características e serviços dos meios

de hospedagem e RSC) e melhor adaptar e traduzir os itens da escala, foram

analisadas pesquisas na literatura e na Internet e foi realizado um pré-teste, com

alunos da disciplina “Comportamento do Consumidor em turismo” do segundo

semestre de 2008, para avaliar o grau de compreensão dos cenários.

3.2.1.1 Meios de Hospedagem

Para a construção dos cenários de pesquisa, no que tange a descrição dos

meios de hospedagem, primeiramente foram analisadas as definições do que seria

um hotel de luxo e o que seria uma pousada, de acordo com a literatura (seção 2.1).

Em seguida, para desenhar especificamente o cenário dos hotéis de luxo, foi

escolhido um hotel representativo de três das seis cidades mais visitadas do mundo

em 2006, segundo a Euromonitor International (2007): Londres, Nova York e Paris.

Também foi escolhido um hotel representativo de duas das cidades brasileiras mais

visitadas, no mesmo ranking: Rio de Janeiro e São Paulo.

Assim, organizou-se uma lista com os principais produtos e serviços

oferecidos por esses hotéis (Apêndice J), que foram incorporados na descrição do

cenário. Os hotéis de cada cidade brasileira foram escolhidos por pesquisa feita no

Guia 4 Rodas e os internacionais por pesquisa feita pelo mecanismo de busca

Google.

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O mesmo método foi utilizado para a descrição das pousadas (Apêndice K).

As cidades escolhidas foram as mais visitadas pelo turista doméstico em 2006 de

acordo com a EMBRATUR (2006): Salvador, Búzios, Balneário de Camboriú e

Canela. A única exceção fica por conta da cidade de Ilhéus, que entrou na lista por

ter recebido o prêmio de melhor pousada do ano, do Guia 4 Rodas, com a pousada

Fazenda da Lagoa. As pousadas escolhidas nessas cidades para a descrição do

cenário foram retiradas do Guia 4 Rodas.

Os hotéis de luxo escolhidos foram: Fazano – Rio de Janeiro; Hilton São

Paulo Morumbi - São Paulo; The Savoy – Londres; Sofitel – Paris; Marriott – New

York. As pousadas foram: Fazenda da Lagoa – Ilhéus; Pousada Encanto de Itapoan

– Salvador; Pousada Pedra da Laguna – Búzios; Parador Estaleiro – Balneário de

Camboriú; Pousada Cravo e Canela – Canela.

Cabe ressaltar, que os meios de hospedagem escolhidos, acima citados,

foram utilizados apenas para embasar o desenho e descrição do cenário, e que os

respondentes não tiveram contato com o nome/marca dos mesmos.

3.2.1.2 RSC

Em relação às ações de RSC, foram primeiramente analisados os indicadores

pertencentes ao relatório do Instituto Ethos – Indicadores Ethos de

Responsabilidade Social Empresarial 2007 – para os hotéis de luxo; e os

indicadores fornecidos pelo relatório também do Instituto Ethos e SEBRAE -

Indicadores Ethos-SEBRAE de Responsabilidade Social Empresarial para micro e

pequenas empresas 2007 – para as pousadas.

Além disso, foram observadas algumas ações implementadas por grandes

redes hoteleiras mundiais (hotel de luxo) e pequenas pousadas (figura 5). Além

disso, para a descrição das pousadas, as ações foram adaptadas àquelas

estudadas pela literatura de Carmo e Jesus (2007), que aborda as pousadas

ecológicas.

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3.2.1.3 Pré- teste

Após a primeira descrição dos cenários e da adaptação e tradução dos itens

da escala de pesquisa, foi realizado um pré-teste, para avaliar se os mesmos

estavam claros e se eram facilmente compreendidos pelos respondentes. Além

disso, objetivou-se testar o funcionamento do website e do software qualtrics.

Assim, o pré-teste, foi realizado com cerca de 20 alunos do curso de Turismo

da Universidade Federal Fluminense (UFF), pertencentes à disciplina

“Comportamento do Consumidor em Turismo”, que possui em sua ementa o método

do uso de experimentos.

No pré-teste, o website e o software qualtrics funcionaram corretamente e de

forma geral a descrição do cenário e os itens da escala de pesquisa foram bem

compreendidos. Entretanto, algumas alterações foram feitas, conforme é explicitado

a seguir:

- O campo do questionário onde era solicitado o e-mail do respondente passou a ser

opcional (algumas pessoas poderiam deixar de responder o questionário se fosse

obrigatório se identificar de alguma maneira);

- O campo onde era solicitada a idade do respondente foi deixado aberto.

Anteriormente, nesse campo, havia faixas de idade para o respondente escolher;

- As características e os serviços oferecidos pelos hotéis de luxo/pousada e as

ações de RSC estavam em forma de texto e por isso o cenário foi considerado um

pouco cansativo e confuso. Para isso, esse texto foi colocado em forma de

pequenos tópicos, o que facilitou a leitura dos participantes;

- A tradução do item da escala que media o realismo do cenário: “posso facilmente

me imaginar vivendo esta situação de hospedagem” foi adaptada e então trocada

pela frase “Eu considero clara esta descrição de hospedagem em um hotel de luxo”,

já que os respondentes não compreenderam de forma clara a primeira frase;

- Os itens da pesquisa foram numerados para evitar que os participantes se

perdessem e marcassem a resposta errada;

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- Houve a necessidade de explicitar que apesar de haver diferença no preço cobrado

pelo hotel/pousada W, as suas características eram as mesmas. Para isso as letras

que representam os meios de hospedagem (X, Y, Z e W) foram colocadas entre

aspas, em negrito e com letra maiúscula. As palavras exatamente e igualmente

presentes no texto (“os quatro hotéis possuem EXATAMENTE as mesmas

características de serviços e padrão de qualidade e você gostou IGUALMENTE dos

quatro”) foram colocadas em negrito e com letra maiúscula e foi feita uma pequena

tabela com os preços dos meios de hospedagem, conforme ilustram as tabelas 2 e

3.

Tabela 2: Diferença de preços dos hotéis

de luxo no cenário de pesquisa

X Y Z W

US$

550

US$ 550 US$ 550 US$ 605

Fonte: Elaboração própria

Tabela 3: Diferença de preços das

pousadas no cenário de pesquisa

X Y Z W

US$

100

US$ 100 US$ 100 US$

110

Fonte: Elaboração própria

3.3 VERIFICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA E DA VARIÁVEL

INDEPENDENTE

Para verificar se os cenários de pesquisa foram operacionalizados

adequadamente, de modo a não comprometer o resultado do estudo, além do pré-

teste, algumas escalas de pesquisa foram utilizadas: uma para avaliar a

compreensão e o realismo do cenário (três itens) e outra para comprovar se os

respondentes perceberam a RSC no cenário experimental (três itens).

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3.3.1 Verificação do cenário de pesquisa

Na primeira verificação realizada foram mensurados a compreensão e o

realismo dos cenários. Em um experimento é muito importante que os participantes

considerem a história clara e realista (COLLIS ; HUSSEY, 2005). Foram então

utilizados três itens para mensurar essa variável, todos baseados (traduzidos e

adaptados) nos empregados por Serpa (2005) e Homburg et al. (2005). As respostas

desses itens foram mensuradas por uma escala Likert de 7 pontos (1=discordo

fortemente; 4=não concordo nem discordo; 7=concordo fortemente).

- Posso facilmente me imaginar vivendo esta situação de hospedagem.

- A descrição desta história é de fácil compreensão para mim.

- A história contada é realista.

3.3.2 Verificação da Variável Independente (RSC)

Para verificar se a variável independente RSC foi percebida pelos

respondentes nos cenários experimentais, foi utilizada uma escala desenvolvida por

Brown e Dacin (1997) apud Serpa (2005, p.51). As respostas também foram

mensuradas por uma escala Likert de 7 pontos (1=discordo fortemente; 4=não

concordo nem discordo; 7=concordo fortemente).

- O hotel/pousada “W” demonstra preocupação com o meio ambiente.

- O hotel/pousada “W” demonstra envolvimento com a comunidade.

- O hotel/pousada “W” realiza investimentos em causas que valem à pena.

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3.4 MEDIÇÃO DAS VARIÁVEIS DEPENDENTES

Conforme citado anteriormente, todos os itens da escala utilizados para a

medição das variáveis dessa pesquisa foram adaptações ou traduções de escalas já

desenvolvidas e testadas em outras pesquisas semelhantes.

3.4.1 Valor Percebido

Para medir o valor percebido foi adaptada uma escala utilizada anteriormente

por Kukar-Kinney et al.(2005); Suri et al. (2003) apud Serpa (2005, p.57) em uma

pesquisa semelhante e que apresentaram um alto grau de validade e confiabilidade.

A escala possui três itens e foram mensuradas por uma escala Likert de 7

pontos (1=discordo fortemente; 4=não concordo nem discordo; 7=concordo

fortemente).

- Se eu me hospedar no hotel/pousada “W”, estarei recebendo o que meu dinheiro

vale.

- Se eu me hospedar no hotel/pousada “W”, acho que estarei recebendo um bom

valor pelo dinheiro gasto.

- Hospedar-me no hotel/pousada “W” é uma compra que vale à pena, pois acho que

seu preço é razoável.

