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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE PROJETO FINAL EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL PEDRO HENRIQUE ALVARENGA MACHADO FIALHO ANÁLISE CRÍTICA DO PROJETO A MATA ATLÂNTICA SUSTENTÁVEL, UTILIZANDO A EXTENSÃO RURAL PARA A RECONSTITUIÇÃO DA PALMEIRA JUÇARA NOS SEUS BIOMAS NATURAISNITERÓI - RJ 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E MEIO AMBIENTE

PROJETO FINAL EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

PEDRO HENRIQUE ALVARENGA MACHADO FIALHO

ANÁLISE CRÍTICA DO PROJETO “A MATA ATLÂNTICA SUSTENTÁVEL,

UTILIZANDO A EXTENSÃO RURAL PARA A RECONSTITUIÇÃO DA PALMEIRA

JUÇARA NOS SEUS BIOMAS NATURAIS”

NITERÓI - RJ

2014

PEDRO HENRIQUE ALVARENGA MACHADO FIALHO

ANÁLISE CRÍTICA DO PROJETO “A MATA ATLÂNTICA SUSTENTÁVEL,

UTILIZANDO A EXTENSÃO RURAL PARA A RECONSTITUIÇÃO DA PALMEIRA

JUÇARA NOS SEUS BIOMAS NATURAIS”

Monografia de graduação apresentada ao Curso

Engenharia Agrícola e Ambiental da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para a

obtenção do grau de Engenheiro Agrícola.

Orientador: Prof. Msc. Leonardo Hamacher

.

NITERÓI - RJ

2014

PEDRO HENRIQUE ALVARENGA MACHADO FIALHO

ANÁLISE CRÍTICA DO PROJETO A MATA ATLÂNTICA SUSTENTÁVEL, UTILIZANDO

A EXTENSÃO RURAL PARA A RECONSTITUIÇÃO DA PALMEIRA JUÇARA NOS SEUS

BIOMAS NATURAIS.

Monografia de graduação apresentado ao Curso

Engenharia Agrícola e Ambiental da Universidade

Federal Fluminense, como requisito parcial para a

obtenção do grau de Engenheiro Agrícola.

Aprovada em 20 de Outubro de 2014.

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

Prof. Leonardo da Silva Hamacher, Msc.

Universidade Federal Fluminense

ORIENTADOR

_____________________________________

Prof. Ivenio Moreira, Dsc.

Universidade Federal Fluminense

_______________________________________

Profa. Dirlane de Fátima do Carmo, Dsc.

Universidade Federal Fluminense

NITERÓI - RJ

2014

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho acadêmico aos meus pais.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus ao meu amigo Mineiro por nunca ter medido esforços para

me ajudar em minhas conquistas.

Aos meus pais pelo apoio incondicional. Ao amigo de trabalho Herval Fernandes pelo

empenho e dedicação.

Aos professores funcionários da Universidade Federal Fluminense que por muitas vezes se

revezam nas funções de mestre, pais ou amigo dos alunos.

EPÍGRAFE

‘’Você é do tamanho de seus sonhos’’

RESUMO

A árvore Palmeira Juçara nativa da mata atlântica encontra-se entre as espécies ameaçadas de

extinção a extração desordenada e ilegal para a comercialização do Palmito obtido através do

corte do seu tronco, foi a principal causa do desaparecimento da Juçara ao longo dos anos.

Com isso, algumas iniciativas estão sendo criadas para mudar esse cenário. Com o objetivo

de descrever e analisar criticamente uma dessas iniciativas, analisou-se um projeto

desenvolvido numa Área de Proteção Permanente (APP) denominada Serrinha do Alambarí

localizada no município de Resende região sul do Estado do Rio de Janeiro, o projeto Amável

– A Mata Atlântica Sustentável que em parceria com a EMATER-RIO (Empresa de

Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio de Janeiro), vem constantemente trabalhando na

produção e plantio de mudas da Palmeira e na disseminação de uma forma sustentável de

aproveitá-la comercialmente, com a produção do Juçaí, que é proveniente da polpa do fruto da

Palmeira Juçara, promovendo a sua exploração de modo sustentável, do ponto de vista

ambiental, social e econômico. Como conclusão, observou-se que o projeto foi extremamente

importante pois incentivou os pequenos agricultores a produzirem e tirarem o seu próprio

sustendo através do beneficiamento do fruto da Palmeira, incentivando a reconstituição da

mata atlântica com o plantio das sementes da Palmeira Juçara. .

Palavras-chave: Palmeira Juçara, Juçaí,

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estrutura do vegetal ............................................................................................................12

Figura 2 O fruto da Palmeira Juçara ...................................................................................................13

Figura 3 Localização do Município sede do Projeto Amável ...............................................................21

Figura 4 Localização da Fábrica .........................................................................................................21

Figura 5 A sede do projeto AMÁVEL ..................................................................................................22

Figura 6 A coleta do fruto , Figura 7 A separação do fruto .................................................................22

Figura 9 Pesagem do fruto recém colhido .........................................................................................23

Figura 8 Chegado do fruto .................................................................................................................23

Figura 10 Filtro utilizado no processamento ......................................................................................24

Figura 11 Máquina despolpadeira do fruta da Juçara ........................................................................24

Figura 12 O Juçaí ...............................................................................................................................25

Figura 13 Matriz SWOT .....................................................................................................................28

Figura 14.1 Municípios com potenciais produtivos no Estado ............................................................29

Figura 15 Modelo programático dos dias de campo ..........................................................................31

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Tabela 1: Matriz SWOT do Projeto AMÁVEL e do plantio e produção da

Palmeira Juçara no Estado do Rio de Janeiro...............................................28

Tabela 2: Planilha das atividades dos dias de campo.....................................30