Além disso, foi traduzida e adaptada pela autora uma escala desenvolvida por

Sweeney e Soutar (2001), que avalia o valor percebido em relação aos aspectos

sociais e emocionais. Nesse estudo esses aspectos seriam o valor percebido pelo

cliente nos investimentos em RSC. Esses itens também foram mensurados por uma

escala Likert de 7 pontos (1=discordo fortemente; 4=não concordo nem discordo;

7=concordo fortemente).

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- A hospedagem no hotel/pousada “W” me traria bons sentimentos.

- Se eu me hospedasse no hotel/pousada “W”, as pessoas me veriam de forma

positiva.

- O hotel/pousada “W” tem uma imagem social positiva.

- Eu recomendaria o hotel/pousada “W” a amigos ou parentes.

3.4.2 Benefício Percebido

Para a medição da variável dependente benefício percebido foi adaptada uma

escala desenvolvida e aplicada por Serpa (2005), que apresentaram alto grau de

confiabilidade e validade. Essa escala analisou a percepção do consumidor sobre

benefícios mais intangíveis e subjetivos que a empresa oferece de forma geral. As

características específicas de um produto/serviço, como a qualidade, não foram

contempladas nessa escala, já que elas se mantiveram constantes no estudo

(SERPA, 2005).

A escala utilizada possui quatro itens e foram mensurados por uma escala

Likert de 7 pontos (1=discordo fortemente; 4=não concordo nem discordo;

7=concordo fortemente).

- Se eu me hospedar no hotel/pousada “W” vou me sentir bem comigo mesmo.

- Hospedar-me no hotel/pousada “W” me faz sentir que estou fazendo a coisa certa.

- Se eu me hospedar no hotel/pousada “W” estarei me beneficiando.

- Hospedar-me no hotel/pousada “W” me proporcionaria uma satisfação pessoal.

3.4.3 Intenção de Compra

Para medir a variável intenção de compra, muito usual em estudos sobre o

comportamento do consumidor, foi adaptada uma escala já utilizada anteriormente

por Homburg et al., 2005 e traduzida por Serpa, 2005, com alto grau de

confiabilidade e validade.

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A escala possuía três itens que foram adaptados e medidos por uma Likert de

7 pontos (1=discordo fortemente; 4=não concordo nem discordo; 7=concordo

fortemente).

- Eu estou disposto a me hospedar no hotel/pousada “W”.

- A probabilidade de eu me hospedar no hotel/pousada “W” é alta.

- Eu provavelmente vou me hospedar no hotel/pousada “W”.

3.4.4 Justiça Percebida do Preço

Para medir a variável dependente percepção de justiça em preços, foram

utilizadas escalas com múltiplos itens, por estas terem uma sensibilidade maior em

captar a percepção do participante no campo da justiça e da injustiça, ao contrário

do que seria somente utilizar escolhas pontuais entre “justo” ou “injusto” (SERPA,

2005).

Para isso foi utilizada uma escala equilibrada entre justiça e injustiça, com 3

possibilidades de marcação para cada campo e com um campo neutro, segundo

alteração recomendada por Mota (1999) apud Serpa (2005, p.56). A escala utilizada

foi a adaptada por Serpa (2005), sem nenhuma mudança de conteúdo. A escala

exposta na tabela 4 está relacionada ao diferencial de preço cobrado pelo hotel ou

pousada W.

Tabela 4: Itens da escala de mensuração da percepção de justiça dos preços

Injusto Justo

1 2 3 4 5 6 7

Inaceitável Aceitável

1 2 3 4 5 6 7

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Insatisfatório Satisfatório

1 2 3 4 5 6 7

Muito Alto Muito Baixo

1 2 3 4 5 6 7

Fonte: Elaboração própria

3.5 AMOSTRA

A amostra dessa pesquisa foi composta por 121 sujeitos, distribuídos de

forma uniforme entre os cenários de pesquisa. De acordo com Hair et al (2006) o

tamanho adequado da amostra é de no mínimo 30 sujeitos por célula de pesquisa e

cada célula tem que ter quantidade similar de observações.

O tipo da amostra utilizada foi não probabilística por conveniência. Uma

amostra não probabilística é baseada em um procedimento subjetivo, não aleatório,

em que a probabilidade de selecionar elementos da população não é conhecida.

(COOPER; SCHINDLER, 2003). Ela foi escolhida por conveniência devido à

facilidade de se obter respondentes nesse tipo de procedimento (AAKER ; KUMAR ;

DAY, 2007).

A amostra desse estudo foi, em sua maioria, composta por alunos e ex-alunos

formados pelo curso de Turismo da Universidade Federal Fluminense (41%).

Também responderam alunos e sujeitos formados por outros cursos como:

estatística, comunicação social e engenharia (14%) e não foi possível identificar o

curso de 12% da amostra. Outra parte dos participantes tinha pós-graduação (24%)

em áreas não identificadas.

Além disso, alguns entrevistados foram contatados pelo site de

relacionamentos denominado Orkut. Foram abordados participantes de

comunidades relacionados com Turismo e Marketing. Todos os entrevistados

receberam o site via e-mail com uma mensagem de solicitação de participação na

pesquisa (Apêndice A).

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Os participantes foram distribuídos de forma aleatória entre os cenários num

processo de blind experiment5. Foram solicitados alguns dados demográficos sobre

os respondentes no final da pesquisa. A coleta de dados ocorreu de 29 de outubro

de 2008 a 14 de Abril de 2009.

3.6 TRATAMENTO DOS DADOS

Os dados do presente estudo foram tratados de forma quantitativa por meio

do software SPSS 15.0 e com um nível de significância de 0,05. As ferramentas

estatísticas utilizadas para a análise dos resultados serão explicitadas nesta seção.

3.6.1 Avaliação das Escalas de Pesquisa

Mesmo com todas as escalas dessa pesquisa adaptadas de estudos

anteriores, esse trabalho avaliou as escalas também com dados da própria amostra.

Primeiramente verificou-se se as escalas eram unidimensionais (se mediam o

mesmo constructo). Para isso foi realizada uma análise fatorial exploratória e os

testes de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e Bartlett's test of Sphericity. Além disso, foi

verificada a confiabilidade das escalas pelo cálculo do coeficiente alfa de Cronbach.

O primeiro passo foi a realização do teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e do

Bartlett's test of Sphericity, pois esses testes permitem avaliar se é possível realizar

uma análise fatorial exploratória satisfatória com os dados da amostra (BEZERRA,

2007).

O KMO mensura o grau de correlação parcial entre as variáveis (BEZERRA,

2007). Para que se proceda uma análise fatorial aceitável o KMO tem que ser

superior a 0,5 (FOULGER, 2004). Já o Bartlett's test of Sphericity indica se a matriz

de correlação possui correlação zero entre as variáveis (BEZERRA, 2007). Assim,

5 Os respondentes não tinham conhecimento de qual grupo foram alocados.

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quanto mais baixo for seu o nível de significância mais forte é a relação entre as

variáveis (FOULGER, 2004).

O passo seguinte foi a realização da análise fatorial exploratória. A análise

fatorial é uma ferramenta estatística que agrupa as variáveis estudadas em grupos

menores denominados fatores. Nesses fatores, as variáveis com alto grau de

correlação se agrupam. Seu objetivo é resumir as informações contidas no número

original de variáveis, com uma perda mínima de informação e comprovar se aquelas

variáveis medem o mesmo constructo. (HAIR et al., 2006).

Assim, primordialmente a realização da análise fatorial permitiu verificar se as

variáveis eram unidimensionais, ou seja, se mediam os constructos que foram

definidos previamente. Além disso, com a análise fatorial foi possível sintetizar as

informações contidas nas escalas de cada variável em grupos menores (fatores), o

que facilita a análise dos dados.

A análise fatorial foi feita por meio do método de componentes principais para

extração dos fatores, recomendado por Hair et al. (2006). Segundo Bezerra (2007) o

objetivo do método de componentes principais é encontrar uma combinação linear

entre as variáveis até que o máximo da variância seja explicado. Em seguida a

variância já explicada é extraída, buscando-se uma nova combinação linear, até que

seja atingido um nível adequado.

Para definir o nível adequado foi utilizado o critério da raiz latente

(eigenvalues), em que somente os fatores com auto-valores superiores a 1,0 são

considerados (HAIR et al. 2006; BEZERRA, 2007).Outra ferramenta utilizada na

análise fatorial deste estudo foi a rotação dos fatores. A rotação dos fatores tem

como objetivo melhorar o poder explicativo dos fatores gerados pela análise fatorial

(BEZERRA, 2007).Existem vários métodos de rotação e o utilizado nesse estudo foi

o VARIMAX.

O método VARIMAX é muito utilizado em pesquisas científicas. Sua principal

característica é diminuir a possibilidade de uma variável possuir altas cargas fatoriais

para diferentes fatores. Assim, fica mais fácil que uma variável seja identificada

como um único fator (BEZERRA, 2007).

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A significância das cargas fatoriais utilizada neste estudo foi baseada na

definição de Hair et al. (2006), como apresentado nas tabelas 5 e 6.

Tabela 5: Grau de correlação entre as variáveis e carga fatorial

Grau de Correlação Carga fatorial

Correlação muito alta Maior ou igual a 0,8

Correlação média Menor que 0,8 e maior que 0,7

Pouca correlação Menor que 0,7 e maior que 0,6

Muito pouca correlação Menor que 0,6 e maior que 0,5

Correlação inaceitável Menor que 0,5

Fonte: Elaboração própria a partir de Hair et al.. (2006)

Tabela 6: Significância da carga fatorial baseada no tamanho da amostra

Carga Fatorial

Tamanho da amostra necessária

0,30 350

0,35 250

0,40 200

0,45 150

0,50 120

0,55 100

0,60 85

0,65 70

0,70 60

0,75 50

Fonte: Hair et al. (2006)

Os fatores finais extraídos foram submetidos à análise de confiabilidade,

utilizando o coeficiente alfa de Cronbach, recomendado por Hair et al. (2006). Este

teste, que deve ser utilizado depois que a unidimensionalidade for estabelecida pela

análise fatorial (SERPA, 2005), mensura a consistência interna da escala baseada

na correlação média entre os itens (RODRIGUES ; PAULO, 2007). Assim, é possível

verificar se os itens estão altamente correlacionados se medem, então, o mesmo

constructo (HAIR et al., 2006).

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Segundo Hair et al. (1998) o limite mínimo de aceitação da confiabilidade da

escala é entre 0,6 e 0,7. Além disso, como o valor assumido pelo alfa está entre 0 e

1, quanto mais próximo de 1 for o resultado, maior a fidedignidade das dimensões

do constructo (RODRIGUES ; PAULO, 2007).

Outra importante observação é que é possível considerar o alfa de Cronbach

como um coeficiente de correlação ao quadrado. Sendo assim, quando o resultado

de um estudo, por exemplo, tiver um alfa de 0,8 significa dizer que foram medidos

80% do impacto real das variáveis (PEREIRA, 2004 apud RODRIGUES ; PAULO,

2007, p.65),

3.6.2 Verificação da Normalidade das Variáveis

Com a criação de novas variáveis dependentes baseadas nos fatores

extraídos da análise fatorial exploratória, verificou-se se a distribuição dos dados

dessas variáveis era “normal”. Estudos estatísticos mostram que eventos aleatórios

seguem um padrão e se enquadram na “distribuição normal”. Esse padrão se refere

à tendência dos eventos se concentrarem perto da média e irem diminuindo a partir

de do momento que se afastam dela. A distribuição normal é representada pela

Curva de Gauss ou Curva do Sino (Bell Curve) (LANA, 2009).

“A distribuição normal é uma distribuição contínua na forma de sino e

simétrica em relação à média” (MCDANIEL ; GATES, 2003, p.401). A área total sob

a curva normal é igual a 1, ou seja, significa que todas as informações estão

incluídas nela (MCDANIEL ; GATES, 2003).

Segundo Rodrigues e Paulo (2007), a forma de distribuição dos dados para

uma variável quantitativa individual e sua correspondência com a distribuição

normal, representa um padrão de referência para métodos estatísticos. Além disso,

esta análise é necessária para se conhecer a natureza de cada variável e assim

realizar os testes adequados - paramétricos (recomendáveis para variáveis com

distribuição normal) ou não paramétricos (recomendáveis para variáveis quando a

distribuição não é normal) (HAIR, 2006).

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Para a verificação da distribuição normal das variáveis foi utilizado o teste de

Kolmogorov-Smirnov. Nesse teste, consideram-se duas hipóteses: H0 (hipótese nula)

- a distribuição é normal; e H1 (hipótese alternativa) - a distribuição não é normal. De

acordo com o nível de significância do teste pode-se considerar se a hipótese nula é

ou não rejeitada. Se ela for aceita, a distribuição é normal e se for rejeitada a

distribuição não é normal (RODRIGUES ; PAULO, 2007):

- Nível de significância > que 0,05 – Confirma-se a hipótese nula – Distribuição

normal (RODRIGUES ; PAULO, 2007);

- Nível de significância < que 0,05 – Rejeita-se a hipótese nula – Distribuição não

normal (RODRIGUES ; PAULO, 2007).

Os resultados, explicitados no próximo capítulo, apontam para uma distribuição

não normal das variáveis desse estudo.

3.6.3 Teste de possíveis covariantes

Para uma melhor interpretação dos resultados da pesquisa, foram realizados

alguns testes para identificar a ocorrência de possíveis covariantes, ou seja, alguma

outra variável, sem ser a variável independente, que pode ter influenciado a resposta

dos participantes (HAIR et al., 2006). As possíveis covariantes analisadas foram os

dados demográficos dos respondentes: sexo, idade, renda familiar e escolaridade.

Para essa análise foi utilizado o teste não paramétrico de Mann-Whitney U

(substituto do teste paramétrico t-student) (MACFARLAND, 1998), já que não houve

distribuição normal nas variáveis do estudo. Esse tipo de teste é utilizado para

verificar a veracidade ou a falsidade de uma hipótese nula (GUJARATI, 2006).

Assim, para esse teste, assume-se a hipótese nula (H0) de que não houve

diferença entre os grupos e a hipótese alternativa (H1) de que houve diferença entre

os grupos. O resultado do teste é baseado no valor da significância (2 caldas):

- Sig. (2 caldas) > 0,05 – Confirma-se a hipótese nula – Não há diferença entre os

grupos;

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- Sig. (2 caldas) < 0,05 – Rejeita-se- a hipótese nula – Há diferença entre os grupos.

Além disso, também pode se verificar a validade da hipótese de acordo com o

valor de z. Se esse valor for menor que o seu valor crítico, 1.64 (para uma

significância de 0,05), é possível assumir a hipótese nula de que não há diferença

entre os grupos (MCDANIEL ; GATES, 2003).

Desta forma, o teste de Mann-Whitney U permite identificar se há diferença

entre as respostas dos diferentes grupos de pesquisa, quando são inseridas as

possíveis covariantes (MACFARLAND, 1998).

3.6.4 Tratamento experimental

O tratamento experimental dessa pesquisa visou investigar se a RSC causou

efeito nas variáveis dependentes: disposição de compra, benefício percebido, valor

percebido e percepção de justiça dos preços. Além disso, analisou-se se esses

efeitos tiveram variações nos diferentes tipos de meios de hospedagem estudados:

hotel de luxo e pousada.

Para essa análise foi utilizado o teste de Kruskal Wallis, teste não paramétrico

equivalente a ANOVA (Análise da Variância). Ambos os testes comparam possíveis

diferenças de média entre mais de dois grupos (MACFARLAND, 1998). Se for

verificado que houve uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos,

considera-se que a RSC trouxe efeito no comportamento de compra dos

respondentes (AAKER ; KUMAR ; DAY, 2007).

A realização da ANOVA não é indicada neste caso, porque ela é bastante

sensível aos efeitos da normalidade. Todavia, mesmo não sendo indicada, a ANOVA

foi introduzida nesse estudo e seus resultados foram comparados com o teste de

Kruskal Wallis.

A principal justificativa para a sua realização é a impossibilidade da execução

de um post hoc teste de Bonferroni – no teste de Kruskal Wallis (só é possível

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realizá-lo na ANOVA). O post hoc de Bonferroni teste é importante para que se

visualize de forma exata onde está a diferença entre os grupos (HAIR et al., 2006).

Além disso, com o post hoc teste de Bonferroni, pode-se verificar se houve

diferença significativa entre o grupo de controle – hotel de luxo e o grupo de controle

– pousada, ou seja, se a percepção do respondente variou do meio de hospedagem

mais caro para o menos caro.

No teste de Kruskal Wallis a sua significância deve ser menor que 0,05 para

se rejeitar a hipótese nula (H0) de que não há diferença entre os grupos. Esse valor

se refere à probabilidade de não ocorrer diferença entre os grupos (GATEN, 2000).

- Maior que 0,05 - não há diferenças entre os grupos;

- Menor que 0,05 – há diferença entre os grupos.

Para o cálculo da ANOVA, também é considerada a hipótese nula (H0) de que

não há diferença entre os grupos. Para testar essa hipótese, é calculada a razão da

variância entre “entre” e “dentro” dos grupos de pesquisa. Tanto “entre” quanto

“dentro” dos grupos, é calculado a soma dos quadrados (variação) e a média da

soma dos quadrados (estimação da variância). Se a média da soma dos quadrados

“entre” os grupos for significativamente maior que “dentro” dos grupos, podemos

rejeitar a hipótese nula (AAKER ; KUMAR ; DAY, 2007).

Outra possível verificação na ANOVA é o seu quonciente f, ou seja, o

quonciente entre a média da soma dos quadrados “entre” e “dentro” dos grupos. Se

a H0 for verdadeira, o resultado de f será próximo a 1; se a H0 for falsa o valor de f

será maior que 1. Além disso, a sua significância é verificada. Se o valor da

significância for < que 1, pode-se afirmar que a estatística f é significante para um

nível 0,05 (AAKER ; KUMAR ; DAY, 2007).

Os resultados desses testes são essenciais para verificar se houve diferença

entre os grupos experimentais e de controle e assim inferir que a RSC trouxe efeitos

nas variáveis.

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3.6.5 Outras Análises

Como foi abordado anteriormente, o presente estudo possui duas variáveis de

verificação: a compreensão e realismo do cenário de pesquisa e a percepção da

variável RSC no grupo experimental.

Essas variáveis foram analisadas por meio da estatística descritiva. Como a

análise dessas variáveis foi feita por uma escala Likert de 7 pontos é possível inferir

que quando a média das respostas for maior que 4 (ponto neutro) a percepção do

respondente é positiva e quando a média for menor que 4 a percepção do

respondente é negativa.