Tabela 3:Modelo de Preenchimento da caderneta de campo..........................31.

e

Sumário

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 19

2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 11

2.1. Objetivo Principal .................................................................................................. 11

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................. 11

3.1. A estrutura do vegetal ............................................................................................ 11

3.2. Ocorrência do Vegetal ........................................................................................... 13

3.3. Clima ......................................................................................................................... 15

3.4. Cultivo....................................................................................................................... 16

3.5. Germinação ............................................................................................................... 16

3.6. Benefícios econômicos da coleta e do beneficiamento do fruto .................................. 17

3.7. Assistência Técnica e Extensão Rural ........................................................................ 18

3.8. A Função da EMATER-RJ ........................................................................................ 19

4. MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................... 20

4.1. Descrição do Projeto .............................................................................................. 20

4.2 Etapas do Projeto ................................................................................................... 22

4.2.1 A coleta do fruto .................................................................................................. 22

4.2.2 A limpeza do fruto ............................................................................................... 23

4.2.3 O Processo de despolpamento .............................................................................. 23

4.2.4 O acondicionamento e comercialização da polpa .................................................. 24

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 25

5.1. Avaliação dos relatórios de visita ........................................................................... 25

5.2. Entrevistas com famílias dos agricultores ............................................................... 26

5.3. Entrevistas com Técnicos envolvidos ..................................................................... 27

5.3.1. Técnicos da EMATER envolvidos no projeto ................................................. 27

5.4. Análise SWOT ....................................................................................................... 27

5.5. Estratégias de ampliação do raio de ação do projeto Amável ...................................... 29

5.6. Dia de campo ............................................................................................................ 30

5.7. Caderneta de campo ................................................................................................... 31

6 Conclusão ..................................................................................................................... 32

7 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 33

1. INTRODUÇÃO

A palmeira Juçara (Euterpe edulis – Arecaceae) é uma espécie de extrema importância

para a biodiversidade da Mata Atlântica, seus frutos servem de alimento para mais de 70

espécies de animais e aves, sendo considerada espécie chave para a conservação de florestas

no Bioma. O alto valor comercial do palmito faz dele um dos produtos florestais mais

explorados há séculos, e para sua obtenção é necessário o corte da palmeira. Devido ao

extrativismo predatório e ilegal do palmito, a planta é cortada antes mesmo de se reproduzir,

causando um grande impacto na regeneração natural. Hoje, a espécie passa por um momento

crítico pela expressiva redução de suas populações naturais e está incluída na lista oficial de

espécies ameaçadas de extinção. Com isso a preservação da palmeira juçara está diretamente

ligada à manutenção da biodiversidade da Mata Atlântica.

Pertencentes ao mesmo gênero botânico Euterpe, as palmeiras Juçara e Açaí produzem

frutos quase idênticos em sabor, coloração e textura, mas pesquisas revelam que o fruto da

Juçara possui de 3 a 4 vezes mais antocianina (antioxidante) do que o Açaí sendo também

muito mais rico em outros nutrientes essenciais, como ferro e zinco. Segundo (George Braile,

2010) além de ecologicamente correto, é muito mais lucrativa a exploração da juçara para a

colheita do fruto do que para a retirada do palmito, cada juçara cortada ilegalmente para a

venda do palmito rende ao indivíduo, aproximadamente, R$ 6, mas a árvore é derrubada. Já a

coleta dos frutos pode render ao colhedor até R$ 8 e ao proprietário da terra onde a juçara está

plantada até R$ 2 por árvore. A venda da polpa para lojas e para a indústria de sucos para

exportação pode gerar ainda um maior lucro para produtores e colhedores.

Na APP (Área de Preservação Permanente) Serrinha do Alambarí (Resende-RJ), uma

fábrica foi construída e equipada com máquinas processadoras e despolpadoras do fruto da

Juçara, criando assim um plano de manejo sustentável. Um dos principais objetivos do projeto

era que a própria comunidade se sensibilizasse e protegesse a floresta, com isso jovens da

própria região foram capacitados pela EMATER para exercerem a função de coletores

legalizados pelo PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura) do fruto da

11

Juçara, podendo assim comercializar o fruto para outros compradores e participando

ativamente do processo de beneficiamento do fruto. A mão de obra da comunidade local

também é utilizada dentro da fábrica onde ocorre o beneficiamento da polpa do fruto.

O plano de manejo para a extração dos frutos da Juçara, levou em conta três aspectos:

o reflorestamento da Palmeira Juçara, a manutenção da oferta dos frutos aos animais e a

comercialização da polpa que será utilizada para a produção de produtos orgânicos que

possuem como base o fruto oriundo da Palmeira Juçara.

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Principal

O objetivo principal do trabalho foi analisar criticamente o projeto Amável (A Mata

Atlântica Sustentável) levantando suas potencialidades e seus pontos fracos, analisando o uso

da extensão rural como base para a divulgação da importância de se preservar e reconstituir a

Palmeira Juçara nos biomas da Mata Atlântica.

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. A estrutura do vegetal

A Palmeira Juçara (Euterpe edulis – Arecaceae) é uma espécie nativa da mata atlântica

brasileira, possui uma altura média de 8-15 m com estipe (tronco) que em média possui um

diâmetro de 10-20 cm. O seu sistema radicular é do tipo fasciculado com 58% das raízes

desenvolvidas nos primeiros vinte centímetros de profundidade. Nessa camada de maior

fertilidade do solo, encontram-se as raízes mais finas, responsáveis pela absorção de água e

nutrientes. Os outros 42 % distribuem-se nas demais camadas, sendo que, abaixo de um metro

de profundidade, é encontrado apenas 2 %, em peso, do total de raízes. Trata-se, em sua

maioria, de raízes primárias, grossas, e com poucas ramificações, responsáveis pela

sustentação da palmeira.

12

O seu caule é reto, cilíndrico de cor Griss Claro podendo alcançar até 18 metros de

altura e um diâmetro de 15 centímetros na idade adulta. Entre o término do tronco e a parte

onde nascem as folhas, há uma bainha verde tubular de 1,5 metros de comprimento, mais

grossa que o tronco, formada pela base do conjunto de folhas e chamada capitel. Dentro dela,

encontra-se o palmito, que possui elevada importância na alimentação humana.

As folhas são alternas em um número de 8 a 15, compostas de 8 a 62 pares de folíolos,

em geral dispostas em um único plano raramente divergente. A inflorescência em forma de

panícula é composta por uma raque central da qual parte com ramificações de primeira

ordem chamadas de ráquilas as quais sustentam as flores.

A semente é quase esférica, parda-grisácea a parda-amarelada, envolta por uma

cobertura fibrosa, com até dez milímetros de diâmetro. As sementes dessa espécie possuem

endosperma muito abundante, com alto teor de reservas, as quais se constituem

de carboidratos (88 %), proteínas (10%) e lipídeos (2%) (REIS e GUERRA,1999).

As flores são unissexuais, sendo as masculinas em maior número, de coloração

amareladas, numerosas, com 3 a 6 mm de comprimento, distribuídas em grupo de três, uma

feminina entre duas masculinas. A inflorescência é um espádice de 50 a 80 cm de

comprimento, composto de várias espigas, inseridas abaixo das folhas.

Figura 1 Estrutura do vegetal

13

Fonte: www.ipef.br/euterpe.edulis (site acessado em 14/10/2014)

Seu fruto é do tipo bacáceo de 1,0

a 1,4 cm de diâmetro, composto por um mesocarpo pouco espesso, liso, cor violeta-escuro

quando bem maduro, com aproximadamente 10 % da massa fresca da baga de polpa, Os

frutos são carnoso, fibrosos, com endosperma muito abundante e não ruminado (QUEIROZ,

2000).

Figura 2 O fruto da Palmeira Juçara

Fonte: www.edejuçara.org.br (site acessado em 14/10/2014).

3.2. Ocorrência do Vegetal

A Palmeira Juçara ocorre no estrato médio da Floresta Ombrófila densa, desde o sul da

Bahia até o norte do Rio Grande do Sul, com distribuição preferencial ao longo do litoral

brasileiro, no domínio Florestal Tropical Atlântica, ocorrendo em estados como Minas Gerais,

Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro ( Geovana Beatriz-2007).

Segue abaixo nas figuras 4 e 5 respectivamente o mapa representativo dos

remanescentes da Mata Atlântica no Brasil e o bioma (Floresta Ombrófila densa e aberta) em

que a Palmeira Juçara, objeto do estudo ocorre.

14

Figura 4 Remanescente da Mata Atlântica no Brasil

Fonte: SOS Mata Atlântica (Site acessado em 19/11/2014)

15

Figura 5 Localização da Palmeira Juçara nos Biomas da Mata Atlântica

Fonte: SOS Mata Atlântica (Site acessado em 19/11/2014)

3.3. Clima

Segundo (Carvalho 1993) a temperatura média anual das áreas, onde ocorrem as

Palmeiras Juçaras variam entre 17ºC a 26ºC, sendo a média do mês mais frio de 13º a 24º,

16

tolerando regiões com até sete geadas anuais e temperatura média do mês mais quente de 20º

a 27º. Ainda, de acordo com o autor, a espécie ocorre em regiões com precipitação média

anual entre 1000 mm a 2200 mm, apresentando melhor crescimento com índices

pluviométricos superiores a 1500 mm, distribuídos de maneira uniforme. A espécie ocorre

também em regiões com estacionalidade (Florestas Estacionais), tolerando uma estação seca

de até três meses, com déficit hídrico leve como no sul da Bahia e sul do Mato Grosso do Sul.

3.4. Cultivo

Existem basicamente três formas de cultivo: sombreamento definitivo (mata nativa ou

arborização); sombreamento temporário; e consórcio com outras plantas. A possibilidade de

intervenção na vegetação nativa, em pequenas propriedades, reintroduzindo a Palmeira Juçara

para a produção de frutos na Mata Atlântica pode tornar áreas antes subutilizadas em locais

com viabilidade econômica, interferindo positivamente para a biodiversidade local. A

abertura para o plantio da Palmeira Juçara precisa proporcionar condições de luminosidade

adequada permitindo a germinação das sementes.

A principal operação para a área de plantio é uma roçada leve para facilitar o trânsito

dentro da área, retirando principalmente as espécies que prejudicam as fases de germinação e

crescimento da planta, sem comprometer seu sombreamento inicial e deve ser feita

cuidadosamente para não eliminar a regeneração natural de plantas de hábito arbóreo. Os

solos em que a planta melhor se adapta são argissolo, latossolo, neossolo quartzarênico e

nitossolo.

3.5. Germinação

Para a propagação da espécie, os frutos devem ser colhidos quando atingirem o ponto

ótimo de maturação (coloração preta). Segundo (LORENZI, 1992), “Um quilograma de

sementes contém de 800 a 1.000 sementes e germinação próxima a 90% - quando recém

colhidas e corretamente beneficiadas”. A testa oleaginosa da semente normalmente dificulta a

germinação, assim é aconselhável a imersão por 1h em água e a sua remoção por meio de

fricção contra uma peneira ou com areia úmida.