Primeiramente foram analisados a média e desvio-padrão de todos os itens

de cada variável como um todo. Posteriormente a mesma análise foi realizada para

cada grupo experimental.

3.7 Limitações da Pesquisa

As principais limitações dessa pesquisa são inerentes ao método

experimental e sua operacionalização feita por cenários de pesquisa. Como os

cenários expostos no experimento apresentam situações hipotéticas, os

participantes podem responder de modo diferente à suas ações cotidianas (COLLIS

; HUSSEY, 2005).

É possível que os respondentes prestem mais atenção nas informações de

RSC do que em uma situação real. Além disso, as informações sobre a RSC foram

fornecidas muito próximas ao momento de decisão de compra, o que não é comum

acontecer na realidade (SERPA, 2005). Como a RSC é um tema em voga os

participantes podem responder de forma favorável para se sentirem bem consigo

mesmo e perante a sociedade.

Uma forma de minimizar essa limitação foi o texto introdutório ao cenário de

pesquisa, que informava que os dados seriam tratados de forma confidencial e que a

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participação do respondente seria muito importante para o sucesso do estudo

(apêndice B).

Outra limitação importante foi a amostra da pesquisa. A amostra utilizada foi

não probabilística por conveniência, ou seja, os resultados não puderam ser

projetados para toda população em estudo (MCDANIEL ; GATES, 2003). O número

de participantes foi relativamente pequeno (a quantidade mínima para que um

experimento possa ser realizado), o que pode ter comprometido os resultados

apresentados.

Além disso, a maior parte dos respondentes constitui-se de pessoas com

nível superior (completo ou incompleto). É provável que esses participantes tenham

opiniões diferenciadas sobre o tema tratado, o que restringe as respostas a um

pequeno grupo.

Por fim, outra limitação foi uma possível covariante não analisada nesse

estudo. De acordo com o Instituto ETHOS (2003) os consumidores podem ser

divididos em quatro grupos comportamentais de acordo com a RSC: indiferentes,

iniciantes, comprometidos e conscientes.

- Indiferentes: não adotam nenhum comportamento de RSC ou adotam no máximo 2

deles;

- Iniciantes: adotam de 3 a 7 dos comportamentos de RSC avaliados;

- Comprometidos: adotam de 8 a 10 comportamentos de RSC avaliados;

- Conscientes: adotam de 11 a 13 (todos) os comportamentos listados.

Como esse estudo não avaliou em qual desses grupos se encontravam os

respondentes não é possível prever se o seu comportamento perante as práticas de

RSC influenciou as respostas e conseqüentemente os resultados do estudo.

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA DA PESQUISA

Nesse experimento foram aplicados 121 questionários distribuídos de forma

aleatória entre os cenários de pesquisa. A quantidade de respondentes em cada

cenário de pesquisa foi equivalente: 30 no grupo de controle - hotel; 31 no grupo de

controle - pousada; 30 no grupo experimental - hotel; 30 no grupo experimental -

pousada (figura 15).

Figura 15: Distribuição da amostra da pesquisa Fonte: Elaboração própria

Nenhum questionário foi descartado, já que em todos eles pelo menos 80%

dos itens foram respondidos. Na análise demográfica alguns itens foram deixados

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em branco. Essas não respostas serão denominadas como “missing” (respostas

perdidas).

Dos 121 pesquisados 58% eram mulheres, 41% homens e uma pessoa não

respondeu (missing) (figura 16). Esses dados apresentam uma pequena

heterogeneidade na distribuição do sexo na amostra.

Figura 16: Gráfico dos dados demográficos da amostra (sexo) Fonte: Elaboração própria a partir do excel 2007

Em relação a faixa etária, a maior parte dos respondentes possuem entre 18

e 25 anos (43%) e 26 a 30 anos (21%), caracterizando a amostra como

predominantemente jovem.

Figura 17: Gráfico dos dados demográficos da amostra (faixa etária) Fonte: Elaboração própria a partir do excel 2007

A renda familiar da amostra ficou compreendida, na sua maioria, entre R$

2.076,00 a R$ 6.225,00 (51%) (figura 18). Segundo o Critério de Classificação

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Econômica Brasil (Associação brasileira de empresas de pesquisa, 2008), os

respondentes podem ser considerados como pertencentes às classe A2, B1 e B2.

Figura 18: Gráfico dos dados demográficos da amostra (renda familiar) Fonte: Elaboração própria a partir do excel 2007

O grau de escolaridade dos respondentes ficou concentrada no nível superior

(completo – 35 % e incompleto – 32 %) (figura 19). Esse fato pode ser justificado

pela amostra ser predominada por jovens.

Figura 19: Gráfico dos dados demográficos da amostra (escolaridade) Fonte: Elaboração própria a partir do excel 2007

4.2 AVALIAÇÃO E AGRUPAMENTO DAS ESCALAS

Conforme explicitado na seção anterior, o primeiro passo da análise dos

resultados dessa pesquisa foi a avaliação de suas escalas – sua

unidimensionalidade, a correlação entre suas variáveis e a sua confiabilidade; e o

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seu agrupamento em menores fatores. Para isso foi realizado o teste de KMO, o

Bartlett's test of Sphericity e a análise fatorial exploratória.

Nesse estudo a medida encontrada no KMO foi 0,893, ou seja, maior que 0,5

e próximo de 1, o que comprova satisfatoriamente a correlação entre suas variáveis.

Já o resultado do Bartlett's test of Sphericity foi próximo de zero, indicando uma forte

relação entre as variáveis.

Tabela 7: Teste de KMO e Bartlett's - análise fatorial

Kaiser-Meyer-Olkin Measure of Sampling Adequacy.

0,823

Bartlett's Test of Sphericity

Approx. Chi-Square 1481,004

df 276

Sig. 0,000

Fonte: SPSS, 15.0

Com a análise fatorial, foram obtidos cinco fatores, com 81,622% da variância

explicada (tabela 8):

Tabela 8: Variância total explicada

Componentes Auto valores iniciais Extração

Total % de variância

explicada % de variância

acumulada Total % de variância

explicada % de variância

acumulada

1 11,866 49,441 49,441 9,229 38,456 38,456

2 3,367 14,027 63,468 3,821 15,921 54,377

3 1,783 7,430 70,899 2,848 11,866 66,244

4 1,542 6,426 77,325 2,004 8,350 74,593

5 1,031 4,297 81,622 1,687 7,029 81,622

6 ,860 3,584 85,206

Fonte: SPSS, 15.0

A variância explicada pode ser melhor visualizada no gráfico Scree Plot, no

qual o eixo y representa o total das raízes latentes e o eixo x os componentes (figura

21). No gráfico pode-se observar que grande parcela da variável está sendo

explicada nos primeiros fatores.

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Figura 20: Gráfico Scree Plot Fonte: SPSS, 15.0

Para melhor análise dos dados, quatro fatores foram nomeados pela autora e

um deles foi excluido (tabela 9). Seus resultados se encontram explicitados a seguir:

Na análise fatorial realizada, as variáveis disposição em pagar, benefício

percebido e valor percebido encontraram-se no mesmo fator – fator 1 – o que

demonstra que elas apresentam um alto grau de correlação;

O segundo fator agrupa os itens da variável RSC com um alto grau de correlação

e um item da variável valor percebido (imagem social) com pouca correlação;

O terceiro fator agrupa os itens da variável justiça dos preços, com uma

correlação satisfatória, com excessão do item muito alto/baixo;

O quarto fator agrupa dois itens que avaliam a compreensão dos cenários (pouca

e alta correlação);

O quinto fator agrupa os itens da escala que não possuem correlação com

nehuma das variáveis. Esse fator foi excluido das próximas análises.

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Tabela 9: Resultados da análise fatorial

Itens da escala

Benefí-cio, valor e pagar

RSC/ Valor 7 (social) Justiça Cenários Outros

A descrição desta história é de fácil compreensão para mim. 0,170 0,557 0,011 0,666 0,095

A história contada é realista. -0,087 0,124 -0,095 0,301 0,745

Eu considero clara esta descrição de hospedagem em um hotel/pousada 0,023 0,206 0,118 0,848 0,248

Eu estou disposto a me hospedar no hotel/ pousada "W". 0,776 0,192 0,239 -0,066 0,042

A probabilidade de eu me hospedar no hotel/pousada "W"é alta. 0,844 0,098 0,221 -0,239 -0,016

Eu provavelmente vou me hospedar no hotel/ pousada "W" 0,865 0,038 0,201 -0,259 0,011

Se eu me hospedasse no hotel/pousada "W", me sentiria bem comigo mesmo. 0,876 0,157 0,120 0,330 0,046

Se eu me hospedasse no hotel/pousada "W", sentiria que estou fazendo a coisa certa. 0,873 0,173 0,163 0,304 0,052

Se eu me hospedasse no hotel/ pousada "W", estaria me beneficiando. 0,809 0,275 0,084 0,238 0,036

Se eu me hospedasse no hotel/ pousada "W", sentiria uma satisfação pessoal. 0,868 0,226 0,094 0,106 0,178

Se eu me hospedasse no hotel/ pousada "W", receberia o que meu dinheiro investido vale. 0,855 -0,006 0,297 -0,103 0,169

Se eu me hospedasse no hotel/pousada "W", meu dinheiro gasto compensaria. 0,866 0,257 0,217 0,119 0,138

Se eu me hospedasse no hotel/ pousada "W", valeria a pena, pois acho seu preço razoável. 0,811 -0,019 0,314 0,016 0,125