Segundo Cardoso e Leão (1974), pelo fato dos frutos da Palmeira Juçara possuírem

um certo período de dormência, a sua germinação é geralmente lenta e desuniforme a

semeadura pode ser feita em solo e areia, em uma temperatura de 20ºC a 30ºC, em

germinadores com fotoperíodo de 8hs, em sementeiras sobre sombreamento ou mesmo

17

embaixo de uma grande árvore. As sementes não devem ser armazenadas, pois possuem

sensibilidade á perda de umidade e baixas temperaturas. A germinação das sementes da

Palmeira Juçara é lenta e desuniforme, podendo levar de 29 dias a 14 semanas. As mudas

adaptam-se bem a porcentagens entre 20 a 70% de luz, desenvolvendo-se com maior

dificuldade em pleno sol ou sob intensa sombra.

Para produção de mudas, recomenda-se semear duas a três sementes em recipiente ou

a semeadura direta no campo, utilizando-se três sementes ou mais, previamente despolpadas,

semeadas em covas de 5cm de profundidade.

3.6. Benefícios econômicos da coleta e do beneficiamento do fruto

A coleta e o beneficiamento do fruto da Palmeira Juçara é uma alternativa sustentável

pois representa uma oportunidade de trabalho digno e legalmente viável para as famílias

carentes das regiões de Mata Atlântica sendo assim mais rentável que a exploração do

Palmito. O processo mais adequado para a exploração da Palmeira Juçara é o manejo

sustentável (FLORIANO et al.,1988), tornando-se uma nova fonte de renda das áreas

florestadas e desempenhando um papel ecológico fundamental no ecossistema (REIS et

al.,1993). Dessa forma, além de evitar-se o risco de extinção da espécie, em seu estado

natural, protege-se a fonte de renda de famílias inteiras que se dedicam a extração de produtos

oriundos do seu fruto. (PEREIRA, 2000).

Até os anos de 2003/2004 o mercado do sul e sudeste do Brasil era abastecido

unicamente pelo açaí proveniente da Amazônia. Em 2004 foi implantada a primeira unidade

de fabricação de açaí do Sul do Brasil, no município de Garuva em Santa Catarina, a qual

utiliza como matéria-prima os frutos da palmeira juçara. O fruto da Juçara, que ocorre na

Mata Atlântica, é assemelhado àquele do Acaí (Euterpe oleracea), da região amazônica, Mas

há importantes diferenças: o gosto do fruto da Juçara é mais suave e seu conteúdo nutricional

é mais rico do que o Açaí e, além disso, possui mais ferro (+ 70%), potássio (+ 63%),

provitamina A e antioxidante antocianina (2.956 mg/100g para o fruto seco e 290 mg/100g

para o fruto fresco) (Brito et al., 2007; Lopes et al., 2007).

Pesquisas recentes salientam a importância dessa substância para o bem-estar físico e

para a saúde, como suplementação energética e calórica, aprimoramento da memória, redução

do risco de doenças coronárias e prevenção da hipoglicemia.

18

3.7. Assistência Técnica e Extensão Rural

O conceito de extensão rural, de forma organizada, surgiu nos Estados Unidos, na

década de 80 do século dezenove. Foi quando os resultados das pesquisas realizadas nos

Centros de Experimentação e nos colégios agrícolas precisaram ser divulgados entre os

produtores rurais. Surgiu o “Extention Service”, com seus métodos pedagógicos próprios,

caracterizados principalmente pelas demonstrações (SAVANI 1990).

Essas demonstrações eram realizadas diretamente nas propriedades dos agricultores,

geralmente no terreno de um líder comunitário, sob o princípio pedagógico de “ensinar a

fazer, fazendo”. Quer dizer, o técnico tinha que realizar a prática (ou a demonstração) na

frente dos agricultores e logo após ela era repetida, comentada e avaliada pelos presentes.

O serviço de extensão era dirigido à família agricultora e todos participavam dos

projetos executados. Através desse serviço a família recebia novos conhecimentos sobre

agricultura, pecuária, combate a doenças e pragas das plantas, adubação do solo, épocas

apropriadas de plantio, armazenagem, uso correto de máquinas agrícolas, alimentação

balanceada dos animais, saneamento básico na propriedade, práticas de higiene pessoal,

educação alimentar, educação para a saúde, melhoramento do lar, cuidados com o manejo do

solo, conservação de alimentos e outras práticas essenciais para o bom desenvolvimento da

agricultura.

No Brasil a ideia da extensão rural surgiu em 1930, em Minas Gerais, quando foi

realizada a primeira semana do fazendeiro, ocasião em que técnicos e produtores rurais

aproveitaram para trocar informações. Em 1948 foi registrada a primeira experiência

extensionista no campo, nos municípios de Santa Rita do Passa Quatro e São José do Rio

Pardo no Estado de São Paulo. As ações foram denominadas “Trabalhos cooperativos‘’,

quando a comunidade se organizava num esforço conjunto para a resolução dos problemas

comuns.

A primeira preocupação dos trabalhos comunitários visava resolver problemas de

alimentação do gado no período de secas. Esse movimento deu bons resultados e com isso

motivou a opinião pública que oficializou o trabalho do extensionista rural, criando a

19

Associação de crédito e Assistência Rural (ACAR) que teve como objetivo levar ao homem

do campo e a sua família ao crédito rural supervisionado. O sucesso da iniciativa motivou

outras unidades, solidificando-se nacionalmente em 1956, com a formação do Sistema

Brasileiro de Extensão Rural, liderado pela Associação de Créditos e Assistência Rural

(ABCAR). A partir de 1975, os serviços de assistência técnica e extensão rural passaram ao

âmbito governamental, sob a forma de empresas públicas vinculadas ao Ministério da

Agricultura e ás secretarias de agricultura, foi criada então a EMBRATER (Empresa

Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural), responsável pelo credenciamento,

supervisão e fiscalização das empresas privadas que prestam assistência técnica aos

agricultores em todo Brasil.