A hospedagem no hotel/ pousada "W" me traria bons sentimentos. 0,843 0,275 0,096 0,142 0,180

Se eu me hospedasse no hotel/pousada "W", as pessoas me veriam de forma positiva. 0,460 0,103 -0,085 0,096 0,583

O hotel/pousada "W" tem uma imagem social positiva. 0,285 0,655 0,344 0,311 -0,194

Eu recomendaria o hotel/pousada "W" a amigos ou parentes. 0,717 0,413 0,333 0,302 0,029

O hotel/pousada "W" demonstra preocupação com o meio ambiente. 0,169 0,894 0,069 0,222 0,034

O hotel/pousada "W" demonstra envolvimento com a comunidade. 0,193 0,891 -0,064 -0,024 0,148

O hotel/pousada "W" realiza investimentos em causas que valem à pena. 0,165 0,901 0,159 0,119 0,100

Injusto/Justo 0,168 0,229 0,890 -0,049 0,036

Insatisfatório/Satisfatório 0,404 0,110 0,774 0,189 -0,012

Inaceitável/ Aceitável 0,405 -0,046 0,774 0,069 0,057

Muito Alto/Muito Baixo 0,297 -0,019 0,343 -0,059 0,715

Fonte: Elaboração própria

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Esse resultado produz algumas considerações importantes. Algumas

variáveis, que se dispuseram no fator 5, não se correlacionaram com as variáveis

dos conceitos que deveriam medir. Apesar dessas escalas já teram sido utilizadas

em estudos anteriores, existe a possibilidade de neste caso ter ocorrido diferentes

interpretações por parte dos respondentes.

No caso da escala que avalia a compreensão do cenário, o item “a história

contada é realista” pode ter sido interpretada de forma diferente. Isso porque,

possivelmente para esses respondentes, o fato da pesquisa ter sido um experimento

baseado em uma situação hipotética, a história contada não foi considerada realista,

apesar do cenário ter sido claro e compreensível. Além disso, algumas pessoas

podem ter considerado fora de sua realidade se hospedar em um hotel de luxo, por

exemplo.

O item da variável justiça de preços “muito alto/baixo” também pode ter tido

uma interpretação confusa, já que os respondentes podiam considerar que o valor

10% mais caro na diária do hotel era baixo, mas que não era justo ou ao contrário,

que o valor era alto, mas era justo.

O item da variável valor percebido “se eu me hospedasse no hotel/pousada

"W", as pessoas me veriam de forma positiva” também não foi correlacionado com

nenhuma outra variável, possivelmente pela sua semelhança com a escala “O

hotel/pousada "W" tem uma imagem social positiva”.

Outro aspecto importante foi que o item “O hotel/pousada "W" tem uma

imagem social positiva” da variável valor social percebido se correlacionou com a

variável RSC e não com a variável valor. Entretanto, esse item não pode ser incluído

na variável RSC, pois a variável RSC foi mensurada somente no grupo

experimental, diferentemente da variável valor percebido. Sendo assim, esse item foi

excluido das análises posteriores.

Finalmente, verificou-se com a análise fatorial exploratória que as variáveis

disposição em pagar, benefício percebido e valor percebido apresentaram um alto

grau de correlação, como se medissem o mesmo constructo, diferente do esperado.

Isso provavelmente ocorreu pelo fato de ter havido uma associação natural entre

essas variáveis.

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Para a melhor análise posterior dos dados deste trabalho, o fator que

corresponde às variáveis - disposição em pagar, benefício percebido e valor

percebido - será dividido em dois: benefício - valor percebido e disposição em pagar.

Os outros fatores serão mantidos conforme o agrupamento da análise fatorial: RSC,

justiça em preços e verificação do cenário. Com isso, as novas variáveis são:

- Compreensão do cenário de pesquisa;

- RSC;

- Benefício e valor percebido;

- Disposição em pagar;

- Justiça dos preços.

Para mensurar a confiabilidade da escala foi calculado o coeficiente alfa de

Cronbach. Conforme explicitado anteriormente para que as escalas sejam

consideradas válidas, seu nível deve ser maior que 0,6. Em todas as escalas

analisadas os valores do coeficiente foram maiores que 0,7. Além disso, em quatro

variáveis os valores foram muito próximos de 1. Isto significa que os dados do

estudo mediram quase 100% dos impactos reais dessas variáveis.

Tabela 10: Coeficiente alfa de Cronbach

Escala Nº de itens da escala

Alfa de Cronbach

Compreensão do cenário 2 0,751

RSC 3 0,923

Justiça em preços 3 0,934

Valor e beneficio percebido 9 0,975

Disposição em pagar 3 0,981

Fonte: Elaboração própria

4.3 VERIFICAÇÃO DA NORMALIDADE DA AMOSTRA

Para verificar se os dados da amostra da pesquisa apresentavam “distribuição

normal” foi realizado o teste de Kolmogorov-Smirnov. Para a comprovação da

normalidade dos dados, a significância do teste tem que ser maior que 0,05.

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Como em todas as variáveis a significância do teste de Kolmogorov-Smirnov

foi menor do que 0,05 (Sig.= 0,00; 0,00; 0,04; 0,04; 0,04), observa-se uma não

distribuição normal das variáveis da pesquisa (tabela 10). Com isso, os principais

testes utilizados nessa pesquisa foram os não-paramétricos.

Tabela 11: Teste de normalidade das variáveis - Kolmogorov-Smirnov

Variável Itens Kolmogorov-Smirnov Z

(significância)

Compreensão do cenário 2 0,00

RSC 3 0,00

Benefício e valor percebido 9 0,04

Disposição em pagar 3 0,04

Justiça dos preços 3 0,04

Fonte: Elaboração própria

4.4 VERIFICAÇÃO DA VARIÁVEL RSC E DA COMPREENSÃO DO CENÁRIO

A análise das variáveis de verificação desse estudo foi realizada por meio da

estatística descritiva.

Na primeira análise, percebe-se que todos os itens dessas variáveis tiveram a

média e mediana maiores que 4 (ponto neutro) e próximas a 7 (ponto máximo), ou

seja, a percepção das respostas dos participantes foi positiva. Assim, é possível

concluir que os respondentes compreenderam e identificaram a RSC no cenário.

Além disso, o desvio padrão desses itens não é muito alto, o que mostra uma

pequena variabilidade entre as respostas (tabela 12).

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Tabela 12: Análise descritiva das variáveis de verificação

Compreensão dos cenários

Média N

Desvio padrão Mediana

A descrição desta história é de fácil compreensão para mim.

6,39 121 1,020 7,00

Eu considero clara esta descrição de hospedagem em um hotel/pousada 5,97 121 1,224 6,00

RSC

O hotel/pousada "W" demonstra preocupação com o meio ambiente. 6,43 60 0,981 7,00

O hotel/pousada "W" demonstra envolvimento com a comunidade. 6,20 60 1,190 6,50

O hotel/pousada "W" realiza investimentos em causas que valem à pena. 6,27 60 1,056 7,00

Fonte: Elaboração própria

Ao realizar uma análise descritiva das variáveis de verificação nos cenários

experimental e de controle, percebeu-se que não houve uma diferença significativa

entre suas médias, medianas e desvios-padrões, conforme o previsto. Cabe

ressaltar que a variável RSC só foi analisada no grupo experimental (tabela 13).

Tabela 13 – Análise descritiva das variáveis de verificação nos diferentes cenários

Grupo de

controle -

hotel

Grupo de

controle -

pousada

Grupo

experimental -

hotel

Grupo

experimental -

pousada

Eu considero clara esta descrição de

hospedagem em um hotel/pousada Média 6,03

N 30

Desvio

Padrão 1,098

Mediana 6,00

Média 5,55

N 31

Desvio

Padrão 1,457

Mediana 6,00

Média 6,00

N 30

Desvio

Padrão 1,339

Mediana 6,00

Média 6,30

N 30

Desvio

Padrão 0,837

Mediana 6,50

A descrição desta história é de fácil

compreensão para mim. Média 6,43

N 30

Desvio

Padrão 0,728

Mediana 7,00

Média 5,97

N 31

Desvio

Padrão 1,251

Mediana 6,00

Média 6,50

N 30

Desvio

Padrão 1,196

Mediana 7,00

Média 6,67

N 30

Desvio

Padrão 0,661

Mediana 7,00

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83

Grupo de

controle -

hotel

Grupo de

controle -

pousada

Grupo

experimental -

hotel

Grupo

experimental -

pousada

O hotel/pousada "W" demonstra

preocupação com o meio ambiente.

Média 6,37

N 30

Desvio

Padrão 1,217

Mediana 7,00

Média 6,50

N 30

Desvio

Padrão 0,682

Mediana 7,00

O hotel/pousada "W" demonstra

envolvimento com a comunidade. Média 6,33

N 30

Desvio

Padrão 1,061

Mediana 7,00

Média 6,07

N 30

Desvio

Padrão 1,311

Mediana 6,00

O hotel/pousada "W" realiza

investimentos em causas que valem à

pena.

Média 6,37

N 30

Desvio

Padrão 1,217

Mediana 7,00

Média 6,17

N 30

Desvio

Padrão 0,874

Mediana 6,00

Fonte: Elaboração própria

4.5 RESULTADO DA VERIFICAÇÃO DE POSSÍVEIS COVARIANTES

As variáveis avaliadas como possíveis covariantes dessa pesquisa foram:

sexo, faixa etária, nível de renda e escolaridade. Para isso foi utilizado o teste de

Mann-Whitney U, não paramétrico, para cada variável em todos os cenários de

pesquisa.

Segundo os resultados do teste de Mann-Whitney U não houve alteração

entre os grupos com a inserção das variáveis demográficas. Como se pode observar

(tabelas: 14,15,16 e 17) o valor de z é menor que 1.64 (-0,79; -0,10; -0,90 e -0,74) e

a significância (2 caldas) é maior que 0,05 (0,795; 0,107; 0,900; 0,740).

Sendo assim, esses resultados mostram que as características demográficas

não influenciaram as respostas dos participantes.

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Tabela 14 – Teste de Mann-Whitney U

- Sexo

Sexo

Mann-Whitney U 435,000

Wilcoxon W 900,000

Z -0,260

Sig. (2-caldas) 0,795

Fonte: SPSS, 15.0

Tabela 15 – Teste de Mann-Whitney U

- Faixa Etária

Idade

Mann-Whitney U 271,000

Wilcoxon W 622,000

Z -1,613

Sig. (2-caldas) 0,107

Fonte: SPSS, 15.0

Tabela 16 – Teste de Mann-Whitney U

- distribuição de renda

Renda

Mann-Whitney U 427,500

Wilcoxon W 862,500

Z -0,125

Sig. (2-caldas) 0,900

Fonte: SPSS, 15.0

Tabela 17 – Teste de Mann-Whitney U

- escolaridade

Escolaridade

Mann-Whitney U 401,500

Wilcoxon W 807,500

Z -0,331

Sig. (2-caldas) 0,740

Fonte: SPSS, 15.0

4.6 TRATAMENTO EXPERIMENTAL

O primeiro passo do tratamento experimental desse estudo foi à realização do

teste não paramétrico de Kruskal Wallis. Nesse teste a hipótese nula de que não há

diferença entre os grupos é aceita ou rejeitada. Se a sua significância for menor que

0,5 a hipótese nula é negada, ou seja, há diferença entre os grupos (GATEN, 2000).

Segundo os resultados do teste de Kruskal Wallis houve uma diferença

estatisticamente significativa entre os grupos nas variáveis dependentes. Todas elas

obtiveram um resultado bem menor do que 0,05 (0,00). Esse resultado mostra que

de alguma forma as respostas dos grupos foram diferentes. Entretanto, ainda não é

possível afirmar se essa diferença ocorreu entre os grupos de controle e

experimental (sem ou com a informação sobre RSC).

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Tabela 18: Resultados do teste de Kruskal Wallis

Variável Itens Kruskal Wallis

(significância)

Benefício e valor percebido 9 0,00

Disposição em pagar 3 0,00

Justiça dos preços 3 0,00

Fonte: Elaboração própria a partir de SPSS 15.0

Para averiguar de forma mais detalhada onde houve diferença entre os

grupos, realizou-se o post hoc test de Bonferroni (tabelas: 22; 23; 24). Como só é

possível realizar esse teste com a ANOVA, aproveitou-se para comparar os

resultados da ANOVA com o teste de Kruskal Wallis.

Embora os resultados da ANOVA sejam sensíveis aos efeitos da

normalidade, os resultados dos testes paramétricos e não paramétricos mostraram-

se equivalentes em todas as variáveis (tabelas: 19; 20; 21), já que assim como o

teste de Kruskal Wallis, os resultados da ANOVA demonstram uma diferença

significativa entre os grupos (Sig.<0,05).

Como se pode constatar nas tabelas: 19; 20; 21, o valor da média das somas

dos quadrados é maior “entre” os grupos do que “dentro” dos grupos e o resultado

do quociente f é superior a 1. Sendo assim, pode-se rejeitar a hipótese nula de que

não houve diferença entre os grupos.

A ANOVA basicamente faz uma comparação da variabilidade “entre grupos” e variabilidade “dentro de grupos”. “Quanto maior for a primeira comparada à segunda, maior é a evidência de que existe variabilidade entre grupos, ou seja, médias diferentes (SHIMAKURA, 2008, p.1).

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Tabela 19 - Resultado ANOVA – benefício e valor percebido

Soma dos quadrados

Graus de Liberdade

(df)

Média das somas dos quadrados F Sig.

Benefício e valor percebido

Entre os grupos 148,067 3 49,356 24,377 ,000

Dentro dos grupos

236,885 117 2,025

Total 384,952 120

Fonte: Elaboração própria a partir de SPSS, 15.0

Tabela 20 - Resultado ANOVA – disposição em pagar

Soma dos quadrados

Graus de Liberdade

(df)

Média das somas dos quadrados F Sig.

Disposição em pagar

Entre os grupos

199,333 3 66,444 28,081 ,000

Dentro dos grupos

276,846 117 2,366

Total 476,178 120

Fonte: Elaboração própria a partir de SPSS, 15.0

Tabela 21 - Resultado ANOVA – justiça em preços

Soma dos quadrados

Graus de Liberdade

(df)

Média das somas dos quadrados F Sig.

Justiça dos preços

Entre os grupos

116,568 3 38,856 20,284 ,000

Dentro dos grupos

222,207 116 1,916

Total 338,776 119

Fonte: Elaboração própria a partir de SPSS, 15.0

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Com o resultado do post hoc teste de Bolferroni foi possível verificar que a

diferença ocorreu somente entre os grupos experimentais e de controle em todas as

variáveis de estudo (Sig.<0,05). Ao realizar uma comparação entre o grupo de

controle - hotel de luxo com o grupo de controle - pousada, pode-se verificar que não

houve diferença entre eles (sig. >1). O mesmo ocorreu ao comparar o grupo

experimental - hotel de luxo com o grupo experimental – pousada (tabelas: 22; 23;

24).

Estes dados corroboram que o grupo que obteve informações sobre a

variável RSC obteve um resultado diferente em relação às variáveis do que o que

não obteve essas informações. Entretanto, ainda não é possível afirmar em qual

grupo a percepção sobre as variáveis dependentes foi positiva.

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Tabela 22: Post hoc test de Bonferroni – Benefício e valor percebido

Variáveis

dependentes (I) grupo

experimental (J) grupo

experimental Diferença

de

médias

(I-J)

Erro

padrão Sig. 95% Intervalo de

confiança

Lower

Bound

Upper

Bound

Benefício e valor

percebido Grupo de

controle - hotel

Grupo de controle

- pousada -,192 ,364 1,000 -1,17 ,79

Grupo

experimental -

hotel

-2,248* ,367 ,000 -3,23 -1,26

Grupo

experimental

pousada

-2,361* ,367 ,000 -3,35 -1,38

Grupo de

controle -

pousada

Grupo de controle

- controle hotel ,192 ,364 1,000 -,79 1,17

Grupo

experimental -

hotel

-2,056* ,364 ,000 -3,03 -1,08

Grupo

experimental -

pousada

-2,169* ,364 ,000 -3,15 -1,19

Grupo

experimental -

hotel

Grupo de controle

- hotel 2,248* ,367 ,000 1,26 3,23

Grupo de controle

- pousada 2,056

* ,364 ,000 1,08 3,03

Grupo

experimental -

pousada

-,113 ,367 1,000 -1,10 ,87

Grupo

experimental -

pousada

Grupo de controle

- hotel 2,361* ,367 ,000 1,38 3,35

Grupo de controle

- pousada 2,169

* ,364 ,000 1,19 3,15

Grupo

experimental -

hotel

,113 ,367 1,000 -,87 1,10

Fonte: Elaboração própria a partir de SPSS, 15.0

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Tabela 23: Post hoc test de Bonferroni – Disposição em pagar

Variáveis

dependentes (I) grupo

experimental (J) grupo

experimental Diferença

de

médias

(I-J)

Std.

Error Sig. 95% Intervalo de

confiança

Lower

Bound

Upper

Bound

Disposição em

pagar Grupo de

controle - hotel

Grupo de controle

- pousada -,172 ,394 1,000 -1,23 ,89

Grupo

experimental -

hotel

-2,589* ,397 ,000 -3,65 -1,52

Grupo

experimental -

pousada

-2,711* ,397 ,000 -3,78 -1,65

Grupo de

controle -

pousada

Grupo de controle

- hotel ,172 ,394 1,000 -,89 1,23

Grupo

experimental -

hotel

-2,417* ,394 ,000 -3,47 -1,36

Grupo

experimental -

pousada

-2,539* ,394 ,000 -3,60 -1,48

Grupo

experimental -

hotel

Grupo de controle

- hotel 2,589* ,397 ,000 1,52 3,65

Grupo de controle

- pousada 2,417

* ,394 ,000 1,36 3,47

Grupo

experimental -

pousada

-,122 ,397 1,000 -1,19 ,94

Grupo

experimental -

pousada

Grupo de controle

- hotel 2,711* ,397 ,000 1,65 3,78

Grupo de controle

- pousada 2,539

* ,394 ,000 1,48 3,60

Grupo

experimental -

hotel

,122 ,397 1,000 -,94 1,19

Fonte: Elaboração própria a partir de SPSS, 15.0

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Tabela 24: Post hoc test de Bonferroni – Justiça dos preços

Variáveis

dependentes (I) grupo

experimental (J) grupo

experimental Diferença

de

médias

(I-J)

Std.