3.8. A Função da EMATER-RJ

A EMATER-RJ foi criada em 1975, com o objetivo de planejar, coordenar e executar

programas de assistência técnica e extensão rural, buscando difundir conhecimentos de

natureza técnica, econômica e social, para aumento da produção e produtividade agrícolas e

melhoria das condições de vida no meio rural do Estado do Rio de Janeiro.

A EMATER-RJ atua como um dos principais instrumentos do Governo do Rio de

Janeiro para a ação operacional e de planejamento no setor agrícola do Estado, especialmente

para desenvolver ações de extensão rural junto aos produtores familiares, buscando resultados

como a melhoria da qualidade de vida e condições de produção dos produtores de agricultura

familiar, a inclusão social de grupos e comunidades rurais, por meio de programas geradores

de emprego e renda, e as ações de organização rural para o desenvolvimento com

sustentabilidade e atendimento aos direitos de cidadania.

20

4. MATERIAL E MÉTODOS

Para a realização do presente trabalho toda a documentação disponível sobre o projeto

foi analisada e, além disso, foram feitas diversas visitas de campo na propriedade em que o

projeto AMÁVEL vem sendo implantado e executado. Nestas, pode-se avaliar a

operacionalidade do projeto e o retorno dos envolvidos no mesmo, sejam agricultores e suas

famílias ou técnicos da EMATER, e as pessoas que diretamente estão envolvidas com o

projeto sendo elas: Os coletores legalizados do fruto da Juçara e as pessoas envolvidas no

beneficiamento do fruto.

4.1. Descrição do Projeto

O Projeto Amável (A Mata Atlântica Sustentável) localiza-se na Serrinha do Alambari

no Município de Resende na Região Sul do Estado do Rio de Janeiro, foi implantado há cerca

de 4 anos tendo o propósito de repovoar a Mata Atlântica com a Palmeira Juçara restituindo o

status originário dessa espécie e promovendo a sua exploração de modo sustentável, dos

pontos de vista ambiental, social e econômico. Assim como objetivos principais do projeto

podemos complementar: Promover a exploração sustentável da Juçara, com a coleta de seus

frutos e o plantio de milhões de suas sementes na região em que ocorre naturalmente, em

especial no Estado do Rio de Janeiro, transformar palmiteiros em coletores de frutos e

disseminadores de sementes da Juçara (demonstrando que, economicamente, é mais vantajoso

explorar o fruto do que o palmito da Juçara), realizar o beneficiamento do Juçaí, difundindo

assim o seu consumo (na forma de sucos, sorvetes, bolos, pães e etc.).

A localização da sede do projeto, dentro do município, é a Serrinha do Alambari. Ela

abriga um dos mais preciosos remanescentes de ecossistemas nativos da Floresta Atlântica e a

parte alta das microbacias dos rios Alambari e Pirapitinga. Sua área total corresponde a 5.760

hectares, nos quais se encontram rios, lagoas e montanhas superiores a 2000m. Segue a seguir

uma imagem que identifica este local.

21

Abaixo observa-se uma imagem da localização exata do município, onde está a sede

do projeto, o Portal da Serrinha que é a entrada e a fábrica onde ocorre todo o processo de

coleta e beneficiamento do fruto da Palmeira Juçara.

Figura 3 Localização do Município sede do Projeto Amável

Fonte: Google earth

Figura 4 Localização da Fábrica

Fonte: Google earth

22

A sede do projeto Amável

4.2 Etapas do Projeto

4.2.1 A coleta do fruto

A coleta do fruto da Palmeira Juçara ocorre manualmente com a participação da

própria comunidade local. Pensando nisso, em parceria com a EMATER-RJ, jovens da região

foram capacitados através de cursos para se tornarem coletores legalizados do fruto da Juçara.

Todos que participam do curso de capacitação recebem uma DAP (Declaração de Aptidão ao

PRONAF) tornando-se agricultores familiares oficialmente reconhecidos. Os frutos estão

maduros quando começam a cair sozinhos, o primeiro passo depois de colhido é a separação

dos frutos verdes dos maduros ou dos estragados. Segue abaixo algumas ilustrações da coleta

do fruto da Palmeira Juçara e do processo de separação desses frutos verdes em maduro

Figura 5 A sede do projeto AMÁVEL

Fonte: www.projetoamavel.com.br (site acessado em 12/10/2014)

Figura 6 A coleta do fruto Figura 7 A separação do fruto

Fonte: Registro particular

23

4.2.2 A limpeza do fruto

O fruto é colhido pesado e armazenado em caixas e despejado em panelas com água

com o objetivo de realizar a lavagem inicial retirando assim as impurezas e resíduos oriundos

do processo de colheita. Depois da primeira lavagem o fruto é encaminhado para uma solução

com uma concentração de cloro específica, para eliminar qualquer possibilidade de

contaminação. Logo em seguida o fruto é inserido em um compartimento com água a 45 °

para facilitar o processo de remoção da casca ficando nesse compartimento por 30 minutos

em média.

Fonte: registro particular

Fonte: registro particular

4.2.3 O Processo de despolpamento

O fruto é então inserido junto com água em uma máquina chamada despolpadeira, a

polpa que é um líquido bem viscoso cai em um filtro logo abaixo da máquina. A polpa recém

retirada da despolpadeira está bem concentrada e muito densa, o filtro é utilizado justamente

para captar a parte mais líquida da polpa, deixando as partículas maiores sobre a superfície do

filtro. Cada 1 kg de fruto colocado na desplopadeira, rende em média cerca de ½ kg de polpa.

Figura 8 Pesagem do fruto recém colhido

Figura 9 Chegado do fruto

24

Segue abaixo algumas imagens que ilustram respectivamente a máquina despolpadeira e o

filtro utilizado no processamento do fruto.

Fonte: registro particular

Fonte: www.projetoamavel.com.br (site acessado em 14/10/2014)

4.2.4 O acondicionamento e comercialização da polpa

Depois de filtrada a polpa é colocada em grandes embalagens de plástico e

acondicionada em freezers com uma temperatura média de – 4 Cº, após passar por todos

esses processos a polpa esta pronta para ser comercializada. A comercialização da polpa pura

não é muito rentável e viável, pois compete-se diretamente com o preço do açaí, para isso foi

desenvolvido o “Juçaí” uma espécie de Sorbet que leva inhame, banana, guaraná e a polpa do

fruto da Juçara, sendo certificado como produto orgânico.

O Juçaí é fornecido para mercados, lojas,e até mesmo escolas públicas que

comercializam o Sorbet para as refeições diárias de seus alunos, sendo uma opção saudável,

nutritiva e economicamente viável.

Figura 11 Máquina despolpadeira do fruta da Juçara

Figura 10 Filtro utilizado no processamento

25

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Avaliação dos relatórios de visita

Nossa primeira visita ao projeto AMÁVEL foi realizada no dia 09/10/2014, por

orientação do Assessor Técnico de Monitoramento, Engenheiro Agrônomo, Marcelo

Monteiro Costa. Logo que chegamos à localidade da Serrinha em Resende fomos recebidos

pelo técnico da EMATER-RIO Wilian Ribeiro, o administrador do Sítio, Alexandre Severo e

pelo responsável pela Fábrica em que ocorre o processamento, Lucas Ribeiro.

Os objetivos do projeto, as explicações sobre a sua importância ambiental, as

características gerais da Palmeira Juçara e os aspectos bioquímicos do fruto, foram as

primeiras informações obtidas com a visita. Logo após o administrador do sítio Alexandre

Severo demonstrou na prática como é realizada a colheita adotada pelos coletores de frutos da

juçara e iniciou uma discussão sobre os outros métodos existentes, ressaltando a vantagem

ambiental que a coleta praticada vem promovendo. Uma conclusão óbvia seria que é muito

mais lucrativa a exploração da juçara para a colheita do fruto do que para a retirada do

palmito.

Cada juçara cortada ilegalmente para a venda do palmito rende ao indivíduo,

aproximadamente, R$ 6, mas a árvore é derrubada. Já a coleta dos frutos pode render ao

colhedor até R$ 8 e ao proprietário da terra onde a juçara está plantada até R$ 2 por árvore.

Com a vantagem que a árvore não seria derrubada. A venda da polpa para lojas e para a

indústria de sucos para exportação pode gerar ainda um maior lucro para produtores e

Figura 12 O Juçaí

Fonte: www.projetoamavel.com.br (site acessado em

24/10/2014)

26

colhedores, ampliando e fortalecendo ainda mais o projeto, que reforça a preservação da

juçara, ainda em extinção.

Logo após essa etapa Foram-nos doados dois sacos com 20 kg de sementes da Juçara e

tivemos uma visão geral sobre o funcionamento da agroindústria para produção de polpa,

constatamos que a comercialização dos produtos que utilizam o fruto da Palmeira Juçara

como base representa uma rentável e sustentável alternativa produtiva.

5.2. Entrevistas com famílias dos agricultores

Para o levantamento e elaboração das estratégias que serão utilizadas no projeto de

extensão rural é necessário avaliar alguns aspectos importantes que são relacionados com as

atividades que o pequeno produtor irá realizar no decorrer do projeto. Levantar pontos

positivos e negativos dessas atividades são importantes procedimentos a serem realizados,

com isso entrevistas com os familiares das pessoas que são diretamente ligadas ao Projeto

Amável é uma importante estratégia para a elaboração de planos de execução que venham a

mitigar os pontos negativos e potencializar os pontos positivos do projeto.

Depois de algumas entrevistas que foram realizadas com os familiares dos coletores do

fruto da Palmeira Juçara e das pessoas que são diretamente envolvidas no beneficiamento do

fruto notou-se alguns aspectos importantes com relação a essas atividades. Um desses

aspectos foi a falta de reconhecimento comercial, ou seja, desconhecimento da qualidade e

dos produtos que por sua vez podem ser gerados através do beneficiamento do fruto, um

plano de divulgação comercial seria uma importante ação para solucionar esse

questionamento segundo os produtores locais.

Outro questionamento importante foi a falta de divulgação de cursos de capacitação de

coletores e visitas extensionistas peródicas não só na sede do projeto mas em outros lugares

que possuem remanescentes de ecossistemas nativos da Floresta Atlântica, essa ação seria

importante para difundir a coleta do fruto e diminuir a extração do palmito, porque muitos

pequenos produtores que vivem da extração de palmito desconhecem essa alternativa de se

coler e comercializar o fruto proveniente da Palmeira Juçara.

27

5.3. Entrevistas com Técnicos envolvidos

Alguns técnicos envolvidos no projeto foram entrevistados, com isso poderíamos ter

uma abordagem mais ampla e qualificada das problemáticas e dos potenciais que o Projeto

AMÁVEL apresentava.

5.3.1. Técnicos da EMATER envolvidos no projeto

O primeiro técnico entrevistado foi o gerente de projetos sustentáveis da EMATER-

RIO Herval Fernandes Lopes , segundo ele uma das ações mais urgentes seria a expansão do

Projeto AMÁVEL , já que muitas áreas com remanescentes da mata atlântica que possuíam a

Palmeira Juçara se encontravam devastadas. O Assessor Técnico de Monitoramento,

Engenheiro Agrônomo, Marcelo Monteiro Costa ressaltou a importância de se promover os

benefícios de se plantar a Juçara com a finalidade de beneficiar o seu fruto e não extrair o

Palmito, e isso seria um dos fundamentos prioritários do projeto de extensão, além de levar

aos produtores mais uma alternativa de produção.