Error Sig. 95% Intervalo de

confiança

Lower

Bound

Upper

Bound

Justiça dos

preços Grupo de

controle - hotel

Grupo de controle

- pousada -,307 ,358 1,000 -1,27 ,65

Grupo

experimental -

hotel

-2,075* ,360 ,000 -3,04 -1,11

Grupo

experimental -

pousada

-2,159* ,360 ,000 -3,13 -1,19

Grupo de

controle -

pousada

Grupo de controle

- hotel ,307 ,358 1,000 -,65 1,27

Grupo

experimental -

hotel

-1,768* ,354 ,000 -2,72 -,82

Grupo

experimental -

pousada

-1,852* ,354 ,000 -2,80 -,90

Grupo

experimental -

hotel

Grupo de controle

- hotel 2,075* ,360 ,000 1,11 3,04

Grupo de controle

- pousada 1,768

* ,354 ,000 ,82 2,72

Grupo

experimental -

pousada

-,083 ,357 1,000 -1,04 ,88

Grupo

experimental -

pousada

Grupo de controle

- hotel 2,159* ,360 ,000 1,19 3,13

Grupo de controle

- pousada 1,852

* ,354 ,000 ,90 2,80

Grupo

experimental -

hotel

,083 ,357 1,000 -,88 1,04

Fonte: Elaboração própria a partir de SPSS, 15.0

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Para verificar se a percepção das variáveis dependentes foi positiva no grupo

de controle ou no experimental foi utilizada a estatística descritiva. Nas tabelas 25,

26 e 27, pode-se constatar que em todas as variáveis dependentes as médias e

medianas do grupo de controle estão abaixo de 4 (ponto neutro da escala likert de 7

pontos) e acima de 5 no grupo experimental.

A única exceção ocorreu na mediana do grupo de controle - pousada na

variável percepção de justiça em preços, que foi quatro (exatamente o ponto neutro).

Mas com esse dado é possível afirmar que assim como nos demais grupos a

percepção não foi positiva.

Conclui-se então que as opiniões no grupo experimental seguiram uma

tendência positiva, em relação ao benefício e valor percebido, disposição em pagar

e justiça dos preços, diferentemente do grupo de controle, onde não houve

informação sobre investimentos em RSC. Sendo assim, é possível inferir que a

variável independente RSC trouxe uma influencia positiva as variáveis dependentes.

Tabela 25: Resultado descritivo por grupos – Benefício e valor percebido

Benefício e valor percebido Média N Desvio padrão Mediana

Grupo de controle - hotel 3,13 30 1,584 2,94

Grupo de controle - pousada 3,32 31 1,571 3,00

Grupo experimental - hotel 5,38 30 1,427 5,78

Grupo experimental - pousada 5,49 30 1,035 5,56

Fonte: Elaboração própria a partir de SPSS, 15.0

Tabela 26: Resultado descritivo por grupos – Disposição em pagar

Disposição em pagar Média N Desvio padrão Mediana

Grupo de controle - hotel 3,01 30 1,613 2,83

Grupo de controle - pousada 3,18 31 1,784 3,00

Grupo experimental - hotel 5,60 30 1,402 5,83

Grupo experimental - pousada 5,72 30 1,299 6,00

Fonte: Elaboração própria a partir de SPSS, 15.0

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Tabela 27: Resultado descritivo por grupos – justiça em preços

Justiça em preços Média N Desvio padrão Mediana

Grupo de controle - hotel 3,57 29 1,439 3,33

Grupo de controle - pousada 3,88 31 1,555 4,00

Grupo experimental - hotel 5,65 30 1,305 6,00

Grupo experimental - pousada 5,73 30 1,208 6,00

Fonte: Elaboração própria a partir de SPSS, 15.0

Por fim, com esses mesmos dados (tabelas: 25, 26 e 27), pode-se observar

que a percepção dos respondentes não foi diferente entre os tipos de meios de

hospedagem avaliados na pesquisa, já que não houve diferença significativa nas

médias e medianas entre os grupos de controle (pousada e hotel de luxo) e entre os

grupos experimentais (pousada e hotel de luxo). Sendo assim, independentemente

do meio de hospedagem ser mais barato ou mais caro, a RSC traz influencias

positivas nas variáveis estudadas.

Esses resultados demonstram que, assim como em outras pesquisas

semelhantes (CREYER ; ROSS,1997; INSTITUTO ETHOS,2003; MOHR ;

WEBB,2005; SERPA, 2005; AUGER et al.,2003; SEN ; BHATTACHARYA ;

KORSCHUN, 2006; MANAKTOLA ; JAUHARI, 2007) a RSC trouxe um efeito positivo

no comportamento de compra do consumidor.

Igualmente como sustentam os resultados do experimento de Serpa (2005), a

RSC foi vista como um benefício adicional para esses respondentes e influenciou a

sua percepção de valor, ocasionando a sua intenção de comprar nessas empresas

(no caso desse estudo, de se hospedar no meio de hospedagem descrito).

Além disso, os resultados desse estudo revalidam as constatações de Monroe

(2003), sobre a percepção em justiça dos preços. Segundo esse autor, se o

consumidor considerar que o preço praticado pela empresa é justo, sua percepção

de sacrifício no processo de compra diminui e conseqüentemente aumenta sua

disposição de compra.

Neste caso, o valor mais alto cobrado pela empresa que investia em RSC foi

considerado como justo (mediana igual a 6 nos hotéis de luxo; mediana igual a 6 nas

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pousadas). Assim, é possível inferir que essa percepção de justiça influenciou

positivamente a intenção de compra dos participantes.

Entretanto, diferentemente do estudo proposto por Manaktola ; Jauhari

(2007), os participantes dessa pesquisa se mostraram dispostos a pagar um preço

mais caro em meios de hospedagem que investem em RSC. Essa diferença pode

ter ocorrido pela pesquisa ter sido realizada em um país diferente (Índia) e devido ao

método de pesquisa aplicado pelos autores para avaliar esse tipo de

comportamento.

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5 CONCLUSÕES

Esse estudo teve como objetivo analisar o comportamento de compra dos

consumidores em meios de hospedagem que investem em RSC. De forma

específica investigou se a RSC causaria efeitos positivos na percepção de benefício

e valor desses clientes e eles estariam dispostos a se hospedar nos meios de

hospedagem com uma diária 10% mais alta que as dos concorrentes. Além disso, foi

avaliado se essa diferença de preço cobrada era considerada justa e se essas

variáveis se alteravam de um meio de hospedagem mais barato (pousada) para um

mais caro (hotel de luxo).

De acordo com os resultados da pesquisa, os participantes perceberam

benefício e valor adicional da oferta dos meios de hospedagem que praticavam

ações de RSC. Além disso, esses respondentes se mostraram estar dispostos a

pagar uma diária 10% mais alta nesses empreendimentos, mesmo possuindo outras

opções semelhantes e mais baratas. O valor da diária 10% mais alto, do meio de

hospedagem W, foi percebido como justo.

O cenário de pesquisa deixou claro que as características dos meios de

hospedagem eram as mesmas e que o respondente tinha gostado igualmente de

todas as empresas apresentadas. Sendo assim, supõe-se que a causa da diferença

entre os resultados do meio de hospedagem mais caro para os demais tenha sido os

investimentos em RSC.

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Esses resultados foram equivalentes ao de pesquisas anteriores, que

estudaram essas variáveis ou de forma conjunta (SERPA, 2005) ou de forma

destacada (CREYER ; ROSS, 1997; AUGER et al., 2003; INSTITUTO ETHOS, 2003;

MOHR ; WEBB, 2005; SEN ; BHATTACHARYA ; KORSCHUN, 2006; MANAKTOLA ;

JAUHARI, 2007).

No caso da percepção de justiça em preços, assim como mostram estudos

passados, os consumidores consideraram como justo um preço mais alto praticado

pelas empresas de acordo com o motivo para essa diferença: aumento de custos ou

motivos vistos como positivos (HOMBURG et al., 2005; BOLTON et al., 2003;

SERPA, 2005). Neste estudo, a RSC pareceu representar um motivo positivo, já

que o diferencial de preço foi visto como justo.

Outra importante consideração foi que os resultados não se alteraram do

meio de hospedagem mais caro para o mais barato. Isso indicou que a RSC pode

ser vista como positiva independentemente da estrutura da empresa. Uma

importante diferença entre um grande hotel de luxo e uma pousada é a sua estrutura

de custos, que é maior na primeira. Outro aspecto relevante é que em um grande

hotel é mais difícil averiguar se o diferencial de preço cobrado foi mesmo utilizado

em investimentos em RSC. Entretanto, de qualquer forma, nenhum desses fatores

influenciou as decisões dos respondentes.

Este trabalho traz importantes contribuições acadêmicas. Primordialmente, o

estudo sobre a RSC de forma aprofundada é pioneiro no Turismo, assim como a sua

análise de acordo com o ponto de vista do consumidor. Existem alguns trabalhos

relevantes na literatura que relacionam a RSC e o Turismo, entretanto poucos a

estudaram sobre essa ótica.

Também é precursor no Turismo, estudos sobre o modelo de valor percebido,

percepção de justiça em preços e a investigação da relação entre essas variáveis

com a RSC. Desta forma, esse estudo pode ser um incentivo, além de um modelo

para o desenvolvimento de outros trabalhos semelhantes no setor.