5.4. Análise SWOT

A análise SWOT é uma ferramenta utilizada para avaliar as informações relevantes

extraídas de algum empreendimento para serem classificadas como positivas ou negativas,

identificando fatores internos e externos que possam comprometer a atividade ou impulsioná-

la, para finalmente possibilitar a elaboração de um plano de ação buscando alcançar algum

objetivo. (TAVARES, Mauro Calixta,Gestão Estratégica,Atlas,2008)

É importante a aplicação da matriz SWOT na análise crítica do Projeto AMÁVEL

sendo incorporada também na produção e plantio da espécie Euterpe edulis (Palmeira Juçara)

pois através desse método poderemos analisar suas características, positivas ou negativas,

sendo a aplicação desse método fundamental para a minimização de riscos e proteção contra

ameaças externas, além do melhor aproveitamento de seu potencial e de suas forças internas.

28

Aspecto

Fato

r

▪ Oportunidades para jovens de outras regiões

produtoras, serem reconhecidos profissionalmente

e enquadrados como agricultores familiares,

levando adiante os conceitos da educação

ambiental e conservação da florésta atlântica.

▪ Alguns materiais que são utilizados na fase do

beneficiamento encontran-se obsoletos, pricisando

de manutenções periódicas.

Oportunidades Ameaças

Exte

rno

▪ A crescente aceitação comercial e o

reconhecimento cada vez maior das propriedades

nutritivas do fruto da Palmeira Juçara que segundo

alguns estudos chega a ultrapassar as propriedades

nutricionais do Açaí.

▪ O aumento significativo da consciência ambiental

em todos os setores agroindustriais e produtivos.

▪ Competição comercial direta com o Açaí, que ainda

representa uma das grandes forças produtivas do

Estado.

▪ O maior demanda produtiva da Palmeira Juçara

ainda é o Palmito, representando uma alternativa

não sustentável de produção.

▪ Desconhecimento comercial da qualidade e dos

produtos que por sua vez podem ser gerados através

do beneficiamento do fruto.

▪ Custo de implantação e plantio da Palmeira

relativamente baixo.

Inte

rno

▪ Diversos produtos orgânicos utilizam o fruto da

Juçara como matéria prima,sendo cada vez mais

aceito nos mercados consumidores.

▪ Falta de investimentos e ofertas de cursos de

capacitação de coletores não só na sede do Projeto

AMÁVEL mas em outras áreas produtivas .

▪ A logística de distribuição das sementes é

deficitária e muitas vezes não programada.

▪ Promoção da exploração sustentável e da

reconstituição da espécie extinta, Palmeira Juçara

em seu bioma natural.

▪ transformação de palmiteiros em coletores de

frutos e disseminadores de sementes da Juçara.

Positivo (Forças) Negativo (Fraquezas)

▪ A coleta e o beneficiamento do fruto da Palmeira

Juçara é uma alternativa sustentável pois

representa uma oportunidade de trabalho digno e

legalmente viável para os pequenos produtores.

▪ Falta de visitas extensionistas periódicas visando

ofertar melhores técnicas de manejo e plantio da

Palmeira.

▪ Falta investimento em EPI´S e esclarecimento

quanto ao uso correto e funcional do mesmo,

principalmente na hora do colheita do fruto.

▪ Jovens da própria região serão capacitados

através de cursos promovidos pela EMATER para

exercerem a função de coletores legalizados pelo

PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura).

Tabela 1: Matriz SWOT do Projeto AMÁVEL e do plantio e produção da Palmeira

Juçara no Estado do Rio de Janeiro:

Figura 13 Matriz SWOT

29

Municípios toneladas/ha

Porciúncula  21,56

Macaé  19,30

Casimiro de Abreu 17,00

Cachoeiras de Macacu  10,66

Trajano de Morais 3,70

Rio Claro  1,46

Comentários:

Para suprir alguns pontos negativos abordados na Matriz SWOT, algumas ações serão

realizadas, o curso de capacitação de coletores do fruto da Juçara seria uma ação importante

para potencializar a atividade de colheita, as estações programadas que serão visitas

periódicas levando ao produtor palestras e técnicas de plantio da Juçara, seria um modo de

apresentar uma nova alternativa produtiva e sustentável para os produtores em suas

propriedades, incentivando cada vez mais a colheita do fruto em vez da extração direta do

Palmito. Todas essas ações em conjunto, iriam contribuir significativamente para o objetivo

final do projeto de extensão, potencializando os pontos positivos e as oportunidades que

foram elaboradas na Matriz SWOT.

Segundo as análises abordadas na matriz SWOT constatamos que um projeto de

extensão rural planejado seria uma importante ferramenta para orientar os produtores e

coletores do fruto da Juçara, não só dentro do projeto AMÁVEL, mas principalmente nos

municípios em que as sementes serão distribuídas e plantadas, assistência técnica, organização

comunitária e crédito serão as ferramentas básicas para a execução do projeto, otimizando

assim todo o processo desde a colheita até a comercialização da polpa.

5.5. Estratégias de ampliação do raio de ação do projeto Amável

Através do recebimento mensal das sementes de Juçara, depois de visitas programadas

nas comunidades será realizados dias de campo nos municípios “pilotos” em que visitas

técnicas e estações programadas serão feitas. Estes municípios foram escolhidos pelo seu

potencial produtivo de banana, pois de acordo com estudos edafoclimáticos a Palmeira Juçara

possui um microclima ótimo bem parecido com as condições ideias de desenvolvimento dos

bananais. Segue abaixo o gráfico dos municípios com as maiores produtividades de Banana

do estado do Rio de Janeiro (sendo estes os municípios “pilotos” do projeto).