Outra importante contribuição acadêmica desse trabalho foi a adaptação dos

itens das escalas que mensuram as variáveis que compõem o modelo de valor

percebido e a percepção de justiça em preços ao Turismo. A realização inicial do

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pré-teste contribuiu para que as escalas de pesquisa fossem adaptadas da melhor

forma possível e a sua posterior validação pode confirmar que os itens são

confiáveis para estudos posteriores.

A realização do método experimental e a construção de cenários no âmbito

do Turismo, também são pioneiros. Além disso, como o Turismo é uma área

multidisciplinar e complexa, a construção dos cenários se configurou como um

trabalho adicional.

Por fim, a distribuição dos cenários pela web, sua construção com imagens e

tabelas e o uso de questionários online foram importantes complementos a esse tipo

de método. Desta forma, o trabalho também se configura como um incentivador da

utilização da internet em pesquisas, recursos estes ainda utilizados com cautela por

pesquisadores (AAKER ; KUMAR ; DAY, 2007).

Todos esses recursos - método experimental, construção de cenários, a

adaptação e a validação de escalas para o Turismo – também são importantes como

modelo e incentivo a produção acadêmica de trabalhos futuros semelhantes.

Como contribuições gerenciais, esse trabalho aponta o possível retorno que a

RSC pode trazer as empresas de turismo, tanto na atração de clientes - já que

aumenta o benefício e valor percebido - quanto na possibilidade de incrementar seus

preços – os clientes se disponibilizariam a se hospedar em meios de hospedagem

que cobram preços maiores que da concorrência; e esse aumento é visto como

justo.

Esses dados indicam que é possível que as empresas compensem o eventual

aumento de custos com os investimentos em RSC, aumentando o seu preço sem

perder clientes. Além disso, esses resultados podem motivar os gestores de turismo

a investirem em RSC e consequentemente contribuir com o desenvolvimento do

turismo de forma sustentável, sem prejudicar a rentabilidade de sua empresa e sua

permanência no mercado.

É importante destacar que a descrição das ações de RSC no cenário de

pesquisa foi genérica, ou seja, contemplou diferentes dimensões de RSC. Sendo

assim, não é possível afirmar que uma única ação isolada tenha o mesmo efeito no

comportamento dos consumidores.

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Os resultados desse estudo apresentam alguns aspectos sociais: um

incentivo adicional para que as empresas de turismo possam contribuir com o

desenvolvimento sustentável, sem prejudicar sua rentabilidade e a atual

preocupação do turista com esses aspectos.

Este estudo tem como recomendações de pesquisas futuras:

- A ampliação dos resultados apresentados com outros métodos estatísticos;

- A repetição desse estudo com outras empresas de turismo (empresas aéreas,

órgãos públicos, agências e operadoras de viagens) ou com outros tipos de meios

de hospedagem (albergues, resorts);

- A repetição desse estudo com uma amostra mais segmentada, de acordo com o

tipo de negócio (estudantes - albergues; executivos -resorts);

- A repetição desse estudo tendo como amostra clientes de uma empresa

específica;

- A repetição desse estudo tendo como amostra outros stakeholders (fornecedores,

potenciais funcionários);

- Repetição desse estudo com ações específicas de RSC (ações de preservação do

meio ambiente, filantropismo);

- Outras pesquisas de causa e efeito no turismo (se a qualidade do serviço influi na

percepção de preço-valor do cliente; se destinos com políticas públicas sustentáveis

tem uma maior intenção de visitação;

- Repetição dessa pesquisa, mas com diferentes níveis de preço, para verificar até

quanto os consumidores pagariam por empresas que investem em RSC;

- Estudo quantitativo comparando se o percentual de preço que o consumidor está

disposto a pagar é equivalente aos reais custos;

- Estudo experimental onde se compara a RSC com outros atributos (qualidade, por

exemplo), para verificar qual é mais importante para o cliente.

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UZEDA, Annibal O.; SECUNDINO, Ilnah. Turismo: A grande indústria. Rio de Janeiro: Livraria Kosmos Editora, 1985. WANDERLEY, Henrique. A percepção dos hóspedes quanto aos atributos oferecidos pelos hotéis voltados para o turismo de negócios na cidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado em Engenharia – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. WEISE, Andreas D.; CARIONI, Aline Z.; Fatores que influenciam a avaliação de hotéis. VI Seminário Internacional da LARES, 2006, São Paulo. ZEITHAML, Valarie A. Consumer perceptions of price, quality, and value: a means-end model and synthesis of evidence. Journal of Marketing, v. 52, n. 3, p. 2-22, 1988.

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APÊNDICE A – Mensagem para solicitação de participação na coleta de dados

Prezados colegas, Sou aluna do curso de Turismo da UFF e gostaria de pedir a participação de vocês na pesquisa da minha monografia. Para participar, basta acessar o site a seguir, ler e responder o seu questionário. É bem simples e rápido. O site é: http://www.uff.br/entretere/site1/site2/site3/site4. A ajuda de vocês é essencial para que o meu estudo seja viável. Qualquer problema, por favor, me envie um e-mail. O questionário leva poucos minutos para ser respondido. Desde já, agradeço a participação!

APÊNDICE B - Mensagem de apresentação do cenário de pesquisa (inserida em

todas as primeiras páginas dos sites)

Esta é uma pesquisa sobre atitude e comportamento do consumidor. Por favor, leia o texto, responda às perguntas posteriores e não deixe nenhuma em branco. Sua participação é muito importante para este estudo e todas as respostas serão tratadas de forma confidencial. A pesquisa deverá tomar apenas 10 minutos do seu tempo. Obrigado!

APÊNDICE C – Páginas do site - cenário do grupo de controle (hotel de luxo)

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APÊNDICE D – Páginas do site – variável RSC – grupo experimental (hotel de luxo)

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APÊNDICE E – Páginas do site - cenário do grupo de controle (pousada)

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APÊNDICE F – Páginas do site – variável RSC – grupo experimental (pousada)

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APÊNDICE G – Exemplo de questionário sem RSC insinuada

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APÊNDICE H – Exemplo de questionário com RSC insinuada

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APÊNDICE I – Perguntas demográficas sobre os respondentes

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APÊNDICE J – Lista de principais produtos e serviços oferecidos por hotéis de luxo

para a descrição do cenário6

Cidades 7

Hotéis de Luxo Características Principais

Londres The Savoy Localização privilegiada

Suítes com decoração e arquiteturas modernas

Nova York Marriott Localização privilegiada

Acesso a internet 24 horas nos Suítes e em Business Center

Academia moderna

Bar aberto para café da manhã e lanches noturnos

Televisão e TV a cabo

Dois restaurantes (um com comida americana e outro com comida japonesa)

Paris Sofitel Localização privilegiada

Decoração moderna nos Suítes

Spa

Bar

Livraria

Academia

Restaurantes

Rio de Janeiro Fazano Suítes com arquitetura diferenciada e com extremo conforto.

TV de LCD

Wireless em qualquer ponto do hotel

Cofre e frigobar

Andares de fumantes e não fumantes

Piscina, sauna

6 http://www.fairmont.com/promo/savoy. Acesso em: 01 set 2008;

http://www.marriott.com/hotels/travel/nycmq-new-york-marriott-marquis/. Acesso em: 01 set

2008;http://www.sofitel.com/gb/hotel-1295-sofitel-paris-le-faubourg/index.shtml. Acesso em: 01 set 2008;

http://www.fasano.com.br/. Acesso em: 01 set 2008; http://www1.hilton.com/en_US/hi/hotel/SAOMOHH-

Hilton-Sao-Paulo-Morumbi/index.do. Acesso em: 01 set 2008

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Cidades 7

Hotéis de Luxo Características Principais

São Paulo Hilton Morumbi Suítes com sala independente

Restaurantes

Café da manhã incluído na diária

Salas de reunião

Business Center

Piscina

Academia Fonte: Elaboração própria

APÊNDICE K - Lista de principais produtos e serviços oferecidos por pousadas para

a descrição do cenário8

Cidades

Pousadas Características Principais

Balneário de

Camboriú

Parador Estaleiro Ambiente descontraído

Suítes com TV, DVD e cofre

Piscina

Hidromassagem

Quadra de tênis

Academia

Espaço zen Búzios Pousada Pedra da

Laguna Suítes com ar condicionado, TV a

cabo e telefone

Localização privilegiada

Piscina

Quadra de tênis

Sauna

Restaurante

Bar Salvador Pousada Encanto de

Itapoan Ambiente integrado ao local

Café da manhã incluído na diária, com sucos e frutas tropicais

Suítes simples e bem decorados

Área comum com internet e ambiente familiar

8 http://paradorestaleirohotel.com.br/. Acesso em: 01 set 2008; http://www.pedradalaguna.com.br/ . Acesso

em: 01 set 2008, http://www.encantodeitapoan.com.br/rooms.htm. Acesso em: set 2008;

http://www.fazendadalagoa.com.br/. Acesso em: 01 set 2008; http://www.pousadacravoecanela.com.br/.

Acesso em: set 2008

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Cidades

Pousadas Características Principais

Ilhéus Fazenda da Lagoa Suítes, cada uma com sua composição de cores e detalhes específicos

Internet

Loja

Mini bar

Massagem

Espaço de relaxamento Canela Pousada Cravo e Canela Ambiente com conforto e requinte

intimista

Atendimento personalizado

American bar

Sala de jogos

Piscina térmica coberta com hidromassagem

Sauna seca

Café da manhã e chá da tarde Fonte: Elaboração própria