Figura 14.1 Municípios com potenciais produtivos no Estado

Fonte: Site EMATER-RIO aspa-2013

30

Optou-se pelo estudo de caso com a aplicação de uma metodologia extensionista que

será aplicada afim de se obter a médio prazo os resultados esperados. A metodologia que será

aplicada é o método do dia de campo. O método do dia de Campo é um método grupal, que

permite trabalhar uma ou várias atividades executadas nas propriedades rurais, tendo por

principio educativo desenvolver nos participantes as áreas de aprendizagem cognitiva e

afetiva.

O principal objetivo desse método aplicado nos municípios, seria constituir um espaço

onde os produtores e extensionistas possam dialogar e observar a aplicação de várias técnicas

ou práticas usadas em uma unidade demonstrativa ou na rotina da propriedade rural, visando a

cada estação programada fornecer aos produtores locais cursos de capacitação de coletores e

uma dada quantidade de semente da Palmeira Juçara, orientando e demonstrando através de

palestras as melhores técnicas de plantio e colheita do fruto desse vegetal, visando passar

para os produtores locais as vantagens de se produzir e beneficiar os frutos da Juçara.

5.6. Dia de campo

Segue abaixo o exemplo de uma planilha demonstrativa das atividades que serão

desenvolvidas nos dias de campo, como demonstrado na planilha a primeira região será a Sul,

justamente pela proximidade de Resende (sede do projeto), depois aplicaremos os mesmos

métodos para as regiões Metropolitana, Serrana, Norte e por último Noroéste. Todas essas

atividades visam suprir de alguma forma as deficiências elaboradas na Matriz SWOT,

potencializando os pontos positivos abordados. Segue abaixo um exemplo da planilha para as

atividades dos dias de campo

REGIÃO SUL

MUNICÍPIO/BMH DIAS DAS ESTAÇÕES QTDE DE

SEMENTES (kg) MATERIAIS E MÉTODOS UTILIZADOS

Rio Claro Dias 12 a 16 de janeiro

de 2015 20 kg

1 – Nos dias programados para as estações serão realizadas

visitas técnicas e palestras com os seguintes temas: O

Manejo Sustentável da Palmeira Juçara, Técnicas de plantio

e colheita dos frutos e os Mercados consumidores do fruto

da juçara.

2 – Curso de capacitação para a colheita e manejo do fruto

da juçara, objetivando fornecer ao produtor ao término do

curso uma DAP (Declaração de Aptidão ao PRONAF).

3 – Preenchimento da caderneta de campo, que servirá para

31

Nome dos Produtores recebedores das sementes:

Emprego das Sementes

Dados do Informante

Caso tenham sido semeadas, qual foi o procedimento?

Onde serão semeadas? (coordenadas)

( ) a lanço ( ) plantio direto

Município/Comunidade/MBH:

Coordenadas geográficas das comunidades: (Latitude e Longitude)

Caderneta de Campo

Serão plantadas em consórcio? ( ) sim ( ) não, com qual(is) outra(s) espécie(s) ?

Como será empregada a mão de obra (própria ou contratada)? ( ) Própia ( ) Contratada

Foi realizada previamente imersão em água para a quebra da dormência? ( ) sim ( ) não

1. ( ) aleatório, nas áreas com sombreamento e solo

úmido.

2. ( ) outro. Qual a distância média entre os berços? EX:

Nos bananais de 3x3 metros.

Qual o espaçamento será empregado?

( ) sim ( ) nãoAs sementes já foram semeadas?

Quantas sementes foram utilizadas por berço?

Como foram armazenadas? (condições e tempo de armazenamento)

o controle das sementes que serão implantadas na

localidade.

Tabela 2: Planilha das atividades dos dias de campo

5.7. Caderneta de campo

Ao final dos dias de campo, mais precisamente no último dia do projeto de extensão

uma caderneta de campo será preenchida objetivando o acompanhamento sistemático das

mudas que serão doadas para cada produtor que serão implantadas nas comunidades dos

municípios pilotos, nessa caderneta de campo algumas informações importantes e relevantes

para o projeto terão que ser preenchidas. A localização que as sementes foram implantadas?

como foram armazenadas? como foram semeadas? Qual espaçamento implantado? São

algumas informações contidas na caderneta de campo. Segue abaixo o modelo de

preenchimento que será

utilizado:

Figura 15 Modelo programático dos dias de campo

32

Tabela 3: Modelo da caderneta de campo

6 - Conclusão

Podemos concluir que um projeto de extensão rural programado seria uma excelente

alternativa para a ampliação do Projeto AMÁVEL, reduzindo significativamente o risco de

extinção da Palmeira Juçara, fruto da extração do Palmito, representando com a colheita e

beneficiamento de seu fruto uma nova e sustentável alternativa produtiva para os pequenos e

médios agricultores familiares do Estado do Rio de Janeiro.

33

7 BIBLIOGRAFIA

(REIS E GUERRA 1999), IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES FLORESTAIS,

publicação de 1999.

(FLORIANO,1988), INSTITUTOS DE PESQUISAS E ESTUDOS FLORESTAIS

publicação de 1988.

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DO RIO DE JANEIRO (www.emater.rj.gov.br)

(QUEIROZ, 2000), PROCESSAMENTO DO FRUTO DA EUTERPE edulis PARA O

BENEFICIAMENTO DA POLPA, (publicação 2005).

(SAVANI 1990). HISTÓRICO DA EXTENSÃO RURAL NO BRASIL,publicação,

1990).

(BRITO, LOPES, 2007). REVISTA A LAVOURA, publicação de 2007

34

APÊNDICE A

APÊNDICE B

APÊNDICE C

APÊNDICE D

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